Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Denis Mello e Ana Recalde Todos os direitos desta edição reservados aos autores Publisher: Artur Vecchi Editor: Ana Recalde e Denis Mello Projeto gráfico e diagramação: Carol Schavarosk Ilustração de capa: Denis Mello Ilustrações internas: Denis Mello Ilustrações da galeria: Ilustrações da galeria: Alex Rodrigues, Camilo Solano, Cristina Eiko, Eduardo Damasceno, Danilo Beyruth, Luciano Salles, Fabio Cobiaco, Luís Felipe Garrocho, Marcelo Costa, Marilia Bruno, Mario Cau, Pacha Urbano, Vitor Cafaggi, Walter Pax. Revisão: Audaci Junior Dados Internacionais de catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) R 294 Recalde, Ana Beladona / Ana Recalde; desenhos de Denis Mello. – Porto Alegre : Avec, 2014. Texto em quadrinhos ISBN 978-85-67901-20-6 1. Histórias em quadrinhos
I. Título
II. Mello, Denis
CDD 741.5 Índice para catálogo sistemático: Ficha catalográfica elaborada por Ana Lucia Merege - 467/CRB7 1ª edição, 2014 Impresso no Brasil/ Printed in Brazil AVEC Editora Caixa Postal 7501 CEP 90430-970 – Porto Alegre – RS contato@aveceditora.com.br www.aveceditora.com.br Twitter: @avec_editora
ÍNDICE Prefácio: Julio Shumamoto 007 Introdução: Ana Recalde 008 Introdução: Denis Mello 009 Capítulo 1: Meus 7 Anos 013 Capítulo 2: A Loira 043 Capítulo 3: O Movimento da Rainha 057 Capítulo 4: O Pior Pesadelo 113 Capítulo 5: Maioridade 127 Entrevista 167 Extras 171 Galeria 182 Agradecimentos 197
PREFÁCIO
Não posso falar de BELADONA sem entregar um pouquinho do ouro, só um pouquinho. Nas páginas iniciais, uma menina assustada encontra-se perdida numa estranha e decadente estação ferroviária, sem ter noção alguma de como foi acabar ali. Presencia cena estarrecedora de recém nascido sendo jogado diante de um trem em movimento. Logo estará rodeada de bebês mutilados e rastejantes: dezenas, centenas de horripilantes walking dead babies! Confesso que não consegui dissociar essa imagem dos recentes noticiários sobre crimes da hedionda máfia de aborteiros. Vejo-me diante de uma HQ de terror irrespirável de fazer arrepiar os pelos daqueles mais indiferentes. Culpa da talentosa roteirista Ana Recalde e do expressivo desenhista Denis Mello. A narradora não se refugiou no conforto de uma simples fórmula binária. Soube borrar os limites entre pesadelo e vigília de sua atormentada personagem de nome Samantha. Recorrendo a metáfora, vi-me arrastado juntamente com a pequena heroína, não para um tobogã, mas para dentro de um carrinho trepidante e desgovernado de montanha-russa, em jornada para a sulfurosa entranha do inferno. Porém, nem tudo é macabro nesse mundo sombrio. Também há breves momentos de lirismo, sedução e sexo, graças a aparição de um pequeno príncipe loiro de olhos de turquesa, dotado de poder para reverter a vulnerabilidade da Sammy. Por essa quebrada, magistral, a nossa roteirista merece a pontuação dez-plus! Já Denis, por seu trabalho gráfico, dispensa discurso longo. Artista que domina com maestria o traço denso e vigoroso, ele faz lembrar-me algo de graffiti. Seus desenhos atraem o olhar com força de magneto. É genial quando desloca a frágil Sammy para dentro das sombrias páginas sem nenhum requadro, recurso que exacerba ainda mais a sensação onírica de interminável desamparo e terror. ANA RECALDE e DENIS MELLO – anotem: são grandes nomes dos quadrinhos da atualidade!
