DIGITALIZAÇÃO É FUNDAMENTAL PARA A INDÚSTRIA www.brasilamericaeconomia.com.br
Daniel Scuzzarello, diretor de portfólio da Siemens PLM
No 481 MAR/2018
R$ 20,00
nº 481
ISSN 1414-2341
BRASIL
O CUSTO DA
DESIGUALDADE PIB global poderia crescer quase 7% se a disparidade na participação econômica entre homens e mulheres fosse reduzida em apenas um quarto – hoje eles ganham 75% a mais do que elas
RANKING: BANCOS BRASILEIROS CRESCEM MENOS DO QUE A MÉDIA DA AMÉRICA LATINA
123RF
Nesta edição
CAPA
34
RANKING
Igualdade que pode gerar trilhões
PIB mundial poderia crescer US$ 5,8 trilhões em sete anos se a disparidade entre gêneros diminuísse 25% no mesmo período ENTREVISTA
18
Daniel Scuzzarello, diretor de portfólio da Siemens PLM para a América do Sul Para executivo da multinacional alemã, transição para o mundo digital é fundamental para a indústria
TECNOLOGIA
30
Muito o que melhorar Executivo de multinacional indiana de TI diz que infraestrutura tecnológica do país precisa de investimento em capacidade e velocidade
14 | AméricaEconomia
54
Os melhores e maiores bancos da América Latina Principais bancos do continente aumentaram seus ativos em 3,3%, acima do crescimento do PIB da região
NEGÓCIOS
68
Importante aliado da aviação Setor de táxi aéreo atende não apenas ao mercado de luxo, mas atua na prestação de serviços para diversas demandas
SEÇÕES
16 Editorial 24 Movimentos 26 Moderador 28 Tecnologia 46 Relações Internacionais - Stéphane Larue 52 Economia - Juan Jensen 66 Finanças - Mauro Miranda, CFA 74 Debate - Valdemir Pires 76 Página verde - Jorge Pinheiro Machado 78 Opinião - José Renato Nalini
Editorial
AMÉRICAECONOMÍA INTERNACIONAL Publisher e Editor: Elías Selman C. Editor-Geral: Fernando Chevarría León Editor Executivo: Rodrigo L. Serrano Editores: Paulo Hebmüller (São Paulo), Jorge Cavagnaro (Guaiaquil), Lino Solís de Ovando (Santiago), Rery Maldonado (La Paz), Carolina Torres (Tegucigalpa). Editor-at-large: Samuel Silva Repórteres: Laura Villahermosa e Hugo Flores (Lima), Camilo Olarte (Cidade do México), Alejandro González (Bogotá), Hebe Schmidt (Madri) Colunistas fixos: John Edmunds, Jerry Haar, Susan Purcell Kaufman Designer: Sandra Florián AMÉRICAECONOMÍA INTELLIGENCE (Estudos e Projetos Especiais) Diretor: Andrés Almeida Pesquisadores Seniores: Fernando Valencia Analistas: Catherine Lacourt e Juan Francisco Echeverría Analista Peru: Carlos Alcántara AMÉRICAECONOMÍA.COM Subdiretor de Mídias Digitais: Lino Solís De Ovando Repórteres: Héctor Cancino, Fernando Zúñiga, Juan Toro, Cristian Yánez e Matías Kohler
PRESIDENTE Agostinho Turbian - publisher@editorai.com.br VICE-PRESIDENTE Tathiana H. S. Turbian - tathiana@editorai.com.br MARKETING/COMERCIAL Tathiana H. S. Turbian - tathiana@editorai.com.br EXECUTIVA COMERCIAL Cristiane Antunes - cristiane@editorai.com.br DEPARTAMENTO FINANCEIRO financeiro@editorai.com.br ASSISTENTE DIRETORIA EXECUTIVA Eduane Andrade - eduane@editorai.com.br DIREÇÃO DE ARTE Rogério Macadura - arte@editorai.com.br INNSBRUCK EDITORA Av. Angélica, 688 - Conj. 702 Santa Cecília - Sao Paulo/SP - Brasil - CEP. 01228-000 Tel.: 11 3663-2242 Periodicidade: Mensal (Março de 2018) Foto da capa: 123RF Impressão e Acabamento: Referência Gráfica Distribuição em bancas: Total Publicações – Edicase ESCRITÓRIOS Buenos Aires: +5411 4612-7723 | São Paulo: +5511 3663-2242 Costa Rica: +506 225-6861 | Lima: +511 610-7272 Miami: +305 648-9071 | Panamá: +507 271-5327 Santiago: +562 2290-9400 | Uruguai: +5982 901-9052 Cidade do México: +5255 5254-2400
Os textos assinados pelos articulistas não refletem, necessariamente, a opinião da revista AméricaEconomia ATENÇÃO: pessoas não mencionadas em nosso expediente não têm autorização para fazer reportagens, vender anúncios ou pronunciar-se em nome da AméricaEconomia
16 | AméricaEconomia
Paulo Hebmüller Editor-chefe
MARCOS SANTOS
PUBLISHER E EDITOR Agostinho Turbian - publisher@editorai.com.br CEO Tathiana H. S. Turbian - tathiana@editorai.com.br ASSISTENTE DA PRESIDÊNCIA Patrícia Vidak - patricia@editorai.com.br CONSELHO EDITORIAL Jorge Pinheiro Machado, presidente Antonio Carlos Romanoski, Elmano Nigri, Mario Garnero, Romeu Chap Chap, Toni Sando e Wilson Levorato CONTEÚDO Editor-chefe: Paulo Hebmüller - paulo@editorai.com.br Repórteres: Beatriz Santos - beatriz@editorai.com.br Felix Ventura - felixventura@editorai.com.br Diretor de Arte: Rogério Macadura - arte@editorai.com.br Tradução: Felix Ventura - felixventura@editorai.com.br Paulo Hebmüller - paulo@editorai.com.br COLABORADORES Carlos Alcántara, Catherine Lacourt, Jorge Pinheiro Machado, José Renato Nalini, Juan Jensen, Mauro Miranda, Stéphane Larue e Valdemir Pires ASSINATURAS assinaturas@editorai.com.br AMÉRICAECONOMIA BRASIL DIGITAL www.brasilamericaeconomia.com.br Editora: Beatriz Santos - beatriz@editorai.com.br Consultor editorial de turismo: Antonio Euryco aeturismo@editorai.com.br
O longo caminho para a igualdade
N
o mês que marca a celebração do Dia Internacional da Mulher – 8 de março, data associada à luta histórica das mulheres por igualdade econômica, política e de representação, como o direito ao voto, entre outras dimensões –, esta edição de AméricaEconomia apresenta dados que demonstram que, no mundo do trabalho, ainda há muito caminho a percorrer para que se atinja o objetivo da igualdade. Se a disparidade entre gêneros na participação econômica diminuísse apenas 25% nos próximos sete anos, o PIB global poderia aumentar em US$ 5,8 trilhões, de acordo com estimativas do Fórum Econômico Mundial. O montante é equivalente a quase três vezes o PIB brasileiro de 2017, de US$ 2,02 trilhões. O debate sobre igualdade de gênero vem timidamente ganhando espaço nas empresas, aponta Ligia Paula Pires Pinto Sica, professora de Políticas de Gênero da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. A professora afirma que a conscientização acerca do problema é um dado positivo, mas também gera o efeito psicológico negativo de que alguns funcionários enxergam certas políticas como uma espécie de privilégios indevidos a mulheres. Para a matéria de capa desta edição, a repórter Beatriz Santos colheu depoimentos de empresárias e executivas que chegaram a posições de mando em companhias brasileiras. Os relatos demonstram que, ao mesmo tempo, há avanços na luta pela igualdade – e que a ideia associada a privilégios está muito distante da realidade vivida por essas profissionais. “O maior desafio da mulher é se provar tecnicamente. Isso porque, infelizmente, a mulher já chega devendo no minuto zero do jogo”, comenta, por exemplo, Emanuela Ramos, diretora-executiva de Negócios da Resource IT. De nossa parte, esperamos noticiar cada vez mais avanços para que todos e todas desfrutem da condição da igualdade. Boa leitura.
americaeconomia_br
brasil_ae
brasilamericaeconomia
company/ brasil-américaeconomia/
TV AméricaEconomia Brasil
DIVULGAÇÃO
Entrevista | Daniel Scuzzarello, diretor de portfólio da Siemens PLM para a América do Sul
18 | AméricaEconomia
Transição para o mundo digital é fundamental para a indústria Executivo da multinacional alemã fala sobre os investimentos em inovação e as aquisições para que a empresa controle todas as etapas da produção Por Paulo Hebmüller, de São Paulo
N
os últimos dez anos, a multinacional alemã Siemens investiu cerca de US$ 10 bilhões em digitalização. O objetivo: manter-se à frente da inovação em todas as esferas do negócio, diz Daniel Scuzzarello, que assumiu no início deste ano a função de diretor de portfólio da empresa para a América do Sul. A julgar pelos resultados da empresa no Brasil, as coisas parecem estar no caminho certo. A Siemens teve faturamento de € 1,3 bilhão (cerca de R$ 5,2 bilhões) em 2017. São 12 fábricas próprias, 13 escritórios regionais e 6 mil funcionários no país. A nova realidade da indústria 4.0, aponta o executivo, exige que todas as etapas estejam interconectadas para evitar erros e retrabalho. No caso do Brasil, cujo parque industrial, em média, é antigo, não se trata de jogar tudo fora e reiniciar as plantas do zero: o primeiro passo é trabalhar cenários por meio do gêmeo digital, diz. Nesta entrevista, o italiano Scuzzarello – que tem mestrado em Engenharia Mecânica na Suécia e está há sete anos no Brasil – fala sobre esse e outros processos do mundo da indústria 4.0, como a manufatura aditiva e a internet das coisas. AméricaEconomia – Como a Siemens vem trabalhando na nova fase da indústria 4.0? Daniel Scuzzarello – A Siemens foi uma das empresas que fomentaram, ao lado de outras, a
Quarta Revolução Industrial, assim que identificou que a transição para o mundo digital é fundamental para a indústria manter a margem competitiva. Isso ocorreu logo depois da crise mundial de 2008. Investimos pesado na digitalização nos últimos anos para manter a competividade da operação fabril. Indústria 4.0 nada mais é do que a integração entre as áreas. Mas é preciso tomar cuidado porque as coisas podem dar muito errado se esse caminho não for feito com lógica. Precisamos trazer cada vez mais ao digital o que é feito no mundo real para minimizar erros e retrabalhos, mas também para conseguir atender a um mercado extremamente volátil em todos os sentidos. Isso se dá não apenas no mercado de varejo, no qual se pode fazer um sapato customizado para cada cliente. A concorrência está pedindo um time to market muito mais curto para todo tipo de produto: são novas tecnologias fabris que precisam ser integradas no chão de fábrica, seja na Europa ou nos Estados Unidos, seja aqui também, porque estamos trabalhando em contexto global. AE – Que tipo de inovação se busca hoje? DS – A inovação principal é focada no atendimento ao cliente. Se olharmos o cliente final, seja no mercado B2C ou B2B, as demandas mudaram muito. Antigamente o fornecedor dizia: “esta é a minha solução, você compra e a encaixa no pro-
Hoje é o cliente que demanda uma
solução específica para o seu processo
Março Julho | 19
Entrevista
PRECISAMOS ESTAR NA FRENTE DA INOVAÇÃO EM TODAS AS ESFERAS DO NEGÓCIO. HÁ MUITOS EXEMPLOS DE EMPRESAS QUE ERAM LÍDERES DE MERCADO, MAS FALHARAM NA INOVAÇÃO E FICARAM PARA TRÁS cesso”. Hoje é o cliente que demanda: “este é o meu processo; molde a sua solução para mim”. O principal fomento à inovação em todos os mercados é a busca para atender a essas demandas. AE – Quais são os investimentos estratégicos que a empresa faz para atingir esses resultados? DS – Nos últimos dez anos a Siemens investiu US$ 10 bilhões em digitalização, adquirido e integrando empresas para complementar as soluções do começo até o fim – desde a parte de ideação e, conceituação do projeto até entrega, manufatura etc. Os investimentos foram feitos justamente para trazer esses conhecimentos para dentro de casa e desenvolver a inteligência internamente e para nossos clientes. Na indústria 4.0 todos os passos de uma empresa estão integrados e correlacionados um com o outro. Fazemos investimentos e parcerias estratégicas com institutos de pesquisa e startups, por exemplo. A Siemens presta muita atenção nisso porque precisamos ter essa sensibilidade em relação às coisas novas. Falamos constantemente que o mundo está mudando, e essa mudança não é só imaginária – o mundo está mudando mesmo, assim como a cabeça das pessoas e os hábitos do consumidor. E a indústria vai ter que atender a esses consumidores em todos os sentidos. AE – A Siemens fez algumas aquisições importantes recentemente. Qual o objetivo delas? DS – As últimas grandes aquisições foram a CD-Adapco, em 2016, a Mentor Graphiccs, em 2017, e a Sarokal, no início deste ano. Essas empresas oferecem soluções em áreas como engenharia assistida por computador (CAE, na sigla 20 | AméricaEconomia
em inglês) e conexão da eletrônica com a digitalização, no caso da Mentor Graphics. Então, ao lado de áreas em que já atuávamos, temos agora o domínio total dos processos. AE – Um executivo da Bayer mencionou numa entrevista à AméricaEconomia que sua preocupação é que daqui a dez anos a empresa se mantenha competitiva num mercado com tanta inovação e tantos novos concorrentes. A Siemens pensa da mesma forma? DS – Certamente. Precisamos estar na frente da inovação em todas as esferas do negócio. A Siemens é uma empresa de mais de 150 anos e quase 400 mil pessoas no mundo. Alguém pode pensar que é uma empresa conservadora que fica fazendo turbinas a gás. Fazemos turbinas também, mas precisamos estar à frente de cada braço de tecnologia em que trabalhamos, senão daqui a cinco ou dez anos não estaremos mais no cenário. Há muitos exemplos clássicos de empresas que eram líderes de mercado, como a Kodak, mas falharam na inovação e ficaram para trás. Uma vez que você fica para trás, recuperar-se é muito difícil. AE – Como se dá a parceria com as universidades? DS – Temos um relacionamento muito forte com elas. Especialmente no Brasil e na América Latina, a execução da indústria 4.0 tem que estar alinhada com as universidades. O problema das escolas de Engenharia é que, se não mudarem, vão preparar profissionais para coisas que não vão existir daqui a cinco anos. Não dá mais para fazer um curso como se fazia há dez anos, até porque o público mudou e a questão do foco e da atenção dos alunos também é diferente. As universidades têm que estar muito alinhadas com essa revolução industrial. Algumas estão mais à frente em termos de investimento e mudanças de currículo e no ensino. AE – Como são desenvolvidos projetos como o do carro autônomo, por exemplo? DS – Enxergamos essas inovações perguntando
AE – Você pode dar exemplos de investimentos em áreas como saúde, biotecnologia ou agricultura, que também estão no radar da empresa? DS – Um de nossos clientes é a Zipline, que nasceu no Vale do Silício como startup com a visão de utilizar drones para levar medicamentos e sangue a áreas remotas da África. Nós customizamos uma solução para que eles encontrassem a dimensão do negócio, e eles conseguiram ter sucesso no desenvolvimento e nas práticas de operação. O que é empolgante com um cliente assim é que o trabalho deles faz muita diferença. Nessas regiões mais remotas, com todos os problemas de distância, acesso etc., se alguém fica doente ou uma mãe tem grande perda de sangue num parto, mandar um drone que pode soltar bolsas de sangue num pequeno paraquedas é algo que salva vidas.
DS – Certamente. A manufatura aditiva permite quebrar paradigmas para fazer projetos muito mais funcionais: não preciso moldar meu produto para o processo fabril, mas moldo o processo fabril para o produto. Toda a parte de projeto tem que ser feita hoje de forma diferente do que se fazia ontem, porque o próximo gravador, a próxima xícara de café ou o próximo carro provavelmente serão impressos. Já há um carro da Bugatti com motor impresso. Desenvolvemos na Siemens uma turbina a gás com potência e eficiência recordes porque conseguimos imprimir as lâminas da turbina e otimizar o processo sem ter que seguir os paradigmas de peças forjadas ou usinadas. AE – Isso implica redesenhar toda a planta e toda a estrutura de fabricação? DS – Não é preciso redesenhar. Você consegue aproveitar muito do que já existe agora. Isso é uma coisa importante especialmente na indústria brasileira, em que o parque fabril em média é muito antigo. Quando falamos com um cliente sobre in-
Adaptação para a indústria 4.0 pode ser feita a partir da base existente
123RF
como vamos atender a esse mercado, tanto para os clientes tradicionais como para os futuros. Com a aquisição da Mentor Graphics, por exemplo, poderemos fornecer o melhor da tecnologia para os fabricantes de carros elétricos ou autônomos, seja para GM, Tesla ou Google. Temos que nos posicionar como o melhor fornecedor possível, já olhando dez passos para a frente.
AE – O que a digitalização vai trazer para o usuário doméstico num horizonte de cinco a dez anos? DS – A integração completa, imagino, entre trabalho e casa. Vai ser cada vez mais comum o home office. Também haverá uma relação mais imediata entre o desejo do consumidor e o produto. Até recentemente a indústria trabalhou na massificação da produção – um tênis, por exemplo, era massificado para o mundo inteiro. Hoje, com a digitalização e a indústria 4.0, a ideia é que o usuário possa interferir na cadeia de produção para que o tênis seja feito sob medida, sem atrapalhar a escala de produção da empresa. AE – A impressão em 3D, ou manufatura aditiva, é uma das vertentes fortes na indústria 4.0? Março Julho | 21
DIVULGAÇÃO
Entrevista
Empresa prevê continuidade dos investimentos em vários países da América Latina
22 | AméricaEconomia
dústria 4.0, a percepção, ou o medo, é de que vai ser necessário jogar fora o que a empresa tem e comprar tudo novo. Não é bem assim. Quando vemos uma planta que tem máquinas de robótica ou automação de quinze ou vinte anos e queremos trazê-la para a indústria 4.0, o primeiro passo não é comprar uma impressora 3D: o primeiro passo é digitalizar o seu processo para que você comece a trabalhar cenários. Fazer isso digitalmente vai custar meia hora de trabalho de um técnico; na planta, você vai gastar US$ 1 milhão para colocar o robô lá. Essa simulação de cenários é o que a gente chama de gêmeo digital. Por exemplo: minha planta está fazendo um produto à moda antiga e quero introduzir um polímero, um material novo ou a manufatura aditiva. Fazemos isso de forma digital para que o cliente entenda se é realmente o caminho ou não. É fácil fazer a transformação de uma planta no digital; no mundo real é caro. Muitas vezes você consegue enxergar um ganho competitivo muito grande só fazendo simulações com seus ativos atuais. Esse é o valor da digitalização.
