A paixão pela música dá o tom da nossa Festa
Porto Alegre e Bento Gonçalves pararam para curtir os shows da Festa Nacional da Música 2018, o maior encontro da música brasileira. Centenas de artistas subiram ao palco e foram aplaudidos de perto por milhares de pessoas que lotaram casas de espetáculos, ruas, praças e demais espaços públicos. Foram dez dias de muita cultura e animação, levando a música a todos os cantos. A proximidade dos artistas com o público emocionou. Nosso muito obrigado pela acolhida e aos patrocinadores, que associaram suas marcas a maior paixão do povo brasileiro: a sua música!
Música é mais que emoção, diversão e arte. Música é também investimento e trabalho duro. Música é técnica e encantamento. Inspiração e transpiração. Razão e emoção em perfeita sintonia. O Ecad existe para impulsionar a música como arte e como negócio. Somos o elo que conecta compositores, intépretes, músicos, editores e gravadoras aos canais e espaços onde a música toca e emociona as pessoas.
São mais de 40 anos arrecadando e distribuindo direitos autorais de execução pública, potencializando toda a cadeia produtiva para que os artistas possam se dedicar cada vez mais ao que tanto nos emociona: a música. O Ecad existe para manter a música viva.
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FERNANDO VIEIRA | Idealizador da Festa Nacional da Música
GRANDES MOMENTOS
A
revista da Festa Nacional da Música é tão es- perada quanto a própria festa. É a ocasião para relembrar todos os grandes momentos do evento, que nesta edição se multiplicou entre a capital e a Serra Gaúcha. Reunindo centenas de artistas, shows gratuitos contaram com milhares de pessoas na plateia. O clima acolhedor de Bento Gonçalves aqueceu músicos de todos os gêneros do país. Alguns enfrentaram a chuva fina e o frio para se apresentar na Rua Coberta. A recompensa foi ver todos os espaços ocupados durante o show. Com seus celulares, o público foi atração à parte em espetáculo de som e luzes. O Festival Promessas também mobilizou milhares de pessoas. Todas queriam ver de perto os maiores ídolos do gênero gospel no Brasil que se apresentaram a convite da Festa. E ainda lotamos o Trem da Música, que levou artistas para conhecer a região em roteiro que tira o fôlego de qualquer visitante. A Casa das Artes teve plateia com ocupação máxima nos dias de apresentações. Em alguns, mais de
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uma vez ao dia, tamanho era o número de pessoas que queria ver de perto ídolos de diferentes épocas. A festa tomou as ruas de Bento e o Hotel Dall’Onder, que recepcionou centenas de artistas com a receptividade típica do pessoal da serra. Os dias de shows e debates começaram em Porto Alegre, quando levamos a música a entidades assistenciais que se dedicam a crianças, adolescentes e idosos, promovendo encontros que emocionaram. A Redenção, quintal da casa de todo porto-alegrense, mais uma vez foi palco para grandes espetáculos e gravação de programa de TV. O clima de festa reservou também espaço para importantes debates, que contaram com a presença do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, no Congresso de Abertura da Festa Nacional da Música. Autoridades locais, regionais e entidades representativas também participaram dos encontros, mostrando a importância da união para a cultura brasileira. Que todos tenham uma boa leitura! Nos encontramos em 2019!
GUILHERME PASIN | Prefeito de Bento Gonçalves
Festa Nacional da Música: cultura que transforma
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cultura é um dos principais motores do desenvolvimento e da transformação do cotidiano. Na vida de um município, isso é ainda mais forte. As artes têm um enorme potencial na geração de renda com economia criativa, no fomento do turismo, beneficiando diversas áreas de forma simultânea, como a indústria e o comércio. Essas atividades também são fundamentais para a cidadania: emancipam as pessoas, promovem talentos, fazem bem à saúde e colaboram para a assistência social e educação. Por tudo isso, foi com grande orgulho que Bento Gonçalves recebeu a 14ª edição da Festa Nacional da Música. Durante quatro dias, nossa cidade foi a capital da música no país, enchendo nossas ruas e espaços culturais com ritmo, alegria, vibração e boas energias. Todos os ritmos estiveram representados no evento, reunindo artistas consagrados que agradaram a todos os gostos. Tivemos ainda a honra de receber o Festival Promessas, um dos maiores espetáculos de música gospel do país, trazendo fé e emoção para nossa cidade. Diversos artistas fizeram parte da programação, que no seu último dia de shows reuniu cerca de 20 mil pessoas na Rua Coberta. Bento Gonçalves foi totalmente envolvida pelo evento, que celebrou com sucesso toda a diversidade e riqueza de ritmos e sons da música brasileira. A festa ainda evidenciou como a cultura promove desenvolvimento econômico e social. Nossa cidade destacou-se nacionalmente, dando boas-vindas a pessoas de todo o país que vieram conferir as atrações. Para aumentar o envolvimento da comunidade, incluímos a rede municipal de ensino nas atividades. Nossos estudantes puderam aprender mais sobre essa arte e, também, participaram de encontros com grandes nomes da música, que compartilharam suas histórias e experiências. Os grupos da melhor idade puderam aplaudir e vibrar com seus ídolos da Jovem Guarda. No evento, foram arrecadadas mais de 3,5 toneladas de alimentos, que demonstraram que a música e a solidariedade podem ser uma das melhores composições. A Festa Nacional da Música já está na história de Bento Gonçalves. Esperamos seguir com essa exitosa parceria, consolidando nossa cidade como a capital brasileira da música. E, com isso, promover a cultura com o que ela tem de melhor: uma força que gera crescimento e transforma realidades. Sim, a Capital brasileira do vinho também virou a Capital da Música. E a ela, um brinde! www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Divulgação
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MARCO AURÉLIO ALVES |
Presidente do Conselho Estadual de Cultura
A pluralidade DA MÚSICA
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ma marcante característica do fenômeno musical é sua diversidade e pluralidade, termos muito em voga nestes tempos de pouca prática e respeito pelo diverso que, muitas vezes, permanece restrito aos aborrecidos e cansados discursos que pregam a pluralidade - desde que a linha ideológica esteja identificada com os ditadores do saber. Uma contradição, no mínimo, tediosa. A FESTA NACIONAL DA MÚSICA é a comprovação de que teoria e prática podem andar juntos nas discussões, debates, shows, homenagens e até mesmo no público considerando que aqui tudo é diverso e plural. Um evento que reúne sob o mesmo teto, em um palco singular todos os segmentos da música gaúcha e brasileira é grandioso em sua essência. O mérito dessa Festa está comprovado pelo envolvimento de artistas, produtores, gravadoras, comunicadores, gestores e público. Sim, o público assiste e debate gerando um movimento de participação social incomum em eventos do gênero. Nesta edição da Festa da Música tivemos a oportunidade de ouvir Prefeitos, Secretário de Estado da Cultura, Conselho Estadual de Cultura, Ministro da Cultura e uma significativa representação de arrecadadores de direitos autorais, jornalistas, músicos produtores e público que apresentam um novo olhar para a música brasileira deste momento que merece ouvidos afeitos a escutar sem preconceito. É essencial o entendimento do poder público para a importância de eventos como este que superam, em muito, o caráter de fruição ou mercadológico estabelecendo uma conexão com aquilo que preconizam os planos nacional e estadual de cultura no que se refere a promoção e democratização do acesso a cultura, a formação, a organização profissional e a defesa das manifestações populares. O Brasil, em todos os seus recantos, felizmente, está povoado por bandas, fanfarras, corais, blocos e escolas de samba, grupos folclóricos, orquestras, cantores e músicos e todos os matizes e a FESTA DA MÚSICA os reúne sob a batuta impecável de Fernando Vieira que valoriza e homenageia quem foi, é ou será relevante no cenário musical brasileiro e assim está assegurado o direito de cantar, tocar e ouvir porque ninguém silencia a sonoridade que nasce no coração. Vida longa à Festa da Música!
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12 Editorial 13 Opinião 18 Palco Cidade da Música – Galpão Crioulo 28 Descida da Borges 36 Palco Cidade da Música — Atlântida 40 Turismo em Bento Gonçalves 44 Festival Promessas 50 Noite de Shows e Homenagens 120 Ecad e a música na era digital 124 Ninho da Criação 130 Congresso Nacional da Música 134 Instituto Tarcísio Michelon 137 UBC
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140 Show de Música Gaúcha 146 Espaço Abramus 154 Artistas e estudantes
A Revista da Festa Nacional da Música é uma publicação especial da VF Editora Ltda.
158 The Fevers e Convidados 162 Segunda Noite de Shows 168 Sbacem 173 Barão Vive 174 Trem da Música 188 Show Nacional 194 Mostra de Instrumentos 204 Jam Sessions 206 A Festa nas Redes 220 VIPs
Coordenação Executiva
Manoela Vargas Vieira e Fernando Vargas Vieira Coordenação Comercial
Manoela Vargas Vieira Edição
Fabíola Brites (reg. prof. 7513) Textos
Gustavo Victorino, Igor Costa, Marcos Cunha, Matheus Beck e Matheus Schenk Fotos
Graça Paes, Renan Viegas, Rosa Marcondes, Thalles Kunzler, Vítor Corso, assessorias de imprensa e arquivo pessoal dos artistas Diagramação A Festa nas Redes
Igor Costa Projeto Gráfico, diagramação e arte final
Graziela Sauer Branco (MídiaGSB) Impressão
Gráfica Odisseia www.graficaodisseia.com.br VF EDITORA LTDA Avenida Dom Pedro II, 1610, conj. 405 Porto Alegre (RS) vfeditora@vfeditora.com.br www.festanacionaldamusica.com.br #FNM2018
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Festa além dos
LIMITES DO GALPÃO O mate amargo sob o sol de domingo, no Parque da Redenção, é o evento tradicional de todo porto-alegrense. Com a Cidade da Música, etapa da Festa Nacional da Música na Capital, o chimarrão foi acompanhado de boa música na gravação do “Galpão Crioulo”
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m dos homenageados na Festa, em 2018, o “Galpão Crioulo” realizou uma gravação especial no palco da Cidade da Música, no dia 14 de outubro. Shana Müller e Neto Fagundes comandaram a celebração para milhares
de gaúchos presentes no Parque da Redenção. O resultado foi um programa recheado de encontros emocionantes, como propõe a Festa Nacional da Música. Antes mesmo das 15h, horário marcado para iniciar a festa, famílias se aproxi-
mavam do palco para conferir a passagem de som do grupo Tchê Guri. A banda foi a escolhida para acompanhar os artistas que entrariam em cena na sequência. A tarde ensolarada e o carisma de Lê Vargas conquistaram o público desde o princípio.
Os milhares de braços abertos devolvem o carinho aos quase 40 anos de carreira de Berenice Azambuja www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018
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“Daqui a pouco vai entrar aqui um cara mais alto do que eu e vocês poderão dizer quem é mais bonito”, brincou sobre o amigo Neto. Sentada sobre a grama do parque, a autônoma Marta Castro resumiu bem o que esperava do que estava por vir: “Sol e música boa. Muito bom!”.
FENÔMENO MUSICAL
O show começou com a apresentação da dupla Shana e Neto e continuou com Tchê Guri apresentando músicas que transformaram o grupo no fenômeno da tchê music. Na sequência, a caxien-
se Tatiéli Bueno mostrou toda sua sensibilidade — não por acaso, o nome do seu disco — com interpretações emocionadas de “Xote da Amizade” e “Merceditas”. “É importante a presença feminina na música e em qualquer forma de arte, porque é uma forma de mobilizar outras mulheres e quebrar as barreiras”, avaliou Tatiéli.
MISTURA DE RITMOS
Depois dela, quem rasgou a gaita foi Heber Artigas Armua Frós, o Gaúcho da Fronteira. Com 50 anos de carreira, mostrou canções pró-
Homenageado, “Galpão Crioulo” foi gravado no Palco Cidade da Música
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Lincon Ramos é o herdeiro de ótimos gaiteiros
Tatiéli Bueno é um dos grandes talentos da nova geração de músicos
Shana Müller e Wilson Paim encantaram a plateia
Está comprovado: o carisma de Thomas Machado, com o irmão Eduardo, ao fundo, é do tamanho do Rio Grande
Público aproveitou o dia de sol para curtir o Palco Cidade da Música
prias e de artistas brasileiros como Sérgio Reis. O acordeonista, que ganhou o país mostrando a mistura entre ritmos típicos do Sul com a cultura de outras regiões brasileiras, tocou alguns de seus clássicos como “Forrónerão” e “Vanerão Sambado”. Ele ainda aproveitou para compartilhar com a plateia sua estreita relação com o Galpão e a família Fagundes. Seu nome artístico foi dado por Darcy Fagundes, e ele foi um dos convidados de Nico Fagundes na primeira gravação do programa, na RBS TV, em 1982. Ao lado de Neto, sobrinho deles, Gaúcho da Fronteira prestou sua homenagem ao Galpão e à Festa Nacional da Música: “Em todos os palcos que a gente pisa, é um
compromisso trazer essa felicidade. As pessoas ficam três, quatro, cinco meses falando sobre esse acontecimento”.
NOVA GERAÇÃO
A velha guarda da música gaúcha passou o bastão à nova geração. Entre os artistas que herdaram o domínio da gaita de Gaúcho da Fronteira, está Lincon Ramos. Ele os músicos que o acompanham cruzavam os bastidores do programa como artistas experientes. Ao subir ao palco e mostrar o conteúdo de seu último disco, “Com Permisso, Este É Meu Canto”, eles provaram do sucesso recente que já conquistaram. Com ascensão meteórica, Thomas Machado mostrou seu talento na Cidade da Música. O cantor se tornou um
A Redenção, em Porto Alegre, foi palco para a tradição gaúcha www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Vítor Corso/FNM
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Tchê Guri foi a banda escolhida para acompanhar os artistas e mostrar sucessos da tchê music
“CANTAMOS A NOSSA ALDEIA”
dos rostos mais conhecidos do Brasil ao vencer o “The Voice Kids”, da TV Globo, dois anos atrás. Hoje com 11 anos, ele e seu irmão mais velho, Eduardo, recebem tanto carinho que ainda não se acostumaram: “Foram milhões de pessoas votando, apoiando. Acho que a metade ainda nem conheço”.
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As duas últimas atrações são de gerações diferentes, mas que veem reverberar hoje o trabalho que fazem. Wilson Paim, um dos principais cantores nativistas desde os anos 1980, é também tio de Léo Pain, o cantor que venceu a edição do “The Voice 2018”. Com seu filho Wilsinho, ele interpretou alguns sucessos seus. Entre eles, “Vitória Régia”, canção que lançou Shana Müller e a qual fizeram questão de oferecer ao público como dueto. “Sempre cantamos a nossa aldeia”, explica. “O diferencial da música gaúcha é que estamos voltados para o Pampa. Nos retratamos muito ao trabalho dos argentinos e uruguaios. Não queremos ser grandes sucessos, porque o grande sucesso morre ali no dobrar da esquina. Ele vira moda, e a moda acaba. Permanecemos aqui sempre nos renovando e é aí que ele se fortalece”, define.
ÍDOLO NO PALCO
Por fim, Berenice Azambuja soltou o grito de Sapucaia para anunciar “O Que o velho Gosta”. Com quase 40 anos de carreira, ela era uma das artistas mais aclamadas pelos fãs e pelos demais cantores, que enxergam na gaiteira um ídolo. Ela não retribuiu apenas com pose para fotos, mas com conselhos e desejos de sucesso: “Tempos atrás, quem saía vestido com bombacha ou vestido de prenda era para ir a uma festa ou na Semana Farroupilha. Hoje, os jovens aderiram ao traje gaúcho no dia a dia, para ir às praças. Fico muito feliz em ver essa divulgação da nossa cultura pelos novos talentos. Talentos talentosos, como digo, pois é uma alegria saber que a cultura gaúcha não está morrendo. Está sempre se renovando.” Para encerrar, já com o sol se pondo, Shana
Shana Müller e Neto Fagundes apresentaram o programa, o show, e ainda cantaram
e Neto subiram juntos ao palco para agradecer a presença de todos e ainda cantar clássicos, como o “Canto Alegretense”. “A marca maior disso tudo é o Parque da Redenção inteiro deixando seu aplauso”, completou Neto, referindo-se àqueles gaúchos e gaúchas, de todas as querências, em comunhão com a música, a festa e a alegria.
A mistura de ritmos, do forró ao vanerão, do Gaúcho da Fronteira empolgou o público www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Vítor Corso/FNM
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Para ver, OUVIR e sorrir
Músicos em formação se apresentaram ao público no Parque da Redenção em um domingo ensolarado
Festival de Bandas Marciais encanta o público na Redenção. Cidade da Música apresenta desfiles que mantêm viva a tradição de escolas
O
Parque da Redenção, em Porto Alegre, foi palco do Festival de Bandas Marciais, parte da programação da Festa Nacional da Música. Ao lado dos espelhos d’água, em um ensolarado domingo, desfilaram quatro formações sob os olhares atentos e animados do público. Com o obje-
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tivo de manter a tradição das fanfarras e bandas marciais, o evento aproximou a comunidade da capital gaúcha dos conjuntos escolares. Entre tubas, trombones, surdos e bumbos, as atrações se revezaram interpretando seu repertório em desfile e, também, em apresentação postada em formação.
Os primeiros foram os integrantes da Banda Marcial Gusmão Britto, de São Leopoldo. Sob a regência de Diego Adam, a banda executou canções populares como o “Tema da Vitória”, “Superfantástico”, do Balão Mágico, e “September”, canção americana da década de 1970.
rais, percebeu seu talento e resolveu levá-lo aos ensaios. Desfile irretocável da Banda Juliana
DESFILE COLORIDO
Na sequência foi a vez da Banda Marcial Juliana, do Colégio Estadual Júlio de Castilhos. Optando por um repertório de formações marciais e fanfarras, o conjunto encantou com um desfile colorido e bastante competente. Para o coordenador da banda, Carlos Rizzon, o evento promovido pela Festa Nacional da Música é importante por, além de incentivar a manutenção das bandas marciais, contribuir para a formação ética dos participantes.
Banda Guerreiro Lima é de Viamão
Uniformes coloridos embelezaram o desfile
TALENTO E TRADIÇÃO
A Banda Juliana aceita dentre seus integrantes não apenas alunos ou ex-alunos do Colégio Julinho. É o caso do Felipe, de 11 anos, morador do bairro Lomba do Pinheiro. O olhar atento por trás dos óculos enquanto tocava o surdo com precisão demonstrou a importância que o pequeno integrante deu à sua participação no desfile. Felipe ingressou no conjunto há apenas dois meses, quando seu padrinho, o Comandante-Mor da banda, Alessandro de Mo-
Com apenas dois meses de participação nos ensaios, Felipe mostrou muito talento musical
A Banda Marcial Guerreiro Lima, vinda da cidade de Viamão com a regência de Marlos Nunes, foi a penúltima a se apresentar e, além da formação e repertório tradicionais, interpretou a música “Do Seu Lado”, composição de Nando Reis.
PEQUENO GRANDE MÚSICO
Para encerrar a tarde de apresentações, a Banda Marcial Amadeo Rossi, de São Leopoldo, trouxe para o Festival o mais jovem integrante a desfilar no evento. João Vitor, de cinco anos, não deixou o sol nem o uniforme pesado se transformarem em distrações. Sem perder o compasso com o bumbo proporcional a seu tamanho, ele ajudou seus companheiros a interpretar canções como “Dona Maria”, de Thiago Brava, e o chamamé “Merceditas”.
INTEGRAÇÃO
Banda Amadeo Rossi, de São Leopoldo
João Vitor desfilou com bumbo adaptado
O regente Roger Aguiar salientou que os músicos dedicaram três meses de ensaios para a Festa Nacional da Música. A preparação, segundo ele, se deu devido à importância do evento para a Banda Amadeo Rossi. Roger considera a iniciativa essencial para a integração das bandas marciais e para a formação individual e social dos alunos.
Banda Gusmão Britto veio da Região Metropolitana para abrir o desfile com muita competência na Capital www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Vítor Corso/FNM
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A música vai aonde o povo está!
Crianças, adolescentes e idosos, de instituições em Porto Alegre, recebem com alegria a visita de grandes artistas da música brasileira, que reservaram seu tempo para eles
Cidade da Música proporcionou um dia cheio de festa e música
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Psicóloga Maria Juracy mencionou o bem que a visita fez
Genovefa foi uma das senhoras que fez questão de posar para fotos com Délcio Tavares
A
Festa da Música levou artistas para se apresentar em instituições assistenciais na capital gaúcha. A programação, que faz parte do roteiro da Cidade da Música, foi recebida por crianças, adolescentes e idosos que se alegraram com a presença de grandes cantores da música brasileira. A Fundação Pão dos Pobres, que há mais de 123 anos ajuda crianças e adolescentes em situação vulnerável, foi a primeira parada do dia. Serginho Moah, vocalista da banda Papas da Língua, Délcio Tavares, cantor multipremiado com mais de 40 anos de carreira, e o músico Carlinhos Freitas foram recebidos por cerca de 300 jovens. Apresentando seus sucessos e até mesmo canções infantis para alegrar os pequenos, os cantores viram os sorrisos se multiplicarem na plateia.
Antonio Villeroy, Serginho Moah, Carlinhos Freitas e Délcio Tavares visitaram a Spaan, levando música e boas energias
PEQUENAS ARTISTAS
ferença no futuro das crianças.”
No encontro com os artistas, Marcela e Maria Eduarda, ambas com 9 anos e alunas do 4º ano, depois de se apresentarem com alguns colegas, cantaram “Oração”, do grupo A Banda Mais Bonita da Cidade, acompanhadas pelo professor do grupo de musicalização Cláudio Baraldo ao violão. “É papel dos cantores se aproximar das pessoas e aproveitar esses momentos para mostrar que é possível seguir um bom caminho e conquistar coisas boas”, disse Serginho Moah. Délcio Tavares salientou que as pessoas sempre têm grande expectativa ao encontrar seus ídolos e se declarou irmanado com o projeto da Cidade da Música. Carlinhos Freitas, por sua vez, lembrou da importância de eventos musicais para a formação dos jovens. “A música pode fazer di-
Na Spaan, casa administrada por representantes do Rotary Clube Porto Alegre Norte, dedicada aos cuidados com idosos, se juntou ao grupo de artistas o cantor e compositor gaúcho Antônio Villeroy. “Fazer um trabalho beneficente, diferente de se apresentar em shows para o seu público cativo, justifica a existência do músico como artista”, disse Villeroy.
ENERGIA DE SOBRA
Logo que as primeiras músicas começaram a ser apresentadas, Dona Zeli, com seus 84 anos de vitalidade e energia, tratou de levantar e começou a dançar. A iniciativa dela contagiou a todos e rapidamente o que se viu foram pares rodopiando, palmas e vozes acompanhando os artistas. “Hoje todos irão dormir bem”, disse a psicóloga Maria Juracy. Daniele Cavon/Divulgação
Dona Zeli, uma “jovem” de 84 anos, dançou animadamente ao som dos grandes artistas
Alunos de musicalização não perderam a chance de mostrar seu talento, como Marcela e Maria Eduarda www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Marcos Cunha/Especial
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A Festa Nacional da Música proporcionou aos fãs 2018: desfile de escolas de samba em Porto Alegre. O evento, na noite do dia 11 de outubro, levou uma multidão para a rua de carnaval um momento único em
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tradicional Descida da Borges abriu a edição 2018 da Festa Nacional da Música, levando uma multidão para o Centro Histórico da capital gaúcha. Mas não foi um desfile carnavalesco qualquer. Foi um grito de resistência, um clamor pela sobrevivência de uma manifestação popular histórica em Porto Alegre. Três das principais escolas de samba do Grupo Especial, Bambas da Orgia, Imperatriz Dona Leopoldina e Imperadores do Samba cativaram o público, fizeram a galera cantar junto e voltar a sentir o calor do carnaval. “Não tivemos carnaval este ano, e o povo do carnaval estava triste. Então, nada melhor do que a Festa Nacional da Música trazer essa nova esperança, mostrar que o carnaval está vivo, que vai ressurgir. É muito importante esse evento para a cidade como cultura também”, celebrou o coordenador do evento, Joaquim Lucena. Por sinal, vale dizer que o local escolhido é histórico também. A Avenida Borges de Medeiros recebeu um desfile carnavalesco pela primeira vez no longínquo ano de 1875, e foi palco dos primeiros desfiles competitivos entre escolas, nos anos 1960. Para Juarez Gutierres de Souza, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de Porto Alegre (Liespa), a Descida da Borges é um marco de que o carnaval não pode parar. O dirigente destacou que a manifestação não se resume ape-
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nas ao desfile em si: há eventos prévios, como amostras de samba-enredo e escolha da rainha, que também atraem centenas de milhares de pessoas ao centro do universo carnavalesco. Em suas palavras, o carnaval “não morre”. “O carnaval está preso em cada uma de suas comunidades, que são as escolas de samba. A organização está tentando terceirizar aquilo que o poder público entende que no momento não deva fomentar. Esperamos que as pessoas estejam com o foco aqui e que possam ser apoiadores do carnaval de 2019”, afirmou. Para quem estava no Centro de Porto Alegre na noite do dia 11, era hora de curtir. “Aqui, na Borges, o carnaval está em seu berço. É um baita evento, e muito obrigado ao Fernando Vieira por colocar o carnaval dentro disso”, falou o compositor e jornalista Vinícius Brito, com mais de 25 sambas na avenida porto-alegrense.
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Daiane Mendes, Miss Bumbum e musa da Harmonia da Bambas da Orgia Fátima Oliveira/Liespa/Divulgação
Noite de
samba & alegria
Imperadores encerrou o desfile e agitou a multidĂŁo www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 VĂtor Corso/FNM
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reira, o Mestre Nilton, comemorou a noite e lembrou das dificuldades que a escola enfrentou para poder desfilar. Entre elas, uma gestão nova que assumiu a direção da agremiação apenas 19 dias antes da Descida da Borges. “Foi muito bacana ver a avenida lotada, cantando junto com os Bambas da Orgia. Todos da escola tiveram que se doar para que esse desfile acontecesse”, afirmou.
Bambas da Orgia abriu os desfiles da noite
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Érico Leoti e Mestre Nilton, presidentes da Imperadores e Bambas, respectivamente Matheus Schenk/FNM
O primeiro desfile da noite foi da maior campeã do carnaval de Porto Alegre. A Bambas da Orgia venceu 20 vezes o Grupo Especial. A agremiação contagiou seus torcedores com o enredo “É Tempo de Liberdade! No Centenário de Mandela, Sou Bambas da Orgia, a Águia Altaneira da Igualdade”, na voz do intérprete Luiz Alberto Porto Alex. O presidente da Bambas, Nilton Deoclides Pe-
Fátima Oliveira/Liespa/Divulgação
BAMBAS DA ORGIA
Gabriel dos Santos (no alto, à esquerda) ao lado da Comissão de Frente da Bambas
Desfile da Bambas pintou as ruas da Capital de azul Matheus Schenk/FNM
Sentimento enraizado
Três décadas de desfile
Matheus Schenk/FNM
Na ala de passistas da Bambas, o sentimento era como o de todos que curtiram a noite: era a hora de matar a saudade. “Essa falta de carnaval detona com a gente, ainda mais nós que somos carnavalescos no sangue. A cultura de Porto Alegre é o carnaval. Hoje à noite é tudo nosso, dá-lhe, Bambas!”, comentou uma das passistas, Jéssica Farias.
Jéssica Farias (centro) ao lado dos seus amigos da ala de passistas da Bambas da Orgia
Ariovaldo Quevedo Júnior, da bateria da Bambas
Se para quem gosta de assistir já é difícil ter ficado sem carnaval, imagine para quem desfila há 35 anos. Caso de Ariovaldo Quevedo Júnior, da bateria da Bambas. Em suas palavras, o cancelamento do desfile de 2018 foi um baque, mas “a nossa parte estamos fazendo. Agora é esperar a boa vontade de todos. Ficar sem desfilar é como parar de respirar. Fica faltando algo no nosso organismo”, emocionou-se. Nilveo Pereira Christiano/Liespa/Divulgação
Fernando Vieira na Descida da Borges Nilveo Pereira Christiano/Liespa/Divulgação
Juarez Souza, presidente da Liespa, com a princesa do Carnaval Thauana Gouvêa e o rei momo Byra Borba
Odir Ferreira foi o responsável por comandar e apresentar a festa www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Vítor Corso/FNM
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IMPERADORES DO SAMBA
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“Eu sou, eu sou imperador até morrer.” Este foi o grito dos torcedores quando a Imperadores do Samba se preparou para iniciar a Descida da Borges, no último desfile da noite. Campeã de três das últimas quatro edições do carnaval, incluindo a de 2017, a escola colocou o vermelho e branco na avenida com a sua tradicional alegria e irreverência. Alegria, aliás, estampada no rosto de seu presidente. “É muito gratificante ver a alegria e paixão desse povo com o carnaval e com as escolas de samba. O que vimos hoje nos deixa com a certeza de que estamos no caminho certo em não desistir nunca”, destacou Érico Leoti.
A corte da Imperadores esbanjou alegria e disposição
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Passistas da Imperadores animaram o público
Torcida em peso
Para a torcida, que compareceu em peso, o momento foi de matar a saudade de um ano e meio sem ver um desfile da escola alvirrubra. “São mais de 15 anos acompanhando a Imperadores. Sou assídua!”, revelou Clair Duarte Barbosa, enquanto aguardava sua escola favorita passar.
Haja fôlego!
A Imperadores também apresentou o seu grupo de comissão de frente com um incrível
passo ritmado e que demandava muito, mas muito fôlego e energia. “Para alguns, carnaval é só em fevereiro, março, mas para nós é o ano inteiro de trabalho forte, desde oficina de dança até a parte física”, revelou Paulo Régis, membro da comissão de frente e que há oito anos vive intensamente esta manifestação cultural.
Rotina intensa
“Sabe aquela frase de que ‘quando se gosta, arruma-se tempo’?
É isso que eu digo.” A afirmação é de Alisson Prado, mestre-sala da Imperadores que vivia, pela primeira vez, a experiência de descer a Borges. Alisson reiterou o trabalho árduo dos integrantes da escola, pessoas que, em suas palavras, “viram noite, acordam, dormem, respiram carnaval”. E que encontraram no calor do público a energia que faltava: “Faz tempo que nós, carnavalescos, não tínhamos esse calor. É uma emoção enorme”.
Joaquim Lucena, coordenador da Descida, ressaltou que o carnaval está vivo
Clair Barbosa, fã da Imperadores, acompanha a escola há 15 anos
Concentração dos integrantes da Imperadores do Samba
O compositor Vinícius Brito destacou a necessidade de o carnaval marcar espaço em Porto Alegre
Nilveo Pereira Christiano/Liespa/Divulgação
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Ala das baianas da Imperatriz trouxe veteranas do samba da Capital
Júlia Pacheco, segunda porta-estandarte da Imperatriz Fumaceira pouco antes de o desfile da Imperatriz começar
Dona Isa, a mais experiente das baianas da Imperatriz
IMPERATRIZ DONA LEOPOLDINA
Muita folia! O carnaval tomou conta do Centro de Porto Alegre
Nem os pingos de chuva que começaram a cair no segundo desfile da noite desanimaram público e passistas. A Imperatriz Dona Leopoldina, campeã do carnaval porto-alegrense de 2016, mostrou entusiasmo, paixão e ritmo – com o enredo entoado pelo público ao lado do intérprete Márcio Medina. “Tivemos a sensação de ter o nosso carnaval de volta. Reafirmamos nosso amor por esta cultura!”, celebrou o presidente da escola, André Nunes Santos.
Experiência na ala das baianas
Um dos grandes destaques
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da Imperatriz foi a ala das baianas, composta por mulheres como Dona Isa Terezinha da Fonseca, de 73 anos, que nos últimos 27 desfila por escolas de samba. Ela admite que a Imperatriz não foi sua primeira. Mas será a última. “Abençoadas sejam as pessoas que fizeram este evento. Isso nos dá muita alegria, nos dá força para viver, ainda mais em um momento tão difícil para o país.” A segunda porta-estandarte da Imperatriz, Júlia Pacheco Corrêa, viu sua esperança no carnaval renascer depois da noite promovida pela Festa Nacional da
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Esperança que renasce
Música. “A Festa mostra que o carnaval não pode acabar. E esta noite estou muito feliz”, afirmou.
Sessentão do carnaval
O nome, Edson, é pouco conhecido. Mas o apelido, Queixinho, representa um homem que já foi Rei Momo em Porto Alegre seis vezes, tem quase seis décadas de carnaval no currículo e, no dia 11, parecia uma criança pela sua felicidade. “Esta noite representa a esperança do negro, a esperança do carnavalesco, que foi abatido com a decisão da prefeitura de não fazer carnaval. Nós precisamos do carnaval!”, bradou.
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Rock de todas AS GERAÇÕES
No Palco Atlântida, bandas consagradas como a Comunidade Nin-Jitsu dividem o espaço com a nova geração do rock’n’roll gaúcho
O
Palco Cidade da Música — Atlântida se tornou roteiro obrigatório na agenda de bandas consagradas e novos talentos da música gaúcha. Por isso, nem mesmo a forte chuva que caiu sobre Porto Alegre durante o show da Festa Nacional da Música afastou os curiosos em conhecer a nova cena rock’n’roll que agita a capital. Homenageada em 2018, a Comunidade Nin-Jitsu encabeçou o line-up do festival, no feriado de
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12 de outubro. A banda reviveu não apenas seus maiores clássicos — “Quero Te Levar”, “Merda de Bar”, “Cowboy” e “Detetive” (com a participação essencial de Índio, protagonista do clipe da canção) — como também trocou experiências com os novos grupos.
