PECUÁRIA EM ALTA
1
2
PECUÁRIA EM ALTA
PALAVRA DO DIRETOR
É com muita satisfação que apresento mais uma edição da nossa revista. Nas próximas páginas, você poderá acompanhar notícias e informações que, com certeza, irão ajudá-lo a ser cada vez mais eficiente no seu negócio. Na capa, apresentamos os novos resultados do Concept Plus, o programa exclusivo da Alta que identifica touros de fertilidade superior a campo. É muito gratificante falar desse programa, que evoluiu de forma impressionante. Neste ano, o Concept Plus chega à sua quinta edição, totalizando 4 milhões de dados coletados, com incremento de 43% nos dados recebidos em relação ao ano passado. Reunimos dados de quase 2.800 fazendas, localizadas em 20 estados brasileiros, além de países parceiros, como Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. Em 2019, foram analisados 403 touros, sendo identificados 132 animais de alta fertilidade, entre eles: 46% zebuínos, 40% taurinos e 14% sintéticos. O Concept Plus se destaca ainda por deter a maior variação de perfil, segmentação e origem dos touros identificados como de alta fertilidade. Essas são informações valiosas para a nossa pecuária, pois de nada adianta investir em infraestrutura, alimentação, gestão e equipe se o sêmen não for fértil e não emprenhar a vaca. Melhoramento genético só ocorre se houver concepção. Além disso, nossa revista está repleta de outros assuntos elaborados por nossos técnicos, bem como exemplos de parceiros de sucesso, que juntamente com a equipe Alta vem obtendo cada vez mais lucro em seus negócios. Espero que gostem do que preparamos e, principalmente, que, a partir desta leitura, nós, da Alta, o ajudemos a ter cada vez mais clareza na sua tomada de decisões. Tenha uma ótima leitura.
Heverardo Carvalho Diretor Alta Brasil
PECUÁRIA EM ALTA
3
ÍNDICE EXPEDIENTE Diretor Heverardo Rezende de Carvalho
06
Jornalista Responsável Renata Paiva (MTB 12.340) renata.paiva@altagenetics.com Colaboradores desta edição Adnan Darin, Ana Luiza Galvão, Angela Bittencourt, Carina Ubirajara, Carlos Henrique Paiva Casa Nova, Geovanna Ribeiro Branquinho Pereira, Luís Alfredo Deragon, Manoel Sá Filho, Márcio Delfino, Rodrigo Ribeiro, Marcos Inácio Marcondes, Mayara Campos Lombardi, Pedro Monteiro, Polyana Pizzi Rotta, Rafael Azevedo, Roberta Gestal, Sandra Gesteira Coelho e Victor Marco Rocha Malacco.
FACILIDADE DE PARTO NA RAÇA NELORE Alta e ANCP se unem para criar uma nova DEP que avalia a característica
Gerente de Mercado Tiago Carrara - tcarrara@altagenetics.com Coordenadora de Comunicação Camilla Lazak - camilla.rodrigues@altagenetics.com
ESPECIAL
10
GIRO NO CAMPO
12
ARTIGO
Confira as fotos de quem compartilha conosco as experiências no campo
BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA SELEÇÃO PARA EFICIÊNCIA ALIMENTAR Nova ferramenta identifica animais mais rentáveis
Diagramação e arte Ana Paula S. Alves - paula.alves@altagenetics.com Marketing/Comercial comunicacao@altagenetics.com.br Fotos Francisco Martins - fjunior@altagenetics.com Edição e revisão de texto Indiara Ferreira Assessoria de Comunicação indiara@indiaraassessoria.com.br Tiragem: 5 mil exemplares
16
Impressão: Gráfica 3 Pinti Missão Construir relacionamentos de longo prazo, criar valor para nossos clientes, melhorar a lucratividade de cada rebanho e entregar genética de confiança, além de produtos e serviços de manejo com alta qualidade. Visão Tornar-se a marca global que seja a melhor escolha para produtores progressivos dos segmentos de leite e corte. Valores: Foco, pessoas e competências, coesão, dinamismo, relacionamento, comunicação e ética.
4
PECUÁRIA EM ALTA
CAPA PROGRAMA CONCEPT PLUS ATINGE RECORDE DE 4 MILHÕES DE DADOS 132 touros são identificados com a fertilidade acima da média
24
PROGRAMAS E SERVIÇOS AltaU REÚNE GESTORES E DEBATE MELHORIAS PARA CADEIA DO LEITE Brasil recebe a terceira edição do AltaU
LEITE LEITE BUSCA NOVAS ÁREAS E
26 FONTES DE RENDA NOS EUA
Assim como no Brasil, produtores investem em manejo, reprodução e genética ESTRATÉGIAS DE ALEITAMENTO
32 VISANDO PRODUÇÃO DE LEITE FUTURA Bezerras bem nutridas, vacas com alta produção leiteira
36
VANTAGENS E DESVANTAGENS DE PARTOS PRECOCES EM NOVILHAS LEITEIRAS Entenda os fatores que podem interferir na primeira gestação das suas fêmeas
44
EVENTOS MEGALEITE 2019 Alta se destaca com os melhores touros girolando 5/8 na feira
46 CRIAÇÃO DE BEZERROS
ALTA SHOW CALF Alta leva pecuaristas para conhecer produção de colostro em pó no Canadá
CASOS DE SUCESSO
48 FAZENDA OLARIA
Produção de um leite rentável, de alta qualidade, com menor custo possível
50 FAZENDA SANTA GERTRUDES
40
CORTE AVALIAÇÃO DO MACHO JOVEM BOVINO A real importância de descobrirmos se um macho é precoce
Foco de trabalho em busca dos três pilares de uma pecuária rentável: fertilidade, habilidade materna e ganho de peso
52 ENTREVISTA
FLÁVIO PORTELA Flávio Portela fala sobre a importância de um programa nutricional bem montado para a eficiência da pecuária brasileira
PECUÁRIA EM ALTA
5
ESPECIAL
FACILIDADE DE PARTO NA RAÇA NELORE É HORA DE MONITORARMOS por Roberta Gestal, técnica de corte da Alta, e Angela Bittencourt, equipe Melhora+ Consultoria Genética Quando falamos na pecuária de corte nacional, não há dúvidas de que a raça Nelore é o denominador comum para termos alcançado os resultados atuais em produtividade aliada à sustentabilidade. Isto se deve, principalmente, às características únicas da vaca Nelore: adaptabilidade, capacidade de se manter, se reproduzir e criar seu bezerro em condições extensivas, muitas vezes com ní-
veis de restrição nutricional em que outras raças não sobreviveriam ou, no mínimo, não teriam
“A vaca Nelore é chamada de “supermãe” a capacidade de se reproduzir e cumprir sua função básica: a entrega de um bezerro por ano.
Alia-se a isso seu forte instinto maternal, protegendo sua cria das ameaças naturais de nosso meio ambiente e sistemas de produção e estimulando seu bezerro a levantar imediatamente após o parto para a mamada do colostro, que vai fornecer a imunidade necessária e ajudar em seu desenvolvimento. Todos esses fatores nos levam a entender por que a vaca Nelore é chamada de “supermãe”.
Correlação IPP (idade do primeiro parto) X D3P (probabilidade de parto precoce)
ref. AG ANCP FEV 2019
6
PECUÁRIA EM ALTA
Outro diferencial importante a ser considerado é a facilidade que essas vacas possuem de parir seus bezerros naturalmente, com pouca ou quase nenhuma incidência de partos difíceis ou com necessidade de assistência. Porém, com a forte seleção para precocidade sexual realizada na raça nos últimos anos, um monitoramento mais constante dessa característica tem se mostrado
necessário. Com os trabalhos bem conduzidos de seleção e melhoramento genético nas últimas décadas, conseguimos trazer a idade média ao primeiro parto das fêmeas Nelore de 60 meses para 40 meses, ou até mesmo 36 meses dependendo do programa de melhoramento genético analisado. Em rebanhos específicos, que utilizam essa característica como uma das prioridades de seu
foco de seleção, já temos a idade média de parição aos 24 meses, com algumas delas parindo até mesmo aos 21, 22 meses. Essa evolução nos mostra que, sim, o Nelore pode ser precoce sexualmente, ao contrário do que se acreditava no passado: estamos na era das “superprecoces”. Confira a evolução da IPP nas Figs. 1 e 2, que mostram dados reais do rebanho Genética Aditiva.
Dados de Idade ao Parto da Genética Aditiva - Safra de 2017, 2013 e 2008
Por outro lado, ao diminuirmos a idade ao primeiro parto, também diminuímos o tamanho e peso das fêmeas no momento de sua primeira parição, o que acarreta em um aumento da probabilidade de problemas no parto. Apesar da facilidade de parto ser uma ca-
racterística multifatorial, ou seja, são muitos os fatores que podem influenciá-la, estudos realizados com outras raças mostram que dois fatores possuem maior correlação com o problema: a idade da matriz e o peso (ou tamanho) do bezerro ao nascer.
CARACTERÍSTICA MULTIFATORIAL
1. Idade da vaca 2. Peso ao nascer do bezerro 3. Sexo do bezerro 4. Área pélvica 5. Duração da gestação 6. Tamanho da vaca 7. Forma/Frame do bezerro 8. Raça de pai 9. Raça da vaca 10. Controle Hormonal
11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20.
Ambiente uterino Meio ambiente Estação do ano Temperatura ambiental Nutrição da vaca Condição da vaca Implantes e aditivos alimentares Tempo de alimentação Exercício Outros fatores desconhecidos
PECUÁRIA EM ALTA
7
ESPECIAL
RAÇA DA NOVILHA CARACTERÍSTICA
Hereford
Angus Correlação com distocia (%)
Peso ao nascer do bezerro
0,54
0,48
Sexo do bezerro
-0,47
-0,26
Área pélvica pré-parto
0,18
0,22
Período de gestação
0,25
0,10
Peso da novilha pré-parto
-0,01
-0,20
Observando essa tendência e buscando monitorar e identificar possíveis problemas ocasionados por essa nova realidade, a Melhora+, em conjunto com Alta Genetics e Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP), iniciou um trabalho de coleta de dados de facilidade de parto em rebanhos parceiros que fazem seleção para precocidade sexual. Seguindo a tabela de escores desenvolvida pelo Guidelines for Uniform Beef Improvement Programs (2018), foram criados um manual com orientações para a realização da coleta das informações, uma caderneta
para registro dos dados coletados e uma fita para mensuração do peso ao nascer. Esses materiais serão distribuídos gratuitamente nas fazendas que farão parte do estudo, que também receberão treinamento técnico para os colaboradores envolvidos, realizado pelas equipes Alta Genetics, ANCP ou Melhora+. A busca constante pelo aumento da produtividade com uma pecuária de ciclo curto e de alto desempenho tem resultado em uma evolução ímpar na raça Nelore, mas precisamos nos manter constantemente atentos às consequências que essa evo-
lução pode carregar. Portanto, esse projeto visa identificar potenciais problemas futuros e, munidos de dados concretos e atuais, continuar trabalhando no sentido de promover soluções para continuarmos caminhando a passos largos na trilha da produtividade.
Roberta Gestal, técnica de corte da Alta Zootecnista pelas Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) e mestre em Genética e Melhoramento Animal pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). É consultora da Melhora + Consultoria Genética e técnica de Corte da Alta
Angela Bittencourt equipe Melhora+ Consultoria Genética Zootecnista formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e integrante da equipe Melhora+ Consultoria Genética
8
PECUÁRIA EM ALTA
O NELORE QUE O BRASIL PRECISA!