AE – Você pode falar mais sobre esse processo do gêmeo digital? DS – O gêmeo digital nada mais é do que uma representação digital do real. Trazemos a inteligência e a funcionalidade do seu produto em ambiente virtual, conectado à parte fabril e retroalimentando os inputs da sua fábrica na engenharia com a internet das coisas, que a Siemens também tem com a plataforma MindSphere. Temos o ciclo inteiro de desenvolvimento de produto, inteligência em manufatura e manufatura própria que retroalimenta a engenharia. Essa é a definição da indústria 4.0. Cada uma dessas etapas é um gêmeo digital que precisa ser conectado fortemente com o próximo. Se você tem uma barreira entre o produto e a manufatura, tem sim valor agregado – mas ele é menor do que se você tirar aquela barreira e começar a conversar com seu gêmeo digital de produção. O gêmeo digital permite que você desenvolva o produto, teste e simule tudo virtualmente. Isso reduz o tempo de chegada no mercado, a margem de erro e o custo para produzir um protótipo que pode dar errado. Um custo ainda maior é você lançar o produto e descobrir que ele deu errado. Nesse caso há um prejuízo grande para a sua marca. Temos vários exemplos de empresas que, pela pressa, lançaram mal o produto e tiveram que parar as vendas, fazer recall etc. O cliente vai ficar em dúvida e, na próxima vez, vai comprar do concorrente. AE – Como funciona o MindSphere, a plataforma para a internet das coisas? DS – É uma plataforma mais focada em B2B. Ela vem com uma arquitetura totalmente integrada com a nuvem, em conjunto com alguns aplicativos que empresas da Siemens estão desenvolvendo para trabalhar a quantidade de dados coletados. Não adianta você conectar tudo o que tem, jogar terabytes e terabytes de dados todos os dias na nuvem e fazer pouco ou nada com aquilo. É preciso ter um plano para trabalhar os dados relevantes que você coleta e utilizá-los para melhorar o seu processo, melhorar a sua engenharia e retroalimen-
tar esse gêmeo digital. Essa contínua conexão realmente agrega valor. Encontramos vários clientes que nos diziam que já estavam na fase da indústria 4.0. De fato, todos os dispositivos estavam conectados. Mas a questão é: o que você está fazendo com esses dados? Qual a finalidade de conectar tudo? É preciso pensar nisso, no que queremos manter ou jogar fora, até porque o problema do lixo digital já existe e será cada vez maior. AE – A automação e a digitalização não trazem também um risco de grande desemprego? DS – Cada revolução é dolorosa, mas também abre oportunidades. No Brasil, acredito que serão abertas muitas oportunidades para haver uma classe média maior. Na Europa, que é praticamente um continente de serviços, já se fala que profissões como advogado ou médico estão em crise por causa da plataforma Watson da IBM. Qual a reposta? Talvez, em vez de trabalharmos oito horas, vamos trabalhar seis, com emprego e melhor qualidade de vida para todos. Se esse é o caminho, eu topo – mas não podemos pensar que vamos passar por uma revolução e tudo vai ficar do jeito que estava. AE – O que está no horizonte da empresa em termos de investimento na América do Sul em 2018? DS – Vamos continuar investindo na região, que é muito promissora. No Brasil, agronegócio, indústria automotiva, indústria de peças e de máquinas e agora também toda a linha de produção de varejo são áreas muito fortes. Um ramo ao qual estamos dando atenção particular é a parte de processos, energia e gás. Sabemos que o Brasil, quando retoma a atividade econômica, retoma de verdade. A Siemens está atenta a essa retomada da economia, seja nas indústrias, seja para automação ou software, mas também em áreas relativamente novas, e aí entramos com um portfólio mais tecnológico para as operadoras e fornecedoras de energia.
Além do Brasil, seguiremos investindo na Argentina e na Colômbia. O Chile também é um mercado promissor, o Peru tem despontado e o Equador vem um pouquinho atrás. No México há uma questão particular devido ao relacionamento com os Estados Unidos e à renegociação do Nafta. Esse cenário ainda é uma incógnita para todas as empresas. AE – A visão para o Brasil e a América do Sul, portanto, é otimista? DS – Sempre foi otimista. Mesmo durante a crise a Siemens conseguiu navegar bem justamente por conta dessa visão de inovação. É claro que, na crise, os investimentos diminuíram, mas você pode aproveitar esse momento para fazer mais com menos e fazer diferente. É preciso estar estruturado para o momento da retomada e para o momento da próxima crise, porque sabemos que o Brasil é cíclico. No caso da indústria brasileira, não podemos mais focar só no país. É preciso começar a exportar e, para isso, o país precisa ser mais competitivo, porque vamos enfrentar concorrência da China, da Alemanha, da África do Sul etc. Para colocar o produto brasileiro no mercado global, temos que aumentar a qualidade e diminuir o custo, e isso só se faz com a digitalização. Não adianta colocar mais pessoas no processo ou mandar todo mundo embora. Trabalhamos aqui para ver o Brasil crescer, e queremos ver a competitividade da indústria nacional aumentar.
Não basta conectar tudo; é preciso saber o que fazer com os
dados
PARA EXPORTAR E ENFRENTAR A CONCORRÊNCIA DOS OUTROS PAÍSES, A INDÚSTRIA BRASILEIRA PRECISA SER MAIS COMPETITIVA, AUMENTAR A QUALIDADE E DIMINUIR O CUSTO, E ISSO SÓ SE FAZ COM A DIGITALIZAÇÃO Março Julho | 23
DIVULGAÇÃO
Movimentos
Viagens de negócios
Mercado de turismo tem bom começo de ano e projeta novidades e crescimento com feiras e eventos
O
ano começou bem no mercado brasileiro de turismo. A receita deixada pelos visitantes estrangeiros no país, em janeiro, só perdeu para junho e julho de 2014, época da Copa do Mundo. As feiras e eventos são as grandes vitrines para consolidar os negócios do setor. A World Travel Market 2018, principal evento para a indústria de viagens da América Latina, será realizada entre 3 e 5 de abril, no Expo Center Norte, em São Paulo, esperando mais de 9 mil executivos e profissionais. A partir desta edição, a WTM contará com o Tour Operators Area, espaço reservado às operadoras de turismo. O programa de Turismo Corporativo traz o incentivo para os gestores que buscam ampliar sua rede de contatos e fomentar negócios. A Avianca será responsável pelo patrocínio da vinda à feira de 50 gestores de viagens do Brasil inteiro. Para Luciane Leite, diretora estreante na WTM Latin America, a expectativa é das melhores. “Acredito que ela possa aproveitar um momento efetivo de ações na economia e no turismo”, diz. A Associação das Agências de Viagens do Interior do Estado de São Paulo (Aviesp) realiza seu encontro em Campinas nos dias 12 e 13 de abril. O mês também terá o Salão Paranaense (26, 27 e 28), em Curitiba, e a 2ª Convenção da BWT, em Caiobá (PR),
24 | AméricaEconomia
dias 6 e 7. Já o Visit USA tem suas três sessões programadas para abril: dia 6 em São Paulo, 9 no Rio de Janeiro e 12 em Curitiba. Os eventos que já ocorreram nos primeiros meses anteciparam muito do que a indústria turística promete na temporada. A procura crescente de pacotes e negócios foi demonstrada na 33ª Feira de Negócios Turísticos da União Gaúcha das Operadoras e Representantes de Turismo (Ugart), em Porto Alegre, nos dias 2 e 3 de março. “Desde que adotamos esse novo formato, com foco em conteúdo para os agentes de viagens, o evento mostra crescimento”, destacou Marcelo Adams, presidente da Ugart. Em março também ocorreu a 13ª edição da Latin American Corporate Travels & Events Experience (Lacte), em São Paulo, com promoção da Associação Latino-Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev). Entre os participantes estiveram hotéis e resorts, como Palladium Hotels & Resorts, Bourbon, Club Med, Tivoli, Grand Hyatt e Accor Hospitality; as companhias aéreas Gol, Delta, Air France/KLM, Aerolíneas Argentinas, Avianca Brasil e as empresas do grupo Latam; e locação de veículos, como Movida, Hertz e Localiza. O desenvolvimento tecnológico e o panorama irreversível de mudanças aceleradas em todos os campos foram temas dominantes. AméricaEconomia Brasil
Repeat after me
Nível de domínio de inglês nos países da América Latina continua abaixo da média mundial
S
e um estrangeiro estiver caminhando pelas ruas de alguma cidade holandesa e precisar de informação, as possibilidades de encontrar um transeunte que responda num inglês de alto nível são altas. A Holanda é o país de língua não inglesa com maior domínio do idioma em nível global, de acordo com o Índice de Domínio de Inglês de 2017 da Education First: seu índice fica em 71,45, contra uma média mundial de 53,18. Nessa edição, que classifica 80 países com base em provas realizados com um milhão de adultos, a América Latina se mantém entre as últimas posições, ocupando o quarto lugar entre cinco regiões e permanecendo abaixo da média global. O estudo ressalta que o domínio de inglês entre os adultos da região está se equiparando ao da Ásia e que as diferenças entre os países latino-americanos são baixas. O país com melhor nível, a Argentina, está dez pontos à frente de El Salvador, o mais baixo, enquanto que na Ásia o país com melhor domínio, Singapura, se encontra 30 pontos à frente do último, o Laos. O estudo assinala que, para melhorar seu nível de inglês, a América Latina precisa reforçar o domínio da língua por parte dos professores.
123RF
AméricaEconomía Internacional
Janeiro | 25
Moderador
A
Pesquisa Alelo Hábitos Financeiros dos Brasileiros, realizada pela Alelo em parceria com o Ibope Conecta, identificou que cerca de 37% dos brasileiros afirmam ter alguém na família que perdeu o emprego no último ano. O estudo inédito ouviu 2.810 pessoas das classes A, B e C, entre 18 e 65 anos, em 11 capitais brasileiras e no interior dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e mapeou o impacto nos orçamentos e as soluções encontradas por milhares de trabalhadores. Entre os 26% que trocaram de emprego, cerca de 28% conseguiram um emprego melhor e 54%, um salário maior. Entre os trabalhadores que não mudaram de emprego, quase metade foi promovida ou recebeu algum aumento salarial.
FOTOS: 123RF
Um em cada três brasileiros tem um familiar que perdeu o emprego nos últimos 12 meses
Dos trabalhadores desempregados, 47% estão fora do mercado de trabalho há mais de um ano – a taxa sobe para 73% entre os profissionais entre 55 e 65 anos. O estudo apontou ainda que 61% foram demitidos do último emprego – 67% quando se trata de profissionais entre 35 e 54 anos. O estudo constatou que o cenário econômico impactou 85% dos brasileiros nos últimos 12 meses. Destes, 73% tiveram que cortar despesas, enquanto 12% pediram dinheiro emprestado para amigos ou familiares; 11% resgataram investimentos; 5% venderam o carro ou moto e 4% pediram adiantamento salarial. Apenas 15% dos brasileiros afirmam que não foram afetados.
Problemas na eficiência de arrecadação tributária
A
Unicamp, em parceria com a USP e a Systax, empresa de inteligência fiscal e única detentora de um acervo com mais de 3,5 milhões de regras tributárias, realizou uma pesquisa inédita no Brasil sobre a eficiência na arrecadação de tributos pelos estados. Além de ranquear quais são efetivamente os mais eficientes nesse quesito, o estudo constatou que há uma discrepância gigantesca entre os estados e que no Brasil a arrecadação pode ser considerada ruim. A ideia para a realização da pesquisa foi do professor doutor Otávio Gomes Cabello, da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp, em conjunto com o sócio-diretor da Systax e também professor universitário Fábio Rodrigues. O estudo levou quase um ano para ficar pronto. De acordo com o ranking, os três estados com maior eficiência de arrecadação tributária do país foram Amazonas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os piores foram Piauí, Roraima e Alagoas. Em relação ao Amazonas, deve-se levar em consideração o incentivo da Zona Franca de Manaus, que atrai grandes empresas para a região e que pode fazer com que o estado tenha uma melhor eficiência. Para tornar o resultado o mais factual possível, foi usado um sistema de modelagem estatística chamado three steps DEA/SFA. Dessa forma, o ranqueamento em relação ao mais eficiente é feito levando-se em consideração as variáveis ambientais envolvidas.
26 | AméricaEconomia
Oferecimento:
Notas & Notinhas
Livros
A quarta revolução industrial Klaus Schwab Edipro, 160 págs., R$ 49,00
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Como fundador e presidente executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab esteve no centro dos assuntos globais por mais de 40 anos. Após observar como os líderes mundiais navegaram pela revolução digital, Schwab está convencido de que estamos no início de um período ainda mais emocionante e desafiador. Novas tecnologias estão fundindo os mundos físico, digital e biológico de forma a criar grandes promessas e possíveis perigos. O livro descreve as principais características da nova revolução tecnológica e destaca as oportunidades e os dilemas que ela representa. O autor explica também por que esse conceito é algo fabricado por nós mesmos e está sob nosso controle, e como as novas formas de colaboração e governança, acompanhadas por uma narrativa positiva e compartilhada, podem dar forma à nova Revolução Industrial para o benefício de todos. Organizações exponenciais
Michael S. Malone, Salim Ismail e Yuri Van Geest HSM Editora, 288 págs., R$ 54,90
No livro, os três autores pesquisaram os padrões das empresas exponenciais mais importantes do mundo nos últimos seis anos, como Waze, Tesla, Airbnb, Uber, Xiaomi, Netflix, Google (Ventures) e outras 60 companhias, incluindo Coca-Cola e Amazon. Também entrevistaram mais de 70 líderes globais e pensadores para trazer uma nova e ampla visão sobre tendências organizacionais e tecnológicas essenciais que podem ser aplicadas em startups, empresas de médio porte e grandes organizações. Agora, apontam os autores, a concorrência não é mais com a empresa multinacional no exterior, mas com os jovens de uma garagem no Vale do Silício ou em Bandra (Mumbai), utilizando as mais recentes ferramentas online para projetar e imprimir, a partir da nuvem, sua última criação. Na primeira metade do livro, os autores exploram as estruturas revolucionárias das organizações exponenciais e seus dez atributos e, na segunda metade, apresentam um guia de como fazer. Mindset - A nova psicologia do sucesso Carol S. Dweck Objetiva, 312 págs., R$ 44,90
Carol S. Dweck, Ph.D., professora de psicologia na Universidade de Stanford e especialista internacional em sucesso e motivação, desenvolveu, ao longo de décadas de pesquisa, um conceito fundamental: a atitude mental com que encaramos a vida, que ela chama de mindset, é crucial para o sucesso. Dweck revela como o sucesso pode ser alcançado pela maneira como lidamos com nossos objetivos. O mindset não é um mero traço de personalidade, mas sim a explicação de por que somos otimistas ou pessimistas, bem-sucedidos ou não. Ele define nossa relação com o trabalho e com as pessoas e a maneira como educamos nossos filhos. É um fator decisivo para que todo o nosso potencial seja explorado, defende a autora.
Março | 27
FOTOS: 123RF
Tecnologia
Acessos ao Facebook caem pela primeira vez Entre os norteamericanos com mais de 12 anos, taxa decresceu de 67% para
62% 28 | AméricaEconomia
A
série de pesquisas Infinite Dial, da Edison Research, em parceria com a Triton Digital, observa o uso do Facebook desde 2008, acompanhando o constante crescimento dos acessos à rede social. Neste ano, entretanto, a taxa dos que utilizam a rede caiu de 67% para 62% entre os americanos com mais de 12 anos. Nos outros grupos etários, demográficos, de gênero e etnia, o acesso se manteve estável ou também apresentou baixa.
Apesar da queda, o Facebook permanece como o serviço de mídia mais utilizado, bem à frente das outras redes. Outros serviços de mídia social, no entanto, continuaram a apresentar um crescimento robusto. Foram entrevistadas 2 mil pessoas, entre janeiro e fevereiro deste ano, para a pesquisa sobre o uso das plataformas digitais e novas mídias pelos norte-americanos. AméricaEconomia Brasil
Oferecimento:
Nova aceleradora de startups
A
consultoria brasileira especialista em Staffing de TI Conquest One anunciou a criação de uma aceleradora para startups – a CQ1Lab, um espaço dedicado à aceleração de startups focadas em tecnologia para o mercado de gestão do capital humano, conhecidas como HRTechs. O trabalho da aceleradora será o de mentoria, com liderança de Antonio Loureiro e Marcelo Vianna, ambos com experiência acumulada na Conquest One. Os executivos vão abordar com as startups temas como o ecossistema de gestão do capital humano, o domínio do ambiente de tecnologia para desenvolvimento de soluções e a experiência no desenvolvimento de negócios. As empresas candidatas passarão por uma análise que verificará o nível de maturidade do negócio, o estágio de desenvolvimento do produto/solução e a aplicabilidade ao mercado, entre outros itens. De acordo com a CQ1Lab, não será descartada a possibilidade de investimentos financeiros direto nas aceleradas. A CQ1Lab optou por não criar um período de inscrição, e os interessados em fazer parte do projeto podem entrar em contato com a aceleradora via site: www.cq1lab.com.br. AméricaEconomia Brasil
Controle digital de pirataria A
Irdeto, uma das maiores companhias em segurança de plataformas digitais, anunciou o lançamento do Irdeto Piracy Control – uma solução com recursos de inteligência artificial e aprendizagem de máquinas para a detecção automática de logotipos, reconhecimento de texto e facial e de impressões digitais de vídeo para marcação automatizada de metadados. A ferramenta de controle de pirataria de futura geração oferece aos proprietários e gestores de conteúdo a solução de detecção e interrupção imediata de pirataria online, com dispositivo de descoberta de vídeos com a supervisão de analistas especializados, pesquisa de sites multilíngues, mídias sociais integradas e descoberta de mecanismos de busca, assim como a descoberta de stream peer-to-peer (P2P), como SoapCast e Ace Strem. Assim, os proprietários e distribuidores de conteúdo podem identificar de forma rápida e precisa o conteúdo pirateado e encerrá-lo. AméricaEconomia Brasil
Março | 29
123RF
Tecnologia | Entrevista
“Brasil tem potencial, mas ainda há muito o que melhorar” Executivo da Wipro, multinacional indiana de tecnologia da informação, diz que infraestrutura do país precisa de bastante investimento em capacidade e velocidade 30 | AméricaEconomia
Por Beatriz Santos, de São Paulo
D
e acordo com Ankur Prakash, vice-presidente de New Growth and Emerging Markets da Wipro, empresa global de tecnologia da informação, consultoria e serviços de processos de negócios, “a crise para alguns representa a oportunidade para outros”. Em entrevista à AméricaEconomia, o VP fala sobre as oportunidades para as novas tecnologias no Brasil – motor da estratégia para a empresa na América Latina, junto com o México. Prakash, entretanto, reforça que ainda há muito o que melhorar por aqui para alcançar os níveis da América do Norte, da Europa e de parte da Ásia. Na entrevista a seguir, o executivo também ressalta que a capacidade de aprendizado das máquinas deve ser direcionada ao que tem relevância para o negócio. AméricaEconomia – O novo posicionamento da empresa é de conexão com o mundo digital. O que isso significa? Ankur Prakash – Significa que temos acompanhado a evolução tecnológica que vem ocorrendo ao redor do mundo. É importante entendermos que uma dessas evoluções, a computação cognitiva, se define como uma tecnologia exponencial, perfil predominante nesta era de transformação digital. Entendemos que cada vez mais o uso das novas tecnologias vai nos ajudar a alavancar os negócios, não somente os da Wipro, mas de nossos clientes, levando-os a melhores resultados e a um crescimento sustentável. AE – Embora o Brasil esteja saindo de uma grande recessão e atravesse uma crise política, quais são as boas oportunidades que a empresa enxerga no país? AP – A crise para alguns representa a oportunidade para outros. É um momento de transição, com o capital trocando de mãos. O Brasil tem demonstrado grande resiliência frente a turbulências. Em 2017, crescemos 30% no país com ofertas inovadoras frente à concorrência de abordagem tradicional.
AE – Recentemente a empresa abriu mais de 140 vagas por aqui. Quais são os principais planos da Wipro para o Brasil? AP – São oportunidades que visam a aumentar nosso quadro de colaboradores. Nosso plano é continuar investindo no país. O Brasil é um dos mercados mais importantes para nós na América Latina. Temos metas agressivas, especialmente por termos crescido em algumas linhas de serviço: BAS (Aplicações de Negócio), BPS (Serviços para Processos de Negócio), GIS (Serviços de Infra de TI) e DIDI (Serviços e Soluções Digitais).
“Nosso plano é continuar investindo no
Brasil
”
AE – Em termos de rede de internet, fibra ótica e velocidade, o Brasil está bem preparado inclusive para receber todas as novas tecnologias que estão chegando, como a Internet das Coisas (IoT)? AP – O Brasil está se preparando, mas a disponibilidade da infraestrutura nacional precisa de muito investimento em capacidade, velocidade e resiliência. Por exemplo, a realidade nacional em soluções IoT tem muito para melhorar se compararmos com América do Norte, Europa e parte da Ásia, por falta de conexão e vazão de baixo custo.
É IMPORTANTE ENTENDERMOS QUE A COMPUTAÇÃO COGNITIVA SE DEFINE COMO UMA TECNOLOGIA EXPONENCIAL, PREDOMINANTE NESTA ERA DE TRANSFORMAÇÃO DIGITAL. O USO DAS TECNOLOGIAS VAI NOS AJUDAR CADA VEZ MAIS A ALAVANCAR OS NEGÓCIOS Março | 31
Tecnologia
AE – Como as tecnologias digitais ainda vão mexer com as corporações? Quais são essas novas tecnologias disruptivas que vão impactar nos negócios? AP – Boa parte dos serviços manuais e repetitivos será executada por máquinas que não têm salário, férias ou licença remunerada. As equipes de TI focarão em análises mais complexas e inovação, gerando a disrupção.
