Complexo Entre Rios

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COMPLEXO ENTRE RIOS PROJETO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL PRÓXIMA AOS MODAIS DE TRANSPORTE PÚBLICO E AOS RIOS DE SÃO PAULO

ANA ELISA BIZZOTTO TRUDE ORIENTAÇÃO: PROFA. DRA. ANA TAGLIARI



COMPLEXO ENTRE RIOS HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL PRÓXIMA AOS MODAIS DE TRANSPORTE PÚBLICO UMA PROPOSTA DE INSERÇÃO SOCIAL ASSOCIADA AOS LOTES DE INCENTIVO GARAGEM DO PLANO DIRETOR DA CIDADE DE SÃO PAULO Projeto de uma Habitação de Interesse Social em M’Boi Mirim

Universidade Estadual de Campinas FEC – Faculdade de Engenharia Civil Arquitetura e Urbanismo Arquitetura e Urbanismo

Trabalho Final de Graduação – 2018

Ana Elisa Bizzotto Trude Orientação: Profa. Dra. Ana Tagliari

Campinas, 2018.



AGRADECIMENTOS

Aos meus amigos, professores e familiares, meus sinceros agradecimentos por

todos o apoio e compreensão ao longo desta jornada. Pelos momentos difíceis em que me apoiaram ou pelas vezes que me contrariavam, fazendo com que eu conseguisse melhorar meu projeto e minhas ideias em geral.

Obrigada a todos que me ajudaram nesse período de amadurecimento, acadêmico

e pessoal, contribuindo para que eu pudesse chegar nessa fase final, com a certeza de que tudo valeu a pena.



APRESENTAÇÃO

Definir sobre o que seria o meu TFG foi uma das partes mais difíceis desse processo.

Não por não saber o que eu gostaria de fazer, mas por ver tantos problemas na minha cidade e querer fazer tantas coisas por ela. Nasci e cresci em São Paulo, vendo a cidade crescer comigo e não sendo justa com seus cidadãos em questão de mobilidade, equipamentos públicos de qualidade e inserção social.

Antes de iniciar o curso de Arquitetura e Urbanismo participei de uma excursão de

uma ONG chamada “Rio Pinheiros Vivo” que tem como principal objetivo revitalizar o rio Pinheiros. Meu grupo da excursão focou o estudo na região do Largo Treze, conhecendo mais sua história e o desenvolvimento da região, que se deu por conta do rio Jurubatuba. A história da região despertou meu interesse e minha ansiedade com a possibilidade de ver o rio vivo de novo.

Passados alguns anos, realizei intercâmbio acadêmico para Melbourne, na Austrália.

A relação que a cidade tem com o rio é muito diferente, as pessoas habitam suas margens e passeam por ali. O rio é parte integrante da paisagem da cidade e muito valorizado pelos cidadãos, o que não acontece em São Paulo.

Durante o intercâmbio, em meu trabalho final para a disciplina de Planejamento

Urbano, na Universidade de Melbourne, estudei o Transit Oriented Development (TOD), um conceito que será explicado mais a frente ao longo desse trabalho e propus melhoria no transporte público em um bairro daquela cidade. Esse trabalho fez crescer meu interesse por planejamento urbano e mobilidade urbana.


A partir da intersecção dos meus interesses mencionados acima, cheguei na

proposta do meu TFG. Unindo ideias de mobilidade urbana, sustentabilidade e a região próxima ao Largo Treze encontrei potencial em um terreno localizado em M’Boi Mirim. Para ele, defini meu tema que tem como objeto uma habitação social, próxima ao terminal de ônibus e estações de metrô e trem de Santo Amaro e de vias importantes como a Marginal Pinheiros, em um terreno destinado a edifício garagem. Unindo, portanto, três grandes temas de meu interesse: habitação social, mobilidade urbana e sustentabilidade.


SUMÁRIO INTRODUÇÃO 11 HABITAÇÃO SOCIAL 15 Histórico da habitação social mundial 19 Habitações populares no Brasil 26

URBANISMO SUSTENTÁVEL 31 ESTUDOS DE CASO 43 BedZED 46 Santo Amaro V 50

Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes, “Pedregulho”

54

2º Concurso Internacional Living Steel para Habitação Sustentável

58

Quinta Monroy 63

LOCAL 67 PROJETO 91 PLANTAS, CORTES E ELEVAÇÕES

107

REFERÊNCIAS

135



INTRODUÇÃO

O presente projeto de Trabalho Final de Graduação tem como proposta a criação

de uma Zona Mista de Interesse Social em M’Boi Mirim. O terreno situa-se dentro do Arco Jurubatuba que é uma das Macroáreas de Estruturação Metropolitana do Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo. Essa área é marcada por grandes contrastes urbanos e de indicadores sociais. Além disso, é localizada próxima a uma região com rica infraestrutura, Santo Amaro, e a modais de transporte público como metrô, trem e terminais de ônibus, a fim de garantir inclusão social e o acesso à cidade.

Como fundamentação e conceituação desta pesquisa, abrange habitação social com

conceitos de sustentabilidade e mobilidade urbana. O objeto fundamental deste projeto arquitetônico consiste em uma habitação social.

O projeto buscará a sustentabilidade através de sua concepção, escolha de materiais

e nos mecanismos passivos da arquitetura bioclimática. Além disso, através da biofilia pretende-se promover uma maior consciência ecológica, aumentando o contato com a natureza.

A mobilidade urbana é explorada com a proposta de moradias em um local com boa

infraestrutura de transporte público existente, reforçando os conceitos de compacidade e da teoria do TOD.

De acordo com a Constituição de 1988, todos os cidadãos têm o direito à cidade e à

moradia digna; entretanto, a população brasileira enfrenta um crescente déficit habitacional. Na cidade de São Paulo, estima-se que 445.112 domicílios estão em favelas e 385.080, em loteamentos irregulares (HABISP, 2016). O aumento do aluguel é um dos fatores que levam as famílias com menor poder aquisitivo a se deslocarem das centralidades urbanas para as zonas periféricas, onde há escassez de infraestrutura. O Instituto de Urbanismo e Estudos

11


para a Metrópole (URBEM) estima que, em 2024, serão necessárias mais de 700.000 HIS (Habitação de Interesse Social). A precariedade habitacional em que grande parte dos moradores de São Paulo vive deve ser enfrentada com urgência (BRASIL, 2016).

O avanço da indústria automobilística fez com que parte dos cidadãos das cidades

pudesse escolher onde gostaria de morar pela possibilidade de se locomover e percorrer grandes distâncias. Entretanto, os grupos de baixa renda não têm essa escolha: são submetidos à desigualdade de mobilidade e de acesso à cidade; como consequência, suas oportunidades econômicas são reduzidas e habitam às margens da cidade (ZANDONADE; MORETTI, 2012).

A expansão horizontal da cidade, criando regiões distantes do centro principal, é

conhecida como espraiamento urbano (RIBEIRO & SILVEIRA, 2009). Em São Paulo, durante seu crescimento urbano recente, esse espraiamento teve, como uma das consequências, a procura de terrenos mais baratos e construções irregulares pela classe mais pobre. Por outro lado, classes altas buscam morar em condomínios fechados em busca de segurança. O impacto maior desse espraiamento deve-se à ocupação da periferia pela população de renda mais baixa (NADALIN et al., 2015).

Para reduzir o problema do espraiamento urbano, o ideal é que se ofereçam habitações

populares em áreas já consolidadas da cidade para que usufruam da infraestrutura existente. Levar infraestrutura para as áreas onde a população mais pobre se encontra resultará em mais espraiamento (NADALIN et al., 2015). De acordo com Zandonade & Moretti (2012, pág. 96):

A valorização do transporte público precisa se associar a uma política de moradia que possibilite as camadas de menor renda ter direto a moradia nas regiões bem servidas de transporte coletivo, sem que a melhoria da infraestrutura urbana expulse aqueles que não podem pagar pela consequentemente valorização da terra urbana.

12


Transit Oriented Development (TOD) é a criação de comunidades compactas,

caminháveis e de uso misto no entorno de boa infraestrutura de transporte público em massa. O TOD orienta que o transporte público é o apoio de um urbanismo ambientalmente e socialmente responsável e contribui para um desenvolvimento urbano mais sustentável (BLACK, TARA & PAKZAD, 2016), assim como o adensamento de atividades, ao longo de linhas de transporte coletivo, incentiva o uso dos mesmos (PASSOS et al., 2012). Portanto, criar um eixo vibrante e garantir o acesso à moradia nas áreas atendidas pelo transporte público é importante para diminuir o impacto ambiental causado pelo uso do transporte individual, além de garantir a inserção social nas cidades.

A falta de política pública habitacional contribuiu para que parte da população

mais pobre ocupasse irregularmente áreas de proteção ambiental, trazendo risco a elas próprias e comprometendo também os recurso hídricos (ALVIM et al., 2015). Algumas das consequências do alto crescimento desordenado e não inclusivo das cidades são: impermeabilização do solo, alterações na drenagem urbana, enchentes, deslizamentos, desastres provocados pela alteração no escoamento natural das águas pluviais, alteração de clima, entre outros (ALVIM et al., 2015).

Os próximos capítulos foram organizados em duas frentes de teoria: Habitação

Social e Sustentabilidade (com foco no urbanismo sustentável). Foi realizada uma pesquisa bibliográfica atualizada sobre os temas e alguns conceitos e abordagens que se revelaram importantes.

13


14


HABITAÇÃO SOCIAL


16


S

ão muitos os estudos e pesquisas

de financiamento para garantir o acesso a

realizadas na área de habitação social,

moradia urbana tais como a Fundação da

tanto em São Paulo quanto em outras cidades

Casa Popular (FCP) e, posteriormente, o

que sofrem do processo de favelização e

Banco Nacional de Habitação (BNH). Após

espraiamento urbano. Essa temática vem

esse período, difundiu-se a ideia de casa

se tornando cada vez mais importante

própria e esses programas expandiram-se

devido as condições de habitação que a

para atender também a população de baixa

cidade informal vive hoje e pelos projetos

renda (CUNHA; SILVA, 2018).

de habitação social com baixa qualidade

que tem sido construído, focando apenas o

fomentaram

aspecto econômico do processo.

construção civil (gerando emprego para

No início do séc. XX até 1964, os

mão de obra pouco qualificada), quanto

órgãos que lideravam a política de habitação

o do mercado imobiliário (através de

no Brasil eram os Institutos de Aposentadoria

financiamentos) e de industrias de material

e Previdência (IAP). Esses, entretanto, só

de

viabilizavam habitação para determinados

precisava de investimento seguro, por isso

grupos sociais trabalhistas pertencentes

os programas eram voltados em maior

a classe média. Esse período foi marcado

parte a classe média. Após a Constituição

pela intensificação da industrialização e

de 1988 políticas públicas se voltaram para

urbanização das cidades brasileiras, com isso

a população de baixa renda. Com a Lei nº

também o aumento da população brasileira.

10.257 de 2001, áreas urbanas poderiam

Portanto, a demanda por habitação nas

ser destinadas a moradia social através

cidades crescia e precisava de programas

de Zonas Especiais de Interesse Social

Esses programas de financiamento o

construção.

mercado,

Entretanto,

tanto

o

o

de

mercado

17


(ZEIS). Entretanto, essa lei federal ainda

Estado com relação à habitação, valorizando

não garantiu que os municípios cedessem

o papel do arquiteto como um profissional

essas áreas para moradia popular, por

que consegue visualizar os problemas e

conta de interesses políticos em terras de

pensa em solução para a habitação e a

especulação (CUNHA; SILVA, 2018).

cidade. Basta observar como funciona em

Em 2008, com a criação do Programa

países como Holanda, Alemanha e França,

Minha Casa Minha Vida (PMCMV) difundiu-

onde os bairros e conjuntos são planejados

se o acesso a casa própria pela população

de modo integrado com a cidade.

de baixa renda do país por três faixas que variam de acordo com renda e órgão financiador. O PMCMV sofreu alterações em relação a definição das suas faixas e atualmente atende 4 diferentes faixas.

Os

projetos

grandes e

responsáveis

construção

das

pelos

habitações

sociais no Brasil são as incorporadoras e construtoras que representam o mercado, mais interessados na questão econômica do

processo

do

que

na

qualidade

(BUONFIGLIO, 2018). O que observamos nessas habitações é que estas seguem o mesmo modelo (CORADIN, 2014) e em maior parte são construídas em locais afastados de equipamentos e serviços mantendo essa camada da população excluída da cidade, sem conexão (CARVALHO et al., 2016).

