Entre Museus: Sistema Cultural em Ribeirão Preto - SP/ TGI I Ana Beatriz Mazzi

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ENTRE MUSEUS: Sistema Cultural em Ribeirão Preto-SP

ANA BEATRIZ MAZZI

Trabalho de Graduação Integrado I Instituto de Arquitetura e Urbanismo Universidade de São Paulo (IAU-USP) Coordenador de Acompanhamento Permanente (CAP): David Moreno Sperling Coordenador do Grupo Temático (GT): Givaldo Luiz Medeiros São Carlos - SP Junho 2019



SUMÁRIO Prefácio

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Inquietações

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A Cidade Histórico e Leituras cartográficas Recorte: Quadrilátero Central Questões atuais

14 16 25 36

Projeto Referências projetuais O Projeto Programa Experimentações formais Diagramas Referências bibliográficas

38 39 43 60 62 76 84


PREFÁCIO 6


Acredito que seja importante para o leitor expor meu background e as origens dos questionamentos que resultaram neste caderno. A grande temática a qual trabalharei trata-se da relação entre arquitetura e arte e de que maneira estes dois universos se encontram. Trago como inspiração do trabalho as experiência e as vivência que tive ao longo da graduação, em especial durante o período que realizei um intercâmbio acadêmico para a École Nationale Supérieure D’Architecture De Paris-Belleville1, onde tive a oportunidade de cursar disciplinas que abordaram este assunto, como a “Sculpture Art Public”2 a qual tratava-se de uma aula de escultura, portanto, trabalhávamos dentro do campo de obra de arte, contudo a intervenção estava dentro do campo urbano; questionava-se, assim, o que é uma escultura contemporânea. Como resultado foi proposto que os alunos realizassem um projeto que muito se assemelhava ao arquitetônico. Cursei também a disciplina de seminário “Art-Flux-Architecture”3, em que realizei uma pesquisa acerca de museus e exposições de artes a partir de uma comparação entre três diferentes exposições temporárias realizadas em Paris, analisando o papel da arquitetura no que tange o espaço de exposição e a função do arquiteto a respeito das questões museológicas.

Essas experiências, despertaram um interesse neste âmbito e fizeram me questionar de que maneira abordamos e qualificamos essa relação arte-arquitetura no Brasil e em especial, na minha cidade natal Ribeirão Preto-SP. A partir desses antecedentes, desenvolvo o presente trabalho, o qual o leitor encontrará um projeto síntese que demonstra as conclusões e estudos deste meu pensamento e de quais maneiras abordo a arte como fonte ativadora de minha arquitetura e da urbanidade que desejo criar.

Escola de arquitetura localizada em Paris, França. . 1

Tradução: Escultura Arte Pública

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Tradução: Arte-Fluxo-Arquitetura

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INQUIETAÇÕES 8


Arte x Arquitetura Nos últimos cinquenta anos, segundo Hal 1 Foster , muitos arquitetos passaram a projetar juntamente com as artes visuais, objetivando acompanhar as mudanças econômicas e culturais atuais. A arquitetura recente apresenta quase que como um pré requisito essa relação com a arte, assim como a arquitetura de vanguarda tinha um vínculo importante com a teoria (FOSTER, 2017). Ainda que essa correlação se faça presente há algum tempo, ela fica mais evidente a partir das cidades industriais quando houve a necessidade de reformular os traçados antigos e criar novos desenhos urbanos (ARGAN, 1992)2. Está muito ligada também a questões econômicas, o que resulta em constantes transformações desse diálogo entre arquitetura e arte. Mais recentemente, é possível encontrar o elo na tecnologia, é justamente nesse ponto em que a arte e a arquitetura normalmente convergem, ponto em que entra em destaque novas questões sobre materiais, mídias, técnicas construtivas e tecnologias digitais; isso faz com que exista uma urgente necessidade de analisar essa conexão. O período pós-Segunda Guerra Mundial foi quando inicia-se, mais fortemente, essa conexão entre arquitetura e arte, momento em que há uma reconfiguração radical da ideia de cultura devido ao modelo econômico do capitalismo consumista e da revolução tecnológica. “A arte está longe de ser um objeto passivo nessas alterações; [...] a alegação de que o cultural está separado do econômi-

co terá cessado; uma característica do capitalismo contemporâneo é a combinação de ambos [...]” (FOSTER, 2017, p.9). A cultura pop, cultura de massa, ganha espaço e destaque, a arquitetura passa a ser símbolo. Pode-se lembrar do grupo inglês Archigram, Robert Venturi, Hans Hollein como exemplos de arquiteturas que buscaram um experimentalismo nas linguagens visuais e aproximam a cultura pop de suas arquitetura com otimismo em relação ao desenvolvimento tecnológico da época. Mais adiante na história, é possível notar práticas projetuais que fazem parte de um “estilo global”, sendo seus principais representantes Richard Rogers, Norman Foster e Renzo Piano, com o decorrer, surgiram arquitetos mais contemporâneos que apresentam a arte como ponto de partida essencial da arquitetura, como Peter Eisenman, Jean Nouvel, Bernard Tschumi, a dupla Herzog & de Meuron, Diller & Scofidio e, a principal representante dessa relação arquitetura-arte, Zaha Hadid. Além de sua grande importância no que tange a exploração de novas tecnologias de fabricação digital na arquitetura, Zaha Hadid utilizava suas pinturas como ferramenta projetual no processo de criação de suas obras.

1

FOSTER, H. O complexo arte-arquitetura; tradução Célia Euvaldo. São Paulo: Ubu Editora, 2017. 2

ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. Do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

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Assim, é possível notar com as transformações de abordagens ao longo da história que a relação arte x arquitetura pode ser dada em três diferentes instâncias: primeira, a arquitetura como local da arte; segunda, a arquitetura como obra de arte e; terceira e última, arquitetura projetada através da arte. Arquitetura como local da arte? A partir dessa pergunta, é intuitivo pensar na tipologia de museus como resposta síntese dessa relação. “A

arquitetura de um museu deve ser compreendida como algo mais do que um mero invólucro, na medida que ela estabelece relações diretas com o objeto exposto” (CABRAL, 2008, p. 29)3 e é justamente esse “algo a mais” dos museus que desperta o interesse e se busca estudar no presente trabalho.

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CABRAL, M. C. Museus de artes visuais: Relações entre arte, arquitetura e museologia. In: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo/ Organização de Rodrigo Queiroz. Arquitetura de museus: textos e projetos. São Paulo: FAUUSP, 2008, p. 29-52. 4

NEIVA, S.; PERRONE, R. A forma e o programa dos grandes museus internacionais. Pós v. 20, n. 34, p. 82-108, São Paulo, 2013.

