Relatório de Actividades e Contas 2012

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Associação Nacional de Arte e Criatividade de e para Pessoas com Deficiência


“A função da Arte não é a de passar por portas abertas, mas é a de abrir as portas fechadas”. Ernst Fisher, 1973

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ÍNDICE INTRODUÇÃO

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PRIMEIRA PARTE 1. Conhecer para Informar – Difundir para Incluir 1.1. Alargamento e actualização da Base de Dados no âmbito da Arte e Criatividade

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1.2. A ARTE PERTENCE A TODOS – 2ª Edição do Manual de Boas Práticas Artísticas e Culturais

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1.3. Participação em acções de difusão e debate

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1.4. Programa de Difusão Artística, Cultural e de Formação

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1.5. Directório sobre Acessibilidade em Espaços Culturais e Artísticos

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2. Partilha de Produção Artística 2.1. Circuito Nacional de Difusão, Circulação e Promoção de Produção Artística

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2.1.1. A Cor do Natal – Exposição Colectiva de Pintura e Desenho

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2.1.2. Os Animais Fantásticos – Exposição Colectiva de Azulejaria

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2.1.3. Felizmente há Luar – Exposição Individual de Pintura de Rita Saraiva

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2.1.4. Homo Virtualis – Exposição Colectiva de Pintura

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2.2. EN’ARTE – 4º Encontro Nacional de técnicos que enquadram as pessoas com deficiência no desenvolvimento do seu processo artístico

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3. Nada sobre Nós sem Nós 3.1. Ciclo de Conversas sobre Arte & Inclusão

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Participação no CMIPD – Conselho Municipal para a Inclusão da Pessoa com Deficiência

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SEGUNDA PARTE Relatório de Contas 2012

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TERCEIRA PARTE Programa de Acção para o ano de 2013

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Orçamento para o ano de 2013

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INTRODUÇÃO

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Em 2012 a ANACED procurou desenvolver uma intervenção nas áreas do conhecimento, da informação, da difusão, da disseminação e da partilha de boas práticas, da participação pública, da partilha de produção artística e da partilha e discussão de ideias, pensamentos e experiências, baseada em parcerias e colaborações entre várias Instituições de Solidariedade Social, Entidades Culturais, Artísticas e Administrativas e comunidade em geral, comunidade artística e comunidade acadêmica, conferindo voz às pessoas com deficiência no sentido de as levar a interagir com outras pessoas de diferentes áreas, possibilitando-lhes o intercâmbio de visões alternativas e soluções que aumentem a procura de respostas para a eliminação das barreiras que enfrentam e que as impedem de ocupar o seu lugar de direito na sociedade. Congregando a defesa da cidadania e do direito de todas as pessoas com deficiência a participar, em condições de igualdade com as demais, na vida cultural e a desenvolverem e utilizarem o seu potencial criativo, artístico e intelectual, não só para benefício próprio, como também para o enriquecimento da sociedade (Artigo 30º da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência) e acções que pretenderam contribuir para a eliminação de barreiras impeditivas de conquistas necessárias a uma vida plena de realizações, a ANACED definiu 3 áreas fundamentais de intervenção:

1. Conhecer para Informar – Difundir para Incluir 2. Partilha de Produção Artística 3. Nada sobre Nós sem Nós

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PRIMEIRA PARTE

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1. Conhecer para Informar – Difundir para Incluir

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1.1. Alargamento e actualização da Base de Dados no âmbito da Arte e Criatividade Na tentativa de continuar a unir artistas com e sem deficiência, juntar experiências solitárias, separadas pelo preconceito, abrir espaços de participação e sublinhar mais o talento que têm em comum, do que as diferenças que os separam a ANACED tem vindo a alargar a sua Base de Dados, recolhendo informações sobre instituições que desenvolvem actividades artísticas com pessoas com deficiência e sobre artistas com necessidades especiais, desenvolvendo a circulação da informação, promovendo a cooperação e revelando o talento e capacidade das pessoas com deficiência. Esta recolha de informações foi feita através das Fichas de Inscrição para Artistas e para Instituições existente no sítio web da ANACED e através de contactos directos via Facebook. Outros dados foram também obtidos através de pesquisas, de informação endereçada à associação e do contacto directo com representantes de instituições nacionais que desenvolvem actividades artísticas com pessoas com deficiência. No que respeita a novas entradas na Base de Dados da ANACED, foram inseridos na mesma o artista plástico Nuno Rodrigues, os Grupos de Teatro “Teatrelo”, do Elo Social, o Grupo de Teatro de Surdos do Porto e o Grupo “TocÓPalco” da APEDV, os Grupos Musicais “Ritmos – Orquestra de Surdos” do Instituto Jacob Rodrigues Pereira, a Fanfarra “ZABUMBAR” da CERCIAG, o Grupo Musical “Panteras Negras” do Elo Social e a Orquestra do Centro Santo Amaro da APPACDM Anadia e as associações APPACDM de Soure, a Asociación Cultural La Badila De Cauria, de Coria, Espanha e a F.A.D.A., Formação Aplicada ao Drama e às Artes.

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Este alargamento da Base de Dados, tem como resultado para a ANACED um aumento do conhecimento da realidade nacional e europeia sobre artistas com deficiência e Instituições nacionais e europeias que desenvolvem actividades artísticas com estas pessoas, podendo assim responder mais eficazmente às solicitações recebidas, de forma a contribuir para o desenvolvimento de processos de articulação cultural, artística e académica e acções que visem a participação e maiores oportunidades para as pessoas portadoras de deficiência. A ANACED continua a receber muitos pedidos de fornecimento de dados, quer no que concerne a estes dados específicos, quer sobre a temática de como a arte pode contribuir para o desenvolvimento da cidadania no contexto da pessoa com deficiência, que lhe chegam, sobretudo, de alunos, para a realização de teses de doutoramento e mestrado e trabalhos da área de Projecto do 12º ano, e de Instituições para a organização de iniciativas/projectos. Neste âmbito foi também solicitado à ANACED um parecer sobre o conteúdo e a pertinência da publicação que tem como título: “Ser Diferente é Ser Capaz” da autoria da artista plástica Rita Saraiva. No que concerne ao fornecimento de dados, o Núcleo da Deficiência do Departamento Social da Câmara Municipal de Lisboa solicitou à ANACED o envio de informação sobre a sua área de intervenção, sobre os serviços que presta e sobre as suas iniciativas/ projectos no sentido de ser concedida informação fidedigna aos munícipes que se dirigem a este serviço. 9


1.2. A ARTE PERTENCE A TODOS 2ª Edição do Manual de Boas Práticas Artísticas e Culturais

A nova Convenção do Século XXI, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, já ratificada por Portugal, defende no seu Artigo 30 que as pessoas com deficiência têm o direito de participar, em igualdade de condições com as outras pessoas, na vida cultural, assim como de utilizar o seu potencial criativo, artístico e intelectual, não só para benefício próprio, como também para o enriquecimento da sociedade. De forma a garantir estes direitos, muitas são as Instituições de Solidariedade Social e Espaços Culturais que têm desenvolvido uma intervenção nesta área com o objectivo de criar um conjunto de oportunidades de participação para a população com deficiência, contribuindo para a inclusão social destas pessoas.

