Edição 16 - Fevereiro/Março Pecuária em Alta

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PALAVRA DO DIRETOR

O início de um ano é sempre momento de reflexão e fazer um balanço de tudo que já passou. Mas principalmente, é tempo de rever os planejamentos, corrigir rotas, olhar para frente e colocar as metas e objetivos em prática para se chegar ao melhor resultado. Sabendo disso, nossa equipe preparou um conteúdo para primeira revista de 2018 com muito critério. Nesta edição, trazemos na capa um dos principais programas já desenvolvidos pela Alta Brasil. Além do compromisso de oferecer a melhor genética, específica para cada sistema de produção, nós temos também a responsabilidade de orientar e fazer com que este material genético expresse todo seu potencial. Para isso, contamos com a experiência de nossos técnicos, na elaboração do Alta Cria. Estes técnicos, que estão no dia a dia no campo e vivem suas dificuldades, criaram um programa inédito no país, que faz levantamento de dados zootécnicos para traçar o perfil de criação de bezerras leiteiras e criar um benchmarking das fazendas participantes. Para se ter uma ideia, hoje no Brasil todos os estudos na fase da criação de bezerras são baseados no “Padrão ouro de criação” dos Estados Unidos. Com esse programa, nós vamos poder criar nosso próprio “Padrão Ouro” e avaliar, por exemplo, a diarreia, mortalidade, ganho de peso, falhas de transferência passiva, enfim, tudo com que envolva a criação de bezerros, com números da realidade brasileira. Criaremos o “Padrão Ouro Brasil”. Além do assunto da capa, artigos técnicos e reportagens voltados não só para quem trabalha com leite, mas, também na pecuária de corte. Abordamos a genômica e seus avanços, a utilização de touros jovens para acelerar o melhoramento genético dos rebanhos e também gestão, um assunto de extrema importância para a obtenção de melhores resultados. Todos, assuntos pertinentes ao seu dia a dia. Assim começamos o ano e lançamos nossa primeira edição com o entusiasmo de uma equipe que nunca perdeu seus princípios, que sempre está unida e que tem a missão de buscar sempre o melhor para os seus clientes, para que eles sejam cada dia mais eficientes.

Heverardo Carvalho Diretor Alta Brasil

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ÍNDICE EXPEDIENTE Diretor Heverardo Rezende de Carvalho Gerente de Mercado Tiago Carrara - tcarrara@altagenetics.com

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Coordenadora de Comunicação Camilla Lazak - camilla.rodrigues@altagenetics.com

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GIRO Fique por dentro dos últimos acontecimentos da empresa

Diagramação e arte Ana Paula S. Alves - paula.alves@altagenetics.com Marketing/Comercial comunicacao@altagenetics.com.br Fotos Francisco Martins - fjunior@altagenetics.com Edição e revisão de texto Indiara Ferreira Assessoria de Comunicação indiara@indiaraassessoria.com.br Tiragem 5 mil exemplares

PRODUÇÃO DE EMBRIÕES BOVINOS FIM DE UM CICLO? Crescimento econômico, aumento da demanda por proteína animal, novos mercados e a evolução tecnológica são fatores determinantes para o futuro do setor

Jornalista Responsável Renata Paiva (MTB 12.340) renata.paiva@altagenetics.com Colaboradores desta edição Alexandre Scarpa Fernando Baldi, Ana Cristina Silva de Figueiredo, Claumi Júnior, Danillo Rodrigues, Equipe Rehagro, Fábio Fogaça, João Henrique Moreira Viana, Leonardo Nieto, Lívia Magalhães, Manoel Sá Filho, Melissa Lobato, Rafael Azevedo, Rafael Mazão, Rafael Oliveira, Raysildo Lôbo, Walter Laender

ESPECIAL

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ARTIGO QUAL É A IMPORTÂNCIA DO FLUXO DE CAIXA? Criar o hábito de verificar, analisar e registrar todo e qualquer movimento financeiro pode ser o que faltava para o gerenciamento do seu negócio

LEITE

E RECRIA: ATÉ QUE PONTO 20 CRIA É VIÁVEL INTENSIFICAR? Missão Construir relacionamentos de longo prazo, criar valor para nossos clientes, melhorar a lucratividade de cada rebanho e entregar genética de confiança, além de produtos e serviços de manejo com alta qualidade. Visão Tornar-se a marca global que seja a melhor escolha para produtores progressivos dos segmentos de leite e corte. Valores: Foco, pessoas e competências, coesão, dinamismo, relacionamento, comunicação e ética.

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Planejamento bem feito pode ser a resposta

24 CATÁLOGO DE LEITE IMPORTADO 2018

Bateria renovada: catálogo de leite importado apresenta novos touros ao mercado


26 PERÍODO DE TRANSIÇÃO

Oportunidades de manejo e monitoramento durante o período de transição das vacas eleva a rentabilidade do sistema de produção

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GIRO NO CAMPO Nossos cliente e leitores destacam a qualidade dos filhos e filhas dos touros Alta espalhados por todo o Brasil

CORTE SELEÇÃO GENÔMICA: MODA OU

42 NECESSIDADE? Genômica

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A CHAVE MESTRA DO MELHORAMENTO

CAPA

46 GENÉTICO

ALTA CRIA

A Ciência e seu impacto na seleção de bovinos

Padrão Ouro na Criação de Bezerras. Alta lança programa para levantar números e identificar quais os principais desafios nas propriedades brasileiras

CASOS DE SUCESSO

PROGRAMAS E SERVIÇOS BIOSSEGURANÇA DA UTILIZAÇÃO DE SÊMEN Cuidado: sêmen inadequado pode levar doenças ao seu rebanho e comprometer toda a eficiência reprodutiva e produtiva das fêmeas

48 FAZENDA CAMPOS BOCAINA 52 FAZENDA BREJÃO 54 ENTREVISTA

Leonardo Nieto Pesquisador do programa de melhoramento genético de gado de corte Embrapa – Geneplus, fala sobre a contribuição dos touros jovens para a pecuária brasileira

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ESPECIAL

PRODUÇÃO DE EMBRIÕES BOVINOS FIM DE UM CICLO? por João Henrique Moreira Viana, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, e Ana Cristina Silva de Figueiredo, da Universidade de Alfenas (Unifal) Uma das premissas da inovação é que a nova tecnologia ou processo não apenas chegue ao mercado, mas que sua adoção pelo setor produtivo, de fato, gere alguma transformação. Essa característica é muito evidente quando consideramos a produção de embriões in vi6

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tro (PIVE) como um modelo de inovação (Viana et al. 2010). O uso comercial da PIVE não apenas trouxe uma alternativa à produção de embriões in vivo, mas possibilitou a expansão dos mercados existentes e a abertura de novos. Com isso, observaram-se ciclos de crescimento da

atividade, hoje em um patamar que representa cerca de 10 vezes (350.000 a 400.000 embriões) o que era a média da produção nos anos 90. A análise retrospectiva dos dados estatísticos permite caracterizar dois grandes ciclos de crescimento da PIVE no Brasil.


O primeiro foi associado às raças zebuínas e de corte, particularmente Nelore e Brahman, e foi seguido por um ciclo de expansão em raças leiteiras e, consequentemente, com maior participação de raças taurinas (Viana et al. 2012). Nos dois casos, a demanda reprimida por animais geneticamente superiores associada à evolução tecnológica e conceitual da PIVE justificam os respectivos ciclos de crescimento. E, em ambos os casos, é esperado que, ao fim de cada ciclo de expansão, o mercado se estabilize em um novo patamar. Os dados estatísticos de 2016, compilados pela Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE), sugerem a tendência de estabilização dos números no segmento leite, após alguns anos de crescimento acelerado. Ainda que possa haver, também, um efeito inibidor da conjuntura econômica

“As seguidas retrações observadas em 2015 e 2016 sugerem que este ciclo de crescimento acelerado pode ter chegado ao fim e que o mercado venha a apresentar uma estabilidade relativa, assim como ocorreu com o corte após 2006” desfavorável, esse comportamento já era esperado e pode caracterizar o fim do segundo ciclo de expansão da PIVE. O monitoramento e a análise dos dados estatísticos, realizados anualmente pela SBTE, são im-

prescindíveis para compreendermos os fatores que propiciaram o início e determinaram o fim de cada ciclo e, consequentemente, para prospectarmos os fatores e segmentos que poderão estar associados a novos ciclos de crescimento no futuro. 2016 em números Os totais de embriões bovinos produzidos em 2016, estratificados por segmento (zebuínos e taurinos, corte e leite) e por metodologia (in vivo e in vitro), estão apresentados na Tabela 1. O total geral mostra uma discreta elevação (+0,9%), ainda insuficiente para reverter a queda observada entre 2013 e 2015 (-9,9%), decorrente de um conjunto de fatores climáticos e macroeconômicos, conforme já discutido anteriormente (Viana et al. 2017). Novamente, observa-se uma variação nessa tendência de crescimento, quando considerados segmentos específicos.

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ESPECIAL

In vivo

In vitro

Total

Variação 214-2015

Zebuínos leiteiros

51

11.517

11.568

-15,3

Taurinos leiteiros

16.547

175.313

191.860

-1,4

Subtotal

16.598

186.830

203.428

-2,3

Zebuínos de corte

1.101

91.509

92.610

+10,7

Taurinos de corte

14.434

68.741

83.175

-0,9

Subtotal

15.353

160.250

175.785

+4,9

Total Geral

32.133

347.080

379.213

+0,9

SEGMENTO

Tabela 1. Produção de embriões bovinos no Brasil em 2016, estratificada por segmento e por tecnologia adotada (in vivo ou in vitro).

A produção de embriões in vivo, por exemplo, apresentou alta de 43,7% no período 2015-2016, contrastando com a queda de 1,8% na produção in vitro (Figura 1). Considerando-se a série histórica, contudo, essa alta não parece constituir tendência consistente, uma vez que a produção in vivo apenas retornou ao patamar de

uso desta técnica nos anos 90 e representa apenas cerca de 40% do observado em 2006. Aparentemente, o uso da produção in vivo parece manter-se em alguns nichos de mercado, nos quais a PIVE, por questões diversas, não se tornou a técnica de eleição. Apesar da pequena flutuação negativa, a PIVE continua

sendo responsável por mais de 90% dos embriões produzidos no país, e é possível que o progressivo aumento no uso da criopreservação (+70,1% ao ano entre 2011 e 2017), que em 2017 atingiu 22,0% do total de embriões produzidos in vitro, venha a contribuir para futuras reduções na produção de embriões in vivo.

Figura 1. Produção de embriões bovinos no Brasil no período 1995-2016, total e por tecnologia adotada (in vivo ou in vitro).

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Em relação aos segmentos específicos, 2016 foi marcado pela recuperação do mercado de embriões nas raças de corte, particularmente em zebuínos (+10,7%), que foi o grupamento que acusou a maior retração no período

2013-2015 (-50,5%), particularmente na raça Nelore. Já o segmento corte/taurinos apresentou pequena retração (-0,9%), após uma alta surpreendente em 2015, mas que pode ter sido circunstancial. A recuperação do segmento

corte reverteu a forte tendência de aumento nos segmentos leite e taurinos observada até 2014 (Figuras 2 e 3) e o mercado de embriões apresentou maior equilíbrio entre os segmentos corte e leite entre 2015 e 2016.

Figura 2. Proporção do total de embriões bovinos produzidos no Brasil de 2007 a 2016 provenientes de raças leiteiras (Leite) ou de corte (Corte).