Acredita-se que a tipologia de museu seja a resposta que sintetiza todas as questões que deseja-se trabalhar, questões estas: cultura, identidade, memória, experiências, para além da arquitetura e arte. Os museus muito se transformaram ao longo dos anos desde sua origem, “a palavra museu nasce da palavra latina museum derivada do termo grego Mouseion, templo ateniense dedicado às musas gregas, [...], o museu se origina do ato, ine-

rente ao homem, de colecionar”. (NEIVA; PERRONE, 2013, p. 85)4. Nos séculos XV e XVI, época das Grandes Navegações, houve um aumento desse colecionismo. Diversos objetos oriundos do Novo Mundo eram levados para a Europa e exibidos em lugares denominados de “gabinetes de curiosidades” ou “camâra das maravilhas”. Com o decorrer do tempo, e tendo a Revolução Francesa como determinante, a classe burguesa passa a criar suas próprias coleções dando origem às galerias ou loggia (NEIVA; PERRONE, 2013). Surge, então, o que pode ser considerado a primeira tipologia de museus, os “palácios-museus”, assim denominados pois normalmente escolhiam-se corredores de passagem dos palácios como espaços para expor de suas coleções de arte. “Com a Revolução Francesa (17891799), gradativamente, as coleções tornaram-se públicas. [...] A propagação de ideais de liberdade contrários ao clero e absolutismo, e a convicção de que as riquezas não eram propriedade exclusiva de poucos se espalham. Assim, com a passagem da noção de coleção à patrimônio, surgem os museus no sentido 10


mais popular”. (NEIVA; PERRONE, 2013, p. 89)5. O primeiro museu nacional europeu que se tem registro trata-se do Museu do Louvre. Como a construção não foi pensada originalmente para ser um museu, foram necessárias diversas adaptações na forma original para que o edifício se adequasse ao programa museológico. É apenas no século XIX que começam a melhor definir o que seria um museu de fato, tanto em aspectos formais, quanto a respeito de seu programa. (NEIVA; PERRONE, 2013). As vanguardas artísticas do início do século XX também foram responsáveis por mudanças na arquitetura dos museus, uma vez que as mudanças no campo das artes fizeram com que os artistas passassem a explorar as relações de suas obras com o local de inserção. O pensamento museológico transformou-se, principalmente, com o pós-guerra: o olhar sob o museu alterouse, juntamente com o seu papel, passando a ser mais do que um local de preservação e proteção de uma obra de arte. Otília Arantes em “O lugar da arquitetura depois dos modernos” fala a respeito desses novos museus, os quais trazem a cidade para dentro de suas edificações, há presença de cafeterias, restaurantes, lojas, ateliês, livrarias, salas multiusos. Arantes (2015) afirma que todo esse efeito de transformações do caráter dos museus teve início com o Beaubourg de Richard Rogers e Renzo Piano (1971 a 1977). O edifício ícone avant

la lettre, que fundou a nomenclatura “high tech”, foi o primeiro equipamento projetado a corresponder à produção da arte contemporânea, que até então não tinha espaço. Iniciou-se, assim, todo um sistema de “star system da arquitetura”, principalmente da institucional, objetivando criar edifícios monumentais que sirvam para desenvolver a cultura do local e reativar espaços urbanos. O Centre Pompidou caracterizou, assim, uma nova concepção museológica, a ideia de museu aberto e a arte no campo expandido, que se constitui de um espaço público e democrático. “No museu aberto, toda atuação é dirigida ao público [...] a exposição deveria ser uma mistura de especialização e de espetáculo, tanto para informar e formar quanto para sensibilizar.” (CABRAL, 2008, p.38)6. Esse novo conceito é o diferencial dos museus contemporâneos para os “cubos brancos” modernos, galerias ideias, em que “o mundo exterior não deve entrar, de modo que as janelas geralmente são lacradas. As paredes são pintadas de branco. O teto torna-se fonte de luz (...). A arte é livre, como se dizia, ‘para assumir vida própria’” (O’DOHERTY, 2002, p. XV e XVI)7.

5

NEIVA, S.; PERRONE, R. A forma e o programa dos grandes museus internacionais. Pós v. 20, n. 34, p. 82-108, São Paulo, 2013. 6

CABRAL, M. C. Museus de artes visuais: Relações entre arte, arquitetura e museologia. In: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo/ Organização de Rodrigo Queiroz. Arquitetura de museus: textos e projetos. São Paulo: FAUUSP, 2008, p. 29-52. 7

O’DOHERTY, Brian; introdução MCEVILLEY, Thomas. No interior do cubo branco: a ideologia do espaço da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

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LOURENÇO, Maria Cecília França. Museus Acolhem Moderno. São Paulo: Edusp - Editora da Universidade de São Paulo, 1999. 9

MCEVILLEY, Thomas. Introdução. In: O’DOHERTY, Brian; introdução MCEVILLEY, Thomas. No interior do cubo branco: a ideologia do espaço da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 10

MONNIER, Gérard. O olhar estrangeiro; tradução Áurea Pereira da Silva. Óculum 4, p. 6-15, 1993.

Acredita-se, então, que o papel dos museus atualmente reside neste campo expandido do programa e que apresente uma função política democratizadora, o qual deve resultar em um “instrumento renovador das esperanças de se vislumbrar saídas para uma sociedade mais justa, humana e pulsante” (LOURENÇO, 1999, p. 268)8. No que tange ao aspecto arquitetônico, tendo em vista que as duas principais atividades de qualquer museu são preservar e expor, aspecto contraditório que resulta em nenhuma pista a respeito da forma do edifício, deve-se buscar a “superação de edifícios monolíticos e estáticos por uns flexíveis, dinâmicos e abertos à transformação” (ALONSO, 2008, tradução Igor Fracalossi, 2012) e não apenas modificações sempre provisórias a fim de se adequar à algo que será instalado. O projeto que pretende-se elaborar é, assim como são os ensaios de O’Doherty, “uma defesa da vida

rea Pereira da Silva, 1993)10. A partir desse anseio e da inquietação a respeito das infinitas formas que um museu pode assumir, procura-se no campo da arte a fuga do padrão estabelecido. Dessa forma, assume-se como desafio abordar a arquitetura e o ato de projetar como uma obra de arte, a fim de atingir um outro nível de relação entre arquitetura e arte para além da questão espacial.

concreta no mundo contra a sala de operação esterilizada do cubo branco - uma defesa do passar do tempo e da mudança contra o mito da eternidade e da transcendência da forma pura”. (MCEVILLEY, 2002, p. XXII)9. Busca-se, assim, um “desejo de escapar da estreita tecnicidade do projeto, de sair dos limites da produção, de prolongar o projeto através de uma narrativa lírica” (MONNIER, tradução Áu12


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A CIDADE 14


Ribeirão Preto - SP

Ribeirão Preto é um município de porte médio do interior de São Paulo, localizado cerca de 300 km da capital, sendo suas características1:

Área territorial = 650,916 km2 População = 604.682 pessoas (censo 2010) 694.534 pessoas (estimativa 2018) Densidade demográfica = 928,92 hab/km2 (censo 2010) PIB per capita = 44.463,80 reais IDHM = 0,800, ocupando a posição 40º do Ranking nacional (2010)

Trata-se também da cidade de maior importância da RA15 do Estado de São Paulo, sendo ela denominada Região Administrativa de Ribeirão Preto, a qual reúne 25 municípios, totalizando nos seguintes dados2:

Área (em km2) - 2019 RA15 = 9.301,25 x Estado = 248.219,63 População - 2019 RA15 = 1.380.048 x Estado = 44.314.930 Densidade Demográfica (hab/km2) - 2019 RA15 = 148,37 X Estado = 178,53 PIB per Capita (em reais correntes) - 2016 RA15 = 38.517,77 Participação no PIB do Estado - 2016 RA15 = 2,532660%

1

Fontes: População estimada: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Estimativas da população residente com data de referência 1o de julho de 2018 População no último censo: IBGE, Censo Demográfico 2010 Densidade demográfica: IBGE, Censo Demográfico 2010, Área territorial brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2011 PIB per capita: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM): Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD 2

Fonte: Fundação Seade. Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS.

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Fonte do histórico da cidade: Relatório Final do Plano de Mobilidade e Transporte de Ribeirão Preto, 2012. Página à direita: Mapa: Ribeirão Preto: Expansão da área urbana 1884 - 2015 Fonte dos dados: Pesquisa de campo, 2015; Google Earth, 2015; FIGUEIRA, 2013; CNEFE, 2010; IBGE, 2010; FFCUUSP, 1996: IBGE, 1983; IGC, 1954 Extraído e adaptado de: Sposito, 2004; SILVA. 2008 Projeto Cartográfico: Clayton Dai Pozzo, 2015 As tipologias de quadras foram extraídas do Mapa Viário com Setores e Sub-setores da Secretaria de Planejamento e Gestão Pública do ano de 2010.

Histórico e Leituras Cartográficas

mente comércios e serviços no quadrilátero central.

