Pecuária em Alta - Junho/Julho 2019

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PALAVRA DO DIRETOR

A Raça Gir Leiteiro sempre teve um papel fundamental para a produção de leite no Brasil e nos países de clima tropical, tanto para a seleção de animais puros quanto para a produção de animais cruzados. Na Alta, o processo de seleção e identificação de touros melhoradores da raça teve início em 1996. De lá para cá, escolhas importantes trilham o caminho para a liderança. Um trabalho com planejamento, feito dia a dia. É um projeto de anos que, mais uma vez, está coroado com números e provas consistentes. Na capa desta edição, apresentamos Ivã FIV de Brasília, o melhor touro Gir Leiteiro para leite do mundo. Essa informação foi divulgada pelo sumário de touros do Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL), uma parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – Gado de Leite – com a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL). Além do primeiro colocado no ranking geral, touros consagrados da nossa bateria se mantiveram muito bem avaliados e seis novos touros provados se destacaram no grupo divulgado em 2019. Destacamos também, nesta edição, a nossa liderança no sumário de touros Nelore da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP). Dentre os touros avaliados com filhos nascidos, o líder é REM Dulldog (MGTe 27.90, TOP 0,1%), seguido de REM Dheef (MGTe 27.37, TOP 0,1%). Já dentre os touros jovens avaliados, os líderes são Coral Mat (MGTe 30.83, TOP 0,1%) e Brasileiro J Machado (MGTe 29.99, TOP 0,1%), em primeiro e segundo lugar, respectivamente. Assim como no sumário do Gir Leiteiro, possuímos não só os líderes, mas também vários outros touros que se destacaram no sumário. Para se ter uma ideia, dos 15 primeiros colocados da consulta pública da ANCP, onze estão na nossa bateria. Como visto acima, esses dados não são “Fake News”, e sim dados oficiais das diversas associações e empresas de pesquisa. Como sempre o fizemos, em respeito a nossos clientes e mercado de maneira geral, prezamos por informações sérias e corretas. Nesta edição, você terá a oportunidade de entender todas as informações que foram apresentadas pelos sumários e conhecer os touros de destaque da nossa bateria. Lembrando que o conteúdo da revista está repleto de outros assuntos, tanto de leite quanto de corte, elaborados por nossos técnicos, além dos exemplos de parceiros de sucesso que, juntamente com a Alta, obtêm, cada vez mais, melhores resultados em seus negócios. Espero que goste do que preparamos e, principalmente, que, a partir desta leitura, você tenha mais clareza na sua tomada de decisão. Tenha uma ótima leitura.

Heverardo Carvalho Diretor Alta Brasil

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ÍNDICE EXPEDIENTE Diretor Heverardo Rezende de Carvalho Gerente de Mercado Tiago Carrara - tcarrara@altagenetics.com Coordenadora de Comunicação Camilla Lazak - camilla.rodrigues@altagenetics.com

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Jornalista Responsável Renata Paiva (MTB 12.340) renata.paiva@altagenetics.com Colaboradores desta edição Ana Clara Baião Menezes, Bruna Quintana, Fábio Fogaça, Felipe Paiva, Guilherme Marquez, Júlia Gazoni, Luiza Mangucci, Marcos Inácio Marcondes, Marcos Labury, Nayara Lima, Paula Tiveron, Polyana Pizzi Rotta, Rafael Azevedo, Ricardo Passos, Rodrigo Peixoto, Sandra Gesteira e Tiago Ferreira.

ESPECIAL LIDERANÇA COM CONSISTÊNCIA A liderança de touros da bateria Nelore Alta

ALTA NEWS CAMPO DE GIRASSÓIS DA ALTA Mais do que um espetáculo da natureza, uma ação solidária

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GIRO NO CAMPO Um especial com fotos do campo de girassóis da Alta

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Diagramação e arte Ana Paula S. Alves - paula.alves@altagenetics.com

ADITIVOS ALTERNATIVOS AOS ANTIBIÓTICOS PARA BOVINOS LEITEIROS

Marketing/Comercial comunicacao@altagenetics.com.br

Com o objetivo de reduzir a exposição direta aos resíduos de antimicrobianos em alimentos de origem animal surge o uso de aditivos

Fotos Francisco Martins - fjunior@altagenetics.com Edição e revisão de texto Indiara Ferreira Assessoria de Comunicação indiara@indiaraassessoria.com.br Tiragem: 5 mil exemplares Impressão: Gráfica 3 Pinti

Missão Construir relacionamentos de longo prazo, criar valor para nossos clientes, melhorar a lucratividade de cada rebanho e entregar genética de confiança, além de produtos e serviços de manejo com alta qualidade. Visão Tornar-se a marca global que seja a melhor escolha para produtores progressivos dos segmentos de leite e corte. Valores: Foco, pessoas e competências, coesão, dinamismo, relacionamento, comunicação e ética.

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CAPA GIR LEITEIRO Raça apresenta animais avaliados cada vez mais produtivos


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PROGRAMAS E SERVIÇOS PERÍODO DE TRANSIÇÃO COMO ELE AFETA A PRODUÇÃO E A REPRODUÇÃO DAS MINHAS VACAS? O programa Alta Gestão entrega ao produtor o conhecimento dos índices reprodutivos do rebanho

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DESMAMA: COMO PRODUZIR O MELHOR BEZERRO Como está o planejamento na sua propriedade?

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38 CRIAÇÃO DE BEZERROS

USO DO REFRATÔMETRO PARA AVALIAR A QUALIDADE DO COLOSTRO E A EFICIÊNCIA DA COLOSTRAGEM Quantidade e qualidade corretas de colostro são fundamentais para a proteção imunológica das bezerras

COMO SERÁ A GENÉTICA LEITEIRA EM 50 ANOS?

CORTE

O MELHOR CAMINHO PARA UM CRUZAMENTO DE QUALIDADE Veja como escolher um animal conforme o objetivo de seleção

TOUROS DA ALTA SE DESTACAM NOS PRINCIPAIS LEILÕES DA EXPOZEBU Foram revelados os grandes nomes das raças zebuínas

LEITE

Destaques de tópicos sobre as mudanças que poderemos ver na seleção genética

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EVENTOS

CASOS DE SUCESSO

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FAZENDA ÁGUA AZUL Em busca da eficiência todos os dias FAZENDA SÃO JOÃO Planejamento para vencer os desafios da produção de leite no semiárido alagoano

ENTREVISTA GUSTAVO GONÇALVES Técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando avalia a evolução da raça e as novas ferramentas de seleção

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ESPECIAL

LIDERANÇA COM CONSISTÊNCIA

ENTRE OS 15 PRIMEIROS COLOCADOS NO SUMÁRIOS TEMOS 11 TOUROS NA BATERIA por Bruna Quintana, técnica de Corte da Alta O mês de maio marca um dos momentos mais importantes da raça Nelore, a divulgação do sumário de touros avaliados pela Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP). Tradicionalmente, o lançamento oficial é realizado durante o Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores que, este ano, chegou à 25ª edição. O evento reuniu pessoas influentes da pecuária, criadores e pesquisadores para um dia de conhecimentos, apresentações de novas tecnologias, além do lançamento do tão esperado sumário impresso das raças Nelore, Guzerá, Brahman e Tabapuã. Por meio do sério trabalho feito pelos técnicos e gerentes da Alta Genetics na contratação de touros, levando em consideração consistência de pedigree, dados de intrarrebanho, avaliação genética e acompanhamento de criatórios que realizam ações focadas na evolução genética, o resultado 6

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do sumário da raça Nelore não poderia ser diferente. Mais uma vez, a Alta assume a liderança do sumário da ANCP e, agora, com dupla comemoração, ao colocar líderes entre os touros jovens e os touros provados.

“Os animais mais bem avaliados para MGTe, entre os touros provados, são dois grandes reprodutores da bateria da Alta Genetics: REM Dulldog e REM Dheef” Os animais mais bem avaliados para Mérito Genético Total Econômico (MGTe), entre os touros provados, são dois grandes reprodutores da bateria da Alta Genetics: REM

Dulldog e REM Dheef. O líder REM Dulldog se manteve o primeiro colocado na atualização do sumário, mostrando sua consistência genética, sua avaliação se manteve forte para características de peso, precocidade sexual, tanto de machos quanto de fêmeas, com alterações positivas para habilidade materna e área de olho de lombo, aumentando 0,5% a mais o rendimento de carcaça. REM Dheef, com mais 2.214 filhos avaliados em 80 rebanhos, mostra o porquê foi o touro mais valorizado da raça em 2018. Com evolução significativa para área de olho de lombo, foi de 2,51 para 5,94 centímetros quadrados de área em sua Diferença Esperada na Progênie (DEP). Aliando essa característica com as características de peso, torna-se altamente indicado para a produção de animais pesados, com alto rendimento de carcaça, trazendo maior lucratividade ao produtor.


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ESPECIAL

Entre os touros jovens, temos em cima do pódio Coral Mat e Brasileiro J. Machado, assumindo o primeiro e o segundo lugar respectivamente. O líder da consulta pública Coral Mat, oriundo do criatório Rancho da Matinha, do criador Luciano Borges, além de possuir avaliação genética extremamente forte para as principais características de interesse econômico, é um dos maiores Índices Real Matinha, avaliação feita dentro do intrarrebanho que leva em consideração as características de probabilidade de parto, stayability, peso a desmama, ganho pós-desmame, consumo alimentar e características de carcaça. O segundo colocado, Brasileiro J. Machado, é destaque para as características de peso nas diferentes idades, perímetro escrotal, área de olho de lombo, fertilidade em fêmeas e habilidade materna, além de ser o primeiro touro do intrarrebanho do criatório de Jerônimo Machado. Entre os 15 primeiros colocados da consulta pública da

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“Mais uma vez, a Alta assume a liderança do sumário da ANCP e, agora, com dupla comemoração, ao colocar líderes entre os touros jovens e os touros provados” ANCP, a Alta possui onze touros da sua consistente bateria na liderança do sumário. Outro destaque da bateria é REM Eixoo, classificado entre os melhores touros do sumário para a habilidade materna. Brasileiro J. Machado, Carandah Mat, Coral Mat e REM Dheef estão entre os cinco melhores touros para a característica de peso à desmama. A nova contratação Carandah aparece novamente como líder para as características de peso ao ano e ao sobreano.

Para perímetro escrotal ao ano, REM Embaixador, Belo J Machado, Doutor Terra Brava e Quarup FIV Bonsucesso são os destaques. Na avaliação de perímetro escrotal aos 450 dias, a Alta traz excelentes opções na liderança, como REM Garantido, REM Embaixador, Belo J Machado, REM El Toro, REM Espião 007, REM Galo e REM Faixa Preta. Quarup Bons segue líder para stayability. REM F22, com 7,11 cm² de área de olho de lombo, é um dos líderes para essa característica e, por fim, Calibre FIV Camparino é um dos touros mais bem avaliados para acabamento de carcaça.

