Edição 07 - Abril/Maio Pecuária em Alta

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NÃO TEM NADA MAIS BONITO QUE UM PÔR DO SOL NO CAMPO. E OLHA QUE A GENTE JÁ VIU MAIS DE TRÊS MIL SEISCENTOS E CINQUENTA. Depois de dez anos, a gente ainda vibra a cada safra de sucesso e arrepia a cada geada. Ainda sorri com o rebanho gordo e sente um nó na garganta a cada bezerro que não vinga. Depois de dez anos, a gente sente que já viveu muita coisa. Mas sabe que a nossa história tá só no começo.

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PALAVRA DO DIRETOR

Já são 20 anos de Alta no Brasil. Durante todo esse tempo, aprendemos com os erros, inovamos com os acertos e crescemos. Pode ser redundância dizer que a Alta é uma empresa feita de pessoas, afinal todas as empresas são, mas digo, de coração aberto, que todo nosso crescimento só foi possível pelas pessoas que trabalham aqui. A equipe que formamos, ao longo de duas décadas, é o espelho da nossa história. Nesta edição, temos o prazer de contar toda a trajetória de sucesso desta empresa da qual faço parte desde o início. Passamos de empresa totalmente desconhecida em nosso mercado à mais conhecida e, principalmente, reconhecida. A cada três doses de sêmen vendidas no país, uma dose é da Alta. Lá se vão 20 anos... Como o tempo passa rápido. Outro assunto muito importante nesta edição é a ExpoZebu 2016, uma feira que a cada ano inova e movimenta ainda mais a nossa cidade de Uberaba, e, também, nosso estado e nosso país. O tema deste ano “Genética capaz de mudar” representa toda a filosofia que envolve o trabalho da Alta, que é buscar nos quatro cantos do mundo a melhor genética adequada para seu rebanho. Nunca tivemos a intenção de ter o melhor touro de alguma raça, mas sim, termos melhores touros para as várias características, buscadas nos diversos sistemas de produção que possuímos no Brasil. Prova disso é que temos em nossa bateria quase 550 touros, de 31 raças diferentes, tanto leiteiras quanto de corte, todos provados, das mais diversas origens confiáveis. Ao longo de uma vida trabalhando com genética e convivendo com os principais profissionais e estudiosos, posso afirmar que a genética é capaz de mudar um rebanho drasticamente, para melhor ou para pior, se não for utilizada da maneira correta. Por isso, outro ponto fundamental do trabalho da Alta é orientar pecuaristas sobre a melhor maneira de se utilizar genética, aliando manejo, nutrição, ambiente, gestão, enfim, todos os processos que vão fazer com que o animal expresse, em sua totalidade, seu potencial genético. Parabéns, equipe Alta, e parabéns, ExpoZebu, por contribuírem, de maneira tão positiva, para a pecuária brasileira e mundial. Acredito que, aqui, em poucas palavras, comparando o tema da feira deste ano com o nosso trabalho, consegui extrair a essência do conteúdo desta edição: levar a você, nosso parceiro e cliente, informações técnicas de qualidade que somem no seu dia a dia. Queremos estar “criando valor para você, construindo confiança entre nós e que possamos entregar-lhe os melhores resultados possíveis”. Esta é nossa missão. Uma ótima leitura.

Heverardo Carvalho Diretor Alta Brasil

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ÍNDICE EXPEDIENTE Diretor Heverardo Rezende de Carvalho Gerente de Mercado Tiago Carrara - tcarrara@altagenetics.com Coordenadora de Comunicação Camilla Lazak - camilla.rodrigues@altagenetics.com Jornalista Responsável Renata Paiva (MTB 12.340) - renata.paiva@altagenetics.com Colaboradores desta edição Alaor Pereira Martins Júnior, David de Leon Batista, Fábio Fogaça, Fabio Morato Monteiro, Guilherme Marquez, Jorge Duarte, Leticia Zoccolaro Oliveira, Manoel Sá Filho, Márcia Benevenuto, Márcio Delfino, Mário Jorge Silva Magalhães, Miguel Abdalla, Rafael Oliveira, Ricardo Bertola, Ricardo Ramos, Roberta Gestal, Rodolffo Assis, Rodrigo Rodrigues, Roger Sosa, Rubens Paes de Arruda, Sommer Johnston, Tiago Carrara

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Fotos Francisco Martins - fjunior@altagenetics.com Edição e revisão de texto Indiara Ferreira Assessoria de Comunicação LTDA ME indiara@indiaraassessoria.com.br Tiragem 5 mil exemplares Missão Construir relacionamentos de longo prazo, criar valor para nossos clientes, melhorando a lucratividade individual de cada rebanho e entregar genética de confiança, além de produtos e serviços de manejo com alta qualidade. Visão Ser líder do mercado de inseminação artificial e reconhecida como a melhor empresa desse segmento. Valores: • Escolha CONFIANÇA à invulnerabilidade • Escolha CONFLITO à harmonia • Escolha CLAREZA à certeza absoluta • Escolha NÚMEROS à popularidade • Escolha RESULTADOS ao status

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82 ANOS DE EXPOZEBU Feira inova na modalidade de julgamentos: o Julgamento Zebu a Campo

Diagramação e arte Ana Paula S. Alves - paula.alves@altagenetics.com Marketing/Comercial comunicacao@altagenetics.com.br

ESPECIAL

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ALTA NEWS As visitas, os novos projetos e os últimos eventos da Alta

ARTIGO

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DESCONGELAMENTO SIMULTÂNEO DE PALHETAS Sequência de inseminação, após o descongelamento, influência na taxa de concepção

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CRUZAMENTO INDUSTRIAL

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O MELHORAMENTO GENÉTICO NA RAÇA NELORE: ONDE ESTAMOS? Qual a contribuição do melhoramento genético no aumento da produtividade?

Falta de padronização de matrizes impacta no resultado dos produtos


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LEITE A EVOLUÇÃO GENÉTICA: GRANDES MUDANÇAS, NOVOS DESAFIOS Informações valiosas para objetivos específicos de cada criador

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CORTE TÉCNICOS DA ALTA VIAJAM PELO MUNDO EM BUSCA DE NOVOS REPRODUTORES Técnicos fazem primeira parada nos Estados Unidos para identificar reprodutores de corte taurino

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PROGRAMAS E SERVIÇOS GENÉTICA X FERTILIDADE Programa identifica touros com altas taxas de concepção

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20 ANOS DA ALTA Compromisso permanente rumo à evolução

EVENTOS

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EXPOINEL MINEIRA MOSTRA FORÇA DO NELORE Evento abre calendário de exposições ranqueadas da raça Nelore

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CURSO NOVOS ENFOQUES COMPLETA 20 ANOS Curso comemora 20 anos apresentando novidades ao mercado brasileiro

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RAÇA

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CASOS DE SUCESSO

GIRO NO CAMPO De norte a sul do Brasil, clientes e leitores destacam a qualidade dos filhos e filhas dos touros Alta

CAPA

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OS CAMINHOS PARA SE FAZER UM TOURO GIR LEITEIRO MELHORADOR A evolução da raça adaptada ao Brasil

- FAZENDA POSTO BRANCO - FAZENDA SÃO LUIZ - RODRIGUES FURTADO AGROPECUÁRIA - FAZENDA VALE DA PEDRA

ENTREVISTA A trajetória marcante de 102 anos de trabalho de Fernando Penteado Cardoso

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ESPECIAL

82ª EXPOZEBU: GENÉTICA CAPAZ DE MUDAR FEIRA INOVA EM JULGAMENTOS E FORTALECE CADEIA DA CARNE E DO LEITE Todos os anos, tradicionalmente, o final do mês de abril e o início do mês de maio são marcados pela maior e mais importante exposição pecuária zebuína do mundo. A 82ª ExpoZebu, programada para ser realizada de 30 de abril a 7 de maio, em Uberaba (MG), terá como tema, este ano, Genética Capaz de Mudar. O objetivo da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) é destacar os impactos da genética na produtividade da pecuária e colocar em pauta temas emergentes como seleção, qualidade da carne e do leite, tecnologia e 6

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comércio internacional. Na programação, uma série de novidades, como o Julgamento Zebu a Campo; a Vitrine do Leite - para somar com a Vitrine da Carne; a ExpoZebu Dinâmica - ampliada com novas atrações; a realização do 38º Concurso Leiteiro e do 4º Concurso Leiteiro Natural; a divulgação do teste de progênie da raça Gir Leiteiro, promovido pela EMBRAPA –ABCGIL; a participação da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) - para realizar julgamento morfológico de machos e fêmeas; e o

lançamento do projeto Equação da Pecuária Eficiente. Outros eventos diferenciados também serão realizados durante a ExpoZebu: o 1º Fórum Brasil-Índia, organizado pelo Museu do Zebu com o apoio do Centro de Referência da Pecuária Brasileira – Zebu ; a reunião da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da CNA; o 1º Seminário Internacional da Raça Indubrasil e a Reunião do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Agricultura (Conseagri). “A ExpoZebu sempre foi um espaço para a inovação e para a reflexão


positiva sobre o futuro das raças zebuínas. Por isso, como grande novidade, trazemos para a exposição o Julgamento Zebu a Campo, que mostrará aos visitantes um pouco do modelo de criação semiextensiva, agregando à seleção intensiva apresentada na pista de julgamento. Nada mais é do que um laboratório para que os animais expressem ao máximo a sua genética. A expectativa para os leilões da ExpoZebu também está alta, com praticamente todos os tradicionais remates já confirmados”, antecipa o presidente da ABCZ, Luiz Claudio Paranhos. Em 2015, passaram pela feira mais de 200 mil visitantes de 23 diferentes países. Julgamentos Em pista, participaram dos julgamentos quase dois mil animais, de nove raças zebuínas de corte e de leite, todas apresentando ao mercado seus principais exemplares. De todos os animais presentes no parque, mais de 70% entre os machos e fêmeas possuíam sangue de touros da genética Alta. “A ExpoZebu é muito importante para a Alta. É o momento de acompanhar os animais, filhos de touros da bateria, em todas as categorias, para analisarmos possíveis contratações e também para identificar o perfil genético que o mercado busca: animais com beleza racial e avaliações genéticas”, diz o gerente de Corte Zebu da Alta, Rafael Oliveira. A expectativa deste ano é a nova modalidade de avaliação visual: o Julgamento de Zebu a Campo. Os criadores puderam

inscrever trios de animais de uma mesma raça, do sexo masculino ou feminino, de todas as raças zebuínas de aptidão para corte, que tenham registro genealógico na categoria Puro de Origem (PO) e que tenham pai e mãe com avaliação genética positiva nos programas oficiais de melhoramento genético, classificados entre os 50% superiores. Os machos em pista terão a partir de 20 meses de idade, com exame andrológico; as fêmeas, a partir de 22 meses de idade, deverão estar com atestado de prenhes positiva ou ter cria ao pé de até oito meses. Os trios concorrerão nas categorias de Bezerros e Bezerras (de oito a 12 meses de idade); Macho de Sobreano e Fêmea de Sobreano (mais de 12 até 16 meses); Garrote e Novilha (mais de 16 a 22 meses) e Tourinho e Fêmea Jovem (mais de 22 até 27 meses). Os julgamentos serão realizados por uma comissão de três membros, cuja composição poderá ser de três jurados efetivos do quadro de jurados da ABCZ ou um Jurado Efetivo, um criador e um profissional da indústria frigorífica ou de projetos de confinamento. A definição ficará a critério exclusivo da comissão organizadora do evento. “Essa foi uma grande iniciativa e que vai somar muito, principalmente para os pequenos e médios produtores, que não têm estrutura planejada para expor os animais em pista. O julgamento a campo aproxima os animais da realidade a que são expostos diariamente”, ressalta o criador da raça Sindi, Fernando Cecílio, que tem animais inscritos.

Alta na ExpoZebu Toda a equipe de técnicos da Alta está mobilizada para participar da ExpoZebu. Um grupo estará no estande no Parque Fernando Costa, recebendo os visitantes com o tradicional cafezinho e pão de queijo, e oferecendo orientações nos pavilhões de animais dos principais parceiros da Alta. O estande funcionará, todos os dias, das 8 da manhã às 20h. O restante da equipe estará na central da Alta, localizada na BR 050, Km 164. A Central de Produção e Tecnologia de Sêmen da Alta conta com 110 hectares, onde estão construídos modernos laboratórios para execução de programas de melhoramento genético, reunindo o que há de mais avançado em técnicas e equipamentos. O espaço foi projetado em forma radial para facilitar o PECUÁRIA EM ALTA

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manejo dos touros. Tem capacidade de abrigar quase 300 animais simultaneamente. Todo o projeto de engenharia e paisagismo foi elaborado para garantir conforto aos animais em coleta e funcionalidade durante o processo de pre-

paração do sêmen. “Estamos de portas abertas para receber os pecuaristas”, afirma o responsável pelo atendimento aos visitantes da central, José Renato Silva. O horário de atendimento durante a feira será das 7h às 19h.

Na central da Alta O visitante pode conferir touros criteriosamente selecionados conforme a genética dos principais criatórios de todo o mundo. Na bateria, são 548 touros, de 31 raças diferentes, para leite e corte.

VOCÊ SABIA?

Desde que a Alta construiu a central de coleta de sêmen, às margens da BR 050, prepara-se um campo de girassóis para florescer em maio, mês da ExpoZebu. A programação de plantio prevê que os girassóis estejam abertos e a central fique ainda mais bonita para receber os visitantes. A ideia inicial foi do diretor da empresa, Heverardo Carvalho, que, a partir de uma necessidade de correção e melhoria do solo recebeu uma indicação dos consultores técnicos do Rehagro. Depois de uma viagem, Heverardo, passou por uma lavoura de girassóis e se encantou com a beleza da paisagem. Adaptando à realidade brasileira, ele encontrou no girassol a opção que, além de beleza, seria algo sustentável. Após a florada os girassóis são incorporados ao solo, mantendo-o mais nutritivo para o plantio da lavoura de milho, utilizado para alimentar os touros alojados na central. Os girassóis da Alta se tornaram atração para os visitantes e para quem cruza a rodovia. A programação é que as flores comecem a abrir a partir do dia 28 de abril e fiquem abertas, em seu estágio mais bonito, durante a semana da ExpoZebu.

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“Estamos de portas abertas para recebê-los”

INFORMAÇÕES EM TEMPO REAL

José Renato da Silva, gerente de atendimento

Veja alguns dos touros que você vai encontrar na central

Jabriel FIV de Naviraí

A equipe de Comunicação da Alta foi escalada para acompanhar cada minuto da feira e transmitir as informações em tempo real. Em 30 de abril (sábado), às 10h, o programa Pecuária em Alta transmite, ao vivo, a abertura oficial da feira e apresenta os grandes destaques, tanto da bateria Zebu Leite e Corte, quanto os animais que já estarão no parque Fernando Costa. Durante toda a semana, de 2 a 6 maio, a equipe fará transmissões, ao vivo, às 19h55, direto da ExpoZebu. Para completar a cobertura, todas as redes sociais da empresa estarão atualizadas com as principais notícias. Siga a Alta no site, Instagram, Facebook e YouTube.

Gabinete Silvania

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ALTA NEWS

FAZENDAS BARTIRA SURPREENDEM COM NOVA SAFRA

Conhecida nacionalmente como uma das melhores e maiores fornecedoras de bezerros do Brasil, as Fazendas Bartira preparam a oferta da nova safra por meio do XV Circuito de Leilões.

Para compreender melhor o sucesso do grupo, técnicos da Alta estiveram no Mato Grosso do Sul para visitar uma das unidades responsáveis pela produção destes bezerros, localizada em Ribas do Rio Pardo. Na San José I, eles foram acompanhados pelo gerente de Pecuária da Bartira, Levy Campanhã, e do gerente das fazendas do grupo, no estado, José Edimar Pires. O que mais surpreendeu foram os filhos do touro Aberdeen Angus SAV Paramount, nascidos em agosto

RAÇA GUZERÁ PERDE DOIS DE SEUS GRANDES PATRIARCAS

Boieiro Ibituruna

Notável TE JF

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A Raça Guzerá perdeu dois importantes reprodutores, Boieiro Ibituruna e Notável TE JF, no mês de fevereiro. Ambos pertenciam a Paulo Menicucci. Boieiro, fruto de uma parceria com o criador Gilson Bargieri. Boieiro era filho de Ajax TE JF (Perseu na Nuvem JF 8.363 kg) na matriz República TE JF, filha de Urutu NF na Banqueta JF. “Boieiro é uma opção para trabalharmos em muitas linhagens, pois ele foge bastante das linhagens dominantes do mercado. Chamo a atenção pela estrutura de corpo desse touro, bem como sua forma leiteira.

e setembro do ano passado.

