Artigo CONLAB Ana Paula Luz

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DIRETRIZES PARA PROJETOS SUSTENTÁVEIS EM NOVAS CENTRALIDADES: BREVE REVISÃO DE CONCEITOS LUZ, A. P. F., COLCHETE FILHO, A. F., MAYA-MONTEIRO, P. M. GT63: Viver melhor é preciso: Crise ecológica e alternativas

RESUMO Este trabalho busca compreender como os atributos e pressupostos relacionados à noção de desenvolvimento sustentável vêm se traduzindo em diretrizes de projeto para a configuração de novas áreas urbanas. Considerando os critérios de equidade social, qualidade ambiental e viabilidade econômica relacionados à sustentabilidade, analisamos três projetos emblemáticos de novos bairros: GWL, em Amsterdam, Holanda; Vauban, em Freiburg, Alemanha e Pedra Branca, na Grande Florianópolis, Brasil. Portanto, estes projetos foram realizados em países de realidades sociais, culturais e econômicas diversas, nos quais a compreensão do conceito de sustentabilidade é variável. Verificamos então que as propostas produzem espaços bem distintos, embora partam de premissas semelhantes. Além disto, a pesquisa efetuada nos fez relativizar alguns ganhos deste tipo de empreendimento. Por fim, concluímos que a sustentabilidade de uma proposta urbana não pode prescindir dos aspectos sóciopolíticos existentes no lugar, com vistas a motivar a apropriação dos seus espaços urbanos e o incremento da resiliência ambiental, social e política da cidade. PALAVRAS-CHAVE Desenvolvimento sustentável. Resiliência urbana. Qualidade ambiental.

ABSTRACT This paper aims to understand how the attributes and assumptions which relate to the idea of sustainable development have been turned into project guidelines to configure new urban areas. Considering the criteria of social equality, environmental quality and


economic viability, this work analyzes three emblematic projects of new neighborhoods: GWL, in Amsterdam, Holland; Vauban, in Freiburg, Germany and Pedra Branca, in Florianópolis, Brazil. Therefore, these projects were carried out in countries with distinct social, cultural and economic realities, where the comprehension of the sustainability concept is diverse. We verify then that these proposals have produced very distinct spaces, although they depart from very similar premises. Besides, the research has leaded us to minimize some of the gains of this type of real estate development. Finally, we have concluded that the sustainability of an urban proposal cannot dismiss the social and cultural aspects of the place, so that it motivates the appropriation of its urban spaces by the people, and the increase of the environmental, social and political resilience. KEYWORDS Sustainable Development. Urban Resilience. Environmental Quality.

1. INTRODUÇÃO O trabalho em questão visa contribuir para o desenvolvimento de diretrizes para projetos sustentáveis em áreas urbanas das cidades que se constituam como novas centralidades. Para tanto, observamos três estudos de caso que demonstram o valor de iniciativas que buscam a melhoria do habitat urbano, criando espaços mais apropriados para viver e morar. Conceitos como o equilibrio da densidade urbana, a diversidade de usos e de mesclas sociais e culturais, a gestão participativa, a oferta de infraestrutura e mobilidade urbana adequadas e a eficiência energética são fatores cruciais para o desenvolvimento de um núcleo urbano de maior resiliência que ajude a promover a tão almejada qualidade de vida urbana. Para a cidade, a inserção de unidades-modelo eficientes pode vir a favorecer a organização da cidade como um todo, diminuindo necessidades de deslocamentos e propiciando todo o tipo necessário de serviços, lazer, cultura. Um bairro que conte com equipamentos básicos - como escola, posto para atendimento básico de saúde, farmácia, supermercados, áreas de esporte e lazer, ciclovia, etc. - e que privilegie os pedestres reduzindo o uso de veículos individuais, pode tornar-se um ambiente mais seguro para todos e que minimize os impactos ambientais da ocupação urbana.


A partir dos estudos de caso foi possível perceber a extrema necessidade da aplicação da sustentabilidade no projeto urbano, ou o que chamamos de desenvolvimento urbano sustentável. Todas as medidas implantadas, as diretrizes projetuais e a concepção urbanística levaram em conta os três vértices da sustentabilidade: o ambiental, o econômico e o social. O vértice ambiental leva em conta a preocupação de se viver em um local arborizado, livre do trânsito e da poluição dos carros, onde se procura reciclar e reutilizar materiais, práticas e técnicas ecologicamente corretas, e principalmente cuidar do local em que vivemos da melhor maneira possível. Este vértice engloba, portanto, não apenas o conforto ambiental, mas também uma busca pela redução dos impactos da ocupação humana. O vértice econômico aponta para a necessária viabilidade dos inputs e outputs ao sistema urbano, recursos e rejeitos, com estratégias como a redução do consumo de água e energia, reutilização de resíduos e, consequentemente, proporcionando redução dos gastos financeiros. E por fim, o vértice social aponta para a necessidade de integração de pessoas de diferentes classes sociais, com o compartilhamento de interesses comuns, como ocorre no caso de uma associação de moradores onde todos podem opinar e decidir em conjunto soluções locais, retomando o conceito de vizinhança. Portanto, esse vértice sugere que o espaço urbano seja adaptado de modo a se adequar às dinâmicas sociais presentes. Diante dos desafios do novo século, o planejamento urbano sustentável e resiliente possui urgência em ser pensado para a maior parte das cidades brasileiras, em especial as metrópoles. Os centros urbanos devem ser capazes de se adaptarem, resistirem às mudanças climáticas e enfrentarem suas vulnerabilidades de forma decisiva. Cidades planejadas em benefício de seus habitantes são responsáveis por proporcionarem mais bem estar e mais qualidade de vida à população. Consideramos que os exemplos recentes aqui destacados podem nos dizer sobre algumas estratégias que já estão em curso, pelo menos na escala de novas áreas e bairros e/ou de áreas urbanas requalificadas.

