Boletim ana edição nº 52 consciência Negra

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Consciência Negra

Por Rosana França No dia 20 de novembro é celebrado o Dia da Consciência Negra. Este é para ser um dia de reflexão sobre a vida e os desafios cotidianos de negros e negras, em especial das mulheres. Contudo, este dia tem sido de muito incomodo na sociedade, pois em pleno SEC.XXI ainda encontramos discurso de ódio contra o povo negro e uma tentativa de afirmar que racismo não existe e que é uma invenção de negros e negras para se vitimizarem. Este tipo de argumento tem levado a cada dia o crescimento sutil do racismo e da discriminação de forma naturalizada. A negação do cabelo crespo, o embranquecimento da pele através de maquiagem com tom mais claro, que a cor da pele, a violência no parto, a discriminação no mercado de trabalho pela aparência, tem afirmado cada dia mais que o poder simbólico é um determinante para definição das relações entre negros, brancos, pretos e “menos pretos”. Temos atualmente um movimento muito forte de mulheres negras formadoras de opinião e militantes da causa, que através das redes sociais (blogs, page nofacebook, canal no youtube) vem discutindo temas como a apropriação cultural, o racismo e a representatividade das mulheres negras, bem como fomentando vários debates sobre as questões raciais no Brasil.

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Ano IV - Nº 52 - Novembro de 2016

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Na academia também temos o debate fortalecido através da tese da pesquisadora Claudete Alves com o tema “A solidão da mulher negra” que agora se tornou o livro Virou Regra? Essa pauta trata do abondando das mulheres em especial pelos parceiros, que não considera a mulher negra como um “sujeito capaz de ser amado”. Este tema é um complexo problema que envolve questões de gênero, raça e classe. A solidão da mulher negra nesse debate é resumida no termo chamado celibato definitivo, que está relacionado à ausência de afetividade e escolha da mulher negra para relacionamentos (afetivos e respeitosos). Alguns dados do IBGE (2010) apontam que 70% dos brasileiros se casam com parceiros da mesma cor, isto é, pessoas brancas se casam com pessoas brancas. Mas 52,52% das mulheres negras, principalmente aquelas de pele mais escura, ficavam sozinhas. Essas reflexões mostram que a luta continua a cada dia. Já temos conquistas, porém estamos vivendo em tempos de retrocesso, manter as conquistas do povo negro tem sido um desfaio é uma luta constante de organizações, movimentos e militantes a partir de seu lugar de fala, que enfrentam os preconceitos e ainda uma guerra ideológica contra o conservadorismo e o discurso de ódio. Todavia é preciso fortalecer negros e negras e esse movimento deve iniciar desde a infância, trabalhando autoesti

Identidade negra - imagem Emanuel Alves

ma de meninos e meninas, em especial das meninas que sofrem cotidianamente, por não se reconhecerem nos estereótipos de bonecas, nos programas televisivos, nos canais do youtube, na não aceitação de seus cabelos, sua cor e nos referenciais infantis de heroínas brancas, magras e de olhos azuis.

Expediente Coordenação Lídia Rodrigues Secretária Executiva Labelle Rainbow Assessores de Conteúdo Paula Tárcia Rodrigo Corrêa Rosana França Diagramação Tatiana Araújo

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