Veja a matéria com vídeo

O touro está em teste de progênie”, comentou o gerente de Produto Leite Nacional, Guilherme Marquez. Guilherme explica que Notável TE JF sempre chamou a atenção de todos os criadores. “Suas filhas são sempre muito leiteiras e suas provas vêm assegurando esse resultado ano após ano. Atualmente, Notável está com PTA Leite de 130 kg pela Embrapa/Guzerá. Sua mãe, Calçada, é uma vaca extra, muito leiteira e vigorosa. Notável chama a atenção pela sua forma leiteira, com destaque para costelas bem arqueadas e compridas”, finalizou Marquez. A Alta possui doses dos dois touros para suprir a demanda do mercado, que mudou no ano passado, apresentando recuperação em vendas.


ALTA VISITA MAIOR PRODUTOR DE LEITE DO PAÍS, FAZENDA COLORADO A central da Alta em Uberaba (MG) recebeu técnicos, gerentes regionais e parte da equipe de vendas para as primeiras reuniões anuais, conhecidas dentro da empresa como mini convenções, no fim do mês de março e início de abril. Ao longo do ano, vários encontros são realizados e segmentados de acordo com o perfil de

cada região, com o objetivo principal de atualizar a equipe sobre novos programas e serviços disponibilizados pela empresa, além de promover uma importante troca de experiências. Um dos momentos mais esperados são as visitas realizadas em fazendas parceiras da Alta. Para a primeira reunião do ano, focada em pecuária leiteira, a

TÉCNICOS DE CORTE DA ALTA VISITAM NELORE LEMGRUBER Os técnicos de corte da Alta, Marcos Labury e Roberta Gestal, estiveram na Fazenda Mundo Novo, Nelore Lemgruber, em Uberaba (MG), em 31 de março. A meta foi identificar animais superiores para serem futuros raçadores da bateria Alta. Durante todo o dia, um dos proprietários da fazenda, Eduardo Penteado Cardoso, e o gerente, Daniel Resende, acompanharam os técnicos. “Essa visita foi fundamental

para avaliarmos as progênies dos nossos touros e, principalmente, para olharmos a garrotada, visando novas contratações”, disse Marcos Labury. Dez touros reserva da fazenda, da safra 2013, que já trabalharam a campo cobrindo as novilhas da mesma idade, foram avaliados inicialmente. Além deles, também foram avaliados lotes de fêmeas paridas, de várias categorias, com bezerros ao pé.

escolhida foi a Fazenda Colorado, em Araras (SP), a maior produtora de leite do Brasil. Atualmente, a fazenda produz quase 70 mil litros de leite por dia, com produção média de 37,2 kg por animal. Ao todo são 1.665 vacas em lactação em um sistema de cross ventilation (ventilação cruzada), ordenhadas em sistema carrossel para 72 animais simultâneos. Há oito anos, a Fazenda Colorado reconhece a importância do foco genético e, juntamente com o gerente de produto Leite Importado da Alta, Fábio Fogaça, elabora plano genético específico para o sistema de produção adotado. Hoje, buscam 50% produção, 40% saúde e 10% conformação.

Assista ao vídeo completo

Na oportunidade, os técnicos aproveitaram também para ver os touros que já fazem parte da bateria Alta e que são referência para a raça, como Malboro, Huno e D8. “O mais importante pra nós durante a visita é a visão de mercado que a Alta traz para nós. Ouvir a opinião de quem está em contato direto com o pessoal, no campo, além de todo o viés técnico, só nos ajudam a crescer”, enfatizou Eduardo.

Confira mais detalhes PECUÁRIA EM ALTA

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ALTA NEWS

TÉCNICOS PERCORREM MAIS DE 2.500 KM EM BUSCA DE PROGÊNIES DA BATERIA ALTA

Visita a Paulete Agropecuária, em Porangatu (GO)

Técnicos de corte da equipe da Alta Brasil se reuniram em uma viagem técnica para acompanhar de perto o trabalho de melhoramento genético realizado por oito propriedades e para assistir à produção dos touros da bateria Nelore da Alta utilizados nesses rebanhos. “A oportunidade dessas visitas nos dá a certeza de que a pecuária está evoluindo de maneira muito rápida e consistente. O que nos deixa extremamente satisfeitos é

acompanhar, no curral, que a Alta está sendo importante para esse melhoramento. Pudemos ver muito filhos e filhas de genética Alta e, em todas as fazendas, a participação da genética Alta vem aumentando a cada geração. Este fato mostra como nossa bateria Nelore avança na liderança do mercado nacional”, explicou o organizador das visitas, responsável Corte Zebu Cria Fértil, da regional da Alta em Goiânia (GO), Eduardo Cavallin.

Ao todo foram mais de 2.500 quilômetros percorridos, passando pelos municípios de Barra do Garças, Palestina, Jussara, Nova Crixás, São Miguel do Araguaia e Porangatu. Na bagagem, troca de experiências, informações e bastante conhecimento. “Ver o trabalho de grandes selecionadores nos enche de motivação para buscar sempre a melhor genética disponível no mercado. É muito bom presenciar o trabalho de pecuaristas que estão dispostos a explorar o melhoramento genético ao máximo, seja utilizando os melhores touros do mercado, seja desafiando precocidade em novilhas. Também é muito bom ver no curral que os touros da raça Nelore da bateria da Alta estão cumprindo nossas expectativas em termos de produção, agregando valor aos produtos dos nossos clientes mais exigentes”, completou o gerente de Produto Corte Zebu da Alta, Rafael Oliveira.

Confira mais detalhes Júlio Roberto Bernardes, da Fazenda Tarumã, recebendo os técnicos da Alta

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CRIADORES PARTICIPAM DO LANÇAMENTO DA 5ª PROVA DE GANHO DE PESO DA RAÇA SENEPOL

No dia 2 de abril, a central da Alta, em Uberaba (MG), foi o local escolhido para reunir um grupo de senepoleiros e os profissionais responsáveis pelo 5º Teste de Alta Performance da Raça Senepol. Realizada em parceria da Alta com a Fazenda Tufubarina e com a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a prova de Ganho de Peso já avaliou mais de 600 animais ao longo de suas quatro edições e tem como proposta principal identificar animais geneticamente

EXPODIRETO A equipe da Alta - representada pelas regionais do Rio Grande do Sul: Santa Rosa, Tapejara e Porto Alegre - esteve presente em uma das principais feiras do agronegócio realizada no Brasil: a 17ª Expodireto. Mais de 210 mil pessoas passaram pelo evento, na cidade de Não Me Toque (RS), entre os dias 7 e 11 de mar-

superiores para características de interesse econômico, com o intuito de atender à grande demanda do mercado pecuário brasileiro por touros jovens e novilhas com potencial comprovado de produtividade. Ao longo do dia, foram abordados assuntos como melhoramento genético da raça, mensuração de carcaça e importância das avaliações. Os participantes tiveram também a oportunidade de ver de perto os principais touros da raça durante um desfile apresentado

ço. Foram movimentados mais de R$1,5 milhão em negócios, com destaque para o segmento de máquinas agrícolas. Produtores de leite de todo o Estado estiveram presentes e estreitaram as relações com a equipe da Alta. “A Alta sempre se fez presente na Expodireto, por se tratar de uma feira muito profissional e focada em negócios. Nesta edição, tivemos a presença marcante de nossa

pelo gerente de Produto Corte Taurino da Alta, Miguel Abdalla, juntamente com o diretor internacional, Manuel Ávila. No final da programação, antes do churrasco de confraternização, uma mesa-redonda composta por todos os palestrantes respondeu às dúvidas dos participantes, selando a importância de se avaliar cada vez mais os animais e coletar informações confiáveis para a raça. A prova já identificou touros consagrados com, Bandoleiro, Bialo, Barbaridade, Funcionário, HPC Soledade e no último ano foram incorporados à bateria alta três dos cinco mais bem colocados na prova, Jumbo, Block e Patrola.

Assista ao vídeo completo

equipe comercial, especializada no segmento leite, que divulgou o trabalho de melhoramento genético desenvolvido pela empresa. O resultado da feira foi muito positivo, superando nossas expectativas. O bom momento do leite no Estado, com melhoria nos preços pagos aos produtores, contribui muito para esse sucesso”, afirmou o gerente distrital da Alta, Jorge Duarte. PECUÁRIA EM ALTA

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ARTIGO

DESCONGELAMENTO SIMULTÂNEO DE PALHETAS A SEQUÊNCIA DE INSEMINAÇÃO APÓS DESCONGELAMENTO SIMULTÂNEO DE DIVERSAS PALHETAS DE SÊMEN PODE INTERFERIR NA TAXA DE CONCEPÇÃO APÓS IATF por professora doutora Letícia Zoccolaro Oliveira, professor doutor Rubens Paes de Arruda e professor doutor Fábio Morato Monteiro Nas últimas décadas, a pecuária vem passando por um processo de incorporação de tecnologias visando principalmente à melhoria dos índices de produtividade e aceleração do melhoramento genético. Nesse sentido, considera-se a inseminação artificial (IA) como uma biotécnica de extrema importância, pois implica em aproveitamento e globalização de touros zootecnicamente superiores. Atualmente, a IA é a biotécnica reprodutiva mais utilizada em todo o mundo e corresponde a um método fundamental para a obtenção de animais de maior mérito genético com excelente relação 14

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custo/benefício, representando marcante papel no incremento da produtividade bovina.

“Todo o procedimento envolvendo o momento da inseminação precisa ser cada vez mais rápido e eficiente” Em virtude de algumas dificuldades encontradas para a implementação da IA na maioria

dos sistemas de produção, e, a partir de estudos dedicados ao maior entendimento da fisiologia reprodutiva da fêmea bovina, diversos protocolos hormonais capazes de controlar a ovulação têm sido empregados comercialmente, tornando possível a prática da inseminação artificial em tempo fixo (IATF). Além de representar uma importante ferramenta de manejo dos rebanhos bovinos por excluir a necessidade da observação de estro, a IATF diminui o anestro pós-parto, aumenta a taxa de serviço das propriedades e permite a implantação da IA em larga escala. Portanto, essa fer-


ramenta contribui efetivamente para maior ganho econômico e genético nos mais diversos sistemas de produção bovina. Já é sabido que diversos são os fatores que podem influenciar o sucesso dos programas de IATF. No que diz respeito à qualidade seminal, tem sido frequentemente relatado que diferentes touros podem diferir na sua capacidade fertilizante. Assim, diversos trabalhos já demonstraram variadas taxas de concepção de acordo com o sêmen utilizado, evidenciando uma importante influência do reprodutor com relação à fertilidade a campo, o também chamado “efeito touro”. Ainda com relação à qualidade do sêmen empregado nos programas de IA, julgamos prudente alertar os produtores e técnicos de campo para atual prática rotineira do descongelamento simultâneo de diversas palhetas de sêmen no momento da IA. A Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) e o Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA) recomendam, para IA de bovinos, o procedimento de descongelamento de uma única palheta de sêmen em banho-maria, com temperatura entre 35 e 37°C, durante 30 segundos (para palhetas de 0,5 ml). Entretanto, o vasto tamanho dos rebanhos de matrizes em reprodução no Brasil, associado ao intenso e crescente uso da IATF em larga escala, torna imprescindível que um grande número de vacas seja inseminado em um curto período de tempo. Portanto, todo o procedimento envolvendo o momento da inseminação precisa ser cada vez

mais rápido e eficiente, o que tem estimulado cada vez mais a aplicação desse método de descongelamento simultâneo das doses seminais. Porém, destacamos que o manejo do sêmen congelado (e/ou de seu ambiente de descongelação) também deve ser considerado como possível fator de influência na qualidade das amostras seminais e, portanto, nos resultados da IATF. Isso porque, sob essas condições (descongelamento de diversas palhetas em um mesmo momento), algumas palhetas permanecem no banho-maria enquanto a inseminação com outras palhetas ocorre. Neste caso, o banho-maria poderia atuar como

“Parece mais cauteloso não exceder o número de seis palhetas seminais de 0,5 ml para descongelamento simultâneo” ambiente de incubação para o sêmen, o que, por sua vez, poderia influenciar a viabilidade e a fertilidade do espermatozóide. Alguns trabalhos em que se realizou descongelamento simultâneo de palhetas seminais foram encontrados na literatura. Em seus estudos, Dejarnette et al. (2002; 2004) recomendaram descongelar simultaneamente apenas a quantidade de palhetas de sêmen que pudessem ser depositadas no trato reprodutivo da

fêmea, dentro de 10 a 15 minutos, mantendo-se sempre a homeostase termal das palhetas durante este intervalo. No entanto, mesmo respeitando as recomendações dos autores mencionados, os resultados de diferentes estudos parecem ser contraditórios em relação ao efeito do descongelamento simultâneo das doses seminais nas taxas de concepção após IA (conforme os autores Lee et al., 1997; Goodell, 2000; Sprenger et al., 2001; Kaproth et al., 2002; Dalton et al., 2004). Lee et al. (1997) demonstraram que a sequência da inseminação pode influenciar as taxas de concepção quando até quatro palhetas forem descongeladas ao mesmo tempo. Embora todas as inseminações (n = 89) tenham ocorrido dentro do tempo recomendado (até seis minutos), os aplicadores foram expostos à radiação solar durante o transporte da palheta descongelada até o animal. Em estudo subsequente, o estudioso Goodel (2000) observou decréscimo significativo na fertilidade em função da sequência de inseminação, mesmo seguindo os procedimentos de manuseio seminal recomendados. Em seu experimento realizado durante período de temperatura ambiental moderada (no estado do Colorado, EUA), 180 vacas submetidas ao protocolo Ovsynch foram inseminadas por um único inseminador. As taxas de concepção obtidas com a terceira (17%) e quarta (14%) inseminação foram significativamente menores do que a obtida com a primeira (48%) ou segunda (41%) palheta da sequência.

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O autor concluiu que o descongelamento simultâneo com mais de duas palhetas de sêmen pode reduzir a taxa de concepção. O pesquisador Sprenger et al. (2001) demonstraram uma tendência para interação entre rebanho e sequência de inseminação após analisar inúmeras IAs com palhetas de números dois a 11 na sequência (n = 6122). Quando os dados contendo apenas palhetas de um a quatro foram analisados, não foi observado efeito da sequência de inseminação sobre as taxas de concepção (conforme os autores Sprenger et al., 2001). Os estudiosos Kaproth et al. (2002) e Dalton et al. (2004) também não observaram diferenças nas taxas de concepção em função da sequência de inseminação após descongelamento simultâneo de até quatro palhetas de sêmen. Diante do exposto, julgou-se pertinente avaliar o efeito do descongelamento simultâneo de diversas palhetas de sêmen sobre a taxa de concepção na IATF, dentro das condições e realidades das propriedades de gado de corte do Brasil. Para tal, realizamos um experimento em que 944 vacas Nelo16

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re multíparas lactantes (de uma mesma propriedade no estado do Mato Grosso) receberam um mesmo protocolo de IATF. Todas as vacas foram inseminadas com doses de sêmen descongelado (0,5 mL) de três touros Angus (três partidas de cada touro) que foram igualmente distribuídas entre os lotes. No momento da IA, dez palhetas foram simultaneamente descongeladas (em descongelador elétrico), a 36°C, pelo tempo mínimo de 30 segundos, sendo utilizada uma palheta para cada vaca na IATF. De acordo com o experimento

“Os cuidados de manuseio do sêmen são fundamentais para que bons índices reprodutivos após IA sejam obtidos” a campo, seis minutos e 29 segundos foi o tempo médio que as dez palhetas de sêmen permaneceram no mesmo descongelador. Para a análise estatística, as vacas foram divididas em três grupos: vacas inseminadas com as palhetas um, dois e três da sequência de IA (Grupo1-IATF); vacas inseminadas com as palhetas quatro, cinco e seis da sequência (Grupo2-IATF); e vacas inseminadas com as palhetas sete, oito, nove e 10 da sequência (Grupo3-IATF). Embora não tenha sido observado efeito do touro sobre a taxa de concepção, foi observada uma redução da prenhez

associada ao grupo de palhetas que apresentou maior intervalo entre o descongelamento até a IA, para dois dos três touros avaliados. Ou seja, utilizando o sêmen de alguns touros, as vacas inseminadas com as palhetas sete, oito, nove e 10 da sequência (Grupo3-IATF) apresentaram menor taxa de concepção do que as vacas inseminadas com as palhetas um a seis da sequência. Assim, nosso estudo nos permitiu concluir que a sequência de inseminação após descongelamento simultâneo de dez palhetas de sêmen pode afetar a taxa de concepção, dependendo do touro que é utilizado. Ou seja, o número de palhetas que pode ser simultaneamente descongelado em banho-maria termostaticamente controlado, sem comprometer a fertilidade do sêmen, parece variar para cada touro. Portanto, nos procedimentos de rotina de programas de IATF de grandes rebanhos, parece mais cauteloso não exceder o número de seis palhetas seminais de 0,5 ml para descongelamento simultâneo. Contudo, a razão pela qual o sêmen de alguns touros parece ser mais suscetível e/ou diferentemente afetados quando submetidos a específicos procedimentos, assim como os fatores seminais que são influenciados pelos mesmos, continuará por incentivar novas investigações de nosso grupo de pesquisa. De qualquer forma, julgamos importante alertar os técnicos para o fato de que os cuidados de manuseio do sêmen são fundamentais para que bons índices reprodutivos após IA sejam obtidos.