2. (IN) SUSTENTABILIDADE URBANA A urbanização acelerada tem gerado diversos problemas em cidades ao redor do mundo, com consequências na vida de toda a população. O crescimento descontrolado das cidades


representa um esgotamento dos recursos energéticos e hídricos e das infraestruturas existentes. Isto gera impactos diversos, como o aumento da poluição do ar, os problemas relacionados à saúde pública, além do aumento no volume do descarte de resíduos e do tratamento de resíduos sólidos e líquidos (LEITE; AWAD, 2012). Os impactos ambientais são intensificados pelo espalhamento urbano – urban sprawl- ou seja, a extensão demasiada, a ocupação dispersa e a extensão das áreas urbanas sobre largas porções do território. De diversos modos, esta expansão multiplica fatores predatórios do meio ambiente e aumenta a desigualdade entre parcelas da sociedade, tanto pela inserção formal ou informal de moradias mal localizadas quanto pelas dificuldades técnicas e econômicas aumentadas na inserção de novas infraestruturas. Além disto, as atividades urbanas em si produzem emissão de poluentes atmosféricos gerando produção de calor e consequente aumento de temperatura. Essa situação é ainda agravada quando ocorre ausência de vegetação. Os bolsões térmicos sobre as áreas urbanas, devido à concentração de poluentes, são chamados de ilhas de calor, que podem proporcionar uma diferença de temperatura entre periferia e centro da cidade com variação da ordem de 10ºC. Outros efeitos como a Inversão Térmica e o efeito estufa também ocorrem em decorrência de elementos gerados pela queima dos combustíveis fósseis. Outro ponto de reflexão, o desempenho térmico dos espaços urbanos também depende de uma combinação de fatores determinantes como exposição ao sol e ao vento, e presença de vegetação, que proporcionam uma ambiência mais ou menos favorável em relação ao clima local, salientando-se o quanto é essencial que se aumente os índices de permeabilidade do solo e de presença de vegetação para termos desempenhos melhores nas nossas cidades (MASCARÓ, 2002). Além disto, a valorização do solo urbano e a verticalização cada vez mais ascendente das edificações também gera efeitos ambientais negativos nas cidades, pela alteração de fatores como visibilidade, chegada de radiação solar e alteração da umidade do ar, com a formação de "corredores urbanos de ventos” cuja circulação foi modificada devido a estas barreiras. Portanto, a persistência dos modos de urbanização atuais é insustentável, social, econômica e ambientalmente.


3. PROJETO E SUSTENTABILIDADE A arquitetura e, obviamente o urbanismo, podem e devem ser completamente influentes na forma de desenvolver as cidades e, conseqüentemente, desenvolver uma melhor qualidade de vida para as pessoas que nelas habitam, embora saibamos que além das dificuldades de articulação entre esses campos afins, faz-se urgente a formação de uma população participativa nas decisões sobre o espaço urbano (MARICATO, 2000). Para identificarmos aspectos relevantes para uma compreensão e posterior atuação projetual sobre o meio ambiente urbano, Edwards (2009) aponta algumas das principais interrrelações da cidade sustentável, conforme gráfico abaixo, onde a meta principal é a contínua busca e promoção de um equilíbrio entre as atividades diárias dos habitantes dessas cidades. Dessa forma, o desafio é estabelecer um urbanismo atraente, sustentável e seguro.

Figura 01. Gráfico de inter-relações da cidade sustentável. Fonte: Edwards, 2009, p.222.

Promover o bem-estar dos habitantes urbanos significa integrar a questão da sustentabilidade nas cidades, de forma a proteger e defender sempre uma melhor qualidade para a população, integrando os vértices ambiental e social (DEMANTOVA; RUTKOWSKI, 2007). Sob diversos aspectos, os projetos urbanos, arquitetônicos e paisagísticos hoje têm tratado desta questão. Dentre estes, um aspecto crucial é o do espaço público. Gehl (2012) ressalta a importância do contato dos habitantes com a rua e o convívio com o outro na vivência do espaço urbano. Ele defende que se se privilegie o pedestre, já que a