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Tendo em vista recolher mais informação acerca destas Boas Práticas que foram ou que estão a ser desenvolvidas em Portugal, com o objectivo de elaborar a 2ª edição do Manual A Arte Pertence a Todos, a ANACED procedeu ao envio de uma Ficha de Projecto, elaborada para o efeito, para Instituições de Solidariedade Social e Entidades Culturais e Artísticas Nacionais. Esta Ficha de Projecto pretende sobretudo conhecer experiências bem sucedidas que têm tido um papel fundamental no processo de realização pessoal e profissional e de inclusão social das pessoas com deficiência. Os resultados obtidos com esta acção revelaram-se muito positivos, tendo a ANACED tido conhecimento de 33 novos Projectos de Boas Práticas nas áreas das Artes Plásticas, da Dança, da Música e da Acessibilidade em espaços culturais. A ANACED elaborou a 2ª Edição do Manual de Boas Práticas Artísticas e Culturais A Arte Pertence a Todos, em formato digital, de modo a chegar mais fácil e rapidamente ao público-alvo, que incluiu o planeamento dos conteúdos de texto e a selecção de imagens, com uma nova estrutura organizativa:

1. Introdução 1.1. Objectivos do Manual 2. Participação na vida cultural e artística: Direitos Humanos, Direitos das Crianças e Direitos das Pessoas com Deficiência

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3. As potencialidades transformadoras da Arte na pessoa com deficiência e na sociedade 3.1. Projectos como Exemplos de Boas Práticas Artes Plásticas Dança Escrita Música Teatro Multi-Artísticos 4. Acesso a Bens Culturais 4.1. Projectos como Exemplos de Boas Práticas 5. Contactos 6. Agradecimentos

Como resultado desta divulgação e pela receptividade e interesse demonstrado por parte do público-alvo conseguiuse um aumento do conhecimento destas práticas que favorece a redução de estereótipos e preconceitos, que impedem as pessoas com deficiência de participar, em igualdade de condições com as outras pessoas, na vida cultural e artística do seu país e incentivar à troca de experiências e à realização de novas práticas. 12


1.3. Participação em Acções de Difusão e Debate A ANACED participou e interveio em acções de difusão e debate sobre questões relacionadas com a defesa e a visibilidade dos direitos das pessoas com deficiência no que concerne a matérias relacionadas com o campo de actuação da associação. Participação na Conferência "Arte: Um caminho para a Inclusão", organizada pela Cáritas Paroquial de Coruche Projecto CLDS, em conjunto com o CRIC - Centro de Reabilitação e Integração de Coruche e a Câmara Municipal de Coruche - Serviço de Acção Social. Participação nas actividades do dia “Da Indiferença À Diferença”, que decorreu na Escola Secundária Da Ramada, em Odivelas, com duas apresentações distintas realizadas pela Directora Executiva da associação para dois gruposturma diferentes, com uma comunicação e uma apresentação em power point sobre o “Valor da Arte realizada por Pessoas com Deficiência” Participação na Apresentação dos “Projectos de Acessibilidades e Inclusão” no Museu Nacional de Machado de Castro em Coimbra. Frequência da Directora Executiva da ANACED no “Curso de Formação intermédia em Gestão de Organizações Sociais – Capacitar para Dirigir”, promovido pela Fundação Afio Diferença.

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Participação na “I Jornada da Pastoral da Deficiência”, que decorreu na Universidade Católica Portuguesa, com uma comunicação apresentada pela Presidente da ANACED com título Dos Limites aos Sonhos. Participação no “Workshop Deficiência e Direitos Humanos”, promovido pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, através do seu Centro de Administração e Políticas Públicas. Participação na “Conferência Internacional: A Crise Económica Global – uma oportunidade para criar futuro”, organizada pela Fundação Liga. Participação no Lançamento do Livro “Dilemas da Diversidade: Interrogar a deficiência, o género e o papel das políticas públicas em Portugal”, da autoria de Paula Campos Pinto. Participação na Apresentação do Projecto de Acessibilidades “Bibliotecas do Concelho de Lisboa”, promovido pela Fundação LIGA.

Estas participações tiveram como resultado um aumento do conhecimento, indispensável para uma melhor condução e um melhor planeamento das actividades da associação, de forma a agir mais eficazmente na defesa dos direitos das pessoas com deficiência.

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1.4. Programa de Difusão Artística, Cultural e de Formação A ANACED entende como essencial a divulgação de actividades artísticas, culturais e de formação, no sentido de por um lado, criar para as pessoas com deficiência novas oportunidades de participação e envolvimento na comunidade, minimizando as desvantagens sociais decorrentes da restrição e limitação na participação social das mesmas, que muitas vezes conduzem à sua exclusão e, por outro, dar a conhecer à sociedade as realizações das pessoas com deficiência, levando-a a tomar consciência das capacidades destas pessoas, por forma a contribuir para a eliminação do preconceito, fruto muitas vezes do desconhecimento e da falta de informação. Para tal, a ANACED desenvolveu um Programa de Difusão Artística, Cultural e de Formação que engloba a divulgação através do Sítio Web, da página do Facebook, da mailling list e do Programa de Difusão Artística, Cultural e de Formação apresentado em formato digital/ Adobe Reader,

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Para a elaboração dos sete números do Programa de Difusão Artística, Cultural e de Formação, e para as divulgações feitas através dos outros meios referidos, foram estabelecidas parcerias, ainda que informais, com os promotores das iniciativas realizadas neste âmbito através do envio de uma carta que convidava as instituições e as entidades culturais a dar-nos a conhecer as actividades artísticas, culturais e de formação que promovem. Para além da informação recepcionada, foram também feitas pesquisas no sentido de conseguir mais informação e elaborados os textos e o grafismo do referido Programa. Através de todos os meios mencionados, foram divulgadas as seguintes iniciativas de carácter artístico, cultural e formativo: • Reconstruir – Ou o dilema da cidade perfeita, criação do projecto Crinabel Teatro • A Maior Flor do Mundo, promovido pela CERCIMBarreiro, o Tr.Ama Teatro da CERCIAMA, a CERCILISBOA e CERCIOEIRAS, com a colaboração do CECD, CERCIMB e CS Idanha, • Historias Fora de Palco – Exposição Fotográfica, Crinabel Teatro • Euro-Mediterranean Youth Music Expo 2012 • Homo Virtualis, Os Animais Fantásticos e Felizmente há Luar, exposições promovidas pela ANACED • Concurso "Cartaz 3 de Dezembro de 2012 / Dia Internacional das Pessoas com Deficiência”, promovido pelo INR • CiM, Companhia Integrada Multidisciplinar • Workshop de Dança Inclusiva, promovido pela Vo’Arte e CiM • VI Gala APPACDM de Coimbra - TOCA A (EN) CANTAR • ENDLESS, Associação dos Amigos da Arte Inclusiva, através do Grupo Dançando com a Diferença • Festival i, as artes por miúdos!, promovido pela Associação a d’Orfeu 16