PECUÁRIA EM ALTA

17


ARTIGO

CRUZAMENTO INDUSTRIAL FALTA DE CRITÉRIOS NA REPOSIÇÃO DE MATRIZES COMPROMETE A SUSTENTABILIDADE DA ATIVIDADE por Rodolffo Assis, consultor técnico de Corte da Alta

É notório que o rebanho brasileiro vem melhorando quanto à produtividade. Nutrição, sanidade e genética são as bases que sustentam esta melhora. Dentre as ferramentas que mais auxiliaram a melhoria genética nacional, principalmente no Brasil central, está a inseminação com raças taurinas sobre vacas zebuínas. Isso é constatado facilmente ao observarmos números da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA). Tais números mostram que, a partir de 2013, a comercialização de sêmen da raça Angus superou a da raça Nelore. Para se ter ideia 18

PECUÁRIA EM ALTA

da alteração brusca de mercado, cinco anos antes, em 2008, para cada dose vendida de Angus, no Brasil, eram comercializadas mais de quatro doses de Nelore.

“A partir de 2013, a comercialização de sêmen da raça Angus superou a da raça Nelore” A maioria deste sêmen de Angus tem como finalidade a utilização sobre vacas Nelore no Brasil central. O ótimo desempenho

dos animais ½ sangue Angus x Nelore é a razão para isto. Este desempenho superior (cerca de 20% em características economicamente importantes) ocorre graças ao que os geneticistas chamam de heterose ou vigor híbrido, definido como o fenômeno pelo qual os filhos provenientes de cruzamentos apresentam melhor desempenho do que a média de seus pais. É importante lembrarmos que a heterose será mais evidente quanto maior for a distância genética entre os animais cruzados. Este fato deve ser muito bem observado, pois dele se originam boa parte das diferenças nos resultados de cruzamentos. Sabemos que a diferença genética entre animais zebuínos, como o Nelore, e os taurinos, como os Angus, é de 250 mil a um milhão de anos. É a maior diferença entre os ramos de raças bovinas. Por isso, os ótimos resultados dos cruzamentos de taurinos x zebuínos. Ainda assim, vale ressaltar alguns pontos. Muitos cruzamentos têm sido realizados sobre matrizes que não podem ser definidas como zebuínas. Isso gera uma perda quanto ao resultado da heterose, já que estas matrizes devem possuir algum grau de sangue taurino. Levantamentos apontam que 80% do rebanho nacional (cer-


ca de 160 milhões de animais) é composto por zebuínos, se considerarmos que, até recentemente, haviam sido importados 6.262 animais zebuínos para o Brasil, de acordo com o pesquisador Alberto Alves Santiago. Podemos concluir que a maioria de nosso rebanho é originada de cruzamento por absorção de zebuínos sobre uma base taurina, principalmente, de raças crioulas. Isso é comprovado por estudos que apontam que 79% dos animais Nelore puros e 73% dos animais Gir puros possuem a base materna (DNA mitocondrial) taurina. Resultados como estes não devem gerar preocupações excessivas aos selecionadores, pois

pouco se colheu produtivamente quando a questão de pureza racial foi tratada como extrema prioridade. Mas devemos conhecer nosso rebanho para tirarmos dele os melhores resultados. Falta de padronização de matrizes gera falta de padronização de produtos, mesmo que cruzados, provocando diminuição da lucratividade. Métodos de cruzamento atualmente utilizados Pela busca de resultados a curto prazo, muitos pecuaristas têm utilizado o cruzamento terminal em quantidade mal dimensionada, o que pode gerar dificuldades

em médio prazo. Há muitos criadores que utilizam a inseminação apenas com sêmen de touros para cruzamento terminal e no início da estação de monta. Esta estratégia, em geral, faz com que a reposição de matrizes seja de baixa qualidade, pois as bezerras zebuínas estarão nascendo em época pior que as ½ sangue, além de serem filhas de matrizes de pior fertilidade e de touros, via de regra, selecionados com muito menos intensidade que os pais das ½ sangue. Ou seja, há o ganho com heterose em um bom número de animais, mas este ganho não é crescente com o tempo. Vejamos isto na figura 1:

Performance Com seleção Com cruzamento Com seleção Sem cruzamento

Sem seleção Com cruzamento Sem seleção Sem cruzamento

Tempo

Nesta figura, podemos observar que deixar de fazer a seleção na base do rebanho faz com que a nossa melhora de performance se restrinja apenas ao ganho de heterose, o que, em um primeiro momento é bom, mas pode não ser suficiente para nos

“A heterose será mais evidente quanto maior for a distância genética entre os animais cruzados”

mantermos competitivos em um cenário que exige melhoria crescente de produtividade. Alguns pecuaristas recorrem ao mercado para continuar se abastecendo de fêmeas zebuínas, o que, economicamente, pode ser bom. Mas, mesmo que ge-

PECUÁRIA EM ALTA

19


ARTIGO

neticamente estas fêmeas sejam melhores que as matrizes atuais do rebanho, (o que não é comum) contar com isso permanentemente pode ser arriscado. Deve ser considerada também a diminuição do controle sanitário que esta estratégia acarreta. Para se atingir o máximo de produtividade crescente devemos

continuar selecionando a base das matrizes, e não, abrir mão do cruzamento; porém, esta não é uma tarefa muito fácil. O ideal e o que devemos buscar é ter o máximo da reposição de fêmeas filhas das melhores matrizes com touros de alta qualidade e que sejam do início da estação de nascimento. Garan-

tindo esta base superior, poderemos utilizar o cruzamento terminal nas demais matrizes. Vejamos alguns exemplos de possíveis cenários que objetivam realizar toda a sua reposição de matrizes, originados por meio de inseminação artificial com touros da mesma raça das matrizes.

Cenário 1

Cenário 2

Cenário 3

Cenário 4

Prenhez Final

75%

80%

85%

85%

Número total de inseminações/matriz

0,8

1

1,5

1,5

Perdas embrionária/abortos

8%

6%

4%

4%

Natimortos e mortes até o desmame

3%

3%

2%

2%

Mortes na recria

1%

1%

1%

1%

Mortes de adultos

0,5%

0,5%

0,5%

0,5%

Taxa de concepção

50%

50%

50%

50%

Reposição anual de matrizes

20%

20%

20%

23%

Descarte voluntário de bezerras

10%

10%

10%

10%

48%

64%

100%

100%

0%

0%

0%

4%

80%

100%

100%

100%

20%

0%

0%

0%

100,0%

98,6%

67,3%

75,8%

0,0%

1,4%

32,7%

24,2%

Possibilidade de descarte de matrizes vazias com manutenção do rebanho Possibilidade de descarte voluntário de matrizes prenhas Possibilidade de bezerras filhas de inseminação que servirão como matrizes Necessidade de bezerras filhas de touros de monta natural que servirão como matrizes Porcentagem de inseminações para produção máxima de fêmeas de reposição Saldo de inseminações que podem ser direcionadas para cruzamento terminal

20

PECUÁRIA EM ALTA


Todos os cenários apresentados, inclusive o Cenário 1, estão muito acima das médias nacionais. O primeiro quesito que devemos observar, se quisermos ter sucesso nesta estratégia, é garantir bons índices reprodutivos e bom controle sanitário. Estas simulações deixam claro que, em propriedades com baixos índices finais de prenhez, o rebanho só se manterá estável caso não haja descarte de parte das matrizes vazias. Vamos analisar cada cenário. No Cenário 1, há a necessidade da utilização de bezerras, filhas de touros de monta natural, como matrizes. É necessário segurar mais da metade das matrizes vazias. Já no Cenário 2, todas as bezerras de reposição são originadas de inseminação. Praticamente não é possível re-

alizar inseminações para cruzamento terminal. Muitas matrizes vazias deverão ser mantidas. No Cenário 3, há maior proporção de inseminações para cruzamen-

“Falta de padronização de matrizes gera falta de padronização de produtos, mesmo que cruzados, gerando diminuição da lucratividade” to terminal, mas sem possibilidade de descarte voluntário de matrizes prenhas. O Cenário 4 é o único em que será possível descartar matrizes por índices

não reprodutivos e difere do Cenário 3 apenas pelo aumento da porcentagem de reposição de matrizes. Automaticamente, há uma diminuição da proporção de inseminações para cruzamento terminal. Conhecer e controlar o rebanho e obter bons índices reprodutivos e zootécnicos são necessários para que a pecuária de corte seja uma atividade sustentável economicamente.

Rodolffo Assis, consultor técnico de Corte da Alta Médico veterinário pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), especialista em Produção de Gado de Corte pelo Rehagro, técnico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) ligado ao programa Geneplus

PECUÁRIA EM ALTA

21


ARTIGO

O MELHORAMENTO GENÉTICO NA RAÇA NELORE: ONDE ESTAMOS? por Roberta Gestal, consultora técnica de Corte da Alta A população bovina chegou ao patamar de 212 milhões de animais e, desde as mais importantes importações do zebu da Índia, a raça Nelore vem conquistando o território nacional devido à sua adaptação tanto em condições brasileiras como em sistema de produção, atingindo aproximadamente 136 milhões de cabeças. O Nelore reescreveu nossa história. O germoplasma bovino é composto, na sua maioria, pela raça Nelore, o alicerce da pecuá22

PECUÁRIA EM ALTA

ria como raça pura, mas também como base para diversos tipos de cruzamentos. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) apresenta uma projeção de crescimento populacional para 2050 em que o mundo terá nove bilhões de habitantes. Teremos que dobrar a produção de alimentos e 70% desse aumento virão de tecnologias que incrementam a produtividade. Olhando para a evolução do

melhoramento genético no Brasil, recordo sobre as dificuldades da coleta dos dados dos animais, de introduzir mensurações e tecnologias nas fazendas, da aceitação das primeiras avaliações genéticas e da desconfiança dos pecuaristas quando foram identificados os primeiros touros líderes de sumários e colocados em centrais de Inseminação Artificial. As bases de dados dos programas de melhoramento foram ganhando volume, as avaliações genéticas passaram a ter


credibilidade, os resultados foram surgindo e a avaliação fenotípica foi dando espaço para a avaliação do genótipo. Neste contexto, qual a contribuição do melhoramento genético no aumento da produtividade? Vamos apresentar dados fornecidos pela Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), que permitem visualizar o progresso genético nas princi-

h² x S IG

IG

Indica a superioridade dos animais selecionados

S

G/ano =

“Teremos que dobrar a produção de alimentos e 70% desse aumento virão de tecnologias que incrementam a produtividade”

pais características econômicas e o ganho genético ( G), resultado da utilização de touros jovens de alto valor genético. A Reprodução Programada da ANCP, chamada de RP, tem como objetivo identificar, testar e multiplicar o material genético superior, acelerar o ganho genético, aumentar a conectabilidade e a acurácia da avaliação genética e diminuir o intervalo de geração (IG).

1. ↑ Intensidade de seleção aplicada 2. ↑ Variabilidade fenotípicas da população.

Quanto menor o IG maior o ▲G

Os dados são de 600 touros oriundos de 160 rebanhos, testados em 266 fazendas com 123.186 doses distribuídas.

PECUÁRIA EM ALTA

23


ARTIGO

Apresentamos três gráficos: evolução do peso ao sobreano (DP450), da fertilidade e da precocidade sexual (DPE365), e longevidade das fêmeas (DSTAY).

Os valores genéticos médios dos touros jovens selecionados para teste de progênie (RP) comparado aos do Programa Nelore Brasil, revelam o ganho genético ao

utilizar touros jovens de altas DEPs. Além disso, os gráficos mostram o efeito do melhoramento genético ao longo destes anos nos rebanhos participantes da ANCP.

DP450

15

10

8,23

7,87

8,94

10,18

5 3,49

3,85

2004

2005

4,39

5,05

2006

2007

10,92

10,96

5,71

6

2008

2009

11,4

6,6

11,68

7,57

12,11

8,64

12,3

10,07

0

Safra 2010

2011

2012

Programa

RP

0,6

0,49

0,5 0,33

0,4

DPE365

0,34

0,39

0,36

0,38

0,41

0,41

0,46

0,28

0,36

0,3

0,2 0,2

0,14

0,1 -0,04

0,0

-0,02

0,01

0

0,03

0,07

Safra

-0,04 2006

2004

2008

58 56,1 56

54,7

56,5

57,4 56,6

52,3

52,0

2012

57,0

57,4

57,5

55,1

55,1

54 52

2010 Programa

RP

DSTAY

2013

52,6

52,9

53,1

53,5

54,0

54,6

54,9

55,6

50

Safra 2004

2005

2006

2007

2008 RP

24

PECUÁRIA EM ALTA

2009 Programa

2010

2011

2012

2013


Foram avaliados, em vinte anos, 600 touros, que produziram mais de 1,1 milhão de descendentes, no Programa Nelore Brasil. O impacto genético na pecuária de corte é enorme. Atualmente, 199 touros filhos da RP estão nas

centrais de IA, ou seja, 19% dos touros em Centrais. Somando-se a isso, existem 390 touros descendentes da RP, ou seja, 38% dos touros em Centrais. Como exemplo, temos o touro Quark Col, que foi identificado

SUMÁRIO ANCP DO QUARK COL MP120 DP210 DP365 DP450 DPE365 DPE450 DIPP DEP ACC %

3,97 92 1

5,32 16,12 15,88 0,88 91 97 97 96 0,1 3 4 2

Número de filhos

0,98 96 3

DSTAY

D3P

DAOL

-0,79 60,75 51,70 2,54 89 86 87 91 11 5 17 2

Número de netos

DACAB

MGT

0,13 17,69 91 94 8 1

Número de bisnetos

Total

Touros

Touros RP

Total

Touros

Touros RP

Total

Touros

Touros RP

17.057

228

21

41.896

210

23

21.805

57

3

pelo seu alto valor genético nas provas, aos dois anos, porém teve uma forte rejeição do mercado pelo seu fenótipo. Ele seguiu para a Central, coletou sêmen e foi usado nos rebanhos da ANCP como teste de progênie. Os resultados apresentados no quadro abaixo o consagram como um raçador, e o seu DNA foi multiplicado nos rebanhos brasileiros promovendo mudança e melhoramento genético. O pecuarista que acreditou na força do genótipo (avaliação genética) sobre o fenótipo (o que os olhos vêem) permitiu grande evolução nos índices econômicos do seu rebanho.

Roberta Gestal, consultora técnica de Corte da Alta Mestre em Melhoramento Genético pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), de Jaboticabal. Desde 2000, atua no mercado de melhoramento genético. Trabalhou na Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP) por 10 anos.

