Edição 05 Dezembro/Janeiro - Pecuária em Alta

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PALAVRA DO DIRETOR

Como o tempo passa... Já chegamos à nossa última edição de 2015. Lembro-me como se fosse hoje de quando escrevi para a primeira “Pecuária em Alta”, com o entusiasmo de um novo projeto. Agora, encerrando o 2015, ao olhar para trás e pensar nos desafios do próximo ano, o sentimento do entusiasmo voltou-me ainda mais forte. A cada edição me surpreendo com o conteúdo da revista e o que mais me deixa feliz é o número de técnicos e parceiros da Alta que abraçaram e se envolveram com esse projeto. Através do dia a dia de todos eles, conseguimos trocar experiências, levar informações de qualidade e, principalmente, agregar valor ao produto que entregamos. De nada adiantaria o nosso esforço em buscar a melhor genética se não tivéssemos competência de orientar nossos clientes tecnicamente em seus projetos para maximizar o resultado de seu uso. Deixando a vaidade de lado, podemos erguer a cabeça e nos orgulhar de ter em nosso time os mais respeitados técnicos do Brasil, seja no corte ou no leite. Mais que isso, profissionais gabaritados para falar sobre reprodução, Inseminação Artificial, Inseminação Artificial de Tempo Fixo (IATF), Fertilização In Vitro (FIV), Transferência de Embrião (TE), gestão de propriedade, construção de planos genéticos, enfim, todos os assuntos que envolvem a evolução da pecuária. Este foi um ano muito importante para nós. O país atravessando uma crise histórica e, mesmo assim, nós, da Alta, juntamente com você, pecuarista, empresário, não abaixamos a cabeça. Juntos, enfrentamos todas as dificuldades políticas e econômicas e seguramos as pontas do Brasil. Se não fosse a união de todos, possivelmente nossa situação seria ainda pior. Dizem que o brasileiro não perde a esperança nunca, mas, a meu ver, não é bem assim. Na verdade, o brasileiro nunca perde a sua força! Nem vontade de crescer e lutar pelo que nós realmente merecemos. Esperança é algo lúdico; já o trabalho e a determinação que estão no nosso sangue, sim, esses são realmente palpáveis e trazem resultados. É com esse espírito que encerro minha conversa com você este ano, com o entusiasmo de uma equipe que nunca perdeu seus princípios, unida, que busca sempre o melhor para os seus clientes, que erra, claro, mas que tem a humildade de assumir suas falhas e mostrar que pode ser melhor a cada dia. A você, que está sempre junto conosco, o meu até logo e que, no próximo ano, nossa parceria se fortaleça ainda mais. Que nós tenhamos a sabedoria de crescer sempre, aprendendo com os erros e aprimorando os acertos. Um feliz Natal e um ano repleto de sonhos e realizações. Ótima leitura.

Heverardo Carvalho Diretor Alta Brasil

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ÍNDICE EXPEDIENTE

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ESPECIAL ALTA ADVANTAGE SHOWCASE

Diretor Heverardo Rezende de Carvalho

Grupo com 240 produtores e técnicos brasileiros conhecem sete fazendas de ponta em seleção genética nos Estados Unidos

Gerente de Mercado Tiago Carrara - tcarrara@altagenetics.com

ALTA NEWS

Coordenadora de Comunicação Camilla Lazak - camilla.rodrigues@altagenetics.com

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Jornalista Responsável Renata Paiva (MTB 12.340) - renata.paiva@altagenetics.com Colaboradores desta edição Angelo Roberti Neto, Guilherme Marquez, Diego Palucci, Edmour Saiani, Eloisa de Jesus Borges, Fábio Fogaça, Fernanda Borges, Glauco Freire, Larissa Vieira, Leonardo Souza, Manoel Sá Filho, Marcos Labury, Marlizi Moruzzi, Miguel Abdalla, Rafael Oliveira, Rodolffo Assis, Rodrigo Longo, Stefan Dor, Tiago Carrara, Tiago Moraes e Yuri Farjalla Diagramação e arte Ana Paula S. Alves - paula.alves@altagenetics.com Marketing/Comercial comunicacao@altagenetics.com.br Fotos Francisco Martins - fjunior@altagenetics.com Edição e revisão de texto Indiara Ferreira Assessoria de Comunicação Ltda indiara@indiaraassessoria.com.br Impressão Gráfica Brasil - contato@gbexbrasil.com.br Tiragem 5 mil exemplares

Missão Construir relacionamentos de longo prazo, criar valor para nossos clientes, melhorando a lucratividade individual de cada rebanho e entregar genética de confiança, além de produtos e serviços de manejo com alta qualidade. Visão Ser líder do mercado de inseminação artificial e reconhecida como a melhor empresa desse segmento. Valores: • Escolha CONFIANÇA à invulnerabilidade • Escolha CONFLITO à harmonia • Escolha CLAREZA à certeza absoluta • Escolha NÚMEROS à popularidade • Escolha RESULTADOS ao status

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AS NOVIDADES DO UNIVERSO AGRO Eventos importantes, progênies de touros da bateria Alta em destaque nos quatro cantos do Brasil e os últimos acontecimentos da Alta

ARTIGO SELEÇÃO INTRARREBANHO Números permitem comparar animais e multiplicar a genética superior SER EFICIENTE NÃO É SÓ PRODUZIR MAIS BARATO Arroba barata não necessariamente significa retorno financeiro IMPACTO ECONÔMICO DA SELEÇÃO PARA ACABAMENTO DE CARCAÇA E RENDIMENTO FRIGORÍFICO O impacto econômico para os rebanhos A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DAS INFORMAÇÕES PARA OS PROGRAMAS DE IATF Mão de obra e fertilidade do sêmen impactam na taxa de prenhez

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CORTE CONCEPT PLUS Segunda etapa apresenta 19 novos touros com fertilidade comprovada


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MACUNI DO SALTO Touro ultrapassa as 400 mil doses comercializadas

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RAÇA GIR LEITEIRO As características da raça fundamentais para a produção de leite nos trópicos

GIRO NO CAMPO

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DE OLHO NO BRASIL Clientes e leitores destacam a qualidade dos filhos e filhas dos touros Alta espalhados pelo País

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PROGRAMAS E SERVIÇOS SENEPOL Conheça os animais superiores identificados na prova de ganho de peso TUFUBARINA TEM A MAIOR MÉDIA DE MACHOS DO SENEPOL 4º leilão Alta Performance Tufubarina fechou o calendário de leilões da raça com chave de ouro.

CASOS DE SUCESSO - FAZENDA ALVORADA - FAZENDA MARJÉ Conheça pecuaristas progressistas que, junto à Alta, fazem a diferença na pecuária

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CAPA PLANO GENÉTICO Foco na seleção identifica animais e garante o progresso genético dos rebanhos

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EVENTOS AGROLEITE Alta recebe o troféu de Melhor Empresa de Genética em 2015

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CONGRESSO INTERNACIONAL 1º Congresso Internacional da Raça Girolando reúne especialistas em torno da tecnologia da pecuária leiteira

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ENTREVISTA EDMOUR SAIANI Especialista em gestão de empresas revela os maiores desafios enfrentados pelos produtores rurais

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ESPECIAL

ALTA ADVANTAGE SHOWCASE

UM SHOW DE GENÉTICA, MANEJO E TECNOLOGIA

por MARLIZI MARINELI MORUZZI, MÉDICA VETERINÁRIA E EDITORA DA REVISTA LEITE INTEGRAL Um grupo de 12 brasileiros uniu-se a mais de 240 produtores e técnicos de 11 diferentes países, durante o Alta Advantage Showcase, no estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos, entre 18 e 20 de novembro. Juntos, em suas propriedades, eles possuem quase um milhão de vacas. O objetivo da viagem foi conhecer fazendas progressivas, altamente tecnificadas, consideradas referência em seleção genética.

Durante os três dias, a cidade de Buffalo, capital da área metropolitana de Buffalo-Niagara Falls, abrigou os participantes. O município é conhecido pelos invernos rigorosos. A região chega a acumular cinco metros de neve durante o inverno. Por outro lado, os verões são marcados pela luz solar abundante, com temperatura e umidade moderadas. Sete fazendas foram visitadas. Conheça o perfil de duas delas:

Lakeshore Dairy Wilson, NY Número de cabeças: 2.150 Produção de leite: 11.500 kg (305 dias) Taxa de prenhez: 25% CCS: 175 mil cél/ml Culturas: milho, alfafa e trigo Número de funcionários: 32 Os avós e pais dos irmãos Jonathan e Mateus Cordeiro vieram para a região em 1966 e iniciaram a produção com um rebanho de 80 vacas, evoluindo ao longo do tempo, com expansões nas décadas seguintes. Assim que concluíram a graduação na Universidade de Cornell, no início

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dos anos 2000, os irmãos começaram a trabalhar nas fazendas da família. Naquela época, dois outros rebanhos tinham sido adquiridos. “Nos cinco primeiros anos, aprendemos muito sobre o negócio leiteiro e como conduzir a fazenda. O ano de 2007 foi um ano extraordinário para a atividade. Tivemos ótimos resultados com nossas próprias novilhas começando a parir”, conta Mateus. Em 2009, em um dos piores anos da indústria leiteira, o grupo aproveitou para adquirir outro rebanho que estava sendo liquidado na Lakeshore Dairy. Atualmente, a família possui três fazendas leiteiras, além da Lakeshore e da Oakfield Corners, visitadas durante o Showcase. Todas se encontram no limite de capacidade de área. “Nossa taxa de reposição é de 37% ao ano, considerando os três rebanhos. Mesmo assim, nossa recria é maior e agora podemos começar a vender novilhas prenhes para outros rebanhos, aproveitando


o bom momento do mercado”, explica Mateus, salientando que o valor atual de uma novilha prenhe varia entre US$2.150 e 2.450/animal. Em relação ao mercado lácteo, ele conta que o preço recebido atualmente é de US$0,40/ kg de leite. “Trabalhamos com diferentes mercados, inclusive com produtos Kosher, no qual temos a melhor remuneração”, informa Mateus. Mateus enfatiza que pararam de usar bST nas vacas há quatro anos. “Posso dizer que perdemos muito em produção, mas queremos manter nossa parceria com as indústrias que trabalhamos hoje, as quais não

permitem o uso do bST”, disse. pecialmente úberes, sendo que A seleção genética da fazen- na fazenda há uma família conda Lakeshore Dairy é baseada sistente desse touro. São utilizados de quatro a cinem Total Performance Index (TPI). O plano genético é cons- co touros Concept Plus nos acatituído em 46% para produção salamentos do rebanho, com o (com foco em proteína); 28% objetivo de maximizar os índices para saúde (principalmente reprodutivos. O manejo é feito reprodução) e 26% para tipo pela equipe da Alta Genetics e (maior peso para conformação engloba os acasalamentos, insede úbere). “O uso do TPI nes- minação artificial, confirmação ta fazenda se deve ao fato de o de prenhez e todo o acompanhamento reproproprietário ter dutivo. Quando feito parte da “Nossa taxa de a equipe Alta iniAssociação de reposição é de ciou na fazenda, Gado Holan37% ao ano, há cerca de dois dês dos EUA, considerando os anos, o índice de integrando o prenhez era de comitê que distrês rebanhos. 15%; hoje, esse cute os avanços Mesmo assim, índice é de 25%. genéticos no nossa recria é Os protocopaís”, explica los reprodutio consultor Admaior e agora vantage Alta podemos começar vos (Presynch e Ovsynch) são reaGenetics, resa vender novilhas lizados. Toda maponsável pela prenhes para nhã, as vacas são apresentação dos lotes de deoutros rebanhos, marcadas na cauda e, no dia sesempenho em aproveitando o guinte, observa-se todas as fazenbom momento do se houve monta das visitadas, mercado” ou não. As vacas David Hill. identificadas em Na Lakeshocio são inseminare, foram vistas filhas de importantes touros das. A Inseminação Artificial de da bateria Alta Genetics, entre Tempo Fixo (IATF) é realizada elas AltaCEO, AltaELLIOT, Al- em 20% do rebanho, com o intuito de aumentar a pressão retaSKODA e AltaSILVER. AltaELLIOT é um touro produtiva. “O sucesso do manepara altos volumes da produ- jo reprodutivo desta fazenda se ção de proteína e gordura, con- deve, principalmente, ao comdizente com o plano genético prometimento dos inseminadoda fazenda. Produz filhas bem res da equipe, que são muito equilibradas também de muita bem treinados e orientados para produção. AltaCEO é um ani- fazer, da melhor forma possível, mal de destaque para tipo, es- seu trabalho”, diz o coordena-

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ESPECIAL

dor do grupo. Ele afirma que a equipe consegue emprenhar 75% das vacas até os 150 dias pós-parto. “Dos 150 aos 180 dias, conseguimos emprenhar mais 10% das vacas e, a partir disso, utilizamos touros com monta natural”, explica o coordenador. Segundo ele, os touros utilizados para monta natural nas demais vacas (15%) são da própria fazenda e possuem excelente genética. Os animais são alojados em galpões de free stall, com camas profundas (31 centímetros), niveladas três vezes ao dia e com reposição a cada dois dias. O material das camas é composto pela fração sólida dos dejetos das vacas, que depois de coletados passam por um processo de separação e secagem. Anteriormente, eram utilizados colchões nas camas, mas a troca por camas profundas proporcionou maior conforto dos animais, melhorando o nível de imunidade e, consequentemente, melhorando os índices de qualidade do leite, principalmente com a diminuição dos casos de mastite clínica. O processo de separação e secagem do material das camas não envolve nenhum tratamento químico. A fração líquida resultante da separação é utilizada para fertirrigação das áreas de lavoura. A contagem média de células somáticas (CCS) do rebanho da Lakeshore é de 175 mil cél/ ml, com variações de até 210 mil cél/ml no período do verão e 140 mil cél/ml no inverno.

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A outra fazenda da família, a Oakfield Corners Dairy, é focada na venda de genética. Por ano, são transferidos cerca de 4.500 embriões, com o objetivo de produzir touros para centrais de inseminação e, também, bezerras para exposição. A empresa Trans Ova Genetics é a responsável pela realização

“Dos 150 aos 180 dias, conseguimos emprenhar mais 10% das vacas e, a partir disso, utilizamos touros com monta natural” das biotécnicas reprodutivas, principalmente a aspiração folicular e fertilização in vitro, mas também há transferência direta de embriões. É feita a programação dos protocolos das doadoras, das datas de coleta, dos procedimentos laboratoriais e do congelamento ou da transferência

dos embriões. A fazenda recebe da empresa o protocolo hormonal que deve ser feito nas doadoras e, no dia estipulado, a técnica realiza a aspiração dos oócitos e leva esse material para o laboratório, onde é feita a fertilização in vitro. Seis dias depois, as estruturas são avaliadas, e no sétimo dia os embriões são congelados ou transferidos a fresco. “A vantagem desta técnica é que é possível trabalhar com animais jovens, a partir dos sete meses, assim como com animais em produção, vacas prenhes e animais mais velhos”, afirma Jonathan. O teste genômico é realizado em todas as doadoras de embriões. Para a escolha daquelas com potencial para produzir os tourinhos, a avaliação é baseada no índice de GTPI (TPI Genômico). O teste também é feito nos bezerros, para selecionar aqueles de maior mérito genético. Já a escolha das doadoras para a produção de animais de pista é feita por avaliação da conformação e pedigree.


