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Entrevista

Televisão, ensino, piano, curadoria, exposições, Casa da Música, Centro Cultural de Belém, entre outras, são palavras que pontuam a sua biografia. Contudo, existe apenas uma que se repete vezes sem cont a: Design. Co-fundadora e presidente, desde 2000, da ExperimentaDesign, o Traço foi conhecer a “Senhora Design”

Guta Moura Guedes

“Nossa-senhora do Design”

T Texto de Ana Rita Sevilha

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Fotos de João Reis

Tem uma actividade profissional extensa, onde entre muitas outras coisas, o Design se destaca. Como se sente com o rótulo de “Senhora Design”? Guta Moura Guedes: Esse rótulo é engraçado, houve uma altura que até me chamaram “Nossa Senhora do Design”, porque eu tinha a mania de usar um lenço na cabeça. Ao fim destes anos todos para mim é muito claro que aquilo que eu faço é agir como uma designer. Actualmente é muito fácil dizer isto, há dez anos atrás era bem mais complicado, porque agora é muito claro que o design não é só o desenho e a criação de objectos ou artefactos palpáveis, mas sim uma disciplina que é aplicada a toda uma frente de actividades, que inclui o desenho de mobiliário, software, serviços. O design tornou-se numa ferramenta muito mais abrangente e por isso eu hoje uso tranquilamente a denominação de designer e acho que essa ideia da “Senhora Design” em Portugal está muito ligada ao trabalho que fiz com a ExperimentaDesign de divulgação do design português. É nesse sentido que surge essa associação. Em tempos desenhou uma cadeira inspirada numa personagem do livro de

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Saramago, “Memorial do Convento”. O que a inspira? De um modo geral acho que todo o meu trabalho é um trabalho de relacionamento com outras realidades. Em parte, tenho um sentido autónomo quando começo a trabalhar, normalmente é um trabalho que funciona com um contexto específico. Eu diria que sou muito reactiva áquilo que vejo, que olho e que observo. Vejo muito, sou uma espectadora muito atenta e muito critica. Depois existem diversas coisas que me fazem reagir, e essa continua a ser uma constante no meu trabalho faça eu o que fizer. Seja eu curadora, faça um programa de televisão, esteja a comissariar uma exposição no estrangeiro, a fazer a bienal, ou como administradora do Centro Cultural de Belém, a minha forma de trabalhar é sempre uma forma em que eu me relaciono com o contexto e com o exterior. Como é que a ExperimentaDesign entrou na sua vida? A Experimenta foi criada em 1998 e surge por acidente. Eu estava na

