Bebop 01-2014

Page 1

bebop 2014 Jornal narrativo

bebop

1


Ed. 01/2014 Ano 02

Foto: Jéssica Lange

quem experimentou Professor orientador Anderson A. Costa Editora [Ed. 01/2014 Ano 02] Jéssica Lange Narradores: Elis Oliveira Jean Patrik Jasmine Horst Kamila Dussanoski Karin Milla Detlinger

2

bebop

O Bebop é um jornal experimental produzido pelos alunos da turma B do 4º ano do curso de Comunicação Social (Jornalismo) da Unicentro. A finalidade deste material é informativa, educacional e cultural, sendo expressamente proibida a comercialização. Todos os textos são de responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste). Contato: jornalbebop@gmail.com Tiragem: 500 exemplares


SUMÁRIO 05 // The first time never forgets 06 // crÔnica - Água parada apodrece 08 // Simpatias, crenças e ditos populares 14 // Andarilhos do Asfalto 21 // Conversa de Bar 27 // O amor está no ar... A volta dos romÂnticos 33 // projeto capas originais 41 // CABEÇA RASPADA, CARA PINTADA E COMIDA RÁPIDA

bebop

3


Colagem: JĂŠssica Lange

4

bebop


The first time Caro leitor, por Jéssica Lange Tudo que é feito pela primeira vez causa um certo frio na barriga. Seja pelo medo de dar errado ou pela emoção do momento, todos temos receio do que nos é estranho. A vida é assim: cada dia traz oportunidades para experimentarmos, basta ter coragem. Você ainda se lembra da primeira vez que viajou sozinho? Uma mistura de ‘estou me sentindo perdido’ com ‘preciso me virar por conta própria’. E da vez em que experimentou aquela comida japonesa? Foi estranho, mas depois ficou querendo mais. Isso também funciona com a primeira vez que você ouve uma música de uma banda que não conhecia. Parece que a audição fica mais aguçada. Eu, pelo menos, sou do tipo que fica reparando quais instrumentos utilizaram para compor, como é a voz do cantor, se me agrada, se é do tipo de música que teria no computador ou que gera desprezo: “não quero mais ouvir isso”, “tomara que saia da minha cabeça”. As coisas que acontecem pela primeira vez tem um tom de surpresa, de expectativa. Esse ano o Brasil vai sediar um dos eventos mais importantes do mundo: a copa. Não é a primeira vez que o país se torna anfitrião do evento, pois já ocorreu em 1950, quando a seleção brasileira, que era considerada favorita, perdeu para o time uruguaio. O dife-

never forgets rencial agora pode ser justamente o resultado: ganhar em casa. Nada melhor do que o gostinho da vitória. Para nós, dessa geração mais nova, a expectativa é maior. É ‘como se fosse’ a primeira vez. Entretanto, concordo com as muitas críticas sobre a realização do evento. Existem outras prioridades que demandam atenção, como educação, saúde, segurança... Mas sei também que quando junho chegar, um espírito nacionalista tomará conta de todos, e iremos torcer e cantar: “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”. A primeira edição da Bebop de 2014 também tem esse tom de novidade. São novos jornalistas, novas ideias, novos pensamentos. Queremos mostrar a você, caro leitor, matérias que, para além da objetividade fechada do jornalismo tradicional, trazem histórias que fogem do ambiente imutável da redação, despertando a curiosidade e aproximando você do texto. O jornalismo narrativo é isso. Assim como os jazzistas do bebop, que tocavam músicas frenéticas, notas que fugiam das escalas, rompendo com o conceito de musicalidade até então tido como correto, vamos, por meio do jornalismo narrativo, quebrar as regras, criando textos mais pessoais com um ar de experimento, mas sem cair no improviso.