utilização de veículos motorizados individuais, além de causar poluição e congestionamentos, pode fazer com que o espaço público perca sua conotação existencial como local de encontro, se tornando apenas um local de passagem. Para tanto, diversos estudos e práticas de projeto e gestão têm proposto a inserção de esquemas hierarquizados de tráfego e transporte público. Considerando a escala do bairro, a valorização dos espaços de pedestres resultou, no contexto dos arquitetos, urbanistas e planejadores dos Estados Unidos na ideia de um crescimento inteligente, ou o chamado Smart Growth. Nesta ideia, o espalhamento da cidade é combatido a partir de uma hierarquia urbana em que alguns trechos urbanos são tornados compactos e caminháveis. Nestas unidades urbanas, que não exatamente correspondem à escala de um bairro, a ideia de comunidade é valorizada. Campos Filho (2010) defende a criação de "Ilhas de tranquilidade" como forma de fomentar a qualidade de vida, retratando unidades de moradia residenciais com ruas internas de tráfego apenas local, tendo pouco ou nenhum tráfego de passagem. Ele considera que assim, nessas áreas predominantemente residenciais, seria evitado o fluxo mais intenso de veículos, um fator principal da poluição do ar e que também degrada os espacos públicos. Além da baixa intensidade do tráfego de veículos, a criação dessas ilhas de tranquilidade também depende de mudanças na legislação e no zoneamento que permitam o adensamento e a diversificação de usos. Além disto, há necessidade de uma inserção de sistemas de transporte público intermodal nos bairros, inclusive para que haja uma gradação dos níveis de tranquilidade no espaço do bairro. Portanto, estas unidades ambientais de moradia proposta visam também sanar as necessidades básicas dos moradores, com a inserção de equipamentos públicos em distâncias ao alcance dos pedestres, assim contribuindo para uma redução do tráfego excessivo de veículos. Outro aspecto relacionado a estas estratégias urbanas se refere à "cidade compacta", criada a partir de um adensamento equilibrado. Esta visa proporcionar uma maior convivência dos moradores; reduzir as necessidades de deslocamentos por automóveis e assim minimizar a poluição dos congestionamentos e o consumo de energia, melhorando a qualidade do ar. Além disto, com a redução de distâncias, os habitantes são estimulados a se locomoverem a pé ou de bicicleta.


Richard Rogers (Cidades para um pequeno planeta, p. 38) aponta que: "A questão é como pensar e planejar cidades, onde as comunidades prosperem e a mobilidade aumente, como buscar a mobilidade do cidadão sem permitir a destruição da vida comunitária pelo automóvel, além de como intensificar o uso de sistemas eficientes de transporte e reequilibrar o uso de nossas ruas em favor do pedestre e da comunidade. A Cidade Compacta abrange todas essas questões. Ela cresce em volta dos centros de atividades sociais e comerciais localizadas junto aos pontos nodais de transporte público, pontos focais, em volta dos quais, as vizinhanças se desenvolvem. A Cidade Compacta é uma rede destas vizinhanças, cada uma delas com seus parques e espaços públicos, acomodando uma diversidade de atividades públicas e privadas sobrepostas". Portanto, a qualidade da vida urbana depende de uma série de fatores, que se fundam nos vértices ambiental, econômico e social da sustentabilidade (ver fig. 2). De maneira geral, o presente trabalho objetiva compreender como se dá um planejamento urbano sustentavelmente eficiente a partir da escala de um bairro ou parcela deste. A partir disto, foram observados projetos emblemáticos executados, que podem contribuir para a formulação de diretrizes norteadoras para a criação e desenvolvimento de espaços urbanos sustentáveis e resilientes.

Figura 2. Conceituação esquemática. Fonte: Luz, A. P (2013).

4. ESTUDOS DE CASO Os três exemplos emblemáticos foram essenciais para melhor entender o funcionamento dos bairros sustentáveis em diferentes locais do mundo, de maneira a compreender como eles são organizados, como se dá seu funcionamento, como são seus planos urbanos e suas


peculiaridades. Através desses estudos é possível perceber o quanto o campo avançou no quesito "bairros sustentáveis", principalmente no que se refere às novas áreas urbanas. Destaque-se também o que ainda é possível adequar nas pré-existências, tendo em vista o exemplo de diversos bairros europeus de cidades tradicionais onde se obteve bons resultados com intervenções de planos de gestão integrados com projetos urbanos. 4.1. BAIRRO GWL, AMSTERDAM, HOLANDA

Figura 02. Bairro GWL. Fonte: http://www.architetturaecosostenibile.it/architettura/in-europa/quartieregwl-amsterdam-christiaanse-car-free.html

O GWL é um exemplo notável de bairro resiliente. Localizado em um terreno de 6 hectares na cidade de Amsterdam, Holanda, e com capacidade para aproximadamente 1.400 habitantes, o empreendimento conjuga atividades comerciais e de serviços com habitações de vários tipos. Trata-se de uma revitalização sustentável de antiga área industrial do século XIX (GAUZIN-MÜLLER, 2010). O objetivo principal do empreendimento, segundo Beatley (2010), seria a construção de ao menos 600 moradias no terreno, em um distrito urbano planejado para desencorajar a posse e o uso do carro, garantindo bom transporte público, atenção ideal para os ciclistas e seleção direta dos habitantes. Um importante alvo era reduzir o consumo de água e energia. Além disso, os materiais de construção ambientalmente conscientes