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altura no primeiro ano da faculdade de Arquitectura a fazer o meu segundo curso com o professor Daciano, que na altura lança um trabalho para os alunos sobre design português. Eu escolhi a ProtoDesign para fazer esse trabalho e fiquei fascinada com aquilo que tinham feito, um trabalho fantástico que eu na altura utilizei como case-study. Conheci o Marco Sousa Santos e o José Viana e depois fomos juntos a Milão, ao Salone Internazionale del Mobile. No regresso discutíamos o que faltava em Milão o que ainda não acontecia no mundo do design, o que não acontecia e faltava em Portugal, e às tantas questionámo-nos, porque não fazíamos alguma coisa? E a partir dessa conversa começamos a desenhar a Bienal ExperimentaDesign, desde o início pensada para um contexto nacional e internacional. Nós sabíamos o que faltava e o que devíamos fazer cá. Acho que também na altura tínhamos consciência do que não havia ao nível internacional. É o exemplo daquele tipo de ideias interessantes que aparecem no momento certo, se a ExperimentaDesign tivesse sido pensada este ano, o contexto já era completamente distinto. Naquela altura não havia nenhum evento no panorama internacional que pegasse no design numa perspectiva cultural, dedicada à reflexão e à discussão, todas as coisas eram muito mais concentradas na perspectiva comercial e por isso foi no contexto certo. Em Portugal, eram sem dúvida o contexto certo para a bienal, porque o design era uma coisa muito recente na altura, e a falta de informação aliada à necessidade que tínhamos de conjugar promoção com investigação era muito grande, portanto era relativamente fácil naquela altura conseguir pensar num projecto bem feito e lançá-lo. A Experimenta surge assim. Foi um exercício que demorou três ou quatro meses, fizemos um grande dossier sobre o projecto, foi desenhado de uma forma muito flexível porque podia crescer, podia ficar mais pequena, dependia dos apoios que não sabíamos quais eram. Desde o início foi montada com uma network internacional, o que nos permitiu em Setembro, na primeira edição, ter por um lado um intrusamento muito grande com a cidade e com muitas das suas instituições culturais, e por outro lado trazer a Lisboa imensos criadores e contactos internacionais que tínhamos e que fomos criando. Que análise faz da evolução da Experimenta? É suspeito fazer uma análise dos nossos projectos, mas neste caso existem dados concretos, tais como número de visitantes, feedback da imprensa nacional ou internacional, temos análises que pedimos para medir o impacto da Bienal em algumas das frentes e tem sido um crescendo. Inclusive em 2005 a Experimenta foi considerada o melhor evento de design europeu e por isso não posso estar mais contente com o percurso. Houve este interregno em 2007, mas também não conheço quase nenhum projecto que não tenha os seus momentos mais difíceis e tenho tendência para encarar esses momentos como oportunidades de reflexão de redesenho e de reafirmação, e foi isso que nós fizemos. O campo de acção da Experimenta foi alargando ao longo dos anos? Foi, naturalmente. Começou por ser uma plataforma de experimentação e divulgação e automaticamente percebemos que com os conteúdos que tínhamos nas mãos podíamos fazer muito mais coisas. Um exemplo que é muito interessante e paradigmático desse trabalho é o caso da Voyager03, que foi pensada como um projecto de comunicação da Bienal no estrangeiro, e um dos conteúdos da Bienal de 2003. Teve uma reacção óptima em Paris, Barcelona, Madrid e depois chegou cá. Posteriormente, pegámos naquele conteúdo que tínhamos disponível, e que por si só já tinha gerado imensos projectos e agido como catalizador em muitas frentes, de criadores portugueses e da indústria portuguesa, porque era um show-case da criatividade nacional. Pegámos nisso e propusémos ao ministério da Cultura, a todas as principais autarquias do país e a um patrocinador privado, que na altura foi a Galp, montar uma operação para descentralizarmos aquele objecto. Fizemos aquilo que eu acho que foi o principal projecto internacional cultural feito em Portugal em 2004, levando a Voyager por dez cidades, ilhas inclusivé, com o mesmo vigor e o mesmo cuidado que tivemos lá fora. Em cada cidade que trabalhávamos envolvíamos os interlocutores culturais locais, as escolas, fizemos conferências de apresentação, fizemos exactamente como fizemos para Madrid e por aí fora, com o mesmo nível, rigor e cuidado, levando conteúdos que tinham sido pensados no panorama internacional.