PARCERIAS NO PALCO
“Sempre demonstramos credibilidade no palco. As outras bandas enxergavam isso na gente e sempre nos colocamos à disposição de fazer parcerias”, afirma
Mano Changes, relembrando encontros inusitados com Massacration e Mr. Catra, que começaram “na chalaça” e se tornaram projetos musicais sérios. A figurinista Jade Primavera esteve na Redenção acompanhada do amigo Gabriel Von Doscht. Para ela, a iniciativa da Festa Nacional da Música ajuda a aumentar o sentimento de pertencimento do público com as áreas públicas da capital: “Acho bem massa a ocupação de lugar público. Traz
Visionários
A figurinista Jade Primavera e o amigo Gabriel Von Doscht defenderam a ocupação do espaço público aliado à cultura
O casal Dyeniton Franzmann e Ariane Duarte elogiou a iniciativa da Festa Nacional da Música
Palco Cidade da Música transformou Porto Alegre na capital nacional da música por uma semana
segurança para o local, dá uma ressignificação ao espaço. As festas que vão para a rua mexem com a economia local”. Um exemplo disso foi o trabalho exercido por Márcio Andrei Marques da Silva, idealizador do Espaço Cultural Lechiguana. Ele participou do festival comercializando cervejas e cachaças artesanais em um estande. O evento, para ele, contribui para a renovação da cultura local: “Isso acrescenta cada vez mais pra cidade. É um respiro”, define.
Comunidade Nin-Jitsu www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Vítor Corso/FNM
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IMPÉRIO DA LÃ
Tudo começou com a banda que simboliza a mistura de estilos com grandes nomes da cena musical gaúcha, a Império da Lã. Carlinhos Carneiro e seus súditos abriram os trabalhos misturando rock com o funk e brincando com o tempo nublado. “Adelaide, não me deixe sozinho aqui na chuva”, brincou, trocando a letra da canção mezzo-brega “Adelaide, Sua Boba”. Carlinhos Carneiro Banda NEC veio à FNM pela segunda vez
BANDA NEC
VIRALATAZ
A Viralataz levou a rima contundente do rap para manifestar a cultura hip hop. Grupo musical nascido e criado na Zona Norte de Porto Alegre, ele mostra a arte das ruas não apenas na mensagem acelerada pelos scratches, mas também através do skate e da música. “Somos um grupo de rap, que não tem no Rio Grande do Sul o mesmo espaço que tem no eixo Rio-São Paulo. Para nós, estar aqui é elevar o nível. Porque não é uma parada de rap, é uma parada de música com artistas que escutávamos desde pequenos”, afirmou Gustavo Negão, um dos vocalistas da banda.
Gustavo Negão, da Viralataz
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Pela segunda vez na Festa Nacional da Música, a Banda Nec abrandou o clima com suas canções mais melódicas. O grupo, formado por gaú-
chos radicados em São Paulo, tocou sucessos radiofônicos que os levou ao Planeta Atlântida 2017, além de “Te Quero Demais”, canção composta com o coletivo 1Kilo.
Gustavo Fallavena e banda
GUSTAVO FALLAVENA
Gustavo Fallavena aproveitou o acompanhamento de cello e violino para mostrar suas versões de clássicos internacionais do pop, de Ed Sheeran a Phillip Phillips, e canções de autoria própria. No entanto, a troca de ideias nos bastidores entre artistas de gêneros diversos é a marca registrada do evento: “Sensacional essa possibilidade de mesclar os estilos. A música é mistura, é variedade de influências com um mesmo objetivo: tocar as pessoas. A Festa Nacional da Música representa bem isso.”
Gustavo Fallavena
VISIONÁRIOS Com peso na guitarra, no baixo e na bateria, a Visionários levou as letras fortes do Charlie Brown Jr. para uma plateia empolgada. Pelo retorno do público, a banda formada para prestar tributo ao grupo santista mostrou potencial para ser mais do que isso, e aproveitou para agradecer à receptividade de todos.
PARADISE SESSIONS
A Paradise Sessions apostou nos instrumentos distorcidos do rock alternativo sem perder o ritmo e a melodia do pop e do reggae. A resposta veio com um público em transe com o som — e com a trégua da chuva.
Paradise Sessions www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Vítor Corso/FNM
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CONHEÇA A CIDADE QUE abraçou a Festa da Música Recebendo pela primeira vez o evento, Bento Gonçalves reserva encantos e roteiros turísticos incríveis
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m 2018, a Festa Nacional da Música desembarcou pela primeira vez em Bento Gonçalves, cidade da Serra Gaúcha perfeita para quem busca experiências turísticas diferenciadas. Rotas de passeio para todas as idades e uma rede hoteleira com ótimas acomodações fazem do município uma excelente opção turística. O prefeito Guilherme Pasin se mostrou radiante com a organização do evento em sua cidade e disse ser uma honra “estar
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em contato com a cultura, com os compositores, com os artistas de diferentes estilos”. Pasin lembrou também que, além das atrações musicais, a Festa gera negócios que são firmados na cidade, movimentação do público que se desloca para acompanhar seus ídolos e reverte receita para os empreendimentos locais. Entre os artistas e convidados da Festa que estiveram em Bento, a sensação de acolhida foi unâni-
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me. “É importante e faz parte da nossa pauta de negociações fazer com que Bento se torne o destino fixo da Festa da Música. É um sonho que estamos percorrendo e acredito estar muito bem encaminhado”, disse o prefeito. Com uma população de 113 mil habitantes, Bento Gonçalves é o berço da vitivinicultura do Brasil, sendo hoje reconhecido como a Capital Brasileira da Uva e do Vinho e é a primeira região do Brasil a obter a Indicação de Procedência pelo Vale dos Vinhedos.
ROTAS E ROTEIROS TURÍSTICOS CAMINHOS DE PEDRA
O roteiro no meio rural conta a história da imigração italiana por meio da interatividade com o visitante. Participe da moagem da erva-mate (da qual é feito o chimarrão), da elaboração de produtos à base de leite de ovelha, acompanhe a fabricação de massas e aproveite para degustar a culinária nos restaurantes localizados em casas de pedras.
Franciele Zanon Gonçalves/PBG/Divulgação
Davi da Rold/Divulgação
Caminhos de Pedra Divulgação
Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, e o prefeito Guilherme Pasin
Bento Gonçalves é o berço da vitivinicultura do Brasil Fabiane Capellaro/Divulgação
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Fabiane Capellaro/Divulgação
VALE DOS VINHEDOS
Primeiro e mais importante destino enoturístico do Brasil, oferece a contemplação da paisagem vitivinícola, bela nas quatro estações. Visite as vinícolas, aprecie a
cultura da imigração italiana, deguste a culinária típica e, se desejar, hospede-se em meio a um cenário único, sentindo o aroma das uvas no verão e contemplando suas brumas no inverno.
ROTA RURAL ENCANTOS DE EULÁLIA
É o mais novo roteiro turístico de Bento Gonçalves, sua característica é de turismo de natureza e aventura, com 10 empreendimentos, entre eles pousadas, passeio a cavalo,
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empório com comercialização de produtos coloniais e o Parque de Aventuras, onde você e seus amigos e familiares podem praticar arborismo, escalada, rapel, paint-ball, entre outras atividades. É aventura para todas as idades de 8 a 80.
Almir Dupont/Divulgação
VALE DO RIO DAS ANTAS
Em plena Serra Gaúcha, na Capital Brasileira do Vinho, deslumbre-se com a paisagem tropical de um Vale que se funde com o Rio das Antas, parcialmente encoberto por parreiras e por
bananeiras. No local, convivem harmoniosamente o vinho e a cachaça, a massa e a rapadura, o vale e a serra. Opções de hospedagem e visitas a grandes ou pequenas vinícolas, trilhas e produtos coloniais esperam por você.
ROTA CANTINAS HISTÓRICAS
No trajeto estão as localidades tradicionais no cultivo de uvas de cepas diferenciadas. Aqui, percorra estradas de relevo acidentado, mas que proporcionam um contato único com a natureza do Vale Aurora. Deguste bons vinhos, harmonizados com a culinária de inspiração italiana.
PASSEIO DE MARIA FUMAÇA
Fotos: Divulgação
Uma das atrações mais procuradas da Serra Gaúcha, o passeio turístico-cultural na Maria Fumaça percorre as cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa em um percurso de 23km. O tra-
jeto é realizado em aproximadamente uma hora e meia. Durante o roteiro, os turistas são brindados com apresentações musicais gaúchas e italianas e, é claro, com degustação de vinhos, espumantes e suco de uva. Uma viagem imperdível!
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Festa da Música leva
MAIOR EVENTO GOSPEL do Brasil para Bento Público lotou a Rua Coberta para ver o Festival Promessas, evento realizado em parceria com a Rede Globo, reunindo grandes estrelas do segmento na Serra Gaúcha
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ela segunda vez consecutiva, o Festival Promessas, maior evento de música gospel do Brasil, esteve no Rio Grande do Sul, dentro da programação da Festa Nacional da Música. O show lotou a Rua Coberta, em Bento Gonçalves, durante as cinco horas de louvor, emoção e fé. Rock, sertanejo, reggae, hip-hop e soul foram alguns dos estilos que fizeram os fieis pularem, cantarem e se emocionarem no festival comandado por Fabinho Vargas. O domingo de sol, calor e um lindo céu azul era um prenúncio da bela festividade que viria. Às 14h de 21 de outubro, o Festival Promessas foi aberto por Fabinho Vargas, que destacou que nenhum
dos artistas presentes ali estavam recebendo algum tipo de cachê. “Todos estão aqui pela honra e glória do Senhor”, afirmou, para receber uma salva de palmas do público. Nem mesmo limitações físicas atrapalharam os fãs. Caso de Antônio da Silva, que é cego, e que foi levado ao show pelo sogro, o aposentado Nereu Dias de Oliveira. Antônio celebrou a oportunidade: “É muito bom escutar música gospel. É uma música saudável, sadia, que fala de Deus e Jesus. A gente fica feliz por ter um evento desses em Bento, aqui na Rua Coberta. Podia até ter mais eventos como esse por aqui, para as pessoas virem mais vezes”.
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Franciele Mello, de Caçapava do Sul, abriu a tarde de louvor
Shows emocionaram a plateia A primeira artista a subir no palco foi uma gaúcha que está em ascensão. Franciele Mello ganhou o Lup Music Festival, um dos principais concursos de música gospel do Brasil – que teve cerca de 6 mil participantes – no último mês de abril. “Seu Sangue”, música do sergipano Fernandinho, levantou o público logo no início do show.
EMPOLGAÇÃO
“Eu vim aqui para dizer que hoje vai ser uma tarde diferente na tua vida. Hoje nós vamos mudar a história”. Foi assim que Douglas Nascimento abriu uma emocionante apresentação que empolgou o público. Foi sua estreia na Festa Nacional da Música, após lançar
seu segundo CD, “Fui Alcançado”. Fabinho Vargas levou para o palco teclado, guitarra, bateria e, claro, a gaita. O ex-integrante do Tchê Guri fez o povo cantar com sucessos como “Ele Não Desiste de Você”, de Marquinhos Gomes, e “Senhor Eu Te Amo”.
ESTREIA
Filho de um dos grandes compositores do cenário musical brasileiro, Peninha, Willy Gregory era, até quatro anos, uma das mais improváveis apostas para se tornar cantor gospel. Formado em Economia, com um emprego estável no mercado financeiro, um bom salário, Willy se apresentou
pela primeira vez no Festival. “Então Louve” e “Deus de Paz” foram algumas das músicas que encantaram o público, e o toque de pop rock fez a galera sair do chão. Seu álbum de estreia, “Aleluia Pai do Céu”, conta com seis canções autorais, duas de seu pai e mais duas de outros compositores. A black music, com aquela pegada de reggae, foi atração com Clóvis Pinho, que representou o grupo Preto no Branco com sua voz e violão. “Ninguém Explica Deus”, primeiro hit do Preto no Branco, lançado em 2015 e que foi a música religiosa mais tocada em 2016, embalou o público e fez todos cantarem em uníssono.
Apresentador, Fabinho Vargas também cantou e encantou o público
Douglas Nascimento recordou momentos difíceis da vida
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ALEGRIA
O sexto show do domingo foi da dupla sertaneja paranaense André & Felipe. Sucessos como “Adore” e “Acelera e Pisa” fizeram parte do set list na Rua Coberta. “A gente faz por amor e dedicação, e estamos colhendo os frutos”, comentou André, primeira voz da dupla. Ambos já estiveram no Rio Grande do Sul em outros momentos. “Aqui foi um dos primeiros estados que nos abraçou, quando começamos há 17 anos, e é uma alegria ver a galera can-
Willy Gregory, filho do compositor Peninha, é um dos novos nomes do segmento Fotos: Matheus Schenk/FNM/Especial
Keli Giovanella e o filho Guilherme foram conferir o show de Bruna Karla
Antônio da Silva, ao lado do sogro Nereu Oliveira, foi curtir o Festival Promessas Clóvis Pinho, do Preto no Branco
Pastor Sérgio ao lado dos familiares para apreciar os shows
tando e interagindo conosco”, declarou Felipe. Adriana Stell veio em seguida. Um problema técnico interrompeu sua canção na metade, mas a reação do público, com aplausos e gritos, a tranquilizou e permitiu que recomeçasse. A canção apresentada foi “When You
Believe”, de Whitney Houston e Mariah Carey, que fala dos “milagres que podem acontecer quando acreditamos”. Adriana é presidente da ONG Rede do Bem, organização digital que promove ações sociais em São Paulo, e começou a se dedicar mais à música nos últimos três anos.
A dupla André & Felipe encantou a plateia www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Vítor Corso/FNM
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BOM HUMOR
Com uma carreira solo que já se estende por 15 anos, o paulista Ton Carfi trouxe o soul e o pop à Rua Coberta. “Minha Vez”, música com mais de 24 milhões de visualizações em seu canal no YouTube e que trata da esperança de Cristo em seus fieis, foi uma das que embalaram a tarde. Carfi também apostou no bom humor em meio à sua apresentação. Cantou um trecho do hino do Grêmio, afirmando não saber o hino do rival Internacional – o que, claro, gerou metade de aplausos e metade de vaias, digamos, bem-humoradas. Um dos casais mais famosos do segmento gospel se apresentou logo depois. Com Anayle Sullivan no vocal e o marido Michael no violão, o público pode cantar “Jesus Te Ama” e “Fome de Ti Jesus”, que é de Michael, e foi interpretada por Anayle. Foi a segunda passagem de Sullivan por Bento Gonçalves. O compositor destacou a beleza da cidade e afirmou que pretende voltar.
ACOLHIDA
Dezoito anos de carreira, oito álbuns gravados, duas indicações ao Grammy Latino e milhares de fãs. A carioca Bruna Karla subiu ao palco e foi ovacionada pela multidão, trazendo sucessos como “Quando Eu Chorar” e “Sou Humano”. A artista assegurou ter sido acolhida pela cidade da Serra Gaúcha. “Estou muito feliz e levando o carinho do povo de Bento Gonçalves para casa. Espero poder estar mais vezes aqui com esse povo maravilhoso adorando a Deus. Saio daqui com meu coração pulando de alegria por essa tarde tão especial”, salientou.
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Adriana Stell
Daniela Araújo
Ton Carfi classificou a tarde como “muito linda”
Bruna Karla levou a galera ao delírio com seus hits
Um mês antes do Festival Promessas, a paulistana Adriana Araújo apresentou singles do seu novo álbum, “Catarse”, o quarto de sua carreira solo. Duas das faixas da nova produção, “Sonhadora” e “Ruídos”, foram apresentadas ao público em Bento. “É uma grande alegria estar aqui com a galera gaúcha, sempre sou muito bem re-
cebida e é uma emoção fazer parte de um rol de artistas como o que se apresentou aqui”, comentou.
MENSAGEM
O casal Davi e Verônica Sacer foi responsável por encerrar o dia de louvor, já perto das 19h. Foram cinco canções, uma delas inédita de Verônica, “Maravilho-
so”, lançada há poucos meses e interrompendo um hiato de quatro anos de sua carreira solo. Com 15 anos de ministério, Davi comentou que a responsabilidade de cantar para Deus é enorme. Mas o prazer também. “A gente leva uma mensagem que é maior do que nós, maior do que a nossa própria vida.”
Davi e Verônica Sacer fecharam o Festival Promessas
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RESPEITO E GRATIDร O ditam o tom na noite de HOMENAGENS
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Na entrega do Troféu Festa Nacional da Música, músicos se rendem aos artistas que ajudaram a construir o caminho de sucesso que todos trilham
É
possível que um olhar mais atento identifique todos os tipos de emoção na noite de homenagens da Festa Nacional da Música. Teve sentimento de gratidão de Mumuzinho e Mano Changes aos precursores da música negra, como Fundo de Quintal e Mestre Robson Miguel. Teve o amor de Sérgio Reis ao entregar o troféu à esposa, Ângela Bavini. E teve o êxtase na reverência à contribuição do Capital Inicial, Peninha e muitos outros à música brasileira. Se tivéssemos que escolher uma para resumir o evento, com certeza seria respeito. Duas cenas simbolizam o que aconteceu no centro de eventos Malbec do Hotel Dall´Onder. Na primeira, o rapper Gabriel O Pensador chamou ao palco o Fundo de Quintal e agradeceu a colaboração ao samba brasileiro: “Tenho a honra de entregar o prêmio a um dos grupos que me inspiraram a gostar de música antes de querer fazer música. Estes senhores me ensinaram sobre harmonia, melodia, ritmo e muito sentimento”. Bira Presidente, Ubirany, Sereno, Márcio, Júnior e Ademir subiram para interpretar clássicos da música brasileira, como “Boca Sem Dente”, “A Amizade” e “O Show Tem que Continuar”. Bira começou a agradecer — “Nós que nos sentimentos honrados por este momento.” —, mas foi interrompido pela invasão de artistas da estirpe de Mumuzinho, Adryana Ribeiro e Sandra de Sá, que o reverenciavam em frente ao palco. A partir daí, a organização foi impossível, e a plateia cantou de pé para agradecer à banda do fundo do nosso quintal. www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018
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Graça Paes/Especial
A FESTA QUE NUNCA ACABA
Cena semelhante ocorreu quando o homenageado foi o Capital Inicial. Dinho Ouro Preto recebeu o troféu das mãos de Tico Santa Cruz representando Fê, Flávio e Yves. “Queríamos que, quando falássemos da música popular brasileira, falássemos do rock também. E foi isso que aconteceu”, declarou Dinho.
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Mais uma vez, os pronunciamentos foram encurtados pelo abarrotamento de gente no palco. Tico ainda pediu um pacto pela defesa da democracia do país antes de puxar hinos roqueiros como “Primeiros Erros” e “A Sua Maneira”. Na cozinha, músicos de todas as gerações, de Vitor Kley, Japinha e Carlinhos Carneiro a integrantes do Barão Vermelho e do
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Detonautas.
SERTANEJO REVERENCIADO
Pela quantidade de artistas com origem nesse segmento, o sertanejo talvez tenha sido o grande estilo agraciado na noite. Nando Cordel alcançou o troféu a Léo Chaves, da dupla Victor & Leo. O cantor dedicou o prêmio ao irmão, mencionou as presenças de ídolos como Flávio
Venturini e Sérgio Reis e contou sua trajetória por meio de canções: “Onde eu estiver, meu irmão vai estar comigo”, lembrou, antes de interpretar “Iolanda” — “A primeira canção que cantei num festival de violeiros, em Abre Campo. Era um poste de tanta vergonha” — e “Menino da Porteira” — “Conheci a canção com o professor Marre-
co, em um colégio interno, em Cachoeiro do Campo, por isso é importante termos música na escola pública”. Serjão, que havia levantado da mesa para acompanhar o amigo, foi para os holofotes passar o troféu que já ganhou em outra oportunidade à esposa, Ângela Bavini. A cantora, que gravou todos os gêneros musicais, convidou Peninha para acompanhá-los em “Alma Gêmea”.
TOQUE DE TALENTO
Northon Vanalli, da Sonotec Music & Sound, entregou o prêmio ao produtor Neto Schaefer, a mente por trás das principais gravações do sertanejo atual. “Estendo a homenagem a todos os meus amigos compositores e artistas, que fazem tudo. A gente só dá um toque”, reconheceu, humildemente. Em seguida, Léo Pain recebeu o troféu e dicas sobre a carreira da cantora Rosemary. Emocionado, ele agradeceu à família e chorou ao dedicar o prêmio a eles, comovendo o público com a sinceridade de quem, há poucas semanas, havia vencido o “The Voice Brasil”, da TV Globo, e foi considerado a nova voz do país. “Achei um pouco de exagero”, comentou. Ele convidou Lucas Silveira, da Fresno, para acompanhá-lo no piano em “Evidências”.
POUT-POURRI DE CLÁSSICOS
A Festa foi aberta com uma superbanda gaúcha formada por Tchê Guri, Tatiéli Bueno, Thomas Machado, Cristiano Quevedo e Berenice Azambuja. Eles executaram um pout-pourri de clássicos do cancioneiro gauchesco. A banda antecipou os prêmios ao “Galpão Crioulo”, recebido pela diretora da RBS TV Alice Urbim, entregue por Fábio Ambrosio, diretor da TV Verdes Mares, e a Neto Fagundes, que recebeu o troféu do compositor Antonio Villeroy. O cantor e apresentador ainda aproveitou o acompanhamento e interpretou o “Canto Alegretense”, hino nativista composto pelo tio Nico Fagundes. www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Graça Paes/Especial
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O rock’n’roll gaúcho foi lembrado na premiação à Comunidade Nin-Jitsu. A banda elevou os decibéis com as clássicas “Detetive” e “Quero Te Levar”: “A Festa é a prova concreta que artista não vive de ego. O que tu fazes, Fernando, é sinônimo de felicidade”, definiu Mano Changes, citando Fernando Vieira, presidente da FNM.
APLAUSO E REVERÊNCIA
Em outro encontro emocionante, Mumuzinho recebeu o troféu do pagodeiro Liomar, ex-Pique Novo. Entre tantos ídolos, escolheu dividir o palco com aquele que lhe deu a primeira oportunidade de cantar quando ainda era menino no bairro do Realengo. “Talento Deus dá. Na vida, o
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que a gente tem que ter é gratidão”, afirmou, antes de agradecer e interpretar canções de Arlindo Cruz, Alcione e Fundo de Quintal. O mesmo respeito e reverência foram demonstrados pelos convidados ao Mestre Robson Miguel. O violonista, com carreira consolidada na Europa, recebeu o troféu de Sérgio Loroza. Mestre discursou enquanto interpretava músicas ao violão simultaneamente. De “Wave” a “Stairway to Heaven”, ele ainda executou versão em três vozes para “Ave Maria”, sendo aplaudido de pé. Tato, vocalista do Falamansa, entregou para Frank Aguiar a homenagem da Festa. O piauien-
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se devolveu o carinho cantando “Morango do Nordeste”. Outro autor de clássicos da MPB, Peninha foi premiado pelas centenas de composições do cancioneiro popular. Entre elas, “Sozinho” e “Sonhos”, canções que dedilhou ao violão enquanto era acompanhado por centenas de vozes. Paulo Massadas, que entregou o troféu ao lado de Carlos Colla, chamou-o de herói: “Havia esse preconceito entre as músicas de alta e de baixa cultura. Peninha foi o primeiro link entre elas”.
VERSÃO A CAPELLA
Seu maior parceiro, Michael Sullivan subiu ao palco para entregar o troféu a Davi Sacer. O cantor gospel, por sua vez, foi o elo entre o canto de lou-
vor e a canção popular ao interpretar “Deus de Promessas”, gravação em parceria com a coleguinha Simone. “Tenho a honra de me tornar amigo de pessoas de quem fui fã, como o Sullivan e o Peninha”, assinalou. Já o presidente da Sony Music Brasil, o português Paulo Junqueiro, não recebeu apenas a estatueta. Em agradecimento pela oportunidade de crescer como artista, Sandra de Sá deu-lhe um abraço apertado e cantou uma versão a cappella de “Soul de Verão”. “Nesses 37 anos de carreira, quero agradecer a ela em nome de todos os artistas que trabalharam comigo. Tenho dois países, e não podia ser melhor”, emocionou-se Junqueiro.
Presidente da Sony Music
Brasil ĂŠ homenageado 56
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O FATOR J
Desde 2015, o todo-poderoso da Sony Music, no Brasil, é Paulo Junqueiro. O português trocou os estudos de Filosofia pelos estúdios de música, acompanhou de perto o
boom do rock brasileiro dos anos
1980
e foi diretor artístico de
algumas das maiores gravadoras do país. O Simon Cowell às avessas
entrega os segredos do seu toque de
Midas
e revela que o futuro da
P
aulo Junqueiro nasceu no Fundão, na Serra da Estrela, em Portugal. Aos 7 anos, mudou-se com a família para Lisboa. Cresceu como um adolescente típico dos anos 1970, ouvindo Pink Floyd, Frank Zappa e Van Morrison. Aos 21 anos, cursaria a Faculdade de Filosofia, mas desistiu a tempo de mudar a história dele e da música brasileira.
música não está nos reality shows
Na virada para a década de 1980, começou a trabalhar co-
mo assistente em um estúdio de gravação. Em 1984, voou para o Brasil e desembarcou durante a explosão do rock. Aqui percebeu que estava em meio a uma revolução, e valeria a pena se dedicar a ela. “O rock dos anos 1980 foi uma mudança de hábitos, de cultura, de tudo”, afirma. “As letras passaram a ser outras, a atitude, o show business. Não existia PA [sigla para Public Address, termo referente ao sistema som para shows
Sandra de Sá entregou troféu a Junqueiro www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Rosa Marcondes/Especial
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ao vivo], palco, nem lugar pra tocar. Era tudo muito improvisado. O rock ajudou na cultura pop brasileira, que não tem a ver só com a música, mas com as artes plásticas, com as roupas.” Nos nove anos seguintes, Junqueiro se tornou técnico de som no estúdio Nas Nuvens, no Rio de Janeiro, cujo sócio era Gilberto Gil. A amizade culminou com o Grammy de Melhor Álbum de World Music com “Quanta Gente Veio Ver: Ao Vivo”, em 1999. “Mixei o disco do Gil à revelia da Warner”, revela Junqueiro, que confessa desapego aos prêmios recebidos. Ele conquistou, no total, 44 discos de ouro, 21 discos de platina e 11 discos de mul-
tiplatina. Poucos estão expostos na parede de casa.
It’s all about music
O que ficou daquela época é a saudade. Ele trocou os estúdios à prova de som pelos barulhentos escritórios da Warner, onde foi diretor artístico de 1994 a 1998. Em seguida foi para a EMI e, em 2012, assumiu a direção geral da Sony Music portuguesa. Desde 2015, é o presidente da gravadora no Brasil. “Enquanto pude, mesmo como executivo, trabalhava com o espírito de técnico de som.” Esta verve é útil para selecionar o casting da gravadora. Ele garante que escuta todo material que recebe, embo-
ra boa parte dele seja de qualidade duvidosa. “Lá atrás”, conta, “a gravadora era a provedora de tudo. Tinha um poder incomensurável. Por isso, muitos eram prepotentes. Com o desenvolvimento da tecnologia, qualquer um pode fazer em casa e distribuir de outras maneiras. A demo, que chegava em cassete, chega em DVD, já produzida, mixada, masterizada. Já chega pronta. Mas mudou apenas o formato. A grande preocupação ainda é se o artista é bom e as músicas são boas. It´s all about music”, sintetiza. É por isto que, segundo o presidente da Sony Music, artistas como Grace Vanderwaal estão no elenco da gravadora.
Rosa Marcondes/Especial
David Gilmour
Adele Pabllo Vittar Ao lado de Sérgio Reis na FNM
Gilberto Gil e Caetano Veloso
Ultraje a Rigor
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Fernando Vieira, idealizador da FNM www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação
Emicida e Fioti
Depeche Mode
Aos 14 anos, ela conquistou o público no “America’s Got Talent” apresentando composições próprias em seu ukulele. Para Junqueiro, que foi jurado no Factor X — versão portuguesa do X Factor, reality show musical concebido por Simon Cowell na Inglaterra —, o sucesso é algo que apenas o público pode determinar. Rosemary, Patricia Dahbar, Sandra de Sá, Nanda Fellyx e Simone Floresta
Mercado saturado
Há outro problema. De acordo com Junqueiro, o mercado está saturado para alguns gêneros. No Brasil, ele cita, a hegemonia é das duplas sertanejas e dos cantores de funk. Presidente da companhia que detém 33% deste mercado, a maior fatia no país, ele lamenta ter de descartar grupos de rock: “Se chegar uma banda de rock, por muito boa que seja, vou dizer que não tem mercado pra isso. Não basta me tocar o coração.”
Rei Roberto Carlos
Zeca Pagodinho e Max Pierre
Paisley Park - estúdio do Prince 1994
Junq-Box Anos atrás, Paulo Junqueiro elegeu “Summertime in England”, de Van Morrison, como a música perfeita, completa em termos de harmonia, ritmo e suingue. Desafiamos o presidente da Sony Music a montar uma playlist com as canções definitivas da música popular brasileira e a comentar cada uma delas. Confira:
Titãs e Paralamas
1. Tom Jobim, “Garota de Ipanema” — Poderia ser qualquer uma, mas esta é a mais conhecida fora do país. 2. João Gilberto, “O Pato” — Ela é toda torta, quebrada. Os americanos enlouqueceram, porque aquilo ali era típico do Bebop. É um gênio. 3. Gilberto Gil, “Expresso 2222” — Perguntei uma vez como saiu a ideia dessa música, como ele conseguia cantar num tempo e tocar naquele ritmo de um trem, e o Gil simplesmente me disse: “Saiu”. 4. Caetano Veloso, “Sampa” — Tem tanta coisa dele, mas essa é simbólica. 5. Ultraje a Rigor, qualquer uma de “Nós Vamos Invadir sua Praia” — É uma crônica social daquele período.
Pitbull
Joss Stone www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação
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O COMPOSITOR
que rompeu barreiras
Peninha recebeu o troféu de Paulo Massadas e Carlos Colla
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Houve, por algum tempo, uma divisão na música popular brasileira. Havia a MPB dos compositores virtuosos e a MPB do povo . B rega , era como chamavam. Até que apareceu um jovem que rompeu com isso , universalizando as canções e sendo
regravado no mundo todo: Peninha, um dos homenageados na edição deste ano da
Festa da Música
A
roldo Alves Sobrinho nasceu em São Paulo e sempre viveu da música. Ele lançou o primeiro compacto pela RCA, “Ultimamente”, em 1972, mas atingiu o sucesso somente cinco anos mais tarde. Era um jovem cantor, “bonitinho”, nas palavras do também compositor Carlos Colla, que se manteve ativo nas décadas de 1970 e 1980. Apesar de todo o sucesso, Peninha passou a se concentrar nas composições. Preferia o calor do quarto à luz dos holofotes. Ao contrário do que muitos supõem, ele prefere o rumo que sua carreira tomou:
Com Sérgio Reis, cantou “Alma Gêmea” Rosa Marcondes/Especial
“Existe uma ferramenta que é a facilidade em lidar com o grande público. Eu nunca tive isso”, confessa. “Então, fui me afastando um pouco e virando compositor. Gostava de ficar no meu canto, fazendo as minhas músicas, e, sempre que alguém as grava, minha alegria é muito grande. Não tem essa de ‘o Fábio Júnior estourou com Alma Gêmea, poderia ter sido você’. Não tem isso, não. Agradeço por ele ter gravado e ter feito sucesso com ela. Porque é isso que eu sou: um compositor de música popular.” Mais do que isso: Peninha é o compositor de música popular mais popular entre os populares. Na Festa Nacional da Música, Paulo Massadas, outro autor renomado, des-
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Primeiro hit, “Sonhos” catapultou sua carreira
tacou que o amigo foi quem rompeu a preconceituosa barreira entre a alta e baixa cultura popular. “Quando gravei ‘Sonhos’, foi um sucesso muito grande. Mas um sucesso popular. Quando a música entrou na novela [‘Sem Lenço, Sem Documento’], ela pertencia a uma personagem que era a empregada da casa. Quando a música tocava, era no radinho de pilha. Eles não admitiam, embora o sucesso fosse avassalador, e mantinham-na dentro daquele trilho. Quando o Caetano Veloso gravou, tirou-a desse trilho, universalizou, e ela teve inúmeras gravações.”
Sabe aquela música? É dele
Entre as versões mais famosas, estão as da venezuelana Soledad Bravo, da italiana Mina, de Marisa Monte e Paula Toller. O que mais encanta no repertório de Peninha, contudo, é a variedade de gêneros e estilos com os quais suas canções se adaptam. “Que Dure Para Sempre” foi sucesso com os pagodeiros do Negritude Jr e a dupla sertaneja João Paulo & Daniel. “Sozinho”, reinventada por Caetano, foi sucesso na voz do espanhol Alejandro Sanz. E podemos acrescentar ainda o francês Paul Mauriat, o americano Ray Conniff, Wando, Elymar Santos, Rick & Renner,
Com Gugu e Val, no SBT, em 1988
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Gian & Giovani, entre outros. O autor concorda quando destacam sua versatilidade, mas atesta que não é intencional. “Tem muito de mim nas minhas músicas. Muito. Muito mesmo”, enfatiza. “Antigamente, existia o AM e o FM. Era engraçado. Quem tocava só no AM queria tocar no FM, e quem tocava no FM queria tocar no AM. Havia essa divisão, inclusive, dentro das gravadoras. Tinha a Polydor, onde eu gravava, que, muito embora o Tim Maia também gravasse lá, era mais popular, e tinha a Philips, dentro da mesma gravadora, que era onde gravavam o
Com o filho Willy Gregory
Caetano, a Gal Costa.”