Bruna Quintana, técnica de Corte da Alta Zootecnista, graduada na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), em Jaboticabal, e técnica de Corte da Alta


GENÉTICA DE QUALIDADE COM

CONSISTÊNCIA E RESULTADO

1070 da Terra Brava

SULTÃO da Terra Brava

DOUTOR da Terra Brava

BITELO DS x PROVADOR

CAMPEÃO x TECELÃO

SULTÃO DA TERRA BRAVA x PROVADOR

MTGe

16,94 - TOP 2%

MTGe

15,64 - TOP 3%

MTGe

22,08 - TOP 0,5%

iABCZ

17,99 - DECA 1

iABCZ

19,02 - DECA 1

iABCZ

21,94,99 - DECA 1

IQG

23,16 - TOP 2%

IQG

38,11 - TOP 1%

IQG

38,47 - TOP 1%

MISTÉRIO da Terra Brava

CELEIRO da Terra Brava

BIG BOSS da Terra Brava

AVESSO DA BELA TE x MACUNI DO SALTO

SULTÃO x BITELO DS

REM DHEEF x TECELÃO DA SM

MTGe

22,12 - TOP 0,5%

MTGe

18,06 - TOP 2%

MTGe

22,43 - TOP 0,1%

iABCZ

21,67 - DECA 1

iABCZ

17,99 - DECA 1

iABCZ

25,39 - DECA 1

IQG

31,69 - TOP 1%

ADQUIRA TODA ESSA GENÉTICA EM NOSSO LEILÃO

17 DE AGOSTO • EXPOGENÉTICA 2019

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ALTA NEWS

AÇÃO SOLIDÁRIA NO CAMPO DE GIRASSÓIS DA ALTA BENEFICIA SETE INSTITUIÇÕES DE UBERABA A HOMENAGEM AOS VISITANTES DA EXPOZEBU TORNA-SE UMA AÇÃO SOCIAL TÃO BELA QUANTO OS PRÓPRIOS GIRASSÓIS de, mas tanta gente bem-intencionada deciO campo de girassóis na Alta surgiu em diu participar e fazer registros inesquecíveis, 2007 com o intuito de homenagear e agradecer aos visitantes da central, muitos deles compartilhados em localizada na BR-050, próxima “As doações vindas redes sociais, que a ação solidária se multiplicou. a Uberaba, no mês de maio, dessa campanha Foram arrecadados 1.500 lidurante o período da maior feida Alta chegaram tros de leite, o suficiente para ra de Zebu do Mundo, a ExpoZebu. Mas, nos últimos anos, a em um excelente beneficiar sete instituições: Asilo Lar da Esperança, Casa de Apoio ação despertou, de forma espemomento e, Danielle, Casa do Menor Coracial, a atenção dos moradores com certeza, nos ção de Maria, Hospital da Criando município e região. “Passamos a receber um número ça, Lar da Caridade (Hospital do ajudarão muito Pênfigo), Creche Rouxinol e Casa de visitantes muito grande em a continuar Espírita João Urzedo. busca de fotos no campo de giprestando o “As doações vindas dessa camrassóis, então, tivemos a ideia atendimento panha da Alta chegaram em um de fazer uma ação social para excelente momento e, com certebeneficiar outras pessoas”, exaqui na casa. za, nos ajudarão muito a continuar plica o diretor da Alta Brasil, Gostaríamos de prestando o atendimento aqui na Heverardo Carvalho. agradecer a todos casa. Gostaríamos de agradecer a Para ter acesso ao campo de girassóis, o visitante deve- que contribuíram” todos que contribuíram”, ressalta o representante da Casa Espírita ria doar um litro de leite para João Urzedo, Fabiano Possati. beneficiar três entidades assistenciais da cida-

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GIRO NO CAMPO

@_primagalhaes

@agromulher

@biancampana

@blogmarianyaquino

@camilinha_pereira

@camillalazak

@cleissonsilvanofotografia

@drodriguesfotografia

@hpstefanie

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@izadoraalopes

@jugazoni

@lainacio

@larissasantanaph

@minelyes

@nunocj

@safontoura

@thelmalprado

@vivieary15 PECUĂ RIA EM ALTA

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ARTIGO

ADITIVOS ALTERNATIVOS AOS ANTIBIÓTICOS PARA BOVINOS LEITEIROS por Polyana Pizzi Rotta, Marcos Inácio Marcondes, Ana Clara Baião Menezes e Felipe Paiva Os antibióticos são amplamente utilizados nos sistemas de produção animal, não só como medida profilática, mas também como promotores de crescimento. O uso recorrente de antibióticos pode estar relacionado à resistência bacteriana, que representa um problema de saúde pública de grande importância em todo o mundo, pois apresenta consequências clínicas e econômicas preocupantes. Os riscos à saúde humana representados pela exposição direta aos resíduos de antimicrobianos em alimentos de origem animal têm chamado a atenção dos órgãos regulamentadores e de pesquisa, que passaram a considerar os valores de Inges14

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tões Diárias Aceitáveis e Limites Máximos de Resíduos estabelecidos para esses produtos. Desde 2005, a União Europeia impôs a proibição do uso de antibióticos para seus países membros e para alimentos importados de outros países, adotando o princípio da precaução, visto que ainda não há um consenso entre a comunidade científica sobre os potenciais e riscos dos resíduos de antibiótico à saúde humana. Nesse sentido, surge o uso de aditivos, como probióticos (bactérias e leveduras), prebióticos (mananoligossacarídeos e-glucanos) e extratos de plantas (óleos essenciais, própolis e taninos) como alternativas aos

antibióticos. Tais aditivos são alvos de pesquisas, pois podem atuar sobre a fermentação ruminal e a saúde animal, contribuindo positivamente na produção de bovinos e segurança alimentar. Esses aditivos exercem suas ações de diferentes formas e, apesar da diversidade, todos eles afetam as vias metabólicas de fermentação ou o ecossistema microbiano digestivo. Porém, ao contrário dos antibióticos, que possuem um alvo microbiano específico, esses aditivos geralmente têm modos múltiplos e sutis de ação, sendo que sua eficácia é influenciada pelo tipo de alimentação e status fisiológico do animal.


Probióticos O termo “probióticos” tem sido definido pela FAO/WHO como “microrganismos vivos, que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios para a saúde do hospedeiro”. Várias bactérias ácido láticas, espécies pertencentes aos gêneros Lactobacillus, Bifidobacterium e Enterococcus, são consideradas benéficas aos hospedeiros, sendo utilizadas como probióticos e incluídas nas dietas dos animais. Os probióticos têm a capacidade de melhorar a saúde intestinal, estimulando o desenvolvimento de uma microbiota saudável (composta predominantemente por bactérias benéficas), prevenindo a colonização do intestino por patógenos entéricos, aumentando a capacidade digestiva, diminuindo o pH e melhorando a imunidade da mucosa. É importante que os microrganismos introduzidos não perturbem a microbiota existente, já adaptada ao ambiente do trato gastrointestinal (TGI) do animal. Além disso, os probióticos devem se adaptar aos ambientes ruminal e intestinal, como, por exemplo, descobrir um local adequado para habitar, como o epitélio do rúmen, fluido ruminal ou aderir à fibra dos alimentos, tolerar o ácido biliar, ter afinidade com a mucosa intestinal e glicoproteínas, possibilitando assim seus efeitos sobre a saúde do hospedeiro, como a remoção de moléculas tóxicas e digestão de alguns carboidratos. Em bezerros, existe uma re-

dução intestinal de lactobacilos e bifidobactérias, aumentando as chances da ocorrência de diarreia. Desta forma, o uso de probióticos aumenta o número de microrganismos benéficos e produzem efeitos positivos na estabilização da microbiota do TGI e manutenção da saúde dos animais. Benefícios como menor pH fecal, melhor escore de fezes, menor número de coliformes fecais e menor incidência de diarreia nas bezerras que receberam bactérias do gênero Lactobacillus e Bifidobacterium já foram observados.

“Os microrganismos probióticos são os mais eficazes em promover a melhoria da saúde intestinal e prevenir a diarreia em bezerros” O fornecimento de microrganismos, juntamente com a alimentação desde o nascimento, é uma forma preventiva que permite a incorporação e o estabelecimento das cepas probióticas junto à microbiota de bezerros. Porém, alguns trabalhos de pesquisa não apontam os benefícios, o que sugere que a eficácia dos probióticos pode variar dependendo das condições sanitárias e do manejo dos bezerros, sendo necessária ainda uma melhor compreensão de como tais microrganismos

superam os efeitos de agentes patogênicos, combatendo a patogenicidade e/ou modulando as respostas imunes a infecções. Para ruminantes adultos, cepas de Enterococcus, Lactobacillus, Megasphaera elsdenii ou Propionibacterium podem limitar a acidose em animais alimentados com alta inclusão de concentrado na dieta. Resultados de pesquisa apontam que o uso de B. subtilis natto é capaz de aumentar a produção de leite e sólidos totais, diminuir a contagem de células somáticas, promover o crescimento de bactérias ruminais totais, bactérias proteolíticas e amilolíticas, tendo grande potencial de uso na pecuária leiteira. O fornecimento de B. subtilis natto reduz a razão acetato:propionato e este aumento na proporção de propionato, principal precursor gliconeogênico, resulta em aumento no teor de lactose, proteína e maior volume de leite produzido. O principal probiótico utilizado na bovinocultura leiteira são as leveduras, principalmente Saccharomyces cerevisiae. Detalhes do modo de ação das leveduras ainda não estão bem elucidados, mas sabe-se que estão relacionados a alterações no padrão de fermentação. Alguns autores relatam que as leveduras são capazes de estabilizar o pH ruminal, pois criam microambientes anaeróbicos que favorecem a formação de propionato em detrimento de lactato, além de estimularem determinadas populações de protozoários ciliados que engolfam amido e competem efe-

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ARTIGO

tivamente com bactérias amilolíticas produtoras de lactato. Um ambiente ruminal menos ácido e anaeróbico beneficia o crescimento e a atividade de microrganismos celulolíticos (Fibrobacter e Ruminococcus). Leveduras também têm potencial de alterar a fermentação ruminal, reduzindo a formação de metano (CH4), além de viabilizar fatores de crescimento para os microrganismos ruminais (ácidos orgânicos, oligossacarídeos, vitaminas do complexo B e aminoácidos), favorecendo a proliferação de bactérias utilizadoras de lactato (Megasphaera e Selenomonas). Prebióticos Prebióticos são ingredientes alimentícios não digeríveis que, quando consumidos em quantidades suficientes, estimulam seletivamente o crescimento e/ ou a atividade de microrganismos no TGI, sendo os oligossacarídeos os prebióticos mais utilizados. O uso conjunto de prebióticos e probióticos tem impacto positivo sobre bactérias benéficas do TGI, porém diminuem a aderência das cepas probióticas. Os mananoligossacarídeos (MOS) e os β-glucanos são exemplos de prebióticos extraídos da parede celular da levedura Saccharomyces cerevisiae. MOS possuem uma alta afinidade de ligação às bactérias patogênicas do tipo gram negativas, que apresentam a fímbria tipo I (importante fator de virulência expresso em E. Coli, Salmonella e na maioria das cepas de 16

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enterobactérias). Ao se ligarem aos MOS, tais bactérias não são capazes de atuar sobre os sítios de ligação dos enterócitos. Além disso, MOS aumentam a produção de imunoglobulinas A (IgA), importante mecanismo de defesa do TGI.

