(re)ativar: dispositivos culturais como forma de intervenção urbana no centro de Ribeirão Preto |TFG

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RESUMO Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo desenvolver análises e reflexões, acerca da situação atual da região da baixada, localizada no centro da cidade de Ribeirão Preto-SP. A partir de um embasamento teórico focado em estudar autores que discutem assuntos como intervenções urbanas, gentrificação, marketing urbano, arte, cultura, entre outros tópicos, busca-se propor soluções criativas para reativar vazios urbanos existentes na área central, com o intuito de gerar novos usos e criar diálogos entre o meio urbano e os indivíduos. Essas intervenções propostas, visam causar um impacto positivo, utilizando-se do trabalho de artistas locais e arte de rua. Palavras-chave: intervenção urbana; gentrificação; vazios urbanos; cultura; arte


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INTRODUÇÃO

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A FORMAÇÃO DO ESPAÇO URBANO

AS POLÍTICAS PÚBLICAS E O EMPREENDEDORISMO

I. o papel das intervenções urbanas ao longo da história

I. os impactos socioeconômicos das intervenções urbanas II. a questão da gentrificação

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CONCLUSÃO

LEITURAS PROJETUAIS I. entre espaços II. cota 10 III. eclipse

CONTEXTO URBANO


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INTERVENÇÕES CULTURAIS E O MARKETING URBANO

RESSIGNIFICAÇÃO DO ESPAÇO ATRAVÉS DO USO

I. estratégias midiáticas da cidade contemporânea

I. espaços subutilizados e vazios urbanos

II. cultura popular e cultura de massa

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O PROJETO

REFERÊNCIAS

I. processo criativo II. memorial justificativo III. anteprojeto

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INTRODUÇÃO [..] Dessa perspectiva, é possível elaborar uma perspectiva crítica sobre a versão contemporânea do empreendorismo urbano Em primeiro lugar, a análise deve enfocar o contraste entre o vigor superficial de diversos projetos de regeneração de economias urbanas debilitadas e as tendências subjacentes de condição urbana. Deve-se reconhecer que, sob a camuflagem de muitos projetos de sucesso existem alguns problemas sociais e econômicos muito sérios, e que isso, em muitas cidades, está assumindo caráter geográfico, na forma de uma cidade dupla, com a regeneração de um centro de cidade decadente e um mar de pobreza crescente.” (HARVEY, 2005, p. 127)¹

[...] A expansão urbana é uma das causas que intensificaram a hibridização cultural (…) Passamos de sociedades dispersas em milhares de comunidades rurais com culturas tradicionais, locais e homogêneas, em algumas regiões com fortes raízes indígenas, com pouca comunicação com o resto de cada nação, a uma trama majoritariamente urbana, em que se dispõe de uma oferta simbólica e heterogênea, renovada por uma constante interação do local com redes nacionais e transnacionais de comunicação.” (GARCIA CANCLINI, 1997, p. 285)²

Ao longo do tempo, diversos processos de urbanização e reorganização do espaço ocorreram no contexto urbano. Essas transformações, muitas vezes, foram impostas de maneira conflituosa, fazendo com que a atmosfera pública se caracterizasse pela materialização dos desejos do âmbito privado. De acordo com Milton Santos (1996), o modo de produção capitalista, dita a forma como a cidade é organizada e influencia diretamente na relação entre espaço público e indivíduo. A teoria de Harvey (2005), em “produção capitalista do espaço”, também converge para o mesmo ponto, defendendo a ideia de que as cidades estão a serviço do capital, ou seja, através de investimentos em determinadas áreas, empreendimentos e da própria propaganda, o sistema decide para onde a cidade irá se desenvolver. Dessa forma, com o pretexto de promover melhorias em áreas degradadas, ocorrem as parcerias público-privadas, onde o principal objetivo é atrair novos investimentos, causando a especulação imobiliária. Esse “empreendedorismo urbano”, segundo Harvey (2005), não visa as reais necessidades da população, pois seu intuito é o retorno econômico imediato, o qual, muitas vezes, não acontece.¹ Nesse contexto, as intervenções urbanas são utilizadas como objeto de especulação do território, trazendo consequências como a gentrificação, fator que reforça o abismo social presente na maior parte das cidades brasileiras.

Por outro lado, as formas de apropriação do espaço consideradas legitimas, segundo Canclini (1988), tratam-se das relações espontâneas firmadas entre indivíduo e tecido urbano. Essas ocorrem quando não existe interesse especulativo em questão, mas a própria atividade orgânica exercida com o intuito de expressar a cultura popular vivenciada pelo cidadão. A cultura popular, se faz presente sobretudo nos centros urbanos, local de encontro entre várias tribos e classes sociais de diferentes tipos de poder aquisitivo. É na área central onde ocorre com maior força um hibridismo cultural, relacionado a concentração de grande parte das atividades urbanas. Sobre isso, Canclini discorre.² O conceito de hibridismo cultural, descrito por Peter Burke (2003) conduz um debate no qual o autor defende a síntese de duas ou mais culturas, gerando uma nova com elementos das primordiais. Nesse sentido, a intensificação da globalização colaborou para dissolver a cultura hegemônica - a qual podemos entender por cultura predominante - em diversas camadas, que, por sua vez, estão em constante estado de reavaliação.³ Partindo do princípio de que o centro urbano é tido como referência de centro cultural, para esse trabalho em questão, foi feito um recorte na cidade de Ribeirão Preto-SP, cenário historicamente importante para o processo de desenvolvimento do interior do estado de São Paulo. O local onde foi e, ainda é, palco de grandes eventos relacionados a


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arte, música, dança e teatro, encontrou-se em estado de estagnação durante um período de tempo, primeiramente por conta da falta de investimentos públicos nesses setores e, também, por conta da pandemia que teve início no ano de 2020 e segue, de forma mais branda, nos dias atuais. Baseado nessas ideias, podemos dizer que os espaços destinados a cultura ficaram inativos pois os mesmos se caracterizam por locais fechados onde, normalmente, são exercidas atividades que exigem uma grande concentração de pessoas. Durante o distanciamento social, as práticas contendo essas características foram erradicadas por questões de segurança pública. Se considerarmos a teoria de Harvey na qual a cidade serve como objeto de manipulação do indivíduo, sendo as intervenções urbanas justificativa para a especulação imobiliária e segregação socioespacial, a área central é tida como espaço de resistência a essas mudanças de paradigma, pois é nesse local onde a arte e a arquitetura estabelecem suas tentativas de sobreviver e conservar suas raízes. Portanto, esse trabalho surge como uma tentativa de refletir sobre a criação de dispositivos arquitetônicos que, através de intervenções no centro da cidade, contribuirão para a construção de espaços relacionados à arte e a cultura com o intuito de gerar diálogos no meio urbano, esses que, por sua vez, foram contextualizados com o momento presente.

O projeto tem como objetivo investigar as relações entre cidade e indivíduo, e como essas foram influenciadas pelo meio político, econômico e cultural no qual estamos inseridos. Além de, criar um recorte em propostas de intervenções urbanas para entender melhor como elas são capazes de modificar a narrativa do espaço. E, ao final, propor meios de intervenções culturais que criem diálogos entre a população e a área central. Através dessas análises, foram traçados os seguintes objetivos específicos: -Entender e analisar os edifícios relacionados à cultura no centro de Ribeirão Preto-SP; -Estudar como ocorrem os diálogos entre população e área central da cidade; -Catalogar intervenções feitas pelos próprios moradores nesse local, como grafites, artes visuais, performances etc; -Analisar quais tipos de intervenção urbana seriam necessárias nessa área; -Procurar entender a existência de vazios urbanos no centro; -Implementar um projeto que promova diálogo através do exercício da arte e da cultura nos vazios urbanos da área central. Foi realizada a revisão bibliográfica, buscando artigos e publicações que se relacionaram da melhor maneira possível com o tema. Posteriormente, foram escolhidos projetos para leituras projetuais e dado início ao levantamento do entorno da área escolhida. Por último, a concepção do estudo preliminar e anteprojeto foram contempladas.

