Revista Pecuária em Alta - Edição 29

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PALAVRA DO DIRETOR

Meus amigos, 2021 veio nos desafiando muito e, mais uma vez, seguimos exercitando o nosso poder de resiliência e persistência! Sabemos da força do agronegócio que não para nunca. A demanda pelos produtos da nossa pecuária, tanto de leite quanto de corte, continua aquecida. E o nosso objetivo é sempre contribuir com o avanço eficiente dos rebanhos brasileiros para atender o mercado e ter melhores lucros. É muito importante que o criador saiba com clareza que hoje a inseminação artificial é a ferramenta que, cientificamente, mais garante o ganho genético dentro das porteiras. Pensando nisso, além de oferecer o atendimento especializado que você já conhece, feito por profissionais altamente qualificados, oferecemos o que há de melhor em serviços e produtos. E agora, na Alta, temos outra grande aposta para ajudar você a crescer ainda mais com a reprodução de qualidade. Investimos forte, neste ano, na produção de embriões que você vai conhecer com mais detalhes nas próximas páginas. O Brasil é referência no mundo em transferência de embriões. Na prática, é a soma da genética selecionada do melhor touro com a genética da melhor fêmea. É isso que o Alta Embryo oferece para o mercado. Um produto que é uma evolução científica e tecnológica que vai te ajudar a acelerar o ganho genético na sua fazenda, otimizando custo-benefício. É, com toda certeza, um mercado excepcional para o produtor, porque permite que os melhores animais sejam multiplicados em um prazo mais curto. Isso é extraordinário! A tecnologia já foi desenvolvida, os embriões já estão sendo produzidos com a genética de grandes fazendas parceiras e o criador já pode ter acesso a essa biotecnologia. Eu te convido a ler as próximas páginas que estão recheadas de novas informações e que, com certeza, irão contribuir muito para que os seus negócios sejam cada vez mais rentáveis. Seguimos juntos!

Heverardo Carvalho Diretor Alta Brasil

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ÍNDICE EXPEDIENTE Diretor Heverardo Rezende de Carvalho

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Gerente de Mercado Tiago Carrara - tcarrara@altagenetics.com Coordenadora de Comunicação Camilla Lazak - camilla.rodrigues@altagenetics.com Jornalistas Responsáveis Déborah Morato (MTB 12.676) deborah.morato@altagenetics.com Colaboradores desta edição Angela Bittencourt, Bárbara Alves, Guilherme Queiroz, Hilton do Carmo Diniz Neto, Jose Rodolfo Sabadin, Lourenço Sene, Luiza Mangucci, Marcos Labury, Mayara Campos Lombardi, Pietro Baruselli, Roberta Gestal, Rodrigo Aparecido Ribeiro, Sandra Gesteira Coelho, Tiago Ferreira

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ESPECIAL EXPOZEBU 2021 Pela primeira vez na história a Expozebu acontecerou de forma on-line e a Alta participou com diversas ações virtuais

ALTA NEWS FIQUE POR DENTRO DE TUDO QUE ACONTECE NA ALTA

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GIRO NO CAMPO #SouMaisAlta Um espaço reservado para mostrar o seu olhar sobre a rotina na Fazenda

Diagramação e arte Ana Paula S. Alves - paula.alves@altagenetics.com Marketing/Comercial comunicacao@altagenetics.com.br Fotos Francisco Martins - fjunior@altagenetics.com Revisão de texto Aírton de Souza - airtondesouza@yahoo.com.br

Missão Construir relacionamentos de longo prazo, criar valor para nossos clientes, melhorar a lucratividade de cada rebanho e entregar genética de confiança, além de produtos e serviços de manejo com alta qualidade. Visão Tornar-se a marca global que seja a melhor escolha para produtores progressivos dos segmentos de leite e corte. Valores: Foco, pessoas e competências, coesão, dinamismo, relacionamento, comunicação e ética.

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CAPA ALTA EMBRYO, GANHO GENÉTICO EFICIENTE O novo produto da Alta proporciona o melhoramento genético mais acelerado no rebanho com o acasalamento dos melhores touros com as melhores fêmeas, selecionadas em criatórios que são referência no Brasil


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LEITE IMPORTÂNCIA DO MANEJO REPRODUTIVO EM REBANHOS LEITEIROS

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PROGRAMAS E SERVIÇOS POR QUE ANOTAR OS DADOS DO REBANHO É TÃO IMPORTANTE? Vivemos em um país de território extenso e repleto dos mais variados tipos de sistemas de produção. Atualmente, mesmo com toda a facilidade de se conseguir informações, ainda é muito comum depararmos com a falta de dados sobre rebanhos leiteiros

Demonstrar a eficiência reprodutiva dos rebanhos leiteiros pode ser uma tarefa simples, menos complexa do que você imagina

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CRÔNICA A EVOLUÇÃO DO MELHORAMENTO GENÉTICO NOS ÚLTIMOS 42 ANOS Como vejo o Zebu hoje?

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CORTE FORMAS E SELEÇÃO X EFICIÊNCIA ALIMENTAR Na pecuária de corte, principalmente em sistemas intensivos, um dos maiores custos na produção de bovinos está na alimentação. E a longo prazo, a eficiência na utilização dos alimentos pode reduzir os custos na atividade

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CRIAÇÃO DE BEZERROS CUIDADOS PARA UM DESENVOLVIMENTO SAUDÁVEL A importância do leite na fase inicial da vida dos bezerros

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CASOS DE SUCESSO FAZENDA SERTÃOZINHO Evoluir e alcançar resultados eficientes na pecuária de leite vai além de investir na melhor genética. É preciso ter foco e parceria de qualidade!

CORTE MELHORAMENTO GENÉTICO: A DIMENSÃO QUE OS OLHOS NÃO ALCANÇAM Estamos na estação de monta, e a escolha correta dos touros a serem utilizados é de fundamental importância no processo de melhoramento genético e fortalecimento da base de fêmeas de um rebanho

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ENTREVISTA PIETRO BARUSELLI A evolução e eficiência da inseminação artificial e produção de embriões no Brasil

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ESPECIAL

NOSSAS AÇÕES PARA A EXPOZEBU 2021 EM SUA 86ª EDIÇÃO, A TRADICIONAL EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE GADO ZEBU SERÁ REALIZADA DE FORMA VIRTUAL Mais uma vez, participamos de um dos mais tradicionais eventos da pecuária nacional, a Exposição Internacional do Gado Zebu, mais conhecida como Expozebu. Promovida pela ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), a exposição foi realizada de 29 de abril a 9 de maio, de forma 6

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virtual, e contou com eventos transmitidos pela ABCZ TV, um canal exclusivo no You Tube. Independente do formato, a exposição continuou sendo uma das maiores e mais relevantes exposições da pecuária zebuína do planeta, conforme explica o Diretor Presidente da Alta no Brasil, Heverardo de Carvalho.

“Participar da Expozebu é sempre muito importante. Trata-se de uma feira de tecnologia e negócios que reúne grandes players da carne e do leite do Brasil, que buscam constantemente por inovação e conhecimento. Novamente, a Alta participa desse evento com muita empolgação”, comenta.


Ações da Alta durante a Expozebu Ao longo de todo a feira, a Alta disponibilizou em seu canal do You Tube um tour virtual por sua Central, no qual apresentou todos os seus diferenciais e sua infraestrutu-

ra. Lançamos, também, duas séries especiais, a primeira delas chamada “O Zebu, nossa história”, que mostra depoimentos de pessoas que há anos participam dessa feira.

Em seguida, lançamos vídeos com entrevistas exclusivas sobre a evolução da exposição ao longo dos anos. Faça a leitura do QRCode e assista:

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ALTA NEWS

ALTA E CONAFER FIRMAM PARCERIA PARA AUXILIAR PEQUENOS PRODUTORES Com o objetivo de proporcionar fácil acesso à tecnologia de inseminação artificial a pequenos produtores e empreendedores familiares rurais, Alta Brasil e Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (CONAFER) acabam de selar uma parceria. O acordo prevê que a multinacional ofereça para esse público da pecuária leiteira, o pacote genético específico para esse fim. Além disso, a Alta Brasil irá promover treinamentos para os técnicos da CONAFER, que repassarão esses conhecimentos, técnicas e ações para inseminadores de todo o Brasil. Assim, esses profissionais poderão levar a técnica

da inseminação artificial para produtores rurais espalhados pelo país. Com o intuito de maximizar resultados com uso de genética de ponta, o software ALTA GESTÃO também será disponibilizado. Com essa ferramenta, é possível realizar o acompanhamento produtivo e reprodutivo das matrizes e a criação de bezerros, permitindo avaliações contínuas do rebanho. “Essa parceria é de imensa importância para toda a pecuária brasileira, pois auxiliará pequenos produtores rurais a terem acesso à inseminação artificial. Essa técnica é absolutamente fundamental para o futuro da atividade pecuária e

para o sucesso de empreendedores familiares, que precisam e merecem ser valorizados e incentivados”, explica o Diretor da Alta no Brasil, Heverardo de Carvalho. Para o Presidente da CONAFER, Carlos Roberto Ferreira Lopes, essa união vai fortalecer de forma definitiva um crescente número de empreendedores rurais. “Estamos muito felizes com a parceria com a Alta, pois, dessa forma, poderemos fomentar o acesso à tecnologia aos pequenos produtores e assim auxiliá-los a se desenvolver cada vez mais, aumentando o ganho econômico e potencializando a indústria e o comércio nacional”, comemora.

A força dos pequenos produtores Segundo o último Censo Agropecuário do IBGE, 77% dos estabelecimentos agropecuários são classificados como agricultura familiar. “Esse número demonstra que a parceria entre Alta e CONAFER pode impactar um imenso número de produtores”, finaliza o Diretor Presidente da Alta.

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IMPORTAÇÃO DE TOUROS VIVOS PARA VALORIZAR O MERCADO NACIONAL DE CARNES GOURMETS O mercado de carnes premium e gourmet está crescendo muito no Brasil. Isso se deve a exigência do consumidor que, vem buscando entender mais do assunto e saber a origem do animal. Como consequência disso, a busca por animais mais bem selecionados aumenta também. Pensando em ajudar a crescer e a melhorar o sistema de produção das fazendas brasileiras, a Alta Brasil fez mais um importante investimento em taurinos. Durante a temporada de leilões dos Estados Unidos, a Alta mobilizou todo o seu time técnico e selecionou os melhores animais avaliando o biotipo e suas DEPs para trazer para o Brasil os melhores. Desta vez, sete touros da raça Aberdeen Angus foram importados e chegaram no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), no início do ano. O sêmen desses animais selecionados já foi comercializado pela Alta, porém, a coleta foi realizada nos EUA e enviada para o nosso mercado. Processo que demorava entre dois e três meses. Agora, com esses touros aqui, na central da Alta, que fica em Uberaba (MG) região do triângulo mineiro, todo o trabalho entre a coleta, a

seleção e a disponibilização para o mercado será muito mais rápido. Em uma média de três dias o sêmen desses taurinos estará disponível para os criadores de todo o País. Esse investimento vai agilizar o processo de produção e será exclusivo, agregando mais valor ao mercado brasileiro. Todos esses reprodutores importados são selecionados para produzir animais de alto desempenho, sendo que a média de peso à desmama esperada é de 96lb e de peso de carcaça de 83lb. Também são destacados para marmoreio e área de olho de lombo, estando com uma média de DEP dessas características entre TOP 15 e TOP 20. Ou seja, a genética desses taurinos é excelente opção para atender os criadores que visam ao mercado de carnes gourmet, em ascensão no País. Em novembro do ano passado, a Alta já havia investido R$ 2 milhões na importação de 10 taurinos. Os animais foram selecionados em sete fazendas diferentes dos Estados Unidos. Uma aquisição importante para contribuir com a pecuária brasileira, feita num momento de grandes incertezas para o mundo inteiro por causa da pandemia do novo

coronavírus, “Nós não sabíamos como ficaria o agronegócio e a economia brasileira. Mas fomos surpreendidos com o que veio acontecendo com o agro e especialmente com a pecuária. A demanda por produtos da nossa pecuária, especialmente produtos de carne, foi enorme e isso evidentemente nos ajudou a tomar essa decisão. Fizemos uma escolha para beneficiar toda a cadeia produtiva para atender os diversos sistemas de produção. Oferecemos o touro certo, seja para o criador que tem um sistema intensivo, semi-intensivo ou extensivo, já que a necessidade é diferente e nós temos um touro para atender todos eles”, explica Heverardo Carvalho, diretor Alta Brasil. Os 10 reprodutores importados em novembro já estão nos piquetes individuais da central, com nutrição balanceada e manejo cuidadoso. Para o bem-estar deles, cada piquete conta com sombra natural das árvores e sombra artificial das casinhas construídas em cada espaço. Todo o ambiente é pensado e estruturado para oferecer a eles um lugar confortável, para que eles vivam bem e possam produzir mais e com qualidade. PECUÁRIA EM ALTA

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ALTA NEWS

RAÇA GIR LEITEIRO PERDE UM DE SEUS GRANDES RAÇADORES Aquele que era um dos mais importantes touros da raça Gir Leiteiro, Dragão TE, teve sua morte anunciada no dia 1º de março. Líder do Sumário Embrapa de 2017, o touro obteve uma das maiores valorizações da sua raça, quando 50% de suas cotas foram comercializadas por quase meio milhão de reais.