seriam utilizados, o lixo seria separado e um centro ambiental seria criado para os habitantes (este último elemento nunca foi realizado). Também ficou decidido o público-alvo e o preço das habitações. Em julho de 1993, tudo isso foi previsto em uma “Tabela de Requisitos para o Planejamento Urbano”. Para implementação do projeto, de acordo com o site do bairro (2013), dois escritórios de arquitetura foram contratados em 1993 para fazer um esboço da ideia para o terreno da empresa de água, com base no cronograma existente na tabela de requisitos já citada. Em agosto do mesmo ano, o plano feito por Kees Christiaanse e pelo paisagista Adriaan Geuze foi escolhido pelo grupo de consulta que incluiu vários habitantes ao lado de representantes do distrito urbano. Christiaanse, então, transformou seu esboço em um plano urbanístico, que foi finalizado em novembro de 1993. O escritório Ambiental Bureau BOOM prestou assessoria e manteve os requisitos indispensáveis. Juntamente com esses aspectos, foi feita uma tentativa de envolver futuros habitantes no plano urbanístico. O espaço livre foi dividido da seguinte forma: espaços onde parte das habitações teria seu próprio jardim e espacos comuns onde as habitações dos andares mais altos teriam um mini-quintal. O objetivo era tornar o espaço público uma área em que todos se sentissem responsáveis. Ao mesmo tempo, o Grupo de Trabalho que foi montado investigou os interesses e opiniões dos habitantes da vizinhança local através de um questionário. Essa pesquisa de mercado reuniu quatro mil interessados, metade das quais demonstraram interesse em viver na localidade. Cinco escritórios de arquitetura se encarregaram dos projetos das construções e para acompanhar o projeto e o respeito aos princípios ecológicos envolvidos, foi criada uma estrutura de apoio à gestão, com representantes dos moradores, dos empreendedores e do departamento municipal responsável por monumentos históricos, além da presença de um administrador do bairro. Cada equipe teve que elaborar um plano de demandas no prazo de seis meses, usando esboços e desenhos preliminares para chegar a um projeto final. Em junho de 1994 os planos de construção foram concluídos. Entre as características urbanas do bairro encontra-se um grande edifício com altura entre quatro e nove andares que reúne 60% das habitações no coração do bairro. A velocidade de tráfego foi reduzida e as calçadas ampliadas. O ponto final de uma linha de Tramway existente foi reconstruído e ampliado. O empreendimento também contém um café, restaurante, estúdio de TV, creche e habitações adaptadas às pessoas


portadoras de necessidades especiais, ateliês de artistas, apartamentos para idosos, escritórios e um centro comunitário (GAUZIN-MÜLLER, 2010). O tratamento dos espaços intermediários compreende uma malha rica e complexa de espaços públicos que interligam os blocos residenciais. A circulação é fluida entre espaços públicos e jardins particulares, muitas vezes ligados diretamente às habitações. Uma rede de canaletas permite que a água escoe para o canal local, que funciona como tanque de retenção das águas pluviais. Vários estacionamentos para bicicletas foram construídos. Em suma, é um bairro onde os automóveis são secundários, e isso confere forte identidade residencial ao bairro. Apesar de impedir o acesso motorizado no interior do bairro, o encorajamento a áreas livres de carro - "carfree" - é administrativo. Não é restritivo possuir um carro, os moradores apenas precisam estcacionar em um local diferente. Segundo dados de uma pesquisa sobre a Holanda (SCHEURER, 2001), a cada 1000 habitantes, 172 possuíam carros, enquanto 1346 já possuíam bicicletas. Isso mostra o quanto bairros como o GWL vem crescendo e se localizando em áreas estratégias para tornar o acesso a seus moradores conveniente e integrado. O bairro conta ainda com serviços de compartilhamento de carros (car-sharing services) através de uma empresa privada que disponibiliza 4 carros no local, trazendo maior quantidade quando necessário e levando comodidade aos moradores (BEATLEY, 2000). O projeto dos edifícios residenciais contou com extrema qualidade arquitetônica e ecológica, sem a presença de corredores estreitos, com incorporação de plantas flexíveis, boa insolação e acesso direto a um jardim, o uso de materiais ecológicos, terraço ajardinado na cobertura, aproveitamentos dos aportes solares, isolamento reforçado das construções e aproveitamento das águas pluviais nas bacias sanitárias também são técnicas presentes no bairro.


4.2. BAIRRO VAUBAN, FREIBURG, ALEMANHA

Figura 03. Bairro Vauban. Fonte: http://www.badische-seiten.de/bilder/freiburg-vauban/

Vauban encontra-se na cidade de Freiburg, ao sudoeste da Alemanha. Trata-se também de um exemplo de resiliência urbana em uma antiga área de quartéis com 34 hectares que tinha a previsão de promover duas mil habitações para cerca de cinco mil pessoas, além de 600 postos de trabalho. O contexto histórico do local remete aos fundamentos de uma antiga base militar francesa, retirada após a queda da cortina de ferro, em 1989. Já naquela época, o grupo SUSI (Iniciativa de Vizinhança Independente Auto-organizada) começou a fazer planos para voltar a usar os 12 quartéis abandonados no local. Este grupo planejava criar moradia para estudantes e trabalhadores. Sua iniciativa foi motivada pela grande escassez de habitação na região. A cidade de Freiburg comprou a área das autoridades federais e como proprietária, se tornou responsável por seu planejamento e desenvolvimento. O princípio "Aprender enquanto Planejar" adotado pela cidade permitiu flexibilidade ao reagir a novos