[...] Exemplos de hibridismo cultural podem ser encontrados em toda parte, não apenas em todo o globo como na maioria dos domínios da cultura -religiões sincréticas, filosofias ecléticas, línguas e culinárias mistas e estilos híbridos na arquitetura, na literatura ou na música. Seria insensato assumir que o termo hibridismo tenha exatamente o mesmo significado em todos esses casos.” (BURKE, 2003, p. 13)³


[01] Situação atual do Hotel Brasil, localizado na região da baixada.





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A FORMAÇÃO DO ESPAÇO URBANO

I. o papel das intervenções urbanas ao longo da história Intervir no espaço urbano não é uma prática exclusiva do século XXI, processos de intervenções são consequências da história e formação das cidades contemporâneas. Roma, Londres e Lisboa foram as primeiras cidades a passar por modificação em suas áreas centrais e, em 1851, iniciou-se o primeiro modelo de renovação urbana em Paris, proposto pelo então prefeito Georges-Eugène Haussmann, o qual iremos analisar mais a diante.

[02] O bota-abaixo de Pereira Passos: a tentativa de promover uma nova ética urbana no Rio de Janeiro.

[03] Favela localizada no Rio de Janeiro. As reformas urbanas são capazes de causar reflexos negativos para a população.

O movimento de migração do centro para as periferias, foi decorrente de fatores como a deterioração desse espaço, a falta de acessibilidade e a expansão da malha urbana, logo, o mesmo tornou-se objeto de estudo para aplicação de novos usos e requalificações. De acordo com Vargas e Castilho (2006), podemos classificar as intervenções em centros urbanos em 3 períodos, são eles: a Renovação Urbana, que ocorreu de 1950 a 1960, a Preservação Urbana, de 1970 a 1980 e, por último, a Reinvenção Urbana, que teve início em 1990 e permanece até os dias atuais. A Renovação Urbana, é consequência de um contexto pós-guerra, no qual as cidades encontravam-se em estado de destruição. Através dessa prática, os ideais de planejamento urbano moderno foram amplamente utilizados com o objetivo de reconstruí-las, porém, segundo Harvey (2001), esse modelo de intervenção tornou-se insustentável, visto que, os modernos defendiam a demolição e rejeição de edifícios históricos em busca de

de uma cidade funcional e zoneada e, consequentemente, o custo dessas obras era incalculável.4 Apesar de ter sido mais difundida a partir da década de 50, a primeira renovação urbana reconhecida teve início em 1851, promovida por Haussmann. Seu intuito era modernizar a capital francesa e, para essa finalidade, foram demolidos edifícios históricos e edificados novos em seu lugar. Seguindo esse mesmo raciocínio, em 1903, iniciaram-se reformas urbanas na cidade do Rio de Janeiro, incentivadas pelo então prefeito, Pereira Passos. Foram ampliadas ruas, construídas praças e criadas estruturas de saneamento básico. Ambas as ressignificações do espaço foram consideráveis para a construção da imagem das cidades como as vemos hoje, porém não podemos ignorar o fato de que houveram consequências devastadoras para uma parcela da população. A segregação social, que já era evidente, acabou tendo mais destaque. No caso do Rio de Janeiro, houve a destruição dos cortiços presentes na área central, fator que obrigou os moradores dos mesmos a migrarem para as periferias, originando o que conhecemos hoje como favelas. Além disso, práticas culturais como a capoeira, foram proibidas, evidenciando a questão do preconceito enraizado na sociedade. Posteriormente, entre as décadas de 1970 a 1980, esteve em auge a Preservação Urbana, a qual teve influencia da Carta de


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[..] A renovação urbana está ligada à ideia de demilição do edificado para substituir por construções novas, geralmente com características diferentes, adaptadas às mudanças de atividades e de morfologias dos espaços. A renovação é uma intervenção em grande escala.” (MOURA, et. al., 2006)4

Veneza de 1964. Nesse movimento, propunham-se leis e medidas protecionistas para preservar os centros históricos, além de, defender atitudes mais flexíveis com o intuito de recuperar imóveis e reinserir a população na centralidade, através de práticas orgânicas de planejamento. As intervenções urbanas como conhecemos hoje são resultados de adaptações de modelos anteriores e, atualmente, sua forma preeminente é denominada Reinvenção Urbana. Esse molde de intervenção surgiu na década de 80, período marcado por uma economia fragilizada em termos globais, que serviu de palco para a ascensão do neoliberalismo. Com essa nova política, governos urbanos ao redor do mundo acabaram tomando rumos parecidos por consequência da desindustrialização e do desemprego, os quais são reflexos da década anterior. O novo modelo de intervenção é marcado pelo neoconservadorismo e a privatização de empresas e espaços, a parceria entre setor público e privado busca novas fontes de investimento para valorizar regiões degradadas da cidade.


[04] Avenida Jerônimo Gonçalves, importante localização histórica de Ribeirão Preto-SP.





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AS POLITÍCAS PÚBLICAS E O EMPREENDEDORISMO URBANO

I. os impactos socioeconômicos das intervenções urbanas

[..] Normalmente, o novo empreendedorismo urbano se apoia na parceria entre público-privada, enfocando o investimento e o desenvolvimento econômico, por meio da construção especuletiva do lugar em vez da melhoria das condições num território específico, enquanto seu objetivo econômico imediato (ainda que não exclusivo). (HARVEY, 1998, P. 174)5

(...) a compreensão da intervenção urbana como um processo de produção de locais de sucesso, era o registro e caução espetacular de que “uma nova e radical elite financeira tomava efetivamente posse da cidade, liderando uma coalizão pró-crescimento que habilmente manipulou o apoio público e combinou fundos federais e provados para promover uma urbanização comercial em grande escala. (ARANTES, 2000)6

Intervir ou não em um espaço público é um tema de grandes discussões contemporâneas. Segundo Palen e London (1984), trata-se de um questionamento paradoxal, visto que, intervenção urbana sem gentrificação consiste em um mito. Apesar da segregação social não ser prorrogativo dessas intervenções, aumentar a qualidade de um local automaticamente o torna mais atrativo para investimentos, gerando um processo de gentrificação, o qual iremos analisar no item 2.2. Com o advento do novo modelo de planejamento urbano pautado no empreendedorismo, o planejamento ortodoxo proposto pelos modernistas foi deixado de lado e substituído por planos estratégicos baseados em princípios neoliberais. Para Harvey, essa parceria entre público e privado consiste em uma operação meramente especulativa, visto que, o governo assume um risco enquanto as empresas se beneficiam.5 Esse vínculo procura atrair investimentos para uma área da cidade através de melhorias em seu entorno, pois, muitas vezes, a administração municipal não consegue arcar com o custo de reformas urbanas, recorrendo aos empreendedores da cidade. A grande questão que vem sendo discutida acerca do conceito de regeneração promovida em alguns pontos da cidade, é justamente o desvio da atenção de problemas mais amplos, como educação, saneamento, saúde e moradia. Uma vez que, a noção de

acupuntura urbana é estabelecida, o foco torna-se intervenções pontuais na cidade, normalmente em locais de maior interesse de investidores, como as áreas privilegiadas.6 Desse modo, a cidade age como um empresa, posicionando-se de forma estratégica para que uma despolitização aconteça, ou seja, uma alteração em sua gestão, deixando-a em segundo plano em um governo que favorece interesses econômicos.7 Segundo Harvey (2014), a atual cidade capitalista é fomentada por crises, sendo essas essenciais para a manutenção da alientação e controle da força de trabalho dos cidadãos, essas por sua vez, legitimada pelo Estado, que transforma os direitos coletivos em propriedade privada. Assim, o sistema neoliberal ganha poder através de atos ilícitos como a violência e a corrupção, deixando a população às margens da desiguldade social e gerando crises econômicas que nada mais servem para continuar mantendo-o em funcionamento. Em Ribeirão Preto-SP, esse processo tem se tornado cada dia mais notório, a Zona Sul é tida como um grande centro de investimento e circulação de capital, consequentemente, o gerenciamento público-privado se preocupa com a construção da imagem da cidade através dessa área. Porém, durante esse processo de transformações urbanas, outras partes do zoneamento são deixadas de lado, muitas em condições precárias para seus habitantes.