A origem da cidade está relacionada com o período áureo da economia cafeeira. O local era composto por várias fazendas que se uniram e doaram suas terras objetivando a formação de uma nova cidade, tendo como padroeiro São Sebastião; a presença da igreja foi fundamental para a elevação ao título de município em 1871. Mas é apenas nos anos 1880 com a implementação da ferrovia da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro que permitiu um intenso crescimento urbano.

Ribeirão Preto, assim, teve sua formação socioespacial composta em duas fases econômicas: a primeira relativa a economia cafeeira, responsável pelo boom de crescimento da cidade e a segunda relativa a agroindustria (principalmente a canavieira), muito importante até os dias de hoje.

Logo, a cidade se torna um importante polo do circuito econômico do café do estado de São Paulo, atraindo muitos imigrantes, sobretudo italianos. Em um prazo de cerca de 20 anos, da sua formação até 1900, a população passou de 10,5 mil habitantes para 60 mil. O maior auge deste período encontra-se nos anos 1920, em que ocorreu uma ação de urbanização da cidade, elevando-a ao título de “Capital D’oeste”, como será apresentado mais a frente no presente caderno, muitos dos edifícios marcos históricos, em que hoje são considerados patrimônios, foram construídos e inaugurados nesse período. A crise econômica iniciada em 1929, acabou impactando no crescimento próspero da cidade. Contudo, o café já havia resultado na implementação de outras atividades econômicas na cidade, principal-

Como pode-se observar no mapa na página seguinte, a expansão urbana ocorreu quase que de forma simétrica na divisão norte-sul. Contudo, a partir de análises tanto da tipologia de quadras, quanto da renda e o eixo de investimentos e valorização imobiliária (mapa da página 19) é possível notar que o crescimento não ocorreu de forma similar no norte e no sul da cidade, sendo o quadrilátero central o divisor de águas. É importante ressaltar que a cidade não apresentou nenhum plano urbano ou projetos, resultando, assim, em um crescimento espontâneo sem seguir uma ordem. Portanto, para entender esse crescimento, foram analisadas as tipologias de quadra resultantes em cada período de expansão 16


Análises de tipologias de quadra nas regiões norte-sul ao longo da evolução da expansão urbana.

Expansão Urbana e Tipologia de quadra

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MANHAS, Adriana Capretz B. da S.; MANHAS, Max Paulo Giacheto. Traçado urbano e funcionamento do núcleo Antônio Prado em Ribeirão Preto (SP), 1887. Primeiro simpósio de cartografia histórica. Paraty. 2011, p. 14. 5

Ibidem, p. 16

urbana, pode-se notar um padrão de crescimento; a evolução ao norte, resulta em quadras menores e mais desordenadas, quase que um processo aleatório, enquanto a evolução sentido sul da cidade, percebe-se quadras maiores e ordenadas, até mesmo seguindo um princípio de Cidade Jardim a partir de 1996.

época cafeeira, relacionados a população nobre, como palacetes, escolas e teatro) e esses edifícios símbolo de desvalorização da área.

O processo de expansão urbana, então, foi marcado desde a constituição da cidade por dois fluxos de deslocamentos em que é possível relacioná-los a questão da renda de seus habitantes. A região norte, apresenta a maior concentração de população de baixa renda em oposição a região sul em que se encontra o eixo de valorização imobiliária e uma população predominante de média e alta renda.

A falta de investimentos de infraestrutura urbana desvalorizava os terrenos, levando ao aumento da procura pela classe de mais baixo poder aquisitivo, reforçando a divisão geográfica social imposta pelas leis sanitárias do Município. Assim, enquanto luxuosas residências foram construídas na área central, a periferia abrigou hospitais, asilos, cemitérios e demais construções que pudessem colocar em risco a saúde

Um dos principais motivos para essa segregação foi o traçado da linha da Mogiana, bem como a própria legislação urbana local imposta, a qual determinava que fossem realizadas obras de embelezamento, os “equipamentos de saúde e fábricas que deveriam, em princípio, ser afastados do contato com a população.” (MANHAS, p.14, 2011)4. Sendo assim, a localização de alguns equipamentos como cemitério, hospital, hospício, fábricas, entre outros, contribuíram para a desvalorização da região norte conforme pode-se observar no mapa da página 20, em que há uma clara divisão entre edifícios símbolos de riqueza, (muitos oriundos da

e a beleza física da região nobre.

(MANHAS, p.16, 2011)5

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Renda X Eixo de Valorização Imobiliária

Legenda

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Segregação Espacial X Edifícios Símbolos

Legenda

Mapa Segregação Espacial X Edifícios Símbolos: autoria própria. Cruzamento da localização de equipamentos com informações do mapa Ribeirão Preto: Dinâmicas de diferenciação e segregação socioespacial, 2015.

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Edifícios marcos localizados na região norte

Edifícios marcos localizados na região central

em ordem cima para baixo, esquerda para direita

em ordem cima para baixo, esquerda para direita

Cerâmicas São Luíz, Cerâmicas São Luíz, Fábrica de Tecids Cianê Matarazzo, Cervejaria Livi & Bertoldi, Estação Barracão, Companhia Antarctica Paulista

Central Hotel (atual Centro Cultural Palace), Teatro Pedro II, Teatro Carlos Gomes (atual praça Carlos Gomes), Quarteirão Paulista, Palacete paschoal Innecchi e sociedade recreativa (atual MARP), Colégio Santa Úrsola 21


Mobilidade Transporte Coletivo Linhas de ônibus

Outro fator que torna o centro de Ribeirão Preto um “divisor de águas” para além da segregação socioespacial apresentada, está no que tange o transporte urbano coletivo. A rede de ônibus da cidade foi desenvolvida tendo o centro da cidade como articulador de todo o sistema, a organização das linhas pode ser entendida a partir do diagrama abaixo, para ir de norte a sul ou vice-e-versa é preciso passar pelo centro, resultando em um local de grande concentração de pessoas e de movimento.

É responsável por aproximadamente 8.300 embarques ao longo do dia. Configurando mais desembarques pela manhã e mais embarques no período da tarde. Trata-se, portanto, de uma região mais atratora (> 7.000 atração de viagem) que produtora (700 a 1.000 produção de viagem).6

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Informações retidadas do Relatório Final do Plano de Mobilidade e Transporte de Ribeirão Preto, 2012.

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Linhas de Fluxos de Viagens entre regiões dos modos de transporte coletivo

Mapa à direita: autoria própria. Fonte: Relatório Final do Plano de Mobilidade e Transporte de Ribeirão Preto, 2012. Sem escala.

Legenda

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Recorte: Quadrilátero Central

A partir dos estudos e leituras realizados, chega-se à conclusão de que o recorte do território da cidade mais apropriado para a realização do projeto de acordo com as questões apresentadas trata-se do Quadrilátero Central. Busca-se um local em que coexista arte, cultura, arquitetura, temporalidades e acessibilidade, qualidades que a área central apresenta melhor do que qualquer outra região. O centro é o grande articulador da cidade, tanto no que tange a mobilidade quanto a cultura, assim, a proposta de projetar neste ambiente vem da vontade de concentrar os equipamentos de cultura, visto que a maioria já se encontra no centro, objetivando a criação de um sistema, o que fortalece e reforça a importância desses equipamentos e a permanência destes neste lugar. Projetar no centro significa projetar diante de diversas camadas temporais, um dos problemas atuais trata-se do esvaziamento da área central (até 2025 a previsão é de uma contração de 16% da população)7, e do excesso de vazios urbanos, terrenos subutilizados em sua maioria de estacionamentos privados.

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Relatório Final do Plano de Mobilidade e Transporte de Ribeirão Preto, 2012.