Fazer música para Deus não é como fazer para Roberto Carlos
Peninha é vencedor de três Prêmios Sharp de Música por melhor disco, em 1991, e melhor música pelas versões de Fábio Júnior, para “Alma Gêmea”, e “Sozinho”, por Sandra Sá, além de outros prêmios nos anos 1990. Na década seguinte, porém, ele se retraiu. Lançou dois discos, com regravações apenas, pela Warner Music. O ressurgimento aconte-
Com os pais, Francisca Ribeiro Alves e Raimundo Alves Sobrinho
ceu nos últimos anos, já em nova fase. Peninha foi atraído à igreja por um de seus sete filhos, Willy Gregory — cantor gospel que encontrou na religião uma maneira de superar a depressão e a síndrome do pânico —, e despertou seu lado espiritual. “Meu filho é economista formado no Insper, uma das melhores faculdades do Brasil, e trabalhava no mercado financeiro. Nunca cantou no secular. Um dia, virou ministro de louvor. É um profundo conhecedor da palavra de Deus. Não só canta como ministra. E, com isso, acabei indo para a igreja”, conta. “Fiz dois louvores. Poderia sentar e fazer vários. Mas acho que quando você mexe com o sagrado tem que ter temor. Agora estou fazendo minhas coisas com critério e respeito. Fazer música para Deus não é como fazer música para o Roberto Carlos. É diferente”, destaca. Para 2019, Peninha prepara um DVD com novas canções e algumas participações especiais. O foco dele é preservar o legado, sim, mas seguir compondo novas obras.
Com o maestro Caçulinha www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação
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AO MESTRE, com carinho
Mestre Robson Miguel recebe o troféu por sua contribuição à música brasileira
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Mestre é aquela pessoa dotada de uma habilidade excepcional e que, ao mesmo tempo, compartilha com os outros o seu conhecimento. Para o violonista Robson Miguel, este título não poderia ser mais adequado
M
estre no violão e em outros instrumentos de corda, o capixaba de Aracruz, Robson Miguel, começou tocando caixinha e trompete incentivado pelo pai. Aos 9 anos, ele ganhou o disco “Abismo de Rosas”, de Dilermando Reis, que mudou sua percepção do mundo. Era a primeira obra de violão artesanal solo. Dois anos depois, ele se mudou para Santo André e foi matriculado em um conservatório de São
Caetano do Sul, onde se formou em violão clássico. Na última edição da Festa da Música, recebeu justa homenagem por sua trajetória. Aos 25 anos, ele se mudou para a Espanha, a terra-natal do violão, onde alcançou os maiores êxitos da carreira. O trabalho por lá rendeu tantos frutos que conseguiu construir um excêntrico castelo no interior de São Paulo. No entanto, ele não revela nenhuma mágoa
Violonista recebeu o prêmio das mãos de Sérgio Loroza
Do erudito ao popular, são mais de 134 obras compostas para orquestras e big bands www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Vítor Corso/FNM
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por ser mais reconhecido fora do país do que no Brasil. Pelo contrário, considera-se um homem de sorte por ganhar destaque em um círculo difícil como o da música instrumental: “Poucos tiveram a sorte que eu tive. Morei muitos anos na Alemanha, na Suíça, na Espanha. Nos países de primeiro mundo, eles têm um senso de justiça artística maior do que no Brasil. Aqui, os melhores músicos instrumentistas, para não morrer de fome, são obrigados a acompanhar os piores cantores. As mídias radiofônicas abrem mais espaços para eles, por pior que sejam. Não temos mais rádios para tocar músicas instrumentais. Isso leva o músico instrumentista a ter um desgaste muito grande.”
Brasilidade explorada a cada show
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Mestre Robson tem 134 obras compostas para orquestras e big bands, além de três trilhas de filmes, temas de abertura de programas de televisão, prefixo de rádio e fundo ambiental de novelas. Com uma mistura de MPB com jazz fusion, ele costuma improvisar bastante, explorar sua brasilidade e variar seu repertório a cada show. A ideia é sempre surpreender, como fez com uma versão acústica de “Tema da Vitória”, inclusive simulando o som de um motor de carro de Fórmula 1, na noite de homenagens da Festa Nacional da Música.
Professor de uma geração brilhante de músicos
Mestre Robson está entre os fundadores da Orquestra Sinfônica de Santo André. Sua contribuição, no entanto, não é apenas à música erudita brasileira. Como professor, lançou músicos
Artista recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira
Castelo foi inaugurado em 1999, em Ribeirão Pires (SP)
como Péricles, Marcinho do Soweto e Marinho do Katinguelê. “Acho que o ensino é um dom: transmitir o conhecimento sem reserva”, define. “Comecei a dar aula muito cedo e fui professor de uma grande geração de músicos. Tocava de graça para divulgar minha escola e atrair alunos. Cheguei a ter 857 alunos.” Além disso, publicou 22 livros didáticos, lançou 27 fitas VHS e 19 DVDs com vídeo-aulas, sem contar os trabalhos esporádicos em revistas especializadas. E embora esteja atualizado com o mundo digital, encontra dificuldades em monitorar todas as execuções de seu trabalho — e receber por isso. “Não tem havido uma fidelidade no repasse. Se formos esperar que os organismos que arrecadam corram atrás, não vamos receber. Eles esperam que o artista vá lá e apresente uma planilha para checar e reembol-
sar. Na Espanha, chego na SGAE (Sociedad General de Autores y Editores), da qual sou filiado desde 1991, apresento meu passaporte e número da carteirinha e me pagam, em dinheiro, o valor acumulado.”
Justiça social e cultural, este é seu lema
Contudo, a injustiça que mais incomoda Mestre Robson é a racial e cultural. Como um músico negro, que sustenta o violão com a herança indígena, ele luta para que esta herança não se perca: “Vivemos uma mentira histórica e colocaram no pedestal alguns heróis que não são. O Brasil foi invadido, tomado. Vivemos no resultado disso, em um país carente de fazer valer a justiça. Não tem como voltar atrás e mudar. Porém, não podemos esquecer que uma cultura se define como sendo quem fomos, quem somos e o que podemos ser amanhã, para que não cometamos os mesmos erros.”
Foi considerado o violonista número 1 no mundo www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação
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O berço do SAMBA Patriarca do samba contemporâneo, o Fundo de Quintal está mais ativo do que nunca. As quatro décadas de história são consagradas com esta homenagem, no Prêmio Nacional da Música, ao melhor estilo do grupo: uma reunião entre amigos muito especiais
A
s revoluções são silenciosas, dizem. Não nascem com discursos pomposos nem com balas de canhões. No samba, a última grande revolução não surgiu com nenhuma superprodução carnavalesca nem com discos arrasa-quarteirões. Ela raiou em um humilde fundo de quintal. Se o samba contemporâneo tem um berço, ele deve estar no subúrbio de Ra-
mos, no Rio de Janeiro. O bairro deu nome a um dos blocos de Carnaval mais populares do país desde o seu surgimento, em 1961, até hoje: o Cacique de Ramos. E não apenas isso. Dentro daquele bloco, alguns anos depois, surgiram artistas que revolucionariam o samba, o pagode e o partido alto como integrantes do Fundo de Quintal. Os patriarcas daquela família e remanescentes da
formação original são Bira Presidente, Ubirany e Sereno. A eles, somaram-se Ademir Batera, Márcio Alexandre e Júnior Itaguaí. No começo, a intenção não era montar um conjunto e atingir sucesso musical. Porém, com o tempo, o que acontecia naquelas reuniões mudou o rumo da música popular brasileira. “Não tínhamos nem ideia. Simplesmente nos reuníamos, brincávamos Rosa Marcondes/Especial
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com nossos instrumentos novos”, diz Ubirany. “Tinha uma turma da composição que surgiu com letras mais trabalhadas. Pessoas que davam o valor devido a isso. Era uma brincadeira, mas não tanto assim. Ficou séria, e acabou se transformando em um movimento da MPB.”
Mudança silenciosa, barulho estrondoso
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Gabriel O Pensador entregou o prêmio ao Fundo de Quintal
Michelle Beff/Divulgação
Arlindo Cruz
Thiaguinho
Caso você veja um grupo de pagode se apresentando em um boteco e alguém chegar com um repique ou um tantã, saiba que nem sempre foi assim. Ubirany explica que, naquele instante em que começou o Fundo de Quintal, um grupo de samba tinha a cozinha musical composta por tamborim, agogô e reco-reco, somados aos enormes instrumentos de percussão. Tudo mudou com a chegada deles. Um dos fundadores do grupo, Almir Guineto, falecido em 2017, introduziu o banjo com braço de cavaquinho. A mudança silenciosa fez um barulho estrondoso. Mas não foi a única inovação. “O Sereno, com o tantã, substituiu o surdo na marcação. Eu, com o repique-de-mão, dei o molho, o suingue, e fizemos um casamento muito rico. Eles se entrosam de uma maneira especial”, define Ubirany. “Tudo isso somado ao pandeiro do Bira, com letras compleMichelle Beff/Divulgação
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Márcio, Ademir, Ubirany, Bira, Sereno e Júnior
Zeca Pagodinho www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018
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Alcione
Sorriso Maroto
Jorge Aragão e Zezé Motta
Art Popular
Leci Brandão
Ferrugem
Som tirado de baldes e panelas
Nada disso, porém, foi programado ou nasceu pronto. Ubirany conta que, até mesmo para dar a forma final ao instrumen-
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to que ajudou a criar, foi preciso adaptação: “Eu tocava em balde, panela, qualquer coisa. Um dia, o Edson, que era baterista, pegou um tom e colocou na minha mão. Deixou aquele comigo e, quando tinha pagode, eu levava. Em outra oportunidade, pegaram um repenique de escola de samba, que é tocado com baqueta, e acabei tocando com a mão mesmo”, conta Ubirany. Mas o som era abafado, com pele dos dois lados. “Então,
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tas, com início, meio e fim, e com a irreverência do partido alto, o samba teve uma guinada legal. Tanto que os outro grupos começaram a ter uma formação instrumental baseada no Fundo de Quintal. É o maior prazer e uma das maiores gratificações termos influenciado esses grupos.”
Sereno e Seu Jorge
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tirei de um dos lados e deixei [o som] mais aberto. Só que o aro de metal machucava os dedos. Logo, em outro passo, rebaixei os aros. Mas ainda tinha muito metal. Aí troquei as varetas por madeira para ‘secar’ mais o som”, descreve, antes de fazer uma ressalva. “Todo mundo fala que criei [o instrumento]. Mas o que eu curto mais [ter inventado] foi a levada que ainda me empolga quando toco.”
Amigos acumulados pelo longo caminho
Além de lançar álbuns e manter a rotina de shows, o repertório está nas plataformas digitais
e, em 2015, o Fundo de Quintal venceu o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Samba com o disco “Só Felicidade”. São 33 ao longo da carreira, sendo 15 deles premiados com o disco de ouro e quatro com o de platina. O grupo segue em turnê ao lado da madrinha Beth Carvalho, que se apresenta deitada em um divã devido a um problema de coluna. Para um grupo tão longevo, esta é uma questão importante. Muitos artistas estiveram em diversas formações do Fundo de Quintal: Jorge Aragão, Arlindo Cruz, Walter Sete Cordas. Al-
guns faleceram, e guardá-los na lembrança e homenageá-los nos shows é, para Ubirany, uma maneira de manter viva a memória musical de todos eles, relembrando Neoci Dias de Andrade, Mário Sérgio, Almir Guineto, Arlindo Cruz, que se recupera de um acidente vascular cerebral, e Beth. Para Ubirany, o Fundo de Quintal deixa como legado à MPB uma dupla marca: o respeito ao samba tradicional e a levada instrumental. E, se pudéssemos acrescentar uma terceira, o ensinamento de que música boa não se faz sozinho. Michelle Beff/Divulgação
Beth Carvalho
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Dono de uma história
comum a muitos brasileiros, a do nordestino que conquista o país
mostrando sua cultura,
Frank Aguiar está prestes a completar 30 anos de carreira com muito sucesso.
Como celebração, Festa Nacional da Música homenageia o a
piauiense e reverencia o forró contemporâneo espalhado por ele
A
Os sonhos de um SONHADOR
história de Frank Aguiar é tão inspiradora como comum a muitos brasileiros. Nascido em Itainópolis, no Piauí, ele cresceu em uma pequena casa com mais cinco irmãos. O futuro, para a família, estava em se formar como advogado e ser “doutor”. Porém, ele trocou o paletó e a maleta pelo rabo-de-cavalo e pelos teclados, e se tornou um dos nomes mais importantes do forró na música brasileira. Francineto Luz de Aguiar cantava em restaurantes e bailes de debutantes. Aos 15 anos, porém, deixou sua terra natal para estudar em Teresina, onde ingressou na Universidade Federal do Piauí. Em vez de matricular-se no curso de Direito, ele se inscreveu em Música, contrariando a vontade dos pais. Impetuoso, embarcou em um ônibus para São Paulo, em 1992, quando tinha 22 anos, levando consigo apenas o sonho de gravar um disco. www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018
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“Naquela época, quase 30 anos atrás, foi determinante mudar-me para São Paulo”, afirma. “A grande mídia nacional era concentrada em São Paulo e no Rio. Isto foi fundamental, além do bom produto que apresentei. Você vê que os grandes fenômenos do meu gênero, o forró, vêm do Nordeste, como Safadão, Mano Walter e tantos outros.”
Músicas contemporâneas
Atualmente é diferente, ele garante. No entanto, ressalta que, embora as maneiras e as estratégias de divulgação tenham evoluído, não existe substituto para a música de qualidade. “Artistas como o Calypso, o Falamansa e eu têm músicas contemporâneas, que passam de geração para geração”, cita. Ao mesmo tempo, Frank Aguiar alerta para a “data de validade” das canções atuais, em comparação com as anteriores. “São músicas que, quando estouravam, ficavam um ano em evidência. Hoje, se faz todos os dias. A cada mês tem uma música nova de um artista. Então, ela fica pouco tempo em evidência e não fixa no inconsciente das pessoas.”
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Tato, do Falamansa, entregou a homenagem
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Cãozinho dos Teclados
O primeiro disco de Frank Aguiar foi gravado em 1992. Por mais de 20 anos, foi lançado, em média, um álbum por ano. Neles, sempre havia alguns dos hits mais reproduzidos nas rádios brasileiras: “Casado Também Namora”, “Mulher Madura”, “Morango do Nordeste”, “Prenda”, “Safadin”, entre muitas outras músicas que grudaram na cabeça das pessoas. O que muitos não sabem é que nem sempre as letras
ficavam na cabeça do próprio Frank Aguiar. Para driblar o esquecimento de um trecho, ele passou a intercalar o canto com alguns gritos agudos. O que era improviso, virou marca registrada e um novo apelido: o Cãozinho dos Teclados. Em 2005, Frank Aguiar lançou seu primeiro DVD lotando o Olympia, antiga casa de shows célebre em São Paulo. No ano seguinte, ele e o estado do Piauí foram homenageados como enredo do Carnaval Paulis-
Com Simaria e Simone
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Gravação do primeiro disco
ta pela Tom Maior. E, em 2010, o álbum “Daquele Jeito” foi indicado ao Grammy Latino na categoria Álbum de Música Regional ou de Raízes Brasileiras do Ano.
Descobridor de talentos
Outra marca que acompanha Frank Aguiar é a de descobridor de talentos. Em seu grupo, passaram muitos artistas que, mais tarde, alcançaram o sucesso com carreiras próprias. O caso mais emblemático é o da dupla Simone & Simaria. Quando faziam o backing vocal para
ele, as irmãs baianas eram as Pirralhinhas do Forró. O ótimo momento das meninas é comemorado, também, pelo mentor. “É uma sensação muito boa de gratidão, porque elas fizeram parte da minha história, do meu momento de auge, de sucesso.”
História que virou filme
A história de Frank Aguiar é tão representativa que poderia virar filme, pois é um roteiro quase pronto. E não é que virou? Em 2010, ele lançou “Os Sonhos de um Sonhador”, cinebiografia na
qual apresenta um pedaço de sua vida. Com Gustavo Leão, Rosi Campos e Chico Anysio no elenco e dirigido por Caco Milano, Frank cuidou de todas as partes do processo de criação do filme independente. Um detalhe que emociona ao relembrar das gravações é a convivência com o humorista Chico Anysio. O ator, falecido em 2012, interpreta Alemão, um empresário que se dedica a lançar o jovem artista no mercado musical. Chico rouba a cena em uma de suas últimas aparições nas te-
las de cinema, o que deixou Frank lisonjeado.
Música e política não se misturam
Com mais de uma década envolvido com a política, Frank Aguiar garante que nunca misturou as carreiras. Tanto que, dias após o fim da última campanha, havia substituído todo o material político do seu site e de suas redes sociais por conteúdo musical. “Tento de todas as formas não misturar a carreira artística com as atividades políticas”, assegura.
Com Alexandre Pires
Joe Jackson, pai de Michael Jackson
Na pré-estreia de seu filme
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A CAPITAL DO ROCK 78
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Vítor Corso/FNM
Em 1982, Aborto Elétrico, banda que ajudou a transformar o rock de
Brasília em movimento
cultural, chegou ao fim.
E como toda supernova,
a superestrela gerou dois grupos que mudaram a
história do rock brasileiro:
a Legião Urbana e o Capital Inicial. O primeiro terminou com a morte de
Renato Russo. O segundo completou 35 anos de estrada sem ter hora para acabar e foi
Festa Nacional da Música
homenageado na
Dinho recebeu o prêmio de Tico Santa Cruz
O
Capital foi a continuidade dada pelos irmãos Fê e Flávio Lemos ao Aborto. Os dois eram integrantes da Turma da Colina, nome dado a um grupo de jovens de um conjunto habitacional da Universidade de Brasília que cultuava a contracultura. Em vez de interromper a carreira após a cisão com Renato, eles decidiram dar prossegui-
mento com Loro Jones na guitarra e Dinho Ouro Preto, irmão de Ico (ex-guitarrista da antiga banda), nos vocais. O grupo nasceu na fase final do Regime Militar. Como resposta a canções de protesto, houve a tentativa de censura do primeiro disco, que tinha músicas como “Fátima”, “Música Urbana” e “Veraneio Vascaína”. O álbum ho-
mônimo passou pelo censor, mas foi reclassificado para maiores de 18 anos. “Quando surgimos, a Ditadura já estava um cadáver ambulante”, descreve. “Lembro que havia esse medo do que poderia ou não ser dito.”
ele, esses valores são intrínsecos ao rock. Ao mesmo tempo, surpreende-se com a quantidade de novos fãs que desconhecem a origem do grupo e questionem seu posicionamento político até hoje.
Dinho foi um dos defensores do estilo da banda e um dos que procura preservar esse engajamento. Para
Na segunda metade dos anos 1980, o Capital Inicial teve seu período mais produtivo. Lançou praticamen-
Sempre em frente
“Que País É Este?” atraiu todos os roqueiros ao palco www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Rosa Marcondes/Especial
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Aborto Elétrico
Capital versão 2018
Dinho Ouro Preto
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te um álbum por ano, abriu a turnê de Sting, no Brasil, e participou do Hollywood Rock, em 1990. Já a década seguinte foi turbulenta. O tecladista Bozzo Barretti deixou a formação oficial e Dinho licenciou-se da banda por cinco anos, sendo substituído por Murilo Lima. Quando retornou, em 1998, Dinho e os demais integrantes resolveram celebrar os 15 anos da banda com disco e turnê. Apesar do sucesso, evidenciado com o Acústico MTV, no ano 2000, Loro Jones decidiu deixar o grupo e foi substituído por Yves Passarel —
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formação que se mantém até hoje.
“Tio” da nova geração
Em 2014, Dinho foi jurado no programa “Superstar”, da TV Globo, apadrinhando a banda vencedora, Malta. Porém, esta não foi sua única contribuição à nova geração. Ele se aproximou de diversas outras bandas para trocar sua experiência e absorver novas sonoridades. Descobriu que havia um grupo de WhatsApp do qual todos os integrantes de bandas novas de rock participavam e pediu para ser incluído. Na primeira
reunião dos artistas, na casa de Lucas Silveira, da Fresno, apresentou uma música inacabada. Lucas devolveu-lhe com uma solução inesperada, o que chamou a atenção de Dinho. “Vi nele a possibilidade de surpreender as pessoas”, conta, “e o chamamos para produzir nosso disco. E também gente da Scalene, da Far From Alaska, que são 20, 30 anos mais novos do que nós, para tocar e cantar no disco. Não que acho que haja uma regra. O Capital se apresentou recentemente, em São Paulo, e mostramos quatro músicas novas.
Dois terços do material do show foi composto nos últimos 18 anos. O Capital nunca parou de produzir. Lançamos discos novos a cada dois anos. Mas a postura sempre foi de olhar para o projeto seguinte.” O álbum em questão, “Sonora”, antes de ser lançado como uma compilação, teve seus singles distribuídos mensalmente nas plataformas digitais. Dinho garante que, embora os compositores sejam os mesmos, os timbres e arranjos produzidos por artistas mais jovens transformaram o som do Capital Inicial em algo totalmente no-
vo — e até mesmo por isso não se importa em ser considerado o “tio” da galera. “Para ver se o rock está indo bem ou mal, não é olhando para a nossa geração, é para as bandas novas”, afirma. “O Gustavo [Bertoni], da Scalene, tem 25 anos. É 30 anos mais novo, é um moleque. Eles nos veem como os tios que ainda estão aí e gostam do fato de que a gente conhece eles, sabem quem são, gosta das bandas.”
Quanto mais compõe, melhor fica
Dinho defende que, para manter-se atua-
lizado, o processo de construção precisa ser contínuo: “Acabamos um disco agora, e já estou pensando no outro. Compor é como tocar um instrumento: quanto mais você compõe, melhor e mais fácil vai ficando.” O vocalista foi à Festa Nacional da Música, em Bento Gonçalves, não apenas para receber a homenagem em nome dos companheiros. Dinho prestigiou os novos músicos, reverenciou antigos mestres e exaltou artistas dos mais variados gêneros. “Um encontro como este enfatiza a riqueza e a variedade da cultura popular brasileira.”
Novo disco: “Sonora” “Tio” da nova geração
Dinho: “Rock é MPB”
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Vítor Corso/FNM
OS REIS DA CHALAÇA
Mano Changes e o troféu da Comunidade Nin-Jitsu
Lucas Silveira cantou “Detetive”
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Vocalista da Fresno entregou o prêmio
Em 2018, eles completam 20 anos desde o lançamento de “Broncas Legais”, disco que apresentou a Comunidade Nin-Jitsu para os brasileiros e o funk para os gaúchos. Sem perder o jeito irônico de ser, o grupo mostra por que a banda sempre foi a prioridade de artistas tão prolíficos
F
rancisco Gomes da Silva foi um português do século 19 menos conhecido pelas habilidades políticas e mais por ser o escudeiro de Dom Pedro I na boemia. Até mesmo por isso, quase 200 anos depois poucos o identificam pelo nome de batismo, e sim pelo apelido, Chalaça, que virou sinônimo de gozação, deboche e malícia. Uma palavra que define com precisão o espírito da Comunidade Nin-Jitsu como nenhuma outra banda de rock. São 20 anos desde o primeiro disco e 23 anos co-
mo um grupo. Depois de algumas fitas demo e shows de abertura para artistas consagrados, a Comunidade lançou, em 1998, “Broncas Legais”, álbum que contém as clássicas “Detetive”, “Merda de Bar” e “Melô do Analfabeto”. O disco mistura o peso do rock com samples do Miami Bass — movimento surgido na Flórida com artistas como 2 Live Crew —, e apresentou aos gaúchos o som que DJ Marlboro havia introduzido com o funk carioca. Duas décadas mais tarde, eles consideram que a aposta foi certeira.
“Estamos há mais de 20 anos acreditando que o funk é o som popular do Brasil. Mas a gente também já tinha o amor pelo funk do Red Hot Chili Peppers e do Funkadelic. A gente gosta de um monte de coisa, na real”, explica o guitarrista Fredi Endres. Em 2000, a Comunidade lançou um álbum ao vivo e emendou outro de estúdio, “Maicou Douglas Syndrome”, que manteve a tradição de garantir hits com “Ah! Eu Tô Sem Erva”. Na sequência vieram shows pelo país e uma turnê europeia, em 2009.
A banda é prioridade Nesse período, também foram lançados os álbuns “Aproveite Agora”, “Comunidade no Baile” e “Atividade na Laje”, sempre com sucessos como “Casa do Sol”. Porém, foi na primeira década dos anos 2000 que os integrantes precisaram aprender a conciliar a agenda da banda com as atividades paralelas. Em 2006, o vocalista Mano Changes foi eleito deputado estadual e permaneceu no cargo por dois mandatos, sendo reeleito em
Nando, Gibão, Mano e Fredi www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Vítor Corso/FNM
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2010. Apesar disso, nunca houve intervalos na trajetória da banda, e há um consenso de que os outros projetos não atrapalharam a carreira da Comunidade.
No palco Cidade da Música
“A gente sempre entendeu a Comunidade como um espaço sagrado. Eu nunca usei o palco para falar de algum tema político, para falar de ideologia. Eu prefiro que meu eleitor pense que o Mano veio aqui, fez o show e continua a mesma pessoa. Não se aproveitou do palco para influenciar.” O baixista Nando Endres testemunha a favor do companheiro: “Durante todo o tempo em que ele estava deputado estadual, nunca deixou de cumprir nenhum compromisso da banda.”
Projetos paralelos
Além de produzirem o último disco da banda, “King Kong Diamond”, lançado em 2014, ao lado de Edu K, os irmãos Endres conduzem seus próprios projetos. Nando tem o Pedrada Afu, banda formada com Fabão, Pedro Porto e Pancho Santos. Fredi é o DJ Chernobyl — apelido ganho no programa Rock Gol, da MTV — e assina produções e remixes com este nome desde 2005. Um deles é a canção “Tara”, de Pabllo Vittar. Os dois e Erick, filho de Fredi, também formam a Endres Experience, banda formada com o baterista Gabriel Azambuja, da Cachorro Grande, para homenagear a obra de Jimi Hendrix. O trio de frente nunca mudou. O
Atividade parlamentar nunca atrapalhou
“Broncas Legais” fez 20 anos em 2018
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mesmo não pode ser dito dos bateristas. Atualmente, Gibão Bertolucci é quem empunha as baquetas. Antes dele, contudo, houve duas trocas. Pancho fundou a banda e ficou por mais de uma década. Ele cedeu o lugar para Cláudio Calcanhoto, em 2006, e o irmão de Adriana Calcanhoto, por sua vez, passou as baquetas para Gibão em 2009. “A gente nunca tirou nenhum, eles que pedem para sair”, conta Nando.
Parcerias musicais
Um dos últimos trabalhos da Comunidade Nin-Jitsu foi a dobradinha com Mr. Catra, no Planeta Atlântida 2018. O histórico no quesito parceria é imenso. Quando iniciaram, Ultramen, Acústicos & Valvulados, Planet Hemp e Raimundos instalaram o tatame para que a Comunidade Nin-Jitsu começasse a luta na música brasileira. Por outro lado, eles abriram as portas para que novos grupos surgissem. “Os primeiros shows do Massacration foram abrindo shows da Comunidade, em São Paulo. A gente estimulou que deixassem de ser um quadro musical de humor do Hermes & Renato e se tornassem uma banda ao vivo”, revela Fredi. “E o Catra era o rei do funk, e a Comunidade bebe do funk. Infelizmente, agora, ele se foi. Ele era chalaça como nós somos chalaça. Sempre tem banda chalaça com a gente.”
Bateria teve Pancho, Calcanhoto e Gibão
Índio é integrante especial www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação
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O encontro
DO CAMPO COM A CIDADE 86
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Recebeu o troféu de Antonio Villeroy
Há
muitos anos , os gaúchos acordam aos domingos
ouvindo:
“Eu sei que não vou morrer, porque de mim vai ficar o mundo que eu construí, o meu Rio Grande, o meu lar.” A voz de “Origens”, tema do Galpão Crioulo, é de Neto Fagundes, herdeiro de uma das famílias mais importantes para o tradicionalismo e elo entre muitos pagos e gerações
Neto dedicou o prêmio ao tio Nico
A
Interpretou o “Canto Alegretense”
Artista se emocionou com o carinho
frase do título é de Ernesto Fagundes. O músico define o irmão mais novo como o homem que levou a alma campeira para os parques e as esquinas da Capital. Não há como discordar. Neto Fagundes chegou a Porto Alegre para ser artista, e se tornou mais do que isso. É a voz, o rosto e a referência do tradicionalismo para todas as gerações de gaúchos. Esses são apenas alguns dos motivos que o levaram a ser homenageado na Festa Nacional da Música. Euclides Fagundes Neto nasceu em Alegrete, em 1963, e foi batizado com o nome do avô. Filho de Bagre, músico e folclorista, e Marlene Vilaverde, é ainda sobrinho de Nico e Darcy Fagundes. Cresceu com o nati-
vismo em casa e no sangue. Aos 15 anos, após um ano em Santa Maria, partiu para Porto Alegre para cursar a faculdade de Direito, abandonada em 1982, para se dedicar à música com o amigo Renato Borghetti. Sem a família por perto, ele contou com os pais de Borghettinho, Rodi e Alda, para perseguir o sonho. “Eles me deram o melhor de tudo que é o coração deles e a parceria eterna.”
A voz da família
O primeiro disco de Neto Fagundes foi intitulado “Gauchesco e Brasileiro”, uma expressão que ele mesmo canta na mais famosa canção de Os Fagundes, “Canto Alegretense”. Com isso, se tornou a voz da família ao lado do pai, do tio e dos irmãos mais no-
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vos. O percussionista Ernesto Fagundes define o primogênito como “o artista que uniu o campo e a cidade”:
Com Borghetti
“Ele sempre sonhou em unir a cultura regional à cultura urbana. Tanto que ele consegue estar nos festivais de música, lançando o ‘Canto Alegretense’, depois participando do Rock de Galpão, que foi um projeto criado por ele junto com a banda Estado das Coisas, sempre querendo integrar o campo e a cidade.”
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Rock de Galpão
Marcello Caminha
Neto Fagundes lançou pelo menos quatro discos de estúdio antes de assumir, pela primeira vez, o comando do “Galpão Crioulo”. “Penso no hoje”, afirma com convicção. “Nossa briga é para manter o programa na grade de programação da Globo no estado. Somos artistas e precisamos deste e de muito mais espaços, seja na televisão, no rádio ou no jornal.”
A melhor forma de compor é em parceria, especialidade de Neto
Com Os Fagundes, Neto lançou outros quatro discos de estúdio e um álbum ao vivo, além de um DVD, em 2015. O cantor já foi eleito três vezes como o melhor intérprete do estado e recebeu o Prêmio Açorianos em 1999, 2004 e 2012. Porém, o que mais lhe agrada é ser reconhecido como compositor.
Com o pai, Bagre Guri de Uruguaiana e Nico
Ele conta que gosta de compor na madrugada ou no começo da manhã, quando pega o chimarrão e vai para o estúdio que possui em casa. Tem canções ao lado de Élton Saldanha, Nico Fagundes, Ernesto Fagundes, entre outros artistas. Neto revela que já compôs, inclusive, uma música no estacionamento do McDonald´s para um disco do Tchê Guri. “A parte da composição é muito estranha”, conta Neto. “Posso até progra-
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mar algumas coisas. Às vezes por encomenda, mesmo. Venho da área da publicidade. A música é outra coisa. Tem que ter refrão, harmonia, uma condução totalmente diferente.”
Os Fagundes
Desde 2015, Neto assumiu seu alterego, o Nêgo Véio — personagem que ele utiliza no Pretinho Básico, da Rádio Atlântida, e mesmo antes no Cafezinho, da Pop Rock —, e lançou um livro. A publicação compila causos que ele acumulou ao longo
de mais de 30 anos de carreira. Mesmo com tanta popularidade, ele não pensa em desbravar outros pagos e prefere manter-se fiel à cultura gaúcha: “O Jayme Caetano Braun falou uma vez para mim, em uma entrevista, que ainda bem que a música gaúcha não é moda em todo o Brasil, porque o que é moda sai de moda. Nossa música é de raiz, de cultura, para falar das nossas coisas, do nosso lugar, dos nossos costumes.”
A família Fagundes no entorno da matriarca, Marlene
“Causo do Nêgo Véio”: Perdido
Com Shana Müller, Kleiton e Kledir
Inverno rigoroso na fronteira e uma neblina que cobria a Praça Nova, lá para os lados da coxilha seca no Alegrete. Um brigadiano observa um cara de poncho cambaleando pela rua, numa baita borracheira. Ele se aproximou e o borracho levantou a cabeça, olhou bem nos olhos do soldado e disse: — Tu sabes onde mora o doutor Gaudêncio Vargas? — Mas Gaudêncio é o senhor, doutor! — Que sou eu, eu sei. Só não tô me lembrando bem onde é que eu moro! www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação
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O milagre de DAVI 90
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Um
Davi Sacer desde Após se recuperar de uma paralisia infantil, ele passou a se dedicar ao canto em igrejas, descobriu sua missão e divulga a palavra de Deus aos milhões de fieis pelo Brasil. Nesta edição da Festa da Música, milagre acompanha a vida de
menino.
o artista foi um dos homenageados
O
casal Maria dos Anjos e Abrahão Oliveira tinha 10 filhos quando Davi foi anunciado. O caçula foi criado sob os mesmos preceitos cristãos da família, mas foi abençoado de maneira diferente. Uma paralisia o impe-
diu de caminhar até os 3 anos. Porém, depois de muitas preces, conseguiu andar com as próprias pernas e seguir seu caminho, reverenciado pelo público e por outros artistas, alguns dos quais encontrou na Festa da Música, onde foi receber seu prêmio.