desenvolvimentos. Isto proporcionou uma participação cidadã estendida que foi muito além das exigências legais e permitiu aos habitantes a possibilidade de participar até mesmo no processo de planejamento. A associação dos cidadãos do bairro funcionou para coordenar o processo de participação e foi reconhecido como o seu corpo legal pela cidade em 1995. Desde o início, o Fórum Vauban não se limitou à mera organização, mas também acolheu sugestões próprias para o planejamento e a construção do distrito. Dessa forma, o projeto foi criado e implementado em conjunto com a cidade de Freiburg e vários outros parceiros (MOURA, 2010). O principal objetivo do empreendimento era implementar um distrito na cidade de forma participativa, que atendesse aos requisitos ecológicos, sociais, econômicos e culturais. Entre os requisitos, encontra-se o equilíbrio entre áreas de trabalho e moradia; o equilíbrio e diversidade dos grupos sociais; a divisão da terra em pequenos lotes e alocação preferencial para os construtores privados e projetos de construção de cooperativas; a integração dos futuros proprietários do edifício; e a prioridade aos pedestres, ciclistas e transportes coletivos. Além disso, todos os edifícios são construídos com padrão de baixo consumo de energia (65 kWh/m²), com preferência aos proprietários de edifícios que atinjam padrão Casa Passiva (12 kWh/m²), além de orientação norte-sul e livres da projeção de sombras; uso extensivo de material de construção ecológica e da energia solar; infiltração de água da chuva para o solo e sistemas sanitários ecológicos. O centro do distrito conta com lojas para atender as necessidades diárias dos habitantes, além de escola primária e jardins de infância, espaços verdes públicos, projetado em conjunto com os moradores locais; proteção de áreas naturais e coberturas com vegetação; entre outros (GAUZIN-MÜLLER,2010). Entre os conceitos aplicados no bairro, o Fórum Vauban revela-se um dos mais interessantes. Trata-se de uma associação que permite a participação da população no desenvolvimento do bairro. Entre seus compromissos constam: informar cidadãos sobre arquitetura ecológica, orientar práticas sobre economia de energia e incentivar alternativas de transporte que não seja o automóvel particular e o financiamento por taxas de inscrição, doação e subsídios públicos. Outro conceito importante é o estímulo à diversidade social, através da existência de alguns critérios que refletem e determinam a diversidade desejada para os futuros moradores, como situação de família, número de filhos, profissão, idade, local de residência anterior, local de trabalho, se é compra ou locação, etc. Interessados na compra do imóvel são entrevistados e o perfil dos


habitantes demonstra eficácia do modelo adotado. O bairro conta com os seguintes habitantes: 60% proprietários e 40% locatários; 25% operários, empregados e funcionários, 55% executivos, 20% profissionais liberais; 10% vivendo sozinhos, 65% com famílias com filhos, 25% com famílias sem filhos; 75% habitantes antigos de Freiburg, 25% pessoas vindas de outro local, aspectos que colaboram para a dinâmica da população. Outro fator conceitual de Vauban é o uso racional da energia. Segundo Gauzin-Müller, há no bairro 42 unidades de casas passivas, com consumo menor que 15 kWh/m² ao ano, mesmo com calefação. Elas não necessitam de sistemas de aquecimento convencionais, pois os requisitos de calor são quase totalmente cobertos pelos chamados ganhos internos, como um sistema de recuperação de calor tecnicamente simples. As casas passivas, que na média produzem mais energia do que o necessário, foram construídos em dezembro de 2000 por um investidor. Além dessa tipologia, ocorre no bairro o uso ativo de energia solar, em que mais de 450m² de coletores solares e cerca de 1200m² de placas fotovoltáicas foram construídas na primeira etapa do empreendimento. Por essas e outras, Vauban é estimada como um dos maiores distritos solares na Europa. O conceito dos transportes e tráfego também é muito presente no desenvolvimento do bairro. A redução do uso do automóvel no distrito da cidade representou um notável aumento da qualidade de vida, para o benefício de todos. Utilização dos conceitos "Parking-free" e "Car-free", que se resumem à falta de garagem à porta de casa, funcionam pelo limite da entrada de carros particulares na entrada do empreendimento, ao ficarem parados no estacionamento comunitário localizado na periferia da área residencial. Os carros só estão autorizados a entrar na área residencial para busca e entrega. O limite de velocidade na rua principal do distrito fica a 30 km/h e na área residencial não se deve conduzir a mais de 5km/h (velocidade de caminhada). Há também um suporte ao modo de vida "car-free": Famílias sem carro (cerca de 40% delas concordaram em viver sem um carro próprio) economizam um custo substancial de um espaço no estacionamento, ao serem subsidiados pelas famílias com automóvel. O "aluguel" do estacionamento é repassado às pessoas sem automóvel, como um incentivo. Para reforçar a ideia, o distrito foi planejado para distâncias curtas. Uma escola, jardins de infância, o mercado de um fazendeiro, empresas, um centro