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Zoneamento Funcional do Quadrilátero Central

“A zona urbana definida como Área especial do Quadrilátero Central de Ribeirão Preto, compreendida entre as avenidas Francisco Junqueira, Independência, 9 de Julho e Jerônimo Gonçalves soma aproximadamente 165 ha. É caracterizada pelo parcelamento em malha regular de vias, formando quadras geralmente com cerca de 90 metros de lado. Nesta área situa-se a maior concentração de atividades da cidade e também as maiores densidades demográficas.

Legenda

No entanto, mesmo definida como uma só área, uma análise um pouco mais próxima revela a presença de um zoneamento de atividades, inclusive relacionado à renda da população. é possível distinguir três zonas predominantes: a zona de centralidade principal de Ribeirão Preto, a zona de usos e serviços dispersos e baixa densidade residencial e, finalmente, uma zona de uso misto de alta densidade habitacional, mais próxima a Av. 9 de Julho. Nas quadras próximas às vias que definem a Área do Quadrilátero Central dá lugar às franjas urbanas que são ocu-

pações de menor interesse às atividades centrais, tais como oficinas mecânicas, lojas de manutenção e venda de motocicletas, à exceção da Av. 9 de Julho. São tipicamente ocupações que ocorrem em faixas de menor interesse e valor comercial, normalmente relacionadas à fundos de vale ocupados com vias de tráfego intenso.” Texto retirado na íntegra do Relatório Final do Plano de Mobilidade e Transporte de Ribeirão Preto, 2012.

Figura na página à esquerda: mapa esquemático de autoria própria. Fonte: Relatório Final do Plano de Mobilidade e Transporte de Ribeirão Preto, 2012. Sem escala.

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Mobilidade urbana

Legenda

Figura na página à esquerda: mapa esquemático de autoria própria. Sem escala.

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Principais fluxos de pedestre e viário

Legenda

Figura na página à esquerda: mapa esquemático de autoria própria. Sem escala.

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Equipamentos de Saúde e de Educação no Quadrilátero Central

Figura à direita: autoria própria, fonte: Imagem Satélite Google Mapa esquemático sem escala

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Equipamentos Culturais no Quadrilátero Central

Figura à esquerda: autoria própria, fonte: Imagem Satélite Google Mapa esquemático sem escala

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Vazios Urbanos e Patrimônios

Legenda

Figura na página à esquerda: mapa esquemático de autoria própria. Sem escala.

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Questões Atuais

salas no prédio da Secretaria da Cultura.

Por que fazer um projeto cultural em Ribeirão Preto? A inquietação a respeito da ci-

Para além desses problemas, o único museu em funcionamento está correndo risco de ser vendido. O prédio do MARP não pertence a prefeitura, o museu funciona no local através de um comodato, o qual não foi reestabelecido. Por se tratar de um acontecimento recente, abril de 2019, não se sabe qual será o resultado dessa questão, mas pode-se já afirmar este caso como mais um exemplo da falta de importância dada aos museus na cidade.

dade surge diante de um cenário atual de descaso e abandono dos equipamentos culturais por parte do poder público, não somente do município mas de toda a região metropolitana, segundo a notícia de setembro de 2018 do site ACidade ON, a maioria dos municípios “(...) direcionaram menos de 1%

de suas despesas para Cultura no ano passado. Ribeirão Preto está na parte de baixo do ranking, com apenas 0,5% dos gastos destinados a projetos e atividades culturais.”3 Ribeirão Preto apresenta cinco museus públicos, sendo eles: o Museu Histórico, o Museu do Café, o Museu de Arte de Ribeirão Preto (MARP), o Museu da Imagem e Som (MIS) e o Museu Municipal da Segunda Guerra Mundial.

3

PAVINI, Cristiano. Região Metropolitana gasta apenas 0,65% com a área de Cultura. ACidade ON, 2018. Disponível em: <https://www.acidadeon.com/ ribeiraopreto/cotidiano/cidades/>. Acesso em: 08 de junho de 2019.

Contudo, apenas o MARP encontra-se em funcionamento, os museus Histórico e do Café, os quais localizam-se dentro do campus da USP, estão fechados para reforma desde março de 2016, enquanto o museu municipal da Segunda Guerra Mundial está fechado por falta de funcionários para permanecer no local. O caso mais crítico está no MIS, o qual não possui sede há cerca de 14 anos, o seu acervo está guardado de forma provisória em

Assim, diante desta situação atual, busca-se fazer um projeto articulador para ressaltar o valor dos museus e equipamentos culturais, relacioná-los com a população de forma com que sejam apropriados e utilizados, resultando, desta forma, em uma mudança de visão e tratamento dessas instituições.

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PROJETO 38


Entre Museus: Sistema Cultural em Ribeirão Preto - SP Referências Projetuais

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Praça das Artes Ficha técnica: Arquitetos: Brasil Arquitetura Localização: Av. São João, 281 - Centro, São Paulo - SP, Brasil Autores Francisco: Fanucci e Marcelo Ferraz + Luciana Dornellas Área: 28500 m2 Ano do projeto: 2012 Fotografias: Nelson Kon Focos de interesse: - Relação com o entorno preexistente; - Inserção urbana; - Disposição do programa; - Forma do edifício.

Fonte imagens e ficha técnica: Praça das Artes / Brasil Arquitetura” 20 Abr 2013. ArchDaily Brasil. Acessado 15 Jun 2019. <https://www.archdaily.com. br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura> ISSN 0719-8906

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Museumplein Limburg Kerkrade Ficha técnica: Arquitetos: Shift Architecture Urbanism Localização: Kerkrade, Holanda Equipe de Projeto: Pieter Heymans, Rene Sangers, Davide Prioli, Thomas Grievink, Dalia Zakaite, Irgen Salianji, Mariya Gyaurova Arquitetos Responsáveis: Thijs van Bijsterveldt, Oana Rades, Harm Timmermans Ano do projeto: 2015 Fotografias: Rene de Wit, Henry van Belkom

Focos de interesse: - Trabalho com térreo e nível subterrâneo; - Forma do edifício; - Combinações entre diferentes materiais; - Relação aberturas x opaco; - Programa do museu.

Fonte imagens e ficha técnica: “Museumplein Limburg Kerkrade / Shift Architecture Urbanism” [Museumplein Limburg Kerkrade / Shift Architecture Urbanism] 24 Jan 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Souza, Eduardo) Acessado 15 Jun 2019. <https://www. archdaily.com.br/br/780604/museu-limburg-kerkrade-shift-architecture-urbanism> ISSN 0719-8906

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O Projeto

Visto as inquietações a cerca da relação arquitetura e arte, a análise da cidade e de sua situação atual, chega-se a um projeto de dois museus e pequenas alterações urbanas com o objetivo de interligar e demarcar um percurso entre os equipamentos de cultura do centro. Entre dois museus: MARP (Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Grismondi) e o MIS (Museu de Imagem e Som “José da Silva Bueno”). O primeiro está sofrendo com a possibilidade de perder o prédio do museu devido ao comodato que garantia a permanência ter expirado e não ter sido renovado, até então. Essas informações foram obtidas a partir de uma entrevista feita em abril de 2019 com o diretor do museu, Nilton Campos, o qual explicou que as maiores dificuldades que o museu encontra está no que tange a falta de funcionários e equipe para organização e gestão do museu, assim como, a falta de espaço. O edifício sofreu uma reforma em 1992 objetivando transformá-lo em uma pinacoteca, até então funcionava no local a Câmara Municipal, contudo o espaço jamais foi utilizado como acervo municipal, mas sim, como museu de arte contemporânea com apenas exposições temporárias.