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A instauração da cidade-empresa constitui, em tudo e por tudo, uma negação radical da cidade enquanto espaço político - enquanto polis. Afinal, como lembrava Marx, na porta das empresas, dos laboratórios secretos da produção capitalista está escrito: "No admittance except on business". Aqui não se elegem dirigentes, nem se discutem objetivos; tampouco há tempo e condições de refletir sobre valores, filosofia ou utopias. Na empresa reina o pregmatismo, o realismo, o sentido prático; e a produtividade é a única lei". (VAINER, 2009, p.91 apud. GONÇALVES et. al., 2019, p.5)7

[05] Imagem aérea destacando a visível desigualdade entre o bairro Jardim Progresso e um condomínio fechado em Ribeirão Preto-SP.

Modificar um espaço requer grande responsabilidade, pois, caso não haja um estudo de impacto, reavaliação do plano diretor para adequar essa nova intervenção a malha urbana ou, até mesmo, obter participação da opinião pública, certamente os efeitos dessa mudança serão negativos para boa parte das pessoas, sendo um deles, a gentrificação.


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AS POLITÍCAS PÚBLICAS E O EMPREENDEDORISMO URBANO

II. a questão da gentrificação

"(..) da Carta de Atenas à corretagem intelectual de planos de gentrificação, cujo caráter de classe o original inglês (gentry) deixa tão vexatoriamente a descoberto. Daí a sombra de má consciência que costuma acompanhar o emprego envergonhado da palavra, por isso mesmo escamoteada pelo recurso constante ao eufemismo: revitalização, reabilitação, revalorização, reciclagem, promoção, requalificação, até mesmo renascença, e por aí afora, mal encobrindo, pelo contrário, o sentido original de invasão e reconquista, inerente ao retorno das camadas afluentes ao coração das cidades. (ARANTES, 2000 p. 31)8

Os termos revitalização, requalificação e reabilitação, apresentam, cada um, sua própria semântica. O conceito de revitalizar um local, pressupões na própria morfologia da palavra a ideia de que se trata de um ambiente sem vida e, com o intuito de melhora-lo, deve-se apropria-lo através de novos usos e usuários. Requalificação, apesar de semelhante, refere-se ao ato de aumentar a qualidade de vida já existente de um local levando em conta o planejamento urbano do município. A reabilitação, considera o uso de determinado local e intervém no mesmo sem o intuito de modificá-lo. Ambas as tipologias de intervenção, se não planejadas de forma adequada, podem culminar em um processo de gentrificação. fenômeno que geralmente ocorre em tecidos urbanos consolidados, causando mudanças significativas nos mesmos.

[06] Outdoor feito por moradores com o intuito de protestar contra a gentrificação.

A socióloga britânica Ruth Glass (1964), foi percursora do termo "gentrificação", uma vez que, analisou e reconheceu modificações na organização socioespacial da cidade de Londres, na qual residentes de classes sociais mais baixas, deixavam seus bairros de origem quando eram realizadas melhorias nos mesmos. No Brasil, a heterogeinedade da ocupação do tecido urbano, ocorreu desde suas origens, causando diversos tipos de interação. Porém, os governos atuais tendem a intervir nesse aspecto padronizando a paisagem, ditando qual tipo de pessoa irá frequantar determinado bairro.

Para Zukin (2000) e BidouZachariasen (2007), designam-se intervenções urbanas como empreendimentos que elegem certos espaços da cidade considerados centralidades e os transformam em áreas de investimento públicos e privados, cujas mudanças de significados de uma localidade histórica faz do patrimônio um segmento de mercado. Os processos de gentrificação culminam na valorização imobiliária, impedindo os moradores originais de um bairro de permanecerem no mesmo. Segundo Arantes (2000), no atual planejamento urbano, o planejador se confunde cada vez mais com seu adversário, o empreendedor. Ainda para a mesma, as palavras revitalização, reabilitação, entre outras que aludem melhorias urbanas, tratam-se de um eufemismo para a gentrificação estratégica, que nada mais é do que o ideal de invasão e reconquista premeditada de espaços desvalorizados da cidade.8 Atualmente, os conceitos de funcionalidade, racionalidade, zoneamento, plano diretor etc, vâm sendo trocados pelo termo requalificação e, essa substituição, acaba gerando um processo onde a cultura, assim como as cidades, tem se tornado uma mercadoria, uma vez que, o encontro entre a mesma e o capital, gera um enorme fluxo de investimentos, onde investidores passam a desbravar uma nova fronteira de acumulo de dinheiro e poder – o negócio das imagens. Nesse âmbito, podemos afirmar que a gentrificação está intrínseca ao atual sistema


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neoliberal, sendo assim, um depende do outro para garantir sua existência. O fato de ser um problema que depende de muitos fatores, como a mudança de sistema administrativo das cidades, o planejamento urbano e as políticas públicas, deve-se procurar ter cautela ao promover melhorias urbanas através da legislação, como foi feito na cidade de Barcelona, na Espanha, que restringe a venda de imóveis em locais passíveis de gentrificação. Além disso, a construção de habitações de interesse social de ser levada em conta.

[07] Ilustração exemplificando como ocorre o processo de gentrificação em determinados bairros.


[08] Centro da cidade de Ribeirão Preto durante a pandemia de Covid-19.





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INTERVENÇÕES CULTURAIS E O MARKETING URBANO

I. estratégias midiáticas da cidade contemporânea

[09] Demolição do conjunto Pruitt Igoe em 1972.

A denominada morte do modernismo, que ocorreu em 15 de julho de 1972 postulada por Charles Jencks, aconteceu devido a vários fatores ideológicos, sendo um dele a racionalidade excessiva proposta pelo movimento. Sendo assim, houve a necessidade de uma reinvenção como resposta a tentativa frustrada de industrialização do projetar arquitetônico. De acordo com Guilherme Wisnik (2014), esse período marca a transição de uma arquitetura industrializada para a uma tendência ao consumo. Não apenas no que se diz respeito a arquitetura, mas também no planejamento urbano, houve uma nova direção na forma de gerenciar as cidades, sendo essa, assumidamente empresarial. Nela, cidades tornam-se cada vez mais competitivas, as políticas apelam para um processo de image-making, no qual o espaço urbano é visto como uma mercadoria, que apenas tem valor caso se torne vendável.

[10] Cidade de Ribeirão Preto antes do projeto cidade limpa, que proibiu o excesso de anúncios comerciais.