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ESPECIAL

Figura 3. Proporção do total de embriões bovinos produzidos no Brasil de 2007 a 2016 provenientes de raças taurinas (Bos taurus) ou zebuínas (Bos indicus)

Fim do ciclo do leite? Ao contrário dos últimos anos, nos quais o crescimento vigoroso do segmento leite compensou em grande parte a retração do segmento corte, resultando em uma relativa estabilização nos números totais no período 2014-2015, em 2016, a recuperação do segmento corte foi contrabalanceada pela queda no segmento leite (-2,3%). Esta redução, ainda que proporcionalmente pequena, é muito significativa, considerando-se que o leite foi responsável pelo segundo grande ciclo de crescimento da PIVE (Viana et al. 2012). Entre 2006 e 2014, a produção de embriões no segmento leite aumentou 115,8% ao ano, ritmo comparável ao aumento no segmento corte entre 2001 10

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“O uso de tecnologias de embriões já é muito expressivo em algumas raças puras, mas, considerandose o rebanho nacional como um todo, alcança menos que 0,5% das fêmeas aptas à reprodução, e, em um ranking de intensidade de uso, o Brasil ocupa apenas a 11ª posição”

e 2006 (123,9% ao ano), decorrente do início do uso comercial da PIVE. Desta forma, as seguidas retrações observadas em 2015 e 2016 sugerem que esse ciclo de crescimento acelerado pode ter chegado ao fim e que o mercado venha a apresentar uma estabilidade relativa, assim como ocorreu com o corte após 2006. Há espaço para um novo ciclo? Ainda que a indústria de embriões tenha apresentado um crescimento sem paralelo nos últimos 15 anos e o Brasil tenha se tornado o maior produtor mundial de embriões bovinos in vitro (Perry 2016), a relativização dos números dá a entender que ainda há um grande potencial para crescimento. O uso de tecnologias de embriões já


é muito expressivo em algumas raças puras, mas, considerando-se o rebanho nacional como um todo, alcança menos que 0,5% das fêmeas aptas à reprodução, e, em um ranking de intensidade de uso, o Brasil ocupa apenas a 11ª posição (Viana et al. 2017). De fato, este paradoxo ocorre não apenas no mercado de embriões, mas em todo o segmento biotecnologia da reprodução (Sartori et al. 2016). A evolução futura do mercado de embriões dependerá da combinação de três componentes: a conjuntura macroeconômica, o crescimento de novos mercados e a evolução tecnológica. No caso dos dois primeiros compo-

nentes, há um conjunto de indicadores que sinaliza uma tendência de retomada do crescimento econômico e o aumento da demanda por proteína animal. Contudo, em ambos os casos, a evolução tende a ser gradual e, consequentemente, também seus efeitos sobre a indústria de embriões. Por outro lado, a evolução tecnológica tem um maior potencial para gerar um “breakthrough” e alavancar um novo ciclo de crescimento. É o caso, por exemplo, de um avanço significativo na criopreservação, cuja concretização abre todo um leque de novas possibilidades de uso e, consequentemente, novos mercados para a PIVE.

Ana Cristina Silva de Figueiredo Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade José do Rosário Vellano (2008), graduação em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa (1993) e mestrado em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa (1996). Atualmente é professora da Universidade José do Rosário Vellano – UNIFENAS, colaborador da Biotran Biotecnologia e Treinamento em Reprodução Animal, e doutoranda em Bem estar, Sanidade e Reprodução Animal na Universidade José do Rosário Vellano.

FONTE: Jornal “O Embrião” – edição 60 REFERÊNCIAS: Perry G. 2016. 2015 statistics of embryo collection and transfer in domestic farm animals. Embryo Transfer, 34(4):10-24. Viana J.H.M., Siqueira L.G.B., Palhao M.P., Camargo L.S.A. 2010. Use of in vitro fertilization technique in the last decade and its effect on Brazilian embryo industry and animal production. Acta Sci. Vet., 38:s661-s674. Viana J.H.M., Siqueira L.G.B., Palhao M.P., Camargo L.S.A. 2012. Features and perspectives of the Brazilian in vitro embryo industry. Anim. Reprod., 9:12-18. Sartori R., Prata A.B., Figueiredo A.C.S., Sanches B.V., Pontes G.C.S., Viana J.H.M., Pontes J.H., Vasconcelos J.L.M., Pereira M.H.C., Dode M.A.N., Monteiro Jr. P.L.J., Baruselli P.S. 2016. Update and overview on assisted reproductive technologies (ARTs) in Brazil. Anim. Reprod., 13:300-312.

João Henrique Moreira Viana Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Viçosa (1992), mestrado em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa (1995), doutorado em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (2002) e pós-doutorado pela University of Manchester. Atualmente é pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, e professor no curso de Mestrado e Doutorado em Reprodução, Sanidade e Bem Estar Animal da Unifenas. É responsável pelos comitês de estatística da Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE) e da Internacional Embryo Technology Society (IETS)

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ALTA NEWS

ALTA E CRI ANUNCIAM FUSÃO

Os diretores da Koepon Holding BV e Cooperative Resources International (CRI) chegaram ao acordo em planejar para fundir as organizações. O acordo é não-vinculativo e está sujeito a análises e a outras condições habituais, incluindo o recebimento dos consentimentos e as aprovações governamentais, entre outros. Uma vez concluído, o

acordo final estará subordinado à aprovação por ambos os conselhos de administração, bem como os diretores da CRI. Se for bem-sucedido, as organizações planejam formalizar a fusão ainda em 2018. Tanto a Koepon como a CRI, por meio da Alta Genetics e Genex, são fornecedores globais de genética bovina e serviços relacionados. Da

mesma forma, as subsidiárias da Koepon e CRI, Valley Ag Software e AgSource, fornecem serviços e sistemas para gerenciamento de informações sobre rebanhos para produtores de leite. A Koepon e a CRI também têm outros negócios centrados em serviços e produtos para produtores agrícolas. A Koepon é de propriedade privada, enquanto a CRI é de propriedade cooperativa de sócios proprietários. A organização de vendas cooperativas da CRI será mantida como uma cooperativa na entidade resultante da fusão. A nova organização será incorporada e sediada em Wisconsin (Estados Unidos).

Koepon Holding. Com raízes fortes na produção de leite na propriedade da família Pon, a Koepon Holding é hoje uma combinação vibrante de empresas focadas em criar valor para os produtores globais de carne e leite bovino. Através dos programas de melhoramento genético e serviços de reprodução (Alta Genetics), software de gerenciamento de laticínios (Valley Ag Software) e produtos de nutrição premium para bezerros (SCCL), a Koepon atua positivamente no desempenho e nos resultados dos produtores de carne e leite bovina. A empresa é alimentada pela paixão e orgulho de uma equipe mundial de pessoas talentosas e enérgicas que se concentram diariamente na criação de valor e na entrega de resultados para seus parceiros e clientes.

CRI. A CRI é uma cooperativa de sócios proprietários, sediada em Shawano, Wisconsin (Estados Unidos). Líder global em oferecer excelência, inovação e valor para membros e clientes, reforça a posição na agricultura, com o compromisso de atender às necessidades de indivíduos ligados à terra por meio da produção vegetal e animal. A CRI atua em diversos segmentos de negócios: AgSource – fornece testes agrícolas e serviços informativos transformando dados em soluções inovadoras; Genex – fornece genética bovina de qualidade, e Mofa Global – desenvolve tecnologias de ponta para reprodução assistida. Os valores são inovação, integridade, liderança, qualidade e administração.

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ALTA NEWS

MORRE O TOURO GIR LEITEIRO PH UÍSQUE

Destaque da bateria Gir Leiteiro da Alta, o touro PH Uísque morreu, após 15 anos de contribuição com a pecuária nacional, de uma parada cardiovascular, em 7 de janeiro. O animal fez história na central. Atualmente, é a genética mais utilizada na raça. PH Uísque destacou-se pela qualidade espermática e por apresentar altas taxas de prenhez. Ao longo dos anos, o animal demonstrou consistência de provas, com três

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anos consecutivos de PTA Leite entre os TOP do sumário. Além disso, o reprodutor possui o menor parentesco médio entre os TOP 20 melhores touros para leite. “Sem dúvida, um dos principais touros da raça Gir Leiteiro. Pedigree aberto e filhas com muita beleza fizeram desse touro o destaque nas exposições de 2017”, ressalta o gerente de Produto Leite Nacional da Alta, Guilherme Marquez.

Touro consagrado, PH Uísque é o primeiro filho do muito bem provado Supra-Sumo TE de Brasília. A linhagem materna vem com Atalaia, filha do Gaules e Palhoça – também da competente seleção Brasília. O reprodutor é do proprietário Paulo Horta Barbosa da Silva. A genética PH Uísque continua disponível por sêmen convencional e sexado. Além disso, o reprodutor deixa como legado, na central da Alta, o filho Celeste Jm. É uma excelente opção para linhagens CA Sansão, com genética top para sistema mamário e beleza racial. Há também o irmão paterno, Cosmo FIV Kubera, com avaliação genética para leite pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), por meio do Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ) Leite 2016, no valor de 396,57 kg de Capacidade Prevista de Transmissão (PTA) Leite.


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ARTIGO

QUAL É A IMPORTÂNCIA DO FLUXO DE CAIXA? por Equipe Rehagro Fluxo de caixa é uma ferramenta gerencial que controla a movimentação financeira, ou seja, as entradas e saídas de dinheiro que ocorreram em determinado período – pode ser diário, semanal, mensal, etc. Trata-se de um instrumento simples e poderoso, importante para tornar a gestão financeira de uma empresa mais eficiente. Ele é montado a partir do levantamento dos compromissos já firmados (contas a pagar e a receber) e dos previstos ao longo do período desejado. Seu principal objetivo é prever com maior precisão quando ocorrerá sobra ou falta de dinheiro em caixa. Esta visão antecipada permite tomarmos precauções para diminuir o problema da falta de dinheiro para pagar as contas. Ou, em uma situação de grande sobra de caixa, buscar investimentos para aplicá-la. Esta ferramenta se torna cada vez mais necessária em sistemas de produção sustentá-

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veis e interessantes economicamente. O controle do fluxo de caixa pode auxiliar: • Na programação de compras e vendas (aumenta poder de negociação); • Na determinação de melhor ocasião para repor estoques; • No agendamento de manutenções preventivas; • Na avaliação do melhor momento para fazer investimentos. Como começar um controle de fluxo de caixa? • Reúna todas as contas a pagar e a receber já compromissadas; • Organize as contas por data de vencimento ou recebimento; • Baseando-se no histórico, nas tendências do mercado (como aumento no preço de insumos), na evolução do seu negócio (aumento de área plantada ou compra de matrizes, por exemplo) e nos compromissos já firmados, liste uma previsão de despesas e receitas de hoje até a data final do período a ser avaliado. É importante definir as datas prováveis de pagamentos ou recebimentos; • Busque o saldo atual real de sua empresa, ou seja, quanto ela tem em caixa no momento. Com todas essas informações em mãos, você poderá iniciar o controle em um programa específico ou em uma planilha. O uso de planilhas, muitas vezes, atende muito bem o objetivo. Já o uso de um programa diferenciado pode aumentar a rapidez na análise e tomada de decisão. Dicas para a definição das previsões: • Sempre consulte o histórico de sua empresa (caso o tenha) • Informações de empresas semelhantes podem ajudar (benchmarking); • Ser conservador pode ser interessante; • É importante conhecer quais gastos variam e quais não variam com o volume produzido por sua empresa (custos fixos e variáveis); Um exemplo simplificado de fluxo de caixa pode ser visto na figura 1. Aqui temos uma fazenda produtora de leite que, em algumas épocas, vende novilhas e, também, soja.


Venda do leite Receitas [+]

Janeiro 65.000

Março

Abril

Maio

62.000

65.000

64.500

Venda de Novilhas

20.000

Venda de Soja

56.000

50.000

20.000

Total de receitas

65.000

66.000

138.000

115.000

84.500

Fevereiro 46.000

Março

Abril

Maio

Rebanho

Janeiro 45.000

43.000

51.000

42.500

Agricultura

18.000

28.500

23.000

25.000

15.000

1.800

1.800

1.200

1.600

1.600

83.000

8.000

Despesas [-] Administração

Reforma de Instalações

Saldos

Fevereiro 65.000

Total de despesas

64.800

159.300

75.200

77.600

59.100

Saldo Inicial do Mês

28.000

28.200

-65.100

-2.300

35.100

Saldo Final do Mês

28.200

-65.100

-2.300

35.100

60.500

Podemos perceber que a propriedade vai ter um aperto de caixa no mês de fevereiro e que se mantém até março.

