Decisões reprodutivas de mulheres soropositivas: estado da arte e perspectivas Sarah MacCarthya, Jennifer J.K. Rasanathanb, Laura Fergusonc, Sofia Gruskind a
Pós-doutoranda, The Miriam Hospital and Alpert Medical School of Brown University, Providence, RI, USA. Contato: sarah_maccarthy@brown.edu b Residente, Departamento de Medicina Social e da Família, Montefiore Medical Center, Bronx, NY, USA c Professora Assistente, Program on Global Health and Human Rights, Institute for Global Health, University of Southern California, Los Angeles, CA, USA d Professora e Directora do Programa de Saúde Global e Direitos Humanos, Institute for Global Health, University of Southern California, Los Angeles, CA, USA
Resumo: Apesar do crescente número de mulheres que vivem e são afetadas pelo HIV, ainda é insuficiente a atenção dada às suas necessidades, direitos, decisões e intenções reprodutivas em pesquisas, políticas e programas. Por isso, realizou-se uma revisão da literatura disponível a fim de verificar o estado atual do conhecimento e destacar as áreas que requerem maior atenção. Acreditamos que os métodos de prevenção da gravidez adotados por mulheres soropositivas são insuficientes: camisinhas nem sempre são aceitas ou estão disponíveis e os outros métodos apresentam limites quanto à eficácia, disponibilidade ou viabilidade financeira. Além disso, a imposição da esterilização para mulheres soropositivas é amplamente relatada. Lacunas de informações persistem em relação à efetividade, segurança e práticas adequadas no que diz respeito às tecnologias de reprodução assistida. Em geral, a saúde do bebê ganha mais importância do que a saúde da mulher antes, durante e depois da gravidez. O acesso a um aborto em condições seguras e a serviços de assistência pós-aborto, ambos cruciais para que mulheres possam usufruir de seus direitos sexuais e reprodutivos, é reduzido. Identifica-se, ainda, abordagens inadequadas à trabalhadoras do sexo soropositivas, adolescentes e consumidoras de drogas injetáveis. Os diversos desafios que mulheres soropositivas enfrentam em suas interações com serviços de saúde sexual e reprodutiva influenciam suas decisões relacionadas à gravidez. É imprescindível que as mulheres soropositivas estejam mais envolvidas no desenho e na implementação de pesquisas, programas e políticas voltados para seus direitos e necessidades relacionadas à gravidez. Palavras-chave: HIV, AIDS, saúde sexual, saúde reprodutiva, direitos humanos As mulheres representam aproximadamente 52% das 32.8 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo1. Com o advento da terapia antirretroviral e com a contínua destinação de recursos para serviços ligados ao HIV, um maior número de mulheres soropositivas estão vivendo vidas mais longas e mais saudáveis. Como resultado, elas são confrontadas com novas e antigas questões que afetam sua saúde e reprodutiva - incluindo necessidades, direitos e desejos relacionados à gravidez. Apesar do elevado número de mulheres vivendo com o HIV, ainda é limitada a sua participação nas pesquisas e na tomada de decisões em programas e políticas. Em 2010, a conferência “Intenções de mulheres soropositivas em relação à gravidez: avançando a agenda de pesquisas”, realçou as necessidades, direitos, decisões e desejos de mulheres soropositivas antes, durante e depois da gravidez. O relatório
final destacou a urgência de se avançar nas pesquisas em torno de um grande conjunto de questões2. Com base no conjunto de informações apresentadas na conferência, a revisão da literatura contida nesse artigo identificou avanços relevantes na pesquisa desde a publicação do relatório da conferência. Os resultados estão organizados de acordo com quatro tipos de questões relacionadas à gravidez: a busca pela prevenção da gravidez, a esterilização forçada, a gravidez mais segura e a interrupção da gravidez. Uma seção separada discute interações dentro do sistema de saúde, incluindo aquelas relacionadas aos testes de HIV, à integração dos serviços, à postura dos gestores e profissionais de saúde, ao estigma e à descriminação e ás populações vulneráveis. Também foram identificadas lacunas na literatura baseada na revisão por pares, assim como nos resumos, websites e publicações
http://www.grupocurumim.org.br/site/revista/qsr7.pdf
Doi (artigo original): 10.1016/S0968-8080(12)39641-9
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