“A própolis demonstra atividade biológica considerável, age principalmente contra bactérias gram-positivas, além de possuir propriedades antifúngicas, antiprotozoários e antioxidantes” A suplementação com MOS, FOS (fruto-oligossacarídeos) ou GOS (Galacto-oligossacarídeos) pode melhorar o desempenho de bezerros nos períodos pré e pós-desmame, porém, modificações na fermentação microbiana por esses açúcares ainda não foram examinadas em detalhes. É provável que os benefícios dos prebióticos sejam mínimos em animais saudáveis. Estudos apontam que bezerros suplementados com GOS apresentam maior número de Lactobacillus e Bifidobacterium (microbiota benéfica) e maior desenvolvimento de estruturas epiteliais intestinais, porém, quando fornecido em grandes quantidades (> 3,4% MS sucedâneo), o GOS

leva a efeitos laxativos. Da parede celular das leveduras também se extrai ß-glucanos. Estes têm importante ação na resposta imune inata ou não específica dos animais. Os ß-glucanos se ligam às células fagocitárias ou macrófagos, tornando-os mais ativos. Ao mesmo tempo, ativam células produtoras de citocinas, que promovem uma reação em cadeia, produzindo mais células fagocitárias, ativando o sistema imune. Outra ação dos ß-glucanos é a absorção de micotoxinas. Vale ressaltar que diferentes ambientes de fermentação para a produção de leveduras resultam em variações na composição da parede celular das mesmas e, como consequência, também alteram a concentração de carboidratos funcionais, como MOS e ß-glucanos, influenciando o modo de ação dos prebióticos e comprometendo sua eficácia. Extratos de plantas Óleos essenciais Óleos essenciais compreendem uma variedade de substâncias lipofílicas, líquidas e voláteis presentes em tecidos vegetais, que conferem aos mesmos odor e cor, além de proteção contra predadores. Podem ser obtidos por extração a vapor ou por solventes. Os terpenoides e fenilpropanoides são os principais grupos químicos onde os óleos essenciais estão incluídos. O eugenol (cravo-da-índia), o timol (tomilho e orégano), o carvacrol (orégano), o cinamaldeído (ca-


nela) e a capsaicina (pimentas) são exemplos de óleos essenciais cujas propriedades antimicrobianas já foram investigadas no ambiente ruminal. Sua ação antimicrobiana está relacionada com a interação com a camada lipídica bacteriana, o que resulta em mudanças estruturais da membrana. Essa mudança estrutural resulta em alteração no gradiente iônico, desviando grande parte da energia para estabilizar o gradiente, levando a célula à morte por exaustão. Outros mecanismos de ação citados são a atuação sobre proteínas de membrana, como as ATPases, causando alteração na síntese de ATP, e ainda sobre enzimas envolvidas nos processos de regulação de energia e de síntese de componentes estruturais. Os óleos essenciais são mais efetivos contra bactérias gram-positivas (gram +) do que gram-negativas. Em bactérias gram +, o óleo essencial pode interagir diretamente com a membrana celular, enquanto as gram-negativas possuem uma cápsula externa que envolve sua membrana, restringindo o acesso a compostos de baixo peso molecular, como, por exemplo, carvacrol e timol, que podem adentrar por difusão. A adição de óleos essenciais na dieta de ruminantes é sugerida como meio de mitigar a produção de metano (CH4) entérico. O óleo de canela (CIN) e seu principal componente, cinamaldeído (CDH), demonstraram inibir a produção de CH4 in vitro. Em estudos in vitro, o CDH diminui a proporção de acetato e aumenta o propiona-

“O uso de produtos à base de taninos na dieta de vacas leiteiras mostrase promissor, porém, deve-se atentar às dosagens fornecidas aos animais, visto que esse composto tem poder adstringente”

to, sugerindo redução da produção de CH4 dada a relação inversa entre propionogênese e metanogênese no rúmen. Com relação aos efeitos dos óleos essenciais sobre a saúde intestinal, foi observado que o óleo essencial obtido das folhas de Morus alba é eficaz na redução da incidência de diarreia, no aumento da prevalência de microrganismos benéficos (Prevotella, Lactobacillus e Enterococcus) e na redução da população de E. coli K99, promovendo melhoria na saúde de bezerros pré-desmama. O uso de óleos essenciais na alimentação animal é limitado em grande parte devido à sua eficácia inconsistente e à falta de entendimento dos modos de ação. As doses ideais são de difícil determinação, principalmente devido à grande diferença na composição química que ocorre entre óleos essenciais extraídos de plantas diferentes ou de mesma espécie (partes da planta, condições climáticas, etc), sendo necessárias mais

pesquisas sobre tais extratos. Própolis A própolis pode ser definida como uma substância natural resinosa, com variadas cores e consistências, coletada por abelhas a partir de diferentes plantas e partes de plantas. A própolis contém mais de 300 constituintes bioquímicos, incluindo principalmente uma mistura de polifenóis, flavonoides, ácido fenólico e seus ésteres, aldeídos fenólicos e cetonas, terpenos, esteróis, ácidos graxos, vitaminas e aminoácidos. A composição química desse produto é altamente variável, devido à alta oferta de plantas para as abelhas como fonte de própolis nos mais variados habitats. Além disso, devido à natureza pegajosa da própolis, esta não pode ser usada em sua forma bruta, sendo normalmente purificada pela extração com solventes, de forma a preservar as frações polifenoicas, sendo o tipo e a concentração outras fontes de variação do produto. A própolis demonstra atividade biológica considerável. Age principalmente contra bactérias gram-positivas, além de possuir propriedades antifúngicas, antiprotozoários e antioxidantes, sendo considerada um aditivo útil para modificar a fermentação microbiana ruminal. Pode ser empregada, ainda, em diversas fases da vida do animal, como durante a gestação, o crescimento, a terminação ou lactação, de forma a melhorar o desempenho produtivo e a imunidade animal contra para-

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sitas intestinais. Foi observado que a inclusão de extrato de própolis na dieta de vacas leiteiras da raça Holandesa promove o aumento na produção de leite e no teor de proteína do leite, mas não apresenta efeito sobre o consumo de matéria seca, teor de gordura do leite e sobre a contagem de células somáticas. Os autores sugerem que o aumento na produção de leite pode ser resultante da ação da própolis sobre as bactérias metanogênicas, promovendo assim maior disponibilidade de energia para a produção de leite, e que o aumento no teor de proteína pode ser resultante da menor taxa de degradação ruminal de aminoácidos. De maneira geral, a própolis é capaz de promover melhoria do ambiente ruminal, porém, o

“Os antibióticos ainda são muito utilizados, pois possuem eficácia comprovada, porém, seu uso vem sendo desestimulado devido à pressão exercida por organizações internacionais” modo de atuação desse composto sobre a microbiota ainda não foi completamente elucidado. A falta de padronização do produto faz com que os resultados de pesquisa sobre parâmetros produtivos sejam conflitantes, visto

Levedura, Saccharomyces Cerevisiae

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que as características do mesmo podem variar dependendo da florada ou da época do ano. Taninos Taninos são compostos polifenólicos solúveis em água, com variados pesos moleculares e podem ser encontrados na casca, nas folhas ou nos frutos de espécies vegetais. A presença de hidroxilas fenólicas e carboxilas é capaz de formar complexos com proteínas, minerais, amido e celulose. São classificados em taninos hidrolizáveis (poliésteres de ácido gálico e açúcar), que são solúveis em água, e taninos condensados (TC; polímeros de flavonoides), que formam complexos com proteínas insolúveis em água.


Os principais efeitos dos taninos são: diminuição da digestão ruminal da proteína devido à formação de complexos tanino-proteína em pH neutro – como o encontrado no ambiente ruminal em dietas balanceadas –, aumento da disponibilidade de aminoácidos no intestino delgado, redução da formação de NH3 ruminal e excreção de N na urina, redução de parasitas gastrointestinais e redução da produção de CH4, indiretamente por se ligar à fibra dietética, reduzindo a digestão e digestibilidade ruminal da fibra ou diretamente por inibir o crescimento de bactérias produtoras de metano. Os mecanismos de ação dos taninos sobre as bactérias ruminais são diversos, pois estes apresentam diversos compostos químicos em sua constituição. Os taninos podem formar uma “cobertura de polímero” sobre a membrana celular, impedindo a bactéria de produzir enzimas e se aderir a nutrientes, romper a membrana celular, ou causar aglutinação da mesma, ou, ainda, bloquear a síntese de enzimas essenciais para o metabolismo das bactérias. Alguns autores sugerem, também, a capacidade adstringente dos taninos em romper a membrana, além da capacidade de impedir a utilização de Fe pelas bactérias por se ligar a esse elemento. A eficácia dos TC pode ser alterada conforme uma gama de efeitos, que estão relacionados às concentrações, à composição das frações de TC, à estrutura química na planta e compostos

secundários. Dentre esses efeitos podem-se destacar variações climáticas, estresse de seleção sofrido pelas plantas por herbívoros, variações no solo e temperatura, oferta de água e nutrientes, competição com outras plantas, entre outros. Assim, o uso de produtos à base de taninos na dieta de vacas leiteiras mostra-se promissor, porém, deve-se atentar às dosagens fornecidas aos animais, visto que esse composto tem poder adstringente.

Ana Clara Baião Menezes Zootecnista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), Mestranda em Nutrição e Produção de Ruminantes pela mesma instituição e Doutoranda na área de Produção e Nutrição de Ruminantes pela UFV, com ênfase em Exigências Nutricionais. Atualmente está em período de doutorado sanduíche na North Dakota State University (NDSU)

Felipe Paiva

Conclusão Os antibióticos ainda são muito utilizados, pois possuem eficácia comprovada. Seu uso, porém, vem sendo desestimulado, devido à pressão exercida por organizações internacionais. A principal limitação ao uso de aditivos alternativos é a concentração e o princípio ativo dos mesmos, sendo necessárias mais pesquisas para melhorar a compreensão das interações que ocorrem entre aditivos, alimento, animal e microbiota. Dentre os aditivos citados neste artigo, os microrganismos probióticos são os mais eficazes em promover a melhoria da saúde intestinal e prevenir a diarreia em bezerros. Já para vacas em lactação, principalmente aquelas alimentadas com maiores proporções de concentrado, a adição de leveduras à dieta melhora as características de fermentação ruminal, reduzindo assim a ocorrência de acidose e aumentando o aproveitamento dos nutrientes. Os demais ainda carecem de mais estudos.

Zootecnista e Mestrando em nutrição de ruminantes - Bovinos de leite pela Universidade Federal de Viçosa – UFV. Técnico Programa Família do Leite

Marcos Inácio Marcondes Zootecnista pela Universidade Federal de Viçosa (2005) e obteve seu mestrado pela mesma universidade em 2007. Cursou seu doutorado na Universidade Federal de Viçosa, sendo parte de seu doutorado realizado na Texas A&M University. Atualmente é professor associado em bovinocultura leiteira na Universidade Federal de Viçosa e está em período sabático na University of Florida trabalhando com economia de sistemas de produção de leite. Tem experiência na área de Nutrição de Ruminantes, especializada no uso de alimentos e requerimentos nutricionais para ruminantes

Polyana Pizzi Rotta Zootecnista pela Universidade Estadual de Maringá. Mestrado na Universidade Federal de Viçosa (UFV). Doutorado na Universidade Federal de Viçosa (UFV), com período de treinamento na Colorado State University. Atualmente é Professora Adjunta de Produção e Nutrição em Bovinocultura de Leite da Universidade Federal de Viçosa, é uma das coordenadoras do Programa de Extensão Família do Leite e é membro do comitê para atualização do BR CORTE 2016 e elaboração do BR-LEITE 2020

PECUÁRIA EM ALTA

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CAPA

GIR LEITEIRO RAÇA APRESENTA ANIMAIS AVALIADOS CADA VEZ MAIS PRODUTIVOS

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A raça Gir Leiteiro sempre teve um papel fundamental para a produção de leite no Brasil e nos países de clima tropical, ora para uso em animais cruzados, como também para o uso em animais puros. Na Alta, o processo de seleção e identificação de touros melhoradores da raça Gir Leiteiro teve início no ano de 1996. Um dos primeiros passos foi a compra de Embriões da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), a contratação de Encantado TE Cruzeiro, Guardião TE Gavião, Modelo de Brasília, Original de Brasília e as parcerias de Obelisco da Silvânia Invasivo Cal e a liderança da época, o touro Benfeitor Raposo da Cal. “Com todas essas ações, a Alta entra com o pé direito na comercialização de sêmen da raça Gir Leiteiro”, afirma o gerente de Produto Leite Nacional da Alta, Guilherme Marquez. Evolução da raça

O programa de melhoramento de animais zebuínos surgiu pelo interesse de criadores, inclusive da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), em desenvolver a aptidão leiteira dos animais zebuínos. Com o interesse em iniciar o programa, por meio do teste de progênie dos touros jovens para leite, as instituições ABCZ, Epamig e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) se uniram, com o objetivo de cooperar com o programa proposto. Apenas em 1980, porém, após a criação da Associação Brasileira