L E IL Ã O VI RTUA L
Foto: JM Matos
TOUROS E MATRIZES PROPRIETÁRIO: EDUARDO PINHEIRO CAMPOS
29 SET
TOUROS, NOVILHAS PRECOCES, PRIMÍPARAS E MULTÍPARAS MUITO BEM AVALIADAS
DOMINGO . 14H HORÁRIO DE BRASÍLIA
TRANSMISSÃO CANAL DO BOI
Condições especiais para pagamento em 3 0 V E Z E S (2+2+2+2+2+20)
FRETE FREE
PARA TODO BRASIL QUALQUER QUANTIDADE (malha rodoviária)
PATROCÍNIO
AVALIAÇÃO
LEILÃO OFICIAL
www.terrabrava.com.br |
LEILOEIRAS
ASSESSORIAS
/terrabravaagropecuaria |
RETRANSMISSÃO
(34) 99818-6989 / (34) 99815-4404
TRANSMISSÃO
PECUÁRIA EM ALTA
REALIZAÇÃO
9
GIRO NO CAMPO
@_marianaguimaraes
@agropecuariadonordeste
@alequesander
@augustto_fasf
@coarconsultoria
@danillorodr
@darlissonrodrigues
@dionejoni
@marquezguilherme
10
PECUĂ RIA EM ALTA
@martigen_reproducao
@meireroncolato
@murilobailao
@pantanalgenetics
@produziragropecuaria
@ rafaelzoo
@renapaiva
@rodrigohgpe
@tiagomoraesferreira PECUĂ RIA EM ALTA
11
ARTIGO
BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA SELEÇÃO PARA EFICIÊNCIA ALIMENTAR por Carina Ubirajara Faria
Atualmente, muito se tem discutido sobre eficiência alimentar em bovinos de corte. É fato que é preciso reduzir os custos de produção sem afetar a qualidade do produto. Além disso, o sucesso econômico do empreendimento dependerá da adequada administração dos recursos disponíveis. É nessa busca pelo aumento da lucratividade que a seleção para eficiência alimentar traz impactos significativos na pecuária do corte. Idealize produzir a mesma quantidade de arrobas de carcaça, mas com uma redução de 20% no custo de produção, por exemplo. A obtenção desses resultados econômicos é pos12
PECUÁRIA EM ALTA
sível por meio da identificação, seleção e reprodução de animais geneticamente superiores para características relacionadas à eficiência alimentar. O conceito prático de eficiência alimentar consiste no máximo aproveitamento do alimento ingerido pelos animais sem afetar a produtividade, ou seja, um bovino é considerado eficiente se consumir menos alimento que o esperado e sem influenciar o seu desempenho produtivo. Por exemplo, dois animais da mesma raça possuem o mesmo desempenho produtivo (peso vivo e ganho em peso diário), entretanto, o animal A é mais
eficiente que o animal B, pois demandou menos alimento e gerou uma redução de 2 kg de matéria seca (MS) por dia, ou seja, num período de 90 dias em confinamento significa 180 kg de MS a menos, por animal. Se considerar um sistema de produção em confinamento comercial com 1.000 bovinos mais eficientes, essa redução de 2 kg de MS/dia, por animal, representará um total de 180 toneladas de alimento (em matéria seca) a menos, no mesmo período, acarretando a diminuição de 20% do custo com a alimentação, o que, consequentemente, trará maior lucratividade.
As características relacionadas à eficiência alimentar mais utilizadas em bovinos de corte são a ingestão de matéria seca (IMS) e o consumo alimentar residual (CAR). O CAR representa o quanto que o animal consome de alimento em relação ao que se espera em função do seu desempenho. Para obtê-lo, calcula-se a diferença entre a ingestão de matéria seca (IMS) observada e a estimada, com base no cálculo do peso metabólico e do ganho médio diário (GMD) do animal, em comparação ao grupo contemporâneo. O valor positivo de CAR indica que o animal teve a ingestão de alimento observada maior do que a estimada (menos eficiente), enquanto que o animal com CAR negativo ingeriu menos alimento do que o esperado (mais eficiente). Para identificar animais mais eficientes, utilizam-se protocolos de coleta de dados de in-
“O conceito prático de eficiência alimentar consiste no máximo aproveitamento do alimento ingerido pelos animais sem afetar a produtividade” gestão de alimento diário por animal, considerando grupos de animais submetidos às mesmas condições de ambiente e, dessa forma, por meio de provas para eficiência alimentar monitoradas por técnicos especialistas, obtêm-se as informações de ingestão de matéria seca (IMS) e de consumo alimentar residual (CAR) de cada animal avaliado e em comparação ao grupo de animais contemporâneos. A
partir dessas informações obtidas em provas, os programas de melhoramento genético geram as DEPs (Diferença Esperada na Progênie), que são ferramentas de escolha de reprodutores identificados como geneticamente superiores. Sabe-se que os custos com a alimentação podem representar de 70% até 90% dos custos totais de um sistema de produção em confinamento. Para exemplificar o impacto do uso de touros melhoradores na redução dos custos de produção, é apresentada uma tabela com a comparação do custo em alimentação para cada quilo de ganho em peso produzido, considerando animais da raça Nelore avaliados em confinamento na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com dieta baseada em 60% de volumoso e 40% de concentrado e com 35% de MS da dieta total.
DIFERENÇA DE CONSUMO ENTRE 2 ANIMAIS COM O MESMO GANHO DE PESO NO DECONFINAMENTO 90 DIAS DE CONFINAMENTO PERÍODO DE 90PERÍODO DIAS DE
ANIMAL A 450 kg de PV 1,7 kg de GMD
• 8 kg de MS/dia • 720 kg de MS
ANIMAL B 450 kg de PV 1,7 kg de GMD
• 10 kg de MS/dia • 900 kg de MS
PECUÁRIA EM ALTA
13
ARTIGO
DIFERENÇA DE CUSTO ENTRE ANIMAIS COM DIFERENTES CONVERSÃO ALIMENTAR Parâmetros avaliados
Animal A
Animal B
Peso Vivo Inicial (PVi)
452 kg
450 kg
Peso Vivo Final (PVf)
610 kg
609 kg
1,755 kg/dia
1,770 kg/dia
7,9 kg de MS/dia
11,7 kg/dia de MS/dia
4,5
6,6
R$ 6,29
R$ 9,23
Ganho em Peso (GMD) Ingestão de matéria seca (IMS) Conversão Alimentar (CA) Custo da dieta para 1kg de ganho em PV Ao comparar os animais A e B, pode-se observar que o animal mais eficiente (animal A), com conversão alimentar de 4,5 (consumo de 4,5 kg de MS para cada quilo de ganho em peso produzido) apresentou um custo de R$ 6,29 por quilo de peso vivo. Já o animal B, com conversão alimentar de 6,6 (consumo de 6,6 kg de MS para cada quilo de ganho em peso produzido) apresentou um custo de R$ 9,23 por quilo de peso vivo. A diferença de R$ 3,81 entre os animais A e B representa uma redução de 31,8% no custo com a dieta total fornecida, considerando o uso de animais mais eficientes. Em relação à receita bruta, ambos os animais (A e B) atingiram o mesmo
14
PECUÁRIA EM ALTA
peso ao final do confinamento, ou seja, ambos tiveram a mesma receita bruta, porém, o animal A obteve maior receita líquida. Dessa forma, pode-se comprovar que a utilização de animais mais eficientes traz expressivo impacto econômico no sistema de produção em bovinos de corte.
“A melhoria da eficiência produtiva pode ser alcançada com a escolha de animais mais eficientes no aproveitamento do alimento”
Assim, faz-se necessário considerar as informações de eficiência alimentar na escolha de reprodutores, visando obter maior lucratividade na pecuária de corte. Tais informações estão disponíveis em programas de melhoramento genético e podem ser consultadas em Sumários de Touros, como, por exemplo, da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) e do Instituto de Zootecnia (IZ). Deve-se ressaltar que as características relacionadas à eficiência alimentar têm apresentado herdabilidades moderadas a altas, o que indica que, ao utilizar touros melhoradores como reprodutores, espera-se a obtenção de maior progresso genético nas gerações futuras. Assim, as progênies podem apresentar, em média, uma redução do consumo de alimento, sem comprometer o desempenho animal, conforme o objetivo econômico proposto. Na tabela é apresentado o resultado de um estudo que comprovou a superioridade de progênies de reprodutores melhoradores para eficiência alimentar.
Grupos de Progênies
Médias fenotípicas
Progênies de touros mais eficientes (CAR Negativo)
-0,403 kg de MS/dia
Progênies de touros menos eficientes (CAR Positivo)
0,376 kg de MS/dia
Fonte: Braga et al., 2019 (dados não publicados)
Verificou-se que as progênies de touros melhoradores para eficiência alimentar (CAR Negativo) consumiram menos alimento que o esperado, portanto, foram mais eficientes e geraram mais lucro para o sistema de produção. Deve-se ressaltar que os valores negativos de CAR são os desejáveis, pois representam os animais de menor consumo de alimento. Assim, a melhoria da eficiência produtiva pode ser alcançada com a escolha de animais mais eficientes no aproveitamento do alimento. Para isso, é necessária a seleção de animais melhoradores para o consumo alimentar residual (CAR), e dessa forma os custos com a alimentação serão reduzidos.