18

Seria necessário um planejamento do


HISTÓRICO DA HABITAÇÃO SOCIAL MUNDIAL

O início da história da habitação

Teoria dos Paralelogramos

social nos leva a Inglaterra do sec. XVIII.

Robert Owen (1771-1858)

Início da Revolução Industrial, as indústrias

Inglaterra

se concentravam nas cidades e atraia grande

número de operários que, para conseguir

capacidade de 1200 pessoas, sendo essas

uma moradia próxima aos locais de trabalho

pobres e desempregados. As habitações

se

conformavam

limitava

a

alugueis

em

habitações

Consistia

um

em

aldeias

paralelogramo,

com

e

no

concebidas por empreiteiros que as erguiam

interior dela havia espaços de lazer e

de maneira a economizar o máximo possível

equipamento

e conseguir lucrar. A combinação de pouca

externo dessas habitações haveriam as

circulação de ar, esgoto a céu aberto e

hortas, jardins e estábulos. Com relação

dejetos das indústrias jogados próximo

as habitações, elas teriam áreas internas

as

variáveis

habitações,

concebia

um

ambiente

de

públicos.

acordo

No

com

perímetro

o

tamanho

insalubre aos operários (ALMEIDA, 2007).

da família, mas sempre com tamanhos

No século seguinte, surgiram tentativas de

generosos e com poucas divisórias internas.

resolver os problemas da higiene e do déficit

Os quartos seriam orientados para os jardins

habitacional nas cidades europeias. São

e as salas para o pátio interno. Entretanto

varias as propostas existentes, não temos

a cozinha seria compartilhada entre os

a pretensão de listar todas nesse trabalho.

moradores em forma de um refeitório bem

Entre as principais teorias que influenciaram

ventilado.

muitos projetos habitacionais estão:

19


Falanstério

Cidade Jardim

Charles Fourier (1772-1837)

Ebenezer Howard (1850-1928)

França

Inglaterra

A cidade seria formada por cinturões.

No centro, estariam as residências, no

intermediário os subúrbios e as fábricas e

problemas de insalubridade e pobreza das

no último a periferias e as avenidas. Fourier

habitações

mostra preocupação com áreas permeáveis,

teriam áreas maiores, e com afastamento

ciclo hídrico, ventilação e insolação ao

lateral proporcionando ventilação em todas

propor áreas mínimas de cobertura vegetal

moradias. Além disso, seriam implantadas

e

em áreas em contato com natureza e

plantação

espécies,

de

árvores

afastamentos

de

diferentes

mínimos

entre

Esse conceito, buscava resolver os

operárias.

Essas

habitações

bastante arborizadas. As habitações se

construções, gabarito máximo levando em

desenvolveriam

consideração a largura da via, calhas para

compostos por comércios e indústrias

captação da água da chuva e condução

e seriam contornadas por um cinturão

da mesma para ser absorvida pelo solo.

agrícola. A conexão entre esses cinturões

As habitações, localizadas no cinturão

seria

central

As

seriam

concentradas

em

uma

realizada avenidas

em

por

volta

de

transporte

internas

seriam

núcleos

público. bastante

estrutura chamada Falange. Nela, as áreas

arborizadas e com atividades comerciais

de uso público seriam locadas no centro da

em suas margens.

estrutura e as habitações teriam diversos tamanhos e preços. Essa teoria foi uma

Cidade Industrial

grande contribuição para o urbanismo.

Tony Garnier (1869-1948) França

A proposta era uma cidade para 35

mil habitantes que seria organizada pela topografia. Nas áreas mais baixas estariam

20


localizadas as fábricas. Entre as fábricas e

Falanstério de Fourier

a cidade teria uma estrada de ferro e atrás do morro os equipamentos sanitários para proteção contra os ventos. O sistema viário seria em modelo de malha xadrez com vias de 20m, 13 ou 19m de largura, sendo a mais larga arborizada nas suas margens. No

Fonte: BENEVOLO (1987)

Moradias propostas por Tony Garnier na Cidade Industrial

centro da cidade seria locado os serviços públicos, áreas de lazer e cultura. As quadras viárias teriam 150x30m compostas por lotes de 15x15m. A taxa de ocupação do lote foi definida como 50% de modo que restante fosse jardim público aberto para a rua. As residências deveriam ter dormitórios orientados para o sul e aberturas garantindo iluminação e ventilação dos cômodos. Os materiais construtivos eram limitados a cimento e concreto armado para otimizar a

Fonte: GARNIER (1917)

Cidade Jardim de Howard

construção tornando-a de fácil reprodução e mais barata.

Teoria dos Paralelogramos de Owen

Fonte: BENEVOLO (1987)

Fonte: HOWARD (1996)

21


Baseadas nessas ideologias e utopias

criadas para a sociedade e cidade ideal, se concretizaram os conjuntos habitacionais na Holanda, Alemanha, Inglaterra e Ă ustria entre 1920 e 1940 (BRUNA, 2010).

22


Habitações sociais do séc. XX

Com a destruição causada pelas

os Siedlungem dispunham de equipamentos

guerras do século XX, foram necessárias

comunitários como lavanderias, bibliotecas,

construções de novas habitações para

salas de reunião e áreas esportivas.

as cidades destruídas. Dessa forma, os governos iniciaram a criação de programas habitacionais

para

resolver

o

Siedlung projetada por Gropius

déficit

decorrente das guerras.

Siedlungem, Alemanha

Na Alemanha, no período entre

guerras, iniciaram-se pesquisas na área de

Fonte: BONDUKI (2002)

habitação mínima construída em grande escala utilizando pré-moldados com oferta

de equipamento públicos. Buscavam o

de habitação do trabalhador, em 1920 as

racionalismo, funcionalismo e a rápida

unidades habitacionais deveriam oferecer

produção. O bloco de unidades era chamado

50m² de área útil. Esse decreto mudou como

de Siedlungem e as unidades possuíam sala

as habitações estavam sendo produzidas

de estar e jantar, banheiro e as unidades

na época. Um modelo de espaços coletivos

variavam na quantidade de quartos, entre

com áreas individuais, uma espécie de

três e seis. Todas as unidades permitiam boa

dormitório, passou a ser desenvolvido.

iluminação e ventilação naturais. Além disso,

As áreas como cozinha, sala de jantar,

A partir de um decreto de direito

23


lavanderia, salas de estudo passaram a ser

resultou na criação das “Unités d’Habitation”.

de uso comum. A maior expressão desse

Essas unidades modulares conformam um

tipo de habitação foram as casas comunais

edifício de 10 pavimentos em forma de

da união soviética que continha tipologias

lamina. Seus elementos principais eram o

diversas, equipamentos coletivos e áreas de

piloti, teto jardim, serviços, áreas de lazer

serviço contidas em uma mesma estrutura.

e comércio de modo que o edifico fosse

Essa proposta lembra bastante a de Fourier

autossuficiente. As unidades eram duplex

no século anterior.

com janelas nas duas faces para ventilação cruzada e fachadas com controle térmico e de iluminação por meio o brise-soleil.

Unités d’Habitation, França

Os Congressos Internacionais de

Primeira Unité d’Habitation em Marselha

Arquitetura Moderna tiveram início em 1928 com a motivação de criar diretrizes para a cidade e para as moradias a fim de se obter projetos com maior qualidade. Em relação a moradia, pretendiam melhorar as condições de higiene e diminuir os custos para que a população mais carente tivesse acesso, além disso buscaram o apoio do Estado para que financiassem essas moradias. Sobre as plantas dessas moradias, buscavam uma redução nas áreas de circulação interna e estruturas independentes para conceber plantas e fachadas livres. O IV CIAM, com a participação do arquiteto Le Corbusier,

24

Fonte: FRAMPTON (1997)


Apesar de constituir uma forma

racional oferecendo um grande número de unidades habitacionais, foram construídos poucos modelos de gabarito alto como as unidades habitacionais de Le Corbusier na Europa durante essa época (BRUNA, 2010). No entanto, este modelo tornou-se muito conhecido e inspirou vários outros projetos de habitação coletiva pelo mundo.

Como já mencionado, não há a

intenção de mencionar todos os projeto de habitação coletiva da história. Pontuamos de maneira objetiva alguns dos exemplares mais conhecidos para compreender as relações entre a época e sua proposta.

25


HABITAÇÕES POPULARES NO BRASIL

Os

conceitos

de

redução

das

áreas de circulação interna e utilização de estruturas independentes para conceber

vento e iluminação natural. Vila Operária da Gamboa, Rio de Janeiro, 1934

plantas e fachadas livres elaborados para as Unités d’Habitation de Le Corbusier serviram de referência para muitos outros projetos

habitacionais

desenvolvidos

no mundo após sua criação. No Brasil, as do CIAM influenciaram no campo da arquitetura e desenho urbano. O primeiro conjunto para operários no Brasil foi projeto Fonte: Itaú Cultural (2018)

de Warchavchik com Lúcio Costa em 1932, próximo ao porto do Rio de Janeiro.

popular no Brasil começaram devido ao

As

mínimas,

unidades economia

têm

o

crescimento dos cortiços nas cidades e a

traçado de sua implantação levando em

falta de saneamento básico existente nessas

consideração a topografia local e o clima,

habitações, ocasionando doenças. Com isso

utilizando estratégias passivas de conforto

surgiu a necessidade de projetar moradias

térmico.

para a população mais carente.

As

de

dimensões

unidades

material

do

e

pavimento

superior são acessadas por uma passarela

e a composição do conjunto é conformado

Pensões (IAP) foi o grande responsável

pelas unidades germinadas organizadas de

pelas construções habitacionais de baixo

forma escalonada para melhor proveito do

26

As discussões acerca da habitação

O Instituto de Aposentadoria e


custo no país durante os anos 40 e 50, sendo seus projetos caracterizados por qualidade e durabilidade. As tipologias mais construídas eram: blocos de apartamentos e conjuntos mistos (unidades isoladas, geminadas e blocos de apartamentos). da para

Uma época

das foi

o

principais conjunto

trabalhadores,

financiamento

do

produções habitacional

construído poder

com

público,

o

Pedregulho, no Rio de Janeiro, em 1950, projeto do arquiteto Afonso Reidy. Houveram outros projetos e propostas de

habitação

social

no

Brasil

até

a

contemporaneidade. Mais

recentemente

foram

construídos projetos como o jardim Edite, do grupo UNA, no local onde havia uma favela em uma região bem localizada da cidade de São Paulo, e o Conjunto Heliópolis da parceria de Biselli e Katchborian Arquitetos.

São bons exemplos de projetos

que incorporam questões contemporâneas como ambiente de trabalho dentro da habitação e plantas flexíveis para atender a diversos tipos de moradores.

27


Praรงas internas do Conjunto Heliรณpolis

Fonte: Archdaily (2011)

Tipologias e agrupamentos do Conjunto Jardim Edite

Fonte: Archdaily (2013)

28


No projeto do Jardim Edite, os

A qualidade de projeto desenvolvido

arquitetos criaram um espaço de convivência

por esses dois grupos, tanto em relação

no corredor de acesso às unidades de

a

habitações através de uma viga invertida que

preocupação

funciona como um banco ao longo de todo

inspirações e referências de uma nova

corredor. Transformar um ambiente que tem

preocupação

funcionalidade apenas de circulação em um

preocupação com a boa arquitetura para

que possa ser revertido para o lazer é uma

todos deve continuar se desenvolvendo para

estratégia muito interessante por se tratar

não só atendermos o déficit habitacional

de habitações sociais, onde as unidades

no país como também atendermos com

possuem ambiente com dimensões mínimas.

qualidade à medida que entendemos que

Dessa forma, essas áreas servem como uma

essas

extensão das moradias.

urbano de nossas cidades.

No

Conjunto

Heliópolis,

funcionalidade

da

planta

estética

com

construções

o

quanto

são

grandes

habitar.

compõem

a

o

Essa

tecido

a

configuração e implantação das unidades no terreno criam praças internas que também funcionam de espaços de lazer como expansão da área das unidades. Outro fator importante desse projeto é como as cores são trabalhadas para dar identidade a cada bloco do conjunto.

Essas

estratégias

mencionadas

acima de criação de espaçoes de circulação como área de lazer, implantação dos blocos formando praças internas e cores nos blocos criando identidade a eles foram utilizadas no projeto desenvolvido nesse trabalho.