“Com todas essas ações, a Alta entra com o pé direito na comercialização de sêmen da raça Gir Leiteiro” dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL), iniciou-se o Programa de Teste de Progênie do Gir Leiteiro, em que foram avaliadas as características de produção de leite e o teor de gordura do leite. Em 1985, o programa transformou-se no Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL). Na fase inicial do programa, algumas dificuldades surgiram, como a baixa utilização da Inseminação Artificial (IA) e o elevado custo. Graças à persistência dos técnicos e produtores que acreditavam na viabilidade técnica e econômica da raça, em 1993, foi lançado o primeiro resultado do teste de progênie. A resposta do mercado foi positiva, aumentando de 88.754 doses da raça comercializas em 1992 para 119.523 doses comercializadas em 1993. Buscando sempre a evolução do programa, em 1994, foram incorporadas as características do sistema de avaliação linear, e em 1999, teor de proteína, sólidos totais, lactose e contagem de células somáticas (CCS). Em 2001, o PNMGL ini-

ciou coletas de material biológico (sangue ou sêmen) para criar um banco de DNA da raça. A partir de 2006, foram lançados os resultados das características moleculares para os genes das proteínas do leite (kappa-caseína e beta-caseína). Em 2013, houve a inclusão das análises para doenças hereditárias. Com a utilização de modernas técnicas de avaliação genética, desde 2016, a avaliação genômica tem sido utilizada para indicar os touros jovens para a prova de pré-seleção do teste de progênie. No ano passado, a seleção genômica foi incluída ao PNMGL, acelerando o progresso genético e reduzindo o intervalo entre as gerações. Atualmente, já foram testados 444 touros com informações ligadas à facilidade de ordenha, ao temperamento, à produção de leite e seus componentes (proteína, gordura e sólidos totais), à conformação corporal, à sanidade e à longevidade. Neste ano, surgiu o segundo sumário com a avaliação genômica de touros zebuínos leiteiros, os valores genéticos dos touros para produção de leite em 305 dias e para idade ao primeiro parto (IPP). Como destaque, o touro com a maior capacidade prevista para produção de leite, proteína, gordura e sólidos totais é Ivã FIV de Brasília, com PTA leite de 688 kg (305 dias). PECUÁRIA EM ALTA

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CAPA

As filhas desse touro apresentaram mais 2,2 kg de leite por dia, em uma lactação (305 dias), com relação à média avaliada, ou seja, significa que o touro possui a capacidade de transmitir às suas filhas a maior eficiência produtiva. Importante ressaltar que os genes que atuam na produção de leite possuem um efeito contrário aos genes para idade ao primeiro parto, parecendo indicar que filhas de touros com alto valor para produção

“Quando o assunto é melhoramento genético, respostas padronizadas são muito perigosas e, geralmente, trazem prejuízo ou diminuem a lucratividade do selecionador”

de leite, em até 305 dias, tendem a apresentar uma maturidade fisiológica mais precoce. Significa que o touro Ivã FIV de Brasília reduziu 65 dias na idade ao primeiro parto (IPP) de suas filhas, com relação à média avaliada. Portanto, desde o início do programa de melhoramento da raça, as médias de produção de leite (305 dias de lactação) dos rebanhos participantes do teste duplicaram, como mostra o gráfico abaixo.

Fonte: Programa de Melhoramento do Gir Leiteiro - Sumário Brasileiro de Touros 2019

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Planejamento genético O Brasil é um país de dimensões continentais e, logo, existem muitas diferenças genéticas, climáticas, nutricionais e mercadológicas entre as regiões em sua área territorial. Quando o assunto é melhoramento genético, respostas padronizadas são muito perigosas e, geralmente, trazem prejuízo ou diminuem a lucratividade do selecionador. Além de diferenças regionais, a pecuária brasileira tem características próprias. É importante que o pecuarista, antes de utilizar qualquer touro, olhe da

porteira para dentro. Só a partir de uma análise minuciosa do rebanho e dos objetivos da propriedade, ele deve definir qual genética utilizar para promover o melhoramento genético, de acordo com o objetivo para selecionar os genes de um indivíduo para impulsionar o ganho genético esperado da progênie. Desse modo, é preciso entender que o desempenho de um indivíduo (fenótipo) será a soma dos fatores genéticos (genótipo) e ambientais, ou seja, entende-se que a eficiência produtiva está correlacionada com a qualidade genética e as

condições de ambiente. Por exemplo, se uma propriedade busca aumentar a produção de leite em vacas saudáveis e férteis, o rebanho precisa obter os genes que terão as características desejáveis para alta produção, saúde e fertilidade, através da seleção dos touros com a maior Capacidade de Transmissão Prevista (PTA), e quando é realizada a segmentação por produção e compostos de tipo, para facilitar seleção do reprodutor, há os melhores touros para cada objetivo, esperando, assim, uma progênie superior à média dos pais.

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CAPA

Com touros jovens, atualmente, há uma avaliação genômica para as características de produção de leite, fertilidade e longevidade, promovendo um aumento na confiabilidade das predições 24

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dos valores genéticos (50% a 67%) e identificando os animais geneticamente superiores mais cedo, o que reduz o intervalo entre as gerações, acelerando o progresso da raça e dos reba-

nhos. Significa que os principais aspectos para a escolha de touros são: objetivos do programa de seleção, mérito genético dos touros selecionados, confiabilidade da prova e pedigree.


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PROGRAMAS E SERVIÇOS

PERÍODO DE TRANSIÇÃO COMO ELE AFETA A PRODUÇÃO E A REPRODUÇÃO DAS MINHAS VACAS? por Tiago Moraes Ferreira, gerente técnico de Leite da Alta

A pecuária leiteira exige que os pecuaristas estejam cada vez mais ligados às novas tecnologias. O problema é que de nada adiantam as oportunidades que o mercado oferece se a vaca não emprenha e a bezerra não nasce. Simples ações podem impactar diretamente nos resultados da propriedade. Agora, como saber se as decisões estão corretas? Realmente, esta é uma pergunta difícil de ser respondida, mas uma coisa é certa, se você gerencia, ou pelo menos conhece os números da sua propriedade, com certeza, a chance de sucesso será muito maior. Por isso, a Alta investe tanto no Alta Gestão. O programa ex-

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clusivo para os clientes da empresa entrega ao produtor o conhecimento dos índices reprodutivos do rebanho, com o objetivo de melhorar a taxa de prenhez, aumentar a produtividade e, consequentemente, o lucro do negócio. Recentemente, realizamos um levantamento utilizando o banco de dados do programa como referência para colocar em discussão um assunto muito estudado no mundo todo, que é o período de transição. Esse momento influencia muito no desempenho produtivo e reprodutivo da matriz na próxima lactação. Durante esse período, o consumo alimentar das fêmeas diminui, enquanto as exigências energéticas aumentam. Além disso, muitos pecuaristas se es-

quecem da importância de prevenir as doenças recorrentes desse período e de dar o conforto que as vacas necessitam. Para mensurar todos esses pontos, selecionamos 20 propriedades do Alta Gestão, de forma aleatória, com predominância da raça Holandesa, nas regiões Sul e Sudeste do país. A média é de 126 vacas com 19% de taxa de prenhez. Em geral, esses rebanhos são semelhantes, do ponto de vista de serem confinamentos com dieta total no cocho e a maioria com compost barn e free stall. O percentual de vacas de primeira cria varia de 29% a 38% de participação no total. O ponto analisado por benchmarking foi a taxa de concepção por número de serviços.

N° de serviços

Serviços

Serviços Positivos

Taxa de concepção

1

2.239

745

33,3%

2

1.414

486

34,4%

3

887

295

33,3%

4

532

170

32,0%


A tabela mostra a taxa de concepção média das 20 propriedades por número de serviços e a quantidade de serviços realizados para cada número de serviços. TOP 15% propriedades N serviços

Taxa de concepção

1

54,4%

2

41,8%

3

39,4%

4

18,9%

As top 15% propriedades têm esse comportamento bastante expressivo na taxa de concepção por números de serviços. Fica nítido que o cuidado com as vacas do ponto de vista de resfriamento, dieta balanceada, segregação dos lotes e tudo que interfere na diminuição de doenças nesse período de transição impacta diretamente na taxa de concepção em relação à média das 20 fazendas. Piores propriedades N serviços

Taxa de concepção

1

22,3%

2

27,2%

3

27,6%

4

25,8%

“O programa exclusivo para os clientes da empresa entrega ao produtor o conhecimento dos índices reprodutivos do rebanho, com o objetivo de melhorar a taxa de prenhez, aumentar a produtividade e, consequentemente, o lucro do negócio” Já as 15% piores propriedades têm um patamar de taxa de concepção menor e, em conversas com os proprietários, não está clara uma preocupação com conforto térmico das vacas, pois não existem sala de resfriamento nessas propriedades e uma preocupação direta com o conforto das vacas.

Quando comparamos a taxa de concepção média do top 15% melhores, o percentual é de 38,6%. Já entre as 15% piores, o número fica em apenas 25,7%, o que mostra uma diferença numérica significativa. É sabido que propriedades eficientes têm conseguido taxa de concepção acima de 45% no primeiro serviço, portanto, fica nítido que muitas propriedades têm oportunidade de melhorar o manejo das vacas em geral para atingir resultados melhores na concepção das vacas.

Tiago Moraes Ferreira , Gerente Técnico de Leite Médico veterinário pela Universidade de Uberaba (Uniube), especialista em Reprodução de Vacas Leiteiras, pela Newton Paiva e Rehagro, e em Nutrição de Vacas de Leite, pelas Faculdades Integradas de Uberaba (Fazu) e Rehagro. Tornou-se jurado oficial da Girolando, presidente do Conselho Deliberativo Técnico (CDT) da raça e atua como gerente técnico de Leite da Alta

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LEITE

COMO SERÁ A GENÉTICA LEITEIRA EM 50 ANOS? por Fábio Fogaça, gerente de Produto Leite Importado da Alta A iniciativa do projeto que estimou como o mercado de leite seria em 50 anos foi liderada por Jack Britt (North Carolina State University) e publicada no “Journal of Dairy Science” (Volume 101, Edição 5, pág. 3722–3741). O artigo cobriu muita coisa, mas aqui destacaremos alguns tópicos sobre as mudanças que poderemos ver na seleção genética. Esperam-se constantes ganhos em rendimento de gordura e proteína e estima-se que a produção do volume de sólidos dobre nos Estados Unidos. Isso requer ganhos um pouco mais rápidos do que temos experimentado nos últimos 50 anos, mas seremos auxiliados pela seleção genômica, que facilitará as taxas mais rápidas de mudança. Maiores rendimentos de sólidos necessitam de maior produção de leite. Dobrar a produção de leite seria igual a termos um rendimento médio de leite de aproximadamente 23.000 quilos. Isso parece um número muito alto para a média americana, mas tenha em mente que várias vacas já conseguiram produções superiores a 30.000 kg e alguns rebanhos já têm médias acima de 18.000 quilos. Os níveis de produção de leite tendem a crescer a uma taxa mais lenta do que a de sólidos, devido aos sistemas de pagamento, que 28

PECUÁRIA EM ALTA

favorecem os sólidos sobre o leite fluido. Podemos não dobrar a produção de leite, mas grandes ganhos estão estimados. Quão baixo podemos ir? Enquanto estimamos o crescimento das produções, os intervalos entre gerações se tornaram mais curtos. Já vimos um grande declínio no intervalo entre gerações, entre os touros e seus filhos, com os intensos métodos de seleção usados pelas centrais de Inseminação Artificial (IA). O atual intervalo de geração entre reprodutores, atualmente, é de um pouco mais de dois anos – quatro anos menos do que há uma década. O

intervalo de 17 meses poderá ser possível com novilhas bem-criadas e touros que já estejam férteis aos oito meses de idade. É uma possibilidade diminuir ainda mais o intervalo de geração no futuro, com inovações na área da reprodução. De fato, pode ser que embriões se tornem pais de embriões. Oócitos viáveis e espermatozoides já foram produzidos a partir de células-tronco embrionárias em camundongos. Se tais métodos forem aperfeiçoados em bovinos, poderemos genotipar embriões e identificar aqueles que gostaríamos de “acasalar”. Em teoria, poderíamos até “acasalar” um embrião consigo mesmo. Se isso parece um pouco


absurdo, você talvez esteja certo. Atualmente, tais técnicas não estão nem perto de ser implementadas, mas quem sabe daqui a 50 anos? A previsão genômica para múltiplas gerações de embriões seria imprecisa hoje, dada a uma grande diferença entre a geração mais recente de embriões “pais” e a população prenunciada das vacas em lactação. Resistência à doença A tuberculose (TB) é endêmica em grande parte da população mundial de bovinos e um perigo para as vidas das vacas infectadas e as pessoas com quem entram em contato. Já imaginou se pudéssemos escolher eliminar a suscetibilidade à TB? Geneticistas do Reino Unido desenvolveram avaliações genômicas para resistência à TB por meio da avaliação de dados de animais abatidos. Nós não seremos capazes de eliminar a suscetibilidade em 50 anos, mas poderíamos ir bem adiante nesse longo caminho para reduzir a suscetibilidade à tuberculose, tristeza bovina, febre aftosa e várias outras doenças infecciosas. Isso seria benéfico, particularmente nos países em desenvolvimento, onde faltam os controles às doenças existentes em países desenvolvidos. A resistência às doenças infecciosas é apenas uma das possibilidades que poderíamos desenvolver nos próximos 50 anos. A seleção de proteínas especializadas para produzir mais efetivamente queijo ou outros produtos já pode ser