Michael Sullivan entregou troféu para Davi Sacer
Interpretou “Deus de Promessas”
No Festival Promessas com a esposa Verônica
Deus, para ele, recompensou-o com um dom. Deu-lhe a voz para cantar e levar as mensagens do evangelho. Aos 8 anos, começou a acompanhar um dos irmãos em igrejas. No entanto, foi apenas aos 18, quando ingressou no grupo Jovens com Uma Missão, que ele entendeu que aquilo não seria passageiro. Em realidade, seria sua forma de deixar uma obra ao mesmo tempo espiritual e artística. “Entendi que esta era minha missão: além de cantar, levar a palavra de Deus através do louvor.” De 1997 a 2000, ele fez parte do Tabernáculo de Davi com o Pastor Cláudio Claro, com o qual gravou dois discos: “10 Anos” e “Espírito San-
to”, fazendo participação nas músicas “Profetiza” e “Glória, Aleluia”. Neste período, ele também conheceu sua esposa, Verônica, mãe de seus filhos Maressa e Breno.
Timbre diferenciado
“O primeiro contato que tive foi com a voz dele. Perguntei a uma amiga quem estava cantando, e ela nos apresentou”, conta Verônica. “A primeira impressão que tive foi que a voz dele é algo de Deus. Uma das mais bonitas do gospel, um timbre único, diferenciado, que traz bênçãos, cura e salvação. É um instrumento de Deus.” O casal seguiu, a partir de 2003, ao Ministério Toque no Altar. Foi lá que as
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A esposa Verônica
Wesley Safadão e Thyane
Os filhos Maressa e Breno
composições de Davi Sacer, e não apenas a sua voz, passaram a ser conhecidas pelo grande público. Segundo ele, resultado de três pilares que sustentam o artista gospel: “O processo de inspiração e transpiração é o mesmo de qualquer compositor. Só que a gente tem um outro ponto que é a revela-
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ção. Você lê a palavra e tem a revelação do que Deus quer te passar. Então, você funde essas três coisas. Coloca uma melodia, uma letra, pensa na poética. É basicamente a mesma forma, mas acrescentando a mensagem, que entendemos como algo maior.”
Carreira solo
Em 2007, o casal
fundou, juntamente com outros integrantes, o grupo Trazendo a Arca. Inclusive, dois antigos parceiros — Ronald Fonseca e Luiz Arcanjo — seguiram juntos com eles para o novo projeto. Com o CD “Deus não Falhará”, lançado em 2008, Davi deu início à carreira solo, embora estivesse ainda com a banda. O fim oficial da Trazendo a Arca acon-
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teceu apenas em 2010. “Foram momentos muito lindos com as duas bandas”, destaca o cantor e compositor. “Vale a pena caminhar quando todo mundo está olhando para a mesma direção. Chega um momento em que é natural — e eu não estou dizendo que seja errado — pensar em outras coisas, trilhar outros caminhos, ter outra visão.
Maressa e Verônica Sacer Simone e Verônica
No batismo do filho, Breno
Nova geração do gospel brasileiro
Respeitando esse momento, decidimos que não deveríamos continuar juntos. Mas seguimos amigos e a vida segue normal. É só a questão musical mesmo.” “Foi algo progressivo, transitório. A banda entendeu que era o momento de ele seguir solo, mas seguimos amigos, foi tudo em paz. Sempre fiz participa-
ções nas bandas. As vozes femininas eram minhas. Agora, canto com ele e canto solo. É um projeto de Deus e temos que cumprir o propósito”, acrescenta Verônica.
Benção pela música
Davi talvez seja um dos artistas do segmento que melhor entendeu o mercado gospel. Soube aliar o conhecimen-
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to estratégico e administrativo com a incumbência de levar a palavra divina. Não à toa tem mais de 4 milhões de discos vendidos, além de ser premiado com os troféus Talento e Promessas, dois dos mais importantes do gênero. Para provar que suas músicas não atingem apenas o público cristão, Davi lançou “Deus
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de Promessas” em parceria com a cantora Simone, da dupla Simone & Simaria. O vídeo já tem quase 10 milhões de visualizações no YouTube, e a letra é repetida impecavelmente por todos os fãs nos shows do cantor. Sinal de que, para ele, a missão está sendo cumprida: “As pessoas se sentem abençoadas pela música. É um público aberto.”
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Talento maior
QUE A FAMA 94
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O talento de Ângela Bavini, homenageada na Festa Nacional da Música, é inversamente proporcional à sua fama. Isto porque sua carreira alternou gravações de estúdio com grupos vocais, comerciais de rádio com programas de televisão. Talvez você não a conheça — mas certamente sabe quem ela é
V
ocê lembra daquele comercial das Casas Pernambucanas: “Não adianta bater, eu não deixo você entrar”? Era Ângela Bavini. E da música-tema da novela “Te Contei”, de 1978, “Cara de Pau”? Também era Ângela. E dos músicos de apoio dos programas de auditório do Sílvio Santos? E das canções da versão brasileira de “Chiquititas”, no SBT? E do grupo Quatro Por Quatro, que tinha Sylvinha Araújo e outra cantora? Sim, em todos os casos, era ela.
tário que ela se considera mais realizada: “O que eu mais gostava de fazer, embora gostasse de tudo, era o jingle. Gravei Sufflair, Riachuelo, McDonald´s em russo, alemão, português, inglês e chinês. Me fascinava mais”.
Mudança no auge
O auge da fama aconteceu no fim da década de 1970. A dupla Ana & Ângela, da qual fez parte com Áurea Catharina Ribeira, gravou “Cara de Pau”, música que ganhou o país na novela “Te Contei”, da TV Globo. A pressão familiar, entretanto, fez com que ela adandonasse a carreira: “Eu não gostei [de fazer]. Pressão demais da minha mãe e do meu noivo na época. Infelizmente tive de abrir mão com dois discos de ouro, participações na ‘Buzina do Chacrinha’, ‘Fantástico’. No auge, mesmo.” Já a participação no grupo vocal Quatro Por Quatro, nos anos 1980 e 1990, traz o sentimento inverso. Ângela e Sylvinha Araújo integravam a Roubou um beijo romântico www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Rosa Marcondes/Especial
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Ângela Márcia Firmo Bavini é artista desde os 7 anos, quando começou a cantar no coral da Igreja Metodista. Fez locuções, composições, dublagens. Talvez tenha sido — porque é difícil atestar fielmente — a artista que mais gravou vozes em estúdio no Brasil, tanto de jingles quanto de vocais de apoio. Entre os artistas para os quais fez backing vocal, estão Milton Nascimento, Laura Pausini, Zezé di Camargo & Luciano, Chico Buarque e Rita Lee. No entanto, foi no ramo publici-
Sérgio homenageou a esposa
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banda com os cantores Edgard Gianullo e Faud Salomão. “Esse eu tenho pena de não ter continuado. A Sylvinha era minha irmã. Sem ela… Fico até triste de pensar”, lamenta, com os olhos marejados, ao lembrar da amiga que faleceu em 2008. Ângela foi vocalista nos programas “Show de Calouros” e “Qual É A Música”, de Sílvio Santos. No começo, apenas acompanhava a irmã, Sara Regina, nos concursos. Depois, a partir dos 17 anos, decidiu encarar a carreira solo, ainda como coadjuvante. Apenas em 2009 ela decidiu lançar um álbum como cantora principal. E não tem nenhum arrependimento dos caminhos que seguiu: “Não me sinto nem um pouco magoada ou sentida. Gravei com Júlio Iglesias, Roberto Carlos, Sérgio Reis. Me sinto super-realizada na profissão”.
Ângela e Sérgio na FNM 2018 Rosa Marcondes/Especial
Na TV Record
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Sua música como ela merece ser ouvida. HARMAN PRO
Ouvir música com potência acima de 85 decibéis pode causar danos ao sistema auditivo (Lei Federal nº 11.291/06).
A Harman Professional conta com uma família de marcas, entre elas JBL Professional e AKG, para as mais diversas finalidades tratando-se de música, com uma gama de soluções de áudio acessíveis e de alto desempenho que são projetados para reproduzir o som da mais alta qualidade e fidelidade sonora.
HarmanProBrasil
pro.harman.br
Trabalho ao lado da alma gêmea
Entre tantos trabalhos, o que mais tem carinho é o atual. Ela e o marido, Sérgio Reis, lançaram um álbum com duetos românticos. O casal se conheceu no fim de 1989, quando Ângela gravou os vocais de apoio do disco de Serjão. Ele se encantou tanto pela voz dela que a convidou para sair em turnê, embora respeitasse a condição da cantora, que na época
era casada. Somente anos depois assumiram o namoro e estão juntos até hoje. Na 14ª Festa Nacional da Música, Sérgio Reis era apenas o acompanhante de Ângela Bavini, a estrela da noite. Em uma brincadeira do casal, ele se gabava de ter gravado dezenas de discos, talvez mais do que qualquer artista do evento. Ela, devolvendo a provocação, respondia que não mais do que ela mesma.
Sérgio era obrigado a concordar. “É uma covardia. Sabe mais do que eu. Faz vocal há muitos anos, tem ouvido absoluto. Quando assistimos ao ‘The Voice’ e alguém sai do tom, ela já avisa”, brinca. Na noite de homenagens, o casal interpretou “Alma Gêmea” com Peninha ao violão. A canção está no álbum mais recente deles — e não poderia ter título mais simbólico.
No Instituto Brasileiro de Controle do Câncer
Com o grupo 4 x 4
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Leo e Deus NO SERTÃO
Com a pausa da dupla Victor & Leo, o irmão mais novo divide-se entre as funções de ator, escritor e palestrante, mas não interrompe a carreira de cantor. Pelo contrário. A agenda intensa é a prova de que Leo Chaves não está só
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eo Chaves não está só. Ele suspendeu, temporariamente, as atividades da dupla com o irmão Victor. Mas não pode ser considerado um artista solo. Com palestras agendadas no país inteiro, sucesso de vendas com o livro “No Colo dos Anjos” e em fase fi-
nal de produção do musical no qual representará Sérgio Reis, o artista segue sua trajetória de sucesso, evidenciada na premiação recebida na Festa Nacional da Música. O cantor reconhece que conciliar tantas tarefas e executá-las com excelência é um
desafio. Porém, entende que esta é uma maneira de colocar em prática aprendizados que adquiriu ao longo de 26 anos de carreira. Para ele, tornar-se palestrante foi o jeito encontrado para compartilhar conhecimentos e manter-se estudando constantemente. “Estudar é
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nutrir a mente, a criatividade e a alma”, define Leo.
As coisas simples da vida
O irônico é que, na televisão, Leo Chaves era convincente das duas maneiras. No “The Voice Brasil Kids”, ele avaliava e orientava crianças no domínio do palco. No programa “Sai do Chão”, era um dos anfitriões da segunda temporada fazendo parcerias com artistas dos mais variados estilos. A experiência televisiva o ajudou a lidar com o público das palestras.
Nando Cordel entrega troféu com muita alegria
Leo prefere cantar sobre as coisas simples da vida. Nascido em Abre Campo (MG), mudou-se com a família para Belo Horizonte em 1994. Estudou canto com o irmão por seis anos, enquanto se apresentavam em bares da cidade. Em 2001, foram para São Paulo e gravaram um disco a convite de Silvinha e Eduardo Araújo. Divulgação
No palco, ao lado do irmão Victor
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REVOLUÇÃO SONORA Desde o primeiro toque você irá se surpreender com o que irá escutar. A linha CT-X é a combinação perfeita de autenticidade, altíssima qualidade sonora além de ser extremamente potente e portátil. Um modelo versátil que se destaca entre os instrumentos da mesma categoria. Até mesmo os tecladistas mais exigentes ficarão impressionados com o poder da performance do CT-X. ACÚSTICO INTELIGENTE EXPRESSIVO
casioteclados
casioteclados
www.casioteclados.com.br
@casioteclados
O sucesso no país inteiro começou em 2006, mas os temas ainda eram bucólicos. Não à toa algumas das músicas da dupla a atingir o topo das paradas foram “Vida Boa” e “Deus e Eu no Sertão”. A partir de 2007, Victor & Leo já estavam entre os grandes artistas brasileiros. Passaram pelas principais gravadoras do país, e se tornaram referência no sertanejo.
Best-seller e musical
Em 2017, Leo Chaves lançou “No Colo dos Anjos”, que se tornou best-seller em pouco tempo. Sabia, no entanto, que não poderia ser um livro de autoajuda qualquer. Por isso, decidiu criar uma história ficcional de dois artistas em momentos diferentes. Enquanto um jovem se recupera da dependência química, outro, mais velho, atua como seu guia na retomada da carreira. Muitos eleLeo convidou Sérgio Reis para cantar, reverenciando o ícone sertanejo
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Com Ségio Reis na Festa
Mãe, Marisa
Os filhos Matheus, Antônio e José
Ivete Sangalo
Prima Juliana
mentos da própria experiência estão presentes, mas faz questão de deixar claro que não se trata de nenhum caso particular.
Estreia no teatro
Leo pisou em muitos palcos. O que ele tem menos intimidade é com o teatro. Isto deve mudar no ano que vem, quando está prevista a estreia do musical sobre a vida de Sérgio Reis. Leo Chaves será o protagonista. “Esse é um projeto que me escancara o sorriso. Cresci degustando a obra do Serjão”, revela.
Cissa Guimarães
O que não é simples é a história de Victor & Leo. Eles tiveram 15 anos de sucesso. Em 2017, o irmão mais velho encerrou o ano como o autor com maiores rendimentos no país segundo o Ecad. Em 2018, decidiram dar uma pausa e se dedicarem a projetos individuais.
Filho José
“Estaremos durante um período em recesso, onde cada um seguirá com projetos individuais, em comum acordo”, explica Leo. “Ambos precisamos pegar um fôlego. É claro que uma história de 26 anos deixa um legado.”
Primeiro show, em 1992 www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação
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Alice Urbim recebe a homenagem do diretor da TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo em Fortaleza, Fábio Ambrosio
Galpão SAGRADO
O “Galpão Crioulo” completa, em 2018, 36 anos ininterruptos dentro da programação RBS TV. Desde sua criação, com Nico Fagundes, até hoje, nas mãos de Neto Fagundes e Shana Müller, o programa se tornou, ele próprio, um patrimônio da cultura gaúcha
da
O
nome “Galpão Crioulo” remete à tradição campeira do Rio Grande do Sul. Um galpão é, por definição, um abrigo. Local para guardar as coisas mais sagradas. Mesmo simples, com estrutura de madeira, chão de terra batida e cobertura de palha, lembra-nos que o mais
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importante são os valores compartilhados ali dentro. Como aqueles fundamentos da cultura gaúcha que, há mais de 36 anos, são apresentados semanalmente na tela da RBS TV. Exibido pela primeira vez em 1982, o programa foi comandado por três décadas
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pelo alegretense Nico Fagundes. O folclorista levou para a televisão uma tradição radiofônica que remetia aos anos 1950, quando Darcy Fagundes e Luiz Menezes lançaram o “Grande Rodeio Coringa”, programa de auditório da Rádio Farroupilha que recebia músicos e trovadores regionalis-
Neto Fagundes, Lê Vargas e Shana Müller
tas da estirpe de Teixeirinha e Gildo de Freitas. Com o apelo da imagem, foram descobertos novos artistas, como o gaiteiro Heber Artigas Armua Frós, que esteve no programa inaugural. “O primeiro Fagundes a me adotar foi o falecido Darcy, irmão do Nico e tio do Neto”, relembra o já consagrado Gaúcho da Fronteira. “Sou suspeito em falar. Tínhamos e temos outros pro-
gramas de televisão. Eu apresentei o meu também. Mas o Galpão Crioulo foi fundamental na formação cultural e musical de muita gente. Espero que continue sendo bonito, sendo bem feito, e mantenha essa mensagem de alegria, esperança e otimismo.” O programa começou nas manhãs de domingo. Passou para as tardes de sábado e, posteriormente, foi devolvido às manhãs de domingo.
Tradição que passa de tio para sobrinho
Em 2000, Nico Fagundes sofreu um acidente vascular cerebral e precisou se afastar. O único apresentador apto a assumir seu lugar, segundo o próprio Nico, era seu sobrinho, Euclides Fagundes Neto. “A Alice [Urbim, então diretora da atração] me ligou e disse: ‘É amanhã a gravação do Galpão Crioulo’. Eu pensei que era para cantar, e ela cor-
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O que seria uma substituição temporária se transformou em uma parceria duradoura. “As coisas fogem da gente. Nunca me programei. Aconteceu naturalmente. Mas já estou há 18 anos apresentando o Galpão, metade do tempo oficial de programa. Hoje, com a Shana. Antes, um período sozinho. Sou fruto do Galpão Crioulo. Ali estava a vitrine maior. Ali estavam os grandes artistas gaúchos. Eu via na minha família a vontade de oportunizar artistas. Este talvez seja o grande legado que tenha herdado. Saber que aquele espaço Paixão Côrtes e Nico Fagundes
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rigiu: ‘Pra cantar, não. É para comandar’. Naquela noite foi a primeira vez que parei e pensei no que poderia acontecer. Só tinha uma incumbência: ficar até o tio Nico voltar. Até comentei com ele: ‘Vou lhe esperar, pois o senhor é o comandante do Galpão’. Então, quando ele voltou, fizemos uma dupla”, relembra Neto, que diz ter se sentido com a responsabilidade de ajudar o tio. Neto e Nico Fagundes
Nico Fagundes no início da trajetória do programa
A primeira apresentadora
Em maio de 2012, Nico precisou deixar o programa definitivamente. Não demorou muito tempo até que, em agosto daquele ano, Neto ganhasse a companhia de Shana Müller, a primeira mulher a apresentar o programa. A apresentadora lembra que, na primeira vez em que participou da atra-
ção como convidada, tinha apenas 12 anos. Ainda era aquela prenda recém descoberta no meio nativista por interpretar “Vitória-Régia” ao lado de Wilson Paim. Quando revê as imagens daquela gravação, Shana se emociona e diz ter ficado encantada com os bastidores da televisão. “Aquela menina tímida nunca pensou nisso”, conta Shana.
Mais do que música gaúcha
Embora esteja bem próximo de completar 40 anos, o “Galpão Crioulo” passou por poucas mudanças drásticas. É claro que sempre acompanhou a evolução tecnológica e se adaptou às tendências de cada período. Porém, nunca se afas-
Maicon Hinrichsen/Divulgação
é muito mais para os outros do que para nós. Podemos estar formando uma nova geração de artistas, como o Thomas Machado, que não era nem nascido quando o Gaúcho da Fronteira já era o Gaúcho da Fronteira”, destaca Neto.
Shana fez o chá de bebê do filho Gonçalo com o tema do programa, em 2016
tou dos princípios de ser o esteio da cultura tradicionalista. A última grande transformação aconteceu em abril deste ano, quando passou a ter espaço, também, para reportagens, e não apenas uma atração musical. Para Neto Fagundes, não há como prever o futuro do Galpão. Como diria Nico Fagundes, um programa que sempre foi feito para gaúchos e gaúchas de todas as querências.
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O GAROTO DE OURO do sertanejo 108
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Neto com a esposa, Juliana Padilha
Um dos principais responsáveis pelo sucesso do Sertanejo na atualidade não nasceu no Sertão mineiro ou no C entro -O este caipira . N eto Schaefer, o produtor por trás de artistas como Michel Teló, Lucas Lucco e Maiara & Maraísa, é de Blumenau (SC). Mesmo tão jovem, ele foi homenageado na Festa Nacional da Música pela explosão do estilo nos últimos anos
E
é coincidência. Por trás desses artistas, está um jovem produtor responsável pela revolução da nova geração da música sertaneja. Neto Schaefer é músico desde os 12 anos, quando começou os estudos em Blumenau (SC), onde nasceu. No
entanto, mesmo que tenha integrado bandas da região durante a adolescência, foi na produção musical que ele encontrou seu espaço. A dedicação a esta profissão, segundo ele, foi uma maneira de canalizar o luto e honrar os incentivos do pai após sua morte precoce. “Acredito que toda perda tem seu peso”, conta Schaefer. “Porém, perder quem mais tinha me influenciado até aquele momento me deu forças maiores para ir em busca desse sonho. Contei com
o apoio da minha mãe, que a partir da minha perda paterna se colocou como a maior apoiadora. E, hoje, tenho ela, minha esposa e meus filhos, que me dão força para ir além do que eu sonhei.”
Reconhecimento
Em 2012, após alguns anos como produtor independente, Neto Schaefer foi convocado para gravações em São Paulo. Naquele ano, ele atuaria como músico de estúdio para artistas como Jorge & Mateus, Bruno & Marrone, João Bos-
Vítor Corso/FNM
m “O Mar Parou”, Michel Teló mistura sua levada caipira com o ritmo do pop latino. Mistura parecida com a que faz Lucas Lucco no hit “Mozão”, canção romântica com um toque contemporâneo. O que a maioria dos fãs não sabe é que isso não
Michel Teló
Neto recebe o prêmio de Northon Vanalli
Lucas Lucco Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação
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co & Vinícius e Marcos & Belutti, entre outros nomes do sertanejo. No ano seguinte, sua fama se espalhou, e ele foi convidado a gravar, também, com Luan Santana e Fernando & Sorocaba. Com uma rotina assim, ele assegura não sentir falta dos palcos, e enxerga no sucesso dos amigos um reconhecimento ao seu próprio trabalho. “O sucesso do artista é também a felicidade do produtor”, garante Schaefer.
Sonho realizado
Neto Schaefer montou seu primeiro estúdio em 2014 e deu a ele o nome de Classic Estúdio. No segundo mês ele já estava produzindo a música “Quando Deus Quer”, de Lucas Lucco, e, em seguida, assumiu a produção de canções de Michel Teló. Naquele mesmo semestre, Jorge & Mateus escolheram Schaefer para a produção do álbum “Como. Sempre Feito. Nunca”, do qual saíram os hits “Sos-
seguei”, “Louca de Saudade”, “Paredes”, “Pra Sempre Com Você” e “Ou Some Ou Soma”. O sucesso com o público reverberou entre os artistas, que passaram a comentar o nome de Neto nos bastidores. O produtor se viu motivado a investir em um segundo estúdio, em São Paulo, com equipamentos de ponta. Por cumprir uma função técnica e não estar sob os holofotes, ser reconhecido não é algo fácil. Até mesmo por isso Schaefer se surpreende com tanto assédio e reconhecimento público como a homenagem na Festa Nacional da Música: “É surpreendente e inédito. Lembro de, ainda criança, saber da existência da Festa Nacional da Música. É a realização de um sonho, pois por muitos anos vi muitos ídolos irem à Festa.” A maior realização, no entan-
Maiara & Maraísa
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to, ainda está por vir. Em 2019, ele pode ganhar o primeiro gramofone de ouro com o álbum “Bem Sertanejo”, de Michel Teló, indicado ao Grammy Latino de melhor álbum de sertanejo. E não para de trabalhar. Para o fim de 2018 e começo de 2019, ele promete colocar muita coisa boa no mercado. “Serão lançados os novos sons de Jorge & Mateus, Gustavo Mioto, Maiara & Maraísa, Mano Walter e Jefferson Moraes.”
Instinto
Embora trabalhe com artistas diversos, Schaefer afirma que não segue fórmulas para conquistar os fãs. Segundo ele, “existe uma espécie de instinto” para reconhecer as virtudes de cada artista e extrair o que há de melhor em cada um. “É preciso sentir a voz do artista para saber qual textura de som usar. Medir o peso da voz para saber qual peso de som usar no instrumental”, explica. “Em al-
guns casos, prezamos pelo lado comercial. Em outros, pelo conceitual.”
Gustavo Miotto
De qualquer maneira, um fato irrefutável é que o garoto de Blumenau é responsável direto pelo sucesso do gênero na atualidade. “O profissionalismo como se trata o segmento, de forma respeitosa, faz com que o sertanejo tenha sempre seu espaço”, diz. “Ele não se prende a um estilo, pois todos podem agregar a um arranjo, seja ele pop, de reggae, de samba ou de funk. Isso o torna mais diversificado, atingindo a grande massa.”
Maiara & Maraísa
Mano Walter
Jorge & Mateus www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação
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Ele não precisou vencer uma competição em um programa televisivo para afirmar seu talento.
Ao
conquistar a sétima edição
“The Voice Brasil”, o gaúcho Léo Pain apenas do
confirmou o sucesso que fazia lotar as casas de shows sertanejas desde
2012 quando seu rosto
estampava os cartazes das festas.
Agora, com um
contrato assinado com a gravadora
Universal Music,
ele quer se firmar como um dos principais representantes do estilo no país
E
ra inevitável, a cada apresentação sua no “The Voice Brasil 2018”, o apresentador Tiago Leifert não provocar: “Nesta semana, ele fechou mais um contrato para uma miniturnê nos Estados Unidos, já atingiu um novo recorde de execuções no YouTube”, entre outros comentários elogiosos. Até que, na noite de 27 de setembro, o mestre de cerimônias do programa anunciou: “A voz vencedora da sétima edição é de Léo Pain”.
A NOVA VOZ
do Brasil 112
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O momento foi o ápice de um cantor de 34 anos cuja carreira começou ainda criança nos bailes de CTG, no Alegrete. Influenciado pela família, entre eles, seu tio, o músico tradicionalista Wilson Paim, Léo tem uma carreira consolidada nos festivais de música nativista com dois CDs gravados. Porém, engana-se quem pensa que ele iniciou dentro do nativismo. “Vim do CTG, sim, mas antes já admirava muito o sertanejo por meio dos programas de televisão como ‘Amigos’
Vítor Corso/FNM
Rosemary entrega a distinção a Léo
e ‘Sabadão Sertanejo’”, revela. “Quando meu irmão, Francisco Oliveira, e eu começamos a cantar, lá por 1998, 1999, 2000, a gente começou pelo sertanejo. Depois, migrei para a música nativista, influenciado pela família. Algumas canções eu ainda canto. Faz parte da minha história. Mas não comecei na música nativista propriamente dita. Comecei pela música sertaneja, que era nossa referência quando mais novos.”
No palco, cantou “Evidências” Rosa Marcondes/Especial
Michel Teló, técnico no The Voice Arquivo Pessoal/Divulgação
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Com o irmão Francisco Oliveira
No colo do pai, Francisco
A esposa Lidiane Cansi
Em um concurso em Quaraí, em 1998
Numerologia mudou sobrenome
A maior influência, até então, era o tio. Segundo Léo, Wilson Paim era o modelo “como cantor e como artista”. Sua opção em mudar a terminação do sobrenome, do “M” para o “N”, foi apenas por um “cálculo de numerologia”. Coincidência ou não, a mudança marcou uma atração de eventos positivos. Mesmo enquanto estava gravando o “The Voice Brasil”, ele não parava de se apresentar e engordar a agenda com shows no exterior. O esforço, de acordo com o cantor, era um misto de sonho com necessidade: “Tenho nove pessoas que dependem do meu projeto para sustentar suas famílias. Não podia parar para ficar no Rio de Janeiro e cantar só no programa. Então, foi bem corrido. Mas Deus abençoou e, com uma agenda de shows maior ainda, todos estamos muito satisfeitos. Se Deus quiser, vamos mais longe, ainda mais com esta homenagem da Festa Nacional da Música.”
Amizade com Teló
Família Teló
A mãe, Martha
No The Voice Brasil 2018
Ao passar na primeira fase do programa, Léo optou por fazer parte do time de Michel Teló. Apesar de ter recebido R$ 500 mil, um carro e um contrato para gravar um álbum, a principal recompensa, para ele, foi a convivência com Michel Teló e a promessa de uma parceria a longo prazo. Cultuando a tradição gaúcha com o chimarrão
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Com o troféu da 32a Carijo
Entrevista na TV
Lucas, da Fresno
Lais Yasmin e Tiago Leifert
Lidiane
Uma das coisas com que Léo precisará se acostumar é com a ausência de fronteiras. Ele prevê uma mudança para São Paulo até janeiro do ano que vem. O objetivo é ficar no centro dos acontecimentos culturais e em uma posição estratégica para viajar pelo país todo. Mesmo que não goste de se autodenominar um artista nacional, agora ele é, e terá que se afastar um pouco do Alegrete — embora há quem diga que há um alegretense perdido em cada canto do mundo. “Cada lugar que a gente vai fazer show tem um alegretense. Minha esposa até brinca comigo sobre isso. Fica apavorada”, graceja. “Sou natural de Alegrete, que é uma das capitais farroupilhas. Somos do CTG, somos do campo. Meu irmão, meus tios e eu sempre ajudamos o meu avô lá fora. Laço e rodeio até hoje. Tenho um cavalo crioulo. Mas tem uma frase, se não me engano do Ângelo Franco, que diz: ‘Só cuida aonde vai quem respeita de onde vem’. Respeito muito a minha origem, respeito muito o Rio Grande do Sul, respeito muito os gaúchos. Essa raiz eu não quero e não vou perder nunca.”
Bem sertanejo
O futuro, Léo admite, é o sertanejo. Mas ele não quer estar preso a nenhuma amarra estética que o impeça de inovar. Como um jovem artista, sabe que precisa estar aberto para conquistar públicos cada vez maiores. Estar pela primeira vez na Festa Nacional da Música, e já como homenageado, é a concretização de um sonho para Léo Pain. Mais uma recompensa pela dedicação à música folclórica, de raiz, seja do interior do Rio Grande do Sul ou do Brasil. Homenageado pelo Inter
Para ele, no entanto, a grande homenagem é estar entre tantos artistas que admira: “Fico lisonjeado de estar entre tantos artistas de renome. Estou em busca e vou fazer de tudo para chegar ao nível de quem está sendo homenageado.” www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Arquivo Pessoal/Divulgação
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Porta-voz DO SAMBA Ele queria ser ator, mas chamava a atenção como
cantor.
Resultado: a mistura Mumuzinho se
deu samba,
transformou em um dos artistas mais versáteis da atualidade e atinge quase
1 milhão de
reproduções em sites
de streaming por mês.
Tudo isso imitando
muita gente, mas sem
Vítor Corso/FNM
perder a originalidade
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N
o auge do pagode dos anos 1990, um moleque do Realengo, no Rio de Janeiro, ia para esquina cantar as músicas dos grandes artistas da época, como Exaltasamba, Art Popular e Só Pra Contrariar. Ele chamava a atenção interpretando e imitando a voz e os trejeitos dos ídolos Alexandre Pires, Péricles e até da diva Alcione. Só tinha um problema: Márcio da Costa Batista era nome muito extenso para um artista popular. Foi rebatizado para Mumuzinho e se tornou um dos mais queridos do meio artístico, sendo homenageado na Festa da Música.
Antes da carreira musical, ele foi ator, por necessidade. Com a separação dos pais, o irmão mais velho — o também ator Marcelo Batista — e ele precisaram trabalhar para contribuir com a renda familiar. Logo, seguiram a carreira na TV e no cinema. De 2000 a 2007, quando ainda era creditado como Márcio Costa, atuou em filmes como “Xuxa Popstar”, “Cidade de Deus”, “Cidade dos Homens” e “Tropa de Elite”.
Sem rótulos
“Eu me considero um artista que não gosta de ser rotulado e sonha em poder executar a arte, seja ela cantando ou atuando”, afirma. “Cada um no seu momento, na hora certa e com suas prioridades.” Iniciou a carreira em 2007. Foi nesta época que passou a frequentar as rodas de samba na casa de Regina Casé. Em seguida, veio o convite para integrar o elenco do “Esquenta!”. A participação televisiva foi um divisor de águas, pois começou a cantar com ídolos, atuar em esquetes e ser reconhecido no Brasil inteiro. “Uma formação escolar musical, eu não tenho”, assume. “Foi Deus que me deu esse dom e por isso eu sou tão grato a Ele e ao povo que me aceitou. Já fui em muitas rodas de samba pedir para cantar, já bati na porta de muita gente que me ajudou. Claro, também tive experiências ruins com quem bateu a porta na minha cara. Mas essas pessoas me fizeram lutar pelo meu sonho de ser artista.” Mumuzinho se tornou um dos mais queridos do meio artístico, sendo homenageado na Festa da Música www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Divulgação
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Fãs confudem nome
Mumuzinho venceu o “Show dos Famosos”, quadro do “Domingão do Faustão”, fazendo imitações de Cartola e Dona Ivone Lara a Stevie Wonder. No remake do humorístico “Os Trapalhões”, encarnava o espírito malandro de Mussum na personagem Mussa. Ele conta que isto, muitas vezes, causou confusão. Alguns fãs confundem os nomes e chamam-no de Mussunzinho, o que arranca muitas risadas do ator.
Ator interpreta Dona Ivone Lara
Paralelamente à carreira na televisão, Mumuzinho encontrou tempo para gravar dois discos de estúdio e um ao vivo, além de lançar singles nas plataformas de streaming. O mais recente é “Eu Mereço Ser Feliz”, cujo clipe foi lançado como parte da campanha de prevenção ao suicídio Setembro Amarelo. Marrom Alcione é uma das musas do artista
Engajamento social
Embora seja engajado nessas questões, Mumuzinho prefere se posicionar em relação às questões políticas dentro de sua arte. “Acho muito importante, sim, o posicionamento, mas não temos nem o poder nem o direito de fazer a cabeça das pessoas em questões sociais e de política. Quando cabe a mim, eu sempre me posiciono com alguma postagem nas minhas redes sociais ou na TV.”
Com a mãe, Maria, a avó Madalena e o irmão Marcelo
Os filhos Hanry, João Davi e Kaik no programa “Tamanho Família”
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Mumuzinho e a família no Rio
Paulo Gustavo, Patrycia Travassos e Katiuscia Canoro
Dilsinho e Ferrugem
Mumuzinho recebeu o troféu das mãos do pagodeiro Liomar
Responsabilidade no samba
sermos porta-vozes do samba.”