“Uma genética única, especial e filhas simplesmente maravilhosas. Com toda a certeza, acrescentou muito para a bateria de líderes de nossa empresa”, explica o Gerente de Produtos da Alta Genetics, Guilherme Marquez. Filho de CA Sansão e Laga dos Poções, Dragão TE teve ao longo de sua vida produ-

tiva, mais de 50 mil doses comercializadas, contribuindo de forma decisiva para o bom momento da raça Gir Leiteiro. Raça Gir Leiteiro. Proveniente da Índia, assim como o Nelore, a raça Gir Leiteiro é uma das mais antigas do planeta. Chegou ao Brasil em 1911 e se concentrou inicialmente no triângulo mineiro. Uma de suas grandes características é a boa resistência a parasitas, dispensando o uso de medicamentos e carrapaticidas que deixam resíduos no leite.

“Uma genética única, especial e filhas simplesmente maravilhosas. Com toda a certeza, acrescentou muito para a bateria de líderes de nossa empresa” Guilherme Marquez, Gerente de Produtos da Alta

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SETOR INDUSTRIAL ENTREGA 41 CAPACETES RESPIRATÓRIOS PARA O TRATAMENTO DA COVID EM UBERABA/MG O Governo Municipal de Uberaba recebeu, no último mês de março, a doação de 41 capacetes de respiração assistida Elmo, doados por sindicatos patronais ligados ao Centro das Indústrias do Vale do Rio Grande (Cigra) e à Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) - Regional Vale do Rio Grande e de empresas de Uberaba. As doações foram feitas durante uma rápida solenidade, de forma híbrida, que contou com a participação virtual da prefeita de Uberaba Elisa Araújo; do vice-prefeito Moacyr Lopes; da chefe de Gabinete Míria Rezende e demais assessores, além de Heverardo Carvalho, Diretor da Alta Brasil, uma das empresas que atuaram ativamente na aquisição dos capacetes. Por iniciativa do Governo Municipal, cinco capacetes foram doados para o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), representado pela superintendente Ana Lúcia Assis Simões e pelo reitor da Universidade, professor Luiz Fernando Resende dos Santos Anjo. ‘A chegada desses capacetes ao Hospital de Clínicas vai contribuir muito para a assistência que a gente já está prestando para os

pacientes. É um equipamento a mais que vai contribuir para evitar, eventualmente, que esses pacientes precisem de um respirador artificial. É de extrema necessidade, uma doação muito valiosa’, avaliou Ana Lúcia. O presidente da Câmara Municipal, vereador Ismar Marão, que fez questão de estar presente no ato da entrega, disse que a doação representa uma esperança para as pessoas que estão internadas. ‘É muita gratidão que a gente tem que ter com as entidades de classe, com a sociedade civil organizada, que tiveram esse gesto de amor em prol da população de Uberaba. E agradecer tanto ao Moacyr quanto à prefeita que tiveram a liderança de fazer com que essas pessoas tivessem um olhar de caridade em prol do próximo aqui no município de Uberaba’, enfatizou. A prefeita Elisa Araújo, se emocionou ao agradecer aos empresários do setor industrial, dos sindicatos patronais e da sociedade civil organizada pela mobilização que possibilitou a aquisição dos capacetes. ‘Tenho no meu coração uma gratidão muito grande por todos vocês. Felizmente, eu posso estar aqui falando com vocês, mas essa não é a reali-

dade de todos. ‘Vamos vencer juntos. Cada vez mais tenho orgulho dos nossos uberabenses, orgulho dos meus pares que me incentivaram estar aqui à frente da nossa cidade’, concluiu, agradecida. Doação de medicamentos - Na ocasião, o Município de Uberaba recebeu também a doação de medicamentos e vitaminas por parte da Sociedade Civil Organizada. “Essa doação representa fazer parte de um movimento importantíssimo para o momento que nós estamos vivendo. É muito gratificante para a empresa, para a CCM, poder estar ajudando nesse momento”, afirmou o coordenador de RH da CCM, Oldair José Andrade. Para o delegado Regional da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (Adesg), Antônio José Bessa Ferreira, trata-se de uma convergência de esforços da comunidade que produz, que gera empregos, preocupada com toda essa condição em salvar vidas. ‘Então, nós fizemos justamente essa união. É o símbolo da nossa campanha: juntos, somos fortes. Então, nós estamos, juntos, buscando salvar vidas. A única representação, para nós, é essa: a preocupação em salvar vidas’, concluiu.

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GIRO NO CAMPO

@agronegocio_centro _maranhens

@alan_belotto

@altagenetics.bomsucesso

@danillorodr

@deborah_morato

@delfinogenetica

@girolandoluanda

@glauber.monteiro.923

@leandrosfotos

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@luizamangucci

@murilobailao

Olhar atento do pequeno Daniel na Fazenda Ouro Verde em Alta Floresta/MT

@rrodrigues.alta

Rick e Kadu filhos de Luís Carlos da Fazenda Canabrava Furado do Peixe em Porteirinha/MG PECUÁRIA EM ALTA

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CAPA

ALTA EMBRYO, GANHO GENÉTICO EFICIENTE O novo produto da Alta proporciona o melhoramento genético mais acelerado no rebanho com o acasalamento dos melhores touros com as melhores fêmeas, selecionadas em criatórios que são referência no Brasil

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O mundo precisa de carne e leite de qualidade. São produtos essenciais na nossa alimentação diária e a demanda por eles continua aquecida. Pensando nisso, que criadores buscam crescer cada vez mais seus rebanhos, de forma criteriosa e bem selecionada. E, segundo a Associação Brasileira de Inseminação Artificial - ASBIA, esse é o melhor caminho. Para desenvolver na pecuária, é preciso investir em ferramentas tecnológicas que garantem maior desempenho, eficiência e retorno financeiro na cadeia produtiva. Muitos criatórios do país demonstram que acreditam e apostam na ciência. Com isso, estão mostrando melhor desenvolvimento e condições sanitárias. Prova disso é o reconhecimento de muitos países aos nossos produtos, o que faz crescer também a estatística. Em comparação com o mercado de 20 anos atrás, o aumento na quantidade de doses de sêmen comercializada no Brasil se aproxima de 400%. Ainda segundo a ASBIA, só em 2020 esse crescimento foi de 36%, quando foram vendidas 14,8 milhões de doses de sêmen. A maior parcela disso foi registrada nas raças de corte. E a Alta, reconhecida mundialmente como líder de mercado em melhoramento genético bovino, deixa novamente sua marca nesse capítulo importante da pecuária brasileira. Do total de doses de sêmen vendidas no ano passado, mais da metade foi produzida e comercializada pela central, que fica em Uberaba, capital mundial do gado zebu, em Mi-

“Os embriões são produzidos com doadoras comprovadamente superiores, acasaladas com os melhores touros do mundo e que fazem parte da bateria da Alta” José Rodolfo Sabadin, Gerente do programa de Embriões da Alta Brasil

nas Gerais. Contribuir para o avanço genético eficiente é o objetivo da empresa. O mercado já conhece todo o trabalho realizado, com compromisso e parcerias com inúmeras fazendas dos mais diferentes tipos de sistemas de produção. Para que isso continue se fortalecendo com a credibilidade comprovada do lado de dentro das porteiras que, mesmo diante de muitas incertezas com relação à economia, por causa da pandemia do novo Coronavírus que a Alta investiu forte e passou a oferecer embriões, mais um produto de alto ganho genético para os clientes. “O Brasil é pioneiro no mercado de embriões e a técnica de FIV foi praticamente desenvolvida e aprimorada aqui no país, por causa do largo uso no campo. E depois de anos analisando a ferramenta, a demanda, os profissionais da área para identificar qual seria a melhor forma de oferecer esse produto tão importante para a nossa pecu-

ária, que a Alta decidiu investir no portfólio da empresa. Hoje, ofertamos mais essa opção de ganho genético para os produtores”, conta Tiago Carrara, gerente de mercado da Alta. O mercado de embriões já vinha sendo observado pelos gestores da empresa, no Brasil, como explica Heverardo Carvalho, diretor da Alta Brasil, “Não poderíamos estar fora do mercado de embriões. Somos uma empresa com uma missão importante, que vai além de focar no melhoramento genético. Nós buscamos orientar pecuaristas sobre a melhor maneira de usar a genética aliada ao manejo, nutrição, ambiente, gestão e todos os outros processos envolvidos para garantir um animal de potencial exemplar”. A biotecnologia foi um investimento extremamente importante, já que proporciona um salto rápido no melhoramento genético do rebanho, principalmente quando se busca por características de maior impacto econômico dentro do sistema da pecuária de corte e de leite. A transferência de embriões, a fertilização in vitro, o sêmen sexado e a criopreservação são ferramentas que já estão disponíveis para os criadores que procuram alcançar objetivos específicos de produção e reprodução. A tecnologia de criopreservação dos embriões em etilenoglicol, pelo processo exclusivo de congelamento lento, conhecido como DirectTransfer (DT), é um grande destaque. Ela apresenta dados muito positivos a campo, com resultados consistentes e comprovados em

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CAPA

grandes fazendas. Segundo o médico-veterinário e gerente de produto embrião, para se ter uma ideia e ainda dimensionar melhor a importância da técnica, com a aplicação dela já foi possível realizar mais de 20 mil transferências com resultados acima dos observados no mercado, que serão inclusive divulgados nos modelos comerciais da empresa. “Para garantir que o produto seja de qualidade, a Alta adquiriu todo o aparato tecnológico do laboratório e os profissionais que já atuavam no setor, na extinta “Neogen”. Foi montada uma grande equipe experiente e especializada em todo o processo de seleção de doadoras, aspiração, produção e transferência do embrião”, explica José Rodolfo Sabadim, gerente de produto embrião da Alta. Sabadin é pós-graduado

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“O Brasil é o país que mais produz e transfere embriões no mundo e a Alta já é reconhecida pela qualidade e capacitação dos seus profissionais” Tiago Carrara, Gerente de Mercado da Alta Brasil

em Gestão do Agronegócio e possui uma sólida carreira desenvolvida na área de embriões, com ampla experiência na gestão das operações técnicas, comerciais e com atuação por mais de oito anos na In Vitro

Brasil. Ele conta ainda que foi montada uma equipe forte para atender esse mercado que vem crescendo no país. Entre os profissionais que integram a nova equipe da empresa estão: Luiz Gustavo Bragança, gerente técnico e responsável pela equipe de aspiração e transferência de embrião; Kelly Nader, gerente de produção e responsável por ações de pesquisa, desenvolvimento, produção e qualidade dos embriões; Isabela Gama, técnica de laboratório; Miguel Batainer Neto, veterinário e técnico de aspiração; além de outros profissionais renomados. “O time é muito focado em oferecer resultados consistentes, com altas taxas de concepção, baixas perdas embrionárias e alta qualidade do produto nascido, que é um dos gargalos do embrião de FIV (Fertilização IN Vitro). A biotecnologia


permite avançar 100% de ganho genético dentro da fazenda, com embriões de alto valor, produzidos com doadoras comprovadamente superiores, acasaladas com os melhores touros do mundo e que fazem parte da bateria da Alta. Quando somamos uma tecnologia altamente segura com a força genética dos reprodutores da Alta e o trabalho sério de fazendas parceiras, formamos um produto único no mercado, que é o Alta Embryo. Tudo isso está alinhado com o objetivo da empresa, que é oferecer o que há de melhor para os criadores”, completa Sabadin. Para profissionais da Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões – SBTE, o futuro é promissor e há muito otimismo para o agronegócio no Brasil e no mundo, já que existem inúmeras ferramentas que favo-

“Nós buscamos orientar os pecuaristas sobre a melhor forma de aliar a genética a todos os outros processos envolvidos na fazenda para garantir um animal de potencial exemplar” Heverardo Carvalho, Diretor Alta Brasil

recem para que toda a cadeia reprodutiva seja eficiente. Os embriões é a biotecnologia mais avançada atualmente e pode proporcionar que as vacas pro-

duzam mais bezerros por ano. O resultado desse processo vai ser de acordo com o objetivo da criação e da forma como o programa será utilizado. “O Brasil é o país que mais produz e transfere embriões no mundo e a Alta já é reconhecida pela qualidade e capacitação dos seus profissionais. Então, agora que entramos com mais esse produto de alta tecnologia, o nosso objetivo é que o mercado nos enxergue como uma excelente opção para trabalhar com essa ferramenta de vendas de embriões pela nossa seriedade e credibilidade. Estamos extremamente motivados a fazer a diferença e adequados para atender as necessidades de cada produtor. Para isso estamos muito bem assessorados tecnicamente e certos de que o sucesso será maior do que o esperado”, finaliza Tiago Carrara.