“Estamos observando alguns desenvolvimentos nas avaliações genômicas para eficiência alimentar e há possibilidade também de que poderemos ser capazes de selecionar para reduzir a poluição causada pelos dejetos das vacas”

avistada no horizonte. Estamos observando alguns desenvolvimentos nas avaliações genômicas para eficiência alimentar e há possibilidade, também, de que poderemos ser capazes de selecionar para reduzir a poluição causada pelos dejetos das vacas. Avaliações genéticas para nitrogênio da ureia do leite podem ser usadas como um caminho para selecionar vacas que venham a eliminar menos nitrogênio pelas fezes. Embora esse conceito seja altamente especulativo, muitos geneticistas já consideram essa possibilidade.

para o alelo A2, criando o gene “SLICK” (pelo curto) para combater o estresse calórico em regiões quentes. Mas precisamos deixar claro que, no momento, a edição de genes ainda não foi aprovada para uso em animais destinados à produção de alimentos e, talvez, nunca será, porém, a possibilidade, certamente, existe. Nós podemos até ser capazes de ir além dessas mudanças relativamente simples e editar grandes porções do genoma para otimizar características, como rendimento de leite e fertilidade. Cinquenta anos atrás, a Inseminação Artificial estava a caminho de se tornar a ferramenta que dominaria a reprodução de gado leiteiro e a transferência de embriões estava prestes a emergir. Nós sabíamos a respeito de DNA e poderíamos ter previsto que os testes de DNA se tornariam importantes, mas não sabíamos nada sobre a ciência da genômica, que permitiu a criação de animais baseados em DNAs. Certamente, veremos muitas mudanças na pecuária de leite durante o próximo meio século. Atente-se para o fato de que nem estamos citando o que pode acontecer nas áreas de epigenética e microbioma.

Edição de genes A edição de genes é viável para algumas características relativamente simples, como a criação de bovinos que já nascem sem chifre (mochos), alteração do alelo beta-caseína A1

Fábio Fogaça, Gerente de Produto Leite Importado Zootecnista pela USP (Universidade de São Paulo). Pós-graduado em Reprodução e Gerenciamento de Saúde de Rebanho, na International Livestock Management Schools no Canadá. Há 9 anos integra a equipe da Alta.

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CORTE

DESMAMA COMO PRODUZIR O MELHOR BEZERRO por Marcos Labury Gonçalves, técnico de Corte da Alta De repente, o bezerro virou o assunto do momento. O que passamos a ouvir é: “o vazio do bezerro vai provocar o vazio do boi gordo”. O tema se espalhou e a discussão foi levada para os técnicos no assunto e até para as “rodas de prosa”. Hoje, o mercado está pagando preços diferenciáveis e lógicos pelo bezerro fraco, pelo bom e pelo muito bom. Valoriza o criador que tem um bom produto, penalizando muito aquele produtor de animais cuja qualidade não desperta o interesse do comprador. Como nivelar esta bezerrada? Como ter uma desmama mais parelha, mais perto do que o mercado procura? Como fazer o melhor bezerro na desmama, seja ele puro ou de cruzamento industrial? A meu ver, tudo começa quando escolhemos com o melhor grau de certeza possível quais serão os pais da nova geração da bezerrada que vai nascer. Na fazenda, devemos começar, então, com as mães desses bezerros. Para isso, precisamos identificar quais as melhores fêmeas dentro do rebanho da fazenda. E quais são elas? As mais eficientes, as mais lucrativas, as que produzem 30

PECUÁRIA EM ALTA

bons produtos, todos eles com peso à desmama acima da média do rebanho e com peso igual ou maior do que 40% do peso vivo da mãe.

“Tudo começa quando escolhemos com o melhor grau de certeza possível quais serão os pais da nova geração da bezerrada que vai nascer” Precisamos que esta matriz esteja prenhe no cedo, ou seja, no início da estação de monta. As mais precoces são as melhores daquele plantel, são as mais rentáveis, uma vez que, via de regra, são as mães dos melhores produtos. Que sejam boas de leite o suficiente para alimentar bem o seu produto, desde a produção do colostro, no nascimento da cria, até a produção de leite, em tempo suficiente para que ele esteja pronto para se alimentar do pasto. Que esta matriz esteja próxima do ótimo, tanto nas suas con-

dições sanitárias quanto na sua condição ambiental, para que permita uma boa interação com genótipo ambiente ideal, tenha uma boa gestação e condições ideais de expressar o seu potencial genético, ao máximo, com a qualidade do seu produto. Se cuidamos bem desta matriz durante a sua gestação, certamente, daremos uma chance maior a este bezerro, que está na barriga dela, de ter uma boa qualidade à desmama. Sabemos, hoje, da grande importância do terço médio da gestação na qualidade das fibras musculares e do tecido adiposo desse feto e da importância dessas características no diferencial entre um bezerro bom e um bezerro inferior. Justifica-se, então, o investimento a mais, visando animais melhores à desmama. Falemos, agora, da importância também da escolha dos pais, ou seja, dos touros, também responsáveis pela qualidade desses produtos. Quando identificamos quais as necessidades para melhorar essa desmama futura, tanto de machos quanto de fêmeas, podemos escolher qual(is) o(s) melhor(es) reprodutor(es) para isso. Não existe um touro que seja a solução para todos os reba-


Concept Plus

O Concept Plus é um projeto exclusivo de fertilidade de sêmen da Alta, que identifica com precisão touros com melhores taxas de concepção, por análise detalhada de informações de prenhez a campo. O programa apresenta respostas concretas sobre a variação de concepção de touros no campo, que não são explicadas pelas análises laboratoriais, acabando com as especulações cultivadas do mercado de Inseminação Artificial. A bioestatística do Concept Plus é única e altamente eficiente, pois trabalha excluindo outros efeitos, que interferem na fertilidade no campo, e isolando a contribuição do touro sobre a taxa de concepção. Hoje, a quantidade de informações recebidas anualmente torna o programa extremamente robusto, aumentando ao máximo a acurácia das informações geradas e a exatidão dos touros identificados. nhos, mas, certamente, existem reprodutores que se enquadram melhor nas necessidades de cada rebanho. Devemos identificar e escolher os reprodutores que mais se adequam às necessidades das quais falamos acima, entre elas, habilidade maternal, stayability, precocidade sexual, características de crescimento, como peso à desmama, peso ao sobreano, características de carcaça, como área de olho de lombo, e assim por diante. Dentre eles, se consigo trabalhar touros mais férteis, como, por exemplo, aqueles classificados como Concept Plus, certamente, tenho uma probabilidade segura de conseguir um número maior de bezerros na minha propriedade. Concluindo, um bom bezerro na desmama está cercado de muito mais cuidados do que geralmente se espera. Lembre-se: ele foi planejado! Ou melhor, deve ser planejado! Escolhemos seus pais, identificados entre os melhores, conforme nossos interesses. Demos às mães uma boa condição de gestação e a ambos, condições ideais para uma desmama adequada. Assim, certamente, esses bezerros estarão catalogados entre os melhores da safra.

Marcos Labury Técnico de Corte da Alta Zootecnista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), com especialização em Produção de Gado de Corte pelo Centro Universitário Newton Paiva e atua como técnico de Corte da Alta.

PECUÁRIA EM ALTA

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CORTE

O MELHOR CAMINHO PARA UM CRUZAMENTO DE QUALIDADE por Luiza Mangucci, técnica de Corte da Alta Na década de 90, a indústria brasileira, em busca de padronizar a produção e fornecer um produto de qualidade, estimulou produtores a utilizar o cruzamento industrial como uma ferramenta para alcançar esse objetivo, porém não havia nenhum tipo de orientação quanto à raça, tipificação de carcaça e/ou qualquer requisito de como esse animal deveria chegar ao frigorífico. Dessa forma, o que era para ser uma mudança de hábito na produção para melhorar a qualidade da carne acabou prejudicando o real conceito do cruza32

PECUÁRIA EM ALTA

“O melhoramento genético é uma das ferramentas para alcançar essa produção mais eficiente e o cruzamento industrial pode ser um dos caminhos para se obter essas bonificações que o mercado paga”

mento industrial. Começaram a chegar todo tipo de animal cruzado, aqueles sem cupim, coloridos e sem raça definida, dizendo que eram cruzamento industrial. Consequentemente, a indústria refugou esse produto que não era o desejado. Por essa falta de conceito e orientação, a utilização do cruzamento industrial acabou discriminada por grande parte dos produtores naquela época. Porém, o mercado continua exigindo esse produto de qualidade. Isso impacta diretamente na demanda de mercado pelos frigoríficos,


os quais estimularam a intensificação e o aumento da produtividade das fazendas com programas de bonificações para aqueles que produzem com qualidade em curto espaço de tempo. O melhoramento genético é uma das ferramentas para alcançar essa produção mais eficiente e o cruzamento industrial pode ser um dos caminhos para se obter essas bonificações que o mercado paga. Para isso, é necessário utilizar animais avaliados de acordo com o sistema de produção já implantado em cada propriedade para otimizar os resultados. Com o acasalamento entre raças distintas, é sabido que os produtos pesam mais do que os animais de raça pura devido ao efeito da heterose, que é otimizado quando se tem um acasalamento entre raças com o maior distanciamento genético possível, como taurinos e zebuínos, por exemplo. Assim, hoje, as raças mais utilizadas no Brasil são Angus e Nelore. É importante ressaltar que,

dentro das raças puras, ocorre um intenso trabalho de progresso genético; no Angus, há mais de 200 anos, e no Nelore, há mais de 50 anos. O grande desafio está em encontrar o melhor caminho de escolha dos animais para o acasalamento entre essas raças. Diversos estudos já demonstram a superioridade dos animais advindos de cruzamento entre raças para ganho de peso, porém, nenhum aponta a forma mais adequada de escolha desses animais para obter o melhor aproveitamento dessa ferramenta. Em um estudo, utilizando-se 475 bezerros meio-sangue (Nelore x Aberdeen Angus) produtos de fêmeas multíparas, avaliou-se a replicação das Diferenças Esperadas na Progênie (DEPs) de peso à desmama da American Angus Association. Para a verificação desses dados, no cruzamento industrial, foi utilizado o comparativo de dois touros, chamados de Touro 1 e Touro 2.

