NA BERLINDA Edição 1 | Outubro 2018
CINEMA
Filmes regionais vencem prêmios
Fotografia TCC de estudante vira destaque no Porto Digital
Moda
Empreendedoras no ramo da Moda falam sobre seu sucesso
Música
Bandas falam sobre seus projetos
ENTREVISTA COM TRÊS ARTISTAS PERNAMBUCANOS
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Editorial
Sumário
3 4 6 8 Expediente 10 12 13 14 15 16 17 Em português, temos a expressão estar na berlinda com sentido de ser objeto de comentários, atenção ou curiosidade. Em nossa revista, desejamos nos tornar um objeto de comentários, que desperta a atenção e provoque a curiosidade acerca da arte produzida em Pernambuco de forma independente nos últimos anos. Composta por conversas, resenhas e sugestões, nossa primeira edição aborda os temas de ilustração, música, moda, cinema, fotografia.
Conselho Editorial: Victor Civita Neto (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente), Alecsandra Zapparoli e Giancarlo Civita Presidente do Grupo Abril: Giancarlo Civita Diretor de Assinaturas: Ricardo Perez Diretora de Marketing: Andrea Abelleira
Diretor de Redação: Alexandre Versignassi Diretora de Arte: Bruna Sanches Editores: Bruno Garattoni, Felipe van Deursen Editora Assistente: Ana Carolina Leonardi Designers: Juliana Caro, Tainá Ceccato Produtor Gráfico: Anderson C.S. de Faria
Repórteres: Bruno Vaiano, Felipe Germano, Guilherme Eler, Luiza Monteiro Estagiários: Ingrid Luisa e Rafael Battaglia Popp (texto), Daniela Tiemi (arte) Vídeo: Thaís Zimmer Martins Atendimento ao leitor: Walkiria Giorgino Pool Administrativo: Mara Cristina Piota (coordenadora)
Publicidade: Daniela Serafim (Financeiro, Mobilidade, Imobiliário, Serviços Empresariais,Tecnologia, Serviços e Indústria), Renata Miolli (Alimentos, Bebidas, Turismo, Varejo, Pet, Mídia e Cultura), Rafael Ferreira (Moda, Beleza, Decoração, Higiêne e Construção), William Hagopian (Regionais), André Beck (Colaboração em Direção de Publicidade – Rio de Janeiro), George Fauci (Colaboração em Direção de Publicidade – Brasília) Assinaturas e Varejo: Daniela Vada (Atendimento e Operações), Ícaro Freitas (Varejo), Juliana Fidalgo (Gobox), Luci Silva (Relacionamento e Gestão Comercial), Patricia Frangiosi (Comunicação), Rodrigo Chinaglia (Produtos), Wilson Paschoal (Canais de Vendas) Abril Branded Content: Sérgio Ruiz Marketing de Marcas: Carolina Fioresi (Eventos), Cinthia Obrecht (Estilo de Vida e Femininas), Thais Rocha (Veja e Vejinhas) Estratégia Digital: Ricardo Schultz Mercado/BI: Rafael Gajardo SEO: Isabela Sperandio Parcerias e Tendências: Airton Lopes Produto: Leandro Castro e Pedro Moreno Marketing corporativo: Maurício Panfilo (Pesquisa de Mercado), Diego Macedo (Abril Big Data), Gloria Porteiro (Licenças) Vídeo: André Vaisman (Colaboração em Direção de vídeo), Alexandre de Oliveira (Projetos Internos), Rudah Poran (Projetos Externos e Longas), Silvio Navarro (Veja) e Marie Mourad (Prod. Executiva e Orçamentos)Projetos Especiais: Sérgio RuizAdriana Kazan Planejamento, controle e operações: Adriana Fávilla e Emilene Pires Recursos Humanos: Karina Victorio (Desenvolvimento Organizacional) e Patrícia Araujo (Consultoria Interna de RH)) Relações Corporativas: Douglas Cantu