Julio Shimamoto
Introdução
Esse é um dos textos mais difíceis que já escrevi. Não por ser longo ou mesmo particularmente desafiador, mas pela complexidade do que estou sentindo. Agora mesmo estamos correndo para terminar de diagramar o álbum. Denis virando a noite para terminar todos os detalhes e uma sensação de urgência. Acho que mistura todos os dias que deixamos de fazer alguma coisa com a família ou os amigos para escrever ou desenhar, para a nossa paixão. E foi assim por três anos. Desde o final de 2011 que eu e o Denis nos debruçamos e dedicamos nessas páginas que vocês têm em mãos. Não tem como não ver como um filho, no caso, uma “filha”. E quantas pessoas temos que agradecer por isso?! Aos apoiadores que nos ajudaram com certeza, mas como chegamos até aqui? Olho para trás e penso em agradecer ao Cadu Simões por ter feito o convite de participar do Petisco. Mas entrar no Petisco com o Denis foi apenas uma parte, pois já nos conhecíamos. Então esse caminho deve ter começado quando nos conhecemos na Semana de Quadrinhos da UFRJ, ou antes, como o Denis mesmo disse que já tinha me visto (mas eu não lembro). As pessoas que organizaram aquele encontro são importantes para que a Beladona seja como ela é. Mas se eu não tivesse me apaixonado por escrever quadrinhos e saído lá do Mato Grosso do Sul pra tentar coisas diferentes no Rio de Janeiro, ou a paixão do Denis pelo Homem-Aranha e a busca do seu próprio traço, nada disso aqui seria possível. Temos que olhar e agradecer aos nossos familiares e amigos que nos aguentaram e não nos deixaram pra trás depois de tanto falarmos que não dava pra sair por causa do trabalho. Mesmo assim, eles nunca nos deixaram na mão. Essas páginas percorreram um longo caminho pra chegar aí, com você. E que páginas! Temos um orgulho tremendo da nossa “filha”. Agora é contigo. Pode ir e ler! Estamos ansiosos (onde quer que isso seja nesse momento) para que você se divirta, chore, xingue, ria (quem sabe?!) com a Samantha. Aproveite com todo o coração, pois nós aqui também fizemos esse livro assim. Ana Recalde
Introdução
Olho hoje com muito orgulho e emoção para Beladona. Tenho certeza de que eu e a Ana fizemos um grande trabalho aqui e voltaremos a trabalhar juntos, porque, apesar de toda a loucura do processo compartilhado, de depender de outra pessoa (coisa que eu sempre evitei), eu tenho certeza que posso confiar no que virá da cabeça dela. E a cada roteiro de um novo capítulo enviado, eu ficava aliviado demais porque pensava antes “caramba, e se eu não gostar do que ela escrever, como vou desenhar algo que não vai me agrada durante meses?”. Quando lia as páginas, era como sair de um afogamento e ter fôlego renovado para encarar a prancheta. Quando topei o convite dela, minha intenção era me aprimorar, adquirir constância de trabalho, me tornar um artista mais completo do que era para quando chegássemos ao fim eu pudesse então trabalhar numa nova obra realmente legal, usando tudo de novo que eu houvesse adquirido no processo. Minha surpresa foi quando reli no site do Petisco os capítulos 1 e 2 (1 e 3 aqui no livro) e fiquei impressionado em olhar Beladona fora do olho do furacão e perceber que já estava fazendo esse trabalho “maior”. Ter certeza de quão legal era a história foi o que me deu energia para encarar a campanha de financiamento coletivo. A certeza de que merecia ir além do digital, de que merecia ser lido e ocupar sua estante. Para esse livro chegar na sua mão, percorremos um grande caminho e ralamos muito. Mas tudo com muito amor. Espero sinceramente que você também ame! Denis Mello
AGRADECIMENTOS
Eu preciso agradecer à minha família e, principalmente, ao meu filho Daniel. São eles que me aguentam e me dão suporte para continuar a escrever. Na pior das hipóteses são minha fonte inesgotável de inspiração. Minha mãe e meu pai, obrigada. Ana Dedicado a Eniete, minha mãe, por toda a sua paciência comigo durante esses anos e por acreditar nos meus sonhos, batalhar junto comigo para que eles se tornassem realidade e por ser meu norte moral, sem o qual eu nada seria. A Ney, meu pai, que pilotou essa prancheta antes de mim, me ensinou tanto sobre tantas coisas e com quem ainda aprendo sempre sobre traço, vida e além. Quem sabe depois alguém a herde de mim e a magia continue? À minha irmã Natasha, a todos os familiares que me apoiam e aos meus amigos que me dão suporte e tornam a vivencia nesse mundo muito mais agradável, deixando os dias mais leves e divertidos! Agradeço à Ana, por compartilhar suas ideias comigo, posso dizer que foi uma honra. E um agradecimento especial a todos que apoiaram o financiamento do projeto e ao Catarse em si por possibilitarem que esse livro existisse exatamente do jeito que queríamos! Denis
E temos ainda que agradecer juntos a 3 amigos que colaboraram na produção desse livro acrescentando amor e profissionalismo. Audaci, Carol e Pacha, sem vocês o livro com certeza não seria o mesmo!