Fonte: SBTE - Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões ASBIA – Associação Brasileira de Inseminação Artificial

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LEITE

IMPORTÂNCIA DO MANEJO REPRODUTIVO EM REBANHOS LEITEIROS por Tiago Ferreira, Gerente Técnico de Leite da Alta Acredite! Demonstrar a eficiência reprodutiva dos rebanhos leiteiros pode ser uma tarefa simples, menos complexa do que você imagina. Claro que isso vai depender se as ferramentas certas são utilizadas. Na prática, o levantamento de dados reprodutivos tem como grande objetivo apontar a realidade da fazenda, por meio de números. Com esse tipo de estudo, é possível coletar as informações necessárias relacionadas ao rebanho e saber se a taxa de prenhez tem chance de evoluir. Esse relatório dá ao produtor um verdadeiro raio-X

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de como está a sua criação. Assim, fica muito mais simples traçar metas. Ainda existem muitas dúvidas sobre a importância dessa análise de prenhez. Para explicar melhor essa conta e, de forma simples, basta pensar que, quanto maior a taxa de prenhez (somando as vacas gestantes a partir do total de vacas aptas), maior será o impacto dos dias em lactação no próximo parto. Assim, é possível que o rebanho produza mais por cada vaca, em função dos dias em lactação médio ser menor, ou seja, mais próximo do pico de lactação.

Essa estratégia tem relação direta com a evolução da taxa de vacas prenhas. É exatamente o que o rebanho necessita para alcançar os tão fundamentais 25% de taxa de prenhez, que representam bom retorno financeiro para o produtor. O programa Concept Plus Leite, da Alta, oferece grande quantidade de informações reprodutivas e produtivas da pecuária leiteira nacional. O foco dele é exatamente levantar dados e estabelecer referências coerentes com a realidade brasileira. A partir dele, é possível mostrar números, indicadores,


traçar estratégias reprodutivas e envolver pessoas de sucesso no segmento da reprodução. Nos anos de 2019/2020, o Concept Plus Leite analisou os dados de 381 fazendas leiteiras. Foram mais de 125 mil animais e cerca de 300 mil serviços aproveitados. Nesse estudo, foram levados em consideração os fatores que afetam a fertilidade, com foco em estabelecer correlações adequadas à realidade nacional. Reprodução como fator de lucratividade nas fazendas. As vendas de leite representam de 80% a 90% da receita nas fazendas leiteiras e a venda de bezerros e vacas de descarte representam de 10% a 20%. Por isso, o sucesso da produção de leite depende do sucesso do nascimento de um bezerro, que torna a reprodução um componente essencial em uma operação leiteira bem-sucedida. Outros fatores determinantes são o número de vacas ordenhadas, paridade, gerenciamento da propriedade e o mérito genético. As vacas devem ficar prenhas entre 55 e 115 dias pós-parto para otimizar a produção de leite, aumentar a quantidade de bezerros nascidos por ano e minimizar abates devido a fracassos na reprodução. A taxa de prenhez, a taxa de detecção de cio (estro) vs. a concepção é o fator crítico da eficiência reprodutiva. O retorno econômico associado à reprodução é ótimo quando a taxa de prenhez é superior a 25%. Para atingir esse patamar, a taxa de concepção (relação de fêmeas gestantes

“O sucesso do nascimento de um bezerro, torna a reprodução um componente essencial e a produção leiteira bem-sucedida”

pelo total de fêmeas inseminadas) deve ser maior que 33% e a detecção de cio, na primeira inseminação, precisa ser maior do que 70%. Os gestores das fazendas devem selecionar um período de espera voluntário (PEV) entre 50 e 70 dias para otimizar a taxa de concepção e utilizar um programa de manejo para controlar a intensidade da primeira inseminação. O diagnóstico deve ser programado para controlar os dias entre as inseminações. A taxa de prenhez determina o valor econômico da reprodução. A proporção de vacas prenhas a cada 21 dias, após o período voluntário de espera

(PEV), determina a média de leite produzido por dia (devido à forma da curva de lactação e ao período de recobrimento). Dois pontos de controle mais importantes para atingir uma produção de 25% são a taxa de concepção do rebanho e a taxa da primeira inseminação. Portanto, as prioridades são a concepção, a intensidade da inseminação no primeiro serviço e, em seguida, a repetição da intensidade da inseminação. Além da saúde da vaca, altas taxas de concepção também dependem do tempo adequado de inseminação em relação ao estro, qualidade do sêmen, bom manejo e colocação, além, claro, do uso de touros com boa fertilidade. Para ilustrar e trazer tudo isso para um contexto mais prático, comparamos vários indicadores do levantamento da Universidade da Pensilvânia, dos EUA e do Concept Plus leite no Brasil. Foram divididos 4 grupos por taxa de prenhez, abaixo de 25% taxa de prenhez, acima de 25% taxa de prenhez, melhores 50% de taxa de prenhez e os 10% melhores para taxa de prenhez. Confira!

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LEITE

Universidade da Pensilvânia ITEM

Taxa de Prenhez

P valores

Concept Plus Leite Taxa de Prenhez

< 25%

>25%

<0001

Top 50%

Top 10%

Número de observações

359

175

<0001

381

39

Período de espera voluntário, d

52

62

0,0718

50

70

Dias para a primeira inseminação, d

79

78

<0001

62

55

Taxa serviço primeira inseminação

64%

83%

<0001

59%

88%

Taxa de concepção Todos os serviços

35%

44%

<0001

35%

45%

Taxa de prenhez

19%

31%

<0001

17%

24%

Intervalo entre as inseminações

44

38

<0001

46

36

Intervalo de partos, dias

457

415

<0001

416

383

Idade média de lactação do rebanho, anos

2,37

2,48

<0001

2,27

2,51

Leite total produzido / vaca, kg / vaca

12.490

12.044

<0001

6.538

9.263

Leite produzido por dia, kg / vaca/ IEP

27,4

29,01

<0001

15,7

24,2

1.883,00

2.166,00

<0001

Valor anual da renda / vaca, $

Qual seria o ponto crítico no manejo da reprodução do rebanho? Trata-se do controle da primeira inseminação. O monitoramento da fertilidade em vacas saudáveis estabelece a fertilidade básica no rebanho e fornece uma estimativa de bem-estar das vacas de transição e os protocolos de inseminação. Existem muitas

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oportunidades para esse controle, e a melhor estratégia dependerá da gestão do rebanho. É sempre importante lembrar que a evolução na eficiência reprodutiva tem grande impacto econômico no Brasil e no mundo. Deve ser constantemente monitorada pelo produtor, gerente da leiteria ou veterinário.

Tiago Ferreira Gerente Técnico de Leite Médico Veterinário pela Universidade de Uberaba (Uniube), especialista em Reprodução de vacas leiteiras pela Newton Paiva e Rehagro, Especialista em Nutrição de vacas de leite Faculdades Integradas de Uberaba (FAZU) e Rehagro, membro do Conselho deliberativo técnico (CDT) da raça Girolando


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CORTE

CONHECENDO DIVERSAS FORMAS DE SELEÇÃO PARA EFICIÊNCIA ALIMENTAR por Luiza Mangucci, Técnica de Corte da Alta A eficiência da pecuária brasileira é sustentada basicamente por quatro pilares principais: genética, manejo, sanitário e nutrição. Sendo a alimentação animal responsável por uma grande parcela dos custos de uma fazenda. Esses custos variam conforme o nível de inten-

sificação do sistema de produção, podendo variar entre 70 e 90% dos custos operacionais totais de uma propriedade (VALADARES FILHO E PAULINO, 2005) Atualmente, a palavra eficiência faz parte dos principais projetos que buscam uma ati-

vidade lucrativa. Visto tamanho o impacto da nutrição nos custos operacionais, a busca por animais de alta eficiência nutricional tem se intensificado e para tal, muito se fala sobre EFICIÊNCIA ALIMENTAR (EA) e CONVERSÃO ALIMENTAR (CONV.).

Afinal de contas, qual a diferença entre a eficiência alimentar e a conversão alimentar? Qual impactará mais no sistema de produção? EA = Ganho de peso diário / Consumo diário – Quanto maior, melhor. CONV = Consumo diário / Ganho de peso diário – Quanto menor, melhor.

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Em resumo, são cálculos matemáticos diferentes, demonstrando um objetivo em comum: seleção de animais que ganhe mais peso, consumindo menos alimento. E para tanto, nos últimos tempos, várias pesquisas têm sido realizadas para selecionar animais com esse perfil produtivo. No Brasil, a dificuldade para se alcançar e selecionar indivíduos desse perfil é ainda mais difícil, pois ainda medimos pouco. Já nos Estados Unidos, há mais de 10 anos vem sendo desenvolvido ferramentas para selecionar animais geneticamente superiores para altos ganhos. Em uma análise realizada pela Associação de Angus Americana o consumo de ração é uma das características que mais impactam a rentabilidade das fazendas de gado de corte. Por essa razão, iniciou-se um

“No Brasil, o desafio é maior na hora de selecionar animais eficientes porque o índice de medição é baixo. Demanda investimento”

processo de pesquisa em torno de buscar animais com genética direcionada para eficiência alimentar. Foram anos acumulando informações de ingestão dos animais, até a formação de um grande banco de dados. Para criação de uma DEP que pudesse auxiliar a seleção desse perfil genético foi utilizado grande número de informações de ingestão, informações fenotípicas de desempenho

(peso à desmama dos bezerros e ganhos pós desmama), dados de acabamento por meio de ultrassonografia de carcaça e, ainda, informações genômicas (Northcutt and Bowman, 2010). Somando todas essas referências, foi gerada a DEP de Ganho de Peso Residual (GPR), a qual é considerada por diversos centros de pesquisa dos Estados Unidos como uma excelente medida de eficiência alimentar. O GPR é o ganho de peso realizado, pelo ganho de peso estimado, sendo considerado um consumo mínimo igual para todos, ou seja, aquele que possui maior desempenho, não necessariamente é aquele que possui o menor consumo. Para tal característica, busca-se valores maiores para seleção de indivíduos superiores. Para facilitar a interpretação da DEP GPR:

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Já no Brasil, a medida referência para eficiência alimentar é o Consumo Alimentar Residual (CAR), o qual expressa o consumo realizado pelo consumo estimado, sendo que os animais mais eficientes são aqueles que consomem menos do que o esperado, porém, não necessariamente são aqueles que ganham mais peso. Para tal característica, busca-se animais com valores mais negativos para seleção de indivíduos superiores. Para facilitar a interpretação da DEP CAR:

A seleção para as mais diferentes formas de eficiência alimentar ainda é algo em desenvolvimento progressivo, sendo os impactos da seleção para tais características pouco conhecidos. Porém, vale ressaltar algumas expectativas:

Assim, a eficiência produtiva de um rebanho passa por um processo de conhecimento do sistema de produção e eleição das características desejáveis para atingir o propósito em questão. Dessa forma, é de suma importância conhecer os conceitos de cada característica para identificar o bônus e os possíveis ônus dessa seleção. As características de eficiência alimentar podem auxiliar no alcance do objetivo de seleção, porém é necessário conhecer o rebanho, saber suas necessidades e traçar um planejamento genético para assegurar o sucesso da atividade pecuária. 24

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Luiza Mangucci, Técnica de Corte Formada em Zootecnia pelo IFTM com especialização A1:E42em Melhoramento Genético de Bovinos de Corte pela Fazu. Mestranda na área de Reprodução Animal pela USP-FMVZ


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MELHORAMENTO GENÉTICO: A DIMENSÃO QUE OS OLHOS NÃO ALCANÇAM por Angela Bittencourt e Guilherme Queiroz da equipe Melhora Mais Consultoria Genética e Roberta Gestal, Técnica de Corte da Alta Na estação de monta, a escolha correta dos touros a serem utilizados é de fundamental importância no processo de melhoramento genético e fortalecimento da base de fêmeas de um rebanho. Ao definirmos as informações a serem priorizadas no momento dessa decisão, acreditamos que as principais características de importância econômica devem ser consideradas e, criteriosamente, analisadas, para que o processo de escolha esteja sustentado por informações consistentes e que proporcionem o 26

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melhor desempenho possível, tanto nos resultados da estação de monta, como a longo prazo nos resultados genéticos do rebanho como um todo. Não basta apenas folhear os catálogos ou caminhar pela Central para olhar e escolher visualmente os pais da próxima safra de seu rebanho, é necessário ir muito além de gostar do biotipo e “achar” que aquele fenótipo será transmitido, é necessário buscar formas de minimizar os erros e aumentar a probabilidade de acertos na escolha. Afortunadamente, já temos

à disposição uma grande ferramenta para nos auxiliar nesse processo: as tão faladas DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie), que são fornecidas pelos programas de melhoramento genético e informam justamente a probabilidade de um reprodutor ou matriz transmitir as características de interesse às suas progênies. Todos os touros que estão em Central já possuem essas informações genéticas disponíveis para consulta, então por que não usá-las em seu benefício? Ao entender as necessidades e pontos a melhorar ou fortalecer


em cada rebanho, é possível buscar as DEPs específicas a serem consideradas, e confirmar se o touro que nos agrada vai ou não contribuir nesse sentido. Como neste artigo o objetivo é otimizar a escolha dos touros para a estação de monta, enumeramos aqui algumas sugestões das características consideradas fundamentais na hora da decisão. Fertilidade Por ser o critério de maior impacto dentro de um rebanho, a seleção básica para esta característica já vem sendo adotada na maioria dos rebanhos que buscam melhorar seus resultados reprodutivos, através da análise dos índices de prenhez ao final da estação de monta, para realizar o descarte das fêmeas vazias e a retenção das prenhes. No entanto, o ideal é que essa decisão de descarte vá muito além disso, pois existem muitas características que não são passíveis de serem enxergadas apenas ao se olhar o animal. Essas características estão correlacionadas com a eficiência reprodutiva e, para dar um passo adiante no processo de seleção, é indicado analisá-las para retirar do rebanho também as que se apresentam inferiores, geneticamente, para esse quesito. O perímetro escrotal, por exemplo, pode ser medido e observado no touro quando o analisamos. Mas temos agora a DEP de IPM, que vê além do tamanho do escroto e identifica o animal que entrou na puberdade mais cedo, fator que pode resultar na DEP de Perímetro Escrotal mais alta. Da mesma forma, temos outras características ligadas

à reprodução e precocidade sexual que devem ser observadas: • IPP (Idade ao primeiro parto) e 3P (probabilidade de parto precoce); • Stayability (eficiência reprodutiva – habilidade de permanecer no rebanho produzindo um bezerro a cada ano);

“Na estação de monta, a escolha correta dos touros a serem utilizados é de fundamental importância no processo de melhoramento genético e fortalecimento da base de fêmeas de um rebanho” • ACAB (acabamento de carcaça) – apesar de ser uma medida relacionada à qualidade de carcaça, é sabido que os bovinos iniciam a deposição de gordura apenas ao atingirem a maturidade sexual, portanto, ao identificarmos os animais que iniciam a terminação mais cedo, estamos, indiretamente, identificando animais mais precoces sexualmente; • PM (Idade à puberdade de machos) – é uma DEP bastante recente que necessita de mais consistência em termos de número de indivíduos avaliados, mas que vale a pena ser observada, pois identifica se os animais realmente já atingiram a

puberdade. Somente pelo visual, um touro não será capaz de nos dizer seu potencial genético quanto a essas informações e, para identificá-las, necessitamos da ferramenta de avaliação genética, que, através da observação do desempenho de suas filhas e filhos, irá nos mostrar a probabilidade do animal possuir ou não a habilidade de transmiti-las à sua progênie. Atualmente, com o auxílio da tecnologia da genômica, tornou-se possível ter essas informações mesmo dos reprodutores jovens que estão em Central, mesmo antes de possuírem filhos avaliados, com um bom grau de confiabilidade. Habilidade Materna Muito se fala atualmente na DEP de habilidade materna, e vale ressaltar que o que buscamos não é o extremo, mas sim que tenhamos matrizes que sejam capazes de criar e desmamar um bezerro de qualidade, produzindo leite o suficiente para atender o potencial genético que tanto trabalhamos para melhorar, sem perder as qualidades de adaptação ao nosso sistema de produção, que caracterizam a eficiência da fêmea Nelore. A medida da habilidade materna de suas filhas e netas nos possibilita que um touro possua DEPs para essa característica, que, obviamente, não é possível de ser observada ao olharmos o indivíduo que estamos considerando. O objetivo principal do melhoramento genético é que cada geração seja melhor que a geração anterior, e que o progresso genético aconteça ano a ano. Da

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mesma forma, no melhoramento, o que deve ser considerado é a média do rebanho para cada característica trabalhada e, em se tratando de habilidade materna, é preciso sempre ponderar de que forma a DEP do touro vai impactar na média da base de matrizes do rebanho. Por exemplo, existem touros que são extremamente bem avaliados para as caraterísticas de ganho de peso e carcaça, porém negativos para leite. Devemos deixar de aproveitar o ganho genético no desempenho de seus descendentes apenas por esse motivo? Realizando o acasalamento dirigido de forma criteriosa, podemos minimizar esse problema, utilizando-o apenas em fêmeas muito bem avaliadas para habilidade materna, e ainda incluir no conjunto de touros outros indivíduos

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que contribuem positivamente também para essa característica – dessa forma, equilibramos a média na safra em questão e mantemos o progresso genético geral do rebanho. Composição do Peso (estrutura, precocidade e musculosidade) Seguindo no tema visual x avaliação genética, temos ainda as DEP’s relacionadas à composição do peso. Novamente, ao apenas olharmos para o animal, enxergamos apenas seu biotipo, que pode ou não nos agradar. Mas quem trabalha no dia a dia a campo e acompanha os resultados dos touros em suas progênies, sabe que existem touros que possuem um biotipo considerado excelente, porém, quando vamos avaliar sua progênie,

essa superioridade não se comprova – e aí já é tarde demais para reverter as perdas econômicas que uma safra inferior pode acarretar nos resultados do rebanho. Frequentemente, se formos analisar a avaliação genética de um touro como esse, as DEP’s de composição de peso estarão indicando baixo desempenho, e o inverso também ocorre, com animais que, muitas vezes, não nos agradam visualmente, porém apresentam boas DEP’s de conformação e isso pode ser observado em seus filhos. Se essas informações genéticas tivessem sido consideradas juntamente com o visual, esse prejuízo poderia ter sido minimizado. Características de Carcaça As características relacionadas à qualidade de carcaça, como a AOL (área de olho de lombo) e ACAB (acabamento de carcaça, através da medida da espessura de gordura na carcaça) são de extrema importância em termos econômicos, pois a indústria frigorífica remunera o pecuarista pelo rendimento de carcaça dos animais destinados ao abate. Não importa se você trabalha apenas com cria ou se faz o ciclo completo, é essencial analisar e considerar também essas duas DEPs na hora de escolher o touro que irá fornecer genética para o seu rebanho na estação de monta. Afinal, mesmo se você trabalhar apenas na cria, produzindo bezerros, atualmente, não basta apenas desmamar bezerros pesados, é preciso pensar que, além de terminar animais mais pesados,


ao ofertar animais com alto rendimento de carcaça, seu cliente vai passar a valorizar ainda mais o seu produto quando receber o relatório de abate do frigorífico. A ideia é potencializar resultados Apresentamos aqui algumas das características que consideramos ser essenciais no momento da definição do conjunto de touros que serão os pais da próxima safra de seu rebanho, porém o objetivo principal foi demonstrar e esclarecer a extrema relevância de aliar as informações genéticas ao visual. Muitas vezes, ao olharmos um touro na Central, ele nos enche os olhos, porém seu desempenho na produção não é condizente ao que ele aparentava, e muitas vezes o oposto ocorre, ou seja, ao olharmos o touro, seu fenótipo não nos agrada, mas quando avaliamos suas progênies, somos surpreendidos pelo alto desempenho. Na pecuária de corte, mais precisamente entre os criadores da raça Nelore, podemos identificar três perfis: • Os extremados, que acham que as DEP’s são suficientes e não há necessidade de se avaliar visualmente os animais, justificando essa teoria com o exemplo de que isso já acontece na raça Angus, mas esquecem que existe uma padronização muito maior devido aos anos a mais de seleção nessa raça quando comparamos com o Nelore; • O segundo perfil é daqueles que não acreditam nas avaliações ou têm muitas dúvidas

“Já temos à disposição uma grande ferramenta para nos auxiliar nesse processo: as tão faladas DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie), que são fornecidas pelos programas de melhoramento genético e informam justamente a probabilidade de um reprodutor ou matriz transmitir as características de interesse às suas progênies” sobre sua confiabilidade, e preconizam a avaliação visual; • E por último, os mais ponderados, os quais acreditamos estarem no caminho correto, e que se utilizam da complementariedade entre olhos e números. Cabe aqui ressaltar que não existem DEP’s para formato e posicionamento de cupim, problemas de aprumo, umbigo, caracterização racial, pigmentação, inclinação de garupa. Portanto, para essas características, não podemos dispensar os olhos de quem acasala e seleciona, assim como, por outro lado, temos as características que fogem do alcance de nos-

sos olhos, como, por exemplo, a circunferência escrotal - muitas vezes o animal apresenta uma boa circunferência, mas não atingiu a puberdade, bem como animais com escroto menor que atingem a puberdade precocemente, fatos que acabaram demonstrando a necessidade do desenvolvimento da DEP IPM. Isso pode ser observado também em fêmeas, que podem ser fenotipicamente semelhantes, porém, ao analisarmos a avaliação genética desses animais, podemos identificar que algumas são mais bem avaliadas para precocidade sexual, e isso nossos olhos não conseguem identificar. Portanto, acreditamos que a forma mais assertiva de se trabalhar é, de posse das informações genéticas dos animais, ir ao campo para definir os acasalamentos, juntando o conhecimento prático visual com as informações genéticas, ferramenta que a ciência nos proporciona para dar mais robustez ao processo de tomada de decisão. Por fim, repetimos aqui a pergunta feita no início deste artigo: se temos essa ferramenta tão poderosa à disposição para nos ajudar na assertividade da escolha dos touros, por que não utilizá-la? Vale deixar claro que a ideia não é deixar o visual de lado e basear-se apenas nos números, mas sim conciliar as duas coisas, valendo-se de todos os recursos para maximizar seus resultados e acelerar o ganho genético de seu rebanho a cada safra, o que, consequentemente, potencializará a lucratividade de seu negócio.