Redação e Correspondência: Av. Major Sylvio de Magalhães Padilha, 5200 — Ed. Atlanta, 3º andar — Jardim Morumbi, São Paulo, Brasil, CEP 05693-000, tel. (11) 30372000. Publicidade São Paulo e informações sobre representantes de publicidade no Brasil e no exterior: http://www.publiabril.com.br Serviço ao Assinante: Grande São Paulo: (11) 5087-2112 / Demais localidades: 0800775-2112 http://www.abrilsac.com.br Para assinar: Grande São Paulo: (11) 3347-2145 / Demais localidades: 0800-7752145 http://www.assineabril.com.br Para adquirir os direitos de reprodução de textos e imagens de SUPERINTERESSANTE e MUNDO ESTRANHO: tel. (11) 3990-1329 / (11) 3990-2059 – atendimentoconteudoabril@abril.com.br / abrilcontent@abril.com.br http://www.abrilconteudo.com.br
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Curta-metragem produzido por aluna é selecionado para três festivais
Encontro de Titãs Entrevista com Magris Entrevista com Nanna Cardozo Entrevista com Lahcus Perfil: Francisca Vilma de Lima Projeto de conclusão de curso de fotografia vira exposição no Porto Digital
Banda Mascates
Banda Torre Maria Duarte Jewelry
Usoassim
Cinema
Curta-metragem produzido por aluna é selecionado para três festivais “Quanto Craude no meu Sovaco” retrata a opressão contra a intimidade feminina Dirigido por Maria Eduarda Menezes, estudante de Cinema e Audiovisual, em parceria com a amiga, Fefa Lins, o curta-metragem “Quanto Craude no meu Sovaco” debate sobre a opressão e cobrança de padrões sofridos por mulheres a partir da imagem de uma axila. A parte do corpo feminino aparece como cenário de abusos sofridos pelo gênero. O filme, realizado como proposta de atividade prática da disciplina de Realização Cinematográfica, orientada pela professora Gabriela Alcântara, chama atenção pela temática atual e estética, e foi selecionado para participar de três festivais: o Fincar, o Festival Kinoforum e o Festival Cine BH. O primeiro aconteceu entre os dias 14 e 19 de agosto, no Recife. “Quanto craude” foi exibido na sessão de abertura, dia 14, no Cinema São Luiz, e, dia 17, no Cine Teatro Bianor Mendonça Monteiro, em Camaragibe. Após a sessão, houve debate com as diretoras. O Festival Kinoforum é um dos maiores e mais tradicionais eventos dedicados ao formato do curta-metragem no mundo, e acontece desde o dia 22 de agosto até o dia 2 de setembro, em São Paulo. A obra de Eduarda e Fefa foi apresentada na Mostra Brasil, dias 23, 25 e 27, também seguida de discussão com as criadoras. Já no dia 31 de agosto, o filme das pernambucanas passou na Mostra Contemporânea do Cine BH, no Cine Sesc Palladium. 5
O vídeo é um autorretrato das experiências vividas pela roteirista, que se sentia oprimida por não ter os pelos aceitos pela família e sociedade: “Me aborrecia o fato de que, em todo e qualquer evento social, minha mãe me pedia para que fizesse depilação, e eu atendia. Mas isso me deixava extremamente desconfortável. Os pelos representavam coragem, força e resistência. Ao tirá-los, me sentia fraca e covarde”, argumenta. A produção de “Quanto Craude no meu sovaco” aconteceu em um dia, no ateliê de Fefa, que também é pintora. “Em plano fechado, a axila funciona como cenário de abusos contra a imagem, corpo e intimidade feminina. Combina ainda uma trilha sonora que empresta tensão e urgência ao que se vê, e o resultado é inesquecível. É um trabalho de experiência com a linguagem audiovisual apto a concorrer em qualquer festival de cinema”, diz Luiz Joaquim, crítico de cinema e coordenador do curso de Cinema e Audiovisual da AESO-Barros Melo.