Carina Ubirajara, professora da UFU Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mestrado em Medicina Veterinária na área de Produção Animal pela Universidade Federal de Goiás (UFG), doutorado em Ciência Animal também pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), com realização de Doutorado Sanduíche pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Carina, atualmente, é professora na UFU
PECUÁRIA EM ALTA
15
CAPA
PROGRAMA CONCEPT PLUS ATINGE RECORDE DE 4 MILHÕES DE DADOS 132 TOUROS SÃO IDENTIFICADOS COM A FERTILIDADE ACIMA DA MÉDIA Um mês após a divulgação oficial para as equipes parceiras do programa Concept Plus, chega o momento de divulgar para todo o mercado os touros iden16
PECUÁRIA EM ALTA
tificados como Concept Plus na base de dados 2019. O projeto aponta com precisão animais com maiores taxas de concepção, por análise
detalhada de informações de prenhez a campo. Neste ano, o programa chega à sua quinta edição, totalizando 4 milhões de dados coletados, um aumento de
43% em relação ao ano passado. Em 2019, foram analisados 403 touros, sendo identificados 132 animais de alta fertilidade, entre eles: 46% zebuínos, 40% taurinos e 14% sintéticos. No grupo genético taurino, a raça Angus se destaca por ser pioneira nessa diversidade, sendo 52% de origem americana, 31% argentina e 17% nacional. Isso com possibilidade de indicação para qualquer sistema produtivo do seu negócio. O grupo genético zebuíno é liderado pela raça Nelore, que se destaca pela forte habilidade materna e de fertilidade. A seleção abre possibilidade de escolha para criadores que optam pela utilização do segmento CEIP (10 touros identificados) ou aqueles que apostam na maior e mais rápida intensidade de seleção através de indivíduos jovens geneticamente superiores (47 touros jovens identificados). O programa uniu dados de
“A abrangência alcançada pelo programa garante a variação do perfil de touros avaliados, bem como exposição desses reprodutores aos mais variados climas e sistemas produtivos”
mais de 2.742 fazendas, localizadas em 20 estados brasileiros, além de países parceiros, como Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. “A abrangência alcançada pelo programa garante a variação do perfil de touros avaliados, bem como exposição desses reprodutores aos mais variados climas e sistemas pro-
dutivos”, explica o gerente de Programas Especiais da Alta, Manoel Sá Filho. Para ele, o Concept Plus é extremamente importante e significativo para o mercado, uma vez que 12% dos touros foram responsáveis por 52% de vendas de gado de corte na Alta. “Pensando na pecuária de modo geral, os produtores que utilizam os animais de maior fertilidade têm conseguido agregar quantidade extra de bezerros oriundos de inseminação, o que gera maior faturamento nas propriedades”, afirma Sá Filho. O Concept Plus tem como objetivo apresentar respostas concretas das variações de fertilidade no campo, que não podem ser diagnosticadas em testes laboratoriais. Para isso, os touros são classificados após um processo que passa por coleta de dados no campo, filtro de qualidade e análise bioestatística para a apresentação dos índices de
PECUÁRIA EM ALTA
17
CAPA
fertilidade. Um dos diferenciais do programa é a base de dados móveis, em que são utilizados apenas os dados das últimas duas estações reprodutivas, garantindo a realidade atual dos touros, sendo possível identificar rapidamente qualquer alteração de fertilidade nos indivíduos. Assim, os touros que apresentam desempenho abaixo da média têm suas vendas canceladas. Outra característica que torna o Concept Plus o programa mais robusto e confiável do mercado é a análise bioestatística. “O processo é único no mercado mun-
“O processo é único no mercado mundial por apresentar precisão em isolar a contribuição do touro na determinação da taxa de prenhez, isolando a fertilidade dos reprodutores”
Workshop Concept Plus O Workshop Concept Plus, evento exclusivo para as equipes participantes do programa, é realizado em duas etapas: uma no Brasil, na sede da Alta, em Uberaba (MG), e outra na Argentina, na sede da Alta Ciale, em Buenos Aires. Durante dois dias, o grupo acompanhou importantes palestras, além de conhecer as novidades do programa e receber em primeira mão a lista de touros identificados como Concept Plus, na última estação reprodutiva. “O mercado só tem acesso às informações geradas pelo programa agora, um mês após o conhecimento da equipe”, finaliza o gerente de Programas Especiais da Alta.
18
PECUÁRIA EM ALTA
dial por apresentar precisão em isolar a contribuição do touro na determinação da taxa de prenhez, isolando a fertilidade dos reprodutores”, explica Sá Filho. Em cinco anos de projeto e seis de coleta de dados, o programa mostrou sua evolução, saltando de 167 equipes na estação de monta 2017/18 para 239 em 2018/19. Já o número de fazendas, no mesmo período, cresceu de 1.757 para 2.742 propriedades neste ano. Em 2020, o objetivo é aumentar a avaliação de touros jovens e propor experimentos nas áreas de reprodução e sêmen.
PECUÁRIA EM ALTA
19
CAPA
20
PECUÁRIA EM ALTA
PECUÁRIA EM ALTA
21
Linha de Soluções em Reprodução MSD.
É mais negócio.
Mais bezerros no pasto, mais lucros e mais oportunidades de negócios para você. • A MSD é pioneira em reprodução e está preparada para levar as soluções mais eficazes ao pecuarista. • Conta com uma equipe experiente de especialistas em IATF. • Oferece consultoria de excelência para maior produtividade e retorno seguro do investimento.
22
PECUÁRIA EM ALTA
SOLUÇÕES EM REPRODUÇÃO MSD
É mais negócio.
A CIÊNCIA PARA ANIMAIS MAIS SAUDÁVEIS PECUÁRIA EM ALTA
23
PROGRAMAS E SERVIÇOS
AltaU REÚNE GESTORES E DEBATE MELHORIAS PARA CADEIA DO LEITE
Levar conhecimento que ajude os gestores da cadeia de produção de leite a melhorar as habilidades de diagnóstico e tomada de decisões no dia a dia das propriedades é o objetivo do Universidade Alta no Brasil “AltaU”. Em sua terceira edição, o AltaU aconteceu no mês de junho e reuniu donos e gerentes de fazendas progressistas em todo o país. Programação teve duração de uma semana e ocorreu na sede da Alta Genetics, em Uberaba (MG). O objetivo é identificar as oportunidades existentes em cada sistema de produção, criando um ambiente de planejamento macroeconômico de curto, médio e longo prazo. “O AltaU é uma oportunida24
PECUÁRIA EM ALTA
de única, pensada para proprietários e administradores de rebanhos leiteiros. Assim, a cada ano a turma é limitada, a fim de garantir uma atmosfera de aprendizado interativo e rica troca de experiências entre os participantes. Além disso, todas as instruções são fornecidas por especialistas e líderes da indústria de laticínios, que conhecem a realidade do campo e podem oferecer conhecimento técnico para que os gestores possam aplicar em suas propriedades”, conta o gerente AltaU, Glaucio Lopes. Neste ano, os participantes puderam contar com palestras de renomados nomes da cadeia de laticínios, como o professor José Eduardo Portela Santos, especia-
lista em Nutrição e Reprodução de Bovinos no Departamento de Ciências Animais da Universidade da Flórida (EUA); professor Rodrigo Bicalho, da Universidade de Cornell (EUA); professora Sandra Gesteira, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); professor Luís Mendonça, da Universidade Estadual do Kansas (EUA); Fábio Fogaça, gerente de Leite Importado da Alta, e Glaucio Lopes, gerente de Desenvolvimento Pessoal da Alta Global e atual presidente do Conselho de Reprodução de Gado de Leite dos EUA. Foram debatidos temas como: criação de bezerras e novilhas, saúde de cascos e pés, genética, genômica, reprodução, sanidade, nutrição, ordenha e gestão de pessoas. “O projeto é único no país. Buscamos trazer professores e consultores do mais alto gabarito, que possam oferecer informação de qualidade para os participantes alcançarem melhorias e mais rentabilidade em seus negócios”, comenta Lopes. O AltaU foi criado em 2010, nos EUA, como um projeto de educação de alta qualidade para donos e gerentes de fazendas progressistas, com o propósito de levantar todos os assuntos relacionados ao gado leiteiro para melhorar o rendimento das fazendas.
PECUÁRIA EM ALTA
25
LEITE
LEITE BUSCA NOVAS ÁREAS E FONTES DE RENDA NOS EUA COM MARGEM REDUZIDA, PRODUTORES NORTE-AMERICANOS PRECISAM DE ESCALA, EFICIÊNCIA DE MANEJO COM BOA REPRODUÇÃO E GENÉTICA Luiz H. Pitombo, texto publicado originalmente na Revista Balde Branco, edição de agosto 2019. O jornalista viajou a convite da Alta Genetics O estado de Dakota do Sul, nas planícies do Centro Oeste dos Estados Unidos, não figura entre os principais produtores de leite do país, que é encabeçado pela Califórnia e Wisconsin, com 18% e 14%, respectivamente, dos 98 bilhões de kg obtidos no ano passado, segundo dados oficiais daquele país (USDA). 26
PECUÁRIA EM ALTA
No entanto, nos últimos anos a região está sendo considerada uma nova fronteira na produção leiteira com aumentos expressivos em seu rebanho, volume produzido e participação no total nacional. Considerando o período entre 2014 e 2018, suas 121 mil vacas em lactação no ano pas-
sado representaram um crescimento de 24%, contra 1,5% do país com 9,4 milhões de cabeças. O volume de leite ficou em 1,2 bilhão de kg, ou 28% a mais, para um incremento nacional de 5,6%, resultando num aumento de sua presença para 1,2% do país. Ao olhar mais de perto a
Fábio Fogaça,
gerente de produto Leite Importado da Alta
“A proposta é que de estes produtores conheçam os pontos fortes de cada uma das fazendas, troquem informações e ideias entre si e que no retorno aos seus países tenham coisas boas para aplicar em suas propriedades”
realidade local é possível identificar vários dos fatores que atraem fazendeiros de outros estados, inclusive da própria Califórnia. Dentre eles estão o valor convidativo da terra, boa disponibilidade de água, forrageiras e grãos que barateiam o custo da alimentação, bem como a postura do governo estadual que aposta na atividade. As licenças para a instalação de novas propriedades leiteiras ou para a ampliação das já existentes são mais fáceis de se obter do que em outros estados. A situação tributária é bastante favorável, o que também beneficia o setor industrial, e existe isenção de taxas. A legislação trabalhista, por sua vez, atende melhor aos moldes pretendidos pelos produtores. Para mostrar a promissora região e o desenvolvimento obtido por várias das propriedades locais que atende, incluindo uma no estado vizinho de Iowa, a Central Alta Genetics promoveu, na última semana de junho, o seu 20º Showcase. Este reuniu perto de 250 produtores de leite de mais de 20 países (Argentina, Austrália, Brasil, Canada, China, Holanda, Japão, México, Rússia, dentre outros). “A proposta é de que estes
produtores conheçam os pontos fortes de cada uma das fazendas, troquem informações e ideias entre si e que no retorno aos seus países tenham coisas boas para aplicar em suas propriedades”, explica Fábio Fogaça, gerente de produto Leite Importado da Alta. No entanto, enfatiza que não se trata de simplesmente copiar, pois cada país e propriedade têm sua realidade e condições próprias. Em algumas das fazendas foram apresentados os programas genéticos adotados, como na Boadwine Dairy, que em quatro propriedades diferentes possui o total de 10 mil vacas, sendo que a visitada pelo grupo era composta por 2.300 vacas em lactação com a elevada taxa de prenhes de 32%. Nela é dado um peso de 60 para produção, 40 para a saúde e zero para conformação. Fogaça explica que o grau de seleção dos reprodutores por conformação e úbere chegou a um nível tal de excelência que, mesmo sem contemplá-los diretamente estes já estarão associadas através de outras características resultando em animais funcionais e bons de conformação. Reforçando a ideia de não ser adequado copiar o manejo e