MEUS SETE ANOS - 1
A LOIRA - 2
O MOVIMENTO DA RAINHA - 3
O pior pesadelo - 4
Maioridade - 5
ENTREVISTA Por Carlos Patati
1- Cara Ana, de onde você tira essas ideias escabrosas (estou repetindo pergunta ouvida por mim muitas vezes, na qualidade de roteirista de quadrinhos do gênero)? Sério: por que é preciso contar histórias apavorantes? Começo com essa pergunta por conta do extraordinário rendimento que o Denis conseguiu tirar do bem imaginado roteiro! Nossa, que pergunta! Se já começa assim, o que esperar daqui pra frente? (risos) Bom, eu tenho medo. Acho que esse é o segredo de pensar nessas coisas. Uma das personagens que eu mais tenho medo é da Sadako, protagonista do filme japonês “O Chamado”. Tinha um espelho redondo na minha casa (que eu tenho até hoje), e à noite eu não passava per to dele de jeito nenhum. Uma vez me perguntaram isso mesmo, dos pesadelos, e fico pensando que em algum momento eu já os tive todos. Não sei se por gostar de ler e sempre me envolver com aquilo que estou lendo, o contato com a ficção me leva a ficar sempre suscetível aos mundos imaginários que percorremos. Eu me permito sentir aquilo que as personagens da minha atenção transmitem. Eu sinto o que eles sentem. E aprendo coisas assim e experimento momentos inigualáveis assim. Para responder por que é preciso o terror, temos que perguntar por que existe qualquer história. São com elas que aprendemos e experimentamos coisas. As histórias que nos contam são o primeiro contato com um mundo vir tual de aprendizado, e por isso mesmo são armas poderosas. O terror faz par te do ser humano, instinto básico de sobrevivência, ver que conseguimos passar isso, através da leitura, apenas é simplesmente fantástico. 2- História de terror tem que ter um monstro? Pra você, em vista da HQ que fiz, qual é a criatura que assusta mais? Será que existe uma? É preciso sonhar? Não acredito que o terror esteja no monstro, mas na antecipação do perigo. Ali onde reside o coração saltar à boca, onde reside a dor de cabeça pulsando e a respiração ofegante. O segredo do terror está em ir até o lugar na nossa cabeça onde temos a vontade de lutar ou fugir. Para isso não é preciso o monstro. A criatura que mais me assusta seria uma intangível, uma que não poderia lutar contra. Por isso eu criei os pesadelos. Eles estão dentro de nós em um lugar que não podemos tocar e por isso também criei a Sam, alguém que realmente pode contra eles. É preciso sonhar sempre. Através do sonho aprendemos sobre nós mesmos e processamos o mundo em volta. Só de a gente conseguir projetar uma progressão de tempo e pensar além de apenas no agora, nos faz humanos, é nossa consciência falando. Sonhar nos faz humanos.
3 - No nosso país, há uma tradição de quadrinhos de terror, bastante popular em seu tempo. Em editoras como a Continental, Outubro, Taika, durante os anos 1950 e 60. Mais tarde a Vecchi e a Grafipar, durante os 1970 e 80, desenhistas como Jayme Cortez, Nico Rosso, Julio Shimamoto, Flavio Colin, Lyrio Aragão, Giorgio Scudellari, dentre outros, viveram de assustar as pessoas, com ajuda de gente de texto da categoria de RF Lucchetti, Helena Fonseca e Gedeone Malagola! Você tinha ideia disso quando começaram o seu trabalho? Sim! Eu li muito sobre o trabalho desse pessoal, mas infelizmente li pouco do que eles imprimiram. Quando eu e o Denis estávamos pensando sobre quem chamar para escrever um prefácio desse livro, eu sugeri o Shima. Vim conhecer um ex-roteirista aqui no Rio que trabalhou com ele, o Gadelha, que nos colocou em contato. A verdade é que quem veio antes de mim e das histórias que eu li mostra muito o caminho que eu vou percorrer. É lendo essa galera que eu consigo pegar o tom de cer tas coisas quando estou em dúvida. Uma pena mesmo que não tenho acesso a mais trabalhos impressos dessa época. 4 - Quais as leituras, em quadrinhos e fora deles, que fazem bem a você e somam com o seu trabalho? Estendo a pergunta aos filmes e à coqueluche do momento, as séries de televisão! Nossa, para a Beladona eu busquei fonte no terror oriental pra caramba, tanto em filmes quanto em mangás. Eu gosto muito porque eles costumam dar uma visão bem humana do que está acontecendo, como Uzumaki por exemplo. O grande perigo que está lá só se justifica nos dramas pessoais que passamos, isso que me atrai em histórias de terror. Eu vejo muito isso nos mitos dos monstros que criamos, como a vida imor tal de um vampiro como um preço terrível a se pagar por ela ou como no Frankenstein filosofando sobre a própria existência. Eu não gosto pessoalmente de filmes gore ou de assassinos em série. Claro que quem ler a Beladona pode supor que eu gosto muito de “A Hora do Espanto”, mas muito mais de forma nostálgica do que algo que me dá inspiração. Eu gosto de terror que me faz pensar: “e se eu estivesse no lugar do vilão?”.
Eu gosto de terror que me faz pensar: “e se eu estivesse no lugar do vilão?”. 5- O que você diria a quem sente vontade de contar histórias? Mete a cara! Vamos fazer isso juntos, sejam elas em que mídia forem. Vamos exercitar aquilo que nos faz fantásticos, contar histórias. “Somos todos histórias no final.”* Carlos Patati é roteirista e pesquisador, autor do “Almanaque dos Quadrinhos”. Atuou escrevendo principalmente HQs de terror para as editoras do gênero na época, sendo conhecedor como poucos da história do quadrinho brasileiro de décadas passadas
* Citação obrigatória de Doctor Who.