Cinema
cercada por alunos que se ela der intimidade demais irão querer o braço inteiro e não apenas a mão, consegue criar empatia não apenas com o protagonista, mas com a plateia atônita. A madrasta do mesmo menino (Juan Calado), na pele de Marcélia Cartaxo, consegue ser ainda mais rígida e oculta por trás da couraça protetora, e menos tratável ainda. Neste meio árido, o personagem vai descobrindo sua interação diferente com as outras crianças, vai sofrendo bullying, molhando a cama ao acordar no meio da madrugada…mas… Mas… ainda pensa em sonhar, mesmo que ninguém lhe dê um exemplo positivo ao redor, desde que sua mãe partiu e não lhe deixou nenhum bom exemplo materno. Então surge possivelmente o maior diferencial, o risco que poderia botar toda a empreitada a perder, ao lembrarmos o título “Nova Iorque” e a possibilidade de alienar a brasilidade territorial do regionalismo contido no agreste de Pernambuco, mas é o sonho quem consegue juntar os espaços tão distantes sem desnaturalizar nenhum dos dois. É um boneco, uma marionete de um gatinho, puxada por cordas em pleno ar na tela, de fora pelo extracampo, como uma solução corporal extracorpórea, como em “Tubarão” e “Baunilha”, mas que agora liga e cola tudo através da subjetividade abstrata. O gato alude ao musical da Broadway “Cats”, de onde o menino tirou a música que entoa no filme inteiro, “Memory”. É este gatinho que une a possibilidade de redenção e de rito de passagem para todos os personagens, a esgarçar e romper o tecido da realidade para o delírio e de volta para o real numa queda e pancada de bunda no chão, até que a dor possa trazer o que há em comum entre os dois. E ainda há um plus, sem spoiler: os créditos finais do filme em desenhos animados quadro a quadro pelo movimento singelo entre os nomes creditados, dando vida aos desejos e anseios e angústias do menino de forma tão sincera, demonstram como a animação é um recurso útil e necessário hoje em dia para encapsular aquele momento de eterno que surge tão espontaneamente. É o registro infinito da impressão que fica do real, potencializando a imaginação de quem vê. O toque que faltava para eternizar a obra e sua história para a memória coletiva, para além das lembranças pessoais e íntimas de seu realizador que agora todos carregamos junto conosco.
Encontro de titãs
“Nova Iorque”, que tem direção do caruaruense Leo Tabosa - levou dois prêmios (na categoria de Melhor Fotografia, levando R$ 5 mil, além do Prêmio Canal Brasil, faturando R$ 15 mil). Quão gratificante é poder acompanhar a carreira de um cineasta que consegue manter a ousadia investigativa e a pluralidade de fontes narrativas como um espírito antigo e novo ao mesmo tempo que não consegue se conter isoladamente encarnado em um único corpo. Não bastasse isto, Leo Tabosa e seu novo filme “Nova Iorque” ainda consegue reunir dois titãs dentro de um mesmo projeto, as atrizes consagradas Hermila Guedes (do cult máximo “O Céu de Suely” de Karim Aïnouz) e Marcélia Cartaxo (do clássico mor “A Hora da Estrela” de Suzana Amaral), de modo a se fundirem num empreendimento maior do que a mera soma de suas partes. “Nova Iorque”, novo filme em curta-metragem de Leo Tabosa, é o primeiro trabalho do cineasta em ficção, após duas obras em documentário de sua trilogia do desejo, contendo questionamentos sobre saudades e segredos, os premiados “Tubarão” e “Baunilha”. Ou seja, Tabosa foi procurar na ficção o que talvez fosse uma peça que precisava encontrar em seu quebra-cabeça depois de dois documentários de extrema complexidade, onde precisava lidar com a busca pela identidade do sujeito e personagem de seus filmes. Em “Tubarão”, o documentado teve de ser substituído fisicamente de última hora, por não querer aparecer diante da câmera, apesar de a voz e áudio pertencerem ao indivíduo original; Já em “Baunilha”, Leo teve de lidar com alguém que podia aparecer presencialmente no filme, mas não podia revelar sua identidade, e precisava permanecer incógnito, mesmo que o resto de seu corpo e dos demais personagens estivesse à total disposição, com toques de erotismo psicanalítico de carências e prazeres modernos e urbanos através do BDSM. Eis que “Nova Iorque” não poderia ser menos ousado ou arriscado do que seus projetos anteriores, até para poder atrair a atenção do diretor. Até mesmo numa ficção, Leo encontrou uma forma de permanecer verdadeiro a si mesmo e tangenciar sua linguagem documental e visceral de alguma forma, mergulhando em memórias infanto-juvenis de descoberta da própria identidade social, de seus anseios e desejos íntimos, de sua interação e atração com as outras crianças da mesma idade. Para