Isto foi um exemplo muito interessante de uma coisa que começou por ser um evento e acabou por ter impactos noutras frentes. A ExperimentaDesign foi considerada um case-study de sucesso no âmbito do Programa Operação da Cultura ao qual nós recorremos duas vezes enquanto entidade privada, sozinhos e sem ajudas do Estado. O facto de ser um lado mais ligado ao design passa também para a indústria e é isso que me agrada, a capacidade de agir numa área mais ligada a questões culturais, estéticas, éticas e de sustentabilidade, mas que depois faz a ponte com a indústria e pode ser trabalhada em diversos planos. A Experimenta tem isso, e à medida que fomos sentindo isso mesmo, criámos por exemplo a DESIGNWISE que é a marca da Experimenta, que é dedicada ao design pensado e feito em Portugal, temos vindo a trabalhar cada vez mais como consultores e curadores em projectos nacionais e internacionais, e temos conseguido também essa tal network internacional em que a Experimenta, ou eu por declinação, tem vindo a ser solicitada para intervir nos grandes eventos de design pelo mundo fora e para participar em projectos europeus. Actualmente estamos por exemplo a preparar um projecto com o London Design Festival, que será um grande projecto a nível europeu, e que é um exemplo de como somos nós com a nossa marca a fazer esse desafio, essa proposta e esse lançamento, o que tem sido muito interessante. Quais os principais objectivos da Experimenta? O principal objectivo é definitivamente ser uma plataforma de comunicação, de divulgação, e de informação, depois de estímulo e de catalizador. É muito importante para nós sabermos que com o nosso trabalho estamos a criar situações onde, ou por onde, os criadores portugueses e internacionais podem trabalhar, estamos a dar trabalho, estamos a criar situações de trabalho e estamos definitivamente directamente a estimular arquitectos, designers, criadores em geral e a criar condições para poderem trabalhar, isto é muito importante no nosso trabalho e é transversal. Depois existe a ideia de plataforma de discussão, de reflexão e de experimentação. A ideia de criar essa plataforma em Lisboa, agora com uma ponte em Amesterdão, a ideia de uma plataforma aberta à experimentação, à troca, ao debate à partilha. A ideia de colaboração e

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partilha faz parte da identidade da ExperimentaDesign. Esses três vectores são os mais importantes. Iremos sempre experimentar vários moldes e quanto mais estáveis estivermos enquanto estrutura melhor o podemos fazer, portanto a questão da estabilidade financeira aqui é muito importante, há sem dúvida uma ideia de serviço público subjacente ao nosso trabalho o que é complicado de gerir, porque não produzindo receitas directamente temos de ter uma articulação e uma linguagem financeira que nos dê essa tal estabilidade para fazer este trabalho.

É uma forma de aproximar a produção cultural da sociedade civil? Que tipo de contributo tem dado? Não tenho dúvidas nenhumas quanto a isso. Dou muitas conferências nas universidades portuguesas, em termos de realidade nacional estou muito próxima, oiço muito, sou muito questionada sobre a Experimenta, porque também digo sempre que sim, e o que tenho notado sempre é que por um lado é raríssimo quando falo com as escolas, que os alunos não tenham ido à Experimenta, quase todos viram e perguntam coisas. Trabalhamos em muitas frentes e isso tem um efeito muito visível, é difícil explicar e justificá-lo porque nós não o quantificamos, existem poucas ferramentas ao nosso dispor para essa prática, o que podemos explicar é baseado numa análise muito empírica que todos nós vamos tendo à medida que trabalhamos, e isso é uma coisa que me preocupa e sobre a qual todos falamos muito, o como medir esse impacto, e como poder garantir e explicar às pessoas que sim que há um impacto. Mas sim, sem dúvida que há, que as pessoas estão mais atentas, que o público aumentou. Como é que justificamos isso? É claro que os números das visitas aumentaram mas é muito mais do que isso, o

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efeito de multiplicação é muito maior, porque cada um de nós é um desmultiplicador de informação. É dificil explicar como, mas não há dúvidas que sim. Que benefícios trouxe até hoje a Experimenta para o Design Português? Não tenho dúvidas que ajudou muito. Ao nível internacional é muito fácil concluir isso porque é o que me é dito constantemente. A ExperimentaDesign posicionou Portugal no panorama do design internacional, que na altura em 1998 já estava a começar a ter uma repercussão lá fora. A Experimenta apareceu no momento exacto em que há uma geração de novos designers que têm esse entendimento de plataforma de comunicação e de promoção. A partir dai conseguimos colocar designers portugueses nas capas das revistas internacionais, e colocar Lisboa nesse circuito. Nacionalmente penso que, há medida que o tempo foi passando começámos a trabalhar mais próximo de empresas portuguesas, como a Atlantis, a Tema e a Vista Alegre, por exemplo, e não só empresas de design, mas como a Galp e a EDP, que acabámos por puxar e desafiar a entrar neste universo. A Experimenta começou como uma alavanca. Este ano, pela primeira vez estamos a juntar criadores, empresas e oficiais culturais das embaixadas sediadas em Lisboa, para estarem presentes numa sessão aberta do nosso Think Tank, para precisamente saberem qual o tema da Bienal e serem desafiados a mostrar o que estão a fazer. É um question mark do nosso lado, porque achamos que também não podemos ser só nós a convidar pessoas para os conteúdos da Bienal, de maneira que é uma forma de desafiá-los para que este movimento de empreendedorismo, que é essencial cá. Temos mesmo de ser empreendedores, temos mesmo de ter energia, e a Experimenta é uma plataforma onde isso pode acontecer, mas não é necessário que sejamos sempre nós os promotores do desafio.