EXTRAS Referências & concepts Roteiro e esboços Arte-Final Colorização Galeria de convidados
SAMANTHA
Nossa protagonista deveria ter um visual típico de filmes de terror: cabelo negro escorrido e essa espécie de pijama branco. A Ana me passou referências como “O Chamado”. O ponto do figurino não é para simplesmente remeter ao leitor, mas sim oferecer uma representação inconsciente da personagem atuando naquele mundo de acordo com suas próprias referências. Infelizmente os primeiros desenhos dela se perderem. É o único material de todo o trabalho que não encontrei nos e-mails, nem nos arquivos físicos e digitais! Quando foi necessária a mudança, trabalhamos em cima de algumas ideias, principalmente de como ela se sentia nesse novo momento e como isso refletiria na forma como a Samantha via a si mesma. A ideia da Ana era que fossem feitas alterações graduais e que ainda haveria resquícios da roupa antiga, enquanto o negro, gradualmente, seria mais presente que o branco. Ainda cheguei a fazer uma proposta com um corpete no estilo princesa, baseado no contato com o Eduardo, porém um visual mais punk e agressivo fazia muito mais sentido. O uniforme final tem mais influências dela se vendo como uma mulher independente e segura e não mais uma menina assustada ou assustadora. Ainda havia a ideia de um enfeite no cabelo, mas quando finalmente inseri essa rede, chegamos ao visual ideal.
TEASER
O primeiro passo para chegar ao visual que a história deveria ter foi a criação de um teaser. O objetivo inicial era levar para o FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos, em Belo Horizonte, Minas Gerais) e anunciar que começaríamos um novo trabalho, mas gostamos tanto – e sentimos um retorno tão legal de todos com a imagem – que até hoje utilizamos frequentemente a imagem na divulgação. Particularmente é uma das coisas que mais gosto em Beladona. Esses foram os primeiros desenhos enviados, inicialmente três opções em cima do que havíamos conversado para o primeiro capítulo. Concordamos na melhor opção e, após aprovar um esboço mais acabado, fechei essa ilustração que nos foi muito útil ao longo desse período.
EDUARDO E VILÕES
O Eduardo é um personagem muito querido! A Ana me passou referências como Eragon, eu acabei indo para um lado mais “Pequeno Príncipe” e coloquei um bocado de mim nele também. Ficamos felizes com o resultado. Acho que funcionou muito bem. Temos ainda os vilões, cada um com inspiração em uma fonte diferente do terror popular, desde o Homem do Saco até os Sete Anões. A psicóloga é um caso a parte. Assim que defini sua aparência para o primeiro capítulo, mesmo sem termos combinado nada, imaginei um visual sadomasoquista dela no mundo dos pesadelos. Isso veio na minha cabeça com força, a Ana curtiu e eu
via a hora de poder utilizar esse visual. Quando chegou a hora era o personagem que eu mais curtia desenhar. Dava um trabalho de claro e escuro muito interessante. Foi realmente um prazer.
pai A Ana queria que ele fosse o que se espera de alguém que é o rei e também o terror de um mundo povoado por assombrações, pesadelos e mais um monte de coisas terríveis. Eu acabei fazendo diversas versões, mas acho que essas três foram as mais marcantes. A primeira – com asas, rabo, garras, cabelo pro alto, etc. – me pareceu um pouco infantil (apesar de certamente não querer topar com um cara desses por aí!), mas serviu para definir o sistema do capacete pelo qual me apaixonei. Isso foi pensado porque no primeiro capítulo tínhamos essa espécie de brasão, que fiz pensando no símbolo do infinito com um quê demoníaco. O segundo era algo mais onírico e de um medo mais íntimo e poderoso. Mas achei que talvez nem todos fossem achar a altura de causar tanto temor quanto deveria. A ideia era algo mais impactante. Por fim chegamos ao terceiro visual, onde imaginei uma pegada mais soberana e monárquica. Também procurei imaginar como um sujeito mirrado e sem muita moral no mundo real se desse conta do tamanho de seu poder em outro lugar. Armadura, capa, um sorriso (no capacete) escancarado e assustador. Um trono imponente num castelo absurdo. No mundo real ele parece um sujeito pacato, que ninguém daria muito por ele. Então utilizei um visual tímido e acanhado, com direito até a usar óculos. Com o passar do tempo ele se torna feio e asqueroso. Creio que a maldade é capaz de fazer isso com as pessoas.
ROTEIRO
@
O processo de produção das páginas começa obviamente com o roteiro da Ana. Aqui você pode conferir a primeira página que recebi em 2011! Aproveitei essa estrutura do programa que a Ana usa para fazer nesse espaço de 10 x 14 cm minhas propostas de página. @ Depois de ler o roteiro, separo esse espaço e desenho ali a minha interpretação do texto, algo simples, mas a verdade é que eu nunca consegui ser realmente sintético como a maioria dos outros artistas. Temo que quem fosse aprovar não entenda bem, então acabo detalhando muito nessa
fase que deveria ser realmente rápida e de traços simples e mínimos. Algumas vezes mando mais de uma ideia ou sugestões diferentes para um só quadro, isso é bastante variável. Depois dessa aprovação, eu desenhava tudo na página A3 (30 x 42 cm), que é o formato no qual me sinto mais a vontade para trabalhar.