encarnar a sai mesmo em versão imberbe, confiou na revelação Juan Calado e o cercou logo de duas deusas do cinema brasileiro, Hermila Guedes e Marcélia Cartaxo, respectivamente como como a professora e a madrasta do menino. E, da mesma forma com que foi gravado nas comunidades de Santana de Cima e de Barreiros, distrito de Serra Talhada, no interior de Pernambuco, suas personagens são duras e secas como a realidade pouco convidativa do entorno narrativo, cercados pela aparente falta de perspectiva. Sonhar é proibido até o limite de que sonhar demais é se decepcionar com a frustração do que não iria poder alcançar. Mas é daí que advém o nome do filme, “Nova Iorque”, e também de onde vem o tom lúdico que alivia a esterilidade. A professora interpretada por Hermila Guedes talvez seja um dos papéis mais difíceis e ingratos que um roteiro pudesse aparentar, mas é encarnado com tal carisma que mesmo se tratando de uma jovem mulher machucada pelas decepções da vida e de sonhos que já deram errado,
Leo Tarbosa
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Behance
Entrevistas
Magris
Instagram: @mmagriss
Marina Lessa 22 anos Estudante de Design Gráfico e os personagens. Além disso estou sempre vendo artistas/desenhos/músicas novas e os que mais me inspiram ultimamente são jennifer xiao, hiller goodspeed, flavushh, botero (por causa dos personagens gordinhos hahahah), fotos de animais gordos, summer camp island, mitski e, enfim, uma lista gigantesca que nunca vai terminar. No futuro quero seguir nessa área, lançar um quadrinho, estudar animação para fazer nem que seja um curtazinho, não sei, sonhos distantes, mas nem tanto (rindo de nervoso).
O que te inspira?
A
cho que quando eu era pequena eram os desenhos, mas quando fui começando a levar mais a sério eu sempre me inspirei muito em músicas tanto de artistas que eu gosto, quanto de umas músicas que escrevo no meu bloco de notas junto com umas doidices e depois quando releio vejo que também daria certo como um desenho ou como um zine/ quadrinho. Acho que entre os meus trabalhos o que eu gosto mais é o meu primeiro zine porque foi nele que criei a cebolinha aí agora qualquer coisa que eu faço com ela eu gosto, além disso gosto também da pintura digital do King Krule que eu virei a noite fazendo, mas valeu a pena as dores!! Hoje me inspiro muito na Tove Jansson, nossos desenhos não são muito parecidos, mas me identifico muito com o jeito que ela criava as histórias
Onion Girl
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Entrevistas
Nanna Cardozo
@N4nn4
Nadyne Cardozo 21 anos Estudante de arquitetura
muito, dentro de suas diversas formas de serem expressadas. Tento absorver um pouquinho de várias coisas diferentes. Acho que fotografia, arquitetura e design ajudaram a expandir meu modo de ver o mundo, além de me ensinarem a buscar por detalhes que possam passar despercebidos. Essa busca quase sempre me faz ter novas ideias. Penso em seguir atuando na área, porém de outras formas diferentes. Já trabalho com ilustração, e tenho vontade de tentar mais áreas como design, modelagem 3d e visualização arquitetônica, que é uma parte mais gráfica de arquitetura.
O que te inspira?
D
esde cedo fui exposta a desenhos animados e quadrinhos, por causa da minha mãe que sempre gostou muito. Ter contato com esses veículos fazia parte da nossa rotina nas horas vagas. Acho que a primeira coisa que ganhei quando aprendi a ler foi um gibi da Turma da Mônica, e a partir daí nunca mais parei. O interesse pra desenhar apareceu mesmo quando tive contato com os desenhos mais antigos da Cartoon Network, e depois se intensificou com desenhos japoneses. Ganhei de um amigo meu primeiro mangá, Inuyasha, e fiquei fascinada de como os desenhos eram bonitos, fiquei dias folheando e querendo mais daquilo. Aí comecei a desenhar. Acho que não tenho uma peça favorita específica, mas tenho muito orgulho das minhas aquarelas. Sinto que tô melhorando a cada desenho. Arte em geral me inspira
“Punk Eleven”
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Entrevistas
Lahcus
@Lahcus
Lucas Campelo 24 anos Estudante de medicina na UFPE
estilo, eu gosto muito da galera antiga, da Vinci, Michelangelo, Caravaggio. Eu viajo muito em como eles conseguiam criar com poucos recursos, comparando com hoje. Para o futuro eu nunca exclui a possibilidade de seguir carreira com a arte. E nunca excluí a possibilidade de ser médico e pintor, por exemplo. Enquanto a arte puder me fazer me comunicar, tocar outras pessoas, tá valendo. Se como consequência eu puder me intitular como artista, puder ganhar com isso, tá ótimo tbm. Mas nunca com pretensão, sabe?