Em entrevista com um membro da equipe do MARP, André Riul, foi explicado que as exposições ficam em torno de 30 a 40 dias de permanência, o museu apresenta, portanto, esse programa de exposições temporárias e o SARP (Salão de Arte de Ribeirão Preto). Para ambos os programas são feitos editais em que a comissão seleciona os trabalhos e artistas a serem expostos. Como premiação do SARP, as obras são adquiridas pelo museu e acrescentadas em seu acervo permanente, o qual abriga cerca de 1.500 itens, todos guardados, acondicionados, catalogados e dividos por núcleo. Para além do museu, o prédio do MARP abriga duas bibliotecas, atualmente sem acesso ao público, a Biblioteca Leopoldo Lima, a qual apresenta acesso apenas através de agendamento, pois está com falta de material humano e digital e a Biblioteca Pedro Manuel-Gismondi, o qual leva o nome do museu, trata-se do acervo pessoal do artista, professor e crítico de arte, conta com cerca de 3.000 itens, está sendo feito um trabalho de catalogação, limpeza e conservação deste acervo da biblioteca.

Ainda em entrevista, André Riul

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relatou que “o museu é orgão catalisador e emissor de cultura”, questionado acerca do espaço do museu, ele acredita que este necessita uma ampliação. Portanto, como parte do projeto, deseja-se realizar a construção de uma filial do MARP, é importante ressaltar que acredita-se na importância e defesa da permanência do museu em seu prédio de origem, a proposta é de construir um museu flexível e dinâmico, em que possa ser exposto obras contemporâneas não convencionais (restrição que o edifício histórico apresenta devido suas proporções) e onde possa ser exposto o acervo permanente do museu, adquirido ao longo dos anos, o qual fica guardado, sem acesso do público. Para além, pode-se pensar em um espaço projetado para eventos como o SARP, assim, o prédio histórico do MARP ficaria com o programa de exposições temporárias, a nova filial apresentará exposições do acervo permanente e o programa de Salão de Arte que ocorre uma vez ao ano. Enquanto o MIS, encontra-se em uma situação um pouco mais crítica, o museu nunca teve uma sede própria desde sua fundação em 1978 e está sem sede e fechado ao público há cerca de 14 anos, nos últimos anos a equipe responsável pelo museu concentrou-se em trabalhos voltados a conservação e catalogação do acervo, foram realizadas poucas exposições pontuais e esporádicas,

não sendo possível exposição de longas durações e sistematização de um projeto de ação educativa devido a falta de espaço, atualmente o museu encontra-se na Casa da Cultura. Essas informações foram obtidas em entrevista feita em abril de 2019 com a historiadora Sandra Abdala que trabalha na Secretaria da Cultura de Ribeirão Preto. Foi relatado que no atual prédio da secretaria foram dedicadas cinco salas para a reserva técnica do museu, separadas por tipologias, contudo nenhuma delas estão climatizadas ou acondicionadas em ambiente adequado, o que prejudica na conservação do acervo. Em relatório de proposta de ocupação, qualificação e reabertura do Museu de Imagem e do Som de Ribeirão Preto, a Secretaria Municipal da Cultura diz que buscam “desde 2013, uma nova sede

que não seja de aluguel, para que o MIS não corra mais o risco de ser encaixotado novamente”. O poder público sofreu severas críticas e até processos junto ao Ministério Público devido a situação que o museu se 44


encontra e as péssimas condições que estão guardadas seu acervo de cerca de 9.000 peças, sendo sua maioria retratando a história dos radialistas de Ribeirão Preto. Desta maneira, deseja-se também projetar uma sede para o MIS, em que possa abrigar seu acervo permanente, mas como também possa receber exposições temporárias contemporâneas ligadas a imagem e ao som. Para isso, busca-se projetar um edifício com esse propósito, apresentando diferentes tipos de salas de exposição. Assim, o trabalho se resume ao projeto de dois museus que dialoguem entre si, articulados no espaço urbano e que se relacionem com um conjunto de equipamentos preexistentes, afirmando-se, desta forma, um sistema cultural na cidade. O Partido Projetual origina-se do princípio de ocupar áreas subutilizadas da área central para a construção de dois museus e se propõe a fazer uma restruturação urbana e viária que permita a conexão “física, visível e direta” dos equipamentos de cultura. Deseja-se projetar os museus para a escala da região administrativa de Ribeirão Preto, ou seja, visa pensar em edifícios para uma população de um pouco mais de um milhão de pessoas. Os terrenos de projeto foram escolhidos por atualmente serem constituidos de um espaço vazio

para estacionamentos e estarem em posições estratégicas na cidade. Um localiza-se no coração do centro e no alinhamento com a rodoviária, o que facilita o acesso da população da região, não restringindo o museu aos ribeirão pretanos, enquanto o outro encontra-se em frente a catedral da cidade e próximo de prédios históricos. Acredita-se que a relação arte e arquitetura neste projeto alcance as três dimensões determinadas no capítulo Inquietações: a primeira, a arquitetura como local da arte, alcançada pelo programa de um museu, a segunda, a arquitetura como objeto de arte e terceira e última, arquitetura projetada através da arte. Considera-se a segunda e a terceira, uma consequência da outra, pois ao projetar através da arte, obtém-se como resultado um objeto de arte. Essas dimensões são alcançadas ao utilizar o método de criação de esculturas aplicadas para a arquitetura. Esse processo será melhor explicado a seguir no subcapítulo “Experimentações formais”. 45


Legenda REGIÃO FOCO DO PROJETO ÁREA DE INTERVENÇÃO TERRENOS DE PROJETO EQUIPAMENTOS CULTURAIS PRAÇAS FLUXO RODOVIÁRIA CALÇADÃO EXISTENTE LIGAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS 46


Legenda TERRENOS DE PROJETO EQUIPAMENTOS CULTURAIS PATRIMÔNIOS TOMBADOS INTERVENÇÃO VIÁRIA (PERCURSO) PRAÇAS CATEDRAL CALÇADÃO EXISTENTE PONTOS DE ÔNIBUS

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1 2 3 4

48


Demolições necessárias

1

2

3

4

O projeto visa fazer uso dos espaços de estacionamentos, em que já se constituem como livres, sem edificações, sendo necessário apenas a retirada de coberturas, como ilustrado na imagem 1. Serão retiradas as edificações ilustradas nas imagens 2, 3 e 4. Optou-se por retirar a agência bancária ilustrada na imagem 2 (lateral da construção ilustrada na imagem 1), pois encontra-se em um local de importante visibilidade e estratégico na organização de um sistema que relaciona tanto os equipamentos culturais quanto patrimônios, o terreno localiza-se no alinhamento com a Catedral, dando, assim, um grande destaque que será de melhor uso para a população se tratar de um museu, com um programa diversificado. As edificações 3 e 4 foram retiradas para conectar os vazios. Mesmo com o estudo de campo, não foi possível identificar o uso da construção da imagem 3, o que foi possível verificar é que se trata de uma edificação térrea. Optou-se por retirá-la pois o terreno encontra-se em frente ao Palacete Joaquim Firmino, relação que será melhor trabalhada com um equipamento público. Enquanto a edifica-

ção 4, trata-se de um Instituto de Diagnóstico Médico que funciona apenas na fachada, a construção atrás é do estacionamento, não sendo verificado exatamente o seu uso. Novamente, assim como os outros, optou por retirar devido ao seu lugar estratégico na cidade, em frente a praça da Catedral, utilizar-se desse terreno, permitirá uma melhor dinâmica urbana entre os dois museus. Assim, mesmo que a princípio desejava-se fazer um projeto com zero demolições, acredita-se que essas sejam necessárias para um melhor desenvolvimento do projeto que agravará em mais ganhos do que perdas. Acredita-se, também, que as mesmas não serão de grandes impactos, por se tratarem de uma construção térrea e duas de apenas dois pavimentos. Fonte das imagens: 1, 2, 4 - autoria própria 3 - Google Street View, set. 2017

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Visão Serial do percurso feito na área de intervenção

Calçadão Estacionamento terreno intervenção

Casa da Memória Italiana

Patrimônio

Catedral

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Patrimônio

MARP

Prefeitura Estacionamento terreno intervenção Ponto de ônibus

Todas as imagens presentes nas páginas 50 e 51: autoria própria

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Mapa de Usos Caracterização do entorno imediato da área de intervenção

Legenda COMÉRCIO SERVIÇOS HABITAÇÃO MISTO (HAB. + COMÉRCIO/SERVIÇOS) ESTACIONAMENTO ÁREA LIVRE INSTITUCIONAL PÚBLICO INSTITUCIONAL PRIVADO SEM USO/SEM INFORMAÇÃO Sem escala.