PECUÁRIA EM ALTA

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LEITE

A EVOLUÇÃO GENÉTICA: GRANDES MUDANÇAS, NOVOS DESAFIOS por Ricardo Bertola, consultor técnico de Leite da Alta Diariamente, convivemos com mudanças, recebemos novas informações e, isso, de uma maneira obrigatória, nos torna cada dia mais atento às constantes transformações. Segundo palestras do famoso antropólogo professor Marins, nos próximos cinco anos ocorrerão mais mu26

PECUÁRIA EM ALTA

danças do que nos últimos 25. A princípio, pensamos: isso é impossível. Mas quando percebemos o que realmente está acontecendo à nossa volta, vemos que é, sim, totalmente possível. Na área da genética de bovinos leiteiros não poderia ser diferente. Muito pelo contrário: a cada

dia recebemos mais informações, que deverão ser processadas e utilizadas como ferramentas de trabalho, dentro de um programa de melhoramento genético. Há alguns anos, éramos acostumados a ver um touro no topo da lista do TPI (índice de seleção que possui pesos de importância


relacionados com um mercado de leite típico dos Estados Unidos), por consecutivas mudanças de provas. A velocidade do melhoramento era muito menor, não tínhamos a tecnologia genômica. Hoje, o dinamismo com que surgem novos e melhores touros é incrível. A intensidade de seleção é cada vez mais forte e o intervalo entre gerações cada vez menor. Apenas como curiosidade e comprovando toda essa evolução, vamos analisar o pedigree do touro AltaSpring. Considerando apenas os machos da linhagem paterna, ele possui em seu pedigree vários expoentes da Raça Holandesa, nesta ordem: Mogul, Dorcy, Bolton, AltaHershel, AltaLuke, Cleitus, Tradition

e Elevation. Este último, um dos touros mais influentes da raça, nasceu em agosto de 1965. Bem comum àquela época, 14 anos após seu nascimento, nasceu Hanoverhill Starbuck, outro im-

“Não basta apenas conhecer provas de touros; é preciso saber usá-las” portante touro da Raça Holandesa, filho de Elevation. Por outro lado, AltaSpring nasceu em março de 2013 e, em dezembro de 2014, já possuía um filho com ótima prova genômica (AltaMitchum) que, provavelmente, já

deve estar em plena produção de sêmen. Há boas possibilidades, já em 2017, de AltaSpring ser avô de touros. Parece ficção, porém a tecnologia genômica tornou tudo isso real. Este é apenas um exemplo de como os touros permaneciam por muitos anos, até mais de décadas, sendo utilizados como pai de touros. Isso aconteceu também com Arlinda Chief, Tradition, Chief Mark, Blackstar e muitos outros grandes touros da história. Por estranho que pareça, a era Genômica e toda esta atual aceleração, causam certa frustação em muitos técnicos ainda acostumados à maneira antiga. A falta de conhecimento de novos pedigrees e as constanPECUÁRIA EM ALTA

27


LEITE

tes mudanças nos rankings dos touros causam essas decepções. Daí, mais uma vez, a necessidade de atualizarmos os conceitos, identificarmos quais realmente são importantes, estarmos abertos às mudanças e, com certeza, a sair da nossa zona de conforto. Na Alta Brasil, por exemplo, temos, nada mais nada menos, seis técnicos que foram membros oficiais do Colégio Brasileiro de Classificadores da Raça Holandesa. Estes profissionais são de um tempo em que a classificação linear de vacas tinha uma importância muito maior. Hoje, longe de desprezar o passado, mas vivendo com as possibilidades do presente e tentando enxergar o futuro, todos estes técnicos entendem que novas e poderosas ferramentas surgiram e, sem exceção, todos se atualizaram o bastante, a ponto de assimilar estes novos conhecimentos, colocando-os em prática nas suas recomendações diárias. Vale lembrar que as avaliações lineares foram e ainda são fundamentais no estabelecimento da população-base para a validação dos marcadores moleculares. Na verdade, há um consenso de que as coisas estão se tornando mais transparentes e, para quem acredita e utiliza estas novas ferramentas, não há dúvida de que podemos, a cada dia, promover um melhoramento genético muito maior nos rebanhos leiteiros. É o que o quadro técnico da Alta tem feito. Melhor para todos os envolvidos: técnicos e clientes produtores. Por muitos anos, foram atribuídas à longevidade de vacas, as características de tipo, prin28

PECUÁRIA EM ALTA

cipalmente sistema mamário e pernas/pés. Na verdade, oficialmente, não tínhamos, nas provas, informações como as atuais, de características extremamente correlacionadas à longevidade de vacas, como Vida Produtiva (PL), Taxa de Fertilidade de Filhas (DPR), Habilidade de Parto (CA), dentre outras. A característica PL, por exemplo, foi incluída nas provas de touros somente em julho de 1994. Além disso, são características de alta correlação com fatores financeiros.

“Produtores vizinhos podem ter objetivos diferentes e, por isso, não há uma regra geral na construção de planos genéticos” Com isso, fica claro que, a cada dia, temos mais informações a serem consideradas em um programa de Melhoramento Genético e que devemos estar atentos a todas elas. Na verdade, com a acurácia que temos nas provas de touros, podemos moldar a vaca que estaremos ordenhando no futuro. Nós podemos escolher o caminho a ser seguido. Todas as tendências e mudanças citadas transformam-se em grandes desafios para os técnicos. O objetivo é justamente colocar em prática todo este conjunto de informações, que é a prova de um touro, de modo a contemplar os objetivos do criador.

Como estas informações poderão ser utilizadas aqui no Brasil? As necessidades dos produtores brasileiros são as mesmas? Deverão seguir as mesmas tendências? É para dar respostas a estas perguntas que a Alta atende de forma diferenciada os seus clientes, preocupando-se em elaborar planos genéticos específicos. Não basta apenas conhecer provas de touros; é preciso saber usá-las. Além disso, é importante conhecer muito bem a propriedade que atendemos e, principalmente, os objetivos dos proprietários. Muitos deles, talvez a maioria, não possuem sequer objetivos pré-estabelecidos. Muitos escolhem touros que não contemplam seus objetivos ou, até mesmo, que sejam totalmente contrários ao que ele quer ou diz que quer. Produtores vizinhos podem ter objetivos diferentes e, por isso, não há uma regra geral na construção de planos genéticos. Temos que usar todas as informações possíveis e torná-las condizentes com os objetivos traçados. Com certeza, fazer com que os animais produzam mais e pelo maior tempo possível, deverá ser o principal objetivo por todo o mundo. É o que Alta pensa. É o que a Alta faz.

Ricardo Bertola, consultor técnico de Leite da Alta Engenheiro agrônomo, formado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), pósgraduado em Pecuária Leiteira pelo Rehagro


PECUÁRIA EM ALTA

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CORTE

TÉCNICOS DA ALTA VIAJAM PELO MUNDO EM BUSCA DE NOVOS REPRODUTORES IMPORTANTES PROPRIEDADES NORTE-AMERICANAS FORAM VISITADAS DURANTE A PRINCIPAL TEMPORADA DE LEILÕES DO PAÍS

Joaquín Álvarez, Gerente de Corte da Alta Ciale; Roger Sosa, Diretor Internacional da Alta Global e Miguel Abdalla, Gerente de Produto Corte Taurino da Alta Brasil

A Alta Estados Unidos recebeu técnicos da Alta Brasil e Argentina. Foram 15 dias de trabalho. Organizado pelo diretor internacional e também diretor do Alta Beef Program, Roger Sosa, a viagem técnica teve como objetivo alinhar os objetivos, conforme a realidade de cada país e, em consenso, definir quais touros integrarão a bateria de corte taurino no final deste ano. “O mais importante é que nenhuma decisão de compra foi tomada sem ouvir a sugestão de cada técnico. Sem dúvida, nós 30

PECUÁRIA EM ALTA

estamos muito mais alinhados para alcançar a maior eficiên-

“Estamos sempre em busca do animal que tenha harmonia dentro do conjunto, ou seja, avaliação, fenótipo e pedigree consistente” cia entre todos os países que são grandes compradores de

material genético norte-americano”, afirmou Roger. Analisando o mercado brasileiro, tanto para cruzamento industrial quanto para o gado puro, mais predominante no sul do país, os reprodutores selecionados têm a finalidade de atender aos perfis específicos de cada criador, levando em consideração cada realidade. “Analisamos primeiramente as avaliações genéticas e selecionamos as melhores, pensando em todas as realidades a que esses animais serão expostos. Após esse primeiro crivo, escolhemos os melhores indivíduos, somando avaliação com fenótipo. Isso porque não necessariamente o touro que tem boa avaliação genética é um touro bom como indivíduo. Estamos sempre em busca do animal que tenha harmonia dentro do conjunto, ou seja, avaliação, fenótipo e pedigree consistente”, enfatizou o gerente de Produto Corte Taurino, Miguel Abdalla. Nesta primeira etapa, foram adquiridos importantes reprodutores em renomados criatórios. No leilão da Schaff Angus Valley (SAV), considerado o


principal remate do mundo da raça Angus, os técnicos arremataram seis touros. Seguindo o mesmo crivo de qualidade, selecionaram outros touros em grandes eventos, como os da Fazenda Ellingson, Koupal Angus, Diamond J Angus, Martin Schaff, Krebs Ranch, Raven

“Em todas essas viagens, a intenção é encontrar os principais indivíduos melhoradores que serão os futuros destaques da nossa bateria”

O Alta Beef O Alta Beef Program é um programa de identificação de touros com alto mérito genético para as mais diversas características mensuradas nos programas de melhoramento genético das raças taurinas de corte. Por meio de um criterioso processo de seleção dos animais conforme os méritos genéticos, os desenvolvedores de produtos do programa no Brasil, na Argentina, no Ca-

nadá, nos Estados Unidos e na Austrália, analisam os quesitos visuais e a ascendência genealógica de cada animal. A meta é trabalhar com todas as variáveis que compõem o valor genético de um touro. Além disso, são trabalhados rebanhos parceiros em cada país, fazendo com que os touros jovens selecionados sejam utilizados e provados pelo desempenho de sua progênie.

Angus, Angus Mogck, Hoover, Baldgrige e Topps Herefords. Em todas as propriedades, os técnicos tiveram a oportunidade de analisar criteriosamente cada touro ofertado e adquirir os melhores reprodutores para a bateria Alta. “A primeira viagem do ano foi definida de acordo com a temporada de leilões dos Estados Unidos, mas outras viagens já estão agendadas para a Argentina, onde vamos utilizar o mesmo crivo de seleção, como é feito todos os anos. Finalizaremos a temporada no Sul do Brasil, onde possuímos um excelente plantel de animais puros, que são referência em todo o mundo. Em todas essas viagens, a intenção é encontrar os principais indivíduos melhoradores que serão os futuros destaques da nossa bateria”, finalizou Miguel. PECUÁRIA EM ALTA

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PROGRAMAS E SERVIÇOS

GENÉTICA X FERTILIDADE A INFLUÊNCIA DE UMA SOBRE A OUTRA

por Fábio Fogaça, gerente Leite Importado da Alta

De que importa a genética, se não se consegue gerar prenhezes nas vacas? Desde 2001, a Alta assumiu a liderança do mercado desenvolvendo sua própria maneira para avaliar o desempenho de produtos diretamente nas fazendas. O objetivo era provar a fertilidade do sêmen da Alta em ambientes comerciais. Desde então, a avaliação ConceptPlus tem sido consistentemente realizada e com ótima aceitação pelos clientes. Depois de quase 15 anos, o ConceptPlus pode ser considerado realmente testado a campo. Na Alta, usa-se o programa ConceptPlus para avaliar a fertilidade dos touros. Apesar de novamente estar disponível o Sire Conception Rate (SCR), com muitos touros da Alta, ainda assim o ConceptPlus é o principal meio de avaliar e monitorar a fer32

PECUÁRIA EM ALTA

tilidade de touros. A Pecuária em Alta traz uma série de questões para que você possa compreender o programa. Por que confiar no ConceptPlus? Tanto o ConceptPlus quanto o SCR são baseados em resultados de checagem de prenhez. Para se ter um resultado, vários fatores precisam ser levados em consideração, tais como mês, ano, número de inseminações e número de lactações do animal. No entanto, ConceptPlus comprova seu superior nível de precisão e integridade dos dados, de quatro maneiras: Abrangência: É a única avaliação que explica e controla o efeito do sistema usado para verificar se a vaca está em cio (pedômetro, sincronização, observação natu-

ral) e/ou o efeito que o inseminador tem sobre a reprodução. O programa ainda avalia a fertilidade do touro. Consistência: Os dados são coletados apenas de grandes rebanhos que se mostram desenvolvidos e adiantados. A gestão é consistente, a partir do enorme número de vacas em produção (em média, mais de 1 mil vacas lactação) e com agressivos programas de reprodução. Isto resulta em uma forma mais segura e numa avaliação mais confiável e realista do que os dados do SCR, obtidos de rebanhos de todos os tamanhos e variados tipos de manejo. Coleta de dados em rebanhos pequenos (nem sempre desafiados para produção) e, muitas vezes, a individualização de animais em várias categorias, provocam a maquiagem dos dados. Precisão: Dados para o ConceptPlus são coletados nos Estados Unidos, no Canadá, na Alemanha e no Brasil, até em rebanhos que não estejam em controle leiteiro oficial. Nos Estados Unidos, por exemplo, os dados do SCR só podem ser obtidos de rebanhos que estejam sob controle leiteiro oficial, o que direciona aos rebanhos pequenos. Atualidade: O ConceptPlus fornece uma previsão apropriada para a fertilidade dos touros. Com dados coletados continuamente, sempre há informações recentes sobre o desempenho de fertilidade dos touros.


Por que agora o SCR está lançando dados de todos touros? Pouco depois do lançamento inicial do SCR, em 2008, sete anos após o lançamento do ConceptPlus, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) decidiu permitir que empresas de Inseminação Artificial (IA) escolhessem quais rebanhos deveriam ser incluídos nas avaliações de SCR. As iniciativas regionais para estimar a fertilidade dos touros foram dificultadas pela falta de recursos, por motivações políticas e por dados incompletos. Como resultado, as informações reportadas nem sempre refletem as melhores estimativas possíveis de fertilidade dos touros. No entanto, por causa de razões principalmente políticas, esta decisão foi alterada. A partir de abril do ano passado, tornou-se obrigatório incluir dados de fertilidade de todos os touros, com mais de 300 inseminações registradas nos Estados Unidos, nas avaliações de SCR. Existe correlação entre ConceptPlus e SCR? Uma vez que SCR e ConceptPlus mensuram a mesma coisa, estão correlacionados. Touros de alta fertilidade geralmente estarão bem classificados em qualquer avaliação de fertilidade e, da mesma maneira, os touros fracos ficarão mal na classificação nessas mesmas avaliações. Porém, uma vez que o ConceptPlus tem mais dados do que no SCR, é possível encontrar algumas diferenças nas avaliações. Um exemplo é AltaCarnival. Nos dados de ConceptPlus referente aos 6.398 resultados de checagem de prenhez, ele

aparece como superior e diferenciado para fertilidade. Contudo, não existem dados disponíveis de SCR para AltaCarnival; portanto, ele não possui avaliação nenhuma de SCR. Por outro lado, a avaliação de ConceptPlus para AltaBookel o coloca acima da média para fertilidade de touros, com mais de 12.000 inseminações; mas suas avaliações de SCR mostram que ele é um reprodutor altamente fértil, com uma classificação de 2,5 SCR, baseado em 6.566 observações.

“Liderança em fertilidade vem de muito mais do que uma avaliação de alto nível: vem das pessoas, dos programas, dos processos e dos produtos” Por que ConceptPlus tem maior número de dados? Dados de fertilidade para SCR são recolhidos apenas de rebanhos em controle oficial (DHI) e apenas dos Estados Unidos. O ConceptPlus compila dados de fertilidade diretamente dos softwares de gerenciamento de rebanhos parceiros dos Estados Unidos, mas também do Canadá, Alemanha e Brasil, de rebanhos que optam, inclusive, por não fazer controles leiteiros oficiais. Isso traz inúmeros ambientes, com inúmeras inseminações adicionais para o banco de dados do ConceptPlus. Traz também mais confiança em função da interação genótipo/ambiente.