O que te inspira?
M
inha relação com a arte se deu ainda quando criança, quando via meu avô, exímio desenhista, fazer caricaturas. Por eu ser bastante tímido, sempre mantive uma relação íntima com meus desenhos, mostrando para poucas pessoas. Porém, com o dia a dia do meu curso, lidando com pessoas, doenças e sofrimento, senti a necessidade cada vez maior de me comunicar com as pessoas, de expor meus sentimentos, e a forma que deu mais certo foi através dos meus desenhos com grafite e pinturas. Tenho uma inclinação para retratar pessoas, com traços mais realistas, ressaltando os detalhes da ação do tempo sobre o corpo; os desenlaces da vida; as amarguras humanas inescapáveis. Hoje, a arte é a maneira que encontrei para organizar os pensamentos, amadurecer e me comunicar. É meu remédio. Em relação a artistas e ao
“Velha emocionada no além-mundo ao descobrir que o seu sofrimento em vida não foi em vão”
“Homem arrependido que não soube respeitar seu tempo”
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Re nascer Acordar
Respirar Sentar
Levantar
Recomeรงar 13
Fotografia
Nome: Francisca Vilma de Lima Formada em nutrição, Aposentada.
Instagram @Vilmalimaart
Me identifico com arte desde criança, comecei desenhando com lápis e nanquim em bico de pena.
Morei em Brasília há 30 anos onde cursei design de moda, e cursei desenho e pintura, onde aprendi um pouco sobre artes com perspectiva, agua rás, aquarela, guache, pastel e óleo sobre tela. Porém, acabei indo para a nutrição, e logo antes de me aposentar voltei a realizar exposições com quadros em óleo sobre tela, quando comecei também a postar fotos dos meus trabalhos nas redes sociais. Isso me levou ater mais contato com programas de manipulação de imagem no celular, e a realizar desenhos a mão livre pela tela do meu smartphone. Utilizava também, fotos para desenhar sobre elas.
Foi quando conheci um fotografo português que me orientou e deu dicas importantes de luz, sombra, melhor ângulo e composição. A partir daí, fui desenvolvendo trabalhos criativos com minha imagem, criando expressões e pinturas no rosto. Resolvi fazer um curso de fotografia para usar a câmera fotográfica também. Desenvolvi destreza na composição de trabalhos digitais surreais, abstratos e conceitual com minhas fotos. Alguns trabalhos e fotos foram escolhidos como foto de capa de grupos de fotografia da Itália e Portugal. Expus duas fotos com o tema OUTONO em coletiva de fotografia em Portugal, da qual foi feito livro com as fotos de todos participantes. No momento estou participando de uma exposição, com dois óleos sobre tela e um trabalho digital em Salerno, Itália em outubro e novembro.
Tenho como projeto para o futuro, fazer um livro com minhas fotos conceituais do ser mulher criativa aos 60 em conjunto com poesias de amigos, e um trabalho de exposição de arte contemporânea com outros artistas sobre a política atual do Brasil, e um trabalho artístico sobre identidade de gênero desde a antiguidade até hoje.