29


30


U R B A N I S M O SUSTENTÁVEL



O

termo

sustentabilidade

a

escrever sua própria Agenda 21 e colocar

entrar em debates globais com mais

o programa em prática ao longo do século

força em 1972, com o debate em Estocolmo,

21. Na Agenda 21 brasileira tem maior

na Conferência realizada pela ONU que

destaque os programas de inclusão social,

definiu princípios para preservar e melhorar o

sustentabilidade urbana e rural, preservação

meio ambiente humano (UNITED NATIONS,

dos recursos naturais e minerais e a ética

1972), esses vão desde sustentabilidade

política para o planejamento rumo ao

social até econômica.

desenvolvimento sustentável. Entretanto,

Em 1992, outra reunião mundial

o ponto principal é a luta contra a cultura

aconteceu, sobre o meio ambiente de

do desperdício. A Agenda 21 Local é muito

desenvolvimento

mundial,

importante para as cidades, pois torna-se

porém dessa vez no Rio de Janeiro. A

referência para Planos Diretores (INSTITUTO

reunião conhecida como The Earth Summit

ATKWHH, [s.d.]).

sustentável

começa

durou duas semanas e serviu de diretriz para todas as outras conferências posteriores. A cúpula propôs uma mudança nos hábitos da humanidade e o principal resultado dessa reunião foi a elaboração do documento “Agenda 21” (UNITED NATIONS, 1997).

A Agenda 21 baseia-se em “Pensar

globalmente, agir localmente”, portanto estabeleceu

uma

série

de

objetivos

globais e através desses, cada país deveria

33


Agenda 21 São Paulo

Esse documento abrange planos para o desenvolvimento

Seguindo o ideal da Agenda 21, a

em

3

temas:

sustentável

separados

desenvolvimento social

e

urbano,

cidade de São Paulo elaborou sua própria

desenvolvimento

qualidade

agenda aprovada em 1996 pelo Conselho

ambiental (PREFEITURA DE SÃO PAULO,

Nacional de Desenvolvimento Sustentado

2009).

(CADES) afim de alinhar o desenvolvimento

econômico à proteção ambiental e justiça

em Johanesburgo com o objetivo de

social.

chamar a atenção do mundo, mais uma

EM 2002, ocorreu outra conferência

O rápido crescimento urbano que

vez, as questões da cúpula de 92 no Rio. O

a cidade enfrentou nos últimos anos junto

foco foi em ações para melhorar a vida da

a falta de planejamento e preocupação

população mundial e conservar os recursos

com questões ambientais acarretou em

mundiais

problemas de degradação ambiental. Ao

populacional mundial e a consequente

mesmo tempo que a cidade atraia pessoas

crescente demanda por alimentos, agua,

também

abrigo, saneamento, energia, serviços de

segregava

grande

parte

da

por

conta

do

crescimento

população.

saúde, economia e segurança (UNITED

NATIONS, 2015).

Os maiores problemas ambientais

que a cidade enfrentava na época de elaboração da Agenda 21 eram: carência de áreas verdes, a impermeabilidade excessiva

Agenda 2030

do solo, a ocupação de várzeas, encostas

34

e mananciais, as condições precárias de

Após

a

Cúpula

esgotamento sanitário e de solução para os

Sustentável

resíduos sólidos, a contaminação do solo,

participantes propuseram-se em promover

a poluição do ar e da água, assim como

desenvolvimento

a sonora, a visual e a eletromagnética.

próximos 15 anos. Dessa forma, a Agenda

em

de

Desenvolvimento

2015,

sustentável

os

países

para

os


2030 contempla planos de ações e objetivos

direcionar as políticas públicas adotadas no

a serem alcançados até o ano de 2030

município de São Paulo. Portanto, a agenda

(PLATAFORMA AGENDA 2030, [s.d.]). Os

urbana paulistana será integrada a Agenda

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

2030 e aos ODS (CâMARA MUNICIPAL DE

(ODS) são 17.

SÃO PAULO, 2018). O resultado esperado é

Em 2 de fevereiro de 2017, através

o estímulo de pesquisas e projetos voltados

da Lei 16.287, o prefeito de São Paulo,

para essas questões de âmbito social e

João Dória, adotou a Agenda 2030 para

econômico.

Os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável

Fonte: ONU (2015)

O caminho para um estilo de vida saudável se constrói com base nos princípios do crescimento urbano inteligente, do Novo Urbanismo e das edificações sustentáveis” (FARR, 2013, pág. 27).

35


URBANISMO SUSTENTÁVEL

o

Muitas cidades do mundo replicaram modelo

norte-americano

com

“Urbanismo sustentável é aquele com um bom sistema de transporte público e com a possibilidade de deslocamento a pé integrado com edificações e infraestrutura de alto desempenho” (FARR, 2013, p.28).

áreas

residenciais afastadas dos centros e inseridas em áreas que desestimulam as atividades ao ar livre, fazem as pessoas gastarem mais

tempo em deslocamentos. Esses longos

sustentável

percursos estimulam ainda mais o uso

pilares

de carro por esses subúrbios terem uma

A

pobre conexão com transporte público e

em

apresentarem ambientes hostis ao pedestre.

mistos que criam área mais vibrantes e,

Como consequência a esses fatores, mais e

consequentemente, mais ativas, e a biofilia

mais as pessoas deixem de fazer atividade

que permite maior contato humano com a

física resultando no aumento da obesidade

natureza, respeitando e restaurando a fauna

e aumento da poluição proveniente do uso

e flora.

Segundo FARR (2013), o urbanismo está

como:

compacidade

compacidade densidade,

fundamentado

pode

e

ser

mobilidade

em

biofilia.

traduzida e

usos

do transporte particular (FARR, 2013).

O

urbanismo

sustentável

surgiu

como resposta para esses problemas de

Biofilia

modo a propor novos desenhos urbanos que melhore a qualidade de vida dos cidadãos,

tornando-a mais sustentável e saudável.

importante para criar espaços de encontro

Espaços

abertos

são

muito

além de servir de suporte a preservação do meio ambiente, principalmente os parques e

36


praças com bastante área permeável. Essas

água ao recebe-la contaminada e remover

áreas verdes são importantes para captação

poluentes;

da água da chuva, tendo importante papel

na drenagem urbana. Além disso, podem

a água e retornam o oxigênio proveniente

ser equipados com sistema de filtragem

da fotossíntese, restaurando águas fluviais;

dessas águas para separar a agua pluvial de

elementos tóxicos.

infiltração da água no solo.

Jardins aquáticos: plantas que filtram

Pavimentos permeáveis: permitem a

Esses sistemas são muito importantes

para o equilíbrio dos lençóis freáticos, melhor

a qualidade da agua local, além de garantir

é importante para retomar as águas fluviais

a vida de ecossistemas tanto terrestres

como visto em projetos realizados no rio

quanto

infraestruturas

da cidade de Seoul, na Coreia do Sul. O

verdes podem consistir em coberturas

rio que era canalizado teve suas margens

verdes, sistemas de pavimentação porosos,

restauradas com infraestrutura verde e hoje

biodigestores entre outros (FARR, 2013).

atrai vários pedestres que utilizam suas

margens (MORSCH et al., 2017).

aquáticos.

Os

Essas

corredores

verdes

conectam

A utilização de infraestrutura verde

áreas livres permeáveis, podem conectar

outros

urbano, beneficiar o meio ambiente e

espaços

verdes

como

também

Outra forma de recuperar o solo

pode acontecer ao longo de rios, trazendo

construir

comunidades

os de volta a paisagem urbana (MORSCH

é

et al., 2017). Dentre os componentes dos

produção de alimentos pela comunidade é

corredores verdes estão:

algo que veio se popularizando nos últimos

produzindo

alimentos

mais

saudáveis

localmente.

A

anos com o crescimento da consciência dos e

usos de agrotóxicos e de outros produtos

filtragem da água diminuindo o escoamento

nocivos a saúde humana e ao meio ambiente

superficial;

pela indústria de alimentos (FARR, 2013). A

produção local pode ser realizada por meio

Jardins

de

chuva:

retenção

Alagados construídos: purificam a

37


de jardins, pomares, estufas, entre outros de

onde os moradores dos bairros conseguem

uso comunitário.

acessar os meios de transporte público a pé. Moradias próximas a modais de transporte público são alvo de pessoas solteiras, casais

Compacidade

sem filhos, idosos e pessoas de baixa renda; portanto, é importante que se pense em

empreendimentos de renda mista próximo

um urbanismo sustentável. Segundo FARR

a

(2013), empreendimentos com coeficiente

(FARR, 2013). O TOD de renda mista ao

de aproveitamento menores que 0,3 não

mesmo tempo que enfrente problemas de

sustentam

transporte

habitações populares também melhora o

público. Portanto, a densidade tem relação

acesso dessas pessoas a empregos e outras

direta com o urbanismo sustentável uma

oportunidades.

vez que quanto maior a densidade, maior a

possibilidade de melhoria da infraestrutura

do que habitações próximas a estações

de transporte público. Quanto mais densa

de transporte público. Deve-se intervir

uma região, menor a distância que o pedestre

também no bairro, proporcionando no

terá que percorrer para acessar serviços e

entorno empreendimentos de uso misto,

comércios, portanto menor a probabilidade

um ambiente amigável ao pedestre e um

do uso de transporte particular (FARR,

espaço que estimule o encontro entre as

2013).

pessoas.

38

Baixas densidades não comportam

a

utilização

do

Um dos conceitos que visa diminuir

infraestrutura

de

transporte

público

Entretanto, o TOD envolve mais

Os benefícios do TOD são a melhora

o uso do transporte particular e incentivar

na

o transporte público é o chamado Transit

residente

Oriented

Pode-se

morar, trabalhar e espaços de lazer, maior

aumentar o uso de transporte público em 5x

mobilidade com facilidade em se locomover,

através de um desenho urbano compacto,

redução em congestionamento, redução

Development

(TOD).

qualidade com

de

vida

melhor

da lugar

população para

de


no tempo de locomoção, aumento de

Mobilidade Urbana

atividades física, melhorando a saúde da população, diminuição da poluição por

transporte particular, diminui a tendência do

para constituição de uma cidade sustentável

espraiamento urbano, incentivando bairros

está na mobilidade urbana. Possibilitar que

mais compactos e vibrantes.

seus cidadãos escolham o modo como vão

Desde

que

surgiu

em

pauta

Um dos fatores mais importantes

a

se locomover na cidade é primordial para

preocupação com as mudanças climáticas

grandes cidades (BAIARDI, 2013). Quanto

em 1972, o termo “sustentabilidade” vem

mais desenvolvido o sistema de transporte

ganhando força nas mais variadas áreas. A

público e seus diferentes modais integrados,

criação de metas mundiais foi importante

melhor a mobilidade. O transporte público

para reforçar a necessidade de mudança

é indispensável para o acesso ao trabalho,

no modo em que viemos produzindo nos

lazer e diversas outras necessidades dos

últimos anos.

cidadãos (LEITE, 2012).

Garantir

uma

eficaz

mobilidade

urbana é garantir o direito de ir e vir da população. A mobilidade urbana inclui fatores

como

modais

do

sistema

de

transporte, desenho urbano e uso do solo (BAIARDI, 2013). Quando esses fatores estão bem integrados, contribuem positivamente para os deslocamentos na cidade.

O espaço público, desenho urbano, é

o responsável por garantir que o percurso do cidadão seja seguro e claro para as pessoas. Para Lynch, (1960), elementos marcantes fazem com que as pessoas criem referência

39


nas cidades e consigam se orientar mais

misturando pedestres, ciclistas e motoristas

facilmente,

faz com que os motoristas dirijam com mais

contribuindo

então

para

a

mobilidade urbana.

cautela, tornando as ruas mais seguras e

estimulando o uso por ciclistas e pedestres

O uso do solo deve assegurar que

os espaços públicos sejam movimentados,

(LEITE, 2012).

vibrantes, de modo que as pessoas possam

Maior calçadão europeu, na Dinamarca, projeto de Gehl

usá-lo não apenas para se locomover, mas também para outras atividades, tanto de dia quanto de noite. De acordo com Gehl, espaços mais vivos geram maior segurança (BARATTO, 2013).

