Abong

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Posicionamento da Abong sobre a CPI das OSCs proposta no Senado.

A Constituição Federal de 1988 em seus incisos XVII, XVIII e XIX do artigo 5º estabelece que é plena a liberdade de associação para fins lícitos, que podem ser criadas independente de autorização sendo, vedada (grifo nosso) a interferência estatal em seu funcionamento. Expresso está que o legislador constituinte entendeu que a liberdade de organização da sociedade civil somadas a liberdade de opinião e a liberdade de imprensa, constituem-se em marcos fundantes da democracia brasileira. Por atuarem junto aos segmentos da sociedade civil mais vulneráveis, as ONGs incomodam os detentores do poder político e econômico que veem, na organização social, riscos para a manutenção de seus privilégios e interesses. Estes setores, não raro, se utilizam do parlamento para por dúvidas sobre a lisura e honestidade da ação de solidariedade. Criminalizar a atuação das ONGs, de forma indiscriminada e sem fatos concretos que justifique, é procedimento que visa apenas por em suspeita a luta daquelas e daqueles que historicamente lutam pela proteção da vida, da água, do meio ambiente, das pessoas vulneráveis, das vítimas de empresas inescrupulosas que visam o lucro sem qualquer preocupação social e de todos os segmentos sociais desassistidos pelo próprio estado numa sociedade profundamente desigual. Há partidos desconhecem as ONGS como segmento essencial da sociedade brasileira e apenas focam sua ira naquelas que mexem com seus interesses. É importante ressaltar que há mais de 800 mil organizações da sociedade civil formalizadas no Brasil que empregam diretamente mais de 3 milhões de brasileiras e brasileiros diretamente e mais de 5 milhões de profissionais indiretamente, movimentando com recursos da solidariedade nacional e internacional cerca de 5% do PIB brasileiro. As ONGs atuam nas frentes onde nem o estado e nem as empresas privadas conseguem ou tem interesse em chegar. E fazem isso com seus próprios recursos. Pelos dados do Mapa das ONGS elaborado pelo IPEA, cerca de 80% das ONGs brasileiras não acessam recursos públicos e menos de 3% recebem recursos da cooperação internacional. Neste sentido, o requerimento de CPI apresentado pelo Senador Plínio Valério (PSDB/MA) vai no sentido de, genericamente, criminalizar as ONGs através de uma CPI sem fato concreto que a motive. O pedido baseia-se em argumentos genéricos e


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