bebop

5


a u para g Á da

de la tempesta e u q a d is vioo “Dep ndas batiam o s a e d n o ou raios relam s o e e d a d que se arm ntei alguns minha reali Ju a r. tr a n o rp c a z te i ue n lv lentame ivinos, reso !” Mesmo q to d o s ís o ra g a ti p s a o c , mo estino de tex pejavam co fragmento mala meu d a te n s e i , te ro o v b li e tos de m os que li em u uns momen s poucos trap lg à a is m e o fi c e m ortantes não seja ecisões imp entifiquei-m d Id r . a a ri m ó to as palavras m , ideias. e e a minha m o penar qu ento novas n it im u e o v d m o a e v m d ra m g is e car ci-me de qu depo ficou lo n o e o z v c u n r, d o a e C iz D il . s. b a vos are ria vid ar as itar, mo minha próp r respirar no teve a ousadia de solt rras, em ag e a d m o a p s a ra r a a ros e p solt misa a. Entre vid entemente ri c a ç re i ra implicam em te em tirar a velha ca c e id v h n resa o lmen cavam um asal que c inúmeras p Implica litera que conseguem. Um c ita disciplina. Ambos to esse do dia-a-dia e as mu estr soas edicação e 14 anos. O d existem pes e e d 7 1 s , o 2 n 2 a je com ram 40 ês filhos, ho amarras. Fo tr s u e s m ra s cria ferramenta nic a o u a c rô nt e im r pe Quem ex in g e r illa D e t l M in r a K

6

bebop

:


, tar-se a isso p a d a , o il u erar aq nejar, rar isso, sup para outra, sem pesta e p u S s. ia rg a coragem. as suas ene e uma hora it D o u d l. m n a r ic ta e d o u g q ra s ecisão foram e s leve, re diz aram uma d aos poucos as da vida o nclusão de que, como m u o g to d á s a s o rc a b e e m m u a ” sões do lmente ei à co deixar q o “nadismo do? Chegu aquilo. Fina Quebrar esta rotina e te in e n s s e o rm m ta a p ri ta a s ia d e a ticar d onde s penvidraçaria. pinho e pra afinal para suas tarefa s m a e te d M m a r. venderam a u a m s r u n ra e is ti e fez p antas, nsegue cutar ma Doidas & S Isso tudo m ro iano que co unal em deixar de exe v a li b u o e s é z m li ar Medeiros e a descom o ditado, fe pus a pratic a lp is h u d c rt e a la m M e a u o n q d a sema a. ” segun sem sentir a Durante um , “nadismo ensar na vid . e p a -s d o a a n ig la r u D e m z s. ti ão fa a es dente para a prática de n escobri que esta prátic o esta lição é o ato ou v e D L . . ” o m m lé a is d r ciso permite ve sadia, é pre o tal do “na e u m o e o u is q c o re s p ce”, é É isso..., é is rada apodre r um passo para que a a p a u g á “ a vida , é preciso d É preciso deixar as movimento conteça. mudança a m. águas rolare

apo dre c e

bebop

7


Simpatias, crencas e ditos s e r a l u op

p

ra:

st ra e ilu r a n Quem Lange a Jéssic

Quem disse que Coca-Cola serve apenas para beber? Será que batata ajuda mesmo a curar dor de cabeça? E a cebola absorve mesmo o veneno de picada de inseto? Seja comprovado ou não, você já deve ter se deparado com alguma situação na qual não tinha um produto exato para resolver um problema, dai o recurso foi utilizar outro. Alguns são bizarros, outros nem tanto.

8

bebop


Quando eu era criança sempre ouvia minha vó contando como a mãe dela fazia para curar uma dor de garganta. A receita era um tanto quanto estranha, mas segundo ela resolvia, de certa forma, o problema. Bastava pegar uma folha de couve, deixar em uma chapa quente, passar um pouco de mel e, por fim, colocar no pescoço por uma noite inteira. Depois desse ritual, era preciso ter paciência para aguentar o cheiro da mistura e rezar para que fizesse efeito. Afinal, na época, não existiam tantos medicamentos quanto agora e as pessoas acabavam utilizando alimentos e outros produtos para tentar curar doenças e até mesmo resolver problemas de limpeza da casa.