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Fotografia
Projeto de conclusão de curso de fotografia vira exposição no Porto Digital Mostra “Além dos Olhos” reúne imagens e objetos esculpidos em gesso com foco na acessibilidade para deficientes visuais
Uma oficina produzida pela aluna de Fotografia, Cris Soares, com o objetivo de estabelecer um vínculo entre deficientes visuais e a fotografia deu origem à exposição “Além dos Olhos”, na Galeria de Artes Digitais, do Apolo 235, no Porto Digital do Recife. A mostra reúne fotos e objetos esculpidos em gesso, que expandem o alcance do material a pessoas portadoras de deficiência visual. A concepção do trabalho se deu como projeto de conclusão de curso da fotógrafa. Ela reuniu três pessoas com deficiência visual que foram introduzidas nas técnicas de fotografia. Ao final do processo, cinco objetos comuns do dia a dia, como um guarda-chuva, foram registrados pelos alunos. As fotos foram reveladas e também esculpidas em gesso, com texturas, na fresadora (existem muitas tarefas que uma máquina de fresagem pode executar como moldar e perfurar)do Laboratório de Objetos Urbanos Conectados, o LOUC. “O objetivo era desenvolver e estimular a leitura de imagem dando autonomia para as pessoas cegas compreenderem as imagens a partir de suas referências táteis e, não somente, por uma leitura via áudio descrição”, comenta. O resultado foi tão surpreendente que, agora, será exposto ao público. Confira a entrevista a seguir para entender um pouco mais sobre “Além dos Olhos”. Q: Como surgiu a ideia de promover uma oficina de fotografia para cegos e pessoas com baixa visão? C.S: A partir da vontade de aproximar a fotografia de um grupo que, de alguma maneira, não tivesse vínculo com a arte ou que a mesma não ocupasse um lugar de valor em suas vidas. Escolhi pessoas cegas ou com baixa visão para criar um laço entre elas e a fotografia, já que, durante as pesquisas iniciais, algumas disseram que a atividade estava no dia a dia delas, mas sem um verdadeiro sentido. Sendo assim, realizamos a oficina para transmitir alguns princípios da fotografia e estimular o grupo a produzir imagens, aproximando essas pessoas da foto e auxiliando-as a desenvolver a leitura imagética e ter mais autonomia, por exemplo. A partir das imagens captadas, fizemos a modelagem digital das peças no Porto Digital, que esculpiu os materiais em gesso.
C.S: Cada pessoa possui bagagem e experiências únicas. Quando interagimos umas com as outras, principalmente com vivências distintas das nossas, enriquecemos. O que fizemos com esse trabalho foi ampliar nossa sensibilidade para outras áreas e assuntos antes não pensados por nós. Por vezes, na fotografia, nos atemos, unicamente ,ao sentido da visão como guia para a captura da imagem e acabamos não percebendo como os outros sentidos nos orientam na hora de tirar a foto. Q: Você acredita no papel sociopolítico da fotografia? Como você enxerga isso? C.S: Claramente! É meio de comunicação e, através dela, podemos passar diversas mensagens, de denúncia, registro, etc. Mesmo que uma pessoa não tenha conhecimento das técnicas fotográficas, se ela conseguir capturar uma imagem, ela pode transmitir uma mensagem a partir desta foto.
Q: Como foi o processo de ensino da fotografia?
Q: Qual sua expectativa para a exposição?
C.S: No primeiro dia, ministramos uma aula de iniciação ao universo da fotografia. Mostramos alguns modelos de câmeras fotográficas, explicamos o funcionamento delas, etc. O segundo dia foi dedicado à produção fotográfica dos participantes da oficina. Também passamos algumas técnicas adaptadas para que eles pudessem se guiar na hora de registrar a imagem, como, por exemplo, contar passos para medir o enquadramento, ouvir o som dos modelos.
C.S: Desejamos que com a mostra deste projeto possamos incentivar mais pessoas a fazer trabalhos relacionados, projetos que envolvam minorias e discussões sociais. Esperamos que todos gostem e se inspirem na exposição.
Q: E o aprendizado dos participantes da oficina?
Arlindo e Cris
C.S: Superou todas as expectativas. O grupo já havia tido um contato com assuntos de fotografia. Alguns já haviam manuseado uma câmara DSLR, o que facilitou um pouco para a compreensão do assunto. Quando apresentamos algumas imagens táteis eles tiveram dificuldade para compreender inicialmente, mas depois conseguiram “ler” tranquilamente. Q: Qual o ganho do trabalho realizado na vida das pessoas? C.S: O desenvolvimento do laço com a fotografia de uma forma diferente, sem ser no formato digital a partir de uma áudio descrição. Um aprendizado de leitura de imagem, além de poderem sentir tatilmente uma fotografia produzida por eles pela primeira vez. Q: Qual a importância dessa inclusão no seu ponto de vista?
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Música
Banda Mascates Trazendo um som com identidade própria, a banda Mascates foi formada no final de 2014 em Olinda-PE, ela é composta por Beto Menezes (guitarra e vocal), Rafael Menezes (guitarra e vocal), Felipe Menezes (baixo) e João Mesquita (bateria). Sobre o nome da Banda “A escolha do nome da banda partiu justamente porque a gente queria um nome brasileiro” diz Rafael, “e que estivesse ligado as duas cidades, até por causa da guerra dos mascates, mas somos de Olinda, nascemos em Recife e sempre estamos transitando entre elas, então acabamos mostrando a paz e não um clima de guerra já que são cidades irmãs” conclui Beto.