Twin Birch Dairy Skaneateles, NY Número de cabeças: 1.375 Produção de leite: 12.900 kg (305 dias) Taxa de prenhez: 22% CCS: 170 mil cél/ml Culturas: milho, alfafa e trigo Número de funcionários: 25 Localizada no coração de Nova Iorque, a área original da Twin Birch Dairy foi adquirida num leilão no ano de 1960, por Ken e Georgienna Young. Desde então, a fazenda foi expandida gradualmente e, em 1981, uma Sociedade Limitada (Ltda.) foi formada entre Ken e o filho Dirk. Hoje, os proprietários da Twin Birch Dairy são Dirk Young (diretor geral); Pat Kehoe (gerente da Reprodução) e Todd Evans (gerente das Culturas e Dejetos). A mais recente adição à equipe de gerenciamento foi Jeremy Brown (gerente da Pecuária). O rebanho em lactação, com 1.375 vacas, é alojado em galpões de free stalls, com camas de esterco reciclado do biodigestor. A ordenha, ampliada em 2014, possui 36 conjuntos (duplo 18). A parceria da Twin Birch Dairy com a Alta Genetics estende-se desde 2001. O plano genético atual (70% para produção e 30% para saúde) difere do plano de alguns anos atrás (40% para produção, 30% para saúde e 30% para conformação). Essa mudança se deu em função da sociedade em uma indústria de laticínios e, consequentemente, da necessidade

em focar em produção (sólidos, especialmente proteína). No lote de desempenho apresentado foi possível ver vacas resultantes dos dois planos genéticos. Entre elas, filhas de: AltaJOHNSON e AltaJACKMAN,

“Com o início da tecnologia da genômica, reformulamos nosso plano genético e passamos a trabalhar com grupos de cinco touros que se encaixam nos objetivos da fazenda” irmãos inteiros com filhas que diferem levemente em volume de produção, mas todas com boa conformação e muito simétricas; AltaSUSTAIN e AltaBRANDON, ambos com altos índices para produção de leite e volume de

sólidos, sendo dois animais que se encaixam perfeitamente no plano genético atual da fazenda; AltaBANFF, um touro que se encaixava mais no plano genético anterior, com vacas fortes e com mais estrutura, no entanto, também se adequa ao plano atual, pelas características de alta vida produtiva e fertilidade das filhas, além da facilidade de parto; AltaAIRNET, utilizado na fazenda em função das características de facilidade de parto e baixo nível de natimorto, produzindo vacas muito funcionais e saudáveis, e AltaMETEOR, com filhas de excelente estrutura, bons úberes, pernas e pés. O rebanho da Twin Birch Dairy mostra claramente a importância do plano genético personalizado, mas também as possibilidades de ajustá-lo de acordo com as necessidades do produtor, como neste caso, em função do mercado. O gerente da área Reprodutiva, Pat Kehoe, está na fazenda há 15 anos, ou seja, desde o início do trabalho com a Alta Genetics. “De 2006 a 2009, recebemos touros para a realização de testes de progênie. Com PECUÁRIA EM ALTA

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o início da tecnologia da genômica, reformulamos nosso plano genético e passamos a trabalhar com grupos de cinco touros que se encaixam nos objetivos da fazenda”, pondera Kehoe. No manejo reprodutivo são utilizados protocolos de sincronização de cio, visando a maximizar a taxa de prenhez. “Nas primíparas, utilizamos o duplo ovsynch por terem lactações mais consistentes, e nas vacas mais maduras, fazemos o pre-synch e ovsynch para que fiquem prenhes mais rapidamente, em torno dos 50 dias pós-parto”, explica o gerente. As vacas recém-paridas ficam em lote separado até os dez dias pós-parto, em média, e são monitoradas diariamente. Na ausência de qualquer enfermidade ou problema metabólico, passam a integrar os lotes de produção.

A fazenda possui um casqueador hidráulico específico, feito sob medida pela Appleton Steel Company, do estado de Wisconsin. O aparelho utiliza um elevador hidráulico que levanta verticalmente a vaca, sem incliná-la. Essa configuração permite um casqueamento mais confortável

tanto para a vaca como para quem está casqueando. Dois funcionários trabalham exclusivamente com o casqueamento do rebanho, de forma preventiva. Esse manejo permitiu um maior controle das afecções podais, reduzindo drasticamente a incidência de vacas mancas.

* Acesse o site da Alta e leia a reportagem completa com todas as outras fazendas visitadas durante o Showcase NY Alta Genetics.

Evolução genética e prioridades de seleção O diretor sênior em Estratégia Global e gerente de Vendas da Alta Genetics nos Estados Unidos, Nate Zwald, apresentou, durante o Showcase, dados sobre a evolução genética, demonstrando o avanço permitido com o uso de touros genômicos. Nate explicou que o progresso genético nada mais é do que obter avanços em seleção no menor período de tempo possível. “Antes da existência da técnica da genômica, considerávamos que touros irmãos inteiros eram geneticamente iguais e 10

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os selecionávamos por produção de sêmen e conformação, basicamente. Hoje, cruzando os dados genéticos e as informações fenotípicas das filhas dos touros, confirmamos que isso não é verdade”, enfatiza. Segundo Nate, a evolução genética é intensa e constante. “Em 2010, quando iniciamos o uso da técnica da genômica, tínhamos apenas o DNA desses animais. Hoje, analisando essa informação junto aos dados produtivos das filhas, vemos o quão confiáveis eles

são e o progresso genético que isso representa. Se pensarmos daqui a dez anos, certamente os novos touros serão melhores que os que temos agora. Isso é evolução genética”, ressalta. Nate falou também sobre alguns mitos em relação à seleção genética. “Havia a crença de que as vacas bonitas eram as que davam leite. No passado, a seleção tinha seu maior foco na conformação dos animais, acreditando que este era o caminho para maior produção. Hoje, sabemos


que nem sempre as vacas mais ‘bonitas’ são as mais produtivas e, inclusive, há uma correlação de -0,33 entre conformação e longevidade, ou seja, quando selecionamos para uma característica, a outra terá um comportamento inverso. Outro fato está na correlação positiva (0,70) existente entre a conformação e a altura das vacas. No caso de correlação positiva, quando selecionamos para uma, indiretamente o estamos fazendo para a outra também. Atualmente, sabemos que vacas com grandes estruturas não são as mais desejáveis. Por outro lado, o que não se imagina é que há uma correlação positiva entre estatura e úbere, de 0,50. Então, ao selecionarmos para úbere, indiretamente estamos selecionando para vacas de maior estatura”, detalha. Consanguinidade Outro tema polêmico diz respeito à consanguinidade. O fato é que nem sempre ela é ruim. Na verdade, em alguns casos, a consanguinidade pode ser positiva. Há 20 anos, as vacas eram bem menos produtivas e não havia muitos casos de consanguinida-

de. Nos próximos 20 anos, elas serão ainda mais produtivas e, também, mais consanguíneas. O correto, então, segundo Nate, é

“Atualmente, sabemos que vacas com grandes estruturas não são as mais desejáveis. Por outro lado, o que não se imagina é que há uma correlação positiva entre estatura e úbere, de 0,50. Então, ao selecionarmos para úbere, indiretamente estamos selecionando para vacas de maior estatura” ter cuidado ao manejar essa consanguinidade, e não necessariamente evitá-la a qualquer custo. “É preciso avaliar quando ela é

interessante, no intuito de melhorar a produtividade”, ressaltou. Ganho genético O gerente global de Treinamento e Programas Alta Genetics, Molly Sloan, mostrou dados denotando os avanços em ganho genético, usando como exemplo os ganhos em TPI. Ela questionou os participantes sobre quais eram suas prioridades de seleção e cada um mostrou ter objetivos diferentes, de acordo com o seu sistema de produção. Molly explicou que para obter resultados desejados é preciso ter claros os objetivos de seleção para cada rebanho. “Aquilo que é extremamente vantajoso para um sistema produtivo pode não ser tão necessário em outro. Então, o melhor plano genético é aquele que atende aos objetivos e às necessidades de um sistema específico”, afirma. Segundo ele, é preciso manter o foco no trabalho de seleção e, desta forma, alcançar os avanços esperados. Molly diz ainda que é importante avaliar a média dos resultados das filhas do grupo de touros escolhidos dentro do plano genético.

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Um ônibus com cinco milhões de litros de leite Os participantes do Showcase foram divididos em grupos, de forma a organizar a visita nas fazendas. Foram cinco ônibus, com pessoas de várias nacionalidades. No mesmo grupo em que se encontravam os brasileiros estavam alguns produtores americanos e holandeses que possuem seus rebanhos na Polônia. Em uma breve enquete realizada dentro do ônibus, constatou-se que ali dentro estavam representados 26 rebanhos, com o total de

75.000 vacas, pertencentes a rebanhos que variavam de 100 até 20.000 animais. O volume diário total de produção desses rebanhos foi de 5.100.000 litros, com a produtividade média diária de 23 litros/ vaca/dia a 41 litros/vaca/dia.

As fazendas visitadas são perfeitamente compatíveis com a nossa realidade, ou seja, muito do que vimos pode servir como base para vários aprimoramentos em nossos sistemas. A genética dos rebanhos é realmente impressionante. Animais de qualidade superior, com produtividades altíssimas e, ao mesmo tempo, com índices reprodutivos excelentes. Além disso, apesar da maioria dos planos genéticos não selecionar para tipo, os animais possuem excelente conformação. Outro ponto é que a maioria das fazendas utiliza os dejetos dos animais como substrato para as camas dos free stalls, algo muito diferente do que estamos acostumados a trabalhar. Há ainda questões relacionadas à criação de bezerros, alimentação, entre tantos outros detalhes que pudemos ver durante o Showcase CARLOS AUGUSTO PEREIRA, FAZENDAS REUNIDAS ACP DO CARMO DO RIO CLARO (MG)

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A viagem foi muito completa, sendo possível conhecer o manejo geral das fazendas visitadas. Permitiu uma grande troca de experiências entre os próprios integrantes do grupo brasileiro, o que é muito importante, além da amizade que fizemos. Me chamou muita atenção a valorização que os gestores dão às suas equipes. Em todas as propriedades o que pudemos ver é que, independente do nível de tecnologia adotado, os resultados dependem, fundamentalmente, das pessoas. Isso mostra que temos que trabalhar essa área nas fazendas que atendemos, uma vez que um dos maiores gargalos dos sistema produtivo é a mão de obra. Talvez muitos resultados não sejam alcançados em função da falta de qualificação da mão de obra e por isso temos que focar mais na gestão de pessoas, dando importância aos treinamentos, aos programas de valorização, entre outras medidas que garantam boas condições de trabalho e satisfação dos funcionários ALEXANDRE JOSÉ AZRAK, MÉDICO VETERINÁRIO EM CRAVINHOS (SP)

Muito do que foi visto será aproveitado nas nossas propriedades, principalmente em relação às instalações. Por exemplo, a maioria dos galpões é feita de madeira. No Rio Grande do Sul, temos madeira em abundância e poderíamos construir galpões para as vacas com custos bem mais acessíveis aos atuais, ou seja, a solução para nossos desafios pode estar em casa e não estamos vendo! O uso dos dejetos nas camas também foi algo muito interessante de se ver, pois hoje o tratamento de dejetos representa um grande desafio para as fazendas e esta é uma alternativa que pode ajudar a vencê-lo e ao mesmo tempo gerar uma economia para o sistema. Por isso, acredito que nessa viagem encontramos muitas respostas de que precisávamos, além de vermos rebanhos de altíssimo nível, fazendas muito bem estruturadas e com total controle de suas rotinas JOARES GHELLAR, PRODUTOR DA GRANJA BOM SUCESSO EM TUPARENDI (RS)

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ALTA NEWS

TÉCNICOS DE LEITE DA ALTA PARTICIPAM DE DIA DE CAMPO NA COLÔMBIA

A equipe da Alta esteve em Cartago, município da Colômbia, na Fazenda La Judea, de Juaquim Gómez, para um dia de campo produtivo, no mês de setembro. Falou-se sobre o perfil da fazenda, com o obje-

tivo de apresentar o potencial genético e difundir as práticas de manejo da propriedade. O potencial produtivo da propriedade foi comprovado, com mais de 350 vacas em lactação, a grande maioria Girolando 1/2, ordenhadas sem ocitocina. “Ficamos impressionados com as filhas dos touros AltaRaven, AltaToyota, AltaMic, AltaRazor, AltaMeteor e AltaFinest. Pudemos ver também um lote de 20 vacas paridas, filhas do touro AltaToyota, que impressionou

pela qualidade do sistema mamário e pela produtividade. Outro destaque foi a recordista de produção 1/2 sangue, filha do touro AltaMic”, disse o gerente técnico de Leite da Alta, Tiago Moraes Ferreira. Tiago reforça que a construção de um plano genético para as fazendas que querem evoluir cada vez mais, do ponto de vista genético, é fundamental. “Isso impacta diretamente na rentabilidade econômica da propriedade”.

ALTA MARCA PRESENÇA NO 5º DIA DE CAMPO DA FAZENDA LARANJA AZEDA

Os técnicos da Alta acompanharam o 5º Dia de Campo da Fazenda Laranja Azeda e 4º Shopping de Animais, no início de novembro. A fazenda, localizada na cidade de Pereira Barreto, no noroeste do estado de São Paulo, é referência em produção de leite com genética superior. Comandada por Paulo Yamamoto, há mais 14

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de sete anos, a propriedade utiliza de Fertilização In Vitro (FIV) e Inseminação Artificial (IA) com os melhores reprodutores da bateria Alta. Por meio de um sistema simples, mas eficiente, a fazenda trabalha com seis hectares irrigados e produz 1.550 kg de leite por dia, tendo como objetivo chegar aos 3.000 em dois anos. Além da produção de leite, a fazenda possui o projeto de disponibilizar genética superior aos produtores locais e por isso adquiriu doadoras Gir Leiteiro em rebanhos como Estância Silvania, Calciolândia, Fazenda Brasília e Fazenda Mutum. Produtos provenientes dessas matrizes já conquistaram o cenário nacional, como é o caso da Cuca Wildman da Laranja Azeda,

Reservada Melhor Fêmea Jovem Nacional e, hoje, de propriedade de Pedro Ananias Aguiar. Nessa edição do 4º Shopping de Animais, 56 animais entre 1/2 sangue Girolando, 3/4 Girolando e Gir Leiteiro PO foram colocados à venda. Filhas de Wildman, Minister, Modelo, Tabu, Major trouxeram uma disputa saudável ao evento, visto que não é remate, e sim preços fixos. “Muitos produtores retornaram ao evento para efetuar uma nova compra. Isso prova que os animais estão fazendo o seu trabalho como ótimas produtoras de leite. Os touros escolhidos são sempre os mais equilibrados para características de produção e saúde”, afirma o gerente de Leite Nacional da Alta, Guilherme Marquez.