Nesse contexto, a cultura transforma-se na chave para o marketing urbano, pois propaga a ideia de um centro de inovação e refinamento, segundo Zulkin (1996). Essa conversão de produções culturais em itens consumíveis, é consequência da conversão de uma sociedade industrial (modernismo) para uma sociedade de consumo (pós-modernismo), que tem seus primeiros indícios ainda no século XIX, quando a classe operaria passa a consumir lazer. No século XX, a indústria do espetáculo é quem define os padrões de cultura, a

a mesma é marcada por um processo de comercialização, transformada num campo de investimento, especulação e consumo como qualquer outro. Fragmentação, colagem e ficção são a nova ordem da sociedade, a qual foi fortemente influenciada em todos os aspectos pelas políticas neoliberais, as quais estão mais preocupadas do que nunca com seu marketing. O city-marketing, tem como finalidade mostrar o cenário urbano sem mascarar a realidade, porém, no século XXI, a apelação midiática para a imagem das cidades torna-se cada vez mais intensa, buscando moldar o imaginário da população, como é o caso do slogan criado na década de 80 para definir Ribeirão Preto como a Califórnia brasileira, com o intuito de idealizar a cidade e encaixa-la em uma realidade norte-americana. "A venda da cidade como mercadoria ou empreendimento é estimulada por um marketing que se baseia nada mais do que na ficção" (ARANTES, Germana 2015, p. 58). Os invetimentos e operações urbanas em Ribeirão Preto, são determinados por duas indústrias: a da contrução civil e imobiliária, os quais têm interesse em investir em áreas nobres ou históricas da cidade. Podemos observar esse fenômeno na área central, palacetes e edificações tomabadas estão tranformando-se em cafés, restaurantes e museus, assumindo a lógica da cidade enquanto "mercadoria cultural". Em contrapartida, em locais afastados do centro ou das zonas de investimento, ve-


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mos a falta de investimento. Equipamentos urbanos e planos viários são desenvolvidos em bairros mais pobres, sem investimento efetivo, afim de manter um falso equilíbrio defendido pelos representantes políticos, que é na realidade uma segregação social escancarada. [11] A inauguração do shopping center em Ribeirão Preto-SP, em 1980, década marcada pelo grande crescimento do consumo de bens materiais.

A cidade deve conter distribuição igual de educação, saúde, cultura e lazer por toda sua extenção, não apenas nas próximidades de áras privilegiadas. Hoje, vemos o centro como um grande expoente cultural, mas com o advento da transformação do patrimônio histórico da cidade em comércios que vendem produtos para pessoas com poder aquisitivo maior do que aquelas que vivem na região, não irá demorar muito para consequências como a gentrificação, citada no item anterior, ocorrerem.


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INTERVENÇÕES CULTURAIS E O MARKETING URBANO

II. cultura popular e cultura de massa

"Dá assim para imaginar a força avassaladora dessa máquina urbana de propaganda, ainda mais se dispõe de meios para chantagear com a sempre invocada geração iminente de empregos. Aqui, novamente, o lugar da união simbiótica entre rentiers, planejadores urbanos e intermediários culturais na construção de "consensos" cívicos. No centro, para variar, a Cultura, cujo consumo, na forma de refinamento artístico ostensivo, é a melhor garantia de que o clima para os negócios é saudável." (ARANTES, 2000 p. 29)9

Para entender a influência e o poder da mídia nos tempos atuais, devemos compreender o conceito de cultura de massa e cultura popular e, como esses são capazes de moldar as relações humanas nos dias de hoje, ditando como os indivíduos irão se comportar. O primeiro termo surgiu no século XX possibilitado pelos meios de comunicação de massa, por isso a expressão “cultura de massa”, pois trata-se da ideia de produzir uma arte com fins de entretenimento, poder político e lucro, ou seja, seu objetivo é movimentar o sistema capitalista. Benjamin (1935), defende que a qualidade converteu-se em quantidade, pois as massas procuram obras que são objetos de devoção e fáceis de digerir. E, da mesma forma, essa busca se reflete na arquitetura, uma vez que, seu caráter contemplativo é mais valorizado que outros aspectos pela população em geral.

[12] Artistas de rua são muito presentes nos centros das cidades, os mesmos não possuem apoio do governo ou locais adequados para se apresentarem.

Sendo assim, a cultura de massa tornou-se uma crítica para a manifestação cultural inautêntica, ligada diretamente ao consumo e a propaganda. Em contraponto, a cultura popular é usada para se referir à manifestação autêntica de um povo, representando seu modo de vida sem a tentativa de massificação. Nas cidades contemporâneas as expressões culturais genuínas ainda resistem através da arte, da música, do grafite, entre outras manifestações. Os centros urbanos

são grandes expoentes dessa arte, neles são onde acontecem apresentações de artistas de rua, eventos culturais, além da circulação de um grande número de pessoas de diferetes tribos urbanas. O marketing urbano, faz-se presente na cultura de massa e, muitas vezes, sobrepõe-se e anula a legitimidade presente em artístas locais, gerando uma pobreza intelectual no centro das cidades que, ao invés de tornar-se um disseminador das artes, torna-se um centro apenas comercial. Para Arantes (2000), a área central corre o risco de tornar-se uma máquina de propagandas.9 Portanto, a relevância das áreas centrais está ligada diretamente à sobrevivência da arte popular nas cidades e, partindo desse princípio, a criação de espaços adequados para exibições artísticas torna-se fundamental para que essas continuem existindo apesar da degradação e existência de vazios urbanos cada dia mais recorrentes nesses locais.





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RESSIGNIFICAÇÃO DO ESPAÇO ATRAVÉS DO USO

I. espaços subutilizados e vazios urbanos

"Art. 182 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente de: i) Parcelamento ou edificação compulsórios; ii) Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo, iii) Desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais." (BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Senado Federal, 1988)10

[13] O Minhocão, em São Paulo, é um exemplo atual da discussão acerca da ressignificação dos espaços subutilizados.

O crecimento econômico das cidades e sua expansão, tem como consequência, muitas vezes, o abandono das áreas mais antigas da mesma, como o centro. Esse fator, aliado a falta de planejamento urbano, causa os vazios urbanos, que são terrenos não ocupados de forma prevista, seja por conta de vários fatores, como a falta de investimento no bairro em que esse se localiza, como também, seu esquecimento. Na década de 1970, os vazios urbanos passaram por ressignificações e foram assimilados como objeto de especulação imobiliária. O vazio passou a ser percebido como problema a partir de sua compreensão enquanto terra ineficiente no plano econômico e incompatível com as necessidades das demandas sociais ensejando ações públicas para sua reversão (Teixeira, 2010). Em 1980, o tema acesso à terra urbanizada foi acrescentado ao legislativo constitucionalnos artigos n. 182 e 183 na Constituição Cidadã de 1988 que garante a função social da propriedade, ou seja, o entendimento do solo urbano como bem coletivo em detrimento da soberania do direito à propriedade privada, regida pelo Código Civil. O artigo n. 182 reconhece os vazios urbanos como problema a ser enfrentado e propõe um instrumento especifico de contenção da inocupação imobiliária em área urbanizada (dotada de infraestrutura).10 Ou seja, o proprietário do imóvel, ao ser acionado, tem um prazo para lotear, construir ou efetivar a utilização e caso, ao final deste

prazo, o imóvel estiver ocioso o poder público pode cobrar o IPTU progressivo no tempo e, se aindano imóvel permanecer desocupado, a administração municipal pode desapropriar o imóvel como pagamento em títulos da dívida pública. Áreas de uso estritamente residencial, ou comercial, são um impasse no planejamento urbano, causando o distanciamento e segregação das áreas da cidade, dessa forma, criando esses espaços vazios, logo, o Plano Diretor, deve propor, sempre que possível, o uso misto. De forma a criar usos e ressignificar esses espaços residuais, existe a opção de criar intervenções que retirem desses locais a característica de abandono, trazendo mais qualidade de vida aos moradores e frequentadores dessas áreas que, quando vazias, são marcadas pela insegurança.