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O PATINHO FEIO PODE SE TORNAR A SUA GALINHA DOS OVOS DE OURO! REM Espião • Símbolo de uma revolução na raça Nelore para fertilidade e precocidade sexual, produziu sêmen aos 9 meses e congelou aos 14 meses – se não tivéssemos a ferramenta genética para essa identificação, esse feito não teria sido identificado; • Sua precocidade sexual se reflete em sua progênie. Hoje é possível enxergar o acabamento e a precocidade em seus filhos e filhas, sendo que essas também vêm se destacando como excelentes mães nos rebanhos em que ele foi utilizado; • Aos 5 anos de idade, já possui 20 filhos em Central e já tem netos desmamados. Espião foi para a Central muito jovem, sem nenhum preparo prévio ou idade suficiente para se destacar visualmente. Sua contratação foi baseada em sua superioridade genética para essas características, superioridade essa que, caso não houvesse a avaliação genética, não teriam sido identificadas e muito menos multiplicadas. Seu sucesso se deu quase que exclusivamente pelo seu destaque em termos genéticos, pois simplesmente pelo visual seria muito provável que sua demanda fosse drasticamente menor.

REM Huracan • Foi “pinçado” de dentro de uma safra de, aproximadamente, 800 machos, por ter sido destaque para as características que fazem parte dos critérios de seleção dos animais do rebanho que irão para Central ou se tornarão reserva – aqui vale ressaltar a importância das tecnologias que têm surgido para medição e identificação de indivíduos superiores, como ultrassom de testículo, ultrassom de carcaça, mais recentemente eficiência alimentar e, claro, a avaliação genômica; • Através da genômica, foi possível identificar sua DEP para peso ao nascimento muito baixa, o que favorece seu uso nas fêmeas superprecoces; • Aliado ao peso ao nascimento baixo, destaca-se nas DEPs de crescimento e carcaça, ou seja, seus filhos nascem mais leves, porém apresentam alto desempenho em ganho de peso e rendimento de carcaça, tudo isso com ótima habilidade materna, stayability e precocidade sexual, o que o torna uma das melhores opções para quem busca um “pacote completo”! Este é mais um touro que, quando o cliente visita a Central e preconiza apenas o visual, pode estar perdendo uma grande oportunidade de agregar essa genética extremamente forte e completa, caso não analise e considere as informações genéticas que estão por trás do fenótipo apresentado pelo indivíduo. Pela consistência e confiabilidade que as avaliações genéticas nos proporcionam atualmente, perder essa oportunidade é deixar de ganhar tanto em termos de progresso genético em seu rebanho, quanto em aumento da lucratividade de seu negócio.

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Conhaque da Grendene • Conhaque pode agradar visualmente e tem uma régua de DEPs bastante equilibrada, porém sua contribuição principal é uma característica que os olhos não conseguem medir: a excepcional avaliação genética para a DEP ACAB (acabamento de carcaça) – rendimento de carcaça no frigorífico é mais lucro em seu bolso! Isso só foi possível de ser identificado através do uso da ferramenta de ultrassom de carcaça, com a coleta dos dados sendo realizada de forma correta e na idade preconizada pelo programa de melhoramento genético, possibilitando a comparação com os outros indivíduos do grupo de contemporâneos de cada safra. É essa comparação que irá nos dar a informação não somente de seu potencial genético, mas, principalmente, de sua superioridade em relação aos seus contemporâneos para essa característica.

Angela Bittencourt, Equipe Melhora Mais Consultoria Genética Zootecnista formada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e integrante da equipe Melhora Mais Consultoria Genética

Guilherme Queiroz Equipe Melhora Mais Consultoria Genética Mestrando em Genética e Melhoramento Animal - UNESP e compõe a equipe Melhora Mais

Roberta Gestal, Técnica de Corte da Alta Zootecnista pelas Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu) e mestre em Genética e Melhoramento Animal pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). É consultora da Melhora Mais Consultoria Genética e técnica de Corte da Alta

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PROGRAMAS E SERVIÇOS

POR QUE ANOTAR OS DADOS DO REBANHO É TÃO IMPORTANTE? por Bárbara Alves, Técnica de Leite da Alta Vivemos num país de território extenso e repleto dos mais variados tipos de sistemas de produção. Atualmente, mesmo com toda a facilidade de se conseguirem informações, ainda é muito comum depararmos com a falta de dados sobre os rebanhos leiteiros. Essa falta de anotações sobre pedigree, controle produtivo e reprodutivo das fêmeas, por exemplo, acontece porque ainda não existe uma cultura de acompanhamento do histórico dos animais. Por isso chamo a atenção quanto à importância de registrar esses dados e é algo que pode ser feito de forma simples, sem a necessidade de equipamentos sofisticados. Caneta e papel resolvem, o importante é anotar!

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Existe um ditado que diz assim: “cada um sabe onde lhe aperta o sapato”. Tenho até uma historinha popularmente conhecida e que pode ser aplicada perfeitamente nesse contexto. É que, a partir do momento em que o produtor se atenta aos fatos, para saber as fortalezas e onde o sapato lhe aperta em seu rebanho, é preciso anotar os dados zootécnicos. É muito importante que se tenha essa consciência, para manter o que é bom e melhorar aquilo que for necessário. As informações importantes de sempre, acompanhadas, são aquelas que mostram o histórico dos animais como, por exemplo, a data do nascimento, o pedigree, para se conhecer melhor a ge-

nética desse animal. Nesse caso, os dados produtivos também são necessários para se ter um melhor parâmetro de avaliação. A medida serve para avaliar se estão sendo oferecidas boas condições para que a vaca seja capaz de expressar todo o seu potencial de produção e os dados reprodutivos ajudam a identificar possíveis problemas. Essa é a melhor forma de iniciar o histórico dos animais das próximas gerações, ou seja, aqueles que virão a partir daquela inseminação ou cobertura. Além da importância de se conhecer o seu rebanho, o histórico das fêmeas também vai possibilitar a utilização de ferramentas que podem auxiliar na formação e/ ou manutenção do seu rebanho,


como o programa Alta GPS. O Alta GPS é uma assessoria genética totalmente personalizada, que ajuda muito. E, para que se consiga explorar de forma satisfatória tudo o que o programa oferece, quanto mais consistente for o banco de dados do rebanho, maior será a maximização de seu desempenho. Utilizada em cerca de 40 países, a sigla GPS, apesar de coincidir com o nome dos aplicativos de direcionamento que temos em nossos smartphones e que são utilizados como ferramenta de ajuda para chegar a algum destino, o GPS da Alta é a abreviação de Genetic Plan and Strategies (Plano Genético e Estratégias). Tudo começa com um atendimento diferenciado, em que o consultor técnico da Alta conhecerá qual é a situação atual de determinada fazenda, bem como os objetivos desejados de cada produtor para conseguir as melhorias dentro de sua propriedade. A partir daí, é realizado um diagnóstico da propriedade que, somado ao primeiro passo, servirá de base para a criação de um Plano Genético personalizado. Ele é estruturado de acordo com as características a serem melhoradas ou mantidas em cada fazenda. Feito isso, tem-se o embasamento para a escolha dos touros a serem utilizados. Seguindo esse ciclo, temos o ranqueamento de fêmeas, que é confeccionado dentro do programa. Nessa fase, é de extrema importância que se tenha os dados de pedigree (pai, avô materno e bisavô materno), lactação (ordem de lactação e data do último parto (somente para vacas) e data de

“São inúmeros os benefícios adquiridos a partir da simples anotação de dados zootécnicos dentro de uma propriedade. As anotações são essenciais para se conhecer melhor o potencial de cada fazenda” nascimento de todas as fêmeas. Isso porque o ranqueamento é estruturado por esses dados, a fim de avaliar quais animais são mais bem avaliados em relação ao Plano Genético de cada propriedade. O sexto passo é o acasalamento propriamente dito, onde temos o direcionamento de quais são as melhores opções de touro para cada vaca, também de acordo com o Plano Genético. Nessa fase, são controlados também problemas como endogamia – onde o programa aceita o máximo de 6,25% –, haplótipos e genes recessivos. Para expor com mais embasamento a importância dessas anotações, podemos pegar, como exemplo, a famosa fórmula do progresso genético, onde, dentre seus componentes, estão a pressão de seleção e a acurácia que é obtida quando temos informações, não só dos touros que serão utilizados, mas também das fêmeas que compõem o rebanho. Já a pressão de seleção, depende do foco!

As duas características são essenciais dentro de qualquer planejamento e manutenção das propriedades. Dessa forma, teremos o reposicionamento, confirmação e resumo do perfil genético que são entregues através dos 6 relatórios que são gerados, de forma totalmente personalizada, de acordo com a realidade e os objetivos de cada fazenda. Seguindo todos esses passos, seremos capazes de proporcionar a maximização do progresso genético e da lucratividade, que são os objetivos principais dessa consultoria genética prestada. Em um período de cerca de 10 anos, será o momento de avaliar o progresso genético observado dentro da propriedade e a eficácia do Plano Genético escolhido. É o momento de rever estratégias, objetivos e, caso seja necessário, é o momento em que deve ser realizada a confecção de um novo Plano Genético em busca de, quem sabe, um possível novo objetivo. São inúmeros os benefícios adquiridos a partir da simples anotação de dados zootécnicos dentro de uma propriedade. Eles são, de fato, essenciais para se conhecer melhor o potencial de cada fazenda, os pontos a serem aperfeiçoados e aqueles que devem ser mantidos.

Bárbara Alves, Técnica de Leite da Alta Zootecnista formada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triangulo Mineiro (IFTM) atualmente atua na pasta de Leite Importado da Alta Brasil

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ARTIGO CRÔNICA

A EVOLUÇÃO DO MELHORAMENTO GENÉTICO NOS ÚLTIMOS 42 ANOS COMO VEJO O ZEBU DE HOJE? por Marcos Labury, Técnico de Leite da Alta A diferença de quando eu me formei, em 1978, até os dias de hoje, na questão melhoramento genético, é muito grande! O grande salto do melhoramento genético, a meu ver, aconteceu a partir de 2008, com a 1ª EXPOGENÉTICA, realizada no Parque da ABCZ, em Uberaba, onde fica a maior Associação de Classe do Ramo, no mundo... Me lembro de quando iniciei a minha vida profissional, com o Dr. Ivo Ferreira Leite, gerente do PMGZ - Programa de Melhoramento Genético de Zebuíno da Associação Brasileira de Gado Zebu (ABCZ), na sua fase inicial. A análise dos trabalhos de coleta de dados para o CDP - Controle do Desenvolvimento Ponderal, estava começando e ele era sempre o primeiro a chegar e o último a sair. Na época, os dados tinham pouca consistência e muitos erros grosseiros que foram corrigidos ao longo dos anos. Lembrar daquela época, e do meu início de carreira, quando a presença dos muitos criadores, de todos os cantos e de todas as raças zebuínas estavam presentes na feira, a que predominava era a raça Gir. 34

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As considerações do Prof. Bergman causaram um grande impacto, ao revelar que, ao longo de 20 anos, analisados por ele e pela ANCP - Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores, ganhamos muito em peso, porém nada ou quase nada em precocidade e carcaça. Inclusive, segundo ele, perdemos, muitas vezes, em algumas características.