• VIII Prémio Internacional de Contos escritos por pessoas com deficiência, promovido pela Fundación ANADE, Espanha • We got the power – Exposição Colectiva Alunos da CERCIGAIA • Corpo Evento – XIV Ciclo de Espectáculos em Teatro e Dança, promovido pelo Espaço t • Eu Danço – Dança Criativa • Plural | Núcleo de Dança Contemporânea • I Prémio Internacional de Artes Plásticas Realizadas por Pessoas com Deficiência, promovido pela Fundación ANADE, Espanha • Concurso Arte e Criatividade, promovido pela Câmara Municipal de Almada • 5º Festival Nacional da Canção para Pessoas com Deficiência Mental, organizado pela ARCIL • Festival D’ARte II, organizado pela APPACDM Anadia • PRÊT–À–PORTER - criação coreográfica do PLURAL | Núcleo de Dança Contemporânea da Fundação LIGA • Congresso de Design Inclusivo, promovido pela ACAPO • "Um Tempo sem Portas" Criação Colectiva do Grupo Crinabel Teatro • Livro “O Relógio que Tem a Barriga a Dar Horas”, de Lurdes Breda • I Festival de Teatro de Calle “INTEGRARTE”, Espanha • Workshop de Dança Contemporânea/Movimento para cegos e normovisuais, bailarinos e técnicos, promovido pela Associação Cultural Vo’Arte • Oficinas de Verão “HÁ TEATRO NO MUSEU”, promovidas pelo Museu Nogueira da Silva • MCCB – Museu da Comunidade Concelhia da Batalha, O Museu de Todos • Gente Gira, Programa de Férias, promovido pela CERCI Lisboa • PrimaverArte, projecto de Pintura e Dança, promovido pelo CECD Mira Sintra • Workshop “Um dia de Pintura em Aguarela no Jardim”, promovido pela Cá 17


• Peça de Teatro “Inês e Pedro, um grande amor”, pelo Era Uma Vez… Teatro • Peça de Teatro “Metastasiplis”, pelo Grupo de Teatro Terapêutico do Hospital Júlio de Matos • 15º Lugar à Dança, Workshops de Dança, Performance e Atelier de Pesquisa Coreográfica, promovido pelo Vo’Arte • Grande Exposição Táctil de Maquetas, promovida pela Pós-Graduação em alunos cegos e com baixa visão da ECATI/ULHT. • Concurso Jovens Criadores 2012, promovido pelo Clube Português Artes e Ideias • II Festival D’Arte, promovido pela APPACDM de Anadia • Teatro Musical Toca a (en) cantar, promovido pela APPACDM de Coimbra • 3º Seminário Internacional sobre Deficiência e Reabilitação, promovido pela Universidade do Minho • II Volta Redonda – Mural de Azulejos, promovida pela APEXA • Espectáculos do Grupo Crinabel Teatro disponíveis para digressão em 2013 • Exposição de trabalhos artísticos das Cercitop de Sintra • Feira Setecentista no Largo do Palácio Nacional de Queluz, promovida pela Câmara Municipal de Sintra • Actividades da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves para pessoas com necessidades especiais • V concurso Nacional de Pintura, Escultura e Fotografia sobre o tema “fetos”, promovido pela APEXA • “Próxima Paragem”, Espectáculo do Grupo de Teatro e Dança do CRIF • Concurso “Escola Alerta!”, promovido pelo INR, I.P. • VII Prémio Internacional de Fotografia sobre Deficiência, promovido pela Fundación ANADE • Programa Gulbenkian Educação para a Cultura – Necessidades Educativas Especiais • Programa de Actividades para pessoas com necessidades especiais dos Museus da Cidade, Antoniano e Bordalo Pinheiro • V Encontro da Pessoa Excepcional, promovido pela APEXA 18


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Projecto “Lisboa Acessível”, promovido pela Associação Salvador Exposição “Mãos com Arte V” – Brincar com Arte, promovida pela CERCIMARCO Espectáculo Sala Branca, a partir de Harold Pinter, apresentado pelo Grupo Crinabel Teatro Exposição Irmãos Grimm: Vida e Obra, apresentada pela Biblioteca Pública Municipal do Porto Livro “Semeadores de Afetos”, de Manuela Cunha Pereira Projecto Construa Pontes e não Barreiras, promovido pelo Museu Nacional de Machado de Castro Campus Artístico III, promovido pela APPC do Porto Programa de Visitas Guiadas da Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura “I Want to Break Free”, Exposição de Pintura de Miguel André Aguir, cliente daFundação LIGA Actividades da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves para pessoas surdas e invisuais Muestr’Arte, Festival promovido pela asociación Alfa Oficinas “Mundo a Dançar” e “Danças do renascimento”, promovidas pela Porto Cultura V Festival Internacional de Cine sobre la Discapacidad, promovido pela Fundación ANADE E”Criativ (arte), promovida pela CERCILEI 1º Meeting Internacional CEO: Criar, Envolver, Orientar Educação Especial: a (boa) prática das ideias, promovido pela Escola Profissional de Aveiro Exposição “Art Mov On”, promovida pela AKAarte Cartaz comemorativo do dia 3 de Dezembro - Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. INR, I.P. 4ª Edição da Exposição de Arte Contemporânea POLARIS – PT, promovida pela Fundação Afid Diferença Exposição Lugares Incomuns, promovida pela Fundação Afid Diferença 7º Congresso Internacional Espaço t dedicado à Felicidade Ateliers de Natal no Museu Nacional de Machado de Castro 19


• DILEMAS DA DIVERSIDADE: Interrogar a Deficiência, o Género e o Papel das Políticas Públicas em Portugal, Livro da autoria de Paula Campos Pinto • Exposição Três Estrelas e um Menino - Presépios de Delfim Manuel, promovida pelo Museu Nacional do Azulejo • Actividades do Museu da Cidade para pessoas com necessidades especiais O resultado desta acção traduziu-se no elevado número de pessoas alcançadas e no forte impacto sociocultural, avaliado pelos comentários e opiniões registadas pela ANACED acerca deste Programa e das propostas nele apresentadas e numa maior participação do público-alvo nas mesmas.

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Dentro desta área de actuação, Conhecer para Informar – Difundir para Incluir, a ANACED estabeleceu ainda parcerias com: A Asociación Cultural la Badila de Cauria (Espanha) para a participação de um grupo de teatro português constituído por actores com deficiência no I Festival de Teatro de Calle “Integrarte”: Por intermédio da ANACED o Grupo Crinabel Teatro actuou neste Festival com o espectáculo "Um Monólogo" do dramaturgo Inglês Gregory Motton, com encenação de Marco Paiva e interpretação de António Coutinho. A APPACDM de Anadia na divulgação do II Festival D’Arte. A APEXA na divulgação da II Edição da Volta Redonda – Mural de Azulejos e na divulgação do V Concurso Nacional de Pintura, Escultura e Fotografia “Reabilitar através da Arte”.