Em relação ao sistema de transporte,

é preciso que tenha variedade de modais e que eles sejam bem conectados. Dessa forma o cidadão consegue definir qual a

Fonte: GETTY IMAGES ([s.d.])

melhor opção para determinado percurso, podendo esse ser realizado por bicicleta,

transporte coletivo a pé ou transporte

conceito do TOD também contribui para a

particular (BAIARDI, 2013).

mobilidade urbana ao propor o adensamento em

próximo a estações de transporte público

projetos de mobilidade urbana como é o caso

para que as pessoas conseguir acessar ainda

de Copenhagen e Bogotá. Em Copenhagen,

mais serviços, comércios, áreas de lazer

36% dos percursos são realizados com

e trabalho. Pode-se observar em cidades

bicicleta,

consequências:

mais densas que o consumo de combustível

baixos índices de obesidade e doenças

per capita é menor que em cidades menos

do coração. Esse resultado foi alcançado

densas.

graças a Jahn Gehl que percebeu que

40

Como citado no tópico anterior, o

Muitas

as

cidades

melhores

investiram

Ao

invés

de

construir

maiores


avenidas deve-se optar por construir mais

há boa infraestrutura de transporte público

áreas de lazer, calçadas, parques e ciclovias.

e não motorizado de modo que atraia

Gráfico de relação de consumo anual de gasolina per capita de acordo com densidade urbana em pessoas/ha

usuários e desestimule o uso do transporte particular, e por fim estar integrado ao uso do solo com densidades e atividades adequadas para que estimule pessoas a frequentarem esses lugares.

Pudemos

ver

nesse

capítulo

a

importância dessa preocupação para o avanço de estudos na área de urbanismo: questionamentos de como nossas cidades vem sendo construídas e pensadas, levaram a estudos de como organizar melhor a sociedade para viver em melhor harmonia com o meio ambiente.

Nesse sentido, o TFG aqui proposto

procura integrar o projeto ao sistema de Fonte: LEITE (2012)

mobilidade

e

infraestrutura

da

cidade,

De acordo com o ex prefeito de Bogotá,

criando e explorando novas centralidades.

Enrique Peñalosa, a melhor maneira de

diminuir a quantidade de carros nas ruas é

Seguindo

restringido o uso deles e oferecendo outras

da

Compacidade,

opções de mobilidade.

adensamento no entorno de infraestrutura

a

teoria o

do

projeto

TOD

e

propõe

de

de transporte público já existente. Também

mobilidade urbana eficaz deve integrar

aplicando infraestrutura verde e conceitos

todos os modais de transporte, assegura que

de biofilia o projeto criará um desenho

Concluindo,

um

sistema

41


urbano

sustentável

com

utilização

de

pavimentos permeáveis, corredores verdes (parque linear ao longo do Rio Pinheiros), horta comunitária e áreas verdes permeáveis ao longo de todo o terreno.

42


ESTUDOS DE CASO



E

studos de caso são análises de projetos de referência. Consistem em bons exemplos que contribuem para geração de novas ideias, partidos e conceitos. Além de serem

ótimas fontes para nos informarmos do que pode ou não funcionar na prática.

Os projetos selecionados para esse capítulo se relacionam com a temática e com a

proposta desse TFG, contemplando uma ou mais das áreas de interesse: habitação social, sustentabilidade e mobilidade urbana.

Os projetos selecionados foram: • BedZED, •

Santo Amaro V,

Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes

2 Concurso Internacional Living Steel para Habitação Sustentável

Quinta Monroy.

Além de projetos internacionais, essa seleção conta com projetos desenvolvidos

por brasileiros em locais diversos, entretanto próximos da realidade do local escolhido para esse TFG.

45


BEDZED Local: Londres Projeto: Bill Dunster, Construção: 2002

BedZED é a sigla para Beddington Zero Energy Development. É uma referência

importante para esse trabalho, pois une os 3 interesses temáticos: habitação, sustentabilidade e preocupação com mobilidade.

O projeto consiste em uma aldeia ecológica de uso misto, localizada no sul de

Londres. O projeto foi construído em 2002 e conta com 82 unidades de habitação, sendo 15 delas habitações populares. No terreno de 16.320 m² foi construído também uma área comercial de 2.500m² destinada para escritórios e equipamentos comunitários.

Um dos principais objetivos era “zerar” a emissão de CO2 na aldeia. Para alcançar

este objetivo, alinharam edificações com pouca emissão a um estilo de vida mais sustentável para a comunidade. Como consequência, um dos conceitos mais importantes do projeto é incentivar a consciência sustentável dentro da comunidade. Utiliza, para isso, elementos que reforçam as edificações ecológicas (FARR, 2013).

O projeto conta com energias alternativas, como sistema de cogeração de energia

elétrica e térmica, painéis fotovoltaicos e ventilação natural passiva. Além disso, 15% dos materiais de construção utilizados eram reusados ou reciclados, como o aço de demolição. As metas projetuais eram: reduzir o consumo de água potável em 30%, reduzir em 50% o consumo de combustíveis fosseis pelo uso de automóvel privado em comparação com os empreendimentos tradicionais, reduzir o consumo de calor em 90% e conseguir abastecer 40 veículos elétricos utilizando apenas painéis fotovoltaicos.

O BedZED, através de alguns elementos contribui para um urbanismo sustentável.

Algumas unidades são de uso misto, isto é, servem tanto para moradia como para o trabalho, desse modo, reduz a necessidade de sair de casa para ir trabalhar com frequência e, se esse deslocamento for necessário, o morador pode utilizar um carro elétrico disponível

46


nos programas de compartilhamento. Ainda no âmbito da mobilidade, o estacionamento localiza-se no perímetro do projeto, propiciando passeios internos mais seguros e permeáveis ao pedestre. Ainda. Os equipamentos comunitários, de lazer e de esporte ficam próximos as residências, de modo que eles consigam fazer o percurso a pé. Outros elementos que contribuem para o urbanismo sustentável e presento no projeto é o sistema de gestão da água pluvial e a alta densidade da aldeia (FARR, 2013).

Em relação ao edifício das moradias, foram utilizadas vedações econômicas com

consumo de energia 100% renovável, materiais encontrados em um raio de 56km do terreno, ganho passivo de calor solar no inverno orientando as moradias para o sul (hemisfério norte), e sistema de ventilação passiva conduzindo o ar fresco para dentro das moradias realizado pelo elemento na cobertura que dá identidade ao projeto. Essas estratégias alcançaram economia de 30% no consumo de água, 90% na calefação de ambientes e 25% na eletricidade. Um sistema interessante foi originalmente pensado para a aldeia tratar as aguas fecais e as águas servidas usando um tanque de plantas para a desnitrificação. Além desse sistema, há coleta de água de chuva para irrigação de jardim e reuso em descargas. Todas as residências possuem cobertura verde para captar a água pluvial.

A comunidade possui com um sistema de reciclagem e compostagem no próprio

local, o que torna fácil a redução dos resíduos domésticos para os moradores.

O sucesso do BedZED deu-se, principalmente, pelo grande sentimento de

comunidade que há ali entre os moradores. Esse laço foi alcançado por conta dos equipamentos comunitários compartilhados e pelo interesse em comum em um estilo de vida mais sustentável e na sustentabilidade em si. Todos que moram ali buscam o mesmo objetivo e por isso contribuem para a manutenção do lugar (FARR, 2013).

47


Corte perpectivado Fonte: www.zedfactory.com

Sistema de utilização de energia solar, aquecimento de água e reaproveitamento de água Fonte: ARUP

Plantas de uma das unidades habitacionais Fonte: https://i.pinimg.com/ originals/43/ d1/49.png

48


Implantação do projeto Fonte: http://nesa1.unisiegen.de/wwwextern/idea/ buildings/_buildings/b_123/ plan/_zoom/zoom_01.htm

Quadro de análise do projeto PONTOS POSITIVOS

PONTOS NEGATIVOS

Utiliza uso misto, residências e escritórios no Local onde foi implantado não é próximo a mesmo terreno pontos de transporte público em massa Implantação levando em consideração estudo Projeto conta solar populares

apenas

com

15

habitações

Sistema de reciclagem e compostagem no local Reciclagem de água Equipamentos de lazer no local Fonte: AUTORA (2018)

49


SANTO AMARO V Local: M’Boi Mirim – São Paulo Projeto: Vigliecca Construção: 2013

O projeto Santo Amaro V foi selecionado principalmente por ser um projeto atual

que foi implantado na mesma região onde encontra-se o terreno do TFG, na subprefeitura de M’Boi Mirim. Um dos objetivos do projeto foi garantir moradia a população que residia em áreas de risco e de proteção ambiental. O projeto promoveu tanto a urbanização da área quanto a construção de novas edificações habitacionais. A área de implantação é determinada como ZEIS 1 e é ocupada por loteamentos irregulares. A área total é de 5,4 ha com 13,500m² de área construída.

O conceito utilizado no projeto é utilizar o curso de água existente como conector

de todo o projeto. O curso de água permeia o conjunto e constitui em um eixo central verde que estimula a identidade dos moradores. Outro conceito utilizado é o de localizar equipamentos de educação e lazer nas extremidades desse curso de água, gerando pontos vibrantes no projeto. O acesso dos blocos se dá pelas duas faces principais do edifício, garantindo a permeabilidade ao projeto, circulação, segurança e manutenção das áreas. Os edifícios são organizados em três conjuntos, totalizando 200 unidades habitacionais. Dentre os programas de uso comum verificasse: salão de festa, áreas de lazer com churrasqueira, área de lazer infantil, equipamentos de exercícios para idosos e pista de skate. A pista de skate foi um item solicitado pelos moradores, além da manutenção do campo de futebol existente no terreno. Além dessas áreas, também há um centro comunitário e centro de referência de assistência social (CRAS).

O projeto é aberto a uso público, qualquer morador do bairro pode utilizar os espaços

projetados, garantindo inserção urbana e qualificação do entorno, pois proporciona espaços públicos de qualidade para atender a escala do bairro. Porém a falta de entendimento do que é espaço público e privado no local gerou a degradação dos espaços ao longo dos

50


anos. A configuração dos edifícios delimita a área do projeto, contornando a rua. Para garantir a privacidade, Vigliecca utiliza elementos vazados nas fachadas ou aberturas mais elevadas e um pouco recuadas. Por estar localizado em um terreno muito acidentado, utilizou-se da altura dos edifícios para vencer desníveis e conectar áreas através de passarelas e escadas. Cada conjunto do projeto possui um grupo de tipologias que se sobrepõem, porém respeitam o mesmo módulo. A implantação dos blocos garante que eles não façam sombra uns sobre os outros, garantindo ventilação e insolação durante todo o ano. As cozinhas, lavanderias e um dos dormitórios são orientados para o sul, enquanto que a circulação de acesso as unidades e u m dos dormitórios tem insolação norte. Os acessos as unidades são variadas, ora por escadas, ora por passarelas, dependendo de sua localização. As passarelas foram concebidas para serem como ruas elevados, de espaço público e em algumas entradas de unidades formam halls de acesso que permitem apropriam-se por parte dos moradores. O sistema construtivo é de alvenaria de bloco estrutural com passarelas e escadas em estrutura metálica. As tipologias criadas garantem variedade de layouts e não há hierarquização entre ambientes. Isso por conta das larguras internas dos ambientes de 3m em um sentido e de 2,66m a 2,85m no outro sentido.

Quadro de análise do projeto PONTOS POSITIVOS

PONTOS NEGATIVOS

Criação de diversas tipologias

Falta de equipamento em uma das extremidades do projeto criou local inseguro e abandonado

Equipamentos de lazer pensados de acordo com Projeto cria uma espécie de “muralha” que reduz demanda da população local a permeabilidade visual no local Conexão entre terrenos acidentados utilizando passarelas, escadas e o próprio edifício Manutenção do “campinho”, elemento muito importante para os moradores do local Fonte: AUTORA (2018)

51


Tipologias criadas para cada conjunto e tipologias especiais Fonte: CORADIN (2014)

Implantação Fonte: ARCHDAILY (2014)

52


Fachada das unidades voltadas para o campinho, elemento prĂŠ existente no projeto Fonte: FLICKR

Passarela conectando os conjuntos e a ĂĄgua guiando os caminhos Fonte: FLICKR

53


CONJUNTO RESIDENCIAL PREFEITO MENDES DE MORAES, “PEDREGULHO” Local: Rio de Janeiro Projeto: Afonso Reidy Construção: 1958

O Pedregulho foi selecionado por ser um dos primeiros projetos de habitação

coletiva popular no Brasil e por contar com equipamentos comunitários, serviços e áreas de lazer dentro do mesmo terreno.