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CONCLUSÃO Após estudos e análises acerca do tema proposto e suas derivações, conclui-se que as intervenções urbanas têm um papel fundamental no que se diz respeito a manutenção da cidade contemporânea, porém, as mesmas, quando propostas devem ser implementadas somente após feito um estudo de impacto na região e, também, com o consenso dos moradores, para não acarretar em um processo de gentrificação. Dessa forma, o Plano Diretor municipal deve ter a função de garantir o direito das pessoas à moradia, através da legislação, colocando os interesses da população acima dos interesses especulativos, de maneira a evitar o marketing urbano e a gestão empresarial da cidade. Nesse âmbito da cidade midiática, a cultura não deve ser colocada no planejamento urbano como uma estratégia de poder e controle, mas sim, de forma a legitimar a expressão e identidade dos indivíduos que compõe o meio urbano. Portanto, para que essas ideias deixem de ser apenas teoria e, buscando promover seu funcionamento na prática, deve haver uma síntese entre arte popular e vazios urbanos, ocupando esses com o objetivo de trazer outro olhar para áreas ociosas da cidade.




local: amsterdã, holanda programa: intervenções urbanas status: concluído em 2013 equipe de projeto: jarrik ouburg, stéphanie willocx, hanna lee, maria josé jiménez borja organização: non-fiction, office jarrik ouburg, TAAK, castrum peregrini


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LEITURAS PROJETUAIS

I. entre espaços

[14] Representação dos becos onde ocorreram as intervenções.

[15] Desenho mostrando a ideia inicial das cortinas.

Iniciaremos as leituras projetuais analisando uma sequência de intervenções urbanas realizadas em Amsterdã, na Holanda. A cidade se expandiu através da criação de canais a partir do século XVII, com a finalidade de drenagem e transporte de mercadorias. Essa formação urbana, influenciou o surgimento de espaços residuais responsáveis pela ligação entre os canais e, o projeto denominado "Tussem-ruimte" (espaço entre, em holandês), buscou reissignificar esses espaços.

A escolha acerca do estudo das intervenções "entre espaços" como referência para este trabalho, foi motivada pelo fato da mesma estar presente em um local historicamente relevante para a cidade de Amsterdã, tento quanto, subutilizado.

O projeto, foi inicialmente desenvolvido pelo escritório do arquiteto Jarrik Ouburg juntamente com os escritórios Non-fiction, TAAK, e Castrum Peregrini, tendo apoio do governo municipal.

Sendo assim, o projeto Tussem-ruimte, nos permite refletir questões como a utilização dos espaços urbanos, assim como, a reissignificação de usos do mesmo, nos convidando a exergar a importância de lugares desvalorizados e suas potencialidades.

Foram mapeados e analisados 56 becos espalhados pela região que, atualmente, é tombada pela UNESCO. A presença discreta de instalações artísticas e arquitetura contemporânea, atrai turistas e moradores do local, estimulando novas atividades em locais que antes serviam para armazenar lixo ou guardar bicicletas. A primeira intervenção está localizada em um espaço de 10 metros de profundidade por 1 metro de largura e 12 metros de altura. Foram instaladas cortinas perfuradas entre duas residências. O chão foi coberto por seixos brancos, permitindo o caminhar em seu interior.

O centro da cidade de Ribeirão Preto, também passa pelo mesmo processo de resistência, o qual tenta sobreviver às vastas mudanças ocasionadas pela expansão de outras áreas da cidade e a falta de investimentos no mesmo.


[16] Fotos dõs diversos vazios onde foram propostas as intervenções.


[17] Beco onde foram instaladas as cortinas.


concepção: pedro varella e julio parente desenvolvimento: gru.a (caio calafate) curadoria: joão paulo quintella produção executiva: daniela moreira e bebel kastrup assistência de curadoria: claudio seichi kawakami savaget montagem e apoio: mvd data de conclusão: 01/2015 endereço: praça xv, rio de janeiro fotografias: rafael salim


53

LEITURAS PROJETUAIS

II. cota 10

Diferente do projeto estudado anteriormente, a intervenção "cota 10", não se encontra escondida entre becos e pequenos corredores, a mesma está localizada no meio da Praça XV, no Rio de Janeiro. O elevado perimetral, obra construída entre as décadas de 50 e 70 na metrópole carioca, foi percursor de um processo significativo de urbanização da cidade. Porém, a forma pouco planejada como o mesmo foi inserido na zona portuária, o fez chegar ao fim em abril de 2014, quando houve sua demolição. Após a derrubada do elevado, não houve plano de requalificação para a área vazia deixada por ele. No ano de 2015, durante a mostra de exposições artísticas "Permanências e destruições", foi construída uma estrutura temporária no local onde antes havia uma estrutura maçica e robusta de concreto e aço.

[18] Vista aérea da intervenção, que está localizada onde antes havia um pilar do elevado.

O projeto é de autoria do escritório gru.a arquitetos, e consiste em uma escada tubular que convida o público a subir na plataforma elevada a 10 metros do chão, mesma altura da extinta bandeja perimetral. Módulos de estrutura tubular em aço (andaimes), foram utilizados para a execução do projeto, podendo ser reaproveitados posteriormente, pois não existe solda, apenas encaixes entre os tubos de aço. Também não há fundação, a carga é distribuída entre 18 pontos apoiados no chão da praça em blocos de concreto.

A reflexão acerda do projeto cota 10, se trata das modificações que ocorrem nos meios urbanos, seja através de renovações ou demolições. Muitas vezes, a paisagem que vemos hoje, poderá, muito em breve, sofrer grandes alterações, se adequando ao novo estilo de vida dos habitantes da cidade. "Onde antes havia uma pesada infraestrutura agora há o vazio, o vento, a fragilidade de uma estrutura efêmera."


[19] Relação entre intervenção e indivíduos.


[20] Desenhos técnicos, detalhe do encaixe da estrutura (ao lado) e corte (acima).


local: parque minhocão, são paulo programa: intervenção artística técnica: tinta, brocha, cabo de aço e plataforma articulada empena cega: 720m² diâmetro círculo: 24m escritório: nitsche arquitetos fotos: pedro mascaro


57

LEITURAS PROJETUAIS

III. eclipse

Chegando à uma escala de projeto, onde a arte e edifícios existentes se comunicam, temos o projeto denominado "Eclipse", do escritório Nitsche Arquitetos. Essa intervenção artística, foi desenvolvida para a empena cega localizada na Rua Marquês de Itu esquina com a Rua Amaral Gurgel, em São Paulo. A demolição de um antigo edifício criou uma espécie de silhueta do antigo sobrado na parede do edifício vizinho. A pintura é vista de vários pontos, inclusive do Parque Minhocão e da Rua Amaral Gurgel, por onde as pessoas podem acessar o terreno e participar da intervenção.

[21] Empena do edifício onde situa-se a intervenção artística.

O círculo maior possui 24m de diâmetro, o mesmo foi pintado através de uma plataforma articulada, utilizando-se uma bucha, um parafuso e um cabo de aço (que funcionou como um compasso), uma brocha e tinta para a pintura. Os círculos menores têm 2,2m de diâmetro, e foram considerados os mesmos materiais citados anteriormente, porém, com um cordão mais leve em poliestireno e uma brocha pequena de uso manual, na qual as pessoas podem manusear. Foi escolhido esse projeto para encerrar as leituas projetuais, pois o mesmo promove um diálogo inesperado entre indivíduo e edificação, além de, evidenciar os processos de renovação urbana que estão presentes no cotidiano das cidades.