Os vídeos em seu canal do YouTube têm mais de 220 milhões de visualizações. No Spotify, são quase 950 mil ouvintes mensais. O que aumenta a responsabilidade. “Meu álbum novo é intitulado ‘A Voz do Meu Samba’. Tem samba, tem pagode e tem muitos convidados especiais que são porta-vozes de várias gerações, como Alcione, Xande de Pilares, Dudu Nobre, Dilsinho, Vou Pro Sereno, que participaram desse novo trabalho. Todos nós temos a responsabilidade de
As parcerias no meio, inclusive, ganharam uma importância ainda maior com as “feat.”, abreviação para “featuring”, que significa “apresentando”. Na Festa Nacional da Música de 2016, Mumuzinho presenteou o público com uma apresentação ao lado de Alcione. Para futuros encontros, ele tem favoritos: “Se eu pudesse escolher, hoje, gravaria com Projota e Jorge & Mateus. Afora outros nomes que a gente sempre sonha como artista”.
Thaiana Fernandes (namorada), Hanry Mateus, João Davi e Kaik (filhos)
Mumuzinho (Cartola) e Thiago Abravanel (Tim Maia)
Regina Casé
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ECAD debate a música na era DIGITAL O estande do Ecad no saguão do Hotel Dall’Onder, em Bento Gonçalves, foi palco de muita música ao vivo e também de debates sobre a transformação da música na era digital, além de esclarecer dúvidas sobre o
“desafiador”
novo processo para arrecadação e distribuição dos direitos autorais
José Pires, Janaína Araújo, Glória Braga, Mário Sérgio, Márcio Fernandes e Clarisse Escorel
Casal Michael e Anayle Sullivan trouxe sucessos do segmento gospel
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Rappin’ Hood, Gisa Nunez e Daniel Del Sarto
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Marcos Sabino, Marcelo Bhering, Ovelha e Carlinhos Freitas
Vítor Corso/FNM
Um dos maiores compositores do país, Carlos Colla cantou e encantou
O
Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) levou para a Festa da Música o debate sobre a transformação da música na era digital. No estande montado no saguão do Hotel Dall’Onder, em Bento Gonçalves, esclareceu dúvidas de artistas sobre o sistema de arrecadação e distribuição da renda proveniente dos direitos autorais e ainda deu espaço a muita, mas muita música ao vivo na Serra Gaúcha. Um dos vários artistas a acompanharem as atividades do Ecad durante a FNM foi o pagodeiro André Marinho. O carioca, ex-integrante do Br’oz e Cupim na Mesa, destacou a importância sobre discutir os temas referentes à distribuição dos direitos e também
sobre o novo modelo de inserção no mercado musical, as plataformas digitais. “Aqui [na Festa] temos novas fórmulas, com parcerias, buscamos um envolvimento maior com os nossos direitos, tendo a oportunidade de falar sobre isso e achar saídas para burlar a crise”, comentou André Marinho. “A gente depende do Ecad, depende desse reconhecimento. O Ecad e seu sistema de arrecadação e distribuição incentiva que novos compositores surjam e comecem a musicar”, destacou Thiago, da dupla sertaneja com Graciano.
RETRIBUIÇÃO AUTORAL
A palestra sobre a transformação digital foi apresentada pela superintendente do Ecad, Glória
Braga, o gerente-executivo de Arrecadação, Marcio Fernandes, o gerente de Distribuição, Mario Sergio Campos, o gerente de Tecnologia da Informação e Planejamento Estratégico, José Pires, e a advogada especializada em Propriedade Intelectual e Gerente Jurídica, Clarisse Escorel. Os modelos de distribuição de direitos autorais no Brasil foram comparados com os de outros países, como México e Canadá, e players como YouTube, Spotify e Apple Music foram alvo de discussão.
DESAFIOS
Para José Pires, a transformação digital não é puramente uma questão tecnológica. É também ligada à mudança de comportamento e tendências. “Existe toda uma cadeia da músi-
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Clarisse Bretas/Divulgação Clarisse Bretas/Divulgação
Crescimento do streaming foi destacado na palestra por José Pires
Divulgação
Mario Sergio Campos revelou números do Ecad de janeiro a agosto
Divulgação
Mônica, Janaína, Mônica Gonçalves, Paula e Clarisse Mug, Ivo Meirelles, Lito, MC Koringa e Ananda
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ca no ambiente digital. O começo disso é a negociação com esses players, que têm de fazer a retribuição autoral.” A partir de então, conforme Pires, as músicas são identificadas por meio de um banco de dados. “Onde as plataformas digitais executam músicas, o Ecad atua na questão da retribuição autoral e na identificação para pagamento aos artistas.” Conforme o gerente de Tecnologia da Informação, a propagação de meios como esses players é vantajosa aos artistas, pela velocidade e facilidade com que podem expandir seu trabalho, mas também cria uma situação desafiadora. Afinal, são bilhões de exibições musicais nas novas plataformas, identificadas em um banco de dados composto por mais de oito milhões de músicas e cinco milhões de fonogramas. Mas nada que a instituição não esteja preparada. “Há sete anos somos uma das
cem mais inovadoras em TI em todos os seus processos. Hoje nós identificamos eletronicamente músicas que são executadas em outros segmentos. É um desafio, mas creio que o Ecad esteja totalmente pronto para vencer e para iniciar essa jornada.”
YOUTUBE
Mario Sergio, gerente de Distribuição, explicou como funciona o processo de criação até o recebimento da renda dos direitos pela produção e detalhou o processo no YouTube, onde a distribuição é de maneira direta: “O YouTube envia periodicamente informações das músicas que tocaram aqui no Brasil. O Ecad as identifica no banco de dados e o artista vai receber via sua associação o pagamento dos direitos”. Nos oito primeiros meses de 2018, o Ecad ultrapassou em número de músicas e artistas contempla-
Divulgação
dos todo o ano anterior. “Foram mais de 280 mil titulares de direitos autorais contemplados, sejam eles compositores, músicos ou intérpretes. O serviço digital proporciona isso. Devemos chegar até o fim do ano com mais de 300 mil artistas contemplados, e isso é graças ao digital”, conta Mario Sergio.
Graça Paes/Especial
Porém, os números do serviço digital ainda não representam uma grande fatia na arrecadação – como em TVs ou rádios –, e sim na execução pública. Mario Sergio finalizou afirmando que o objetivo é fazer com que a arrecadação no digital cresça, para ser possível remunerar ainda mais artistas no Brasil.
Vocalista Lucas, da Fresno
Douglas Nascimento e Mateus: mistura foi um dos principais pontos do encontro Graça Paes/Especial
ESTÚDIO MONTADO NO HOTEL
Além dos debates, o estande do Ecad contou com muita música ao vivo em seu estúdio no saguão do hotel durante todos os dias de festa. Rappin’ Hood, Daniel Del Sarto, Douglas Nascimento, Ovelha, Serginho Moah, Thiago & Graciano e Joel Marques foram alguns dos que se apresentaram por lá.
UMA MÚSICA NOVA TODO DIA
Thiago e Graciano no Espaço Ecad: dupla cantou e falou sobre a importância da entidade Divulgação
Carlos Colla foi um dos primeiros a cantar no Estúdio Ecad. O carioca de Niterói, aos 74 anos, cantou “Sonho por sonho”, clássico de 1991 apresentado por Leandro & Leonardo. A idade está longe de ser problema para o compositor. “Eu tenho duas opções. Uma é ficar pensando no que já fiz, e gastar o dinheiro que já ganhei, e ir ficando velho. Outra é acordar todo dia e imaginar: estou começando hoje um dia novo, uma idade nova. Tenho de começar tudo de novo todos os dias. Todo dia eu começo a viver como se tivesse começando naquele momento a minha existência. Todo dia eu conquisto a minha mulher, todo dia faço uma música nova”, revela.
Joel Marques
Sandamí
Matheus Schenk/Especial
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SETE HOMENS, centenas de canções O Ninho da Criação é um dos eventos mais concorridos da Festa Nacional da Música. É nele que compositores consagrados revelam a origem de músicas que foram sucesso na voz de outros intérpretes. Em 2018, um gaúcho e um paulista reforçaram o grupo, e arrancaram sorrisos, lágrimas e muitos aplausos da plateia em Bento Gonçalves
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Vítor Corso/FNM
E
ra uma noite de domingo, em Bento Gonçalves, e a Fundação Casa das Artes ficou pequena para a quantidade de sucessos musicais que tomaram conta do espaço. O público queria ver de perto os rostos dos compositores que emprestaram seu talento para que cantores eternizassem centenas de sucessos. Anfitriã da noite, a cantora Gisa Nunez comandou a festa destacando que o objetivo do projeto era valorizar as mãos e os corações por trás das canções. Uma das primeiras apresentadas foi “Um Dia de Domingo”. Imortalizada nas vozes de Gal Costa e Tim Maia, a composição tem autoria de outra dupla tão famosa quanto: Michael Sullivan e Pau-
lo Massadas. Eles talvez estejam entre os compositores que mais emplacaram sucessos no topo das paradas radiofônicas no menor espaço de tempo. Ao lado deles estava outro recordista. Carlos Colla é o autor de 44 músicas gravadas por Roberto Carlos. Ele, no entanto, relembrou sucesso de Sandra de Sá, “Bye Bye Tristeza”, além de outras. Uma que não compôs mas gostaria de ter escrito — inclusive, admitiu já ter fingido que a letra era sua — foi “De Volta Pro Meu Aconchego”, de Nando Cordel. Ao revelar que mentiu ter escrito para conquistar uma namorada, arrancou gargalhadas do público e do próprio Nando. O pernambucano contou que a canção foi endere-
çada ao amigo Dominguinhos, que sentia a falta da esposa, e foi escrita em um jantar.
COMPARAÇÕES DE PESO
Entre brincadeiras, os compositores compararam a quantidade de composições e a variedade de artistas que interpretaram suas obras. Luiz Carlos Sá foi festejado por emplacar três canções na trilha sonora de “Roque Santeiro”, mais do que Nando na mesma novela. Já Antonio Villeroy gabou-se de ter gravações de artistas de A a Z, exceto a letra K, antes de apresentar “Ruas de Outono”, conhecida na voz de Zizi Possi. Estreante no Ninho, Peninha arrebatou o público com “Sonhos” e “Sozinho”, canções suas confundidas como sendo de Caetano Veloso.
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CARLOS COLLA
As histórias de canções famosas
“FOGÃO DE LENHA”
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“Arrume tudo, mãe querida, que o seu filho vai voltar”, pede o filho aflito. O pedido foi de Carlos Colla, que dedica a canção à mãe, Dona Diva: “Em vez de dar presentes caros para a minha mãe, eu gravava uma música. Sou um senhor de 74 anos e eu ainda vivo às custas da minha mãe. Porque todo mundo grava as músicas que compus para ela e eu me dou muito bem”, brinca Colla. No Ninho da Criação, a canção não foi executada até o fim. O compositor embargou a voz e chorou.
NANDO CORDEL
“GOSTOSO DEMAIS”
Esta é uma das cerca de 50 músicas de Nando gravadas por Elba Ramalho. A composição foi uma maneira de o pernambucano atenuar a saudade da namorada: “Ela ficou em Recife e eu estava em São Paulo trabalhando. Ela me ligou e disse: ‘Nando, são seis meses que você está longe de casa. Vem embora’. E eu respondi: ‘Amor, vou mandar uma música para você’. E ela: ‘E eu lá quero música!?’. Aí fiz a música, mandei, e ela respondeu: ‘Pode ficar mais um tempo’”.
LUIZ CARLOS SÁ
“DONA”
“Estava num hotel, falando no telefone com minha mulher, e começou uma bateção de pé no andar de baixo. Era o Guarabyra me chamando pra acabar uma música linda, maravilhosa. Inscrevemos no Festival MPB Shell daquele ano, e o Mariozinho Rocha, três anos depois, disse que tinha uma personagem que era a cara daquela música. Era a viúva Porcina, da Regina Duarte, em Roque Santeiro. Demos para o Roupa Nova gravar e foi um sucesso.”
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PAULO MASSADAS
“ME DÊ MOTIVO”
Inevitável pensar em Tim Maia e não perceber ecoar na memória aquele vozeirão cantando: “Me dê motivo pra ir embora”. Segundo Paulo Massadas, a canção abriu portas para a dupla de compositores, formada com Sullivan: “Sonhávamos que, quem sabe um dia, o Tim Maia gravaria algo nosso, o que era quase um absurdo. Mandamos a esmo pra uma gravadora e uns amigos encontraram aquela fita cassete. O Tim chegou, ouviu a banda ensaiar e achou legal. Começou a tocar uma flautinha, gravou, e o resto é história.”
ANTONIO FRANCO VILLEROY
“PRA RUA ME LEVAR”
A canção foi feita sob medida para Maria Bethânia: “Ela estava fazendo um disco, em 2001, chamado ‘Maricotinha’, e saindo de um relacionamento de muito tempo. Eu pensei nela, com cinquenta e poucos anos, e achei que não iria querer começar logo outro. Então, pensei no universo dela, em Fernando Pessoa, e fiz oito letras. Escolhi uma e mandei. No dia em que a conheci pessoalmente, ela me disse: ‘Você leu o meu momento’”.
PENINHA
“SONHOS”
A canção já ganhou roupagens tão distintas quanto a quantidade de artistas que regravaram este sucesso de 1977. Elymar Santos e até a cantora italiana Mina deram nova cara ao tema de Arlete Salles na novela “Sem Lenço, Sem Documento”. O primeiro sucesso de Peninha, segundo o próprio autor, ele deve a Caetano Veloso: “Era uma música brega, só tocava em rádio AM. Depois que ele gravou, tomou outra proporção. O Caetano transformou essa música”.
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Vítor Corso/FNM
MICHAEL SULLIVAN
“WHISKY A GO-GO”
O recifense Ivanilton de Souza Lima, ou melhor, Michael Sullivan, começou a compor em parceria com Paulo Massadas em 1979, mas sua carreira é anterior ao período. Por seis anos, fez parte do The Fevers, e uma música que faz parte tanto de seu repertório solo quanto da banda é “Whisky A Go-Go”. A música fez a plateia levantar — embora algumas pessoas ainda estivessem surpresas em saber que aquela canção não era do Roupa Nova, dono da gravação mais consagrada. “Estamos muito felizes de estar aqui na Festa apresentando o trabalho de tanto tempo. Devem ter umas 5 mil músicas somadas aqui”, brincou Sullivan.
Divulgação
GISA NUNEZ APRESENTADORA DO NINHO DA CRIAÇÃO
A mineira Gisa Nunez é daquelas cantoras que valoriza o compositor. Tanto que é uma das idealizadoras do Ninho da Criação ao lado de Carlos Colla, seu parceiro em outros trabalhos. Crooner versátil, Gisa transita com naturalidade entre o sertanejo e o samba, o forró e o R&B. Daí vem a facilidade com que pesquisa e apresenta o vasto repertório dos compositores no Ninho todos os anos: “É uma valorização a esses compositores, às mentes valorosas desses mocinhos. Isso aqui é sucesso. É atemporal”.
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A Abramus e A Festa Nacional da Música
A Abramus, mais uma vez, esteve presente na Festa Nacional da Música. O Espaço Abramus, como nos anos anteriores, contou com uma estrutura para performances musicais e encontros artísticos, sendo um dos locais mais badalados e frequentados da festa. Esta grande parceria já vem de anos e Abramus participa ativamente com sua equipe para que seus artistas também sejam bem atendidos neste ambiente. A Abramus é a maior sociedade de Gestão Coletiva de Direitos Autorais do Brasil. São mais 60 mil titulares que confiam no trabalho da Abramus. Com postura ética, transparência e responsabilidade, a sua missão é valorizar a criação artística e representar os interesses dos associados através da gestão eficaz dos Direitos Autorais. Saiba mais em : www.abramus.org.br
@abramus
@abramus
@abramusartes
/abramusoficial
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A música em
autoridades e entidades de classe apontam instabilidade política e pedem união na manutenção de políticas públicas para a
Cultura
Rosa Marcondes/Especial
primeiro plano
No Congresso de Abertura da Festa Nacional da Música,
Carlos Andrade, presidente do conselho deliberativo da ABMI; Islan Morais, CEO da Sbacem; Roberto Mello, CEO da Abramus; Glória Braga, superintendente do Ecad; Sérgio Sá Leitão, ministro da Cultura; Fernando Vieira, presidente da Festa Nacional da Música; Victor Hugo, secretário da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer do RS; Sandra de Sá, UBC; prefeito Guilherme Pasin, e Leo Chaves
U
ma frase do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, resumiu o Congresso de Abertura da Festa Nacional da Música e, de certa forma, o clima geral das entidades de classe e autoridades com as políticas públicas na área da Cultura: “Devemos comemorar como vitória termos impedido retrocessos profundos na Cultura que poderiam ocorrer por conta de processos que estão tramitando no Congresso”.
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O alerta foi feito pelo ministro antes de fazer um balanço do último ano. Por mais que a Cultura tenha avançado financeiramente em 9,1% nos últimos anos, “evitando uma recessão ainda maior”, segundo ele, o objetivo do ministério foi evitar que conquistas com a Lei Rouanet fossem tolhidas e verbas essenciais fossem destinadas a outras pastas por pressão parlamentar. “As condições políti-
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Fernando Vieira recebe um saca-rolhas dos Irmãos Campana, idealizado pelo Instituto Brasileiro do Vinho e símbolo de Bento Gonçalves, do prefeito Guilherme Pasin
cas foram muito adversas. Além disso, a Cultura passou ao largo nas campanhas políticas nesta eleição” , disse o ministro, que garantiu que as informações para a transição de governo já estão disponíveis para o novo comandante e celebrou a criação da Secretaria de Direitos Autorais e Propriedade Intelectual para dar atenção à pirataria e ao tráfico de bens culturais. Islan Morais, CEO da Sociedade Brasileira de Autores Compositores de Música (Sbacem), ressaltou a importância em dar atenção ao terceiro setor. Roberto Mello, CEO da Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus), reivindicou a proteção dos autores que criam a cultura presente no cotidiano brasileiro. Já Carlos Andrade, presidente do conselho delibeLeo Chaves
rativo da Associação Brasileira da Música Independente (ABMI), lembrou que a indústria cultural também atua como reforço econômico ao país: “As famílias de Tom Jobim e Vinícius de Moraes recebem R$ 2 milhões por ano em direitos autorais só por ‘Garota de Ipanema’. O Ecad fatura mais de R$ 1 bilhão que vem lá de fora”, destacou, ao citar a presença de Glória Braga, superintendente do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição.
ORQUESTRA DE CASA NOVA
Durante a abertura da Festa, o presidente da Câmara Diretiva do Conselho Estadual de Cultura, Marco Aurélio Alves, confirmou a aprovação do repasse de R$ 1,368 milhão
Victor Hugo e o ministro Sérgio Sá Leitão
Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão
Fotos: Vítor Corso/FNM
Roberto Mello
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Glória Braga
Sandra de Sá
para a Casa da Música, da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa). A verba é referente à segunda fase do projeto. Na primeira, R$ 1,498 milhão vai permitir a inauguração do espaço. “Desde 1950, a Ospa era pertencente ao governo, mas não tinha sede. Se o músico tem que ter um cantinho para o violão, que dirá uma orquestra!”, avaliou o secretário Victor Hugo, em comemoração à notícia. O feito foi elogiado por Leo Chaves, da dupla Victor & Leo, e
Islan Morais
Sandra de Sá, representante da União Brasileira dos Compositores (UBC). Eles enalteceram o engajamento da classe artística, mesmo que tardia. “A gente ainda reclama muito e fica muito preso enquanto classe, mas certos eventos como a Festa da Música ajudam a quebrar esses muros”, disse a cantora.
NETWORKING
“A Festa promove esse networking. É uma pena que nem todos os estados têm o cuidado que o Rio Grande do Sul tem com a cultura, principalmente com contrapartidas sociais”, acrescentou Léo.
Carlos Andrade
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“Quando optamos por Bento, apostamos em hospitalidade e também na musicalidade da Serra Gaúcha”, observou Fernando.
Guilherme Pasin Fotos: Vítor Corso/FNM
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A cerimônia foi simbolizada com a entrega de um saca-rolhas estilizado pelos Irmãos Campana a Fernando Vieira. De acordo com o prefeito Guilherme Pasin, o objeto idealizado pelo Instituto Brasileiro do Vinho representa a chave da cidade: “Nosso desejo é de seguir recebendo vocês nos próximos anos e fazer de Bento Gonçalves a capital nacional do vinho e também a capital nacional da música.”
Marco Aurélio Alves Rosa Marcondes/Especial
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VILLEROY:
compositor de A a Z Com um histórico de sucessos na carreira, Antonio Villeroy encabeça lista de grandes compositores
V
ocê sabe quem é o compositor gaúcho com maior número de gravações de suas músicas na história? Se sua resposta foi Lupicínio Rodrigues, você errou. O icônico autor de “Nervos de Aço” e “Esses Moços” perdeu recentemente o posto para José Antônio Franco Villeroy, ou simplesmente Antonio Villeroy, segundo o compositor.
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Reprodução
Páginas da agenda que compositor guarda até hoje, nas quais escreveu “Garganta”, feita para Ana Carolina
agenda até hoje, onde está toda a letra com os rabiscos, a evolução da composição, e na página seguinte ela já está inteira, passada a limpo, praticamente como terminei. Depois eu fiz a melodia e enviei para a Ana.”
Villeroy tem mais de 35 anos de carreira como compositor e coleciona lista de 115 intérpretes que gravaram em torno de 300 músicas suas. No Brasil, já gravaram canções feitas por ele nomes como Maria Bethânia, Zizi Possi e a mais recorrente em sua trajetória, Ana Carolina. No exterior a lista também é grande.
“Na música Garganta, eu fiz primeiro a letra para ela em uma agenda. Tenho essa
Com a filha Luisa Chaves Villeroy Vítor Corso/FNM
O primeiro sucesso de Ana Carolina, “Garganta”, Villeroy escreveu depois de ter assistido a uma apresentação da cantora, que ainda não era famosa. De lá para cá já foram 29 músicas escritas pelo compositor a ganharem a voz potente e o talento da mineira.
LETRA K
Villeroy coleciona lista de 115 intérpretes que gravaram em torno de 300 músicas suas
Com tantas gravações de suas canções, Villeroy conseguiu praticamente completar o alfabeto com as iniciais dos cantores com os quais trabalhou. “Eu fui fazer um levantamento e vi que tinha de intérpretes artistas com nomes de A a Z, na verdade só me falta trabalhar com um intérprete com a inicial K, é a única letra do alfabeto que está me faltando”, brinca. Villeroy já participou diversas vezes da Festa Nacional da Música e obteve boas parcerias no evento. “Nessa edição eu já combinei com o Nando Cordel de compormos juntos, falei com o Michael Sullivan e com o Peninha também. Eu adoro essas parcerias porque um compositor instiga o outro”, conta.
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A MÚSICA FALA MAIS ALTO
no Dall’Onder
Hotel que sediou a Festa Nacional da Música abriga o ITM, Instituto de Música Tarcísio Michelon, que já atendeu gratuitamente
800 crianças
Alunos ensaiam nas dependências do Hotel Dall’Onder
Ex-alunos dão aulas no instituto
E
Turmas atendem cerca de 200 crianças
m meio ao ambiente de turistas, bagagens e toda diversidade que transita em um hotel, circulam crianças, violinos, violoncelos, trombones e demais instrumentos de uma orquestra. O cenário descrito é o do Hotel Dall’Onder, que sediou a Festa Nacional da Música em
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Aulas ocorrem no Dall’Onder
Bento Gonçalves e onde funciona um instituto de música.
música gratuitamente a 800 alunos em situação de risco.
O ITM (Instituto Tarcísio Michelon) surgiu do sonho diretor superintendente do hotel de dar formação musical para crianças em vulnerabilidade social. Desde que foi criado, há oito anos, já atendeu e ensinou
Para a diretora do instituto, Angela Martins, o fato de o ITM funcionar dentro do hotel é essencial para dar aos alunos uma formação ampla. “O que o Tarcísio mais desejava era ter as crianças circulando dentro do
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Estudantes durante encontros do ITM
Orquestra filarmônica é mantida pelo ITM
hotel, para que tivessem uma convivência geral”, destacou.
CONTATO COM OS ARTISTAS
Durante toda a Festa da Música, os alunos circularam pelas dependências do Dall’Onder tendo contato diário com os artistas, o que, para a diretora do instituto, foi algo muito enriquecedor. Para Michelon, receber a Festa Nacional da Música foi de extrema importância para a cidade e para o ITM. “Nos sentimos privilegiados por captar e sediar este evento em nosso hotel e em nossa região. Ele é uma proposta de turismo cultu-
ral da mais alta qualidade e, também, uma importantíssima vitrine para a nossa cidade.” O nome do diretor superintendente do hotel está ligado diretamente ao desenvolvimento cultural da região, especialmente no setor do turismo. Além da rede hoteleira, Michelon participou do projeto da rota turística Caminhos de Pedra e tem um plano ambicioso para tornar o ITM autossustentável financeiramente.
ESCOLA DE MÚSICA
Anualmente, o Instituto organiza simpósios internacionais de esculturas. Artistas selecionados por cura-
doria trabalham em pedras gigantescas e produzem belíssimas peças que ficam na cidade em um terreno de 4 hectares, onde, futuramente, será montado um grande Parque Internacional de Esculturas. A ideia é que o imenso fluxo de turistas que procuram a cidade também passe pelo parque, gerando receita que servirá para manter o ITM e uma escola de música com capacidade para atender mil crianças. Atualmente, os professores de violino, canto e uma maestrina que ensinam no ITM são ex-alunos, que se formaram nos corredores e salas do
Hotel Dall’Onder.
ORQUESTRA FILARMÔNICA
O instituto mantém uma orquestra filarmônica, e as aulas são frequentadas por cerca de 200 crianças, que também se beneficiaram por poder fazer parte do dia-a-dia dos artistas convidados da Festa da Música. Não há como dissociar a cena cultural e turística de Bento Gonçalves da imagem de Tarcísio Michelon e o imenso sucesso da edição 2018 da Festa Nacional da Música teve, também, ligação direta com a qualidade e infraestrutura do Hotel Dall’Onder.
Tarcísio Michelon comanda instituto há oito anos
ITM pretende atender mil crianças simultaneamente
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Marcelo Bhering,
novo nome da música sertaneja Depois de conquistar o público de Minas Gerais, o cantor participou da Festa Nacional da Música projetando carreira que aposta nas canções de amor
Voz firme e carisma: marcas de Marcelo Bhering em suas apresentações
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m nome começa a ser badalado no mundo da música sertaneja e, aos poucos, está trilhando o caminho para encantar os apreciadores do gênero. Uma nova voz que vem de Minas Gerais, tem força, carisma e atende por Marcelo Bhering. É bem verdade que regionalmente ele já é conhecido há 15 anos por cantar na noite boêmia de Belo Horizonte, mas de 2014 para cá, especialmente, a carreira come-
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çou uma sólida expansão.
ELOGIOS
Lançando seu disco “Beleza Sem Alma” pela DG Produções, Marcelo aposta na veia romântica e carrega nos vocais sertanejos característicos, lembrando Zezé di Camargo e Eduardo Costa, que, inclusive, foi um dos que renderam elogios a ele, assim como Cesar Menotti & Fabiano. Na Festa Nacional da Música, Marcelo tocou com grandes artistas de
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diversos gêneros musicais e coroou sua passagem pela Serra Gaúcha com uma apresentação para uma lotada Rua Coberta de Bento Gonçalves, tocando suas canções e clássicos sertanejos.
SURPRESA
Ele revela que ficou surpreso e muito feliz com o acolhimento que teve em Bento Gonçalves. “Eu vi as pessoas cantando minhas músicas, as crianças me aplaudindo aqui na Festa Nacional da Música, isso é muito bom”, diz.
Artistas ganham
“faixa presidencial” na UBC
A União Brasileira dos Compositores destacou, durante a FNM, a importância de olhar para os compositores. Os artistas puderam dizer o que fariam pelo cenário musical do país se fossem presidentes
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aior e mais tradicional sociedade de gestão coletiva de direitos autorais musicais do país, a União Brasileira de Compositores (UBC) aproveitou sua presença na Festa Nacional da Música deste ano para destacar o trabalho dos criadores e os desafios no mercado da música para os compositores. Depoimentos de artistas foram colhidos e estão disponíveis no canal oficial da UBC no YouTube. Eles foram perguntados sobre o que fariam em prol da música brasileira nos próximos quatro anos – e para isso ganharam até uma “faixa presidencial” da UBC. A maior parte dos artistas falou sobre a necessidade de fomentar o ensino musical na escola. “É importante que se entenda a música como um livro que a criança não lê. Eu gosto de fazer música para divertir, mas acima de tudo eu nasci pra fazer a música ser parte da história e da educação”, declarou Tato, vocalista do Falamansa.
DIREITOS AUTORAIS
Com plataformas digitais como YouTube, Spotify e Apple Music, o desafio de associações como a UBC ficou maior: identificar os artistas e fazê-los entender o processo de arrecadação e distribuição da
Paulo Massadas e Luiz Carlos Sá www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Divulgação
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Darlan Vilarino/Divulgação
Daiane Araújo, Dinho Ouro Preto e Gabriele Bitencurt da UBC
Sandra de Sá e Ivo Meirelles
renda obtida pelos direitos autorais. Já há mudanças significativas, como o Spotify, que mostra o nome do compositor da música. “É um progresso bem bacana. Existe lei que diz que é preciso citar o nome do compositor, mas não há punição para quem não cumpre. Então por isso que as rádios tiram espaços do comercial para isso, por exemplo”, destacou Danieli Correa, gerente da filial gaúcha da UBC. Danieli participa da Festa desde 2006. Experiência no evento não falta, mas ela segue apaixonada pela FNM. “A Festa Nacional da Música, para mim, tem uma peculiaridade que poucos eventos têm, que é conseguir nomes dos mais tops possíveis da música brasileira.”
PRÊMIO UBC
Tato, do Falamansa, falou sobre a necessidade do ensino da música nas escolas
Em seu estande, a UBC apresentou números relativos à distribuição de direitos aos criadores no ano passado. Um total de R$ 605 milhões foram distribuídos a 164 mil criadores, nacionais e estrangeiros, o que representa um aumento de 64% em relação a 2016. O valor representa 55,4% do total geral do Ecad. Este ano, a entidade realizou a segunda edição do Prêmio UBC, que homenageou Erasmo Carlos. A UBC tem 28 mil sócios.
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Cristiano Bortolucci, Danieli Correa (UBC), Nando Endres, Gabriele, Daiane e Fredi Chernobyl
VISITAS NO LOUNGE UBC
Equipe UBC Alice Urbim e Danieli (UBC)
Suel dá uma palhinha no Espaço UBC
Carlinhos Freitas e Gabriele (UBC)
Carlos Colla, Cleo Barreto (UBC) e Fernanda Faccioli
Ivo Meirelles participa da composição musical coletiva da UBC com Cirio e o produtor musical Jonas Godoy
Danieli (UBC) e Vitor Kley Darlan Vilarino, Cirio, Jonas Godoy e Lucas Bevilacqua
Ovelha é entrevistado pelo youtuber Maurício Círio
MC Koringa participa da ação Se você fosse presidente o que faria pela música
Gabriel Sater
Cristiano Quevedo, Tatiéli Bueno e Gabriele
Adryana Ribeiro
Serginho Moah
Marcio Ferreira (UBC) e Lucas da Fresno no Lounge UBC
Daniel Del Sarto
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PLATEIA LOTADA para a festa gaudéria
DA MÚSICA
Público lotou a Casa das Artes em Bento Gonçalves para ver de perto grandes artistas da música gaúcha
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C anções
gaúchas de sucesso
encantaram o público em uma noite que brindou Bento Gonçalves com
Berenice Azambuja com a gaita que a acompanha há mais de 30 anos
o carisma e o talento das vozes de grandes artistas tradicionalistas
O futuro da tradição gaudéria esteve representado na voz de Thomas Machado
A
cultura do Rio Grande do Sul foi muito bem representada na Festa Nacional da Música 2018. A Fundação Casa das Artes, em Bento Gonçalves, recebeu um grande show cheio de emoção e alegria. O público lotou suas acomodações para ver e ouvir de perto Cristiano Quevedo, Berenice Azambuja, Tchê Guri e o pequeno Thomas Machado, vencedor do programa “The Voice Kids”, da TV Globo. A plateia lotada cantou e dançou também com a cantora Tatiéli Bueno e com a dupla Paloma e Miqüi. Além delas, o cantor e compositor Délcio Tavares mostrou sua veia italiana com canções tradicionais e foi muito aplaudido.
ENERGIA E SORRISOS
Paloma e Miqüí mostraram talento e simpatia Rosa Marcondes/Especial
Dentre as atrações da noite, Tatiéli Bueno e a dupla Paloma e Miqüi encantaram com seu talento e tiveram em comum o sorriso largo estampado no rosto durante toda a apresentação. Tatiéli foi acompanhada pelas palmas do público ao cantar “Mercedita” e a animação foi maior ainda quando Paloma e Miqüi interpretaram “Tertúlia”.
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS
Não bastasse a lista das atrações que se revezaram no palco da
Joel Marques também subiu ao palco www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Vítor Corso/FNM
Tatiéli Bueno
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Casa das Artes, o cantor Carlinhos Freitas foi chamado a participar para cantar uma versão da música Hallelujah, que compôs em parceria com Elton Saldanha. A noite ainda teve a canja improvisada do compositor Joel Marques, que interpretou duas canções de sua autoria muito famosas. Ele cantou “No Dia Em Que Eu Saí de Casa” e “Não Aprendi Dizer Adeus”, músicas de sucesso nas vozes de Zezé di Camargo & Luciano e Leandro & Leonardo, respectivamente.