O Museum of Everything de Londres, para venda de obras de arte dos artistas com deficiência portugueses no site www.workevery.com, a primeira rede on-line para ateliers e artistas de todo o mundo. 21


A Associação Salvador na promoção e divulgação do projecto “Lisboa Acessível”, que foi um dos vencedores da 5ª edição do Orçamento Participativo da Câmara Municipal de Lisboa. Este projecto, submetido pela Associação Salvador, em conjunto com a ACAPO, ACA-M, ADFA, ANACED, APEDV, FPDD, Fundação LIGA e Gulliver, visa tornar o percurso desde Entrecampos até ao Marquês de Pombal livre de barreiras físicas. O objectivo é criar uma zona modelo daquilo que deverá ser a cidade do futuro. Uma cidade inclusiva, mais atractiva, organizada, agradável para passear e andar a pé, que proporcionará uma maior qualidade de vida a TODOS os cidadãos.

Com o INR, I.P. no Evento Portugal Maior, através de uma actividade artística que dinamizou o espaço do stand daquele Instituto, com o objectivo de sensibilizar o público para as capacidades e realizações das pessoas com deficiência.

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1.5. Directório sobre Acessibilidade em Espaços Culturais e Artísticos A ANACED, em parceria com a Fundação LIGA, elaborou um Questionário para aferir das condições de acessibilidade dos espaços culturais e artísticos de todo o País. O mesmo foi enviado a teatros, museus, cinemas, bibliotecas, serviços de turismo, monumentos e outros locais de importância cultural nacional. Como resultado desta acção a ANACED recebeu 143 questionários respondidos por espaços culturais e artísticos de 16 Distritos de Portugal Continental.

Numa segunda fase a ANACED, em parceria com uma técnica de acessibilidade da Fundação LIGA, procedeu à análise dos resultados obtidos no questionário. Uma vez que as respostas obtidas a este questionário tinham como finalidade serem publicadas num Directório sobre Acessibilidade em Espaços Culturais e Artísticos, a ANACED procedeu, numa terceira fase do desenvolvimento desta acção, à selecção de imagens e à elaboração da estrutura organizativa do mesmo. Por último, foi realizada a 1ª Edição do Directório, em formato digital, utilizando um dos padrões de ebooks mais conhecidos, o Adobe Reader.

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2. Partilha de Produção Artística

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2.1. Circuito Nacional de Difusão, Circulação e Promoção de Produção Artística A ANACED organizou um Circuito Nacional de Difusão, Circulação e Promoção de Produção Artística inter pares, que visou através de mostras de arte, facilitar a aproximação e a inter-relação do artista com deficiência com a comunidade e com a produção de outros, contribuindo para a sua entrada em circuitos culturais e artísticos convencionais. Deste Circuito, fizeram parte as seguintes exposições:

“Os Animais Fantásticos” – Exposição Colectiva de Azulejaria. “A Cor do Natal” – Exposição Colectiva de Pintura e Desenho. “Felizmente há Luar” – Exposição Individual de Pintura de Rita Saraiva. ”Homo Virtualis” – Exposição Colectiva de Pintura.

A ANACED realizou um Portfólio das mostras de arte e as Condições de cedência temporária das mesmas, que enviou a um grande número de espaços culturais nacionais, no sentido de conseguir dos responsáveis pelos mesmos abertura para receberem as propostas apresentadas por esta associação.

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2.1.1. A COR DO NATAL – Exposição Colectiva de Pintura e Desenho De 2003 a 2009 a ANACED promoveu um Concurso Nacional de Postais de Natal com o objectivo de abrir um espaço de participação activa às pessoas com deficiência através da expressão plástica e convidar entidades públicas e privadas de todo o País a elegerem entre as propostas apresentadas, uma ou mais para os seus Postais de Natal, de forma a dar visibilidade às capacidades destas pessoas. Deste Concurso resultou um conjunto de pinturas e desenhos que constituem o núcleo da Exposição A COR DO NATAL, organizada pela ANACED e que revelam a criatividade e o talento dos seus autores, transportandonos para uma recriação original dos símbolos do Natal que sugerem mensagens de solidariedade e aceitação. Tendo em vista dar visibilidade ao potencial criativo dos autores dos desenhos e pinturas referidas, a ANACED propôs a diversas entidades públicas e privadas que recebessem nas suas instalações esta Exposição, de forma a valorizar e a divulgar a obra artística das pessoas com deficiência, estimulando simultaneamente no público infantil o gosto pela escrita criativa, com a invenção de histórias, a partir das recriações apresentadas.

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Em 2012, a mesma foi apresentada ao público na Biblioteca Municipal de António Botto, Abrantes durante o mês de Dezembro 2012.

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2.1.2. Os Animais Fantásticos” – Exposição Colectiva de Azulejaria

A Exposição de Azulejaria Os Animais Fantásticos, resulta da participação de pessoas com deficiência em Oficinas de Pintura e Modelação de Azulejos realizadas em 2006 no Museu Nacional do Azulejo, entidade com a qual a ANACED estabeleceu uma parceria em 2004 para o desenvolvimento do Projecto Criar & Aprender. Estas oficinas, permitiram aos participantes o contacto com uma das expressões mais características da cultura portuguesa e com as técnicas de pintar e de trabalhar no azulejo a textura e a 3ª dimensão, permitindo-lhes o desenvolvimento da sua motricidade fina e das suas capacidades estéticas. Inspirados na obra Os Animais Fantásticos de José Jorge Letria, os autores dos 47 azulejos que constituem o núcleo desta Exposição, mostraram todo o seu potencial criativo, revelando capacidades que lhes dão a possibilidade de se reconhecerem e serem reconhecidos como verdadeiros artistas. Tendo em vista dar visibilidade ao potencial criativo dos autores dos azulejos, a ANACED propôs a diversas entidades públicas e privadas que recebessem nas suas instalações esta Exposição, de forma a valorizar e a divulgar a obra artística das pessoas com deficiência, dando simultaneamente a conhecer ao público uma visão diferente de imaginar e retratar os animais, estimulando simultaneamente no público infantil o gosto pela pintura ou modelação de azulejos e pela escrita criativa com a invenção e construção de histórias, a partir das representações apresentadas. 28


Durante o ano de 2012, a mesma foi apresentada ao público nos seguintes espaços culturais: Biblioteca Municipal de Cantanhede | Março 2012. Biblioteca Municipal Afonso Duarte em Montemor-o-Velho | Abril 2012. Biblioteca Municipal de Aveiro | Novembro/Dezembro 2012

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2.1.3. Felizmente há Luar – Exposição Individual de Pintura de Rita Saraiva

Em 2011 a ANACED organizou a exposição “Felizmente há Luar”, primeira individual da artista plástica Rita Saraiva, com 17 obras em tela que têm como tema central a Lua, acompanhadas de cinco poemas da autoria da artista.