O projeto de Affonso Reidy foi implantado em um terreno de 52.142m². A topografia

do terreno é muito acidentada, apresenta variação de nível de 50 metros. Concebeu moradia a 570 famílias que foram estudadas através de censos. Após a análise social e econômica dos moradores, o projeto foi elaborado. A taxa de ocupação do terreno é de 17,3%, com densidade demográfica de 470 hab/ha, portando é um projeto bastante verticalizado para a época.

No total, são 4 blocos de habitação. Um dos blocos está localizado perto da encosta

do morro, utilizou da topografia para dar acesso por duas pontes ao pavimento ocupado por instalações do serviço social e da administração. Escadas de circulação vertical para acesso aos pavimentos estão localizados de 50 em 50 metros. Os pavimentos superiores são duplex de um a quatro dormitórios, enquanto que os dois pavimentos inferiores são simples. Optou-se pelo duplex por ser uma solução com maior rendimento, pois tendo apenas 4 pavimentos de moradia, não seria necessário elevador, e com isso, o quinto pavimento seria alcançada no interior dos apartamentos do quarto pavimento.

Além de blocos de habitação, há edifícios e instalações no terreno para uso da

comunidade e público como: lavanderia mecânica, mercado, posto de saúde, creche, jardim de infância, escola primária, ginásio, piscina, clube e campos de jogos e recreação.

O sistema de circulação também foi estudado para que os pedestres pudessem

caminhar dentro do projeto seguros e livres, sem que precisassem atravessar ruas. Para

54


o conforto ambiental pensou-se em um quebra-sol, móvel de eixo vertical ou horizontal, peças terracota de diferentes tipos e venezianas de madeira.

Quadro de análise do projeto PONTOS POSITIVOS

PONTOS NEGATIVOS

Projeto pensado e desenvolvido através de Projeto resolvido inteiro em uma mesma lâmina estudo dos futuros moradores que não permite reprodução Projeto conta com equipamentos de lazer e comunitários no local Utiliza topografia para criar acessos e vista da paisagem Lavanderia comunitária, aumentando a área útil dentro das habitações Fonte: AUTORA (2018)

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Implantação do conjunto habitacional Fonte: ARCHDAILY (2011)

Plantas das tipologias e corte esquemático Fonte: ARCHDAILY (2011)

56


Fachada do conjunto habitacional Fonte: ARCHDAILY (2011)

Galerias de acesso às unidades Fonte: ARCHDAILY (2011)

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2º CONCURSO INTERNACIONAL LIVING STEEL PARA HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL Local: Recife Projeto: Andrade Morettin Construção: não foi construído, projeto de 2007

Este projeto, vencedor do concurso internacional Living Steel de Habitação

Sustentável é uma importante referência por utilizar parâmetros e estratégias sustentáveis pensados para realidade brasileira, além de criar diferentes tipologias de habitação para o habitar contemporâneo.

O projeto realizado pelo escritório Andrade Morettin, propôs uma área construída

de 10.275m² em um terreno de 10.240m². A proposta é de habitações sociais em área de clima tropical úmido caracterizadas por grande insolação, altos índices pluviométricos, altas temperaturas com pouca flutuação e grande umidade. Além disso, por se tratar de região próxima ao nível do mar, os terrenos estão mais sujeitos a inundações.

O projeto apoia-se em pilotis leves, para se assegurar contra as inundações e

não sobrecarregar o solo. Ainda assim, a estrutura suporta 4 pavimentos, garantindo o adensamento, mas ainda isentando a necessidade de elevadores. O projeto desenvolve-se em cima de 7 parâmetros e através da arquitetura responde a esses parâmetros de forma direta e econômica. Os parâmetros são:

1. O uso do solo Considerando que a qualidade do ambiente urbano na faixa tropical úmida depende em grande medida de uma boa ventilação (conforto térmico e higiênico) o projeto propõe uma implantação permeável de blocos isolados arranjados de forma que o ar circule por todas as edificações. O aumento da densidade no terreno acarreta um modelo mais produtivo para ocupação do território, acompanhando a demanda populacional e contendo o avanço

58


da mancha urbana. O Paisagismo deve ser pensado integralmente com espécimes nativas, dispensando cuidados ou doses extras de água.

2.Desempenho bioclimático A Sombra e a ventilação são entendidas como recursos passivos, portanto estratégicos essenciais. Por esta razão os espaços são “explodidos”; vazados; fluidos. A ventilação resfria o meio e as edificações; previne contra a formação do mofo. A cobertura, funciona como um brise com grandes beirais e as varandas, além de sombrearem, protegem contra as chuvas sem, no entanto, impedir a ventilação. A ventilação cruzada é garantida por amplos espaços internos; divisórias internas à meia-altura e as venezianas, desenhadas para bloquear a intensa luz solar, ao mesmo tempo que garante a ventilação. A movimentação das venezianas permite controlar a velocidade do ar no interior da unidade, bem como bloquear os raios solares do poente e nascente. Foram adotados materiais com pequena massa ou inércia térmica (evita armazenar calor durante o dia uma vez que as noites são igualmente quentes). A adoção de cores claras também minimiza a absorção da radiação solar.

3.Construção e Operação A construção é simples, composta de poucos elementos (componentes): “Essencial”. A partir de uma seção transversal tipo o edifício é concebido como uma máquina (sistema) ampliável; reprodutível. Componentes pré-fabricados garantindo um processo limpo e racional. O uso de painéis de laje dispensa o uso de escoramentos ou estruturas temporárias. A utilização de componentes industrializados acabados dispensa o uso de pintura ou outros cuidados superficiais, minimizando as atividades de manutenção.

4. Materiais e recursos (Desempenho ambiental) O projeto busca apenas o essencial, prevê uma construção simples; com uso econômico de

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materiais (Lightness). Da mesma forma, tendo seu funcionamento embasado nas soluções passivas o edifício demanda um mínimo consumo de energia para funcionar e se manter. Os princípios para especificação dos materiais empregados são: certificação ecológica com custo acessível, priorizando produtos locais. Também foi pensado sistemas prediais tais como sistema solar para aquecimento de água e reuso de águas pluviais.

5. Flexibilidade e Reprodutibilidade O Edifício, construído a partir de componentes pré-fabricados e elementos industrializados, pode ser facilmente reproduzido. Pensado como um modelo adequado para toda a faixa tropical úmida, o edifício tem grande capacidade para se adaptar aos diferentes contextos com dimensões diferentes.

6. Fatores Socioculturais O habitar contemporâneo, tendo como condicionantes sua religião, divisão do trabalho, valores simbólicos, dentre outros, foi determinante para se pensar as tipologias como unidades flexíveis. A intervenção no espaço por parte de seus usuários não é apenas permitida, mas é também encorajada: a participação na definição do espaço estimula o sentimento de pertencimento que além de promover o bem-estar da comunidade propicia o envolvimento e compromisso com a preservação do empreendimento. As varandas e circulação horizontal são também espaço de vivência e encontro.

7. Custo Pensando novamente no projeto mínimo, é importante também que seja econômico. A predominância do uso de recursos naturais, como o vento ou a iluminação natural, reduz a necessidade de equipamentos e, portanto, a quantidade de energia e de capital para a construção e operação de edifícios. A industrialização da construção promove a economia de escala além da redução no tempo de execução e do desperdício de material na obra.

60


Corte do bloco de habitação mostrando as estratégias passivas de desempenho bioclimático Fonte: MORETTIN (2007)

Corte do bloco de habitação mostrando o sistema de reutilização de água Fonte: MORETTIN (2007)

Tipologia das unidades com flexibilidade de usos para atender diversos tipos de moradores Fonte: MORETTIN (2007)

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Perspectiva das fachadas Fonte: MORETTIN (2011)

Perspectiva dos blocos habitacionais Fonte: MORETTIN (2007)

Quadro de análise do projeto PONTOS POSITIVOS

PONTOS NEGATIVOS

Unidades flexíveis para atender necessidades Réplica de um mesmo edifício que acaba por dos moradores não conversar com o entorno Utiliza materiais e recursos locais Estratégias passivas de conforto climático Lavanderia comunitária, aumentando a área útil dentro das habitações Fonte: AUTORA (2018)

62


QUINTA MONROY Local: Iquique Projeto: Alejandro Aravena Construção: 2003 O projeto situa-se em uma área de 5.000 metros quadrados² no centro da cidade de Iquique, marcada por assentamentos irregulares. O terreno nessa região é muito caro, portanto evitou-se a remoção dos moradores por meio de um programa de habitação do governo que subsidia a habitação em até US$7.500,00 por família.

Com esse pequeno orçamento o escritório só conseguiria prover habitações de

até 30 metros quadrados o que obrigaria os moradores a expandiram essa pequena área espontaneamente. Para resolver esses problemas de valor e espaço, pensaram em outra forma de equacionar o projeto: “em vez de projetar a menor unidade possível, de US$ 7500 e multiplicá-la 100 vezes, nos perguntamos qual é o melhor edifício, de US$7500, capaz de abrigar 100 famílias e suas respectivas ampliações”.

Portanto, o arquiteto planejou residências que pudessem “crescer verticalmente”,

então projetou apenas o térreo e o último andar. Com isso, as pessoas poderiam ampliar suas casas e conseguir ainda que fosse valorizada, por já estar em um terreno bem localizado. Aravena inicou desenvolvendo uma tipologia que garantisse uma densidade adequada para o terreno caro. Depois resolveu-se o entorno e área externa das moradias. Criouse calçadas e ruas, e também espaços coletivos e comum, mas de acesso restrito, para estimular os encontros entre os moradores.

Com o pensamento da expansão gerado pela autoconstrução pelos próprios

moradores, o edifício deveria conter rasgos, vazios, para que a expansão se desse em cima de estrutura existente. A ideia era constituir a forma para a construção espontâneas, e não um limite de expansão, apenas para organizar o crescimento das moradias.

A ideia final era que o projeto seria o de uma moradia pequena típica de classe

média, com a condição de que a outra metade da moradia seria construído posteriormente

63


pelos próprios moradores. Neste sentido, banheiros, cozinha, escadas e paredes divisórias estão projetados para o estado final (uma vez ampliado), para uma habitação de 70m².

Em resumo, optou-se por fazer a metade que uma família, individualmente, nunca

poderia alcançar, por mais tempo, esforço e dinheiro que se invista. E é dessa forma que o Elemental respondeu com ferramentas próprias da arquitetura a uma pergunta nãoarquitetônica: como superar a pobreza.

Entrada das habitações com o vazio que moldará a futura ampliação

Fonte: ARCHIDAILY (2012)

Vista interna da habitação com apenas as áreas em seu estado final

Fonte: ARCHIDAILY (2012)

Quadro de análise do projeto PONTOS POSITIVOS

PONTOS NEGATIVOS

Unidades mínimas porém com estrutura para Liberdade de expansão por parte dos moradores aumentar cria fachadas que não se conversam Utiliza materiais e recursos locais Estratégias passivas de conforto climático Moradores dão personalidade para suas unidades Fonte: AUTORA (2018)

64


Planta do primeiro pavimento Fonte: ARCHDAILY (2012)

Planta do segundo pavimento Fonte: ARCHDAILY (2012)

Planta do terceiro pavimento (futura ampliação) Fonte: ARCHDAILY (2012)

65


Os

projetos

analisados

apresentam

estratégias

interessantes tanto na área da habitação social quanto em sustentabilidade. Muitos conceitos podem ser aproveitados desses projetos, entretanto deve-se atentar as condições do local em que foi implantando. Para isso deve-se analisar o terreno, o entorno e o perfil da população que habita a região. Essa análise é realizada no próximo capítulo.

66


LOCAL


N

SANTO AMARO M’BOI MIRIM


A

área de interesse do projeto encontra-se na zona sul da cidade de São Paulo e compreende os distritos de

Santo Amaro e M’Boi Mirim, separados pelo rio Pinheiros. Apesar de o terreno do projeto estar situado no lado do rio que corresponde a M’Boi Mirim, nessa primeira parte do capítulo apresentamos brevemente o histórico dos dois distritos uma vez que o projeto visa conectar os dois distritos e que a história de M’Boi Mirim está diretamente ligada ao desenvolvimento de Santo Amaro.