Quantas inseminações são necessárias para um touro ser considerado ConceptPlus? São necessários resultados de checagem de prenhez de, pelo menos, 300 inseminações para considerar os dados precisos e suficientes para lançamento na avaliação da fertilidade de um touro. Para garantir que as avaliações ConceptPlus estejam atualizadas, são incluídas inseminações dos últimos 48 meses, removendo, assim, os dados antigos. Constantemente, há também avaliações, dos últimos seis meses, de dados de fertilidade dos touros para se certificar de que ele esteja mantendo a classificação. O ConceptPlus é disponível para todos os touros do mercado? As designações de Conceptc Plus são disponíveis apenas para touros da Alta. Há o empenho em disponibilizar os mais altos níveis de fertilidade de sêmen para os grandes produtores de leite que estão em constante evolução. Há também investimentos pesados no nosso sistema único de comprovação. Dentre tantas estratégias, a metodologia de testar a fertilidade de sêmen da Alta é um diferencial no mercado. Qual vantagem em fertilidade pode-se esperar com touros ConceptPlus? ConceptPlus é uma classificação, não apenas um número. A tabela explica o ranking ConceptPlus comparado aos resultados de fertilidade dos touros da Alta. Apenas os touros que recebem 4 e 5 estrelas conseguem ter a designação de ConceptPlus. PECUÁRIA EM ALTA

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PROGRAMAS E SERVIÇOS

Avaliações ConceptPlus

Fertidilidade média do touro

4&5 estrelas

Taxas concepção de 3 a 4 pontos percentuais acima da média

3 estrelas

Fertilidade de média para superior

2 estrelas

Fertilidade abaixo da média

1 estrela

Típico descarte baseado em fertilidade

A liderança em fertilidade do programa Alta ConceptPlus é traduzida em melhoria real nos rebanhos? Sim. A próxima tabela demonstra a liderança em fertilidade da Alta, com uma clara vantagem em Taxa de Concepção (TC). Os dados apresentados nesta tabela são originados de dez rebanhos dos Estados que usaram, de um lado, sêmen da Alta, e, de outro, sêmen de outras empresas do mercado (> 500 cruzamentos de outras organizações). As empresas só foram incluídas na análise se o banco de dados comprovou a utilização de mais de 25 touros e com mais de 20 inseminações/touro. Os resultados são marcantes e claros. Os touros ConceptPlus têm uma vantagem significativa em TC sobre os outros dois grupos da concorrência (vantagem de 11,7% e 5,2%, respectivamente, sobre Central A e B). Significa que o sêmen Alta ConceptPlus tem potencial de gerar quase 12 prenhezes a mais em cada 100 vacas, em comparação às outras empresas. A vantagem da fertilidade da Alta vai além, pois até mesmo os touros não considerados Alta ConceptPlus mostraram claras evidências de superioridade. Este é mais um dado que comprova a superiori34

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dade da Alta na questão de entregar produtos com qualidade. Além do reconhecimento que a Alta possui nos EUA e no Canadá, o ConceptPlus é reconhecido como a principal avaliação para fertilidade de sêmen

em todo o mundo. Touros ConceptPlus são fortemente procurados, da Austrália até o Reino Unido, da Argentina à China, em razão de conseguir produzir mais vacas prenhes, de forma mais rápida e eficiente.

Taxas de concepção em rebanhos dos EUA (Centrais/Programas)

%Médio Tx. Concep.

Nr Touros

Nr Total de IAs

Central A

22,8

78

6.966

Central B

29,2

37

2.839

Alta

30,4

118

4.497

ConceptPlus

34,5

37

2.549


Os touros ConceptPlus são indicados para qualquer ambiente? O gerente internacional de Vendas da Alta, Coen Van Rosmeulen, confia nos touros eleitos como ConceptPlus para gerar prenhezes até mesmo nos mais severos ambientes. No Oriente Médio, em uma análise com 17 rebanhos leiteiros (165.000 inseminações), Coen relatou uma taxa de concepção média no sêmen ConceptPlus (31,1%) com cerca de 3 pontos percentuais a mais do que a taxa de concepção média do sêmen de outras empresas (28,4%). Segundo o gerente, está claro que, mesmo quando confrontado com as condições no Oriente Médio, onde as temperaturas extremas podem ser sentidas durante todo o ano, os touros ConceptPlus continuam oferecendo o benefício de três pontos percentuais na taxa de concepção. Coen explica que a Alta não pode arriscar com fertilidade de touros neste tipo de ambiente e, por isso, os touros ConceptPlus são tão procurados em todo Oriente Médio. A Alta é a líder em fertilidade? Liderança em fertilidade vem de muito mais do que uma avaliação de alto nível: vem das pessoas, dos programas, dos processos e dos produtos. Pessoas: Na Alta, temos as pessoas mais apaixonadas do mercado para a coleta, avaliando embalagem, distribuição e entrega de sêmen para os clientes em todo o mundo. To-

SRC CP

Variáveis Abrangência nacional

X

X

Todas inseminações, não apenas a primeira

X

X

Conhecimento dos resultados das inseminações nas fazendas

X

X

Incluído efeito da central ou empresa

X

X

Efeito da idade do touro

X

X

Efeito inseminador (os mais variados por rebanho)

X

Efeito do sistema de obtenção de cio

X

Superioridade no padrão de acurácia dos dados

X

Grupos formados por um grande número de contemporâneas

X

dos, desde os veterinários até o pessoal que lida com os touros, equipe do laboratório, equipe técnica de campo e equipe de vendas desempenham um importante papel em manter as condições para ajudar a fazer as vacas emprenharem. Programas: dados do ConceptPlus são coletados de nossos rebanhos parceiros Advantage Alta nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha e até mesmo no Brasil. Consultores da Alta trabalham nesses rebanhos para garantir um lançamento apropriado de dados e, assim, bem mais precisão. Os softwares de gerenciamento nesses grandes e progressivos rebanhos permitem as mais rápidas e confiáveis informações de fertilidade. Processos: há rigorosos processos de manipulação de sêmen e checagem de controle de qualidade, sempre com a mesma consistência, no Canadá, Holanda, China, Brasil, Estados Unidos ou Argentina.

Todo sêmen produzido pela Alta é consistentemente da mais alta qualidade, em cada uma das centrais ao redor do mundo. Produtos: por causa das pessoas, programas e processos, há confiança de que o melhor produto para o rebanho será entregue. Além disso, há transparência com relação à qualidade do sêmen e sua fertilidade. A fertilidade é parte do plano genético e a Alta está compromissada em entregar o que melhor se encaixa à necessidade do cliente.

Fábio Fogaça gerente de Leite Importado da Alta Zootecnista, durante mais de 20 anos atuou em todo o Brasil como consultor nas áreas de Nutrição, Manejo e Genética. Há sete anos integra a equipe da Alta

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GIRO NO CAMPO

Viaje pelo país e conheça os animais que se destacaram nas diferentes realidades do Brasil. Os técnicos da Alta, juntamente

com seus clientes, apresentam, por meio de fotos, os vários sistemas de produção. E você? Tem algum animal de destaque no re-

banho? Envie uma foto dele para o e-mail da revista “Pecuária em Alta”. Ela poderá ser o destaque da próxima edição.

Participe e envie sua foto para pecuariaemalta@altagenetics.com.br

Criador Tiago Massa Martins, com uma filha do touro AltaRoble, em Itapetininga (SP)

O bezerrinho, filho do Bitelo SS, marcando presença em frente ao estande da Alta, na ExpoLondrina (PR)

Fábio Souza, um dos proprietários da Itacredi Agropecuária, de Brasilândia do Sul (PR), beijando sua novilha campeã, na Olimpíada do Leite de Umuarama (PR) 36

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O produtor Edson Tomazella com uma filha do touro Alta Shelby, em Santa Fé (PR)


@aryadiny

@cavallineduardo

@lelis.william

@rafaelvidal773776

@renapaiva

@rodrigohgpe

@valerioavellar

@vargem_grande

@xandeveludo

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CAPA

UMA EQUIPE DE SUCESSO ALTA COMPLETA 20 ANOS NO BRASIL COMO LÍDER NO SEGMENTO DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL “Há vinte anos, muitos nem sabiam o que era a Alta”, relembra o diretor da Alta Brasil, Heverardo Carvalho. Ele conta que foram muitos anos trabalhando, investindo e, principalmente, inovando. “Com 12 anos de Brasil, em 2008, comercializamos 2 milhões de doses de sêmen em um único ano, atingindo uma marca que nenhuma empresa havia conseguido e, assim, nos tornamos líderes de mercado, 38

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posição da qual nos orgulhamos muito de ocupar até hoje”. Ao longo de duas décadas muitos objetivos foram alcançados e desafios superados. Hoje, a cada três doses de sêmen comercializadas no país, uma é da Alta. A Alta é uma empresa canadense sediada na cidade de Calgary, no Canadá, foi fundada em 1968 com foco exclusivo em pesquisas sobre transferências de embriões.

No Brasil, a atuação comercial da Alta iniciou por uma representação, em Porto Alegre (RS). Naquela época, o negócio principal era a comercialização de sêmen e de embriões congelados voltados para raças de corte taurinas. Sentindo a necessidade de ampliar mercado e investir no país, em 1996, o grupo decidiu comprar a LandMark Genetics. A empresa americana possuía no portfólio importantes repre-


sentantes das raças importadas de leite, até então, apresentados pela Pecplan, da fundação Bradesco. A fusão das duas empresas e a oferta de raças importadas de leite e corte impulsionaram a Alta. “A evolução no Brasil foi muito rápida. Basta comparamos com algumas concorrentes mais próximas, com mais de 50 anos no país. A Alta atingiu a liderança em pouco mais de 10 anos. Demandou muito trabalho para a formação da equipe”, comenta o primeiro gerente distrital da Alta e um dos responsáveis pela estruturação da equipe brasileira, Ricardo Ramos.

“Desde o início, construímos uma empresa com os pés no chão. Temos uma equipe fantástica, que nos ajudou a alcançar essa marca” Com a união das empresas, o Estado do Rio Grande do Sul continuou como sede da empresa por cerca de um ano. Em 1997, decidiu-se que a melhor opção seria a transferência do escritório para a capital do zebu: a cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro. No município, o escritório, construído próximo ao Parque Fernando Costa, sede da Associação Brasileira dos Criadores do Zebu (ABCZ), servia como apoio para atender clientes e trabalhar a distribuição de sêmen.

Primeiro escritório da Alta, em Uberaba (MG), próximo à ABCZ

O crescimento da pecuária demandou a busca por zebuínos para compor a bateria. A Alta ainda não possuía a central, então, uma parceria foi firmada com a extinta Nova Índia para a realização da coleta dos touros nacionais contratados. A parceria foi encerrada e, no mesmo ano, a Alta firmou parceria de coleta e comercialização com a central VR, sediada em Araçatuba (SP). Em 1998, a central Bela Vista também tornou-se parceira para a coleta de animais com sangue taurino. Localizada no município de Pardinho (SP) também atendia à demanda por zebu. Em 2001, a Alta já figurava entre as três maiores Centrais de Inseminação do Brasil, ao comercializar um milhão de doses de sêmen. “Por muito tempo nós trabalhamos a marca: Alta, VR, BV. As duas empresas foram muito importantes para o crescimento da Alta. Ótimas empresas e, principalmente, idôneas”, afirma Heverardo. As duas empresas foram aliadas da Alta até 2005, quando a empresa inaugurou a central nas margens da BR-050. “Percebemos que poderíamos andar com as próprias pernas. A Alta

sempre possuiu uma bateria muito forte nas raças importadas de leite, mas, no corte, principalmente no zebu, ainda estava no início. Em 1997, quando entrei na empresa, começamos a buscar no mercado importantes touros. Em dois anos, já possuíamos a melhor bateria de Nelore do país”, pondera o gerente distrital da Alta, Darci D’Anúncio, um dos responsáveis pela estruturação da primeira equipe de corte da empresa. Dois touros da raça Nelore consagraram a bateria Alta naquele momento: Bitelo da SS e Panagpour da Paulicéia. Também reforçaram a qualidade da Alta o reprodutor Juniper Rotate Jed, um dos principais touros da raça Holandesa no mundo, e Sandstone, que é Red Angus. Os dois foram importados para o Brasil e atraíram muitas visitas. Com a equipe formada e um portfólio de touros desejado pelo mercado, a empresa começou a consolidar resultados. “Nos primeiros 10 anos, eu não me lembro de nenhuma vez que crescemos menos que 25% no ano. Era uma loucura”, diverte-se Darci. Em 2008, a Alta alcançou a liderança de mercado e bateu o PECUÁRIA EM ALTA

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recorde de comercialização de sêmen do Brasil, ao atingir a marca de dois milhões de doses. Firme na liderança, bateu novo recorde em 2011, com três milhões de doses vendidas, e novamente, em 2014, com quatro milhões de doses vendidas. “Desde o início, construímos uma empresa com os pés no chão. Temos uma equipe fantástica, que nos ajudou a alcançar essa marca. Não foi fácil atingir 30% do mercado, mas o que mais nos surpreende é o foco e a garra de todos para mantermos esse percentual. É uma história gratificante”, ressalta o presidente Heverardo. A história de garra e determinação produz resultados positivos consecutivos. Segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), o mercado geral

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de sêmen no Brasil cresceu 5% em 2015, em relação a 2014. Já a Alta cresceu, no mesmo período, 12,94%, ou seja, mais que o dobro do mercado. “O objetivo é continuar crescendo em torno de 12% (por ano) nos próximos cinco anos. Mercado tem de sobra para desenvolver. Somente 10% ou 11% das mais de 90 milhões de fêmeas em idade reprodutiva no Brasil foram inseminadas. Precisamos conscientizar melhor o criador. Mas, com toda certeza, afirmo que quem não adotar este sistema em sua propriedade, num futuro muito próximo, deixará de ser competitivo e estará fora do mercado”, alerta o presidente da Alta Brasil. Nos últimos dez anos, o mercado de sêmen no Brasil quase duplicou, crescendo 90%, enquanto a Alta: cresceu 223%.

Estande na ExpoZebu, em 2009


BATERIA DE TOUROS A Alta possui em sua bateria 548 touros de 31 raças diferentes.

A Central “Nosso maior desafio foi mostrar ao mercado o potencial da Alta. A construção da central foi fundamental para o crescimento constante. Um marco para realmente nos firmarmos no mercado e criar nossa própria identidade”, diz Ricardo, fazendo referência aos 10 anos em que a Alta trabalhou no Brasil com parcerias. Ele lembra que a logomarca da empresa nunca havia sido trabalhada isolada e que a divulgação veio com a sede. O local estratégico, às margens da BR 050, no município de Uberaba (MG), possibilita mais de 12 mil visitas por ano, entre pecuaristas, técnicos, criadores, estudantes e pessoas relacionadas ao agronegócio. Construída em formato circular, possui o laboratório e a área de coleta no centro. “O projeto da central foi elabora-

do para que ela fosse diferente de todas as outras centrais da Alta no mundo. Tínhamos que atender nossas necessidades culturais, atraindo cada vez mais criadores e visitantes para a central, além de dar o máximo de conforto aos animais”, explica o gerente da central e responsável pela elaboração de toda a estrutura física, Luis Alfredo Garcia Deragon. O desenho em formato “pizza” proporciona ao touro deslocamentos inferiores a 200 metros na hora da coleta. A central tem capacidade para alojar cerca de 300 touros, em piquetes com aproximadamente 1.200 metros quadrados, com baia e sombra natural. A dieta é servida no cocho, 100% balanceada, com nutrientes que estimulam a boa produção de sêmen. A central atende todas as exigências da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento do Brasil, (Mapa). Foram tomados cuidados com a instalação de uma central de tratamento de esgoto, um tanque separado também para receber a água utilizada no banho dos touros, conforme os padrões estabelecidos pela União Europeia e pelo Mercado Comum dos Países do Cone Sul. Por tudo isso, a Alta está apta a exportar para qualquer país do mundo que possua protocolo sanitário com o Brasil. Na elaboração do projeto, houve também planejamento específico para acessibilidade. “Não existem degraus para atender às exigências universais. Toda a rede elétrica e todo o cabeamento são subterrâneos. Existe praticamente uma ‘teia de aranha’ embaixo da terra para fazer o papel de para-raios e trazer segurança aos animais e a todos nós que trabalhamos diariamente na central”, explica Heverardo. PECUÁRIA EM ALTA

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O time da Alta “O segredo da Alta sempre foi identificar as melhores pessoas e trazê-las pra nós”, explica Heverardo sobre o sucesso da equipe Alta, tanto na matriz, com processos internos, quanto com a identificação dos regionais e técnicos que representam a genética da empresa. O desafio de tornar a empresa conhecida sempre esteve aliado à preocupação de formar uma equipe que se enquadrasse nos valores, nas metas e nos objetivos da empresa. Cada novo integrante da equipe, nos vários setores, deveria estar conectado com a missão da empresa de criar valores, construir confiança e entregar resultados. Sérgio Faina foi o primeiro regional oficial da Alta e completa 20 anos como gerente regional em Uberaba (MG). “Quem trabalha não precisa ter medo de desafios, desde que trabalhe de maneira honesta. Quando aceitei o desafio de trabalhar com a Alta, tinha total confiança no produto que estava oferecendo ao meu cliente. Tenho certeza de que o que fez toda a 42

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diferença em nosso crescimento e solidificação no mercado foram as pessoas que vestiram e que vestem a camisa da empresa. Somos um time, uma verdadeira equipe”, garante Faina. Além dos escritórios regionais, a Alta possui mais de 700 técnicos capacitados em campo, atendendo e levando soluções inteligentes para os clientes. “Para uma empresa se manter na liderança, oferecer o produto certo e, principalmente, de qualidade, é fundamental. Mas a Alta enxergou além. Buscamos a pessoa certa, com conhecimento de indicar o produto ideal para atingir os objetivos de cada cliente”, explica Heverardo.

