Poesia nas artes

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Professora Regina Penachione


A PRIMAVERA – VIVALDI (1725) Chegada é a Primavera e festejando A saúdam os pássaros com alegre canto, E as fontes ao expirar dos Zéfiros Com doce murmúrio correm entanto:

Então sobre o florido e ameno prado, Ao caro murmúrio das folhas e plantas Dorme o pastor com fiel cão ao lado.

Da pastoral gaita de foles ao som festejante, Vem [um temporal] cobrindo o ar com negro Dançam ninfas e pastores sob o abrigo amado Da primavera surgindo brilhante. manto E relâmpagos e trovões eleitos a anunciá-la Logo que eles se calam, os passarinhos Tornam de novo ao sonoro encanto.


Numa folha qualquer Eu desenho um sol amarelo E com cinco ou seis retas É fácil fazer um castelo

Vai voando, contornando A imensa curva norte-sul Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul

Corro o lápis em torno da mão E me dou uma luva E se faço chover, com dois riscos Tenho um guarda-chuva

Pinto um barco a vela Branco navegando É tanto céu e mar Num beijo azul

Se um pinguinho de tinta Cai num pedacinho azul do papel Num instante imagino Uma linda gaivota a voar no céu

Entre as nuvens vem surgindo Um lindo avião rosa e grená Tudo em volta colorindo Com suas luzes a piscar


Basta imaginar e ele está partindo Sereno e lindo E se a gente quiser Ele vai pousar

Um menino caminha E caminhando chega no muro E ali logo em frente a esperar Pela gente o futuro está

Numa folha qualquer Eu desenho um navio de partida Com alguns bons amigos Bebendo de bem com a vida

E o futuro é uma astronave Que tentamos pilotar Não tem tempo nem piedade Nem tem hora de chegar

De uma América a outra Consigo passar num segundo Giro um simples compasso E num círculo eu faço o mundo

Sem pedir licença Muda nossa vida E Depois convida A rir ou chorar


Nessa estrada não nos cabe Conhecer ou ver o que virá O fim dela ninguém sabe Bem ao certo onde vai dar Vamos todos Numa linda passarela De uma aquarela que um dia enfim Descolorirá Numa folha qualquer Eu desenho um sol amarelo Que descolorirá

E com cinco ou seis retas É fácil fazer um castelo Que descolorirá Giro um simples compasso E num círculo eu faço o mundo Que descolorirá


Ainda que eu falasse A língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor eu nada seria

Ainda que eu falasse A língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor eu nada seria

É só o amor! É só o amor Que conhece o que é verdade O amor é bom, não quer o mal Não sente inveja ou se envaidece

É um não querer mais que bem querer É solitário andar por entre a gente É um não contentar-se de contente É cuidar que se ganha em se perder

O amor é o fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente É um contentamento descontente É dor que desatina sem doer

É um estar-se preso por vontade É servir a quem vence, o vencedor É um ter com quem nos mata a lealdade Tão contrário a si é o mesmo amor


Estou acordado e todos dormem Todos dormem, todos dormem Agora vejo em parte Mas então veremos face a face É só o amor! É só o amor Que conhece o que é verdade Ainda que eu falasse A língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor eu nada seria


Der Kuss (O beijo) do pintor simbolista austríaco Gustav Klimt (1907 e 1908). Representa o “Período de Ouro” do artista (em que utiliza folhas de ouro e retrata mulheres adornadas por pequenos objetos e formas geométricas).


É possível perceber a poesia na imagem de Jesus morto nos braços da Virgem Maria. A Pietà (1499) é uma das mais famosas esculturas de Michelangelo, representante do Renascimento italiano.


No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tĂŁo fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra.


Sonhe com aquilo que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passaram por suas vidas.


Eu faço versos como quem chora De desalento... de desencanto... Fecha o meu livro, se por agora Não tens motivo nenhum de pranto. Meu verso é sangue. Volúpia ardente... Tristeza esparsa... remorso vão... Dói-me nas veias. Amargo e quente, Cai, gota a gota, do coração. E nestes versos de angústia rouca Assim dos lábios a vida corre, Deixando um acre sabor na boca. – Eu faço versos como quem morre.


De tudo, ao meu amor serei atento antes E com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa lhe dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure


Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam voo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti…


Poesia é brincar com palavras como se brinca com bola, papagaio, pião. Só que bola, papagaio, pião de tanto brincar se gastam.

As palavras não: quanto mais se brinca com elas mais novas ficam. Como a água do rio que é água sempre nova. Como cada dia que é sempre um novo dia. Vamos brincar de poesia?


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