Reclicando o espaço Aliança

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Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

Ana Beatriz Nestlehner Cardoso de Almeida Jaime Solares Carmona Sheila Quilice Porto Bruno Juliani Mentone Juliano Fernandes Martins da Costa


FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Fundo de Cultura e Extensão Universitária

Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social, ambiental e econômica Relatório Final Orientação: Profª Drª Catharina Pinheiro Cordeiro dos Santos Lima Ana Beatriz Nestlehner Cardoso de Almeida Jaime Solares Carmona Sheila Quilice Porto Bruno Juliani Mentone Juliano Fernandes Martins da Costa

São Paulo, Setembro de 2011

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“Arquitetura para pobre não precisa ser arquitetura pobre” Catharina Pinheiro

Sumário Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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Introdução Origem do Projeto A Percepção do Problema O Espaço Aliança Catadores: Uma realidade pouco vista

Metodologia Os Instrumentos Processo Participativo

As Visitas Visita Zero Primeira Visita: a “vaca atolada” Segunda Visita: conhecendo o Pantanal Terceira Visita: a vida imita a arte Quarta Visita: relendo o espaço Quinta Visita: partido e projeto

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Visitas Referenciais Cooperativa Nova Esperança, no Jardim Pantanal O Galpão das Artes Recicladas Hélio G. Pellegrino Encontro IPEC Visitas de Paisagismo

Conversas Ângela Martins Baeder Professora Maria Cecília Loschiavo (FAUUSP) e EPA Fábio Mariz (FAU USP) Alexandre Delijaicov (FAUUSP) e André Takya (EDIF) Reginaldo Ronconi (FAUUSP) Raul Isidoro Pereira (arquiteto-paisagista) SEHAB FAU USP

Projeto O desenvolvimento do projeto de arquitetura Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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Primeira fase: Praça Mirante Córrego do Fogo Segunda fase – O Plano de Massas Terceira Fase – O Projeto dos edifícios

Arquitetura Sustentável Referências Arquitetônicas Francis Kéré João Filgueiras Lima – O Lelé

Referências de Ergonomia O Programa O Partido As Pranchas Situação 1:2000 Planta do terreno 1:250 Planta do paisagismo 1:250 Legenda do paisagismo Elevação 1:250

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Usos – esquema Módulo das aulas 1:100 Fotos maquete

Os Agentes Conclusões Bibliografia Anexos Anexo I: Carta da COOPERCOSE Anexo II: Questionário para a Graça Anexo III: O tempo e o momento Anexo IV: Boxes Anexo V: Sustentabilidade e Futuridade

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Introdução O presente projeto de cultura e extensão feito por alunos da Graduação da FAU USP e orientados pela Professora Catharina Cordeiro propõe um novo projeto de arquitetura, com uma enorme dimensão urbana para o City Jaraguá, conjunto habitacional localizado próximo ao Córrego do Fogo, em Pirituba. Nesse trabalho, que inicialmente previa apenas o projeto de uma Usina de Triagem, foram sendo agregadas novas demandas, de tal forma que todo o espaço em questão – chamado de Espaço Aliança – pudesse suportar de fato uma nova centralidade de abrangência local, com equipamentos de educação, cultura e lazer. O projeto nasceu do chamado da Professora Márcia da Penha Rezende, que leciona em uma EMEI da região e que, em constante contato com a realidade local, lê uma nova demanda que surge: por questões de higiene pública, catadores precisam da construção de uma nova Usina. Em contato com a Professora Catharina, que já havia feito um projeto para a região, Márcia consegue trazer a Universidade para aquela região. E é desse contato que a extensão justifica seu começo. Sempre com vistas à paisagem, considerado elemento articulador de todos os espaços propostos, pensamos em quais possibilidades criávamos ali: a do descanso, do contato, da admiração, do lazer. Havia, contudo, uma postura ética de nosso grupo na qual precisávamos extrapolar a leitura comum daquela situação para nos aproximarmos mais ainda das pessoas que iriam usufruir daquele projeto. Basicamente vimos que era necessário trabalhar o projeto de arquitetura como projeto participativo, no qual a intensa dinâmica social que dali afluía deveria ser constantemente lida e relida.

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Além da questão social e cultural, a questão técnico-econômica do pensamento sustentável na construção dos edifícios e da paisagem é premissa de projeto, pensado desde sua concepção-partido, até sua possível construção e pós-uso, com reciclagem do espaço ou dos materiais que constituíam o projeto. Inserir a arquitetura em um contexto global e local, levando em consideração as pré-existências naturais e humanas era, portanto, a maior premissa de nosso projeto de extensão. Esse pensamento, que logo haveria de se transformar em método, era algo relativamente novo para nós na faculdade. Precisávamos pensar em instrumentos e conceitos para a sustentação desse empreendimento. Desde o começo, contudo, pensamos nas oficinas como forma de aproximação à realidade, trabalhados, claro, em paralelo a uma pesquisa acadêmica do grupo quanto ao tema e a conversas com diversos professores, de tal modo que tanto a Universidade de um lado quanto a comunidade de outro iriam surgir como insumo teórico-empírico para a constituição de nosso modus operandis. Em assim sendo, nosso projeto se divide em três momentos: o primeiro, de aproximação, leitura e proposição inicial de uma apropriação do espaço dos fundos do Aliança; o segundo, marcando mais uma transição do que um momento de fato, da entrada da COOPERCOSE no projeto e a percepção das dimensões que nossa extensão iria tomar; e, por fim, a etapa final de conclusão do programa e aprofundamento de projeto. Nessas três etapas, a identificação dos agentes sociais, assim como o levantamento de referências arquitetônicas e as constantes discussões na FAU permitiram-nos ler melhor o problema. A Usina de Triagem, enquanto primeiro programa, trouxe já uma complexidade muito grande para o projeto, dado que antes de seu início havíamos visitado o Espaço Aliança e buscado alguma referência quanto a essa arquitetura específica. A questão da reciclagem do Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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lixo surge com os movimentos ambientais das décadas de 60 e 70, problematizando e discutindo o modelo industrial-progressista baseado na cadeia linear de produção-consumodescarte. A reciclagem entraria aí como o elo que falta para que essa cadeia torne-se circular, racionalizando a produção de lixo pela sociedade. Essa é, ainda, apenas uma das frentes que atuam no tema sustentabilidade, mas que muito nos interessa já que encerra em si o tripé do tema: meio ambiente – economia – sociedade. O catador, ao lidar diretamente com o resíduo sólido decorrente do consumo de determinada comunidade, triando o mesmo e dirigindo o material às centrais recicladoras, deveria ser visto imediatamente como um agente social cujo trabalho possui uma dimensão pública de grande importância. Infelizmente não é isso o que ocorre. Tendo no lixo seu sustento, ele traduz a dimensão econômica da questão, assim como ao sofrer um estigma social, deflagra os valores de nossa sociedade. Ele encerra em si, portanto, uma questão muito complexa. O que interessa notar no Espaço Aliança é como esse agente deflagrador de fato descortina toda uma realidade extremamente dinâmica que perpassa por questões como o deslocamento de famílias inteiras para longe de seus lares originais para dentro de apartamentos minimamente confortáveis; o assistencialismo e a burocracia de agentes do governo; a cultura da emergência – puxadinhos x a cultura da arquitetura; a degradação ambiental e a falta da regulação de determinadas ações do homem sobre a natureza; os anseios pouco ouvidos de toda uma comunidade; enfim, temas de profundidade que, em um ano de trabalho, ainda parecem pouco explorados, mas que talvez, dada a oportunidade de construção de um novo espaço público de qualidade com os mais diversos equipamentos, possam se desenvolverem de forma mais harmônica.

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Origem do Projeto O assentamento City Jaraguá foi construído por uma iniciativa da SEHAB1, com a finalidade de relocação de famílias retiradas de diversas áreas da região Metropolitana. Localizado na periferia da região norte de São Paulo, no bairro do Jaraguá-Pirituba, possuí divisa sul junto ao Conjunto Jaraguá e ao norte-nordeste é limitado pelo córrego Vargem Grande (também chamado de Córrego do Fogo ); mais ao norte observa-se uma pedreira em atividade e com permissão para exploração mineral até 2017. As ligações de circulação urbana são por vias coletoras que saem da Estrada de Taipas, dando acesso ao conjunto e a vias de circulação locais. O Projeto foi concebido em 1995 pela Pentarco Engenharia e Arquitetura em contrato com a HABISP, caracteriza-se por ser um assentamento habitacional de grande porte e possui uma área de 468.445,00m² com população prevista para 101.590 pessoas - uma taxa de ocupação de cerca de 13,20%. Atualmente, há 22.858 habitantes distribuídos em diferentes tipologias habitacionais, como apartamentos e alguns sobrados. O traçado sinuoso das vias internas foi configurado para melhor aproveitamento do perfil natural do terreno.

Figura 1– Foto aérea de 2006 da região metropolitana de São Paulo mostrando localização do conjunto City Jaraguá.

Figura 2–Foto aérea de 2006 da cidade de São Paulo mostrando região do extremo Norte e a localização do conjunto City Jaraguá.

Assim como outros conjuntos habitacionais de São Paulo, foi construído na periferia da área urbanizada da cidade, apresentando pouca qualidade construtiva e visando o baixo custo para a ocupação de uma população de baixa-renda. Identifica-se a falta de consideração com o conceito de que habitar compreende outras atividades urbanas, como equipamentos voltados ao comércio local, ao lazer, à cultura, à educação e à ocupação do espaço comum,

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Secretaria de Habitação do Município de São Paulo

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preceitos básicos do urbanismo, além da simples unidade habitacional, com suas áreas mínimas, vagas de estacionamento, questões de acessibilidade, etc. É necessário entender que a retirada de moradores de um local específico e seu assentamento em outro lugar, distante do local de origem pode gerar diversos problemas. A rotina da pessoa muda totalmente, assim como sua relação com o entorno - o comércio, os serviços, a vizinhança, enfim, com o meio no qual está inserido. Além disso, é importante entender o impacto gerado pela saída de um local, que possui uma importante memória para o morador, materializado pela autoconstrução e intimamente relacionada a um hábito diário, para um apartamento que exige um outro padrão comportamental muito diferente, especialmente em razão das novas escalas que traz - a do espaço coletivo da memória condominial, da rua distante, do vizinho do lado, de cima e de baixo. O próprio espaço interno dos apartamentos, notadamente marcado pelas dimensões mínimas sem possibilidade de ampliação ou adequação, traz a questão do ambiente opressivo, ocasionado pelo acumulo de pessoas, conflito de costumes, gerando tensões sedentas de espaços para alivio, convívio. Nesse ínterim, problemas menores são amplificados pela proximidade imposta entre as pessoas no assentamento de apartamentos.

Figura 3 - Imagem aérea de 2006, mostrando região do extremo Norte e a localização do conjunto City Jaraguá.

Figura 4 – Foto aérea do conjunto City Jaraguá , 2006.

Dessa forma, apesar desse tipo de ação visar à melhoria das condições de vida das famílias realocadas, inserindo-as no que é entendido como “cidade legal”, essa realidade apresenta problemas como a não identificação com o lugar, impedindo a formação de uma comunidade que,em seu cotidiano, tenha as bases para a prática da cidadania de forma plena.

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No contexto do City Jaraguá , os catadores, que agem de forma autônoma depositando material recolhido na rua ou nas próprias residências, geraram uma ameaça à salubridade pública, incomodando os vizinhos e chamando a atenção do Programa Saúde da Família, que levou à notificação da situação ao Departamento de Assistência Social da SEHAB, exigindo alguma uma ação relacionada ao problema apontado. A demanda por um local que suprisse a necessidade dessa categoria de moradores do City Jaraguá chamou a atenção da Prof. Márcia da Penha Rezende, da Escola Municipal de Educação Infantil-EMEI João Paulo II, que por sua vez entrou em contato com a Prof. Catharina Cordeiro , evocando uma parceria com a Universidade de São Paulo para o projeto arquitetônico de uma Usina de Triagem que possibilitasse o desenvolvimento da atividade, criando áreas de trabalho, de lazer, de conscientização ambiental e de convívio social.

Figura 5 – Foto mostrando ao fundo o conjunto City Jaraguá, acervo do grupo

O projeto deveria estar de acordo com os preceitos da arquitetura sustentável, diminuindo os custos de manutenção do edifício e proporcionando alta qualidade de conforto ambiental apresentando um paisagismo integrado com o meio ambiente, articulando as relações de convívio dos catadores com a comunidade local, afirmando–se como um espaço democrático de trabalho e a prática da cidadania. Tendo em vista que o ensino universitário é fundamentado na tríade - ensino, pesquisa e extensão e sabendo que esta última instância cria condições para a efetiva aplicação do conhecimento adquirido no meio acadêmico à uma comunidade (inclusive com a intenção de transformar dada realidade social) a Prof. Catharina Cordeiro convidou alguns de seus alunos de graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo para criar um projeto de cultura e extensão, a fim de responder a essa demanda da comunidade do City Jaraguá, em especial a dos catadores.

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Figura 6 – Foto do grupo de catadores em reunião com os agentes responsáveis da Habi - Norte e o grupo de extensão visita “vaca atolada”. Ana Beatriz Nestlehner Cardoso de Almeida Jaime Solares Carmona Sheila Quilice Porto Bruno Juliani Mentone Juliano Fernandes Martins da Costa


A Percepção do Problema Uma vez formados como um grupo propositor de um projeto de extensão, fizemos uma visita ao local, com a finalidade de conhecer melhor a problemática que essa comunidade apresentava. Nessa primeira aproximação conhecemos: O arquiteto e a assistente social da HABI Norte que são responsáveis pelas atividades no City Jaraguá; a Professora Márcia da Penha Rezende; Parte dos catadores; E o Espaço Aliança, localizado no terreno onde proporíamos nosso projeto arquitetônico. Deparamos-nos com uma situação bastante frágil: não havia de fato uma cooperativa formada, mas sim o inicio de um processo de trabalho social a fim de despertar um pensamento cooperativo; há poucos meses o programa de assistência havia começado a inserção de um projeto de terapia comunitária, buscando melhorar as condições psíquicas e a auto-estima desses trabalhadores. Identificamos a primeira iniciativa de suprir o problema relacionado ao armazenamento de resíduos, materializada na construção de 17 baias individuais, solução um pouco equivocada, já que esse formato vai contra o pensamento cooperativo, chegando inclusive a estimular a continuação do trabalho individual. Orientados pela Prof. Catharina Cordeiro, nossa proposta de trabalho foi fundamentada no desenvolvimento metodológico participativo, em conjunção com a pesquisa acadêmica e o exercício de desenho arquitetônico. Dessa forma criamos o projeto de extensão: “Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social, ambiental e econômica”, baseado em duas escalas de projeto: Figura 7 – Imagem mostra rua Oscar Pander , os edifícios habitacionais a esquerda e o Espaço Aliança a direita, fonte Google Maps Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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- A Arquitetura do Edifício – Desenvolvida a partir da reflexão,da pesquisa e baseada no processo coletivo de elaboração do projeto, buscou também qualidade estética, de forma a contribuir para o processo da melhoria da autoestima da população de catadores, além de expressar a própria identidade das atividades socioeconômicas em questão. - A Arquitetura da Paisagem – Criando espaços abertos de convivência, descanso, lazer e recreação, contribuindo para o fortalecimento de laços sociais e afetivos dos catadores, e da comunidade do City Jaraguá, entre si, com intuito de gerar a noção de pertencimento ao local, o que colaborará para o desenvolvimento de uma efetiva comunidade. No decorrer do nosso trabalho ocorreram diversas mudanças de programas e demandas sociais, novos agentes apareceram, outros por sua vez, desapareceram. A aproximação com essa comunidade nos fez observar que os processos sociais, quando vivenciados são muito dinâmicos, e, para desenvolvermos algo coerente com a realidade, não podemos visualizar as questões como algo estático - um dado que se mantém e é absorvido - ignorando o surgimento de demandas das mais diversas.

Figuras 8 e 9 – Mostram de forma ilustrativa as diferentes escalas da relação humana com o edifício e a paisagem respectivamente. Fonte - “El deseño de espacios exteriores” Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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O Espaço Aliança

Figura 10 – Foto aérea mostrando localização do Espaço Aliança.

Com o adensamento do City Jaraguá restou como espaço livre, o sistema viário e duas grandes áreas verdes. Esses espaços são residuais da sobra entre as edificações e da necessidade de preservação das margens dos córregos, que impõe legalmente uma área de preservação permanente, segundo o art. 2° da Lei no 4.771/65. O Espaço Aliança está localizado junto a fronteira norte/nordeste da gleba, no final da rua s/ saída Oscar Pender, ao lado da várzea do córrego Vargem Grande ( ou córrego do Fogo) , fazendo divisa também com uma pedreira. Sua característica morfológica aponta um grande potencial paisagístico. Originalmente, o Espaço Aliança era o canteiro de obras das construtoras que mantiveram suas atividades no conjunto e está localizado em área não edificante devido às atividades da pedreira vizinha. A gleba tem cerca de 5.900m² e seu terreno é constituído por um aterro nivelando o terreno a cota da rua, o que gera um desnível abrupto de 9 metros junto a aprte posterior do terreno em direção ao vale do córrego. O projeto original do City prevê a construção de edifícios habitacionais no local a partir do término da licença para as atividades dessa pedreira - em 2017. Essa situação justifica as características provisórias das primeiras edificações - barracões de madeira- que fazem parte do complexo.

Figura 11 – foto aérea, desatualizada do Espaço Aliança. Fonte Google maps.

O remanejamento populacional para a região do City Jaraguá fez com que um trabalho social fosse necessário. A falta de espaços destinados para essa atividade, resultou na apropriação do antigo canteiro de obras, como a sede dos programas sociais desenvolvidos no City. Aos poucos os barracões foram tomados pelas demandas das comunidades, adquirindo importância como um espaço ecumênico e multiuso - O Espaço Aliança.

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Entendendo a complexidade das problemáticas sociais geradas no reassentamento de famílias, vindas de diversos locais para um mesmo conjunto habitacional, é previsível que novas demandas da comunidade surjam. Com a intenção de supri-las, observa-se a evolução improvisada do Espaço Aliança - bem à cultura do “puxadinho” - e o surgimento de novas edificações, que, devido a seus materiais construtivos, caracterizam-se como permanentes. No período de nosso trabalho de extensão pudemos identificar a construção de : 17 baias individuais para armazenamento de resíduos sólidos, apresentando paredes em bloco de concreto e cobertura de telha amianto, um galpão para triagem de lixo, com vãos e estrutura metálica, vedação em bloco de concreto e cobertura com telha de amianto, dois banheiros com características construtivas semelhantes as das baia e um outro alojamento junto à lateral direita do complexo, ainda em construção. Identificamos ainda alguns impasses e incoerências, pois apesar da tentativa de suprir as demandas sociais, as novas intervenções não são eficientes para as funções para as quais foram projetadas. De acordo com os representantes da SEHAB, não é possível demolir edifícios construídos com recurso publico, além do que, em âmbito legal, o terreno não comporta construções de características permanentes. Além disso, não é necessário um olhar arquitetônico para afirmar que não há compatibilidade organizacional dos antigos blocos com os novos surgidos. Apesar de se tratar de um conjunto habitacional projetado para a organização social na cidade legal observa-se, no Espaço Aliança, a reprodução do improviso sem planejamento da cidade informal. Foi corriqueiro, em nossas visitas, ouvir dos representantes da SEHAB, que essa forma de ação era a única possível, e, que não poderíamos entender esse procedimento por não vivermos as dificuldades do local diariamente.

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Figuras 12 e 13 - mostram a evolução do Espaço Aliança no período do nosso trabalho de extensão. Acervo do grupo.