“Antigamente, os dados tinham pouca consistência e muitos erros grosseiros que foram corrigidos ao longo dos anos” Nós percebemos que o criador que nos visitou no Parque da ABCZ ou na Central da Alta em Uberaba, bruto na lida de campo da sua propriedade, queria, principalmente, novidades em informações de desempenho de touros e matrizes, em busca do melhor animal para o seu cria-

tório. Eles não estavam interessados em animais com o biotipo de pista, mas já buscavam um animal grosso, costeludo e mais perto do chão. Queriam um gado bem arqueado, profundo e de musculatura convexa. Isso, logicamente, se referia à carcaça, “R$/@” e refletia em ganho financeiro. Naquela época, já estavam ansiosos, (ainda hoje, alguns continuam assim), que até se perderam na mistura que fizeram, na busca por caraterísticas encontradas nos diferentes programas de melhoramento. Principalmente, a meu ver, quando valorizaram muito os altos valores do índice de um determinado programa e na característica leite. E o melhor animal passou a ser exclusivamente o TOP 0,1%... Se esqueceram ou não souberam identificar e qualificar as características que eram as suas reais necessidades. Falo isso com muita tranquilidade, porque, na Alta, muitas vezes, quando chegamos em determinadas propriedades com o intuito de indicarmos os reprodutores mais adequados para o


plantel, eles não dispõem dessas informações. É preciso pensar que, da mesma forma que possuem os registros zootécnicos, como o índice de prenhez na última estação de monta, qual a taxa de desmame, se tem balança, qual o peso médio da bezerrada no desmame, se pesa a vaca, necessitamos de informações também, porque nenhum touro sozinho é suficiente para solucionar todas as necessidades de tantos e diferentes rebanhos brasileiros. Temos pastagens, manejo, níveis de nutrição, mercados e objetivos diversos para serem analisados. Caso contrário, a solução para um poderia, simplesmente, ser a mesma para o outro. E isso não acontece dessa forma! O Zebu, principalmente o nelore, por ser a maior raça em volume no rebanho bovino nacional, vem se modificando muito rápido em busca de melhor desempenho. Assim como o Agronegócio!

Evolução do agronegócio O agronegócio como um todo evoluiu muito nos últimos anos. No caso da pecuária de corte, a evolução tem sido muito grande, embora ainda não possamos generalizar. Isso não acontece em todas as fazendas. Hoje, já sabemos que o mercado busca uma carcaça com animais de 0 a 2 dentes, pesando entre 18 e 22@, com um acabamento de 3 a 6 mm de gordura. Ou seja, animais jovens, precoces e que apresentem uma carcaça de qualidade, boa para atender diferentes nichos de mercado. Os rebanhos comerciais estão com muita gente nova, tanto como herdeiros quanto como administradores. É um novo modelo de gestão, e esse processo, na busca pela pecuária de ciclo curto, é importante para se conseguirem bons resultados na fazenda. Ferramentas como a nutrição, sanidade, mão de obra qualificada, o meio ambiente e a

genética de ponta são acessíveis e juntas permitem auxiliar no desempenho desejado. Ainda sinto um empecilho grande porque, embora tenhamos evoluído bastante, boa parte da nossa bezerrada, perto de 80%, ainda é filha de touros cabeceira de boiada, ou, às vezes, nem isso. São filhos(as) de bois, não são touros. E isso não ajuda no ganho genético do rebanho. Ainda não dispomos, em número suficiente, de reprodutores bem avaliados, para atender às necessidades do mercado de touros. Pecuária do futuro Apesar das considerações feitas acima, fico satisfeito com o que vejo e acredito que vem muita coisa boa por aí... Sei também que os nossos índices zootécnicos não são bons, mas já dispomos de propriedades bastante diferenciadas e com ótimos resultados. Algumas com média de R$1.000,00/ha/ano, PECUÁRIA EM ALTA

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ARTIGO

diferentes de muitas que não conseguem arrecadar R$200,00/ ha/ano. Mas ressalto que tenho visto ótimos trabalhos sendo feitos em rebanhos zebuínos tanto comerciais quanto PO. Por exemplo, na raça Tabapuã, acompanho de perto um trabalho com a criadora Larissa, herdeira-gerente do Tabapuã da Yeda, em Carlos Chagas, MG. Lá, temos expressivos números tanto no rebanho comercial, quanto no PO, com índices impressionantes de desempenho. Na raça nelore, então, a mais numerosa entre todas no rebanho brasileiro, é muito satisfatório ver resultados tão bons de desempenho, acompanhando os resultados de abate. Porque o valor da @ é a razão do nosso negócio. Mesmo porque, se não são, os produtores que precificam essa mercadoria, o que compete a ele fazer, é produzir mais na mesma área, ter um melhor índice de produtividade e que demonstre a ele mesmo de que está fazendo o seu melhor.

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“Novos gestores têm papel importante na conquista de bons resultados e busca pela pecuária de ciclo curto”

Vejo com muita esperança, um futuro especial na Pecuária Tropical para o nosso Zebu. Mesmo tendo ainda muito a fazer em busca de qualidade e padronização de carcaça, em busca de precocidade, de uma pecuária mais verticalizada, produzindo mais dentro da mesma área de produção. Devemos ter em mente que uma matriz PRECISA deixar na fazenda 1 bezerro bom por ano. Caso contrário, ela não paga as contas dela e o dinheiro que acerta essa conta está sendo tirado de outro lugar. As palavras mais ditas que escuto muito nesses últimos 2 anos foram:

Quero comprar, mas a reposição está muito cara... Sim, no passado um boi gordo comprava até 4 bezerros. Diferente de hoje, que um boi gordo está comprando por volta de 1,8 bezerro. Produtos diferenciados têm mesmo valor. Estão mais bem precificados por serem mais bem avaliados pelo mercado, em função da sua melhor resposta de desempenho. E hoje, quem qualifica e precifica tal produto É O MERCADO! Quem entende bem isso sabe por que o melhoramento genético faz jus ao investimento que se faz ao se adquirir um animal ou o sêmen/embrião de um animal melhorador

Marcos Labury, Técnico de Corte da Alta Zootecnista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), pós-graduado em Gado de Corte. Jurado efeitvo do Colégio de Árbitros da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ)


PECUÁRIA EM ALTA

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CRIAÇÃO DE BEZERROS

CUIDADOS PARA UM DESENVOLVIMENTO SAUDÁVEL por Hilton do Carmo Diniz Neto, doutorando em Produção Animal na EV-UFMG; Mayara Campos Lombardi, doutoranda em Ciência Animal na EV-UFMG e Sandra Gesteira Coelho, Professora Titular, EV-UFMG O leite é um alimento de extrema importância na fase inicial da vida dos bezerros. É que, a partir do nascimento deles, todos os quatros compartimentos do estômago: o rúmen, retículo, omaso e abomaso já estão completamente formados. No entanto, apenas o abomaso está totalmente desenvolvido e funcional, o que permite a maximização da digestão dos componentes lácteos. É por isso que os bezerros dependem tanto do leite nos primeiros momentos de vida. Grande parte da dieta líqui-

da contorna o rúmen, retículo e flui diretamente para o omaso e o abomaso como resultado do reflexo de fechamento da goteira esofágica. Assim, nesse período, o abomaso compreende cerca de 49% do peso total dos compartimentos, enquanto o rúmen-retículo, 38% e omaso, 13%. No entanto, é necessário que, durante a fase de aleitamento, os animais desenvolvam condições ideais para se tornarem verdadeiramente ruminantes, aptos a extraírem os nutrientes de que necessitam de dietas compostas exclusivamen-

te por alimentos sólidos. Para isso, no segundo mês de vida, com o aumento da capacidade de consumo de alimentos sólidos, o rúmen começa a se desenvolver e desempenhar papéis digestivos mais importantes. O rúmen-retículo passa a compreender 61,2% do peso total dos compartimentos, enquanto o abomaso, apenas 25,4% e omaso, 13,4%. Essa mudança é fisiológica e crucial, uma vez que a digestão dos ruminantes depende, em grande parte, dos processos fermentativos que ocorrem no rúmen.

BEZERRO COM 30 DIAS DE VIDA

BEZERRO COM 60 DIAS DE VIDA Figura 1: Diferenças no tamanho do rúmen, retículo, omaso e abomaso de bezerros aos 30 e 60 dias de vida. Foto: Mariana Magalhães Campos

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Para que os bezerros se tornem ruminantes, é necessário que haja desenvolvimento do rúmen-retículo. Isso acontece logo nos primeiros dias de vida dos animais e consiste em três pontos fundamentais: desenvolvimento do órgão (tamanho), desenvolvimento do epitélio ruminal e estabelecimento da microbiota ruminal.

Figura 2: Estrutura do rúmen e retículo de bezerros aos 60 dias de vida. Foto: Mariana Magalhães Campos

O rúmen é composto por duas camadas. A primeira é formada por tecido muscular, responsável pela contração, movimentação do alimento e orientação do fluxo da digestão. Para que o desenvolvimento ocorra de forma adequada, é fundamental a presença de alimento, água e microrganismos. A ingestão de forragem e alimentos sólidos de textura grosseira são os principais fatores responsáveis por promover o desenvolvimento muscular do rúmen, além de estimular a ruminação e produção de saliva. A segunda camada é formada por tecido epitelial que atua na absorção, transporte e metabolismo de ácidos graxos voláteis (AGV). A produção de AGV, a partir da fermentação de alimentos sólidos pelos microrganismos, fornece estímulos químicos necessários para a proliferação das células do epitélio ruminal e formação das papilas, que aumentam a capacidade de absorção do rúmen (Figura 3). Figura 3: Estrutura das papilas presentes no rúmen de bezerros aos 60 dias de vida. Foto: Mariana Magalhães Campos

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CRIAÇÃO DE BEZERROS

Dessa forma, as estratégias capazes de promover o desenvolvimento do rúmen são fundamentais no sistema de criação, uma vez que permitem aumentar a capacidade de ingestão e digestão, com o intuito de acelerar o desenvolvimento dos animais. Uma vez que o estabelecimento da microbiota é dependente da exposição dos animais aos microrganismos do meio, características do alimento e variações inerentes aos indivíduos, sua manipulação é complexa. Assim, preciso considerar algumas abordagens relacionadas ao manejo alimentar dos animais, dentre eles, destacam-se: Água O mais importante componente ativo e estrutural do organismo. A água representa cerca de 70-80% do peso vivo dos bezerros, dependendo da idade, por isso, fundamental em todos os processos fisiológicos/metabólicos do organismo animal. Ela é fundamental para o desenvolvimento do rúmen, pois oferece um ambiente ótimo com umidade para a sobrevivência e atuação das bactérias ruminais. Os animais devem ter acesso à água em quantidade suficiente e de alta qualidade desde o primeiro dia de vida. Dieta líquida O consumo de leite/sucedâneo resulta no aumento da concentração plasmática de hormônios e fatores de crescimento, como a insulina e hormônio do crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1), responsáveis 40

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por estimular a proliferação de

“É muito importante oferecer água de qualidade, desde o primeiro dia de vida dos bezerros. Isso garante umidade para a sobrevivência e atuação das bactérias ruminais” células epiteliais do rúmen. Porém, mesmo diante desses benefícios, o sistema de aleitamento adotado pela propriedade pode influenciar no desenvolvimento do rúmen. No sistema de aleitamento convencional, conceito considerado ultrapassado atualmente, os animais recebem volume de leite correspondente a 10% do peso ao nascimento (4 litros) durante toda a fase de aleitamento. Isso, com o objetivo de estimular o consumo de concentrado e permitir o desaleitamento precoce. É importante ressaltar que, nesse sistema, a quantidade de leite fornecida não oferece nutrientes necessários para que os animais realizem todas as funções básicas do organismo. Ou seja, a quantidade de proteínas, vitaminas, minerais e energia não é suficiente para que ocorra a regulação da temperatura corporal, respiração, batimentos cardíacos, digestão, manutenção do sistema imune. Além disso, não apresentarão desenvolvi-

mento corporal e crescimento satisfatórios, resultando em efeitos indesejáveis como: baixo ganho de peso, maior ocorrência de doenças e comprometimento do bem-estar animal. Resultados de pesquisas comprovam que a adequação de quantidade e qualidade da dieta líquida fornecida aumentam a futura produção de leite dos animais. Para contornar esses problemas, foi desenvolvido o sistema de aleitamento intensivo, no qual os animais passaram a receber maiores volumes de dieta líquida (> 8 L/dia), com o objetivo de aumentar o fornecimento de nutrientes de origem láctea e acelerar o crescimento dos animais. No entanto, o fornecimento de grandes volumes de dieta liquida, durante todo o período de aleitamento, compromete o desenvolvimento do rúmen, uma vez que os animais apresentam redução no consumo de alimentos sólidos, devido ao grau de saciedade. Dessa forma, atualmente, o sistema de aleitamento programado ou Step-up/step-down é o mais indicado. Nesse tipo de sistema, o volume de leite/ sucedâneo utilizado varia de acordo com a idade dos bezerros, acompanhando o desenvolvimento fisiológico dos animais. Começa com volume menor na primeira semana de vida (5 litros), seguido por aumento a partir daí (6 a 8 litros), e com redução gradual a partir de 50 dias de idade (3 ou 4 litros) até o desaleitamento. O principal objetivo dessa estratégia é estimular o consumo de concentrado e o desenvolvimento do rúmen.