TRADIÇÃO E FUTURO
Rosa Marcondes/Especial
Estiveram no palco do Show de Músicas Gaúchas dois exemplos da cultura do Sul. Um deles representa o futuro, a tradição passa-
da de geração em geração. Thomas Machado cantou “Céu, Sol, Sul”, de Leonardo, e comoveu o público ao interpretar a conhecida canção “Pezinho”, de Paixão Côrtes. Quem encerrou a noite de apresentações foi Berenice Azambuja, uma verdadeira bandeira da música tradicionalista, com sua gaita companheira há mais de 30 anos, recuperada depois de ter sido roubada em 2017. Berenice, com seu estilo inconfundível de tocar e cantar, foi o encerramento perfeito para a celebração das coisas do Rio Grande do Sul na Festa Nacional da Música.
Délcio Tavares
Cristiano Quevedo foi uma das atrações com sua voz potente e seu carisma característico ao interpretar sucessos gauchescos
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Música Gaúcha levou grande público à Fundação Casa das Artes, em uma noite de celebração das tradições
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O
PALCO DA
MÚSICA
BRASILEIRA AGORA EM
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O gauchinho
DO BRASIL Thomas Machado foi uma das atrações da Festa Nacional da Música e da Cidade da Música
V
ocê certamente já deve ter ouvido falar em Thomas Machado. Aos 9 anos, o gauchinho de Estância Velha conquistou a segunda temporada do “The Voice Kids”, da Rede Globo, e desde então o número de shows, entrevistas, fãs e seguidores nas redes sociais aumentou de forma impressionante. Thomas e seu irmão, Eduardo, foram atrações na Festa Nacional da Música, em Bento Gonçalves e, na fase Cidade da Música, em Porto Alegre. Hoje com 11 anos, o que mais chama atenção ao conversar com Thomas são a espontaneidade e a maturidade. Na carreira já constam gravações ao lado de nomes como o do Gaúcho da Fronteira, só para citar um exemplo, e suas redes sociais somam quase 140 mil seguidores no Instagram e cerca de 340 mil curtidas no Facebook.
GRANDES ARTISTAS
Na Casa das Artes, Thomas cantou: “Céu,
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Sol, Sul”, de Leonardo, e “Pezinho”. Mais uma apresentação com grande público, mais uma etapa para fazer a ficha de Thomas cair: “Saber conciliar a fama com o cotidiano não é fácil. É muita coisa que vem acontecendo para nós. É minha primeira vez na Festa da Música, e é uma emoção muito grande estar no meio de grandes artistas. Nunca passou pela minha cabeça”, revela. Quem está sempre ajudando Thomas com a questão do “saber lidar” é seu irmão mais velho, Eduardo, hoje com 17 anos. Eles formam a dupla Irmãos Machado, que só não se apresentou como dupla no “The Voice Kids” pela idade de Eduardo, acima do permitido. “Às vezes eu paro e penso: ‘está um pouquinho demais’. E vou lá e falo com ele. Mas ele me escuta muito e segue o que eu falo e no final fica tudo bem. A pressão é grande, tem viagem, escola e tudo mais... Mas ele é muito inteligente mesmo”, destaca.
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A mistura da FNM - Gabriel O Pensador e Thomas Machado
Thomas também se apresentou na noite de homenagens da FNM
Léo Pain e Thomas Machado, os novos nomes do cenário musical gaúcho
PRESENÇAS ILUSTRES no lounge Abramus
A cultura é uma paixão que o ministro Sérgio Sá Leitão mantém ao lado do futebol. Tricolor de coração, ele recebeu do diretor da Abramus, Roberto Mello, uma camisa do Fluminense personalizada com o seu nome. O jornalista tem livros editados com a temática futebolística
Os anos passam e o desafio das entidades que representam os artistas brasileiros,
Abramus, segue o mesmo:
como a
como encarar a insegurança e a imprevisibilidade do mercado digital?
E
m todas as edições da Festa Nacional da Música, o espaço da Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus) é bastante procurado. Na chegada, alguns dos mais de 60 mil filiados buscam a entidade para falar sobre questões de mercado. À noite, após os shows e a cerimônia de premiação, ele fica reservado para que os músicos promovam encontros especiais.
MC Koringa e Ananda
Adryana Ribeiro
Douglas Nascimento Tico Santa Cruz e Gustavo
Leo Chaves e Ton Carfi
Jéssica Fonseca, Daniele Zarichta e Cely Manhães
Fernando Santos e Japinha
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“Os contratos com as grandes plataformas — Deezer, Spotify, Apple, YouTube — já foram assinados e elas estão pagando. Estão pagando pouco, sabíamos disso. Mas precisávamos legitimar o pe-
Nando Cordel
Kadica Souto, Rachell Luz e Marcellus Meireles
JAM SESSION
Em um dos muitos encontros musicais que ocorreram no espaço, Antônio Villeroy, autor de “Garganta”, composição famosa na voz de Ana Carolina, fez a base da canção no violão. Acompanhado por um pianista e um percussionista, Lucas Silveira, da Fresno, improvisou na guitarra. Eles acompanhavam o fenômeno Ananda, cantora que ganhou o país com o hit “Quero que tu vá...”. Ela intercalava as estrofes da música de Villeroy com o refrão da sua, famosa pelos xingamentos e palavrões. “Usamos o palavrão quase como uma vírgula”, sintetizou Ananda.
Délcio Tavares e Caetano Biachi
Antonio Villeroy Vítor Corso/FNM
O diretor executivo e CEO da Abramus, Roberto Corrêa de Mello, projeta mais três anos para que os artistas alcancem um padrão financeiro mais razoável de premiação das plataformas digitais. Porém, atesta que o mais importante foi legitimar os pedidos diante dessas empresas:
dido”, afirma. “O mais difícil foi o YouTube. Foram nove anos de litígio, pois tem uma complexidade: é uma plataforma mista. Foi difícil precificar. Mas isso nos legitimou a buscar uma remuneração mais compatível com aquilo que é o ganho financeiro deles. As outras foram mais tranquilas.”
Vítor Corso/FNM
A parede do espaço, no Hotel Dall’Onder, foi estampada com a imagem de homenageados desta edição: Leo Chaves, Neto Schaefer, Neto Fagundes, Davi Sacer, Comunidade Nin-Jitsu e Léo Pain. Os assuntos mais importantes, no entanto, estavam nos corredores. Muitos artistas procuravam os representantes da entidade para falar sobre direitos autorais de suas músicas.
André & Felipe
Robison Boeira, Ayrton Patineti e Omair Trindade www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Graça Paes/Especial
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Leandro Valle de Mello, Leo Chaves e Roberto
Jonh Endres, João Luca e Mateus Rosa
Yris Bruna e Tico Santa Cruz
Espaço Abramus foi bastante concorrido
Tato e Roberto
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MC Koringa, Roberto, Rappin’ Hood e Gustavo www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Graça Paes/Especial
Edison Coelho, Joel Marques e Gustavo Vianna
Fernando e Vítor Kley
Cristiano Quevedo e Roberto
Rosa Marcondes/Especial
GAROTA INTERNACIONAL
Rachell Luz
N
ão suspeite da grafia do nome. Apesar de ser paulistana, a cantora e compositora Rachell Luz tem formação no Estados Unidos. Ela deixou a banda de forró Forrueiros, na qual ingressou quando tinha 20 anos, para morar em Boston e em Nova York por quase cinco anos. Lá, se formou como cantora e compositora, em 2014,
João Paulo e Nando Cordel
Japinha
Com Bavini
e gravou o seu primeiro disco autoral, “KeL” (2016), que conta com a participação especial de Seu Jorge na última faixa. “Meu primeiro disco mesclou influências brasileiras com o pop norte-americano, trazendo na sonoridade o aspecto de globalização e a dualidade de idioma que estava vivendo na megalópole”, comenta.
Daniel Del Sarto
Tato
DE VOLTA AO BRASIL
Desde que retornou ao Brasil, Rachell trabalha como compositora, produtora e intérprete em gravações para filmes e séries, tais como “Zé do Caixão”, “Apaixonados — O Filme”, “Entrando Numa Roubada”, “Always Worthy”, “AMOR.COM”, “Riding The Storm” (canaL OFF) e “O GaLã”. Campanhas publicitárias para Jeep e Acuvue Oasys Brasil também estão no currículo. Em 2016, venceu o WebFestValda — festival carioca de música independente — como melhor cantora e melhor banda com a música “Passarinho”. E é possível que você a veja, constantemente, na programação do Canal Bis, pois Rachell participou da quarta temporada do programa “Na Voz Delas”, interpretando sucessos nacionais (“Me Diga”, do Nando Reis) e internacionais (“Hungry Like the Wolf”, do Duran Duran). www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Divulgação
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Ousada e
talentosa
Sensação da música revelada pela internet em 2018, a carioca Ananda foi destaque também na Festa Nacional da Música, se apresentando para uma multidão ao lado de outros artistas no
Show Nacional da FNM
E
la é estudante de Jornalismo, hostess em uma casa de shows no Rio de Janeiro e, em poucas semanas, virou um dos grandes hits do momento na música brasileira. Fernanda Gama Lins, ou simplesmente Ananda, foi uma das artistas da nova geração a participar da Festa Nacional da Música, cantando para uma multidão no Show Nacional, na Rua Coberta, e em outros momentos do evento. A carioca de 26 anos estourou com o hit “Quero que tu vá...”, música que começa despretensiosa, como mais uma canção sobre fim de relacionamento, até que o palavrão chega com tudo.
CARREIRA PROMISSORA
A ousadia lhe rendeu bons frutos: em parceria com o amigo MC Koringa, a música rapidamente bombou no YouTube e alavancou a proeminente carreira da cantora. Em Bento Gonçalves, deu para ver que o público realmente gostou do que viu, ao cantar junto, especialmente no refrão. O hit é uma das canções de um EP que será lançado em breve. A outra, já conhecida, é “Dia Perfeito”. Surpresa com a repercussão de “Quero que tu vá...”, Ananda explica: “Quem não tem um dia que quer mandar todo mundo tomar no c*? É um pensamento coletivo sincero”.
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MC KORINGA: trajetória de sucesso mira
NOVOS RUMOS
Artista apresentou na Festa da Música sua nova identidade como produtor e empresário: Joker Beats
O
apelido veio, na verdade, por colegas de escola. Ele ria demais nas salas de aula, e todos lembravam do personagem rival do Batman. O tempo passou e o que era uma brincadeira virou o nome de um dos maiores funkeiros do momento: MC Koringa, que agora se lança como Joker Beats. O artista foi uma das atrações da Festa Nacional da Música, se apresentando para a multidão que foi conferir o Show Nacional na Rua Coberta, em Bento Gonçalves, e agitando nos espaços destinados à Festa no Hotel Dall’Onder.
A trajetória do carioca de 38 anos começou no meio dos anos 1990, em parcerias com o DJ Marlboro. Foi com ele que a carreira de Koringa explodiu, chegando a colocar músicas suas como temas de novelas da TV Globo.
HITS DA CARREIRA
Estreante na Festa da Música neste ano, MC Koringa é intérprete e compositor de hits como “Pedala, Robinho”, “O tamborzão tá rolando”, “Dança Sensual”, “Danada vem que vem”, “Partiu Fúrduncio” e “Taca Taca”, entre outros. No meio deste ano, o artista iniciou uma nova fase, ao
se lançar como produtor e empresário. Com o codinome de Joker Beats, Koringa apresentou uma parceria com a também carioca e amiga de longa data Ananda, autora do hit “Quero que tu vá...”.
NOVA FASE
Artista que canta, compõe, se arrisca com desenvoltura na dança, produz e dirige com maestria sua própria carreira, MC Koringa, o agora Joker Beats, tem tudo para emplacar novos sucessos na carreira. Colocando seu talento a serviço de outros artistas, ele mergulha de cabeça na nova fase.
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A hora e a vez de
Marco Bavini M
arco Bavini traz o dom musical de berço. Filho do ícone da música Sérgio Reis, a veia artística de Bavini, no entanto, se revelou, de início, em uma banda de rock pesado. Depois, começou a trabalhar acompanhando o pai e ganhou dois prêmios Grammy como produtor dos álbuns de Sérgio Reis, em 2008 e 2015. Bavini, então, migrou para a música sertaneja e, em 2017, lançou um dueto com Paula Fernandes: a canção “Bom Dia”.
A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA
Em Bento Gonçalves, ele participou de dois momentos importantes na Festa da Música. Primeiro, compartilhou a história de sua carreira com estudantes da cidade. Falou da importância da música em sua formação e apresentou canções aos jovens, interpretadas na viola caipira. Outra importante passagem de Bavini na Festa foi sua apresentação na noite de encerramento, quando mostrou seu talento ao executar, entre outras canções, a música “Sapato Velho”, de Mu, Cláudio Nucci e Paulinho Tapajós, famosa nas vozes do grupo Roupa Nova.
TALENTO RECONHECIDO
Depois de participar de projetos cultuados e de abrilhantar o trabalho de tanta gente boa, Bavini ganha o merecido holofote com seu primeiro disco solo. Intitulado apenas Bavini e lançado de forma independente, a estreia solo do artista é um exemplo de bom gosto e ecletismo; um bálsamo para quem aprecia harmonias bem executadas, melodias memoráveis, letras repletas de sensibilidade e musicalidade plena.
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Com o pai, Sérgio Reis, e Ângela Bavini
Música e
talento que VÊM DE BERÇO
S
e a música vem de berço, o talento é herança. Gabriel Sater, filho do violeiro Almir Sater, foi um dos convidados da Festa Nacional de Música e, na noite de encerramento do evento, brindou o público no Hotel Dall’Onder com uma apresentação instrumental impecável, tocando a clássica canção “Mercedita” e homenageou Luiz Carlos Sá com “Boca do Mato”. Desde os 19 anos, Gabriel coleciona prêmios de melhor compositor, melhor arranjador, melhor canção e melhor instrumentista. Seu primeiro disco foi lançado em 2006, hoje ele já tem três CDs gravados. Ao longo da sua carreira, tem dividido atividades entre a música e a atuação, inclusive com participação em novelas, como “Meu Pedacinho de Chão”, de Benedito Ruy Barbosa, exibida pela TV Globo.
CANTOR E ATOR PREMIADO
Na Festa Nacional da Música, Gabriel Sater ainda comemorou o lançamento do filme “Coração de Cowboy”, no qual interpreta um cantor de sertanejo universitário frustrado com a efemeridade do meio. Pelo personagem, Gabriel ganhou o prêmio de melhor ator no festival americano Scruffy City Film and Music, de Knoxville, no Tennessee. Divulgação
Com o pai, Almir Sater
No novo show do artista, também fruto do filme e do mais recente CD da carreira, estão composições em parceria com grandes artistas da música brasileira e talentos da nova geração de compositores como “Quando For a Hora”, com Renato Teixeira e João Gaspar, e “Meu Lugar”, com o produtor Leandro Aguiari e César Leite.
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Música e cultura ensinam jovens plateias
Iniciativa da Festa da Música aproximou alunos de Bento Gonçalves de grandes cantores, músicos e compositores
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Délcio Tavares
Marcelo Bhering
Del Sarto e Rappin’ Hood
Guri de Uruguaiana
Marco Bavini
Mestre Robson Miguel
Série de encontros promovida pela Festa Nacional da Música aproxima grandes cantores e compositores de estudantes em Bento Gonçalves
A
música e a cultura têm importante papel na educação. Pensando nisso, a Festa Nacional da Música preparou série de eventos e shows em que estudantes dos Ensinos Fundamental e Médio da rede escolar de Bento Gonçalves tiveram a oportunidade de ouvir conselhos importantes de artistas consagrados. Em todos os encontros os espaços ficaram lotados de jovens em dois dias de programação.
CONVERSA FRANCA
Em um dos encontros na Fundação Casa das Artes, o rapper Rappin’ Hood falou da sua in-
fância e das dificuldades da periferia. Ele contou que começou a compor suas rimas aos 12 anos e que a consciência social que buscava em suas letras fez seu pai despertá-lo para a responsabilidade de ser um bom aluno e respeitar os professores e colegas. A conversa franca, carregada com a mensagem direta, atraiu a atenção de todos. Tico Santa Cruz, vocalista da banda Detonautas, fez questão de passar aos jovens que é preciso desenvolver seu senso crítico, para que possam pensar por si mesmos. Ele também ressaltou o valor da formação esco-
lar e cantou acompanhado pelo público. Em sua participação na Casa das Artes, o ator e músico Daniel Del Sarto destacou a valorização que deve ser dada aos professores e enfatizou a importância de acreditar nos próprios sonhos. Dodô, do Pixote, Grupo Bom Gosto, Délcio Tavares, Marcelo Bhering, Carlos Colla e Carlinhos Freitas também se apresentaram para a atenta plateia.
APRENDIZADO E MÚSICA
Os alunos tiveram, ainda, a oportunidade de adqui-
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Vítor Corso/FNM
Franciele Zanon Gonçalves/PBG/Divulgação
Dodô também fez questão de participar e conversar com as crianças e adolescentes da Serra
Vocalista do Detonautas lembrou da importância de ter responsabilidade e senso crítico
Vítor Corso/FNM
Vítor Corso/FNM
Vindos de realidades diferentes, Rappin’ Hood e Daniel Del Sarto deram importantes conselhos aos estudantes Mestre Robson Miguel deu uma verdadeira “aula” para o público com seu talento e carisma
Guri de Uruguaiana tirou a cantora Gisa Nunez para dançar Franciele Zanon Gonçalves/PBG/Divulgação
rir novos conhecimentos com os artistas. Marco Bavini, filho do cantor Sérgio Reis, apresentou canções com a viola caipira, mostrando um pouco da cultura sertaneja do Brasil. Violonista premiado e de carreira internacional, Mestre Robson Miguel falou da história da música e mostrou no
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violão habilidades que foram da música erudita de Bach até o “Tema da Vitória”, famosa canção eternizadas pelas vitórias do piloto brasileiro de fórmula 1, Ayrton Senna.
PÉ DE VALSA
A programação voltada aos estudantes também contou
com muito humor. O Guri de Uruguaiana, personagem do humorista Jair Kobe, animou a plateia com suas piadas e brincadeiras. Em certo momento da apresentação dos cantores chegou, inclusive, a tirar a cantora Gisa Nunez, que apresentava o evento, para uma dança, divertindo a plateia.
Rosa Marcondes/Especial
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GRANDES ÍDOLOS DE NOVOS PÚBLICOS
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Palco ficou pequeno para tanto talento
Marco Bavini e Sérgio Reis
Em um dos salões do Hotel Dall’Onder, adolescentes animados não viam a hora de encontrar seus ídolos. Engana-se quem pensa que eles aguardavam alguma banda de rock. As estrelas que queriam ver eram Sérgio Reis, Carlos Colla, Michael Sullivan e Paulo Massadas, grandes compositores da música brasileira que reservaram uma manhã da programação da Festa Nacional da Música para dividir com os alunos suas his-
Plateia lotada
tórias de vida e de carreira. O encontro foi precedido por um trabalho de pesquisa que os estudantes realizaram, tendo como tema as composições dos autores que agora estavam ali, ao alcance de uma selfie, e eles tiraram muitas. Para a secretária adjunta de Educação do município, Adriana Zorzi, a Festa da Música proporcionou que os alunos pudessem
Tietagem com Sérgio Reis
conhecer esses compositores e resgatar a história de importantes canções. Luciane Sberse, coordenadora pedagógica da Secretaria de Educação, revelou que o encontro foi o fechamento de uma preparação de mais de um mês e que após novos trabalhos seriam realizados com os alunos para avaliar “os pontos positivos sob o campo pedagógico de uma iniciativa tão importante quanto essa”. Compositores dividiram com estudantes suas histórias de vida e de carreira
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Sucesso
SEM IDADE The Fevers e artistas convidados levam hits da Jovem Guarda a uma Casa das Artes lotada e provam, em Bento Gonçalves, que não tem hora nem lugar para ouvirmos música boa
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ntes mesmo do início do evento, no dia 23 de outubro, a quantidade de público que aguardava para entrar na Casa das Artes já dava indícios do sucesso que se-
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ria aquela tarde. A fila dobrava a esquina e seguia até a Rua Coberta, cheia de pessoas ansiosas para ouvir The Fevers relembrarem as canções da Jovem Guarda que embalaram suas adolescências.
CASA LOTADA
A casa de shows, com capacidade para cerca de 450 espectadores, estava praticamente lotada, com público até mesmo nas galerias. A expectativa era ver pessoalmente os ídolos dos anos 1960 e 1970. Da formação original, restam apenas o vocalista Luiz Cláudio e o baixista Liebert. Atualmente, eles são acompanhados pelo guitarrista Rama, o baterista Otávio Henrique e o tecladista Miguel Ângelo. Na maior parte do tempo, os espectadores ficaram em pé, e até desceram para
Sabino, Loroza, Luiz Cláudio e Del Sarto
a frente do palco a pedido de Luiz Cláudio. “Quem quiser, pode vir aqui perto e dançar. É uma grande emoção para nós estar aqui”, declarou. Não faltaram os clássicos do grupo, como “Boogie Woogie Fever”, “Agora Eu Sei”, “Que Fazer Pra Esquecer” e “Vem Me Ajudar”. E quando perguntaram qual seria o maior hit da banda, ouviram a plateia responder prontamente “Mar de Rosas”, canção cantada do início ao fim pelo público presente.
Rama, Liebert e Luiz Cláudio
Luiz Cláudio fez o público cantar junto www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Vítor Corso/FNM
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REFORÇOS DE PESO
A banda contou com convidados de qualidade para retribuir o carinho do público. As escolhas de artistas e repertório foram precisas. Para interpretar “Negro Gato”, sucesso de Getúlio Côrtes na voz de Roberto Carlos, foi chamado o ator Sérgio Loroza. “Nada mais óbvio para mim do que cantar esta música”, brincou o comediante. “E também nunca me senti tão amado quanto aqui.”
Banda cantou clássicos da carreira
Já Marcos Sabino gabou-se de sua parceria com Erasmo Carlos, em “Reluz”, e acompanhou o grupo em “Sentado à Beira do Caminho”. Mas foi o ator e cantor Daniel Del Sarto quem incorporou a dupla Roberto e Erasmo em uma sequência matadora de músicas da época: “Minha Fama de Mau”, “O Bom” e “É Proibido Fumar”. “Queria que minha mãe estivesse aqui para ver a emoção que estou sentindo”, comentou. “Cresci ouvindo ela cantando essas músicas que interpretei para vocês.” The Fevers receberam convidados no palco
TODOS ARTISTAS NO PALCO
O show ainda teve versões de músicas dos Beatles, como “Hey Jude” e “Imagine”, e outros sucessos da Jovem Guarda, como “Festa de Arromba”, no encerramento, com todos os artistas no palco. Apesar de quase 1h30min de espetáculo, o público ainda exigiu um bis, que veio com “É Preciso Saber Viver”.
Serjão Loroza
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Marcos Sabino www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Vítor Corso/FNM
Daniel Del Sarto
Entre os adjetivos usados pelo público serrano, “lindo” foi o mais recorrente: “Bento Gonçalves merece”, disse Andréia Antonini. E Elisete Gheno completou: “Música boa a gente não esquece”.
50 ANOS
de estrada
e ainda atuais Empresário José Carlos Marinho, representante do The Fevers, falou sobre a trajetória do histórico grupo de rock e a participação da banda na
FNM 2018
Eles começaram em 1965. Fazem, em média, de 80 a 100 shows por ano. E foram ovacionados na Festa Nacional da Música em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Mas qual o segredo do sucesso? Quem revela a fórmula para tanta vitalidade é o produtor e empresário do The Fevers, José Carlos Marinho, que há décadas acompanha a trajetória do grupo. Para se manterem atuais, ainda mais em uma época de música digital, a banda aposta na memória. “Os jovens e crianças de hoje conhecem a música, mas não sabem
quem toca. Muitos casais namoraram, casaram e tiveram filhos enquanto Fevers tocava nas rádios. Então eles estão no inconsciente das pessoas”, conta Marinho.
SUCESSO SIMILAR AO DO REI
O grupo, que, segundo o empresário, tem um sucesso em termos de volume de pro-
duções similar apenas a Roberto Carlos, esteve recentemente no Espírito Santo, após as participações na FNM 2018. Participação, por sinal, bastante valorizada por Marinho: “O diferencial da Festa da Música é que ela não tem cunho comercial. A bandeira da Festa é a própria música. É uma grande confraternização”, finaliza.
Fotos: Divulgação
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Encontros e surpresas no
PALCO DA MÚSICA A noite de encerramento do maior encontro de artistas do Brasil teve reuniões inusitadas e provocou muitas emoções no público presente no Hotel Dall’Onder, em Bento Gonçalves Reunião de artistas de diferentes estilos marcou segunda noite de shows na Festa Nacional da Música
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clima harmonioso para que os artistas se sintam à vontade de conversar, trocar experiências e realizar performances que, às vezes, acontecem longe dos olhos do público, é uma das marcas da festa. Imagine, por exemplo, em quantas ocasiões Sérgio Reis cantou “Tocando em Frente”, de Renato Teixeira e Almir Sater, na presença da família dos compositores. Agora você entende, então, a emoção que ele sentiu ao ver Gabriel Sater, filho do amigo, dedilhando o violão na frente de inúmeros convidados com os olhos marejados. Este foi um dos encontros que a Festa da Música ofereceu na segunda noite do evento, em Bento Gonçalves. A cerimônia que encerrou a 14ª edição consecutiva da Festa come-
çou estendendo as homenagens do dia anterior. O produtor José Milton de Araújo pediu palmas para Ângela Maria, cantora falecida em setembro de 2018, com quem ele gravou oito álbuns e quem lhe apresentou Roberto Carlos. Ele interpretou “50 Anos”, de Aldir Blanc e Cristóvão Bastos. Depois dele, Luiz Carlos Sá, Flávio Venturini e a banda 14 Bis se juntaram para interpretar clássicos como “Noites Com Sol” e “Linda Juventude”, de Flávio, e “O Sertão Vai Virar Mar”, de Sá. O cantor e compositor carioca contou como as histórias deles se cruzaram inúmeras vezes, nos últimos 30 anos, e destacou que novas histórias estavam sendo escritas ali mesmo.
JOIA RARA
O desfile de sucessos seguiu com a beleza
Rodrigo Santos, Ivo Meirelles e Fernando Magalhães
Gabriel Sater e Sérgio Reis
Eliza Marin e Marcellus Meirelles
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Rosa Marcondes/Especial
Nanda Fellyx, Sandra de Sá, Marcellus Meirelles e Simone Floresta
Tico Santa Cruz
José Milton de Araújo
Rosa Marcondes/Especial
e sensibilidade de Rosemary. A cantora interpretou “Esse Cara É Você”, “Bons Amigos” e “Jóia”, de Roberto e Erasmo Carlos. Introduzindo o que a letra sugere, ela pediu respeito às mulheres: “Grito como mulher, como artista, como cidadã, que a gente precisa de uma pancada de amor. Como uma joia rara, ela precisa ser lapidada, ela precisa ser tocada, ela precisa ser amada”, sublinhou. O rock’n’roll de to-
das as gerações esteve presente na Festa. O baixista Rodrigo Santos, que foi membro do Barão Vermelho por 26 anos, levou Os Lenhadores, sua nova banda, para executarem “Juntos De Novo”. Ele contou ainda com a participação do guitarrista Fernando Magalhães, que segue no Barão, e com a participação do sambista Ivo Meirelles.
HERDEIROS DO ROCK
Herdeiros dessa geração do rock brasileiro, os gaúchos da Fresno subiram ao palco
para tocar duas de suas maiores canções, “Manifesto” e “Infinito”. O vocalista Lucas Silveira agradeceu a oportunidade de incluir em sua agenda dias de confraternização com amigos. Vocalista do Detonautas Roque Clube, Tico Santa Cruz seguiu comandando a Festa. Postado apenas com um violão nas mãos, Tico Santa Cruz, interpretou “Olhos Certos” e “Você Me Faz Tão Bem”. “O amor é a única revolução ver-
dadeira”, disse, ao pedir que todos se abraçassem. No fim, a nova geração do rock esteve presente com todo o peso da banda República.
DUETO EMOCIONA
Participante de todas as edições da Festa, Sérgio Reis foi um dos artistas mais cultuados pelos próprios integrantes do meio artístico e protagonista de uma das cenas mais bonitas da noite. Ele subiu ao palco para cantar seus clássicos. “Coração de PaTalles Kunzler/FNM
Nando Cordel
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Daniel Del Sarto www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Graça Paes/Especial
Banda República
Rachell Luz
Délcio Tavares
pel”, “Comitiva Esperança” e “Amora” foram as escolhidas. Em determinado momento, porém, ele decidiu interpretar “Tocando em Frente” e convidou Gabriel Sater, filho do parceiro Almir, para acompanhá-lo no violão. O dueto arrancou lágrimas de muitas pessoas.
o mesmo com “Sapato Velho”, de Mu, Cláudio Nucci e Paulinho Tapajós. E Eliza Marin, vocalista do grupo Barra da Saia, emocionou com “Nunca”, de Lupicínio Rodrigues. Ela interpretou o hino da dor de cotovelo com o violonista Marcellus Meirelles, que acompanhou ainda uma dezena de músicos e fez com que Sérgio Reis provocasse todos com uma piada: “Vamos cobrar R$ 100 de cada um para pagar o teu cachê”.
Rosemary
TODAS AS GERAÇÕES
Autor de mais de mil canções, Nando Cordel precisaria de alguns dias
Rosa Marcondes/Especial
“Eu que já participei de todas posso dizer que esta é a edição mais gostosa”, garantiu Sérgio Reis. Gabriel Sater ainda mostrou sua versão de “Merceditas” e homenageou Luiz Carlos Sá com “Boca do Mato”. Bavini, filho de Serjão, fez
José Milton cumprimenta os amigos Carlos Colla, Sérgio Reis e Ângela Bavini
Adryana Ribeiro
Fresno
Marco Bavini
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Rosa Marcondes/Especial
14 Bis, Luiz Carlos Sá e Flávio Venturini
para apresentar todas as suas composições. Mesmo com pouco tempo, ele arrebatou o público com “Gostoso Demais”, eternizada nas vozes de Elba Ramalho e Maria Bethânia. Depois, mostrou duas peças da vertente espiritual de sua obra, os mantras “Paz Pela Paz” e “O Jardim da Minha Mente é Lindo”.
Sandra de Sá convidou artistas revelados em seu projeto Baculêjo das Artes para mostrar alguns trabalhos. Sua esposa, Simone Floresta, apresentou “Olhos Cor de Canela” e “Nega Abusada”. Já Nanda Fellyx cantou “Ela Tira Onda”. No fim, Sandra fez todo mundo levantar com “Olhos Colori-
LÉO PAIN LANÇA CANÇÃO INÉDITA NA FESTA
Um mês após ser escolhido o vencedor do “The Voice Brasil 2018” com votação absoluta, Léo Pain foi homenageado na Festa Nacional da Música. Na noite seguinte à premiação, fez questão de lançar a nova música de trabalho, “Ela Não Merece”. A canção, inédita até então, foi apresentada em forma de playback, pois ainda precisava ser finalizada e distribuída para as rádios e para plataformas on-line.
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dos”, em uma invasão ao palco por diversos artistas. Uma das artistas que subiu no palco e continuou por lá foi Adryana Ribeiro. A cantora chamou Mug, do grupo de pagode Bom Gosto, e outros sambistas para ajudarem-na a interpretar clássicos do samba
como “Isso é Fundo de Quintal” e “Vai Vadiar”. Para encerrar, a cantora Rachell Luz, o cantor ítalo-gaúcho Délcio Tavares e o multi-artista Daniel Del Sarto. As duas noites de Festa serão reprisadas pela TVE, para o Rio Grande do Sul, e pela Music Box Brazil, para o resto do país.
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Letra & melodia no espaço da Sbacem O
A Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Músicas marcou presença na Festa Nacional da Música 2018
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Otavio Monteiro, Sérgio Loroza, Nei Barbosa, Cláudio Mendes, Liebert e Marinho (em pé). Luiz Carlos Maluly, Zé Milton e Max Pierre (sentados)
Márcio Fernandes, Clailton Gil, Islan Morais e Adevaldo Gomes
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s dias de programação da Festa Nacional da Música em Bento Gonçalves foram de muita movimentação no estande da Sbacem, onde artistas conversaram sobre o mercado fonográfico, trocaram ideias e também, é claro, mostraram seu talento em apresentações intimistas, em um clima bastante informal. O novo diretor artístico da Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Músicas, Max Pierre, celebrou o evento e salientou que em sua gestão dará “um atendimento personalizado, orientando os autores novos e revitalizando obras clássicas”. No espaço montado no Hotel Dall’Onder também estiveram o CEO Islan Morais, o diretor secretário Clailton Gil, o jornalista representante da associação no Rio Grande do Sul Jorge André, e o produtor musical Luiz
Carlos Maluly, representante de São Paulo.
ARTISTAS PRESENTES
Entre os cantores e compositores que passaram por lá, estrelas como Ivo Meirelles, Sérgio Loroza, Ananda, Délcio Tavares e a dupla João Luca & Matheus. Mestre Robson Miguel, violonista homenageado nesta edição da Festa da Música, também esteve no estande da Sbacem. Fundador da Orquestra Sinfônica de Santo André, em São Paulo, e também fundador, maestro e arranjador da Orquestra Sinfônica Kalein, de Madri, na Espanha, fez bonita apresentação no espaço.
NERVOS DE AÇO
Em outro belo momento, o cantor gaúcho Délcio Tavares interpretou emocionado, ao lado de Lupicínio Rodrigues Filho, o Lupinho, a clássica canção de seu pai, “Nervos de Aço”.