aspectos de outras propriedades ou países, o gerente da central lamenta que muitos produtores no Brasil ainda se utilizem equivocadamente do ranqueamento de reprodutores através do chamado TPI, índice que reúne várias características ponderadas pensando-se na realidade e nos custos do mercado norte americano. “Para os brasileiros, por exemplo, interessa mais o volume de leite em função do sistema de pagamento predominante, enquanto nos EUA são os sólidos”, exemplifica. Outros países farão o seu ranqueamento de acordo com suas necessidades como o Canadá, Nova Zelândia ou Europa. Desta forma, no planejamento genético do rebanho no Brasil será necessário olhar mais detalhadamente aos vários índices de seleção dos touros ponderando na composição para a escolha as próprias necessidades. Isto sem perder de vista, como enfatiza Fogaça, que o melhoramento não é realizado em termos de um indivíduo mas de uma população animal, o rebanho, que será ordenhado mais adiante, em três anos. Uma das características importantes das propriedades norte-americanas que Fogaça PECUÁRIA EM ALTA
27
LEITE
constata é o treinamento da mão-de-obra, o cumprimento à risca de maneira padronizada e simplificada de manejos definidos por critérios técnicos. “Quando se estabelece um protocolo de IATF ( inseminação artificial em tempo fixo) após muita pesquisa, não faz sentido alterar isso na fazenda por uma decisão pessoal”, afirma. Mais renda – Como em outras partes dos Estados Unidos, a região visitada foi assolada por fortes chuvas e enchentes que atrasaram o plantio de milho para silagem, o principal volumoso utilizado. A pequena estatura das plantas para a época do ano aumentava ainda mais o contraste com as muitas torres para a captação de energia eólica existentes pelo caminho. Numa das fazendas do tour, a Vaness Dairy, com 4.000 vacas em produção e média geral de 39,4
kg de leite /dia, o proprietário recebia pelos espaços para sua instalação o valor equivalente a R$ 18.750,00/torre/ano (US$ 1,00 = R$ 3,75). Considerando que eram muitas, o negócio pode representar um interessante adicional. No geral, a margem de lucro dos produtores norte-americanos é bem estreita e, como em outros países, passa por momentos melhores ou piores. No período mais recente até 2014, o setor viveu uma fase de boas margens permitindo sua capitalização, quando recebiam a remuneração básica, sem possíveis prêmios, de R$ 1,98/kg de leite para um custo de produção de R$ 1,32/kg. (volumes e valores convertidos para o Brasil, pois o padrão utilizado nos EUA é por 100 libras de peso). Contudo, desde então a situação se tornou mais difícil com
Galpão de free-stall com ventilação cruzada para garantir conforto térmico para as vacas
28
PECUÁRIA EM ALTA
os preços recebidos caindo em 2019 para R$ 1,36/kg de leite para um custo de produção em torno de R$ 1,24/kg. Assim, produtores estariam empatando ou perdendo dinheiro, impulsionando o processo em andamento de concentração das propriedades. Só no ano passado, cerca de 700 propriedades encerraram atividade no queijeiro estado de Wisconsin. Diante da situação, a busca de alternativas de outras fontes de renda passa a ser uma necessidade, embora estudos mostrem que de 90% a 95% da receita de uma propriedade venha do leite. Uma prática bastante adotada diante da falta de bezerros de corte e sua consequente valorização, é a inseminação em parte do rebanho com touros Angus, por exemplo. Como são vacas holandesas, a possibilidade de vingarem animais de pelagem preta é grande, o que é uma pré-condição para a entrada no programa de certificação de carne da raça. Bezerros machos leiteiros comuns são vendidos com uma semana de vida por R$ 56,00/cabeça, enquanto que um cruzado de corte com pelagem preta chega a valer R$ 750,00/cab. Reprodução em dia - O médico veterinário Gláucio Lopes, que reside nos EUA e atua como gerente global de Desenvolvimento de Pessoal da Alta Genetics, reconhece que a produção de cruzados pode ser uma boa oportunidade para a complementação da receita. Contudo, salienta que “para funcionar é preciso um bom planejamento
Gláucio Lopes,
gerente global de Desenvolvimento de Pessoal da Alta
“O produtor norte-americano busca eficiência e qualidade do leite em termos de baixa CCS e elevado teor de sólidos para uma receita melhor”
e orientação para não provocar um desequilíbrio na reposição do rebanho”, alerta. O veterinário, que fez mestrado na área de fisiologia da reprodução no país, é também presidente do Conselho de Reprodução de Gado de Leite dos Estados Unidos. Lopes conta que uma estratégia comum utilizada na adoção dos cruzamentos é o uso em massa de sêmen sexado nas novilhas, que representam a melhor genética do rebanho. Com o restante do rebanho, os animais são analisados e classificados por um critério escolhido: parentesco, genômica ou mérito genético. Aqueles 20% de menor interesse é que serão inseminados com raças de corte. Para que não haja dificuldades, salienta que a reprodução da fazenda precisa estar muito bem com taxas de prenhes de 25% a 30% e as bezerras devem ter um desenvolvimento adequado do nascimento até a inseminação. “A fertilidade precisa ser boa pois o sêmen sexado possui normalmente uma queda na concepção em relação ao convencional”, aponta. Caso não se disponha de animais de reposição, Lopes diz que se acaba mantendo
aqueles com rendimento abaixo do desejado com problemas de casco ou mastite crônica. A busca de eficiência e da qualidade do leite entregue em termos de baixa contagem de células somáticas (CCS) e elevado teor de sólidos também são fatores perseguidos para uma receita melhor. Outros passam também a comercializar embriões para terceiros. Sobre as atividades do Conselho, que é uma entidade não governamental que reúne
pesquisadores, produtores, indústria e técnicos, diz que elas começaram no início do ano 2000. “ Um fator que guiou sua fundação foram as baixas taxas de prenhes que estavam ocorrendo, em média 13% a 14%, e sentiu-se a necessidade de estimular novos estudos e divulgar conhecimentos”, áreas em que o Conselho atua. Atualmente, conta que com os avanços a taxa média de prenhez se encontra acima dos 20% e que agora se busca os 30%.
A fazenda City View Heifers, especializada em cria e recria, está ampliando as instalações para abrigar 20 mil animais, de vários criadores
PECUÁRIA EM ALTA
29
LEITE
IMPRESSÕES DOS VISITANTES Com propriedade em Tupaciguara, no Triângulo Mineiro, onde possui 260 vacas em lactação, o zootecnista de formação Edvaldo Prudente foi um dos integrantes do grupo de brasileiros no evento. Ele conta que gostou muito das propriedades visitadas e que chamou sua atenção os expressivos números que apresentavam, tanto em termos de quantidade de animais em produção como de resultados, indicando médias de produção de 42 kg de leite /dia em grandes rebanhos. Na parte de equipamentos sita alguns tipos de ordenha mecanizada que pôde acompanhar e um sistema de recolhimento de esterco do freestall, quando o mesmo é empurrado para uma valeta e então “sugado”. Prudente também constatou o cuidado que é dedicado ao ajuste da proteína na dieta dos animais e a sua granulometria. Na silagem de milho, por exemplo, os grãos se mostravam quebrados em parcelas diminutas e de maneira homogênia. Prudente considera que no geral as propriedades brasileiras precisariam caminhar muito mais em termos de qualidade do leite, tomando por referência a CCS, a CBT (contagem bacteriana total) e os teores de gordura. Em termos da sua propriedade, aponta que o conforto animal é um aspecto a aprimorar. Igualmente fazendo parte do grupo, esteve Gabriel Ferreira,
Consultor da propriedade
“O grande diferencial nas fazendas que visitamos é o manejo alimentar, que é muito bem executado, à mesma hora, segundo um padrão determinado”
30
PECUÁRIA EM ALTA
Prudente: várias coisas me chamaram a atenção, dentre elas, o ajuste da proteína da dieta e a sua granulometria
nos EUA o médico veterinário Gabriel Caixeta Ferreira, que é consultor e trabalha na propriedade da família, em Passos, MG, com 250 vacas em lactação. Ele considera que apesar do grande porte dos rebanhos, o manejo alimentar e reprodutivo são próximos ao do Brasil que conta com menos animais nas fazendas. “O grande diferencial é que são extremamente bem executados, sempre da mesma maneira e na mesma hora, pois existe um padrão”, diz acompanhando o que Fábio Fogaça também comentou. Em função das margens serem bem estreitas ao produtor, acredita que isso sirva de estímulo para a melhoria de processos e da gestão. No Brasil, reconhece que como a margem tende a ser maior o produtor tem uma folga que cobre a ineficiência. Sobre os animais, o veterinário comenta que possuem um período de produção grande pois emprenham logo, além de serem dotados de boa persistência na lactação, não havendo diferenças tão grandes entre o pico e o restante da lactação. A mortalidade de bezerras é baixa e a recria é muito eficiente, como ressalta. Ferreira fez questão de salientar que percebeu que os produtores são valorizados em sua atividade, “são famílias que gostam e estão há muitos anos no negócio e que querem permanecer na atividade”, diz.
Como fatores que contribuíram para isso aponta os maiores cuidados com os animais no período de transição, os protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF), seleção de touros considerando a taxa de prenhes das filhas, o bem-estar animal e novas tecnologias. Neste último aspecto cita equipamentos, já disponíveis no Brasil, que aumentam a acurácia na detecção do cio ao monitorar a atividade e a ruminação através de sensores em colares. Esse sistema também permite identificar precocemente problemas de saúde antes mesmo de surgirem sinais clínicos. A propriedade Sunrise Dairy,
com 1.900 vacas em lactação, adotava o sistema e obtém uma taxa de prenhes de 28%. Algumas das áreas que vem sendo mais pesquisadas atualmente, como aponta Lopes, é o comportamento voltado ao bem-estar animal e ao seu manejo. Na vanguarda, aponta estudos de imagens que permitem através da medição em pontos específicos do animal estimar seu desenvolvimento e ganho de peso. Uma tendência sem volta dentro da rotina das fazendas que salienta é o aumento da tecnificação do ambiente. Porte e esmero – Dentre as fazendas visitadas, a City View Heifers, havia se especializa-
do na cria e recria de novilhas para terceiros, abrigando 16 mil cabeças de vários criadores. O negócio familiar vai muito bem com novos clientes, tanto que trabalham em ampliação para mais 4 mil fêmeas. Várias propriedades utilizavam nos galpões sistemas de ventilação cruzada ou tunel de vento. No verão as temperaturas na região podem ser bem elevadas passando tranquilamente os 30° C e, no inverno com neve, cair para abaixo de zero. Assim, os sistemas são utilizados nos dois extremos, sendo no inverno para manter a circulação de ar sem congelar os animais.