Em “O Movimento da Rainha” tínhamos muito mais diálogos, o que deixava pouco espaço para esses esboços no roteiro. Então imprimia em uma folha comum os moldes e, na página do roteiro, fazia algo o mais simples possível. Procurei usar essa minha aparente desvantagem a meu favor e, com esses desenhos pequenos, porém bem acabados, eu definia muito bem o que eu queria de cada página. Depois, no computador, eu transformava o desenho num traço azul bastante claro, imprimindo no papel A3 final. Nos últimos capítulos, já mais confiante, fui além e usando novamente o próprio roteiro, fiz os esboços bastante definidos, porém bem pequenos, com 5 x 8 cm.
ARTE-FINAL
Essa é provavelmente a parte que mais aprecio na produção das páginas. Adoro dar um acabamento absolutamente único com volumes e pinceladas. É onde eu realmente imponho um estilo. Na verdade, meu estilo mudou muito ao longo de Beladona, embora muitas vezes eu me esforce para manter essa mudança o menos perceptível possível. Ainda sou um artista cujo trabalho tem evoluído muito rápido pela idade. Ainda testo materiais, nunca estou absolutamente satisfeito e a arte-final é o momento em que melhor expressa essas mudanças. No início de Beladona eu desenhava na página A3 com lápis uma versão bem acabada do esboço aprovado pela Ana, depois aplicava o acabamento com o pincel. Com o passar do tempo, ganhei confiança o bastante para imprimir o esboço feito num formato pequeno em
A3 e aplicar o pincel diretamente sobre esse traçado impresso pouco perceptível. Raramente uso o lápis hoje em dia, a não ser na etapa de esboços pequenos. Nas páginas em si, meus originais, costumo vir direto pro pincel. Utilizo diferentes pinceis. Beladona é especialmente recheada de texturas e cada uma delas é produzida por um pincel diferente. Até mesmo quando um pincel estraga e fica arrepiado, encontro uma utilidade. Uso uma tinta nanquim de qualidade, mais cara, mas definitivamente vale a pena. Também uso guache branca importada para determinados efeitos. Canetas e similares são usados muito raramente. Nos capítulos finais utilizo ainda uma técnica chamada de aguada, que é a mistura de nanquim com água para criar efeitos cinzas de diferentes intensidades. É um trabalho cuidadoso, mas é onde estou encontrando cada dia mais a minha marca e o meu prazer em trabalhar. Criar novas texturas e contrastes, novos atalhos... Isso tudo é tão excitante, não pude resistir em compartilhar aqui.
Colorização
A colorização é uma etapa vital para nossa HQ! Logo em nossa primeira conversa sobre Beladona, ainda na Estação Leopoldina, durante a Rio ComiCon (2011), a Ana quando me apresentou o conceito da história se passando em dois mundos. Sugeriu duas diferenças marcantes para eles: mundo real terá quadros e cores comuns, mundo dos pesadelos não terá requadros e o colorido será monocromático. Absolutamente de acordo, quando fui colorir minha primeira página já comecei dando cores ao traço em si, deixando-o num tom bastante escuro, porém não preto absoluto, diferente do mundo real. As cores bem suaves, com tons bem próximos, sem extravagância. Mas isso mudou com o tempo, meu trabalho mudou e a Ana também achou as mudanças bem-vindas, considerando a evolução da própria personagem e seus sentimentos diferentes nos capítulos.
Eu ainda sou bastante fã da colorização do primeiro capítulo, onde fui mais econômico. A verdade é que não gostava muito de usar cores. Sempre havia trabalhado com quadrinhos em preto e branco porque colorir dá muito trabalho. É toda uma etapa a mais e demanda tempo. Mas por ser voltado para a internet, seria uma ótima oportunidade de chamar mais atenção e foi importante para mim. Profissionalmente me fortaleceu bastante afiar a minha colorização. Aprendi muito. Aliás, aprendi muito ao longo de todos os processos nesse tempo. Termino esse livro junto com a Ana tendo a certeza de que sou um artista muito mais completo. Foi uma grande experiência. Algo em que entrei com o objetivo de se aprimorar para depois tentar produzir um grande trabalho, com tudo o que eu aprendesse ao longo desse. Mas olho para trás, leio o que fizemos juntos e vejo que saiu muito melhor do que a encomenda. Tenho convicção de que Beladona valeu cada gota de suor e cada segundo do meu tempo. Espero que você também se sinta assim.
