Poetizando se

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POETIZANDO-SE

POEMA E POESIA PROFESSORA REGINA PENACHIONE


O QUE É POESIA? • “Não é com ideias que se fazem versos, é com palavras. (Mallarmé, poeta francês) • “...a poesia está nas palavras, se faz com palavras e não com ideias e sentimentos, muito embora, bem entendido, seja pela força do sentimento ou pela tensão do espírito que acodem ao poeta as combinações de palavras onde há carga de poesia.” (Manuel Bandeira)

• Que é Poesia? uma ilha cercada de palavras por todos os lados. Que é o Poeta? um homem que trabalha o poema com o suor de seu rosto um homem que tem fome como qualquer outro homem. (Cassiano Ricardo)


O QUE É POESIA? • “Poesia é palavra. É linguagem. Todo o gênio do poeta reside na invenção verbal. O poeta é poeta não pelo que pensou ou sentiu, mas pelo que disse. Ele não é criador de ideias, mas de palavras. Todo seu gênio reside na invenção verbal.” (Jean Cohen – professor e crítico literário francês)

• Poesia é a “Arte de criar imagens, de sugerir emoções por meio de uma linguagem em que se combinam sons, ritmos e significados.” (Dicionário Aurélio)


POESIA • Do grego poiesis, poesia, no sentido etimológico, significa “produção artística” ou ainda “criar” e “fazer”. • A poesia está associada a uma atitude criativa por meio de recursos para expressar a linguagem, de forma especial e diferente do normal, e provocar diversos efeitos de sentido naqueles que recebem a mensagem. • A essência da poesia não está no próprio assunto, na expressão do sentimento, da comoção, do encantamento. Poesia é palavra. • Poesia é a arte de dizer. Da palavra. Nova.


POESIA • Escrever poesia não é tarefa fácil... não é algo que se produz num momento de inspiração. Implica trabalho. Esforço. Suor. Busca de originalidade. Da metáfora iluminadora. • A essência da poesia é a palavra: - o trabalho com a palavra; - o dizer o comum de forma incomum; - o dizer poeticamente, de forma original; - inventar metáforas novas, comparações inusitadas • Poesia

é

impactar,

oferecendo

a

palavra

como

espetáculo.


POEMA • Poema é a manifestação concreta da poesia. É onde podemos ler, estudar e interpretar a poesia. • Poema é o que lemos no papel em forma de versos. • O poema é um gênero textual composto por versos e estrofes. • Poema está em oposição aos textos compostos em prosa que são escritos em parágrafos, ou seja, em linhas longas.


VERSO • Verso é como chamamos cada uma das linhas que compõe um poema, independentemente de estarem agrupadas ou não. • Nos textos em verso, as palavras são dispostas graficamente em linhas descontínuas chamadas versos. • Também chamamos de verso a forma de escrita que não é a prosa. Os textos em prosa apresentam uma característica marcante: as linhas são contínuas e se agrupam em parágrafos.


ESTROFE • Uma estrofe é como chamamos cada uma das seções que constituem um poema. • O poema é formado por alguns versos, e as estrofes são separadas em um poema por uma linha em branco. O conjunto de versos é denominado estrofe. • A estrofe equivale ao parágrafo da prosa, mas enquanto este não tem um limite ou extensão certos, a estrofe é uma convenção: há estrofes de apenas um verso, de dois, três ou dez versos.


RIMA • A rima é um recurso estilístico muito utilizado nos textos poéticos, sobretudo na poesia, a qual proporciona sonoridade, ritmo e musicalidade. • Ocorre nos versos, ou seja, nas linhas dos poemas, e designa a repetição de sons idênticos ou semelhantes no final dos vocábulos ou das sílabas poéticas. • Rima é a coincidência de sons no fim de palavras ou versos.


RIMA • As rimas não estão presentes apenas nos poemas tradicionais. Aparecem com a mesma força também: • nos provérbios: Água mole em pedra dura tanto bate até que fura. • na linguagem do dia a dia: Sol e chuva, casamento da viúva; chuva e sol, casamento do espanhol. • na linguagem publicitária: Amor com Primor se paga.


RIMA • nos jogos e nas brincadeiras: Hoje é domingo, Teu pai é gringo, Mas vive na esquina fumando cachimbo. Teu pai é valente e bate no touro. O touro, mais valente, corre atrás da gente. Como a gente é fraco, cai no buraco. O buraco é fundo, Acabou-se tudo.

• nas trovas ou quadras populares: Tudo acaba...Tudo passa... Tudo quebra...Tudo cansa... Mas mesmo em uma desgraça Há sempre um fio de esperança. (Inocêncio T. Souto)


DENOTAÇÃO • Quando a linguagem está no sentido denotativo, significa que está sendo utilizada em seu sentido literal, ou seja, o sentido que carrega o significado básico das palavras, expressões e enunciados de uma língua. • Em outras palavras, o sentido denotativo é o sentido real, dicionarizado das palavras. • De maneira geral, o sentido denotativo é utilizado na produção de textos que tenham função referencial, cujo objetivo é transmitir informações, argumentar, orientar a respeito de diversos assuntos, como é o caso da reportagem, editorial, artigo de opinião, resenha, artigo científico, memorando, receita, manual de instrução, bula de remédios entre outros.


DENOTAÇÃO • Exemplos: • O hibisco é uma planta que pode ser utilizada tanto para ornamentação de jardins quanto para a fabricação de chás terapêuticos a partir das suas flores. • Amor: forte afeição por outra pessoa, nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais.