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Essa realidade de instabilidade, somada à situação legal do terreno, às restrições das ações da SEHAB e ao surgimento continuo de novas demandas, orientou-nos na escolha de um sistema construtivo simples, que possuísse um caráter provisório, passível de ser desmontado e transportado a outros locais, e mesmo de fácil reprodução caso houvesse expansão do uso no terreno.

Figura 14 - Foto mostra o barracão de madeira, sede de diversas atividades sociais, acervo do grupo.

Figura 15 – Foto mostra a construção das baias individuais e seu caráter permanente, acervo do grupo.

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Catadores: Uma realidade pouco vista Todo trabalhador é digno, do professor ao engenheiro, do banqueiro ao bancário. Todo esforço humano de sustentar a si e a uma família, através de uma atividade honesta, deve ser respeitado. Mas por que os catadores ainda sofrem o estigma de serem vistos como cidadãos de segunda categoria, semi-mendigos, semi-gente? Podemos entender que parte dos motivos desse preconceito deve-se a informalidade da atividade, somada ao caráter qualitativo do seu material de trabalho - O lixo, o descarte da sociedade. Ainda há o julgamento pejorativo dos catadores devido: o seu aspecto físico, de trabalhador, cujo retorno financeiro vem a partir do seu suor; o seu local de trabalho ser a rua, entendida como imprópria, o espaço de ninguém, resíduo entre os interesses privados; por sua atividade ser periférica , fora do padrão “aceitável”pela sociedade. O catador, não escolhe essa profissão. Em sua maioria, começa a catar lixo por estar desempregado ou ter a necessidade de complementação de renda. Logo, é importante frisar o seu aspecto trabalhista, diferentemente do indulgente ou mendigo, esses homens buscam através do trabalho atingir um certo grau de sustentabilidade econômica, encontrando na catação uma alternativa que garante a sua sobrevivência. A sua imagem é criada do catador sobre inclui o preconceito do fato de serem a própria exposição do homem à pobreza de forma pública, nua e crua a olhos vistos. A imagem do excluído incomoda, é a amostragem da própria desigualdade social da realidade, da qual fazemos parte. Dessa forma o resíduo sólido (lixo), que é visto como aquilo que sobra, sem valor, símbolo da escória de nosso quotidiano, traduz no catador esse valor negativo. São cerca de 500 mil trabalhadores, dois terços deles no estado de São Paulo, que acabam Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

Figura 16 – Foto apresenta sacoleiro catador que trabalha em lixões, fonte blog chriswide

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excluídos socialmente e desamparados pelo poder público, mesmo desempenhando um importante papel para sociedade e para o meio ambiente2. São trabalhadores autônomos, que ditam suas próprias regras, horários e quotidiano. Normalmente, a área de atuação, ou percurso, é determinada por uma afinidade pessoal conjugada à oferta de resíduos. A rotina de trabalho é marcada pelo período de busca por materiais, seguido da sua venda para o atravessador - personagem que faz o intermédio entre o catador e o comprador final. Nesse processo de venda são explorados, o que pode influir em sua saúde mental, causando revolta, constrangimento e depressão. Mesmo explorados, a atividade garante uma seguridade econômica diária, que varia de acordo com o empenho de cada indivíduo. Essa situação dificulta a organização dessa classe em grupos de cooperados, é marcante o medo de trabalharem mais que os outros e ter que dividir os lucros igualmente. A falta de manejo dos resíduos sólidos é um dos resultados da incapacidade do poder publico de desenvolver programas eficazes para destinação desses materiais. O catador acaba, com o seu trabalho, suprindo a ausência de ações do Estado, fazendo o que deveria ser de responsabilidade do poder publico. Atualmente é comum observar entre uma das práticas de assistência social, a transfiguração da imagem do catador de lixo para o de agente ambiental - Gestor de resíduo sólido. Essa redefinição é um resultado da luta política da categoria e da associação de valor social de

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Entre os catadores há diferentes formas de atuações: os que buscam a sobrevivência nas ruas com sacolas ou carroças, e os que optam pelos lixões. Coletam entre 10% a 20% dos resíduos urbanos, o que é responsabilidade constitucional

Figura 17 – Foto mostra catadores no lixão de Gramacho, no Município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, fonte site anamariagalheigo

do governo local de cada município.

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sua função ambiental, tendo como finalidade melhoria a auto-estima, da imagem desse grupo à margem da sociedade. Apesar de sua importância como agente ambiental, é importante frisar os perigos que essa atividade impõe. A lida com o lixo, sem orientação e indumentária apropriada, os expõe a um contínuo risco à saúde, estando sujeitos aos mais diversos vetores de doenças. O desgaste físico é imenso: eles percorrem em média mais de 20 quilômetros por dia, alguns chegam a puxar carrinhos com mais de 200 quilos; A jornada de trabalho muitas vezes ultrapassa 12 horas interruptas. Esse sobrecarregamento físico pode gerar dores corporais, problemas osteoarticulares e hipertensão. Quando a sobrevivência está na coleta em lixões, há no local, múltiplos focos de gases nocivos, além do perigo de vida por soterramento e por contaminação por acidentes com resíduos hospitalares. É explicita a necessidade de um programa para inseri-los social, cultural e economicamente. O grau de escolaridade deles é relativamente baixo, a maioria não concluiu o ensino médio 25% são analfabetos, 37% cursaram até o ensino básico, 32% concluíram o ensino fundamental, 6% o ensino médio, há ainda grande parte com necessidades especiais, o que evoca a necessidade da busca de alternativas de trabalho (em tempo diferenciado) para que se sintam inseridos socialmente dentro de seu ritmo próprio e de acordo com suas singulares habilidades e competências. Infelizmente, órgãos públicos, como a LIMPURB parecem não ter uma política diferenciada para essas pessoas, pautando-se, prioritariamente, nos aspectos da eficiência da produtividade, o que incorre na exclusão de muitos catadores. Além disso, para que ocorra a inserção dos catadores a legislação exige que eles estejam associados, só assim, torna-se possível a sua contratação.

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Figura 18 – Foto mostra carroceiro, fonte blog mereceumadose, post por Carlos Mourão

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Lei 11.445 de 2007 (Lei do Saneamento) Art. 57. O inciso XXVII do Art. 24 da Lei 8.666 passa a vigorar com a Seguinte redação: Art. 24. É dispensável a licitação: .............. XXVII – na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.

A estruturação empregatícia não é vista como ideal para o desenvolvimento social dessa classe, sendo a formação de cooperativas a alternativa preferida para melhorar a qualidade da vida e a realidade de trabalho desse grupo. Contudo, deve haver o cuidado para que essa organização não seja falsa resultando no que chamam de “Coopergatos” - cooperativas que roubam o dinheiro de seus trabalhadores. Apesar de ideal, é comum a desistência, por parte dos catadores, da participação em cooperativas. Para o êxito da implantação de uma Unidade de Triagem, no âmbito social, ambiental e econômico, é necessária uma ação que contemple: O planejamento do sistema, com o envolvimento dos agentes do meio ambiente, da limpeza urbana, dos agentes de saúde, da população geradora e da institucionalização da presença dos catadores. Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

Figura 19 – Foto mostra cooperativa de carroceiros localizada no centro da cidade de São Paulo , acervo do grupo.

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Normalmente, os primeiros meses de funcionamento de uma cooperativa são marcados pelo baixo retorno financeiro; deve-se aumentar o volume do material triado para que se supram as necessidades básicas de todos os participantes. Para isso, o estabelecimento de parcerias com os geradores é essencial, seja no âmbito residencial, industrial, institucional ou de serviços. Só após alguns meses a situação apresenta-se estável. Outra questão é o numero de participantes de cooperativa, de acordo com estudos da UFRS em UNIDADES DE TRIAGEM DE LIXO: reciclagem para a vida (coord. Fernando Freitas Fuão), a média do montante de resíduo recebido consegue mantém cerca de 20 cooperados, a participação de mais integrantes resulta na diminuição da quota individual mensal. No caso do City Jaraguá, a população de catadores é constituída por cerca de 20 pessoas, a maioria mulheres, e alguns poucos carroceiros. O chamado do Programa da Saúde da Família, levou a necessidade de uma ação que enseja em si duas grandes diretrizes: A correta destinação de materiais recolhidos que são despejados nos arroios locais, por não haver nenhum posto de coleta ou depósito deste material na região, e, a melhoria da condição de dignidade que pode ser promovida para as pessoas que trabalham com a coleta e seleção de resíduos urbanos, gerando trabalho, renda, inclusão social, redução da pobreza e preservação ambiental.

Figura 20 – Foto mostra cooperada da cooperativa “ Nova Esperança”, no Jardim Pantanal, acervo do grupo.

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Metodologia Os instrumentos O tema era novo para maior parte de nós. Nunca havíamos trabalhado com o programa de necessidades de uma Usina de Triagem, tampouco sobre outros espaços como: enfermarias, oficina de costura, fábrica de sabonete, lojas, etc. Foi necessário, contudo, que nos aproximássemos do problema para podermos sensibilizar nosso olhar acerca do assunto. A Professora Catharina nos levou ao conhecimento algumas referências importantes como: o arquiteto e artista Mockbee, o filme Estamira, e, principalmente, o livro Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire. O objetivo era, portanto, não conduzir-nos especificamente a soluções de Usinas de Triagem, mas sim aproximar-nos das questões essencialmente ligadas ao nosso projeto: a sustentabilidade socioambiental, a metodologia do processo participativo e a construção do conhecimento. Para tanto, lançamos mão dos seguintes instrumentos metodológicos: - Reuniões de grupo, com frequência de no mínimo duas vezes por mês, nas quais trocávamos conhecimentos adquiridos de pesquisas acadêmicas. - As visitas-oficinas, consideradas ação fundamental de nosso projeto, visto que era através delas que nos aproximávamos daquela realidade e interagíamos de forma democrática com os personagens do Espaço Aliança. - Visitas de campo a edifícios e projetos ligados ao tema. - Levantamentos de referências sobre o tema em geral: a sustentabilidade, a realidade dos catadores, o processo participativo, a arquitetura vernacular, a pesquisa de materiais Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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construtivos, as questões da paisagem e o programa de dimensões mínimas para desenvolvimento o ensaio de projeto arquitetônico. -Conversas e atendimentos com outros professores da FAU-USP, assim como com arquitetos, paisagista, profissionais atuantes na área de manejo de resíduos sólidos e outros grupos de estudo. Este último instrumento foi muito frutífero na medida em que nos permitiu discutir e ouvir e outras opiniões, que não as dos diretamente relacionados ao projeto, adicionando uma série de conhecimentos e visão crítica sobre o andar do nosso trabalho.

Processo Participativo Esta metodologia surge por parte de movimentos pós-modernos que buscavam o rompimento de parâmetros do modernismo. A principal questão colocada é o autoritarismo da categoria, onde o arquiteto acreditava poder abarcar a realidade com seu intelecto e prover respostas e soluções absolutas para os meios urbanos e sua sociedade. O novo pensamento pós- moderno considera as diferenças de realidades regionais, englobando a própria opinião da comunidade envolvida no processo de criação das soluções mais adequadas para um grupo específico. Com este raciocínio, busca-se promover a identificação e valorização das potencialidades presentes através do próprio usuário, entendido como agente propulsor e gestor de suas próprias vidas. Para os “nossos clientes”- os catadores- o processo participativo, seria essencial para que desenvolvessem um sentimento de pertencimento e responsabilidade sobre o bem adquirido, melhorando as relações sociais do ambiente de trabalho, e inspirando-os à conservação do edifício. Através de oficinas, conversas e discussões buscamos nos aproximar da realidade desse grupo, com a tentativa de compreender o discurso de seus anseios, medos, sonhos, para podermos identificar juntos, quais seriam a suas reais demandas sociais.

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Tratou-se de um processo de trabalho visando o desenvolver a construção coletiva de um conhecimento, articulando como bases os saberes empíricos e os científicos, buscando enfim uma aproximação do processo de aprendizado teórico do contexto da universidade com o da vida real catadores. Através desse procedimento, pudemos criar um programa consistente e um partido coerente para a produção de uma proposição de um projeto de arquitetura. Empreendendo essa abordagem, o ouvido torna-se mais importante que os olhos e a arquitetura ganha uma dimensão social maior do que a prática convencional de elaboração de “projetos ideais”. A realidade não é ideal, por isso é preciso aguçar nossos sentidos, sair do plano das ideias para atingir o plano empírico, da vida, do dia a dia. Paulo Freire foi uma importante referência para a compreensão da importância de ouvir e entender os anseios da população do City Jaraguá. Nenhum homem é uma criatura crua, ele sempre tem uma história em sua formação, experiências que pode compartilhar e que o ajudam a entender o mundo. Por isso, precisamos saber chegar a esse homem, pois, como resume Paulo Freire em “Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa” : “Gosto de ser homem, de ser gente, porque não está dado como certo, como inequívoco, irrevogável que sou ou serei decente, que testemunharei sempre gestos puros, que sou e que serei justo, que respeitarei os outros, que não mentirei escondendo o seu valor porque a inveja de sua presença no mundo me incomoda e me enraivece. Gosto de ser homem, de ser gente, porque sei que a minha passagem pelo mundo não é predeterminada, preestabelecida. Que o meu “destino” não é um dado, mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir. Gosto de ser gente porque a História em que me faço com os outros e de cuja feitura tomo parte é um tempo de possibilidades e não de determinismo. Daí que insisto tanto na problematizarão do futuro e recuso sua inexorabilidade.”

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Figura 21 – Fonte - “El deseño de espacios exteriores”

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As Visitas Durante todo esse ano, tivemos como intermediário o setor de assistência social da HABINorte no City Jaraguá. Infelizmente, pudemos observar a falta de continuidade do trabalho desse corpo de assistência em relação os catadores do complexo. Muitas vezes havia certa incoerência, ou falta do entendimento, em relação à seriedade ou mesmo o escopo de nosso projeto de extensão. Como dito, iniciamos nosso trabalho com a finalidade de suprir a demanda de um espaço de trabalho e lazer para a categoria dos catadores. Na metade do nosso processo surgiu um novo personagem, a COOPERCOSE, cooperativa de triagem de resíduo sólido liderada pela Sra. Luzia, que entrou em contato com a agente social responsável pelo City pedindo-lhe abrigo provisório para sediar suas atividades, já que estavam há tempo desabrigados devido a um incêndio ocorrido em seu galpão. A principio acreditávamos que a possibilidade de aproximação entre os catadores do City e as triadoras da COOPERCOSE, poderia propulsar o sentimento comunitário, possibilitando uma organização social e incentivando o início de um trabalho conjunto de caráter cooperativo. No entanto, observamos que o impacto da chegada da COOPERCOSE acabou afastando os catadores ainda mais. Pareceu-nos que havia tanto anseio da parte dos assistentes sociais em formar uma cooperativa que, quando surgiu uma já formada, o trabalho com os catadores ficou para segundo plano. Esse anseio ficou ainda mais claro quando no blog do Espaço Aliança aparecia a identidade visual e nome da cooperativa, que ainda não tinha sido formada. A partir da nossa segunda visita, manteve-se a necessidade do projeto de uma Usina de Triagem; no entanto, os personagens mudaram: encontramos os responsáveis da COOPERCOSE e alguns curiosos ou interessados em desenvolver seus trabalhos, como no Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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caso do casal Eliseo e Ester3. Quando perguntávamos sobre os catadores ouvíamos, que eles não queriam se organizar e quando quisessem poderiam procurar o Espaço Aliança, como se a não participação deles, justificasse a ausência de uma ação social. De modo geral as visitas foram primordiais como instrumento de conhecimento das especificidades da realidade em questão. Foram ao todo sete, que depois de vivenciadas foram discutidas e interpretadas pelo grupo. A seguir apresentamos as descrições de cada uma delas:

Visita Zero “Qualquer trabalho é digno, desde que seja honesto.” Dona Maria Helena, catadora do City Jaraguá. Chamamos esta de “oficina zero” pois ela foi anterior ao nosso início efetivo do trabalho de extensão. Era essencial conhecermos quais seriam os agentes envolvidos no projeto, o funcionamento das relações dinâmicas de sua realidade e as qualidades espaciais do local e suas potencialidades arquitetônicas. No nosso primeiro encontro ocorreu uma reunião com os catadores, que foi organizada pelos responsáveis pelo trabalho social do City Jaraguá. Pudemos observar a iniciativa, mesmo que frágil, de formação de uma cooperativa. Nessa reunião compareceram cerca de oito catadores, além da Sra. Graça Candido e do psicólogo Sérgio. Destacamos o contato com Dona Maria Helena, a mais velha dos catadores, que mostrava claramente sinais de liderança. Ela nos contou sobre as condições de trabalho do catador, 3

Eliseo e Ester trabalham com reciclagem de resíduo de tecido, foram realocados a cerca de um ano para City Jaraguá, não são catadores, compram, processam, e revendem os materiais. Possuem um espírito empreendedor e são empregadores. A mudança para o City, causou grande impacto na rotina de trabalho, com a área de moradia reduzida, surgiu à impossibilidade de continuação de suas atividades na própria residência. Os dois se mostraram muito interessados marcando presença em todas as reuniões.

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assim como a falta de segurança, falta de organização da categoria e o interesse de alguns de continuar na catação, devido às frustradas tentativas de participação em cooperativas, tanto pelo aspecto da não adaptação, quanto na dificuldade de sustentabilidade econômica. Além disso, esclareceu-nos sobre o material coletado e seu processo de venda. Atualmente, considera-se uma Agente Ambiental, possuindo, portanto, consciência de sua importância no contexto socioambiental. Outro personagem marcante foi o Senhor Ventania, que trabalha há 25 anos como catador e já percorreu diversas áreas da capital, do Morumbi a Pirituba. Ele nos contou que veio para Favela Claudio Santorelli cuidar do barraco de sua irmã, e que hoje coleta no Volti, Estação Jaraguá e Xurupita, regiões que segundo ele oferecem bom ganho financeiro, havendo inclusive um mutirão no qual a entrada é paga, mas que mesmo assim vale a pena. Em sete dias, de acordo com Ventania, o grupo coleta 3500 kg. de papelão e 3600 kg. de ferro. Ele mesmo possui duas bags de plástico, que suportam de 40 a 50 kg/cada. Ventania nos apontou o problema do atravessador, que pagam extorquem os catadores. Outro participante relatou sobre como havia se tornado catador. Afirmou que trabalhava como segurança, até que foi demitido e ficou muito tempo desempregado, achando na catação uma alternativa de sobrevivência. Explicou ainda que nos cinco primeiros meses foi muito difícil, por sentir vergonha, buscando se esconder quando avistava algum conhecido. Hoje, lida bem com a situação, sendo notável a sua boa articulação. Andrade Valladares, da Engenharia e Construção Ltda., nos orientou sobre a importância dos cooperados conhecerem todas as etapas de trabalho relacionados a triagem de material reciclado. Aprendemos também que uma cooperativa não funcionaria em um sistema artesanal, devendo haver a implementação de um sistema com lógica industrial, uma Unidade Triagem.

Figura 22 – Foto de registro de nossa Visita Zero, acervo do grupo.

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Primeira Visita: a “vaca atolada” Pensamos para o nosso primeiro encontro uma Oficina4, que propunha a criação de dois momentos: um de conversação, discussão e trocas, e outro de produção, aproximação e criatividade. “Proposta de primeira atividade de aproximação Propomos um projeto de um Workshop experimental e participativo com a programação de uma série de atividades que estimulem o trabalho em grupo, a percepção ambiental da paisagem e principalmente a aproximação do grupo de pesquisa da FAU USP e a comunidade de catadores da City Jaraguá. Para conseguirmos uma aproximação entre os grupos, que seja diferente do padrão em formato de assembleia, sugerimos começar o workshop com a preparação conjunta de um almoço. Para estimular a criatividade, o trabalho em grupo e a percepção ambiental da paisagem, propomos que essa atividade inicial consista na construção espontânea de uma cozinha improvisada, utilizando materiais de construção, seguida da preparação conjunta do almoço. Após o almoço, programamos uma oficina de projeto de um espaço de convivência e contemplação ambiental, tal oficina será desenvolvida de forma participativa e experimental, a fim de um resultado projetual possa ser o mais democrático possível. Essa segunda atividade prevê a experimentação do terreno em escala 1:1 de forma tridimensional em conjunto com a utilização dos meios convencionais do desenho da paisagem (mapas, plantas do terreno, caneta, papel etc.). Dessa forma, o projeto seria desenhado de forma participativa a partir da montagem conjunta do ambiente a ser projetado. A seguir nossa programação, materiais e cardápio necessários para o desenvolvimento do Workshop“

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Proposta na integra em anexo.