“O segredo da Alta sempre foi identificar as melhores pessoas e trazê-las pra nós” A permanente formação técnica e profissional se tornou estratégia para que a Alta mantenha o crescimento sustentável.

Em 2015, foram realizados diversos treinamentos em cursos presenciais e a distância, totalizando 2,4 mil participantes. Tanto trabalho demandou reestruturações internas, como aumento de distritais, redivisões de áreas para atender as regiões e ampliação do departamento Administrativo. “Desde que a Alta começou a ganhar força e conquistar mais visibilidade no mercado, em 1996, todos os anos, havia a necessidade de reestruturar o estoque e as áreas que envolvem o administrativo, porque crescíamos muito”, conta o gerente de Faturamento e Estoque, Giovanni Araújo. A empresa que nasceu com 12 colaboradores, hoje, internamente, possui mais de 100, entre as áreas de coleta, central, laboratório, administrativo, comercial, comunicação, exportação e outros setores. Além da equipe interna, a Alta se preocupa também em capacitar outros profissionais do segmento de Inseminação Artificial (IA). São 17 cursos em todo o Brasil, totalizando 1,8 mil participantes.


Os jovens talentos Há vários anos, a Alta oferece oportunidade para jovens estudantes da rede de ensino de Uberaba e região se desenvolverem pessoal e profissionalmente. “A ideia é formarmos uma geração de jovens profissionais comprometidos com a missão, os valores e a visão de futuro da empresa”, pondera o idealizador do projeto, gerente distrital da Alta, Jorge Duarte.

“A ideia é formarmos uma geração de jovens profissionais comprometidos com a missão, os valores e a visão de futuro da empresa”

profissional e pessoal, a chance de ser conhecido e reconhecido pelo meu trabalho, no Brasil inteiro”, declara Rafael. O gerente de produto Corte Taurino, Miguel Abdalla, é outro case de sucesso do projeto. Entrou na Alta em 2012, como estagiário e, dois anos depois, mostrando sua competência, aceitou o desafio de assumir a pasta. “Trabalhar na Alta me trouxe não só reconhecimento profissional, mas também uma nova família. Aqui, aprendi que o segredo do sucesso é a união de toda uma equipe”, diz Miguel, também formado pela Universidade de Uberaba (Uniube).

ALTA NO MUNDO A Alta está presente em mais de 90 países e, atualmente, possui nove centrais de coleta no mundo: no Brasil, Estados Unidos, Canadá, Argentina, Holanda e China. É a única empresa multinacional com licença para produzir sêmen na China.

A Alta no Brasil Ao todo são 88 escritórios regionais que representam todos os estados e regiões brasileiras e mais de 700 técnicos distribuídos a campo, em regiões estratégicas, por todo país.

Rafael Oliveira é um bom exemplo de sucesso do projeto. Médico veterinário, formado pela Universidade de Uberaba (Uniube) e pós-graduado em Manejo de Pecuária e Gestão em Agronegócios pela Rehagro, iniciou sua carreira na Alta Genetics como Trainee, em 2008. No decorrer dos anos, foi técnico de Corte e gerente de Produtos das raças Brahman, Guzerá, Tabapuã e Indubrasil. Seu trabalho foi ganhando notoriedade no mercado, tanto que duplicou o market share das raças sob sua gerência. Hoje, Rafael é gerente de Produto para Corte Zebu, e, além das raças já atendidas, atua também nas raças Nelore e Nelore Mocho. “A Alta me deu, além de uma oportunidade de crescimento PECUÁRIA EM ALTA

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Novidades da Alta Há anos, a Alta firmou parceria com o Rehagro para elaborar treinamentos e cursos de capacitação aos técnicos. A empresa de formação profissional atua desenvolvendo pessoas no Agronegócio. Da parceria, surgiu um novo projeto. A criação de um programa informatizado, com foco na gestão do agronegócio: o Ideagri. O software engloba ainda a parceria com a LinkCom. O projeto gera informações rápidas e confiáveis aos clientes, fundamentais para a gestão e para o aumento da rentabilidade nas empresas rurais. Atualmente, o software está presente em 18 estados brasileiros, em mais de mil fazendas, e atinge três mil usuários. “O Ideagri auxilia no controle da pecuária de corte, leite e agricultura, levantando dados importantes tanto para a gestão econômica e financeira, quanto para a gestão zootécnica. Gerencia fluxo de caixa, planejamento orçamentário, estoque, produção animal,

KOEPON HOLDING Desde 1995, a Alta integra a Koepon Holding, uma das maiores organizações privadas de agricultura e agronegócios do mundo, com um rebanho holandês de cinco mil matrizes em produção. O trabalho realizado nas seis propriedades do grupo serviu de base para todas as outras atividades da

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reprodução, sanidade e muito mais. A operação do sistema é bastante simples. A geração de relatórios para o dia a dia e para a tomada de decisões é ponto forte do software e os índices gerados são confiáveis e efetivos”, salienta a diretora executiva do Ideagri, Heloise Duarte. A preocupação com a qualidade da gestão das propriedades rurais fomentou a elaboração de um novo produto: o Concepto IATF. O moderno programa de gestão possui específicos módulos operacionais e de análises para produzir números de maneira eficiente e auxiliar na gestão das fazendas e das empresas

que trabalham com Inseminação Artificial de Tempo Fixo (IATF). O Concepto IATF é uma sociedade do Ideagri e da Lageado, representande Alta na região de Mineiros (GO). A Alta também oferece vários programas e serviços, tanto para o leite, quanto para o corte.

organização, a Saskatoon Colostrum, maior fábrica de colostro em pó do mundo, a Valley Agri System, ela produz o Dairy Comp, o maior programa de gestão de pecuária leiteira do mundo e a Alta.

Peak Genétics: A empresa do grupo Koepon busca gerar, produzir e multiplicar genética através de famílias comprovadamente líderes da raça Holandesa. A empresa iniciou suas atividades em outubro de 2012. O principal objetivo é a produção de touros que se posicionem no topo da raça em potencial genético, suprindo assim a maior parte da demanda gerada pela Alta e seus clientes parceiros. “No início, o programa teve

Confira mais detalhes

De olho no futuro A Alta está sempre um passo à frente do mercado em busca de novas tecnologias para aumentar a produtividade e, principalmente, a rentabilidade do seu negócio. Conheça três novidades que prometem revolucionar a pecuária brasileira:


um alto grau de investimento em bezerras e novilhas, pinçadas entre o que de melhor existia na raça. Elas se tornaram doadoras e pela transferência de embrião produziram fêmeas e tourinhos de genética altamente confiável. Hoje em dia, Peak é um programa líder no mercado”, destaca o gerente de produto Leite Importado, Fábio Fogaça. Depois de produzir um número significativo de produtos originados dos embriões coletados e

ter atingido um número desejável de fêmeas e machos nascidos, o Peak tem condições de manter fêmeas para serem as futuras doadoras e também suprir o mercado global com a comercialização de embriões, bezerras e novilhas. O Peak também cobre as necessidades da Alta com touros suficientes, podendo ainda dispor de touros para outras empresas do ramo por meio de contrato firmado e investimento financeiro reinvestido no próprio projeto. Colostro em pó: Outra novidade para o mercado brasileiro é o fornecimento de colostro

CAMPEÃO DE VENDAS NA ALTA Você sabia que o touro que mais vendeu sêmen na história da Alta Brasil foi o Nelore Macuni do Salto? Em nove anos, já comercializou mais de 400 mil doses. Macuni está em plena produção na central.

ALTAEMBRYO O AltaEmbryo é um programa exclusivo para a venda de prenhezes originadas dos mais conceituados rebanhos comerciais do Brasil, acasaladas com touros com de excelente mérito genético.

em pó para a bezerra, logo

após o nascimento. “O uso oral do Colostro Bovino em Pó é indicado para bezerras recém-nascidas, em casos em que a quantidade de colostro materno seja inadequado para atender às necessidades de transferência passíveis ao bezerro. O colostro pode também ser usado após o primeiro dia de vida como um ingrediente complementar para a alimentação dos recém-nascidos”, explica Fábio. Essa deficiência alimentar trouxe para o Brasil outra empresa do grupo Koepon, a Saskatoon Colostrum Company Ltda (SCCL). Desde 1994, se dedica ao fornecimento de vários

produtos à base de colostro de vacas leiteiras. O sucesso é impulsionado por anos de pesquisa dos veterinários imunologistas da Western College of Veterinary Medicine, os quais continuam a liderar uma equipe de cientistas que criam os melhores produtos à base de colostro no mundo. “O colostro é testado para potência, pureza, segurança e eficácia, garantindo um produto final que atenda às mais altas especificações globais de controle de qualidade”, complementa Fogaça. A SCCL fabrica produtos à base de colostro para bezerros, cordeiros, cabritos, animais e pessoas. Atualmente, além do Brasil, distribui produtos para países como Canadá, Estados Unidos, México, Chile, Uruguai, Colômbia, Japão, Coreia, Tailândia e Israel. ConceptPlus Corte: Este projeto existe na Alta Estados Unidos há muitos anos com a raça Holandesa. Duzentas fazendas parceiras, com média de 1000 vacas cada, contribuem com o retorno de informações para a central. Após a coleta, os dados são expostos a um criterioso método bioestatístico para reconhecer e validar um índice de fertilidade por touro. PECUÁRIA EM ALTA

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No Brasil, o projeto começou há três anos e é conduzido em parceria com mais de 80 técnicos distribuídos por todo o país. São veterinários da equipe da Alta, autônomos e de fazendas parceiras que cedem suas informações de Inseminação Artificial de Tempo Fixo (IATF) para compor a base de dados do Concept Plus. Esta base de dados possui três fases de compilação e limpeza de dados inconsistentes, para só então se aplicar o modelo bioestatístico. “A metodologia aplicada visa isolar o efeito de concepção do touro dos outros efeitos que influenciam os resultados da IATF. É um modelo próximo ao ‘modelo touro’ de um teste de progênie convencional que, por comparação, excluímos os efeitos ambientais e geramos valores que

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CAPACIDADE Você sabia que o estoque de sêmen da Alta tem capacidade para armazenar seis milhões de doses?

representam um potencial de fertilidade de cada touro, como se fosse uma DEP”, explica o gerente de Programas Especiais, Manoel Sá Filho. Com os dados coletados, são comparados apenas dados de touros que estejam em uma mesma condição de uso,

ou seja, são excluídos os efeitos de inseminador, mês de inseminação, manejo nutricional, raça do touro, raça da matriz, ordem de parto, dentre outros. Assim, é possível analisar com mais clareza o chamado “efeito touro” nos resultados de IATF.


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EVENTOS

EXPOINEL MINEIRA MOSTRA FORÇA DO NELORE O Parque Fernando Costa em Uberaba (MG) recebeu a Expoinel Mineira, entre os dias 21 e 28 de fevereiro. O evento contou com cinco leilões, shoppings de vendas e campeonatos. “A Expoinel Mineira abre o ranking nacional de julgamentos. A cada ano, a feira se torna mais importante pelo número de animais inscritos e, principalmente, pela qualidade dos animais apresentados”, explicou o gerente de Produto Corte Zebu, Rafael Oliveira.

Foram expostos 841 animais, e mais de 70% deles possuem, no pedigree, a genética da Alta. Dos mais de 30 touros representados, destacaram-se os consagrados Basco, Bitelo e Guincho. “Tentamos identificar animais do tipo ideal moderno: raça com mais precocidade, mais fertilidade, mais funcionalidade. São eles os futuros animais melhoradores e formadores da base do plantel nacional”, enfatizou um dos jurados oficiais

da feira, Rafael Mazão. Outro touro de destaque na Expoinel Mineira foi Brado, um macho indicado para produção de bezerros pesados, com alto valor agregado e animais de pista. O touro Herói também vale a pena porque transmite, à sua progênie, volume de musculatura e caracterização racial. Já Donato, um dos principais raçadores produzidos pela Naviraí, é indicado pelo equilíbrio e peso repassado a seus filhos.

Bitelo da SS Filho: Paganini FIV do Mura - Campeão Júnior Maior Filho: Objuan FIV do Mura - Campeão Touro Sênior Filha: Phalma FIV do Mura - Reservada Novilha Maior Filho: Objuan FIV do Mura - Reservado Grande Campeão Filho: Olgivy FIV do Mura - Reservado Touro Sênior Filho: Poseidon FIV do Mura - Reservado Júnior Menor Filha: Khyarah FIV Vila Real - Campeã Fêmea Jovem Campeão Progênie Jovem de Pai

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Basco de Naviraí Filha: Uruguaiana na Guardalupe - Reservada Grande Campeã Filha: Veneza FIV Gibertoni - Campeã Novilha Menor Filho: Talento FIV do Bony - Campeão Touro Jovem Filho: Spartak Colorado - Campeão Bezerro Jovem Filho: Fortdodge FIV HPV - Campeão Júnior Menor Filho: Masquio IDM - Campeão Bezerro Filha: Melopeia FIV Ggol - Grande Campeã

Heróico TE Naviraí

Donato de Naviraí

Jeru FIV do Brumado

Filho: Shareef FIV Vila Real Reservado Bezerro

Filha: Germanya FIV HPV Campeã Bezerra

Filha: Igrida Santa Cruz Reservada Fêmea Jovem

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EVENTOS

CURSO NOVOS ENFOQUES COMPLETA 20 ANOS SANIDADE E MANEJO EM BOVINOS DE CORTE E LEITEIROS ESTIVERAM EM PAUTA

A 20ª edição do curso Novos Enfoques na Produção e Reprodução de Bovinos mostrou como a pecuária brasileira vem evoluindo ano após ano. Organizado pela Consultoria Agropecuária Júnior (Conapec Jr), da Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho (Unesp), o curso reuniu, em Uberlândia, (MG), médicos veterinários, técnicos, estudantes, empresas e interessados em uma série de palestras nacionais e internacionais que abordaram o tema Sanidade e Manejo. “A gente faz o evento visando mostrar que existem diferentes realidades e diferentes caminhos. Cada caminho nos leva a 50

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um lugar. A pessoa pensa: ‘Lá em casa eu não consigo fazer dessa forma, mas sei que é im-

“Com esse estudo, vamos levar muito mais confiança para os rebanhos brasileiros, garantindo o tipo de produção que os pecuaristas terão” portante’. Então, aqui, a gente tenta dar o pontapé para que a

pessoa reflita: ‘Vi, gostei, existe e alguém conseguiu; ou seja, se eu quiser, eu também posso’”, explicou o coordenador do evento, José Luiz Vasconcelos, conhecido como Zequinha. Foram 23 palestras segmentadas entre leite e corte, além de mesas-redondas e apresentação de casos nacionais, sempre com assuntos atuais, que abordam situações pertinentes ao dia a dia dos pecuaristas brasileiros. “A palavra-chave do curso desse ano foi precocidade. Pensando na realidade atual, trazemos nossas novilhas Nelore para entrar em reprodução aos 12, 13 meses de idade. Esta realidade tem se tornado cada vez mais presente nas propriedades brasileiras”, afirmou o gerente de Programas Especiais da Alta, Manoel Sá Filho. Ainda sobre o tema precocidade, o pesquisador brasileiro João Vendramini, da Universidade da Flórida, juntamente com John Arthington, falou sobre os impactos da desmama precoce para a fêmea e o bezerro, além de incluir o manejo de bezerros em sua palestra. Segundo eles, a desmama precoce é uma prática de manejo para aumentar a condição corporal de vacas de primeira cria (ou vacas em condições de restrição alimentar) e também para aumentar a taxa de prenhez. Além disso, o desmame


precoce pode diminuir a taxa e a lotação em períodos de falta de forragem. Em relação ao manejo de bezerros, a desmama precoce deve ser baseada na disponibilidade de manter o animal na propriedade, no custo do concentrado e, principalmente, no preço do bezerro no mercado. Outro ponto de destaque sobre o setor de corte foi a abordagem da intensificação do sistema de cria, com palestras sobre benefício econômico, além de diversas estratégias nutricionais e sanitárias para a implantação do sistema. Pertinentes ao leite, importantes assuntos foram abordados, como conforto animal e seu reflexo nos sistemas produtivos e reprodutivos, estratégias nutricionais para aumentar a eficiência reprodutiva, manejo de vacas no pré-parto e controle de doenças, dentre outros. Outra questão bastante discutida nas duas aéreas, tanto no leite quanto no corte, foi a seleção genômica. Bastante evoluída nas raças importadas, a genômica começa a ganhar evidência nas raças Girolando e Nelore. Segundo o pesquisador de Gado de Leite, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Marcos Vinicius Barbosa, a genômica escreve um novo capítulo na raça Girolando. “A raça tem muito a ganhar com o mapeamento genético dos animais. Com esse estudo, vamos levar muito mais confiança para os rebanhos brasileiros, garantindo o tipo de produção que os pecuaristas terão”, enfatizou. Referindo-se ao corte, o palestrante Jason Osterstock, da

Zoetis, falou sobre a utilização da genômica na seleção genética em animais Nelore puros e rebanhos comerciais. “A ciência tem evoluído bastante na identificação de animais superiores, mas, mais importante do que isso, é o pecuarista atentar-se à acurácia dos animais e entender como usar esses dados”, alertou. A equipe da Alta esteve presente durante os dois dias, para atender os participantes e apresentar o portfólio da empresa. “A Alta é a parceira exclusiva do

segmento de genética. Para nós e para os nossos clientes é muito importante. Aqui, conseguimos adquirir importantes informações e filtrar o que é adequado para cada cliente”, finalizou Manoel. Comemoração Após o encerramento do curso, todos os participantes foram convidados para comemorar, juntamente com a organização, os 20 anos de existência do curso.