CONOTAÇÃO • Quando a linguagem está no sentido conotativo, significa que ela está sendo utilizada em seu sentido figurado, ou seja, aquele cujas palavras, expressões ou enunciados ganham um novo significado em situações e contextos particulares de uso. • O sentido conotativo modifica o sentido denotativo (literal) das palavras e expressões, ressignificando-as. • De maneira geral, é possível encontrarmos o uso da linguagem conotativa nos diálogos informais do cotidiano, mas nos textos mais elaborados, como os literários e publicitários, a linguagem conotativa aparece com maior expressividade.


LUÍS VAZ DE CAMÕES – SÉC. XVI

Amor é fogo que arde sem se ver

É um cuidar que se ganha em se perder.

Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói, e não se sente; É um contentamento descontente;

É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata, lealdade.

É dor que desatina sem doer.

Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

É um não querer mais que bem querer; É um andar solitário entre a gente; É nunca contentar-se de contente;


A ESTRELA – MANUEL BANDEIRA

Vi uma estrela tão alta, Vi uma estrela tão fria! Vi uma estrela luzindo Na minha vida vazia.

Por que da sua distância Para a minha companhia Não baixava aquela estrela? Por que tão alta luzia?

Era uma estrela tão alta! Era uma estrela tão fria! Era uma estrela sozinha Luzindo no fim do dia.

E ouvi-a na sombra funda Responder que assim fazia Para dar uma esperança Mais triste ao fim do meu dia.


LINGUAGEM FIGURADA • A linguagem poética é chamada de figurada porque faz uso de figuras de linguagem. Tais figuras são recursos que os poetas usam para criar efeitos de expressividade, ou seja, para emocionar o leitor. Dentre elas, podem-se citar: • METÁFORA • Metáfora deriva do grego e significa transporte para outro lugar, transferência. A metáfora é um tipo de comparação implícita, sem termo comparativo, estabelecendo uma relação de semelhança, usando termos com significados diferentes do habitual.


DESENCANTO – MANUEL BANDEIRA

Eu faço versos como quem chora De desalento... de desencanto... Fecha o meu livro, se por agora Não tens motivo nenhum de pranto. Meu verso é sangue. Volúpia ardente... Tristeza esparsa... remorso vão... Dói-me nas veias. Amargo e quente, Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca, Assim dos lábios a vida corre, Deixando um acre sabor na boca. - Eu faço versos como quem morre.


ANTÍTESE • A palavra vem do grego antíthesis. Anti quer dizer "contra" e thésis relaciona-se à afirmação. • É uma figura de pensamento (categoria das figuras de linguagem) que consiste em opor a uma ideia outra de sentido contrário. • O contraste pode tanto se estabelecer entre palavras, frases como entre orações


À INSTABILIDADE DAS COISAS NO MUNDO – GREGÓRIO DE MATOS Nasce o sol, e não dura mais que um dia

Mas no sol e na luz falte a firmeza

Depois da luz se segue a noite escura

Na formosura não se dê constância

Em tristes sonhos morre a formosura,

E na alegria sinta-se tristeza.

Em contínuas tristezas a alegria. Começa o mundo enfim pela ignorância Porém se acaba o sol, por que nascia?

E tem qualquer dos bens por natureza

Se é tão formosa a luz, por que não dura?

E firmeza somente na inconstância.

Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia?


METONÍMIA • A metonímia é caracterizada pelo uso de uma palavra no lugar de outra. Deriva do grego e significa mudança de nome. • Consiste no emprego de uma palavra fora do seu contexto semântico normal, dada a sua contiguidade (e não a similaridade) material ou conceitual com outra palavra. • Trata-se de uma substituição lógica de um termo por outro, mantendo-se uma proximidade entre o sentido de um termo e o sentido do termo que o substitui.


A LAÇADA – OSWALD DE ANDRADE O Bento caiu como um touro No terreiro E o médico veio de Chevrolet Trazendo o prognóstico E toda a minha infância nos olhos.


EUFEMISMO • É uma figura de linguagem, que deriva do grego, e tem o objetivo de suavizar uma palavra ou expressão que possa ser rude ou desagradável. • O eufemismo consiste na troca de termos ou expressões que possam ofender alguém por outras mais suaves, seja por serem indelicadas ou grosseiras. • Normalmente o eufemismo é usado em frases que se referem à morte de alguém, com a intenção de não tornar o discurso sobre uma situação naturalmente dramática ainda mais desagradável.


ANJINHO – ÁLVARES DE AZEVEDO Não chorem... que não morreu! Era um anjinho do céu Que um outro anjinho chamou! Era uma luz peregrina, Era uma estrela divina Que ao firmamento voou!


PROSOPOPEIA/PERSONIFICAÇÃO • Personificação ou Prosopopeia derivam do grego e representam figuras de linguagem capazes de atribuir a seres irracionais ou a objetos inanimados, ações, qualidades e sentimentos que são próprios dos seres humanos. • Isso envolve conceder um afeto, por exemplo, a algo que jamais poderá expressar um sentimento, porém esse ser terá condições de indicar emotividade a um humano.


AS BORBOLETAS – VINICIUS DE MORAES

Brancas Azuis Amarelas E pretas Brincam Na luz As belas Borboletas. Borboletas brancas São alegres e francas.

Borboletas azuis Gostam muito de luz. As amarelinhas São tão bonitinhas! E as pretas, então... Oh, que escuridão!


REFERÊNCIAS • CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Texto e interação: uma proposta de produção textual a partir de gêneros e projetos. São Paulo: Atual, 2000. • Disponível em: http://pucrs.br/gpt/poesia.php. Acesso em: 05 fev. 2018. • Disponível em: http://www.lalec.fe.usp.br/revistamelp/component/k2/item/34-oficina-de-poesia. Acesso em: 05 fev. 2018.


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