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Figuras 22 e 23 – Foto de registro da dinâmica de aproximação desenvolvida com finalidade de identificar as demandas do grupo de catadores e interessados, acervo do grupo. Ana Beatriz Nestlehner Cardoso de Almeida Jaime Solares Carmona Sheila Quilice Porto Bruno Juliani Mentone Juliano Fernandes Martins da Costa


Dos nossos anseios e propostas, o desenho no terreno em escala 1:1 foi descartado. Nós acabamos nos dividindo em três grupos: o pessoal da cozinha, dos desejos e anseios, e o pessoal da memória. Na parte da manhã tivemos nosso tempo de conversas, almoçamos e sentamos em roda para apresentação de todo mundo e desenvolvimento das considerações finais. Nessa oficina foi consolidada a ideia de nos apossarmos da área dos fundos do terreno, que apresentava grande potencial contemplativo com vista para a Serra da Cantareira e o córrego do Fogo, podendo tornar-se um espaço de convívio coletivo. A importância dessa apropriação como um espaço coletivo – publico, seria potencializar uma possível mudança social com o amadurecimento da cidadania. É importante observar, ainda, que a percepção da paisagem encontrava-se embotada pela disposição das baias que estavam “de costas” para uma bela vista com remanescentes relativamente íntegros de vegetação nativa. A professora Márcia Penha, comentou, na ocasião, que a referida oficina “mexeria com a subjetividade dos catadores”, no que desenvolveria sensibilidades para a paisagem do entorno e discutiria a importância da criação de espaços para o desenvolvimento de outras atividades humanas além do trabalho. Decidimos fazer uma ação simbólica que, pudesse trazer os olhos da comunidade, para os fundos do lote, obstruído pelos boxes que formam um paredão entre os edifícios do Espaço Aliança e o espaço livre posterior. Plantamos ali, numa atividade em conjunto, quatro mudas de árvores. Alguns participantes descreveram que nessa área havia diversas árvores frutíferas como goiabeiras e amoreiras, nas quais as crianças brincavam com frequência. Ao fundo localizava-se um poço, que foi assoreado devido ao deslocamento, feito pela pedreira, do córrego do fogo. Após as atividades e discussões conseguimos, enfim, fazer alguns encaminhamentos, que direcionaram os trabalhos do grupo de extensão para o próximo encontro. Foi identificado o potencial contemplativo da parte posterior do terreno e a falta de espaços de lazer/estar para essa categoria de trabalhadores.

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Figuras 24 e 25 – Foto de registro da mesa redonda e da dinâmica de aproximação desenvolvida na oficina “Vaca Tolada”, acervo do grupo.

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É essencial, contudo, fazermos a ressalva de que, desta vez, quase nenhum catador da compareceu, aparecendo em massa a população do City, donas de casa que buscavam emprego, e o casal Eliseo e Ester, pessoas que não estavam diretamente relacionadas à Usina de Triagem mas que mostraram o quanto o problema era maior do que imaginávamos. Na ocasião também participou o aluno de design da FAU USP Alexandre Lindeberg, na tentativa de envolver pessoas que nos trouxessem outros pontos de vistas além da arquitetura. Ficaram como encaminhamentos para próximo encontro: uma proposta projetual para uma área de convivência localizada na área posterior as baias individuais, e a busca de referências arquitetônicas que estimulassem os grupo do City Jaraguá .

Segunda Visita: conhecendo o Pantanal

Figura 26 - Proposta desenvolvida pelo grupo para uma praça na área posterior do terreno.

Para essa visita, organizamos uma apresentação em formato PowerPoint contendo: Uma proposta projetual para uma área de convivência na parte posterior do terreno; referências de “arquitetura verde”; arte e materiais feitos a partir de resíduo sólido reciclado . Além disso, levamos diversos livros sobre arquitetura, a fim de mostrar um pouco sobre a nossa linguagem, fortalecendo assim a possibilidade de discussão. Ao chegarmos ao Espaço Aliança, estava ocorrendo uma reunião de condomínio; acabamos tendo que esperar o término do debate para podermos mostrar o que havíamos preparado. Observamos, contudo, que não havia quase nenhum catador nesse encontro, os presentes eram na maioria moradores e alguns integrantes da COOPERCOSE. A apresentação foi muito rápida e apressada pela agente social responsável. Não tivemos muito espaço para elucubrações sobre os espaços, nem para a retomada do trabalho desenvolvido no ultimo encontro. Figura 27 – Imagem mostra mirante, fonte Garden Mania. Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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Após o almoço, encaminhamo-nos à Cooperativa Nova Esperança, no Jardim Pantanal. A possibilidade de ver uma experiência bem sucedida dessa atividade foi muito gratificante. Impressionou-nos a organização e a limpeza do espaço. Além disso, o espaço foi uma referencia arquitetônica, que nos ajudou, posteriormente, no desenvolvimento do ensaio projetual da nossa unidade de triagem. Nessa visita identificamos que a possível ausência dos catadores pôde ter sido devido à dificuldade de articulação dos agentes sociais em relação ao impacto inicial gerado pelo sedimento do espaço para as atividades desenvolvidas pela COOPERCOSE, e pela tomada de metade da área que contempla as baias individuais, para uso como depósito, pela construtora vigente. Observamos também que havia um novo edifício no complexo do Espaço Aliança, um Galpão, que teria a finalidade de ser um espaço de triagem e que, no entanto, foi subdimensionado, o que, por exemplo, impossibilitou a entrada da prensa no edifício.

Terceira Visita: a vida imita a arte Nessa visita houve uma série de intervenções artísticas no Espaço Aliança coordenados pela Professora Márcia em consonância com seus alunos. Vimos uma apresentação organizada pelos alunos da EMEI João Paulo II sobre conscientização ambiental e sustentabilidade, além da discussão de valores comunitários de participação e colaboração. Fomos convidados a assistir uma peça de teatro dirigida e interpretada pelos alunos de mais, que faziam uma releitura de um texto de Plínio Marcos - Homem de Papel. A peça expressou bem a realidade dos catadores, chegando a emocionar seus participantes e o catador Luis André que estava na plateia. Nessa visita observamos a sensibilização da comunidade perante as potencialidades do local, assim como a sua leitura da realidade, e, a progressiva reavaliação da noção negativa sobre o lixo. Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

Figuras 28 e 29 – imagens de registro da nossa visita a Cooperativa Nova Esperança no Jardim Pantanal, acervo do grupo.

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Nessa ocasião contamos com a primeira participação do aluno de arquitetura da FAUUSP Juliano Fernandes Martins da Costa, novo integrante de nosso grupo de extensão, que aderiu voluntariamente para contribuir com o projeto, permanecendo até o final do mesmo.

Quarta Visita: relendo o espaço Em nossa penúltima visita, já no ano de 2011, e superadas as fases de aproximação e em plena pesquisa do programa, com partido já em discussão, aproveitamos para fazer uma oficina de imersão na realidade das triadoras dentro do Espaço Aliança. Foi uma visita em um dia comum, sem previsão de nenhum acontecimento extraordinário. Isso possibilitou o encontro dos usuários do espaço em plena atividade de trabalho. Fizemos uma série de entrevistas, das quais registramos em arquivo de vídeo. Além disso, pudemos perceber a relação dos edifícios com os usuários. Na ocasião estava havendo aula de futebol, no campo ao lado do Espaço Aliança; parte do grupo dedicou-se a conversas com o professor responsável pela atividade e integrante da ONG CADES5,observando que o trabalho desenvolvido com as crianças possuía um caráter integro e comprometido com sua educação e seu futuro. A outra parte do grupo entrevistou as triadoras durante o processo de trabalho. Praticamente todas as áreas do galpão, baias, corredores e salas dos outros edifícios foram cedidas as atividades da COOPERCOSE. Conversamos acerca do caminho do material de trabalho no circuito precário e suas dificuldades. A triagem em si ocorre no Galpão central, no entanto, o subdimensionamento impossibilitava a entrada das Bags no espaço; as triadoras, por sua vez, trabalhavam sobre as sacolas plásticas, sem qualquer proteção, como botas e luvas; enquanto filmávamos uma 5

CADES é uma ONG que tem por finalidade o trabalho com crianças e adolescentes da região, na área de Esportes.

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Figuras 30 e 31 – imagens de registro da nossa visita quarta visita, acervo do grupo. Ana Beatriz Nestlehner Cardoso de Almeida Jaime Solares Carmona Sheila Quilice Porto Bruno Juliani Mentone Juliano Fernandes Martins da Costa


delas encontrou um rato entre o lixo. Também relataram o acidente de uma delas com uma aranha. Elas pediram mais espaço. A área das baias foi destinada para o armazenamento do material. O caminhão descarrega o material, junto a lateral esquerda no espaço entre as fileiras de baias, o material é posto em Bags, que são arrastadas até o galpão central, o atrito nesse processo resulta no constante deterioramento das Bags. Já a administração da cooperativa está localizada no edifício entre os barracões de Madeira. Por fim, mostramos uma apresentação, que continha o nosso processo de definição de um plano de massas, sintetizando um pouco o programa de necessidades que havíamos levantado sintetizado até então.

Quinta Visita: partido e projeto Esta foi nossa última vista ao Espaço Aliança. Preparando uma apresentação para a população buscando uma retrospectiva de todo o processo de trabalho. Mostramos nossa pesquisa, referências arquitetônicas, desenhos e vídeos. A proposição do Ante- Projeto estava concluída, faltando ainda a parte relacionada a arquitetura da paisagem. O objetivo central de nossa visita foi trazer à sala a memória que todos tinham participado das etapas de desenvolvimento do trabalho, permitindo uma discussão e análise da nossa proposição apresentada. Estavam presentes representantes do trabalho social desenvolvido do City Jaraguá e Autoridades superiores da HABi –Norte; representantes da subprefeitura; representantes do FEHIDRO6; representantes de organizações Civis; integrantes da COOPERCOSE e alguns civis como o casal Elisio e Ester. A apresentação se mostrou frutífera gerando debate e discussões. A aparente aprovação da proposta pelas autoridades da SEHABI trouxe a tona novamente a possibilidade da real implementação e construção da proposta que havíamos trazido.

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FEHIDRO - Fundo Estadual de Recursos Hídricos, Governo do Estado de São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente

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Figuras 32 e 33 – imagens da apresentação de nossa proposta arquitetônica.

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Visitas Referenciais Cooperativa Nova Esperança, no Jardim Pantanal A Cooperativa Nova Esperança, no Jardim Pantanal, foi uma importante referência arquitetônica. O edifício possui sistema estrutural pré fabricado, vedação em bloco de cimento e cobertura em telha amianto. O programa arquitetônico inclui área para trabalho, armazenamento, convívio, cozinha, administração e vestiários. A unidade está em um terreno com desnível. As áreas de triagem e convívio estão no piso térreo, enquanto as outras em um mezanino. Chamou-nos a atenção o silo7; sua localização aproveita o desnível do terreno e usa a gravidade para distribuir o material para a mesa de triagem. O terreno em desnível possibilitou melhor distribuição dos espaços, aparentemente limpo e organizado; no entanto, ouvimos reclamações relacionadas à localização da cozinha. De acordo com as cooperadas, por mais limpo que seja o espaço, as questões de salubridade ainda são impróprias para uma área que exige certo nível de higiene. O Galpão das Artes Recicladas Hélio G. Pellegrino8 O Galpão das Artes Recicladas Hélio G. Pellegrino é um espaço construído sob um viaduto pela Prefeitura do Rio de Janeiro, que contempla ateliers de artistas que trabalham com resíduos sólidos, mesas para cursos, lojinha e espaços expositivos externos e internos. Apesar de sua localização, o ambiente apresenta qualidades de ambiência que transmitem a dignidade dos seus trabalhadores. Garis da Comlurb9 - dividem o espaço com o pessoal da 7

Silo- espaço destinado ao armazenamento do resíduo recebido. Visita individual feita pelo aluno Jaime Solares. 9 O órgão responsável pela coleta de lixo na capital Fluminense 8

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Figuras 33 e 34 – imagens mostram o Galpão das Artes Recicladas Hélio G. Pellegrino no Rio de Janeiro, acervo do grupo.

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capoeira, artistas e visitantes. Esculturas de metal, plástico, e outros materiais fazem parte do acervo permanente do local. Durante a visita observamos a preparação da inauguração de uma exposição sobre o lixo no Carnaval. Ecocentro IPEC O IPEC10 é um dos institutos de permacultura11 mais importante do país e está localizado em Pirenópolis, Goiás. Seu maior objetivo é desenvolver oportunidades de educação e referências em sustentabilidade para o Brasil. O IPEC é constituído por um grupo de moradores, que vivem buscando a autossuficiência utilizando estratégias desenvolvidas através da experimentação. Possuem métodos construtivos com baixo impacto ambiental, abrangendo as áreas da construção dos edifícios em si, além da aplicação de sistemas de manejo do resíduo sólido, do tratamento de esgoto (águas cinzas e águas negras), da captação de energia solar e eólica e da captação de água de chuva. O IPEC é constituído por uma vila universitária e algumas residências oriundas, seu terreno possui diversas áreas verdes onde buscam subsistência a partir do manejo agrícola baseado nos conceitos da permacultura. A aluna Ana Beatriz participou de um curso de arquitetura com terra crua, abrangendo as técnicas de adobe, taipa leve, taipa de pilão, superadobe e COB.

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IPEC – Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado De acordo com o IPEMA (insituto de Permacultura da Mata Atlantica, a Permacultura trata as plantas, animais, construções, infra-estruturas (água, energia, comunicações) não apenas como elementos isolados, mas como sendo todos parte de um grande sistema intrinsecamente relacionado. Fonte http://www.ipemabrasil.org.br/permacultura.htm. 11

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Figuras 35 e 36 – imagens do IPEC, acervo do grupo.

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Visitas de Paisagismo - Praça Civita, Praça Dolores Ibaruri, Parque Burle Marx e Parque da Fundação Maria Luiza e Oscar Americano A fim de providenciar uma experiência mais concreta com o campo do Paisagismo, visitamos (juntamente com a orientação do trabalho), 4 espaços livres públicos distintos: No primeiro deles, a Praça Victor Civita, no bairro de Pinheiros, observamos um projeto contemporâneo usando a composição de tecnologias diferenciadas. Por se tratar de um terreno infectado o passeio do transeunte está sobre um patamar de estrutura metálica com madeira reciclada. Observa-se uso de tecnologias e sistemas alternativos de recreação e lazer, práticas de manejo agrícola sustentáveis passíveis de aplicação em área urbana e reciclagem de água servida, por meio do sistema conhecido como Wetlands –alagados construídos onde o tratamento da água é visível , ganhando ainda em qualidade estética por meio de espelhos d’águas de fitoremediação, onde plantas aquáticas e subaquáticas filtram os nutrientes residuários dos efluentes do sistema. Por todo o trajeto observa-se placas explicativas sobre as tecnologias escolhidas, que cumprem um papel educativo, esclarecendo questões relacionadas à sustentabilidade e meio ambiente. Nesse parque, o projeto aproxima-se da escala do edifício, devido a criação de infra-estrutura específica que promove a clara separação do espaço do visitante com o meio ambiente circundante. Além do parque há um edifício restaurado que abriga exposições relacionadas a questões ligadas ao conceito de sustentabilidade. Em seguida, visitamos à Praça Dolores Ibarruri, lindeira ao Córrego das Corujas , no bairro de Vila Madalena. A intenção era a de ver in loco uma abordagem contemporânea das águas pluviais no meio urbano, por meio da utilização de biovaletas (ou biocanaletas) que

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Figura 37 – Praça Civita, acervo do grupo.

Figura 38 – Praça Dolores Ibaruri, acervo do grupo.

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consistem em talvegues e linhas de drenagem tratadas com pedras e plantas a fim de desacelerar e infiltrar a água da chuva, contribuindo para a microdrenagem da área urbana do entorno e solucionando problemas locais de enchentes, no que desonera a contribuição pluvial para o corpo d’água principal. Aqui também observa-se a percepção contemporânea nos projeto e gestão das águas urbanas que preconiza a visibilidade, a “ecorevelação” (e não a ocultação) dos processos hídricos operantes na cidade; em última análise, reverte-se em verdadeira “aula de educação ambiental” ao vivo, na prática. No parque Burle Marx, subsequentemente, observamos outra escala de projeto relacionada claramente com o meio ambiente e sua paisagem. Nessa visita observamos a criação de diferentes espaços, através da organização das diferentes coberturas vegetais. O Parque apresenta áreas de mata fechada, bosques, mirantes e gramados. Pudemos sentir a diferença entre cada ambiente, notando como a localização das árvores e seu volume pode definir a paisagem. Esse projeto põe o homem mais próximo ao meio ambiente menos processado, uma vez que há vários remanescentes florestais que, embora parcialmente alterados, são memória hídrica da planície aluvial do Rio Pinheiros. Em áreas urbanas de grande concentração, podem representar um referencial importante de natureza.

Figura 39 – Parque Burle Marx, acervo do grupo.

Nossa ultima visita no Parque da Fundação Maria Luiza e Oscar Americano, deparamo-nos com o projeto de uma residência Modernista. Pudemos observar como a vista a partir do edifício influenciou na escolha do paisagismo. O projeto apresenta o trajeto do transeunte bem definido envolto de áreas de gramados e bosques. Esse projeto apresenta a paisagem como algo contemplativo, instância fundamental para o contato mais próximo com a natureza na cidade. Figura 40 – Parque da Fundação Maria Luiza e Oscar Americano, acervo do grupo.

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Conversas Como parte do método de trabalho, sentiu-se a necessidade de um contato mais próximo (consultorias e entrevistas) com professores e profissionais especialistas em várias dos campos de conhecimento que o trabalho abraça. Com esse aporte interdisciplinar dos referidos especialistas, pôde-se conferir rumos do projeto e ter referências e aportes bibliográficos valiosos e atuais. Ângela Martins Baeder (Fundação Santo André) A bióloga Ângela Martins Baeder possui uma vasta experiência no desenvolvimento de processos participativos e, em especial, no âmbito de trabalho com catadores. Sua atuação no projeto “Pedra sobre Pedra” possibilitou a criação de uma cooperativa de recicladores de resíduos sólidos a partir da organização da coleta seletiva na comunidade, buscando fortalecer o grupo de catadores, incluindo-os dentro das políticas urbanas, criando assim, uma saída socio-econômico-ambiental que possibilitasse a autogestão desse grupo. Também participou da criação do O Fórum Recicla São Paulo, um significativo instrumento de debate e representação que traz à esfera metropolitana debates e questões de outras várias regiões, aumentando o poder de negociação da comunidade de catadores. O Fórum promove o crescimento da consciência ambiental e da necessidade da continuada discussão do assunto em âmbito social. Quanto à sua metodologia, Ângela nos relatou suas conversas com os catadores, sempre em pares, a fim de dar a voz, sem a repreensão ou julgamento de uma maioria em debate, as pessoas mais tímidas ou as que discordavam de consensos. Afirma a importância: da criação de uma identidade visual da cooperativa, da inclusão digital do grupo e da necessidade de Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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formação de uma consciência política capaz de reivindicar direitos muitas vezes ignorados pelo poder público. Para estimular a formação de um grupo de cooperados costuma usar como instrumento a visita a outros galpões, promovendo o conhecimento de outros grupos da categoria e a aproximação das possibilidades dentro dessa realidade. Professora Maria Cecília Loschiavo (FAUUSP) e grupo EPA12 Tivemos uma conversa geral sobre o papel do catador como agente social dentro da questão da coleta seletiva. Maria Cecília destacou a importância do método participativo na formação dessa consciência ambiental. Ela imagina os catadores como servidores públicos, por serem agentes ambientais, que prestam um trabalho público de grande importância a nossa sociedade. Discutimos a dinâmica interna de uma cooperativa, como a questão da divisão igualitária do lucro provinda da coleta coletiva ou da divisão proporcional do lucro advinda da coleta individual. Quanto ao método de aproximação, eles reafirmaram a importância de conversas em pequenos grupos para descentralizar lideranças e possibilitar que todos se expressem. Em seguida o grupo apresentou os métodos desenvolvidos e as problemáticas que identificadas na experiência de trabalho com a Cooperglicério13. Apontou-nos a redução inicial do lucro que esses catadores terão na cooperativa, e a importância de buscarmos alguma alternativa financeira, que sustente a Usina por cerca de três meses, até que o resultado do processo de trabalho cooperado ande por si só.