“Organizar e manter o fluxo de caixa atualizado é trabalhoso, mas recompensador” E, nesse caso, não é um aperto de quem passa o mês perto do limite. É de quem passa no negativo. Quando a previsão é um saldo negativo, a situação é pior do que aparece na planilha. Se a fazenda está devendo, vai ter que pagar o aluguel desse dinheiro que ela não tinha, seja para um fornecedor que não recebeu, seja para o banco. Isso quer dizer que vai desembolsar, além da dívida, os famosos juros; um gasto não espePECUÁRIA EM ALTA

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ARTIGO

rado e que deve ser evitado ao máximo. Por que a propriedade chegou a essa situação? Ela produz leite, soja e vende novilhas. A atividade foi avaliada por um técnico e é rentável. O que aconteceu? Observe a última linha de des-

Venda do leite Receitas [+]

pesas dos meses de fevereiro e março. A fazenda tem previsto um gasto de R$98.000,00 com reforma de instalações. A necessidade é refazer a pista de alimentação do gado e arrumar a sala de ordenha. O que fazer para não entrar no vermelho, mas realizando tudo o que a fazenda precisa? Janeiro 65.000

Abril

Maio

62.000

65.000

64.500

20.000

Venda de Soja

56.000

50.000

20.000

Total de receitas

65.000

66.000

138.000

115.000

84.500

Fevereiro 46.000

Março

Abril

Maio

Rebanho

Janeiro 45.000

43.000

51.000

42.500

Agricultura

18.000

28.500

23.000

25.000

15.000

1.800

1.800

1.200

1.600

1.600

15.000

65.000

11.000

Reforma de Instalações Total de despesas

64.800

91.300

132.200

88.600

59.100

Saldo Inicial do Mês

28.000

28.200

2.900

8.700

35.100

Saldo Final do Mês

28.200

2.900

8.700

35.100

60.500

Atualização do Fluxo de Caixa Com o decorrer do tempo, à medida que os pagamentos e recebimentos reais forem acontecendo, as previsões devem ser substituídas pelos realizados. Para evitar falhas, é muito importante atuarmos no processo de coleta dessas informações para que todas as notas cheguem com valores e vencimentos corretos. Além disso, um treinamento adequado de quem irá realizar os lançamentos é fundamental. Nesse momento, uma boa maneira de cercar os erros é fazer a conciliação bancária, ou 18

Março

Venda de Novilhas

Despesas [-] Administração

Saldos

Fevereiro 66.000

É importante ver se é possível adiar gastos ou adiantar receitas. Uma sugestão está na planilha a seguir: fazer a parte mais urgente das obras em fevereiro, concentrar a maior parte em março, quando terá uma importante receita, proveniente da soja, e terminar tudo em abril:

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seja, fazer o comparativo entre o extrato bancário da conta em que ocorrem movimentações da

“Criar o hábito de verificar, analisar e registrar todo e qualquer movimento financeiro ocorrido” empresa e o controle financeiro da planilha ou do programa. Organizar e manter o fluxo

de caixa atualizado é trabalhoso, mas recompensador. É preciso ser sistemático nesse controle! Criar o hábito de verificar, analisar e registrar todo e qualquer movimento financeiro ocorrido. A diferença entre o previsto e realizado poderá mostrar-lhe o quanto você conhece do seu negócio e o quanto o mercado dele é imprevisível. Mas, certamente, a cada vez que fizer esse trabalho de definir as previsões, aprendizado é gerado e as previsões se tornarão mais assertivas. Que seus saldos finais sejam sempre positivos!


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LEITE

CRIA E RECRIA: ATÉ QUE PONTO É VIÁVEL INTENSIFICAR? por Melissa Lobato Defensor As duas primeiras coisas que vêm à cabeça quando se pensa em intensificar algum setor da atividade leiteira são: tecnologia nova e quanto isso vai custar. Ao invés de pensar no final (o que fazer e quanto vai custar), é preciso pensar no início, refletir sobre algumas questões para que, a partir daí, seja possível chegar a um planejamento de intensificação específico para cada tipo de propriedade. A reflexão começa com a definição do objetivo em inten-

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sificar. A intensificação é para desmamar a bezerra mais cedo porque o bezerreiro é pequeno e não suporta a quantidade de bezerros que está por vir, ou porque quer reduzir a idade ao primeiro parto, pois a recria está inchada, entre vários outros objetivos. Definido o objetivo principal, existem duas linhas de pensamento, intensificar porque é necessário e intensificar para aumentar a eficiência da atividade leiteira. A intensificação necessária é aquela que tem que ser

feita, ou seja, a ação de intensificar se justifica por si só. Como no exemplo citado acima, o objetivo é desmamar as bezerras mais cedo, pois não há espaço físico suficiente para receber as bezerras dos nascimentos previstos. Assim, a justificativa para investir em tal intensificação é que, se ela não for feita, não haverá lugar adequado para colocar as bezerras que virão. A intensificação usada para melhorar a eficiência da fazenda precisa ser justificada, ou seja, o benefício da ação deve justificar o dinheiro investido. E não é somente isso, é preciso encontrar o ponto ótimo entre investimento e retorno, ou seja, cada real investido deve ter retorno máximo. Não se trata simplesmente de aumentar a quantidade de comida para que as novilhas ganhem peso mais rápido e emprenhem logo, por exemplo; trata-se de saber qual o ponto máximo de retorno do investimento. Se o objetivo principal for aumentar a eficiência da atividade, o segundo passo da reflexão é o diagnóstico dos setores cria e recria da fazenda. Uma ferramenta básica que pode ser utilizada é a tabela a seguir:


TABELA DE COLETA DE INFORMAÇÕES DIAGNÓSTICO INICIAL DA PROPRIEDADE Estruturas físicas Boas

Ruins

Manejo Bom

Ruim

Cria Recria

“Entende-se como boas estruturas físicas as estruturas funcionais e em bom estado de conservação, não necessariamente as estruturas tecnológicas, concretadas e/ou caras” Estruturas Entende-se como boas estruturas físicas as estruturas funcionais e em bom estado de conservação, não necessariamente as estruturas tecnológicas, concretadas e/ou caras. Para avaliação das estruturas, basta acompanhar a rotina do setor e o comportamento dos animais e se questionar se são estruturas funcionais e se os animais estão ativos, se estão tendo acesso à comida e à água de qualidade, ao sol e à sombra, e assim por diante. Com relação ao manejo, tem-se duas formas

de avaliar. Na primeira forma, a avaliação é mais fiel à realidade, considerando que o técnico ou proprietário já conhecem as taxas de mortalidade e incidência de doenças nos setores e, com base nesses índices, é possível saber se o manejo está bom ou ruim. A segunda forma é mais subjetiva, pois não existe nenhum tipo de índice do setor; a avaliação é feita visualmente, ou

seja, observando se as bezerras e as novilhas estão saudáveis, com boa aparência e bom escore de condição corporal. Com o diagnóstico inicial em mãos, é possível fazer o planejamento e o plano de ação direcionados ao setor que precisa ser intensificado. Confira a seguir um exemplo de como o planejamento e o plano de ação podem ser feitos. Por exemplo:

Objetivo principal: emprenhar novilhas mais cedo Idade média à primeira concepção atual: 18 meses Idade média à primeira concepção desejada: 14 meses Diagnóstico inicial: estruturas físicas de cria e recria boas e manejos bons Planejamento O planejamento deve conter seis perguntas: o que temos, o que podemos mudar, é viável, qual o ponto ótimo de custo-benefício, quais as vantagens e quais os riscos? O que temos? Novilhas recebem 1,5 quilo de ração e 10 kg de silagem por cabeça por dia. Têm sombra e água de boa qualidade. Entram para reprodução quando atingem o peso e dão o primeiro cio. O que podemos mudar? Aumentar a quantidade de ração e silagem fornecidas. É viável? A viabilidade está correlacionada à capacidade de aplicação, aos possíveis resultados e ao dinheiro que precisa ser investi-

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LEITE

do. Nesse exemplo, a aplicação é viável, pois a fazenda tem quantidade de silagem e ração suficiente. A forma mais eficaz de verificar os resultados (idade à primeira concepção) é fazer pequenos grupos com manejos diferentes e avaliar as respostas. A fazenda possui no total 30 novilhas entre 8 e 12 meses. Três grupos de animais foram assim divididos: o grupo controle, com 20 animais, recebendo a dieta de 1,5 kg de ração e 10 kg de silagem; um grupo de 5 novilhas recebendo 3 kg de ração e 20 kg de silagem (grupo 1), e um grupo de 5 novilhas recebendo 4 kg de ração e 20 kg de silagem (grupo 2). O grupo controle, em média, emprenha com 18 meses de idade e o custo da dieta é de R$ 1,90 por cabeça por dia (R$ 0,80 o quilo da ração e R$ 0,07 o quilo da silagem). Os grupos

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1 e 2 ainda não sabemos a idade à primeira concepção, mas verificamos que os custos por cabeça por dia são de R$ 3,80 para o grupo 1 e de R$ 4,60 para o grupo 2. Após o período de teste, foi possível concluir que o grupo 1 emprenhou em média com 15 meses de idade e o grupo 2, com 14,5 meses. Então, podemos concluir que o fornecimento de 4 kg de ração por dia e de 20 kg de silagem é o ponto ótimo de intensificação dessa fazenda? Não! Ótimo custo-benefício Temos que fazer os cálculos de qual manejo temos o maior retorno com o menor investimento. A seguir, temos duas tabelas que foram desenvolvidas para calcular o custo-benefício da intensificação em questão:


Ao avaliarmos as tabelas, temos que, no manejo, utilizando-se 3 kg de ração e 20 kg de silagem (grupo 1), as novilhas produzem 90 dias de leite a mais que o grupo controle (concepção média aos 18 meses de idade) e o retorno (custo-benefício) é de R$ 4,70 para cada real investido. Já no grupo 2, em que o manejo alimentar foi de 4 kg de ração e 20 kg de silagem, as novilhas produzem 105 dias de leite a mais em comparação ao grupo controle e a relação custo-benefício foi de R$ 3,66 de retorno para cada real investido. Logo, concluiu-se que a melhor intensificação para a fazenda do exemplo foi de aumentar o fornecimento da dieta de 1,5 kg para 3 kg de ração e de 10 kg para 20 kg de silagem por cabeça por dia.

As vantagens – Fêmeas bovinas holandesas puras que parem entre 22 e 24 meses de idade têm mais condições de expressar seu potencial genético de produção. – Novilhas são fontes de despesas imediatas com retorno financeiro a longo prazo, enquanto que vacas são fontes de despesa e retorno imediatos. O quanto antes fizermos as novilhas se tornarem vacas, mais rápido teremos o retorno do capital investido nelas. Os riscos – A reprodução da fazenda é eficiente? Tem boa observação de cio? Faz protocolo em novilha? Não adianta investir em alimentação para a novilha chegar 3 meses antes para reprodução e não aproveitar. – Depois que a novilha emprenhar, ela vai continuar no cocho e o seu crescimento vai ser monitorado? Emprenhar novilhas mais cedo requer maiores cuidados no monitoramento do seu crescimento. A novilha precisa estar com pelo menos 85% do seu peso adulto para que consiga parir bem.

“Entendese como boas estruturas físicas as estruturas funcionais e em bom estado de conservação, não necessariamente as estruturas tecnológicas, concretadas e/ou caras” – Disponibilidade de comida. A fazenda vai ter condições de manter o fornecimento da dieta para as novilhas pelo tempo necessário para que elas atinjam o tamanho ideal para parir? Nossas conclusões – Intensificar não quer dizer só gastar muito dinheiro implantando tecnologias de alto custo; intensificar pode ser, também, uma mudança de manejo, a contratação de um serviço especializado ou a contratação de mais mão de obra, por exemplo.

– Investir será sempre um bom negócio quando há reflexão e planejamento. – O melhor custo-benefício nem sempre é o melhor índice zootécnico. O melhor custo-benefício é o melhor índice associado ao ótimo índice econômico. – Cria e recria: até que ponto é viável intensificar? Faça sua reflexão e seu planejamento e nos conte. Cada fazenda é um universo à parte, por isso o importante não é compartilhar a fórmula mágica, e sim o raciocínio para se chegar à melhor fórmula para cada realidade.