TRAJETÓRIA MARCADA POR GRANDES NOMES
Mário Rossi (sentado com a mão no rosto), Joubert de Carvalho, Braga Filho (de pé) e Jararaca (José Luis Rodrigues Calazans) discursando nos 26 anos da Sbacem, em 1972
Ary Barroso
Pixinguinha
Fundada em 1946 por grandes nomes da música popular brasileira, a Sbacem teve entre seus presidentes Arlindo Marques Júnior, Benedicto Lacerda, Ary Barroso, Marino Pinto, Mário Rossi, Adelino Moreira, Chico Xavier, Ivo Santos, Raul Sampaio, Denis Lobo e, desde 2017, Fernando Magarça.
Donga
Já passaram pelo seu conselho deliberativo Pixinguinha, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Herivelto Martins, entre outros. O cantor João Gilberto também já fez parte do quadro de associados.
Tom Jobim
Walfrido Silva, Marino Pinto, José Prudente de Morais (Carvalhinho), Dorival Caymmi e Mario Rossi
No Rio Grande do Sul, a Sociedade foi fundada e representada durante 28 anos por ninguém menos que Lupicínio Rodrigues. E ele deixou um grande legado: o compositor e intérprete Lupicínio Rodrigues Filho, o Lupinho, associado da Sbacem.
Fernando Magarça
Gustavo Thomaz Filho (Brasinha), Herivelto Martins, Pixinguinha, José Roy, Dante Santoro, Donga e Henrique de Almeida
Herivelto Martins
Haroldo Lobo (de óculos), José Prudente de Moraes, Risadinha, Brasinha, Walfrido Silva, Herivelto Martins e Marino Pinto (brindando), Mario Rossi (ao fundo) e Felisberto Martins
Atualmente, a instituição conta com um quadro social de mais de 11 mil associados e possui mais de 50 contratos de representação com associações congêneres no exterior, protegendo os direitos autorais de seus sócios em todos os continentes.
Ary Barroso, Benedicto Lacerda e Nestor de Holanda em solenidade comemorativa do 3º aniversário de fundação da Sbacem, em 9 de abril de 1949
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Islan, dupla João Luca & Mateus, John Endres, Clailton e Adevaldo
Lupinho, ministro Sérgio Sá Leitão, Victor Hugo e Clailton
Jorge André, Islan, Victor Hugo, Fernando Vieira, Lupinho, Adevaldo, Clailton e Maluly Rosa Marcondes/Especial
Max Pierre, Lupinho e Marcelo Bhering
Max Pierre, Carlos de Andrade e Márcio Mazzeron
Islan, Márcio, Ananda, Clailton, Ivo Meirelles, Vivi Freitas e Adevaldo
Lupinho e Délcio cantam “Nervos de Aço”
Islan, Márcio e Mário Sergio Rosa Marcondes/Especial
José Marinho e Max Pierre
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Clailton, Robson Miguel e Islan
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Adevaldo, Délcio Tavares, Jorge André, Zé Milton, Lupinho e Max Pierre
O SOM PESADO DA
Banda República O
som mais pesado desta e de qualquer edição da Festa Nacional da Música foi da banda República. Na segunda noite de shows, em Bento Gonçalves, eles fizeram tremer as estruturas do Hotel Dall’Onder com as guitarras distorcidas — ainda que o metal tenha sido atenuado por uma versão mais branda de “Que País É Este?”, da Legião Urbana. No encontro, eles contaram com o apoio de Lucas Silveira, da
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Fresno, e a bênção de Sérgio Reis, além da troca de ideias com Rappin’ Hood que podem, em breve, tornar-se um novo projeto. Apesar de novatos neste festival, o grupo é experiente no segmento metaleiro. Participaram de três Rock in Rio em sequência — 2013, 2015 e 2017, que, inclusive, virou DVD — e fizeram turnês nos Estados Unidos e no Canadá com Slash e na Europa com Scorpions e Alice Cooper.
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TURNÊ NO EXTERIOR
O tour pelo exterior se tornou um minidocumentário em cinco capítulos exibido pelo Canal Bis, com episódios bastante curiosos, como o infarto sofrido pelo baixista Marco Viera após um show em Estocolmo, na Suécia. “Por sorte, estávamos em um país de primeiro mundo. Em uma hora, ele estava no hospital com cirurgia marcada para colocar dois estentes”, conta o baterista Mike Maeda.
SUCESSO NA NOVELA
A República emplacou a música “Beautiful Lie” na trilha sonora da novela “Segundo Sol”, da TV Globo. Mesmo assim, Maeda considera que ainda há muita meta a ser batida: “Já alcançamos objetivos que muitas bandas não alcançaram, mas queremos mais, sem nenhuma presunção. Queremos nos tornar uma banda conhecida e estabilizada, sem perder a essência da nossa estética. Queremos ser de verdade.”
O Barão vive
E
Rodrigo Santos e Fernando Magalhães se apresentaram juntos na FNM
les conviveram por 26 anos e podem dizer que fizeram parte de uma das maiores bandas de rock do Brasil em todos os tempos. Embora sigam carreiras distintas, Rodrigo Santos e Fernando Magalhães se reuniram na Festa Nacional da Música, interpretaram clássicos e puderam fazer com que nós acreditássemos: o Barão Vermelho vive!
saída de Cazuza, e Rodrigo, cinco anos mais tarde, assumiu o baixo. Exceto por alguns breves intervalos da banda, eles estiveram juntos até o ano passado, quando o baixista deixou em definitivo para se dedicar aos Lenhadores, seu novo conjunto. Já Fernando permanece como guitarrista do Barão ao lado de Rodrigo Suricato, que substituiu Frejat nos vocais.
Nenhum dos dois é membro original do grupo. Fernando assumiu a guitarra em 1987, após a
Na segunda noite da Festa, Rodrigo Santos e os Lenhadores e Fernando Magalhães subiram ao
palco para quatro canções, entre elas duas do Barão: “Pro Dia Nascer Feliz” e “Bete Balanço”: “Eu venho há anos. É um encontro bacana para rever amigos e conhecer novos artistas. É uma coisa que engrandece a música e faz com que todos nós nos aproximemos”, define Fernando. Depois dela, foram vistos nos palcos das jam sessions tocando clássicos do rock nacional e internacional. E o que acontece em Bento, fica em Bento!
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Artistas e convidados da Festa Nacional da Música se encantam com a Serra Gaúcha em passeio de Maria Fumaça
T
odos a bordo! Acostumada a proporcionar momentos incríveis para o público, que tem a chance de ver de perto seus ídolos, a Festa da Música, em parceria com o Grupo Giordani de Turismo, presenteou os grandes nomes da música com um passeio inesquecível na Maria Fumaça, pela Serra Gaúcha. O roteiro, que percorreu Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa, teve apresentações musicais e muita alegria. Os artistas tiveram a oportunidade de conhecer de perto um pouco da cultura do Rio Grande do Sul, em especial da região de colonização italiana. Na estação férrea de Garibaldi, foram recebidos com músicas típicas e degustaram sucos e espumantes.
VAGÃO ANIMADO
Os músicos ouviram sobre a história local e fizeram questão de posar em frente à Maria Fumaça para levarem para casa uma lembrança do passeio. A animação deu o tom da viagem.
No grupo, entre outros, estavam Paulo Massadas, Nando Cordel, Carlos Colla, a banda Fresno, Ovelha, Marco Bavini, Adryana Ribeiro, Dodô, do grupo Pixote, a dupla Sem Reznha, Felipe Pezzoni, André Marinho, Pinha Presidente e o grupo Fundo de Quintal, Marcelo Bhering, Gabriel Sater e Ananda. Com tanto talento musical reunido, o vagão dos artistas foi o mais animado da Maria Fumaça. Quem puxou a brincadeira foi o cantor Ovelha, que logo passou a ser acompanhado por todos que cantavam o famoso refrão do sucesso “Sem Você Não Viverei”.
TRAJES TÍPICOS
Dodô, do Pixote, era um dos mais animados. Vestindo trajes típicos, ele fez questão de deixar claro a alegria de participar do passeio. “É a primeira vez que estou em Bento Gonçalves, passeando na Maria Fumaça. A Festa da Música é isso, proporciona muita alegria para nós. É muita felicidade”, disse ele.
Em Bento Gonçalves, Maria Fumaça levou os artistas em uma tarde inesquecível com música e muita festa
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TREM
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da música
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Artistas aprovaram o passeio e fizeram questão de posar com a Maria Fumaça
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Músicos vestiram trajes típicos para o passeio
Lucas Silveira, vocalista da banda Fresno, disse estar “muito feliz por participar mais uma vez da Festa Nacional da Música e, em especial desta vez, com o passeio pela Serra”. Para encerrar a tarde, mais música, claro. Os
convidados da Festa Nacional da Música caíram na dança, aproveitando como crianças e se divertindo ao som de “Bella Ciao”.
SHOW DURANTE A VIAGEM
Durante o percurso,
Trem da Música percorreu a Serra Gaúcha lotado de artistas
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revezaram-se no vagão diversas atrações. Foram grupos com gaiteiro interpretando músicas gaúchas, cantores com ascendência italiana, muito simpáticos e festeiros, e um casal de cantores líricos que roubou a cena.
A soprano Liziane Rufatto e o tenor Alexandre Borges encantaram a todos e, ao cantarem a clássica canção “O Sole Mio”, foram surpreendidos com um coro uníssono e potente dos artistas, que acompanharam o final da música.
05 a 09 DE 2018 11 a 15 MARÇO/2019
FNM|87
“Fico feliz de poder contar esta história”
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á são mais de 20 anos de carreira e dez cobrindo a Festa Nacional da Música. Quando se aproxima o mês de outubro, o coração da fotógrafa Rosa Marcondes começa a bater mais forte. “É um mês muito importante para mim, porque eu sei que está chegando a Festa da Música, fico ansiosa, emocionada.” A emoção é maior ainda porque conhece 90% dos artistas e empresários que sobem ao palco para receber as homenagens. Com nenhum deles faz questão de aparecer em fotos. Mas todos sabem quem ela é. “Fico muito feliz de poder contar esta história e estar ali”, diz Rosa, que tem fotos suas publicadas nas principais revistas de circulação nacional relacionadas à música, ao entretenimento e também a setores como agronegócio. Seus trabalhos são requisitados para ilustrar livros, CDs e DVDs de artistas como Chitãozinho & Xororó, Leandro, Bruno & Marrone, Zezé di Camargo & Luciano. A lista é extensa. A longa e profícua trajetória rendeu um convite, em 2016, da Vevo Brasil, para apresentar série de oito programas mensais onde Rosa entrevistava artistas com base nas suas fotografias de mais de duas décadas de carreira. “Prosa Sertaneja” virou fotolivro, exposição em várias cidades, e colocou a reservada fotógrafa frente às câmeras de programas como o “Encontro com Fátima Bernardes”, da Globo. Por esse e tantos outros trabalhos de qualidade e talento, a Festa da Música se alegra pela presença de Rosa nas suas edições!
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ROSA MARCONDES Fotógrafa tem mais de 20 anos de carreira e dez cobrindo a
Festa Nacional da Música
“A música é minha terapia”
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GRAÇA PAES
Em sete anos de presença ininterrupta na Festa da Música, profissional cobre o evento para os principais veículos de comunicação
la traz a música marcada no corpo. No ombro, um violão cujo contorno forma o nome do pai, Milton, revela a paixão do radiologista de profissão, mas músico de coração. E o amor da filha pelo pai e pela música. “A música sempre fez parte da minha vida. Cresci com a música, fiz parte de coral e de banda de rock na escola. Eu nunca fiz terapia, mas posso dizer que a música é minha terapia. Quando não estou bem, eu me isolo, fico ouvindo música, e aí fico bem.” Tanta sintonia com a principal razão da Festa Nacional da Música faz da fotógrafa Graça Paes figura constante na FNM. Já são sete anos de presença ininterrupta. Durante o evento, além de fotos, ela envia textos autorais e vídeos para os grandes veículos de mídia do país, incluindo os grandes portais de notícias on-line, as principais revistas digitais e impressas, jornais e agências fotográficas. “É trabalhoso, mas gratificante quando a gente faz o que ama. Quanto às pautas, além das homenagens e shows, que já sei com antecedência que vão acontecer, outras surgem durante a Festa de forma espontânea. Trabalho com ética e procuro mostrar o que há de melhor no evento.” Carioca de Jacarepaguá, a fotógrafa é jornalista, assessora de imprensa, atriz, documentarista, CEO da Agência de Notícias Zapp News e diretora de Comunicação e Marketing da Associação de Imprensa da Barra. E muito, muito fã da FNM, e nós por ela! www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Arquivo pessoal/Divulgação
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COMPOSITORES SERTANEJOS
e o processo de criação A Festa Nacional da Música abriu mais uma vez suas portas para os compositores, aqueles que vivem de criar as músicas que ficarão em nossas cabeças por tempos a fio. Mas como lidar com a pressão e a necessidade de estar em constante processo criativo? É o que descobrimos falando com alguns dos nomes da composição do gênero sertanejo
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processo criativo de um compositor pode variar. Pode ser algo espontâneo ou comercial, quando se cria uma dezena de canções em curto espaço de tempo. E pode ser de ambos os modos. Alguns dos mais proeminentes nomes do sertanejo participaram da Festa Nacional da Música, em Bento Gonçalves. Foram a shows, falaram com fãs e participaram de debates sobre o atual momento de um dos estilos mais complexos, lucrativos e árduos da música brasileira. Uma das compositoras foi Lucyana Villar, paulistana cuja história na música começa na familia. Seus pais foram alicerce para a artista com mais de duas décadas de carreira, apesar de ter apenas 36 anos. Filha de músicos, Lucyana começou a cantar em torno dos 4, quando escutou Chrystian & Ralf, e a partir de então não parou mais. Com tios e primos morando em Minas Gerais e Goiás, as visitas a esses estados logo colocou Lucyana dentro do universo sertanejo. Aos 14 anos, compôs pela primeira vez. “Não consigo compor por trabalho. Tem quem sen-
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ta, diz que vai compor e faz uma música. Isso não ocorre comigo. Preciso ter um momento de inspiração.” Ela conta que ideias já vieram até em conversa com uma amiga. “Ela me disse: ‘sofri demais por ele, mas agora só estou sofrendo de segunda a sexta’. Aquilo ficou batendo na minha cabeça, como um leão enjaulado, querendo um papel e uma caneta. Cheguei em casa e fiz a música para ela.”
Samuel Deolli (C) com Breno & Caio Cesar
QUANDO A MÚSICA ESCOLHE O ARTISTA
Já para Graciano, da dupla Thiago & Graciano, a composição é permanente. “Não necessariamente existe uma fórmula específica. Às vezes o tema de uma música surge de uma brincadeira, uma situação verídica, própria ou de algum amigo próximo”, explica o sul-mato-grossense. Mas como funciona este processo de criar para outro transformar em música?
Graciano explica: “Não é o artista que escolhe a música, é a música que escolhe o artista”. Ele e Thiago têm canções transformadas em hits por nomes como Henrique & Juliano, Munhoz & Mariano, Luan Santana, Marcos & Belutti, Maiara & Maraisa e Fernando & Sorocaba. “Muitas vezes as músicas são feitas já pensando no artista. Outras a gente escreve e encaminha de acordo com o que eles nos orientam que precisam para o novo CD ou DVD.”
INSPIRAÇÃO NÃO TEM HORA NEM DIA
Quem trabalha com a dupla é o empresário Luiz Henrique Paloni, ex-cantor que encerrou a carreira nos palcos há três anos, após a morte do irmão e parceiro de sertanejo. Paloni destaca a importância de haver tantos artistas surgindo no meio. “Essa concorrência é boa, principalmente para nós que compomos. A inspiração para a criação vem dos mais variados cantos, não tem hora nem dia marcado”, relata. Paloni fala sobre a distribuição das composições para os artistas. “A gente senta para fazer música, às vezes, direcionada. Por exemplo: Bruno & Marrone vão gravar, então sentamos e fazemos algo que seja legal para eles. Mas 90% das vezes fazemos músicas aleatórias para vários artistas. Depois de pronto, escolhemos para quem mandamos, e assim vai”, conta o compositor, natural de Adamantina, interior de São Paulo.
Thiago, Luiz Henrique Paloni e Graciano
“UM ÓTIMO REFRÃO FAZ 90% DO TRABALHO”
Outro dos principais nomes da composição hoje no país é Tierre de Araújo Paixão Costa, ou simplesmente Tierry. O soteropolitano de 29 anos tem letras suas gravadas por Jorge & Matheus, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Luan Santana, Simone & Simaria, entre vários outros artistas de renome no cenário nacional. A carreira como cantor é razoavelmente recente: começou em 2015, voltado para o arrocha, com o disco “Na Farra ou na Sofrência”. Para alguém que alçou seu nome como um compositor de mão cheia, o processo criativo é, conforme Tierry, “algo divino”. “Não faço música para artistas, faço para pessoas comuns, o povo! Componho na maioria das vezes sozinho, sou letrista e instrumentista de violão. Adoro começar minhas músicas pelo refrão, parte mais forte! Um ótimo refrão faz 90% do trabalho para a música ser um canhão e virar hit”, conta.
Davi Deolli, Sérgio Reis e Samuel Deolli
Até o sucesso começar a vir, Tierry só tocava em sua região, e explorava a internet para divulgar seu som. “A paciência é virtude essencial. Até para encarar com naturalidade o fato de sucessos seus serem musicados por artistas mais famosos, até conseguir ganhar pelos www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Divulgação
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direitos e, com esse rendimento, investir na carreira solo. “O que tem de ser meu será”, confia Tierry.
Lucyana Villar
SEM PRESSÃO PARA CRIAR
Não se pressionar também é um dos mantras para Samuel Delmiro de Oliveira Silva, ou simplesmente Samuel Deolli, natural da terra do sertanejo, Goiânia. A lista de artistas que já gravaram criações suas é extensa. Alguns são Thiaguinho, Banda Malta, Zezé di Camargo & Luciano, Jorge & Mateus, Michel Teló, Gusttavo Lima, Marcos & Belutti, Bruno & Marrone, Lucas Lucco, Victor & Leo.
Jonathan Heckler/FNM
Em 2015, Samuel lançou seu primeiro trabalho ao lado de um dos seus irmãos, Davi, e, desde então, não parou. Até hoje, emociona-se ao ver uma multidão cantando uma música sua. Emoção que foi a dele próprio quando ouviu, pela primeira vez, uma canção de sua autoria no rádio. “Quando liguei o carro, a música tocou. Chorei muito, foi tão importante que lembro até do cheiro do carro, lembro de cada detalhe daquele dia, foi o final de um ciclo difícil da minha vida”, relembra.
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Tierry
Tierry e Lucas Lucco
Thiago & Graciano agitam Jam Session da Festa da Música www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Divulgação
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Carisma e talento, uma dupla
Sem Reznha
A dupla atendeu as fãs depois da ótima apresentação em Bento Gonçalves
Com números impressionantes, os jovens do interior de São Paulo despontam como revelação da música
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ais de 10 milhões de visualizações no Youtube, mais de 2 milhões de execuções no Spotify e mais de 100 mil seguidores. Os números são da dupla Sem Reznha, a nova sensação do pagode no Brasil. Com 23 e 24 anos, respectivamente, Rafa e Douglas já estão há oito anos no mercado musical e agora, com o mais recente CD, “Proposta Ousada”, vêm conquistando o público que faz questão de acompanhar todos os momentos da dupla.
Nos shows, Rafa abusa dos passos de dança e comanda o pandeiro
FÃS
Na Festa Nacional da Música, o Sem Reznha participou do Show Nacional, que levou uma multidão para a Rua Coberta de Bento Gonçalves. Na apresentação, Rafa mostrou seu talento com o pandeiro e seus passos de dança, que causaram gritaria ensandecida das fãs. Douglas não ficou atrás e com muito carisma comandou o coro da plateia. Douglas ressalta que é muito im-
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Douglas é o vocalista e quem agita a plateia para cantar junto nas apresentações
portante ter um contato próximo com o público. “Para nós, a sensação de dever cumprido surge quando temos o retorno da plateia nos shows, quando a gente canta e eles respondem, cantam junto. É a essência do nosso trabalho”, avalia. Esse feedback positivo foi facilmente atingido em Bento Gonçalves. Após a apresentação, a dupla passou mais de meia hora atendendo pedidos de fotos e autógrafos das fãs.
CARREIRA
Quanto à participação dos dois na Festa Nacional da Música, Rafa entende que um evento que une gêneros musicais diferentes e várias pessoas do mercado fonográfico é muito importante para a carreira da dupla. “A cada ano que participamos da Festa conhecemos pessoas diferentes, de outros segmentos. O mais importante é realmente estar perto de todos que fazem o evento, compositores, músicos, divulgadores, empresários. Para nós é muito bom participar.”
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Padre Ezequiel
emociona público na Serra Religioso subiu ao palco da Casa das Artes para apresentar suas canções
Padre Ezequiel acredita que pode tocar o coração das pessoas por meio da música
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apresentação do Padre Ezequiel Dal Pozzo abriu a Festa Nacional da Música, na Serra Gaúcha. Líder do Projeto “Despertar para o Amor”, que busca a evangelização por meio da música e dos meios de comunicação, o sacerdote conta com um público grandioso de fãs. São 1,7 milhão de seguidores no Facebook, mais de 120 mil no Instagram, e, no YouTube, mais de 39 mil inscritos. Em seu show, a plateia teve a oportunidade de ouvir importantes canções de sua carreira e acompanhou com muita animação as músicas apresentadas no palco da Fundação Casa das Artes.
Para o Padre Ezequiel, “o mais importante é estar na Festa Nacional da Música, que reúne os mais variados estilos dando muita importância aos compositores musicais, em uma partilha de experiências”. Duas canções, em especial, foram destaque na apresentação, por cumprir o propósito de fazer o público refletir. A primeira foi uma versão da canção “I Have A Dream”, da banda Abba. Com o título de “Minha Alegria”, a adaptação do Padre Ezequiel afirma que as pessoas serão alegres e felizes quando aprenderem a servir. Outro momento importante foi a interpretação do “Hino de 300 Anos de Apa-
Délcio Tavares faz participação especial
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recida”, canção na qual o Padre exalta a unidade nas diferenças. A apresentação contou, ainda, com a participação especial do cantor gaúcho Délcio Tavares, que há longa data faz parcerias musicais com Padre Ezequiel. No palco da Festa Nacional da Música 2018, os dois cantaram quatro canções, dentre elas as composições “Mate de Esperança” e “Canção do Pescador”. O sacerdote salientou, também que “a música tem o dom de tocar as pessoas e sempre fez parte de minha vida”. Segundo ele, “como padre, sinto que posso chegar até o coração das pessoas através das canções”.
Brasileiro à moda italiana Pianista, compositor e cantor, Lulli Chiaro dá voz e sentimento a belas canções românticas
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iano, Lulli Chiaro, música italiana e sucesso. Essas palavras se relacionam e trazem um significado importante. Isso fica evidente ao olharmos para a carreira desse músico, compositor e cantor que ficou conhecido já nos anos 1960 quando Ronnie Von gravou sua marchinha “Jardim da Infância”. Após um hiato em sua trajetória, Lulli retornou aos palcos e lançará em breve o disco “Sala de Estar”, no qual conta com participações especiais. Uma é do compositor e cantor Ivan Lins na canção romântica inédita “Abbandonato”, e outra do ator e cantor Daniel Boaventura em “Ti amo così co-
Lulli Chiaro é também pianista
me sei”, releitura do sucesso na voz de Billy Joel “Just The Way You Are”.
SHOW NA EUROPA
Às vésperas da Festa da Música, Lulli Chiaro foi chamado para participar de um programa na RAI. “Deverei dividir o palco com cantores de grande sucesso na Europa. Mas não posso revelar mais detalhes”, disse. Para o cantor, a música brasileira e a italiana “são frutos de uma mesma árvore e águas de uma mesma fonte. O lirismo e romantismo das letras, aliados às sentidas frases melódicas, com certeza, são traços comuns e marcantes”.
Às vésperas da Festa da Música, Lulli foi chamado para participar de um programa na Itália
MÚSICA QUE APROXIMA
Olhando em retrospecto, Lulli Chiaro conclui que sua trajetória na música tem sido peculiar e muito bem proveitosa. Como compositor, teve diversas canções em novelas e muito reconhecimento no mercado. Como cantor e pianista, teve o número importante de mais de 150 mil cópias vendidas do álbum que leva seu nome, lançado em 2017. “A música guarda sentimentos e emoções que me levam para mais perto do Criador e de modo gentil, fraterno e amoroso me aproxima de todos os que me rodeiam”, diz o artista, que espera estar de volta à Festa da Música em 2019.
Compositor e cantor, Lulli Chiaro ficou conhecido já nos anos 1960 Marcos Hermes/Divulgação
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PAIXÃO
PELA MÚSICA esquenta noite fria em Bento Apresentação de artistas nacionais na Rua Coberta levou uma multidão para cantar e dançar ao som de sucessos de vários estilos
Nem o frio afastou o público que compareceu em peso para ver artistas como Tico Santa Cruz no Show Nacional da Festa da Música
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noite era fria e uma chuva fina insistia em atrapalhar o público, mas nada fez o povo de Bento Gonçalves arredar o pé da Rua Coberta, por onde passaram grandes nomes da música brasileira. Foram ao todo 19 atrações, dos mais variados estilos, do rock ao samba, do funk ao pagode, em uma apresentação memorável que fez do espaço o mais concorrido da cidade naquela noite. Tudo por paixão pela música e vontade de ver e ouvir de perto grandes ídolos. www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018
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Rosa Marcondes/Especial
ZUEIRA
O alto astral dos grupos de pagode foi uma das marcas do show. Nomes como o Zueira, de Porto Alegre, e o Bom Gosto, do Rio de Janeiro, abriram a lista de atrações do gênero. A banda gaúcha tem 18 anos de carreira e participação no programa “Superstar”, da TV Globo. Na Festa da Música, agitou o palco na Rua Coberta.
Bom Gosto
BOM GOSTO
Apadrinhado pelo renomado Fundo de Quintal, o grupo Bom Gosto está no quarto CD e terceiro DVD da carreira. “Superbom” traz um samba que flerta com o rap, o blues e a black music e mostra a alma do subúrbio carioca. Ao lado do Zueira, foi um dos anfitriões do pagode no Show Nacional em Bento, chamando diversos artistas ao palco.
Zueira André Marinho
ANDRÉ MARINHO
Uma dessas atrações foi André Marinho, ex-integrante da banda Bro’z, que ficou conhecida em um reality show no SBT. Marinho mostrou sua veia sambista e animou a plateia.
PINHA PRESIDENTE
Pinha Presidente, integrante da banda de grande sucesso Exaltasamba, foi muito aplaudido quando também subiu ao palco. O sambista cantou as músicas conhecidas do público.
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Público ocupou todos os espaços da Rua Coberta para ver e ouvir grandes artistas
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Pinha
LÉO PAIN
A surpresa ficou por conta da participação de Léo Pain. Vencedor do “The Voice Brasil” cantando música sertaneja, o gaúcho deu sua palhinha improvisada no pagode romântico mas, é claro, também cantou o estilo que o consagrou no palco. Léo Pain
FUNDO DE QUINTAL
Um dos grandes momentos foi a apresentação do grupo Fundo de Quintal, tradição do samba brasileiro, que desfilou seus sucessos com a competência e o carisma de quem, há muito tempo, sabe o que é manter uma carreira de sucesso.
Fundo de Quintal Rappin’ Hood
O grupo contou com dois nomes de peso do rap nacional para abrilhantar ainda mais a apresentação. Nada mais nada menos que Rappin’ Hood e Gabriel O Pensador foram chamados para dividir o palco com os ícones do samba. O Fundo de Quintal fez todo mundo dançar, e seus integrantes ainda prestaram homenagem ao idealizador da Festa Nacional da Música, Fernando Vieira, presenteando-o com seu DVD.
RAPPIN’ HOOD
Conhecido por misturar rap e samba, Rappin’ Hood já teve parceria com Leci Brandão no seu álbum de 2001, Sujeito Homem, na canção “Sou Negrão”. Na Festa da Música, mais uma vez uniu os dois gêneros em uma apresentação que empolgou o público. www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Vítor Corso/FNM
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GABRIEL O PENSADOR
Gabriel O Pensador, que também sempre misturou ritmos e gêneros musicais, foi o outro convidado especial para cantar com Bira Presidente e o Fundo de Quintal, combinação que não é nova para os artistas, já que o rapper gravou com o grupo e sempre faz questão de mencionar a admiração que tem pelos sambistas. Quem queria ouvir rock não saiu decepcionado. As guitarras e os baixos foram os instrumentos que abriram o Show Nacional. E não foi qualquer guitarra e muito menos qualquer baixo. Rodrigo Santos, ex-baixista do Barão Vermelho, levou para Bento Gonçalves Os Lenhadores, sua nova banda, e também seu companheiro de Barão, o guitarrista Fernando Magalhães. É inegável a energia dos dois juntos no palco. O show ainda foi completado com a participação do carioca Ivo Meirelles, que cantou sucessos do rock dos anos 1980.
Rosa Marcondes/Especial
EX-INTEGRANTES DO BARÃO
O rapper Gabriel O Pensador e Fundo de Quintal
Rodrigo Santos e os Lenhadores com participação especial de Ivo Meirelles e Fernando Magalhães
DETONAUTAS
Com um desfile de hits, a banda de Tico Santa Cruz contou com a ajuda do público. Na apresentação do Detonautas, a plateia fez bonito ao acender as lanternas dos celulares na escuridão da Rua Coberta durante a balada “Olhos Certos”.
Os Detonautas levantaram o público com seu repertório cheio de sucessos
MC KORINGA E ANANDA
E já que a noite enveredou para os batidões do ritmo carioca, ninguém melhor do que MC Koringa para botar todo mundo para dançar. A apresentação eletrizante ainda contou com a sua pupila, a cantora Ananda, do hit “Quero que tu vá...”. O refrão
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Detonautas
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Ananda e MC Koringa
foi entoado como um mantra pela jovem plateia que olhava encantada para o palco.
BANDA REPÚBLICA
O volume voltou a subir com a banda República, que entoou o hino “Que País É Esse?”. O grupo, que já fez apresentações no exterior com nomes como Alice Cooper e Scorpions, animou os roqueiros na Serra.
MARCELO BHERING
Banda República
O sertanejo marcou presença com Marcelo Bhering, o mineiro que é uma das novas vozes do estilo, inclusive ganhando elogios de nomes reconhecidos como Eduardo Costa e César Menotti & Fabiano. Marcelo apostou em um repertório com sucessos como a canção “Borboletas”, da dupla Victor & Leo.
OVELHA
Marcelo Bhering
Ovelha
Artistas com hits consagrados se apresentaram na noite fria e de chuva fina em Bento Gonçalves. O cantor Ovelha brindou a todos com o seu clássico “Sem Você Não Viverei” e arrancou aplausos.
ADRYANA RIBEIRO
Cantora que marcou o início dos anos 2000 com suas músicas românticas e envolventes, Adryana Ribeiro também subiu ao palco. Ao se apresentar para a plateia que lotou a Rua Coberta, soltou a voz e mostrou seu talento.
SEM REZNHA
Adryana Ribeiro
Sem Reznha
A dupla Sem Reznha, que divulga o CD “Proposta Ousada”, fez uma apresentação baseada no carisma dos dois integrantes. Rafa e Douglas mesclaram o pagode a estilos variados, como o funk, e agitaram os fãs. O sucesso do evento foi evidente no olhar dos artistas e, é claro, na animação da plateia, que demorou a ir embora, depois de pedir bis ao final dos shows. Uma noite que marcou Bento Gonçalves, sem dúvida alguma.
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As empresas que fazem a
ALEGRIA DOS ARTISTAS A Mostra de Instrumentos da Festa Nacional da Música criou um interessante ponto de encontro de artistas, técnicos e público e se mostra cada vez mais obrigatória para quem busca conhecer novidades do segmento e instrumentos clássicos que fizeram e fazem a história dos equipamentos musicais no Brasil
O
s melhores teclados, violões, guitarras, baixos, acessórios de áudio profissional ancorados em tecnologia de ponta fazem dos equipamentos o sonho de qualquer profissional que busca um som diferenciado. Tudo isso associado à durabilidade e à beleza de instrumentos voltados a todos os estilos de música, com a supervisão de técnicos e especialistas de algumas das maiores empresas do segmento de instrumentos, áudio e acessórios do mundo.
MAGIA
Sonotec, Casio e Harman deram um show ao reapresentar na Mostra e nos muitos palcos espalhados pelo evento o que de melhor se produz na construção de equipamentos tecnologicamente inovadores e futuristas, além de instrumentos clássicos que contribuíram para a magia da música em sua essência. Provocar sonhos com objetos de desejo foi mais uma vez a tônica de uma das mais importantes atrações da Festa Nacional da Música. Renovada a cada ano, a Mostra de Instrumentos recriou a eterna simbiose entre músico e o instrumento, na mais perfeita conjugação entre o artista e a sua ferramenta de criação.
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Instrumentos dos sonhos de todo profissional estiveram na Festa
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BORNE
Estreia nos palcos
DA FESTA 2018 Borne Gladiator 2500
C
onvidada a equipar a Festa da Música, a Borne marcou presença com o Gladiator 2500, um dos melhores amplificadores fabricados no Brasil. E como previsto, o conjunto cabeçote e caixa foi a vedete no quesito amplificação de instrumentos. Reconhecida por alguns dos melhores amplificadores de guitarra do Brasil, a novata Borne confirmou a qualidade e o desempenho do seu modelo top de linha que passou a habitar o sonho de guitarristas. O poderoso Gladiator 2500 fez vibrar o palco principal. O modelo é perfeito para guitarristas de todos os níveis, em eventos de diferentes proporções. Com potência de 300w RMS, canal limpo definido e alternativamente via footswitch, um canal de distorção dinâmica arrasador, o amplificador atende a
todos os gostos. O cabeçote Gladiator 2500 vem com unidade de reverberação de mola que funciona tanto no canal limpo, quanto no canal de distorção. Tem ainda entrada de send e return para o guitarrista usar os controles dos seus pedais, usando somente o pré-amplificador da Borne. A caixa tem 4 falantes de 12” com engenharia de inclinação e empurra mais de 500W RMS de potência.