Para curar ‘quebrante’ de criança jogava-se nove brasas dentro de um copo de água, contando cada brasa jogada. Se afundasse é porque tava cheio de quebrante.

Após me contar novamente a história e rir bastante relembrando de como era ficar com uma folha de couve grudada no pescoço, minha vó, também conhecida como dona Amália Wendler, falou: “Eu não gostava quando minha mãe vinha com aquilo, porque grudava muito. Ui, a noite inteira”. Ela lembrou-se também de outra receita fantástica “tinha o couro de toucinho também para dor de garganta. Às vezes ela esquentava aquilo na chapa, colocava em um pano e amarrava no pescoço”. E ainda, “para curar ‘quebrante’ de criança jogava-se nove brasas dentro de um copo de água, contando cada brasa jogada. Se afundasse é porque tava cheio de quebrante”. Ouvi falar também que antigamente era comum que as mães comprassem roupa ver-

bebop

9


Vocês riem, mas o pior é que sempre funciona. Naquele tempo, morando no interior, não tinha xarope nem outro remédio, o recurso era tentar e ver se dava certo.

melha para bebê recém-nascido, com objetivo de não pegar ‘quebrante’. Fiquei pensando o que seria o tal quebrante e cheguei à conclusão que deve ser um tipo de ‘olho gordo’, inveja, ou qualquer outro tipo de sentimento alheio que pudesse perturbar a criança. Outro uso da brasa era um chá para gripe, que, por sinal, foi apontado por várias mulheres que entrevistei. “É assim: coloca brasa, açúcar e canela e leva ao fogo”, contou minha tia, Maria Derli Micheletto. Depois de muitos risos por estranhar os ingredientes, ela fez questão de ressaltar. “Vocês riem, mas o pior é que sempre funciona. Naquele tempo, morando no interior, não tinha xarope nem outro remédio, o recurso era tentar e ver se dava certo”. Sobre produtos, que não necessariamente estão ligados à comida, surgem outros ditos. Segundo Tere Olenik de Lara, ferver vinagre com água pode ser uma boa solução para tirar o cheiro da gordura da cozinha. “Outra coisa que sempre faço é colocar uma colher de chá de café na geladeira para tirar o mau cheiro. Utilizo também, pedaços de pão seco em cima de alimentos gordurosos, porque ele absorve a gordura”. Entre idas e vindas, fiquei sabendo de muitas ‘utilidades’ para a Coca-Cola. O refrigerante é utilizado para desentupir pia, lavar grelha de churrasco, tirar manchas do vaso sanitário, afrouxar parafusos enferrujados, espantar lesmas em plantas, limpar panelas queimadas, matar piolhos e por ai vai.

10 bebop


Nas utilidades dos alimentos, Tere conta mais algumas receitas: “pode-se usar cascas de laranja junto com cravo para espantar moscas da cozinha, passar manteiga ou margarina na ponta cortada do queijo para não endurecer. Já usei o miolo do pão francês para tirar manchas de batom de blusas e camisas e também o detergente misturado com vinagre para retirar manchas de gordura que estavam em roupas”. Quando perguntei sobre a garantia de funcionamento dessas dicas, ela não teve dúvida: “Acredito que muitas dessas ‘receitas’ vindas das nossas mães, das nossas avós, enfim, esses conhecimentos femininos passados de geração em geração, em grande maioria tendem a funcionar”.

Acredito que muitas dessas ‘receitas’ vindas das nossas mães, das nossas avós, enfim, esses conhecimentos femininos passados de geração em geração em grande maioria tendem a funcionar.