Melissa Lobato Defensor Médica veterinária formada pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mestre em Ciência Animal - Biotecnologias da Reprodução também pela UFU, Fundadoraproprietária da empresa Apoio - Soluções em Gestão Agropecuária e consultora do Programa Alta Cria

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LEITE

CATÁLOGO DE LEITE IMPORTADO 2018 BATERIA APRESENTA 70% DE NOVOS TOUROS NA RAÇA HOLANDESA E 50% NA JERSEY Todos os anos, o mês de janeiro tradicionalmente marca o lançamento do novo catálogo de Leite Importado na Alta. A edição deste ano traz todas as informações da bateria da empresa, com genética cada vez mais produtiva e moderna, adaptada à realidade e às necessidades de qualquer produtor. O catálogo contempla 96 animais da seleção. São 68 Holandeses, 25 Jersey e três Pardo Suíço. “Trazemos para o mercado o que há de melhor na genética mundial e auxiliamos o produtor a utilizar esses touros da forma mais eficiente. Esse é o foco da Alta. Estamos comprometidos com o sucesso do negócio de nossos clientes, por isso, trabalhamos com a melhor genética”, ressalta o gerente de Produto Leite Im-

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portado da Alta, Fábio Fogaça. A cada ano, os sistemas de produção de leite são desafiados a serem cada vez mais produtivos e rentáveis. Nos últimos anos, os produtores de leite enfrentaram grandes dificuldades, como a oscilação nos preços de leite e insumos. Esses fatores são definidos da porteira para fora, mas interferem diretamente no planejamento das fazendas. Por isso, o investimento em tecnologias que aumentem a produtividade e diminuam os custos se faz cada vez mais presente. Com o objetivo de facilitar a identificação e ajudar o pecuarista na escolha dos melhores touros para um planejamento genético específico para cada necessidade, a Alta trabalha em seus catálogos, estratificando os

touros por objetivo de melhoramento genético, identificando-os por selos de Produção, Saúde e Conformação. O touro que recebe esses selos tem a genética provada para tais propósitos. Significa que está sendo maximizada a Intensidade de Seleção, ou seja, a chance de melhoramento genético é potencializada. Segundo Fábio, cada selo é composto por um grupo de características, que interferem direta ou indiretamente no desempenho do animal dentro do sistema, gerando, consequentemente, rentabilidade. O catálogo será distribuído em todo o Brasil, para as redes de vendas, clientes e nas principais feiras do setor. Além disso, a versão on-line está disponível no site oficial da Alta Brasil.


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LEITE

PERÍODO DE TRANSIÇÃO CORRETO MONITORAMENTO MINIMIZA PERDAS E AUMENTA A PRODUTIVIDADE por Alexandre Scarpa, técnico de Leite Alta O período de transição é a fase caracterizada pelo período de três se¬manas antes e três após o parto. É considerado o período mais importante para o animal, pois é nele que se prepara a produção. O sucesso ou fracasso desses dias pode refletir diretamente em toda a lactação. Os principais desafios dessa fase são as mudanças no animal, como a passagem da vaca gestante não lactante para a não gestante lactante, uma transformação caracterizada por mudanças hormonais, fisiológicas, metabólicas e nutricionais. Outro desafio é a mudança nutricional do animal. Haverá um aumento expressivo na demanda de nutrientes para produção de leite, associado à baixa

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ingestão de alimentos, principalmente próximo ao parto (devido

“Os animais no período pós-parto devem passar por atenção e cuidados especiais, como o acompanhamento de sua produção de leite, seu comportamento para a ingestão da alimentação e sua aparência geral” ao aumento do bezerro, espaço físico). Com isso, o animal ten-

de a perder peso e mobilizar reservas corporais, que, se forem excessivas, acarretarão em uma maior meta-bolização de gordura pelo fígado, chamada ácidos graxos não esterificados. A grande metabolização de reserva corporal eleva a produção de corpos cetônicos, que, quando produzidos em grandes quantidades, podem levar a vaca ao quadro clínico de cetose. Traduzindo em palavras mais simples, se a vaca pós-parto perder muito peso, há uma alta mobilização de gordura, que acumula no fígado, causando problemas para o animal. Logo, o balanço energético negativo (BEN) é inevitável nesse período para o animal; o que devemos buscar é minimizar esse BEN.


Como minimizar o BEN? Primeiramente, devemos observar e monitorar o escore de condição corporal (ECC) na secagem dos animais para o próximo parto. Devemos ter uma meta de secagem entre 2,75 e 3,5. Outro ponto está no manejo dos animais durante o período seco. Devemos prevenir tanto a perda excessiva como o ganho excessivo de peso; assim, evitamos que as vacas, na altura do parto, estejam demasiadamente gordas. Outro fator relevante é maximizar o consumo de matéria seca nos períodos de pré e pós-parto, além de ofertar maior conforto e alimentação adequada para os animais, principalmente nesse período. Lembrando que a dieta deve ser recomendada por um nutricionista, formulada cuidadosamente com base em valores alimentares de referência e, principalmente, ser monitorada, ou seja, verificar se está sendo realmente consumida e aproveitada pela vaca. Vários estudos mostram, também, os benefícios de se resfriar as vacas no período pré-parto. Quando comparadas, as vacas sofrem estresse calórico no período seco, reduzem seu consumo de matéria seca com relação às vacas resfriadas. Isso faz com que haja a redução no ganho de peso e escore de condição corporal, evidenciando ainda mais o BEN. Como monitorar o BEN? Os animais no período pós-parto devem passar por atenção e cuidados especiais, como o acompanhamento de sua

produção de leite, seu comportamento para a ingestão da alimentação e sua aparência geral. Devem ser monitoradas, também, as temperaturas retais dos animais nos primeiros dias pós-parto, para a intervenção mais rápida caso o animal apresente febre. Além disso, para o monitoramento do BEN, deve-se monitorar os níveis de beta hidroxibutirato (corpo cetônico oriundo da quebra da gordura) de cada animal, nos primeiros quatro, sete e 12 dias pós-parto, para saber o índice de cetose clínica e/ou subclínica do rebanho. Sabemos que as vacas passam por grandes mudanças nesta fase, porém, em contrapartida a esses desafios, existem inúmeras oportunidades de ma-

nejo e monitoramento durante esse período, que, se bem aproveitadas, podem minimizar as perdas, aumentar a produtividade e, consequentemente, elevar a rentabilidade do sistema de produção.

Alexandre Scarpa técnico de Leite da Alta Formado em Zootecnia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho da Universidade de São Paulo (Unesp/USP – Botucatu) e Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Goiás (UFG – Jataí), trabalha como consultor técnico na área de Produção de Leite da Scarpa Consultoria e como técnico de Leite Alta

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CAPA

ALTA CRIA

PROGRAMA INÉDITO NO PAÍS FAZ LEVANTAMENTO DE DADOS ZOOTÉCNICOS PARA TRAÇAR PERFIL DE CRIAÇÃO DE BEZERRAS LEITEIRAS E CRIAR UM BENCHMARKING DAS FAZENDAS PARTICIPANTES 30

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A criação de bezerras leiteiras é uma das fases mais importantes da pecuária leiteira, pois compreende a reposição genética, visando animais cada vez mais produtivos e saudáveis no futuro do rebanho. Saber gerenciar os números e conhecer os principais índices zootécnicos são ferramentas importantes para alcançar objetivos, traçar metas e estratégias para definir o sucesso. A Alta Genetics do Brasil inova ao propor um programa inédito na área de criação de bezerras leiteiras nacional. “Não comercializamos apenas sêmen, nossa missão é ajudar os clientes a obter o melhor resultado em suas produções. É nesse sentido que o programa Alta Cria foi criado. O

“O programa trará uma contribuição enorme para a pecuária nacional” objetivo é tornar-se uma importante ferramenta para a tomada de decisão de manejo e nos rumos da ciência nacional”, ressalta Heverardo Carvalho, diretor da Alta Brasil. O programa Alta Cria tem a missão de conhecer e gerenciar os principais dados zootécnicos na fase de cria na pecuária de leite. Com o levantamento – fruto de questionários aplicados aos produtores e pelo envio de

dados – é possível definir estratégias, realizar benchmarkings, comparar resultados, além de ser um banco de dados valioso para o desenvolvimento de pesquisas no setor. “O projeto nasceu da necessidade de levantarmos um panorama de como estava a criação de bezerras leiteiras no país, em diferentes sistemas de produção. Hoje, os dados são coletados periodicamente em cerca de 40 propriedades em todo o país. A partir deles, podemos traçar parâmetros de produção e orientar o criador da melhor forma possível”, explica o gerente de produto Colostro, Rafael Azevedo. O programa foi iniciado em 2017, com um seleto grupo de conselheiros e de técnicos, que discute e trabalha os resultados e as inovações relacionadas a essa fase de criação. Participam do grupo de conselheiros nomes importantes da área de criação de bezerras leiteiras, como Sandra Gesteira (mestre em Medicina Veterinária, na área de Reprodução, e doutora em Ciência Animal, na área de Nutrição, pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG), e Carla Bittar (mestre pela Universidade do Arizona e doutora em Ciência Animal e Pastagens, também pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo – Esalq/USP). “O gerenciamento de qualquer atividade depende de dados. Quando a gente adota um sistema, no caso o programa Alta Cria, o pecuarista consegue não só anotar os dados, mas entender melhor os resultados da propriedade dele e focar exatamente nas principais deficiências dele,

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CAPA

ou mesmo, potencializar o que é mais eficiente. Além disso, o programa é uma excelente oportunidade para o produtor trocar experiências, já que ele vai poder comparar o seu rebanho com os dos demais participantes do programa”, afirma Carla. Além disso, os resultados gerados pelo programa são constantemente contrastados com o Padrão de Criação Ouro (Gold Standards), desenvolvido pela Associação de Bezerras e Novilhas de Leite dos Estados Unidos (DCHA), com o propósito de avaliar o desempenho das fazendas de leite no Brasil. “Ministro aulas na UFMG e trabalhamos o tempo todo com números americanos. Isso é muito ruim. Precisamos conhecer a nossa realidade. A Alta está de parabéns com esse programa. Está fazendo um trabalho muito importante para o país. Com esses números em mãos, vamos poder traçar estratégias de pesquisa, trabalhar na extensão e descobrir

em quais pontos devemos ter mais critérios. O programa trará uma contribuição enorme para a pecuária nacional”, diz Sandra Gesteira.

constatar quais são os pontos sensíveis da criação de bezerras leiteiras do Brasil e em que, efetivamente, precisamos melhorar”, afirma Rafael.

“Com o Alta Cria, podemos constatar quais são os pontos sensíveis da criação de bezerras leiteiras do Brasil e em que, efetivamente, precisamos melhorar”

Benefícios Os participantes do Alta CRIA possuem acesso a um grupo de comunicação rigoroso, via WhatsApp, em que são discutidos temas focados em pesquisa e manejos com bezerras leiteiras. “Conseguimos montar um grupo focado e comprometido com a área de criação de bezerras. O mais interessante é que nesse grupo estão presentes técnicos, professores, proprietários, gerentes e os colaboradores das fazendas, ou seja, todos têm acesso ao que há de mais atual no assunto”, relata Rafael Azevedo. Além disso, a fazenda tem oportunidade de participar de uma análise de benchmarking, bem como acessa promoções e possui garantia de participação no encontro anual do Alta Cria.

Dentre os principais pontos trabalhados pelo programa estão o manejo de pré-parto, cuidados com a recém-nascida, colostragem, manejo nutricional, taxa de crescimento das bezerras, saúde, desempenho reprodutivo de novilhas, ambientes e instalações. “Com o Alta Cria, podemos

Isabela, Agropecuária Riacho, Coromandel (MG) São 360 vacas em lactação, em sistema de Compost Barn, com média diária de 12.800 litros diários. “É muito difícil encontrar uma propriedade que não tem desafios quando se fala em criação de bezerras. O Alta Cria trouxe uma nova visão. Hoje, não falamos mais ‘eu acho que’... Hoje, temos certeza da informação. O programa trouxe um direcionamento, mostrando-nos quais informações coletar e porquê, além de nos colocar em um cenário real, quando comparados com as outras fazendas participantes do programa. Isso aumentou a nossa eficiência e melhorou muito a nossa mão de obra, que está mais dedicada e comprometida. O Alta Cria é sensacional. Não imagino mais a fazenda sem as nossas anotações e sem o programa.”

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Andres Rojas, Fazenda Sertãozinho, Virgínia (MG) São 85 vacas em lactação, em sistema de Free-stall, com média diária de 2.300 litros diários. “Se você não tiver números, metas e objetivos, você nunca vai saber o seu resultado. Por isso, focamos muito no treinamento dos funcionários para que eles coletem as informações da maneira correta e, em cima dos números levantados, temos a capacidade de gerar dados e ter mais poder na tomada de decisões para a fazenda continuar crescendo. O Alta Cria representa resultados para nós. O programa tem nos proporcionado ser cada vez mais eficientes na coleta de informações e, hoje, já conseguimos ver nas bezerras as diferenças do ‘antes e depois’ do programa. Nossa meta é sempre estar entre os dez primeiros do Alta Cria.”