DIVULGAÇÃO
Ankur Prakash: pioneiros estabelecerão um novo modelo de negócios
AE – Quais os planos da Wipro para a América Latina? AP – A América Latina é uma região muito importante para nós, e vale lembrar que o Brasil e México são os motores que se destacam em nossa estratégia LATAM. Na região, possuímos cerca de 4 mil colaboradores, 1.800 deles no Brasil. Temos a matriz, em São Paulo, e centros de entrega também em Curitiba e Osasco. Fora do Brasil, temos os centros de entrega de Guadalaja-
ra e Cuautitlán, no México, e San José, na Costa Rica, além de presença na Argentina, Chile, Colômbia e Peru. AE – O que a América Latina precisa fazer para melhor receber as novas tecnologias? AP – Acreditar no poder transformador da tecnologia para a sustentação de novos modelos de negócio. Lembra da Blockbuster, da Kodak ou da Olivetti? Seguir o líder nem sempre garante o resultado. Não existe garantia de referência. AE – A Inteligência Artificial tem sido muito discutida no mundo. Até que ponto essa nova tecnologia pode interferir na sociedade e no mercado? AP – A Inteligência Artificial em si não trará soluções se não soubermos o que queremos dela ou mesmo quais suas limitações. A capacidade de aprendizado das máquinas deve ser direcionada ao que tem relevância para o negócio. Uma boa plataforma de crowdsourcing pode contribuir com a codificação. Já ouviu falar em TopCoder? (TopCoder é uma empresa norte-americana que administra competições de programação. Ele hospeda quinzenalmente competições de algoritmos online, conhecidas como SRMs, sigla de Single Round Matches, assim como competições semanais em design e desenvolvimento). AE – As novas tecnologias podem ser de suma importância para os governos – na construção de cidades inteligentes, por exemplo. Como podemos entender essa relação entre indústria e governo nos países da América Latina? AP – Não está longe – aliás, já está acontecendo. Temos um cliente do setor bancário que está investindo pesadamente na construção de um novo banco, completamente digital e independente da instituição mantenedora – antes que o concorrente o faça. Trata-se de uma nova corrida, na qual os pioneiros estabelecerão um novo modelo de negócios para se restabelecer no mercado.
32 | AméricaEconomia
123RF
Especial | Mulheres no mercado de trabalho
34 | AmĂŠricaEconomia
Igualdade que pode gerar trilhĂľes
Por Beatriz Santos, de São Paulo
A
Estimativas do Fórum Econômico Mundial apontam que o PIB mundial poderia crescer US$ 5,8 trilhões em sete anos se a disparidade entre gêneros diminuísse 25% nesse mesmo período
s mulheres são pouco mais da metade da população mundial. Evidentemente, merecem acesso igualitário à saúde, à educação, à participação econômica, ao poder político decisório e, principalmente, ao potencial de ganhos no mercado de trabalho – esse seria o cenário ideal, mas as coisas não são bem assim. Para além de direitos ainda não equiparados, os números comprovam que a igualdade de gênero pode movimentar o mercado econômico mundial mais do que se imagina. De acordo com estimativas do Fórum Econômico Mundial, o PIB global poderia aumentar em US$ 5,8 trilhões até 2025 se a disparidade entre gêneros na participação econômica diminuísse apenas 25% nesse mesmo período. Isso corresponderia a 6,8% de aumento no PIB global – que, de acordo com estimativas do Banco Mundial referentes a 2014, soma cerca de US$ 78 trilhões. Reduzir a desigualdade do gênero, segundos pesquisas do Fórum Econômico Mundial, pode resultar em lucros econômicos significativos, que variam de acordo com a situação Março | 35
Especial
Paula Sica, da FGV: pauta da igualdade de gênero começa a ganhar espaço nas empresas
das diferentes economias e os desafios que enfrentam em particular. Estimativas recentes sugerem que a igualdade poderia somar US$ 240 bilhões para o PIB do Reino Unido, US$ 1,201 bilhão para os Estados Unidos, US$ 526 bilhões para o Japão e US$ 285 bilhões para a Alemanha. Outra avaliação indica que a China poderia ver um aumento de US$ 2,5 trilhões de PIB em 2020, e a América do Norte e a Oceania poderiam ganhar US$ 3,1 trilhões no mesmo período se eliminassem as diferenças de gênero. A redução dessa desigualdade no mercado de trabalho tem sido um importante motor do crescimento econômico europeu na última década, com potencial de desencadear um crescimento ainda maior. A limitação do acesso das mulheres ao mercado de trabalho é dispendiosa, uma vez que a baixa participação da mão de obra feminina dificulta o crescimento econômico. Como região, o Leste Asiático e o
PAÍSES DESENVOLVIDOS POSSUEM EXTENSA LEGISLAÇÃO QUE PROÍBE DISCRIMINAÇÃO DE GÊNERO E FOMENTAM A REPRESENTAÇÃO FEMININA NOS CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO POR MEIO DE AÇÕES AFIRMATIVAS Pacífico perdem entre US$ 42 bilhões e US$ 47 bilhões anualmente devido ao acesso limitado das mulheres às oportunidades de empego. Destacamos, ao longo desta reportagem, importantes executivas que contam um pouco de sua trajetória e como lidaram com um mundo corporativo tão desigual.
Sylvia Bellio, especialista em infraestrutura de TI na IT Line Technology
“Sempre gostei de exatas. Comecei fazendo curso técnico de eletrônica, quando ainda nem tinha a noção de que a tecnologia se tornaria o que se tornou hoje. Meu primeiro emprego, apesar do curso de eletrônica, foi na área financeira. Trabalhei quase dez anos nessa área, mas sempre buscava algo maior. Acredito que, em tecnologia ou em qualquer outra área, tanto para homens e mulheres, o desafio é sempre o conhecimento. Além disso, quando trabalhamos em universos preferencialmente masculinos, precisamos nos destacar com nosso conhecimento, profissionalismo, responsabilidades e desafios do nosso dia a dia e conciliação de tarefas. As mulheres saíram de casa para buscar sua independência e hoje contam com uma parcela importante da responsabilidade do sustento dos lares. As empresas entendem essas mudanças. Estamos deixando preconceitos antigos e abrindo as portas para as mulheres no mercado de trabalho. Hoje encontramos mulheres em segmentos que antigamente eram universos masculinos – motoristas de caminhão, postos de gasolina, engenheiros, programadores, desenvolvedoras de software, entre outras profissões. As mulheres também mudaram seu comportamento e estão buscando opções e independência, sem deixar outras atividades e tarefas, conseguindo conciliar melhor a relação pessoal/família”.
36 | AméricaEconomia
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Primeiros passos De acordo com estudo coordenado por Ligia Paula Pires Pinto Sica, professora de Políticas de Gênero da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV Direito SP), a pauta de igualdade de gênero está ganhando espaço dentro das empresas, ainda que de forma tímida. “Apesar da existência de políticas empresariais sobre o tema, vemos resultados muito tímidos em relação ao aumento de representatividade feminina em altos cargos de administração no Brasil nos últimos treze anos”, afirma. “De 2012 até 2016, por exemplo, houve um ligeiro aumento de menos de 3% na representação tanto nos conselhos de administração quanto nas diretorias executivas, resultados insignificantes do ponto de vista estatístico. Observando-se os últimos dez anos, vemos que o avanço foi muito pequeno: cerca de 4% no caso das diretorias e 2% para os conselhos”. De acordo com Ligia, o assunto está em voga, o que normalmente gera dois efeitos antagônicos: um bom – a conscientização acerca do problema; e um ruim – o efeito psicológico negativo chamado de backlash effect. “Esse último é, em verdade, um mal-estar gerado em alguns colaboradores, que enxergam certas políticas como uma espécie de privilégios indevidos a mulheres e minorias. Na verdade, parte delas é apenas de políticas de retenção de talentos para enfrentar vieses inconscientes, mas nem sempre isso é bem comunicado, gerando esse efeito”, explica. Vale frisar que países desenvolvidos, como os Estados Unidos, possuem extensa legislação que proíbe discriminação de gênero; Dinamarca, França, Holanda, Áustria, Noruega e Bélgica, entre outros, fomentam a representação feminina nos conselhos de administração por meio de ações afirmativas em empresas estatais. Sendo assim, os resultados apresentados pelas empresas multinacionais na pesquisa são muito melhores tanto em relação às políticas e práticas pró-equidade de gênero
Tania Cosentino, presidente da Schneider Electric para a América do Sul
“Estou há 30 anos no segmento da indústria elétrica e automação. Iniciei minha carreira na Schneider Electric em 2000 como gerente nacional de Vendas de Projetos e Serviços. Em 2003, me tornei diretora de Vendas e, em 2009, assumi a presidência da subsidiária do Brasil. Finalmente, em 2013, fui nomeada presidente da região América do Sul. No colegial, optei por uma escola técnica e me formei em Elétrica. A sala tinha 35 homens e 5 mulheres. Depois, fiz faculdade de Engenharia Elétrica. Na formatura, eram 300 homens e 6 ou 7 mulheres. Vivi e vivo num mundo masculino, mas sempre fui respeitada e apoiada pelos meus colegas. Se houve barreiras e preconceitos, não dei importância e segui em busca do meu objetivo. Particularmente nunca considerei o fato de ser mulher uma barreira. Simplesmente ignorava piadinhas e entregava meu trabalho. As mulheres, além de aceitarem salários inferiores, não se lançam aos desafios se não se sentirem 100% preparadas, ao contrário dos homens, que se atiram e depois buscam preencher os gaps para a função. A mulher quer ser perfeita em tudo, ser a melhor do mundo – mãe, esposa, profissional –, e o homem não tem essa autocobrança tão elevada. É necessário que as empresas entendam o impacto positivo gerado no negócio pela diversidade e redução das desigualdades. Na Schneider Electric, homens e mulheres têm as mesmas oportunidades, os mesmos direitos, os mesmos deveres. Estudos mostram que, quando temos grupos formados por pessoas com gênero, origem, experiência e formação distintas, há aceleração da inovação, maior engajamento dos colaboradores e melhor resultado econômico”.
Março | 37
Especial
Ana Quirino, managing director da National Freight
“Comecei em 1978 no segmento onde atuo até hoje, numa empresa de transportes internacionais. Depois de 16 anos, o meu lado empreendedor, que sempre foi muito forte, falou mais alto. Iniciei em janeiro de 1994 a National Freight como sócia-fundadora. Hoje, sou diretora-geral (managing director). Na trajetória desses quase 40 anos no segmento de logística internacional, as maiores barreiras foram logo nos primeiros 15 anos, uma vez que a grande maioria dos profissionais desse setor era composta por homens. Hoje temos mais mulheres, mas ainda predominam, principalmente nos cargos mais elevados, os homens. O aumento do número de mulheres nas empresas em cargos de gestão é um fenômeno que reflete a melhoria da preparação profissional das mulheres nas últimas décadas. A inserção das mulheres em cargos de gestão de pessoas acrescenta um toque de feminilidade muito produtivo. As mulheres executivas, a par da capacidade técnica e acadêmica, têm demonstrado mais apreço às questões psicológicas que envolvem o mundo empresarial, o que ameniza as relações e gera uma diversidade de opiniões muito interessante para lidar com um mundo em constante transformação. A visão feminina tem expandido a percepção das empresas, aproximando-as cada vez mais do mercado consumidor, cada vez mais repleto de mulheres em posição de decisão de compras. A inserção dessas mulheres em camadas melhor remuneradas da população favorece a economia mundial, uma vez que gera novos nichos de negócio e uma visão mais suave das relações de consumo”.
Programa da
ONU incentiva
empresas a oferecer oportunidades iguais
quanto em relação à representatividade feminina nos cargos de alta gestão e liderança. Uma delas é a Schneider Electric, que desde 2015 é um dos dez defensores corporativos do Impact 10x10x10 da ONU Mulheres – um grupo de empresas, universidades e governos que atua em políticas de gênero. No mesmo ano, quase 40 mil de seus colaboradores homens assinaram a petição online e juntaram-se ao movimento #HeForShe, programa da ONU Mulheres e da UN Global Compact Initiative que incentiva homens e meninos a agir contra as desigualdades negativas enfrentadas por mulheres e meninas. Já em 2016, 40 presidentes nacionais da companhia assinaram os Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs) estabelecidos pela ONU Mulheres e Pacto Global. Os signatários WEPs se comprometem publicamente a fazer todos os esforços possíveis para oferecer as mesmas oportunidades a homens
e mulheres, permitindo que desenvolvam seu potencial. Recentemente, a subsidiária brasileira recebeu o Prêmio Prata da iniciativa WEPs local, em reconhecimento das suas melhores práticas e dos resultados obtidos em relação à equidade de gênero e ao empoderamento das mulheres. Empresas brasileiras vêm adotando práticas nesse caminho. A IT Line Technology busca seus profissionais dentro das universidades, contratando os colaboradores incialmente como trainees – independentemente do sexo. As últimas contratações foram 100% mulheres: uma executiva de contas e duas profissionais, sem experiência na área de tecnologia, e uma colaboradora de propaganda e marketing para treiná-las, capacitá-las e prepará-las com conhecimento técnico e comercial. Uma prática que a ClickBus começou a testar recentemente é a avaliação dos testes de forma cega, sem olhar o gênero de quem >> continua na página 42
38 | AméricaEconomia
Especial
Marina Proença, COO da ClickBus
“Eu cresci querendo ser antropóloga e bailarina, era apaixonada pelo ser humano e por me fantasiar de música durante as aulas de balé. Mas acabei fazendo Comunicação Social porque achei que ser redatora poderia me deixar perto das pessoas e da arte de alguma maneira. Só que eu nunca escrevi um texto para ganhar a vida. Em 2012, não havia um lugar onde estudar sobre Desenvolvimento de Produtos Digitais no Brasil e eu fui atrás de eventos e workshops ‘mão na massa’ em Nova York e no Vale do Silício. Só que eu não era uma engenheira e não estava diretamente ligada à área técnica. E tinha mais um ponto: eu era uma mulher num mundo de muito mais homens que no marketing e na comunicação. Existe muito preconceito ainda, mas o pior é a falta de consciência. Eu consigo entender muitos dos discursos machistas que os homens trazem para mim. Coisas como: ‘mas temos que avaliar pela competência’. E quem disse o contrário? Mas isso já é colocado como forma de proteção, e mostra que não há mesmo consciência sobre as dificuldades a mais que as mulheres, bem como outras minorias, encontram. Tive um CEO uma vez que voltou atrás da minha proposta de trabalho três meses depois que eu já estava trabalhando. E quando eu questionei a mudança de ideia, ele, todo sem graça, me contou que o diretor financeiro tinha questionado o meu salário. Eu, sem nenhuma sombra de dúvida, perguntei a ele quantos outros salários esse mesmo diretor havia questionado. Resposta: nenhum! A conversa acabou aí. Com a entrada de mais mulheres no mercado de trabalho, as mudanças sociais são gigantescas e não paramos para pensar nisso. Em primeiro lugar, a carteira da mulher tem dinheiro conquistado com o seu trabalho, então o gasto dessas mulheres é mais guiado pelo que elas julgam importante. Espero que cada vez mais a gente participe de todos os territórios, independentemente de quão comumente ‘dos homens’ eles pareçam”.
Raíssa Araújo, Business Intelligent do Zarpo
FOTOS: DIVULGAÇÃO
“Quando comecei a exercer a minha profissão atual, passei por agências, e-commerces e startups, o que abriu meu panorama de como cada empresa trata homens e mulheres. Os fundadores do Zarpo são homens, mas atribuíram confiança às mulheres para comandar grande parte dos departamentos da empresa. Temos oito setores (Atendimento, Marketing, Financeiro, BI, Conteúdo, Sourcing, Comercial e TI) e cinco deles são comandados por mulheres que têm uma excelente linha de liderança – inclusive TI, área que tantos atribuem aos homens. Em startups e fintechs a visão de qualificação profissional vai muito além de gênero, opção sexual, idade e cor, por isso acredito que sejam mercados mais abertos e inclusivos. Por exemplo, o Nubank tem um forte reforço de engenheiras de software e para diversas outras áreas as empresas abrem portas para mulheres terem grande destaque na equipe, como aqui no Zarpo, Infracommerce, Viva Real, Resultados Digitais, 99 Táxis e muitos outros... São locais com culturas diferentes e visão mais justa – que podem servir de exemplo e incentivo para outros setores no mercado de trabalho. Saber viver com a diversidade, seja ela qual for, é um sinônimo de respeito. Abrir oportunidades para as mulheres pode sim aumentar o desenvolvimento das empresas, como aqui mesmo, onde a mão de obra é, em maioria, de qualificação feminina e foi essencial para o crescimento do Zarpo”.
40 | AméricaEconomia
Especial
Diferença
responde às provas enviadas para candidatas e candidatos. A companhia também troca as avaliações com quem não viu os candidatos pessoalmente. Dessa forma, além do gênero, os recrutadores não ficam marcados com preconceitos de imagem, estilo etc. Uma das medidas de inclusão e diversidade para promover a liderança feminina na Resource é na área de captação de talentos. O setor de recrutamento e seleção da empresa tem o objetivo de trazer o maior número de candidatas para todas as posições que estejam em aberto. Isso aumenta as chances de que mais mulheres sejam contratadas.
salarial entre
homens e mulheres cresce ano a ano, em especial nos altos cargos
DIVULGAÇÃO
Política de salários A diferença salarial entre homens e mulheres não só ainda existe como, por incrível que possa parecer, continua a crescer ano a ano, principalmente nos altos cargos. Segundo a Pesquisa Salarial do Grupo Catho, no ano de 2005 a desigualdade no Brasil era de aproximadamente
42 | AméricaEconomia
52% a mais para o salário dos homens. Em junho de 2017, essa diferença subiu para 75,38%, no geral. A diferença salarial chega a aproximadamente 84% em empresas que faturam de R$ 150 milhões a R$ 299 milhões. A Schneider Electric estipulou como metas globais zerar a diferença salarial entre homens e mulheres em cargos semelhantes e a atingir 30% de líderes mulheres até 2020. Para isso, criou cotas de recrutamento e seleção de mulheres, mentorias, treinamentos e outras ações. Em 2017, a empresa alcançou a meta global de 42% de mulheres nas novas contratações e a de 85% de colaboradores atuando em países cobertos por processo de equidade salarial. Na América do Sul, a Schneider Electric pretende zerar, até o fim deste ano, a diferença salarial entre homens e mulheres em cargos semelhantes. Na região, as mulheres respondem por 33,5% do quadro de colaboradores e ocupam 24% dos cargos de liderança.
Emanuela Ramos, Diretora Executiva de Negócios da Resource IT
“No ensino médio, optei por cursar Processamento de Dados e, aos 15 anos, iniciei no grupo B2W como estagiária de processamento de dados. Passei por áreas de atendimento e backoffice e, aos 18 anos, fui promovida a supervisora, responsável por uma das principais equipes de ativo e chat/e-mail de uma das empresas do grupo. Estou há oito anos na Resource IT, sendo que três anos e meio como diretora-executiva de Negócios, responsável por uma das principais diretorias da empresa. Tecnologia ainda é um setor com muita predominância masculina. O maior desafio da mulher é se provar tecnicamente. Isso porque, infelizmente, a mulher já chega devendo no minuto zero do jogo. Os estigmas são infinitos, não é? ‘Mulher é sensível’, ‘mulher chora no trabalho’, ‘mulher apela para o emocional’ etc. Mas ainda sim, eu penso de uma forma um pouco diferente. Acredito que o maior desafio da mulher, em qualquer área de atuação, é ela mesma. É não dar atenção aos machismos ainda presentes em pleno século 21. É não abrir mão de seus valores em troca de nada. É se colocar de igual para igual com o outro gênero. Aliás, que diferença eles têm, não é mesmo? Tive algumas barreiras com os ‘pré-conceitos’ machistas, que davam a entender que eu era só um rosto bonito presente na reunião, no projeto ou onde quer que fosse. Isso infelizmente acontece, e eu tive que superar ainda mais, conhecer mais e mais dos temas, me aprofundar cada vez mais no assunto e, assim, conseguir uma posição de destaque pelo que realmente deveria ser: minha competência e experiência profissional”.