DEPs de peso á desmama dos Angus Americanos utilizados no cruzamento com vacas Nelore

DEP P205d ACC

Touro 1

Touro 2

46 lb

78 lb

96

94

Fonte: American Angus Association, 06/04/2019

PECUÁRIA EM ALTA

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CORTE

Analisando os dados de peso ao desmame desses animais, foi demonstrada uma forte tendência de replicação das provas dos touros no cruzamento industrial, conforme demonstrado no gráfico ao lado. A diferença média entre os dois touros foi de 14,51 quilos. Essa diferença é demonstrada em suas DEPs, em que o Touro 1 possui 46 libras para peso aos 205 dias e o Touro 2, 78 libras. A diferença de 14,55 kg entre as DEPs demonstra a forte tendência de replicação dessa prova, mesmo que no cruzamento industrial. Porém, Vasconcelos, Rodrigues e Peres (2018) afirmaram que as DEPs do Angus no puro não possuem uma tendência tão forte quanto essa encontrada no presente estudo. No trabalho apresentado pelos pesquisadores, foram utilizados quatro touros. O melhor para DEP de peso à desmama foi o segundo melhor peso. A segunda maior DEP foi o melhor peso à desmama. As demais se replicaram: a terceira pior DEP, o terceiro pior peso e o quarto pior. Estudos para desenvolver metodologias de escolha de animais para cruzamento industrial devem ser mais direcionados para se obter maior rentabilidade. Além da importância das avaliações para escolha do touro, vale ressaltar a diferença dos pesos de macho e fêmea. Os machos se demonstraram mais pesados quando comparados com as fêmeas; em média, 14,5 kg a mais. Os machos tendem a ser mais pesados por uma questão fisiológica e hormonal, porém, existem 34

PECUÁRIA EM ALTA

Pesos de desmama por touro relacionados ao sexo

lugares em que as fêmeas saem mais pesadas quando comparadas com os machos. Na maioria das vezes, esse fato ocorre por alguma falha de manejo. Os animais da raça Aberdeen Angus possuem alta libido. Quando o manejo de macho e fêmea acontece em um mesmo lote, pode haver um impacto di-

reto no ganho de peso à desmama. Os machos ficam em torno das fêmeas no cio e deixam de comer, impactando diretamente em seu desempenho. Além disso, outro fator que impacta diretamente no peso à desmama é a época de nascimento, conforme mostra o gráfico a seguir.

Pesos de desmama por touro relacionado ao mês de nascimento


Diversos estudos mostram que o bezerro que é chamado de “bezerro do cedo” possui um melhor desempenho quando comparado ao que é chamado de “bezerro do tarde”. A diferença de um mês de idade impactou, aproximadamente, em 20 kg de diferença na desmama dos dois touros. Resultado próximo ao encontrado por Vasconcelos, Rodrigues e Peres (2018) que verificou 13,77kg a mais no bezerro mês 9 comparado com o do mês 10. Esse impacto do mês de nascimento também foi verificado por outro autor, que encontrou um efeito decrescente do peso à desmama conforme o mês do

nascimento. Essa variação de peso encontrada em todos os estudos é em virtude da sazonalidade de forragem, que impacta diretamente na produção de leite das fêmeas e no desempenho direto dos bezerros. Vale ressaltar que a superioridade do Touro 2 para peso à desmama se manteve independente do sexo e idade em que esses animais foram desmamados. A utilização de touros avaliados não deve se restringir somente para seleção em raça pura. As DEPs são o melhor caminho para se escolher um animal de acordo com o objetivo de seleção, seja para raça pura, seja para cruzamento industrial.

Além disso, é de extrema importância fazer um controle do desempenho dos animais para os devidos ajustes de estação, visando maior concentração de “bezerros no cedo” ou, em lotes de manejo, para facilitar a identificação do problema.

Luiza Mangucci , Técnica de Corte da Alta Graduada no Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) de Uberaba, pós-graduanda em Melhoramento Genético em Bovinos de Corte e Ciências Agrárias pelas Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) e atua como técnica de Corte da Alta.

PECUÁRIA EM ALTA

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EVENTOS

TOUROS DA ALTA SE DESTACAM NOS PRINCIPAIS LEILÕES DA EXPOZEBU 2019 A bateria de touros da Alta foi novamente destaque na ExpoZebu. Neste ano, os animais conquistaram grandes valorizações nos principais leilões da feira, além de ter a genética provada nas pistas e nos sumários. “Estamos muito contentes com mais uma edição da ExpoZebu com grandes conquistas para nossa empresa. Batemos o recorde de visitação nessa edição, com mais de três mil pessoas conhecendo as instalações da Alta, nos oito dias de evento. Nosso objetivo é continuar trabalhando para entregar sempre uma genética de alta qualidade”, destaca o diretor da Alta no Brasil, Heverardo Carvalho. Corte No Corte, animais já consagrados da bateria Nelore, como Kayak TE Mafra, continuaram fazendo grandes resultados nas pistas. “Tivemos mais um ano do Kayak brilhando. Ele é um reprodutor que se destaca por transmitir à sua progênie carcaça moderna e bem revestida, além de muita beleza racial. As inúmeras características desse touro fazem com que seus filhos sejam realmente diferenciados e alcancem o pódio de diversas exposições em diferentes categorias”, afir36

PECUÁRIA EM ALTA

ma o gerente de Produto Corte Zebu da Alta, Rafael Oliveira. Outro destaque foram os resultados em leilões, com grande valorização da bateria da Central. O reprodutor Mukesh Col foi avaliado em R$ 1.368.000,00, no Leilão Elite Provada. Touro de carcaça musculosa, comprida, arqueada e profunda, Mukesh Col teve 33% de sua cota vendida para Audiomix Produções, de Goiânia. No tradicional Noite dos Campões ExpoZebu, Calibre FIV Camparino também foi avaliado em mais de R$ 1.620.000,00 em sua totalidade. O animal foi vendido por 30 parcelas de R$ 27.000,00 ao pecuarista Eduardo da Costa, que adquiriu 50% das cotas. No Leilão 30 Anos da Chácara Naviraí, o touro Shell Naviraí foi destaque absoluto e avaliado em quase R$ 500.000,00. Outro destaque da feira foi o reprodutor Big Boss FIV da Terra Brava, avaliado em sua totalidade por R$ 558.000,00 no 1º Leilão Terra Brava, Camparino e Genética Aditiva. Esse fenômeno teve 33% da cota vendida para José Josias Neto. Garrote jovem, filho de REM Dheef, Big Boss coleciona atributos, aliando tipo, biótipo e desempenho. No Leilão da Matinha, a

Alta comprou 50% de Carandah MAT, avaliado em mais de R$ 1 milhão. O animal é sucesso absoluto da safra 2017, por apresentar muita beleza racial, carcaça e Mérito Genético Total Econômico (MGTe) de mais de 28 no sumário da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP). “Esses grandes resultados evidenciam a força da bateria da Alta, que busca sempre aliar animais com diversas características e alto desempenho”, acrescenta Rafael. Leite Nas raças leiteiras, a novidade ficou com o touro Jovem Neymar FIV de Bras, valorizado em mais de R$ 150.000,00 no 18º Leilão Tradição Gir Leiteiro, onde foi comprado por um grupo de colombianos e brasileiros. Outra conquista importante veio da divulgação do Programa Nacional de Melhoramento do Gir Leiteiro (PNMGL), uma parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Gado de Leite com a Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGIL). Nele, Ivã FIV de Brasília sagrou-se o melhor touro Gir Leiteiro para leite do mundo.


Ivã é filho de C.A. Sansão e de Nascente TE de Brasília, que vai Caju de Brasília na famosa Ginger de Brasília, com lactação de 10.016 kg e valor genético de 2.157,1 kg. Nascente é também mãe de Soja de Brasília e Ameixa de Brasília, importantes fêmeas com pedigree de alta eficiência leiteira. “Decidimos investir no Ivã, pois acreditamos na genética Brasília e estamos entusiasmados com o bom momento da raça Gir Leiteiro. Com certeza, o touro entra na prateleira de cima da bateria de touros da Alta, sendo uma ótima opção para uso em vacas Jaguar, Radar e Benfeitor e, mais ainda, na raça Girolando, colocando leite e bons úberes nos animais, bem como uma pelagem altamente forte”, afirma o gerente de Produto Leite Nacional da Alta, Guilherme Marquez.

“Estamos muito contentes com mais uma edição da ExpoZebu com grandes conquistas para nossa empresa” Além do primeiro colocado no ranking geral, touros consagrados se mantiveram muito bem avaliados, como Dragão TE, Fomento TE Giroeste, Help FIV Mutum, Casper TE Kubera, Pradesh dos Poções, Raros FIV, Panambi FIV Kubera, Sônico FIV da Palma e Gabinete Silvânia. Seis novos touros provados foram destaque no grupo de 2019, sendo eles Jacto F. Mutum, Barão do JRD, Gênio FIV APAG, Einstein da BDL, GPS FIV da Genipa-

po e Figo Bahadur. Além disso, foram apresentados os compostos das características morfológicas e de manejo para facilitar aos pecuaristas a escolha dos touros de acordo com cada sistema de produção. Da bateria Alta, importantes touros se posicionaram entre os primeiros para os compostos: Corporal: Atlântico TE, Lácteo TE Cal, Vaidoso da Silvânia, Campestre CAL e Gabinete da Silvânia. Pernas e pés: Golias TE Silvânia, Faraoh TE Kubera, Vazão CAL, Mustang FIV Badajos e Facho TE Kubera. Úbere: Espelho TE de Brasília, Kalika FIV Vila Rica, Modelo TE de Brasília. Manejo: Fidalgo Kubera, Lácteo TE CAL, Dueto TE Kubera, Atlântico TE e Kalika FIV Vila Rica.

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CRIAÇÃO DE BEZERROS

USO DO REFRATÔMETRO PARA AVALIAR A QUALIDADE DO COLOSTRO E A EFICIÊNCIA DA COLOSTRAGEM por Paula Marques Tiveron, Sandra Gesteira Coelho e Rafael Alves de Azevedo A ingestão de colostro em quantidade adequada, qualidade correta e rapidamente após o nascimento é essencial para o animal obter proteção imunológica durante as primeiras semanas de vida. Porém, diversas condições podem influenciar a qualidade do colostro, como a raça, ordem de parto, estação do ano, dieta pré-parto e o tempo até a primeira ordenha. Sendo assim, é importante a fazenda ter em mãos uma ferramenta correta de mensuração da qualidade do colostro, antes do fornecimento às bezerras, com o objetivo de atingir melhor eficiência de colostragem. O colostro classificado de alta qualidade deve conter, no mínimo, 50 gramas de imunoglobulinas (Ig) por litro. Diferentes métodos estão

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disponíveis para avaliar a qualidade do mesmo, porém, nem todos são de fácil uso no campo. O melhor método para avaliar a concentração de Ig colostral, considerado o padrão ouro, é o ensaio de imunodifusão radial (IDR), porém, não é uma ferramenta eficaz na fazenda, devido ao seu custo, à complexidade e ao tempo para a obtenção de resultados. Infelizmente, o IDR é uma avaliação laboratorial que requer técnicos treinados e, aproximadamente, 18 a 24 horas para a obtenção do resultado. Dessa forma, métodos alternativos para a avaliação do colostro são necessários. O colostrômetro mensura a gravidade específica de um líquido e, neste caso, a gravidade específica está correlacionada aos sólidos totais (ST). Alguns anos atrás, o colostrômetro foi o método mais utilizado para a avaliação do colostro em fazendas. No entanto, devido à interferência da temperatura do colostro nos resultados e à fragilidade do equipamento (vidro), ele tem sido substituído pelo refratômetro. O retratômetro Brix (óptico ou digital) tem se mostrado como o método mais viável, uma vez que a leitura é rápida, fácil e útil na avaliação da qualidade imunológica do colostro no campo. E, diferente do colostrômetro, o mesmo não depende da temperatura do colostro no momento da análise. Os refratômetros Brix óptico e digital operam mensurando o índice de refração de um líquido.


O dispositivo mede a quantidade de luz que é refratada de seu caminho devido aos constituintes da amostra. Em líquidos que possuem sacarose, como suco de frutas, melaço e vinho, o refratômetro avalia a concentração de sacarose. Quando utilizado em líquidos que não contêm açúcar, a porcentagem de Brix se aproxima da porcentagem de sólidos totais. No colostro, a proteína é responsável por alta proporção de ST e as imunoglobulinas representam grande parcela dessa proteína. Assim, a porcentagem de ST do colostro está positivamente correlacionada com a quantidade de Ig. O volume e a proporção de proteína no colostro, bem como glóbulos de gordura, têm efeito sobre a precisão da leitura no refratômetro, pois podem alterar o índice de refração. Algumas pesquisas relatam que a concentração de gordura de uma amostra pode provocar uma ampla faixa de transição de cor visualizada durante a leitura do grau Brix e o valor registrado pode ser interpretado de forma incorreta. No entanto, apesar desse pequeno problema, os estudos mostram que os refratômetros Brix óptico e digital apresentam alta correlação com o IDR, bem como sensibilidade e especificidade de testes aceitáveis, indicando que são capazes de diferenciar colostro de alta, média e baixa qualidade, quando manejados corretamente e definido o ponto de corte adequado. A leitura do grau Brix óptico é feita pela indentificação de uma linha azul na escala do equipamento.