Ângelo Lacerda, Grupo RAR/Rasip, gerente da unidade de Leite, Vacaria (RS) São 750 vacas em lactação, em sistema de Free-stall, com média diária de 24 mil litros diários. “Alta Cria é uma ferramenta que veio proporcionar aos produtores acesso à tecnologia. Essa troca de informações, principalmente com pessoas de fora da fazenda, em outras propriedades é de grande importância para nós. Acredito que o benchmarking é a principal vantagem do programa, além do contato e o acesso à informação que a equipe do programa nos proporciona.”

Rafael Garcia Silveira, responsável pela recria, Fazenda Figueiredo, Cristalina (GO) São 900 vacas em lactação, em sistema de Freestall, com média de 30 mil litros diários. “Acredito que o programa veio para ajudar muito os produtores no levantamento de informações e na tomada mais acertada das decisões. Outra grande vantagem que percebo é o levantamento de dados no Brasil. A gente até sabe os nossos índices internos na propriedade, mas não sabe dos nossos vizinhos, ou seja, não sabe a realidade brasileira. Esse programa vai nos trazer informações reais do Brasil, para que a gente possa comparar e melhorar a cada dia.”

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1° Encontro Anual Alta Cria Os principais desafios e avanços da criação de bezerras leiteiras no Brasil foram debatidos no primeiro encontro Alta Cria, realizado na última semana de novembro, na sede da Alta, em Uberaba (MG). Os resultados do programa foram apresentados durante encontro com importantes pesquisadores do setor, técnicos, colaboradores e produtores rurais. Na primeira edição do projeto foram coletados dados

de 36 fazendas, em diversas regiões do país, que resultaram em importante panorama da criação de bezerras leiteiras no Brasil. Ainda na programação do evento, alguns participantes seguiram para o município de Lagoa Formosa, onde puderam conhecer as instalações da Fazenda Lageado, integrante do programa Alta Cria. “Já tivemos um ganho imenso com o Alta Cria. Nós não tínhamos o hábito de le-

vantar números e, quando levantávamos, não tínhamos uma avaliação da maneira correta. O Alta Cria trouxe a avaliação para nós. É muito simples lançar os dados no programa, e a equipe técnica da Alta faz a avaliação e nos apresenta. Além disso, com os pesquisadores envolvidos, temos a certeza de que ocorrerão ações em cima dos dados levantados”, explica o proprietário da fazenda Lageado, João Paulo Santana.

Dados Alta CRIA/2017 No ano de 2017 foi aplicado um questionário em 36 fazendas. Vinte e duas também forneceram seu banco de dados para o levantamento de índices e nú34

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meros, nas diferentes áreas de manejo que compõem a fase de cria, como cuidado no pré-parto, cuidados com as recém-nascidas e manejo de colostragem.


Dados Alta CRIA/2017 No ano de 2017 foi aplicado um questionário em 36 fazendas. Vinte e duas também forneceram seu banco de dados para o levantamento de índices e nú-

meros, nas diferentes áreas de manejo que compõem a fase de cria, como cuidado no pré-parto, cuidados com as recém-nascidas e manejo de colostragem.

PERFIL DE PRODUÇÃO E DE REBANHO Média de produção de leite 28 litros/dia

Número médio de vacas 350 vacas

Produção total de leite

Número médio de bezerros no bezerreiro

362.307 litros

73 bezerros

NÚMERO DE BEZERRAS AVALIADAS Item

Total

Holandês

Girolando

Gir

Pardo Suíço

Jersey

Bezerras

4.807

2.841

1.914

32

15

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DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS FAZENDAS DE ACORDO COM O ESTADO

Pontos importantes durante o manejo de pré-parto das vacas foram levantados. Se observado o manejo de resfriamento das vacas nas fazendas avaliadas, reduzindo-se o estresse calórico nessa

categoria de animais e trazendo vários benefícios comprovados pela literatura recente, as fazendas possuem grandes oportunidades de melhorias nessa fase, a curto, médio e a longo prazo.

RESFRIAMENTO DE VACAS NO PRÉ-PARTO

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CAPA

No manejo das recém-nascidas, um dos pontos mais importantes é a colostragem. As bezerras devem receber colostro limpo, com correta quantidade de anticorpos e o mais rápido possível após o nascimento, principalmente dentro

das primeiras duas horas de vida. Observa-se que muitas bezerras, seja em parto diurno ou noturno, não estão recebendo o colostro dentro do tempo de maior eficiência de absorção de anticorpos.

TEMPO PARA O FORNECIMENTO DE COLOSTRO NA PRIMEIRA MAMADA EM PARTOS DIURNOS

NOTURNOS

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Sem dúvida, as fazendas possuem inúmeras oportunidades de melhorias e investimentos na fase de criação das bezerras, e pequenas mudanças, como

melhoria no pré-parto e nos cuidados com as recém-nascidas, podem ajudar na redução das altas taxas de mortalidade observadas nas fazendas avaliadas.

TAXA DE MORTALIDADE DE BEZERRAS Holandês

Girolando

Gir

Pardo Suíço

Jersey

Taxa de mortabildiade

8,6%

6,9%

0%

0%

-

Dados

2.440

1.750

32

15

0

Item

Sabemos que os objetivos individuais do rebanho, o nível atual de tecnologia e a geografia são variados e esses dados fornecem um guia estrutural para índices de reposição de animais no sistema de produção de leite. Esperamos que, com essas informações, as fazendas identifiquem as áreas para melhoria, conduzam treinamento e implementem planos que suportem os objetivos de desempenho que você deseja alcançar. Metas para 2018 Em 2018, o programa pretende aumentar o número de colaboradores cadastrados e quer focar em melhorias da qualidade de coleta e de padronização dos índices levantados. Outro diferencial deste segundo ano do programa será uma análise de benchmarking das fazendas. Consiste em processos de busca das melhores práticas de manejo para conduzir a um desempenho superior. Outra mudança importante para o programa é a inclusão

de quatro novos colaboradores para o programa: Lívia Magalhães (consultora do Bem-Estar Animal – Consultoria e Treinamento – BEA), Polyana Rotta (Universidade Federal de Viçosa – UFV), Rodrigo Meneses (Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG) e Alex Teixeira (Universidade Federal de Uberlândia – UFU). “Estou muito feliz e tenho muito orgulho em participar como conselheira desse programa. No Brasil, a gente nunca teve disponível um banco de dados que representasse a realidade da criação de bezerras. Essa união de produtores engajados em coletar números e buscar informações precisas, juntamente com professores, pesquisadores e a Alta, só tem a somar com a nossa pecuária. O programa não só vai nos mostrar a realidade do Brasil na criação de bezerras, mas vai nos mostrar as deficiências; assim, vamos poder iniciar novos trabalhos e estudos para solucionar os problemas”, afirma Lívia.

Como participar As regras de 2018 do Alta Cria são envio da coleta de dados (planilha em Excel do programa, consulta SQL do IDEAGRI ou consulta do programa Alta Gestão), no mês de abril e de outubro de 2018; preenchimento obrigatório de um questionário no mês de setembro de 2018 e compra mínima de 30 unidades de colostro em pó durante o ano de 2018. Para mais informações, procure um técnico ou representante da Alta.

Alta CRIA

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PROGRAMAS E SERVIÇOS

BIOSSEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DE SÊMEN AS CONSEQUÊNCIAS DA UTILIZAÇÃO DE UM SÊMEN INADEQUADO por Danillo Afonso Rodrigues, gerente de Prestação de Serviços da Alta O mercado de inseminação artificial está cada vez mais aquecido e o pecuarista brasileiro está se tecnificando e buscando sempre a maior produtividade e lucratividade. E, apesar dos grandes avanços ao longo destes anos, os três pilares de sustentação da pecuária não mudaram: a nutrição, a genética e a sanidade. Assim, verdadeiros avanços têm sido observados no que diz respeito à infraestrutura das fazendas, ao aumento de investimentos na reforma de pastagens ou na adoção do sistema 38

PECUÁRIA EM ALTA

“Muitos pecuaristas colocam em risco toda a receita de seu sistema de produção ao utilizar sêmen coletado em sua própria fazenda ou oriundo de coletas em fazendas de terceiros, sem passar por rigorosos exames sanitários prévios.”

de integração lavoura-pecuária, e na utilização de suplementação proteica-energética nos períodos críticos do ano. Além dessas melhorias, o alto investimento em melhoramento genético tem sido marca da pecuária moderna. A utilização de touros melhoradores associados às condições ambientais permite a expressão dos animais geneticamente superiores. Também foram observados avanços tanto no desenvolvimento de vacinas mais eficazes como na adoção das mesmas


por parte dos produtores. No entanto, do ponto de vista sanitário, os touros fazem parte de uma população de risco mais importante de um rebanho e, por isso, merecem atenção especial. Esse risco não deve ser restrito apenas aos touros utilizados na monta natural, pois nesta categoria de risco também devem ser incluídos os utilizados na inseminação artificial. Muitos pecuaristas colocam em risco toda a receita de seu sistema de produção ao utilizar sêmen coletado em sua própria fazenda ou oriundo de coletas em fazendas de terceiros, sem passar por rigorosos exames sanitários prévios. O sêmen coletado nas fazendas, por não possuir o controle sanitário exigido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa, poderá levar para o rebanho as seguintes doenças: Brucelose: com a presença dessa doença no rebanho, os abortos ocorrem com maior frequência e na maioria das vezes podem ser acompanhados de retenção de placenta, metrites, diminuição do número de partos e maior intervalo entre partos. Tuberculose: é uma doença crônica que causa redução do tempo de vida produtiva, rejeição parcial ou total de carcaças, reduz o ganho de peso e a produção de leite, podendo levar à morte. Tricomonose: as fêmeas acometidas por essa doença apresentam repetição de cio, abortos, descargas uterinas e piometrites. Já nos machos poderá haver presença de uma

discreta balanopostite. Campilobacteriose Genital Bovina: no rebanho infectado com essa doença aumentam as repetições de cio, diminui a taxa de prenhez e as ocorrências de aborto aumentam. Diarreia Viral Bovina (BVD): doença causada por um vírus que provoca perdas embrionárias, malformações, abortos e nascimento de animais extremamente fracos, que irão disseminar a doença por toda vida. No geral, rebanhos com a presença dessas doenças apresentam comprometimento da eficiência reprodutiva e produtiva, pois essas enfermidades podem causar comprometimento da taxa de prenhez, do número de bezerros nascidos, do ganho de peso e, também, da produção de leite do rebanho, impactando diretamente na queda da receita da propriedade. Além dos riscos econômicos e epidemiológicos do rebanho, é importante ressaltar que doenças como tuberculose e brucelose são zoonoses de difícil diagnóstico e de tratamentos longos e complicados. Em virtude desses altos riscos, foi instituída a Instrução Normativa SDA N° 48, de 17 de junho de 2003, que considera as coletas realizadas fora de um Centro de Coleta e Processamento de Sêmen – CCPS, práticas ilegais, bem como o comércio de sêmen entre criadores. Seguindo toda a legislação vigente no MAPA e levando em consideração os riscos sanitários para os animais é que

as centrais de coleta de sêmen oferecem o serviço terceirizado. Para oferecer o serviço com qualidade e atender a todas as normas exigidas pelo órgão fiscalizador, o MAPA, é investido um capital considerável em profissionais competentes que se preocupam com a avaliação sanitária do reprodutor e, também, com a qualidade do ejaculado, colocando no mercado um produto diferenciado, que irá refletir diretamente na taxa de prenhez e na saúde da cria nascida. O produtor que tem interesse em obter material genético de um touro, seja ele de sua propriedade ou não, deve sempre contratar um centro especializado, porque somente essas empresas podem garantir todos os padrões de qualidade necessários, anulando assim o risco de utilizar um sêmen inadequado que poderá gerar grandes transtornos sanitários e financeiros para a fazenda. Além disso, os CCPS oferecem benefícios aos animais alojados, como alimentação balanceada e manejo adequado, preocupando sempre com o bem-estar de cada animal em coleta.

Danillo Afonso Rodrigues gerente de Prestação de Serviços da Alta Zootecnista formado pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), com experiências em fazendas de gado de corte nos Estados Unidos e Senegal, é gerente de Prestação de Serviços da Alta

PECUÁRIA EM ALTA

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GIRO NO CAMPO

Viaje pelo país e conheça os animais que se destacaram nas diferentes paisagens do Brasil. Os clientes, juntamente com os

técnicos da Alta, apresentam o sucesso dos vários sistemas de produção. E você? Tem algum animal de destaque no rebanho?

Envie uma foto dele para o e-mail da Pecuária em Alta, ela poderá ser o destaque da próxima edição!