ALTA PRESTIGIA I SIMPÓSIO REPRONUTRI

Campo Grande (MS) recebeu o I Simpósio Repronutri (Reprodução, Produção e Nutrição de Bovinos – a pesquisa aplicada ao campo), entre os dias 24 e 25 de setembro. A promoção foi do Grupo Repronutri, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), juntamente com outras instituições. Os palestrantes focaram em reprodução, nutrição animal, eficiência reprodutiva, manejo e sanidade, promovendo debates de qualidade quanto ao manejo e a Inseminação Artificial de Tempo Fixo (IATF) no

Pantanal, com suas características e dificuldades. Debateram também as diferenças entre protocolos de empresas de fármacos, evidenciaram as condições ideais quanto à condição corporal, valorizando nutrição e sanidade da vaca no momento da IATF. Qualidade de sêmen, melhoramento genético, Diferença Esperada nas Progênies (DEPs), protocolos de IATF, FIV e Transferência de Embriões por Tempo Fixo (TETF) também foram evidenciados. O técnico de Corte da Alta, Marcos Labury, falou sobre o tema Fenótipo x Produtividade em Rebanhos Comerciais, chamando atenção para a necessidade do descarte de animais que dão pouco ou nenhum retorno econômico ao criatório. Ele também valorizou o uso de todas

as ferramentas disponíveis ao alcance do pecuarista na busca pelo animal mais lucrativo dentro do seu mercado. “Na busca pelo fenótipo desejado, não podemos esquecer a equação: Fenótipo = Genótipo + Ambiente + Interação Genótipo Ambiente”, finalizou Labury. O grupo Repronutri reúne pesquisadores e técnicos de campo que pretendem discutir o sistema de cria no estado de Mato Grosso do Sul, aliando campo e Ciência de modo a despertar em técnicos, produtores e pesquisadores uma visão crítica do sistema de produção de bovinos adotado no estado e o futuro desenvolvimento de pesquisas aplicadas nascidas da vivência dos participantes, para assim contribuir com o desenvolvimento da pecuária no Mato Grosso do Sul.

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ALTA NEWS

FILHAS DE REM USP SÃO DESTAQUES NO NELORE JANDAIA O Nelore Jandaia completou 50 anos de trabalho dedicado à seleção morfológica funcional, características econômicas relacionadas à carcaça, peso, habilidade materna, temperamento e padrão racial, em 2014. Seguir os critérios dos programas de melhoramento significa dispor de uma ferramenta importante no progresso genético do plantel. William Koury, do Nelore Jandaia, sabe bem disso e sempre seleciona os touros da estação observando avaliação genética, biotipo e desempenho das progênies. Além disso, reconhece a importância de usar touros jovens para diminuir intervalo de geração e, consequente-

mente, incrementar o progresso. Em 2012, o Nelore Jandaia utilizou pela primeira vez o touro REM USP e por três estações seguidas continuou inseminando com esse reprodutor, um dos melhores da atualidade

em avaliação genética e desempenho de seus filhos. As fotos ilustram algumas das primeiras filhas paridas do USP, todas integrantes do núcleo de precoces da fazenda, que emprenharam entre 16 e 18 meses.

FILHA DE WILDMAN SE DESTACA

Chalana Estância Correa é uma filha de Wildman em vaca Meteoro de Brasília e sempre se destacou pelas suas características de aprumos, composto de úbere, beleza racial, fertilidade, intervalo entre partos e produtividade, porém

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agora surpreendeu pela alta produção. Chalana produziu 37 quilos de leite na ordenha da manhã e 33kg de leite na ordenha da tarde, totalizando 70kg de leite dia. Outro destaque é a sua fertilidade. Em apenas um ovário, Chalana produziu dez embriões com 60% de prenhez. Proprietário e cliente Alta, Manoel Correa, da cidade de Pardinho (SP) possui genética de ponta e tenta produzir mais com menos. Ele tem um sistema de manejo simples, Chalana, por exemplo, fica a maior parte do tempo a pasto e, du-

rante suas ordenhas, recebe silagem de milho e ração, sendo 10 kg de ração e 40 kg de silagem. “Acredito que a vaca mostrou por si só sua capacidade de produção, sem depender muito de seu manejo. Prova que a genética Alta, aliada ao conhecimento, resulta em animais excepcionais. Se este animal tivesse a possibilidade de um manejo melhor e uma terceira ordenha, não tenho dúvidas de que sua produção seria acima de 100 litros, com excelente composto de úbere”, ressalta o gerente regional Alta, em Botucatu (SP), Rodrigo Primo.


PECUÁRIA EM ALTA

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ARTIGO

SELEÇÃO INTRARREBANHO A IMPORTÂNCIA DE GERAR UMA IDENTIDADE PRÓPRIA AO REBANHO por RODOLFFO ASSIS, CONSULTOR TÉCNICO DE CORTE DA ALTA lecionadores, a sua utilização não deve se restringir apenas a estes, pois, inclusive em rebanhos comerciais, pode impactar muito na lucratividade. Isso ocorre porque, ao se identificarem os animais superiores de forma precisa, selecionando-os como pais das próximas gerações, altera-se a frequência gênica e, consequentemente, melhora-se a média das características ponderadas na progênie. Erros nesta seleção podem gerar atraso ou retrocesso no progresso genético. Importância da avaliação intrarrebanho

Com margens mais estreitas e grande concorrência com outros setores do agronegócio, a pecuária de corte necessita de mecanismos que permitam tomada de decisões mais rápidas e precisas. Cada vez mais presente nos grandes criadores desse setor, a seleção intrarrebanho é uma ferramenta que pode trazer enormes benefícios ao pecuarista e gerar uma identidade própria ao rebanho. 18

PECUÁRIA EM ALTA

A seleção intrarrebanho nada mais é do que a utilização de dados para gerar índices próprios, os quais podem ser personalizados pelo selecionador, permitindo comparação entre os animais de sua propriedade. Esta ferramenta permite rápida tomada de decisão, como descartes de matrizes e seleção de potenciais reprodutores. Apesar de ser normalmente associada aos grandes se-

Propriedades que não fazem parte de nenhum programa de melhoramento podem utilizar avaliações intrarrebanhos para pautar seus projetos. Em rebanhos avaliados por programas de melhoramento é interessante a utilização das DEPs associadas às mensurações internas que não foram trabalhadas pelos programas para gerar informações, as quais trarão mais segurança na seleção, principalmente de animais jovens e matrizes, categorias que, em geral, possuem baixa acurácia.


“Não há receita pronta. O que deve haver é bom senso e conhecimento técnico para a escolha e ponderação das características” Na prática Vejamos um exemplo comum e real, coletado na Fazenda Pedrinhas, em Anaurilândia (MS), do proprietário Gianni Di Raimo.

Bezerro GDR438

Bezerro GDR438 (Macuni do Salto x GDRA72) – ponderal ajustado ao desmame: 1,020 kg/dia Sem observar o intrarrebanho, poderíamos tê-la descartada injustamente. Ela atualmente possui um índice intrarrebanho 10% acima das demais matrizes do rebanho para 120 dias e 2% acima para 240 dias, com seis filhos avaliados.

Matria GDRA72

Matriz GDRA72: Diferenças Esperadas na Progênie (DEPs) para habilidade materna (14ª colocada entre 20) e peso ao desmame (15ª colocada entre 23) pouco expressivas dentro do grupo de manejo. Não possuía boa acurácia, pois era uma matriz LA, com informação apenas do pedigree do pai (touro de repasse) e possuía apenas um filho avaliado. Conforme sua avaliação genética e seus aspectos visuais, poderíamos considerá-la passível de descarte. Já na avaliação intrarrebanho, seu filho obteve o melhor desempenho ajustado entre os 20 comparados aos 120 dias e, também, o melhor entre os 23 comparados aos 240 dias.

Bezerro GDR438 com sua mãe

Bezerro GDR438 com sua mãe, GDRA72 Há pontos fundamentais para que esta seleção gere bons resultados: - Qualidade na coleta de dados, com formação correta de grupos de manejo; - Criação de um índice que pondere características com impacto econômico na realidade do criador e que não se altere com frequência.

PECUÁRIA EM ALTA

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ARTIGO

Como criar um índice próprio Muitos selecionadores utilizam índices estabelecidos por programas de melhoramento para pautar toda a sua seleção. Isso não é errado, mas, como os programas de melhoramento da raça Nelore possuem índices empíricos e diferentes entre si, há muitos geneticistas que recomendam a criação de índices próprios, personalizados para a realidade do criador. Para a formação desse índice é imprescindível que o criador estabeleça quais características possuem maior importância para o seu negócio. Não há receita pronta. O que deve haver é bom senso e conhecimento técnico para a escolha e ponderação das características. Essas características podem se originar nas próprias DEPs geradas pelos programas de melhoramento ou diretamente nos dados fenotípicos colhidos na propriedade. Há casos em que o criador faz parte de programas

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PECUÁRIA EM ALTA

que não possuem avaliações de carcaça ou visuais, por exemplo, e considera importante ponderá-las em seu índice próprio. Conclusão Assim como os principais fornecedores de genética bovina, rebanhos comerciais progres-

sistas tendem a utilizar cada vez mais avaliações intrarrebanho, o que, se bem realizadas, trarão maior lucratividade aos pecuaristas devido à maior agilidade e assertividade do processo de seleção. Esta ferramenta permite ao selecionador ser mais competitivo ao inserí-lo em um cenário de pecuária de precisão.

Características que podem ser ponderadas Crescimento: peso ao nascer, desmame e sobreano, dias para ganhar 160 e 400 kg, ganho nascimento/desmame, nascimento/sobreano e pós-desmame. Reprodutiva: perímetro escrotal ao ano e ao sobreano, probabilidade de prenhez precoce, idade ao primeiro parto, probabilidade de permanência no rebanho e período de gestação. Carcaça: área de olho de lombo e espessura de gordura. Qualidade de carne: marmoreio. Visuais: estrutura/conformação, precocidade, musculatura, umbigo, racial, aprumos, pigmentação, temperamento (não necessariamente visual). Eficiência Alimentar


PECUÁRIA EM ALTA

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ARTIGO

SER EFICIENTE NÃO É SÓ PRODUZIR MAIS BARATO por LEONARDO SOUZA, DIRETOR DA QUALITAS MELHORAMENTO GENÉTICO A atual conjuntura da pecuária de corte tem colocado uma grande dúvida na cabeça de dois tipos de pecuaristas: os que fazem ciclo completo (cria, recria e engorda) e os que só recriam e engordam animais para abate. Para os que fazem ciclo completo, a dúvida está em segurar os bezerros para engordar ou vendê-los por um valor nunca antes visto na pecuária brasileira, cerca de R$200,00 a arroba! E para quem faz a recria e engorda há duas opções: parar com a atividade ou aumentar a produtividade do sistema, pois, com o preço elevado que ele paga por seis arrobas de bezerro, não dá pra esperar três anos até que ele alcance 18 arrobas. O resultado não é bom, como veremos a seguir. A questão é que tanto para quem está produzindo o bezerro quanto para quem está comprando, a decisão entre engordar ou não depende da eficiência em se colocar arrobas neste bezerro até ele virar boi. Portanto, um dos fatores que vão garantir o sucesso da engorda será o custo por arroba produzida. Mas por que este não é o único fator? Porque podemos produzir uma arroba barata e, mesmo assim, termos resultados financeiros ruins. Como exemplo basta aumentarmos quatro arrobas por cabeça por ano que para um bezerro de seis arrobas virar um boi ficará três anos na fazenda. 22

PECUÁRIA EM ALTA

Em um sistema desses, com a utilização somente de sal mineral, se o pecuarista for bastante

competente, venderá 33% de bois gordos, ou seja, para cada 1.000 animais terá:

Produtividade

4@ por cab./ano

Categorias

Quantidade

Bezerros

334

Garrotes

333

Bois

333

Total

1.000

Peso do boi gordo

18

Valor bezerro

R$1.200,00

Valor da @

R$135,00

Custo por cabeça/mês

R$24,00

Receitas

R$809.190,00

Despesas

R$288.000,00

Custo por @

R$72,00

Reposição bezerros

R$400.800,00

Resultado anual

R$120.390,00

Resultado mensal

R$10.032,50

Por que, mesmo produzindo uma arroba por R$72,00 e vendendo por R$135,00, não se consegue ter um bom resultado? Porque a quantidade de bois vendidos é muito pequena para fazer a reposição dos bezerros e cobrir as despesas anuais, ou seja, o desfrute é muito baixo. Portanto, não adianta só produzir barato, é necessário produzir muitas arrobas para aumentar a

quantidade de bois vendidos. E como produzir mais arrobas por ano? Aumentando o ganho de peso. Tomando por exemplo um produtor com 1.000 bezerros desmamados com 200 quilos (6,66@), recriados a pasto com um proteinado, com o consumo médio de 300 gramas por dia durante 15 meses, ao final desse período, esses animais estarão com


382 kg e serão colocados em um confinamento por 75 dias, apresentando ganho médio diário de 1,716 kg, com o consumo de 11,4 kg de matéria seca de dieta por dia, o que resultará em uma conversão alimentar de 6,72 kg de matéria seca para cada quilo Produtividade

de ganho em peso. Com isso, pesarão 510 kg, com 6,62 milímetros de acabamento de gordura, e vão apresentar 57,2% de rendimento no abate, resultando em 19,45 arrobas após um ano de recria e engorda. São colocadas 12,79@ por animal em um ano. 12,79@ por cab./ano

Categorias Bois

1.000

Total

1.000

Peso do boi gordo

19,45

Valor bezerro

R$1.200,00

Valor da @

R$135,00

Custo por cab./mês

R$40,00

Receitas

R$2.625.750,00

Despesas

R$600.000,00

Confinamento

R$374.250,00

Custo por @

R$76,17

Reposição bezerros

R$1.200.000,00

Resultado anual

R$825.750,00

Resultado mensal

R$68.812,50

O custo por arroba foi para R$ 76,17, só que agora estamos vendendo 100% do estoque. Com isso, o resultado financeiro aumenta 6,8 vezes! O resultado se refere aos animais com a pior eficiência alimentar. Se pegarmos como exem-

“Não adianta só produzir barato, é necessário produzir muitas arrobas para aumentar a quantidade de bois vendidos” plos os animais mais eficientes, eles são desmamados com 203 kg (6,76@), recriados da mesma maneira, com o mesmo proteinado e, após 15 meses, estão com 384 kg, são colocados no confinamento por 75 dias e apresentam ganho médio diário de 2,194 kg, com o consumo de 10,4 kg de matéria seca de dieta por dia,

PECUÁRIA EM ALTA

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ARTIGO

o que resulta em uma conversão alimentar de 4,75 kg de matéria seca para cada quilo de ganho em peso. Com isso, pesam 550 kg, com 5,88 mm de acabamento de gordura e Produtividade

apresentam 57,3% de rendimento no abate, resultando em 21,00 arrobas após um ano de recria e engorda, ou seja, são colocadas 14,24 arrobas por animal em um ano. 14,24@ por cab./ano

mais eficientes, além de comerem menos no confinamento, ganharam 0,478 gramas a mais por dia que os menos eficientes, o que significou a redução em 12,60% no custo por arroba produzida e o incremento de 25,34% no resultado financeiro.