A exposição é um reconhecimento do trabalho criativo e do talento de Rita Saraiva, marcando a entrada da artista no circuito cultural nacional.

Rita Saraiva nasceu em Lisboa em Janeiro de 1972.

Concluiu a licenciatura em Arquitectura de Design na Faculdade de Arquitectura pela Universidade Técnica de Lisboa em 2000.

Começou a pintar aos 15 anos em óleo. 30


Durante o ano de 2012, a mesma foi apresentada ao público nos seguintes espaços culturais: Biblioteca Municipal José Saramago em Loures | Fevereiro 2012. Biblioteca Municipal de António Botto, Abrantes | Setembro 2012 Biblioteca Municipal de Castelo de Paiva | Outubro 2012

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2.1.4. Homo Virtualis – Exposição Colectiva de Pintura

Com o objectivo de integrar os artistas com deficiência no circuito artístico nacional, a ANACED organizou, a convite do Comissariado da IV edição da Bienal Internacional de Arte Contemporânea na Ilha do Porto Santo, a Exposição Colectiva de Pintura Homo Virtualis, composta por 14 telas da autoria de 18 artistas, que foi apresentada ao público naquela ilha durante o mês de Agosto de 2011.

Para a ANACED esta foi mais uma oportunidade para valorizar e projectar a criação artística das pessoas com deficiência, por considerar que todos os artistas, independentemente das suas diferenças, têm direito a participar activamente na vida cultural do seu país, para que ninguém seja excluído da tarefa comum de edificar um mundo de fraternidade e democracia, onde a diversidade e a pluralidade sejam respeitadas.

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Durante o ano de 2012, a mesma foi apresentada ao público nos seguintes espaços culturais: Biblioteca Municipal Aquilino Ribeiro em Moimenta da Beira | Janeiro 2012. Biblioteca Municipal de Cantanhede | Março 2012. Biblioteca Municipal Afonso Duarte em Montemor-o-Velho | Abril 2012.

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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

Este texto tem por objectivo apresentar uma avaliação do Circuito Nacional de Difusão, Circulação e Promoção de produção artística, organizado com quatro exposições “Os Animais Fantásticos” – Exposição Colectiva de Azulejaria, “A Cor do Natal” – Exposição Colectiva de Pintura e Desenho, “Felizmente há Luar” – Exposição Individual de Pintura de Rita Saraiva e”Homo Virtualis” – Exposição Colectiva de Pintura, que foram apresentadas ao público durante o ano de 2012 nas cidades de Abrantes, Aveiro, Cantanhede, Castelo de Paiva, Loures, Moimenta da Beira e Montemor-o-Velho.

Os resultados têm origem no Questionário de Avaliação preenchido pelas Entidades que requisitaram as exposições referidas. 1. O Questionário de Avaliação O Questionário de avaliação constou de seis questões, as três primeiras, destinadas a recolher a opinião da Entidade Requisitante para aferir sobre o impacto e os resultados esperados pela ANACED com o desenvolvimento desta acção e a quarta questão para apurar o número de visitantes das exposições. Além destas quatro questões, o questionário de avaliação conteve ainda duas questões que solicitavam da Entidade Requisitante os aspectos positivos e os aspectos a melhorar na apresentação das exposições. Em seguida serão apresentados os resultados obtidos a partir dos questionários que foram entregues.

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2. Resultados obtidos a partir dos Questionários de Avaliação

Impacto e Resultados A avaliação geral desta dimensão da acção foi muito positiva, com a maioria das Entidades Requisitantes a considerar que as exposições corresponderam totalmente às suas expectativas e às do público que as visitou e a considerarem que a apresentação destas Exposições foi totalmente pertinente para uma maior visibilidade para as capacidades artísticas das pessoas com deficiência e para uma mudança de mentalidade de todos os que partilharam destas mostras. Todas as Entidades Requisitantes mostraram total abertura para mais iniciativas como esta. Número de Visitantes Pelas respostas à questão quatro, o número total de visitantes das dez exposições ultrapassou em muito as expectativas da ANACED, com um número aproximado de 6000 visitantes.

Aspectos positivos e a melhorar na apresentação das Exposições Quanto aos aspectos positivos, a opinião geral foi a de que as exposições serviram essencialmente para valorizar a capacidade e sensibilidade artística de cidadãos que pela natureza da sua deficiência têm menos oportunidades de mostrar o seu trabalho e para demonstrar que apesar das deficiências, as pessoas com deficiência conseguem artisticamente surpreender pelas suas capacidades. Quanto aos aspectos a melhorar, nada houve a registar.

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2.2. EN’Arte – 4º Encontro Nacional de técnicos que enquadram as pessoas com deficiência no desenvolvimento do seu processo artístico A ANACED realizou no dia 15 de Novembro de 2012 o EN’Arte – 4º Encontro Nacional de técnicos e pessoas com deficiência que enquadram a sua actividade nas práticas artísticas, este ano sobre o tema A Música como meio terapêutico, educativo, de inclusão social e de realização pessoal e profissional. Muitos acreditam que a Música para uma pessoa com deficiência só tem utilidade e função como terapia ocupacional ou reabilitação. No entanto, a produção artística de uma pessoa com deficiência pode ser tão boa quanto a de qualquer outra pessoa. Logo, encarar a produção ou intenção artística de uma pessoa com deficiência como fazendo parte somente de um processo de reabilitação ou de inclusão social, são atitudes que podem ceifar o potencial artístico da mesma. Partindo desta realidade, a ANACED promoveu um debate reflexivo, que envolveu músicos com e sem deficiência, técnicos, professores, estudantes e demais interessados, que partindo do tema e das questões, Que tipos de respostas existem para as pessoas com deficiência que querem praticar esta expressão artística? Será que sem uma formação académica os músicos com deficiência podem aspirar à profissionalização e inserção no mercado de trabalho? possa conduzir a um conhecimento mais alargado desta realidade de forma a aumentar a intervenção na construção de uma sociedade verdadeiramente inclusiva. O Encontro reuniu 52 participantes oriundos de norte a sul do País. 36


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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO Este texto tem por objectivo apresentar uma avaliação do EN’Arte – 4º Encontro Nacional de técnicos e pessoas com deficiência que enquadram a sua actividade nas práticas artísticas, sobre o tema A Música como meio terapêutico, educativo, de inclusão social e de realização pessoal e profissional, realizado em Miraflores no dia 15 de Novembro de 2012, no Auditório e Sala Cervarix da Companhia Farmacêutica GlaxoSmithKline. Os resultados têm origem na Ficha de Avaliação preenchida pelos participantes. Em anexo encontra-se a ficha, na versão que foi entregue aos participantes. 1. A Ficha de Avaliação A ficha de avaliação constou de quatro grandes blocos, o primeiro, que avalia a organização do evento, e o segundo e terceiro blocos destinados a recolher a opinião do participante acerca dos conteúdos dos dois Painéis e do Workshop, nomeadamente da metodologia aplicada, conteúdo abordado, interacção entre os participantes e o interesse do mesmo para o seu desempenho profissional. Além destes três blocos, a ficha de avaliação conteve ainda duas questões que solicitavam do participante uma avaliação global do evento. A ficha de avaliação foi entregue a cada um dos participantes, dentro da pasta do evento, junto ao restante material. No final foram obtidas 31 fichas de avaliação, que correspondem a 60% do total de inscritos no evento. Em seguida serão apresentados os resultados obtidos a partir das fichas que foram entregues.