Participe e envie sua foto para pecuariaemalta@altagenetics.com.br

Rodrigo Peixoto, técnico de Leite da Alta, com o filho Marcos, ao lado da linda bezerrinha, filha do touro Holandês Ramrock

Fêmeas Charolês em vacas F1 (Angus-Nelore), com projeção de abate de 17 arrobas, em 16 meses, na Fazenda Reunidas Baungart, em Rio Verde, Goiás

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PECUÁRIA EM ALTA

Equipe Alta, sempre presente em importantes eventos da pecuária. Esse registro foi no Leilão BSB Agropecuária

O técnico de Corte, Marcos Labury, e o gerente regional da Alta, em Marabá, no Pará, Hilário Ferrari, conversam com criadores em encontro na Fazenda 3M, no município de Rio Maria


@aclaudiarosa

@amanda.calabrez

@calf_genetics

@gabriela_soncini

@girolandonogueiras

@jchibiaque

@lelis.william

@luizamangucci

@rafaelzoo

PECUĂ RIA EM ALTA

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CORTE

SELEÇÃO GENÔMICA: MODA OU NECESSIDADE? por Fernando Baldi, do Departamento de Ciência Animal, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, de Jaboticabal (SP) e Raysildo Barbosa Lôbo, da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores, Ribeirão Preto (SP) O sucesso do melhoramento genético por meio da seleção depende da utilização de touros e matrizes geneticamente superiores a cada geração, para garantia de progênies superiores a cada safra. Para isso, é necessário identificar, de forma confiável e rápida, animais jovens superiores como futuros reprodutores e utilizá-los de forma intensa. A avaliação genética tradicional, utiliza dados de pedigree e informações fenotípicas para a predição das Diferenças Esperadas na Progênie (DEPs), as quais são utilizadas pelos selecionadores e criadores, como ferramentas para a identificação de animais superiores para o melhoramento de características de alta importância econômica. Apesar das vantagens comprovadas da utilização das DEPs como uma ferramenta robusta para a seleção, no caso de animais jovens, as mesmas apresentam o limitante de uma baixa acurácia, uma vez que animais jovens (candidatos à seleção) não possuem registros fenotípicos de suas progênies e/ou informações de desempenho próprio, sendo as predições das DEPs baseadas, muitas vezes, em informações apenas dos pais (DEP de pedigree). 42

PECUÁRIA EM ALTA

Esse é um problema decorrente na seleção de touros jovens para produção de leite, ou no caso de raças de corte, resultando na dificuldade da seleção de características que não são avaliadas diretamente em candidatos à se-

“No caso de animais jovens, há necessidade de maior quantidade de registros fenotípicos para aumentar as acurácias das DEPs e diminuir os riscos da seleção” leção. Portanto, no caso de animais jovens, há necessidade de maior quantidade de registros fenotípicos, para aumentar as acurácias das DEPs e diminuir os riscos da seleção de animais jovens, o que acarreta um maior tempo de espera até a obtenção dessas informações, aguardar os resultados do teste de progênie, postergando a tomada de decisão sobre a seleção. Em consequência, há redução do ganho genético e aumento de custos

para o produtor. O tempo de espera e o acúmulo de informações, com o consequente ganho em acurácia, caminham no mesmo sentido. Contudo, e desafortunadamente, o ganho genético e o tempo de espera caminham em sentidos opostos e desfavoráveis, diminuindo o ganho genético e a consequente resposta econômica. Há quase 10 anos, surgiu a denominada seleção genômica, na qual as informações dos marcadores genéticos, provenientes de chips comerciais de marcadores do tipo polimorfismos de base única (SNPs), são incorporadas nas avaliações genéticas de forma conjunta com as informações fenotípicas e de pedigree para a predição das DEPs genômicas. A seleção genômica começou a ser implementada em avaliações genéticas de bovinos leiteiros nos Estados Unidos e no Canadá, no final da década passada. Em raças de corte, a implementação da avaliação genômica ocorreu de forma mais tardia. No Brasil, o Programa de Melhoramento Genético Nelore Brasil da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) foi o primeiro programa de melhoramento a implemen-


tar a seleção genômica e, subsequentemente, outros programas de melhoramento de raças de corte têm incorporado a genômica em suas avaliações genéticas. Em raças leiteiras, desde o ano de 2017, a raça Girolando publicou o primeiro sumário de avaliação genômica. Dadas as vantagens da seleção genômica, esse tipo de seleção vem sendo utilizado no mundo em várias espécies, além dos bovinos, como ovinos, suínos, aves, peixes e até plantas. Um dos principais objetivos ou justificativas para utilizar a seleção genômica é o aumento em acurácia nas DEPs dos animais jovens, uma vez que a informação genômica representa uma fonte de informação adicional para a avaliação de animais jovens, que possuem limitadas informações fenotípicas,

“No Brasil, o Programa de Melhoramento Genético Nelore Brasil da ANCP foi o primeiro a implementar a seleção genômica”

permitindo reduzir os riscos da seleção e aumentando a confiabilidade e a resposta genética e econômica. Outro ponto positivo da seleção genômica é a viabilidade da seleção para características de difícil, custosa e tardia mensuração, como características da carne e do leite, que necessitam de um teste de progênie

para sua avaliação, ou ainda características associadas à eficiência de conversão, doenças e resistência a parasitas, que são difíceis de medir e possuem custo elevado de avaliação, além de características reprodutivas das fêmeas, como longevidade e produtividade, que possuem baixa acurácia e são avaliadas tardiamente. Nesse sentido, a seleção genômica pode ser a melhor aliada das biotecnologias reprodutivas, aliada a outras estratégias, como a multiovulação e a transferência de embriões, uma vez que a genômica permite uma maior confiabilidade na seleção das doadoras em raças de corte e leite. Também as informações dos marcadores moleculares permitem a implementação de testes de paternidade, para corrigir ou assinar paternidade, o que

PECUÁRIA EM ALTA

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CORTE

redunda em melhor qualidade da avaliação genética. Um capítulo à parte é o uso da genômica para o delineamento de cruzamentos e a avaliação de raças compostas, uma vez que permite estimar a habilidade de combinação de touros e matrizes de diferentes raças, para maximizar os benefícios dos cruzamentos, em um esquema semelhante ao praticado no melhoramento de plantas, como o milho. A informação genômica vem sendo utilizada, também, para melhor determinação das relações de parentesco entre os animais e melhor estimação da endogamia. Isso impacta diretamente nas decisões e programação dos acasalamentos, uma vez que possibilita trabalhar com a endogamia genômica “real”, ao invés de utilizar a endogamia esperada, obtida por meio das relações de parentesco contidas no pedigree. Sem dúvidas, esse fato deverá abrir o leque de possibilidades no delineamento de acasalamentos, visando a manutenção da variabilidade genética dos rebanhos e a sustentabilidade do ganho genético em longo prazo. Dessa forma, uma vez que a informação genômica pode substituir ou complementar as informações de parentesco, ela permite a democratização do melhoramento genético por facilitar e viabilizar o acesso de rebanhos comerciais de corte ou leite a programas de melhoramento, que muitas vezes não possuem registros de genealogia, limitando a disponibilidade de animais com avaliações genéticas. 44

PECUÁRIA EM ALTA

Apesar de todas as vantagens do uso da tecnologia genômica para acelerar o melhoramento genético, ainda existem alguns entraves que limitam sua implementação em larga escala. No Brasil, o uso da informação genômica não tem sido implementado em larga escala com outros países por diversos motivos, possivelmente por uma questão de custo da genotipagem ou de desconhecimento dos benefícios potenciais. Em relação ao custo da tecnologia, está consistentemen-

“Outro ponto positivo da seleção genômica é a viabilidade da seleção para características de difícil, custosa e tardia mensuração” te demostrado que o ganho em acurácia com o uso da genômica pode ser equivalente ao ganho em acurácia obtido por meio da implementação de um teste de progênie, sendo que o custo da genotipagem é muito menor que o custo de um teste de progênie. Portanto, a relação custo-benefício da utilização dessa tecnologia é infinitamente favorável para a adoção da mesma. Outro possível gargalo é a maior complexidade na utilização e interpretação dos resultados de uma avaliação genômica, uma vez que os animais podem ser classificados por sua DEP genômica ou seus valores

moleculares (MVP ou DGV), dependendo do tipo de avaliação. Isso, frequentemente, causa confusão entre os criadores, pela excessiva quantidade de informação, somada muitas vezes à disponibilidade de resultados das avaliações tradicionais. Muitas vezes, também, os criadores genotipam seus animais com a expectativa de melhorar a avaliação dos mesmos, mas a DEP genômica não significa ou “garante” que um “animal é mais positivo” ou “mais negativo”, apenas permite obter uma maior acurácia e menor risco na decisão de seleção. O uso das informações genômicas é atraente, mas não é a solução para todos os problemas, uma vez que a genômica não corrige erros de dados ou decisões de manejo erradas. Existe uma ampla expectativa sobre o uso dessa tecnologia em função da forte política de marketing e comercial. Portanto, há uma excessiva valorização da informação genômica (genótipos) e não é considerado o banco de dados utilizado, assim como sua qualidade, para estimar os efeitos dos marcadores e predição do MVPs. Assim, a informação genômica é apenas uma parte adicional de toda a engrenagem de um programa de melhoramento. Devemos lembrar, ainda, que na era da genômica, os fenótipos são mais importantes, levando em conta que, frequentemente, é necessário realizar uma recalibragem dos marcadores genéticos para melhorar a robustez das predições genômicas. Numa época em que politicamente se fala tanto em “tríplex”, o triplex


pedigree, fenótipo e marcadores genéticos é a melhor combinação para aumentar a resposta genética e econômica. Finalmente, a questão existente é se será possível, no futuro próximo, obter ganhos adicionais com o uso da seleção genômica ou se já chegamos ao limite da resposta. Nesse sentido, acreditamos que, por exemplo, os ganhos marginais em acurácia com o uso da genômica serão cada vez menores. Contudo, as empresas de genotipagem estão desenvolvendo novos painéis ou chips de marcadores que deverão incluir aquelas variações genéticas mais importantes para as raças zebuínas. Além disso, novos projetos de sequenciamento de raças zebuínas deverão trazer informações relevantes para inclusão nas avaliações genéticas e em programas de melhoramento. Ressalta-se que há outras tecnologias nas áreas das ciências ômicas, como a proteômica, metabolômica, nutrigenômica, epigenômica, entre outras, que deverão contribuir, no futuro, para aprimorar a identificação e seleção de ani-

mais, assim como harmonizar o genótipo e o ambiente para cada situação produtiva. Portanto, há necessidade de novas estratégias de incorporação da seleção genômica nos programas de melhoramento, como o delineamento organizado de estratégias de genotipagem, coleta de informações fenotípicas e uso de populações multirraciais para a obtenção de benefícios comuns a toda a cadeia produtiva. É fundamental,

Fernando Baldi Graduado em Agronomia pela Universidad de La Republica Oriental Del Uruguay (2002), mestrado em Genética e Melhoramento Animal pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2006) e doutorado em Genética e Melhoramento Animal pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2008). Pós-doutorado em melhoramento animal na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2009-2011). Atualmente é professor do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista.

ainda, implementar estratégias no país que permitam utilizar a informação genômica não somente para ganhos genéticos na produtividade, mas também para a valorização e agregação de valor em produtos de origem animal (carne, leite e derivados), como, por exemplo, o uso de ferramentas como a genômica na rastreabilidade de produtos e na denominação de origem, que garantam maior segurança alimentar aos consumidores.