comercial, uma cooperativa de alimentos, áreas de recreação, e cerca de 600 postos de trabalho estão todos disponíveis a uma curta caminhada ou através do ciclismo. Além disso, o transporte público funciona com duas linhas de ônibus que se conectam com o centro da cidade e a principal estação ferroviária. A linha de bonde e uma linha de trem suburbano também foram incorporados em 2006. Uma outra ideia interessante foi o "Sharing Car". Como um primeiro passo para a partilha de carro, uma empresa ofereceu cinco carros e uma van especialmente para pessoas que vivem em Vauban. Eles estão estacionados no parque de estacionamento da comunidade. Para os moradores que aderiram à organização da partilha de carro, eles ainda recebem um passe livre de um ano para todos os transportes públicos dentro de Freiburg, bem como uma redução anual de 50% em cada bilhete de trem. O plano de desenvolvimento de edificação incluiu alguns regulamentos para a construção ecológica, como os telhados verdes, conservação e plantio de árvores, infiltração de águas pluviais, etc., além de normas progressivas que foram implementadas por muitas das cooperativas (Genova e SUSI) com projetos de construção (por exemplo, o uso de materiais ecológicos, como madeira, argila e outros produzidos localmente). Como infraestrutura, o empreendimento também desenvolveu um sistema de infiltração da água da chuva no solo, que abrange 80% da área residencial. Já o novo sistema de esgotamento se inseriu dentro de um projeto-piloto, que funciona através de tubos de vácuo, onde as fezes são transportadas para uma unidade de biogás. Lá são fermentadas anaerobicamente juntamente com o lixo doméstico orgânico, gerando biogás, que é utilizado para cozinhar. O remanescente de águas residuais (as chamadas águas cinzas) é tratado através de plantas de biofilme e retornam para o ciclo da água (GAUZIN-MÜLLER, 2010). Em suma, o Fórum Vauban estabelece novos padrões de comunicação urbana e de interação e integração sociais. Uma participação de longo alcance e do trabalho social organizado pelo Fórum deu voz às necessidades da população e apoio às iniciativas e inventos com conceitos ecológicos e sociais inovadores, o que estimula uma estrutura de participação, incluindo reuniões, workshops, uma revista de notícias do distrito trimestral, publicações sobre temas especiais e apresentações na Internet, promovendo uma comunidade mais estável e com maior qualidade de vida.


4.3. PEDRA BRANCA, FLORIANÓPOLIS, BRASIL

Figura

04.

Loteamentos

Bairro

Pedra

Branca.

Fonte:

http://www.cidadepedrabranca.com.br/empreendimento/lotes-residenciais-e-comerciais.html

Cidade Pedra Branca é o exemplo brasileiro mais notório por ter sido construído para ser um bairro sustentável, e também por ter sido projetado dentro dos preceitos do New Urbanism (RIBEIRO, 2009). Trata-se de um empreendimento situado em Palhoça, um pequeno município da Grande Florianópolis, distante de cerca de 13 quilômetros do centro da capital. Segundo o site do conjunto, o contexto histórico do bairro se deu através da construção da Cidade Universitária Pedra Branca, que começou a ser desenvolvida no ano de 1997 onde, até então, fazia parte de uma fazenda destinada à agropecuária. Nesta área foi implantado um projeto de urbanização nos mais de 250 hectares disponíveis, com uma parceria entre bairro e uma universidade privada. Sendo assim, a Unisul ganhou um terreno para implantar seu “Campus Pedra Branca” e o bairro encontrou a âncora que precisava para o seu lançamento imobiliário. O conjunto do empreendimento conta, além deste campus, com espaços livres coletivos, com um condomínio fechado, com um pólo industrial e tecnológico e com um centro urbano propriamente.


Pedra Branca seria uma cidade-conceito, modelo para o mercado brasileiro, de um bairro denso, sustentável e voltado para o pedestre, feito de acordo com um plano e projeto que envolvem princípios a serem aplicados para que se pudesse atingir os objetivos de morar, trabalhar, estudar e se divertir em um mesmo lugar. Neste intento, a contrataçao do escritório DPZ, norte-americano, do arquiteto fundador do movimento New Urbanism, Andrés Duany, foi crucial. Afinada com as idéias diversas que despontam sobre a sustentabilidade, a DPZ elaborou o Masterplan do Centro Urbano para o empreendimento que seria desenvolvido posteriormente por projetos de edifícios e espaços públicos elaborados por arquitetos brasileiros, dentre eles Jamie Lerner. A proposta do Centro Urbano integra uma série de edifícos mistos, com uma quadra central aberta, constituindo duas vizinhanças que podem abrigar um total de 30 mil moradores e 2 milhões de m2 de áreas comerciais. O projeto defendeu o conceito de Urbanismo Sustentável integrando alguns preceitos básicos: (1) a densidade urbana e diversidade de usos, (2) a inserção de soluções urbanas e edilícias tecnológica e construtivamente sustentáveis; (3) uma preocupação com os pedestres e ciclovias, e (4) a abertura e qualidade dos espaços livres públicos. Dentre estes preceitos, a densidade urbana se refere em Pedra Branca, antes de tudo, a uma cacterística interna do bairro, uma densidade construída e de usos significativa. A concentração de usos e de pessoas é importante para a sustentabilidade, minimizando a ocupação do território, proporcionando um melhor desempenho energético e otimizando as infrastruturas. Complementando esse ideal, há diversidade de usos em Pedra Branca. Os edifícios do Centro Urbano são de uso misto, combinando e configurando quadras e prédios agrupados numa mistura saudável de funções (moradia, comércio, escritórios, lazer, educação, etc) que se complementam. A diversidade de moradores e ususários dos espaços urbanos, com o convívio de pessoas de diferentes origens e gerações, além do acesso público aos espaços urbanos centrais de Pedra Branca, pode trazer uma surpreendente riqueza cultural, além de promover o senso de comunidade. A alta performance do ambiente construído também foi destacada. Edificações foram projetadas e construídas buscando melhor orientação solar e ventilação, utilizando materiais e técnicas de baixo impacto ambiental, de baixo consumo de energia, e com