GALERIA ARTISTAS CONVIDADOS
ALEX RODRIGUES
http://blogdoalexrodrigues.blogspot.com.br/
CAMILO SOLANO
https://camilosolano.wordpress.com/
cristina eiko
http://www.quadrinhosa2.com/
eduardo damasceno http://ww w.quadrinhosrasos.com/
Danilo beyruth
Luciano salles http://ww w.dimensaolimbo.com/
fabio cobiaco http://fcobiaco.blogspot.com.br/
Luis felipe garrocho http://bufasdanadas.com/
marcelo costa
http://marcelocostapro.blogspot.com.br/
Marテ考ia bruno https://ww w.behance.net/mariliabruno
http://ww w.mariocau.com/
Mario cau
pacha urbano http://ww w.pachaurbano.com
vitor cafaggi
http://punyparker.blogspot.com.br/
walter pax http://maquinafantasma.wordpress.com/
AGRADECIMENTOS Abel Pedro Ace Barros Adalber to Fernandes de Sousa Adimilson Girardi Vergara Adri A. Adriana Bequi Adriano Aguiar de San Vicente Adriano dos Santos Pereira Adriano Gobbo Afonso Andrade Air ton Marinho Akira Sanoki Al Stefano Alan Guedes Alan Por to Alayr Pessôa Filha Aldemar Junior Alessandra Duruy Alessandra P. Coutinho Alex de Carvalho Alex Genaro Alex Mir Alex Rodrigues Alexandre Cavalcante Alexandre Montandon Alexandre Novelli Alice Alvarenga Alice Gauto Aline “Doji” Viana Aline Gualda Allan Albuquerque Allana Dilene Aluísio Cervelle Santos Amanda Viana Amauri & Lys Ana Carolina Cunha Ana Carolina de A. F. Lima Ana Clara Dias Ana Latge Ana Luiza Koehler Ana Maria de A. Quintanilha AnaLu Medeiros Anderson “Bobby” Veiga Sales Anderson B. Anderson Cardoso Anderson Marques Ferreira Andre Freitas André Maia Mar tins André Mar tuscelli Do Amaral André Ornelas André Pereira André Tur telli Poles André Wagner da Silva Andreia Corrêa Andressa Gonçalves Andressa Serena de Oliveira Anny de Oliveira Mello Antonio Carlos Lemos Antonio Eder Antônio Henning Antônio Malvar Mar tins Neto Áquila Nogueira AR Santos Ariel Silva de Jesus Aristides Rudnick Ar thur Babdeti Ar thur Magalhaes Fonseca Ar thur Oliveira Freitas Ar tur Rocha Ar tur Vecchi Audaci Junior Avelino Carobin Aylo Fur tado Balaio Quadrado Barbara Miotto
Barbara Morais Bernardo Cury Beta Rodrigues Bi Anca Bianca Pinheiro Bianca Schimitt Morassutti Brunno Elias Ferreira Bruno de Souza M. Scorpion Bruno Pascareta Fernandes Bruno Pilgrim Bruno Pinotti Bruno Soares Bruno Souza Bruno Zago C. R. Gondim Cacau Birdmad Cadu Simões Caetano Grippo Caio Murilo Hir t Cal Camila Haddad Camilo L. Rangel Carla Margareth Ferreira Ribeiro Carla Russi Carlos Augusto Mar tins Lacaz Carlos D.do Nascimento (Chester) Carlos Eduardo Passos Carlos Gauche Carlos Por to Filho Carlos Rober to Duar te Seilhe Carlos Ubiratan “Dente” R. Petry Carolina Affonso Cássia Ferreira Andrade Catia Ana Cecília Silveira Célio A. Cecare Celso Akio Nakachima Cesar Augusto S. Sobral Cesar Oliveira Cesar Rober to Charlene Moura Almeida Charlles Lucena Cibele Mar tins Jacques Clara Gomes Clarice Dellape Clarice Motta Clarisse Almeida Alvarenga Claudio Santos Yagami Clayton Mou Rezende Coala Cris Cris Cris Peter Cristiane Lopes de Oliveira Alves Cristiano Carneiro Cristiano Ludgerio Cristina Valle Daniel “CDQ” Pessoa Daniel Cesar Daniel Esteves Daniel Fernandes Rosa Lopes Daniel Gomes Daniel HDR Daniel Jacob Daniel Spinola Trindade Daniel Vicente da Cruz Daniel Vieceli Daniel Wernëck Danielle Raupp Borba Danilo Duar te Danilo Mendonça Dany F Lopes David Beat Davide Débora Bordin Dejair Dias