123RF
Relações internacionais
Política externa do Canadá: a agenda feminista
N
46 | AméricaEconomia
as minhas viagens pelo Brasil, muitas vezes conheci pessoas que gostam de citar a famosa frase do primeiro-ministro Justin Trudeau quando lhe perguntaram por que havia composto um gabinete de ministros igualitário em gênero: “porque é 2015”. A resposta do primeiro-ministro foi tão impactante quanto evidente. Sempre que possível, aponto aos meus interlocutores brasileiros que, além de simbólico, o gabinete recém-formado foi principalmente um reflexo do bem-sucedido e talentoso grupo feminino de membros do Parlamento. Entre as ministras designadas, encontram-se uma promotora da Coroa e líder indígena, uma ex-atleta paraolímpica advogada de direitos humanos, uma acadêmica que fundou uma organização internacional de combate ao HIV/AIDS e que também é médica de família, uma geógrafa médica e especialista em mudanças climáticas, uma jornalista econômica de nível internacional e uma ex-refugiada do Afeganistão que também é ativista global dos direitos das mulheres. O gesto do primeiro-ministro, no início do mandato, em novembro de 2015, foi um forte sinal de que o seu governo tomaria as questões de igualdade de gênero muito a sério e que isso se refletiria tanto no país como no cenário in-
ternacional. Em 6 de junho de 2017, a ministra de Relações Exteriores, Chrystia Freeland, fez um importante discurso na Câmara dos Comuns para apresentar a política externa do Canadá. A ministra Freeland reiterou a convicção do país sobre os benefícios trazidos pela ordem multilateral do pós-guerra e pediu a sua renovação e fortalecimento: “Desde antes do final da Segunda Guerra Mundial, começando com a Conferência Internacional em Bretton Woods, em 1944, o Canadá tem se envolvido profundamente numa ordem global baseada em regras, e muito tem apreciado os seus benefícios. O sistema tinha em seu cerne as noções básicas de integridade territorial, direitos humanos, democracia, respeito pelo estado de direito e uma aspiração ao comércio livre e amigável. (…) Podemos e devemos desempenhar um papel ativo na preservação e no fortalecimento da ordem global a partir da qual nos beneficiamos tanto. Fazer isso é de nosso interesse porque nossa própria sociedade aberta é mais segura num mundo de sociedades abertas. E ela está sob ameaça num mundo onde as sociedades abertas estão sob ameaça”. A ministra também reconheceu que a ordem internacional enfrenta dois desafios sem prece-
A ministra afirmou inequivocamente que o feminismo faz parte desses valores, incluindo os direitos de mulheres e crianças, e que esses direitos fundamentais serão o cerne da nossa política externa. É importante notar que o argumento para apoiar a igualdade de gênero vai além da questão dos direitos humanos básicos. A posição do Canadá é de que a igualdade de gênero apoia o crescimento econômico sustentável a longo prazo, o progresso social, o desenvolvimento sustentável e as sociedades pacíficas. Então, como o Canadá está articulando esses valores? A agenda de igualdade de gênero do Canadá se reflete tanto no país quanto no exterior. No cenário internacional, existem basicamente três avenidas principais em que o Canadá promove a igualdade de gênero: por meio da assistência internacional ao desenvolvimento, advocacia diplomática e política comercial. Reconhecendo que a igualdade de gênero e o aumento da participação das mulheres nas suas comunidades são uma ferramenta importante para reduzir a pobreza e os conflitos, o Canadá busca capacitar as mulheres por meio de suas po-
Igualdade de gênero beneficia progresso e sociedades
pacíficas
Justin Trudeau à frente de seu gabinete: “porque é 2015”
CANADA.CA
dentes: primeiro, a rápida ascensão dos países do Sudeste Asiático, incluindo a China. A necessidade de garantir sua integração na economia global é benéfica para todos e, ao mesmo tempo, aborda a ameaça das mudanças climáticas. A ministra foi inflexível ao afirmar que o rápido crescimento econômico das economias emergentes é uma tendência que deve ser adotada em vez de temida: a paz e a prosperidade são desejadas e estão ao alcance de todos. O segundo desafio é a sensação generalizada, especialmente da classe trabalhadora e média, de que a economia global, em particular as políticas de livre comércio, os deixou para trás. Para essas pessoas, as promessas de uma economia global nunca se materializaram, e a sensação de traição é real. Embora reconhecendo que o sistema não é perfeito, o comércio internacional não é o culpado, mas sim as políticas domésticas que não conseguiram garantir a distribuição equitativa da riqueza criada. A ministra também reconheceu o fato de que o nosso amigo e aliado, os Estados Unidos, estão agora questionando seu papel como líder global, o que ressalta a necessidade de o Canadá estabelecer seu próprio curso no cenário mundial. Novamente, essa trajetória deve incluir o apoio a essa ordem multilateral pós-guerra. Enquanto ainda estamos em parceria e nutrimos nosso relacionamento com nosso aliado no Sul, o Canadá trabalhará com outros países com pensamentos semelhantes e que compartilham nossos objetivos. Estes incluem apoiar e fortalecer a ordem internacional baseada em regras e suas instituições, bem como fóruns multilaterais, incluindo o G7, o G20, a OEA, a APEC, a OMC e muitos outros. O Canadá está comprometido com a Aliança Transatlântica, que se reflete no nosso novo acordo comercial com a União Europeia e no nosso forte envolvimento com a OTAN e com o Artigo 5º do seu tratado. O Canadá tenta se posicionar como líder nesses fóruns multilaterais para promover e compartilhar os nossos valores.
Março | 47
123RF
Relações internacionais
Canadá financia projetos e iniciativas no
Brasil
CANADA.CA
Primeiro-ministro participou do Most Powerful Women Summit 2017, em Washington
líticas e programas de desenvolvimento e apoia projetos concretos para alcançar esses objetivos. Em 9 de junho de 2017, a ministra do Desenvolvimento Internacional e da Francofonia, Marie-Claude Bibeau, lançou a primeira política de assistência internacional feminista do Canadá, para apoiar a igualdade de gênero nos países em desenvolvimento. Isso é feito através da conscientização sobre os direitos de mulheres e meninas para melhorar seu acesso à Justiça e para oferecer apoio psicossocial às vítimas. Além disso, o programa do Canadá visa a oferecer um melhor apoio e a capacitar as organizações e movimentos locais que promovam os direitos das mulheres. Esses grupos desempenham um papel crítico em termos de promoção da igualdade de gênero, mas não possuem os recursos necessários para fornecer os serviços essenciais. O Canadá anunciou recentemente que CAD$ 150 milhões (cerca de R$ 381 milhões) serão dedicados ao longo de cinco anos para apoiar organizações e movimentos locais que promovam os direitos das mulheres nos países em desenvolvimento. Embora a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas sejam o foco principal do programa de desenvolvimento do
48 | AméricaEconomia
Canadá, outras áreas de atividades incluem: promover a dignidade humana – o país apoia um melhor acesso aos cuidados de saúde de qualidade, nutrição e educação –; aumento do acesso das mulheres às oportunidades econômicas; apoio às ações contra as mudanças climáticas a fim de promover a liderança das mulheres nessa área e criar oportunidades econômicas para as mulheres em energia limpa; incentivo a uma maior participação política das mulheres e meninas; e, finalmente, apoio a uma maior participação das mulheres na construção da paz e nos esforços de reconstrução pós-conflito, ao mesmo tempo em que se impõe uma política de tolerância zero para violência sexual e abuso pelos pacificadores. Em termos de advocacia diplomática, a proteção e a promoção dos direitos humanos de mulheres e meninas são prioridades de política externa. O Canadá desempenhou um papel importante na defesa da igualdade de gênero como um objetivo autônomo na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável; foi um dos primeiros países a assinar e ratificar a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW), que estabelece os padrões internacionais para eliminar a discriminação de gênero; e participou do desenvolvimento da Declaração e Programa de Ação de Viena de 1993, que afirmou que “os direitos das mulheres são direitos humanos”. Nas Nações Unidas, o Canadá contribuiu para o desenvolvimento da Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres e o estabelecimento e a renovação do mandato de uma Relatora Especial da ONU sobre Violência contra a Mulher, suas Causas e Consequências, e é um membro da Comissão sobre o Status da Mulher (CSW) para o período de 2017 a 2020. Finalmente, a igualdade de gênero é também parte integrante da nossa política comercial internacional. Como a ministra Freeland sublinhou com razão, há uma crise de confiança no sistema globalizado. Culpar o comércio interna-
FOTOS: CANADA.CA
Relações internacionais
Trudeau conversa com alunos numa escola de Ottawa: diálogo e diversidade
50 | AméricaEconomia
cional pelas falhas em trazer prosperidade a todos é a abordagem errada: a política doméstica deve garantir que a riqueza seja compartilhada de forma justa. A agenda comercial do Canadá, liderada por nosso ministro do Comércio Internacional, François-Philippe Champagne, busca abordar essa importante questão por meio de uma agenda comercial que o governo canadense descreve como progressista, ou seja, implementando relações comerciais que beneficiam todas as partes, incluindo mulheres, e não apenas alguns. Em termos concretos, isso significa esforços que levem à mobilização feminina na força de trabalho, ao apoio às empresas dirigidas por mulheres e à adoção de práticas corporativas de responsabilidade social que tenham em conta o papel das mulheres. No Brasil, a política externa feminista do Canadá está sendo articulada por meio de inúmeras iniciativas valiosas. Por exemplo, o Canadá coorganizou no ano passado um painel no Congresso Nacional para destacar a importância da participação política das mulheres. Financiamos
campanhas de advocacy e pesquisa independente sobre mulheres vítimas de violência e, mais recentemente, projetos para apoiar a integração de refugiadas sírias em Santa Catarina, capacitar as indígenas no Mato Grosso do Sul e ensinar empreendedorismo a mulheres desfavorecidas no Rio de Janeiro. Em parceria com a Câmara de Comércio Brasil-Canadá, nossas consultorias em São Paulo e Rio de Janeiro estabeleceram uma Comissão de Diversidade que procura promover o papel das mulheres em posições de liderança no mundo dos negócios, e nossas missões têm trabalhado em estreita colaboração com os capítulos brasileiros da Associação de Mulheres de Negócios e Profissionais (BPW). Como as missões diplomáticas canadenses em todo o mundo estão executando a agenda feminista, defender a igualdade de gênero é agora parte integrante do nosso trabalho para defender os valores que acreditamos que podem fazer do mundo um lugar melhor para todos. Como nosso primeiro-ministro disse em seu discurso no Fórum Econômico Mundial deste ano: “A contratação, promoção e retenção de mulheres é algo que podemos fazer acontecer hoje, agora mesmo. Mais mulheres em cargos de liderança não apenas farão crescer a nossa economia, criarão empregos e fortalecerão nossas comunidades. Isso também levará à inovação e à mudança no local de trabalho – inovação e mudança de que os trabalhadores desesperadamente precisam”. A resposta “porque é 2015” foi dada há mais de dois anos. Pode-se esperar que o papel do Canadá na promoção da igualdade de gênero tornará a questão anterior obsoleta.
Stéphane Larue Cônsul-geral do Canadá em São Paulo
Economia
O
governo Temer tentou, mas não conseguiu aprovar a reforma da Previdência, mesmo numa versão mais diluída. A intervenção federal no Rio de Janeiro foi a desculpa perfeita de um governo que não tinha os votos suficientes para aprovar uma alteração constitucional. Do lado dos parlamentares, mesmo aqueles da base de sustentação do governo, a proximidade das eleições era a principal razão para não externarem o voto a favor da reforma, dado que a população, de um modo geral, é contra. Mas a necessidade de reformar a Previdência é aritmética, assim como 2 + 2 = 4. Correção de privilégios para alguns grupos, juntamente com uma população que envelhece e vive cada dia mais, são as razões para a conta
não fechar. E o próximo presidente vai ter que pautar esse tema logo no início de seu mandato, em 2019, sob risco de crime de responsabilidade, dado que as contas públicas não devem fechar já no primeiro ano de mandato. Os gastos previdenciários cresceram 6% ao ano acima da inflação na última década. No ano passado repetiram a mesma taxa, ao crescer 6,1%. Esses gastos representaram 43,6% do total do gasto primário da União em 2017. Manter os gastos públicos estáveis, respeitando o teto de gastos, sem reformar a Previdência significa cortar outros tipos de despesas para financiar o déficit previdenciário. Nesse ritmo de crescimento, em 15 anos a Previdência representaria 100% dos gastos e todos os outros gastos deveriam ser reduzidos a zero para respeitar o teto. Obviamente isso é inviável. Outra opção poderia ser revogar a PEC do teto e aumentar a tributação para financiar a Previdência. A carga tributária no Brasil já é alta, representando algo como 33% do PIB. Claro que é possível aumentá-la ainda mais, para 40% do PIB ou
123RF
Reforma da Previdência é questão aritmética
mais. Mas certamente é algo que a sociedade não quer, e além do mais resolveria o problema apenas temporariamente. Em alguns anos voltaríamos a discutir o tema. Se como sociedade não queremos cortar gastos nem elevar tributos, o governo poderia imprimir moeda e pagar os aposentados. Isso gera perda do poder de compra da moeda e em poucos anos
A verdade é que o brasileiro está vivendo mais e por isso precisa trabalhar (e contribuir) por mais tempo. O próximo governo terá a difícil missão de mostrar à população e ao Congresso a necessidade dessa reforma. Seu formato pode até ser diferente do que estava sendo proposto pelo atual governo: basta que a reforma deixe a Previdência pública em tra-
O BRASILEIRO ESTÁ VIVENDO MAIS E POR ISSO PRECISA TRABALHAR E CONTRIBUIR POR MAIS TEMPO. O PRÓXIMO GOVERNO TERÁ A DIFÍCIL MISSÃO DE MOSTRAR À POPULAÇÃO E AO CONGRESSO A NECESSIDADE DESSE PROJETO estaríamos com uma inflação de 2 ou 3 dígitos. Esse é um risco real, sobretudo se um populista vencer as eleições com o discurso de que não há problema em nosso sistema previdenciário.
jetória financeiramente sustentável, o que deve passar pelo combate aos privilégios de grupos favorecidos, como funcionários públicos e militares, deixando o Brasil um país mais justo.
Juan Jensen - Doutor em economia pela USP, sócio da 4E Consultoria e professor do Insper (jensen@4econsultoria.com.br) 52 | AméricaEconomia
123RF
Ranking | Os melhores e maiores bancos da América Latina
Os principais bancos do continente aumentaram seus ativos em 3,3%, acima do crescimento do PIB da região, mas também pioraram a qualidade de suas carteiras de crédito, ainda que em níveis considerados toleráveis
Tempo de
ajustes 54 | AméricaEconomia
Por Carlos Alcántara e Catherine Lacourt, AméricaEconomía Intelligence
N
a antessala de um período em que se espera maior crescimento – já a partir deste início de 2018 –, os bancos latino-americanos estão terminando sua acomodação aos tempos de vacas magras. Dessa forma, as suas operações de crédito dançaram conforme a música do ciclo econômico, a julgar pelos resultados dos 250 maiores bancos da região de acordo com seu volume de ativos em junho de 2017. Esse cenário de desaceleração da economia no continente impactou os resultados financeiros das instituições – seus indicadores ainda não se equipararam aos obtidos em anos anteriores. Para exemplificar, a rentabilidade média passou de 6,6% em 2016 para 6,4% em 2017. Os resultados para o conjunto dos 250 também permitem observar o efeito de um menor dinamismo econômico, o que está impactando a qualidade das carteiras de créditos, que passaram de 3,7% de créditos vencidos em 2016 a 4% em 2017. A deterioração das carteiras de crédito em nível regional está associada a uma diminuição do poder aquisitivo dos trabalhadores e ao menor dinamismo demonstrado pelos investimentos. Embora a inadimplência tenha subido (passando de 2,7% a 4% em cinco anos), de acordo com Daniella De Sousa, presidente do comitê latino-americano de economistas da Federação Latino-Americana de Bancos (Felaban), se manteve em faixas normais associadas à realidade do ciclo econômico. “Por enquanto as instituições lidam com cifras mais do que toleráveis. Observamos níveis adequados de provisões e também níveis fortalecidos de patrimônio”, explica. O ranking permite observar que, ao contrair ativos de maior risco, os bancos se viram obrigados a ter que provisionar uma maior quantidade de dinheiro, indicador que cresceu 6,1% entre os levantamentos de 2016 e 2017. Esse
aumento implica que os lucros tenham crescido apenas 7,4% em 2017, o que é uma cifra baixa em comparação com o crescimento histórico dos lucros no ranking (12,5%, em média). Em relação ao futuro, as apostas ficam por conta da recuperação econômica da América Latina, dando um empurrão no consumo e portanto no crédito, ainda que numa velocidade menor do que a potencial. “O ano de 2017 foi de inflexão da tendência de baixa no crescimento da economia latino-americana depois de cinco anos de desaceleração, e 2018 deve consolidar uma recuperação e projetá-la até 2019, num crescimento que será relativamente lento”, avalia Juan Ruiz, economista-chefe para a América Latina do BBVA Research. Por sua vez, Daniella De Sousa acredita que no momento a região se encontra numa transição anticíclica que passou de um período dourado marcado por grandes avanços na oferta de créditos, alta rentabilidade e níveis
O ano de 2018 deve
consolidar uma recuperação e projetá-la até 2019, diz economista
Grandes cordilheiras Evolução dos ativos dos 250 maiores bancos da América Latina por países (US$ trilhões) Fonte: AméricaEconomía Intelligence
Brasil Peru
México Panamá
Chile Outros
Colômbia
Argentina
5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Março | 55
Ranking
Balão de oxigênio Crescimento interanual dos ativos totais dos bancos presentes no ranking de 2017 por país (%) Fonte: AméricaEconomía Intelligence
ARGENTINOS BOLIVIANOS EQUATORIANOS COLOMBIANOS MEXICANOS CHILENOS CENTRO-AMERICANOS 250 PARAGUAIOS URUGUAIOS BRASILEIROS (TOP 5)* PERUANOS VENEZUELANOS BRASILEIROS (RESTO) -2,6
20,4 12,0 10,2 9,3 9,1 5,7 5,6 4,7 3,7 3,5 3,2 1,9 0,9
(*) = No caso do Brasil, foi considerado à parte o resultado dos cinco maiores bancos do país e do ranking, na medida em que concentram 47% dos ativos do total dos 250 bancos ranqueados
historicamente baixos de inadimplência a outro em que a demanda interna é mais fraca, a liquidez é menor pela entrada também menor de divisas, com investimentos estrangeiros mais cautelosos e subida das taxas de juros. “Esse ajuste não necessariamente é ruim. Pelo contrário, trata-se da busca de um novo equilíbrio das contas financeiras que traz um aporte enorme à estabilidade macroeconômica da região”, diz. Além disso, as políticas anticíclicas dos diferentes países latino-americanos têm sido bem avaliadas, o que permite aos bancos diminuir suas reservas obrigatórias e emprestar mais, ajudando a reativar o consumo. Grandes diferenças Embora desde 2015 os principais bancos tenham decrescido 5% em média, os 250 maiores bancos de 2017 aumentaram seus ativos em 3,3% em relação aos 250 do ranking anterior. É uma cifra moderada, se comparada com a década de 2004 a 2014 56 | AméricaEconomia
(com crescimento médio de 18%), embora superior ao PIB regional, que aumentará na discreta faixa de 1,1% no mesmo período, de acordo com o BBVA. Analisando o crescimento por países, no entanto, observam-se diferenças notáveis. Os bancos argentinos presentes no ranking aumentaram seus ativos em 20,3%, fazendo com que a Argentina seja o país que tenha experimentado mais crescimento. É uma cifra bastante elevada, considerando-se que o segundo lugar é da Bolívia, cujos bancos aumentaram seus ativos em 12%. De acordo com um relatório de setembro da Comissão Nacional de Valores da Argentina, a causa desse auge está no retorno dos bancos privados do país à comunidade internacional, o que significa que podem atrair investimento estrangeiro e captar clientes de fora. Além disso, empresas que estavam radicadas na Argentina e fugiram do país agora começam paulatinamente a regressar e a reabrir contas nos bancos locais. O caso do Brasil, por sua vez, mostra a outra face da moeda. Em nível agregado, os bancos brasileiros presentes no ranking de 2017 aumentaram seus ativos em 2,2%. A explicação desse crescimento fica por conta quase exclusiva dos cinco primeiros colocados no
OS BANCOS BRASILEIROS AUMENTARAM SEUS ATIVOS EM 2,2% – MAS, SE FOREM RETIRADOS DA CONTA OS CINCO MAIORES, QUE LIDERAM O RANKING REGIONAL, AS DEMAIS INSTITUIÇÕES PERDERAM 2,6%. NA ARGENTINA, OS ATIVOS CRESCERAM 20,3%
ranking – todos oriundos do país: pela ordem, Banco do Brasil, Itaú, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Santander –, os quais representam 47% do total de ativos dos 250 da lista. Tirando da equação esses gigantes, o resto dos bancos brasileiros decresce em 2,6%. No caso do sistema brasileiro, os resultados são afetados ainda por riscos políticos, como assinalou a agência Moody’s num relatório de outubro do ano passado – no qual mudou a classificação do sistema bancário do
país de estável para negativa. De acordo com Ceres Lisboa, vice-presidente sênior da agência, mesmo com sinais de recuperação na concessão de crédito, “o apetite dos bancos por risco permanece contido, enquanto a demanda por crédito corporativo é limitada”. Os 25 melhores Quanto à avaliação dos melhores bancos, observam-se algumas variações relevantes. O Banco de Crédito do Peru passou do décimo-
“Apetite dos bancos por
risco permanece contido”
RK RK 17 16
1
1
BANCO
DE CHILE
2 12 DE CRÉDITO (PERU) 3 14 BBVA BANCOMER 4
6
5
5
6 21 7
11
8
-
9
2
10 4 11 17 12 7 13 10 14 3 15
-
16 13 17
-
18 22 19 16 20 9 21
-
22 19 23 23 24 18 25 8
SCOTIABANK (PERU) SANTANDER (CHILE) DEL BAJÍO CONTINENTAL BBVA PICHINCHA DE BOGOTÁ BICE INDUSTRIAL (GUATEMALA) INTERACCIONES BCI BANCOLOMBIA DAVIVIENDA ITAÚ PACÍFICO SANTANDER (MÉXICO) INTERBANK SAFRA SANTANDER (URUGUAI) BANORTE SECURITY AGRÍCOLA BRADESCO
PAÍS
CHI PER MÉX PER CHI MÉX PER EQU COL CHI GUA MÉX CHI COL COL BRA EQU MÉX PER BRA URU MÉX CHI ESA BRA
DESPESAS DE ADMINISTRAÇÃO/ ATIVOS TOTAIS
EFICIÊNCIA
0,98 2,50 2,85 2,21 0,65 2,64 2,00 2,39 3,59 0,47 2,11 1,14 0,72 1,86 2,28 1,40 2,49 2,43 3,19 0,89 2,61 3,12 1,22 2,14 1,97
PJE.