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Caracterização do Sistema Cultural

1. Casa da Memória Italiana. 2. Teatro Pedro II 3. Centro Cultural Palace 4. Biblioteca Altino Arantes 5. MARP A. Catedral Metropolitana de São Sebastião B. Imóvel Rua Álvares Cabral C. Palacete Joaquim Firmino D. Palacete Jorge Lobato E. Edifício Diederichsen F. Palacete Camilo de Mattos G. Palácio Rio Branco H. E. E. Dr. Guimarães Jr. I. Palácio Arquiepiscopal

Legenda DIREÇÃO DAS RUAS PATRIMÔNIOS TOMBADOS EQUIPAMENTOS CULTURAIS ALTERAÇÕES NAS VIAS CALÇADÃO EXISTENTE TERRENOS DE INTERVENÇÃO Sem escala.

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Situação atual das vias a serem alteradas

Uma das propostas do projeto, como já apresentada, trata-se de uma reestruturação urba- Rua Tibiriçá na e viária de três quarteirões da Rua Tibiriçá e de quatro quarteirões da rua Duque de Caxias conforme ilustrado no mapa da página anterior. A Rua Tibiriçá apresenta 2,50 metros de passeio público de ambos os lados, 3,00 metros de leito carroçável e 4,00 metros de estacionamentos, resultando em um total de 12,00 metros, essa rua não apresenta linha de transporte coletivo. Já a Rua Duque de Caxias apresenta 2,00 metros de um lado e 4,00 metros de outro de passeio público, uma faixa de 3,00 metros exclusiva para ônibus, uma faixa de 3,00 metros de leito carroçável e uma faixa de 2,00 metros de estacionamento para taxistas. A proposta é de transformar essa via mais apropriada para o pedestre, retirando as faixas de Rua Duque de Caxias estacionamento, mantendo-os apenas em trechos com o sistema de bolsões. Realizando um trabalho com marcos visuais que permita a compreensão do sistema cultural a ser criado a partir do projeto dos museus e dos equipamentos preexistentes. Propõe-se realizar o detalhamento dessa intervenção no segundo semestre da disciplina.

Imagem Rua Tibiriçá: Google Street View. Set. 2017 Corte esquemático Rua Tibiriçá: autoria própria Imagem Rua Duque de Caxias: Google Street View. Set. 2017 Corte esquemático Rua Duque de Caxias: autoria própria

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1

Casa da Memória Italiana

2

Teatro Pedro II

3

Centro Cultural Palace

Categoria: Museu Natureza: Privado Endereço: Rua Tibiriçá , 776 - Centro, Ribeirão Preto - SP Data construção: 1923 a 1925

Equipamentos Culturais existentes

Categoria: Teatro Natureza: Público Endereço: R. Álvares Cabral, 370 - Centro, Ribeirão Preto - SP Data construção: 1928 a 1930 Patrimônio Histórico Orgão de Proteção: CONDEPHAAT Tipo de proteção: Tombamento definitivo estadual

Categoria: Centro Cultural (antigamente Palace Hotel) Natureza: Público Endereço: R. Álvares Cabral, 322 - Centro, Ribeirão Preto - SP Data construção: 1924 a 1926

Fonte das imagens: 1 - Foto: Alice Registro. https:// www.casadamemoriaitaliana.com. br/arquitetura/ 2 - Foto: Leandro Maranghetti Lourenço 3 - autoria própria.

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4

Biblioteca Altino Arantes

5

MARP - Museu de Arte De Ribeirão Preto

Categoria: Biblioteca Natureza: Privado Endereço: Rua Duque de Caxias, 547 Centro, Ribeirão Preto - SP Data construção: 1932 Patrimônio Histórico Orgão de Proteção: CONPPAC Tipo de proteção: Tombamento definitivo municipal

Categoria: Museu Natureza: Público Endereço: Rua Barão do Amazonas, 323 Centro, Ribeirão Preto - SP Data construção: 1908 Patrimônio Histórico Orgão de Proteção: CONPPAC Tipo de proteção: Tombamento definitivo municipal

Fonte das imagens: 4 - Foto: Foto: Milena Aurea / ACidade ON. https://www.acidadeon.com/ribeiraopreto/ NOT,2,2,1217500,Biblioteca+Altino+Arantes+e+a+casa+dos+livros.aspx 5 - autoria própria.

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A

Catedral Metropolitana de São Sebastião

B

Imóvel Rua Álvares Cabral

C

Palacete Joaquim Firmino

Patrimônios Tombados

Categoria: Igreja Natureza: Privado Endereço: R. Florêncio de Abreu, S/N Centro, Ribeirão Preto - SP Data construção: 1904 a 1918 Orgão de Proteção: CONDEPHAAT Tipo de proteção: Tombamento definitivo estadual

Categoria: Residencial (atual: Serviços) Natureza: Privado Endereço: R. Álvares Cabral, 763 - Centro, Ribeirão Preto - SP Data construção: sem informação Orgão de Proteção: CONPPAC Tipo de proteção: Tombamento provisório

Categoria: Residencial (atual: Segurança) Natureza: Público Endereço: R. Florêncio de Abreu, 411 - Centro, Ribeirão Preto - SP Data construção: sem informação, anterior a 1922, pois neste ano hospedou-se no palacete o Rei Alberto da Bélgica quando visitou Ribeirão Preto. Orgão e Tipo de Proteção: CONPPAC, Tombamento definitivo municipal

Fonte das imagens: A - autoria própria B - Google Street View. Set. 2017 C - Google Street View. Set. 2017

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Fonte das imagens: D - autoria própria E - Foto: Weber Sian/ ACidade ON https://www.acidadeon.com/ribeiraopreto/GFOT,0,3,23970,Edificio+Diederichsen+tem+de+ser+desocupado+ate+dia+27+de+julho.aspx F - autoria própria

D

Palacete Jorge Lobato

E

Edifício Diederichsen

F

Palacete Camilo de Mattos

Categoria: Residencial (atual: sem uso) Natureza: Privado Endereço: R. Álvares Cabral, 716 - Centro, Ribeirão Preto - SP Data construção: 1922 Orgão de Proteção: CONPPAC Tipo de proteção: Tombamento definitivo municipal

Categoria: Residencial Natureza: Privado Endereço: R. Álvares Cabral, 469 - Centro, Ribeirão Preto - SP Data inauguração: 1936 Orgão de Proteção: CONDEPHAAT Tipo de proteção: Tombamento definitivo estadual

Categoria: Residencial (atual: sem uso) Natureza: Privado Endereço: R. Duque de Caxias, 625 - Centro, Ribeirão Preto - SP Data construção: década de 1920 Orgão de Proteção: CONPPAC Tipo de proteção: Tombamento definitivo municipal 58


G

Palácio Rio Branco

H

E.E. Dr. Guimarães Jr.

I

Palácio Arquiepiscopal

Categoria: Residencial (atual: Governamental) Natureza: Público Endereço: R. Florêncio de Abreu, S/N Centro, Ribeirão Preto - SP Data inauguração: 1917 Orgão de Proteção: CONPPAC Tipo de proteção: Tombamento definitivo municipal.