Possuem inspiração em bandas internacionais como Red Hot Chilli Peppers, mas também em nacionais como ForFun, Brasa, Capital Inicial, Charlie Brown, Los Hermanos e mais recentes como Scalene, mas sempre buscando uma identidade própria fazendo referência para ritmos brasileiros, como o frevo. Sobre o processo de criação desse primeiro álbum eles dizem que “a música realmente vem do nada, as vezes vem a melodia antes da letra”. Também acontece de um criar a melodia, outro a letra ou do processo de criação envolver todos os membros da banda, “Não existe uma fórmula” afirma Beto. No início tiveram dificuldades de achar um estúdio e com o custo de sustentar a banda, mas conseguiram com o apoio de familiares e com ajuda do Estúdio Rosário que produziu o álbum. “A nossa dificuldade agora é achar casas de show no Recife que queiram uma banda autoral, porque ainda existe uma preferência por bandas cover e de sertanejo” Rafael acrescentou. No dia 16 de Agosto desse ano eles lançaram seu primeiro álbum autointitulado “Mascates”, que está disponível em todas as plataformas! Para acompanhá los, eles possuem a página do Facebook, @bandamascatesoficial e também no Instagram, @bandamascates.
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Música
Banda Torre Misturar e sobrepor são tarefas arriscadas. Todo mundo está livre para tentar e experimentar, mas é necessário consciência e coesão para que garantir que uma boa mistura atinja o ponto certo entre fundir e confundir. Mesmo com menos de um ano de banda, a torre já mostra logo no sólido rua i, lançamento de estreia que você ouve com exclusividade na sequência, que sabe bem aonde está se metendo.
clássico, ou pensam no ‘rock pesado’. Então, criamos essa brincadeira para explicar a sonoridade da torre. Não no sentido ruim da palavra, mas no de que é aquela música que pode transportar para outros ambientes, distante dessa correria em que vivemos”, explicou em release divulgado à imprensa. No “rua i”, a Torre procura explorar o sensorial, atentando sempre para a experiência que o ouvinte terá com as músicas compostas por diferentes processos experimentais de composição. “A gente sempre vem tentando fazer com que as músicas tenham seu momento de respirar, pra que a pessoa consiga absorver. Até no que diz respeito às letras, tem bastante de dizer sem dizer, fazer quem ouve tentar desdobrar as palavras e os sons através da reflexão e da participação ativa mesmo, que instiga o processo cognitivo. Deixa quem ouve mais próximo”, diz o guitarrista.
No clássico formato quarteto, a banda recifense nasce do encontro dos músicos Felipe Castro (voz e guitarra), Antônio Novaes (guitarra e synth), Vito Sormany (bateria) e Danillo Sousa (baixo). Vindos da cena independente, a filosofia da torre é baseada no melhor estilo faça você mesmo: além de tocarem todos os instrumentos, cada integrante executa um papel na gestão que vai além dos palcos. Felipe é responsável pelo financeiro, Danilo cuida das redes, Antônio dá conta do conceito estético e Vito ataca de produção audiovisual e executiva. A sintonia do grupo existe desde 2013, quando tocavam projetos diferentes. “Acho que por isso algumas pessoas assustam que chegamos e já lançamos um disco, não teve um EP ou algo ‘introdutório’, porque nossa identidade já tava bem encaminhada quando a banda começou, já tínhamos muito do necessário”, conta o cantor e guitarrista Felipe Castro, “Chegamos com uma atitude que vem sendo tomada de forma geral pelas bandas, que é a de fazer acontecer. Deixar de esperar que alguém faça e fazer. Tomar a direção do ciclo. Nesse sentido, a gente dialoga com muita gente. Fazer o independente acontecer é uma resistência, e queremos fazer parte disso”, comenta.