INOVAÇÃO
A Borne tem pouco mais de 10 anos e sua marca é a inovação, estando entre as mais importantes empresas de amplificadores de som no Brasil. Com lançamentos arrojados e produtos de alta qualidade, a empresa dos irmãos Edson e Walter Campanudo se consolidou como pioneira em produtos com acabamento banhado a ouro e falantes de alto desempenho.
Os poderosos Borne Gladiator no palco principal
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Fabricante comandou o aúdio dos palcos
Show de
Os poderosos SubWoffers JBL VTX deram o peso do evento
TECNOLOGIA F
alar na Harman é falar em tecnologia e qualidade equipando os palcos da Festa 2018 com marcas dos sonhos de qualquer profissional de áudio. As grifes AKG, AMX, Soundcraft, JBL, Lexicon, Crown, dbx, Digitech, BSS, Studer e Martin, entre tantas outras, fazem da empresa um motivo de admiração e respeito dos profissionais ligados ao show business. Não bastasse isso, ainda equipa mais de 20 milhões de automóveis espalhados pelo mundo com os seus sofisticados sistemas de áudio JBL.
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Com mais de 50 anos de história e empregando 12 mil pessoas ao redor do planeta, é a maior empresa de sistemas de áudio para profissionais, registrando quase US$ 4 bilhões em vendas no último ano. No Brasil, está presente desde 2010, quando adquiriu a empresa Selenium, hoje Harman do Brasil, localizada na cidade de Nova Santa Rita, no Rio Grande do Sul, e com sedes também em São Paulo e Manaus. Suas marcas lideram o mercado mundial de produtos de áudio profissional para gravações, trans-
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Sistema inteligente da Soundcraft impressionou Soundcraft Vi1
missão, periféricos para músicos, cinema, touring e som comercial.
POTÊNCIA NAS JAMS
Além do palco principal, essa potência esteve nos corredores da Festa 2018 mostrando sua extensa linha de produtos com destaque para os consagrados microfones da AKG e as espetaculares mesas da Soundcraft que equiparam o evento, além das caixas JBL que fizeram o sucesso na sonorização das jam sessions. No palco principal, o moderno sistema PA VTX A12, da JBL, foi a garantia de um som limpo e perfeito em todos os sentidos. Vedetes da Harman no evento, as mesas digitais Soundcraft garantiram também a certeza de sonoridade limpa e com recursos que impressionam, tudo passando pelos seus modernos sistemas de mixagem e processamento interno controlando inúmeras entradas físicas XLR e dezenas de saídas apoiadas também por dezenas de conexões auxiliares. Nas mesas digitais de sonhos, a presença dos equalizadores gráficos da BSS em todas as saídas, processadores de efeitos Lexicon com filtros passa alta e passa bai-
xa, delay, equalizador paramétrico de 4 bandas, gate, compressor e limiter, tudo isso em cada canal de entrada, e ainda mais equalizador paramétrico de 4 bandas, compressor, limiter e delay em todas as saídas.
CLÁSSICO E INOVADOR
Já com a marca Digitech, a Harman revoluciona com uma linha que equilibra o clássico e o inovador. Os pedais de efeitos da marca atravessaram o tempo e consagraram timbres únicos e históricos de músicos perfeccionistas. Entre as novidades, uma pequena e útil pedaleira para guitarristas que cabe no bolso da capa de qualquer guitarra e chega ao mercado por volta de 100 dólares. O melhor em tecnologia de áudio e periféricos no mundo equipando a Festa Nacional da Música 2018 foi a certeza de que a parceria com a Harman cresceu e tende a cada vez mais frutificar e enriquecer o cenário tecnológico do evento. Em 2018, a empresa foi representada pelo seu gerente de marketing, Eduardo Moraes, e pelos especialistas Richard Powel e Kadu.
Microfones AKG captando o som da Festa Line Array JBL no palco principal
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CASIO
O som que faz A DIFERENÇA
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Casio parece não encontrar limites na criação e desenvolvimento de pianos, teclados e sintetizadores para qualquer segmento musical. Na Festa 2018, mais uma vez foi destaque entre os tecladistas e pianistas que participaram do evento. Se aproximando da liderança no mercado brasileiro, incorpora uma filosofia de suporte voltada a profissionais que,
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associada a uma política agressiva de preços, tornaram a empresa um case no segmento musical.
do evento com alguns dos modelos que fazem os tecladistas suspirar de prazer ao tocar.
A marca levou para a festa alguns dos seus modelos de sonhos e, como sempre, justificou a máxima de investimento em qualidade que começou com a sua longa história no Japão em 1957 e virou sinônimo de confiabilidade também no mundo da música.
MODELOS DESEJADOS
A linha de pianos Privia impressiona pelo acabamento e a dinâmica acima da média. Dotados de recursos praticamente ilimitados, os PX-A800BN e o prático PX5SWE são alguns dos modelos mais desejados.
Neste ano, a empresa equipou todos os palcos
Já o modelo 560 é o que podemos chamar de “all in one”, ou seja, tudo
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num mesmo instrumento. Com suas confortáveis 88 teclas balanceadas, o teclado tem ainda reprodutor multimídia, gravador, auto arranjer, e tudo isso empurrado por uma fonte sonora moderna e equipada com timbres de pianos para todos os estilos, fazendo desse modelo o super teclado da atualidade. Destaque também para um espetacular Celviano na cor branca que equipou o palco principal do evento e fez sus-
pirar de emoção quem tocava o instrumento de som impecável. A linha é uma das melhores do mundo. Apresentado num móvel de linhas impecáveis, os classudos pianos digitais dessa série têm muito mais do que a espetacular pista de teclado com ação de martelo em escala longa. Tocado, ele dispara a poderosa máquina sonora AiR, desenvolvida pela Casio e que reproduz sons de pianos inacreditáveis. No segmento de pianos digitais compactos, a Casio impressiona também pela praticidade e timbragem refinada, além da ótima relação custo e benefício.
RIQUEZA SONORA
No segmento de sintetizadores, a nova série MZ-X é um
Ricardo e a ilha Casio no palco principal
achado em termos de recursos, tamanho e, claro, também o preço final ao consumidor.
pler e modo HexLayer, além do recurso de órgão com controles do tipo drawbar. Um sonho para amantes de sons clássicos.
A série dotada de 61 teclas é rica em recursos e equipada com o melhor da síntese Casio, e que aos poucos leva os modelos da série à liderança de mercado no quesito sintetizador compacto, incluindo a qualidade de um inesperado auto arranger, raro nesses modelos.
Em Bento Gonçalves, a equipe Casio foi representada pelo seu gerente de marketing, Leo Capuzzi, pela coordenação de Ricardo Cassal e pelo competente e onipresente suporte do especialista Ângelo Garcia. Mais uma vez a Casio deu um show de atendimento e agilidade na logística dos muitos palcos do evento.
Os modelos XW-G1 e XW-P1 também trazem uma tecnologia de ponta na sua mais perfeita riqueza sonora através de uma síntese moderna e inovadora e com preços finais sedutores. São sintetizadores equipados com 6 osciladores e efeito looper, com reprodutor de sam-
Privia 560 e sintetizador MZ
Ilha de teclados no palco principal
Modelo Privia em todos os palcos A qualidade da marca na Festa da Música
The Fevers e Casio
Ricardo, Angelo e Leonardo
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SONOTEC
Colocando qualidade nas
MÃOS DOS ARTISTAS F alar na presença da Sonotec na Festa Nacional da Música é associar o pensamento à imagem de um palco iluminado por marcas que habitam os desejos de músicos de todas as vertentes. Depois de quase 10 anos de parceria com a Festa, a empresa mantém acesa a chama do entusiasmo em atender os artistas ávidos pelas novidades que a cada ano surgem no mercado de instrumentos de nosso país. Pelos palcos e corredores, a presença das novíssimas e surpreen-
dentes baterias D-Tone, as guitarras e baixos da Strinberg, e os espetaculares violões da Takamine, os mais vendidos no mundo. Com sede na cidade de Presidente Prudente, no oeste paulista, a Sonotec é parte do Grupo Renaer, liderado pelo empresário Renato Silva e do qual se integram também a Staner, a Musimax e a Eros. Representa o segmento internacional do Grupo e distribui no Brasil o violão profissional mais adorado pelos músicos brasileiros, o espetacular Takamine.
Takamine nas mãos dos maiores compositores do Brasil
200
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Ao lado da marca Strinberg, líder e mercado em instrumentos de cordas, eles equiparam os palcos da Festa com seus melhores modelos. A marca exibiu ainda na Festa guitarras, baixos e violões para todos os gostos, estilos e bolsos.
DESIGN
As guitarras Charvel e a histórica marca Danelectro são responsáveis por alguns modelos que vão do vanguardismo e sofisticação em luthelaria, ao simbólico e histórico design de guitarras que fizeram e fazem a história dessas marcas nos EUA e no mundo.
São instrumentos cobiçados e importados com exclusividade para o mercado brasileiro pela Sonotec que oferece, assim, o mais completo catálogo de instrumentos de corda para atender a todos os gostos e bolsos. Consolidando sua linha própria, a bateria D-Tone voltou aos palcos da Festa e mais uma vez se destacou no palco principal. Elogiada de forma unânime pelos bateristas presentes no evento, a novidade foi desenvolvida pelo baterista e gerente de Marketing da Sonotec, Nor-
Vítor Corso/FNM
Danilo, Northon e Samuel, da Sonotec, deram um show no suporte
Strinberg, Takamine e amps Staner fizeram o som dos palcos internos
thon Vanalli, que fez uso da experiência e se empenhou pessoalmente no aprimoramento do produto. O resultado foi a excelência no acabamento e na sonoridade, e ainda disponibilizada com preço competitivo.
Em 2018, mais uma vez teve o brilho das marcas da Sonotec
Parceria com a Festa já dura quase dez anos
Equipando essas super baterias, os já consagrados pratos Zeus, também lançados pela Sonotec, e que ocupam a liderança de mercado no Brasil.
EXCLUSIVIDADE
A Sonotec distribui ainda com exclusividade para o Brasil as marcas Gretsch, Overtone, Axis, Concert, Genz Benz, Karsect, Kat, Madrid, Kick Port, Premium, Snark, Soultone e Vokal. Representada pelo seu gerente de Marketing, Northon Vanalli, e a competência e dedicação com os técnicos Danilo Athayde e Samuel Passarello, a empresa mais uma vez deu um show de atendimento e suporte aos artistas.
Violões Takamine e bateria D-Tone reinaram na Festa www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Divulgação
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LÍDER EM ÁUDIO, HARMAN apresenta workshops em Bento Os temas debatidos foram o Trio Plus e o mesmo console para PA e Monitor, em evento realizado no Hotel Dall’Onder
A
paixonados por guitarras e técnicas de som puderam aproveitar workshops que a Harman, líder mundial no segmento de áudio, apresentou na Festa Nacional da Música. Em dois dias, a empresa promoveu treinamento sobre os temas Trio Plus, no workshop Digitech, e PA e Monitor em um mesmo console, no workshop Soundcraft. Os encontros ocorreram no Hotel Dall’Onder, em
202
Bento Gonçalves. Para Richard Powell, guitarrista que ministrou o workshop Digitech, a possibilidade de participar da Festa Nacional da Música é fantástica. “É para os músicos e seu público que trabalhamos produzindo as ferramentas para que a magia do Show Biz aconteça”, destaca Powell. Há uma década na Harman, o guitarrista apresentou o Trio Plus,
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uma poderosa ferramenta de estúdio e composição para guitarra. Trio Plus é pedal Band Creator da marca Digitech. O equipamento tem como principal objetivo produzir efeitos de guitarra e baixo, e a marca hoje é utilizada por nomes consagrados do meio do rock, como Joe Satriani, Tom Morello e Jimmy Page.
INFRAESTRUTURA DE SHOW Já
o
workshop
Soundcraft, com o tema PA e Monitor em um mesmo console, foi ministrado pelo engenheiro de áudio Carlos Eduardo Melo, o Kadu. O técnico responsável pela marca abordou a vantagem do funcionamento da linha digital. O PA (sigla de public address, “endereçamento ao público”) é uma das mais importantes seções na infraestrutura de um show. É ele quem abrangerá todo o necessário para emitir o som que a plateia escutará.
Kadu Melo tem 20 anos de experiência em áudio
Powell falou sobre o Trio Plus em seu workshop
Com um console, é necessário apenas um profissional de áudio para a função. É só uma das vantagens do modelo, conforme conta Kadu: “Normalmente em sistemas mais simples se usa um único console por conta do custo final. Existe também a necessidade de se trabalhar com um único console por questão de espaço físico. Em bares, pequenos shows e em igrejas menores se torna uma ne-
cessidade física”. Para Kadu, o tema sempre tem boa repercussão quando é apresentado, e nesta Festa da Música não foi diferente. O profissional, que já acumula quase 20 anos de experiência na área, tem no currículo trabalhos com artistas como Grupo Sensação, Pedro e Thiago, Pedro Mariano, Fiuk, Jorge Ben Jor e, atualmente, Fábio Júnior.
Kadu Melo e Eduardo Bizzi
Mesa de som da Harman
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Madrugada adentro NAS JAM SESSIONS Nos
anos
1950,
nos
Estados Unidos,
músicos saíam dos concertos nas chamadas
“Big
bands ”, expressão que indica um
grande grupo instrumental ligado ao jazz, e se reuniam para improvisar canções.
O
que , muitas vezes , inspirava novas
composições. Inicialmente, essas reuniões
“Jazz After Midnight” e, depois, apenas “Jam”. Em inglês, esta palavra também significa “geleia”, então você já pode imaginar: uma verdadeira foram chamadas de
mistura de músicos e gêneros musicais
Renatha Queiroz
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Gustavo Victorino, Leo Beling e Ovelha
Nando Endres e Carlos Carneiro
F
oi essa mistura que chegou às madrugadas de Bento Gonçalves no Hotel Dall’Onder, graças à Festa Nacional da Música. As Jam Sessions levaram muita música para quem faz música, numa reunião do rock ao hip-hop, do pagode ao sertanejo. Os eventos começaram nos dois dias em torno de 2h da manhã e se estenderam madrugada adentro.
MISTURA
Pedro Reis e Daniela Lincke, Fernandinho, Priscilla Cordeiro e Borba
Quem é fã de rock pode se deliciar logo de cara com dois grandes nomes da música nacional juntos em dois momentos: primeiro,
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na noite de homenagens da Festa Nacional da Música, com “Blá Blá Blá... Eu Te Amo”, de Lobão, e depois com “[I Can’t Get No] Satisfaction”, dos Rolling Stones. Falamos da dupla Rodrigo Santos, ex-Barão Vermelho, e Ivo Meirelles. Na hora da clássica canção do grupo inglês, um fã em especial em frente ao palco se destacava: Guilherme Pasin, prefeito de Bento Gonçalves, curtia o show ao lado da esposa. “Bete Balanço”, do terceiro álbum do Barão Vermelho, intitulado “Maior Abandonado”, foi uma das primeiras atrações de Ivo e Rodrigo.
Vítor Kley
ZUEIRA E PAGODE
O Grupo Zueira e a Turma do Pagode uniram forças e cantos. O refrão de “A Batucada Te Pegou” ecoou no salão ao lado de onde estava o palco do rock: “A batucada, a batucada te pegou meu amor, viva na palma da mão, por favor canta com o coração, pra alegrar, o samba não pode parar”. Era só o começo do que estava por vir em um dos momentos mais marcantes das Jam Sessions da Serra Gaúcha.
Japinha, da CPM 22
Talles Kunzler/FNM
Lucas Moser
Leo Beling e Tato
Volkweis e Rodrigo Santos
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Philippe
Talles Kunzler/FNM Talles Kunzler/FNM
Renathinha e Duda
Talles Kunzler/FNM
Talles Kunzler/FNM
Volkweis
Sandamí
A AMIZADE
Turma do Pagode, Grupo Zueira, Pixote, Imaginasamba, Fundo de Quintal e Mumuzinho. Foi impossível ficar parado quando estes grupos se reuniram para tocarem juntos sucessos do pagode, com o palco abarrotado de músicos, instrumentos e, claro, muita animação. Quem também brilhou no palco foi Dodô, vocalista do Pixote, pela sétima vez na Festa da Música. “Essa aqui é a Disneylândia dos artistas. Aqui você vê muita gente que não imaginava estar do lado.” Fábio Brasil
“A Amizade”, um dos maio-
res clássicos do Fundo de Quintal, foi mais uma vez uma celebração do momento de integração entre quem faz a música do país. Lançada há 27 anos, segue na ponta da língua dos fãs do samba e do pagode.
SAGUÃO DO ROCK
No “saguão do rock”, a bateria foi tomada por um rosto não tão conhecido fora do universo da Serra Gaúcha. Era Rodrigo Ferri Parisotto, secretário de Turismo de Bento Gonçalves, e que foi músico antes de ingressar no meio político. Rodrigo já tinha estado no palco nas homenagens aos artistas, e não perdeu
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Talles Kunzler/FNM
a chance de mostrar que manja também da batera. “Uma noite inesquecível, uma noite única, demais. Uma experiência difícil de descrever porque, quando eu tive a chance de subir no palco... Desafinado ou afinado, eu estava lá, com os caras que eu via na TV. Eu estava lá com eles”, comentou Rodrigo. Na segunda noite, o secretário ainda assumiu o vocal em algumas canções.
Talles Kunzler/FNM
Rubinho
“QUEM SABE, CANTA!”
Talles Kunzler/FNM
Pinha e Zueira
A canção foi lançada em 1969, quatro anos antes de a carreira musical de Ademir Rodrigues de Araújo começar. Em 1973, Ade-
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Talles Kunzler/FNM
De um lado, uma promessa do rock vinda de Santa Catarina. De outro, um veterano que já passou por rock, sertanejo e forró. Marine Lima, que participou do “The Voice Brasil” até pouco antes da Festa Nacional da Música, apresentouse no palco do rock com a música “Come Together”, dos Beatles.
Talles Kunzler/FNM
mir ainda era Ademir, mas com o tempo acabou virando Ovelha, graças, claro, à cabeleira. E Ovelha assumiu o palco com Marine Lima após “Come Together”, e logo pediu: “Quem sabe, canta!”. E não havia como não saber a letra: o som escolhido foi “Have You Ever Seen The Rain”, de Creedence Clearwater Revival, um dos maiores clássicos do rock mundial.
QUANDO O SOL SE FOR
Serginho Moah
Eram cerca de 3h30min da manhã da primeira noite das Jam quando uma música que fez muita gente pular no começo dos anos 2000 começou a tocar. Tico Santa Cruz apareceu no palco com “Quando o sol se for”, uma das composições mais famosas do Detonautas, e que já está quase completando “maioridade” – a canção foi lançada há 17 anos.
Gabriel, O Pensador Graça Paes/Especial
Fernando Magalhães www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018 Fotos: Vítor Corso/FNM
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Márcio, Mumuzinho e Dodô
Lucyana Villar
Rachell e Thiago Guerra
Gustavo Victorino
ESPAÇO LOTADO
A segunda noite de shows nas Jam Sessions foi marcada por uma forte presença do público que teve acesso ao local, lotando completamente o espaço reservado à Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus). Gabriel O Pensador se juntou à Turma do Pagode, quando mal havia espaço para entrar mais gente assim que as músicas começaram. Entre os que estavam curtindo, o roqueiro Ricardo di Roberto, o Japinha, baterista da CPM22: “É uma iniciativa muito bacana das associações, dos músicos. Acho importante, agradável e produtivo. É a terceira vez que venho, e todas as vezes foi muito legal, curti e senti essa oportunidade de você travar contato com pessoas não só que tocam, mas dos bastidores, que produzem, que fazem acontecer o cenário musical brasileiro”.
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Rodrigo Parisotto e Nando Endres
Rappin’Hood
Música no Ar UCSFM esteve presente na Festa Nacional da Música e levou ao seu público todos os detalhes da primeira edição do evento em Bento Gonçalves
A
Festa Nacional da Música desembarcou pela primeira vez em Bento Gonçalves e as emissoras da Conexão UCSFM levaram, a um público de mais de um milhão de pessoas, os bastidores, entrevistas e serviço dos shows.
gramação ganhava robustez quando entrava no ar a rede UCSFM incluindo a rádio de Caxias do Sul, 106.5. No quadro de profissionais estavam ainda os comunicadores Fernando Machado, coordenador artístico da rede, e Flávia Vidor.
Os mais de 400 artistas, suas impressões e seus projetos foram destaque nas diversas plataformas da rádio UCSFM (dial, internet e redes sociais). Foram mais de 20 horas de transmissão ao vivo, in loco, conversando com músicos, produtores e fãs que circulavam pelo hall do Hotel Dall’Onder.
PLAYLIST PESSOAL
ESTÚDIO LOUNGE
Durante o evento, a programação da emissora migrava para o estúdio lounge com transmissão ao vivo a partir das 13h, na frequência 89.9, UCSFM Bento Gonçalves, sob o comando dos jornalistas Jonathan Zanotto e Patrícia Larentis. Após as 17h, a pro-
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“A Festa Nacional da Música foi uma oportunidade de conhecer gente bacana, trocar contatos e conhecer bandas que formaram a trilha sonora e ainda fazem parte do meu playlist pessoal. Foi algo sensacional e esperamos estar dentro dela novamente nas próximas edições”, disse a jornalista Patrícia Larentis.
Cobertura de mais de 20 horas na FNM
Guri de Uruguaiana foi um dos entrevistados
MISTURA DE RITMOS
Para o também jornalista Jonathan Zanotto, a FNM foi um momento ímpar. “Difícil não tietar tanta gente talentosa. O mais legal de tudo isso é essa mistura de ritmos e estilos num mesmo ambiente. Isso é música brasileira, simplesmente sensacional”, disse.
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Fernando Magalhães, Patrícia Larentis, Rodrigo Santos e Jonathan Zanotto
Com Fernando Magalhães
MAESTRO
apresentada na Festa
Lounge da Maestro na FNM
Fabinho Vargas apresentou o Festival Promessas e levou a Maestro ao saguão do Hotel Dall’Onder Fabinho Vargas, Victor Hugo e Rodrigo Zor
Fábio Ambrósio no lounge
Gustavo Viana e Edson Coelho
A dupla André & Felipe
Antonio Villeroy no estande
C
antor, compos i t o r, p r o d u tor, empresário e apresentador. Fabinho Vargas tem uma enorme experiência no meio musical gaúcho, e desde 2011 aposta na carreira solo no segmento gospel. Pelo segundo ano consecutivo foi o responsável pela apresentação do Festival Promessas, que levou uma multidão para a Rua Coberta, em Bento Gonçalves, no primeiro dia da Festa da Música na Serra Gaúcha.
PARCERIA DE LONGA DATA
O músico também é sócio do escritório Maestro, junto com Rodrigo Zor. O escritório esteve representado na FNM com um estande no saguão do Hotel Dall’Onder. “Fazer parte da Festa da Música é maravi-
lhoso. Sou parceiro há 13 anos, e este foi o primeiro ano com participação da Maestro. Nosso espaço teve essa questão de aproximação de pessoas muito acentuada, retomamos parcerias e fizemos outras tantas novas”, destacou Fabinho.
Fabinho Vargas no Promessas
Rodrigo Zor e Fabinho no Ecad
DIREITOS AUTORAIS
A Maestro é uma empresa de gestão, monitoramento e direcionamento de direitos autorais. É parceira do Ecad por meio da Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus). E Fabinho prometeu. “Ano que vem estaremos juntos de novo, certamente. A Maestro tem como princípio ser uma engrenagem que trabalha com todos os atores do meio musical, associações, gravadoras, editoras e, claro, com os agentes”.
Rodrigo e Caetano
Fabinho e Willy Gregory
No palco do Promessas
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Marcellus Meireles, o violonista da festa A cena se repetiu inúmeras vezes na Festa Nacional da Música. Onde havia um cantor de sucesso se apresentando, lá estava Marcellus, empunhando seu violão
E
m meio a grandes nomes da música brasileira, um violonista foi presença obrigatória nas apresentações durante a Festa Nacional da Música. Marcellus Meireles, músico profissional, acompanhou artistas como Sérgio Reis, Leo Chaves, Sandra de Sá, Eliza Marin, isso sem falar nas jam em diversos espaços no Hotel Dall’Onder, onde os acordes executados com perfeição foram ouvidos tocando rock, pop e samba, com diversos cantores. Marcellus é violonista profissional e hoje em dia acompanha a família Bavini, com Sérgio Reis e Ângela Bavini, além das apresentações do filho Marco Bavini. Ao longo de sua carreira, ele se especializou em acompanhar grandes artistas e tem no estudo do instrumento a base para conseguir obter a excelência musical.
SEGURANÇA PARA OS CANTORES
Hoje com 34 anos, ele começou aos 9 a tocar violão e acompanhar cantores no Centro de São Paulo. Essa vivência fez Marcellus treinar a habilidade de ser um instrumentista acompanhador, que tem um
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Muito estudo e dedicação, aliados ao talento, deram ao músico a oportunidade de tocar com artistas de diferentes estilos Rosa Marcondes/Especial
Sandra de Sá fez questão de ter Marcellus em sua banda
Ao lado de Leo Chaves
Acompanhando Sérgio Reis
Com Eliza Marin
comportamento diferente de um solista. “O meu trabalho é fazer com que o cantor se sinta confortável e tenha segurança ao cantar. Poder acompanhar os cantores na Festa da Música é um privilégio. Poder compartilhar a música com quem trabalha em alto nível é muito gratificante.” O músico espera voltar a participar de mais edições da Festa
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e ressalta o convívio durante os dias do evento. “Eu acabo tendo a oportunidade de acompanhar cantores consagrados da música brasileira num ambiente em que a música acontece de uma maneira muito direta e verdadeira. Fico lisonjeado porque sou fã de todos e fico envaidecido pelos cantores gostarem do meu trabalho e pedirem minha participação.”
CHALÉ DA PRAÇA XV
Há 132 anos, o lugar certo para passar as melhores horas do dia.
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Vítor Corso/FNM
Festa Nacional da Música
conectada! Edição foi marcada pelo alto engajamento nas redes
N
ão foi somente nas apresentações ao vivo e homenagens que artistas e público se envolveram com a Festa Nacional da Música deste ano. Em uma era cada vez mais conectada nas redes sociais, os canais de comunicação da festa também foram palco de curtidas, comentários e compartilhamentos pelo grande público e pelos artistas presentes nos eventos! Atuante nas principais redes sociais atualmente, a FNM mostrou tudo que aconteceu em uma distribuição de conteúdo multicanal. Facebook, Instagram e Twitter trabalharam juntos complementando um ao outro, cada um com suas linguagens de comunicação, o que fez a edição deste ano encerrar com um saldo superpositivo de engajamento.
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Instagram mostrou tudo! Os stories foram trabalhados antes e durante o evento, com posts de programação, expectativa, enquetes e cobertura. Os destaques ficaram por conta da cobertura - principalmente a chegada dos artistas.
Do início ao final da cobertura, foram produzidos um total de 289 stories de Instagram
Para o feed do Instagram, também foram trabalhados posts de programação, expectativa, enquetes e cobertura. Assim como nos stories, o melhor desempenho e alcance ocorreu durante a etapa de cobertura dos shows
@festanacionaldamusica
#festanacionaldamusica #FNM2018
120 posts produzidos
mais de
5K
de interações
Algumas
“Mentions”
Sérgio Loroza @serjaolorozaoficial
Adryana Ribeiro @adryanaribeirooficial
Karen Stefanie @karenstefanieoficial
André Marinho @andremarinho
8.974
impressões
também foi sucesso! mais de
41,4K
impressões mais no período de
1.174
455
impressões por dia
impressões
Transmissão ao vivo é destaque! Cerca de 72 mil pessoas foram alcançadas com as transmissões
As transmissões ao vivo das duas noites de shows e homenagens se destacaram no Facebook. Somente a primeira noite alcançou cerca de 72 mil pessoas, com mais de 24 mil visualizações e 11 mil interações. Os posts de expectativa e programação também tiveram um bom desenvolvimento na rede. www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018
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Fortalecendo nossa hashtag
#festanacionaldamusica São mais de 3.000 publicações circulando nas redes sociais com a nossa hashtag oficial
Um dos destaques da hashtag, utilizada no perfil de Flavio Venturini
Assim como o propósito da Festa Nacional da Música de unir diferentes setores do mercado, além da cultura com a sociedade, nas redes sociais o que se viu foi um misto de artistas e fãs participando ativamente do evento em todo o seu tempo de duração. Curtidas da vida real e online para a FNM2018.
O que
bombou na #festanacionaldamusica
17.862 curtidas 215 comentários Números referentes às publicações no quadro ao lado
NO QUADRO AO LADO...
1 2 3 4 218
Post Instagram @flavioventurinioficial Post Instagram @feermeneghetti Post Instagram @mayaraprestes Post Instagram @leopainoficial
5 6 7 8 9
Post Instagram @daiamoteler Post Instagram @marcellusmeirelles Post Instagram @thiago_teg Post Instagram @daltinhomedeiros Post Instagram @alipinheiro
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Estratégia que deu certo
Equipe de redes sociais organizou previamente como seria a cobertura de conteúdo do evento na serra
Responsáveis por toda a geração de conteúdo em tempo real da Festa Nacional da Música 2018, a equipe conta que tudo foi pensado em conjunto para que a mídia chegasse rápido às telas dos fãs conectados. O foco no conteúdo instantâneo era principalmente a qualidade e rapidez de entrega aos usuários. Para o público da internet, já existia toda uma infraestrutura montada para cobertura ao vivo na nossa página no Facebook que é sempre muito esperada. O desafio era compor isso com a distribuição de conteúdo instantâneo para Instagram e Twitter por exemplo. A estratégia definida foi estabelecer uma linguagem linear para os tweets além de feeds e stories do Instagram e Facebook. A segunda etapa foi dividir a equipe para que cada um dos três - Gabriel, Raysa e Igor - ficassem responsáveis por uma ferramenta e mídia social para assim sair a campo para cobertura das pautas que aconteciam.
Stories do Festival Promessas Bento Gonçalves
Stories da chegada dos artistas Bento Gonçalves
Stories de depoimentos pós shows Porto Alegre
Stories da Noite de Homenagens Bento Gonçalves
O resultado foi uma rapidez incrível na entrega do conteúdo, praticamente ao vivo e com qualidade. “Ficamos muito felizes em conseguir realmente fazer com que o público conectado sentisse quase que em tempo real tudo que acontecia e a energia que estava rolando. Uma coisa muito legal também foi que conseguimos uma grande variação de assuntos, mostrando homenagens, atrações pela cidade, shows na Rua Coberta e bastidores, tudo simultaneamente e entregue principalmente em formato de stories para Instagram”, afirma a equipe.
Para não perder nada durante a próxima edição, siga os perfis da FNM nas redes!
FACEBOOK: @festadamusicaoficial YOUTUBE: Festa Nacional da Música INSTAGRAM: @festanacionaldamusica www.festanacionaldamusica.com.br | #FNM2018
Abra o Stories do Instagram, aponte a câmera para a imagem ao lado e pronto! Você já estará nos seguindo!
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BASTIDORES DA FESTA
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Como acontece em todas as edições, a Festa Nacional da Música 2018 reuniu, além de diversas atrações, uma legião de artistas, personalidades, e muita gente bonita. Em espaços reservados do Hotel Dall’Onder, em Bento Gonçalves, cantores, compositores, músicos, homenageados e convidados desfilaram alegria e simpatia, além de aproveitar para compartilhar ótimos momentos. Nada escapou às nossas lentes, dá só uma olhada!
Fotos: Vítor Corso/FNM, Talles Kunzler/FNM, Rosa Marcondes/Especial, Graça Paes/Especial e Divulgação
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Retrato de um cantor E
m 1976, José Milton lançou “A Uma Dama Transitória”, álbum que continha sucessos como “Bolero de Satã” — que se tornou ainda mais célebre na regravação de Elis Regina. Agora, mais de 40 anos após se tornar um dos produtores musicais mais queridos do Brasil, ele retoma a carreira de cantor em grande estilo. O novo disco é intitulado “Retrato Cantado”, foi lançado pela Biscoito Fino e conta com nove participações especiais, entre elas Miúcha, Joyce Moreno, Nana Caymmi, Fagner, Padre Fabio De Melo e Ângela Maria. Esta, uma amiga de longa data, com quem gravou oito álbuns, morreu em setembro deste ano, e José Milton abriu a segunda noite do evento, em Bento Gonçalves, pedindo uma salva de palmas a ela.
Divulgação
FELICIDADE EM VER TANTOS AMIGOS
Na Festa Nacional da Música, o artista interpretou a música “50 Anos” e agradeceu o convite ao amigo Fernando Vieira, com quem compartilha uma amizade de 40 anos: “Já fui homenageado, já chamei homenageado. Fico feliz em ver muitos amigos.” Com Jorge André, Nei, Carlão, Max Pierre, Zérere e Lupinho
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Apoio à Cultura.
Ao longo de 90 anos, o Banrisul esteve ao lado de quem produz e vive a nossa cultura, seja por meio de patrocínios, seja no investimento em outros projetos importantes para a comunidade. A gente acredita na força criativa das pessoas. Banrisul, há 90 anos valorizando a cultura.
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