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2. Resultados obtidos a partir das Fichas de Avaliação

Organização, Painéis e Conteúdos A avaliação geral destas dimensões do Encontro foi muito positiva, com a maioria a classificar como boa a divulgação do Encontro e muito boas a informação sobre o mesmo e os conteúdos dos Painel 1 e Painel 2. Relativamente a estes últimos foi referido o facto de em cada um deles terem sido abordadas as perspectivas, artística e profissional, reabilitativa e educativa, consideradas da maior importância para a formação de uma visão global sobre o assunto debatido. Workshop A avaliação do Workshop foi classificada pela participantes que manifestaram a sua opinião, como muito bom, o que não surpreendeu dada a constatação da interacção entre o dinamizador e os participantes com e sem deficiência, que consideraram esta experiência teórica e prática muito enriquecedora para a sua formação e desempenho profissional. Avaliação Global do Encontro As duas perguntas dissertativas, tinham como opção de resposta uma pontuação de 1 a 5, tendo o número 1 como a pontuação mínima (nada) e o número 5 como a pontuação máxima (muito). A ambas foi atribuído pelos participantes que manifestaram a sua opinião, a pontuação 5. Ainda segundo a análise dos dados recolhidos as expectativas manifestadas pelos participantes prendem-se essencialmente com a aquisição de conhecimentos e competências no que diz respeito a estratégias e metodologias de intervenção com pessoas com deficiência. 40


Podemos também observar que os participantes referiram, ter como expectativas, a necessidade de desenvolvimento de mais projectos desta natureza para articulação e partilha de informação/experiências, para consolidação da proximidade entre parceiros e para a capacitação dos técnicos e pessoas com deficiência que enquadram a sua actividade nas práticas artísticas. A eleição da ANACED como instituição centralizadora da divulgação e promoção das realizações artísticas das pessoas com deficiência, foi frequentemente referida por parte dos intervenientes. Esta avaliação será de suma importância para a elaboração de futuros encontros da ANACED, visto que apontou os pontos mais positivos e os principais desafios do mesmo.

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3. Nada sobre Nós sem Nós

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3.1. Ciclo de Conversas sobre Arte & Inclusão A ANACED promoveu um Ciclo de conversas com artistas com deficiência com a finalidade de debater com os mesmos aspectos relativos à sua inclusão social através da arte. Dedicadas à Arte & Inclusão e tendo como alicerce o Artigo 30º da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, estas conversas, permitiram à ANACED conhecer os pontos de vistas do actor, Tó Coutinho, da escritora Lurdes Breda, da pintora e poetisa Rita Saraiva e do pintor Luís Miguel sobre três questões principais: 1.Como acha que a sociedade trata os artistas com deficiência? 2.De que forma é que a arte contribui para a sua inclusão social? 3.O que acha que deveria ser feito para se sentir plenamente integrado na sociedade e reconhecido como artista? Estas conversas, pensadas num formato bastante informal, contaram também com a participação do artista plástico e poeta Isidoro Augusto e do actor e encenador Marco Paiva e tiveram como resultado uma opinião consensual, representativa de como os artistas com deficiência sentem a sua inclusão na sociedade: 43


1. A sociedade vê a deficiência com preconceito. Na sociedade em que vivemos ser normal, é muitas vezes, sinónimo de ser igual. Igual a um modelo padrão e quem não está dentro desse modelo “ideal de pessoa” é excluído da sociedade. Talvez isso justifique tanto preconceito e tantas formas de discriminação. Geralmente, referem, “somos vistos como incapazes de ter vida social por nós, mesmo dando demonstrações das nossas capacidades e potencialidades. Apesar de usarmos outros meios além das pernas para nos movimentarmos, de decifrarmos o ambiente com outras partes do corpo e não simplesmente com os olhos e ouvidos, de lermos com os dedos ou de falarmos com gestos, podemos fazer tudo o que todas as pessoas fazem, desde que nos sejam garantidas as condições de acessibilidade que devem ser asseguradas para todos”. No que diz respeito especificamente aos artistas com deficiência, a situação é idêntica, na medida em que os mesmos consideraram que não é a falta das pernas ou braços, ou a falta de visão ou audição que interfere com o seu talento para pintar ou escrever, que são capacidades inatas que podem ser realizadas de outras formas que não as convencionais. “Se não tenho braços, posso pintar com a boca e se não posso escrever um texto, posso ditá-lo. Não é a deficiência que inibe o nosso talento”. Mas, muitas vezes, segundo o pintor Luís Miguel a sociedade “olhanos não como talentosos, mas como habilidosos, no sentido pejorativo da palavra”. Muitas pessoas não acreditam que uma obra de arte possa ser produzida por alguém que não tem braços, por exemplo. Elas não sabem pesquisar e procurar conhecer a pessoa por trás de um quadro. Logo, acabam por não valorizar o artista com deficiência.

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Já a escritora Lurdes Breda, considera que “muitos progressos se têm vindo a fazer nesse âmbito e que já não se olha para o artista portador de deficiência com paternalismo, mas sim pelas suas capacidades.” Para ela, a forma como o próprio cidadão deficiente se assume e se relaciona com os outros determina ou não que a sociedade o respeite e o encare como membro de pleno direito.” Ainda assim, segundo ela “vivemos muito no efémero e os meios de comunicação ajudam a que o conceito de beleza esteja muito estereotipado e isso faz muitas vezes com que a sociedade desvalorize aquilo que não é aparente nem de fácil apreensão. É preciso ver mais além, aprofundar e, sobretudo, aprender e saber crescer interiormente com as diferenças”. Para a pintora e poetisa Rita Saraiva, “ser artista é difícil, e não falo só dos artistas com deficiência, porque é imprescindível que o resultado final do nosso trabalho, isto é, a obra de arte seja promovida e mostrada publicamente para que a sociedade passe a valorizar o artista com deficiência e a sua contribuição para o enriquecimento de um património cultural que é de todos. Neste caso, foi unânime a opinião de que tem sido através de muitas instituições, como a ANACED, que muitos artistas com deficiência, possuem o reconhecimento do seu trabalho, através de oportunidades criadas para lhes dar visibilidade. É essa visibilidade que permite à sociedade mudar o seu comportamento.