Exemplo de leitura no refratômerto óptico – Brix 15,2

Já o refratômetro Brix digital determina a pontuação de Brix do líquido iluminando a amostra no poço do equipamento, obtendo o índice de refração e exibindo a leitura em unidade de Brix em uma tela digital.

Exemplo de leitura no refratômerto digital

Antes de ser usado, todo refratômetro, independente do modelo (óptico ou digital), precisa ser calibrado. Manuseando o refratômetro Brix óptico, basta colocar uma gota de água destilada ou deionizada no prisma, realizar a leitura e, se a linha azul não estiver no ponto “zero”, deve-se calibrar o equipamento com o uso da chave presente no kit, até chegar ao ponto desejado (“0”).

Ponto de calibração do refratômetro BRIX

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CRIAÇÃO DE BEZERROS

No refratômetro Brix digital, a calibração é feita da seguinte forma: ligando o aparelho (“on”) e com o auxílio de uma pipeta de plástico, é colocada uma gota de água destilada ou deionizada no poço. Pressionando “read”, o resultado aparecerá logo após. Se o mesmo não for “0.0”, é preciso pres-

sionar “zero” para calibração. Lembrando que também é importante se atentar para a limpeza dos instrumentos, além de sempre, antes de realizar as leituras do refratômetro Brix digital, colocar o aparelho em superfície plana. A partir de estudos de análises da qualidade do colostro

(utilizando e comparando os diferentes métodos ¬– refratometria x IDR) e cálculos de sensibilidade e especificidade, a literatura sugere que o ponto de corte apropriado para avaliar o colostro de boa qualidade seja de 22% Brix tanto para o colostro de multíparas quanto de nulíparas (vacas de primeira cria).

≥ 22% de BRIX (boa qualidade) 18% – 22% de BRIX (média qualidade) < 18% de BRIX (baixa qualidade) Classificação imunológica do colostro a partir do método de refratometria

Levantamento realizado pelo programa de criação de bezerras leiteiras da empresa Alta Genetics, o Alta Cria 2018, demonstrou que a maioria das fazendas utiliza o refratômetro Brix óptico, seguido do colostrômetro, refratômetro Brix digital e colostro balls, sendo que 16% das 51 fazendas avaliadas não realizam nenhum tipo de avaliação da qualidade imonológica do colostro. Instrumento utilizado na avaliação da qualidade imunológica do colostro a campo

Como enriquecer o colostro

Colostros de baixa e média qualidade podem ser enriquecidos com o Colostro Bovino em Pó (SCCL®), tornando-os de alta qualidade. Basta adicionar 15 g/l de colostro em pó para aumentar 1% do valor de Brix em cada litro de colostro.

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Tanto os refratômetros Brix ópticos quanto os digitais podem ser utilizados para avaliação do sucesso da colostragem pela avaliação da proteína sérica, sendo diagnosticado o sucesso ou a falha de transferência de imunidade passiva (FTP). A FTP, definida como concentração sérica de imunoglobulina (Ig) abaixo de 10g/l, deve ser evitada, pois resulta em impactos econômicos negativos, devido ao aumento da mortalidade e morbidade. Por isso, mensurar o grau de transferência de imunidade e, consequentemente, analisar a eficiência de colostragem mostram muito sobre a gestão da criação de bezerras em uma propriedade. Assim como na avaliação da qualidade do colostro, existem diferentes métodos capazes de mensurar a proteína sérica. Neste caso, o IDR também pode ser utilizado e é considerado o padrão ouro para estimar a concentração sérica de IgG no soro sanguíneo. Porém, pelos mesmos motivos citados na avaliação de colostro, esse método não é adotado no campo. Quando a avaliação da eficiência de transferência de imunidade passiva é realizada com o uso de refratômetro de proteína sérica, o ponto de corte para avaliação de boa colostragem é de 5,2 g/dl a 5,5 g/dl. Esses valores indicam que os animais alcançaram o sucesso na transferência de imunidade passiva, ou seja, concentração sérica de IgG acima de 10 g/l. Simplificar os processos é de suma importância para facilitar o manejo dentro de uma propriedade e utilizar um único instru-

mento para avaliação do colostro e IgG sérica pode facilitar o manejo e evitar confunsões no dia a dia. Por isso, o refratômetro Brix vem ganhando maior popularidade entre os produtores, pois, além de avaliar a qualidade imunológica do colostro, ele avalia a eficiência da colostragem, por meio da avaliação dos sólidos totais, que, por sua vez, fornece aproximação com a concentração de imunoglobulina sérica, pois as imunoglobulinas constituem grande proporção da proteína encontrada no soro de bezerros nos primeiros sete dias de vida. Quando comparado com o IDR, o mesmo apontou alta correlação e melhor combinação de sensibilidade e especificidade no ponto de corte de 8,4% Brix. Para realizar a avaliação da

eficiência de colostragem, basta coletar uma amostra de sangue do animal, entre 24 horas após a colostragem até sete dias de idade, em um tubo para coleta de sangue (a vácuo – de tampa vermelha e sem anticoagulante). Em seguida, a partir da obtenção do soro sanguíneo e da calibração do equipamento, avaliar a amostra no refratômetro Brix (óptico ou digital). É importante coletar a amostra de sangue sempre após o aleitamento do dia. Fique atento! A calibração dos dois tipos de refratômetros (proteína total e Brix) utilizados para avaliação da eficiência da colostragem é diferente. No de proteína total, a calibração deve ocorrer no ponto Wt, e no de Brix, a calibração deve ocorrer no ponto 0.

Diferença entre o ponto de calibração dos dois refratômetros

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CRIAÇÃO DE BEZERROS

Definir estratégias para obter sucesso no manejo de colostragem é de grande importância em fazendas leiteiras e a avaliação da qualidade imunológica do colostro e o monitoramento da eficiência de colostragem devem ser adotadas visando este sucesso. A refratometria pelo refratômetro Brix é oportuna e simples, permitindo às propriedades utilizar apenas um equipamento em diferentes atividades.

De olho na avaliação

Para avaliar a proteína sérica dos animais que receberam Colostro Bovino em Pó, o padrão ouro da Associação Americana de criadores de bezerras e novilhas (DCHA) indica pontos de corte diferentes a serem adotados:

Tipo de Colostro

Alvo de Imunidade – 80% (bezerras entre 24 horas a 7 dias de idade) % Brix

g/dl Proteína Total

Colostro Fresco

8,4%

5,5 g/dl

Colostro em Pó

8,0%*

5,2 g/dl

Pontos de corte da proteína sérica total, em diferentes tipos de refratômetro, * valor de Brix estimado

Paula Marques Tiveron, trainee Comercial da Alta Paula Marques Tiveron é médica veterinária pela Universidade de Uberaba (Uniube) e pertencente à equipe técnica do Programa Alta Cria

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Rafael Azevedo, gerente de produto Colostro da Alta Zootecnista, mestrado em Ciências Agrárias pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com doutorado em zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e pós-doutorado em Zootecnia pela UFMG

Sandra Gesteira, médica veterinária Médica veterinária, com Doutorado em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professora titular da Escola de Veterinária da UFMG


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CASOS DE SUCESSO

GENÉTICA DE SUCESSO FAZENDA ÁGUA AZUL SINÔNIMO DE PECUÁRIA EFICIENTE

Corre nas veias da Família Sampaio a paixão pela pecuária. Hoje, quem lidera o projeto é Marco Aurélio Sampaio, que tomou gosto pelo agronegócio quando ainda era criança, acompanhando o avô na lida diária. “Meu avô me ensinou muito. Assim que me formei em Zootecnia, comecei a trabalhar com ele nas fazendas da família no Goiás, na região de Pires do Rio. Eram propriedades pequenas e distantes umas das outras, por isso, decidimos vender e compramos uma nova área no Tocantins para otimizar todo o nosso processo de produção”, conta Marco Aurélio. O ano de 2013 marcou a mudança para a Fazenda Água Azul, no município de Pium. Hoje, os mais de 2 mil hectares abrigam 1.800 vacas em reprodução. O trabalho é com o ciclo completo da pecuária: cria, recria e engor44

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da. Por ano, são confinados cerca de 400 animais. Na fase da cria e recria, o sistema de produção totalmente a pasto tem desmamado machos

“Busco sempre produzir animais precoces, com fêmeas emprenhando aos 14 meses, além de abater machos com menos de dois anos, pesando 22 arrobas” com média de 210 quilos e fêmeas com 200 quilos. A estação de monta é ajustada aos 95 dias, com taxa de concepção de 84%. “Nosso primeiro objetivo é

sempre o retorno financeiro. Por isso, busco sempre produzir animais precoces, com fêmeas emprenhando aos 14 meses, além de abater machos com menos de dois anos, pesando 22 arrobas”, garante Marco. Para produzir esse animal para trazer lucro à propriedade, desde a aquisição das matrizes, Marco tem como parceira a Cria Fértil, representante da Alta em Goiânia (GO). A equipe trabalha com foco nas taxas de ganho de peso, fertilidade e eficiência alimentar. “Os objetivos têm sido atingidos a partir de um planejamento genético muito bem estruturado, criteriosa seleção de fêmeas – que vão formar o rebanho desde a desmama –, planejamento reprodutivo eficiente e um excelente manejo de pastagens”, detalha o sócio-proprietário da Cria Fértil, Ricardo Passo. O resultado é positivo. Conforme o proprietário, todas as metas traçadas estão sendo atingidas, não só pela genética oferecida, mas também pelo suporte técnico alinhado aos objetivos da fazenda. “Meu rebanho tem apenas cinco anos e, desde a segunda safra, não conta mais com fêmeas de 24 meses entrando em estação de monta. Temos apenas fêmeas precoces, de 14 a 16 meses”, salienta Marco. Os desafios para atingir uma pecuária extremamente eficiente são vários, mas a Fazenda Água


Touros destaque

Azul apresenta dois pontos principais para atingir a excelência: a humildade para receber novas tecnologias e o empreendedorismo de um jovem pecuarista. “Vou chegar à plena satisfação quando conseguir ter uma carga animal alta, produzindo fêmeas Nelore com temperamento muito bom, emprenhando aos 14 meses, com índices altos, e terminando os machos mais novos, de 20 meses com 22 arrobas. Como consequência do resultado desses índices zootécnicos, certamente, vamos gerar lucros bem acima da média, na casa de R$ 1.000,00 ha/ano. Quando chegar lá, projeto o meu novo futuro”, finaliza.

FARAÓ FIV FVC

QUALITAS KING

Sobre a regional A Regional Goiânia é representada pela Cria Fértil. A parceria com a Alta Genetics veio em maio de 2000. A equipe atua na região Centro Oeste desde o início dos anos 90, com prestação de serviços e consultoria desde a seleção do rebanho e implantação dos projetos ao treinamento, capacitação de equipe na Inseminação Artificial de Tempo Fixo (IATF), manejo “Nada nas mãos”, manejo de pastagens e gestão financeira do negócio. Entre os destaques está o desenvolvimento de projetos de pecuária de corte, focado em bezerros de qualidade. O contato da Cria Fértil é (62) 3233-3002.