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RAÇAS

OS CAMINHOS PARA SE FAZER UM TOURO GIR LEITEIRO MELHORADOR Por Guilherme Marquez, gerente de Leite Nacional da Alta racterística. A ABCZ fez isso com muita competência, desde o seu início e, hoje, contabiliza milhões de animais registrados, criando um banco de informações de pedigree de muita riqueza. Após esses primeiros passos, a raça Gir Leiteiro e a raça Gu-

Lembro-me muito bem da minha infância. Conversando com o meu avô, “Seu Laerte”, e vendo o touro “Indianinho”, escutei dele que é muito mais fácil fazer 100 vacas boas do que um touro melhorador. Hoje, depois de tantos anos trabalhando com genética de zebuínos e seus cruzamentos, enxergo claramente o que ele queria dizer. Fazer um touro melhorador é muito difícil, visto que genética não é uma soma exata, e sim uma ciência com muitas probabilidades. Probabilidades que podem ser mensuradas a partir da quantidade de informações que cada raça possui. Neste texto, falaremos sobre a raça Gir Leiteiro. Muita coisa mudou em rela52

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ção à quantidade e à qualidade de informação. Houve, em 1919, a criação do Herd Book Zebu (HBZ). Em 1929, a mudança de HBZ para Sociedade Rural do Triângulo Mineiro e, mais tarde, para Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Investiram numa força-tarefa a fim qualificar os animais zebuínos para as demandas do mercado. Um dos primeiros passos foi a avaliação racial de cada animal, bem como a sua identificação pelo registro genealógico. Parece bem simples nos dias de hoje, mas conhecer a genealogia do rebanho é saber a procedência de um animal e, mais importante ainda, é compreender de onde vem cada ca-

“Como primeiro passo, devemos eleger quais são as características que desejamos melhorar no rebanho” zerá Leiteiro começaram a ter os seus controles oficiais de produção de leite. Essa ação pode verificar o desempenho de cada animal e compará-los com os demais do rebanho. Para se ter uma ideia, a Revista Zebu registrou, em 1967, a produção da vaca Nutrolac, de propriedade de Torres Lincoln Prata Cunha, da Chácara Sundanagar, que, em apenas um dia (duas ordenhas), produziu 16,80 quilos de leite, no primeiro controle. O controle de produção de leite deu início a um grande passo na consolidação do Gir Leiteiro


em nosso país, bem como no resto do mundo. Em 1980, um grupo de criadores e selecionadores do Gir Leiteiro iniciou uma nova caminhada junto à ABCZ, criando a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL). A ideia inicial era diferenciar os animais não somente pelas características raciais, mas pelas características de produção. Em 1985, teve início o Teste de Progênie da Raça que, posteriormente, foi intitulado Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro, sob o comando da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da ABCGIL. O objetivo principal foi promover o melhoramento genético da raça Gir Leiteiro, por meio da identificação e da seleção de touros geneticamente superiores para as características de produção (leite, gordura, proteína e sólidos totais), de conformação e de manejo, bem como proceder à avaliação genética dos animais de todos os rebanhos participantes. De 1985 até os dias atuais, 23 grupos foram divulgados e 316 touros, avaliados. Informações relacionadas à Habilidade Provável de Transmissão (PTA), de diversas características de conformação, produção de leite, gordura e, ainda, informações de manejo estão disponíveis. Hoje, filhas de touros Gir Leiteiro possuem uma média de produção oficial de 3.600 kg de leite, em 305 dias, ou seja, representa mais de três vezes a média nacional, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2014. Então, podemos fazer a per-

gunta final: como faço um touro melhorador? Bom, o termo melhorador se refere a alguma ou a várias características que queremos melhorar. Por isso, como primeiro passo, devemos eleger quais são as características que desejamos melhorar no rebanho. Podem ser características de produção (como o leite, gordura), de conformação (pernas e pés, sistema mamário, estrutura e etc.) ou de manejo (temperamento, facilidade de ordenha). Com essa escolha bem definida, passamos para o nosso segundo momento.

“O termo melhorador se refere a alguma ou a várias características que queremos melhorar” O segundo momento é aquele em que vamos conhecer nossas vacas. Quais são as melhores vacas do meu rebanho e que possuem as qualidades que estou procurando? Na produção, precisamos de mensurações, por isso, a importância do controle leiteiro. Na conformação, podemos utilizar o sistema de mensuração morfológica, em que cada característica possui a pontuação ideal. Para manejo, precisamos também de pontuar os animais para temperamento, tempo de reação ao estímulo humano e também para a facilidade de ordenha, em que o tempo de ordenha é o que manda. Após essas análises, teremos

o ranqueamento dos animais que possuem as melhores pontuações. Assim, achamos as nossas vacas no rebanho. Podemos fazer a análise de famílias, buscando aquelas que possuem mais informação em relação aos seus objetivos. Deste modo, temos um ótimo começo para o trabalho de selecionar as doadoras, que se tornarão mães de touros. Se tivermos informação de descendentes, melhor ainda: todos os dados serão incluídos em nossa planilha de seleção. Passamos à escolha do reprodutor para este projeto. A partir das informações disponibilizadas pela ABCGIL e pela ABCZ, você pode traçar o seu acasalamento, levando em conta a consanguinidade até 7%. Outros fatores como pigmentação e pico de produção podem ser avaliados também. Realizado este passo a passo, é esperar que as probabilidades possam ser maiores para o seu objetivo. É... fazer um touro melhorador não era fácil no tempo do “Vô Laerte”. Continua difícil nos tempos de hoje, mas, com certeza, contamos com inúmeras informações que podem nos fornecer, cada vez mais, um norte mais certeiro e mais real do que no passado.

Guilherme Marquez, gerente de Produto Leite Nacional Especialista em Pecuária de Leite e em Gestão de Agronegócios pela Reagro, Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) e pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). Possui também MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). É jurado auxiliar da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando

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CASOS DE SUCESSO

GENÉTICA DE SUCESSO Nesta edição, apresentamos quatro parceiros de sucesso da Alta. A Fazenda Posto Branco, sediada no Rio Grande do Sul, aposta na integração lavoura / pecuária para o aumento da produtividade. A Fazenda São Luiz, localizada no coração da

bacia leiteira de Alagoas, produz leite, há 55 anos, investindo em genética. Você também vai conhecer a história da Rodrigues Furtado Agropecuária, com seu portfólio de grandes campeões em pista da raça Nelore. E, para encerrar, a Fazen-

da Vale da Pedra, localizada no município de Jataí, sudoeste do estado de Goiás, que investe na produção de leite há 35 anos e, atualmente, possui um rebanho de aproximadamente 450 vacas em lactação, com produção média de 13.500 litros/dia.

FAZENDA POSTO BRANCO INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA GARANTE O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE

David de Leon Batista e Mário Cézar Dias Onófrio

Empresário do agronegócio, com formação em Engenharia Mecânica, Mário Cézar Dias Onófrio, tem como atividade principal a agricultura no cultivo de soja. O projeto consiste em Integração Lavoura Pecuária (ILP) e tem como base a cria em campo nativo, recria e engorda, em pastagens de azevém, após a soja, no período de inverno, com as raças Angus, Brangus, em base de rebanho oriundo de Charolês. Nas duas últimas estações de Inseminação Artificial (IA), foi utilizada uma parte com um experimento com Wagyu, 54

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por sugestão do próprio cliente. Desde 2014, houve um investimento para o crescimento do rebanho de cria, sendo adquiridas muitas fêmeas de diversas origens, mas sempre buscando padronização em vermelhas, pretas e algumas braford. Foi adquirido também um rebanho CA Angus (puro controlado), com a finalidade de produção dos próprios touros para utilização nas três fazendas do grupo. Todo o rebanho comercial e CA servido 100% Inseminação Artificial de Tempo Fixo (IATF) mais ressincro mais touro.

O rebanho é hoje 100% Alta. Os principais touros utilizados são Teniente, Pandero, Aljibe, Earnan, Mulato, Touareg, Vermelho 27, Bagisa e Búlgaro. No segmento da pecuária regional, David de Leon Batista oferece, há seis anos, suporte nas fazendas, orientação nos touros a serem utilizados, controle de inventário dos rebanhos e, em alguns casos, auxilia o proprietário em negociações com fornecedores de produtos veterinários, principalmente parasitários e em protocolos de IATF. Os serviços de reprodução das fazendas ficam a cargo do médico veterinário Gilson Pessoa, integrante da equipe da Regional Santa Maria. Ele é responsável pela definição dos protocolos, alcançando excepcionais índices de prenhez, por meio de um rigoroso controle zootécnico. Os números em IATF estão sempre acima da média, com vários lotes que chegam a 62% de prenhez. Para 2016, avalia-se se as novilhas entrarão em protocolo ou se será definida uma nova estratégia para essa categoria.


Touros destaques

Vermelho 27

São trabalhadas 1.400 matrizes, desmamadas aos 7/8 meses, com peso médio de 180kg a 220kg, nos lotes de machos e fêmeas. O principal destaque é o touro Brangus Mulato, da bateria da Alta, com excepcionais índices de prenhez e animais diferenciados em padronização e em ganho de peso. “A busca pelo apoio da Regional da Alta no projeto é o diferencial. É uma equipe técnica, extremamente capacitada, não sendo necessário que a fazenda se preocupe com o pessoal para fazer o serviço na mangueira, garantindo essa qualidade, confiança e profissionalismo ao cliente, na hora da contratação”, pondera Mário. O objetivo é buscar a excelência nos resultados, padronização racial, concentração da estação de monta para contribuir com terneiros pesados, fêmeas eficientes reprodutivamente, aumentando as taxas de desfrute com animais geneticamente superiores e diferenciados no mercado.

Earnan

Sobre a Regional A regional Santa Maria, hoje gerenciada por David de Leon Batista, atua em 31 municípios, com raio de atuação de 200 quilômetros. O corpo técnico e comercial é composto por 12 profissionais, a maioria médicos veterinários, com larga experiência em reprodução. Além da prestação de serviço em Inseminação Artificial (IA), Inseminação Artificial de Tempo Fixo (IATF) e Reprodução, os profissionais orientam sobre os touros mais adequados ao sistema de produção de cada fazenda. O telefone para contato é (55) 3025-1325.

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CASOS DE SUCESSO

FAZENDA SÃO LUIZ 55 ANOS DE INVESTIMENTO EM GENÉTICA Filho de Mair Amaral, um dos nomes que ficou registrado na história da pecuária de leite brasileira, Paulo Amaral iniciou suas atividades no ramo há 55 anos. Seu pai deixou em suas mãos a responsabilidade de gerenciar uma de suas fazendas, a São Luiz, localizada no coração da Bacia Leiteira de Alagoas. Em 1962, Paulo encontrou apenas 12 vacas de leite, com a produção de 180 litros de leite por dia, e 500 hectares de terra, onde iniciou a plantação de palma e, anos depois, o trabalho com silagem de milho. Em dois anos, alcançou a primeira conquista: foi escolhido, pelo então governador de Pernambuco, Paulo Guerra, para fornecer tourinhos para o programa Vaca na Corda, voltado para auxílio ao pequeno produtor. A aposta na genética continuou gerando bons resultados e, em 1970, nasceu, na Fazenda São Luiz, o segundo animal fruto de Inseminação Artificial do estado de Alagoas. Hoje, Paulo possui, no rebanho, animais “por aproximação de graus de sangue” 1/2GO, 3/4GO e 7/8GO. Com a ampliação do rebanho

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PECUÁRIA EM ALTA

e com o crescimento da produção de palma, o produtor, aos poucos, aumentou a extensão territorial da fazenda, que hoje soma 1.400 hectares. O aumento na produção de leite também trouxe a necessidade de otimizar o trabalho. Há 16 anos, a fazenda São Luiz produz leite por meio de ordenha automatizada. O empreendedor, na década de 1980, deu início às atividades na Fazenda Lagoa da Jurema, localizada no município de Major Isidoro, onde cria o rebanho 1/2 sangue, base para formar o gado 3/4 e 7/8. Atualmente, também utiliza a terceira fazenda, a Barro Preto, como base para recria do rebanho. Manejo dos animais Na fazenda São Luiz, encontram-se as vacas 3/4GO e 7/8GO. São 300 vacas em lactação, ordenhadas duas vezes por dia, com produção total de 5.490 Kg de leite, %G 3,47, %P 3,21 e contagem de células brancas (CCS) de 387. Após as ordenhas, recebem o trato composto de silagem de sorgo, cevada e concentrado, composto de farelo de soja, farelo de trigo, milho moído e minerais. Os animais também têm acesso à palma forrageira e a gramíneas fenadas. Os animais em produção estão divididos em sete lotes. Além dos animais em produção, a fazenda São Luiz possui 80 vacas secas, enviadas para o pré-parto 30 dias antes da previsão do parto, 83 novilhas gestantes, 77 inseminadas, 50 aptas

vazias e 110 garrotas. A fazenda utiliza o software Idehagri para monitorar os números zootécnicos e financeiros da fazenda. Em relação aos números reprodutivos dos últimos 12 meses, a propriedade apresenta 13 meses de intervalo entre partos (IEP), taxa de serviço de 48,50%, taxa de concepção de 37,72% e taxa de prenhez de 18,30%. O plano genético utilizado na São Luiz compõe-se de produção 30%, saúde 50% e conformação 20%. Os touros utilizados, nos últimos 30 meses, são: AltaSuperb, AltaTitleist, AltaGeddy, AltaPlano, AltaMeteor, AltaLaval, GL-Facho, GL-Gabinete, GL-Jubileu, GO-Vilão, GO-Impacto, GO-Imperador e GO-Pierro. Na fazenda Lagoa da Jurema, encontram-se as vacas 1/2GO. No total, 260 vacas estão em lactação, sendo ordenhadas duas vezes por dia, com produção de 4.368 Kg, %G 3,69, %P 3,17 e CCS de 695. Os animais também recebem trato após as ordenhas, composto de silagem de sorgo, cevada e concentrado, composto de farelo de soja, farelo de trigo, milho moído e minerais, além de ter acesso à palma forrageira e a gramíneas fenadas no próprio cercado. Atualmente, os animais em produção estão divididos em cinco lotes. Além das vacas em lactação, são manejadas na Lagoa da Jurema 60 vacas secas, 31 novilhas gestantes, oito inseminadas, 30 aptas vazias e 133 garrotas. A fazenda, a exemplo da São


Touros destaques

O técnico de Leite da Alta, Mário Jorge Silva Magalhães, com a família Amaral, na Fazenda São Luiz

Luiz, também utiliza o software Idehagri para monitorar os índices zootécnicos e financeiros. Em relação aos números reprodutivos dos últimos 12 meses, a propriedade apresenta 12,9 meses de IEP, taxa de serviço 43,20%, taxa de concepção 47,70% e taxa de prenhez de 20,60%. O plano genético utilizado na Lagoa da Jurema compõe-se de produção 20%, saúde 30% e conformação 50%. Os touros utilizados nos últimos 30 meses são AltaNatural, AltaCarnival, AltaBuckaroo, AltaClooney, AltaHaley e AltaJake.

AltaHaley

Cria de bezerras Uma das áreas que mais prendem atenção dos visitantes quando vão à fazenda São Luiz é a cria das bezerras, ou seja, do nascimento aos 210 dias de idade. Basicamente, essa etapa é dividida em três fases. Na primeira fase, em bezerreiro tropical, as bezerras recebem seis litros de leite mais concentrado, até os 40 dias de vida. Posteriormente, recebem quatro litros de leite mais concentrado, dos 40 dias de vida até atingirem os 100 Kg. Já na segunda fase, de 100 Kg a 200 Kg, são 2,00 Kg de concentrado mais volumoso à vontade. Na terceira fase, de 200 Kg a 210 dias de vida, são tratadas com 2,00 Kg de concentrado mais volumoso à vontade, com acesso ao pastejo também. Hoje, além de figurar como um dos 100 maiores produtores de leite do Brasil no ranking da Milk Point, Paulo Amaral é o maior produtor de Alagoas, com uma produção diária que ultrapassa os 10.000 litros de leite.