Categoria: Educacional Natureza: Público Endereço: R. Lafaiete, 584 - Centro, Ribeirão Preto - SP Data inauguração: 1901 Orgão de Proteção: CONDEPHAAT Tipo de proteção: Tombamento definitivo estadual

Categoria: Residencial Religioso Natureza: Privado Endereço: R. Lafaiete, 462 - Centro, Ribeirão Preto - SP Data construção: 1904 a 1918 Orgão de Proteção: CONDEPHAAT Tipo de proteção: Tombamento definitivo estadual

Fonte das imagens: G - autoria própria H - Google Street View. Set. 2017 I - autoria própria

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Programa dos Museus Entrada/Recepção + Espaços independentes Foyer Guarda-Volumes Espaço de Convivência Loja Café Restaurante Mirante Banheiros

Administrativo Direção Administrativa Departamento Pessoal Departamento Financeiro Departamento Técnico Departamento de Museologia Coordenação Curadoria Sala de Reuniões Sala de Funcionários Banheiros

Museu Exposições Sala de Exposição Permanente Sala de Exposição Temporária Banheiros

Facilidades técnicas Laboratórios de Pesquisa Laboratórios de Conservação e Restauro Sala de processamento e catalogação de objetos Reserva técnica Depósito Almoxarifado Central de segurança Cabine técnica

Midiateca Educativo Auditório Biblioteca Salas de Aula Espaço Multimídia Foyer Banheiros

Logística + Serviços Estacionamento Carga e descarga

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Diagrama esquemático Setorização por fluxos PÚBLICO

ACESSO PÚBLICO E PRIVADO

PRIVADO

Quantidade de espaço dedicado: O dimensionamento dos espaços foi feito a partir de informações de prédimensionamento consultados em HAZBOUN, Viviane Diniz. Murb: anteprojeto de um museu e espaço cultural para Natal-RN. Natal, RN, 2014.

3%

7%

8%

10%

12%

60%

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Experimentações Formais

Como forma de aproximar arquitetura da arte, pensou-se na escultura, que nada mais é do que uma expressão artística aplicada a um material e trabalhada no campo tridimencional. Assim como a arquitetura, a escultura apresenta um diálogo com o seu entorno. Desta forma, propõe-se uma abordagem de projeto a partir dos métodos operativos escultóricos, objetivando criar uma arquitetura que em si pode ser uma obra de arte com usos específicos. Para tal, foram realizados estudos sobre escultura e pesquisado referências de escultores, principalmente contemporâneos. É possível identificar três grandes grupos de técnicas de escultura, o de adição, o de subtração e o de modelagem. Dentro da proposta optou-se pelo método de subtração. Para tal, foi escolhido um material maciço no formato dos terrenos de intervenção. Pensando então nas relações que se desejava com a forma, foram realizados cortes e retirada de materiais para, enfim, chegar em um objeto. Como o projeto se trata de dois museus em terrenos com características diferentes, porém que devem ser tratados como uma obra única, buscou-se sempre realizar operações escultóricas no material visando atender quatro níveis:

1. Relações “intra-forma”, um diálogo da forma com ela mesma; 2. Relações “entre-formas”, realizar os dois objetos como se fossem juntos, para que se relacionem e sejam identificados como uma única obra de arte dividida em duas partes; 3. Relações com o tecido urbado e seu entorno imediato; 4. Relação com os patrimônios presentes na área; Foram realizados diversos modelos de estudos e experimentações formais, em que serão apresentados a seguir um total de nove objetos sínteses desse processo. Optou-se por apresentá-los separados por terreno de implantação para observar as diferentes operações realizadas de um modelo para o outro, mas pode-se notar relações entre modelos dos diferente terrenos, podendo separá-los em grupos.

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Identificação dos terrenos de projeto

A B

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Experimentação Formal Terreno A - Modelo 01 O Modelo 01 realizado para o Terreno A da área de intervenção de projeto corresponde a uma edificação de três pavimentos, os cortes foram feitos com o objetivo de criar espaços livres no térreo e para criar um mirante/cobertura acessível no último andar. A esquina, fluxo proveniente da rodoviária, é demarcada por um corte na diagonal. (Pode-se visualizar o contexto urbano na página 69). Imagens: fotografias do modelo de estudo. Autoria própria.

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Experimentação Formal Terreno A - Modelo 02

O Modelo 02 realizado para o Terreno A da área de intervenção de projeto corresponde também a uma edificação de três pavimentos, os cortes realizados nesse modelo foram feitos nos sentido de valorizar as visuais do entorno existente, a esquina é novamente demarcada com um corte na diagonal com um pé direito duplo livre. A relação com a rua proveniente do alinhamento com a Catedral (pode-se visualizar o contexto urbano na página 69) é feita de duas maneiras, a primeira que a rua “entra” na edificação e a segunda através das coberturas acessíveis que funcionam como mirante para a praça. Foi realizada uma perfuração imaginando um pátio central que articula os diferentes programas do museu. Imagens: fotografias do modelo de estudo. Autoria própria.

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Experimentação Formal Terreno A - Modelo 03

O Modelo 03 realizado para o Terreno A da área de intervenção de projeto corresponde novamente a uma edificação de três pavimentos, os cortes foram feitos para esse modelo se diferenciam um pouco dos anteriores, a esquina não é demarcada a partir de diagonais chanfrada, mas sim com apenas o térreo livre. É dada uma maior importância a rua do alinhamento com a Catedral, onde ocorrem feiras de artesanato, cria-se, assim, um espaço livre objetivando dar continuidade da praça, onde a feira possa se estender, assim como outros eventos espontâneos. Neste modelo também foi realizada uma perfuração, pensando em um pátio estruturador do museu. (Pode-se visualizar o contexto urbano na página 69). Imagens: fotografias do modelo de estudo. Autoria própria.

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O Modelo 04 realizado para o Terreno A da área de intervenção de projeto corresponde a uma edificação de dois pavimentos, tanto em gabarito quanto em aspectos formais, este se diferencia dos modelos já apresentados. A rua do eixo da rodoviária é demarcada com uma diagonal, porém no outro sentido das apresentadas no modelo 01 e 02, neste, a diagonal faz a função de indicar o fluxo do acesso principal do museu, cria-se um mirante para a Praça das Bandeiras. Imagina-se o espaço de apenas um pavimento com materialidades transparentes, pensa-se em uma fachada mais aberta, que convida a cidade a entrar. (Pode-se visualizar o contexto urbano na página 69).

Experimentação Formal Terreno A - Modelo 04

Imagens: fotografias do modelo de estudo. Autoria própria.

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Experimentação Formal Terreno A - Modelo 05

O Modelo 05 realizado para o Terreno A da área de intervenção de projeto corresponde a uma edificação de três pavimentos, neste, duas ações formais resultaram no modelo, que foi o corte na diagonal e o deslocamento da parte cortada. Criando-se um eixo que indica o acesso principal, e também um bloco mais independente que dialoga com a Praça das Bandeiras, pensa-se na cobertura como um mirante. A parte posterior, fluxo oriundo do calçadão e dos demais equipamentos culturais é demarcada com um vão livre, contudo, pensa-se esse espaço mais como uma entrada secundária do museu e do acessos de serviços. Imagens: fotografias do modelo de estudo. Autoria própria.

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Experimentação Formal Situação em relação o entorno imediato

Modelo 01

Modelo 02

Modelo 04

Modelo 03

Modelo 05

69


Experimentação Formal Terreno B - Modelo 01

O Modelo 01 realizado para o Terreno B da área de intervenção de projeto corresponde a uma edificação de três pavimentos, o contexto deste terreno é mais delicado por estar em contato direto com um outro museu, a Casa da Memória Italiana, optou-se por dar destaque a casa elevando o museu, criando uma espécie de rua coberta por onde acessa o equipamento e atravessa para a outra rua. A esquina é demarcada por um corte chanfrado que dialoga com o Palacete Jorge Lobato que se encontra na diagonal. (Pode-se visualizar o contexto urbano na página 74). Imagens: fotografias do modelo de estudo. Autoria própria.