AO LADO ESQUERDO: MAPA DE SÃO PAULO COM OS DISTRITOS DE SANTO AMARO E M’BOI MIRIM DESTACADOS Fonte: AUTORA (2018)

69


SANTO AMARO

O desenvolvimento do distrito de Santo Amaro ocorreu devido às missões jesuítas

ao longo do rio desde o século XVI. Foi ali que foi instaurada a primeira colônia estrangeira do Brasil, uma colônia alemã. Até 1935 Santo Amaro foi um município independente até ser anexado à cidade de São Paulo. Um dos maiores fatores para esse acontecimento foi a construção do aeroporto de Congonhas, um importante ponto de transporte aéreo em São Paulo (PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO, 2008).

Santo Amaro é considerado um importante centro para a região sul de São Paulo

por apresentar importantes equipamentos como o autódromo, bibliotecas, casas de teatro e um comércio bastante ativo, o Largo Treze de Maio.

Por fim, na história do bairro, destaca-se a região do Largo 13 de Maio, centro comercial e serviços do distrito, e atualmente local de referência para a população da periferia do extremo sul de São Paulo. Foi implantado sobre uma elevação topográfica que domina a várzea do Rio Pinheiros. Fruto de uma nucleação espontânea, o largo e seus arredores aglutinam uma série de serviços. Antes da implantação do terminal de ônibus na Avenida Padre José Maria era possível ter uma abertura visual em direção ao Rio Pinheiros por esse eixo. (BAIARDI, 2012, p.75).

70


M’BOI MIRIM

Em 1607 iniciou-se deu processo de ocupação juntamente com o primeiro processo

de extração de minério de ferro da América do Sul. Após 20 anos da extração do minério, a aldeia ali instalada passou a servir apenas de ponto de passagem no trajeto dos viajantes a caminho de Embu ou Itapecerica da Serra, por 200 anos. O segundo processo de colonização iniciou-se com a chegada de imigrantes alemães para colonizar a região. Nessa época, M’Boi Mirim fazia parte de Santo Amaro, que tinha sido então elevada à categoria de município (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2018).

Nesse novo município era onde se produzia a maior parte dos alimentos (batata,

marmelada, farinha de mandioca, milho e carne) e matéria prima de construção (madeira, areia e pedras) consumidos em São Paulo. Por isso, foi instalado ali uma estação ferroviária para que esses produtos fossem transportados por bondes de Santo Amaro à São Paulo. O local também foi escolhido para a instalação da Represa do Rio Guarapiranga, afluente do Rio Pinheiros, a fim de controlar a vazão do Rio Tietê em épocas de seca e manter a Usina de Parnaíba ativa. A construção da represa contribuiu para que mais pessoas fossem atraídas ao local por conta da beleza natural das margens do Guarapiranga, na época chamada de Riviera Paulista. Esse povo, constituído por alemães e italianos, utilizavam a represa para pescar, caçar e praticar esportes aquáticos (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2018).

Após a anexação de Santo Amaro à cidade de São Paulo, por volta de 1950, M’Boi

Mirim sofreu um processo de ocupação ainda maior. Acompanhado pelo período de industrialização, várias vilas operárias começaram a surgir no local. Esses operários, vindos de outros estados e do interior paulista migravam para trabalhar nas fábricas que surgiam em Santo Amaro. O grande boom aconteceu no fim da década de 60, com crescimento desordenado, muitas habitações eram construídas em áreas de preservação e em regiões

71


de mananciais (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2018).

Por outro lado, a região também ganhou importantes

construções como o Parque Municipal Guarapiranga de autoria de Burle Marx, em 1974, e o Centro Empresarial de São Paulo, em 1977.

AMBIENTE FÍSICO

Hoje, M’Boi Mirim pertence a Macrorregião Sul 2

de São Paulo e engloba os bairros de Jardim São Luiz e Jardim Ângela. Sua área é de 62,10 km2 e apresenta uma população total de 563.305 habitantes (IBGE, 2010). Seu perfil topográfico é predominantemente caracterizado por morros, 70% do seu terreno representa área desfavorável a ocupação devido as condicionantes físicas, apenas 25% da totalidade do território é adequada (MIRIM, 2016).

Uma pequena parte do território, apenas 5%, está

sujeita a inundação, são as áreas indicadas para preservação e criação de parques. O território em sua maior parte é banhado pela Represa Guarapiranga, com exceção do trecho norte do Jardim São Luís que é drenado por bacias que contribuem para o sistema do Rio Pinheiros, são as sub-bacias do córrego Morro do S e Ponte Baixa. O terreno do projeto encontra-se na área da sub-bacia do córrego Ponte Baixa. Essa sub-bacia envolve quase que totalmente a região norte do Jardim São Luís, áreas adensadas com

AO LADO DIREITO: MAPA COM OS BAIRROS DE M’BOI MIRIM DESTACADOS Fonte: AUTORA (2018)

72


N

CURSOS E CORPO D’ÁGUA SANTO AMARO JARDIM SÃO LUÍS JARDIM ÂNGELA

73


assentamentos precários, condomínios de classe média e indústrias. Nessa área há déficit no sistema de drenagem, ausência de rede de esgoto, áreas de risco, ocupação desordenada e predominantemente horizontal.

PERFIL SOCIOECONÔMICO

No censo de 2010, M’Boi Mirim contava com uma

população de 563.305 habitantes com crescimento de 1.5%, acima da média da cidade de São Paulo. Ainda comparando com o percentual encontrado na cidade, a subprefeitura possui mais jovens menores de 14 anos (25.4%) e menos pessoas com mais de 60 anos (6.9%) que a média encontrada

ABAIXO: MAPA CHAVE COM ÁREA EM DESTAQUE DO MAPA AO LADO

na cidade. O IDH geral é de 0.762, inferior à média da cidade de 0.805. A violência é mais alta que no município, com uma média de 22 homicídios por 100 mil habitantes. Esse dado explica o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) encontrado no local. No Jardim Ângela, 53.3% da população faz parte dos grupos de maior vulnerabilidade, enquanto que no Jardim São Luiz essa taxa cai para 19.0%.

Em

relação

ao

emprego

na

subprefeitura,

a

participação dos empregos formais corresponde a apenas 1.5% do município, sendo que sua população corresponde a 5%. Verifica-se que quase toda essa porcentagem de emprego formal se situa no Jardim São Luís (1.2%). O número

AO LADO DIREITO: MAPA COM ÁREA DE RISCO GEOLÓGICO TOPOGRAFIA E LOCALIZAÇÃO DE FAVELAS DA ÁREA DESTACADA NO MAPA ACIMA Fonte: AUTORA (2018)

74


N

RIO S

IRO

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PIN RIO

JU

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BA TU

BA

TERRENO DE PROJETO ÁREA DE RISCO GEOLÓGICO FAVELAS CURVAS DE NÍVEL

75


de pessoas desocupadas também é maior em M’Boi Mirim, com uma maior concentração no Jardim Ângela.

O setor que mais emprega na subprefeitura é o de serviços (46.5%), porém também

tem bastante participação o setor industrial (22.9%) e o comercial (22.7%), o setor da construção civil tem pouca participação (7.9%). Em 2012, o salário médio dos trabalhadores da subprefeitura era de 1,01 a 3 salários mínimos. A maioria dos trabalhos exigiam ensino médio completo (43.3%) e o restante era dividido entre ensino superior e fundamental completo, entretanto menos de um quarto da população possui ensino superior completo. Com base no censo de 2010, 44,50% da população tem acesso à educação infantil enquanto que 91,50% é atendido pelo ensino médio. Em relação a infraestrutura equipamentos na área de educação no total são 3 CEUs, 3 EMEIs, 76 unidades de ensino médio e fundamental, 19 de Educação Infantil, 95 CEIs, 64 estabelecimentos de ensino privado e cada distrito conta com uma ETEC. Os CEUs apresentam biblioteca pública e nos localizados no Jardim Ângela, há também teatro e cinema. Entretanto, nenhum dos CEUs existentes são de fácil acesso devido a localização e escassez de transporte público. Portanto os equipamentos públicos de lazer e cultura não são eficientes na região. Em contrapartida, os equipamentos de esporte e lazer estão a um raio de 1km de mais de 90% da população local.

Grande parte dos moradores vivem em situação de favela (21,4%), quase o dobro da

média da cidade. Desses, 13.667 moradores estavam em situação de risco. A maior parte das construções são residenciais, com predominância de residências horizontais (55,72%). Dos domicílios, 15,4% não é conectado à rede de esgotos.

O modo de transporte mais utilizado na subprefeitura é o coletivo (aproximadamente

52%) seguido pelo a pé (aproximadamente 34%) e individuais (aproximadamente 14%). Mais de um terço da população de M’Boi Mirim (34,2%) gasta mais de uma hora no deslocamento casa-trabalho. Esse percentual é bem maior do que o encontrado na cidade (21,8%). Dentre as viagens diárias registradas no local aproximadamente 40% são dentro do próprio distrito, seguido de 15% para Santo Amaro, 8% para Pinheiros, 8% para Vila Mariana e o restante corresponde a viagens para outras subprefeituras.

76


Divisão da faixa etária da população de M’Boi Mirim 25%

69%

6%

Fonte: Elaborado pela autora (2018)

Divisão dos setores em que trabalham os moradores de M’Boi Mirim Construção Civil

Meios de transporte utilizado pelos moradores de M’Boi Mirim 14% TRANSPORTE PARTICULAR

Industrias Comércio

34% A PÉ

52% TRANSPORTE PÚBLICO

Serviços

Fonte: Elaborado pela autora (2018)

Fonte: Elaborado pela autora (2018)

77


PLANEJAMENTO URBANO A subprefeitura de M’Boi Mirim elaborou um caderno de propostas do plano regional. De acordo com o Plano Diretor, quase que a totalidade de sua área se encontra na Macrozona de Proteção e Recuperação Ambiental devido as características hidrológica, topográfica e sua biodiversidade. Na porção mais ao norte, na área de interesse deste TFG, delimitouse uma Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana por conta da desigualdade socioespacial, diversidade de padrões de uso e ocupação do solo presente na região. Essa macrozona divide-se em três macroáreas: •

Macroárea de Redução de Vulnerabilidade Urbana: áreas com baixa qualidade

urbana e ambiental. •

Macroárea de Estruturação Metropolitana: porção dentro do Arco Jurubatuba, Setor

Orla Ferroviária e Fluvial, com potencial de transformação urbana. •

Macroárea de Qualificação da Urbanização: áreas com uso misto e edificações

horizontais e verticais.

Dentro da Macroárea de Estruturação Metropolitana planeja-se um adensamento

tanto construtivo quanto populacional estimulando atividades econômicas, serviços públicos, outras atividades e restauração da paisagem dos espaços públicos.

Córrego Ponte Baixa

O terreno selecionado para o desenvolvimento do projeto também encontra-se

dentro do perímetro da sub-bacia ponte baixa. Essa área foi nomeada como Córrego Ponte Baixa pela Subprefeitura de M’Boi Mirim que definiu diretrizes específicas para essa região.

78

O perímetro compreende o Centro Empresarial de São Paulo, estação de metrô de


Santo Amaro que é integrada com a estação de trem de Santo Amaro e com o Terminal de Ônibus Guido Caloi. Sua localização é muito importante, pois faz divisa com Santo Amaro e com a Marginal Pinheiros. Situa-se também dentro do Arco Jurubatuba e do perímetro do Programa Renova-SP (PAI Ponte Baixa 4 – SEHAB). Diretrizes da Subprefeitura: •

• • • •

• •

Urbanizar e promover a regularização fundiária dos assentamentos precários, dotando-os de serviços, equipamentos e infraestrutura urbana completa, garantindo a segurança da posse e recuperação da qualidade urbana e ambiental; Promover saneamento ambiental com ações que objetivam o acesso universal ao saneamento básico, a solução dos problemas de macro e micro drenagem, a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; Recuperar e proteger o patrimônio ambiental com a preservação dos remanescentes de Mata Atlântica e áreas vegetadas, revitalização de nascentes e cursos d’água, implantação dos parques previstos no PDE, implantação de novos parques lineares e de caminhos verdes interligando todos os parques existentes e previstos; Fomentar a elevação dos níveis de escolaridade dos trabalhadores e estímulo à criação de novas escolas profissionalizantes; Incentivar a diversificação e instalação de novas atividades produtivas e a geração de empregos; Ampliar a oferta de equipamentos e serviços públicos; Qualificar conexões com o município vizinho; Ampliar a oferta de transporte público de alta e média capacidade de acordo com o Plano de Mobilidade; Requalificar as calçadas nas vias comerciais e de acesso a terminais de transporte público; Suprir a demanda por equipamentos urbanos e sociais de acordo com o Plano Diretor Estratégico.