Categorias Bois

1.000

Total

1.000

Peso do boi gordo

21

Valor bezerro

R$1.200,00

Valor da @

R$135,00

Custo por cab./mês

R$40,00

Receitas

R$2.835.000,00

Despesas

R$600.000,00

Confinamento

R$348.000,00

Custo por @

R$66,57

Reposição bezerros

R$1.200.000,00

Resultado anual

R$1.035.000,00

Resultado mensal

R$86.250,00

Agora, o custo por arroba caiu para R$66,57 e o resultado financeiro aumentou 8,6 vezes. O grande questionamento que fica é o seguinte: a genética dos bezerros que temos para engordar no Brasil é inferior, igual ou melhor que a dos animais das duas últimas simulações? Acreditamos que seja bem inferior. Nas duas últimas simulações, utilizamos os dados de eficiência alimentar dos seis piores e dos seis melhores touros de três fazendas do Mato Grosso que utilizam o mesmo sistema de produção e que foram “ceipados” pelo Qualitas, em maio de 2015. Eles estavam entre os 120 melhores 24

PECUÁRIA EM ALTA

touros de 10.000 machos avaliados para Índice Qualitas e foram enviados para o Confinamento Experimental de Bovinos de Corte da Universidade Federal de Goiás, no Centro de Avaliação de Eficiência Alimentar Nelore Qualitas. Durante 75 dias, o consumo diário de alimentos e o ganho de peso foram medidos em jejum e, ao final, foi feita a avaliação de ultrassonografia pela Aval. Até chegarem ao confinamento, todos apresentaram um ótimo ganho de peso a pasto, e a grande diferença ocorreu quando o investimento em nutrição aumentou com o confinamento. As diferenças de resultado ocorreram porque os

“É preciso melhorar o ganho de peso a pasto, a conversão alimentar e diminuir o consumo de alimentos do rebanho” É por isso que não adianta somente produzir mais barato, é preciso melhorar o ganho de peso a pasto, a conversão alimentar e diminuir o consumo de alimentos do rebanho, para que as duas simulações que fizemos possam se tornar realidade. Isso se faz com melhoramento genético. Ao final do teste, onze tourinhos com a melhor genética identificada para eficiência alimentar foram enviados para coleta de sêmen na Alta e já estão sendo utilizados pelos criadores. Este já é o sexto ano em que utilizamos esse sistema para selecionar os touros do Programa Qualitas. Já provamos touros, que além da eficiência alimentar e do rendimento de carcaça, são espetaculares para ganho de peso a pasto e precocidade sexual, são eles: Qualitas Jato, Qualitas Jaguar, Qualitas Justiceiro, Qualitas King e Qualitas Kamikaze, todos estão na Alta.


Concepto Concepto Desktop Web

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www.conceptoiatf.com.br

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PECUÁRIA EM ALTA

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ARTIGO

IMPACTO ECONÔMICO DA SELEÇÃO PARA ACABAMENTO DE CARCAÇA E RENDIMENTO FRIGORÍFICO por YURI BALDINI FARJALLA, ZOOTECNISTA, MSC., AVAL SERVIÇOS TECNOLÓGICOS Sabemos que a utilização de touros de qualidade é importante em qualquer projeto de pecuária que busque o lucro. O valor genético do reprodutor é ponto determinante no incremento de produtividade em um rebanho e, quando substituído pelo “boi ponta de boiada” ou pelo “touro comum”, o pecuarista passa a ter chances de sucesso na atividade. Com a busca por animais que forneçam carne de qualidade e em maior quantidade, a inclusão de características de carcaça em programas de melhoramento genético tornou-se importante e, com isso, o uso da ultrassonografia é fundamental. Na seleção para qualidade de carcaça, não se trata apenas de selecionar aqueles animais que apresentem fenótipos que acreditamos serem relacionados com uma carcaça de melhor qualidade. Da mesma forma que para selecionar para maior crescimento é necessário pesar os animais, para selecionar para qualidade de carcaça é necessário medir essa qualidade. 26

PECUÁRIA EM ALTA

A ultrassonografia é uma ferramenta que permite medir características como musculosidade e acabamento de gordura, avaliando animais ainda vivos e de forma acurada. Com essa tec-

“A ultrassonografia é uma ferramenta que permite medir características como musculosidade e acabamento de gordura, avaliando animais ainda vivos e de forma acurada” nologia, os geneticistas conseguem determinar quais animais são melhoradores para as características de carcaça os quais serão utilizados na produção de animais mais adequados para a produção de carne.

A área de olho de lombo representa melhor musculosidade, portanto maior rendimento de carcaça ao abate, proporcionando ao produtor melhor retorno econômico. Traduzindo em números a importância econômica da área de olho de lombo (musculosidade) e seu impacto no rendimento de carcaça, vamos exemplificar de forma prática e real progênies de dois touros: touro A (melhorador), com Diferença Esperada na Progênie (DEP) para área de olho de lombo de quatro centímetros quadrados, e o touro B (touro comum), sem qualquer informação genética para tal característica econômica. As progênies foram confinadas e abatidas com peso vivo 520 quilos. Ao abate, a progênie A alcançou rendimento de carcaça de 56%, contra 52% da progênie B. A arroba com valor de mercado de R$150,00 apresentou diferença de R$208,00 por animal a favor da progênie do touro A, o que significa, aproximadamen-


te, 7,5% de incremento na margem de lucro. Se contabilizarmos outras diferenças como o ganho médio diário entre as progênies e dias de confinamentos necessários para atingir peso de abate de 520 kg, certamente teremos a margem de lucro ampliada. A medida de espessura de gordura é eficiente indicador de acabamento da carcaça. A gordura subcutânea desempenha o papel de isolante térmico durante o processo de resfriamento da carcaça, que deve ser feito de forma lenta e gradual para não causar encurtamento das fibras musculares e, consequentemente, o endurecimento da carne. A seleção para esta característica também traz benefícios para os índices reprodutivos do seu rebanho, pela sua correlação ao escore corporal, trazendo melhor desempenho nos programas de precocidade sexual e nas estações de monta, com o aumento na taxa de reconcepção. O objetivo de produzir animais que atendam às exigências da indústria frigorífica, principalmente quanto ao peso e acabamento de carcaça, pode ser alcançado de forma economicamente eficiente, garantindo o espaço do produtor naquele mercado. Porém, benefícios tanto quanto importantes podem ser alcançados ainda dentro da fazenda. A condição corporal associada à nutrição tem grande impacto na eficiência reprodutiva. Níveis mínimos de reservas adiposas são necessários para fornecer energia suficiente para a manifestação do primeiro estro. Desta forma, a seleção de animais para espessura de gordura subcutâ-

nea, a qual é facilmente mensurável através de ultrassonografia, contribuiria para a produção de matrizes que provavelmente chegariam à estação de monta, após um período de restrição alimentar, com condições corporais melhores. Isso refletiria em maiores probabilidades de concepção, gerando aumento nos AOL

índices reprodutivos do rebanho. A seleção genética de animais para melhorar as características da carcaça vai muito além do objetivo de apenas melhorar a qualidade da carne produzida, mas, devido às suas relações com índices reprodutivos, pode aumentar a rentabilidade da atividade através de um sistema mais eficiente. 3P

ACAB

AOL

0,35

0,35

0,35

ACAB

0,10

0,10

0,10

3P

0,21

0,21

0,21

Tabela 1: Correlação genética entre precocidade sexual e características quantitativas de carcaça Fonte: Vozzi, 2009.

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ARTIGO

A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DAS INFORMAÇÕES PARA TOMADA DE DECISÃO EM PROGRAMAS DE IATF por MANOEL FRANCISCO DE SÁ FILHO, GERENTE DE PROGRAMAS ESPECIAIS DE CORTE DA ALTA BRASIL A estação de monta chegou e temos que tomar cuidado com os baixos resultados nos programas de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF). A técnica, que já corresponde aproximadamente 70% das inseminações realizadas no Brasil (leite e corte), envolve significativos investimentos e o

Planejar

Controlar

Avaliar

Agir

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PECUÁRIA EM ALTA

retorno econômico é claro, mas dependente do sucesso gestacional alcançado. A taxa de prenhez após a IATF é determinante e o controle adequado deste índice torna-se fundamental para as tomadas de decisões e ações corretivas frente aos resultados insatisfatórios. Ainda, uma vez que nos

programas de IATF centenas de vacas podem ser inseminadas em um único dia, o prejuízo acumulado de programas com baixo resultado pode ser desastroso. Mas o que fazer para evitar tais surpresas indesejadas? Como realizar o diagnóstico precoce de gestação?

Reduzir fatores de risco ao insucesso

Registro e controle individual das fêmeas inseminadas

Diagnóstico precoce de gestação com ultrassom

Estabelecimento de medidas corretivas


O primeiro passo é conhecer os principais fatores que determinam o sucesso da IATF e reduzir tais fatores de risco ao insucesso. Em seguida, é importante o registro e controle individual dos animais. Após esses passos, devemos encontrar formas de avaliar a taxa de sucesso gestacional precocemente. Por fim, realizamos as devidas medidas corretivas frente a resultados indesejáveis. Existem inúmeros fatores que determinam o sucesso dos programas de IATF. Dentre eles destacam-se as características inerentes às fêmeas, tais como condição corporal, ordem de partos, produção de leite etc. Além desses fatores, a variação individual dos inseminadores ou dos próprios touros contribui de maneira significativa na taxa de prenhez à IATF. Os inseminadores são deter-

minantes para o sucesso dos programas de IATF, uma vez que eles se tornam responsá-

“É fundamental controlar as informações sobre o inseminador e do touro de maneira individual por vaca participante do programa de IATF” veis pela correta deposição do sêmen dentro do trato reprodutivo da fêmea sincronizada. Qualquer falha nesse processo determina reduções significativas na taxa de prenhez. No gráfico abaixo, podemos observar a variação de resultados entre inseminadores de

programas comerciais de IATF realizados nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Ao verificarmos tal variação, fica clara a importância do rápido diagnóstico para que possamos direcionar as inseminações para os melhores inseminadores. Ainda se pode evitar a participação dos inseminadores que determinam baixos resultados em programas futuros. Além disso, o mais interessante seria aumentar a contribuição dos inseminadores que determinam melhores resultados, aumentando assim a taxa de prenhez geral e, consequentemente, o retorno econômico da atividade. Portanto, o investimento em treinamento e reciclagem dos inseminadores e a anotação individual dos animais que são inseminados por inseminador são fundamentais.

60% 52,5%

Taxa de prenhez (%)

50%

50,1% 49,7% 45,1%

43,5% 43,1% 42,0%

40%

40,8% 40,0% 29,9% 29,2%

30% 20% 10% 0% 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

PECUÁRIA EM ALTA

11

29


ARTIGO

Outro aspecto determinante no resultado dos programas de IATF é o touro. Em um estudo realizado em fazendas comerciais nos estados do Mato Grosso do Sul e Paraná, Mar-

70%

Taxa de prenhez (%)

equitativa entre as fêmeas de cada lote sincronizado. Todas partidas de cada touro foram previamente analisadas em laboratório e apresentavam boa qualidade.

/ b p<0.05 a=

56,0%

60% 50%

tins Júnior, A. e colaboradores sincronizaram 962 vacas paridas utilizando na IATF quatro diferentes touros. As doses de sêmen de cada touro foram distribuídas de maneira

58,7%

61,1%

TOURO 3

TOURO 4

45,5%

40% 30% 20% 10% 0% TOURO 1

Diante destes resultados, fica evidente o efeito individual de touros sobre a taxa de prenhez em programas de IATF. Este efeito é conhecido como “efeito touro”. Pensando nisso, a Alta Genetics disponibiliza ao mercado um programa de identificação de touros de maior fertilidade em programas de IATF, intitulado como Concept Plus (Detalhes do programa na página 48). Frente a tais variações, fica evidente a necessidade do controle adequado das informações nos programas de IATF. Para isso é fundamental controlar as informações sobre o inseminador e do touro de maneira individual por vaca participante do programa de IATF. Posteriormente 30

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TOURO 2

Treinamentos da Alta Preocupada com uma pecuária de resultados, a Alta promove cursos de Inseminação Artificial por todo o Brasil. O objetivo é oferecer ao mercado a melhor orientação técnica para capacitar técnicos, estudantes, criadores e pessoas interessadas para promover o melhoramento genético nos rebanhos de bovinos. Confira a programação no site altagenetics.com ou entre em contato pelo telefone (34) 3318-7771.

é possível realizar o diagnóstico precoce de gestação pelo uso da ultrassonografia transretal. Com o ultrassom é possível realizar a detecção da presença do embrião dentro do trato reproduti-

vo da vaca inseminada 30 dias após a IATF. A realização desse diagnóstico precocemente possibilita a determinação das taxas de concepção, de acordo com o touro ou inseminação. Com isso


é possível realizar medidas corretivas ainda dentro da mesma estação reprodutiva. Consequentemente, pode-se, potencialmente, aumentar os índices de gestação gerais da propriedade. Portanto, devemos ficar atentos aos principais fatores que determinam o sucesso gestacional nos programas de IATF. Ainda, o controle adequado das informações e a utilização estratégica do ultrassom para o diagnóstico precoce de gestação são considerados chaves para o sucesso desses programas.

Concept Plus O Concept Plus é um programa que identifica touros com as melhores taxas de concepção no campo. A metodologia aplicada visa a isolar o efeito de concepção do touro dos outros efeitos que influenciam os resultados da IATF. Através dele é possível apresentar respostas concretas sobre a variação de concepção de touros no campo e que não são explicadas pelas análises laboratoriais, acabando de vez com uma grande rede de especulações cultivadas no mercado de IATF. Conheça a lista de touros Concept Plus na página 48.