PECUÁRIA EM ALTA
31
LEITE
ESTRATÉGIAS DE ALEITAMENTO VISANDO PRODUÇÃO DE LEITE FUTURA por Mayara Campos Lombardi, Geovanna Ribeiro Branquinho Pereira, Victor Marco Rocha Malacco e Sandra Gesteira Coelho Nas duas últimas décadas, percebemos uma crescente preocupação com a saúde, nutrição e o bem-estar na criação de bezerras, fruto de estudos e experiências práticas que demonstraram a enorme importância dessa categoria animal para os sistemas. 32
PECUÁRIA EM ALTA
Um dos focos de pesquisas nesse período foi a relação entre o plano nutricional aplicado às bezerras em fase de aleitamento e seus efeitos sobre a primeira lactação. Em vista deste contexto, diversos cenários foram explorados levando em consideração fatores como
o tipo de produto utilizado para aleitamento (leite integral, leite de descarte, sucedâneo do leite), volume fornecido, nível de nutrientes e alimentação sólida suplementar. Como principais resultados, conforme os especialistas, alguns desses cenários demonstraram potencial de
modular a produção de leite futura, tornando-a mais eficiente e rentável. Até o momento, as descobertas apontam para três aspectos biológicos principais que podem ser os responsáveis pela relação do plano nutricional com a resposta em produção de leite: função gastrointestinal e metabolismo hepático; desenvolvimento da glândula mamária e regulação endócrina. Dessa forma, a interação entre as funções fisiológicas e o plano nutricional durante a fase de aleitamento, de alguma maneira, ainda não totalmente compreendida, apresenta potencial para produzir efeitos duradouros, podendo influenciar não apenas o desenvolvimento momentâneo, como a expressão da capacidade produtiva no futuro. Até algum tempo atrás, recomendava-se o fornecimento de 8% a 10% do peso vivo da bezerra em volume de dieta líquida (leite ou sucedâneo), ou de 0,454 a 0,567 kg em matéria seca, duas vezes ao dia. Essa estratégia de alimentação permitiu ganhos de peso médio diários (GMD) de 0,300 a 0,400 kg, de acordo com o manejo geral e condições de higiene, saúde e bem-estar da fazenda, de acordo com os especialistas. Contudo, as altas taxas de mortalidade observadas nas fazendas, em decorrência de quadros e sequelas de diarreias, doenças respiratórias e alta susceptibilidade dos animais de forma geral, levaram a um questionamento importante: O que pode ser feito para melhorar isso? E um dos pontos prin-
“Até o momento, as descobertas apontam para três aspectos biológicos principais que podem ser os responsáveis pela relação do plano nutricional com a resposta em produção de leite: função gastrointestinal e metabolismo hepático; desenvolvimento da glândula mamária e regulação endócrina” cipais poderia estar relacionado à alimentação. O fornecimento de volume fixo de leite limitava a capacidade das bezerras de serem competitivas em desenvolvimento e ganho de peso e resultavam em baixas taxas de crescimento, segundo especialistas da área. Associado a isso, a baixa ingestão de nutrientes mantinha as reservas de energia corporal escassas e, ao enfrentar situações desconfortáveis (estresse pela mochação, frio, calor, desaleitamento, agrupamento), que demandavam maior gasto energético, os animais não estavam aptos a responder de forma adequada. Assim, muitas vezes,
acabavam adoecendo e não obtinham sucesso na recuperação, justificando as altas taxas de morbidade e mortalidade. Nessa mesma época, as pesquisas avaliaram os efeitos de diversas estratégias alimentares baseadas no volume de leite fornecido na fase de aleitamento. Alguns desses estudos, em que os animais foram acompanhados até a fase adulta, começaram a evidenciar um aumento na produção de leite. O aumento era resultado da intensificação da dieta nas fases iniciais da vida das bezerras, pelo aumento do volume de dieta líquida consumida ou da densidade de nutrientes. Mas nem todos os autores encontraram os mesmos resultados e alguns estudos não demonstraram influência do plano nutricional no início da vida sobre a produção de leite futura. Considerando os ajustes finos que a natureza é capaz de fazer, sem dúvidas, o melhor alimento para a bezerra é o leite da vaca, integral, limpo e sem resíduos. No entanto, por facilidade logística, mercado, mão de obra e motivos variados, alguns produtores optam pelo fornecimento de substitutos do leite. Nesse caso, a escolha de produtos de qualidade e bem manejados permite que o animal possa utilizar bem esses nutrientes. Ainda assim, muitos trabalhos durante esses anos mostraram maior peso ao desaleitamento nos animais alimentados com leite integral e incremento de 10,2% na produção de leite na primeira lactação. No geral, foi observado em grande parte PECUÁRIA EM ALTA
33
LEITE
desses trabalhos a forte relação entre a taxa de crescimento e GMD antes do desaleitamento e a produção de leite na primeira lactação, sendo que o incremento de 0,100 kg no GMD contribuiu para aumentos de 100 a 300 kg de leite na primeira lactação, ou aumento de 0,330 a 1,0 kg de leite por dia para uma lactação de 300 dias. Outra estratégia muito explorada nos últimos anos como alternativa ao maior volume de leite foi o adensamento da dieta líquida, feito com a adição de produtos lácteos, em pó, solúveis. As dietas são adensadas com o intuito de aumentar o teor de sólidos da dieta e fixá-lo, a fim de evitar oscilações ao longo da fase de aleitamento, deixando as bezerras em situação mais confortável e com nível de nutrição adequado. O
34
PECUÁRIA EM ALTA
“A nutrição das bezerras nas fases iniciais de vida aparece como estratégia para se modular aspectos relacionados à saúde, ao desempenho e à produção de leite, tornando-a mais eficiente e rentável”
adensamento da dieta pode corresponder pelo incremento de 1,9 kg de leite por dia, corrigido para 4% de gordura, ao longo da primeira lactação.
O aumento na produção pode ser oriundo de melhor desenvolvimento prévio da glândula mamária na fase inicial de vida, que seria retomado mais tarde, devido aos achados de algumas pesquisas, que indicam que a glândula mamária respondeu à maior ingestão de nutrientes antes do desaleitamento. Além disso, foram demonstradas alterações em receptores hormonais ligados a processo de diferenciação celular. A resposta do sistema endócrino à maior ingestão de nutrientes parece possuir forte relação com os mecanismos que levam à maior produção de leite. Os nutrientes provenientes da dieta sólida, principalmente concentrado, já que a ingestão de volumosos nessa fase é muito baixa, mostraram relação
com a quantidade produzida de constituintes do leite. Por exemplo, um estudo recente, de 2019, demonstrou que para cada quilo de proteína ingerida no concentrado, foram produzidos 1,31 kg de gordura e 1,32 kg de proteína a mais na lactação, corrigida para 305 dias. No mesmo trabalho, foi encontrada uma sinergia entre os nutrientes ingeridos no concentrado e na dieta líquida, que correspondeu a ganhos em quilo de leite na primeira lactação. Mas o aumento no volume de leite ou sucedâneo não reduz a ingestão de alimentos sólidos? Ao utilizar planos nutricionais mais elevados no aleitamento pode-se observar redução no consumo de alimento sólido nessa fase, o que poderia levar a comprometimento do desenvolvimento em bezerras desaleitadas, por possuírem baixa taxa de ingestão de alimentos sólidos, comparadas com suas necessidades nutricionais. Mas estratégias de manejo e metas para a fase de cria podem evitar essa situação. O desaleitamento pode ser realizado de forma gradual, com redução fracionada do volume de dieta líquida total, acompanhado do aumen-
to da ingestão de dieta sólida. Pode ser determinado um ponto ótimo de peso de concentrado e/ou volumoso, que deve ser ingerido para que se conclua o desaleitamento, reduzindo os impactos sobre o desempenho que ocorrem nesse processo de transição. A nutrição das bezerras nas fases iniciais de vida aparece como estratégia para se modular aspectos relacionados à saúde, ao desempenho e à produção de leite, tornando-a mais eficiente e rentável. Sabemos, então, que animais bem nutridos se desenvolvem mais e respondem melhor aos desafios ambientais e doenças impostas pela fase de cria, o que por si só representa um ganho enorme para o sistema, por reduzir as taxas de morbidade e mortalidade de afecções comuns. E que, além disso, há possibilidade de o plano nutricional mais elevado no aleitamento responder também por incrementos na produção de leite futura, já que os achados ainda são controversos e as vias pelas quais se manifesta ainda não foram esclarecidas. De qualquer forma, garantir um bom plano nutricional na fase de cria valerá o investimento.
Mayara Campos Lombardi Doutoranda em Ciência Animal pela Escola de Veterinária (EV) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Geovanna Ribeiro Branquinho Pereira Graduanda em Medicina Veterinária pela EV/UFMG.
Victor Marco Rocha Malacco Doutorando em Zootecnia também pela EV/UFMG.
Sandra Gesteira, médica veterinária Médica veterinária, com Doutorado em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professora titular da Escola de Veterinária da UFMG
PECUÁRIA EM ALTA
35
LEITE
VANTAGENS E DESVANTAGENS DE PARTOS PRECOCES EM NOVILHAS LEITEIRAS
por Polyana Pizzi Rotta, Carlos Henrique Paiva Camisa Nova e Marcos Inácio Marcondes A retenção de bezerras leiteiras é consolidada uma estratégia de reposição de vacas no rebanho promovendo o melhoramento genético dos animais e garantindo o controle sanitário da fazenda. No entanto, é um investimento alto ao produtor, pois são animais que não geram receitas diretas. Sendo assim, deve-se sempre fornecer condições ambientais, sanitárias e nutricionais adequadas para esses animais se desenvolverem rapidamente e alcançarem idade ao primeiro parto (IPP) com peso corporal ideal e se tornarem fonte de receita na fazenda o mais breve possível. Recomenda-se como manejo adequado para fêmeas da raça Holandesa proporcionar um ganho de peso corporal médio durante a cria e recria (de 1 até 24 meses de vida) de 0,7 kg/dia, para possibilitar a confirmação de prenhez dessa novilha até os 15 meses de vida com aproximadamente 55% do seu peso adulto e, consequentemente, chegar ao parto com a idade de 24 meses com 85% do peso corporal à maturidade. Atingir a IPP de 24 meses é um resultado satisfatório, porém, 36
PECUÁRIA EM ALTA
quando esse fator é avaliado a campo, existem diversas dificuldades em relação a essa variável.
“O primeiro parto muito precoce pode promover efeitos negativos na vida produtiva do animal, na qual pode não ser tão vantajoso quanto parece” Constantemente, observam-se animais com IPP acima de 30 meses, sendo esse valor a média brasileira para bovinos leiteiros. Existem também produtores bem capitalizados e com disponibilidade de alto investimento na recria e que podem, assim, ter resultados de IPP próximo aos 20 meses. Contudo, o primeiro parto muito precoce pode promover efeitos negativos na vida produtiva do animal, na qual pode não ser tão vantajoso quanto parece. Como citado anteriormente, a média de IPP no Brasil está acima
de 30 meses de idade. Quando comparamos o custo de criação das novilhas com IPP de 30 meses com novilhas de IPP de 24 meses, constata-se que o produtor desembolsa menos em ração e volumoso de forma diária para novilhas com IPP de 30 meses em relação às novilhas com IPP de 24 meses. Mas, ao final da recria, o custo com alimentação para IPP de 30 meses passa a ser similar ao de 24 meses. Quando levamos em conta outros custos, como a mão de obra e o tempo que os animais passam na instalação, fica claro que a IPP de 30 meses é mais onerosa em relação à IPP de 24 meses. Ainda, o fato de a novilha se tornar uma fonte de receita mais precoce no sistema produtivo muda toda a questão econômica, fazendo com que a IPP de 24 meses adiante em seis meses a produção de leite do animal, sendo esse um valor adequado para o sistema de produção de leite para bovinos Holandeses. Assim, entende-se que novilhas de reposição com IPP de 24 meses apresentam melhor custo-benefício ao produtor quando comparada a novilhas com IPP de 30 meses.
Por outro lado, existem fazendas com maior disponibilidade de recursos financeiros que acreditam que a IPP deve ser reduzida ao máximo na propriedade, propondo como meta uma IPP média de 20 meses. Embora este seja um aspecto econômico importante quando se avalia o custo da novilha de reposição, pesquisas têm comprovado que IPP extremamente reduzido pode promover perdas significativas quanto ao volume de leite produzido ao longo da vida produtiva da vaca, sendo um fator determinante na viabilidade econômica desse manejo estratégico. A redução da IPP de 24 meses para 23 meses tem sido descrita como economicamente positiva, porque há o incremento de produção de leite, porém, quando a IPP é menor que 23 meses, observa-se redução na produção de leite ao longo da vida produtiva das vacas. Essa queda na produção de leite total pode ser um efeito em decor-
rência do menor tempo para o desenvolvimento da glândula mamária, como também o acúmulo excessivo de gordura no
úbere (fat pad) desses animais que foram submetidos a ganho médio diário (GMD) alto sem ajustes específicos na dieta.