Objetivos para o perímetro do Córrego Ponte Baixa: •

• • • •

• •

Atender a demanda por equipamentos e serviços públicos sociais, especialmente de saúde, de educação e de cultura; Atender a população em situação de vulnerabilidade social, especialmente a população em área de risco; Promover ações indutoras do desenvolvimento econômico local pelo estímulo ao comércio e serviços locais; Qualificar os espaços livres públicos; Atender a demanda por espaços livres públicos de lazer e esporte; Promover a conservação das paisagens e do patrimônio material e imaterial da região; Promover a recuperação e conservação ambiental dos cursos d´água, das áreas verdes e revitalização de áreas degradadas e contaminadas; Solucionar os problemas de saneamento ambiental, em especial esgotamento sanitário e manejo de águas pluviais (drenagem); Promover a coleta e destinação de resíduos sólidos, de acordo com o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade de São Paulo - PGIRS; Melhorar a acessibilidade e mobilidade local; Promover o atendimento habitacional e a regularização fundiária de acordo com as diretrizes do Plano Municipal de Habitação - PMH.

79


Diretrizes para o perímetro do Córrego

Ponte Baixa • • •

• •

• •

Melhorar as questões habitacionais, especialmente nas áreas de risco junto ao Córrego Ponte Baixa; Promover melhorias no sistema de drenagem, com atenção às áreas de alagamento junto ao Córrego Ponte Baixa; Compatibilizar as intervenções do sistema viário estrutural com as propostas para a rede hídrica ambiental; Fornecer e melhorar a infraestrutura básica (água, luz, esgoto) nos assentamentos precários; Promover de coleta e disposição adequada de resíduos sólidos de acordo com o Plano de Resíduos sólidos; Promover melhorias de iluminação e arborização; Promover melhorias nas calçadas para circulação de pedestres;

• • •

• • • •

Melhorar os principais eixos viários e o acesso às estações de transporte público (trem, metrô, ônibus e futuro monotrilho); Implantar ciclovia onde o relevo é favorável e conectar com rede cicloviária existe; Implantar novos equipamentos públicos e promover conexões entre eles; Criar espaços públicos ao longo do Córrego Ponte Baixa; Explorar o potencial ambiental das margens do Rio Pinheiros, Canal e Represa Guarapiranga e criar um corredor paisagístico. Implantar e integrar áreas públicas verdes e de lazer; Implantar equipamentos de saúde; Implantar equipamentos de assistência social previstos pela SMADS; Implantar equipamentos de educação previstos pela Secretaria Municipal de Educação e de acordo com as necessidades da população.

N

CÓRREGO PONTE BAIXA MACROZONA DE ESTRUTURAÇÃO METROPOLITANA

MAPA COM PERÍMETRO DA SUB-BACIA CÓRREGO PONTE BAIXA E MACROZONA INCIDENTE NO TERRENO Fonte: AUTORA (2018)

80


MAPA COM PERÍMETRO DO CÓRREGO PONTE BAIXA E MACROZONA DESTACADOS N

RIO S

IRO

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PIN RIO

JU

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BA TU

BA

TERRENO DE PROJETO LOTE EDIFÍCIO GARAGEM ZPI 1 ZEPAM ZEM ZEIS 3 ZEIS 2 ZEIS 1 ZDE 2 ZC CANTEIROS ZEU u

Fonte: AUTORA (2018)

Como podemos observar no mapa acima, existem

Zona de Centralidade (ZC) e Zona Predominantemende Industrial (ZPI 1) no entorno do terreno. Do outro lado do rio, entretanto, predomina a Zona de Desenvolvimento Econömico 2 (ZDE 2).

81


MOBILIDADE URBANA

O local conta com diversos modais de transporte no entorno, tais como: ciclovia,

metrô, trem e ônibus. Entretanto, o acesso a esses pontos de transporte público é complicado para os moradores do Jardim São Luiz, uma vez que existe a barreira da topografia e da linha férrea no meio do caminho. Além disso, a densidade urbana próxima a esses pontos é a mais baixa da região. Mapa com os meios de transporte importantes da região

Mapa da densidade habitacional

N

MODAIS DE TRANSPORTE ESTAÇÃO DE TREM

DENSIDADE HABITACIONAL < 10 hab/ha

Fonte: Elaborado pela autora (2018)

TERMINAL DE ÔNIBUS

10 A 30 hab/ha

100 A 200 hab/ha

ESTAÇÃO DE METRÔ

30 A 50 hab/ha

200 A 400 hab/ha

50 A 100 hab/ha

> 400 hab/ha

CICLOVIA

82

Fonte: Elaborado pela autora (2018)

N


Mapa origem-destino dos moradores de M’Boi Mirim

Mapa com pontos de interesse do entorno N

PI NH

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6 7

12

8

9

FLUXOS

Fonte: Elaborado pela autora (2018)

10

11

Fonte: Elaborado pela autora (2018)

1. EXTRA SUPERMERCADO 2. CENTRO EMPRESARIAL DE SÃO PAULO E SHOPPING PANAMBY JARAGUA 3. FÓRUM TRABALHISTA 4. ARENA SOCCER GRASS NEYMAR 5. CONJUNTO EMPRESARIAL 6. PÁTIO GUIDO CALOI 7. EMEF 8. FATEC E ETEC 9. ESCOLA ESTADUAL 10. TERMINAL DE ÔNIBUS GUARAPIRANGA 11. SHOPPING CENTER FIESTA 12. BAYER 13. TERMINAL DE ÔNIBUS GUIDO CALOI E ESTAÇÃO DE METRÔ DE SANTO AMARO 14. ESTAÇÃO DE TREM DE SANTO AMARO 15. SESC SANTO AMARO 16. TERMINAL DE ÔNIBUS DE SANTO AMARO 17. POUPATEMPO 18. TEATRO ALFA 19. TRANSAMÉRICA EXPO CENTER 20. CREDICARD HALL

83


Diagnóstico

Pela análise dos mapas anteriores, podemos notar que mais da metade dos

residentes de M’Boi Mirim deslocam-se diariamente para outros bairros. É importante ressaltar, que esses bairros são localizados do outro lado do Rio Pinheiros e que a conexão entre as duas margens é falha para pedestres e ciclistas. O bairro que mais recebe morador de M’Boi Mirim diariamente é Santo Amaro, que também possui mais pontos culturais e educacionais. É importante, portanto, uma conexão melhor entre os os bairros de Jardim São Luiz e Santo Amaro, inclusive essa é uma das diretrizes da Subprefeitura, mencionada anteriormente nesse capítulo.

A estação CPTM Santo Amaro é uma das mais movimentadas da capital paulista

(BAIARDI, 2013), possui intermodalidade com o Metrô e com o terminal de Ônibus Guido Calor. Entretanto, falta maior conexão com o sistema cicloviário e pedonal. A densidade próxima as estações de transporte público é abaixo de 10hab/ha, a mais baixa encontrada na área estudada. A presença de grandes áreas utilizadas para estacionamento evidenciam a desconexão desses modais com o tecido urbano. O panorama encontrado na região é o oposto do indicado pelo conceito do TOD para um urbanismo sustentável.

Existem muitas favelas no distrito de M’Boi Mirim e grande parte desses assentamentos

irregulares encontram-se em áreas de risco ou em áreas de mananciais. Uma da diretrizes para o perímetro Córrego Ponte Baixa é melhorar as condições de habitação desses moradores que se encontram em áreas de risco.

No diagrama ao lado, foi elaborado um resumo do diagnóstico do local para melhor

compreensão do levantamento. Após enterdemos o local em que o projeto será implantado, começaremos a analisar o terreno para a elaboração da proposta.

84


RESUMO DO DIAGNÓSTICO DO LOCAL

Topografia Terreno acidentado separa o bairro do Jd São Luís

Rio Pinheiros Funciona como barreira entre os dois lados da sua margem e hoje é poluído

Modais de transporte público Boa oferta, com variedade de modais de transporte público

Localização Vizinho ao bairro de Santo Amaro e próximo ao Largo Treze de Maio (centralidade da região sul de São Paulo)

População carente de moradias e serviços Antiga área industrial Região marcada por galpões industriais e hoje por centros empresariais

Pátio Guido Caloi Grande construção voltada para manutenção dos trens

Conexão Por conta de barreiras com o rio Pinheiros e as linhas férreas, há falta de conexão principalmente ao pedestre entre áreas do bairro

Equipamentos públicos Faltam equipamentos voltados a saúde e também áreas de lazer além de escolas de ensino fundamental.

Déficit habitacional Pessoas sem moradia adequada e vivendo em áreas de risco e proteção

Walkability Não há desenho urbano pensado para o pedestre e falta de diversidade de usos

Demanda por moradias Crescente demana habitacional e moradores do bairro morando em regiões com área de risco de desabamento e mananciais

Vias de fluxo rápido Vias pensadas para o uso do transporte particular

CONDICIONANTES POTENCIALIDADES

DEFICIÊNCIAS

Criar elementos que contribua e melhore a conexão tanto internamente para o bairro quanto para o bairro de Santo Amaro Conectar M’Boi Mirim a Santo Amaro criando outro nó de centralidade no Largo Treze de Maio Prover moradias em áreas seguras e próximas aos meios de transporte público Galpões industriais podem dar espaço a outros usos que sejam mistos, tornando a região mais vibrante Criar equipamentos públicos voltados a saúde, educação e lazer

PROJETO Melhoramento de walkability nos limites do terreno Ciclovia e ciclofaixas conectando a ciclovia existente na margem do Rio Pinheiros Habitações para retirar as pessoas das áreas de risco geológico e áreas de mananciais Diretrizes para criação de centro cultural e comunitário Diretriz de melhoramento da Av. Guido Caloi com uso de biovaletas, postes de iluminacão e arborização

Gerar novos empregos e possibilidade de renda para população residente

Galpão de oficinas onde os moradores possam se qualificar

Criar consciencia ambiental afim de preparar a população para criar ambientes sustentáveis e revitalização dos rios da cidade

Áreas para comércio e restaurante/escola, contribuindo para a economia local Espaços de lazer público e áreas verdes Parque linear com diretriz de formar corredor verde ao longo do Rio Pinheiros

Fonte: Elaborado pela autora (2018)

85


TERRENO

O terreno selecionado para o projeto, funciona hoje como estacionamento e há

muitos veículos abandonados. Possui boa localização, próximo à estação de metrô, trem e terminal de ônibus. Nesse terreno, destinado pelo plano diretor a ser utilizado para edifícios garagens, propõem-se uma Zona Mista de Interesse Social (ZMIS). Zona Mista de Interesse Social (ZMIS): porções do território caracterizadas predominantemente pela existência de assentamentos habitacionais populares regularizados, conjugados ou não com usos não residenciais, destinadas à produção de habitação de interesse social e a usos não residenciais;

Um dos objetivos da proposta é criar habitações para pessoas que vivem próximas

à região, em áreas de risco ou em lugares desprovidos de transporte público. Além disso, o projeto integra a proposta do Plano Diretor do Lote de Incentivo à Edifício Garagem prevendo um espaço no terreno para a construção do mesmo. Os recursos arrecadados com o aluguel desse edifício serão revertidos para subsidiar as construções do complexo habitacional.

Além das habitações, a análise do entorno evidenciou outras deficiências na região

como a falta de alguns equipamentos públicos e desconexão entre áreas. Portanto, o projeto cria como diretriz o melhoramento da mobilidade dentro de M’Boi Mirim e a criação de uma ponte de pedestres que o conecte ao bairro vizinho.

86


Aproximação da escala do terreno que será trabalhado nessa etapa

RI O IR

E NH PI S O

3

2 4

Foto 1 1

Fonte: Elaborado pela autora (2018)

Foto 2

Foto 3

Foto 4

87


Mapa com curvas de nível e terreno inserido na imagem de satélite

N

TERRENO DE PROJETO CURVAS DE NÍVEL CURVA DE NÍVEL 729.00m

88


TOPOGRAFIA Terreno com variação de nível nas extremidades de apenas 2 metros e 3 metros em relação a margem do rio. Maior parte do terreno na cota 729.00m que foi utilizada como cota de referência de nível 0.00m no projeto.