12

Encontro, Projeto e Ação), grupo de cultura e extensão da FAU que constituiu um núcleo de ação autônomo na faculdade, inclusive como resposta à falta de incentivo e iniciativa por parte dos alunos e professores quanto a projetos de extensão. 13 cooperativa localizada no viaduto da Radial Leste, próxima ao Metrô Liberdade Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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Comenta também da Liminar do Resíduo Sólido, aprovada em 2010, percebendo o perigo que pode representar para todo o movimento dos catadores de lixo no Brasil, dado que legaliza a opção da incineração do lixo, o que pode ter um impacto prejudicial à solução da reciclagem, e, portanto na organização de cooperativas, diminuindo a possibilidade da inserção social e econômica dessa classe. Por fim, recebemos orientações sobre como poderíamos desenvolver nosso projeto, destacando a importância de fazermos o levantamento dos pontos de coleta do lixo, de pensarmos a identidade visual do grupo e sua diagramação nos EPI´s, coletes, e equipamentos, de promovermos mesas redondas para discussão com os catadores e de pensarmos na coleta de material alternativos, como o óleo de cozinha. Fábio Mariz (FAUUSP) Tivemos alguns encontros com o arquiteto Fábio Mariz, professor de Projeto e Paisagismo da FAU USP que nos orientou de forma significativa acerca do projeto arquitetônico que estávamos desenvolvendo. Além das dicas relacionadas à escolha de partido estrutural e da forma de representação, nos apontou a necessidade de sermos coerentes com nossa proposta de programa arquitetônico. A principio, nosso projeto previa a demolição de todos os edifícios do Espaço Aliança, no entanto esse encaminhamento foi apontado pelo professor como contraditório, já que estávamos trabalhando com as questões relacionadas à reciclagem,à redução de resíduos e à sustentabilidade. Alexandre Delijaicov (FAUUSP) e André Takya (EDIF) No encontro com os professores Alexandre Delijaicov e André Takya da FAUUSP, nos foi informado a situação do Córrego do Fogo, localizado nas proximidades do nosso terreno. Ambos com experiência de trabalho na região de Pirituba perceberam um fato notável: o córrego não estava em seu desenho natural. A pedreira havia deslocado ilegalmente o seu Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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curso, trazendo à irregularidade uma série de terrenos, dentre os quais o Espaço Aliança e uma escola pública – a EMEI João Paulo II. Poluído, fora de seu curso natural, aquele córrego havia se transformado em um espaço residual, logo ignorado. A importância dessa informação não esta só na ilegalidade da ação, mas também na necessidade urgente de valorização esse córrego. Reginaldo Ronconi (FAUUSP) O Professor Reginaldo Ronconi da FAUUSP apresenta densa experiência e pesquisa no âmbito de construções sustentável e metodologias participativas. Tínhamos uma série de dúvidas quanto a escolha do melhor material para a estrutura e para as vedações, de forma a reduzir o impacto ambiental, pensávamos no possível reuso do material, além das questões de praticidade de montagem e possibilidade de um canteiro participativo. Apresentamos a idéia de aproveitar a terra do próprio terreno como material de vedação. O Professor Reginaldo comentou da inviabilidade de usarmos terra pelo fato do terreno ser um aterro, com grandes vazios e pouca compactação. Apontou a opção de trituração desse terreno, no entanto o volume máximo de entulho aceito nesse processo é de 20% em relação ao solo. Quando falamos sobre o aspecto provisório do nosso programa, o professor comentou, que se haveria um espaço construído, este deveria ter um caráter permanente. Raul Isidoro Pereira (arquiteto-paisagista, doutor pela FAUUSP) Em visita ao escritório do Arquiteto Paisagista Raul Pereira, mostramos a concepção do nosso projeto arquitetônico e os nossos encaminhamentos sobre o projeto de paisagismo. O arquiteto nos orientou em relação à concepção dos espaços, escolha de árvores e dos materiais de revestimento, nos apontando a necessidade de pensarmos na realidade da manutenção e uso do espaço livre. O arquiteto Raul Pereira trabalhou em Pirituba, na criação do Parque Pinheirinho d’Água, em área próxima à do nosso trabalho; além de Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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conhecer esse setor urbano, forneceu-nos uma planilha botânica com o levantamento que havia feito da vegetação da região, auxiliando-nos na escolha de nativas de mata atlântica do lugar para compor o nosso projeto. SEHAB Além dessas conversas, ainda ocorreram duas reuniões envolvendo a professora Catarina e os respectivos representantes da Secretaria na sua sede em São Paulo. Na primeira ocasião, estavam presentes as agentes sociais e os arquitetos responsáveis pelas ações no City Jaraguá. Na segunda a professora encontrou a diretora geral da SEHAB Elizabeth França e a diretora de HABI-Norte Cecília Nammur. FAUUSP Nós também recebemos na FAU a visita de alguns dos agentes envolvidos no nosso projeto de extensão, com intenção de gerar uma aproximação da comunidade com o meio acadêmico. Destacamos a visita da Professora Márcia, juntamente com as representantes do trabalho social desenvolvido no City Jaraguá e a Luzia, líder da Coopercose. Nessa reunião esclarecemos assuntos relacionados a uma cooperativa de triagem, assim como as questões sociais, psíquicas e políticas que envolvem os catadores.

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O Projeto Final As Referências O Partido O Programa As Pranchas

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O desenvolvimento do projeto de arquitetura O desenvolvimento do nosso projeto arquitetônico esteve relacionado com as dinâmicas dos anseios emergenciais das demandas, interpretadas pelo serviço social, da comunidade do City Jaraguá. Acabamos orientando o trabalho relacionando-o às modificações espaciais observadas no Espaço Aliança.

Logo percebemos que nosso trabalho não iria se restringir apenas a uma Usina de Triagem, haveríamos de entender as dinâmicas envolvidas no Espaço Aliança e no conjunto City Jaraguá, para conseguirmos organizar, dessa forma, o espaço da forma mais humana e democrática possível. Os usos que se sobrepõem nesses edifícios são: aulas de capoeira, sede do grupo do esporte, reunião de condomínio, sede do trabalho social, sede do trabalho de reciclagem, alfabetização para adultos - MOVA, grupo de orações, sede para eventos festivos e aulas de capacitação. Além das atividades vigentes também deveríamos ouvir quais seriam as novas demandas para esse local, sendo que nossa intermediária, a agente social responsável, evocava constantemente novos programas de necessidade, chamadas sempre como essenciais e emergenciais. Em um dado momento tivemos que nos afastar dessa realidade de demandas urgentes (e contraditórias), para podermos balancear tudo que havíamos ouvido e conversado em nossas visitas, assim como, as novas demandas nomeadas pela assistente social e aquilo que acreditávamos ser coerente para uma proposta de arquitetura. Esse afastamento foi Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

Figura 41, 42 e 43 – Demandas identificadas ao longo do processo, acervo do grupo.

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essencial para conseguirmos desenvolver, enfim, um plano de massas que fosse capaz de direcionar o trabalho de projeto arquitetônico democrático baseado nas necessidades primordiais identificadas. O Espaço Aliança, a nosso ver, é marcado por seu caráter Multi-Uso, relacionado a convivência de diversos interesses da comunidade relacionados a administração das atividades da SEHABI, atividades de geração de renda, educação e de convívio social. Baseados na potencialidade do convívio social como poder de promoção a consciência política e a noção de civilidade, desenvolvemos um projeto que suprisse as necessidades, identificadas das principais, das demandas locais – educação , trabalho e lazer. A seguir descrevemos as etapas de desenvolvimento de propostas de projeto:

Figura 44 – Imagem criada pelo grupo simbolizando a Aliança.

Primeira fase: Praça Mirante Córrego do Fogo Desde o início reconhecemos o potencial paisagístico do terreno, com sua vista para o Pico do Jaraguá, o córrego e áreas de proteção ambiental. Esse potencial direcionou nosso projeto a apropriação dos fundos do terreno, desenvolvendo ali um paisagismo de qualidade para a população do City; o projeto do espaço livre público quando sensível e adequado, acaba tocando a subjetividade de pessoas de baixa renda, que se sentem não apenas trabalhadores, mas, seres humanos tratados com o respeito que merecem; essa é a percepção da Professora Márcia Penha, conhecedora profunda dos processos da periferia paulistana e que esteve conosco em várias etapas do nosso projeto. Deveríamos superar a barreira física e visual da construção dos boxes, que acabaram impedindo a condução fluida para o uso dos fundos. A urgência era dada devido o interesse da construtora vigente em construir algo para a comunidade o que gerou a nossa primeira Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

Figura 45 – imagem mostra proposta paisagística de layout de piso, e, a abertura das baias centrais de forma a possibilitar a passagem por entre os boxes.

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tentativa de apropriação: o projeto de uma praça de uso coletivo. Seria um projeto inicial de apropriação dos fundos, que manteria a construção dos boxes, demolindo os bosques centrais para permitir a circulação fluida dos espaços internos com os externos. Além disso, a proposta previa a existência de uma churrasqueira, uma horta, um redário, mobiliário urbano de descanso e recreação. O layout do piso foi inspirado no significado simbólico da aliança e da reciclagem. Com a intenção de fortalecer a união entre os seres humanos permitindo a sua convivência de forma harmônica e gerando o sentimento de pertencimento ao local, pensamos na qualificação do espaço através da participação direta da comunidade, promovendo oficinas de arte, como o desenvolvimento de um painel junto a parede posterior dos boxes. A arte seria tanto um instrumento de aproximação dos anseios da população com a realidade, quanto com o lúdico, os sonhos em si. Ao mostrarmos nossa proposta de projeto as demandas para o Espaço Aliança já haviam mudado. A chegada do novo personagem – a Cooperativa COOPERCOSE14- mudou o foco do que seria emergencial. Havia a necessidade da construção de um Galpão de Triagem que permitisse a atividade desse grupo. Recebemos uma proposta do arquiteto da HABI-Norte de um projeto de um edifício com caráter permanente junto à lateral esquerda do Espaço Aliança. Devido o caráter emergencial e provisório da atividade da cooperativa no local, propomos aos responsáveis da HABI-Norte a adoção de um sistema construtivo transportável, pré - fabricados, que poderia ser montado e desmontado. Enviamos diversas referências de empresas que oferecem Galpões provisórios. No entanto, a alternativa foi descartada. 14

A COOPERCOSE pedia um espaço de trabalho para desenvolvimento da atividade por um determinado tempo, sendo o real anseio do grupo, voltar para seu local de origem – Perus.r

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Figuras 46 e 47 – A imagens mostram a situação atual do espaço aliança e a sugestão de nossa primeira proposta de paisagismo, acervo do grupo.

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Segunda fase – O Plano de Massas Mesmo depois de algumas visitas ainda tínhamos dificuldade da definição de um Programa de Necessidades, que estabelecesse relação com o numero correto de usuários de cada função que se sobrepõe no Espaço Aliança. Para conseguirmos fazer um plano de massas das atividades desenvolvidas criamos um questionário, com finalidade de levantamento de dados quantitativos e o encaminhamos para a assistente social vigente. A partir de então nos dedicamos a pesquisa teórica relacionada a definição das áreas necessárias para cada função que estabelecemos. Criamos um plano de massas, um plano de circulação e alguns croquis relacionados ao assentamento das atividades no terreno. No momento ainda imaginávamos a possibilidade da total demolição dos edifícios existentes. Durante a apresentação foi chamada a atenção para impossibilidade de demolição dos novos edifícios, de modo geral o plano de massas foi aprovado com o suprimento de algumas necessidades.

Figuras 48 e 49 – As imagens mostram primeiros esquemas de plano de massa desenvolvido pelo grupo.

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Terceira Fase – O Projeto dos edifícios Com as áreas definidas restaram as duvidas de qual seria a melhor desenho arquitetônico, a fim de definir o formato real dos edifícios, assim como seu assentamento no terreno. Fizemos diversos exercícios projetuais até a determinação do partido arquitetônico. Em seguida deveríamos escolher o sistema estrutural e os materiais construtivos mais adequados a nossa proposta. Para isso passamos por uma fase de pesquisa teórica, a fim de termos maior respaldo técnico sobre essas questões. Após a definição de todos os sistemas pudemos criar os documentos em linguagem arquitetônica que concretizasse nossos anseios projetuais. A partir de então criamos plantas, cortes, modelo 3d digital e maquete física da nossa proposta. Ainda faltava desenvolvermos paisagismo.

Figuras 50 e 51 – As imagens mostram alguns croquis desenvolvido pelo grupo.

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Arquitetura Sustentável “Compromising the ability of future generations to meet their own needs”. from the World Commission on Environment and Development’s (the Brundtland Commission) report Our Common Future (Oxford: Oxford University Press, 1987).

A sustentabilidade, como definição pode ser considerada um conceito sistêmico, que envolve a continuidade de aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana, logo é caracterizada pela condição de um processo que permite a permanência. Atualmente a “sustentabilidade” tornou o principio do pensamento ambientalista, no qual a apropriação dos recursos naturais usados para suprir as necessidades humanas presentes, seja de tal forma que não comprometa a satisfação das necessidades das gerações futuras. A preocupação contemporânea sobre a sustentabilidade ambiental está relacionada a algumas problemáticas ambientais, das quais destacamos: Aquecimento Global, fenômeno gerado por gases produzidos a partir da combustão de combustível não renovável e a futura crise energética - causada pelo esgotamento dos combustíveis fósseis existentes. Os riscos mais evidentes, apresentados à humanidade, decorrentes do Aquecimento Global são: o aumento do nível do mar, a diminuição das áreas glaciais, a alteração no modelo agrícola, a disseminação de doenças tropicais, as mudanças climáticas e dos ecossistemas, e, um drástico impacto econômico. A consciência do esgotamento das fontes energéticas fósseis e o aumento da necessidade de importação desses combustíveis, principalmente em países que apresentam alto índice de consumo, impulsionaram as iniciativas de desenvolvimento em âmbito mundial, regional e nacional, de programas e políticas de desenvolvimento relacionado ao uso de energia renovável, reciclagem de resíduos sólidos e incentivo a mudança do padrão de vida humano.

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Figura 52 – imagem mostra o relacionamento dos ambitos, econômicos, sociais e ambientais dentro da lógica da sustentabilidade.

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Cerca de 60 % da energia produzida na União Europeia é gasta em edifícios. A possibilidade de diminuir esse consumo resultou na implementação de programas governamentais que incentivam e regulam uma mudança do padrão da indústria imobiliária e do consumidor, como o Zero Carbon Housing da U.K. e a PassivHaus da Alemanha. Ambos procuram a eficiência energética, no setor da construção civil, utilizando como instrumento novas estratégias nas etapas do projeto arquitetônico e do planejamento urbano, com a finalidade de que os novos edifícios sejam concebidos de acordo com uma “Arquitetura Bio-Climática”. “Bio-climate architecture is not about applying specific techniques. Rather, it is a sustained logic, applied during the design process, focused on optimizing and using the environment. This logic permeates all levels and scales in the project, for general environmental qualities to the design of the construction elements. Urban and economic conditions sometimes obstruct the ideal solution, but we must include these in the process, as these, too, are environmental features, originating in a social situation”

Figura 53 – Esquema mostra exemplo dos sistemas no contexto de uma Zero Carbon Housing, blog treehugger , por Lloyd Alter

Margarita de Luxan O conceito de “Arquitetura Sustentável” é utilizado para as construções que procuram estar em simbiose com a natureza, ou seja, são projetadas de forma coerente com as condições locais de assentamento levando em consideração: a geografia, a comunidade, o clima, o território geológico, os materiais disponíveis oriundos ao terreno, a geração de renda local, e, o uso de tecnologias e estratégias que promovam melhor eficiência energética. A proposta é mudar o modo de vida no interior e exterior do edifício. Acredita-se que essa mudança pode beneficiar os usuários, que terão melhor condições de vida e menores gastos com combustíveis. Dessa forma, o projeto de uma unidade arquitetônica sustentável deve levar em consideração os conjuntos dos sistemas naturais existentes, planejando o seu manejo de forma que a vida do edifício gere o mínimo impacto possível com o meio que está inserido. No âmbito construtivo a criação de um microclima é possível através do seu desenho o que definirá: a orientação das aberturas visando maior eficiência da ventilação e iluminação Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

Figura 54 – Foto mostra condomínio sustentável BedZEP – UK . Um dos exemplos mais conhecidos desse tipo de iniciativa, fonte blog opuluxeltd, por Andrew Butterton / Alamy Ana Beatriz Nestlehner Cardoso de Almeida Jaime Solares Carmona Sheila Quilice Porto Bruno Juliani Mentone Juliano Fernandes Martins da Costa


natural, a escolha de um material estrutural e de vedação adequado ao programa, a opção de uma lógica de montagem simples, buscando o canteiro limpo, que gere pouco resíduo; o manejo do ciclo de águas, o manejo de resíduos sólidos, o uso de fontes de energia renovável e a definição da relação da unidade com seu o entorno. Apesar do conceito de arquitetura sustentável, parecer algo novo e revolucionário podemos identificar exemplos arquitetônicos vernaculares, que apresentam essas mesmas estratégias de construção coerentes com seu meio ambiente. Nesse caso, a preocupação com a própria sobrevivência e dependência do meio determinava a necessidade de estar em concordância com as características de seu território. “...Comprising the dwellings and all other buildings of the people. Related to their environmental contexts and available resources they are customarily owner- or community-built, utilizing traditional technologies. All forms of vernacular architecture are built to meet specific needs, accommodating the values, economies and ways of life of the cultures that produce them.”

Figura 55 – Foto mostra casa ecológica em Deitigen - Alemanha. Paredes em taipa de pilão e uso de madeira reciclada. Spaceshop Architeckten, fonte revista Detail 4/ 2011

“The Encyclopedia of Vernacular Architecture of the World”, edição de Paul Oliver

As estratégias utilizadas para o planejamento de um projeto arquitetônico de um edifício sustentável são exemplificas a seguir de forma resumida:

Orientação Para um desenho coerente deve-se levar em consideração a orientação de suas aberturas, de forma que potencialize o aproveitamento da luz solar e da ventilação natural. Para isso é necessário um estudo específico do local usando como instrumento os gráficos climáticos de um ano típico, que mostraram: a variação de iluminação solar, as direções e velocidades dos ventos, os índices de umidade, as variações de temperatura, os volume de precipitação mensal e o índice de radiação solar diário. Figura 56 – Imagem mostra exemplos de gráficos climáticos, contexto de Auroville - India Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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Luz Solar A luz solar é essencial para a vida humana, seu aproveitamento para iluminação de ambientes internos resulta em melhores condições de trabalho e menor consumo de energia. Para isso utilizam-se como mecanismo arquitetônico as aberturas, que podem ser horizontais ou zenitais. Para a otimização da iluminação interna natural, seu planejamento deve ser feito de acordo com os estudos dos gráficos climáticos. É importante evitar a entrada de luz direta no interior dos cômodos, usando-se como instrumento o os brises. Além de ser uma fonte de iluminação, o calor da irradiação da luz solar pode ser utilizado para produção de energia, e , para aquecimento dos ambientes internos e de água.