Produção de leite ao longo da vida produtiva de vacas com diferentes idades ao primeiro parto Idade ao primeiro parto (meses)
Número de animais
Produção total de leite ao longo da vida (litros)
21
1.326
34.367
22
853
35.548
23
480
37.894
24
214
36.954
25
91
34.454
PECUÁRIA EM ALTA
37
LEITE
Para obter IPP menor que 24 meses, ajustes nutricionais devem ser realizados para a novilha não chegar ao parto com peso corporal abaixo do indicado. No entanto, cuidados devem ser tomados para evitar o acúmulo excessivo de gordura no úbere em relação ao tecido secretor na glândula mamária (parênquima). De modo geral, podemos definir que os alimentos que fornecem energia (carboidratos) ao metabolismo animal são os principais promotores de síntese de gordura no úbere (fat pad). Já para o tecido que produz e secreta o leite na glândula mamária (parênquima) utilizam-se compostos proteicos para o seu desenvolvimento. O desenvolvimento da glândula mamária em novilhas não é linearmente relacionado ao ganho de peso corporal, sendo esse período definido como crescimento alométrico. Existem estágios da vida da novilha em que o desenvolvimento da glândula mamária é mais acentuado em relação ao ganho de peso corporal, como, por exemplo, o período dos três aos nove meses de vida das novilhas, quando o desenvolvimento dos ductos é mais acentuado, como também no final da gestação, sendo mais perceptível visualmente esse crescimento acentuado. Sendo assim, estudos relatam que o balanço de energia e proteína é essencial para promover a síntese satisfatória do parênquima na glândula mamária durante o período de três a nove meses de idade das fêmeas Holandesas. Pesquisas recentes estimam que, 38
PECUÁRIA EM ALTA
“O desenvolvimento da glândula mamária em novilhas não é linearmente relacionado ao ganho de peso corporal, sendo esse período definido como crescimento alométrico”
para o adequado desenvolvimento do parênquima em animais da raça Holandesa submetidos ao ganho de peso corporal diário acima de 0,7 kg, a dieta oferecida deve respeitar a relação de 44 gramas de proteína metabolizável por megacaloria de energia metabolizável, principalmente no período de três a nove meses de vida, no qual corresponde cerca de 17% de proteína bruta na dieta total. Assim, o animal alcança o peso ideal para o primeiro parto mais rapidamente, sem comprometer o desenvolvimento adequado do tecido secretor de leite no úbere. Quando trabalhamos com animais da raça Girolando, os conceitos supracitados são difíceis de ser trabalhados, pois fêmeas provenientes desta raça são naturalmente mais tardias quanto às características reprodutivas. Especialistas têm adotado o IPP de 28 meses como satisfatório para fêmeas Giro-
lando. O GMD não deve ultrapassar 0,5 kg, pois valores de ganho superiores podem promover o acúmulo de gordura no úbere, comprometendo, assim, o desenvolvimento de tecido secretor de leite. Resumidamente, pode-se definir que, para as fêmeas da raça Holandesa, fazendas produtoras de leite com IPP médio elevado (acima de 24 meses) devem preconizar ajustes de manejo na propriedade com o intuito de reduzir, inicialmente, a IPP para 24 meses. Fazendas com o objetivo de reduzir a IPP abaixo de 24 meses devem objetivar a redução para 23 meses, a fim de não comprometer a vida produtiva futura das novilhas de reposição, sempre respeitando a relação de proteína metabolizável para energia metabolizável (44 g PM/Mcal de EM) durante o período de três a nove meses para ganho médio diário acima de 0,7 quilo. Para fêmeas da raça Girolando, objetivar 28 meses de IPP e não ultrapassar o GMD médio de 0,5 kg, para não prejudicar o desenvolvimento do parênquima na glândula mamária.
Polyana Pizzi Rotta Professora de Nutrição e Produção de Bovinos Leiteiros da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e conselheira Alta Cria. Carlos Henrique Paiva Casa Nova é mestrando em Nutrição de Ruminantes na UFV. Marcos Inácio Marcondes é professor de Nutrição e Produção de Bovinos Leiteiros também na UFV
SE TEM ® TORTUGA , TEM RENTABILIDADE.
anos
Rumo ao futuro da nutrição animal
PUBLIQUE
- MARCA TORTUGA | DESDE 1954 -
Se tem Tortuga®, tem produtos para todas as categorias de bovinos de corte. Tem soluções estratégicas para as fases de cria, recria, engorda e reprodução. Tem os Minerais Tortuga que potencializam os resultados e geram rentabilidade e lucro para o pecuarista. Tortuga®, uma marca DSM. Se tem Tortuga®, tem futuro.
www.tortuga.com.br | www.dsm.com/latam
PECUÁRIA EM ALTA
39
CORTE
AVALIAÇÃO DO MACHO JOVEM BOVINO MUITO SE FALA DE PUBERDADE, MAS POUCO DE MATURIDADE SEXUAL por Luis Alfredo Garcia Deragon, gerente da Central Alta No que diz respeito ao manejo reprodutivo, estima-se que a reprodução dos rebanhos se faz, na sua grande maioria, por monta natural, ou seja, com o uso de touros. Algumas estimativas apontam um déficit da falta deles no mercado. Sabemos que as avaliações andrológicas são realizadas, possivelmente, em uma percentagem ainda baixa dos machos comercializados e que muitos não têm seu potencial reprodutivo qualificado adequadamente por essas avaliações. Podemos concluir que a oferta de touros de alto potencial reprodutivo é baixa. Isso devido a muitas causas, mas gostaríamos de abordar o que está ao alcance do produtor de touros e técnicos e que, por consequência, poderia ser melhorado.
crescimento dos testículos, levando ao início da puberdade. Há evidências de que fatores genéticos e ambientais, particularmente a nutrição pós-natal, controlam ou influenciam o desenvolvimento e a maturação do sistema reprodutivo.
Desenvolvimento corporal Aproximadamente no quarto mês de gestação iniciam-se a descida dos testículos à bolsa escrotal e o amadurecimento do eixo hipotálamo-hipófise-gonodal, responsável pelo sistema hormonal que controlará a produção de espermatozoides. Próximo aos quatro meses de vida há um aumento da secreção do hormônio luteinizante (LH), que suporta o rápido
Nos genótipos das raças “Bos indicus”, onde houve pouca pressão de seleção para fertilidade e onde os touros jovens são criados com restrição alimentar, a puberdade normalmente ocorre entre 15 a 17 meses, mas onde esses fatores citados são controlados a puberdade ocorre ao redor dos 12 meses. É importante comentar que os principais hormônios
40
PECUÁRIA EM ALTA
“No que diz respeito ao manejo reprodutivo, estima-se que a reprodução dos rebanhos se faz, na sua grande maioria, por monta natural, ou seja, com o uso de touros”
(GnRH–hormônio liberador de gonadotrofinas, FSH–hormônio folículo estimulante e LH–hormônio luteinizante), responsáveis pela produção de gametas, são os mesmos para ambos sexos, mas a puberdade entre os sexos se apresenta em forma diferente. No macho não é caracterizada por um momento específico como na fêmea, que se caracteriza, segundo alguns cientistas, como o primeiro cio fértil, em que há ovulação e em que se produz uma gestação, ou, como citam outros, quando há um ciclo estral normal, ou seja, dois cios característicos em um período regular. No período pré-púbere do macho, há inicialmente aparição de espermatozoides mortos ou com baixíssima vitalidade (motilidade) e, logo depois, aparição de um número maior, com alguns espermatozoides vivos. Tecnicamente, a definição mais aceita da puberdade é quando há no ejaculado “50 milhões de espermatozoides com a presença de 10% de vivos”. Convenhamos que esse dia ou esse momento é difícil de registrar, o que nos leva a estimativas médias em dias ou meses da idade à puberdade. Traçando um paralelo com a fêmea, devemos dizer que a
maturidade sexual na fêmea é um momento que não é muito comentado e se considera que esta acontece logo após a puberdade. No macho, a maturidade é um momento ou uma condição muito importante porque seria o momento em que o sêmen tem boa qualidade, por exemplo, para ser congelado. Outros o consideram que a maturidade acontece quando o ejaculado tem concentração, motilidade e morfologia espermática que caracterizam o touro como potencialmente fértil. Para compreender o desenvolvimento sexual das fêmeas e dos machos, devemos ter em mente que eles se comportam de maneiras muito diferentes. Reprodutivamente nas fêmeas, o momento especial é o cio com a ovulação, mas no macho a formação dos espermatozoides (espermatogêneses) é um processo contínuo e complexo, porque é dependente de ciclos hormonais contínuos a cada três horas, aproximadamente, durante a vida toda, mantendo a espermatogênese em forma contínua. Enquanto a fêmea pode ser tratada com hormônios para induzir o cio e a ovulação, através de protocolos hormonais, nos machos os tratamentos hormonais não são efetivos. A maturidade sexual acontece aproximadamente de três a cinco meses após a puberdade.
“Traçando um paralelo com a fêmea, devemos dizer que a maturidade sexual na fêmea é um momento que não é muito comentado e se considera que esta acontece logo após a puberdade” liações genéticas, fazendo parte das características reprodutivas para seleção dos rebanhos.
O perímetro escrotal (PE) apresenta herdabilidade média a alta, com média de 0,50, e está favoravelmente associado à idade à puberdade, inclusive das meias-irmãs dos machos, e à quantidade e qualidade de sêmen produzido. Adicionalmente, o perímetro escrotal está favorável e geneticamente associado à idade ao primeiro serviço, à data do primeiro e do segundo partos, à fertilidade e ao intervalo de parto. Devido ao exposto, o perímetro escrotal é importante característica para a seleção indireta da fertilidade. Em 1988, foi iniciada a mensuração do perímetro escrotal
Características reprodutivas aplicadas à seleção A determinação da puberdade de machos e fêmeas tem sido muito importante para as avaPECUÁRIA EM ALTA
41
CORTE
no programa de Melhoramento Genético da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP). No ano de 1995, de forma pioneira no Brasil, a ANCP lançou a Diferença Esperada da Progênie (DEP) para perímetro escrotal aos 365 dias e aos 450 dias, baseada na informação do perímetro escrotal dos machos jovens para avaliar a precocidade sexual. Novamente de forma pioneira, na ExpoGenética 2018 foi publicada a DEP de Idade à Puberdade de Machos (IPM) baseada em dados de ultrassonografia testicular em machos jovens. A estimativa indireta através da ultrassonografia testicular tem sido aplicada em especial em rebanhos de alta seleção na raça Nelore, sendo a base de informação para a DEP de IPM. Estimativa da puberdade e maturidade sexual através da avaliação andrológica Como dissemos anteriormente, é difícil estimar esses dois importantes momentos reprodutivos por serem momentos de mudanças fisiológicas do animal jovem que está em desenvolvimento. Para estimar a idade à puberdade, os tourinhos Nelore podem ser coletados a cada 15 ou 20 dias a partir dos 11 meses de idade, o que é bastante trabalhoso, ou quando apresentam PE acima de 27 cm, porque animais com medidas inferiores raramente apresentam 50 milhões de espermatozoides com 10% de motilidade. Especialistas na Austrália consideram a idade à puberdade quando tourinhos da 42
PECUÁRIA EM ALTA
raça Brahman apresentam 26 cm de PE. Analisando as características físicas (volume, concentração e motilidade espermática) e morfológicas (percentagem de normais) do ejaculado, podemos classificar o momento de desenvolvimento reprodutivo do tourinho em pré-púbere, púbere, pré-maduro e maduro.