baixa geração de gases do efeito estufa. Priorizou-se o uso intenso de iluminação e ventilação naturais, aquecimento solar, água de chuva e outros itens dentro das recomendações do sistema LEED, mantendo sempre respeito à paisagem natural, águas superficiais e subterrâneas, e a vida silvestre. Além disto, uma infra-estrutura de alta performance foi desenvolvida para as áreas de tecnologia e saúde. As redes elétrica e lógica subterrâneas foram aplicadas, além de iluminação pública eficiente com uso de lâmpadas de led, reuso da água, e diferenciação de tipologias, com flexibilidade nas plantas dos apartamentos. Internamente, o bairro estimula a locomoção a pé, com menor uso do automóvel, fugindo-se do sedentarismo e dos ambientes fechados. Ruas seguras, arborizadas, com calçadas amplas, dotadas de mobiliário urbano confortável, iluminação e sinalização adequadas, além de total acessibilidade, faziam parte do planejamento do bairro. Todas as necessidades básicas deveriam estar ao alcance de uma caminhada de até dez minutos. Por fim, a proposta buscou que os espaços públicos fossem atraentes e seguros, mas principalmente que se mantivessem abertos, e contendo equilíbrio entre áreas verdes e áreas construídas. 4.4. COMPARATIVO DOS ESTUDOS Na análise dos exemplos apresentados, alguns tópicos para discussão se impõem. Os mais evidentes são as possibilidades construtivas e tecnógicas que buscam a sustentabilidade, as tentativas de diminuição de uso de veiculo individual e priorização de pedestres e cilcovias, e a busca de uma configuração urbana que incremente a densidade e a diversidade social formal. Para este processo, é sabidamente crucial a criação de um sistema de espaços públicos diversos, com hierarquias dimensionais, funcionais e de acesso, porém, com ênfase na abertura da área urbana à cidade como um todo. Outro aspecto relevante para a sustentabilidade de novas centralidades é compreender que estas estratégias projetuais, na escala das cidades, estão diretamente conectadas a necessidade de compacidade e a um combate à dispersão urbana e espalhamento urbano - o urban sprawl.


Teoricamente, uma grande parte das discussões sobre o tema tem sido conduzida nos Estados Unidos, até porque as piores situaçoes urbanas em termos de baixas densidades e extensão de cidades ali se encontram, também devido a uma ênfase no crescimento das cidades no século 20 a partir do transporte rodoviário e do uso do automóvel e também da inserção dos subúrbios de casas unifamiliares de classe média e, mais recentemente, com a inserção de condomínios horizontalizados. É neste aspecto, da inserçao urbana, que julgamos relevante observar os exemplos apresentados. O reforço à centralidade seja de áreas urbanas degradadas, com a requalificação – retrofit - de edifícios em desuso e a inserção de novos usos; seja de novas áreas urbanas; deve ser buscada, sem dúvida. E um sistema de deslocamentos a pé dentro de um bairro ou trecho urbano no contexto de uma cidade maior, depende de conexões intermodais aos sistemas de transporte público e de massa. Há diversas diferenças na escala e inserção dos exemplos apresentados. A maior diferença é que nos exemplos europeus apresentados, as cidades têm planos e gestão que facilitaram um maior controle sobre as pressões do mercado imobiliario, e assim o espalhamento urbano e parte dos deficits nos sistemas de transporte público foram minimizados. Os exemplos europeus aqui descritos fazem parte de um contexto onde há, inclusive, similares que vêm a reforçar critérios mais sustentáveis para a cidade. O pequeno bairro de GWL, no contexto holandês, é um exemplo que não destoa de algumas partes mesmo da cidade em que se insere. Em Vauban, na Alemanha, a importância da diversidade para a vida humana pode ser vista nos espaços diversos que são ocupados cotidianamente. Isto pode ser visto no ambiente urbano, onde as casas foram construídas por diferentes grupos que oferecem diferentes tipologias de habitações. Mas este dois exemplos fazem parte da cidade. Portanto, em vez de tomar suas formas e técnicas como modelares, há que se considerar que se inserem em contextos urbanos bem diversos do brasileiro. Pedra Branca, por sua vez, apesar de atender a critérios de sustentabilidade e diversidade, carece de uma estrutura física e social que a sustente. Note-se que o New Urbanism, corrente da qual fazem parte os seus planejadores, nasceu como um movimento fundado sobre as críticas ao espalhamento das áreas urbanas sobre