Para soluço de bebê, também chamado de ‘jojoca’, surge a famosa crença da ‘ferpa de cueiro’. Dona Amália conta a receita, “você pegava uma ‘ferpa do cueiro’, molhava na saliva e colocava na testa do nenê para que parasse de soluçar. Eu já fiz e não deu certo. Uma vez a tia Wanda chegou aqui em casa e viu a Marli com aquilo na testa e disse: ‘nossa, você também já aprendeu a fazer isso?’”. Na época era uma novidade, tido quase como um segredo por muitas mães. Segundo a dona-de-casa e artesã Lucilene Araújo, a melhor de todas essas simpatias é a do alho. “Minha mãe fazia e até hoje eu faço para as crianças. Você pega alho, molha um pouco, coloca vinagre e passa em formato de cruz nos pulsos, atrás da orelha e no pescoço. Eu faço curar lombrigas”. Após alguns olhares, de quem não entende como esse

bebop

11


Já tentei limpar o armário com vinagre, pois haviam me dito que funciona para retirar o mofo, mas foi uma tentativa frustrada, além de não resolver, deixou cheiro na cozinha.

tipo de crença poderia ajudar, perguntei a Lucilene se realmente dava certo, ela logo respondeu com total certeza: “Sim. Tem muita coisa que a gente acha que é nada a ver e acaba sendo melhor do que remédio comprado. Resolve pra já”. Outra teoria, que para mim soa como bizarrice, é a de passar mel na barriga da perna para tirar lombriga de crianças ou, ainda, fazer um colar de alho e pendurar no pescoço. O alho, assim como o fubá, também é usado para dor de dente. “Deu muito errado. Mandaram fazer um pirão quente e colocar. Como o dente já estava infeccionado doeu muito. Deu vontade de subir pelas paredes”, conta aos risos Maria Derli. Tere também se lembra de um episódio que deu errado: “já tentei limpar o armário com vinagre, pois haviam me dito que funciona para retirar o mofo, mas foi uma tentativa frustrada, além de não resolver, deixou cheiro na cozinha”. Depois de tantas simpatias, crenças e ditos me senti curiosa e pretendo testar alguns. Acredito que nem tudo deve ser visto como besteira, coisa que os ‘antigos’ inventaram. Uns são até comprovados cientificamente, como o uso da batata para dor de cabeça e a eficácia do vinagre na limpeza da casa, principalmente em pisos e azulejos. Afinal, não custa nada tentar, não é? Tudo com muita moderação e cautela.

12 bebop


Outros ditos * Uso talco e maisena para tirar gordura de roupa. Sempre faço, depois lava e sai bem a mancha. * Para febre é bom colocar cebola no calcanhar, nunca fiz mais dizem que é bom.

Lucilene de Araújo

* Usava-se colocar uma moeda em bebês com umbigo saltado. Nunca funcionou. * Para tirar ar do umbigo, dava banho no bebê, molhava um paninho na pinga, colocava no fogo e apagava e por fim colocava no bebê. Sempre deu certo. * Fubá para chulé sempre funcionou. * Colocar Q’boa em frieiras também dá certo, pois acredito que mata as bactérias. * Colocar bicarbonato de sódio para lavar roupas brancas também resolve.

Maria Micheletto

Amália Wendler

* Sempre usei detergente misturado com vinagre pra retirar manchas de roupas, principalmente com coisas que são difíceis de serem removidas. * Em tempos de chuvas, coloco um pedaço de giz nas gavetas, pois reduz a umidade.

Tere Olenik de Lara bebop

13


Quem narra: Jean Patrik / Imagens: Arquivo pessoal de CĂ­cero Ribeiro

14 bebop


Casais dos municípios de Pinhão e Guarapuava se aventuram por estradas pilotando sobre três rodas. eles já estiveram em várias cidades do Brasil, Paraguai e Argentina pilotando seus triciclos, entretanto o maior sonho é chegar às Cordilheiras dos Andes.