93,8 82,8 78,7 89,4 98,2 78,4 91,2 88,5 65,3 100,0 84,6 93,6 96,6 89,2 89,0 80,6 86,0 80,3 79,1 81,1 85,0 70,4 95,2 90,5 69,2
SUFICIÊNCIA DE CAPITAL
RENTABILIDADE
PATRIMÔNIO/ATIVO TOTAL (%)
OS 25 MELHORES BANCOS DA AMÉRICA LATINA
PJE.
ROE
PJE.
68,9 75,9 67,2 82,7 65,7 78,0 69,7 69,3 100,0 63,6 64,0 58,1 65,1 84,0 77,5 70,9 74,5 69,2 72,4 56,9 65,2 66,9 63,5 80,4 72,2
20,10 21,29 23,42 14,92 20,08 15,81 18,66 10,15 13,53 14,73 20,14 18,41 17,40 9,78 13,11 16,55 11,72 16,10 19,62 17,58 16,83 19,41 11,95 8,83 14,84
92,6 100,0 98,9 87,4 90,6 87,4 89,8 66,0 92,4 76,4 89,6 82,1 84,0 71,4 79,3 85,2 73,5 83,1 93,8 79,5 82,7 89,8 68,8 66,3 81,4
9,24 11,24 8,81 13,33 8,40 11,88 9,46 9,36 19,50 7,88 7,98 6,59 8,26 13,77 11,71 9,79 10,83 9,34 10,21 6,31 8,29 8,74 7,87 12,60 10,16
QUALIDADE DE ATIVOS C.VENC./ C.CRÉD.
1,18 1,54 2,29 1,77 2,16 0,90 0,57 1,17 3,70 0,18 0,68 0,05 1,46 3,99 4,00 12,92 0,80 2,37 1,61 0,40 0,51 1,83 1,32 1,83 9,80
LIQUIDEZ
TAMANHO
PJE.
(%)
PJE.
ATIVO TOTAL
PJE.
RK ÍNDICE 250 FINAL 2017
74,1 69,2 65,1 68,9 64,7 72,5 82,5 100,0 56,1 78,5 67,9 79,4 61,2 62,1 57,7 59,7 81,4 66,3 70,7 91,7 72,4 63,9 61,3 69,5 67,6
0,06 0,36 0,16 0,33 0,07 0,15 0,37 0,19 0,11 0,07 0,20 0,10 0,07 0,09 0,09 0,06 0,27 0,12 0,37 0,04 0,24 0,11 0,15 0,35 0,05
80,0 80,0 100,0 80,0 80,0 100,0 60,0 100,0 90,0 80,0 100,0 90,0 80,0 90,0 90,0 80,0 90,0 90,0 60,0 80,0 90,0 90,0 100,0 80,0 80,0
48.229,2 36.909,1 107.439,8 17.284,4 52.008,2 10.381,0 22.237,9 10.296,4 27.167,2 9.114,8 10.707,3 11.449,7 48.063,2 47.281,8 25.396,7 410.231,8 5.138,0 67.450,9 12.622,2 46.375,2 5.417,2 55.937,5 9.162,4 4.367,4 322.013,6
70,0 60,0 80,0 50,0 70,0 50,0 50,0 50,0 60,0 50,0 50,0 50,0 70,0 70,0 60,0 100,0 30,0 70,0 50,0 70,0 30,0 70,0 50,0 30,0 90,0
83,01 82,26 81,63 81,57 81,51 80,43 80,05 79,98 79,84 79,10 79,03 78,97 78,85 78,76 78,22 77,57 77,50 77,15 76,80 76,79 76,31 75,53 75,41 75,19 74,74
12 18 6 32 11 50 27 51 22 57 46 44 13 14 23 2 93 7 40 15 89 9 56 104 4
Nota: As diferentes dimensões da análise do ranking expressam dados significativos, mas não necessariamente correspondem a apenas variáveis consideradas na pontuação.
Março | 57
Ranking
123RF
-segundo para o segundo lugar, fundamentalmente pelo aumento do seu Retorno sobre o Ativo (ROA). A razão são os menores gastos com juros, que se reduziram em 18,7%, o que se produziu por menores perdas em operações de cobertura e menores gastos em provisões (-13,2%). Com esses elementos em jogo, o banco peruano conseguiu superar os competidores e alcançar o primeiro posto no quesito rentabilidade, que teve sua ponderação ampliada neste ano, em detrimento do quesito tamanho. Outro movimento interessante é a subida do BBVA Bancomer do México, que passou da décima-quarta para a terceira posição, mesmo sendo um banco grande e, portanto, afetado pela diminuição do quesito tamanho na ponderação no ranking dos 25 maiores. O expediente de melhora desse banco é a eficiência, pois, apesar de aumentar seus gastos administrativos, estes foram menores em proporção ao aumento dos ativos. Com isso, é uma das instituições que mais subiram no índice de eficiência em relação ao seu próprio desempenho no ranking anterior e na relação com os rendimentos dos bancos de seu país na mesma variável. (Com colaboração de Sol Park)
METODOLOGIA 250 MAIORES BANCOS As informações apresentadas correspondem a junho de 2017. O critério para eleger os 250 maiores bancos é pelo montante de ativos totais. As carteiras de créditos são brutas e se compõem da carteira vigente mais a vencida (ou a carteira líquida de provisão mais as provisões). Os lucros correspondem ao período de janeiro a junho, semestralizados no caso de balanços que cubram outro período. A seguir, foram anualizados para o cálculo da rentabilidade. A conversão das distintas moedas para dólar foi feita de acordo com o câmbio vigente nos dias 30 de junho de 2017 e 2016, salvo no caso dos bancos
58 | AméricaEconomia
venezuelanos, para os quais se fez a conversão sobre a base do Sistema DICOM, publicado pelo Banco Central da Venezuela. 25 MELHORES BANCOS Avalia a gestão dos bancos, considerando todos os bancos comerciais presentes na América Latina, com ativos totais acima de US$ 4 bilhões, cujos países possuam sistemas de informação que ofereçam as quantidades de dados mínimas requeridas. Sobre esses dados é aplicado o método CAMEL: * C – Capital adequacy (adequação de capital) * A – Assets quality (qualidade dos ativos) * M – Management (gestão)
* E – Earnings (ganhos) * L – Liquity (liquidez) Em termos práticos, a avaliação é feita de acordo com os seguintes indicadores: 1. Suficiência de capital (20%): patrimônio / ativos. 2. Qualidade dos ativos (15%): carteira vencida / carteira de crédito e provisão / carteira atrasada 3. Eficiência (25%): gastos administrativos / ativos totais e gastos com pessoal / carteira de crédito e variações interanuais 4. Rentabilidade (25%): ROE e ROA 5. Liquidez (10%): disponível / depósitos 6. Tamanho (5%): ativo total
60 | AméricaEconomia
MÉX MÉX CHI CHI CHI CHI COL BRA COL BRA PER ARG MÉX BRA COL COL BRA MÉX MÉX PER BRA COL CHI COL PER URU ARG ARG BRA PAN ARG BRA PER BRA C. RI BRA MÉX COL GUA BRA ARG PAN MÉX
CARTEIRA DE CRÉDITOS JUNHO 2017 (US$ MI)
LUCRO ANTES DE IMPOSTOS/ PATRIMÔNIO 17 (%)
MÉX MÉX
CARTEIRA VENCIDA/CARTEIRA DE CRÉDITOS 17 (%)
BRA
VARIAÇÃO LUCRO 17/16 (%)
BRA
0,0 187.034,4 1,8 132.585,4 5,0 213.765,7 10,7 100.885,5 -0,6 65.335,7 9,6 56.818,7 -0,1 31.795,9 9,7 32.273,3 5,4 32.389,2 14,0 33.717,5 -2,1 40.576,9 5,8 38.874,5 10,0 34.969,3 22,2 34.714,5 12,1 13.540,0 -4,1 31.964,5 -28,9 3.920,8 1,5 21.960,0 14,2 10.009,8 8,2 15.866,0 -5,4 13.382,5 4,9 17.402,1 12,2 19.682,5 -2,2 4.001,9 23,3 15.356,0 14,1 14.994,3 -4,4 14.146,3 4,8 8.509,7 6,5 14.337,3 10,2 14.635,1 6,4 13.553,5 6,8 11.847,2 8,6 8.723,2 27,2 7.070,0 39,4 8.363,3 18,4 3.417,1 5,4 10.049,8 14,8 7.302,5 1,3 2.746,0 6,7 7.696,8 33,9 3.031,8 9,2 7.472,9 -1,5 4.767,3 19,2 5.710,8 3,6 8.728,1 8,8 6.038,5 -14,2 252,5 20,3 5.174,2 -5,2 3.669,0 7,8 7.411,2
LUCRO ANUAL 2017 (US$ MI)
BRA
451.114,6 410.231,8 387.910,0 322.013,6 199.549,2 107.439,8 67.450,9 64.607,1 55.937,5 54.731,3 52.008,2 48.229,2 48.063,2 47.281,8 46.375,2 43.307,8 42.689,2 36.909,1 36.096,0 35.533,7 31.128,4 27.167,2 25.396,7 24.170,3 23.080,8 22.340,2 22.237,9 21.264,2 20.975,9 18.396,7 17.845,1 17.284,4 16.464,6 16.255,2 15.402,9 15.375,2 15.131,5 13.331,7 12.912,8 12.622,2 12.355,8 12.136,2 11.720,6 11.449,7 11.317,0 10.707,3 10.490,5 10.460,3 10.415,9 10.381,0
PATRIMÔNIO JUNHO 2017 (US$ MI)
BRA BRA
VARIAÇÃO DE DEPÓSITO 17/16 (%)
DO BRASIL ITAÚ CAIXA ECONOMICA FEDERAL BRADESCO SANTANDER (BRASIL) BBVA BANCOMER SANTANDER (MÉXICO) BANAMEX BANORTE ESTADO SANTANDER (CHILE) DE CHILE BCI BANCOLOMBIA SAFRA ITAÚ - CORP BANCA (CHILE) BTG PACTUAL CRÉDITO (PERU) NACIÓN (ARGENTINA) HSBC (MÉXICO) VOTORANTIM DE BOGOTÁ DAVIVIENDA CITIBANK (BRASIL) SCOTIABANK INVERLAT INBURSA CONTINENTAL BBVA BANRISUL BBVA (CHILE) SCOTIABANK (CHILE) BBVA (COLÔMBIA) SCOTIABANK (PERU) REP. ORIENTAL DEL URUGUAY PROVINCIA SANTANDER RÍO DO NORDESTE GENERAL GALICIA BNP PARIBAS INTERBANK BANCOOB NACIONAL (C. RICA) SICREDI INTERACCIONES DE OCCIDENTE (COLÔMBIA) INDUSTRIAL (GUATEMALA) J.P. MORGAN BBVA, FRANCÉS NACIONAL (PANAMÁ) DEL BAJÍO
DEPÓSITOS JUNHO 2017 (US$ MI)
1 2 3 4 5 6 7 9 11 12 10 14 16 18 17 15 8 19 22 21 20 23 26 24 30 29 25 27 28 32 31 33 34 37 44 36 35 42 38 41 53 43 40 50 46 48 39 55 45 49
PAÍS
VARIAÇÃO CARTEIRA DE CRÉDITO 17/16 (%)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
BANCO
VARIAÇÃO ATIVO TOTAL 17/16 (%)
RK RK 17 16
ATIVO TOTAL JUNHO 2017 (US$ MI)
Ranking
PROPRIEDADE
-6,3 -2,9 3,4 8,2 3,7 12,9 7,7 9,7 13,7 10,9 4,6 5,4 12,9 26,6 16,8 -0,6 -68,7 -1,0 -6,1 17,1 -0,4 5,4 12,0 -10,4 31,1 12,6 -0,9 0,4 8,5 16,6 7,1 11,4 8,2 18,0 33,5 -9,6 8,4 32,2 25,8 3,9 3,9 9,1 22,5 16,8 2,8 14,0 -2,1 20,6 0,8 24,1
136.014,7 120.203,1 160.674,0 79.627,4 54.820,5 60.213,8 37.005,6 38.968,9 34.302,3 36.886,8 28.771,3 28.027,0 28.207,2 33.929,9 4.968,5 21.386,9 3.688,1 21.715,3 27.358,9 17.683,3 3.115,0 18.827,7 20.017,9 6.282,4 15.931,2 13.923,2 13.770,5 13.481,3 9.780,5 9.766,8 15.208,0 10.541,3 15.019,6 12.959,9 12.033,6 3.330,7 11.103,8 9.340,7 1.883,1 7.724,2 9.146,1 8.084,4 4.033,0 6.112,4 8.821,0 6.933,8 1.724,0 7.427,8 9.275,8 6.091,8
1,0 13,7 14,0 45,2 33,1 10,8 16,7 10,4 10,7 16,7 -3,3 3,3 7,5 30,2 88,4 -15,2 -79,2 3,8 16,7 11,5 176,0 4,5 15,1 14,6 33,7 14,2 1,9 10,8 0,6 11,2 6,7 9,2 7,8 15,6 44,3 8,4 3,8 18,7 24,9 11,1 33,0 11,0 31,2 25,7 6,5 3,7 117,2 19,7 -6,7 8,6
24.465,2 40.181,3 8.779,3 32.732,6 19.212,8 9.469,3 6.299,1 8.856,7 4.886,2 2.384,7 4.371,0 4.458,5 3.972,1 6.509,6 2.925,6 5.171,3 5.477,1 4.147,1 5.360,0 3.103,1 2.584,5 5.297,2 2.973,4 2.638,4 2.424,4 5.271,8 2.103,8 2.005,1 1.297,8 1.402,7 1.312,8 2.304,5 1.445,0 888,0 1.440,3 999,0 1.188,3 1.305,5 985,6 1.288,7 440,1 1.056,4 382,7 754,6 1.283,3 854,0 1.434,7 1.078,5 874,5 1.233,0
3.130,3 6.648,2 2.475,0 4.856,7 2.330,9 2.217,8 1.014,2 895,1 948,3 225,6 877,8 896,0 691,2 636,4 514,4 264,3 609,4 882,8 1.179,9 178,8 165,6 716,7 389,8 292,6 292,7 618,1 392,6 192,1 158,6 153,9 148,9 343,7 65,1 358,6 341,4 181,1 297,4 374,6 -15,6 252,8 61,0 75,9 32,9 138,9 126,2 172,0 103,0 319,6 169,6 194,9
5,1 17,0 104,2 -3,4 49,2 14,9 30,8 19,0 29,0 -22,2 23,0 7,5 45,5 -31,5 1,8 149,3 -50,2 3,2 -27,0 60,4 40,0 -66,9 -21,0 32,9 22,9 120,0 1,1 -19,0 94,3 -4,2 -19,3 2,5 -40,1 68,8 15,7 31,9 13,2 21,7 -200,9 -1,8 41,0 -29,7 5,4 26,7 -33,5 20,3 -26,0 12,2 50,1 83,5
3,8 12,9 1,3 9,8 10,2 2,3 2,4 1,6 1,8 2,9 2,2 1,2 1,5 4,0 0,4 1,8 1,5 3,0 3,9 3,7 4,0 28,3 2,3 2,3 0,6 3,5 1,3 2,5 4,4 1,8 1,3 0,5 29,0 1,6 18,1 2,9 0,1 4,0 0,7 0,9
12,8 16,5 28,2 14,8 12,1 31,6 19,7 12,5 27,3 17,7 24,8 24,0 24,1 9,8 17,6 4,4 11,1 28,3 22,0 7,0 6,4 13,5 13,1 11,1 16,3 15,5 25,5 9,6 15,4 12,6 11,3 19,1 14,5 40,4 23,7 18,1 25,0 28,7 -1,6 26,2 13,9 7,2 8,6 21,4 9,8 21,8 7,2 29,6 19,4 20,5
Estatal Local privado Estatal Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Estatal Estrangeiro privado Local privado Local privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estatal Estrangeiro privado Local privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado Estatal Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estatal Estatal Estrangeiro privado Estatal Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estatal Local privado Local privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estatal Local privado
CHI CHI COL COL C. RI MÉX BRA PER BRA GUA PAN BRA MÉX DOM BRA COL MÉX COL GUA PAN BRA BRA PAN MÉX BRA BRA MÉX ARG ARG C. RI MÉX BRA CHI URU ARG MÉX C. RI EQU DOM ARG ARG BRA PAN BRA BRA
5.983,7 7.159,0 5.709,9 5.546,5 7.206,7 6.903,8 6.875,7 4.298,5 6.832,3 4.784,1 1.467,9 5.577,0 3.118,7 3.292,1 4.204,5 3.560,4 2.016,6 3.592,8 4.804,2 3.358,1 2.527,5 289,6 5.443,1 3.345,8 5.591,0 4.090,4 287,0 5.457,6 383,3 1.032,9 188,9 4.533,3 3.052,6 2.009,7 4.010,5 3.379,8 107,3 2.907,3 3.609,6 2.832,6 1.075,9 3.800,9 2.912,5 2.678,2 2.519,6 2.830,8 4.050,2 3.075,1 1.005,2 2.387,1
19,3 0,1 31,0 3,9 5,4 11,6 15,1 4,2 9,6 2,9 51,4 6,8 3,3 12,1 -1,0 9,4 24,8 35,3 10,5 0,2 1,5 16,0 5,2 6,8 10,1 9,2 41,8 -15,8 68,8 -1,5 -10,9 18,1 23,2 11,0 10,1 20,2 -32,2 18,4 8,5 5,0 26,0 9,9 10,9 6,1 6,6 28,2 -21,2 -7,9 -12,9 -4,7
8.482,7 7.619,6 6.538,5 4.792,4 6.910,3 5.165,7 5.778,5 5.293,0 6.551,8 5.707,7 2.037,4 4.762,1 6.617,7 1.869,7 6.573,3 4.406,7 842,8 5.722,7 4.645,3 1.600,5 6.179,3 671,5 5.641,0 5.059,9 3.704,1 240,5 3.196,8 3.353,6 438,4 3.077,8 878,8 4.041,9 4.097,7 5.010,8 2.666,9 3.841,8 220,8 2.971,6 4.968,3 4.412,7 1.711,0 3.715,9 3.899,0 2.166,3 3.328,8 3.052,2 1.110,3 2.918,6 1.014,1 2.321,9
11,9 -3,9 21,0 18,9 6,1 6,8 17,3 -2,7 15,1 5,1 25,3 14,5 0,7 63,6 12,7 27,9 26,3 9,7 0,0 8,3 5,1 -1,9 4,0 12,2 2,7 519,8 122,5 4,6 22,3 6,9 55,9 17,0 12,1 20,3 7,8 28,1 237,0 30,7 -7,8 9,3 45,0 20,8 6,0 1,6 18,8 23,3 147,7 -8,9 11,4 42,6
963,3 1.164,2 1.482,2 606,2 1.019,9 720,9 718,3 750,6 671,4 868,4 233,8 1.051,1 624,6 938,6 830,1 2.522,2 350,7 893,1 785,2 859,0 495,9 369,9 805,9 519,8 540,5 696,0 685,9 1.032,5 451,4 410,6 429,4 759,7 562,9 401,8 1.071,6 315,8 389,1 601,2 448,9 511,6 440,8 620,5 556,7 579,3 540,7 612,3 869,2 1.229,8 600,7 790,0
97,8 n.D. 441,8 161,1 94,7 103,3 127,0 160,1 81,0 95,3 41,2 33,9 282,1 148,7 128,1 426,8 -154,5 166,4 154,0 180,7 71,5 89,9 58,3 111,8 95,6 152,1 88,4 103,9 37,5 61,8 21,6 173,0 93,7 96,8 67,0 35,4 -53,3 97,6 90,7 119,9 76,6 86,4 78,3 139,8 188,7 149,6 168,7 282,2 9,1 12,2
140,2 2,7 19,0 76,0 21,7 17,2 -15,9 -31,5 6,4 148,5 124,8 -5,7 25,2 -4,7 22,8 -10,0 129,5 24,6 92,2 8,4 1.703,6 -20,6 25,6 76,4 167,1 -33,3 11,7 330,4 19,9 -33,2 46,9 -47,8 -42,8 -3,5 28,9 -132,0 44,4 494,9 -6,3 57,5 -10,3 121,2 10,3 -10,6 -22,7 1.393,3 9.810,2 -82,4 -39,7