AltaJake

Sobre a Regional A Consult Rural, regional Alta Maceió, juntamente com a empresa Plantel – Planejamento Técnico atendem todo o estado de Alagoas. A equipe é composta pelo regional José Joaquim Sacramento, além de uma equipe de mais 15 vendedores entre médicos veterinários e zootecnistas capacitados para atender rebanhos de corte e de leite. Desde 2013, a regional é atendida pelo técnico de leite Mário Jorge Magalhães, membro do departamento técnico da Alta Brasil. O telefone para contato é (82) 3341-0025.

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CASOS DE SUCESSO

RODRIGUES FURTADO AGROPECUÁRIA UMA HISTÓRIA PRODUTORA DE CAMPEÕES A Rodrigues Furtado Agropecuária (RFA), dos proprietários José Antônio Furtado e Antônio Carlos Rodrigues, está situada no município de Itapetininga (SP). Nasceu há 45 anos. Filhos de sitiantes, os proprietários são criados no campo e aprenderam desde cedo o trabalho. Começaram a vida como agricultores, cultivando batata, milho e feijão. Apesar do empenho, tiveram um começo muito difícil, mas com trabalho e dedicação conseguiram vencer. O tempo passou e ampliaram as culturas, incluindo trigo e soja. No ano de 2000, deram início à criação de gado Nelore, com 72 matrizes oriundas dos criatórios das seleções Mata Velha, JM, OT, Carpa Sabiá, VR e Lemgruber. Com o novo desafio, a empresa buscou o melhor na pecuária nacional em manejo, genética e tecnologia.

Conheceram Benedito Ferreira, chamado de Seu Bê, uma das pessoas mais importantes para o crescimento da atividade na Rodrigues Furtado Agropecuária. “Seu Bê

“Seu Bê foi quem nos orientou em tudo. Não é à toa que é conhecido no meio do Nelore como o homem simples, de olho santo” foi quem nos orientou em tudo, desde o nascimento dos bezerros até a escolha das matrizes e reprodutores. Não é à toa que é conhecido no meio do Nelore como o homem simples, de olho santo”, contou José Antônio Furtado.

Os irmãos e proprietários da RFA, José Antônio Furtado e Antônio Furtado

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A Rodrigues Furtado Agropecuária já produziu grandes animais reconhecidos nacionalmente, como Carisma TE da RFA, Ganaxa FIV da RFA, Euforia TE da RFA, Jatiuca FIV da RFA, Mirra FIV da RFA, Okaban FIV da RFA, Nativa FIV da RFA, Hípica FIV da RFA, Raridade FIV da RFA, Nurca FIV da RFA, todos campeões em Uberaba (MG). Atualmente, possuem 350 matrizes PO, fazem 350 prenhezes de fecundação in vitro (FIV) por ano e também participam do Programa de Melhoramento Genético das Raças Zebuínas (PMGZ). Reprodutor destaque Em 2009, nasceu o melhor reprodutor nascido da Rodrigues Furtado Agropecuária: o touro Lastro FIV da RFA, um filho do Rambo da MN na Teruska 18 da JGAL (Enlevo da Morung x Jocaira da J. Galera). Lastro foi escolhido, durante a Expogenética de 2011, o melhor touro do Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens (PNAT), da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e, naquele mesmo ano, foi contratado pela Alta. O reprodutor está entre os destaques na venda de sêmen da bateria da Alta, não só no Brasil, mas em países como Bolívia, Paraguai, Colômbia e Venezuela. Lastro é um touro que transmite musculatura, uniformida-


Touros destaques

Lastro FIV da RFA

Brado S. Marina

Sobre a Regional A regional Itapetininga, hoje gerenciada por Márcio Delfino, conta com uma região bem diversificada, com rebanhos de corte e leite. Atua junto ao cliente sempre com as melhores opções, em busca dos resultados para maior lucro final. O telefone para contato é (15) 9 9716-4014.

“Trabalhar com a Alta é muito prazeroso. Além de ser uma central ímpar, tem uma equipe extremamente conhecedora no que faz” de, peso, habilidade materna, beleza racial e ótima avaliação genética, sendo usado em toda cadeia da raça Nelore (pista, prova e campo). Destaca-se na produção e na formação de rebanho de animais a campo e elite, bezerros de corte e produção de tourinhos a campo. Um grande exemplo do sucesso de lastro é seu filho, Provador da RFA, escolhido PNAT 2015. Com o reconhecimento, Lastro tornou-se o primeiro touro PNAT a produzir um filho PNAT no Brasil. “Esse foi um grande orgulho para a nossa seleção. Só poderíamos alcançar esse resultado graças à parceria com a Alta, empresa líder na venda de genética bovina do país”, afirmou José Antônio. Segundo ele, a pecuária passa um momento muito bom, em que o agronegócio sustentará o Brasil nos próximos anos. “É o reflexo da procura cada vez maior por genética de qualidade. Trabalhar com a Alta é muito prazeroso. Além de ser uma central ímpar, tem uma equipe maravilhosa, competente, responsável, dedicada e extremamente conhecedora no que faz”, finalizou. PECUÁRIA EM ALTA

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CASOS DE SUCESSO

FAZENDA VALE DA PEDRA UTILIZAÇÃO DE TOUROS JOVENS PRODUZ GENÉTICA SUPERIOR

Localizada no município de Jataí, sudoeste do estado de Goiás, a Fazenda Vale da Pedra investe na produção de leite há 35 anos. Atualmente, possui um rebanho de aproximadamente 450 vacas em lactação, com produção média de 13.500 litros/dia. Foi considerada, em 2015, a quinta maior fazenda produtora de leite do sul de Goiás e, consequentemente, a maior do estado. De propriedade de Karla e Ronaldo Peres Carvalho, a fazenda é administrada pelas filhas Brunna e Nayanna. A parceria com a regional da Alta, em Mineiros (GO), com a empresa Lageado Biotecnologia e Pecuária, tem mais de dez anos. “O dinamismo, o trabalho duro, a seriedade e o companheirismo da família Peres Carvalho tornaram estes dez anos de parceria um sucesso. Temos uma relação de respeito e amizade”, afirmou o veterinário da Lageado, Edmundo Vilela. A fazenda adota como estra60

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tégia reprodutiva a concentração de partos das matrizes na seca/ inverno. O objetivo é concentrar as parições nas épocas do ano em que os efeitos negativos do verão, tanto produtivo quanto reprodutivo, são menores. Isso permite maior produção de leite/vaca/lactação e, também,

“Realmente, é um rebanho à frente do seu tempo” manter surpreendentemente altos os índices de concepção à inseminação. No ano passado, a média foi de 38,0%. Esta estratégia garante melhores preços pagos pelo leite e o aumento da receita da fazenda. O u t r o método reprodutivo implantado pela Lageado é a rotina de manejo reprodutivo a cada 14 dias e o uso intensivo da Inseminação Artificial de Tempo Fixo (IATF). A fazenda garante índices médios de 55% de taxa de

serviço ao ano, o que aumenta a taxa de prenhez. A rotina reprodutiva consiste na realização de diagnóstico de gestação precoce, com ultrassonografia, diagnóstico confirmatório e diagnóstico de liberação para secagem. “De nada adianta oferecer ambiente e nutrição de qualidade se a genética das matrizes não tem capacidade de responder a esta evolução”, enfatizou o veterinário Alaor Júnior, da Lageado. A Lageado, juntamente com os proprietários da Vale da Pedra e o zootecnista da fazenda, Alexandre Scarpa, decidiu utilizar touros genômicos e participar do programa Alta Advantage. O programa permite a utilização de touros jovens e de genética superior, assegurando que o rebanho da Vale da Pedra se diferencie no mercado. O foco foi selecionar animais com provas fortes em saúde - para aumentar a longevidade das vacas, produção e conformação. Os técnicos da Alta visitam periodicamente a propriedade para realizar a avaliação linear e morfológica e o acasalamento pelo software AltaMate. A qualidade genética (tipo, fertilidade e produção das matrizes) é um dos pontos que mais chamam a atenção dos técnicos. “Realmente, é um rebanho à frente do seu tempo”, relata o zootecnista Getúlio Carvalho, da Alta/Lageado. Nas novilhas, a fazenda só utiliza sêmen sexado (inseminação convencional, com estratégias


que otimizam a observação de cio), garantindo maior percentagem de nascimento de fêmeas. O resultado de taxa de concepção médio, no ano passado, foi de 47%. “Garantimos que mais de 85% dos partos das novilhas seja de bezerras, o que contribui demais para o crescimento do rebanho. Aproximadamente 30% dos partos da fazenda são de primíparas, com isso, conseguimos rapidamente aumentar o rebanho e aumentar a pressão de seleção, acelerando a evolução genética do rebanho”, ponderou Getúlio. Outro fator que tem contribuído muito para o sucesso reprodutivo da fazenda é a utilização de touros Concept Plus. Recentemente, a fazenda testa novas formas de aumento da utilização de sêmen sexado nas vacas em lactação, bem como a produção de embriões de FIV sexados de fêmea e embriões convencionais. Com relação ao manejo, as novilhas são mantidas em confinamento no inverno e, na época do verão, recebem suplementação, em piquetes rotacionados. Após o parto, todas as matrizes são transferidas para o barracão do confinamento Compost de Barn. Busca-se o primeiro parto aos 24 meses e o intervalo reduzido entre partos das matrizes em lactação. O índice de dias de lactação (DEL) médio do rebanho varia ao longo do ano devido à estratégia de concentração de partos no inverno. Este ano, o DEL médio do rebanho nos meses de inverno deverá ser de 130 dias. O recente investimento em conforto, a qualidade nutricional, o bom manejo reprodutivo e o potencial genético das vacas deverão permitir que a média de 30 litros de leite/matriz/dia chegue a 35 litros, ainda neste ano. “Estamos num processo de adequação das instalações e de crescimento”, ressaltou Ronaldo Peres, salientando que a empresa pretende, em breve, iniciar a construção de mais um barracão para um novo Compost de Barn com capacidade de mais 300 vacas em lactação. A meta é, nos próximos anos, atingir a produção de 25 mil litros de leite/dia.

Touros destaques

AltaFlex

AltaSousa

Sobre a Regional A Lageado é regional da Alta na cidade de Mineiros (GO), desde 2006. É reconhecida na região pela qualidade técnica dos profissionais. Atualmente, a equipe é formada por médicos veterinários, zootecnistas, inseminadores e colaboradores do administrativo. O telefone para contato é (64) 3661-7902.

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ENTREVISTA

FERNANDO PENTEADO CARDOSO UMA VIDA DEDICADA AO AGRONEGÓCIO Nascido19 de setembro de 1914, na cidade de São Paulo, Fernando Penteado Cardoso é um importante nome da agropecuária brasileira. Engenheiro Agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), foi fundador da empresa de adubos MANAH. Hoje, com 102 anos, acumula inúmeras homenagens e prêmios por suas atividades relacionadas ao desenvolvimento da agricultura e da pecuária. Criador da linhagem Nelore Lemgruber, já foi diretor e presidente da Federação das Associações Rurais do Estado de São Paulo, Secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, delegado da Agricultura junto ao Conselho Interamericano da Produção e Comércio (Chicago/EUA), membro do Conselho e diretor da Fundação Santa Cruz (São Paulo/SP). Um homem realizado. Viúvo, é pai de seis filhos, tem 20 netos e 34 bisnetos. Entre altos e baixos, qual é o seu balanço da pecuária brasileira? A raça Nelore ganhou grande impulso por se adaptar ao regime de escassez periódica de forra62

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gem nas grandes pastagens naturais, das terras fracas de campos e de cerrados. A disponibilidade forrageira aumentou muito nos anos 1970 pela abertura dos cerrados fechados, com plantio de arroz por 2 ou 3 anos e semeadura de braquiárias, quando as ervas daninhas infestavam as cul-

“Durante 40 anos, o programa de melhoramento do Nelore Lemgruber seguiu três pontos principais: bom ganho de peso a pasto, bom temperamento e alta fertilidade” turas. Por anos seguidos, criava-se no cerrado do Brasil Central. Os bois de três anos suportavam longas caminhadas até as invernadas de capim jaraguá e colonião, formadas em terras férteis de São Paulo e Estados vizinhos. A pecuária de corte evoluiu dentro desse quadro forrageiro e, sem dúvida, houve uma pressão de seleção e progresso genético,

apesar do ambiente de cocheira e de forragem farta de alguns rebanhos de seleção. O que o motivou a selecionar o Nelore e por que a linhagem Lemgruber? No final dos anos 1960, a Manah iniciou projeto pecuário no Sul do Pará para se beneficiar dos incentivos fiscais vigentes na época. Optamos pela raça Nelore em face da tendência, então confirmada por aconselhamento do amigo Sebastião de Almeida Prado (Nhonhô). Fundamos assim a Fazenda Sussuapara, em Santana do Araguaia, no Pará. Iniciamos outro projeto de reflorestamento igualmente pelos incentivos fiscais. Assim, plantamos eucalipto na Fazenda Mundo Novo, em Brotas (SP), onde iniciamos simultaneamente a produção de tourinhos, com vistas ao rebanho do Pará. Adquirimos matrizes em criatórios de vários Estados e compramos um grande estoque de sêmen do touro Chummak, top de linha nos anos 1970. Por orientação do agrônomo Fausto Pereira Lima, fomos conhecer o rebanho Nelore do criador Geraldo de Paula, em Curvelo (MG). Adquirimos do


senhor Geraldo o touro Mistério. Comparamos, então, os bezerros desses dois touros e nos impressionamos com os bezerros filhos do reprodutor Mistério, cuja linhagem provinha das importações pioneira da raça Ongole, embarcadas no porto de Nelore na Índia, por Manoel Lemgruber, em 1878. Daí em diante, nos dedicamos, com entusiasmo e confiança, à linhagem ligada às importações iniciais dessa raça. Trabalho persistente por quase 40 anos, ora reconhecido por grande número de criadores. Qual a maior contribuição da linhagem Lemgruber para os rebanhos PO e comerciais? Sem dúvida, o sistema de melhoramento adaptado às condições predominantes do criatório nacional, seja na produção a campo, seja nas condições forrageiras e climáticas que prevalecem no país. Durante 40 anos, o programa de melhoramento do Nelore Lemgruber seguiu três pontos principais. O primeiro é o bom ganho de peso a pasto. Machos e fêmeas de baixo desempenho são descartados. A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) oficializou a metodologia semelhante à adotada desde o início das provas de ganho de peso a pasto. O segundo é o bom temperamento, com descarte dos animais muito agitados e rebeldes. Desenvolvemos metodologia própria de classificação em cinco graus de temperamento, sempre descartando os animais de mau temperamento. O terceiro é a alta fertilidade. As melhores novilhas são as que conce-

bem primeiro, em monta natural, aos dois anos, com os melhores machos da mesma idade. As matrizes devem ter, no mínimo, dois bezerros a cada três anos para permanecerem no rebanho. São preferidos os reprodutores filhos de matrizes de alta fertilidade.

“O grande desafio é produzir carne de textura macia a partir do Nelore, sem perda da característica de gordura destacável e não entreverada, como é o caso das raças inglesas” Como a instabilidade política pode afetar a pecuária? A pecuária é uma atividade econômica que apresenta certa inércia para sua evolução, seja positiva ou negativa. É lenta, seja na venda ou na aquisição de terra e animais. Além do

mais, apresenta condição competitiva face ao milagre Nelore/ braquiária. Assim, tem persistido em que pesem as incertezas econômicas. Qual o maior desafio da pecuária brasileira? O grande desafio é a adaptação às exigências do mercado. Hoje, exportamos carne saborosa e barata, enquanto o produto da Argentina e dos Estados Unidos alcança preços superiores. Eu diria que o grande desafio é produzir carne de textura macia a partir do Nelore, sem perda da característica de gordura destacável e não entremeada, como é o caso das raças inglesas. O que ainda falta para o Nelore? Melhorar a textura da carne, mantendo a continuidade à adaptação às nossas condições ambientais, a fertilidade e o bom desenvolvimento, com precocidade de acabamento, que está correlacionada à precocidade sexual. PECUÁRIA EM ALTA

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