Boletim da ana edição 54

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ANA

Ano IV - Nº 54 - Janeiro de 2017

Conectados em Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes LGBTI

29 DE JANEIRO Dia Nacional da Visibilidade Trans Por Indianara Siqueira - Puta, vegana e travesti, ativista em defesa da visibilidade e cidadania trans, de todas as mulheres e pessoas LGBTI / Daniele Grazinoli - Doutoranda UFRJ, Professora e militante na Educação Infantil.

“Vem, bebê.” “Eu não sou bebê, sou menino.” “Por que você não é bebê?” “Porque não tô com fralda.” “Ah, e como você sabe que é menino?” “Por que eu tenho cabelo curto.” “O que devemos fazer com os meninos que só querem ficar de vestido na escola?” “Escondam os vestidos.” Por que nos preocupamos com a idade na qual um ser humano começa a se dar conta da sua orientação sexual ou da sua identidade de gênero, mas nunca nos preocupamos em apoiar e oferecer segurança às crianças e aos jovens para que possam explorar a vida, para que não deixem de vivê-la por medo de serem vítimas de violência física, verbal e simbólica, de preconceito e discriminação? Por que mantemos a nossa arrogância de adultos em acharmos que sabemos tudo e por isso as coisas não podem ser diferentes? Em tempos de crescente retrocesso social e avanço do conservadorismo hipócrita, o slogan “ideologia de gênero” é utilizado com o objetivo de invisibilizar e desqualificar os conhecimentos que contribuem para a compreensão das diferentes formas de organizar a

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experiência humana no que se refere à sexualidade e ao gênero, e para inviabilizar as ações de combate ao preconceito, à discriminação e à violência a que estão submetidas as pessoas que se reconhecem fora dos padrões heteronormativos, binários e cissexistas. Nesse sentido, a “ideologia de gênero” é um termo que associa de maneira equivocada, superficial e descontextualizada os conceitos de “ideologia”, “sexualidade” e “gênero”. Costumamos nos indagar sobre como se construiu a concepção de que o “normal” ou o “natural” é ser heterossexual? Quando foi que os seres humanos passaram a se reconhecer de maneira binária, como homens e mulheres, macho e fêmea, masculino e feminino? Por que associamos a força e a inteligência ao sexo masculino, e a beleza e a fragilidade ao sexo feminino? Perguntas que ajudam a desconstruir a visão “naturalista” sobre as relações sociais. Pensar as questões de sexualidade e de gênero em espaços formais e não formais de educação contribui para uma desconstrução das subjetividades

instauradas em tempos onde sequer havia reflexão sobre o que significa identidade de gênero e orientação sexual, por exemplo. Também quer dar a ver o quanto a nossa ignorância legitima as violências físicas, simbólicas e estatais aos grupos em situação de vulnerabilidade social e a ausência de políticas públicas específicas para proteção da vida e dos direitos de cidadania das pessoas que constituem as comunidades LGBTQI de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgerenes (a letra “e “ tem servido para ampliar a identificação com os grupos sociais historicamente marginalizados e com perspectivas identitárias diferentes), Travestis, Queer e Intersexo, entre outrxs.

EXPEDIENTE COORDENÇÃO Lídia Rodrigues SECRETÁRIA EXECUTIVA Labelle Rainbow ASSESSORES DE CONTEÚDO Paula Tárcia

Rodrigo Corrêa Rosana França DIAGRAMAÇÃO Tatiana Araújo

Conectados em Defesa dos Direitos de Crianças e Adolescentes LGBTI

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