Com base nesses estudos, foi fomentada a ideia de criar espaços que não promovam somente usos diversos no tecido urbano, como também, busquem a reflexão acerca do espaço habitado e percorrido na cidade de Ribeirão Preto, procurando entender como estamos dialogando e conexões com os mesmos.


58

[22] Sequências de fotografias mostrando como foi realizado o processo da pintura.


59

[23] Círculos menores feitos pelas pessoas. gerando uma participação e diálogo entre população e obra.





63

CONTEXTO URBANO

I. local de resistência

A espacialidade denominada centro da cidade, é um local de encontros, socialização, manifestações e cultura. Em Ribeirão Preto, a área central, concentra usos diversos que, conforme o distanciamento do calçadão, ganham novas características. Nas proximidades da Praça XV, edifícios históricos fazem parte da paisagem, pois, foi nesse local, onde originou-se a cidade. Ainda na mesma região, nota-se grande relevância do comércio e prestação de serviços, causando fluxo de e concentração de pessoas. Eventos como a Feira do Livro, passeatas e manifestações, ocorrem anualmente no território da praça, trazendo um enorme significado para a mesma. O distanciamento do calçadão, nos mostra outros cenários da área central, um deles é a região da baixada, caracterizada pela presença de importantes equipamentos, como o Mercadão Municipal e o Centro Popular de Compras.

[24] Manifestação contra a eleição do presidente Bolsonaro na região da Praça XV, em 2018.

No mesmo local, existe a presença do comércio popular e, durante o período diurno e noturno, da prostituição. O abandono e degradação são fatores pertinentes na baixada, muitas vezes vista pelas pessoas como perigosa, ao contrário das espacialidades centrais onde há maior circulação de pessoas. Mesmo assim, nota-se o esforço de uma população que ainda resiste e tenta imprimir sua identidade no espaço urbano através de arte e intervenções.

A arte de rua torna-se presente na área central através do grafite, da dança, da música, da literatura, do cinema entre outros tipos de expressão, ainda que, a falta de investimento nesse setor esteja muito explicita. O pouco que é investido em cultura e restauro, está concentrado no local do calçadão, onde edifícios históricos estão gradativamente sendo transformados em cafés ou restaurantes que não são acessíveis para toda a população e não levam em consideração a heterogeinedade de interações presentes no centro. Nesse contexto, como integrar a baixada com o restante do centro, com o objetivo de trazer novos usos para todos os tipos de pessoas e ressaltar a importância que o local tem para a cidade?

25. intervenção feita em calçada de chaveiro. 26. além de pessoas, o centro tem a presença de animais. 27. fachada do mercadão. 28. edifício degradado.


[25]

[26]


[27]

[28]


[29] Região da baixada central de Ribeirão Preto-SP.


67

CONTEXTO URBANO

II. análise urbana

Através de um percurso caminhado pelo centro, foram identificados três terrenos com potencialidades para intervenções. Ambos, são caracterizados por espaços estreitos e residuais, localizados em áreas de pouca permanência de pessoas, sendo essas praticamente abandonas e degradadas, utilizadas apenas para circulação devido ao comércio. O primeiro deles, situa-se na Rua Florêncio de Abreu, entre duas edificações de gabarito baixo e uso comercial. Na frente desse terreno, existe um estacionamento cercado por uma empena cega, o que impossibilita fachadas ativas e causa insegurança. Por se tratar de uma rua que permite o acesso à Rodoviária, a circulação de veículos é notável. O segundo terreno, localiza-se na Rua Saldanha Marinho, foi verificado que havia uma construção com características históricas ali, porém, a mesma foi demolida. Nessa localização, a predominância é de edifícios de uso comercial e gabarito baixo, portanto, é uma área de muito movimento. O último espaço escolhido, está localizado na Rua Lafaiete, entre uma construção residencial e um estacionamento. A falta de comércio na rua, faz com que, diferente das outras, essa possua um movimento menor. Residências não habitadas conferem a sensação de abandono ao local. A espacialidade central e seus diversos cenários, faz com que, mesmo locais próximos, possuam usos e predominâncias muito diversas, como é o caso das áreas es-

-colhidas para intervenção. Sendo assim, para cada uma delas, será pensado em um uso diferente, buscando reforçar essa diversidade e, ao mesmo tempo, conferir significado e conexão para uma região de extrema importância para a cidade.




70

[30]

[31]

[32]


71

CONTEXTO URBANO

II. análise urbana

Para melhor compreensão acerca das potencialidades e características da região dos locais escolhidos, foi feita análise através de mapas. O mapa topográfico nos permite entender a relação do desnível entre o centro e o corrégo, o primeiro mais elevado em relação ao segundo, que está localizado mais próximo á baixada. A figura fundo nos mostra os vazios presentes no local, sendo esse bastante adensado. Além disso, o mapa de gabarito e uso do solo nos auxilia a entender e determinar o uso de cada terreno, como também, qual altura as intervenções poderão ter sem prejudicar os edifícios vizinhos. Foi feito também, o levantamento dos edifícios históricos relavantes para a região, identificando onde existe carência de arte e cultura.



73

MAPA TOPOGRÁFICO

A topografia da área central é caracterisrticamente plana em regiões como o calçadão, seu desnível predominante acontece em direção a baixada, sendo a mesma dividida pelo córrego.



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FIGURA FUNDO

O adensamento é um fator notável no centro da cidade, por se tratar de uma região antiga, os lotes são pequenos, muito segmentados e não possuem recuos.



77

GABARITO

Estudando o gabarito da área escolhida, podemos perceber que a área central é composta predominantemente por edifícios de 1-3 pavimentos, e alguns edíficios mais altos, sendo eles prédios residenciais.



79

EDIFÍCIOS IMPORTANTES

edifícios de arte e cultura edifícios relevantes

01. rodoviária 02. centro popular de compras 03. mercadão municipal 04. palacete jorge lobato 05. edifício agulhas negras 06. casa da memória italiana 07. catedral metropolitana 08. palácio episcopal 09. edifício dos bancários 10. edifício padre euclides 11. edifício diederichsen 12. edifício meira júnior (pinguim) 13. teatro pedro II 14. centro cultural palace 15. banco safra 16. biblioteca altino arantes 17. palacete camillo de mattos 18. escola fábio barreto 19. sesc 20. armazém da baixada 21. cervejaria paulista (estúdio kaiser) 22. memorial da classe operária (ugt)

O local estudado, atualmente, possui planos para revitalização de edifícios históricos, porém muitos deles encontram-se em estado de abandono.



81

USO DO SOLO

residencial uso misto (residencial/comercial) prestação de serviços uso cultural comercial institucional

O local de intervenção é caracterizado pela predominância de comércio e prestação de serviços, porém, lotes residenciais também fazem parte do entorno, principalmente, no bairro Vila Tibério, atrás da rodoviária.



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LOCAIS DE INTERVENÇÃO

Foram escolhidos 3 terrenos vazios para abrigar as intervenções que serão feitas na área, ambos possuem próximidade, o que facilita a locomoção e concentração de pessoas no local.





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O PROJETO

I. processo criativo O projeto partiu da premissa de ressignificação de terrenos vazios na área central, uma vez que, os mesmos teriam usos destinados para o comércio ou prestação de serviços, que são comuns e abundantes no local, agora, esses vazios funcionarão como um respiro urbano para arte e expressão em meio ao cotidiano caótico. Conceitualmente, o desenvolvimento de cada um das três intervenções projetuais, acontece pensado de forma simultânea e individual, ao mesmo tempo. Simultaneamente, os locais buscam características em comum, de modo a integrar o perímetro em que estão inseridos, porém, seu uso é pensado de forma isolada, no sentido de que, cada rua possuí suas particularidades. Dessa forma, foi pensado trabalhar em níveis, buscando criar sensações diferentes em cada um dos objetos, ora submergimos em um labirinto de rampas, ora podemos nos elevar em uma leve estrutura metálica ou, até mesmo, continuar integrados na superfície. As formas e materialidades das intervenções, são definidas de acordo com a finalidade a qual elas têm. Mesclando cores e paginações iguais para gerar a identidade visual do projeto. Para gerar conexão com a população que irá usufruir dos programas de arte e entretenimento, a tecnologia se fará presente por meio de sistemas integrados com smartphones, afim de contribuir para que haja participação dos usuários.