“A determinação da idade à puberdade é um indicativo do potencial reprodutivo do animal, mas a determinação da maturidade sexual é uma realidade, um fato” Como sugestão, se fizermos a coleta de sêmen aos 16 meses, aproximadamente, poderemos identificar o desenvolvimento reprodutivo e classificá-lo como mencionado acima. Aqueles considerados “maduros” do grupo são os que tiveram a puberdade mais precoce, ou seja, aproximadamente quatro meses antes. A escolha dos melhores machos Qual a real importância de conhecermos precocemente se o macho é maturo sexualmente para a escolha dos melhores? Do ponto de vista da eficiên-
cia reprodutiva, é muito importante. A determinação da idade à puberdade é um indicativo do potencial reprodutivo do animal, mas a determinação da maturidade sexual é uma realidade, um fato. Estamos falando que esse tourinho está potencialmente apto à reprodução e a congelar sêmen. Isso é importante, é muito bom, “é bom pra caramba”. Temos vivenciado algumas vezes situações em que o reprodutor congelou sêmen à idade muito jovem. Isto é, sem dúvida, muito importante, porque, considerando as características do ejaculado, circunferência escrotal e tamanho das caudas dos epidídimos, que estão relacionadas com o volume de sêmen colhido, podemos estimar se o tourinho será um bom produtor de sêmen. Do ponto de vista financeiro, a precocidade da maturidade sexual também é importante. Há um mês, em visita a um importante criatório fornecedor de genética, o proprietário nos disse: “O royalty do sêmen viabiliza a fazenda”. Humildemente, dedico as linhas acima aos criadores que me proporcionaram a oportunidade de avaliar seus tourinhos.
Luis Alfredo Garcia Deragon, gerente da Central Alta Possui Mestrado em Sanidade Animal pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Tem experiência na área de Medicina Veterinária, com ênfase em Reprodução Animal.
PECUÁRIA EM ALTA
43
EVENTOS
ALTA SE DESTACA COM OS MELHORES TOUROS GIROLANDO 5/8 NA MEGALEITE A Alta apresentou seu portfólio completo de produtos e serviços para bovinocultura de leite durante a Megaleite 2019, principal exposição leiteira do Brasil, no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte (MG). A feira reúne as principais empresas do setor e apresentou os animais com genética superior, além de soluções que contribuem para aumentar a eficiência produtiva, reprodutiva e sanitária do rebanho. No primeiro dia do evento,
44
PECUÁRIA EM ALTA
foi apresentado o resultado do teste de progênie do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG) com algumas alterações na metodologia, como a utilização de todas as lactações de filhas, correção da heterozigose e a incorporação da avaliação genômica. Além disso, foi realizada a avaliação genômica para produção de leite e idade ao primeiro parto (IPP). A Alta se destacou por ter os melhores touros Girolando (5/8)
para leite pelo teste de progênie: Imperador Baxter (PTA leite de 675,16), Bond Choral (PTA leite de 653,35) e Axxor Avalon (PTA leite de 644,55), respectivamente. Outro destaque foi Elo Supersire, melhor touro 5/8, na avaliação genômica para leite. “Para nós, esses resultados são motivos de muita satisfação! Trabalhamos diariamente para melhorar os processos e os índices que já consideramos bons”, afirma a técnica de Leite da Alta, Júlia Gazoni.
PREMIUM
CERTIFICADA
EXCLUSIVIDADE HÁGIL
HOMEOPATIA ANIMAL
PECUÁRIA EM ALTA
45
CRIAÇÃO DE BEZERROS
ALTA LEVA PECUARISTAS PARA CONHECER PRODUÇÃO DE COLOSTRO EM PÓ NO CANADÁ AS VISITAS DO ALTA SHOW CALF ENFATIZARAM A CRIAÇÃO DE BEZERRAS LEITEIRAS A Alta promoveu a primeira edição do Alta Show Calf, evento que levou produtores e especialistas para conhecer o sistema de processamento do colostro em pó bovino e o manejo de criação de bezerras no Canadá. Um grupo de 30 pessoas, durante 7 dias, visitou a Saskatoon Colostrum Company Ltd. (SCCL), empresa que processa o colostro bovino em pó, fazendas 46
PECUÁRIA EM ALTA
que fornecem a matéria prima in natura, além de propriedades para acompanharem o manejo de criação de bezerras no Canadá. Os participantes também contaram com palestras técnicas, como a do professor José Eduardo Santos, da Universidade da Flórida, além de visitas a universidades. “A Alta é a primeira empresa a organizar a visita de produto-
res do Brasil para conhecerem outras realidades de produção, com o foco exclusivo na criação de bezerras leiteiras. É uma grande inovação que proporciona a troca de experiências sobre uma etapa tão crucial para o alcance de resultados positivos no final do processo produtivo”, explica o gerente de Produto da Alta, Rafael Azevedo. A SCCL coleta colostro de
qualidade de mais de 1.400 fazendas no Canadá. As propriedades possuem excelência em suas atividades e são aptas a fornecer para a SCCL o produto natural de qualidade como fonte para a produção do colostro bovino em pó. No total, mais de 1 milhão de doses são produzidas anualmente, com distribuição em quatro continentes. No Brasil, o produto é distribuído pela Alta. “Quando estamos no Brasil e começamos a ouvir falar do Colostro em pó, logo pensamos: de onde vem esse produto, como é feito? E, então, você vai a uma fazenda com mais de 300 vacas e percebe que estão vendendo todo o colostro, optando por comprar o colostro em pó para facilitar a
“A Alta é a primeira empresa a organizar a visita de produtores do Brasil para conhecer outras realidades de produção, com o foco exclusivo na criação de bezerras leiteiras”
rotina e os processos de manejo, e que os bezerros estão saudáveis. Agora, podemos dizer com
segurança que realmente funciona”, conta o gerente da Fazenda Colorado, Sérgio Soriano. O colostro em pó bovino é produzido a partir do colostro desidratado, sem adição de nenhum outro componente, garantindo as características naturais do materno. A composição do colostro apresenta altos teores de sólidos, proteína, gordura, minerais e vitaminas que irão fornecer os anticorpos necessários para uma vida mais saudável do animal. O Alta Show Calf também visa aumentar o conhecimento dos pecuaristas a respeito das técnicas de manejo e criação de bezerras.
Carla Bittar,
professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP)
“As propriedades são muito bem conduzidas e, com certeza, isso faz com que o colostro produzido seja de alta qualidade, garantindo a transferência da imunidade passiva para os bezerros”
Eudes Braga,
Fazenda Granja Eudes Braga
“Conhecer as fazendas que fornecem o colostro in natura para a empresa de processamento nos traz segurança sobre a sanidade e qualidade desse produto”
José Eduardo Portela,
professor da Universidade da Flórida
“Toda essa troca de experiências e aprendizado tem um valor enorme. Os produtores tiveram a oportunidade de sair das suas realidades e aprender com vivências diferentes”
PECUÁRIA EM ALTA
47
CASOS DE SUCESSO
GENÉTICA DE SUCESSO FAZENDA OLARIA PRODUÇÃO DE LEITE ATRAVESSA GERAÇÕES NO SUL DE MINAS GERAIS
Localizada no município de Aiuruoca, região da Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas Gerais, a Fazenda Olaria solidificou, ao longo das gerações, a produção de leite. “Tudo começou no século XVIII, quando meu antepassado, Antônio Arantes Marques, recebeu a Sesmaria da Conquista, onde foi construída a Fazenda Conquista. Na divisão da fazenda para os sucessores, a minha família herdou a Fazenda Olaria. No início do século XIX, as terras da nossa fazenda já eram utilizadas para a produção de leite. Na época, com gado mestiço. Em 1978, minha mãe, Maria Celeste Arantes Ribeiro, herdou a fazenda e, no ano de 2002, tomei frente dos negócios, sempre focado na busca por investimentos e melhorias, com o intuito de manter viável a atividade leiteira em nossa pro48
PECUÁRIA EM ALTA
priedade. Atualmente, são 110 hectares disponibilizados para a pecuária”, conta o pecuarista Cidmar Arantes Ribeiro. Cidmar relata que, quando sua mãe recebeu a herança, na falta de recursos para comprar um touro de qualidade, decidiram investir na inseminação artificial, uma maneira mais fácil, prática e com a garantia da utilização de reprodutores superiores para a produção de leite. No ano de 2008, com 300 litros/dia, Cidmar decidiu investir na melhoria genética do rebanho e nas pastagens. Em três anos, a Fazenda Olaria chegou a produzir 3 mil litros/dia. “Iniciamos a parceria em 2015. Passamos a selecionar os touros, com bastante foco em saúde e sempre utilizando o acasalamento por genealogia para evitar a consanguinidade. Além disso, desde o início de nos-
sa parceria, sempre buscamos trabalhar muito forte em treinamento da equipe em manejos corretos de inseminação e dos animais. Conseguimos, assim, inicialmente aumentar a taxa de concepção de sêmen sexado nas novilhas e passar a usar essa ferramenta (sexado) com mais pressão ainda, aumentando assim a evolução genética da fazenda”, conta o gerente regional da Alta, em Itanhandu (MG), Rodrigo Ribeiro. Responsável pela genética dos animais, Rodrigo desenvolve um trabalho conjunto com o veterinário prestador de serviços. Na fazenda, inicialmente, foi usado o Alta Gestão, um software de gestão da reprodução. “A partir disso, conseguimos fazer uma análise correta sobre os números reprodutivos. Fizemos alguns treinamentos e ajustes e conseguimos uma evolução muito grande na taxa de prenhez, após um período utilizando o Alta Gestão, período esse que serviu para a fazenda evoluir em questão de análises e anotações. Então, realizamos a migração para o Ideagri”. Hoje, a fazenda participa do programa Global Advantage. O Plano Genético da propriedade contempla principalmente Saúde. “Com a adesão no Global Advantage, a fazenda tem acesso a touros com a genética mais evoluída do mercado e, com toda
certeza, iremos conseguir um avanço genético muito grande. Aliado a isso, utilizamos nossa ferramenta GPS para medir e apresentar o avanço genético dos animais ano a ano e avaliar se estamos no caminho certo”, completa Rodrigo. Em parceria com a Alta, a fazenda iniciou um trabalho muito forte e focado na criação de bezerras, com treinamento para os colaboradores no manejo e anotações corretas dos dados de criação. “O objetivo é, além de vender uma genética de altíssima qualidade e focada nos objetivos da fazenda, participar fortemente nas áreas que impactam diretamente a saúde financeira do negócio, oferecendo várias ferramentas e treinamentos aos colaboradores. A meta é ajudar nosso cliente a ter cada vez mais sucesso em seu negócio”, finaliza Rodrigo. A fazenda possui 97 vacas em lactação e produz uma média diária de 2.700 mil litros/dia. São dois lotes de vacas em lactação, alocadas em um galpão de Compost Barn, e um lote no final da lactação no pasto. “Nosso maior objetivo é produzir leite rentável, de alta qualidade, com menor custo possível. Para isso, é primordial uma genética de qualidade, com vacas longevas e produtivas. Só conseguimos alcançar o patamar de hoje porque contamos com a presença de bons colaboradores, uma equipe totalmente focada em melhorias e com técnicos eficientes da Alta, que avaliam todas as fases do acasalamento até o nascimento, tornando viável nosso negócio”, finaliza Cidmar.