CARTEIRA VENCIDA/CARTEIRA DE CRÉDITOS 17 (%)
11,2 -2,5 23,3 10,8 3,9 10,8 12,7 1,1 13,5 6,3 13,5 -0,6 1,4 16,5 11,0 17,7 9,8 6,9 13,4 4,1 8,0 2,6 8,1 9,7 3,7 3,6 -16,6 17,6 11,7 13,2 8,9 10,4 20,9 5,7 24,6 -41,3 27,3 -5,7 10,9 24,7 13,0 4,3 4,6 25,1 21,5 -18,5 -8,2 21,8 -5,2
VARIAÇÃO LUCRO 17/16 (%)
10.296,4 10.056,2 9.592,5 9.431,3 9.396,8 9.162,4 9.114,8 8.361,6 8.351,0 8.316,0 8.304,1 8.296,8 8.186,8 8.064,5 7.968,5 7.749,4 7.452,0 7.355,9 7.313,1 7.131,2 7.060,6 6.973,3 6.811,6 6.799,0 6.586,6 6.513,7 6.452,0 6.430,9 6.347,2 6.293,9 5.935,5 5.755,6 5.751,0 5.715,9 5.535,6 5.530,7 5.503,3 5.430,8 5.417,2 5.312,9 5.272,6 5.148,2 5.138,0 5.131,5 4.991,1 4.884,9 4.878,7 4.850,5 4.764,4 4.720,9
1,2 3,5 1,1 1,3 0,2 7,6 6,1 9,3 2,3 11,6 0,5 4,4 0,0 2,7 0,6 2,6 1,5 0,5 2,6 3,1 6,5 1,7 11,6 1,2 0,4 0,5 0,8 3,3 0,8 2,8 74,1
LUCRO ANTES DE IMPOSTOS/ PATRIMÔNIO 17 (%)
PAN
LUCRO ANUAL 2017 (US$ MI)
DOM
PATRIMÔNIO JUNHO 2017 (US$ MI)
ARG
VARIAÇÃO DE DEPÓSITO 17/16 (%)
COL
DEPÓSITOS JUNHO 2017 (US$ MI)
EQU
VARIAÇÃO CARTEIRA DE CRÉDITO 17/16 (%)
PICHINCHA CORPBANCA (COLÔMBIA) MACRO DE RESERVAS BANISTMO SECURITY BICE AGRARIO COLPATRIA DE COSTA RICA AFIRME PANAMERICANO NACIÓN (PERU) ABC BRASIL DEL DESARROLLO RURAL BAC INTERNACIONAL CCB AZTECA POPULAR DOMINICANO DAYCOVAL GNB SUDAMERIS BANK OF AMERICA POPULAR (COLÔMBIA) G & T CONTINENTAL GLOBAL BANK RABOBANK (BRASIL) BOFA MERRILL LYNCH BLADEX J. P. MORGAN BANESTES TOKYO-MITSUBISHI UFJ (BRASIL) BANREGIO HSBC (ARGENTINA) CREDICOOP POPULAR (C. RICA) MULTIVA SOCIETE GENERALE CONSORCIO SANTANDER (URUGUAI) CIUDAD MONEX BAC. SAN JOSÉ PACÍFICO BHD LEON PATAGONIA ICBC (CHINA) VOLKSWAGEN BANCOLOMBIA (PANAMÁ) DA AMAZONIA BMG
CARTEIRA DE CRÉDITOS JUNHO 2017 (US$ MI)
52 47 63 56 54 59 60 58 65 62 66 57 61 68 67 73 107 71 69 76 70 74 72 75 80 77 79 64 84 83 87 86 89 95 88 98 51 99 82 94 101 96 92 93 111 108 81 85 113 91
PAÍS
VARIAÇÃO ATIVO TOTAL 17/16 (%)
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
BANCO
ATIVO TOTAL JUNHO 2017 (US$ MI)
RK RK 17 16
PROPRIEDADE
14,0 29,8 22,8 9,3 15,1 18,7 21,3 12,1 11,0 20,4 3,2 47,2 15,8 14,8 16,9 -44,0 21,6 21,9 21,0 14,4 28,0 7,2 19,0 17,7 21,9 12,9 10,1 9,6 15,1 5,0 24,5 16,7 24,1 6,2 9,7 -13,7 16,8 21,7 23,4 20,0 13,9 14,1 25,4 34,9 24,4 19,4 22,9 1,5 1,5
Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Local privado Local privado Local privado Estatal Estrangeiro privado Estatal Local privado Local privado Estatal Local privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado Estatal Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estatal Local privado
Março | 61
COL BRA EQU PAN MÉX COL BRA PER EQU HON CHI ARG BRA PAN HON PER ARG BRA ARG URU PAR MÉX BOL PAN EQU PAR BRA BOL GUA URU ARG BRA BRA BRA PAN HON MÉX C. RI EQU HON ARG MÉX
DE AMÉRICA CENTRAL (GUATEMALA)
GUA
PINE BISA
BRA
62 | AméricaEconomia
BOL
4.194,1 3.713,6 3.608,1 2.946,8 2.778,7 3.442,3 2.709,1 3.359,1 3.366,8 3.072,3 57,5 2.500,5 2.926,2 1.964,7 2.627,1 2.459,0 377,3 3.126,3 2.531,2 2.023,3 2.854,7 1.137,3 1.527,5 3.178,3 2.534,3 1.189,2 2.080,1 3.139,4 2.798,3 2.176,9 58,5 2.695,0 2.114,4 2.927,1 1.340,9 2.072,9 652,9 180,5 4,7 1.986,6 1.241,2 1.986,5 2.514,1 1.745,2 2.133,4 2.403,6 2.198,5 1.128,0 2.121,5
2,6 17,0 3,9 6,8 6,2 0,9 -0,4 8,4 -1,3 -7,8 54,7 13,6 7,4 8,4 21,1 35,7 171,1 5,3 16,4 18,4 21,1 15,6 -33,2 1,0 7,5 40,2 8,1 10,9 19,2 2,5 182,1 7,5 6,6 -1,8 11,4 -9,8 14,1 19,8 -32,6 9,4 -1,1 7,6 12,0 18,4 23,4 31,0 21,1 85,6 8,3
395,5 250,4 609,2 550,5 450,3 445,2 367,2 331,6 368,3 292,8 677,0 699,1 280,5 411,9 303,0 340,1 390,9 244,2 340,3 304,8 421,4 203,8 575,9 807,8 213,9 361,9 246,2 248,9 93,1 269,4 396,2 444,0 217,2 296,3 194,1 402,3 227,1 475,9 254,8 349,5 252,7 264,1 299,6 249,2 243,4 372,7 377,0 254,6 342,3 276,8
LUCRO ANUAL 2017 (US$ MI)
10,7 37,5 0,2 2,5 10,1 10,1 -4,5 16,6 1,8 8,6 -4,5 6,1 6,7 0,8 9,3 36,0 2,6 11,3 9,1 8,5 16,0 -11,2 -38,2 0,0 -5,5 29,5 16,9 15,5 21,1 4,7 15,8 9,2 20,1 20,4 -18,0 -37,8 32,0 -5,1 -8,7 12,7 2,6 14,0 9,0 10,2 3,9 24,8 -0,2 26,9
PATRIMÔNIO JUNHO 2017 (US$ MI)
2.820,3 2.984,2 3.373,2 2.968,0 2.795,0 3.160,9 2.776,2 2.254,5 2.709,7 n.D. 2.598,1 1.883,1 2.601,0 2.099,3 2.140,5 2.370,1 2.094,2 218,1 2.477,5 1.996,2 2.477,9 1.412,6 2.616,7 1.299,1 2.226,1 1.908,0 1.103,9 1.891,2 2.757,5 1.921,6 2.317,0 n.D. 2.000,8 2.280,8 1.761,8 1.670,5 1.797,1 483,4 209,2 2.672,3 1.005,3 1.841,1 2.279,1 1.500,1 1.542,2 1.371,4 701,8 1.994,4 1.015,5 1.660,3
67,2 33,6 129,3 58,3 61,1 52,1 66,0 32,9 37,0 58,5 110,2 48,7 31,9 50,4 45,6 93,1 67,6 19,3 48,3 45,5 108,0 83,3 86,3 330,5 30,2 131,9 61,4 30,5 38,3 44,3 93,1 41,0 42,4 34,8 23,7 81,9 7,1 13,9 3,4 12,5 30,8 55,7 12,9 27,6 41,3 109,4 118,4 20,7 -15,1 53,2
LUCRO ANTES DE IMPOSTOS/ PATRIMÔNIO 17 (%)
PAN
3,3 18,2 5,8 2,6 8,4 1,8 -0,8 11,2 2,0 31,1 -3,0 -1,9 9,4 6,5 22,4 12,8 46,7 25,8 5,3 16,3 7,3 28,1 -7,2 -9,5 1,7 4,4 -19,8 3,6 10,9 17,4 -0,7 -0,5 10,0 5,5 -0,9 25,5 -15,9 -51,6 2,7 -5,3 24,4 11,5 4,0 10,2 38,8 26,7 30,3 20,5 6,5 13,7
CARTEIRA VENCIDA/CARTEIRA DE CRÉDITOS 17 (%)
ESA
4.589,6 4.482,2 4.387,7 4.367,4 4.361,4 4.086,8 4.082,6 4.056,1 4.050,2 3.959,4 3.924,9 3.918,6 3.913,3 3.875,8 3.785,4 3.679,0 3.637,1 3.584,2 3.579,7 3.523,3 3.502,8 3.487,1 3.485,5 3.482,6 3.392,2 3.384,2 3.366,8 3.338,0 3.305,3 3.295,1 3.291,1 3.274,7 3.192,3 3.123,4 3.121,2 3.110,3 3.073,0 3.033,5 3.028,1 3.027,2 3.004,7 2.977,2 2.973,7 2.970,8 2.926,1 2.873,5 2.819,3 2.772,4 2.725,4 2.722,2
VARIAÇÃO LUCRO 17/16 (%)
COL
VARIAÇÃO DE DEPÓSITO 17/16 (%)
URU BOL
DEPÓSITOS JUNHO 2017 (US$ MI)
ITAÚ (URUGUAI) MERCANTIL STA. CRUZ BCSC (CAJA SOCIAL) AGRÍCOLA MULTIBANK AV VILLAS DE BRASILIA, BRB PRODUBANCO BANESCO S.A. BARCLAYS (MÉXICO) CITIBANK (COLÔMBIA) ALFA INTERAMERICANO DE FINANZAS GUAYAQUIL FICOHSA FALABELLA SUPERVIELLE ING BANK CAJA DE AHORROS ATLÁNTIDA MI BANCO DE CÓRDOBA GMAC CITIBANK N.A. (ARGENTINA) BBVA (URUGUAI) ITAÚ (PARAGUAI) INVEX UNIÓN THE BANK OF NOVA SCOTIA INTERNACIONAL (EQUADOR) CONTINENTAL GOLDMAN SACHS DO BM (BRASIL) NACIONAL DE BOLIVIA AGROMERCANTIL SCOTIABANK (URUGUAI) HIPOTECARIO MERCANTIL DO BRASIL DEUTSCHE BANK (BRASIL) CRÉDIT AGRICOLE CRÉDITO DEL PERÚ (PANAMÁ) DE OCCIDENTE (HONDURAS) MIFEL SCOTIABANK (C. RICA) BOLIVARIANO DE AMÉRICA CENTRAL (HONDURAS) NVO. DE SANTA FE BANCOPPEL
VARIAÇÃO CARTEIRA DE CRÉDITO 17/16 (%)
97 115 103 100 106 109 104 118 112 134 105 110 120 119 132 127 150 141 122 133 126 143 116 114 123 128 102 129 135 142 124 125 138 136 131 151 117 78 137 130 153 146 140 144 165 159 164 157 148 154
PAÍS
CARTEIRA DE CRÉDITOS JUNHO 2017 (US$ MI)
101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150
BANCO
VARIAÇÃO ATIVO TOTAL 17/16 (%)
RK RK 17 16
ATIVO TOTAL JUNHO 2017 (US$ MI)
Ranking
PROPRIEDADE
101,7 60,0 4,8 -10,4 25,7 -21,0 161,6 92,7 -22,0 19,0 22,5 25,1 5,9 -74,3 25,9 17,6 103,2 473,1 433,2 31,1 47,1 134,2 61,3 11,5 240,1 29,1 199,1 100,4 34,6 76,0 30,9 -18,4 40,4 7,4 440,8 63,1 -39,8 170,4 -36,5 45,8 8,2 76,3 -26,0 47,1 59,0 -9,1 30,2 -26,6 -1.923,0 101,8
0,2 0,4 5,0 1,8 3,6 0,0 0,9 3,3 1,2 2,2 1,2 3,6 1,5 4,2 0,3 2,7 2,0 0,3 0,6 2,5 0,7 2,2 1,3 3,8 2,9 2,1 5,0 0,6 0,6 23,0 2,4 0,5
19,1 17,0 21,2 10,6 13,6 11,7 18,0 13,1 10,1 22,9 16,3 7,0 13,5 12,2 18,1 29,5 17,3 7,9 14,2 17,8 28,6 40,9 15,0 40,9 17,0 36,4 29,2 15,5 41,1 16,4 23,5 9,2 21,5 11,9 13,1 20,4 3,1 2,9 1,3 3,6 15,4 19,0 4,3 11,1 20,4 29,3 37,1 8,3 -4,4 26,0
Estrangeiro privado Local privado Local privado Local privado Local privado Local privado Estatal Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Local privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Estatal Local privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado
NIC
CREDICORP TOKYO-MITSUBISHI SAN JUAN PARANÁ BIE-FIE GNB SOLIDARIO LAGE DE LANDEN
PAN
BRA BOL PAN MÉX BRA BRA PAN BRA ESA MÉX BRA NIC
BRA MÉX CHI ARG HON VEN ESA PAR BRA BRA BRA BOL URU NIC BRA VEN PAN PER BRA CHI EQU PAN
MÉX ARG BRA BOL PER BOL BRA
1.569,8 1.551,9 1.775,4 2.084,4 2.534,3 565,0 2.084,5 2.422,8 1.314,0 0,0 137,2 1.662,2 916,4 1.513,4 801,6 0,2 1.750,1 1.551,1 231,0 1.058,9 1.142,5 1.654,7 1.421,2 1.266,3 1.767,0 1.295,3 1.578,1 69,1 1.485,9 10,2 1.567,0 1.034,3 1.232,8 482,7 1.640,0 1.311,1 1.192,3 700,8 1.073,1 1.526,9 830,4 1.209,1 1.210,4 1.264,9 1.040,5 904,1 1.132,0 1.155,1 1.078,9 13,5
7,9 14,4 -2,2 18,0 80,9 19,9 21,5 -51,5 25,2 -33,4 205,8 0,8 45,4 7,1 173,5 -98,9 7,2 17,4 23,0 51,0 29,6 13,5 48,9 16,9 -2,4 -3,7 8,6 328,3 18,5 -80,0 7,0 14,0 5,2 19,9 6,5 -15,7 28,9 -9,8 20,2 -5,4 -0,8 -1,1 26,7 -10,3 -5,3 4,2 4,5 7,7 -
224,7 226,2 263,8 275,1 88,0 888,7 175,4 149,5 201,3 1.605,1 462,7 250,4 671,8 283,2 106,2 523,1 216,8 243,6 388,4 308,0 139,6 140,2 227,2 180,5 137,0 323,2 188,9 298,9 276,2 595,1 148,4 866,9 215,2 177,3 110,9 165,3 371,8 275,5 135,3 162,8 215,3 240,2 225,6 243,4 519,8 383,4 125,2 201,8 164,5 264,8
LUCRO ANUAL 2017 (US$ MI)
19,3 2,3 0,4 27,8 4,7 19,3 -42,3 22,4 -15,9 5,4 -18,5 5,1 18,7 0,6 10,7 14,2 8,1 4,3 26,6 21,7 25,0 7,2 -22,5 -2,8 -1,0 13,0 6,6 -4,5 13,2 19,3 6,1 -1,5 10,9 -24,5 -4,5 -16,8 11,5 -6,2 8,6 3,2 27,6 8,9 -4,0 9,6 5,1 12,1 3,4
PATRIMÔNIO JUNHO 2017 (US$ MI)
1.922,7 1.829,0 1.833,3 1.493,0 380,6 n.D. 1.707,2 1.495,0 1.695,9 n.D. 2.031,7 1.585,9 594,9 1.683,6 36,8 1.793,2 1.295,2 1.542,5 2.004,0 717,2 474,4 1.536,4 1.109,0 1.285,6 891,2 1.475,4 1.222,9 1.971,4 1.154,8 645,4 1.430,6 1.817,9 1.200,6 125,9 797,9 1.310,7 568,2 382,7 290,7 890,3 1.387,9 1.216,2 1.121,0 616,9 336,8 1.117,2 1.270,6 1.134,1 1.309,0 1.319,4
13,3 5,6 50,1 85,9 14,8 118,2 31,9 50,6 8,2 32,3 11,0 28,3 2,1 23,0 3,8 -26,5 55,5 23,7 58,9 -3,6 20,0 17,9 47,0 31,5 77,9 23,5 37,2 58,6 68,4 84,8 12,6 98,7 62,8 -23,3 63,5 43,3 53,2 13,7 21,3 5,9 10,9 59,1 35,5 21,7 163,9 49,0 13,1 14,6 37,0 31,0
LUCRO ANTES DE IMPOSTOS/ PATRIMÔNIO 17 (%)
DE AMÉRICA CENTRAL (NICARÁGUA)
PAN
14,7 3,9 -1,7 17,9 77,3 -25,2 23,5 -49,6 11,2 23,6 -13,0 2,1 6,9 2,9 23,9 2,1 10,4 15,2 4,9 8,2 23,9 8,7 37,8 12,4 -7,6 -3,4 5,8 13,4 14,3 27,2 9,7 17,4 13,2 17,8 7,5 -7,0 4,0 -10,3 16,9 -7,1 7,5 1,2 9,2 -5,2 -8,1 12,6 11,6 9,4 4,3
CARTEIRA VENCIDA/CARTEIRA DE CRÉDITOS 17 (%)
BRA
GUA
2.716,8 2.672,4 2.632,1 2.629,5 2.628,1 2.620,8 2.581,6 2.579,4 2.538,3 2.501,5 2.491,1 2.479,1 2.409,6 2.408,4 2.248,8 2.229,5 2.220,7 2.212,1 2.206,4 2.191,3 2.173,9 2.109,6 2.050,0 2.020,7 2.008,6 2.005,9 1.985,6 1.977,9 1.963,8 1.961,1 1.960,1 1.901,2 1.889,2 1.870,6 1.841,3 1.838,0 1.818,5 1.804,2 1.799,7 1.748,5 1.731,3 1.731,0 1.719,5 1.662,1 1.645,1 1.629,3 1.612,6 1.609,9 1.606,0 1.575,8
VARIAÇÃO LUCRO 17/16 (%)
ESA
CNH CAPITAL FIBRA CIBANCO INTERNACIONAL (CHILE) ITAÚ (ARGENTINA) DEL PAÍS DE VENEZUELA SANTANDER SCOTIABANK (EL SALVADOR) BBVA (PARAGUAI) JOHN DEERE BANPARA CSF FASSIL HIPOTECARIO LAFISE BANCENTRO HAITONG BANESCO PANAMEÑOS DE LA VIVIENDA CITIBANK (PERU) SUMITOMO MITSUI BRASILEIRO HSBC (CHILE) AUSTRO BICSA
PAR
VARIAÇÃO DE DEPÓSITO 17/16 (%)
DEAMÉRICACENTRAL (EL SALVADOR)
PER
DEPÓSITOS JUNHO 2017 (US$ MI)
C. RI
VARIAÇÃO CARTEIRA DE CRÉDITO 17/16 (%)
DA VIVIENDA FINANCIERO REGIONAL DE LOS TRABAJADORES DE BOGOTÁ (PANAMÁ) MORGAN STANLEY CRÉDITO (BOLÍVIA) BANK OF CHINA VE POR MÁS CLASSICO MERCEDES-BENZ ALIADO ORIGINAL DA VIVIENDA CREDIT SUISSE BDMG DE LA PRODUCCIÓN
CARTEIRA DE CRÉDITOS JUNHO 2017 (US$ MI)
155 147 145 161 203 121 167 90 158 171 139 152 160 156 179 162 172 176 166 170 183 175 202 180 163 169 177 184 187 197 181 193 191 196 188 174 185 173 201 178 194 190 198 186 182 210 209 206 199
PAÍS
VARIAÇÃO ATIVO TOTAL 17/16 (%)
151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 193 194 195 196 197 198 199 200
BANCO
ATIVO TOTAL JUNHO 2017 (US$ MI)
RK RK 17 16
PROPRIEDADE
-12,1 -43,6 30,1 59,7 40,8 59,2 26,7 62,2 35,7 147,3 1.755,0 28,1 -82,0 4,6 124,5 -544,5 34,7 32,6 27,4 -472,3 65,1 53,3 -9,7 23,7 4,0 61,3 65,5 151,1 51,8 -31,2 2,0 10.443,8 47,7 43,0 212,4 71,8 2,0 7,6 -28,1 -4,9 27,9 17,7 492,4 -12,1 25,7 8,4 -7,3 47,1 10,4
3,1 2,0 2,8 2,9 0,9 1,7 9,0 2,4 0,5 0,9 1,4 5,2 0,5 0,2 3,7 3,3 1,3 256,3 0,2 1,2 0,5 0,0 1,2 2,5 0,5 1,5 1,0 0,4 -
5,9 3,2 19,0 29,9 16,9 13,3 18,9 33,8 2,8 2,0 2,4 11,3 0,3 8,1 4,3 -5,1 32,8 9,7 15,2 -1,2 17,0 12,8 20,7 20,6 76,7 7,3 19,7 19,6 24,8 14,3 7,3 14,1 34,1 -13,1 64,2 26,2 15,0 5,0 16,1 3,6 5,0 31,4 15,7 9,3 31,5 12,8 10,6 7,6 31,7 11,7
Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estatal Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Estatal Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estatal Local privado Local privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado
Março | 63
64 | AméricaEconomia
BRA MÉX EQU BRA PER BOL ARG BRA PER DOM ARG PAR ESA URU C. RI BRA BRA BRA MÉX PAN PAN MÉX MÉX BOL CHI ARG PAN HON BRA PAN DOM VEN COL PAN PAR BRA PAN BRA BRA BOL PAN MÉX ARG BRA ESA COL C. RI BRA