Denis Augusto Denis Costa Denis Sevlac Dexx Dida Evanilda Souza Pinto Diego Bachini Lima Diego Carrico Cacau Diego Marinho Diego Sanches Digo Freitas Dimitri Santana Dini Walker Diogo Chaves Diogo Nogueira Dirlei Felippe Dolphin Di Luna Dora Vieira Doug Lira Duda Falcão Éber Miom Eder Modanez EdgarK. Edilaine Correa Gonçalves Edilaine de Freitas Lima Edson Daniel dos Santos Mano Junior Edson Sorrilha Filho Eduardo de Godoy Pereira Eduardo Rio Eduardo Schaal Eduardo Schloesser Elaine Rodovalho Eldius Elenildo C. lopes Elenita Manhães de M. Costa Elizabeth S. Lira S. Melo Ely Sena Emanuel Ferreira Eniete Dias de Souza Eric Novello Eric Teraçono Erick Carjes Érico Assis Erika Magalhães Erivan EloiI Evaldo Dias Souza Evilyn Pinto Fabiano Denardin Fabiano Silveira |FABIO| Fábio Antonio Soares Alves Fábio Caracciolo Fabio Guedes Fabio Hirata Fábio Santana Queiroz de Araujo Fabio Uliana Fabíola Queiroz Fabricio Velasco FCB Felipe 5 Horas Felipe Assumpção Soares Felipe Autran Felipe dos Santos Felipe Ferreira Felipe Gonçalves Felipe Kajihara Felipe Malafaia Felipe Morcelli Felipe Mussarelli Felipe Sá Felipe Sobreiro Felipe Timóteo Fellipe de Albuquerque Fellipe Sales Fernando “del Angeles” Pires
Fernando Cesar Fernando da Costa Marques Fernando Taboada Filipe Careli de Almeida Filipe Dalmatti Lima Flávia Mar tins Flavio Franceschini Flavio Veiga Francis “Fradie” D. Almeida Francisco Costa Francisco Jacobina Freddy Pavão Gabriel (gothmate) Correia Gabriel Brasil Gabriel Carvalho Antunes Gabriel Guimarães M. de França Gabriel Jardim Gabriel Kolbe Gabriel Pessine Gabriel Valadares Gabriela Peres D Aquino Gabriela Zuquim Gabriella Aparecida Lessa Bijos Gael MonteCastro Gau Ferreira Geekeria Shop Gibiteria Gilber to Paulino de Souza Jr. Gilmar Car tunista Giorgio Galli Giselle da S. Monte Giulia Calistro Giuliano Fernandes Zagonel Guido Rossetto Moraes Guigo Araújo Guilherme Guilherme Almeida Pascon Guilherme Batista Ferreira Guilherme Couto Pereira Guilherme de Souza Guilherme Kroll Guilherme Rubio Gustavo Gama Gustavo Henrique Chaves Messias Gustavo Luz Gustavo Monlevad Gustavo Moreira Braga Lamounier Gustavo Resende Mendonça Gustavo Rezende C. O. Pessoa Gutto Paixão H. Erik Kauffmann Haeckel Almeida Helder Filho Helena da Hora Henrique Jb Herman Faulstich Hermes de Freitas Higor David Higor Jardim Humber to Souza Humber to Teski de Oliveira Iana Otoni Igor “Bone” Toscano Igor Chaves Igor Freitas de Figueiredo Igor Soares Ribeiro Ingo Passos Insanozuke Iran Marrocos Filho Iris Lopes Isa Ferrari Isaac Andrade Isabela de Sousa Isis Saide Isnard José Coimbra de Carvalho Neto Israel Valentim Ítalo Pires Aguiar Ivan Costa Izabelle Santos Jackson Cruz Jackson Gebien
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Leo Lopes Leonardo Cordeiro de Sousa Leonardo Lahoz Melli Leonardo Pascoal Leonardo Picanço Cruz LeonardoFinocchi Lia Viegas Liber Paz Lília Amaral Lilian Penteado Liliane Ribeiro Lillo Parra Lobo Limão Lovelove6 Luana Pontes de Lima Lucas “Poderoso Porco” Ed . Lucas Alves Vaz Lucas Dias Lucas Pereira de campos Lucas Rigolin Faustino Lucas Saguista Lucas Sawaris Lucas Walmrath Lúcia Gomes Pereira Lucilene Canilha Ribeiro Lucio Luiz Luís Alves Tsolakis Luis Filipe de Almeida Luis Gerino Luis Guilherme Bonafé Gaspar Ruas Luis Henrique Garavello Filho Luis Humber to Beltrão Luis Lara Luis Soares Luisa Barros Luiz William M.Monteiro Maira Guarabyra Malakdan Manassés Filho Marcel Criveli Marcelo Alves Marcelo de Freitas Rigon Marcelo Paixão Guimarães Marcelo Salgado Marcelo Saravá Marcelo Soares Marcelo Velloso Márcio Melo Marcio R. Gotland Marcos Marcos Klein Marcos Noel Car toons Marcos Rober to Piaceski da Cruz Marcos T. Nogueira Marcus de Souza Marcus Vinicius Marques Ferraz Marcus Vinicius Rodrigues Margarida Tomaz Mariamma Fonseca Mariana Cagnin Mariana Dias Correia da Costa Mariana Recalde Ferreira Marilia Bruno Marina Gimenes Matiazi Marina Matos Mario Cau Mário Oliveira Mateus Karvat (Mahat) Matheus Calci F. Gomes Matheus Camelo Matheus Costa Tavares Matheus Eduardo Beserra Matheus Huve Matheus Machado Grimião Mauricio Cor tez Mauricio Ivan da Silva Mauro Jovani Mauro Maciel Maxoel Barros Costa Michel Costa
