A DIMENSÃO PEDAGÓGICA DO CINEMA NEGRO E A IDENTIDADE CULTURAL DAS MINORIAS: A ABORDAGEM ARTENAUTA

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São Paulo e Jandira Brasil 2018

A DIMENSÃO PEDAGÓGICA DO CINEMA NEGRO E A IDENTIDADE CULTURAL DAS MINORIAS: A ABORDAGEM DO ARTENAUTA

Propomos uma narrativa de Arte e Educação performática que coloca o enfoque no conceito de Viagem na direção do Eu e do Nós, do Uno e do Múltiplo, como via de acesso a memórias e a descobertas, à fruição corpórea da alma através da criação artística e científica, geradoras de sentidos e de aprendizagens significativas de encantamento, de saberes e de conhecimentos integrados, com origem no cruzamento de linguagens e de cosmovisões improváveis. A abordagem de ArteNauta – que é um Viajante que privilegia a Arte nas suas práticas de ArteEducador –, segue uma aproximação metodológica personalizada, de inscrição autobiográfica e autoral, baseada na abertura e implosão de uma sensibilidade e curiosidade à flor da pele, na busca de um questionamento que favoreça a afirmação dos caminhos das subjetividades humanas como Sujeitos livres e solidários, através da expansão interativa das gentes com as culturas emergentes dos lugares. O desafio proposto aos participantes é o de uma Viagem pelo mundo real e ficcional, seguido de um debate e reflexão sobre as possibilidades da integração de saberes inter e transdisciplinares, através de uma experiência marcada pela diversidade, pela relação dialógica intercultural e por uma pedagogia de situação pertinente, fecunda e válida, marcada pela inclusão social e solidária, pela criatividade e liberdade do Ser num contexto de transformação. AM

por

PALAVRAS-CHAVE:

A VIAGEM O mundo todo abarco e nada aperto! Luís de Camões

A melhor maneira de viajar é sentir! Álvaro de Campos / Fernando Pessoa

A VONTADE (...) Trago dentro do meu coração Como um cofre Que se não pode fechar de cheio Todos os lugares onde estive E tudo isso que é tanto É pouco para o que eu quero! (...) Fernando Pessoa

A PEDAGOGIA DE SITUAÇÃO Há três coisas que nunca voltam para trás: A flecha que sai do arco; A palavra dita; E a oportunidade perdida! Provérbio Chinês

A SABEDORIA AFRICANA É precisa toda uma aldeia para educar uma criança! Provérbio Africano

Se quiseres ir rápido, vai sozinho! Se quiseres ir longe, vai acompanhado! Provérbio Africano

RESUMO

Prof. Dr. Amílcar Martins Universidade Aberta, Lisboa, Portugal Assistente da curadoria da 14ª Mostra Internacional do Cinema Negro, São Paulo, Brasil

ARTE; EDUCAÇÃO; NARRATIVA; INTER e TRANSDISCIPLINARIDADE; VIAGEM; ARTENAUTA; PERFORMANCE; PEDAGOGIA DE SITUAÇÃO


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FILME PINTO, Espiga (realizador) e MARTINS, Amílcar (ArteNauta Amilcarins) (1977). Oficina do Espiga (Série: “Espaço Arte” – 6º episódio). Lisboa: Rádio Televisão Portuguesa (RTP – vídeo duração: 25 minutos). https://www.youtube.com/watch?v=tm839BW9KUU

RESUMO: O ArteNauta Amilcarins – personagempercurso da série "Espaço Arte" interpretada pelo ator Amílcar Martins –, viaja a partir do seu planeta Z. Chega ao planeta Terra integrado na Missão MagOito, em referência à praia do Magoito, perto da Ericeira, em Portugal. Traz consigo, em mais este episódio de viagens à Terra, a incumbência de descobrir os contornos estruturantes e inspiradores capazes de gerar emoções, saberes, conhecimentos através da Arte que, afinal, não existe no seu planeta fortemente centrado no desenvolvimento científico e tecnológico. Desloca-se para a Oficina de Espiga Pinto (EP), na cidade de Lisboa, com a ajuda de um mapa e de crianças que o guiam até lá. Observa a criação do “ovo” pelo escultor e pintor EP. Fascina-se com a dimensão geométrica complexa e iniciadora da construção do “ovo”, a metáforasemente de onde nasce a energia da vida. Constata a abordagem criativa do artista, através do rigor da geometria e do cumprimento das suas regras de oiro. Paralelamente, apercebe-se que o gesto espontâneo de EP – só aparentemente aleatório –, integra o ato holístico de criação do artista, envolvendo-se intensamente na sua própria cosmovisão do universo. Nesta oficina, ora transformada num laboratório de criação, há crianças que seguem com entusiasmo a aventura das descobertas do ArteNauta Amilcarins nas suas observações de resgate sobre a Arte. Arte, que nas suas múltiplas dimensões e linguagens, indicia e sugere o impulso anímico capaz de se erguer como instrumento vital de humanização, como refletor de polissemias abertas de sentidos, como território de fazedores de poéticas indutoras de questionamentos sobre a existência de outros “eus”, como integração de ArteNautas que trilham descobertas e práticas que reinventam o futuro. (Duração 25'). AM