03

02

01


01

02

03


90

Referências p.92: 33. Capela em Turku, Finlândia, projetada pelo arquiteto Pekka Pitkänen, em 1967. 34. Projeto RP House, por CMA Arquitetos, 2014. 35. Museu West Bund, projeto de David Chipperfield Arquitetos. 36. Instalação Un-veiled, de KHBT, 2017. 37. Instalação do artísta plástico brasileiro Carlito Carvalhosa, no MoMA, 2011. 38. Instalação HE, por BAM Studio, em 2013. 39. Swissnex ‘Event Machine’ Parklet, por Gehl Arquitetos, 2015. 40. Instant City, por Archigram, 1960. 41. Ocupação Conexidade, por Estúdio Chão, 2018.


91

O PROJETO

II. memorial justificativo

A escolha das seguintes materialidades para as intervenções, justifica-se da seguinte forma: Piso: foi escohida uma paginação que já presente em muitas calçadas do centro, porém, hoje as mesmas encontram-se desgastadas e sem manutenção. Propõe-se restaurar a paginação antiga e usa-la como identidade das intervenções atuais. Estrutura: para as intervenções onde o objetivo é continuar no nível térreo, ou elevar-se em relação a ele, foi proposta a estrutura metálica, por conta da leveza e facilidade de montagem e desmontagem, possibilitanto a efemeridade dos projetos. Já para a intervenção onde existe a necessidade de níveis subterrâneos, foi proposta a estrutura de concreto. Vedação: com o objetivo de interligar os projetos através da materialidade, foi proposta a vedação principal em chapa metálica perfurada branca para todos eles. Em locais onde há banheiros e ambientes mais reservados, essa chapa é lisa. Arte: as intervenções não seguem um programa restrito, são espaços que funcionam como uma tela em branco, onde artistas e pessoas possam se apropriar. Iluminação: é sugerida iluminação em LED para que todos os locais funcionem e atraiam usuários tanto no periodo diurno quanto noturno.


[35] [33]

[34]

[36]

[37]

[38]


[40]

[39]

[41]



95

COTA 0

III. anteprojeto A rua em que está inserido o projeto, é marcada pela presença de uma escola de ensino médio e cursinho pré-vestibular. Para incentivar estudantes a frequentarem o espaço, ele será implantado no nível da rua. Através de usos como leitura, mobiliário para descanso, arte, grafite, cinema e tecnologia, o local que, atualmente, não possuí atrativos, será revitalizado. Os mobiliários foram pensados para esse projeto, especificamente, contando com a colaboração da população e dos estudantes que poderão usar a criatividade e ter suas criações expostas no local. Existem módulos quadrados de aço dobrado que funcionam como bancos, além dos módulos de leitura. Além do módulo destinado a leitura, foi pensado em um sanitário acessível com bebedouro para uso das pessoas. O grafite tem papel fudamental no ambiente, unindo artistas da cidade afim de proporcionar identidade aos muros. A cobertura é feita através de tela de agricultura, uma tela muito leve utilizada na região para proteção do plantio, a mesma é erguida por balões de gás hélio, criando uma proteção lúdica.

endereço: rua lafaiete, 168 dimensão: 5x20m área: 100m² usos: diversos


croqui proposta inicial


colagem conceito inicial


01. muro para arte e grafite 02. bloco leitura 03. bloco sanitário 04. bicicletário 05. totem digital 06. floreiras 08. cobertura


08

01

07

02 06 05 03 04


croqui proposta final


área apresentações

área leitura

área leitura

área leitura

sanitário pne

planta térreo | nível 0.0 escala: 1:100

bicicletário


102

corte a-a escala: 1:100


103

corte b-b escala: 1:100


01 | perspectiva 01


02 | perspectiva 02


cobertura metálica

vedação em chapa metálica perfurada

encaixe metálica tipo a

detalhe módulo leitura


detalhe encaixe tipo a



109

COTA +9

III. anteprojeto O terreno está localizado em uma rua que acessa diretamente o terminal rodoviário, portanto, trata-se de um percurso movimentado por pessoas e automóveis. Seu entorno é marcado por pequenos comércios e estacionamentos, tendo uma declividade levemente acentudada na rua. Esse projeto surgiu com o objetivo de criar um respiro na paisagem caótica. Sua permeabilidade é reforçada por meio de cortinas que, ao serem atravessadas, adentram um ambiente sóbrio, pois o destaque é dado para as obras expostas. O acesso aos outros pavimentos é feito por meio de elevador ou escada. No primeiro pavimento, existe uma área para descanso sombreada pela árvores pré-existente do terreno. Os outros pavimentos, convidam o usuário a refletir e observar a área em que ele está inserido. A estrutura toda é metálica, para proporcionar leveza ao projeto, apenas vedada pelas cortinas, essas últimas feitas através de uma malha extremamente leve.

endereço: rua florêncio de abreu, 100 dimensão: 6x23m área: 138m² uso: exposições artísticas e mirante


croqui proposta inicial


colagem conceito inicial


01. cortinas 02. vedação chapa metálica perfurada 03. bloco elevador elétrico e depósito 04. estrutura metálica 05. árvore existente 06. cobertura metálica


06

05 03

01

04

02


croqui proposta final


área descanso

área exposição

S

local armazenamento

elevador

planta térreo | nível 0.0 escala: 1:100

área exposição


área descanso

S

local armazenamento

elevador

planta primeiro pavimento | nível +3.0 escala: 1:100 área exposição


D

local armazenamento

elevador

planta segundo pavimento | nível +6.0 escala: 1:100

área exposição


118

+9.0

+6.0

+3.0

0.0

corte a-a escala: 1:100


119

+9.0

+6.0

+3.0

0.0

corte b-b escala: 1:100


01 | perspectiva 01


02 | perspectiva 02


sistema de contraventamento em diagonal simples

estrutura metálica

detalhe sistema estrutural


detalhe estrutura e chapa perfurada



125

COTA -9

III. anteprojeto Afim de criar uma pequena administração para os projetos, esse terreno foi escolhido para imergir em meio aos vários edifícios comerciais em seu entorno. Para que seu uso não seja desperdiçado apenas para área administrativa, foi criado um pavilhão sensorial. O acesso se dá através de rampas, as quais guiam um percurso adentrando o concreto, com o objetivo de causar sensações ao usuário, pois o mesmo estará em um ambiente não usual. Todas as rampas possuem inclinação de 10%, estando dentro das normas de acessibilidade. No nível térreo, existe uma caixa feita em chapa metálica perfurada com o objetivo de destacar o acesso às rampas. Na parte administrativa, a luz incide atrvés de rasgos no concreto, criando aberturas zenitais. Além disso, o pavimento inferior possui um banheiro público. O projeto possuí elevador de carga, para armazenar pequenas obras e objetos que farão parte das exposições.

endereço: rua saldanha marinho, 701 dimensão: 7x14m área: 98m² uso: percurso sensorial, administração e banheiro público


01. revestimento em chapa metálica perfurada 02. caixa elevador 03. rampa 04. muro concreto