Figura 57 e 58 – ilustrações referentes a iluminação natural, Johan van Legen

Ventilação Natural A ventilação natural promove um ambiente interno sadio com melhores qualidades climáticas, enquanto sistemas artificiais provocam doenças respiratórias. Através do planejamento de aberturas é possível controlar a direção dos ventos, como no caso da ventilação cruzada e do efeito chaminé.

Climatização natural Figura 59 e 60 – ilustrações referentes a ventilação natural, Johan van Legen

Via de regra, a camada de ar mais quente sobe em direção à atmosfera enquanto a camada de ar frio fica nas áreas mais baixas. Tanto para aquecimento como para resfriamento de um ambiente interno é necessária à compreensão do movimento natural do ar dentro dos edifícios. Para controle do aquecimento proveniente da irradiação solar e resfriamento de um ambiente interno pode-se usar como estratégia: A escolha do material de vedação procurando usar os que possuem com alto índice de isolamento térmico, a escolha da cor do revestimento das paredes (cores claras absorvem menos calor), o planejamento das Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

Figura 61 – ilustração mostra esquema para resfriamento de um ambiente através de processo geotérmico., Johan van Legen

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aberturas para melhor ventilação natural, o aproveitamento da evaporação das plantas e espelhos d’água e o resfriamento através de um processo geotérmico. Já para o aquecimento de um ambiente é necessário capturar e manter o calor proveniente da irradiação solar como: orientar as os cômodos secos para a fachada mais iluminada, deixando as áreas molhadas para as fachadas escuras, escolher material de vedação com alto índice de isolamento térmico, controlar os sistemas de abertura, para que não haja perda de calor, optar por janelas com vidros duplos. Em casos extremos é possível usar sistemas artificiais de aquecimento que utilizem energia renovável.

Materiais A seleção de materiais com baixo impacto ambiental deve levar em consideração: O ciclo de vida útil, o desempenho de custo energético de extração, produção, transporte (de preferência a um raio de 50 km do local da obra), instalação, operação e manutenção e, por fim, o manejo do resíduo resultante de sua utilização e a sua possibilidade de reciclagem.

Figura 62 – Ilustração mostra aquecimento de um ambiente usando luz solar, fonte Neufert.

A opção por materiais naturais pode gerar resultados semelhantes aos industrializados, como no caso da terra crua como fonte de matéria básica para paredes de vedação. A fibra do coco, por exemplo, possui alto índice de desempenho isolante termo-acústica sem a necessidade de adição de produtos químicos em seu processamento, podendo substitui materiais como a lã de vidro. Atualmente, há uma série de produtos disponíveis no mercado, produzidos a partir da reciclagem de resíduos sólidos como o caso das placas de Tetra Pack, ou, de tubos de pasta de dente, que podem substituir as placas de madeira ou mesmo as telhas de amianto. Há também diversos materiais provenientes do reprocessamento de borrachas, pneus e mesmo de resíduos de concreto, madeira e alvenaria. Figura 63 – Foto mostra construção utilizado tijolos crus de solo-cimento , fonte www.vimaqprensas.com.br . Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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Ciclo das águas Para o planejamento do manejo dos ciclos das águas relaciona-se a as escalas de projeto: urbano, da paisagem e a do edifício.

Figura 64 – esquema mostra sistemas hidráulicos de manejo das águas servidas, fonte Google imagens.

Os contextos urbanos, com seus altos índice de impermeabilização do solo apresentam um ciclo hídrico natural bastante alterado o que, entre outros aspectos, prejudica o abastecimento do lençol freático. Para as áreas externas é necessário prever áreas permeáveis possibilitando o ciclo natural da água da chuva. Na escala do projeto do edifício tratamos do manejo das águas servidas, que podem ser definidas como: Águas Cinza, residuais dos chuveiros e lavatórios e Águas Negras, provenientes do uso em toalete e pias da cozinha. A princípio, é necessário prever a separação dos dutos hidráulicos dessas águas, seguido do seu tratamento, que pode ser através de um sistema produzido industrialmente ou por plantas filtradoras. Com a reciclagem das águas cinza há a possibilidade de sua reutilização para aplicações que não necessite de água potável, no caso dos toaletes e lavagem de piso. A reciclagem das águas negras possibilita a irrigação do subsolo reintroduzindo - a no meio ambiente. Além do seu tratamento ainda é possível prever a captação das águas da chuva, que podem ser utilizadas para demandas que não necessitem de água potável como irrigação de jardim, água para toaletes, chuveiros e programas fabris para resfriamento em processos indústrias. A água da chuva também pode ser purificada tornando-se potável. Esses sistemas são de suma importância para suprimento em regiões isoladas marcadas por período de estiagem.

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Figura 65 – esquema tratamento das águas cinza por sistema de plantas filtradoras, fonte Google imagens.

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Energia Renovável Energia renovável efetivamente é adquirida usando recursos naturais como a luz solar, o vento, a chuvas, as correntezas e os gases provenientes da decomposição de matéria orgânica e de Biomassa. A transformação desses elementos em energia não libera CO2, e são chamados de elementos passivos. A fonte de energética renovável mais utilizada no projeto do edifício é a luz solar. Nesse sistema a energia é capturada através de placas fotovoltaicas ou pelo aquecimento de fluido produzindo vapor em alta pressão que corre em um gerador. No sistema eólico a energia é obtida a partir da conversão das forças do vento através de turbinas. A energia das correntezas, é uma capturada sem a necessidade de contenção de água, são ambientalmente menos impactante que as hidrelétricas convencionais, que produzem emitem altos níveis de metano devido a decomposição da matéria orgânica submersa nas represas.

Figura 66 – Esquema mostra aproveitamento da luz solar como fonte energética, fonte Neufert.

Biomassa refere-se a toda material orgânica morta, fazem parte do ciclo de carbono e sua queima produz CO + H2O que não é prejudicial ao meio ambiente, biomassa pode ser utilizada, também para a produção de Biocombustível. Bicombustível são aqueles provenientes de material orgânicos, que podem ser novamente produzido, como o álcool a cana de açúcar e o biodiesel do açaí. Esses combustíveis são normalmente utilizados no setor de transportes.

Figura 67 – Esquema mostra processo de transformação da luz solar em energia, fonte www.brasilhobby.com.br . Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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A mudança do estilo de vida Não basta um edifício ser projetado para ser energeticamente eficiente, para que haja sustentabilidade ambiental. É necessário um investimento em po políticas educacionais que gerem a mudança no estilo de vida dos cidadãos, promovendo a consciência ambiental de que somos responsáveis, não apenas na nossa esfera privada, mas também, na esfer esfera pública, blica, tanto na relação com entorno como em âmbito mundial. Acordos mundiais, internacionais, e nacionais is que restringem a cota de GEE GEE, emissão de CO2, na atmosfera geraram um novo produto mundial - Créditos de Carbono . Indústrias e países que conseguirem diminuir a emissão de poluentes fósseis podem vender suas ccotas para outras. Isso acabou gerando um investimento coorporativo em programas que buscam a sustentabilidade ambiental, energética e social, ou seja, investimento privado em projetos que promovem energia renovável, manejo de resíduos sólidos, reflorestame reflorestamento, desenvolvimento socioambiental, etc. O Brasil diferentemente do padrão mundial, possuí uma matriz energética com significativa participação de fontes renováveis, principalmente pela hidroeletricidade. Dessa forma, a emissão relativa de CO2 é significativamente mais baixa o que caracteriza nossa matriz como “limpa” e sustentável, em termos dos combustíveis utilizados. Talvez seja devido a essa característica energética, juntamente com a nossa dimensão territorial, que as questões ambientais tomaram força ça no Brasil por iniciativa de empresas privadas, e não por programas estatais. O mote sustentabilidade acabou se tornando um selo verde, agregando valor a um produto de consumo. O que é contraditório ao próprio princípio de sustentabilidade, o consumo não diminui, mas muda o perfil.

Figura 68 – fonte Google Imagem

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Referências Arquitetônicas Arquiteto Francis Kéré Francis Kéré, arquiteto africano natural de Burkina Faso e formado na Alemanha. Durante seus estudo fundou a associação - Schulbausteine für Gando- com o objetivo de produzir edifícios em equilíbrio com as demandas climáticas do território de Burkina Faso, com o intuito de impulsionassem o desenvolvimento social de sua população. A partir de 1999 participou de diversas conferencias sendo premiado algumas vezes. Seus projetos possuem caráter social e são desenvolvidos em várias partes do mundo como na África e na Índia. Francis também leciona na faculdade técnica de Berlin (TU-Berlin), onde busca em suas aulas promover a prática arquitetônica direcionada a questões sociais - o projeto de habitação de interesse social e planejamento urbano - considerando as estratégias que buscam a sustentabilidade do edifício e a integração da força de trabalho do local, assim como suas técnicas construtivas vernaculares.

Figura 69 – imagem mostra Escola Secundária Dano, Burkina Faso , fonte site oficial do arquiteto Francís Kéré.

Kéré, não se limita ao projeto arquitetônico, através de sua associação promove ações que buscam melhor qualidade de vida para sua terra natal, como programas de alfabetização de adultos, atendimento a saúde, e apoio financeiros as mulheres. Possuí como lema “ajuda para a auto-ajuda” – que pode ser interpretado como: Somente aqueles que participam nos processos de desenvolvimento serão capazes de apreciar os resultados dando continuidade as iniciativas, e “salvando” a si e aos outros.

Figura 70 – imagem mostra Extensão da Escola Primária Gando, Burkina Faso fonte site oficial do arquiteto Francís Kéré.

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João Figueiras Lima – O Lelé O arquiteto João Figueiras Lima, formado na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1955, acredita no potencial da arquitetura como forma de transformação da realidade humana – para melhoria das condições de vida e convivência entre as pessoas. Ou seja, a arquitetura como um instrumento de arte e serviço da sociedade, um v etor de transformação social. Sua arquitetura é marcada pelo uso de sistemas de pré-fabricação, pela composição de suas curvas e pela preocupação com o meio ambiente. A racionalização do seu projeto arquitetônico, dentro de uma lógica industrial, possibilitou a popularização da industrialização da construção, com ampla experiência na manipulação de materiais como concreto armado, argamassa armada e estrutura metálica. O canteiro limpo é outra característica de suas obras, buscando a eficiência nos processos de produção e montagem do edifício. Além disso, a sua preocupação com as condições de conforto ambiental é clara, seus projetos buscam melhores condições climáticas, através de estratégias que causem baixo impacto ambiental como aproveitamento de luz solar, ventilação e climatização natural.

Figura 71 – imagem mostra construção de um Hospital em Salvador, arq João Filgueiras Lima.

Lelé projetou dezenas de edifícios públicos como: escolas, creches, passarelas, obras de saneamento básico, terminais de ônibus, mobiliário urbano, pontes, hospitais, habitação de interesse social e etc.

Figura 72 – imagem mostra construção de um Hospital da rede Sarah – Rio de Janeiro, arq João Filgueiras Lima.

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Referências de Ergonomia Áreas pedagógica15

dimensões

Salas de Aula

2 m² por aluno

Depósito de Material

Mínimo 10-15 m²

Corredores

Mínimo 10-15 m²

Administração

Mínimo 15 -20m²

Espaço Multiuso16

Salão – 175m2

Depósito para instrumentos musicais

Mínimo 10 - 20 m²

Sala de costura (2 alunos por máquina)

Mínimo 70 a 75m²

Áreas Molhadas 17 Refretes (1 unidade a cada 25 alunos ou trabalhadores)

Mínimo 1,40 x 0.80 m

Urinário ( 1 unidade a cada 25 alunos ou trabalhadores)

Média 0,50 x 1,20 m

Armário ( 1 unidade por 2 usuário)

Média 0.50 x 0.30 x 1.75 m

Duchas individuais

Mínimo 0.90 x 0.90 m

Banco de troca

Média largura de 0.60 m

Vestiários para Ginásio de médio porte Feminino (3 refretes) Masculino(2 refretes e 1 urinário)

Média 15 m² cada

15

Arte de projetar em arquitetura, Professor Ernest Neufert. Única exceção,baseado nas dimensões da sala 807 da FAUUSP 17 Arte de projetar em arquitetura, Professor Ernest Neufert.

Figuras 73 e 74 – imagens mostram referencias de ergonomia, fonte Neufert.

16

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Para o dimensionamento de um edifício baseado em um sistema fabril18 é necessário prever: TIPO DE UTILIZAÇÃO DIMENSÕES DO COMPARTIMENTO VÃO LIVRE NECESSÁRIO NUMERO DE PESSOAS ESPAÇO DAS MAQUINAS RUIDOS TOMADAS PERCURSOS PREVISÃO DE AMPLIAÇÃO PATIO DE SERVIÇOS (RECEPÇÃO/ CLIENTE/ ADM/ CONTABILIDADE/ CONTAGEM DE HORAS) SALA DE PRIMEIROS SOCORROS Porta para entrada de caminhão largura de 3 m a 4 m Corredores com largura mínima de 1.20 m Definir os diferentes consumos de H2O Desnível entre 1.10m e 1.30 m, para carregar e descarregar caminhões Corredor de passagem do caminhão com largura mínima de 7.50 m

18

Arte de projetar em arquitetura, Professor Ernest Neufert.

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Figura 75 – referencia de sistemas construtivos estruturais para programas industriais, fonte Neufert.

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Para dimensionamento de uma unidade de triagem usamos como referencia Ergonométrica o documento Sugestão para Projeto dos Galpões e a organização da coleta Seletiva19. Destacamos a seguir as sugestões consideradas mais relevantes para nosso trabalho:

Figuras 76 e 77 – fonte Ministério das Cidades SNSA

19

Documento desenvolvido pelo Ministério das Cidades SNSA sob consultoria do Arquiteto e Urbanista ,Tarcísio de Paula Pinto. Documento disponível em arquivo digital no site www.cidades.gov.br/ Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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Figuras 78 e 79 – fonte Ministério das Cidades SNSA

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Figuras 80 e 81 – fonte Ministério das Cidades SNSA

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Figuras 82 e 83 – fonte Ministério das Cidades SNSA

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O Programa A definição do nosso programa arquitetônico foi baseada nas necessidades que identificamos como primordiais no Espaço Aliança. Os espaços apresentam-se dinâmicos com a sobreposição de diversos usos, alguns com caráter mais coletivo, outros mais educacionais. Fazendo a análise das atividades existentes e das atividades possíveis, resolvemos definir nosso programa básico a partir de um projeto que abrangesse as funções de trabalho educação e lazer, buscando coerência aos princípios éticos que definiram os rumos do trabalho como um todo. É como se por meio do nosso projeto sinalizássemos que os catadores e a população do City Jaraguá quisessem “mais do que comida”; quisessem (e merecessem) também “diversão, arte” e possibilidades múltiplas de desenvolvimento humano. Essa premissa norteou todo o espírito do nosso projeto, do princípio ao fim. A seguir apresentamos algumas tabelas que relacionam o programa de necessidades com suas referentes áreas: Unidade de Triagem / total 1115 m² Funções Vestiário Feminino Vestiário Masculino Banheiro para deficiente físico Administração Recepção /Sala de Ponto Triagem e armazenamento de tecido Triagem e armazenamento de material tradicional Área fixa de armazenamento de material triado Área para prensa e balança Área para carga/ descarga e estacionamento

Bloco 1 Área interna aproximada 23 m² 23 m² 4 m² 11 m² 8 m² 144 m² 386 m² 144 m² 15 m² 300 m²

Figura 84 – Plano de usos. Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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Bloco administrativo e educacional/total 415m² Funções Administração Lojinha Depósito Enfermaria Banheiro deficiente físico Computação Cozinha/Cantina Pátio interno cantina Espaço Multiuso Sala de aula Sala de aula Sala de Aula

Espaço livre /total 3610 m² Funções Pátio Acesso Playground Infantil Playground Idoso Pátio Multi-Uso Aberto Pátio Multi-Uso Coberto Contemplação/Gramado Pomar

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Bloco 2 Área interna aproximada 9.50 m² 9.50 m² 16.00 m² 9.50 m² 6.50 m² 25.50 m² 25.50 m² 45.00 m² 145.00 m² 51.00 m² 51.00 m² 51.00 m²

Área aproximada 725 m² 515 m² 515 m² 315 + 270 m² 170 m² 950 m² 650 m²

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Edifícios existentes /total 114 m² Funções

Bloco existente Área interna aproximada

Cobertura galpão

90.00 m²

Banheiro feminino

10.00 m²

Banheiro Masculino

10.00 m²

O Partido O partido do nosso projeto foi baseado nas necessidades de criação de um complexo arquitetônico que possibilitasse a melhoria da qualidade de vida da população local, abrangendo as funções do trabalho (geração de renda), educação (consciência ambiental) e lazer (descanso, contemplação, convívio e esporte). Com finalidade da produção de uma proposta coerente com a região, lançamos mão à metodologia participativa, com a finalidade de descobrir quais seriam os pontos chaves para desenvolvimento do nosso projeto. Após a fase de descobrimento pudemos definir as nossas premissas arquitetônicas, descritas a seguir: - O projeto de um edifício que estivesse de acordo com o seu meio ambiente, buscando usar estratégias que o possibilitasse ser o mais sustentável possível, de acordo com as características geográficas do meio ambiente do local. -A criação de espaços dignos e democráticos, que pudessem conter em si, a possibilidade de uma mudança no contexto social existente.

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-A escolha de um sistema construtivo simples, de fácil reprodução e montagem, mas que também apresentasse qualidades estéticas que estimulassem a auto- estima da população, assim como o desejo de apropriação do espaço. -A promoção da organização espacial dos edifícios de forma a abrir a vista para a paisagem. A partir dessas premissas e baseados no nosso Programa de necessidades, apresentamos a proposta de dois blocos de edifícios: o Galpão de Triagem e o Bloco de educação, administração, lojinha e enfermaria. Ambos apresentam sistema estrutural simples de estrutura metálica. O Galpão de Triagem possui um caráter mais fechado, devido ao seu programa de atividades, enquanto o outro bloco é constituído a partir da associação de unidades estruturais modulares, que permitem diferentes layouts interno. Decidimos manter a cobertura do pequeno galpão que foi construído pela HABI-norte. Tanto a localização dessa cobertura, quanto o potencial de contemplação paisagística do terreno foram determinantes na opção de assentamento dos novos edifícios, de forma que criasse entre eles, um trajeto central a partir da rua até o espaço livre, aos fundos. Enquanto o acesso a área de triagem é restrito aos trabalhadores, o outro bloco possui áreas cobertas de uso coletivo, permitindo a penetração do transeunte. Esse bloco apresenta a associação de três módulos frontais separados, por uma cobertura, dos três módulos posteriores. Essa separação, além de criar um espaço amplo e coberto de uso coletivo, permite a penetração do usuário. O assentamento dos edifícios cria áreas livres com diferentes características, e, promove a circulação fruída do transeunte. Na frente, observa-se um pátio de entrada, delimitado pela existência da cobertura existente. A passagem por essa cobertura leva a um espaço gregário, o pátio, ponto de encontro das circulações delimitado pelos edifícios. Na parte posterior encontra-se a área de respiro, contemplação e descanso. Na lateral direita, localiza-se a praça de esporte, que promove a transição entre a quadra poliesportiva e o Espaço Aliança.