Raysildo Barbosa Lôbo Graduado em medicina veterinária pela Universidade Estadual do Ceará (1971), especialização em genética pela USP (1972), mestrado em ciências biológicas (genética) pela USP (1974), doutorado em ciências biológicas (genética) pela USP (1976), pós-doutorado pela University of Florida (1981), pós-doutorado pela University of Florida (1988), pós-doutorado pela Ohio State University (1990), pós-doutorado pela University of Georgia (1993) e livre-docência em ciências agrárias (zootecnia) pela USP (1980). Fundador e presidente da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) e professor sênior da USP

PECUÁRIA EM ALTA

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CORTE

A CHAVE MESTRA DO MELHORAMENTO GENÉTICO AVALIAÇÃO GENÔMICA COMPROVA A FORÇA DA BATERIA NELORE DE JOVENS REPRODUTORES DA ALTA por Rafael Mazão, consultor do Departamento Técnico Corte da Alta A demanda incondicional do mercado por sólidas informações reflete na escolha de touros contratados pela nossa empresa. Com isso, a cada nova geração de reprodutores temos tido rígidos critérios de avalições para que integrem nossa bateria e se tornem um diferencial na produção dos clientes Alta. A nossa bateria Nelore de touros jovens se desponta no mercado pois traz tipo funcional, pedigree moderno, fortes avaliações genéticas em diversos programas de melhoramento genético, e ainda avaliação Genômica para aumentar a acurácia das suas altas Dep’s. A Alta sempre acreditou que inovar na genética que entra pela empresa anualmente seria um 46

PECUÁRIA EM ALTA

grande diferencial. Prova disso é que além de escolhermos os melhores touros jovens do mercado, acreditamos nos diversos testes de progênies dos programas de melhoramento genético da raça Nelore. Um importante indicador, buscamos sempre os melhores jovens reprodutores e com o maior número de informações para solidificar e atestar a genética melhoradora da nossa bateria. Com a avaliação Genômica não é diferente, esta importante ferramenta no melhoramento genético já é utilizada por outras raças (taurinas) há vários anos. Para consolidar resultados desta ferramenta, é de extrema importância a contínua preocupação dos criadores quanto a formação de grupos de manejo

bem definidos, para que se possa avaliar os touros jovens quanto ao desempenho dentro do grupo de contemporâneos, e estas informações estarão sempre bem “amarradas” à Dep Genômica. Vale lembrar também que, algumas características de baixa herdabilidade ou aquelas não mensuradas em machos, como por exemplo as Dep´s: AOL (área de olho de lombo), EGS (espessura de gordura subcutânea), 3P (probabilidade de parto precoce), STAY (Stayability), características acima citadas das que mais influenciam no resultado econômico do sistema, fazem a diferença com a Dep Genômica pois aumentam a confiança dos preditos resultados. Com isso, a Genômica ates-


“A genômica atesta as avaliações de parentescos distintas nos sumários, assim os jovens reprodutores se tornam ainda mais confiáveis, aumentando a acurácia das suas Dep’s”

Touros destaques

REM El Dourado - MGTe 26,33

ta as avaliações de parentescos distintas nos sumários, assim os jovens reprodutores se tornam ainda mais confiáveis, aumentando a acurácia das suas Dep’s. Proporciona ao mercado menor intervalo de gerações para atestar a qualidade dos animais jovens, e “recicla a genética” com maior velocidade nos rebanhos que tanto necessitam evoluir em melhoramento e consequentemente maior rentabilidade. Para os pecuaristas que buscam informações sólidas, a avaliação genômica é “a chave mestra da caixa de ferramentas” do melhoramento genético.

Vigor Mati - MGTe 24,10

Rafael Mazão consultor Técnico de Corte da Alta Zootecnista, jurado da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), especialista em Julgamento das Raças Zebuínas e em Melhoramento Genético Gado de Corte e consultor do Departamento Técnico Corte da Alta

REM Diablu - MGTe 23,38

PECUÁRIA EM ALTA

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CASOS DE SUCESSO

GENÉTICA DE SUCESSO FAZENDA CAMPOS BOCAINA A EXPRESSÃO DA GENÉTICA E A EFICIÊNCIA NA GESTÃO DOS PROCESSOS COM FOCO NOS RESULTADOS

Dílson Martins Vilela, proprietário da fazenda

Localizada no município de Passos (MG), a Fazenda Campos Bocaina iniciou as atividades no leite há cerca de 30 anos, com a aquisição de 25,2 hectares e alguns animais mestiços, de baixa produção. Administrador e técnico em Contabilidade, o proprietário Dílson Martins Vilela sempre fez questão de se inteirar da rotina e das decisões da fazenda. Há seis anos, ele e o filho, Cássio Vieira Vilela, também formado na área contábil, dividem o tempo entre o escritório de contabilidade da família e a produção de leite. No processo de sucessão familiar, Cássio, após se aperfeiçoar na área administrativa, viu na fazenda uma oportunidade de bons negócios. “A fazenda Campos Bocaina sempre fez parte da minha vida, mas, há 48

PECUÁRIA EM ALTA

seis anos, o leite me despertou a oportunidade de negócio, pois a

“A gente tinha uma grande genética de animais da raça Holandesa e o rebanho estava pronto, mas faltavam estrutura, tecnologia e, principalmente, dados para tomada de decisões” gente tinha uma grande genética de animais da raça Holandesa e o rebanho estava pronto, mas

faltavam estrutura, tecnologia e, principalmente, dados para tomada de decisões”, diz Cássio. Atualmente, o rebanho da raça Holandesa trabalha com 100% de Inseminação Artificial e uma forte parceria com a Alta. Há 11 anos, todo o trabalho genético da propriedade é realizado pela regional Carmo do Rio Claro. “Quando conheci o senhor Dílson, ele logo nos deu a liberdade para ajudar no trabalho genético da fazenda. Juntos, traçamos estratégias de uso dos touros e de aonde chegaríamos com esse trabalho. À medida que os resultados iam aparecendo, a fazenda definia um orçamento para a compra da genética, e a parte técnica ficava totalmente por nossa conta, dentro do orçamento estipulado. Com o passar do tempo e a vinda do Cássio para a fazenda, começamos a trabalhar mais os números desse trabalho genético, através dos nossos programas Alta Mate e, agora, Alta GPS”, explica o gerente regional, Claumi Pio Vilela Júnior. De posse dessas análises estatísticas geradas pelos programas, os proprietários tiveram ainda mais confiança para alterar alguns pontos do plano genético da fazenda e atender o novo modelo de produção. A fazenda, então, passou a acelerar os ganhos genéticos com o


“Sabemos que, numa fazenda de leite, as vacas são as protagonistas, e tudo e todos trabalham para que elas produzam muito leite, de maneira rentável, longeva e sustentável”

uso dos touros do programa Advantage. O programa exclusivo da Alta oferece ao cliente acesso prioritário e exclusivo aos melhores touros do mundo. Hoje, o plano genético da propriedade está ajustado em 15% produção, 70% saúde e 15% conformação. “Sabemos que, numa fazenda de leite, as vacas são as protagonistas, e tudo e todos trabalham para que elas produzam muito leite, de maneira rentável, longeva e sustentável. Sendo assim, um correto trabalho de melhoramento genético é fundamental para conseguirmos êxito na atividade leiteira”, completa. Visão do negócio “leite” “Quando me perguntam o que fez um profissional da área contábil entrar na atividade do leite, sempre respondo: o leite, além de um produto nobre, me fez brilhar os olhos. Quando percebi que dependia de conhecimento e gestão para essa atividade ser um negócio rentável, então, comecei a participar de várias palestras e cursos na área

Touros destaque

AltaSOUSA

AltaRECOIL

ligada ao leite, pois não sabia nada da parte zootécnica. Busquei formar uma boa equipe de técnicos para me auxiliar e, desde o início, sempre tive o apoio do supervisor da fazenda, o Carlinho, com sua equipe. Sempre tive amor pela atividade rural”, conta o proprietário Cássio. A parceria com a Alta, firma-

da há 11 anos, tinha como principal objetivo padronizar os animais. “Focamos o trabalho em organizar e padronizar a conformação e o grau de sangue do rebanho. No começo, chegamos até a segurar o grau de sangue do rebanho em função dos desafios do verão que a fazenda enfrentava, mas, ao longo do temPECUÁRIA EM ALTA

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CASOS DE SUCESSO

po, a fazenda foi vendo que esse problema deveria ser corrigido e que os animais não poderiam expressar todo seu potencial genético com as limitações do ambiente em geral”, afirma Claumi. Com essa definição de sistema de produção, o rebanho foi

apurado e o peso das características de saúde e a produção, aumentadas gradativamente. À medida que o genótipo dos animais era construído, os proprietários avaliavam as novas gerações, mas acreditavam na genética e valorizavam a evolu-

ção como uma importante ferramenta para o sucesso da atividade leiteira. No ano passado, a fazenda entrou para o programa Advantage, em busca de saúde e produção, otimizando ao máximo o programa de melhoramento genético do rebanho.

EVOLUÇÃO GENOTÍPICA DO REBANHO (PEDIGREE). DADOS DO ALTA GPS 2011

2017

170

591

GORDURA

-5

13

PROTEINA

-1

18

VIDA PRODUTIVA

-1,6

1,5

DPR

-1,1

-0,1

CELULAS SOMATICAS

3,06

2,88

FACILIDADE DE PARTO DO TOURO

8,2

7,4

NATIMORTO DO TOURO

8,4

7,6

CARACTERISTICAS DE PRODUÇÃO LEITE

CARACTERISTICAS DE SAUDE

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PECUÁRIA EM ALTA


Estrutura Em 2015, foi concluído o galpão de confinamento das vacas, em sistema de Compost Barn, onde novamente foi observada a genética dos animais sendo expres-

sada.. A capacidade da estrutura é para 120 vacas e os números são animadores. “Temos certeza de que o investimento foi muito válido, melhorando muito o ambiente para as vacas e para as pessoas envolvidas

com os animais. Os resultados aparecem nos bons índices zootécnicos e financeiros”, salienta Cássio. Atualmente, são 110 vacas em lactação, produzindo a média diária de 3.500 litros de leite.

PRODUÇÃO DE LEITE - MÉDIA MENSAL LTS / VACA / DIA

Processos internos A fazenda tem foco total no treinamento dos funcionários, gestão e padronização dos processos. Essa estratégia trouxe ganhos visíveis nos resultados e um deles está nos números reprodutivos. Com o uso de tecnologias, a taxa de serviço subiu de 42% para mais de 70%. São utilizadas ferramentas como lista de cios prováveis da semana, uso de bastões identificadores nas ancas dos animais e, também, vídeos das câmeras do dia anterior, para identificar os cios na madrugada, dentro do galpão de confinamento. A padronização trouxe, ainda, resultados na taxa de concepção, que saltou de 14% para

29,9%. Esse resultado influencia diretamente na manutenção em dia do calendário de vacinas e no investimento em resfriamento de animais. Hoje, existe uma sala de resfriamento, antes da sala de espera da ordenha, onde é feito o resfriamento nas vacas, nas três ordenhas. Outra medida

foi a instalação de aspersores na linha de cocho, conseguindo realizar mais vezes o resfriamento, mesmo com menor impacto. O resultado é o aumento significativo na taxa de prenhez, a diminuição do DEL (dias em lactação médio das vacas), mais bezerras nascidas e mais leite no tanque.

Sobre a regional A regional está situada em Carmo do Rio Claro e atua em todo o sudoeste de Minas Gerais. Parceira da Alta, desde 2003, trabalha com a comercialização de sêmen e todos os serviços e produtos relacionados à inseminação. São nove técnicos, entre zootecnistas, veterinários e técnicos agrícolas, comprometidos com os produtores e com o sucesso dos empreendimentos de leite e corte. Para contato com a regional, basta ligar para os telefones (35) 99132-9597 ou (35) 3561-1583.

PECUÁRIA EM ALTA

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CASOS DE SUCESSO

FAZENDA BREJÃO EMPREENDEDORISMO E NOVAS TECNOLOGIAS SÃO ALIADOS DA PRODUTIVIDADE A Fazenda Brejão, localizada no município de Teófilo Otoni (MG), começou sua história na produção de leite, em 1997. Logo após o falecimento do proprietário Carlesimo Dividório, o filho, médico veterinário Custódio Borges Dividório, decidiu intensificar a produção na propriedade. Para a nova empreitada, investiu em mão de obra e parcerias, prezando pelo bom relacionamento com funcionários e colaboradores. A propriedade não contava com a ajuda de tecnologias. Foi quando Custódio assumiu que comprou o primeiro trator. A técnica de Inseminação Artificial (AI) era utilizada e a produção atingia 400 litros/dia. “Procurei trazer melhorias para a propriedade, implementando alguns novos projetos, como a intensificação da Inseminação Artificial, a produção

de volumoso e a construção de uma ordenha mecânica”, explica o proprietário.