Dieta sólida O fornecimento de concentrado para os bezerros é um dos principais fatores que vão influenciar o desenvolvimento do rúmen. Quando os carboidratos chegam ao rúmen, são degradados pelos microrganismos ruminais, resultando na produção de AGV, responsáveis por estimular o desenvolvimento do epitélio ruminal, além de formarem substratos para outras espécies de microrganismos. Dentre os AGV, o butirato tem sido relacionado como sendo o principal nessa fase. Ele promove o espessamento da parede ruminal e proliferação das papilas ruminais, responsáveis pela absorção desse e de outros AGV. No mercado, existem vários tipos de concentrados disponíveis, além dos que podem ser produzidos na própria fazenda. Porém, se o objetivo é fornecer melhores

“Oferecer concentrado para os bezerros é um dos principais fatores que vão influenciar no desenvolvimento do rúmen”

condições para o desenvolvimento ruminal, o concentrado ideal deve ser composto por ingredientes de alta palatabilidade, alta digestibilidade e granulometria grosseira, com mais de 50% das partículas maiores que 1,2 mm. Independentemente de qual for o concentrado escolhido, é recomendado que seja fornecido a partir do terceiro dia de vida.

Volumoso O consumo de volumoso de qualidade pelos bezerros estimula o desenvolvimento muscular do rúmen, importante na movimentação, salivação e controle do pH, permitindo um ambiente ótimo para ação das bactérias. É importante lembrar que, mesmo no volumoso de boa qualidade, a baixa digestibilidade da fibra no rúmen aumenta o enchimento ruminal e diminui a capacidade de ingestão voluntária de concentrado pelos bezerros, o que resulta em baixa concentração dos AGV necessários para estimular o desenvolvimento do epitélio ruminal. Para isso, os bezerros devem receber 5% do consumo total da dieta sólida de uma forragem de ótima qualidade somente a partir de 30 dias de vida.

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CRIAÇÃO DE BEZERROS

Probióticos Probióticos são populações vivas de microrganismos selecionados. Normalmente, são utilizados com o objetivo de promover a saúde intestinal, desenvolvimento do rúmen, estimular o consumo de alimentos sólidos e melhorar o desempenho animal. Os probióticos mais utilizados são leveduras (Saccharomyces cerevisiae) e bactérias (Bacillus e Megasphaera elsdenii). A utilização de probióticos para bezerros, em torno da fase de desaleitamento, tem mostrado que melhora o desenvolvimento de comunidades bacterianas desejáveis no rúmen, auxiliando os bezerros na transição da dieta líquida para dieta constituída apenas de alimentos sólidos. Os principais benefícios associados ao uso de probióticos ainda está relacionado à saúde intestinal e prevenção da ocorrência de distúrbios do sistema digestivo. Os efeitos dos probióticos no desenvolvimento do rúmen ainda são escassos e inconclusivos, possivelmente devido às diferentes formulações utiliza-

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das, espécie de microrganismo, concentração/quantidade de microrganismo e estado de saúde dos animais. Óleos essenciais Os óleos essenciais são substâncias derivadas de compostos de plantas, que possuem efeitos antimicrobiano, anti-inflamatório e imunológico. Pesquisas recentes mostram que a suplementação com óleos essenciais pode promover a manipulação da microbiota ruminal, além de acelerar o desenvolvimento do rúmen e das vilosidades intestinais, e diminuir o impacto dos distúrbios gastrointestinais comuns dessa fase. Os óleos essenciais estão entre as alternativas mais promissoras, devido à complexidade dos seus efeitos biológicos. No entanto, a eficácia do uso desse produto está sujeita a uma série de fatores, incluindo a composição dos componentes ativos, dosagem e estado de saúde dos animais. Ácidos graxos voláteis A suplementação de ácidos graxos de cadeia curta, princi-

pais produtos da fermentação ruminal, é responsável por estimular a proliferação do epitélio ruminal e formação das papilas importantes no processo de absorção, transporte e metabolismo de AGV no rúmen. A suplementação de butirato de sódio no concentrado de bezerros tem crescido muito nos últimos tempos. Os benefícios estão relacionados ao aumento do desenvolvimento das papilas ruminais (comprimento e largura) e ganho de peso. A adoção de qualquer estratégia dessas deve ser orientada pelo técnico responsável. O profissional saberá encaixar a melhor forma na rotina da fazenda. É muito importante também que haja um acompanhamento dos animais, para verificar se o resultado é satisfatório ou, se há a necessidade de fazer adequações. É importante lembrar que todas as ações terão resultados satisfatórios se forem somadas a outros cuidados como a colostragem, a cura de umbigo e o fornecimento de ambiente limpo e confortável aos animais.


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CASOS DE SUCESSO

GENÉTICA DE SUCESSO FAZENDA SERTÃOZINHO EVOLUIR E ALCANÇAR RESULTADOS EFICIENTES NA PECUÁRIA DE LEITE VAI ALÉM DE INVESTIR NA MELHOR GENÉTICA. É PRECISO TER FOCO E PARCERIA DE QUALIDADE! como meta fazer esse investimento. Mas isso só foi concretizado anos depois, em 2006.

“Começamos com 30 novilhas mestiças criadas no pasto. Desde o começo, sempre acreditei na melhoria genética e comprei o primeiro tanque para inseminação” Andres Rojas, Fazenda Sertãozinho

A história da Fazenda Sertãozinho, em Virgínia, interior de Minas Gerais, não foi a continuidade de um trabalho familiar, como acontece em muitas pelo Brasil afora e que passam de geração para geração. O ponto de partida começou em 1985, quando Andres se formou em engenharia agronômica e decidiu comprar uma fazenda. Ele conversou com a esposa Tieko Matsuda, que é arquiteta, e juntos colocaram 44

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“O desafio foi grande, já que não venho de uma família tradicional da pecuária nem da agronomia. Meus pais são imigrantes. Eles se casaram na Espanha e vieram para o Brasil em 1961, com o objetivo de fugir da crise após a Segunda Guerra Mundial, em busca de uma vida melhor. Eles optaram por morar em São Caetano do Sul, no ABC Paulista. E há 13 anos, começamos a nossa história na pecuária de leite, quando conseguimos comprar a fazenda que estava completamente abandonada. Começamos com 30 novilhas mestiças criadas no pasto. Desde o começo, sempre

acreditei na melhoria genética e comprei o primeiro tanque para inseminação. Fizemos isso praticamente junto com a compra das novilhas, já que nunca tivemos um touro na fazenda. Tem sido uma grande conquista com o apoio da minha esposa”, conta Andres Rojas – dono da fazenda. Ao longo dos anos, o casal de produtores continuou investindo nos negócios da fazenda. Mas a atividade era muito desafiadora. É que, até o final de 2020, o engenheiro agrônomo manteve outra atividade em São Paulo. Os trabalhos eram administrados a distância. Mas a história que começou como uma meta tornou-se um sonho que vem crescendo a cada ano. Para isso, foi preciso planejar. O casal, com o apoio das duas filhas, comprou mais animais e apostou na genética. As primeiras experiências foram com sêmen de outra central. O criador defende que os touros eram bons e que atendiam ao que ele precisava na época, mas sabia que o sêmen sozinho não fazia milagre. “Minha esposa e minhas filhas são minhas maiores incentivadoras. Foi assim que conseguimos crescer, mas, para isso, foi necessário aprender muito sobre gestão. Investi em bons


colaboradores que fazem toda a diferença. Mesmo assim, percebi que, para continuar crescendo, era preciso de um acompanhamento melhor”, finaliza Andres. Na época, a fazenda Sertãozinho fazia parte de um grupo de compras na região Sul de Minas. E o primeiro contato com um representante da Alta aconteceu em 2016, durante uma reunião para cotação de sêmen. “Eu fiz uma proposta que, inicialmente, não foi positiva. Mesmo assim, aproveitei a oportunidade e agendei uma reunião com o Andres para apresentar melhor os outros serviços e ferramentas que também oferecemos. Expliquei pessoalmente todo o custo-benefício de investir no nosso trabalho e que daríamos um atendimento especializado a ele, que é o grande diferencial da Alta no mercado. O Andres gostou do que apresentamos e firmamos parceria”, conta Rodrigo Ribeiro, regional Itanhandu, da Alta. O atendimento personalizado, sempre focado nas necessidades de cada tipo de sistema de produção, foi o ponto chave que cativou o produtor de leite a mudar de Central fornecedora de sêmen. Em 2017, passou a usar 100% do pacote genético que a Alta oferece, como os touros Concept Plus e o programa Alta Cria. No mesmo ano, participou do primeiro AltaU no Brasil. Foi quando iniciou o trabalho com o Alta Gestão e aderiu ao programa Advantage Genética. Sob orientação, implantou, recentemente, o compost para recria, além de mais um free stall para

“Oferecemos um atendimento personalizado, focado nas necessidades da Fazenda Sertãozinho. Desde 2017, ele é 100% Alta. Os resultados são espetaculares” Rodrigo Ribeiro, Regional Itanhadu

as vacas de leite. Os resultados das mudanças e investimentos já estão aparecendo, tanto na criação de bezerros quanto na evolução da reprodução. “Em 2020, o Andres queria

um trabalho mais focado na reprodução e fizemos um acompanhamento bem de perto, como treinamento da equipe nos manejos de reprodução e execução das inseminações em protocolos de IATF. Os números são espetaculares. Para se ter ideia, no período de verão, entre os meses de outubro de 2019 a março de 2020, a fazenda estava com média de 17% de taxa de prenhez. E agora, fizemos um novo levantamento que apontou que, de outubro de 2020 até março de 2021, fechamos com média de 27,8% de taxa de prenhez. Conseguimos implementar mais de 10 pontos percentuais a mais de taxa de prenhez, e isso reflete diretamente no fluxo de caixa da fazenda. Reflete na saúde das vacas, na quantidade de leite produzido, mais prenhez, mais fêmeas nascendo e mais vacas

Ricardo Bertola, Distrital da Alta; Andrés Rojas, proprietário da Fazenda Sertãozinho e Rodrigo Ribeiro, Regional Itanhandu

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CASOS DE SUCESSO

parindo. Estamos aprendendo muito junto e, claro, muito felizes por fazer parte dessa história”, afirma Rodrigo. Hoje, aos 58 anos, Andres também se diz satisfeito com a parceria firmada em 2017. Ele conta com orgulho que, hoje, existem 120 vacas em lactação e que o projeto é conseguir alcançar 300 vacas em lactação. “Tenho muito orgulho de ver a fazenda no estágio que está hoje, mas sei que ainda há muito o que fazer para colaborar com a pecuária de leite, muito para aprender e pensar no desenvolvimento dos colaboradores. Tenho uma gratidão imensa pela família linda que eu tenho e a todos que me ajudaram e me ajudam nessa conquista dia a dia. Queremos melhorar sempre e, com certeza, a Alta vai estar comigo sempre!”, finaliza Andres. “A forma como o Andres toca o negócio dele impressiona a gente, porque ele vem de outra área, aprendeu muito e trabalha a condução da fazenda de uma forma diferente da maioria dos produtores. Ele tem uma visão de gestão. E quando o produtor tem foco, os resultados aparecem. É o que acontece com o Andres”, completa Rodrigo Ribeiro.