o território. E seus princípios incorporam a ideia de sustentabilidade urbana. Porém, cabe aqui lembrar que, embora uma das propostas do movimento seja a reconfiguração de áreas existentes das cidades e o seu reaproveitamento como área ociosa, seus autores têm sido chamados a desenhar novas áreas da cidade também. Talvez por conta de semelhanças de estilo e da localização afastada do centro, o New Urbanism seja pejorativamente chamado de New Suburbanism. Lembrando que “nas áreas mais centrais dos projetos do NU, onde a mistura de usos é maior, a introdução de áreas mais densamente edificadas e notadamente ‘urbanas’ é parte da estratégia de conformar uma cidade” (MAYA-MONTEIRO, 2009). Em Pedra Branca, isto se dá pela centralidade de interesse da quadra aberta de edifícios com usos mistos. Porém, a localização relativamente afastada do centro, em uma estrutura metropolitana em que o transporte público e as largas distâncias dificultam o acesso, faz com que a experiência não tenha alcançado o sucesso almejado. Sem isto, a centralidade efetivada por Pedra Branca é em verdade insustentável, já que o espalhamento urbano é um dos fatores para o aumento do consumo de combustíevis fosséis, e desafio central a ser vencido pelas cidades no século 21.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A possibilidade de um desenvolvimento urbano sustentável se baseia em uma variedade de elementos dos quais fazem parte a criação e o planejamento de um modelo de bairro. Para tanto, são relevantes as questões como qualidade de vida, conceito de vizinhança e senso de comunidade, densidade equilibrada, uso misto, gestão participativa e interação social, mobilidade urbana eficiente, segurança, construção sustentável e infraestrutura, tratamento de esgoto e reaproveitamento de água, reciclagem de resíduos, espaço público e áreas verdes, além de equidade e diversidade sociais. No entanto, vimos que a efetivação destas estratégias depende de uma gestão que promova a compacidade urbana e os aspectos que decorrem desta, como a preservação do territorio natural, a integraçao espacial, o direito ä cidade e a justiça social. É um enorme desafio resgatar as cidades do grau de insustentabilidade social e ambiental em que se encontram, mas é urgente promover e criar uma estrutura urbana mais eficiente,


atraente, sustentável e segura. Assim, as questões sociais, ambientais e econômicas devem ser levadas em consideração conjuntamente. É sempre necessário haver novas oportunidades para que se promova maior justica e integração social. Para tanto, é crucial que seja formulada uma gestão participativa em diversas instâncias dos núcleos urbanos. Inclusive porque cada bairro ou região da cidade tem questões, forma e conteúdo social diversos. Uma participação pública e comunitária em cada etapa da construção da cidade e em sua gestão cotidiana torna-se crucial para a resiliência da cidade. Acreditamos que as proprias dinâmicas urbanas contemporâneas potencializem as transformações que podem contribuir para que a cidade se torne resiliente. Como resume Libeskind (2010, p.436): "Acho extremamente importante que possamos viver, em pleno século XXI, não em uma espécie de utopia fajuta, mas em um mundo contemporâneo, com todos os problemas que vemos todos os dias na televisão, mas também com todas as esperanças e todos os potenciais".


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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DOS AUTORES Ana Paula Ferreira Luz Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio anapaulaluz.arq@gmail.com / br.linkedin.com/pub/ana-paula-luz/54/85b/384/ Arquiteta e Urbanista (UFJF, 2013), aluna do Mestrado profissional em Engenharia Urbana e Ambiental da PUC-Rio (desde 2014). Durante a graduação atuou em pesquisas relativas à arquitetura sustentável e auxiliou no projeto para a “Casa Ecológica” do Jardim Botânico de Juiz de Fora. Realizou intercâmbio acadêmico por um ano na Universidade de Siegen, Alemanha, onde desenvolveu estudos sobre edificações ecológicas e planejamento urbano sustentável. Como trabalho de conclusão de curso de graduação defendeu o uso de diretrizes sustentáveis para novos centros urbanos. Atualmente trabalha como autônoma em projetos e auxilia no gerenciamento de obras civis no Rio de Janeiro. Antonio Ferreira Colchete Filho Universidade Federal de Juiz de Fora arqfilho@globo.com Arquiteto e Urbanista (UFRJ, 1992), mestre em Urbanismo (PROURB/UFRJ, 1997), doutor em Ciências Sociais (PPCIS, UERJ, 2003), pós-doutor em Arquitetura (UTL, Portugal, 2005) e em Urbanismo (PROURB/UFRJ, 2013). Professor associado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, professor permanente do Programa de Pósgraduação em Ambiente Construído (PROAC) e líder no grupo de pesquisa Ágora, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: Paisagem, Projeto Urbano e Espaço Público.


Patricia M. Maya-Monteiro Universidade Federal do Rio de Janeiro pmmayam@gmail.com Arquiteta e Urbanista (UFRJ, 1988), mestre e doutora em Urbanismo (PROURB/UFRJ, 1998 e 2008). Professora adjunta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde 09/2009, e do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), de 03/1999 a 08/2009. Atualmente participa do grupo de pesquisa Projetos Urbanos e Cidade, da UFRJ. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: Paisagem Urbana, Projeto e Espaço Público.


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