PECUÁRIA EM ALTA

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CORTE

FERTILIDADE GARANTIDA NOVOS TOUROS DA BATERIA ALTA ENTRAM PARA A SELETA LISTA DE ANIMAIS COM SELO CONCEPT PLUS Iniciado oficialmente há três anos, o Projeto Concept Plus Beef possui o envolvimento de técnicos de campo, equipe comercial da Alta Brasil, Alta Global e Rehagro. Nesta segunda etapa, mais 19 touros entram para a seleta lista de touros Concept Plus. Aceno (Senepol); Arangá e Guarani (Brangus); Astor, Five’o, Galã, Luca, Mandate, Patriarch e Windy (Angus); Faldan, Graco, Lacre(Nelore); Quaraçá 10 Bacuri (Nelore Mocho); Lafite (Braford) e Labor Ghost (Charolês Mocho). Outros três touros integram o ranking, mas não estão com o sêmen disponível: Brutus MN (Nelore), Legume (Nelore Mocho) e Jakão (Braford). Apesar de ser reconhecida como empresa líder em fertilidade no mercado de sêmen, pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A Alta foi a primeira empresa de IA a desenvolver uma metodologia própria para avaliar touros exclusivamente em sua verdadeira capacidade de fertilidade, comprovando a fertilidade a campo com dados reais de concepção. Inspirada no sucesso do projeto nas raças Holandês e Jersey em todo o mundo, a Alta estendeu o Concept Plus no Brasil também para as raças de corte. “O Concept Plus é um projeto arrojado e extremamente importante para a pecuária nacional, pois busca respostas concretas sobre a variação 32

PECUÁRIA EM ALTA

de concepção de touros no campo que não é explicada pelas análises laboratoriais, acabando de vez com uma grande rede de especu-

“O Concept Plus é um projeto arrojado e extremamente importante para a pecuária nacional, pois busca respostas concretas sobre a variação de concepção de touros no campo que não é explicada pelas análises laboratoriais, acabando de vez com uma grande rede de especulações” lações cultivadas no mercado de Inseminação Artificial de Tempo Fixo (IATF)”, diz o diretor da Alta Brasil, Heverardo Rezende. O principal diferencial do Concept Plus como ferramenta é o fato de o programa isolar o efeito de fertilidade do touro ao excluir outras variáveis que interferem

nos resultados de IATF (como inseminador, escore de condição corporal etc). Um bom exemplo é o touro Mulato, identificado como um touro de baixo índice de fertilidade nos resultados de junho/15. “Esse touro era considerado um ótimo touro para IATF, mas não sabíamos que seus resultados eram camuflados pela raça da fêmea acasalada com ele, em sua maioria F1 Angus, naturalmente mais fértil que as outras matrizes comuns nos rebanhos brasileiros. Esse resultado mostra a seriedade do programa e a nossa capacidade de identificar o real efeito fértil do touro”, ressalta o gerente de Mercado da Alta, Tiago Carrara. Touros Concept Plus A indicação do touro se baseia nas taxas de concepções apresentadas no campo. Para esta estação, o projeto contou com informações de 81 técnicos colaboradores e 384 mil dados coletados, que foram analisados pelo critério de prenhez e maior número de bezerros nascidos. Apenas os touros com resultados significativamente acima da média de fertilidade, comparados com seus pares recebem o selo Concept Plus. Enquanto os piores touros são excluídos da bateria da Alta. Em média, os touros ConceptPlus são esperados para dar uma vantagem de 8% sobre a média dos demais reduzindo os riscos. “Uma boa notícia é a evolução


do projeto. Em nossa primeira divulgação, o aproveitamento de dados foi de 28,08%; já nesta segunda, chegou a 57,29%. A consistência dos resultados é um passo importante, que confirma que

estamos no caminho certo, já que a padronização é o grande desafio desse programa”, diz Tiago. Na primeira etapa do projeto os touro avaliados no projeto ConceptPlus foram: Amazing,

Avis, Baine, Dólar Negro, Touareg, Vesúvio e Wolf da raça Angus; Adonis, Berloque, Dirigível, Donato, Macuni e Rem USP da raça Nelore e Escalade, Spartacus da raça Brangus.

PECUÁRIA EM ALTA

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CORTE

MACUNI DO SALTO: O TOURO QUE REVOLUCIONOU A PECUÁRIA BRASILEIRA PRESENTE EM 26 ESTADOS BRASILEIROS E OUTROS CINCO PAÍSES, O TOURO COMERCIALIZA MAIS DE 400 MIL DOSES EM SUA VIDA PRODUTIVA E SE TORNA O MAIOR VENDEDOR DE SÊMEN DA ALTA Um ícone para a raça Nelore. Assim podemos definir Macuni do Salto, o touro responsável por imprimir importantes qualidades ao rebanho nacional quando os pecuaristas buscavam animais de frame mediano, carcaça vo-

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PECUÁRIA EM ALTA

lumosa, mais profundos, bem arqueados, com precocidade e excelente ganho de peso. Aos 13 anos de idade, Macuni acumula em seu currículo filhos em 670 cidades, de 26 estados brasileiros, em mais de dois mil reba-

nhos. No mercado externo, teve sêmen exportado para Angola, Argentina, Paraguai, Congo e Colômbia. “Macuni é um ícone em transmitir precocidade sexual e acabamento, com máxima eficiência de ganho de peso; tudo


que a pecuária moderna vem perseguindo durante anos. Líder dos mais importantes sumários da raça Nelore do Brasil durante

“O Macuni foi o touro certo na hora certa” anos, é destaque para ganho de peso, fertilidade e permanência de fêmeas no rebanho”, pondera o gerente de Produto Corte Zebu da Alta, Rafael Oliveira. No programa da Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP), Macuni tem 4.052 filhos avaliados em 144 rebanhos e 1.407 netos avaliados em 87 rebanhos. Já no sumário do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) tem 8.238 filhos avaliados em 482 rebanhos. “Costumo dizer que o Macuni foi o touro certo na hora certa. A pecuária buscava um animal como esse e, quando os produtos dele começaram a nascer, a acurácia foi muito forte, repassando realmente o que ele é”, confirma o gerente distrital da Alta, Darci D’Anúncio.

2004, que ele teve seu grande reconhecimento. Macuni destacou-se como o primeiro colocado da prova, demonstrando seu potencial em ser um exímio ganhador de peso. “Utilizo o Macuni desde que ele chegou à Alta e, até hoje, tenho muita confiança nele. Certo dia, um peão me disse que os filhos dele pareciam uma bola de carne, por isso eu o apelidei de ‘bolota de carne’. Ao longo dos anos, quem buscava precocidade e um animal mediano encontrou nele uma boa opção. A partir do momento em que as suas filhas entraram em reprodução, produziram bons bezerros e emprenharam novamente. Aí ele explodiu em venda de sêmen”, salienta o técnico de corte da Alta, Marcos Labury.

“Certo dia, um peão me disse que os filhos dele pareciam uma bola de carne, por isso eu o apelidei de ‘bolota de carne’”

Origem

Investimento certo

Foi no criatório de Ana Luiza C. Guimarães que nasceu Macuni do Salto. Filho de Nur MaHal (Legat) em matriz 1646, destacou-se desde bezerro, sendo o mais pesado e o de melhor conformação no intrarrebanho. Mas foi na prova de ganho de peso realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), de Goiânia (GO), em

Além da pecuária brasileira, Macuni revolucionou a bateria de Corte Zebu da Alta. Desde que chegou à central, em 2007, o touro acumula a liderança de seis anos consecutivos como o maior vendedor de sêmen da Alta e, nos outros três, esteve entre os cinco maiores. O diretor da Alta Brasil, Heverardo Rezende, explica que, além de incorporar Macuni à bateria da

Alta, desde o início a intenção era de investir no touro para que ele fosse propriedade da empresa.

“Ao longo dos anos, quem buscava precocidade e um animal mediano encontrou nele uma boa opção” “Naquela época, preconizava-se um Nelore diferente e nós vimos no Macuni esse animal. Por isso decidimos contratá-lo para a nossa bateria, mas ele se sobressaiu em relação aos demais, o que foi fundamental para a compra do touro. O animal que há nove anos ‘disse’ pra gente ‘olha, eu sou o futuro’ ainda hoje é o presente e continua sendo o futuro também”, comenta Heverardo. Em 2007, a Alta conseguiu adquirir 1/3 das cotas do touro, mas foi em 2009 que se tornou a sua única proprietária. Na época, ele foi valorizado em mais de R$1 milhão. Fertilidade garantida Em 2015, Macuni conquistou o selo Concept Plus, garantindo a fertilidade do seu sêmen. O selo integra um projeto da Alta Brasil e da Alta Global que busca respostas concretas sobre a variação de concepção de touros no campo que não é explicada pelas análises laboratoriais, acabando de vez com a rede de especulações cultivada no mercado de Inseminação Artificial de Tempo Fixo (IATF).

PECUÁRIA EM ALTA

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GIRO NO CAMPO

Animais que se destacam em diferentes realidades, distribuídos em vários sistemas de produção, assim é o Brasil. Viaje

pelo país, juntamente com os técnicos da Alta e seus clientes, por meio das fotos enviadas por eles. E você? Tem algum animal

de destaque no rebanho? Envie para o e-mail da revista “Pecuária em Alta”. Sua foto poderá ser o destaque da próxima edição.

Participe e envie sua foto para pecuariaemalta@altagenetics.com.br

Luísa Guedes Ragagnin, da Granja São Vicente, do município de Caçapava do Sul (RS), com um filho do touro Braford Vermelho 27

Felipe, da Sítio Miranda Lobato (PR), ao lado da bezerra Lindinha, filha do touro Jersey Alta Voltage

O gerente comercial de leite da regional Alta em Goiânia, Marlon Terêncio, esteve recentemente a fazenda Céu Azul, em Silvânia (GO), juntamente com a veterinária responsável da propriedade, Valéria Pinto, e os proprietários Maria Cristina e João Vander Ferreira 36

PECUÁRIA EM ALTA

A técnica de corte da Alta no Mato Grosso, Fernanda Borges, em visita à Fazenda Ouro Verde em Marcelândia (MT), juntamente com o proprietário, Agenor Andrade e o veterinário Leonardo


@anaflafm

@anapaulamartinivet

@ciclorural

@felslazer

@geneticaaditiva

@gv5estrelas

@robertoffh

@fonsecajorge6

@altageneticadevenezuela

PECUĂ RIA EM ALTA

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CAPA

PLANEJAMENTO GENÉTICO DEFINIR O FOCO DE SELEÇÃO GARANTE O PROGRESSO DO REBANHO A intensificação da pecuária é um processo real e irreversível. Tanto no leite quanto no corte há vários desafios a serem superados e as respostas para muitos deles podem estar na aplicação de tecnologias capazes de maximizar a produtividade com a melhor relação custo/benefício. Culturalmente, definir metas e traçar caminhos não são habilidades de grande parte dos brasileiros. O “modismo” faz com que produtores se desviem de seus objetivos e os resultados disso podem ser desastrosos. Provavelmente, você já escutou falar de pecuarista utilizando um touro específico porque o animal 38

PECUÁRIA EM ALTA

produz filhas ou até mesmo apenas uma campeã de pista. Há ainda aqueles que adquirem sêmen do pai da vaca campeã de torneio leiteiro apenas pelas premiações conquistadas. Com certeza, a genética dessas campeãs é superior e diferenciada, mas se enquadra no objetivo ou no plano genético do pecuarista em questão? Aliás, ele reconhece a importância do plano genético? Muitos não se dão conta, mas com o planejamento genético é possível identificar os animais do rebanho e afirmar, com certeza, qual a melhor genética para os avaliados. É uma forma de personalizar conforme o objetivo e a necessidade

de cada rebanho. “É muito importante o produtor ter em mente que genética não é uma simples matemática. Não é apenas identificar a deficiência de uma vaca e utilizar um touro bom para aquela característica ou o melhor de Índice Total de Performance (TPI) que fará com que as próximas bezerras sejam sempre melhores. Às vezes, o mais interessante nos Estados Unidos ou de uma maneira global não é o interessante para o negócio específico de determinado rebanho. Na Ciência do melhoramento genético, dois mais dois nem sempre são quatro. As variações acontecem e aí entra o pla-


no genético, tentando minimizar essas variações, que de maneira alguma favorecem a velocidade para conseguir alcançar os melhores resultados”, explica o gerente de Produtos Leite Importado da Alta, Fábio Fogaça. Para a implantação do plano genético em uma propriedade, é necessário que cada rebanho seja tratado como único, por isso a Alta possui consultores técnicos capacitados para fornecer atendimento específico conforme o cliente. No caso da genética para leite, os touros da bateria Alta são divididos em três grandes grupos: Produção, Saúde e Conformação. Cada grupo é composto por características que interferem diretamente no desempenho do animal dentro do sistema. Fábio explica que antes de definir quais touros serão utilizados, os consultores da Alta discutem e avaliam profundamente com o produtor o mercado atual e futuro, as fraquezas e fortalezas daquele rebanho; realizam a análise do atual posicionamento genético; a melhor combinação entre características de produção, saúde e conformação; bem como fazem o ranqueamento genético das fêmeas de cada rebanho, avaliando e propondo diferentes

estratégias de atuação para conseguir gerar o mais rapidamente os resultados aguardados. “Apenas depois disso serão feitos a avaliação e o ranqueamento dos melhores touros para alcançarem o resultado aguardado daquele rebanho específico. O acasalamento é uma das últimas fases do processo e apenas buscará a melhor combinação touro/vaca com a intenção de otimizar o investimento feito nos touros que foram selecionados pelos processos citados anteriormente. Aí, vamos analisar os resultados estimados para as futuras progênies, bem como confirmar se estão de acordo com o que aquele cliente traçou como objetivo para o negócio dele. Tudo isso é devidamente embasado em informações obtidas, com índices, números e gráficos”, ressalta. O levantamento dos números é realizado por meio do Alta GPS, o mais completo software de melhoramento genético do mercado, criado pela Alta e que permite a geração de variados relatórios que auxiliam os produtores e técnicos dos rebanhos a tomar decisões. A perspectiva é de melhorar os índices zootécnicos dos rebanhos acasalados e, consequentemente, trazer mais

rentabilidade aos produtores. Significa que uma vez traçado o perfil genético daquele rebanho e com todos os relatórios, índices e números em mãos, fica mais fácil para que os consultores técnicos indiquem os touros que podem ser considerados os ideais para aquele rebanho e a necessidade específica. “O acasalamento é apenas o fim do processo. Vai apenas fazer a combinação entre o touro já selecionado e a vaca. Todas as informações específicas de cada animal já foram coletadas e inseridas no GPS, ficando muito mais simples personalizar e definir qual a melhor genética para o foco do cliente”, pondera. Mesmo com as diferentes culturas, mercados e necessidades, a proposta de personalizar o plano genético é de que, juntos, consultores e produtores encontrem a estrada mais curta para o sucesso. Fabio lembra que melhoramento genético é uma Ciência, de certa forma, complexa. “Não é Matemática básica, bem como não pode ser tratada de uma forma tão simplista como percebemos hoje em dia. É por essas e outras razões que a Alta e a equipe de consultores técnicos não está interessada em apenas repassar algumas opiniões particu-

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CAPA

lares ou pessoais de quais seriam os melhores touros. Realizamos análises e processos detalhados para uma indicação personalizada para cada rebanho”. Bom exemplo Localizada na cidade de Araras (SP), a Fazenda Colorado é atualmente a maior produtora de leite “A” do país, produzindo 68 mil litros de leite diários. Há sete anos, perceberam que precisavam traçar um norte porque os ganhos com o rebanho estavam cada vez mais difíceis. Decidiram procurar ajuda técnica. “Percebemos que não tínhamos foco. Sempre estávamos mudando o perfil e, no fim do ano, não conseguíamos comparar nada, muito menos mensurar o crescimento, porque os índices estavam sempre diferentes. Com a implantação do plano genético, nos foi apresentado o real peso que cada característica tem no nosso projeto. Hoje, conseguimos traçar uma linha de evolução

e comparar o que melhoramos e o que ainda temos para melhorar”, explica o gerente de Pecuária do Grupo Colorado, Sérgio Soriano. O gerente de Produtos Leite Importado da Alta pondera que, desde a primeira conversa com o grupo Colorado, em 2009, foi questionado onde pretendiam chegar para que o negócio da fazenda fosse lucrativo. “Dependendo da resposta, poderíamos falar de um ou de outro padrão de genética ou touro”, salienta Fábio, responsável pela elaboração e pelo alinhamento do plano. Juntos, conseguiram enxergar novas perspectivas. Definiram que o plano genético contemplaria 26% para Produção, 40% para Saúde e 34% para Conformação. Após quatro anos, avaliaram resultados e tendências e ficou estabelecido que pequenos ajustes seriam feitos. Os percentuais foram alterados para 20% em Produção, 46% em Saúde e 34% em Conformação. “O que mais

mudou na Colorado em sete anos foi o peso que damos para certas características e, principalmente, manter esse peso por mais tempo. Percebemos que não existe a necessidade de mudar todos os anos. Isso fez muita diferença nos valores genéticos de todo o nosso rebanho”, menciona Sérgio. O gerente Fábio afirma que há alguns conceitos básicos do melhoramento genético que só podem ser conquistados com maior prazo. “Os resultados devem ser avaliados em toda a população, e não apenas em alguns indivíduos do rebanho”, completa. Por meio das informações de genealogia e do perfil genético personalizado da Colorado, o programa AltaGPS calcula índices genéticos para cada uma das fêmeas. O gráfico mostra o progresso genético obtido por todo o rebanho da Fazenda Colorado, comprovando a eficácia do plano genético, a partir da média dos índices dos animais nascidos em um mesmo ano:

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0 2006 2007 13

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2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 110

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505

550

728

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As barras dos índices de animais nascidos antes de 2009 não aparecem por estes serem negativos. Posteriormente é observada ano a ano uma evolução equilibrada e constante nos índices genéticos gerados de acordo com o objetivo determinado. Fatores que influenciam o progresso genético Não existe como obter ganho genético de um rebanho fugindo da Ciência. Por isso, uma equação básica preconiza os rumos de um plano genético. PROGRESSO GENÉTICO (ΔG) = Acurácia x Herdabilidade (h2) x Intensidade de Seleção Intervalo entre Gerações O progresso genético é mais rápido em uma população quando se aumenta a acurácia, herdabilidade e a intensidade (ou pressão) de seleção e se diminui

o intervalo entre gerações. O valor da acurácia é obtido com a precisão das informações coletadas no rebanho, que vai desde a identificação e genealogia dos animais, passando por

“Na Ciência do melhoramento genético, dois mais dois nem sempre são quatro. As variações acontecem e é aí que entra o plano genético, tentando minimizar essas variações, que de maneira alguma favorecem a velocidade para ele conseguir alcançar os melhores resultados”

índices reprodutivos e produtivos até o processamento correto de todos os dados. “De nada adianta ter o melhor programa para compilar os dados se eles são repassados de forma errada. A coleta precisa é fundamental para que a análise, os procedimentos, as propostas e os resultados não sejam prejudicados”, pondera Fábio. Nesta equação do progresso genético, a herdabilidade é o fator que menos podemos controlar por de tratar da proporção que interfere no desempenho do animal (fenótipo) e que está relacionado à genética. Outro fator que interfere no desempenho é a proporção relacionada com aspectos ligados ao ambiente de forma geral, como, por exemplo, tudo que está ligado ao manejo, à alimentação, região geográfica, ao clima etc. A equação abaixo define claramente: F (Fenótipo) = G (Genética) + A (Ambiente) Em busca de aprimorar ainda PECUÁRIA EM ALTA

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CAPA

Sérgio Soriano, gerente de pecuária Fazenda Colorado com Fábio Fogaça, gerente de Leite Importado da Alta Brasil

mais o manejo, em 2011, para proporcionar conforto térmico às fêmeas, a Colorado investiu na instalação do Cross Ventilation (ventilação cruzada). Em uma área com mais de 2.000 metros quadrados alojam-se, atualmente, 1.700 vacas. A perspectiva é proporcionar um ambiente próximo ao ideal para otimizar a reprodução, a produção de leite, a conversão alimentar etc. Em 2012, anexada ao Cross Ventilation foi instalada uma nova ordenha, em formato de carrossel e com a capacidade para ordenhar 72 animais simultaneamente. “Nós investimos muito em conforto, manejo e genética, mas o mais importante é a rotina do animal. A intensão é de que esse animal que produz leite sofra o mínimo de interferência durante o processo, por isso é tão importante que os animais tenham rotina e mais importante ainda que esta seja seguida”, diz Sérgio. Outro item da equação do fenótipo é a intensidade de seleção, que se resume na menor 42

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proporção possível da população selecionada para se tornar pais (machos e fêmeas) das próximas gerações. Os especialistas salientam que uma das grandes dificuldades dos pecuaristas brasileiros é a falta de planejamento e que o ganho genético leva tempo para ser percebido, mas, no caso da Colorado, que tem hoje uma pressão forte de seleção, as bezerras com idade entre 10 e 11 meses já passam pelas técnicas de Fecundação in Vitro (FIV) e Transferência de Embrião (TE), para que sempre garantam estar multiplicando as melhores do rebanho. Com aproximadamente 12/13 meses são inseminadas

para ter seu primeiro parto aos 21/22 meses. “Em vários casos, antes de buscar um plano genético, quando a bezerra nasce, o produtor já tenta ‘prever’ toda a sua vida produtiva. Caso imagine que aquele animal possa não atender às suas expectativas, mesmo sem comprovar, perde o foco e muda o plano genético por conta própria, comprometendo todo o futuro de rebanho”, afirma Fábio. As informações coletadas em toda a vida do animal apontam quais merecem permanecer no rebanho, os excelentes a serem multiplicados e os que devem ser descartados. A ênfase é abandonar o “achismo”, o “olho do dono”, para buscar e manter adequadamente informações e históricos de desempenho zootécnico, comparar adequadamente os animais e eleger os verdadeiramente superiores. Intervalo entre gerações Por fim, o último fator determinante para o progresso genético do rebanho é o intervalo entre gerações, medido pela idade média dos pais quando uma filha nasce. Um dos preceitos básicos do melhoramento genético é que


novas gerações devem ser sempre superiores às anteriores. Por isso, novas tecnologias são apresentadas constantemente para a multiplicação e identificação de animais geneticamente superiores. A genômica representa fielmente essa afirmação. “Quanto mais velho é o touro e/ou a vaca em relação ao produto nascido, maior o intervalo entre gerações e, possivelmente, menor será o potencial genético da cria. Quando diminuímos a idade dos pais, potencializamos os méritos genéticos, por serem mais novos e, com isso, o progresso genético do rebanho aumenta”, ressalta Fábio. Isso não quer dizer que a genética de touros mais velhos é ruim, mas sim que a genética dos touros mais novos pode trazer uma evolução “mais forte e rápida”. Faz-se importante lembrar que o progresso genético deve ser medido por meio de toda a população, e não em um ou al-

guns poucos indivíduos. Fábio faz uma analogia com os investimentos do mercado financeiro,

“Com a implantação do plano genético, nos foi apresentado o real peso que cada característica tem no nosso projeto. Hoje, conseguimos traçar uma linha de evolução e comparar o que melhoramos e o que ainda temos para melhorar” relacionando os dois perfis de produtores interessados em genética. Segundo ele, há aqueles

que se parecem com os investidores de perfil mais agressivo, que aceitam assumir maior risco e investem na bolsa, por exemplo, tentando ganhar o máximo possível em um menor período de tempo. Fábio observa que há aqueles que se assemelham ao perfil do investidor conservador que prefere investir na poupança, pois não aceita risco, mesmo sabendo que terá um ganho menor. “Os que arriscam seriam aqueles que buscam aprimorar a genética do rebanho, fazendo uso dos mais jovens touros e fêmeas do rebanho, fortemente ligados à tecnologia genômica. Os conservadores seriam os produtores que ainda preferem usar apenas touros já provados com filhas em produção e que, para buscar evolução genética, usam esses touros com as vacas de mais idade e que já se provaram pelo seu próprio desempenho”, finaliza o gerente de Produtos Leite Importado da Alta. PECUÁRIA EM ALTA

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EVENTOS

AGROLEITE 2015

Touros destaques da Agroleite

UM UNIVERSO DE CONHECIMENTO Uma das mais importantes exposições da cadeira produtiva do leite, a Agroleite 2015, reuniu de 20 a 24 de outubro de 2015, as principais raças no Parque de Exposições Dario Macedo, em Castro (PR). Na programação constaram palestras, fóruns, seminário internacional e painéis, em que se discutiram genética, alimentação, qualidade animal, qualidade do leite e tecnologias voltadas ao setor. “Como produtores, não podemos pensar somente na crise, é preciso buscar oportunidades. O evento tem a missão de gerar conhecimento e negócios. Precisamos nos atualizar tecnologicamente”, ressalta o diretor-presidente da Castrolanda, Frans Borg. Durante os cinco dias de eventos passaram pelo parque 49 mil pessoas, que visitaram 180 expositores entre empresas de genética, nutrição, laboratórios, ferramentas, agentes financeiros, máquinas e implementos agrícolas. A feira reuniu 680 animais na pista de julgamento, no torneio leiteiro e, também, no leilão Top Agroleite. “Os atrativos da feira foram extremamente notórios em função da seriedade com que se tratam os assuntos relacionados à área”, diz o técnico de Leite da Alta, Angelo Roberti Neto. Para o gerente distrital da Alta, Marcos Longas, a Agroleite tornou-se a principal exposição da atualidade e referência em gado de leite no Brasil. “A Alta se fez presente e esteve bem representada, tanto na pista como comercialmente. Juntamente com as equipes das regionais Carambeí, Castro e com técnicos da matriz, pudemos prestar um atendimento diferenciado, que foi revertido em vendas, superando o ano anterior em 15%”, afirma Marcos Longas. Destaque para os touros da bateria Alta, AltaAPPLEJACK, AltaMINISTER, AltaJAYZ, AltaDETROIT e AltaAVALON, que apresentaram excelentes filhas premiadas no evento. 44

PECUÁRIA EM ALTA

AltaAPPLEJACK

AltaMINISTER

AltaJAYZ

AltaDETROIT


Troféu Agroleite ALTA ELEITA A MELHOR CENTRAL DE GENÉTICA PELA SÉTIMA VEZ Durante a feira, houve a entrega do Troféu Agroleite. O objetivo é homenagear aqueles que se destacam no segmento leite para valorizar a contribuição de cada um nas etapas de produção, desde aquelas desenvolvidas da porteira para dentro até aquelas voltadas ao consumidor final. A Alta conquistou pela sétima vez o título na categoria Genética, consagrando-se como a empresa mais importante do setor. “Nós nos orgulhamos muito de mais essa conquista, que só foi possível porque as pessoas votaram, o que nos enche mais ainda de orgulho. É a prova de que realmente estamos trilhando o caminho certo”, comenta Marcos Longas. Ao todo, 18 categorias foram premiadas em diferentes áreas da cadeia produtiva do leite. Além de Genética, houve reco-

nhecimento nas áreas de Nutrição, Medicamentos, Forragens, Sementes, Equipamentos de Ordenha e Refrigeração, Equipamentos para Ensilagem, Equipamentos para Fenação, Tratores

Agrícolas, Prestador de Serviços Agrícolas, Técnico do Ano, Agente Financeiro, Associação de Produtor, Produtor de Leite do Ano, Laticínio, Embalagens, Mídia Impressa e Mídia Digital.

Sandro Westphal, regional Alta em Carambeí (PR); Marcos Longas, gerente distrital; Guilherme Marquez, gerente de produto Leite Nacional; e Ana Flávia Mariano, analista de Comunicação; recebendo o troféu Agroleite durante a cerimônia

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EVENTOS

CONGRESSO INTERNACIONAL DE GIROLANDO FAZ SUCESSO EM BH A capital mineira, Belo Horizonte, recebeu mais de 500 pessoas de 12 diferentes países para prestigiar a raça Girolando. O 1º Congresso Internacional da Raça Girolando/2º Congresso Brasileiro da Raça Girolando contou com palestras de especialistas do Brasil, Bélgica, Venezuela, Guatemala e Bolívia para apresentar as novidades tecnológicas da pecuária leiteira entre os dias 19 a 21 novembro. Após a abertura oficial, o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – Gado de Leite, Paulo do Carmo Martins, ministrou palestra sobre o cenário da pecuária de leite no Brasil e no mundo. Segundo ele, nos últimos anos, o setor leiteiro está em franco crescimento. De 2007 a 2014, o número de vacas ordenhadas subiu 9%. O aumento 46

PECUÁRIA EM ALTA

da produção coloca o Brasil entre os principais produtores de leite do mundo, sendo o segmento que mais emprega e o único presente em todos os municípios do Brasil. Mercado de Leite Tropical, Reprodução na raça Girolando, Ambiência, Sanidade, Genômica, Gerenciamento de Pessoas, Gerenciamento de Custos e Programa de Melhoramento Genético foram temas de debates e painéis. O evento contou, também, com visitas técnicas às fazendas selecionadoras Girolando: SS Riacho e Shangrilá. A Alta se fez presente por meio de sua bateria de touros superiores. De acordo com os dados oficiais da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando (ABCG), os touros Alta são os mais usados para os cruzamentos. “Temos para 1/2 sangue o

touro Wildman, Windstar, Nobre TE da Cal, Bem Feitor e Modelo de Brasília; para 1/4, o touro Nobre ganha destaque; para 3/4, Wildman e Windstar encabeçam os registros. Já para o 3/8, o touro Nobre TE Cal reina soberano, e no 5/8, Wildman e Windstar também são líderes. Outros touros muito usados são Curimatã, Fausto, Vilão Billy Fancy Paul”, explica o gerente de Leite Nacional da Alta, Guilherme Marquez. Segundo Guilherme, participar desse congresso é uma consequência de todo o trabalho que a Alta fez e faz para a raça. “Somos a empresa que mais comercializa sêmen no Brasil e, na raça Girolando, possuímos a melhor e maior bateria de touros do mercado. Ficamos muito felizes com nossa participação e, também, de ver a força da associação”.


Touros destaques

Nobre TE da Cal Tiago Ferreira, gerente técnico de leite; Roberto Dias, veterinário da Fazenda dos Ipês; Glauco Freire, gerente distrital; Ricardo Bertola, técnico de leite e Guilherme Marquez, gerente de produto Leite Nacional

Acordo técnico Acordos para transferência de tecnologia na área de Melhoramento Genético e de Registro Genealógico da raça bovina brasileira Girolando foram assinados com vários países da América Latina. A ABCG assinou Termo de Cooperação Técnico-Científica com as associações de criadores da República Dominicana, Equador, Honduras, Colômbia, Venezuela, El Salvador e Costa Rica. A expectativa é de que o convênio possibilite a melhoria da qualidade genética do rebanho desses países, refletindo no crescimento da produção de leite. A medida representa a ampliação do mercado externo para a raça, que foi desenvolvida por criadores brasileiros por meio de cruzamento entre as raças Gir e Holandesa, a partir da década de 1940. Reconhecido oficialmente como raça pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desde 1996, a Girolando é responsável por 80% da produção nacional de leite. Outro acordo assinado durante o Congresso Internacional foi com o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado (Seapa), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). As propriedades assistidas pelo programa Minas Pecuária e as fazendas experimentais da Epamig passarão a receber gratuitamente doses de sêmen de touros participantes do teste de progênie da raça.