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O Galpão de Triagem As áreas administrativas e vestiários localizam-se em nível do passeio com entrada de frente para a rua. Optou-se por localizar o acesso dos caminhões junto à lateral esquerda, subindo sua cota em 2 metros de altura; junto a essa lateral localiza-se o silo para recebimento do material arrecadado. Já o acesso a área de trabalho é feito por rampa até chegar um nível negativo de 1,60 em relação o passeio. O isolamento da área de triagem tem a intenção de preservar as qualidades de salubridade do terreno. O desnível criado entre a área de recebimento de material externa e a área interna de triagem promove melhor dinâmica de circulação dos trabalhadores. A triagem de tecido está localizada na parte posterior e tem acesso pela lateral esquerda do edifício a cota de 2 metros em relação ao nível da rua. Esta localização justifica-se devido à necessidade de separação do ambiente de triagem tradicional. O bloco da administração, educação, lojinha e enfermaria. A divisão de funções propõe melhor desenvolvimento das atividades internas e externas. Na parte posterior, estão as salas de aula, que são vizinhas das aéreas livres destinadas a contemplação (à esquerda) e a recreação de idosos (à direita). Nas unidades da parte frontal estão: as áreas de administração e a lojinha defronte para rua, a enfermaria e a sala de computação com acesso a partir do pátio frontal, enquanto a cozinha fica localizada ao lado da área coberta de uso coletivo. A localização mais central da cozinha foi escolhida por permitir melhor acesso, tanto no que diz respeito ao uso diário quanto à promoção de atividades festivas. Ainda foi previsto um depósito para material em gerais com acesso pelo corredor junto à lateral direita do bloco. A proximidade da sala de computação, depósito, e área administrativa justifica-se pela necessidade de controle de circulação nesses cômodos. Já a enfermaria está localizada para que permita fácil evasão no caso de emergência.

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A Paisagem - o Paisagismo O projeto dos espaços livres públicos O projeto de arquitetura desenvolveu-se em consonância com o entendimento da paisagem maior na qual se insere buscando, assim, a elaboração de um partido edilício capaz de se articular com os espaços livres internos e do seu entorno imediato; dessa forma, criou-se uma condição de circulação fluida entre os edifícios, ao mesmo tempo em que se ia propiciando uma série de condições funcionais e estético-sensoriais para fruição e boa condição de uso desses espaços livres. Assim compreendida, a instância do paisagismo transcendeu a idéia do mero plantio adequado e/ou ornamental; foram, portanto, consideradas as necessidades de uso desses espaços abertos e definidas diretrizes ambientais para escolha das espécies capazes de propiciar um micro-clima agradável, promoverem a permeabilidade do solo e contribuir para facilitar o fluxo gênico entre espécies de ave-fauna, principalmente. Além dos aspectos de ordem funcional e ambiental, procurou-se contemplar a qualidade estética desses novos espaços, para que fossem criadas as condições favoráveis de fruição e identificação das pessoas com suas áreas livres. A compreensão das potencialidades do entorno que, a despeito de contar com expressivos remanescentes hídricos e florestais, é negado pelo projeto anterior (as baias têm empenas cegas para uma expressiva perspectiva paisagística), propiciou que essa nova configuração territorial de edifícios e espaços livres valorizasse uma conexão mais importante com a paisagem como um todo.

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No processo de trabalho, buscou-se em primeiro lugar identificar as demandas quanto aos espaços livres e perceber as potencialidades do lugar (mesmo quando não expressas pelos moradores do City Jaraguá) , do que resultou uma relação tipológica diversificada , capaz de atender às necessidades de uso identificadas na oficina e visitas e, ao mesmo tempo, agregar nossa própria percepção das potencialidades locais a partir de observações empíricas do cotidiano dos habitantes. Dessa conjunção de fatores resultou uma gama de espaços livres, com equipamentos e mobiliário adequado, contemplando funções de esportes, lazer, recreação, convivência e circulação ,a saber: - Praça de entrada – trata-se de espaço acolhedor que recebe e distribui o fluxo de pessoas; para isso foi importante conferir identidade de portal principal, definindo ainda um banco de forte identidade formal, e vegetação de forma a não atrapalhar a circulação. Para o portal, utilizamos dois paus-ferro em cada ponta da entrada, dado que são árvores altas e elegantes. - Pátio – a configuração de pátio, historicamente, é tida, como área aconchegante, com potencial de congregar pessoas; embora recrie a atmosfera do pátio, tem conexão com o espaço aberto da área dos fundos, com o pomar, além de conectar esse eixo de entradafundos com o eixo de esportes, marcado pela escadaria-teatro, de forma tal que ambos sejam feitos de piso cimentício lixado com pigmentos de cor.Ao final do pátio, fazendo a transição para o espaço livre posterior, foi desenhado um pergolado que baliza o espaço, mas não o fecha, o que propicia uma vista bastante agradável da perspectiva que se desortina do Córrego do Fogo e remanescentes florestais lindeiros.

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- Escadaria-teatro – marca um segundo portal, entre os ambientes da entrada, mais ligados ao encontro e à contemplação, com o espaço dos esportes e exercícios físicos. De piso cimentado, permite-se um espaço multi-uso protegido da chuva, capaz de abrigar as mais diversas atividades, tais como a capoeira e saraus de poesia, possuindo para tanto uma escadaria com a escala da passagem e do estar, e uma cozinha ao lado, sendo portanto uma quebra e uma continuidade dos volumes que o marcam. - Área de convivência – por ser nos fundos do terreno permite uma contemplação do Pico do Jaraguá e do Córrego do Fogo, com sua vegetação de grande valor paisagístico. Ancora uma árvore de grande porte – possivelmente um pau-ferro – e é margeada por uma fileira de eritrina mulungu, árvore de médio porte com as flores vermelhas. Como é esperado um grande fluxo de visitação, o piso será de terra batida e possuirá bancos sem encosto, para que a pessoa possa sentar e olhar para a direção que quiser. -Pomar – marcando um ambiente de remanso, o pomar foi pensado de forma a possibilitar um descanso e um uso menos festivo, de maior contato direto com a natureza. Possuirá locais de colocação de redes de balanço, além de uma série de árvores de pequeno e médio portes com frutos os mais diversos, tais quais a cabeludinha, a amora, a pitanga, a lichia, etc. -Horta – localizada no fundo do terreno, na queda de nove metros do aterro, visa promover o uso daquele declive com o plantio de uma série de ervas e plantas de uso medicinal e culinário, tais quais o chá verde, o alecrim, a cebolinha e pimenteiras as mais diversas. Dessa forma o espaço ganharia uso público e possibilitaria uma produção local de especiarias e chás.

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- Playgrounds – são dois: um voltado mais para o uso infantil, próximo à rua e à administração, e outro voltado para o público idoso, ao lado da horta e da vista do Córrego do Fogo. Com piso de borracha reciclada, com um tema colorido, capaz de trazer beleza e segurança ao espaço, e demarcado de um lado por uma fileira de ipês amarelos formando um brise vertical, e de outro por arbustivas lenhosas separando o nível 1,5m abaixo, esses ambientes visam a prática de exercícios físicos, além da convivência harmônica entre todas as idades que vivem no City. Para tanto, foram colocados bancos e árvores na escala da criança, que cresçam rápido e não tenham espinhos, tal qual a goiabeira e a amoreira. -Praça de esportes – local de nó, que encontra os fluxos de quem vai dos playgrounds até o pátio central, ou de uma quadra a outra, essa praça é o que dá sentido àquele espaço que está a 1,5m dos primeiros ambientes da entrada. Por conectar essas diversas atividades de lazer e prática de exercícios físicos, trazendo qualidade de vida a quem lá viva e aprenda, foi que ganhou esse nome. Assim como os playgrounds, possui uma fileira de ipês amarelos e bancos para ver os jogos e quem lá passa. Pensado para ter um piso colorido tal qual os da entrada, marcando assim uma mesma linguagem. -Calçada – como percebemos que havia pouca valorização paisagística das calçadas do local, e de forma a marcar esse espaço que planejávamos, pensamos que as calçadas mereciam criar sombras e ritmo ao transeunte, além de serem um espaço linear com potencial estético, explorado principalmente pelo plantio de patas-de-vaca, árvore de médio porte que no inverno aflora suas cores roxo-roseadas, embelezando assim esse caminho que criamos ali, tanto para quem vem à praça, quanto para quem mora pela região e vê esse espaço.

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Em tempo, essa sequencia de espaços abertos, com funções e atmosferas distintas, pretende trazer não só um fluxo de espaços com um enorme potencial cívico, na medida em que marca um estar e um encontro, mas também criar possibilidades, momentos, insurgências capazes de criar beleza na vida dessas pessoas que tanto a merecem, pois que o homem não quer só água e pão, quer água, pão e poesia.

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Fotos Maquete

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Os Agentes Foi essencial, desde o começo, ter a sensibilidade não apenas para identificar quais dos diversos personagens daquela realidade seriam agentes centrais em qualquer plano de mudanças, mas também perceber como eles a viam, como participavam direta ou indiretamente dela, qual seu papel enquanto articuladoras da comunidade e como representantes de setores da mesma comunidade do Espaço Aliança, etc. Ver as potencialidades nesses agentes, ouvir seus discursos, interpretar suas aflições, tudo faz parte da constituição de um projeto social mais sólido e capaz de responder às demandas que aparecem. Abaixo listamos aqueles que acreditamos serem os agentes centrais no processo, ou pelo menos aqueles que tiveram alguma participação mais constante ao longo de nosso projeto. Superintendência de Habitação Popular (HABI) Responsável pelo desenvolvimento e implantação dos programas e dos projetos habitacionais voltados à população residente em moradia subnormal (favelas e cortiços, por exemplo). Suas ações são elaboradas e executadas em sintonia com a dinâmica social e peculiaridades de cada região. Desenvolve os programas de urbanização e regularização de favelas. Desde o início da atual administração, a Superintendência de Habitação Popular (Habi) foi dividida em cinco regionais, sendo a Habi Norte aquela que nos dizia respeito mais diretamente. Desde o começo, quando o Programa Saúde da Família articulou uma solução para o problema dos catadores na Subprefeitura de Pirituba, a Habi Norte foi a única secretaria que voluntariou-se a responder a essa nova demanda. Se não fosse pela vontade política da Habi, acreditamos que o projeto não teria conseguido se desenvolver com um horizonte da Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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possível construção. Nesse ínterim, Maria Cecília Sampaio Freire Nammur, Técnica Regional de Atendimento Habitacional ( HABI -Norte) foi uma personagem muito importante, pois que com sua vontade política e visão social conseguiu trazer-nos um apoio essencial ao projeto. Nessa mesma equipe estava o arquiteto Roberto Sakamoto, responsável por todas as obras feitas no Espaço Aliança no período de nosso projeto. Foi sempre muito difícil ver com clareza qual era seu grau de comprometimento com nosso projeto, desde a demora em conseguir-nos uma base decente para trabalharmos, até a construção apressada de um galpão de metal e blocos de cimento quando de nossa pesquisa acerca do mesmo espaço, criando assim soluções conflitantes. Apesar de tudo isso, Roberto mostrou-se interessado em ajudar-nos no possível, mas sempre ocupado e ligado a uma burocracia estagnante e da cultura do “puxadinho”. Outras importantes figuras foram as assistentes sociais do City Jaraguá, Maria das Graças Alves Cândido, Romie, Silvia. Pudemos perceber muitos contrastes entre suas posturas e formas de atuação, em especial na Graça, que parecia não compreender a seriedade de nosso trabalho, preocupada sempre em resolver problemas emergenciais da comunidade, sem amadurecer, portanto, uma visão estratégica daquele espaço. Já Romie, por exemplo, acreditava no potencial de nosso projeto e do Aliança, e teve o pragmatismo necessário, juntamente com o sonho de importância essencial, para ir atrás de recursos de bancos alemães e trazer a possibilidade de construção de nosso projeto. Importante notar a divergência que houve, por exemplo, na questão da entrada ou não da COOPERCOSE no Espaço, dado que Romie, com experiência no tema das cooperativas, antevia uma possível inadaptação e conflito de usos, da COOPER com os catadores do City, o que de fato ocorreu.

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Já Graça, na mesma situação, parece ter-se iludido e logo transformou aquela junção de catadores e cooperados em uma cooperativa imaginária, citada em seu blog que não está mais no ar. Comunidade do City Jaraguá De fato algumas pessoas da comunidade vieram em uma ou outra reunião e mostraram seu interesse em participar daquele projeto, mas foi essencialmente no casal Elíseo e Estér que vimos um potencial maior de empreendedorismo e liderança ali, dado que já trabalhavam com triagem de tecido e já pensavam em como gerar renda com o projeto e com as pessoas dispostas a ali trabalhar. Além deles, e talvez razão maior do projeto ter nascido, temos a presença da professora Márcia da Penha Rezende, que dá aulas no EMEI João Paulo II. Foi ela que vendo aqueles problemas do City, trouxe à Professora Catharina o chamado para que a USP buscasse desenvolver um projeto para a região, baseada no papel que a universidade pública tem para com a sociedade, com o contribuinte. Catadores da COOPERCOSE e outros agentes Logo que vimos a saída voluntaria dos catadores do City do Aliança, percebemos que não tínhamos mais os agentes-chave, basicamente para quem projetávamos, em contexto. Dona Maria, a mais velha dos catadores originais, e que claramente apresentava-se como a líder daquela cooperativa tão incipiente, saiu junto com todos os outros catadores. O que ocorreu, de fato, foi que com a chegada da COOPERCOSE ao Espaço Aliança, houve uma desconfiança dos primeiros em relação aos cooperados, que acabaram ficando por lá e que, sob a direção de Luzia, pediram a Usina com urgência, dado o incêndio da própria usina da COOPERCOSE, em Perus. Por fim, podemos citar a Soraya, funcionária pública da FEHIDRO, Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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com ampla experiência em articular alianças e que, segundo a Graça, “é educadora ambiental que conhece todo o caminho das pedras, para nos possibilitar o acesso aos recursos do Crédito de Carbono, é apaixonada por trabalho comunitário, é funcionária de carreira da PMSP, doidinha para criar a nossa Câmara de Articulação Econômica na região Perus/Pirituba, com toda o tempero necessário para o que chamamos de... PARTICIPAÇÃO SOCIAL.”Email de Graça a todos no dia 29/10.

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Conclusões Jaime O projeto de construção do Espaço Aliança foi incrivelmente enriquecedor na medida em que além de toda a problemática que se construía, possibilitou-nos compreender melhor o papel da Universidade na sociedade na qual está inserida. A extensão tornou-se essa possibilidade. Ela é, talvez, do tripé que qualifica a Universidade hoje, aquele suporte acadêmico que mais justifica a existência da própria Universidade enquanto aprendizado, não apenas de conteúdos teórico-práticos, mas de aplicação desses conhecimentos e, nessa aplicação, o surgimento de um novo grau de aprendizado, como num feed-back positivo. Talvez mais do que o estágio ou a iniciação científica, a extensão e cultura traz-nos a realidade como problema, e a solução como construção de problemáticas. A solução, afinal, não é algo automático ou descrito, é algo que bem surgindo, que se materializa e que condiz em mais alto grau a um dado concreto de demanda. Mas lidar com pessoas não é fácil. Talvez seja até mais difícil do que compreender a doutrina corbusiana ou a filosofia kantiana. Apesar disso, elas são melhores coisas que temos no mundo. Foi muito difícil terminar este projeto de extensão, especialmente e essencialmente por causa dessas pessoas. Contudo, agradeço a elas o tanto que aprendi. Não apenas uma série de conhecimentos técnicos, ligado ao tema sustentabilidade, e mesmo aqueles conhecimentos mais ligados à hermenêutica, que abordam o processo participativo, mas principalmente a importância que há em aguçar a sensibilidade para a realidade que nos cerca. Conhecer também novas inspirações de arquitetura que dialoga não só com o usuário a nível prestador de contas – cliente, mas sim homem e homem, relação na qual nós enquanto Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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arquitetos levamos em consideração muito mais do que os desejos ditos do outro, mas aqueles não ditos, aqueles em potencial, aqueles ligados a uma pré-existência cultural, social, econômica, etc. O programa de arquitetura não como dado morto, mas como constante renovação das potências do espaço, incluindo aquela capacidade que este tem de modificar-se segundo uma renovação dos desejos de quem o sua, já que, como afirma Milton Santos, o “espaço é uma sobreposição de diversos tempos”. O espaço como resultado de uma dialética moral, e não mais como retórica de moralização do homem. Por fim, tratar a arquitetura como instrumento de reprodução ou modificação de uma realidade é compreender a enorme responsabilidade que temos enquanto parte de uma indústria que consome e produz metade dos resíduos sólidos e materiais do homem no planeta. É entender o que significa ler os anseios de uma comunidade, ao invés de tentar imprimir uma ideia genial, um traço salvador, um discurso pronto. É revalorizar soluções vernáculas, com alto valor cultural e uma sabedoria construtiva. É pensar como a natureza não tem mera função contemplativa ou de exploração, mas sim inspiração e simbiose. É aprender, por fim, que não somos uma ilha, uma solução, ou um traço. Somos um mar, uma possibilidade, um sentimento.

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Bruno Após este um ano de trabalho houveram alguns pontos relevantes quanto a experiência. Como projeto de Cultura e Extensão ocorreram benesses tanto no sentido de nós como universidade pública para a sociedade como no sentido do outro para nós, este ultimo, felizmente, permeado pelas ideias de Paulo Freire. Foi de valorosa construção na formação as conversas com professores e/ou especialistas em determinados assuntos no decorrer do processo. A diferença entre realização unicamente acadêmica e a Extensão, trabalho também acadêmico porém assento no concreto, surgiu com vigor, a discussão sobre elemento do vivido adquire outro caráter. Diversos conhecimentos acumulados no decorrer do curso puderam ser sedimentados neste processo, sendo eles das mais diversas áreas, estrutura, edificação, sustentabilidade, instalações, paisagismo, critica, etc. De importante papel também foi o contato da realidade por si, não mediado por outros. Ir ao local, conversar com os envolvidos, fosse de forma casual ou dentro de oficinas, trouxeram uma contribuição exclusiva a trabalhos de extensão. Por exemplo, obter um programa de necessidades a partir da situação e de seus envolvidos foi situação de valor inestimável como arquiteto, houve um ganho em termos de conhecimento inestimável e talvez em esfera que disciplinas não conseguem abarcar. Poder colocar em pratica uma abordagem de cunho participativo contribuiu tanto para a construção da aplicação deste processo quanto para o fortalecimento de nossas convicções deste como forma de retirar o projeto do autoritarismo do técnico e trazer o usuário para a concepção. Vale lembrar neste aspecto que dado o cerne do processo participativo este não existe desvinculado da práxis, e como tal há, como diria Carlos Drummond, pedras no caminho. Houveram, como explicito no corpo deste documento, dificuldades quanto a Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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elementos envolvidos, mas mesmo estas talvez sejam inerentes, seria utópico realizar este embate sem elas. Apesar de terem amputado ao produto tanto tempo quanto possibilidades estas pedras deixam suas marcam, calosidades que fortalecem o projeto. Não há como ao fim de tal jornada eximir-nos de deslizes, imputar as cicatrizes apenas ao externo, porém acredito que como graduandos, profissionais em estagio de formação, seja previsto algo. Tanto que não se realiza tal tipo de trabalho sem orientação. Cabendo, como confirmado por este projeto, ao orientador, como individuo de portentosa bagagem, manter o rumo, o sentido, a orientação na qual o processo deva se encaminhar. Seria injusto e simplista não socializar a responsabilidade entre os participantes, porém é inegável esta especificidade do orientador perante o grupo. Pode-se dizer que a conclusão que torna inegável o crescimento e o aprendizado dentro desta Extensão seja a sensação de que se este mesmo trabalho estivesse a começar agora teria outros rumos. Portanto vê-se como benéfico trabalho que contribuiu na formação dos envolvidos, e novamente não se exime a orientadora deste grupo, e criou ferramenta a comunidade obter espaço que responda a suas necessidades porém que valorize o individuo, que não o resigne perante situação imposta mas que o provenha em busca de seus direitos a espaço democrático, de qualidade e justo.