1.227,1 1.091,9 1.202,2 1.095,2 1.153,7 633,5 1.024,2 1.014,5 758,0 522,0 858,7 1.016,0 393,6 489,2 944,2 1.053,5 1.026,2 647,3 605,1 968,5 534,4 772,5 884,3 295,2 667,2 965,2 1.158,2 607,4 933,8 732,6 98,9 249,2 629,0 541,1 1.062,6 856,3 763,9 1.052,6 754,4 287,7 987,5 942,2 773,1 351,9 489,4 724,3 753,7 926,2 684,8 257,4
652,6 115,5 176,5 196,5 293,1 229,7 227,4 89,7 128,5 172,9 186,2 295,0 170,7 246,6 232,7 93,4 109,3 1.280,8 101,4 195,8 116,0 161,3 134,1 89,1 135,8 80,6 288,4 132,9 99,5 125,1 173,8 81,4 127,2 76,5 118,0 236,4 93,5 206,0 132,1 149,9 228,2 96,2 126,8 69,6 98,9 111,2 110,3 109,4 117,5 124,1
201,8 18,3 28,9 2,4 44,9 20,6 27,7 15,4 20,2 0,4 24,0 20,4 64,5 50,2 8,5 -3,9 17,6 355,1 26,5 10,4 16,7 15,6 15,6 18,6 14,3 15,3 69,1 44,4 5,0 13,7 1,0 16,1 16,4 34,5 15,7 32,0 14,2 26,7 13,4 19,6 2,6 17,4 23,4 19,4 16,0 16,1 12,0 0,6 1,2 -63,4
14,1 30,4 458,8 -58,8 118,3 -8,7 43,4 -63,3 19,7 -14,4 20,8 40,7 2.077,2 -955,3 93,7 40,8 71,3 113,0 29,9 188,9 13.279,3 47,9 22,7 3,5 245,9 0,7 -89,0 155,0 -4,8 -9,0 54,2 38,7 -0,5 166,5 14,4 -24,2 -53,5 41,3 17,4 119,5 -9,1 -2,5 -93,5 223,2 -140,3
CARTEIRA VENCIDA/CARTEIRA DE CRÉDITOS 17 (%)
22,0 5,0 51,0 23,2 16,2 -10,0 5,6 33,3 -0,5 6,1 41,6 28,2 -6,4 -14,1 21,8 27,6 3,2 5,7 2,3 9,6 69,8 31,4 11,2 0,1 23,7 2,1 3,8 9,7 10,4 0,1 -2,2 7,6 6,4 10,2 1,7 10,1 -12,0 60,1 5,3 0,1 37,0 15,4 -2,1 -13,0 -22,9 9,8
VARIAÇÃO LUCRO 17/16 (%)
626,1 1.392,3 195,1 1.300,8 794,1 1.032,6 845,4 1.117,8 1.085,1 292,6 921,4 1.072,8 1.056,5 1.121,3 1.014,2 1.324,1 998,4 17,0 1.139,4 703,7 531,1 1.165,5 1.089,6 373,4 886,3 1.071,1 642,7 1.016,9 1.004,9 758,4 600,6 1.099,0 946,1 1.054,1 1.008,9 901,8 877,2 785,2 802,2 895,9 8,4 922,2 927,3 504,6 951,1 515,2 779,8 669,1 641,9 598,0
LUCRO ANUAL 2017 (US$ MI)
3,2 9,9 11,0 26,3 17,5 -5,8 12,4 38,1 0,6 9,1 36,1 21,1 8,1 -4,6 18,2 -1,7 -20,3 -4,5 -10,7 15,8 93,6 37,8 11,5 8,0 11,3 -4,9 -2,0 -16,0 -10,4 14,8 -24,8 6,6 8,7 6,9 -0,2 7,5 -18,7 -14,9 11,9 1,8 36,8 27,3 2,0 7,8 -7,0 -21,9
PATRIMÔNIO JUNHO 2017 (US$ MI)
6,3 4,9 -9,7 24,7 11,1 -1,6 10,1 27,0 -7,0 6,0 52,5 17,7 1,4 -13,3 21,1 16,4 -6,6 18,1 2,5 10,4 28,9 30,1 11,6 2,6 25,7 0,9 16,1 5,6 8,3 0,9 -5,6 7,1 7,8 9,6 -1,6 9,2 -12,5 -13,1 4,3 1,9 13,5 8,4 2,5 3,4 -8,8 -3,5
CARTEIRA DE CRÉDITOS JUNHO 2017 (US$ MI)
1.572,8 1.554,3 1.540,7 1.538,9 1.536,7 1.528,2 1.481,4 1.472,7 1.470,2 1.464,9 1.455,9 1.455,8 1.420,5 1.419,9 1.419,3 1.417,4 1.416,9 1.405,6 1.405,2 1.370,4 1.369,1 1.368,4 1.340,0 1.336,3 1.334,1 1.326,7 1.315,4 1.310,2 1.307,7 1.299,9 1.255,5 1.228,3 1.217,6 1.181,9 1.178,7 1.156,9 1.146,4 1.143,2 1.132,8 1.126,6 1.114,8 1.113,3 1.102,6 1.096,0 1.085,7 1.081,6 1.079,6 1.075,9 1.075,9 1.073,2
4,4 9,0 3,3 6,5 0,4 0,3 1,7 2,5 3,3 0,8 3,2 2,6 1,5 0,7 0,4 5,4 0,7 1,9 0,1 5,5 1,8 0,4 4,9 5,6 1,7 6,4 17,5 -
LUCRO ANTES DE IMPOSTOS/ PATRIMÔNIO 17 (%)
MÉX PAN
VARIAÇÃO DE DEPÓSITO 17/16 (%)
COMPARTAMOS ST. GEORGE BANK & COMPANY TOYOTA AHORRO FAMSA DINERS SOFISA FALABELLA (PERU) GANADERO COMAFI BOCOM SANTANDER (PERU) SCOTIABANK (REP. DOMINICANA) SANTIAGO DEL ESTERO NACIONAL DE FOMENTO CUSCATLÁN (CITIBANK) HSBC BANK (URUGUAI) PROMERICA CREFISA BANESE FIDIS BANSI DAVIVIENDA (PANAMÁ) METROBANK BASE ACTINVER ECNÓMICO RIPLEY NVO. DE ENTRE RÍOS CAPITAL BANK, INC - BNP DAVIVIENDA HONDURAS MIZUHO CITIBANK N.A. PROGRESO PROVINCIAL COOMEVA (BANCOOMEVA) POPULAR BANK SUDAMERIS BANK HONDA PANAMÁ IBM VOLVO (BRASIL) PRODEM GTC BANK INTERCAM BANCO DE LA PAMPA INTERMEDIUM PROMÉRICA PICHINCHA AGRÍCOLA DE CARTAGO INDUSVAL
DEPÓSITOS JUNHO 2017 (US$ MI)
205 204 189 222 212 200 214 232 195 213 225 211 192 229 224 207 231 215 223 247 248 227 219 244 216 234 226 233 221 237 239 243 230 246 217 218 240 238 250 241 245 228 235
PAÍS
VARIAÇÃO CARTEIRA DE CRÉDITO 17/16 (%)
201 202 203 204 205 206 207 208 209 210 211 212 213 214 215 216 217 218 219 220 221 222 223 224 225 226 227 228 229 230 231 232 233 234 235 236 237 238 239 240 241 242 243 244 245 246 247 248 249 250
BANCO
VARIAÇÃO ATIVO TOTAL 17/16 (%)
RK RK 17 16
ATIVO TOTAL JUNHO 2017 (US$ MI)
Ranking
PROPRIEDADE
34,5 15,8 16,4 1,9 15,3 9,0 14,6 27,2 15,7 0,2 15,1 8,2 37,8 20,4 3,7 -2,0 16,1 27,7 26,1 5,3 18,8 9,7 11,6 23,9 12,2 31,1 25,4 33,4 5,0 13,2 0,6 19,8 10,8 52,7 13,3 13,6 15,1 13,0 10,1 13,1 1,1 22,2 18,4 32,3 16,1 14,5 10,9 0,5 1,1 -51,1
Local privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Estatal Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Estatal Local privado Local privado Local privado Local privado Local privado Local privado Local privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Local privado Estrangeiro privado Estrangeiro privado Local privado Estrangeiro privado Local privado Estatal Local privado Local privado Local privado Local privado Local privado
123RF
Finanças
A reforma e os ratings
I
nvestidores globais em renda fixa têm à sua disposição o maior mercado de títulos e valores mobiliários em termos de volume. Dados do Banco de Compensações Internacionais dão conta de que esse mercado atingiu um volume total emitido de mais de US$ 100 trilhões em 2017, o que representa cerca de 5 vezes o PIB americano e 50 vezes o PIB brasileiro. São centenas de milhares de emissores – incluindo governos, organismos internacionais, empresas e instituições financeiras – que disputam os recursos de investidores, oferecendo um sem-número de tipos de títulos com diferentes características, níveis de riscos, prazos e taxas de remuneração. Mas diante de tantas possibilidades de investimento,
como identificar os títulos que oferecem a melhor relação risco-retorno? Num contexto como esse, o papel das agências de classificação de risco é crucial para que investidores tenham uma melhor noção a respeito do risco de crédito de cada título. São essas agências que oferecem uma avaliação independente a respeito da qualidade dos emissores e dos papéis colocados no mercado de capitais. Trata-se apenas de uma opinião, sem dúvida, e o rating de um emissor ou emissão nada mais é do que uma opinião sumária de crédito. Mas os critérios que levam um emissor a receber esse ou aquele rating são bem definidos e permitem que investidores compreendam como uma determinada emissão se compara verticalmente (com outras emissões em termos de maior ou menor risco) e horizontalmente (quais são as emissões com características de risco similares). Sendo esse o caso, não deveriam ter causado espanto (como de fato não causaram aos observadores mais atentos) os recentes rebaixamentos da classifica-
Mauro Miranda, CFA - Presidente da CFA Society Brazil 66 | AméricaEconomia
ção de risco de crédito do Brasil pela S&P e pela Fitch, duas das três principais agências de rating no mundo (a terceira é a Moody’s). O primeiro rebaixamento ocorreu em janeiro e foi promovido pela S&P, com redução da nota do Brasil de BB para BB-. À época, a possibilidade de adiamento da reforma da Previdência (e sua menor probabilidade de aprovação) foi a razão mencionada para tal ação. Já em fevereiro, com o adiamento sine die da
E qual o efeito prático desses rebaixamentos? Entre outros, o encarecimento do crédito para o país nos mercados internacionais, o que causa um aumento também no custo das captações externas para as empresas brasileiras e – no fim da linha – uma piora de condições para nós, cidadãos e contribuintes. Mas a opinião das agências apenas reflete uma realidade nacional. O caso da Previdência é somente um exemplo – há inúmeros outros. Se queremos entender
QUAIS OS EFEITOS DOS REBAIXAMENTOS DA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DO BRASIL PELAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS? ENTRE OUTROS, O ENCARECIMENTO DO CRÉDITO PARA O PAÍS E, NO FIM, DA LINHA, UMA PIORA DE CONDIÇÕES PARA NÓS, CIDADÃOS E CONTRIBUINTES reforma, a Fitch também cortou a nota de crédito do Brasil de BB para BB-. Em ambos os casos, a mensagem para os investidores (usuários finais dos ratings) foi clara: sem essa reforma, o risco de inadimplência do Brasil é mais alto.
por que somos o que somos, ouvir o que nos apontam observadores externos e agir para sanar os problemas não é uma má ideia. As opiniões apresentadas nesta coluna não representam, necessariamente, a visão das entidades às quais o autor está associado.
Preparando-se para
123RF
Negócios | Aviação
decolar
O setor de táxi aéreo brasileiro, importante aliado da aviação de grande porte, atende não apenas ao mercado de luxo, mas atua na prestação de serviços para diversas demandas. Regulação e transporte clandestino são alguns dos problemas apontados por empresários do segmento
A 68 | AméricaEconomia
Por Felix Ventura, de São Paulo
história do táxi aéreo no Brasil teve início para atender a um nicho de mercado formado por empresários e altos executivos que precisavam de mais segurança, privacidade, velocidade e flexibilidade em seus deslocamentos – atualmente, porém, o serviço não é mais voltado para atender exclusivamente ao mercado de luxo, pois menos de 3% dos voos são realizados por executivos ou famílias em viagens de férias ou a lazer. Dadas as dimensões continentais do território brasileiro, verifica-se que o setor de aviação executiva é um
importante aliado para a dinamização dos negócios e para o rápido transporte de passageiros, além de permitir que pequenas cidades não servidas pela aviação regular possam ser alcançadas. Quase 3.500 municípios brasileiros são atendidos por essa modalidade de voo, enquanto a aviação de grande porte atende a cerca de 120 localidades. De acordo com o comandante Domingos Afonso A. de Deus, diretor-geral da Associação Brasileira de Táxis Aéreos e de Manutenção de Produtos Aeronáuticos (Abtaer), apesar de sua
Modalidades e perfis regionais Conforme o gerente de operações da aviação geral da Anac, o mercado de táxi aéreo no Brasil está pautado nas modalidades de offshore (deslocamento de pessoas e materiais para plataformas de petróleo em alto mar ou em meio a áreas remotas terrestres); fretamento (contratos de deslocamento de pessoas entre pontos pré-definidos); transporte aeromédico (entre unidades
Transporte de passageiros e cargas ainda se baseia nas
hospitalares); e no preenchimento de lacuna de atendimento pelo modal aéreo a localidades que não possuem demanda suficiente para a prestação de serviços diretos pelas grandes empresas aéreas. Dentro dessas modalidades, completa Ramos, há diferentes níveis de atendimento, sendo que o perfil de serviços das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste é mais focado no uso de aeronaves mais simples para transporte de pessoas e materiais de localidades remotas para as capitais. “Esse atendimento é feito por contratos de fretamento com entidades públicas em sua maior parte”, esclarece. Já o perfil nas regiões Sudeste e Sul se dá aos moldes do que popularmente é chamado de “transporte executivo”, que tem por objetivo um atendimento diferenciado, geralmente servindo-se de aeronaves mais complexas. No contexto regional latino-americano, de acordo com Ramos, o Brasil ainda é o maior mercado, possuindo atualmente cerca de 130 empresas aptas a prestar serviços de táxi aéreo. Por sua vez, o diretor-geral da Abtaer complementa dizendo que todos os países da América Latina
rodovias
DIVULGAÇÃO
enormidade territorial, o Brasil possui uma estrutura de transporte de passageiros e cargas baseada no modal rodoviário. “No passado as coisas eram mais simples, não havia tanta regulação. Consequentemente, os custos não eram tão altos e ganhava-se mais dinheiro. Hoje, tudo mudou. Todas as empresas credenciadas junto à Abtaer entendem que o mercado de aviação civil está muito regulado, principalmente no que se refere ao serviço de transporte público remunerado”, afirma. Para o diretor-geral da Abtaer, o excesso de regulação não condiz com o discurso da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de dar mais liberdade para a atuação de empresas de táxi aéreo no país. Atualmente, acrescenta De Deus, é percebida uma mudança de visão estratégica e comportamental por parte dos gestores da agência, fator que pode contrabalançar a regulação, o discurso e a prática. “Precisamos que a Anac seja mais ágil na análise dos processos de táxi aéreo, pois o Brasil não pode se sustentar em quatro grandes empresas aéreas. Elas precisam do auxílio de linhas aéreas regionais e dos táxis aéreos”, avalia. De acordo com o gerente de operações da aviação geral da Anac, Marcus Vinicius Fernandes Ramos, a agência vem aprimorando seu ciclo regulatório para que haja normas cada vez mais adequadas à realidade operacional do mercado, como a iminente revisão do Regulamento Brasileiro de Aviação Civil (RBAC 135), o aprimoramento de instruções suplementares operacionais e de aeronavegabilidade e a abertura para a discussão sobre diferentes modalidades de serviço que podem ser oferecidas pelas empresas.