2. A Arte contribui para a inclusão social A arte é um importante veículo para a construção da sociedade inclusiva. Através da arte a pessoa com deficiência pode trabalhar os seus sentimentos em relação à sociedade, que, na maioria das vezes, o discrimina ou o segrega, devido aos preconceitos e ao estigma. O trabalho com arte é capaz de transformá-lo num ser humano socialmente activo, com uma auto-estima positiva e uma função social determinada. 45


O trabalho com a arte pode incentivar as potencialidades latentes de cada pessoa, pois possibilita o desenvolvimento de sua imaginação, criatividade e capacidades. Através da arte, o indivíduo com deficiência pode expressar-se, socializar e demonstrar a sua singularidade. Uma pessoa capaz de se expressar artisticamente é também capaz de participar de modo mais efectivo dentro do seu contexto sociocultural, pois contribui produtivamente e transforma o seu desenvolvimento num constante processo de aprendizagem e de reconstrução das suas formas de expressão, exercendo, assim, a sua cidadania. É o que acontece comigo, disse Lurdes Breda. “A arte, neste caso, a Literatura, é o meio através do qual eu comunico com os outros, os envolvo e sensibilizo para a causa da inclusão e das diferenças. O facto de me sentir inserida e aceite por todos aqueles que vou conhecendo e com quem vou convivendo é, só por si, uma acção inclusiva. Através da Literatura, eu tenho oportunidade de (re) educar as pessoas e de as sensibilizar. Esta também me tem permitido estar nos mais diversos contextos e lugares. Creio que os meios escolares para os quais tenho sido convidada são os mais importantes, porque é aí que podemos influir nos valores e na formação dos homens e mulheres de amanhã para a construção de uma sociedade mais humanizada e tolerante”. Para Rita Saraiva e Tó Coutinho foi através da arte que descobriram e mantêm laços de diálogo com os promotores e apreciadores do seu trabalho artístico.

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3. Que propostas para se sentir plenamente integrado na sociedade e reconhecido como artista? “Há muito caminho a percorrer, temos de nos reeducar a todos, deficientes e não deficientes!... Quantos de nós, não preferimos o ostracismo, ao grito da revolta? Inclusão social, só se dá quando, todos tivermos a capacidade de nos olharmos como igual, e para que isso aconteça a " EDUCAÇÃO " terá de ter aqui um papel preponderante”. Que deixassem de haver artistas deficientes e não deficientes!....- Mas sim e só artistas!... Por acaso já perguntaram à arte se ela é assim tão preconceituosa, que chegue ao ponto de separar, os objectos criados pelos artistas deficientes e não deficientes?.... A arte é toda ela uma e só uma, a ARTE. (Luís Miguel, pintor) “Uma melhor gestão de talentos e a existência de concursos, bolsas e outras iniciativas que contribuam quer para o aperfeiçoamento do nosso trabalho artístico, quer para a visibilidade do mesmo”. (Rita Saraiva, pintora e poetisa) “Resta-me continuar a trabalhar como sempre fiz. A teimar. A não desistir face às adversidades e aos obstáculos. A respeitar os outros, mas a exigir o mesmo respeito para comigo. A ser vista pelo que escrevo e pelo que consigo ensinar e não por ter deficiência. Neste momento, através daquilo que faço, tenho a possibilidade de dar oportunidade a outros artistas para trabalharem comigo, nas mais variadas áreas e a maioria não tem qualquer género de deficiência. É uma outra perspectiva, não serem sempre as pessoas ditas “normais” a darem oportunidades aos deficientes, mas porque não também as pessoas com deficiência a darem oportunidade e a trabalhar com os outros. A convivência e o trabalho mútuo a partir da afectividade e das capacidades de cada um, sem fazer distinção. Essa é a verdadeira inclusão”. (Lurdes Breda, escritora)

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“Mais oportunidades de participação em iniciativas artísticas não especificamente direccionadas para pessoas com deficiência, que nos permitam partilhar o nosso talento com outros artistas e com o público” (Tó Coutinho, actor) Conclusão Apesar da mudança verificada nos últimos anos, os artistas com deficiência ainda se deparam com muitas dificuldades para desenvolverem a sua carreira artística. A exemplo de outras áreas, eles encontram o seu espaço em grupos restritos de actuação, cujo foco é a inclusão social desta população e a defesa dos seus direitos. Este é o único espaço de oportunidades mais amplas e aonde a arte se torna acessível. Grande parte destes artistas não possui formação académica específica em arte. A maioria tem uma formação precária deste ponto de vista, devido à falta de condições no acesso à educação artística, bem como no acesso ao consumo de bens culturais ou na frequência de ambientes artísticos da sua área. Assim, as expectativas e propostas dos artistas com deficiência são: Que o Estado adopte todas as medidas para garantir o direito à participação na vida cultural, enunciado no Artigo 30º da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência; Que as pessoas com deficiência possam ter acesso a uma educação artística que respeite a diversidade e as capacidades individuais de cada um; Que os artistas com deficiência possam entrar nos circuitos culturais e artísticos convencionais de modo a partilharem com os seus pares e com a sociedade a sua produção artística; 48


Que os artistas com deficiência possam ser respeitados e valorizados pelo que são e não pelo que têm; Que deixem de haver “artistas com deficiência” e “artistas sem deficiência”, mas sim e só ARTISTAS. Que a sociedade se adapte para atender às necessidades das pessoas com deficiência e, com isso, se torna mais atenta às necessidades de TODOS.

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Participação no CMIPD – Conselho Municipal para a Inclusão da Pessoa com Deficiência O CMIPD – Conselho Municipal para a Inclusão da Pessoa com Deficiência constituiu-se em 1997, como órgão consultivo do município de Lisboa e tem por objectivo principal “promover e valorizar a cidadania e participação das pessoas portadoras de deficiência e suas organizações sem fins lucrativos representativas do Município de Lisboa.” A Câmara Municipal de Lisboa assumiu em 2007 o compromisso de retomar o funcionamento deste Conselho Municipal, inactivo desde 2003, para cumprir os seus objectivos e consagrar, desta forma, os direitos de participação dos representantes das Organização Não governamentais de e para pessoas com deficiência com intervenção na cidade de Lisboa. Em 2012, a ANACED participou numa Reunião do Conselho Municipal para apresentação do Plano Municipal de Acessibilidade Pedonal e para a designação de representante para a Comissão de Acompanhamento da Equipa de Missão Lisboa Europa 2020. 50


SEGUNDA PARTE

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Relatório de Contas 2012 Balanço em 31 de Dezembro de 2012

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DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZA PERIÓDICA Resultados em 31 de Dezembro de 2012

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DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA PERIÓDICA Resultados em 31 de Dezembro de 2012