AltaOSCAR
AltaRECOIL
Sobre a regional Parceira da Alta desde 2014, a Regional Itanhandu está localizada no sul de Minas Gerais e oferece serviços focados em rentabilidade. A equipe trabalha com planejamento genético, análises de números reprodutivos, manejo e criação de bezerras, além de treinamentos específicos em diversos setores da fazenda. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (35) 9 9700-5445.
PECUÁRIA EM ALTA
49
CASOS DE SUCESSO
FAZENDA SANTA GERTRUDES SEMPRE EM BUSCA DA MELHOR GENÉTICA
Antônio Crispim de Souza, proprietário fazenda; Heverardo Carvalho, Diretor Alta Brasil; Rodrigo Rodrigues, Distrital da Alta e Márcio Delfino, regional em Itapetininga.
Localizada no município de Itapetininga (SP), a Fazenda Santa Gertrudes iniciou suas atividades na pecuária em 2002, com rebanho Nelore Puro de Origem (PO) e participando das principais pistas e leilões.
50
PECUÁRIA EM ALTA
Ao longo dos anos, com a pressão de seleção imposta no plantel e a equipe focada, o trabalho começou a ganhar mais corpo e volume de produção por meio de tecnologias para identificar os melhores animais. Para isso, uti-
lizaram Fertilização in Vitro (FIV) e Transferência de Embrião (TE). Em 2016, adquiriram uma importante matriz, Marilda da EAO. A fêmea produziu animais funcionais e produtivos para atender os clientes e abrir novos mercados. “Naquele momento, enxergamos o potencial de crescimento e a necessidade de focar num trabalho alicerçado em três pilares: fertilidade, habilidade materna e ganho de peso”, explica o proprietário da fazenda, Antonio Crispim de Souza. Através da assessoria da Regional Alta em Itapetininga (SP), o proprietário decidiu investir ainda mais, adquirindo matrizes de expressão nacional e mães de touros consagrados, como Gaimaca da Col, mãe do recordista de vendas Mukesh Col; Madhija FVC, mãe do Faraó FVC, e In-
tradermica FVC, mãe do Egito FVC. “Começamos também a trabalhar pesado nos programas de melhoramento genético, como o Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ), e com a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), além de introduzirmos a avaliação de carcaça com ultrassom”, conta o gerente da Regional Alta de Itapetininga, Márcio Delfino. Com visitas técnicas e orientações pontuais, a fazenda começou a ter ótimos resultados com os produtos nascidos na fazenda. Hoje, algumas características são visíveis no rebanho: touros funcionais com ótimo biotipo e destacados nas avaliações genéticas e fêmeas com excelente habilidade materna e fertilidade, sempre emprenhando mais rápido e desmamando bezerros de ótima qualidade. Durante a ExpoZebu deste ano, Crispim investiu na aquisição da mãe do touro 1070 da Terra Brava, um dos destaques da bateria da Alta. “Estamos sempre em busca da melhor genética”, finaliza Crispim. O objetivo da fazenda é chegar em 2021 com a produção de 500 touros melhoradores, para atender às necessidades do mercado com qualidade nos produtos vendidos.
Touros destaque
Big Boss da Terra Brava
Rem Dheef
Sobre a regional A Regional Itapetininga, gerenciada por Márcio Delfino, atua com os rebanhos de Corte e Leite. É realizado o acompanhando direto ao cliente, apresentando as melhores opções para resultados estratégicos e, consequentemente, lucro. O telefone de contato é (15) 9 9716-4014.
PECUÁRIA EM ALTA
51
ENTREVISTA
FLÁVIO PORTELA Flávio Augusto Portela Santos é engenheiro agrônomo graduado pela ESALQ/USP em 1984. Trabalhou três anos na iniciativa privada como gerente de fazenda e empresa de consultoria, tanto em gado de leite quanto de corte. Em 1989, passou a fazer parte do núcleo de professores e pesquisadores da ESALQ/USP na área de Nutrição de Ruminantes.
Como avalia a evolução nutricional animal na pecuária brasileira nas últimas décadas? Nós podemos focar em três áreas. A primeira é a base do nosso sistema de produção, que é a pastagem. Se olharmos do ponto de vista de conhecimento científico, houve uma evolução tremenda, principalmente nos últimos 20 anos, sobre conceitos de manejo de pastagem tropical. Hoje temos um conhecimento muito grande de como aproveitar com alta eficiência essas pastagens. Agora, do que nós sabemos e o que está sendo realmente aplicado existe uma distância muito grande, infelizmente. Pequenas melhorias poderiam fazer o pecuarista ganhar muito. Outro ponto é a suplementação com concentrado do gado de corte no pasto, que tem sido
muito adotada pelos produtores. Existem vários trabalhos que nos fornecem muitas informações, tanto para a seca quanto para as águas. Mas ainda temos um caminho grande para percorrer. Temos uma certa carência de informações da suplementação em um sistema completo, da desmama do bezerro até a terminação, para cada situação. E, finalmente, a terminação de bovino, principalmente no que diz respeito a dietas de alta energia em confinamento. O Brasil evoluiu bastante nesse aspecto, estamos cada vez mais tecnificados. Mas, no geral, o conhecimento está muito à frente da aplicação. É isso que precisamos mudar com urgência. Qual o principal gargalo da atividade quando falamos em nutrição, pasto ou suplementação. Por quê? Eu diria que não existe gargalo hoje, do ponto de vista de conhecimento científico. O que nós precisamos é ampliar a aplicação disso no campo. Atividades de extensão e de aplicação de conscientização do produtor nessa área. A pressão vem aumentando, principalmente com a pressão da agricultura, mas ainda temos muito para caminhar. Como avalia a nutrição em fazendas de cria? Quais os principais pontos a serem analisados? Quando olhamos para o sistema de cria, é onde a aplicação da
52
PECUÁRIA EM ALTA
tecnologia está ainda mais atrasada em relação à recria e terminação. É onde nós trabalhamos menos, ou muito pouco, ainda, o manejo de pastagem mais intensificado e quase nada de suplementação. Quando nos comparamos com o nosso maior competidor, que são os EUA, eles são muito avançados e eficientes. Hoje, com a valorização do bezerro que temos visto nos últimos anos, começa a se abrir a possibilidade de discussão e os pecuaristas começam pelo menos a ouvir o que temos para falar em termos de suplementação de vacas de cria em períodos estratégicos e práticas de manejo de pastagens. Existe muito a ser feito. Nutrição fetal, qual a importância de uma fêmea bem alimentada antes, durante e depois da gestação? Cada vez mais, temos trabalhos sendo feitos que mostram a importância não só da nutrição da vaca para que a gente possa garantir eficiência reprodutiva dela no pós-parto, mas também o impacto que a nutrição da vaca na fase em que ela tem o feto dentro dela. Como o bezerro pode ser afetado. O animal que é bem alimentado na fase fetal nasce programado para ter desempenho superior, tanto em termos de desempenho produtivo de ganho de peso, crescimento, quanto para no caso das fêmeas, fertilidade, produção de leite, etc. O animal que sofre restrição de alimento nesse período pode ser muito afetado, o que não faz sentido, já que cada vez mais investimos em melhoramento genético
“O animal que é bem alimentado na fase fetal nasce programado para ter desempenho superior, tanto em termos de desempenho produtivo de ganho de peso, crescimento, quanto para no caso das fêmeas, fertilidade, produção de leite, etc.”
e, nesse caso, não estamos dando condições, desde o período fetal, para que esse animal expresse o máximo do seu potencial após o nascimento. Qual a indicação de manejo nutricional para vacas 30 dias antes e 30 dias após o parto? O produtor de corte precisa começar a ter o mesmo cuidado que o produtor de leite tem com as suas vacas no período de transição (pré e pós-parto). Pensando que tradicionalmente nossas vacas parem no momento mais crítico em termos de oferta e qualidade de forragem, entre os meses de agosto e outubro, se conseguirmos alimentar bem essas vacas, principalmente nos 30 dias antes e 30 dias após o parto, nós conseguiremos não só melhorar a condição do feto, que
será alimentado, mas também a condição da vaca, que vai emprenhar mais rápido e terá mais leite para fornecer ao bezerro. Na categoria das novilhas superprecoces, qual o manejo nutricional indicado nos 3 últimos meses de gestação? Uma vez que essa bezerra foi bem desmamada, a primeira preocupação é manter um ritmo de ganho de peso adequado para ela entrar na estação de monta com peso suficiente. O padrão para gado zebuíno que a gente estabelece é algo ao redor de 65% do peso da vaca adulta para essa novilha entrar em estação. Esse valor pode ser um pouco questionável, mas é uma referência que nós temos. Para isso, temos que ter um programa nutricional durante a seca para atingirmos esse peso. Uma vez que ela emprenhou, é fundamental que a gente dê continuidade a esse processo de ganho de peso para que ela venha a parir com o escore de condição corporal e peso adequado, algo em torno de 85% do peso da vaca adulta. Então, sobre tudo que a gente fala ser importante para as vacas, para essas novilhas, que estão na categoria de maior exigência nutricional, o cuidado tem que ser bem maior. Tudo precisa ser bem programado. Muitas informações e tecnologias estão à disposição dos pecuaristas. Na sua experiência, por que as fazendas não adotam os conhecimentos já estabelecidos? Hoje, nós temos um pacote tecnológico disponível tanto para PECUÁRIA EM ALTA
53
ENTREVISTA
a atividade de cria quanto de recria que, indiscutivelmente, permite que a gente trabalhe com alta eficiência em todo o processo. Agora, a adoção dessas tecnologias vem em um ritmo muito menor do que a gente gostaria. Acredito muito que, ainda, é por conta dos custos e investimentos. Tenho percebido que à medida que a pressão vai aumentando, principalmente da agricultura, esse perfil tem mudado. A valorização do bezerro também contribui para isso. Mas ainda estamos longe do que temos potencial para fazer. Fale um pouco sobre a relação genética x nutrição. De
54
PECUÁRIA EM ALTA
“Estamos trabalhando cada vez mais na área de melhoramento genético, mas, quando olhamos esse cenário, o animal só vai conseguir responder essa genética superior se a gente der condição de nutrição”
que forma uma complementa a outra? Elas têm que andar juntas. De um modo geral, estamos trabalhando cada vez mais na área de melhoramento genético, mas, quando olhamos esse cenário, o animal só vai conseguir responder essa genética superior se a gente der condição de nutrição. Produzir um animal com maior capacidade de ganho de peso, produção de leite, sem melhorar a nutrição não faz sentido. Você cria um animal mais exigente e que, no final das contas, vai lhe dar um retorno pior. Por isso, precisamos de ter um sistema equilibrado.
NOTÍCIAS LEILÕES METEOROLOGIA AO VIVO COTAÇÕES
CHEGOU O NOVO APLICATIVO DO CANAL TERRAVIVA Agora você acompanha ao vivo e do seu celular os leilões mais disputados do mercado, tem acesso à meteorologia de alta precisão, checa cotações como a do boi gordo e a da soja em tempo real, e aproveita toda a programação do Terraviva na hora e no local que quiser. Além de mais moderno e mais completo, o novo aplicativo ainda terá inovações, como cursos, dicas e serviços exclusivos que vão multiplicar as suas oportunidades no agronegócio. Aproveite! Baixe agora mesmo no Google Play. Novo aplicativo do Canal Terraviva. O melhor do agronegócio sempre na palma da sua mão.
PECUÁRIA EM ALTA
55
56
PECUÁRIA EM ALTA