Domingos de Deus, da Abtaer: quantidade de empresas em operação vem diminuindo Março | 69
Negócios
Para Marcus Ramos, da Anac, agência vem aprimorando seu ciclo regulatório
são signatários da Organização de Aviação Civil Internacional (Icao), mas cada um possui suas próprias regras. Para De Deus, apesar de termos umas das maiores frotas de aviões do planeta, o custo Brasil – referente aos preços praticados pelas empresas de infraestrutura aeronáutica e, principalmente do combustível – tem inviabilizado o desenvolvimento do setor no país. Entraves Na seara dos desafios para o segmento, o diretor-geral da Abtaer observa, entre uma série de obstáculos a serem ultrapassados, a questão da impossibilidade de se mensurar os números de faturamento, já que as empresas de táxi aéreo não divulgam abertamente seus dados financeiros para a realização de estudos e projeções de mercado. De Deus atenta para os sinais de que o setor vem diminuindo de tamanho. Em 2009, a quantidade de empresas em operação era de aproximadamente 300. Hoje, conforme suas estimativas, não passam de 140. Outro fator que compromete o dinamismo do setor está ligado às questões de regulação. “Atualmente, temos casos de empresas aguardando mais de oito meses
70 | AméricaEconomia
para a Anac vistoriar e expedir a autorização de voo e, se há reclamação por parte das empresas, a situação só piora e o peso da fiscalização é maior ainda. Precisamos minorar os trâmites burocráticos e também diminuir a subjetividade por parte dos inspetores da agência”, defende. Há ainda a questão do Transporte Aéreo Clandestino (Taca), praticado de maneira generalizada e sem as devidas fiscalizações da Anac, além da falta de linhas de crédito para a aquisição de aeronaves, já que a idade média da frota brasileira gira em torno de 27 anos. “É importante o incentivo fiscal para o táxi aéreo, assim como se faz com os táxis do sistema rodoviário”, expõe. O gerente de operações da aviação geral da Anac reafirma dois dos problemas citados, que dizem respeito às questões tributárias relacionadas com a formulação de preços dos combustíveis e também à necessidade de linhas de financiamento para a renovação de frotas. Iniciativas para a reação Em operação desde 1999, a Helimarte começou pequena, com apenas um helicóptero para um piloto e um passageiro, desenvolvendo trabalhos de sobrevoo para fotos, filmagens e monitoramento com radialistas a bordo. Entre os anos de 2008 e 2013, a empresa se desenvolveu adquirindo sete novas aeronaves, com um investimento estimado em US$ 15 milhões. Ainda nesse período, a frota chegou a 14 aeronaves, uma centena de funcionários diretos, dois hangares no Campo de Marte, na capital paulista, além de convênio com mais de 300 helipontos apenas na cidade de São Paulo. Para o comandante Jorge Bitar Neto, proprietário da Helimarte, nos últimos três anos a empresa se readequou à realidade da economia brasileira por conta da recessão e reduziu em 20% a sua frota e o número de funcionários. “Apesar da desaceleração dos últimos anos, a Helimarte conserva uma estratégia de investimentos em diversos novos serviços especializados, como o apagamento de incêndios florestais, cargas
externas, serviços de resgate e transporte aeromédico, aerolevantamento e filmagens especiais, entre outros, incorporando novas tecnologias e atuando em novas regiões do país”, explana. Já a Twoflex, fundada em 2013 e fruto da fusão da Two Aviation e da Aero Flex, acumula mais de 100 mil horas de voo, 60 mil decolagens e, em 2017, registrou um faturamento de R$ 65 milhões, margem 24% superior à do ano anterior. A companhia, que possui cerca de 140 funcionários, dos quais 50% fazem parte da tripulação, já pousou em 174 aeroportos em diversos pontos do país. De acordo com Rui Aquino, presidente da Twoflex, a empresa mantém uma frota padronizada com manutenção e treinamento próprios e adquiriu, em 2017, um simulador de voo da aeronave turbo-hélice Cessna Gran Caravan, instalado em sua base, no aeroporto de Jundiaí (SP), para treinamento da tripulação. “Investimos cerca de R$ 1 milhão na aquisição e também realizamos um aporte de mesmo valor para a manutenção do interior de nossas aeronaves. Acredito que isso represente um diferencial adicional em padrão de segurança, já que o simulador é um equipamento único no setor de táxi aéreo e aviação regional no país”, declara Aquino. A companhia também está em negociação com a Gol Linhas Aéreas para oferecer voos complementares em vários estados brasileiros, destinados a localidades com demanda de até 30 passageiros, e tem planos de adquirir mais cinco aeronaves Gran Caravan ainda no primeiro semestre de 2018, aportando um total de R$ 20 milhões. A empresa carioca Helistar iniciou suas operações em 2007 e também atua no mercado de fretamento executivo e administração de aeronaves de terceiros, com prestação de serviço de hangaragem. Segundo Victor Sidi, diretor da Helistar, o cuidado com a segurança é primor-
dial para atuar com excelência no mercado de fretamento executivo, no qual nem sempre o preço mais baixo pode representar a melhor escolha por parte dos clientes. Para Sidi, não é possível abrir mão da alta qualificação profissional dentro de um mercado que envolve altos custos operacionais e em que o trabalho desenvolvido pela empresa preza em primeira instância pela segurança de voo. “Não é nossa intenção baixar os custos dos serviços que prestamos apenas para ganhar mercado. Fazemos reuniões frequentes com nossos pilotos para que reportem problemas vistos ou ocorridos durante os voos”, diz. “O ano de 2017 foi de espera para nós, sem grandes investimentos. Para este ano, estão previstas melhorias na infraestrutura dos nossos hangares”.
Victor Sidi, da Helistar: cuidado com a segurança é primordial
Presente e futuro Sobre as expectativas de resultados do setor de táxi aéreo para 2018, o diretor-geral da Abtaer prevê novos debates para um projeto de lei de revisão do ICMS para os combustíveis da aviação no Brasil, além da promoção de dois fóruns de infraestrutura na Amazônia. Para De Deus, a Anac precisa entender que as novas tecnologias estão chegando ao mercado e
Jorge Bitar Neto, da Helimarte: transporte clandestino prejudica o mercado Março | 71
Negócios
Rui Aquino (à esq.), da Twoflex: negociação com a Gol
que é necessária mais celeridade na compreensão das demandas e na lida com recursos como drones, aplicativos e infraestrutura de helipontos com capacidade para atender ao avanço da frota de helicópteros nas cidades com deficiência de mobilidade, entre outras questões. “Mesmo com muitas dificuldades, vemos que a atual gestão da Anac tem buscado ouvir os segmentos, prover soluções compartilhadas e com equilíbrio da segurança operacional”, completa.
TÁXI AÉREO PODE SER UM PLAYER COMPLEMENTAR NO ATENDIMENTO DAS LOCALIDADES QUE NÃO TENHAM DEMANDA DE PASSAGEIROS PARA AS GRANDES EMPRESAS AÉREAS 72 | AméricaEconomia
Já para o gerente de operações da aviação geral da Anac, juntamente com a expectativa de melhora do cenário econômico brasileiro, há uma esperança de retomada de contratos de transportes para as empresas de táxi aéreo, o que ocasionará o aumento de movimentação dessas companhias no sentido de expandir e enrobustecer suas frotas. Conforme Ramos, no longo prazo, podemos pensar o setor de táxi aéreo, considerando a tendência de recuperação da economia brasileira, como um potencial player complementar às grandes empresas aéreas no atendimento das localidades que não possuam demanda para prestação de serviços de forma direta pelas grandes empresas. Para o proprietário da Helimarte, a prioridade em 2018 é atingir novos mercados e retomar a participação no nicho executivo, prejudicado pelo transporte aéreo clandestino. De acordo com Bitar Neto, o desenvolvimento do setor está ligado à mobilização dos órgãos públicos para criar incentivos direcionados ao combate da ilegalidade no transporte aéreo, que cresce e prejudica as empresas regulamentadas. “É um setor que de modo geral está sofrendo com altos custos, com o cumprimento de requisitos e outros pontos que não existem para quem opera o táxi aéreo clandestino”, afirma. As expectativas do presidente da Twoflex são otimistas no que diz respeito ao projeto com a Gol para a operação de aviação complementar. Com isso, avalia Aquino, a companhia deve crescer 20% em relação ao ano passado. “Observamos sinais de melhora com o aumento de contratos. O segmento de cargas também tem um grande potencial de expansão, tanto que já estamos investindo há cinco anos”, explica. O diretor da Helistar aposta que 2018 será um ano muito mais promissor, pois já é observado um aumento na procura de fretamentos e dos negócios em geral. A percepção de Sidi sobre a demanda atual é de que há uma movimentação maior de empresários no eixo Rio-São Paulo desde o final de 2017.
123RF
Debate
Três garrotes na economia brasileira
A
74 | AméricaEconomia
economia brasileira vai mal, neste momento de dificuldades de crescimento global e de turbulências financeiras mundo afora: está de joelhos. Mas o que está sendo feito no país, em termos de política econômica e de reformas estruturais, sob o argumento de que o problema central é o desequilíbrio fiscal, ao invés de permitir que ela se levante, vai derrubá-la de vez. De fato, três
garrotes a estão sufocando, com potencial para prostrá-la de vez. O primeiro garrote é o estreitamento do mercado interno, produzido pela redução da massa salarial (menos empregos e salário médio menor), pelo encolhimento das políticas sociais (deixando os que delas dependem com menor acesso ao consumo) e pelo estancamento do cré-
lhimento do FGTS –, enfraquece o BNDES, ao mesmo tempo em que medidas recentes tendem a elevar a taxa de juros de longo prazo, com a qual ele trabalha. Os problemas daí decorrentes serão sentidos no momento em que, animada para investir, a economia brasileira deparar com falta de oferta de crédito para a aquisição de máquinas e equipamentos e para a construção ou ampliação das plantas industriais. O terceiro garrote relaciona-se à energia. O tratamento que está sendo dispensado à Petrobras tornará o Brasil altamente vulnerável ao crescimento da demanda por essa fonte energética, pois o controle sobre produção, estoques e preços, pelo governo, vai desaparecer – e, que ninguém se iluda, quando a economia global sair do poço, pode sim eclodir outra crise do petróleo, contra a qual os beneficiados pela derrocada da Petrobras estão se precavendo. Além do equívoco no subsetor petróleo, o Brasil comete outro, com o tratamento que tem dado ao subsetor de energia elétrica. Ao retomar o crescimento, poderá enfrentar não só apagões, mas também o oportunismo dos investidores estrangeiros que estão se apossando, silenciosamente, da infraestrutura do setor: de relativamente barata, por conta da abundância de fontes, a energia elétrica poderá se tornar muito cara, principalmente com os atuais esquemas que tornam os preços dependentes da relação entre oferta e demanda. Quem está garroteando assim a economia brasileira? Em benefício de quem? É o Estado o vilão? É o equilíbrio fiscal a causa de tudo isso? Não terá, de fato, tudo isso que está acontecendo relação com a geopolítica mundial? CHRISTIAN PARENTE
dito ao consumidor (mais exigências diante da ameaça de inadimplência e aumento da taxa de juros do subsetor). A demanda, determinante do crescimento do PIB, passa a depender mais fortemente das exportações, que, para os bens produzidos pelo Brasil (algumas commodities e alguns semimanufaturados), não oferecem condições exuberantes, além de serem muito sujeitas a ciclos. Ademais, essa dependência oferece elevado risco diante da fragilidade da taxa de câmbio em cenários de forte incerteza, como o atual. Sem um mercado interno robusto, o Brasil ficará, como sempre (com exceção do período pré-crise de 2008), sujeito a humores e expectativas externos, sobre os quais não tem qualquer controle. Do lado da demanda, o primeiro garrote é arrochado pela redução das despesas do governo, às voltas com quedas sucessivas na receita tributária e imposição de drásticos cortes orçamentários, não só nas políticas sociais, mas também nos investimentos públicos. O segundo garrote refere-se às condições de financiamento dos investimentos privados, necessários para a retomada e sustentação do investimento quando as expectativas melhorarem e os empresários se animarem. No Brasil o BNDES é o financiador quase único dos investimentos, pois o sistema bancário é parcimonioso nessa área, preferindo abocanhar os elevados ganhos que aufere emprestando para o consumo e para o capital de giro, com taxas de juros estratosféricas. Assim, grandes projetos dependem do BNDES, e a sua Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame) auxilia as pequenas e médias empresas, com os bancos comerciais fazendo a intermediação. Tudo isso com dinheiro, também, do FGTS e do PIS/PASEP (algo em torno de 30% do todo), emprestado pelos trabalhadores a uma taxa de juros módica. A redução desse fundo, por conta da queda no nível de emprego e de sua precarização galopante – que produz menores volumes de reco-
Sem um mercado interno robusto, o
país
ficará sujeito a humores externos, sobre os quais não tem qualquer controle
Valdemir Pires Economista, professor e pesquisador do Departamento de Administração Pública da UNESP/Araraquara
Março | 75
123RF
Página verde
T
2050 odas as projeções em relação ao crescimento populacional indicam que que em 2050 deveremos atingir 9 bilhões de pessoas vivendo no planeta Terra. As projeções começam mostrando que 70% da população será urbana. Isso nos indica que devemos ter ações concretas para preparar nossas cidades para lhes dar a mínima infraestrutura necessária para que sejam sustentáveis. Vejamos um pouco a situação atual: Água: De cada 100 litros de água coletada e tratada, 63 litros são consumidos e 37 litros são perdidos (com o tempo, proporcionalmente, um volume igual a 6 Cantareiras, a principal represa que abastece São Paulo).
76 | AméricaEconomia
Apenas 51,92% dos brasileiros possuem coleta de esgoto, ou seja, mais de 100 milhões de pessoas não possuem acesso à coleta de esgoto. Somente 44,92% do esgoto coletado é tratado. Mais de 3,5 milhões de brasileiros das 100 maiores cidades despejam esgoto irregularmente, mesmo tendo redes coletoras disponíveis. Lixo: Estima-se que a produção de lixo no Brasil seja da ordem de 80 milhões de toneladas por ano. Cerca de 30% de lixo poderia ser reciclado; no entanto; somente 3% são transformados em dinheiro. Do total de resíduos produzidos, 10% não são coletados e acabam indo para os rios e oceanos. 3.331 municípios não possuem destinação correta do seu lixo.
Eletricidade: O próprio governo informa que, apesar de ter o segundo melhor programa de eficiência energética do mundo, o Procel – com dotação orçamentária definida por lei –, o Brasil desperdiça cerca de uma Itaipu (a maior geradora brasileira) por ano. Os brasileiros pagam cerca de R$ 18 bilhões por ano de subsídios para setores e/ou regiões geográficas, graças ao modelo soviético adotado pelo Brasil para o planejamento centralizado do setor elétrico – o que gera modelos nada transparentes. Na iluminação pública, existe um parque de 17 milhões de luminárias ineficientes que se trocadas poderiam trazer uma economia de cerca de 50% com gastos de eletricidade e o mesmo tanto nos custos de manutenção. Imaginem a economia que poderia haver ao se adotar a eficiência energética nos prédios públicos brasileiros. Mobilidade urbana: Está clara a necessidade de priorização do transporte público de massa não poluente. Entretanto, a velocidade de implementação no Brasil desse modelo anda a passos de cágado e não acompanha a velocidade da necessidade. Pois bem, levando-se em conta esse quadro caótico das cidades brasileiras em relação aos serviços básicos, que saídas temos para que, em 2050, nossas cidades estejam em condições mínimas de ser habitadas? Seguramente, ideologias não serão soluções para o problema. É preciso ter o senso prático e realista de que as soluções passam por tecnologia, engenharia financeira e, o mais importante, o provimento de garantias para a engenharia financeira. Normalmente, os agentes públicos iniciam seus projetos criando modelos que se esquecem das garantias e, depois de muito tempo gasto na estruturação, os projetos não saem de maneira alguma.
AS PROJEÇÕES INDICAM QUE, EM TRINTA ANOS, DOS 9 BILHÕES DE HABITANTES DO PLANETA, 70% VÃO VIVER NAS CIDADES. DEVEMOS TER AÇÕES CONCRETAS QUE DEEM A ELAS A MÍNIMA INFRAESTRUTURA NECESSÁRIA PARA QUE SEJAM SUSTENTÁVEIS Uma forma simples de prover garantias para os financiamentos seria a utilização das taxas/ contribuições, como as que existem para a iluminação pública, os recebíveis da conta de água e as taxas de lixo. Todos são exemplos de “tributos” que o cidadão paga e facilmente confere a entrega dos serviços, que normalmente devem ir para uma conta separada facilmente controlada e auditável e não podem ser desviados pelo gestor público para pagar outras ineficiências do orçamento. Entretanto, é preciso haver uma regulamentação legislativa clara e transparente para tal modalidade, a fim de que não se fique refém do Judiciário. Para que possamos ter um agente político atento e focado em esforços como esses, precisamos ter eleitores conscientes desse caminho – agente que passe uma mensagem clara de que a ideologia não será a ferramenta que resolverá essas necessidades do cidadão comum. Tecnologias e financiamentos da economia verde são abundantes mundo afora, só o Brasil ainda não despertou para isso. Acorda, brasileiro!
Jorge Pinheiro Machado Diretor América Latina – Regions of Climate Actions – R20
Março Abril | 77
Opinião | Justiça
A
panharam o Supremo Tribunal Federal para servir de expiação para todos os males desta perturbada Nação. Professor da USP, na Ilustríssima da Folha de S. Paulo, dissecou incoerências e fustigou os magistrados que ali judicam, indicando inúmeras decisões inaceitáveis pela população. Os programas na TV com a participação de juristas também desancam o Tribunal. Cobra-se dele fidelidade à lei e se o acusa de ocasionar insegurança jurídica. Até quem defende o STF não deixa de acusar um e outro de seus ministros, poupando a instituição, mas localizando em pessoas a razão das críticas. O Supremo Tribunal Federal foi copiado da Suprema Corte norte-americana. Mas a cópia ficou pela meta-
de. Nesta, os juízes – esse o título que todo magistrado deveria merecer – cumprem o papel reservado pelo sistema ao ápice do Judiciário. Definem o que é constitucional e o que não é. Não se entregam à volúpia de julgar tudo o que chega ao protocolo. Nunca serviriam de segunda instância para os juizados especiais, que existem para julgar causas cíveis de menor complexidade e penais de menor potencial ofensivo. Aqui, parece que o prestígio do ministro do STF também se vincula aos milhares de demandas confiadas à sua relatoria. Não importa se mais de 90% delas são repetitivas, matéria já conhecida ou tenham pertinência mínima com o que a Constituição dispõe. Afogados em infindáveis questões menores, os ministros não têm condições de cumprir a sua função precípua: zelar pela fidelidade à Constituição. Mas esta não ajuda. Cuida de tudo. Basta ao advogado inserir na petição inicial um dispositivo fundante e o processo chegará – muitos anos depois, é claro – à análise do STF.
Constituição dirigente, projeto de Nação, recheada de termos vagos, imprecisos e até ambíguos, reclama interpretação que será preenchida pela concepção de vida, filosofia, ideologia e até idiossincrasia de cada julgador daquela “Suprema Curul”. Como exigir do STF coerência e segurança jurídica se o fetiche da lei foi elimi-
perada pela realidade, muito mais surpreendente do que a mais elaborada ficção jurídica. Poupe-se o Supremo. Apenas se colabore para que ele seja Corte Constitucional, e não quarta instância para grande parcela de causas e segunda para algumas outras.
O STF FOI COPIADO DA SUPREMA CORTE NORTE-AMERICANA. MAS A CÓPIA FICOU PELA METADE. NESTA, OS JUÍZES CUMPREM O PAPEL RESERVADO PELO SISTEMA AO ÁPICE DO JUDICIÁRIO. NÃO SE ENTREGAM À VOLÚPIA DE JULGAR TUDO O QUE CHEGA AO PROTOCOLO E NUNCA SERVIRIAM DE SEGUNDA INSTÂNCIA PARA OS JUIZADOS ESPECIAIS nado pela produção normativa cada vez mais fluida, qual matéria plástica e maleável ao sabor de cada leitura? O século XXI oferece como panorama o inesperado e a incerteza. Tudo é perplexidade e a futurologia foi su-
José Renato Nalini - Secretário de Educação do estado de São Paulo, ex-presidente do TJSP 78 | AméricaEconomia
123RF
Corte Constitucional ou casa dos milagres?
Mas que a transmissão ao vivo das sessões as converte em cenário de exibição de eloquência e furta precioso tempo ao que deveria ser julgado de forma objetiva e direta, isso também não deixa de ser verdade.
D R I V E M E A N I N G FU L
CHA NGE I N YO U R O R GA N I Z AT I O N .
More than 60% of organizations with strong coaching cultures have employees who rate themselves as highly engaged. SOURCE: Building a Coaching Culture with Managers and Leaders
Coaches that hold a credential from the International Coach Federation (ICF) have the training and experience necessary to help your organization achieve its goals. Find an ICF-credentialed coach today at CredentialedCoachFinder.com.
Coachfederation.org | 1.888.423.3131 | icfheadquarters@coachfederation.org