bebop

15


Não precisa ser muito observador para logo notar que ele é um amante da estrada e da aventura. Sua casa, seu perfil no Facebook e, principalmente, suas histórias deixam isso transparecer claramente. Cícero Ribeiro é o líder, e um dos fundadores, do Andarilhos Moto Grupo, uma associação de amigos que fazem viagens com motocicletas e triciclos. Entre eles há profissionais liberais, autônomos, empresários e funcionários públicos, de diversas classes sociais e diferentes igrejas cristãs. Mas quando vestem seus coletes personalizados e sobem em seus triciclos não há distinções, são todos Andarilhos. Inicialmente, eram apenas três amigos que curtiam

viajar, meio sem rumo, com suas motocicletas. O grupo só foi formado no ano 2000, mesmo tendo realizado várias viagens anteriormente. No momento, contam com 15 membros e suas respectivas esposas, uma vez que somente pessoas casadas podem se tornar Andarilhos. Os primeiros passeios eram para alguns lugares mais próximos, cachoeiras em Guarapuava e outros caminhos em meio à natureza. Aos poucos, os desafios foram sendo propostos e os simples passeios se tornaram viagens para além-fronteiras. Cícero conta que, com o tempo, foram amadurecendo, o que fez com que regras fossem criadas. “Uma das regras especí-

16 bebop


ficas para o cara entrar, além da moto ou do triciclo, tem que ser casal, não somos contra os jovens, mas precisa ser casado, por pensar as mesmas coisas”. A maioria dos integrantes é de Pinhão, mas há também casais de Guarapuava. Outras normas ainda estão presentes num estatuto que elaboraram em conjunto. Ribeiro esclarece que “não há nenhuma regra muito elaborada, apenas algumas simples para o bom andamento do grupo. Como, por exemplo, quando a gente sai em comboio. Uma coisa é quando a gente sai sozinho, mas com o grupo o cuidado é diferente. Um tem que cuidar do outro, se uma moto estraga todo mundo para”. A organização é simples, há um coordenador, que atualmente é o próprio Cícero, um tesoureiro e uma pessoa responsável pela comunicação, que faz fotografias e atualiza as redes sociais. Nas palavras de Ribeiro, a passagem da motocicleta ao triciclo foi natural, “hoje somente quatro usam motos, já temos onze casais que possuem triciclos”. Existem triciclos que são fabricados, no entanto, os utilizados pelos Andarilhos são quase todos personalizados, feitos por eles mesmos, com peças de carro e motocicletas e depois passam por uma avaliação para poder circular pelas ruas. Ele ainda conta que alguns dos membros só entraram para o grupo depois que viram o triciclo, por acharem mais seguro que as motos. A entrada como participante efetivo segue uma ritualidade. Primeiro, o casal deve ser convidado por algum dos

participantes, então realizam algumas viagens sem serem membros, como um teste, nessa fase eles são denominados apenas convidados. Na medida em que vão se afinando com o grupo passam a ser chamados de girinos e, em seguida, de sapos, e devem pagar uma mensalidade de 20 reais. Somente após três viagens, e no mínimo mil quilômetros rodados, são acolhidos como Andarilhos. Após passarem por cada uma das fases os iniciados recebem um certificado. “É tudo uma grande brincadeira”.

Durante as viagens tudo é uma grande aventura e, por isso, os participantes devem estar abertos a simplicidade. “O pessoal tem que ter gosto por camping, pois sempre saímos para acampamentos, e tem os moto-encontros. Ficar em hotel é muito raro, só em caso de chuva muito forte ou muito frio”. O histórico de viagens, após a formação do grupo, ainda é pequeno,

bebop

17


mas já estiveram na Argentina, Paraguai e Uruguai. No Brasil, já conheceram o Espírito Santo e Bonito (MS). Outras viagens, para lugares mais distantes, foram feitas antes do Andarilhos, como Peru, Venezuela e Bolívia. E, por onde passam, os andarilhos cultivam amizades, “hoje temos amigos motociclistas em varias cidades, em Assunção (PY) Caaguazu (PY), Corrientes (AR), Formosa (AR), Possadas (AR), em Foz do Iguaçu e outros no Uruguai”. Nem todos os membros participam de todas as viagens, por isso, há um controle, feito em uma planilha no computador, que marcam as viagens e, automaticamente, contabiliza a quilometragem que cada um fez.