ÁREA TOTAL: 43.765,76 m2

ZONA MISTA DE INTERESSE SOCIAL: Índices Urbanísticos: CA mínimo: 0,3 CA básico: 1 CA máximo: 2 Recuo Frontal: 5m TO máxima: 0,7 Gabarito máximo: 28m

89


90


PROJETO



DIRETRIZES DE CONEXÃO COM O ENTORNO

Nessa primeira parte trataremos das diretrizes para as áreas próximas ao terreno,

pois entendeu-se na análise realizada no capítulo anterior que a região tem algumas deficiências tanto em equipamentos públicos quanto em elementos de conexão .

CENTRO COMUNITÁRIO, ESPORTIVO E EDUCACIONAL Além de suprir o déficit desses equipamentos públicos da região, esse complexo será responsável por unir a área de maior altitude do Jardim São Luíz com a mais próxima do rio. Os equipamentos deverão ser dispostos em níveis, acompanhando a topografia . Através dele, os moradores conseguirão acessar de forma mais agradável, segura e rápida as estações de transporte público e os novos serviços que serão oferecidos na região mais baixa.

HABITAÇÕES COM USO MISTO Para adensamento populacional a região e criação de mais moradia para pessoas que atualmente estão em área de risco e proteção de mananciais. Dessa forma, mais pessoas estarão conectadas a áreas mais seguras e com facilidade de acesso ao transporte público.

93


MELHORIA VIÁRIA Ao eixo viário principal do local será proposta a diminuição da velocidade dos carros, melhoramento de calçadas, arborização ao longo da via, utilização de biovaletas ao longo da avenida entre outros elementos para que melhore a walkability da região e estimule as pessoas a caminharem por lá.

ELEMENTOS DE CONEXÃO Diretriz para criação de pontes, passarelas, escadarias e rampas, para conectar será áreas atualmente desconectadas. N

Mapa com propostas das diretrizes para o entorno do terreno Fonte: Elaborado pela autora (2018)

CENTRO COMUNITÁRIO, ESPORTIVO E EDUCACIONAL HABITAÇÕES COM USO MISTO MELHORIA VIÁRIA ELEMENTOS DE CONEXÃO

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Diagrama com proporção entre as áreas do programa

Praças e passeios HIS 1

HIS 2

Parques e Áreas Verdes HMP

Edifício Garagem

Salas de Oficinas Lazer (academia ao ar livre, espaços de leitura e playgrounds) Área administrativa Creche Pista de Skate

Hortas Restaurante Escola

Anfiteatro Fonte: Elaborado pela autora (2018)

As áreas dos programas foram pensadas levando em consideração a legislação da

ZMIS. Grande parte da área do terreno foi reservada para o parque linear que servirá como uma espécie de zona de amortecimento entre o rio e o projeto. O restaurante escola será importante para os moradores aprenderem a cozinhar utilizando os produtos da horta, tendo, portanto, uma alimentação mais saudável e também será de fonte de renda, pois o restaurante poderá atrair o público que trabalha no centro empresarial, próximo ao terreno. A pista de skate, áreas de lazer e anfiteatro estimularão os moradores a praticarem atividade

95


física e área de encontro. A creche servirá de apoio para os pais que precisam trabalhar e precisam de um lugar para deixar seus filhos no meio do caminho para o trabalho. As salas de oficina também servirá para qualificar as pessoas e ajudá-las a ter uma fonte de renda oferecendo cursos como marcenaria, costura, cursos de construção civil entre outros. O edifício garagem, como já comentado anteriormente, subsidiará as habitações de interesse social sustentáveis.

PROGRAMA

Área

Unidade

%

HORTA

500

m2

1%

RESTAURANTE ESCOLA

312

m2

2%

EDIFÍCIO GARAGEM (100 VAGAS)

3000

m2

7%

CRECHE

364

m2

1%

PLAYGROUND

555

m2

1%

ANFITEATRO ABERTO

543

m2

3%

PISTA DE SKATE

500

m2

1%

ACADEMIA AO AR LIVRE

200

m2

0%

OFICINAS

500

m2

1%

PARQUE LINEAR/ÁREAS VERDES

12239

m2

30%

OUTROS (PRAÇAS E PASSEIOS)

6119,67

m2

15%

Depois desse pré dimensionamento, foi calculada a área restante, baseada na taxa

de ocupação da zona, e distribuida entre a HIS 1, HIS 2 e HMP em 2 cenários: com CA máximo e mínimo. Nesse primeiro momento, considerou-se as unidades HIS 1 e HIS 2 com 50 m2 e a HMP com 70 m2. Cenário 1 (Máximo) HMP (30%)

12239 m2

1212 m2

HIS 2 (50%)

20399 m2

2019 m2

HIS 1 (20%)

8160 m2

808 m2

40798 m2

4039 m2

1,7

0,2

ÁREA TOTAL GABARITO

96

Cenário 2 (Mínimo)


Para não verticalizar muito e criar espaços verdes no térreo não foi utilizado o CA TOTAL

máximo. O total de habitações propostas é 172, na seguinte proporção: 140 divididas habitações

HIS 2 HMP 47

HIS 1 39

86

Implantação

A implantação foi desenvolvida a partir de estudos de fluxos. Os fluxos foram

definidos levando em consideração os pontos de interesse pré existente na região e os novos fluxos que seriam influenciados com a proposta realizada para o entorno (explicada no item anterior). Tecido urbano existente N

Todas as propostas de tecido urbano

foram organizadas de modo que o edifício garagem fique próximo ao terminal de onibus e à estação de metrô. As habitações estão mais afastadas do terminal de ônibus por conta de ruídos. A creche sempre foi mantida próxima as habitações e próxima ao rio. E o restaurante-escola, de

frente

à avenida, próximo ao fluxo que vem do centro empresarial.

97


CRITÉRIOS DE IMPLANTAÇÃO A implantação foi desenvolvida levando-se em consideração a presença do Terminal de Ônibus Guido Caloi, Estação de Metrô Santo Amaro (em amarelo) e do Rio Pinheiros (em azul) - os principais condicionantes locais.

Os modais

de transporte público presentes ao lado do terreno contribuem para um grande fluxo de pessoas assim como para o nível de ruído nessa região. O Rio Pinheiros , por sua vez, proporciona uma vista agradável a ser explorada. Unindo a visibilidade do rio com o eixo norte (por conta de conforto climático), foi criada uma malha de 8x8m ao longo do terreno, utilizada para organizar a implantação do projeto nesta área.

Os blocos de habitação foram posicionados na malha de modo que criassem praças internas (em azul). Após isso, alguns blocos foram deslocados (seta em rosa) afim de proporcionar espaços com escalas diferentes, alguns menores (mais aconchegantes) e outros maiores (voltados a atividades diversas) assim como caminhos com visuais mais interessantes. Em amarelo, está a área dedicada a comércio e serviços por conta do fluxo de pessoas e ruído gerado pelos modais de transporte público. Formam assim, um corredor de comércio que se conecta com o complexo.

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As praças internas são temáticas. A cada uma foi dado um nome referente a um elemento da natureza. A azul (Praça da Brisa) refere-se ao ar, a verde (Praça Gaia), à natureza e por fim, a amarela (Praça do Sol) tem referência ao fogo. Nas junções e extermidades dos blocos de habitação localiza-se a circulação vertical dos mesmos. Essas se sobressaem da volumetria inicial, criando um elemento marcante com a mesma cor da praça a que se insere, sendo importante para criação da identidade do complexo.

Além da habitação social, foi proposta como diretriz de projeto a criação de um restaurante-escola, creche, estacionamento e galpão de oficinas. A creche está posicionada em uma parte mais calma do terreno, voltada para o rio, para que as crianças tenham o contato com a natureza desde cedo, importante para criação da consciência ambiental. Já o restauranteescola foi posicionado estrategicamente no fluxo das pessoas que vão do fórum e centro empresarial para as estações de metrô e terminal de ônibus, e vice versa. O estacionamento, além de funcionar como barreira para o ruído do metrô, tem seu acesso pela Avenida Guido Caloi e fica próximo ao transporte público. O galpão de oficinas está ao lado do estacionamento em um local de fácil acesso as pessoas.

99


Além das habitações, o projeto propõe como diretriz criação dos equipamentos de lazer e serviços citados abaixo: EDIFÍCIO GARAGEM

GALPÃO PARA OFICINAS

Diretriz para que a estrutura do edifício

Local onde as pessoas poderão aprender

possa servir para srervir para escritórios

e desenvolver bens tanto para elas quanto

futuramente.

para vender, gerando renda para essas pessoas.

100

RESTAURANTE/ESCOLA

CRECHE

Ensinar as pessoas a cozinhar e a utilizar os

Próximo ao rio Pinheiros, simboliza um dos

alimentos da horta, além da possibilidade

conceitos do projeto, de ensinamento e

de gerar renda para a comunidade com o

conscientização. Possibilitará que os pais

restaurante, aproveitando o grande número

possam trabalhar e realizar atividades, tendo

de escritórios na região.

aonde deixar os filhos enquanto estão fora.


Acesso

Acesso Acesso

IMPLANTAÇÃO Acesso

s ro

Acesso Galpão de Oficinas

Acesso

ei

Acesso restaurante/ escola

Acesso

nh

Pi

Estrada restrita de carros

o

Acesso estacionamento

Acesso creche

Acesso

Ri

Av. Guido Caloi

Acesso

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

Acesso horta

Acesso

Acesso

Acesso pelo terminal

Terminal de ônibus Guido Caloi

Metrô Santo Amaro

0 10 20

50

101


PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

IMPLANTAÇÃO COM PLANTA TÉRREO

102

N 0 10 20

50


CORTE AA

CORTE BB

103


TIPOLOGIAS TIPO A

TIPO B

01 Quarto | 01 Banheiro

01 Quarto | 01 Banheiro (acessível)

Área útil: 41.57m²

Área útil: 46.61m²

Área construída: 47.06m²

Área construída: 47.06m²

TIPO C

02 Quartos | 01 Banheiro Área útil: 47.50m² Área construída: 53.97m²

0

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 104

2

5

10

20


TIPO D

TIPO E

02 Quartos | 02 Banheiros (suíte)

02 Quartos | 02 Banheiros (acessível)

Área útil: 54.16m²

Área útil: 48.79m²

Área construída: 61.44m²

Área construída: 61.44m²

TIPO F

03 Quartos | 02 Banheiros (suíte) Área útil: 62.07m² Área construída: 70.47m²

0

2

5

10

20

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 105


PLANTAS BLOCOS DE ESCADA Espaço de previsão de elevador

Depósito de lixo do bloco

Acesso às unidades do térreo

Bicicletário

106

Meio nível das escadas utilizado como área de lazer


PLANTAS | CORTES ELEVAÇÃO



CONJUNTO GAIA


Térreo Bloco 4

N 0

110

5

10

20


Pavimento tipo (x2) Bloco 4

N 0

5

10

20

111


Térreo Bloco 3 - Gaia

N 0

112

5

10

20


Pavimento tipo (X2) Bloco 3 - Gaia

N 0

5

10

20

113


Térreo Bloco 2 - Gaia

N 0

114

5

10

20


Pavimento tipo (x3) Bloco 2

N 0

5

10

20

115


Térreo Bloco 1 - Gaia

N 0

116

5

10

20


Pavimento tipo (x3) Bloco 1 - Gaia

N 0

5

10

20

117


118


CONJUNTO BRISA


Térreo Bloco 1

N 0

120

5

10

20


Pavimento tipo (x4) Bloco 1

N 0

5

10

20

121


Térreo Bloco 2

N 0

122

5

10

20


Pavimento tipo (x2) Bloco 2

N 0

5

10

20

123


124


CONJUNTO SOL


Térreo Bloco 3

N 0

126

5

10

20


Pavimento tipo (x3) Bloco 3

N 0

5

10

20

127


Térreo Bloco 2

N 0

128

5

10

20


Pavimento tipo (x3) Bloco 2

N 0

5

10

20

129


TĂŠrreo Bloco 1

Pavimento tipo (x4) Bloco 1

130


N 0

5

10

20 131


Elevação A

Corte AA

Corte BB 0

132

5

10

20


IMAGEM DO CORREDOR DE ACESSO ENTRE OS CONJUNTOS DA PRAÇA SOL E PRAÇA GAIA

133


Imagem de dentro da unidade habitacional tipo C

Imagem de dentro da unidade habitacional tipo C

134


REFERÊNCIAS

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