Modelo de Brasília

Charmoso Wildman 3/4

Fausto Polo Itaúna 5/8 PECUÁRIA EM ALTA

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RAÇAS

GIR LEITEIRO

A FUNCIONALIDADE DE UMA RAÇA ADAPTADA AO BRASIL por GUILHERME MARQUEZ, GERENTE DE PRODUTO LEITE NACIONAL DA ALTA

Um novo mundo. Esse foi provavelmente o pensamento dos descobridores de nosso país em sua chegada ao território nacional. Uma terra de muito verde, de águas cristalinas, de temperatura quente e úmida. No processo de conquista, os nossos descobridores precisaram trazer alguns animais para se multiplicarem, garantindo assim a sua proliferação e, o mais importante, a alimentação dos humanos. Então, os primeiros bovinos colocaram os seus cascos em solo brasileiro. Com o tempo, o consumo de proteína animal aumentou e surgiu a demanda por animais mais produtivos e econômicos. Assim, um grupo de empreendedores rurais trouxe da Índia, 48

PECUÁRIA EM ALTA

especificamente da Península de Kathiawar, os primeiros exemplares da raça Gir, que, provavelmente, devem ter sido introduzidos no Brasil por volta de 1906, em uma das importações efetuadas por Teófilo Godoy. No entanto, o senhor Wirmondes Machado Borges, criador no Triângulo Mineiro, afirmou ter sido ele o introdutor da raça em nosso país, em 1919. Mais quatro importações da Índia, ocorridas em 1930, 1955, 1960 e 1962, foram extremamente importantes para a formação do Gir brasileiro. Uma raça nova, mais adaptável ao clima do Brasil, resistente, de cascos mais fortes e comendo os pastos nativos conseguia pro-

duzir leite, engordar mais rápido e se reproduzir com mais facilidade. O Gir conquistou o Brasil e seus pecuaristas. Alguém deveria organizar isso e a Herd Book, associação nacional de criadores, deu o pontapé inicial nos registros. Posteriormente, foi criada a Sociedade Rural do Triângulo Mineiro e, finalmente, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). O Gir brasileiro é o resultado da seleção efetuada por entidades governamentais (Umbuzeiro/PB e Uberaba/MG, na Fazenda Getúlio Vargas) e por criadores particulares nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que, por acreditarem, potencializaram ainda mais aquela aptidão, que já era natural da raça desde a sua origem: a produção de leite. Formou-se um biotipo especializado, com produções aferidas, que permitem distinguir os animais pelo desempenho de cada um e através do conhecimento do nível de produção de sua linhagem, desde bisavós, avós, mãe, pai, irmãos e filhas. Características da raça O Gir se destaca por sua rusticidade, longevidade produtiva e reprodutiva, docilidade, seu


Touros destaques

Tabu TE da Cal Radar dos Poções x Juliana Cal

mamente rústico, de excepcional conversão alimentar e de alta produção leiteira. Melhoramento genético: O Programa Nacional de Melhoramento Genético do Gir Leiteiro (PNMGL), criado em 1985, é fruto de um trabalho executado pela Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL) em conjunto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Gado de Leite. Por meio dele é possível identificar touros geneticamente superiores para as características de produção, como leite, gordura, proteína e sólidos totais, além de características de conformação e manejo, bem como da avaliação genética dos animais de todos os rebanhos participantes. Controle leiteiro: Realizado pelo Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), permite identificar no rebanho as matrizes que se destacam na produção leiteira durante a lactação, o que gera dados fundamentais para a formulação do sumário de touros da raça, elaborado pela ABCZ em conjunto com a Universidade Estadual de São Paulo (Unesp - Jaboticabal/SP). Bateria provada

Escalado FIV Cal Tabu TE da Cal x Sinta BF TE da Cal

baixo custo de mantença, sua facilidade de parto, produção de leite a pasto (excelente conversão alimentar) e versatilidade nos cruzamentos. Reduz os custos nos aspectos de alimentação, medicamentos, assistência veterinária e mão de obra exigida para a condução e os cuidados com os animais do rebanho. Além de se destacarem por sua nobreza e beleza racial, através das diferentes pelagens que constituem seu padrão zootécnico. Cruzamentos: Quando cruzado com o Holandês, o Gir Leiteiro produz o Girolando, um animal extre-

A Alta, desde a sua chegada ao Brasil, trabalha incansavelmente para disponibilizar os melhores touros provados dos sumários da raça, tanto o do Teste de Progênie pela Embrapa/ABCGIL quanto para o Sumário da ABCZ/Unesp. Nos últimos 30 anos de melhoramento genético, os líderes selecionados dos grupos foram: Modelo de Brasília, Nobre Te Cal, Vaidoso da Silvania, Parintins TE B. Cal, Casper TE Kubera, Eliel TE Kubera, Facho TE Kubera e Tabu Cal. Hoje, mais de 42 touros provados estão na Alta, sendo a maior e melhor bateria de touros provados disponíveis do mercado. Quando falamos em touros jovens, é novamente a central que mais investe e que, com certeza, colherá ótimos frutos no futuro. Os jovens touros Escalado FIV Cal e Kamaram FIV Mutum se destacam entre outros bastante promissores para a raça.

PECUÁRIA EM ALTA

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PROGRAMAS E SERVIÇOS

SENEPOL PROVA DE GANHO DE PESO IDENTIFICA ANIMAIS SUPERIORES Desde que chegou ao Brasil, no início dos anos 2000, a raça Senepol quebra paradigmas e surpreende com os resultados, apresentando potencial como excelente opção para o pecuarista brasileiro. Identificar animais melhoradores e multiplicar a genética estão entre os maiores desafios dos criadores e, também, da Alta. Afinal, o Senepol está há pouco

tempo por aqui e ainda não há um amplo banco de dados formado. A coleta de dados e a geração de índices se tornaram fundamentais. Uma escolha errada pode implicar danos para a pecuária. A Alta, a Fazenda Tufubarina e a equipe técnica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) realizam há quatro anos o teste de performance de animais jo-

vens, em busca de mais precisão nas informações. “A prova de 2015 encerra-se com mais de 30 participantes, que acreditam na raça e no trabalho que estamos desenvolvendo. Esses criadores têm foco, sabem aonde querem chegar”, afirma o proprietário da Tufubarina, Gustavo Rezende. Este ano, a prova teve início em maio e se encerrou em no-

TUF 437 Barbaridade

Bialo

Destaques da bateria Alta

Mehum 50

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O Senepol é uma raça de pelo muito limpo, não dá carrapato nem berne. É um gado extremamente dócil, muito bom de trabalhar JUAREZ DONIZETE DA FAZENDA TUFUBARINA, RESPONSÁVEL POR ACOMPANHAR OS ANIMAIS QUE PARTICIPAM DA PROVA

vembro. Durante 168 dias, os animais vindos dos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Tocantins, Paraná e Mato Grosso do Sul foram submetidos às mesmas condições. Em quatro anos, mais de 600 animais entre machos e fêmeas já foram avaliados e divididos em quatro categorias: Elite, Superiores, Regulares e Inferiores. “A prova é muito completa. Avalia características que envolvem peso, ganho de peso, perímetro escrotal, caraterísticas de carcaça, como a área de olho de lombo, marmoreio, acabamento, além do biotipo animal. Essas características nos permitem avaliar com segurança quais os indivíduos ou os genótipos superiores”, explica a professora da UFU e responsável técnica da prova, Carina Ubirajara. Na avaliação reprodutiva dos animais, nos machos é feito o andrológico e nas fêmeas, este ano, além de mensurar a população folicular, a prova se preocupou ainda mais em identificar as mais precoces sexualmente. “A gente acredita que muito em breve a raça vai precisar não só de fêmeas que convertam folículo em embrião, embrião em prenhez e prenhez em bezerro.

Com essa avaliação, a gente busca predizer, na avaliação de tipo, quais são as novilhas que poderão ter potencial para boas mães”, esclarece o médico veterinário Rodrigo Cunha. Na última pesagem encerrando a prova, os animais estavam com a média de 13 meses e fo-

ram submetidos à avaliação de carcaça através da ultrassonografia. “Nós avaliamos a espessura de gordura subcutânea, que nos permite analisar a precocidade de acabamento dos animais. Avaliamos, também, a área de olho de lombo, o tamanho do contrafilé e o marmoreio, que tem relação direta com a suculência e a qualidade da carne”, explica o técnico da Aval, Yuri Farjalla. Ao final da prova, a média geral de circunferência escrotal foi de 34 centímetros e o ganho médio diário de peso, de 1,122 quilos. Além disso, a variabilidade genética dos animais superou os outros anos; foram mais de 20 pais diferentes, tanto nas fêmeas quanto nos machos.

Alta Beef Program A prova de ganho de peso do Senepol integra o Alta Beef Program, um programa desenvolvido pela Alta Global, que identifica touros com alto mérito genético para as mais diversas características mensuradas nos programas de melhoramento genético das raças taurinas de corte. Além de criterioso processo de seleção dos animais pelos méritos genéticos, os responsáveis pelo programa em cada país (Brasil, Argentina, Canadá, EUA e Austrália) analisam os quesitos visuais e a ascendên-

cia genealógica de cada animal, procurando trabalhar com todas as variáveis que compõem o valor genético de um touro. “A importância desse programa está principalmente em apoiar grandes projetos. A PGP faz parte de algumas ações específicas desenvolvidas aqui no Brasil. Além dela, trabalhamos com outros e rebanhos parceiros, fazendo com que os touros jovens selecionados sejam utilizados e provados pelo desempenho de sua progênie”, reforça Miguel Abdalla.

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PROGRAMAS E SERVIÇOS

Novos contratados

JUMBO DA MATA

1° Colocado da prova Peso: 483 kg | Perímetro escrotal: 38,5 cm Ganho médio diário: 1,788 kg

PATROLA DA TUFUBARINA

3° Colocado da prova Peso: 486 kg | Perímetro escrotal: 37,5 cm Ganho médio diário: 1,044 kg

BLOK DA 3G

4° Colocado da prova Peso: 465 kg | Perímetro escrotal: 36,5 cm Ganho médio diário: 0,991 kg 52

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Animais elite A escolha de um touro para incorporar a sua bateria é um dos trabalhos mais importantes realizados hoje pela Alta. Um dos principais pontos para selecionar um touro é buscar parceiros sérios, que realizam trabalhos criteriosos de seleção. Através dos números obtidos pelas Provas de Ganho de Peso (PGPs), nomes fortes da raça passaram a incorporar a bateria da Alta, como El Bandoleiro, Campeão da primeira prova e que, inclusive, já tem filhos sendo avaliados. O touro Barbaridade, que já foi Primeiro Colocado na prova, além dos touros HPC 74 Soledade, Funcionário da Tufubarina e Bialo.

“Fazemos todo um estudo de mercado para definirmos o que precisamos e só depois analisamos as avaliações e selecionamos quais serão os novos integrantes da bateria” “Fazemos todo um estudo de mercado para definirmos o que precisamos e só depois analisamos as avaliações e selecionamos quais serão os novos integrantes da bateria. Não necessariamente os primeiros colocados integrarão a bateria”, explica o gerente de Produto Corte Taurino da Alta, Miguel Abdalla. Seguindo esse conceito, ao final da prova de 2015, outros três importantes touros foram incorporados à bateria Alta: Mata 36, Tuf 600 e 3G 529. “A qualidade dos animais na prova se supera a cada ano. Ano passado, incorporamos três touros na nossa bateria que estão despontando, não só aqui no Brasil, mas também exportando sêmen para países como Paraguai, Colômbia, Venezuela e Bolívia. A qualidade desses animais atende não só o nosso mercado, mas também outros criadores tão exigentes como os nossos”, complementa Miguel.


TUFUBARINA TEM A MAIOR MÉDIA DE MACHOS DO SENEPOL Juntos pelo melhoramento genético da raça Senepol, o Senepol Tufubarina, a Alta Genetics e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) promoveram o 4º Leilão Alta Performance Tufubarina, em 28 de novembro, no espaço de eventos Villa Bella Eventos, em Uberlândia (MG). Fechando o calendário de leilões presenciais da raça Senepol, estiveram presentes empresários, convidados, amigos, familiares, mas, principalmente, criadores. Pelo quarto ano consecutivo, o leilão teve a maior média para touros da raça Senepol: R$21 mil, ultrapassando o atual valor, que também era do leilão em edição anterior. Para as fêmeas, a média ficou em R$43 mil, também superiores à média da raça.

Os destaques para os machos ficaram para os três contratados pela Alta Genetics. O touro Patrola da Tufubarina, filho de Ixé Soledade (touro Nacional) em vaca Stephanus Tufubarina (touro Nacional), pertencente ao promotor do leilão, Gustavo Rezende Vieira, da Senepol Tufubarina, foi arrematado em 50% das suas cotas por Marcus Farhat, da Senepol Belvale, pelo valor de R$72 mil, ficando o animal valorizado em R$144 mil. Vinicius Jacomini, titular do Senepol da Mata, também comercializou 50% das cotas do touro Jumbo da Mata por exatamente R$93.600,00. Foi o lote mais disputado do leilão. Quem o levou para casa foi Joaquim dos Santos Pereira. Ele levou, também, outro touro contratado

da Alta Genetics, o Blok da 3G, de propriedade do Senepol 3G, em 50% de suas cotas, pelo valor de R$72 mil. Mostrando toda a força do mercado comprador por genética avaliada e provada, o leilão teve 100% de liquidez e faturamento total superior a R$1,5 milhão.

Gustavo Rezende (Senepol Tufubarina), Carina Ubirajara (UFU), Yuri Farjala (Aval) e Miguel Abdalla (Alta Genetics)

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CASOS DE SUCESSO

GENÉTICA DE SUCESSO Nesta edição, vamos apresentar dois importantes casos de sucesso. A Fazenda Marjé, produtora de leite no município

de Castro (PR), e a Fazenda Alvorada, produtora de carne pelo cruzamento industrial, localizada em Unaí (MG). Apesar de atua-

rem em segmentos diferentes da pecuária, as duas propriedades rurais se assemelham em dois aspectos: gestão e foco genético.