18 bebop

Ribeiro conta empolgado que as viagens que fez pelos países latino-americanos o ajudou a quebrar preconceitos. “A visão que os brasileiros têm dos argentinos é muito equivocada, o Galvão Bueno fica falando as coisas por causa da rivalidade do futebol, e isso fez com que tivéssemos uma visão errada deles. Eles são super honestos e acolhedores, te ajudam, querem conversar e saber da viagem. Se você estiver na estrada parado eles sempre param para ajudar. E isso em toda a América do Sul e não só na Argentina”. A andarilha Juliana Ribeiro, esposa de Cícero, conta que esses contatos fizeram com que eles ampliassem o repertório


linguístico, para as conversas já desenvolveram um bom portunhol. “Passamos muitas dificuldades, e surgiram até algumas situações engraçadas, mas aos poucos a gente vai se entendendo, inclusive agora temos no grupo uma professora de espanhol”. Além de conhecer lugares diferentes as viagens proporcionaram que aprendessem muito sobre a cultura e os costumes locais de cada país. “O deserto do Atacama, por exemplo, é muito seco, você passa por uns lugares que eles dizem que faz cinco anos que não chove, numa cidade chamada Calama faz vinte e um anos que não chove”, relata o coordenador. A viagem mais recente foi para a Argentina e Paraguai, uns dez dias de estrada, abaixo de muito sol. “Pegamos no asfalto calor com sensação térmica de mais de 40 graus, teve um dos triciclos que chegou a estragar devido ao calor”. Onde chegam eles chamam a atenção.

“No Paraguai, uma cidade parou. Imagine oito triciclos pelas ruas, fizemos um desfile. Fomos até na emissora de televisão local dar uma entrevista”. Para o futuro, Cicero faz planos mais audaciosos. Um dos sonhos é chegar até a Cordilheira, uma viagem que, conforme ele, seria de no mínimo 6 mil quilômetros para ir e voltar. “Eu já estive lá de moto, mas tenho o sonho de ir de triciclo com o grupo”. Mesmo quando o grupo não está em viagem procura manter o contato. Eles se reúnem todos os meses no segundo sábado do mês para um jantar de confraternização e ouvir músicas antigas. “Cada mês nos encontramos em uma casa diferente, e não pode ser dentro da casa, mas na garagem, daí apelidamos de garajão”. Além das viagens, os motociclistas ainda realizam trabalhos sociais como a arrecadação de doações e distribuição de doces para crianças no natal e páscoa.

bebop

19


EVOLUÇÃO DO LOGOTIPO No decorrer do tempo o grupo foi modificando a sua marca. Inicialmente eram motociclitas solteiros, depois casados e, por fim, com os triciclos. O logo acompahou as mudanças.

20 bebop


Conversa de Bar Quem narra: Jasmine Horst

bebop

21


Um lugar onde os homens se sentem a vontade para ver futebol, tomarcerveja,conversar sobre mulheres e jogar cartas com os amigos. Era essa a minha visão sobreosbares,localque, se me lembro bem, havia entrado uma vez, quandocriança,paracomprar doces. Parte do meu ‘achismo’ estava correto, entretanto, descobri que o local pode ser bem diferente do que imaginava. 22 bebop

Sexta-feira à noite e uma pauta a ser feita. Com essa ideia na cabeça saí de casa, a missão era voltar com uma boa dose de causos e uma nova experiência no currículo. O local? Um bar, diferente de todos os lugares que eu já havia frequentado. Logo na entrada, percebi que tinha muita gente lá, e fui apresentada ao dono do estabelecimento, seu ‘Funcho’, apelido de Helmar Piccoli, que de acordo com ele mesmo, mal se lembra do nome verdadeiro, depois de tanto tempo convivendo com a alcunha. Para não atrapalhá-lo, disse que poderia continuar com o serviço e conversar comigo entre uma dose servida e um troco entregue a seus clientes. Enquanto isso, dei uma olhada no local, e fui convidada a ler o mural de frases ditas no bar, quando os clientes já não estavam muito sóbrios: “Nada pornográfico”, disse-me Seu Funcho. Coisas muito engraçadas e boa parte dos ‘filósofos’ responsáveis pelas pérolas estavam presentes, rindo ou tentando justificar o que fa laram. Entre as diversas frases, uma folha de caderno