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A Experimenta assinou um protocolo com a Ordem dos Arquitectos. Numa primeira fase este protocolo traduz-se num apoio institucional à exposição e conferência de Peter Zumthor. Que mais vai resultar deste protocolo? O protocolo é mais abrangente, é um protocolo muito genérico e que reflecte o desejo de a Experimenta e a Ordem dos Arquitectos estabelecerem um canal de comunicação e de ligação muito aberto, e que posteriormente, caso a caso, irá tomando forma. No fundo vão surgir várias adendas ao protocolo base. No caso do Zumthor foi criada uma adenda especificamente à questão da sua apresentação, comunicação, serviço educativo, visitas guiadas, da semana da arquitectura, toda uma articulação. Para a Bienal de 2009 iremos novamente falar com Ordem e perceber qual o tipo de aproximação que iremos ter, sendo que a Ordem também já tinha participado connosco em 2005 nas conferências de Lisboa. Digamos que é a estabilização de uma relação que também vamos fazer com outras entidades nacionais e internacionais que representa e formaliza a network que já existe em alguns casos, e em outros que ainda se vai formalizar. Isto porque a Experimenta tem esta ideia de rede, nós não funcionamos isolados, somos um grupo de pessoas muito pequeno e uma das nossa forças é precisamente ter conseguido criar essa rede local e internacional, que é informal, mas talvez esteja na altura de começar a formalizar. Que outro tipo de protocolos seria importante estabelecer em Portugal? Em Portugal eu acho que deveria existir o momento em que faríamos um protocolo com o Centro Português do Design. Trabalhamos desde sempre com o Centro Cultural de Belém, a Culturgest, já fizemos projectos em parceria com a Gulbenkian, mas eu diria que essas instituições, dadas as suas características, não justificam um protocolo. Um protocolo deverá ser feito com entidades que tenham um trabalho de campo, de pesquisa, em áreas em que nós nos debrucemos. Assumindo que com o protocolo com o Ministério da Cultura estamos automaticamente ligados a ele, agora eventualmente seria um protocolo com o Centro Português do Design que deveria fazer sentido. Com a indústria também, mas esse é um passo que vai demorar mais tempo. A CML inviabilizou a Experimenta em 2007 sem aviso prévio. Contudo juntamente com o Ministério da Cultura e da Economia vão apoiar a iniciativa até 2013 com cerca de 3M€, e a Experimenta regressa este ano com uma internacionalização. Há males que vêm por bem? Eu acho que há males que vêm por bem, mas o final desta história poderia ter sido outro, poderia ter sido o fim da ExperimentaDesign, e aí já não poderíamos dizer isto. Eu não procuro estes males, e acho que são de raíz coisas que não deveriam acontecer, e o facto de ter acabado desta forma é apenas porque nós não baixámos os braços. Todo este trabalho de colocação da ExperimentaDesign como um dos eventos mais interessantes no panorama internacional demorou muito tempo, e a competitividade e a concorrência hoje em dia é muito grande e a velocidade é cada vez maior, a substituição de tudo é feita de uma forma muito rápida. Para nós nos mantermos na frente, num local visível e continuarmos a ser aquilo que a Experimenta tem de ser, que é inovadora e antecipatória, é preciso um trabalho muito grande e constante. Quando fazemos uma interrupção como esta, quer queiramos quer não, menos em Portugal porque é um pais pequeno, mas muito mais num contexto internacional, há uma quebra e uma perda de massa crítica. Quando a Experimenta foi desactivada, eu fui convidada para fazer uma série de coisas no panorama internacional, e como de certa forma represento a Experimenta e continuava a assinar enquanto presidente da Experimenta, acabei por com o meu trabalho a manter a Experimenta muito presente na tal network. Mas se isso não me tivesse acontecido, era cancelada e eu não faria mais nada no estrangeiro. Estes dois anos de intervalo são muito destruidores para esta perspectiva global. E em Portugal não podemos pensar de outra maneira. Pensar local em Portugal neste momento já não é possível, portanto temos de pensar global. E quando nós desaparecemos do mapa global por uma questão local é perfeitamente injusto, desesperante e pode ser mau ao ponto de aniquilar o trabalho que fizemos. Portanto, existem lados maus desta interrupção. A parte boa é a de que se calhar o convite de Amesterdão não tinha acontecido se não tivéssemos parado a Bienal. Como é que surgiu esse convite? O convite foi directo da Câmara Municipal de Amesterdão, em Julho do ano passado. Já estava o António Costa na corrida para a câmara de Lisboa e telefo-