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TERCEIRA PARTE

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Programa de Acção para o ano de 2013 Nota Introdutória O presente Plano de Actividades segue de perto o do ano anterior, quer no que respeita ao conjunto das actividades previstas, quer aos próprios objectivos. Quanto às actividades, pretendemos por um lado dar continuidade e completar aquelas que consideramos pertinentes para alcançar os nossos objectivos e por outro, incrementar novas iniciativas e actividades que a par da contínua divulgação das iniciativas artísticas e culturais promovidas por outras entidades criem novos espaços de expressão e de participação para estas pessoas. Neste âmbito insere-se o estabelecimento de parcerias que tem em vista a articulação das actividades da ANACED com as de outras Instituições, de forma a aumentar a capacidade de intervenção na promoção das potencialidades e direitos das pessoas com deficiência. Tal como nos anos anteriores a ANACED pretende também que os resultados das diferentes actividades possam ser considerados como contributos de valor na definição de politicas de inclusão no combate ao preconceito que impede as pessoas com deficiência de exercerem a sua cidadania na plenitude. Com este Plano de Actividades pretendemos reforçar ainda mais o papel da ANACED como verdadeiro espaço de criação de pontes entre todos os intervenientes directos e indirectos no processo de inclusão pela arte das pessoas com deficiência estimulando, deste modo, a construção de uma sociedade onde todos se sintam respeitados e reconhecidos nas suas diferenças. 56


Actividades a desenvolver 1. Pesquisa, recolha, divulgação e partilha de Boas Práticas Artísticas e Culturais realizadas em instituições que enquadram as pessoas com deficiência no desenvolvimento do seu processo artístico e cultural, de Acessibilidade ao Património Cultural, e das realizações dos artistas com deficiência, através de todas as fontes de informação e de todas as formas de comunicação, de modo a incentivar o desenvolvimento de processos de articulação cultural, artística e académica que contribuam para que as pessoas com deficiência possam participar, em condições de igualdade com as demais, na vida cultural e possam ter a oportunidade de desenvolver e utilizar o seu potencial criativo e artístico, não só para beneficio próprio, como também para o enriquecimento da sociedade. 2. Participação e intervenção em Acções de Difusão e Debate sobre questões relacionadas com a defesa e a visibilidade dos direitos das pessoas com deficiência no que concerne a matérias relacionadas com o campo de actuação da associação. 3. Edição e publicação do Programa de Difusão de Actividades Artísticas, Culturais e de Formação, de âmbito nacional, dirigido a pessoas com deficiência, técnicos e comunidade em geral, de modo a proporcionar a este público um contacto amplo e constante com as mesmas, estimulando a sua apetência por mais conhecimento e participação. 4. Organização de um Circuito Nacional de Difusão, Circulação e Promoção de Produção Artística inter pares, que visa através da apresentação de mostras de arte e da edição de um Catálogo on-line de venda de obras, facilitar a aproximação e a inter-relação do artista com deficiência com a comunidade e com a produção de outros, de modo a ver facilitada a sua entrada em circuitos culturais e artísticos convencionais. 57


5. Promoção do Espaço Temático EN’Arte, sobre o tema o Teatro como meio terapêutico, educativo, artístico e de inclusão social, que visa facilitar a troca de experiências, a partilha, o debate reflexivo e a experimentação para um aumento de competências e conhecimentos de técnicos e de pessoas com deficiência que enquadram a sua actividade nas práticas artísticas, da comunidade académica, de profissionais da área artística e cultural e de demais interessados. 6. Constituição e coordenação de um Grupo de Trabalho Interinstitucional, com a participação de artistas com deficiência, que visa elaborar um conjunto de orientações sobre os direitos de autor das pessoas com deficiência/doença mental que desenvolvem a sua actividade artística no seio de Instituições, tendo em vista garantir os direitos de propriedade intelectual das mesmas 7. Edição de um Directório sobre Acessibilidade em Espaços Culturais e Artísticos Recolher e pesquisar informação sobre Acessibilidade em Espaços Culturais e Artísticos, num número restrito de distritos de modo a conseguir dados mais exactos para um resultado mais fidedigno. 7.1. Selecção dos distritos e dos respectivos espaços culturais e artísticos neles existentes para envio de um Questionário realizado de acordo com a legislação portuguesa sobre esta matéria (Decreto - Lei nº 163/2006, de 8 de Agosto), no sentido de aferir das condições de acessibilidade dos mesmos, com recolha simultânea destes dados noutras fontes de informação. 7.2. Recolha, compilação e análise dos dados obtidos através das respostas conseguidas e da informação pesquisada.

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7.3. Organização e realização de um Evento de Partilha de Experiências e Debate de questões sobre Acessibilidade, com apresentação de propostas inclusivas no que concerne à acessibilidade física, da informação, do acervo e de actividades inclusivas, que valorize e reconheça os espaços já acessíveis como exemplos de boas práticas, de forma a estimular os que ainda não oferecem essas condições. 7.4. Edição de Directórios Distritais sobre as condições de acessibilidade nos espaços culturais e artísticos dos mesmos e publicação destes no site da ANACED e nos sites das Câmaras Municipais dos distritos abrangidos.

7.5. Realização de um Questionário dirigido às pessoas com deficiência e/ou suas famílias, utilizadoras dos espaços culturais e artísticos seleccionados, no sentido de avaliarem a acessibilidade dos mesmos e a utilidade da informação disponibilizada nos Directórios produzidos. 8. Participação nas reuniões e actividades do CMIPD – Conselho Municipal para a Inclusão da Pessoa com Deficiência

A promoção de outras actividades a realizar pela ANACED dependerá das oportunidades surgidas ao longo do ano de 2013 e das parcerias a estabelecer com outras entidades públicas e privadas nacionais ou internacionais.

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Orçamento para o ano de 2013

I. PROVEITOS E GANHOS TIPO 74 7414/8 79

VALOR ANUAL € SUBSÍDIOS À EXPLORAÇÃO Subsídio Estatal (INR) Receitas Próprias (donativos, financiamentos específicos a projectos, vendas)

44.628,82 10.000,00

TOTAL DE RECEITAS PREVISTAS

54.628,82

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TIPO 64 6411 645 6412 646 62 62217 62236

* * * * * *

VALOR ANUAL € CUSTOS COM O PESSOAL Remunerações Certas Encargos sobre Remunerações Subsídios de Alimentação Diuturnidades Seguro de Acidentes de Trabalho

40.080,06 30.729,02€ 6.636, 24€ 1258,40€ 1176€ 280,40€

FORNECIMENTOS E SERVIÇOS EXTERNOS Material de Escritório e Didáctico Trabalhos Especializados Material de suporte a exposições - Material de Desgaste Rápido Catering/ Alimentação Contabilista - Honorários Espaço e Serviços Gerais – Rendas Telefone Correspondência Deslocações de Representação Design e Tipografia – Trabalhos especializados Actualização e Manutenção do Site – Trabalhos especializados Comissões Bancárias

15.705,96 750,00 500,00 650,00 800,00 2.130,96 7.050,00 700,00 300,00 1.800,00 500,00 500,00 25,00

TOTAL DAS DESPESAS PREVISTAS

55.786,02

RESULTADO LIQUÍDO PREVISIONAL

- 1.157,20

61


Actividades co-financiadas pelo

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