de contabilidade, com letra manuscrita, me chamou atenção. Ela destacava o consumo de uma garrafa de água e o nome do cliente, Jardel, acompanhado pelo símbolo do Grêmio, time do coração de Seu Funcho, mas como o dono do bar estava ocupado, alguns clientes antigos me contaram o episódio, em que o ídolo do time gaúcho esteve no local e consumiu a água, ou melhor, meia garrafa de água, pois a outra metade ainda está lá, em local de destaque. Segundo algum cliente, já que era impossível identificar quem estava falando, em meio a mais de dez pessoas em minha volta, a garrafa está lá esperando o dia em que o Jardel voltará para pagar a conta. Enquanto ouvia a história, outro cliente me chamou de “flor”, em alusão a meu nome, e ques-

tionou se eu queria jantar, recusei, mas ele continuou insistindo durante todo o tempo em que permaneci no estabelecimento. Depois perguntou se eu queria beber, “não bebo”, disse, mas assim como em relação à comida, ele continuou insistindo. Eu não cedi. Assim que teve um tempinho, Seu Funcho voltou conversar comigo, comentando sobre o horário de funcionamento do bar, o que considera como indefinido: “Aqui nós vamos até a hora que o último for embora, tocamos samba, sertanejo, de tudo. Aliás quer ouvir uma palinha?”. Concordei e um dos presentes, considerado o melhor músico do bar, puxou o violão e cantou ‘Trem das onze’, mostrando que variedade é mesmo a definição do lugar. Quando perguntado sobre histórias curiosas que ocorreram no estabelecimento, Seu Funcho disse que é quase impossível destacar alguma, pois todos os dias acontecem coisas diferentes,

e se desculpou: “Estou voltando agora do carnaval, meus neurônios ainda não estão funcionando direito”, mas garantiu que histórias tristes nunca aconteceram, segundo ele, por se tratar de um bar de amigos. Amigos estes que o acompanham a mais de vinte anos, pelos vários bares que já teve na cidade. Depois disso, ele foi atender mais alguns clientes, alguns que chegavam, outros que saiam, e fui apresentada à ‘Preta’, uma cadelinha vira-lata considerada a mascote do local, que parecia não se importar com o barulho e dormia atrás do balcão. Fiquei mais um tempo observando o movimento, antes de falar com Seu Funcho de novo, para fazer mais algumas perguntas e agradecer pela entrevista. Perguntei-lhe se alguma vez aconteceu de uma esposa ir buscar o marido no bar e a resposta gerou risos e comentários entre os clientes: “Buscar

bebop

23


com violência nunca aconteceu, o que mais acontece é de virem beber junto”, eis que algum cliente que tinha exagerado nas doses disse: “A minha já, me arrebentou no asfalto”, o que gerou mais risos entre os presentes. Para encerrar, questionei-o se assim como Reginaldo Rossi cantava, havia muita gente que bebia por decepções amorosas e contava seus problemas, eis que ele parou, ficou pensando e um silêncio tomou conta do lugar, só ouvi alguém gritar: “Essa resposta eu quero ouvir!”, a resposta veio a seguir: “São pouquíssimos casos, de todos que vem aqui, dá pra dizer que os que vem beber por amor correspondem a uns 10%, a maioria vem porque gosta de beber!”. Uma onda de risos tomou conta do bar. Foi a resposta perfeita para fechar a noite, saí de casa com uma ideia, pretendendo entrevistar apenas o Seu Funcho, mas no fim todos que estavam presentes contribuíram com a matéria.