nam-me de Amesterdão a dizer que tinham feito uma reunião de consultores, porque a câmara tinha criado um gabinete especial para definir a estratégia de desenvolvimento da cidade na Europa e no mundo nos próximos dez anos, e tinham focado a questão do design e discutido sobre qual seria o mais interessante evento de design para levarem até lá, e tinham chegado à conclusão que era a Experimenta. E nessa altura fizeram-me o convite, eu disse-lhes que estava numa situação complexa porque iria ter um novo presidente de câmara, tinha dúvidas sobre isto, e não poderia levar a Bienal de Portugal sem falar com os parceiros institucionais que eram o Ministério da Cultura e da Economia. Quando Amesterdão faz o convite à Experimenta é porque sabe que uma das coisas que a Experimenta faz é a dita rede de contactos, esta network é muito importante, nomeadamente porque trabalhar com a cultura é muito difícil e muito complicado. Nessa altura eu lancei o desafio de fazer a coisa a meias com Portugal, e ver o que é realmente trabalhar em conjunto. E é assim que surge, sempre com a ideia subjacente da colaboração, porque isto não é um francheising. A Experimenta é demasiado complicada e complexa para se fazer como um franchising. O que a torna diferente é precisamente a capacidade de nos envolvermos profundamente com um projecto, em articulação com um espaço físico que é Lisboa ou Amesterdão. Não é um pacote que se vende. Sobre o que se vai reflectir em Amesterdão? O tema é focado nas questões urbanas, o espaço público, que faz todo o sentido numa cidade como Amesterdão, que lida com esse tema há muito tempo e muito bem, e que tem soluções para a cidade numa perspectiva social, estrutural e de funcionamento muito interessantes e muito diferentes das que temos cá. São três grandes projectos, sendo que dois deles são completamente focados nas questões do espaço público e um outro completamente focado nas questões do espaço privado. A temática gira em torno da ideia de utilização do espaço com a autonomia das pessoas e dos cidadãos, por isso vamos ter muitos arquitectos nesta edição e alguns artistas também. “It’s about Time” é o tema da Experimenta 2009 em Lisboa. Qual a importância do tempo na arquitectura e no design? Essa é a questão que queremos lançar. Vai ser muito transversal essa Bienal, vamos lidar com a importância do tempo, mas num duplo sentido. A Bienal vai ter estas duas direcções, as questões sobre o tempo, a velocidade, a aceleração, as transformações das ferramentas, dos sítios e do espaço, a mobilidade e tudo isso por um lado. E por outro, a questão de que é tempo de fazer o quê, O que é uma direcção mais filosófica, mais profunda. Ainda não sei bem como vai ser mas já temos um programa bastante composto. O que é o Design e qual o seu papel na sociedade? O design é a disciplina operativa do século XXI.

TRAÇO # Dezembro nº 04

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