01

03 02

04


croqui proposta inicial


colagem conceito inicial


acesso

planta térreo | nível 0.0 escala: 1:100


proj. abertura zenital

administração

planta administração | nível -4.5 escala: 1:100


sanitário

planta sanitário | nível -7.5 escala: 1:100


reservatório

planta reservatório | nível -9.0 escala: 1:100


0.0

-4.5

-7.5

-9.0

corte a-a escala: 1:100


0.0

-4.5

-7.5

-9.0

corte b-b escala: 1:100


01 | perspectiva 01


02 | perspectiva 02


138


139

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos e intervenções propostas, nos levam a refletir a carências de espaços livres nas cidades contemporâneas. No dia a dia, estamos sempre adentrando locais de uso definido, seja comércio, moradia, lazer, entre outros. O acesso a lugares onde cultura e expressões artísticas são valorizadas, ainda que em pequenas proporções, contribuem para a formação de indivíduos que consigam enxergar o papel crítico de uma cidade, além de, compreender-se enquanto cidadão da mesma. Observa-se no projeto, o objetivo de melhorar áreas da baixada, criando espaços que possam ser acessíveis para todas as pessoas que por ali transitam ou habitam. Garantindo a transformação do território atrvés da cultura. Portanto, conclui-se que o processo de ressignificação de vazios urbanos, deve ser constante e feito em diversas áreas do tecido urbano, estimulando a visão da cidade como uma só, de forma a minimizar os impactos causados pela desigualdade social.




142


143

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACSELRAD. Henri. Empreendedorismo urbano: entre o discurso e a prática. São Paulo: Ed. Unesp, 2004. Disponível em <https://doi. org/10.22296/2317-1529.2005v7n1p127> ARANTES, Germana de Faria. Intervenções urbanas: rumo à cidade neoliberal. 1. Ed. Curitiba, Appris, 2015. ARANTES, Otília; VEINER, Carlos; MARICATO, Ermínia. A cidade do pensamento único: desmanchando consensos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. BARJA, Wagner. Intervenção/terinvenção: a arte de inventar e intervir diretamente sobre o urbano, suas categorias e o impacto no cotidiano. Revista Ibero-americana de Ciência da Informação (RICI), v.1 n.1, p.213-218, jul./dez. 2008 BENJAMIN, Walter. “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”. In: Obras escolhidas I. São Paulo: Brasiliense, 1987. BIDOU-ZACHARIASEN, Catherine. De volta à cidade: dos processos de gentrificação às políticas de “revitalização” dos centros urbanos. Tradução de Helena Menna Barreto Silva. São Paulo: Annablume, 2006. BONDUKI, Nabil. Intervenções urbanas na recuperação de centros históricos. Brasília, DF: Iphan / Programa Monumenta, 2010. BURKE, Peter. Hibridismo Cultural, Unisinos, 2003.

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ZUKIN, Sharon. Paisagens urbanas pós-modernas: mapeando cultura e poder. In: Arantes, Antonio A. (org.) O espaço da diferença. Campinas, Papirus, 2000a.


144

[01] Fotografia | Arquivo pessoal da autora [02] Fotografia | Augusto Malta, 1906 via Prefeitura do Rio de Janeiro | Disponível em < http://wpro.rio.rj.gov.br/revistaagcrj/wp-content/uploads/2016/11/e05_a9.pdf> [03] Fotografia | Christophe Simon/AFP/VEJA | Disponível em <https://veja.abril.com.br/ economia/favelas-cariocas-livres-do-trafico-vivem-explosao-imobiliaria-e-comercial/> [04] Fotografia | Arquivo pessoal da autora [05] Fotografia | Autor desconhecido | Disponível em <https://docplayer.com. br/62919726-Experiencias-locais-ribeirao-preto-e-regiao-urbanizacao-jd-progresso-prefeitura-municipal-de-ribeirao-preto. html> [06] Fotografia | Autor desconhecido | Disponível em <https://www.causc.gov.br/noticias/ gentrificacao-uma-pauta-para-arquitetos-e-urbanistas/gentrify/> [07] Ilustração | Autor desconhecido | Disponível em <https://entendaantes.com.br/gentrificacao/> [08] Fotografia | Arquivo pessoal da autora [09] Fotografia | US Department of Housin and Urban Development | Disponível em <https:// www.archdaily.com.br/br/01-163030/o-surgimento-do-novo-pragmatismo-radical?ad_ medium=gallery>


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TABELA DE FIGURAS [10] Fotografia | Weber Sian / A Cidade 15.jun.2012 | Disponível em <https://www. acidadeon.com/ribeiraopreto/politica/NOT,0,0,1335063,prefeitura+envia+a+camara+projeto+para+re+laxar+lei+cidade+limpa. aspx> [11] Fotografia | Gabriel Bittio | Disponível em <https://m.facebook.com/ILoveRibeiraoPreto/photos/ribeir%C3%A3o-shopping-5-de-maio/490321191036743/> [12] Fotografia | Autor desconhecido | Disponível em <https://www.portalcomunicare.com. br/lei-que-beneficia-artistas-de-rua-e-desconhecida/> [13] Fotografia | Felipe Morozini | Disponível em <https://www.hypeness.com.br/2011/03/ artista-plastico-pinta-flores-no-asfalto-do-minhocao/> [14] Ilustração | Jarrik Ouburg | Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/01-150514/ entre-os-edificios-da-historica-amsterda-uma-intervencao-urbana/52419c05e8e44ea81b00002e-between-the-buildings-of-historic-amsterdam-an-urban-intervention-image> [15] Ilustração | Jarrik Ouburg | Disponível em <https://www.hoh-architecten.com/project/ tussenruimte/> [16, 17] Fotografia | Jarrik Ouburg | Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/01150514/entre-os-edificios-da-historica-amsterda-uma-intervencao-urbana>

[18, 19] Fotografia | Rafael Salim | Disponível em <https://www.grua.arq.br/projetos/cota10>

[39] Fotografia | Autor desconhecido | Disponível em <https://groundplaysf.org/projects/ swissnex-event-machine-parklet/>

[20] Ilustração | Gru.a Arquitetos | Disponível em <https://www.grua.arq.br/projetos/cota10>

[40] lustração | Archigram | Disponível em <https://w.ww.behance.net/gallery/96971279/ Archigram

[21, 22, 23] Fotografia | Pedro Mascaro | Disponível em <http://www.nitsche.com.br/eclipse> [24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32] Fotografia | Arquivo pessoal da autora

[41] Fotografia | Renato Mangolin, Diego Padilha | Disponível em <https://www.archdaily. com.br/br/932048/ocupacao-conexidade-estudio-chao/5e206c163312fd970e0000ae-ocupacao-conexidade-estudio-chao-foto>

[33] Fotografia | Matt Childress | Disponível em <https://www.flickr.com/photos/ieatpeas43/4417256834>

[42] Fotografia | Jorge de Freitas | Disponível em <https://i.pinimg.com/originals/6c/40/ ba/6c40bab869395f4d6bcce5263aaf6054.jpg>

[34] Fotografia | Sebastian Aedo / Estudio Apulso | Disponível em <https://www.archdaily.com/629453/rp-house-cma-arquitectos> [35] Fotomontagem | David Chipperfield | Disponível em <https://afasiaarchzine. com/2017/09/david-chipperfield-87/> [36] Fotografia | Johannes Marburg | Disponível em <https://www.archilovers.com/ projects/225726?utm_source=lov&utm_medium=email&utm_campaign=lov_news> [37] Fotografia | Jonathan Muzikar | Disponível em <https://www.moma.org/calendar/ exhibitions/1151> [38] Fotografia | via gooood.hk | Disponível em <http://lepamphlet.com/2013/07/08/he/>


[42] Calçadão de Ribeirão Preto-SP.






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