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CASOS DE SUCESSO

FAZENDA SÃO JOÃO OS DESAFIOS DA PRODUÇÃO DE LEITE NO SEMIÁRIDO ALAGOANO

Mário Silvio do Amaral Amorim integra a quarta geração de uma família de produtores de leite, da região de Major Izidoro, em Alagoas. Os desafios climáticos do semiárido alagoano, a ausência de indústrias na região e a má política de preços do leite fizeram Mário investir em gado de corte durante uma temporada, até reestruturar a propriedade. “Foi um grande de-

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safio assumir a fazenda. Tínhamos uma vacada muito velha, pois, na crise, meu pai tinha que vender a recria para fazer caixa. Na época, tirava média de 300 litros de leite por dia”, conta Mário. O pecuarista optou pela modernização. O gado velho da Fazenda São João foi vendido e chegaram as bezerras leiteiras, fruto de inseminação artificial de boa genética da região. “Em 2010, meu rebanho era todo inseminado. Em 2013, com programa Alta Embryo, investi nos meus primeiros embriões. Em 2015, fui convidado para fazer parte do programa Alta Advantage. Foi o grande passo para a evolução do meu rebanho, jun- tamente com a parceria com a Alta”, afirma. O Alta Advantage é um programa exclusivo da Alta, adaptado para cada rebanho, a fim de maximizar o progresso genético

em direção aos objetivos do criador. Com esse plano, o criador tem acesso prioritário e exclusivo aos melhores touros do mundo, à mais alta qualidade, com um plano genético personalizado. “A inseminação artificial e um plano genético bem feito, adequado à propriedade, são os melhores investimentos que podemos fazer. Produzir leite não tem receita de bolo, você é que precisa se adequar à sua região e ao seu sistema de produção. Só assim consegue atingir os objetivos e os melhores índices de qualidade para atender às normativas do governo, como Contagem Bacteriana Total (CBT), Contagem de Células Somáticas (CCS), Gordura, Proteína e Sólidos, para atender as grandes indústrias e o mercado, que a cada dia está mais exigente”, afirma. Antes da parceria com a Alta, a média de leite por animal não chegava a 15 litros de leite por dia. Agora, já ultrapassa os 20 litros nas primíparas. A propriedade produz 3.500 litros por dia. O plano genético construído para a fazenda é ajustado para que ela receba os melhores touros do mercado para potencializar o melhoramento genético do rebanho em produção e fertilidade das filhas (DPR). Quanto ao manejo nutricional, os animais são semiconfinados. A palma forrageira é utilizada como volumoso e o bagaço de cana-de-


-açúcar, o milho e a soja como concentrados, na proporção de 1 quilo para cada três litros de leite produzido. “Vivemos em semiárido com um índice pluviométrico muito irregular e um solo raso, que não permite produzir uma silagem de qualidade. A palma forrageira tem muitos nutrientes, porém, apresenta deficiência em fibra e, por isso, usamos o bagaço de cana-de-açúcar para corrigir essa falta”, conta. Outro produto exclusivo da Alta utilizado na propriedade é o Cross Mate. É um programa de gerenciamento genético das raças tropicais para potencializar as características genéticas de cada animal, definindo o melhor acasalamento para o rebanho. Por meio do atendimento personalizado, são avaliadas todas as particularidades das propriedades para a construção de um diagnóstico detalhado, que ajuda na tomada de decisões. “O CrossMate é um programa revolucionário que nos entrega vários benefícios. Um desses benefícios é a maior precisão nas indicações dos acasalamentos para melhorarmos características funcionais das matrizes do rebanho. Assim, a geração seguinte será mais adaptada ao sistema de produção da fazenda e produzirá mais por lactação, sendo mais longeva”, afirma o técnico de Leite da Alta, Rodrigo Peixoto.

Touros destaque

AltaRAMROCK

AltaHALEY

Sobre a regional A Regional Maceió é parceira da Alta há 22 anos. Atua em todo o estado de Alagoas e oferece produtos e serviços aos pecuaristas para o melhoramento genético, tanto no leite quanto no corte. Liderada pelo veterinário José Joaquim Sacramento Filho, conta com uma equipe de oito profissionais capacitados e treinados constantemente para orientar os clientes. Mais informações sobre o trabalho pelo telefone (82) 3341-0025.

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ENTREVISTA

GUSTAVO GONÇALVES O OLHAR DO GIROLANDO DIANTE DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE SELEÇÃO E PRODUÇÃO Gustavo Gonçalves é graduado em Zootecnia pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp). Desde 2013, atua como colaborador da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando (ABCG). Durante dois anos, trabalhou como técnico de campo do Programa de Melhoramento Genético da Raça (PMGG) e, desde 2015, é supervisor do Serviço de Controle Leiteiro. Qual é a aplicação da genômica na raça Girolando? A principal aplicação dessa nova ferramenta é na seleção de animais, que serão pais/ mães das próximas gerações. Ainda bem jovens, tanto machos como fêmeas superiores geneticamente já podem ser localizados entre os indivíduos do rebanho. Esse fato resulta diretamente em maiores ganhos genéticos. Qual a sua visão sobre o avanço genético dos touros que entram na Pré-Seleção? A Pré-Seleção completou sete anos em 2019. Ao todo, 434 jovens reprodutores Girolando já foram avaliados e o resultado tem sido fantástico. As avaliações tradicionais de alguns dos participantes da primeira edição já devem ser disponibilizadas durante a Megaleite 2019. Entretanto, alguns já tive48

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ram a avaliação genômica divulgada desde a disponibilização do produto e, quando comparadas com as avaliações genômicas dos tourinhos participantes das últimas edições, a diferença em termos de Capacidade Prevista de Transmissão (PTA) para produção de leite é extremamente significativa. Isso é resultado do processo de escolha dos reprodutores, tanto dentro das fazendas, com as escolhas dos pais, como no momento de definição dos participantes. Ao longo desses sete anos, saímos de uma escolha baseada unicamente na produção dos pais, evoluímos para a observação dos valores genéticos dos pais e chegamos à escolha baseada no valor genômico do próprio reprodutor. Atualmente, só são aceitos indivíduos com PTA genômico acima da PTAg média do grupo de touros candidatos. Como exemplo, na última Pré-Seleção, os 63 animais considerados aptos saíram de um universo de 150 tourinhos. O que diferencia um touro de monta comum de um touro que entra em Pré-Seleção?

A principal diferença é a garantia a favor do touro participante da Pré-Seleção de ser um animal melhorador, superior em relação à raça. O touro de monta comum pode até ser bom, mas não há como fornecer essa garantia aos interessados em contar com a genética desse animal. Qual a previsão de tempo da associação para que se instaure a confiabilidade predominante da genômica


na raça? Não há como prever quando chegaremos aos valores de confiabilidade experimentados na raça holandesa, por exemplo. Vai depender, sumariamente, do número de rebanhos participantes, do número de animais genotipados entre outros fatores. Quanto mais informações, mais robusto o produto se torna. Com relação à adesão dos pecuaristas, ao longo de quase 12 meses de início de comercialização do produto Clarifide® Girolando, já é possível observar uma quantidade interessante de criadores tomando decisões mais assertivas e de forma mais rápida com o atual produto. Além de estarem se beneficiando com o que há de mais moderno no ramo do melhoramento genético, estão contribuindo para o fortalecimento da Raça Girolando. Quais as vantagens da utilização de testes genômicos em relação ao teste de progênie? Sem dúvida, a principal vantagem é o tempo. A seleção dos animais já pode ser executada quando ainda são jovens. Essa questão do tempo também está diretamente relacionada a outra importante vantagem dos testes genômicos, o custo. Como as avaliações tradicionais demandam mais tempo até a entrega dos resultados, tornam-se mais caras também. Porém, há de se destacar que uma não tem a intenção de substituir a outra; elas se complementam e, como resultado, temos avaliações cada dia mais sólidas.

“A Pré-Seleção completou sete anos em 2019. Ao todo, 434 jovens reprodutores Girolando já foram avaliados e o resultado tem sido fantástico”

Sabendo que a genômica revela a grande dispersão gênica nos diversos graus de sangue, a associação pensa em mudar a nomenclatura da raça para os diversos graus de sangue? A Girolando segue a nomenclatura determinada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), conforme consta no Decreto 8.236, de 05/05/2014, e todas as Instruções Normativas complementares. As raças sintéticas possuem basicamente duas categorias de registro: a categoria Produto de Cruzamento Sob Controle de Genealogia (CCG), destinada a todos os cruzamentos utilizados para a formação da raça, como, por exemplo, os cruzamentos que originam as composições raciais 1/2 Hol + 1/2 Gir, 3/4 Hol + 1/4 Gir e 5/8 Hol + 3/8 Gir e várias outras, e a categoria Puro Sintético (PS), que é a raça propriamente dita e consiste em animais de composição racial 5/8 Hol + 3/8 Gir, oriundos de pai e mãe também 5/8 Hol + 3/8 Gir, o chamado

“bimestiço”. É importante que todos tenham conhecimento da diferença entre animais CCG e animais PS, pois o processo de seleção para consolidação da raça passa, obrigatoriamente, pela seleção dos animais inscritos na categoria CCG. Com o uso da genômica, haverá uma diminuição no tempo de resposta para a melhoria da raça, fazendo com que a rotatividade em animais melhoradores seja alta. Sendo assim, a associação está ciente no desafio de produzir genética para o mercado em um menor espaço de tempo? É exatamente isso que vai acontecer, da mesma forma que acontece hoje em dia com bovinos da raça Holandesa. Escolher com critério, fazer uso de animais cada vez mais jovens, avaliar os resultados e entregar informação são os objetivos de todo programa de melhoramento genético. Com o PMGG não é diferente. Para tanto, depositamos nossos esforços na busca por mais características avaliadas e no auxílio ao criador para que faça uso das informações disponibilizadas. Com essas bases, aumentaremos o ganho genético e acompanharemos a velocidade que o mercado exige. A utilização genética do touro Girolando Puro Sintético (PS) virou realidade em nosso país? A utilização de reprodutores PS ainda enfrenta alguns desafios, que nascem principalmente dos obstáculos para se produzir PECUÁRIA EM ALTA

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ENTREVISTA

um touro de qualidade. A quantidade de criatórios sob avaliação genética e com quantidade razoável de animais 5/8 não é grande. Além disso, não existe a mesma quantidade de touros e matrizes 5/8 ou PS avaliados no mercado, quando os comparamos com touros holandeses e vacas F1 e ou 1/4, por exemplo. Isso restringe de forma considerável as opções de acasalamento em nível de rebanho. Por fim, não existe um programa específico de seleção com foco em animais PS. Por se tratar de uma parcela de animais pequena e presente há pouco tempo no mercado, seria pertinente.

“É importante que todos tenham conhecimento da diferença entre animais CCG e animais PS, pois o processo de seleção para consolidação da raça passa, obrigatoriamente, pela seleção dos animais inscritos na categoria CCG”

Quais as perspectivas da raça para as fazendas de tecnologia 4.0? A perspectiva da raça é es-

tar inserida também nesse cenário. A melhor maneira de se fazer isso é com informações com relação ao registro genea-

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PECUÁRIA EM ALTA

lógico. Os sistemas internos, os disponíveis aos associados e o sistema utilizado na inspeção de animais são bastante modernos, ágeis e passam por aperfeiçoamento rotineiro. Atualmente, quem está passando por esse estágio é o PMGG. Estamos investindo no aumento da precisão na coleta de informações, a fim de acelerar o processo como um todo e aumentar a entrega para os usuários de touros Girolando. Além disso, estamos buscando parcerias junto a importantes universidades, como a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e o Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), campus Uberaba, com o intuito de elucidar questões que explicam o comportamento do animal Girolando, para trazer subsídios para a opção pela raça.


Criar com qualidade não é fácil. Selecionar com qualidade não é fácil. Escolher uma transmissão com qualidade é. O Terraviva sabe o quanto talento, esforço e investimento são necessários para se chegar a um leilão de excelentes animais. Por isso, valoriza este momento como ninguém, oferecendo muito mais divulgação, transmissão 100% HD em formato wide, três estúdios em locais estratégicos, grade fixa com audiência confiável, equipe especializada e atendimento transparente do fechamento do contrato ao último lance. Aqui a gente cuida de cada detalhe, porque sabe que leilão que dá resultado, volta ainda mais forte no ano seguinte.

TRAGA O SEU LEILÃO PARA O TERRAVIVA. (11) 3131-3783

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