FAZENDA ALVORADA INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA E UTILIZAÇÃO DA IATF AUMENTAM O RENDIMENTO DOS ANIMAIS E A RECEITA DA PROPRIEDADE

Eloísa de Jesus, veterinária da equipe regional Alta Brasília; Marcos Miguel, proprietário da fazenda; Cláudio Bueno, gerente geral; Carlos Alberto Souza, veterinário da equipe regional Alta Brasília e Sebastião Francisco de Andrade, encarregado da fazenda

Localizada às margens da rodovia 251, a 60 quilômetros de Unaí (MG), a Fazenda Alvorada, de propriedade dos irmãos e empresários Marcos Miguel e José Antônio Reis Tavares, possui gestão inovadora e arrojada, calcada no planejamento. A equipe é capacitada e está em constante treinamento em suas respectivas áreas, o que reflete nos resultados da propriedade. O rebanho é composto por 590 matrizes, sendo 165 nulíparas, 120 primíparas e 305 multíparas. Ao todo são 500 hectares de Brachiaria brizantha, Brachia54

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ria humidicola e Andropogon para um confinamento com capacidade para 520 cabeças. Há dois pivôs, um de 100 e outro de 50 hectares, utilizados para garantir as plantações de soja e milho, no verão, e de feijão, no inverno. A Inseminação Artificial de Tempo Fixo (IATF) chegou à fazenda em 2010, com sêmen da raça Brangus. A partir de 2011, com o apoio do médico veterinário Carlos Alberto Pereira de Souza e da representante da Alta Genetics na região, Eloisa de Jesus Borges, a propriedade intensificou a técnica. Os funcionários passaram por

treinamento de Gerentes e Capatazes na sede da Alta em Uberaba (MG). “Melhorou bastante a rotina e o manejo dos animais na fazenda. Adotamos técnicas de manejo racional”, afirmou o gerente da Alvorada, Cláudio Bueno. Em novembro e dezembro de 2011, foram inseminadas 289 matrizes, sendo 69 novilhas, com sêmen do touro Aberdeen Angus, Rim Rock. Touros da raça Nelore também foram integrados à vacada para repasse. O índice de prenhez ao final da estação de monta surpreendeu, atingindo 86,9%, com 42% de bezerros nascidos da IATF, ou seja, por cruzamento industrial. A propriedade já utilizava o creep feeding para os bezerros, porém, a partir dos resultados positivos, a alimentação foi intensificada e o número de cochos aumentou. Ao final da desmama, observou-se o índice de 86,3% de bezerros desmamados. Fruto do cruzamento pesavam em média 8,2 arrobas e Nelore, seis arrobas. Optou-se também por confinar as fêmeas de cruzamento, logo após a desmama, no mês de maio. O restante dos bezerros desmamados também foi mantido no


concentrado (1,2% do peso vivo). Ganharam, em média, 1,70kg por dia. O abate foi realizado aos 13/14 meses de idade, com o macho pesando 18,92 arrobas.

Touro destaque

Projetos da Alvorada

Wolf SAV Final Answer 0035 x Cia Azul 0719 Zorzal

cocho durante o período seco, porém, recebendo apenas dez quilos de silagem de milho e um quilo de concentrado fabricado na própria fazenda. Já no período das chuvas, foram mantidos em piquetes rotacionados de braquiarão. Resultados As fêmeas de cruzamento confinadas, nascidas em agosto, setembro e outubro de 2012, foram abatidas em novembro de 2013 (em torno de 13/14 meses), pesando 14,2 arrobas. Já os machos foram abatidos em setembro de 2014 (aos 24 meses), pesando 23 arrobas em média, após ser confinados por um período de 90 dias. Nos anos de 2012, 13 e 14, a Alvorada intensificou-se ainda mais a IATF. Começou a estação no mês de outubro, com o intuito de reduzir o número de bezerros nascidos nos meses de janeiro e fevereiro, visto que esses bezerros eram os piores na desmama. Com sêmen da raça Aberdeen Angus,

dos touros como Mille Mark e Wolf, os resultados melhoraram a cada ano. Em 2012, 47% dos bezerros eram nascidos de IATF; em 2013, 50%, e em 2014, 52,5%. A taxa de prenhez ao final da estação atingiu 92,9%. A cada ano, os bezerros de cruzamento foram sendo desmamados mais pesados – em 2014 chegaram à média de 8,5 arrobas e em 2015, a nove arrobas – e abatidos cada vez mais cedo. As fêmeas ficaram um mês a menos no confinamento. Foram abatidas pesando 14,5 arrobas. Os machos desmamados em 2014 tiveram venda em abril de 2015, com 19 meses, pesando 17,5 arrobas. Arrojados na administração e observando os bezerros a cada ano com maior peso, os proprietários da Fazenda Alvorada resolveram confinar também os machos na desmama. Deu certo. Os animais entraram no confinamento pesando, em média, nove arrobas e ficaram por 170 dias recebendo silagem de milho mais cinco quilos de

Em 2015, serão realizadas duas inseminações, ou seja, as vacas que não emprenharem na primeira inseminação serão implantadas novamente e inseminadas. Só depois serão colocadas com os touros Nelore para o repasse. O objetivo da fazenda é chegar a 1.200 matrizes, sendo que 700 delas estarão no pivô e as demais em outras pastagens. A perspectiva é aumentar o confinamento para 1.000 cabeças/ano, composto por cruzamentos, vacas vazias e descartadas, novilhas de descarte e machos Nelore.

Sobre a Regional A Regional Brasília é parceira da Alta desde o ano 2000. É composta de seis veterinários e dois zootecnistas capacitados a prestar serviços de IATF, apartação por grupos de produção, desenvolvimento de planos genéticos e, especialmente, assistência continuada às fazendas. São atendidas fazendas de toda a região denominada “entorno de Brasília”. Entre em contato com Stefan Dörr através dos telefones (61) 3344-8494, 9975-7406 ou por e-mail brasilia@altagenetics.com.br

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CASOS DE SUCESSO

FAZENDA MARJÉ INVESTIMENTOS CERTOS EM BUSCA DE ANIMAIS PRODUTIVOS E LONGEVOS

Ângelo Roberti, técnico de leite da Alta; Jeferson Napoli, proprietário da Fazenda e Luiz Antonio, regional Castro no piquete das vacas em lactação. Ao fundo a ordenha e as pistas de alimentação.

Localizada em Castro no Paraná (PR), a Fazenda Marjé é de propriedade dos irmãos Jeferson e Marcos Napoli. Herança que Hélio Sansão dividiu em vida para os filhos, mas, ainda hoje, controla a gestão financeira da propriedade. A fazenda sempre teve vocação maior para a lavoura, mas, em 1983, Jeferson decidiu iniciar a atividade leiteira, adquirindo algumas vacas Holandesas e Pardo-Suíças. Com o tempo, também foram adquiridos alguns animais da raça Jersey e, à medida que o rebanho aumentava, as necessidades de melhorar as instalações tornavam-se realidade. Apesar de sempre basear a alimentação dos animais no pastoreio, eram urgentes as instalações mínimas para bezerras, ordenha e cochos para suplementação das novilhas 56

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e vacas. Como o dinheiro nunca sobrava, eles decidiam vender animais e equilibrar as contas. Há cerca de cinco anos, Jeferson mudou de estratégia. Decidiu não vender mais animais para viabilizar a expansão do rebanho de maneira mais rápida. Atualmente, o rebanho conta com 556 animais, sendo a maioria da raça Holandesa. O rebanho Pardo-Suíço praticamente acabou, restando poucos animais puros e algumas mestiças Pardolando. Os animais Jersey e Jersolando permanecem, mas não estão presentes em grande número. As 253 vacas em lactação produzem pouco mais de 8.000 litros de leite diários em duas ordenhas, perfazendo a média de 32 quilos por vaca. Em controle oficial feito pela Associação Paranaense de Criadores de Bovinos

da Raça Holandesa (APCBRH), a média das lactações do rebanho é acima de 10.000 kg de leite, em 305 dias, na idade adulta. As vacas e novilhas do rebanho são filhas de touros como Detroit, Jayz, Iota, Meteor, XXX-Red e Haley e dos touros utilizados na atualidade, First Class, Silver Sexado, Ceo, 5G, Zico e Marcin (Jersey). Jeferson se orgulha em falar do desempenho desses animais, tanto em produção como na classificação linear da associação, destacando as filhas de Detroit. Muitas delas foram classificadas como muito boas no primeiro parto. O rebanho vem crescendo rapidamente, com a utilização de sêmen sexado e alguns trabalhos de transferência de embriões. Até o fim de 2016 irão parir cerca de 200 novilhas, atingindo facilmente as 400 vacas em ordenha, ou seja, o projeto da fazenda. Pensando nesse projeto, foram feitos investimentos em pistas de trato e, nos próximos meses, ficará pronta a nova ordenha duplo 12, side by side, com saída rápida. Manejo O manejo das fêmeas é bastante simples. Elas vêm do pasto pela manhã para a primeira ordenha, são ordenhadas e retornam. Somente após o almoço são conduzidas ao cocho, onde recebem dieta balanceada pela equipe de nutrição da Cooperativa Castro-


Touros destaques

AltaDETROIT Goldwyn x Shottle x Die-Hard

landa. A dieta contempla silagem de milho, concentrado, pré-secado de azevém e um núcleo. Todas permanecem no cocho até a ordenha da tarde e voltam para o pasto, onde passam a noite. O pastejo é rotacionado, mas a mudança de pasto não é diária, ou seja, varia de acordo com o tamanho do pasto e do lote. Os pastos são de tifton, no verão, e azevém, no inverno. O manejo das bezerras e novilhas é semelhante até a confirmação de prenhez. A partir daí, as novilhas ficam apenas a pasto, com suplementação de sal mineral. Com esse manejo, estão parindo em torno dos 24 meses e sempre acima dos 500 quilos. “Acredito que esse manejo seja mais saudável para as vacas do que em confinamento, pois tenho conseguido um descarte de vacas anual em torno de 15%. É considerado baixo, se comparado com os índices médios dos sistemas confinados”, destaca Jeferson. Ele é veterinário e, além de responder pelo manejo, cuida da administração geral. O irmão Marcos é engenheiro e cuida dos projetos das construções, enquanto o filho ajuda com a lavoura. São 700 hectares destinados à soja, ao trigo, feijão, à cevada e à produção leiteira. Parceria Alta

Alta1STCLASS Numero Uno X Dorcy X Toystory

Sobre a Regional A equipe da regional Alta em Castro trabalha, em especial, com o Alta Advantage, através de técnicos que orientam o produtor que busca parceria sólida e genética atualizada por meio de touros melhoradores. Entre em contato com Luiz Antonio Lopes de Oliveira através dos telefones (42) 32325803, 9973-0191 ou castro@altagenetics.com.br

A relação do Jeferson com a Alta teve início quando a empresa se instalou no Paraná, na década de 90, com a entrada do gerente regional do município de Castro, Luiz Antônio Lopes de Oliveira. “Encontramos nessa empresa material genético de altíssima qualidade e profissionais técnicos com muito conhecimento de causa, que nos auxiliam sobremaneira em nossas escolhas e no desenvolvimento genético do rebanho”. A Fazenda Marjé investe para acompanhar a evolução física e técnica do rebanho, para tornar a propriedade ambientalmente correta e fortalecer, ainda mais, a integração agricultura-pecuária. Há, inclusive, a utilização, em larga escala, de biofertilizantes. “Estou amplamente satisfeito com a parceria que desenvolvemos com a Alta. A cada ano, venho conseguindo animais mais produtivos, com longevidade maior e com muito tipo, ou seja, com toda a evolução almejada por um criador”, finaliza Jeferson.

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ENTREVISTA

sional, descobriu por que veio ao mundo para “ajudar as pessoas e marcas do Brasil a se atenderem melhor”. Abriu a Ponto de Referência, a única companhia que ajuda outras a construírem cultura, gestão de atendimento e serviços. Entre seus clientes estão Leader Magazine, L’Oréal, Multibrás, Whirlpool, O Boticário, Natura, Net, Tim, Oi, Vivo, Ponto Frio, Johnson & Johnson, Michelin, Essilor, MAPFRE, Dadalto, Spoleto, Cinemark, Embratel, Claro entre outros.

“Qualquer líder verdadeiro pensa em como pode ajudar quem está próximo dele a melhorar de vida. Evoluir seja naquilo que faz ou em outras funções, outros lugares”

OS DESAFIOS DO EMPRESÁRIO BRASILEIRO

Qual a estratégia para montar uma equipe que realmente gera resultados? Com certeza, a escolha de quem vai trabalhar na empresa é o primeiro e decisivo passo. Contratar mal é a certeza de demitir. Depois disso, capacitar traz resultados maravilhosos.

Edmour Saiani estudou Engenharia Mecânica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Não se arrependeu, mas resolveu estudar mais e concluiu Pós-Graduação em Marketing

Como conhecer os colaboradores? Quem entra na empresa não deveria assumir nenhuma função que colocasse em risco o que acontece na empresa antes

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pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Como executivo, ajudou a construir histórias de evolução em companhias nacionais, multinacionais e familiares. Depois de mudar várias vezes na vida profis-


de ser testado: competência e caráter. As promoções internas ajudam muito nisso. Conviver ajuda a conhecer, desenvolver e garantir que quem está assumindo uma nova posição é como a gente espera que seja e sabe o que precisamos que ele saiba. Como fidelizar a mão de obra, em especial, no campo? Quanto mais dificuldade alguém tem de contratar alguém, mais essa pessoa tem que refinar a sua liderança. Ninguém quer trabalhar com alguém cuja reputação é de ser um líder comum ou ruim, nem na empresa que tem fama de ser predadora com o seu pessoal. De verdade, em qualquer empresa os bons líderes estão sempre com menor turnover, melhor equipe e melhores resultados. E vice-versa. Como construir uma equipe que realmente “vista a camisa”? Em cada nível social, a necessidade financeira de sobreviver e atender às necessidades básicas se apresentam. Deixar a pessoa confortável, sabendo que o que ela ganha paga o que ela deve é fundamental. Muita gente paga líderes de forma variável e um gerente começa o mês zerado. Como este poderá ter equilíbrio para ajudar a equipe se nem ele próprio sabe se vai chegar ao fim do mês. Se conseguir isso, o melhor é que ele seja empresário. O que motiva uma pessoa que precisa usar coração e cérebro é ter um propósito pelo qual ela viva. Aí entra a causa da empresa. Ela existe para quê? Alimentar o mundo? Ok, então, me sinto

melhor do que apenas trabalhar para outra empresa que apenas queira ter lucro e prestígio. Depois, é competência. Quero ser melhor no que faço. E a terceira é autonomia. Poder dar opinião no que faço. Ter liberdade de decidir. Isso é que move as pessoas que fazem trabalho mental. Está provado que essas pessoas têm piores resultados quando motivadas com cenouras, como ocorre com o burro empacado.

“O produtor nunca pode se esquecer de que o que fez o seu sucesso foi dar atenção ao cliente, antes, durante e depois dele comprar” Os empresários brasileiros têm dado a devida importância à construção de um plano de carreira? Não acredito em plano de carreira. Acredito no próximo passo: plano de vida. Qualquer líder verdadeiro pensa em como pode ajudar quem está próximo dele a melhorar de vida, a evoluir, seja naquilo que faz ou em outras funções, outros lugares. As empresas falam de retenção. Deveriam falar em dar oportunidades, formar e cuidar de quem nelas trabalha, para que essas pessoas queiram ficar o máximo de tempo, e fazer o que puderem para ajudá-las nesse tempo em que permanecerem na empresa.

Qual a dica para o criador ou produtor que já possui um negócio em andamento por longo tempo, sem plano de negócio definido, mas que precisa transformar seu negócio em uma empresa? Junte sempre o amador, que é amar o que faz, ao profissional. Não deixe de amar, mas se desenvolva. Sempre. Aprenda. Conviva com quem faz o que você faz. Troque experiências. Estude outros mercados. Como esse pecuarista, que muitas vezes nem percebe que se tornou um empresário, deve trabalhar para fortalecer a imagem da sua marca? Marcas chamam a atenção do cliente. Reputação dá atenção ao cliente. O produtor nunca pode se esquecer de que o que fez o seu sucesso foi dar atenção ao cliente, antes, durante e depois dele comprar. É isso que faz uma empresa durar muito. Crescer, quase sempre, faz quem cresce dar menos atenção aos que com ele convivem, sejam funcionários, animais ou clientes. Não caia nessa cilada.

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