“Procurei trazer melhorias para a propriedade, implementando alguns novos projetos, como a intensificação da Inseminação Artificial, a produção de volumoso e a construção de uma ordenha mecânica” A parceria com a Alta, por meio da Regional de Teófilo Otoni, veio em 2007. A região, que tradicionalmente não tem

Custódio Borges Dividório, proprietário da fazenda

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PECUÁRIA EM ALTA

produção de leite intensificada, fez com que o produtor buscasse parcerias. “Com o perfil progressista do proprietário, a fazenda teve uma evolução genética visível ao longo dos anos, com a participação efetiva de técnicos da Alta e o acompanhamento da Regional”, diz o Gerente Regional, Walter Laender. Até 2006, os animais eram ordenhados manualmente, com produção diária de três mil litros de leite. A partir de 2007, houve investimentos em estrutura, ordenha mecânica e produção de volumosos de qualidade. “A nossa região, tradicionalmente, passa por variações climáticas desfavoráveis, o que ocasiona grandes dificuldades para o setor leiteiro. Uma das principais é o desafio na produção de volumoso, visto que os índices pluviométricos nos surpreenderam negativamente nos últimos anos”, explica o proprietário da fazenda. Em função disso, houve a necessidade de planejamento de produção de volumoso e da adoção de novas tecnologias, como pastejo irrigado, irrigação para produção de milho e produção de grão úmido. Recentemente, houve a instalação do sistema confinado para as vacas Compost Barn. O barracão comporta 120 vacas e o projeto, em curto prazo, é investir em mais um barracão, com a mesma capacidade, totalizando 240 vacas confinadas. O rebanho da propriedade é com-


posto por animais da raça Girolando 3/8, meio-sangue e 5/8. Logo no primeiro mês, as vacas entraram no novo sistema produzindo 2.883 litros diários, com a média de 17.4 litros/ vaca/dia. Pouco mais de 30 dias depois, a produção saltou para 3.200 litros por dia, com a média de 26.6 litros/vaca/dia. Os números demonstram a importância da nova tecnologia para que os animais expressem, ao máximo, o potencial genético e a fazenda atinja o seu objetivo: 8 mil litros de leite por dia. “Com os novos rumos e objetivos da propriedade, nós, da regional, juntamente com o técnico de Leite da Alta, Rodrigo Peixoto, construímos junto ao proprietário um planejamento genético personalizado, a partir de uma análise minuciosa do rebanho e dos novos objetivos da propriedade. Assim, conseguimos indicar, de forma mais precisa, os melhores touros para atender as particularidades do rebanho”, explica Walter. Atualmente, o Plano Genético da propriedade está ajustado com foco em saúde e produção (30% para produção, 40% para saúde e 30% para conformação). São utilizados touros Holandeses, como Monetary, Marlon, Itos e Nate. E, na raça Girolando, os touros: Charmoso, Minister e Imperador Baxter. Após a adoção da tecnologia de plano genético, houve uma evolução visível nos animais em sistema mamário, saúde do rebanho e aumento de produção. Hoje, a propriedade é muito procurada pelos produtores da região para a aquisição de animais.

Touros destaque

AltaMARLON

Charmoso Wildman Tannus

Sobre a regional A regional da Alta em Teófilo Otoni é representada por Walter Laender, desde 1998. Ele iniciou como vendedor e, em 2007, tornou-se gerente regional, atuando no Nordeste de Minas, no Vale do Mucuri, Norte do Espírito Santo e Extremo Sul da Bahia. A equipe é composta por 16 profissionais, entre técnicos em agropecuária, veterinários, agrônomos e zootecnistas. Para mais informações, o telefone de contato é (33) 3521-6239.

PECUÁRIA EM ALTA

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ENTREVISTA

LEONARDO NIETO O DOUTOR EM ZOOTECNIA EXPLICA COMO OS JOVENS TOUROS ACELERAM O PROCESSO DE MELHORAMENTO E GARANTEM A QUALIDADE DOS PRODUTOS NASCIDOS

Leonardo Nieto possui Bacharelado em Genética pela Universidade Nacional de Misiones (Argentina) e Doutorado em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá. Atualmente, é professor do curso de Zootecnia na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e pesquisador associado do Programa de Melhoramento Genético de Gado de Corte Embrapa – Geneplus. O Programa de Avaliação de Touros Jovens, da Embrapa, conhecido como ATJ, existe desde o início dos anos 90. Ao longo dos anos, quais características demonstram maior evolução? Na verdade, o programa ATJ teve duas etapas, cada uma com formatos diferentes. A primeira, com início nos anos 90, teve a escolha dos 54

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reprodutores a serem testados realizada pelas centrais de inseminação e a distribuição do sêmen a rebanhos comerciais colaboradores, com a contrapartida da coleta e o envio de dados pela Embrapa Gado de Corte. Eram testados reprodutores provenientes de provas de ganho de peso como premiados em diferentes pistas de julgamento do país. Esse modelo funcionou até o início dos anos 2000. Em 2011, o programa ATJ foi reformulado e internalizado no programa Geneplus, recebendo o nome de ATJPlus. Os reprodutores a

“O processo, se bem conduzido, funciona; é só fazer bem e acreditar” serem testados, a partir desse momento, passam a ser escolhidos pelos técnicos do programa, utilizando uma série de critérios estabelecidos, e a coleta e distribuição, por centrais parceiras. A Alta Genetics é a grande parceira desse programa. Sem a colaboração dela, a implementação seria impossível. Neste novo formato, já foram testados 60 reprodutores jovens, que, além de apresentarem avaliação genética superior, têm outro denominador

comum, que é o selo do programa, a conformação frigorífica dos mesmos. Qual o impacto dentro do programa quanto à utilização de touros jovens? Ano a ano, existe uma demanda crescente de sêmen dos reprodutores participantes do programa ATJPlus por parte dos criadores. Num primeiro momento, como toda ferramenta nova, foi olhado com certa desconfiança, principalmente pelo medo de errar, mas hoje os criadores têm certeza de que, ao utilizar os touros jovens, conseguem acelerar o processo de melhoramento, além de melhorar a qualidade dos produtos nascidos. Foi um processo de catequese, falando, mostrando e avaliando. Hoje, ninguém mais tem dúvidas sobre a importância dos touros jovens no processo de melhoramento genético. Quando os técnicos do programa escolhem os ATJ, fazem-no sabendo que eles estão influenciando a composição dos rebanhos daqui a quatro ou cinco anos. Por isso, além de escolherem reprodutores por avaliação, tipo, entre outros, os técnicos procuram sempre novas combinações genéticas para o futuro, cientes da importância da variabilidade genética para o melhoramento genético. Obviamente, tem


ano em que não se consegue obter nos ATJ toda a variabilidade que a gente gostaria, mas é nesse momento que a gente percebe a importância da escolha. Quando o criador se pergunta, daqui a quatro ou cinco anos, que touro pouco “emparentado” com o rebanho de matrizes utilizar, vai ter nas centrais uma diversidade de reprodutores, ainda jovens, avaliados e testados, prontos para utilização no mercado.

“Acho que um caminho que todos os programas vão trilhar é pela importância da característica na lucratividade da pecuária de corte”

Na avaliação final, o desempenho dos filhos dos touros jovens tem realmente superado os pais? A maior prova disso é que, nos últimos anos, foram selecionados touros jovens, filhos de touros jovens, o que gera enorme satisfação para o corpo técnico do programa, mostrando que os critérios utilizados na escolha dos mesmos são adequados, aumentando a confiança dos criadores na utilização dos mesmos. O processo, se bem conduzido, funciona; é só fazer bem e acreditar.

nho que todos os programas vão trilhar é pela importância da característica na lucratividade da pecuária de corte. Obviamente, a gente está engatinhando e os estudos sobre a associação dessa característica com outras economicamente importantes devem ser realizados para estabelecer aonde a gente deve ir, já que sabemos que os extremos não são desejáveis. Para isso, os programas

O Geneplus foi um dos pioneiros na inclusão da característica de eficiência alimentar como forma de escolha dos touros jovens. Já existem dados suficientes para influenciar nas avaliações? O Geneplus foi o pioneiro na utilização de dados de eficiência alimentar como forma de escolha dos touros jovens, conjuntamente com outras características já avaliadas nos animais. Acho que um cami-

de melhoramento necessitam aumentar a base de dados dessa característica. Já existem numerosos criadores que estão implementando instalações para avaliação de eficiência alimentar nas fazendas, o que nos ajudará a aprender mais sobre essa característica. Quais as características mais preconizadas nas fazendas hoje para a evolução dos rebanhos? Alguns criadores acreditam que por só fazerem cria apenas as características associadas a esta fase são importantes na sua seleção. Se fazem cria e recria, a habilidade materna e o ganho de peso são as que devem direcionar a sua seleção. O pecuarista não pode esquecer que o principal para uma fêmea é parir e, se antecipadamente, melhor; reemprenhar e depois criar bem o bezerro. Mas, além disso, o bezerro deve

Semideus da Dourada, touro proviniente da ATJ PECUÁRIA EM ALTA

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“É necessário identificar as deficiências zootécnicas do rebanho para trabalhá-las com maiores ênfases, sem se esquecer do conjunto, com o objetivo de alavancar a produtividade da propriedade”

ser um bom ganhador de peso, tanto na cria como na recria, bem conformado, carniceiro e, quanto antes atingir o peso de abate, melhor. Por isso, o criador deve olhar para todas as características economicamente importantes que influenciam as diferentes fases da pecuária de corte. Isso é o que fazem os índices de seleção empíricos e, mais tecnicamente, os índices de seleção econômicos. Obviamente que os rebanhos diferem em menor ou maior medida um dos outros. É necessário identificar, num primeiro momento, as deficiências zootécnicas do rebanho para trabalhá-las com maiores ênfases, sem se esquecer do conjunto, com o objetivo de alavancar a produtividade da propriedade.

que confiar no seu trabalho e no produto final. Se ele não confia, não é o mercado que vai confiar.

Ao longo dos anos, a adesão dos criadores na utilização dos touros jovens têm aumentado? Não tenho dúvidas disso. No Geneplus, a cada ano, o número de doses de touros jovens distribuídas supera o anterior e, com certeza, isso acontece nos demais programas de melhoramento. Da porteira para dentro, os criadores aprenderam a valorizar seu trabalho, testando os próprios touros jovens. Assim como os programas de avaliação de touros jovens mostram o caminho que está sendo trilhado pelos programas de melhoramento, validando a filosofia de trabalho, os criadores precisam testar seu trabalho. A melhor maneira de fazer isso é utilizando os touros jovens. O criador tem

Em termos de avaliação genética, quais os rumos dos programas de melhoramento genético em curto e médio prazo? A genômica e os índices econômicos são a bola da vez no melhoramento genético. Não por modismo, mas sim porque realmente são ferramentas que vão alavancar o processo de melhoria genética do gado de corte. A genômica nos permite saber não só o quanto é repassado dos pais para os filhos, mas o que passou e as diferentes implicações. Os índices econômicos nos permitem maximizar a lucratividade durante o processo de seleção por ponderar, com valores realmente econômicos, as diferentes características avaliadas. O que vem aí é uma ferramenta

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da biologia molecular, conhecida como edição gênica, que permite editar os genes da própria espécie para melhorar determinada característica, sem a necessidade de introduzir um novo gene. Quais as perspectivas do programa Geneplus? O corpo técnico também está trabalhando para implementar essas duas ferramentas, como também novas características associadas à precocidade sexual e conversão alimentar. Qual a importância de um programa de seleção de touros jovens para uma empresa de Inseminação Artificial (IA)? Assim como a avaliação de touros jovens é importante para o criador e para os programas de melhoramento, com certeza, é também para as centrais de inseminação. Essa é uma parte fundamental no processo de produção, tanto que muitas dessas centrais são parceiras de programas de avaliação de touros jovens. Embora seu objetivo final seja comercial, tecnicamente as centrais de inseminação sabem da importância de promover touros jovens nas suas baterias. Primeiro, pelo modo com que esses touros alavancam o melhoramento genético; segundo, por que elas sabem da escolha criteriosa dos programas de melhoramento e, principalmente, porque precisam se antecipar ao mercado que, ano a ano, tem registrado aumento na procura de sêmen desses reprodutores.


A ESTRADA DO SUCESSO NÃO É LONGA. É INFINITA. TERRAVIVA: VENCEDOR DO PRÊMIO LIDE AGRONEGÓCIOS 2017 NA CATEGORIA COMUNICAÇÃO.

Nós, do Canal Terraviva, acreditamos no agronegócio. Por isso, desde o primeiro dia, investimos numa estrutura de TV de verdade. E nunca mais paramos. Só nos últimos dois anos, criamos uma plataforma de eventos, ampliamos a nossa cobertura, renovamos o site e acabamos de inaugurar uma estrutura completa no Rio Grande do Sul. Afinal, a gente sabe que, quando o país precisa ampliar horizontes, plantar é ainda mais importante que colher.

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