A conexão com a cena independente que vem tomando força no estado não foi impensada: “Tivemos total controle do nosso processo criativo, além de nos inserirmos de cabeça na cena musical independente, que é um lugar incrível de se estar. Muita banda tocando, muita gente produzindo. Foi escolha nossa participar disso também”, indica Felipe. Como um registro de uma resistência coletiva, rua i tem colaboradores da cena independente de Recife: Thiago Couceiro, na identidade visual, Guilherme Assis, na produção e mixagem, e Buguinha Dub, na masterização. O lançamento, para Danillo, é um ato concreto de quem re-existe com autonomia no cenário musical. “De certa forma lançar um trabalho independente é juntar mais gente independente para trabalhar com você. Isso também se manifesta nos nossos shows e nos eventos que organizamos. Procuramos estar sempre juntos com outras bandas e toda a gente que faz o circuito independente do Recife funcionar. Então, lançar um disco é fazer parte dessa engrenagem, é um ato de resistência”, conclui.
Talvez, seja justamente o fato de se envolverem em tantas frentes que faz com que o entrosamento seja tão perceptível. A coesão e maturidade não passam despercebidas na proposta musical que se desenrola de forma orgânico no som e nas letras – assinadas por Felipe e Antônio. Então o disco rua i nasce com oito faixas fruto das reflexões sobre as efervescência urbanística de Recife, sob o olhar de um (cada vez mais) acuado bairro de subúrbio – o fictício, mas super realista, rua i. Entre camadas eletrônicas, pop e rock, novos cenários são apresentados. As letras tratam da despedida, do retorno e do conforto do lar. Sensações às vezes antagônicas, conectadas, interdependentes e independentes. Sensações que podem nascer do individual, mas transformam-se em uma percepção coletiva. Com uma construção quase concreta, o disco é uma experiência sensorial, quase como enxergar o antigo cenário de uma casa vazia ou perceber um ambiente já conhecido de olhos fechados. É pelas texturas, cenários e fluidez que eles dão vida ao “rock morgado”, como classifica Vito Sormany: “Se a gente define como rock, as pessoas associam ao rock
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Moda
Maria Duarte Jewelry Inventar é arriscar, entender o novo e permitir experimentar, e é nesse cenário que a Maria Duarte Joalheria Contemporânea constrói os elos para uma nova visão da joalheria. Graduada em Design pela Universidade Federal de Pernambuco, Maria Duarte teve uma experiência de um ano no Canadá estudando design de joias na universidade NSCAD, quando se encantou pelo universo das joias. Em julho de 2016, a designer deu início a sua marca de joias contemporâneas e artesanais lançando a coleção INVENTO.
Com um foco mais conceitual, Maria Duarte se inspirou nas obras da artista plástica Lygia Clark para a concepção das peças. Todo o processo de composição da joia passando pela criação de conceitos, rabiscos de ideias e a própria produção das peças é feito pela designer artesanalmente. Na joalheria, a manifestação contemporânea surge como uma tendência que abre espaço para a experimentação de diferentes materiais, técnicas, para a criação livre, efetiva e sem preconceitos de produtos inovadores. Nas peças dessa primeira coleção, o principal material utilizado é a prata muitas vezes associados a outros materiais não convencionais como espelho, linhas e imãs. Os pilares da marca fundamentam-se na multiplicidade de ideias, experimentação de materiais e complexidade de formas. 18
Usoassim
Moda
A USOASSIM foi lançada oficialmente no dia 21 de setembro de 2016, mas o projeto nasceu mesmo em 2015. A loja tem dois sócios: o casal Lais Dutra e Álvaro Roberto. Lais formada em publicidade e Álvaro formado em jornalismo. Desde o início, o conceito da marca foi bastante trabalhado para que ele fosse o principal ponto entre nós (loja) e os clientes, gerando identificação e fugindo do modo tradicional de comunicação. Do primeiro dia até hoje, continuamos insistentemente trabalhando e acompanhando tudo de perto para manter a essência que estamos construindo passo a passo. O logo foi pensado para passar uma mensagem assim como o conceito. Além de minimalista, também mostra igualdade entre os gêneros. Explicamos: No logo USOASSIM você pode perceber que as letras O e A se misturam e estão entrelaçadas, simbolizando a igualdade que prezamos entre os gêneros. É nossa forma de dizer entrelinhas que aqui não tem distinção e que você pode fazer suas escolhas livremente, usando o que quiser e como quiser. A própria expressão “uso assim” já dá a entender o que queremos transmitir, né?
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