Milena Azevedo Milton Mauad Mirna Freira Mônica Dias de Souza Monica Vicentini Monique Mendes Murilo Souza Nádja Kristhina Nataly Costa Fernandes Alves Natasha de Souza Mello Nathália Amaral da Silva Nathalia Cardoso Nathália Rocha Touché Nathalia Xavier Thomaz Nelson De Moraes Marques Junior Nelson Donizeti Nelson Volpiano Neto neoiconoclasta NetoJJ Ney da Guia Mello Nia Octavio “Katatuno” Morales Octavio Aragão Ofidio Nogueira Orlando Simões Osmarco Valladão Pablo Sarmento Pacha Urbano Patricia Bruschi Paula Alves Paula Othero Barreto Sansevero Mar tins Paula Urbinati Paulo Crumbim Paulo Diovani Paulo Diovani Goncalves Paulo Kielwagen Paulo Tarciso Okamotto Pedro Arêbola Pedro Barreto Pedro Henrique Pedro Hutsch Balboni Péricles Ianuch Philipe Araujo Philippe Castilho Mar tiniano Pierre Dechery Presto Gaudio Presunto e Bardoia Priscila Higa Quadrinhofilia Rafael Corrêa Rafael da Cruz Mar tins Rafael de Sousa Campos Rafael De Souza Luppi Monteiro Rafael Grande Rafael Marçal Rafael Mathias Rafael Noris Rafael Oliveira Rafael Oliveira Lopes Rafael Rodrigues Rafael Veroneze Domenech Rafael Viana Rafael Zuquim Raimundo Mota Rainor Marinho Raphael Oliveira Raquel Cappelletto Raquel Cappelletto Raquel Donola Victorio Raul Evangelista Silva rcgabi Rebeca Linhares de Oliveira Rebeca Puig Reinaldo Fernandes Filho Renan Barcelos Renata de França Lima Renata Ribak Renato Coimbra Matos Renato da Matta Renato de Almeida Renato Marins
Renato Moraes Renato Schmeiske Ricardinho Pereira Ricardo “Sardonis” Penteado Ricardo Agostinho Ricardo Leite Ricardo Zanini Fernandes Rober to Vrf Rodney Barbosa de Carvalho Rodolfo Scotelaro Por to Darrieux Rodrigo Bueno Rodrigo de Salles Rodrigo Or tiz Vinholo Rodrigo Ramos Rodrigo Urbano Romulo Matheus Rosiane Ferreira Rosiane Ferreira Ruis Vargas S. Lobo Samanta Coan Samira Daher Samuel Fonseca Sandra B A Silva Sandra Mattos Amaral Sandra Recalde Sandra Rocha Sandro Vaz Sara Kalinne Sargento Carlos Scarlet Guedes Alvares de Oliveira Sergio Lima Sergio Luiz de O. Victorio Sérgio Soares Sidney Gusman Silvana SEPE Sindicato Nacional dos Analistas-Tributários da Receita Federal do Brasil Stefano Simonato Stela Santos Suéllen Moreira Sanchez Suzana Matos Sydney de Almeida Jr. Tahiana Araujo Tatiane Leite Tatyane Menendes Tchelo Andrade Tereza Niederauer Thaian Andréia Thais Aux Thais Cordeiro de Sousa Thaís Mello Thaíse Nunes Lima Thales Mar tins Thales Ramos Thiago Andrade Nascimento Barros Thiago Camelo Thiago Capone de Moraes Thiago Carvalho Bayerlein Thiago Cascabulho Thiago Liberal Thiago Lima Thiago Lima Amaral da Silva Thiago Lucas Thiago M. Baranda Thiago Modenesi Thiago Nunes Thiago Vale Thomas M. Garcia Tiago Dias Batista Tiago Duar te Rezio Tiago Phelippe Ribeiro Santana Tiago Silva Egger Ton Messa Toni da Hora Tuanny Leite Almeida Val Fonseca Valéria Barros Valéria Yoshida Vanessa Boechat Vanessa Castro Lopes
Vanessa Stéphanie Vera Lucia Bof Vera regina da Cruz Mattos Victor Alexsandro Victor Almeida Victor dos Santos Victor Freundt Victor Hugo Victor Moura Vinicius Corrêa Ferreira Vinicius Felix Vinícius Pepe Bellomo (nynycius) Vinícius Rennó B. Cunha Vinícius Souza Vitor “O Ruivo” Vitor [Endyminion] Vítor Gabriel Landim André Vitor Hugo Vítor Leão Brito de Moraes Vivian Andrade Vivianne Alexandra da Silva Santos Wagner Luiz “CASPER” Walkir Fernandes Wallax Mello Walmor Vieira Gomes Walter Silva de Mendonça Junior Well Wesley Wesley Chaves Bezerra William Ricky Cambeses Baker William Vieira Zé Borba Zé Fernandes Zé Wellington
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