ARTIGO MARTINS, Amílcar e ALEXANDRINO, Teresa (2014). “ArteNautas: Um Perfil de Intervenção para Animadores e Arte-Educadores”. In PEREIRA, José Dantas, VIEITES, Manuel Francisco e LOPES, Marcelino de Sousa (Coords). As Artes na Educação, pp 245-252. Chaves: INTERVENÇÃO – Associação para a Promoção e Divulgação Cultural. ISBN 978-989-97571-6-5 http://issuu.com/amilcarmartins1/docs/artigo_artenautasum_perfil_de_inte

RESUMO: A ideia de busca e caraterização de um perfil de intervenção para animadores e arte-educadores, através da criação de uma matriz inspirada no ArteNauta (Viajante através da Arte), tem sido desenvolvida nos últimos anos pelos autores deste texto, em contextos de formação de Arte-Educadores e/ou de Artistas com abertura e interesse pela Educação, entendida esta numa perspetiva lato sensu de cidadania transformadora. Mas também nos interessou a referência deste perfil de ArteNauta como inspiração de jovens contadores de histórias do Colégio Internacional de Vilamoura, os CIV Young Storytellers. Neste ensaio são descritas as componentes do perfil formativo do ArteNauta, visando as suas competências e capacidades de intervenção, através da modulação e harmonização em contexto de várias das suas componentes: Arte-Viajante; Arte-Contador; ArteBrincador/Brincante; Arte-Animador; Arte-Educador; Arte-Curador; Arte-Pesquisador. AM


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O QUE É UM ARTENAUTA? O ArteNauta é um Arte-Viajante – Porque a Viagem alimenta o que de mais desafiador e profundo inventámos para aprender. Afinal a Viagem cartografa uma trajetória que deverá ser vivida nas suas três fases de desenvolvimento: (i) a fase pré-liminar da Viagem com ativação do desejo na direção dos espaços novos, e as populações outras a quem nos dirigimos e com quem atuamos; (ii) a fase liminar da Viagem que coloca o epicentro numa ecologia do lugar e das pessoas; (iii) a fase pós-liminar que valoriza o regresso a casa e a mobilização pósfacto dos recursos capturados e angariados, a memória desses registos e os processos de retroação como fonte de aprendizagens.

O ArteNauta é um Arte-Contador – A Viagem dá que contar. Exercita o tanto que se deseja contar. Somos HistóriaNautas e Contadores de Histórias.

O ArteNauta é um Arte-Brincador – Brincar é o território de ação por excelência para experimentar e criar a aventura de imaginar e ler o mundo. Somos BrincaNautas Brincantes e LudoNautas ao longo da vida.

O ArteNauta é um Arte-Animador – Animar que nos permite impregnar as ideias da nossa alma, as coisas, os lugares, os objetos que são fonte inspiradora dos nossos processos de Animação.

O ArteNauta é um Arte-Educador – Educar é trazer para a ação uma das mais nobres missões do ser humano. Educar com e para a Arte.

O ArteNauta é um Arte-Curador – Curar / Cuidar o que importa modelar no sentido do resgate, da seleção, da recuperação, da preservação, da gestão das condições otimais de se apresentar a ideia, de se apresentar e fomentar o uso do lugar, do museu, da exposição, talvez mesmo de uma performance e/ou espetáculo.

O ArteNauta é um Arte-Pesquisador – Sempre! Pelo óbvio enriquecimento de uma trajetória humana e comunitária que se revela na pesquisa em si, mas sobretudo no que ela proporciona aos seus utilizadores e à comunidade. A Arte-Educação do ArteNauta impõe e exige que o Arte-Pesquisador se exponha, se revele e se aproprie criativamente, criticamente, das propostas que resultam do universo da investigação, da busca e criação do conhecimento.

Amílcar Martins revê-se como ArteNauta Arte + Nauta (Viagem) = Arte-Viajante [Arte-Viajante; Arte-Contador; Arte-Brincador; Arte-Animador; Arte-Educador; Arte-Curador; Arte-Pesquisador] É Doutorado (Ph.D. Philosophiae Doctor) em Ciências de Educação – Didática das Artes, pela Université de Montréal, Québec, Canadá; Mestre (M.Ed. Maître en éducation) pela mesma instituição; Diplomado com o curso de Atores e Encenadores pela Escola Superior de Teatro do Conservatório Nacional de Lisboa. É Professor no Departamento de Educação e Ensino a Distância da Universidade Aberta; Coordenou o Mestrado em Arte e Educação da UAb; É membro da comissão coordenadora do Doutoramento em Média-Arte Digital (curso conjunto da Universidade Aberta e Universidade do Algarve. É ator e performer em atividades artísticas e pedagógicas de múltiplas naturezas e objetivos. Publicou várias obras, em livro ou em artigos, em áreas da sua especialidade de Arte e Educação. Foi autor ou participou em dezenas de filmes como ator. Lecionou, participou e/ou organizou cursos, conferências, seminários, oficinas, tertúlias, master classes, animações, exposições, espetáculos, performances, estágios, residências artísticas, investigações in loco em Angola, Brasil, Canadá, Espanha, Estados Unidos da América, Federação Russa, Filipinas, França, Japão, Macau-China, Portugal, República Popular da China. Email: amilcar.martins@uab.pt WhatsApp: (+351) 96 922 98 65 Facebook: https://www.facebook.com/amilcar.martins.583 NOTA FINAL: O ArteNauta Amilcarins foi criado por Espiga Pinto em 1975, para 2 séries televisivas para a RTP, o qual representa a primeira iconografia do ArteNauta interpretado pelo ator Amílcar Martins. Todos os outros ArteNautas foram concebidos por Teresa Alexandrino no período de 2008-2018.


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