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Ana Beatriz A opção por desenvolver um trabalho acadêmico como a iniciação cientifica, ou, extensão universitária, é uma iniciativa pessoal. A participação vem de um anseio próprio, dado que o tema é desvinculado das matérias oferecidas pela grade horária da faculdade. Possui outro caráter de aprendizado, iniciado pela organização das ideias em formato de um projeto, primeiro documento sujeito a algum tipo de avaliação. Uma vez que o projeto é aprovado, o aluno, ou grupo, depara-se com o cumprimento de um contrato firmado com a instituição de ensino. A conclusão com êxito de uma proposta de iniciação cientifica depende diretamente do esforço pessoal de seu proponente, enquanto em um projeto de extensão universitária, onde há o encontro com uma realidade e uma comunidade, existem outros agentes, que por sua vez, influenciam diretamente no resultado final do trabalho. Dessa forma, no decorrer do processo de um projeto de extensão, o ritmo e o trajeto do desenvolvimento das propostas estão submetidos, diretamente, às dinâmicas da realidade que nos confrontamos, o que pode gerar mudanças imprevisíveis no percurso inicialmente planejado. Um dos pontos mais importantes é a responsabilidade perante a comunidade que nos envolvemos, ou seja, a necessidade de compreender o seu mundo e saber respeitar e identificar as suas demandas. No caso do nosso trabalho, em específico, o processo de aprendizado está diretamente relacionado às problemáticas que nos deparamos no caminho, tanto em relação a temática do trabalho, como questões do nosso relacionamento com a comunidade do City Jaraguá, e, nossa relação com nós mesmos, como um grupo.

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A principio dedicamo-nos ao entendimento das questões sociais e econômicas dos catadores. Já que a nossa proposta inicial seria projetar um edifício que sanasse as demandas dessa categoria. No entanto, a realidade territorial desse grupo estava no City Jaraguá, no qual, o local disponível que possibilita a discussão dos anseios de seus habitantes, foi encontrado no único espaço “hibrido” existente – O Espaço Aliança – onde as autoridades “responsáveis” por “resolver os desentendimentos” eram as agentes sociais da SEHAB. Foi nesse local e por intermédio dessas agentes sociais, que nós tentamos compreender essa comunidade. Esse intermédio, ao mesmo tempo, que dificultou a nossa aproximação com os catadores, nos possibilitou enxergar outros demandas sociais do City Jaraguá. As vistas e as conversas no Espaço Aliança foram um dos instrumentos mais valorosos de aprendizado, apesar de não termos conseguido desenvolver muitas atividades conjuntas, devido a essa situação de dependência de interlocução, que foi de certa forma, impositiva. Havia passado meio ano de trabalho, e não conseguíamos definir um programa de necessidade para o desenvolvimento de um projeto arquitetônico. Foi o momento em que decidimos nos afastar um pouco da realidade do City Jaraguá e tentar fazer uma proposta, baseado no que havíamos identificado como essenciais durante todas as nossas conversas com a comunidade. Passamos para uma nova fase de aprendizado, o da investigação acadêmica, buscando referências arquitetônicas, sistemas estruturais, materiais, métodos construtivos, referências de ergonomia e etc. Conseguimos em fim executar o exercício do projeto, como a projeção espacial que busca a melhoria da qualidade de vida dessa comunidade específica.

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O prazo do trabalho de extensão estava finalizando, era necessário “fechar o trabalho” e escrever um relatório, talvez essa nova fase tenha sido uma das mais difíceis para nós como um grupo. Como organizar todas as ideias e trabalharmos de forma justa dividindo as tarefas de forma equivalente a todos os participantes? Descobrimos assim a potencialidade de cada individuo. Enfim, em todo trajeto, foi o confronto com temáticas diversas, envolvendo o contato direto com uma população específica, em conjunto com a necessidade da busca de conhecimentos interdisciplinares, que proporcionou um profundo crescimento pessoal. No âmbito acadêmico possibilitou a investigação teórica e a produção de um conhecimento que de fato foi compartilhado com a comunidade; Na esfera profissional pudemos ter a experiência de como nos por como um arquiteto com responsabilidade social, procurando desenvolver um projeto coerente, democrático, que evocasse a mudança do status quo e a melhoria da condição de vida de seus usuários.

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Sheila O presente projeto de extensão com certeza afetou e pode ainda afetar profundamente a vida de todos aqueles que vivem no City Jaraguá e mesmo em Pirituba. Contudo, ele também afetou muito a mim. Conheci, nesse um ano de projeto, os “bastidores” da reciclagem, como trabalham essas pessoas que lidam diretamente com o lixo, quais suas dificuldades, como funciona esse sistema, enfim, o que é ser um catador e estar inserido em determinado contexto. Minha visão sobre o potencial do lixo como material de transformação, mais do que simples material transformado, foi talvez uma das partes mais importantes de tudo. Mas não só.

Foi essencial ler essa realidade e ver que sobre ela existem diversas outras realidades que vão se somando e influenciando umas nas outras. A política por exemplo, vista aqui não só como dado inerte, mas como dinâmica que depende de uma burocracia viciada, que constrói uma ilusão de realidade mas que, ao fim, acaba lentamente minando o potencial do projeto sair do papel. Nesse sentido, senti um amadurecimento profissional mesmo, da importância de entender melhor essa realidade tão complexa e às vezes aparentemente inflexível que se coloca diante de nós.

Além disso, a questão da formação da primeira cooperativa que fracassou foi uma desilusão maior ainda, e por um momento fez-me pensar “afinal, para quem estamos projetando?”. Foi muito importante entender que não é só porque nós vemos como a melhor saída a formação da cooperativa que eles entenderão isso, que estarão aptos a suportarem os altos riscos desse empreendimento e que vão ficar até o final.

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Por fim, lidar com todo tipo de pessoas fora de meu círculo de amizades, tanto de lá quanto de cá, a complicação dos prazos sempre tão apertados, já que lidávamos com demandas sempre urgentes, as tarefas semanais, enfim, administrar a parte humana do projeto, não foi fácil. Os ritmos nem sempre batiam, assim como as personalidades e mesmo o pensar o projeto. Mas isso é, afinal, o objetivo da extensão: superar pré-condições pessoais e atingir um grau de projeto capaz de mudar uma realidade, a partir do que se aprende, e aprendendo com o que se apresenta.

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POSFÁCIO (Carta da orientadora) Porque acredito (tanto) nos projetos de extensão

Embora não seja usual uma manifestação do orientador em relatórios como este, sentime motivada a escrever sobre uma dimensão do processo de trabalho que me pareceu importante relatar acrescentando uma opinião pessoal sobre essas práticas no âmbito da universidade, como um todo. O trabalho de extensão dentro da universidade pública representa, todos sabemos , uma instância privilegiada de promoção de pontes com a sociedade, onde o conhecimento acumulado intramuros tem chances de realmente ser socializado, compartilhado e (preferencialmente) construído com os outros atores participantes. Cumpre-se assim o compromisso ético do retorno do conhecimento produzido, à sociedade que viabiliza a existência da própria universidade. Por outro lado, pode também ser visto como processo de aprendizagem, constituindo ocasião ímpar de consolidação, na prática e em uma perspectiva de síntese, do conhecimento apreendido em sala de aula e atelier (no caso da FAUUSP) que, não raro, acaba sendo fragmentado pelas inúmeras disciplinas, muitas vezes desarticuladas da grade curricular. É uma oportunidade, portanto, de desenvolver habilidades inatas e testar competências adquiridas no processo de formação do estudante.

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Acontece que, todo esse processo poderia ser conduzido de forma burocrática e/ou tãosomente, pragmática: identificação de demandas e resolução de problemas, uma espécie de , digamos, relação cliente/prestador de serviços. Entretanto, na minha prática na FAUUSP, orientando trabalhos do gênero (extensão c/ ensino, extensão c/ pesquisa, extensão dentro da política da Pro - reitoria competente da universidade), tenho observado, sem exceção, que não é isso o que ocorre. Para começar, o perfil usual do estudante que se dispõe a participar de trabalhos do gênero é o de um indivíduo que tem abertura para a compreensão das dinâmicas sociais e, não raro, o de alguém dotado de sensibilidade para o drama de comunidades carentes (em geral, as solicitantes); quando um dos estudantes envolvidos no processo não tem essa disposição, é normalmente, “contaminado” pelo entusiasmo e disponibilidade do grupo, estabelecendo-se assim uma sinergia de sentimentos, percepções, prognósticos e desejos de transformação das realidades envolvidas. Assim, tenho sentido que as práticas de extensão têm se constituído, mesmo, ocasião singular para o desabrochamento (ou aprofundamento) da dimensão ética do estudante da FAU na sua relação com os processos socioambientais da cidade (no nosso particular caso). Com esse grupo, cujo trabalho aqui endosso, não foi diferente; além de entenderem as injunções políticas e econômicas que permeiam o processo, além de desenvolverem competências e habilidades técnicas dando respostas factíveis, os estudantes participantes cresceram, no meu entender, em sua humanidade: - exerceram a compreensão do outro no grupo e buscaram a mediação dos conflitos naturais do processo em prol de um bem, de um objetivo comum;

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- aprenderam a trabalhar com uma realidade extremamente dinâmica, com as contradições e os conflitos de todos os atores envolvidos no processo e, o que é mais importante, - compreenderam (e compartilharam) o sofrimento e vicissitudes de uma população marginal em risco social; ter participado, com respeito, da vida difícil de catadores e triadores em oficinas e visitas onde essa aproximação se deu de maneira estreita, ajudou no desenvolvimento de uma espécie de cultura de solidariedade, contribuindo para a elaboração de um projeto que vê o catador como ser humano, com direitos, necessidades e desejos atualmente ofuscados e/ou ocultados por um cotidiano opressor. Em tempo, não se tratou de um trabalho tão-somente da esfera do conhecimento, senão também da consciência crítica e solidária, portanto, não apenas no nível da informação e aquisição de competências, mas, da formação do ser humano. Por ver tudo isso acontecer de perto, é que acredito que os trabalhos ditos de extensão, têm de fato o potencial de contribuir para o desenvolvimento de um caminho, para o estudante, que o conduza à consolidação de uma práxis, sendo capaz de desenvolver seu potencial humano e contribuir para uma sociedade mais equânime e justa. Entretanto, no rumo do produtivismo assumido como norteador das práticas acadêmicas, a extensão universitária parece vir atrás da pesquisa e do ensino, quando, na minha opinião, deveria estar equalizada com ambos , sendo (sua função social maior)a razão de ser da própria universidade, o motor que deveria dinamizar sua produção.

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Não estou, evidentemente, sozinha nesse pensar. Concluo com a reflexão lúcida de Boaventura Santos, sobre o assunto: “A universidade é talvez a única instituição nas sociedades contemporâneas que pode pensar até às raízes as razões por que não pode agir em conformidade com o seu pensamento. É este excesso de lucidez que coloca a universidade numa posição privilegiada para criar e fazer proliferar comunidades interpretativas. A “abertura ao outro” é o sentido profundo da democratização da universidade, uma democratização que vai muito para além da democratização do acesso à universidade e da permanência nesta. Numa sociedade cuja quantidade e qualidade de vida assenta em configurações cada vez mais complexas de saberes, a legitimidade da universidade só será cumprida quando as actividades, hoje ditas de extensão, se aprofundarem tanto que desapareçam enquanto tais e passem a ser parte integrante das actividades de investigação.”(*) (*)- SANTOS, Boaventura de Sousa Santos - “Pela mão de Alice- o social e o político na pós-modernidade” –São Paulo, Cortez Ed., 1995

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Bibliografia Ashihara, Yoshinobu – “El deseño de espacios exteriors”, editora GG 1882 Boy, Philip de e Bolton James – “Garden Mania the ardent gardener’s compendium o design & decoration”- ed. Clarkson Potter 2000 Ching, Francis D. K. - “Arquitetura, Forma, Espaco e Ordem, Ed. Martins Fontes 2002. Ching, Francis D. K. e Cassandra Adams - “Técnicas de Construção Ilustradas”, Ed. bookman 2001. CORDEIRO, Moacyr Paulista. O lixo urbano: fonte de matéria-prima reciclada e o caso do lixo. São Paulo, FAU USP,1998. EDWARDS, Brian. O guia básico para a sustentabilidade. Espanha, Gustavo Gili,2008. FREIRE, Wesley Jorge. BERALDO, Antonio Ludovico. Tecnologias E Materiais Alternativos De Construção. São Paulo, Unicamp Editora, 2003. Hall, Tim e Peter Rich Architectes – “Museun und Stadtteilzentrum für ein Township in Johannesburg”- Revista Detail 2011 – edição especial 50 anos. Detail 2011 – 4 HIRATA, Marcio Saeko. Unidade Local de Reciclagem: projeto para uma cooperativa de reciclagem por processo participativo. São Paulo, FAU USP, 2005. Lengen, Johan van- “Manual do arquiteto descalço”- Ed. Empório do Livro. Lima, João Figueiras “A arquitetura de Lelé : Fábrica de invenção” – organização : Max Risselada/ Giancarlo Latorraca, Ed. Imprensa oficial e mmc Morrow, Rosemary – “Permacultura passo a passo”- publicação IPEC.

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Neufert, Prof. Ernst - “Arte de Projetar Arquitetura”, Ed. Gustavo Gili do Brasil, S.A 1974 e versão eletrônica editada pela Bousmaha Baiche DipArch, MPhil, Ph D School of Architecture, Oxford Brookes University and Nicholas Walliman DipArch, PhD, RlBA School of Architecture, Oxford Brookes University. Periódicos Peter, Nils - “Jean Prouvé , Die Dynamik der Schöpfung”, Ed. Taschen 2006. Rebelo, Yopanan C. P. - “A Concepção Estrutural e a Arquitetura” , Ed. Zigurate 2001. Romero, Maria Adriana Bustos – “Arquitetura Bioclimática do espaço Publico”- Ed.UNB 2001 Schleifer, Simone - “Prefab Houses”, Ed. Taschen 2006 Schoof, Jackob – “ Architektur in Sozialer Misson” - Revista Detail Green 2011 – 1 Viggiano, Mário Hermes Stanziona – “Edifícios Públicos Sustentáveis” – Senado verde 2ª edição Brasilia/ 2010

Sites Estrutura metálica ou tênsil desmontável: http://www.aecweb.com.br/galpoes-desmontaveis/guia-de-fornecedores-e-fabricantes/7/1/1710/1 http://www.cascavelbanguela.com.br/tendas.html# http://www.logismarket.ind.br/grupo-hispania/cobertura-hermetica-com-ventilacao-e-extracao-de-arcontrolada/1588194771-1179618806-p.html http://www.novaestrutura.com.br/locacao.html http://www.serafimtendas.com.br/contato.php http://www.topico.com.br/ Referências de usina: http://www.earthtechling.com/2010/03/plastic-sorting-robot-takes-helps-in-proper-plastics-recycling/ http://www.youtube.com/watch?playnext=1&index=0&feature=&v=Cgsv6n7VM6U&list=PL016DC3AE1C5CDCC http://www.youtube.com/watch?v=5HLV3K5lt80 http://www.youtube.com/watch?v=bAXtBcN7MVo http://www.youtube.com/watch?v=cHsaO4O8H9Q&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=nSolsGqm3ns&feature=related Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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http://www.youtube.com/watch?v=PeOP7IWtoso&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=RLbtIE8xe7c http://www.youtube.com/watch?v=Yb9Ynbe4G40&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=z36E2HYnL-0&feature=related Sobre os materiais: http://www.acobrasil.org.br/site/portugues/sustentabilidade/index.asp http://futureng.wikidot.com/o-aco-e-a-sustentabilidade Para o projeto: http://201.2.114.147/bds/BDS.nsf/171BC6810816252703256E5B0049C9CC/$File/NT0003D476.PDF http://earthship.com/buildings/global http://estruturasdemadeira.blogspot.com/2007/03/renzo-piano-jean-marie-tjibaou-cultural.html http://sbrtv1.ibict.br/upload/sbrt-referencial4145.pdf http://ufrgsweb.ufrgs.br/node/531 http://www.cidades.gov.br/ministerio-das-cidades/manuais-empdf/TR%20Proj%20RSU%20Galpao_triagem%202010_2011.pdf http://www.ecocentro.org/inicio.do http://www.marcosacayaba.arq.br/lista.projeto.chain?id=26 http://www.transportes.mg.gov.br/index.php/servicos/projetos-padrao.html http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.094/162 Outros http://earthship.com/ http://espacoalianca.blogspot.com/ http://futureng.wikidot.com/o-aco-e-a-sustentabilidade http://inscritosnolixo.blogspot.com/ http://reciclandoalianca.wordpress.com/ http://ufrgsweb.ufrgs.br/node/531 http://www.acobrasil.org.br/site/portugues/sustentabilidade/index.asp http://www.cbcs.org.br/ http://www.habitacaosustentavel.pcc.usp.br/ http://www.ietsp.com.br/text/technical http://www.iguacumec.com.br/produtos/montagem-usina.pdf http://www.lemaqui.com.br/produtos/0-0-438/-Usina-de-Triagem-para-Reciclaveis.html http://www.lixo.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=133&Itemid=240 Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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http://www.revistasustentabilidade.com.br/reciclagem/argamassa-que-troca-areia-por-pet-moido-ganhapremio-ecopet http://www.revistasustentabilidade.com.br/reciclagem/central-catasampa-reune-mais-de-seis-mil-catadorespaulistas http://www.revistasustentabilidade.com.br/reciclagem/cooperativa-de-catadores-em-sp-sera-a-primeira-nobrasil-a-produzir-seu-proprio-biodiesel http://www.revistasustentabilidade.com.br/reciclagem/lula-sanciona-politica-de-residuos-e-promete-r-1-5-biao-setor http://www.revistasustentabilidade.com.br/reciclagem/Sao-Paulo-atrasa-execucao-de-politica-estadual-deresiduos http://www.revistasustentabilidade.com.br/reciclagem/sao-paulo-entra-na-era-de-recilcagem-de-eletronicos http://www.urutagua.uem.br//007/07ferreira.htm acessado em 02/05/2010 http://www.youtube.com/watch?v=qep7tVdrglo&feature=related http://www.youtube.com/watch?v=WgrIhbuneSI Nosso blog:

http://reciclandoalianca.wordpress.com/

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Créditos Figuras Figura 1, 2, 3, 4 – As imagens foram capturadas do site oficial da HABISP , editadas a fim de mostrar a localização do empreendimento no contexto da cidade de São Paulo e sua escala local. A foto aérea data de 2006 http://mapab.habisp.inf.br/?bbox=322471.75,7406482,323262.9375,7407602&l=PROJE& Figura 5,6,– Acervo do grupo, fotos Ana Beatriz. Figura 7 – Imagem obtida no Google Maps http://maps.google.com.br/maps?hl=pt-BR&tab=wl Figuras 8 e 9 – “El desenho de espacios exteriores” pag . 10 e 11. Figura 10 - A imagem foi capturada do site oficial da HABISP , editada a fim de mostrar a localização do Espaço Aliança no contexto do City Jaraguá. A foto aérea data de 2006 http://mapab.habisp.inf.br/?bbox=322471.75,7406482,323262.9375,7407602&l=PROJE& Figura 11 – Foto aérea retira em arquivo disponibilizado pelo Google Maps. http:// .br/maps?hl=pt-BR&tab=ll Figuras 12 e 13 – Imagens desenvolvidas pelo grupo com finalidade de mostrar de forma figurativa as construções de novos edifícios no espaço aliança durante nosso processo de trabalho. Figuras 14 e 15 – Acervo do grupo, registros fotográficos das visitas ao City Jaraguá 2º semestre de 2010 e 1º semestre de 2011 respectivamente, fotos Sheila. Figura 16 – Imagem obtida a partir de pesquisa na internet post : Somos catadores de lixo 08/04/2011 http://chriswide.blogspot.com/2010/04/somos-catadores-de-lixo.html Figura 17 – Imagem obtida a partir de pesquisa na internet , matéria : Catador de lixo a agente ambiental ( I ) O fim de Gramacho 15/04/2011 http://anamariagalheigo.net/sustentabilidade/de-catador-de-lixo-a-agente-ambiental-i-o-fim-de-gramacho/ Figura 18 – Imagem obtida a partir de pesquisa na internet post : Lixo 08/08/2011 http://mereceumadose.wordpress.com/2011/08/08/lixo/ Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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Figuras 19 e 20 – Registro em visitas de campo, acervo do grupo, fotos Ana Beatriz. Figura 21 – “El desenho de espacios exteriores” pag . 10 Figura 22 - Acervo do grupo, foto Sheila. Figuras 22, 23, 24 – Acervo do Grupo, imagens retiradas de filmes de registro, foto Ana Beatriz. Figura 25 – Acervo do Grupo, foto Bruno. Figura 26–Imagens mostram proposta, desenvolvida pelo grupo, de um projeto paisagístico para uma praça na parte posterior do terreno do Espaço Aliança. Figura 27 –“ Garden Mania, the ardent gardener’s compedium of design & decoration” pag 276. Figuras 28,29– Acervo do Grupo, foto Ana Beatriz. Figuras 30 – Acervo do Grupo, foto Bruno. Figura 31 – Acervo do Grupo, foto Ana Beatriz Figuras 32 e 33 – Imagens mostram parte documento de PowerPoint desenvolvido para a apresentação da nossa proposta arquitetônica. Figuras 33 e 34 – Acervo do Grupo, foto Jaime. Figuras 35 e 36 – Acervo do Grupo, foto Ana Beatriz. Figuras 37, 38, 39 e 40 – Acervo do Grupo, foto Ana Beatriz. Figuras 41, 42 e 43 – esquemas criados pelo grupo para ilustrar o surgimento de novas demandas no Espaço Aliança. Figura 44 – Imagens criada pelo grupo simbolizando a Aliança.