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O Modelo 02 realizado para o Terreno B da área de intervenção de projeto corresponde também a uma edificação de três pavimentos, assim como no 01, o museu é elevado, criando uma composição com a Casa da Memória Italiana ao lado, diferentemente do anterior, este cria um espaço aberto entre as edificações, onde pensa-se como uma praça do museu, imaginou-se em um primeiro momento em um espaço de eventos ao ar livre, como, por exemplo, um teatro de arena. Já em relação a esquina, optou-se por diminuir o gabarito para relacionar melhor o museu com o patrimônio do lado e na diagonal. Foi pensado em uma cobertura acessível para justamente dar visuais a estas edificações históricas. (Pode-se visualizar o contexto urbano na página 74).

Experimentação Formal Terreno B - Modelo 02

Imagens: fotografias do modelo de estudo. Autoria própria.

71


Experimentação Formal Terreno B - Modelo 03

O Modelo 03 realizado para o Terreno B da área de intervenção de projeto corresponde a uma edificação de três pavimentos, neste modelo estudou-se uma relação com a Casa da Memória Italiana diferente dos modelos anteriores, imagina-se uma edificação térrea que dialoga lado a lado com a Casa, o museu cresce em altura no meio do terreno em que se cria um bloco que interliga as duas partes mais baixas, na parte central, é proposto um vão livre. Pensa nas coberturas do primeiro e segundo pavimento acessíveis. (Pode-se visualizar o contexto urbano na página 74). Imagens: fotografias do modelo de estudo. Autoria própria.

72


O Modelo 04 realizado para o Terreno B da área de intervenção de projeto corresponde também a uma edificação de três pavimentos, assim como o Modelo 05 do terreno A, pensou-se nessa experimentação em um processo de corte e deslocamento. Com esses movimentos, criou-se um fluxo diagonal que indica de um lado o Palacete Jorge Lobato e de outro um percurso que se desenvolve embaixo de um bloco elevado do museu, criando, novamente, uma espécie de “rua coberta” que finaliza na Praça das Bandeiras, com visual para a Catedral e ao lado da Casa da Memória Italiana. Neste modelo, pensa-se o bloco independente como o espaço educativo do museu. (Pode-se visualizar o contexto urbano na página 74).

Experimentação Formal Terreno B - Modelo 04

Imagens: fotografias do modelo de estudo. Autoria própria.

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Experimentação Formal Situação em relação o entorno imediato

Modelo 01

Modelo 02

Modelo 03

Modelo 04 74


Evolução da Forma Modelos escolhidos para análises Foram escolhidos o Modelo 05 do terreno A e o Modelo 04 do terreno B, pois acredita-se que estes são os que melhor respondem nos quatro níveis (intra-edifício, entre os dois museus, relação com o entorno urbano e relação com o patrimônio). Estes apresentam um maior diálogo formal, sendo facilmente identificados como parte integrante de um único projeto. Terreno A = 3.374 m2 / Modelo 05 = 6.941 m2 Terreno B = 2.675 m2 / Modelo 7504 = 3.015 m2

A - Modelo 05: CA = 2,06 TO = 85%

B - Modelo 04: CA = 1,13 TO = 65%

A partir das análises, escolheu-se o Terreno A/ Modelo 05 para a edificação do MIS e o Terreno B/ Modelo

04 para a edificação da filial do MARP.

A

Modelo 05

B

Modelo 04

Pois acredita-se que seja necessário mais área construída para o novo museu e ao mesmo tempo, que um museu de arte contemporânea dialogue melhor no terreno rodeado de patrimônios, pois este permite exposições em espaços mais abertos para a cidade do que um museu de imagem e som. 75


Diagramas Fluxos/Acessos TERRENO A - MIS Legenda FLUXO PROVENIENTE DA RUA DA FEIRA DE ARTESANATO E ALINHAMENTO COM A CATEDRAL/ACESSO DO MUSEU NA ÁREA CATEGORIZADA PELO PROGRAMA COMO “MIDIATECA-EDUCATIVO” FLUXO PROVENIENTE DA RODOVIÁRIA/ ACESSO PRINCIPAL DO MUSEU FLUXO PROVENIENTE DO CALÇADÃO E DOS OUTROS EQUIPAMENTOS DE CULTURA/ ACESSO DE SERVIÇOS E SECUNDÁRIO DO MUSEU

TERRENO B - FILIAL MARP Legenda FLUXO PROVENIENTE DO MUSEU DO TERRENO A/ACESSO PARA UM ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA E APROPRIAÇÃO FLUXO PERMEÁVEL NO TERRENO/ACESSO PRINCIPAL DO MUSEU E PARA O ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA E APROPRIAÇÃO

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Diagramas Visuais

TERRENO A - MIS COBERTURA ACESSร VEL VISANDO CRIAR UM MIRANTE PARA A RUA DA FEIRA DE ARTESANATO E ALINHAMENTO COM A CATEDRAL

Foto catedral + feira: autoria prรณpria

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Diagramas Visuais TERRENO B - FILIAL MARP

COBERTURA ACESSÍVEL CONFIGURANDO-SE COMO UM MIRANTE PARA OS PATRIMÔNIOS

VISUAIS PARA A CASA DA MEMÓRIA ITALIANA VISUAL PARA A CATEDRAL

Fotos: autoria própria com exceção do Palacete Jorge Lobato: Google Street View, set. 2017

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Diagramas Fachadas Opacas/Abertas

1 2

3

1

4

2 TERRENO A - MIS

3

Legenda FACHADAS PREDOMINANTEMENTE ABERTAS FACHADAS PREDOMINANTEMENTE OPACAS COBERTURA ACESSÍVEL

4

COBERTURA INACESSÍVEL 79


Diagramas Fachadas Opacas/Abertas

1 3

2

4

1

2 TERRENO B - FILIAL MARP

Legenda FACHADAS PREDOMINANTEMENTE ABERTAS

3

FACHADAS PREDOMINANTEMENTE OPACAS COBERTURA ACESSÍVEL COBERTURA INACESSÍVEL

4

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Diagramas Possibilidade de alocação do programa

O diagrama apresentado trata-se de um primeiro estudo acerca da alocação dos diferentes programas do museu, pensando em setorizações e acessos públicos/privados. Não foram considerados, neste primeiro momento, os espaços subsolo.

Legenda ENTRADA/RECEPÇÃO + ESPAÇOS INDEPENDENTES MUSEU - EXPOSIÇÕES MIDIATECA - EDUCATIVO ADMINISTRATIVO FACILIDADES TÉCNICAS LOGÍSTICA + SERVIÇO 81


Diagramas Possibilidade de alocação do programa

O diagrama apresentado trata-se de um primeiro estudo acerca da alocação dos diferentes programas do museu, pensando em setorizações e acessos públicos/privados. Não foram considerados, neste primeiro momento, os espaços subsolo.

Legenda ENTRADA/RECEPÇÃO + ESPAÇOS INDEPENDENTES MUSEU - EXPOSIÇÕES MIDIATECA - EDUCATIVO ADMINISTRATIVO FACILIDADES TÉCNICAS LOGÍSTICA + SERVIÇO 82


“Contemporaneamente, o museu figura como um dos espaços que mais tem se transformado na Arquitetura. Nele, o arquiteto pode ultrapassar o funcionalismo - o que seria mais difícil, no caso de um hospital ou uma sala de concertos - e criar volumes impensáveis. Esta liberdade imaginativa endossou cenários, rampas, mirantes, visões teatrais da própria obra e de seu entorno.” (NEIVA; PERRONE. 2013, p.95)

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 84


ARANTES, Otília B. Fiori. O Lugar da Arquitetura depois dos Modernos. 3. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015.

LOURENÇO, Maria Cecília França. Museus Acolhem Moderno. São Paulo: Edusp - Editora da Universidade de São Paulo, 1999.

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