TOUROS DESTAQUES

AltaDANGEROUS

AltaNOTION

Sobre a regional A regional Itanhandu fica na região Sul de Minas Gerais. Desde 2014, a parceria com a Alta oferece serviços focados em melhor rentabilidade. A equipe trabalha com planejamento genético, análise de números reprodutivos de vacas e novilhas, manejo de bezerras focados no padrão do programa Alta Cria. Para que as atividades sejam executadas com eficiência, são oferecidos treinamentos específicos em vários setores da fazenda. Para tirar dúvidas e também conseguir mais detalhes, basta entrar em contato pelo telefone (35) 99700-5445 ou por e-mail itanhandu@altagenetics.com.br

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ENTREVISTA

PIETRO BARUSELLI A EVOLUÇÃO E EFICIÊNCIA DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL E PRODUÇÃO DE EMBRIÕES NO BRASIL Pietro Baruselli é doutor, professor e pesquisador da Faculdade de Veterinária da USP – Universidade de São Paulo. Graduou-se pela UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Na Universidade de Turim, na Itália, especializou-se em Reprodução Animal. Pela USP, Universidade de São Paulo, tornou-se mestre e doutor na mesma área, além de se tornar livre-docente no Departamento de Reprodução Animal (VRA). Fez pós-doutorado pela Universidade de Queensland, na Aus-

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trália. Baruselli tem currículo extenso, foi presidente da Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões e representante brasileiro no Congresso Internacional em Reprodução Animal (ICAR). Publicou mais de 280 artigos completos em periódicos científicos, além de mais de 500 resumos, 100 trabalhos completos para congressos e orientou mais de 50 dissertações de mestrado e teses de doutorado. Pietro Sampaio Baruselli já foi consagrado com inúmeros prêmios, entre eles, os de maior

destaque na área científica pela Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE), em 2002; Prêmio Assis Roberto de Bem, pela ASBIA – Associação Brasileira de Inseminação Artifical, em 2016, e Prêmio Moacyr Rossi Nilsson, em 2018, pelo CRMV-SP. A produtividade vem crescendo dentro das fazendas tanto de corte quando de leite nos últimos anos. Podemos dizer que esse avanço é resultado da confiança dos pecuaristas brasileiros na ciência e nas ferramentas de melhoramento genético? “O cenário do mercado de inseminação artificial mudou bastante no Brasil. Pelos estudos acompanhados tanto pela ASBIA - Associação Brasileira de Inseminação Artificial - quanto pelo Departamento de Reprodução Animal da Universidade de São Paulo, há 20 anos eram comercializadas 5 milhões de doses de sêmen por ano e, atualmente, vamos bater a marca de 20 milhões. Um aumento próximo de 400% em um período de duas décadas. Isso mostra, sim, a confiança crescente nos trabalhos de inseminação. Ou seja, o Brasil inseminava até pouco tempo cerca de 5% das matrizes e vai chegar a, aproximadamente, 20% das matrizes


inseminadas. Isso mostra uma evolução cientifica e tecnológica de uma biotecnologia que é muito aplicada diretamente na fazenda. Só que, juntamente com a inseminação e o conceito de melhoramento genético, veio a IATF, que traz eficiência reprodutiva. Então, hoje, inseminar com as tecnologias de sincronização para IATF, além de difundir genética de alto valor, está aumentando a quantidade de bezerros produzidos por matrizes. Assim, estamos fazendo duas coisas positivas: melhorando o conceito da difusão de genética de qualidade e também melhorando o conceito da eficiência reprodutiva, fazendo com que as vacas produzam mais bezerros por ano e com intervalo de parto adequado, em torno de 12 meses. Isso é proporcionado pelas técnicas de sincronização. Isso é muito positivo, porque aumentamos em 4 vezes a aplicação dessa técnica que é a grande ferramenta utilizada por produtores de todo o mundo para acelerar o ganho genético. Então, os melhores reprodutores, os touros genômicos, aqueles que possuem todas as provas e estão nas centrais estão produzindo sêmen, distribuindo para os produtores. Isso é sinônimo de melhoramento genético e ganho de produtividade.” Quando pensamos em aumentar a produtividade, com mais ganho genético, o Brasil se desponta com o mercado

“A inseminação artificial é a grande ferramenta para melhorar o ganho genético dos rebanhos e a produção de embrião é um grande mercado em que o Brasil se destaca muito em termos de tecnologia” de embriões. Pensando em atender essa demanda, a Alta Brasil investiu muito neste ano de 2021, porém, ainda há dúvidas que geram insegurança em muitos criadores. Qual a vantagem de apostar na transferência de embriões? “É uma excelente notícia saber que a Alta Brasil também está nesse mercado. A transferência de embriões acelera ainda mais o ganho genético. Funciona assim, para a inseminação artificial, nós fazemos os programas, principalmente, pela genética paterna, levando em consideração a genética dos touros melhoradores. Para a transferência de embriões, a gente tem outro componente importante e que acelera ainda mais o ganho genético do que a inseminação artificial, porque introduzimos as melhores fêmeas também no processo de acasalamento. Então nós pegamos

os melhores machos com as melhores fêmeas. Isso faz com que aquele embrião produzido tenha um ganho genético mais acelerado e o resultado é bastante considerável. Isso é muito importante!” Como o senhor avalia a produção e transferência de embriões, no Brasil, em relação a outros países? “A produção de embrião é um grande mercado em que o Brasil se destaca muito em termos de tecnologia. Nós temos dois processos clássicos de produção de embrião. Um é a produção de embrião IN VIVO, quando super estimulamos uma fêmea e inseminamos essa fêmea. Fazemos com que ela tenha várias ovulações e colhemos o embrião já pronto dela para que seja transferido para uma receptora. E temos a produção IN VITRO, que é o processo hoje que tem mais crescido em todo o mundo, devido a sua eficiência, praticidade e custos operacionais favoráveis. Nesse processo, nós aspiramos os oócitos diretamente dos ovários das doadoras, maturamos esses oócitos, fertilizamos e os desenvolvemos em laboratório. Então ele é feito in vitro, ou seja, é feito na placa. Pela evolução tecnológica, esses embriões feitos fora da vaca são de alta qualidade. É um processo que o Brasil domina, já foi líder mundial de produção por muitos anos. Pra se ter ideia, há 15 anos, o país foi o primeiro a produzir mais PECUÁRIA EM ALTA

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ENTREVISTA

quantidade de embriões in vitro do que in vivo. Portanto é um mercado muito promissor para o produtor já que oferece uma aceleração do ganho genético do rebanho. Isso faz com que os animais mais produtivos sejam multiplicados com bastante eficiência.” Para o produtor ter avanço genético mais rápido e eficiente, podemos dizer que o melhor caminho é investir na transferência de embriões? “De uma forma geral, sim! É importante reforçar que todo o projeto precisa ser bem estudado junto com o produtor. Pensando, principalmente, pela tecnologia existente hoje em que a

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grande maioria dos programas tem custo benefício favorável, é a melhor forma de acelerar o ganho genético como um todo. O Resultado do processo vai depender do objetivo da criação, da forma como o programa vai ser utilizado. É importante lembrar que, segundo a SBTE - Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões - o Brasil está produzindo cerca de meio milhão de embriões por ano, entre os embriões oficialmente comunicados, ou não. Somos o país que mais produz e transfere embriões no mundo. Os EUA vêm evoluindo muito nos últimos dois anos na produção de embriões in vitro, mesmo assim o Brasil continua líder nesse mer-

cado e essa liderança se deve ao custo benefício que, aqui, é muito favorável para a aplicação dessa tecnologia. Outra grande revolução que nós temos hoje é a TETF, que é a transferência de embriões em tempo fixo. Então as receptoras são programadas para receberem grandes quantidades de embriões no mesmo dia, com alta eficiência.” Se o pecuarista decidir investir na transferência de embriões que são produzidos com a seleção da genética do melhor reprodutor com a melhor fêmea, ainda assim o plano genético continua sendo importante para que os objetivos sejam conquistados na fazenda?


“Sem sombra de dúvidas. Todas as tecnologias, tanto a de inseminação artificial quanto a de transferência de embriões precisam ser aplicadas em cima de um projeto muito bem definido e elaborado pelo produtor. Ele precisa saber exatamente onde está hoje e aonde ele quer chegar, levando em consideração inúmeros fatores como o ambiente onde se encontra, a oferta de alimentos que tem disponibilidade de oferecer aos animais, o manejo, a organização, a colocação do produto no mercado. Então, tudo isso deve ser muito bem estudado porque existem várias opções para o melhoramento genético. Desde animais extremamente produtivos, mas que podem ter uma adaptação mais dificultosa em algumas situações do Brasil. E temos animais mais adaptados a situações de climas tropicais, que podem ser um pouco menos produtivos, porém, em determinada realidade, pode ser a opção mais eficiente. Então, as diferenças de manejo, de situações em que nos encontramos, fazem com que o produtor faça um projeto, levando em consideração todas essas condições. Dessa forma, a aplicação de sêmen com qualidade genética será direcionada para determinado sistema de produção e a compra de embriões para que nasçam animais que sejam produtivos será de acordo com a realidade em que o produtor se encontra. Então é muito im-

“A demanda tanto por carne quanto por leite continua aquecida para este ano. Segundo os analistas e isso é muito bom, porque, com o mercado aquecido, nós temos possibilidades de preços diferenciados ao produtor.” portante um plano feito especificamente para cada fazenda, para que a tomada de decisão tenha melhores resultados. São inúmeras ferramentas e biotecnologias disponíveis. Isso deixa o cenário futuro positivo? “A demanda tanto por carne quanto por leite continua aquecida para este ano. Segundo os analistas e isso é muito bom, porque, com o mercado aquecido, nós temos possibilidades de preços diferenciados ao produtor. Isso faz com que ele tenha condições de aplicar mais investimento em tecnologia. E a reprodução, via inseminação embrião, é a mais alta tecnologia. É muito importante que o criador tenha conhecimento disso. Hoje, a inseminação artificial é a grande ferramenta que

ele tem para melhorar o ganho genético do seu rebanho. Além da inseminação proporcionar alto valor genético, tem ainda a IATF (inseminação artificial por tempo fixo), que é a técnica da sincronização que melhora a eficiência reprodutiva. Se nós compararmos a monta natural com a IATF, além da IATF fazer com que o criador tenha esse ganho genético, por usar a melhor genética via inseminação artificial, ela proporciona o aumento da quantidade de bezerros produzidos por matriz e a diminuição do intervalo entre partos. Isso é muito positivo porque ganho genético e ganho de eficiência reprodutiva, quando associados e quando comparados com a monta natural, fazem com que se tenha um diferencial de produção e de retorno econômico muito significativo. E foi essa associação de IATF, eficiência reprodutiva, inseminação e ganho genético, que foi a base do sucesso desse aumento extremamente significativo da aplicação dessa tecnologia no Brasil. Então, por todos os estudos já feitos, a fase é positiva sim. A tecnologia já está desenvolvida, o criador já tem acesso a ela, estamos em fase de bons preços tanto de carne quanto de leite, portanto, ambiente propicio para mais aplicação dessa tecnologia. Com isso, a perspectiva de que a aplicação das tecnologias para os próximos anos pelos produtores brasileiros só aumenta.”

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Muitos criadores acreditam que investir na melhor tecnologia e genética é suficiente para avançar. Isso é verdade ou mão de obra qualificada também deve ser levada em consideração? “Esse é o grande gargalo hoje nas fazendas. Para que todo esse cenário positivo se estabeleça, é importante que todas as pessoas envolvidas com a aplicação das tecnologias nas fazendas sejam capacitadas. Quando falamos em inseminação artificial e transferência de embriões, são tecnologias que demandam conhecimentos específicos das pessoas que executam essas ferramentas nas propriedades. E nós temos

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a obrigação de, tanto produtor, quanto as universidades e as empresas do mercado treinarem toda a mão de obra especializada para oferecer. Para dar um exemplo da importância disso, se no Brasil estamos falando em 20 milhões de vacas inseminadas, estimamos que, hoje, nós temos cerca de 5 mil pessoas prestando serviços nas fazendas brasileiras. E se quisermos continuar crescendo, em termos de proporção de fêmeas inseminadas, num rebanho extremamente grande, já que o Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo, vamos precisar de mais 5 mil pessoas qualificadas para atender e oferecer serviços nos

rebanhos e que tenha resultado ao produtor. É preciso ter o envolvimento de toda a cadeia para que os resultados cheguem. O primeiro elo dessa cadeia de produção, se quisermos, por exemplo, uma carne de qualidade, começa no acasalamento desses animais, a quantidade de bezerros produzida por matriz, para otimizar todo o sistema para que ele gere cada vez mais riqueza e desenvolvimento para o nosso país. O Brasil tem uma vocação agropecuária muito importante e precisa que se torne cada vez mais rentável e que gere cada vez mais riqueza para o nosso país, que é a base de sustentação da nossa sociedade.”


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Paulo Martins


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