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Figura 45 – Prancha de proposta para layout do piso para a Praça Córrego do Fogo. Figuras 46 e 47 – A imagens foram criadas a partir da sobreposição de foto aérea obtida no site da Google maps. Figuras 48 e 49 –Esquemas de plano de massa, acervo do Grupo. Figura 50 – Croqui desenvolvido pela aluna Ana Beatriz. Figura 51 – Croqui desenvolvido pelo aluno Juliano. Figura 52 – Esquema desenvolvido pelo grupo. Figura 53 – Imagem obtida a partir de pesquisa na internet post : What is a Zero Carbon Home? 23/03 2009 por Lloyd Alter, Toronto . http://www.treehugger.com/files/2009/02/what-is-zero-carbon-home.php Figura 54 – Imagem obtida a partir de pesquisa na internet post 07/2010 por Alamy Andrew Butterton http://opuluxeltd.wordpress.com/category/sejong-city-south-korea/ Figura 55 – “okologisches Einfamilienhaus in Deitingen”, spaceshop Architeckten, revista Detail ed. Especial 50 anos /2011. Pag . 350. Figura 56 – Imagem de gráficos climáticos, acervo disponibilizado pela arquiteta indiana Anupama Kundoo. Figuras 57, 58, 59, 60, 61 – Ilustrações que mostram de forma esquemática, ferramentas para produção de um microclima interno, fonte Manual do arquiteto descalço, Johan van Legen. Figura 62 – Ilustração obtida no livro Por uma Arquitetura de Ernest Neufert. Figura 63 – Imagem obtida a partir de pesquisa na internet post : Etapas de Obras com Tijolo Ecológico 12/02 /2009 http://www.vimaqprensas.com.br/page/8/ Figuras 64 e 65 - Imagens obtidas a partir de pesquisa na internet Google imagens.

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Figuras 66 - Ilustração obtida no livro Por uma Arquitetura de Ernest Neufert. Figura 67 - Imagem obtida a partir de pesquisa na internet. http://www.brasilhobby.com.br/descricao.asp?CodProd=KC85T Figura 68 - Imagem obtida a partir de pesquisa na internet, fonte Google imagens Figuras 69 e 70 – imagem obtida em pesquisa da internet no site oficial do arquiteto Francís Kéré. http://www.kere-architecture.com/ Figuras 71 e 72 – imagens do livro “A arquitetura de Lelé : Fábrica de invenção” Ed. Imprensa oficial e mmc. Figuras 73,74 e 75 – Ilustrações obtidas no livro Por uma Arquitetura de Ernest Neufert. Figuras 76,77,78, 79, 80, 81, 82 e 83 –As imagens fazem parte do documento em pdf – disponibilizado no site oficial do Ministério das Cidades, “Sugestão para Projeto dos Galpões e a organização da coleta Seletiva” , sob consultoria do Arquiteto e Urbanista ,Tarcísio de Paula Pinto. Figura 84 – Esquema desenvolvido pelo grupo.

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Anexo I: Carta da COOPERCOSE COOPERCOSE, fundadA em 2001 Registrada na Jucesp em 2004 Em 2003 fomos para o Aterro Bandeirantes no Bairro de Perus, recebendo da Prefeitura um Galpão de +ou- 80m², uma balaça e uma Prensa Em 2005 recebeu do MTE e FBB(Minist. de Tr. e Emp. e Fundaçao BB) Um caminhão, uma kombi, uma Empilhadeira, uma Fragmentadora de papel. Um computador e uma balança digital do Projeto Brasil Canadá Ganhamos mais dois computadores de pessoas física para nós também pessoa física. Estava Equipada uma pequena cooperativa. Em 20 de Maio de 2006, furtaram nossa Kombi da porta da SABESP em Perus. Em 14 de Setembro de 2008, Tocaram fogo pela primeira vez na cooperativa, derrubando nosso Galpão. Em Dezembro de 2008, tocaram fogo pela segunda vez no banheiro. Em Janeiro de 2009, tocaram fogo na frente. Já mudamos de Perus para Taipas,

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De Taipas para Lapa, (Usina Leopoldina) De Lapa para Jaraguá (Fabrica de telhas) De Jaraguá para Taipas outra vez, e de Taipas para o City Jaraguá. Estamos inscritas no CNPJ.06.969.335.0001/07 Inscrição Estadual: 149.523.294.118 Temos Nota Fiscal; Estamos efetuando convênio junto à LIMPURB. Participamos ativamente do Forun do Desenvolvimento Sustentavel de Perus Temos como parceiros o Projeto Brasil Canada A CARE Brasil, e todos os Foruns da Cidade, Gaspar Garcia, Institutos que auxiliam na implantação e Implementação da Coleta Seletiva da Cidade de São Paulo e somos menbros efetivos do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis. Estivemos Em Brasília, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro acompanhando as discuções para a implementação da lei Nacional de Resíduos Sólidos. Participamos da EXPO- UVIC (Universidade de Victoria), no Canada, na oficina sobre preconceito e contando a história dos catadores na América Latina. Participamos do Forum Social Mundial em 2005, e do Encontro Latino Americano dos Catadores em São Leopoldo, também em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

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Estivemos representando a COOPERCOSE, em Brasília, no Seminário sobre as Alterações Climáticas, organizado pelo grupo da Alemanha CDM. e REDD do AMAZONAS, FASE do Rio de Janeiro e Gaia (Movimento mundial contra os incineradores no planeta). Esta é a trajetória histórica da COOPERCOSE. Somos, 4 cooperados na Cooper Viva Bem, 4 Cooperados na Cooperação, 16 cooperados no City Jaraguá e mais a Equipe da Cooperativa Vida e Paz e City, tamos que contar os que irão ficar. Talvez uns 30 aproximadamente. Nosso Lema é voltar para nosso lugar que é Perus. Queremos ensinar tudo o que aprendemos nestes 9 anos de caminhada. Se houver uma pequena possibilidade, vamos lutar para conseguir ir para casa. Nós somos a COOPERCOSE.

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Anexo II: Questionário para Graça Questionário para a Graça e Equipe de Assistência Social 1) Quais as atividades que existem no Espaço Aliança e quantos são os participantes? No Espaço Aliança temos: A – Capoeira com jovens de 8 a 16 anos. B 17:30.

às

Alfabetização

C Grupos de celebração aos domingos.

oração

2º,

de

e

adultos

às

à

D Esportes aos finais de vem de fora, e necessitam um lugar p/ se trocarem.

velhinhos

noite,

semana,

à

das

catecismo

com

noite,

15

aos

times

às

sabádos,

que

E - Usina de reciclagem, com proposta de gestão de resíduos e inclusão social. F - Estamos pensando ainda em espaço para a fábrica de sabão artesanal, com utilização do óleo de cozinha reutilizado, uma cooperativa de costura, com o Elisio e a Ester e um brechó, para venda de coisas aproveitáveis, ganhas pelos catadores. 2) Qual o número de moradores do City Jaraguá? Segundos só do City.

o

ultimo

levantamento

da

UBS

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City

Jaraguá;

22.858

pessoas,

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3) Qual o número de crianças e qual a sua faixa etária? Crianças: de

menores de de de de de 50 a

que 1 5 7 10 15 59

anos:

a a a a a 2.048

1 4 6 9 14 19 e

maior

ano: anos: anos: anos: anos: anos: que

60;

357 1.490 836 1.285 2.461 2.290 1.374

4) Qual o número de idosos / aposentados? Não há dados. 5) Qual o número de desempregados? Não há dados. 6) Quantas vezes eles reúnem os membros da comunidade para discussão e quantas pessoas costumam participar? Nossa proposta de reunião com moradores é sempre que se faz necessário. Temos o cronograma de 2011, que passaremos p/ vocês. O nº de participantes nunca passa de 60, 70. 7) Quais são as atividades que poderiam acontecer no Espaço Aliança mas ainda não ocorrem? Oficinas de sabão, oficinas de educação ambiental, de artesanato com recicláveis, de instrumentalização musical, capacitação de lideranças e profissionalização p/ desempregados, grupos de teatro, etc.

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8) Como ficará a situação da Igreja? Ela será construída fora do Espaço Aliança, isso já está resolvido? A igreja, por enquanto, vai continuar utilizando o Espaço Aliança, enquanto não se define, mas, sabendo que o espaço é multiuso. Elas querem uma igreja padronizada, com altar, secretaria, Santissímo, batizados casamentos,etc, mas já foram orientadas a procurar outro lugar, onde possam conseguir o terreno e um projeto fisico. 9) Podemos demolir tudo o que foi construído até agora no formato emergencial? Não, não podem demolir o que já foi construído, porque aquilo teve um custo. E aproveito para perguntar: Já existe um recurso aprovado para construir algo melhor, em caráter definitivo? Que a estrutura atual não é a ideal, nós já sabemos, mas foi o que a SEHAB conseguiu, e o que se apresenta como melhor alternativa p/ a Coopercose no momento. Estamos esperando uma doação de uma estrutura que aumente o espaço para triagem, de uma empresa que a Luzia conseguiu, mas, está dificíl. 10) A comunidade de catadores do Espaço Aliança está conseguindo se articular com o Coopercose, vocês estão desenvolvendo algum tipo de atividade em grupo para essa integração? Os catadores do City, estão achando que são mais espertos que os da cooperativa, porque não cumprem horário, trabalham nos dias que querem e só com muitas conversas e uma estrutura adequada é que aceitarão trabalhar nos moldes da economia solidária. Estamos colocando-os lado a lado e explicando. A decisão será deles, quando decidirem vir, as portas estarão abertas.

11) O que tem sido feito para o amadurecimento das relações sociais entre os catadores do Espaço Aliança?

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Conversas, encontros, para o outro módulo dia 29 de janeiro.

reuniões do curso

informais. Estarão sendo convidados de capacitação do MNCR, à realizar-se no

12) Quais são as principais demandas ou demandas emergenciais da comunidade do City Jaraguá? As demandas emergenciais dos moradores são; iluminação ruas que são bastantes escuras, facilitando ocorrências cadastramento dos novos moradores pela UBS, um Centro de vestiário no campo de futebol, uma igreja p/ os fiéis centro comercial que atenda as necessidades dos moradores.

em algumas desagradáveis, Juventude, um católicos, um

13) Os lixos da coleta serão trocados, está havendo algum tipo de orientação quanto à separação do lixo domiciliar na comunidade? As lixeiras não serão trocadas. Estamos unindo Coopercose, os catadores do City, os comunidade, voluntários e quem mais quiser, ajudar-nos de resíduos, com inclusão social e preservação do meio ambiente.

esforços com a representantes da a fazer a gestão

14) O que é o Coopercity? Não existe Coopercity. catadores é Reciclacity.

O

nome

escolhido

anteriormente

pelos

nossos

15) Já visitaram o Coopercicla? Como anda o Projeto de Gestão Socioambiental de resíduos do Conjunto Habitacional City Jaraguá? O que do cronograma já foi implementado? A Coopercicla era uma Cooperativa de Perus, que não conseguiu a documentação necessária para continuar existindo. Nós a convidamos para juntar-se a nós, junto com a Coopercose, mas não quiseram. O Projeto de gestão de residuos do City está sendo reescrito por mim e pela Luzia, para atualizarmos as cifras e apresentarmos à outros Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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patrocinadores, tanto do governo Federal, como da iniciativa privada. Mas, pelo menos a parte da divulgação, estamos conseguindo com o setor de comunicação de SEHAB. Parece que vamos, inclusive, fazer o filme, que falará da intenção de um Bairro Vivo. Nosso cronograma passaremos à vocês quando fecharmos com todos os parceiros.

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Anexo III: O tempo e o momento

1) O tempo lento...bacana , participativo, emocionante, criativo, do projeto decente e responsivo (além de responsável), permeado pela arte e com relações de pertencimento fruto da legítima participação...numa palavra, identidade... dos catadores com seu lugar de vida , de trabalho. Esse é o tempo a que nos propusemos...longo (pelo menos, 12 meses) sereno, costurado devagarzinho, nutrido pela confiança mútua, pactuações, um tempo mais plástico... 2) O momento da combustão...rápido, não participativo (não dá tempo) onde urge uma resposta descomplicada, o incêndio, o "pr'a ontem". Ilegítimo? Não; igualmente legítimo; seria muita arrogância de nossa parte (e até uma atitude blasé) ignorar o incêndio; ele está aí , na fome e no rosto dos catadores , no desespero das assistentes sociais e de quem realmente se preocupa com o povo.” 20 Reflexão filosófica de Catharina em e-mail do dia 30/10, sobre a emergência da construção de uma usina de triagem para o pessoal da Coopercose.

20

Reflexão filosófica de Catharina em e-mail do dia 30/10, sobre a emergência da construção de uma usina de triagem para o pessoal da Coopercose.

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Anexo IV: Boxes Box, em inglês, significa caixa. Uma caixa pode guardar as melhores memórias, mas também ocultar segredos os mais diversos. Os piores até. Vale que uma caixa é, antes de tudo, o local do individual. Ela individualiza pois permite o segredo. É isso que os Boxes do espaço aliança são: os próprios indivíduos mais do que uma coletividade. Ali, guardam-se não os segredos, mas o trabalho, o suor de cada um, mas os suores não se misturam. Não há espaço para isso. O gregário se dilui. Já desde o modernismo descobrimos como o espaço é não só o local dos acontecimentos, ele é o próprio reflexo de um acontecimento maior: o social. Ele, assim como a cidade na qual ele está inserido, é a materialização dos próprios conflitos e tensões que se alocam no espaço que se divide, e mesmo o que não se divide – o privado, portanto. Cabe, então, a pergunta: os boxes são o espaço do privado ou do público? Do trabalho individual ou coletivo? Do eu ou do nós? Mas não só isso, pensemos ainda na razão dessa dicotomia que não haveria de existir mas que existe pela urgência. A urgência sempre confronta as soluções mais acertadas. Ela mesma enfrenta os limites do que é certo e do que é erro. De fato é errado construir boxes quando surgem problemas sanitários em toda uma comunidade, quando catadores que trabalham incessantemente para subexistir pedem por um espaço de guardo dessa labuta? Não. O problema é render-se a essa urgência antes mesmo de pensar em suas soluções. Mas o tempo aperta, e pensar não dá. Tem que construir. Tem que destruir. E o coletivo se divide em 19 boxes, e a cooperativa foge com medo de dar certo,

ou mesmo de tropeçar, cair, e, enfim, dar certo.21

21

Texto escrito pelo aluno Jaime Solares, no blog do grupo.

Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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Anexo V: Sustentabilidade e Futuridade A natureza é um patrimônio. Mas um patrimônio não só nosso: ela é de todos aqueles seres vivos que dela dependem, que dela nascem e que nela morrem. A nós, homens e mulheres, cabe-nos respeitá-la e aprender de uma vez por todas que dependemos dela, pois ela é linda e porque elas nos nutre. A cidade – organismo frankestein das ambições de mil pessoas pululando todos os dias do local de consumo ao local de produção – é, portanto, onde esse debate faz-se mais claro. É nela, e por ela, que ele existe. E cabe a nós coloca-la na pauta do dia. Mas somos também homens e mulheres que se olham. Não dá para pensar apenas na interface mulher-natureza; homem-natureza. Pensemos em como tratamos aos outros que nos olham. Pensemos em nós e nós. Pensemos na questão social. Na questão cultural. Na memória, nos valores, nas ideologias. No amor fraternal, do ódio paternal. Em tudo o que nos cerca e nos faz de verdade. Temos, portanto, dois patrimônios que nos dizem respeito diretamente: o cultural e o ambiental. Base da própria matéria ministrada na FAU – Restauro -, esse binômio soa um tanto confuso, mas é extremamente claro se virmos de forma abrangente os objetos de relação do homem com seu exterior. Se Ruskin inaugura o conceito de futuridade no fim do século XIX, quase sem anos depois surge um outro conceito, sustentabilidade, que nada mais é que uma extensão mesma do primeiro. Pois que ser sustentável e antes de tudo permitir, em uma postura ética, que as próximo gerações possam usufruir de algo que hoje nós usufruímos. É permitir-lhes ver o que vemos, sentir o que sentimos, comer o que comemos. É dar-lhes a possibilidade de escolher. A eles e a todos os seres que convivem conosco. Mas... e a cultura, essa criação humana que une-nos todos? Ela é a dimensão social dos três âmbitos da sustentabilidade: social – econômico – ambiental. Importante comentar, por último, o quão importante é relacionar esses temas à cidade. É na cidade pós-guerra, pós-industrial, pós-crise do petróleo que nascem as dúvidas, os problemas. O que fazer Prof. Dra. Catharina Pinheiro AM RECICLANDO ESPAÇO ALIANÇA Usina de Triagem: a construção da sustentabilidade social e ambiental Grupo de Extensão 2010/2011 /FAUUSP – PIRITUBA

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se a poluição atinge níveis alarmantes e se o centro histórico inteiro de uma cidade é destruído? O que fazer se a cultura oral de transmissão de valores e memórias de uma coletividade, incluindo ai saberes técnicos aprimorados por anos, se perde ao encontro com a máquina e a alienação? Sobranos refletir, agir e modificar. Proteger o que é nosso e de todos nós é proteger-nos de nós mesmos.22

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Texto escrito pelo aluno Jaime Solares, no blog do grupo.

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