24 bebop

“Dá pra dizer que os que vem beber por amor correspondem a uns 10%, a maioria vem porque gosta de beber!”


Frases de bar

bebop

25


26 bebop


O amor está no ar... A volta dos românticos Quem narra: Elis Oliveira Ilustrações: João Ovitzke

bebop

27


A

década era 1980. Meu pai resolveu impressionar aquela bela jovem que viria ser a minha mãe. Numa tarde de verão, foi até o armazém da esquina e comprou algumas fichas telefônicas, chegou num orelhão e as usou ligando para a rádio local. “Alô, Seu locutor, aqui é um homem extremamente apaixonado, não consigo mais respirar, porque meu ar é o amor que sinto pela mulher da minha vida. Toca aí, especialmente para ela, a música Fascinação, de Elis Regina”. Alguns quilômetros dali, debruçada em cima de uma radiola velha e chiando, uma jovem deixava escorrer lágrimas de emoção dos olhos por ouvir tal homenagem do seu amado. Há trinta anos, isso era um patamar de romantismo dos mais elevados. Mas quem diria que, logo eu, nascida de jovens tão românticos, anos depois, acharia o romantismo algo patético e sem graça. Não gosto de receber flores - já recebi muitas, joguei fora todas, às vezes na mesma hora -, penso que não é preciso ficar mandando mensagem ou chamando nas redes sociais toda hora só para dizer que está com ‘borboletas no estomago’ e que ama incondicionalmente ou, como canta Elis Regina, “Teu sorriso quente, inebria, entontece! És fascinação, amor.” Não é que não acredite no amor, não é que eu não respeite o sentimento dos outros, respeito, até porque cada ser traz dentro de si o que lhe gosta, o sentimento é algo muito particular. Romantismo para mim, é deixar que os corpos, olhares e bocas falem por si. Porém, ao longo do tempo que moro em Guarapuava, conheci muitas pessoas românticas, algumas melosas até demais. A questão é que, de qualquer forma, quando resolvi fazer essa matéria, em hipótese alguma pensei em banalizar o romantismo ou ver pelo lado negativo quem tem esse sentimento. Quem sabe, eu mesmo poderia mudar de ideia. E, no fim das contas, as histórias são muito boas!

28 bebop


Compilei algumas das várias histórias que consegui, de gente que sente muito amor e que o demonstra À maneira. Delicie-se!

Marina Marcelino, nascida em Guarapuava, é uma jovem bonita, olhos claros e marcantes, de personalidade forte e corajosa, porém muito dócil e cativante. Há quatro anos vive na Inglaterra, junto com o seu marido, João Marcelino, que também é brasileiro, mas que mora a dez anos do outro lado do Oceano. Mas, nem toda a distância impediu que esses dois corações apaixonados se encontrassem, aliás, se reencontrassem. Marina me contou que apesar se serem primos de segundo grau, somente depois de 17 anos começaram a conversar novamente, até que se apaixonaram e ela foi viver sua história de amor na Europa. Para ela, ser romântica, em primeiro lugar, é não ter medo de amar e demonstrar, é sempre surpreender a pessoa que ama, porque, se é possível fazer a vida mais bonita e emocionante, porque não fazer? Para ele, o jeito feminino e carinhoso da esposa, o faz se sentir muito amado. Depois de quatro anos de casados no Civil, no mês de fevereiro casaram no religioso e, para comemorar, ela quer encomendar um bebê. Dentre tantas demonstrações lindas que Marina já fez para João, ela escolheu uma, que é narrada por ela: “Uma loucura de amor que já fiz pelo meu marido, na verdade considero mais uma demonstração de amor, única para nós dois, eu quis dar um presente diferente e que ninguém nunca tinha dado pra ele. Isso aconteceu quando o meu marido foi até a Itália para legalização dos nossos documentos e ele precisou ficar um mês por lá e eu tive que ficar em Londres. Um dia decidi fazer uma tatuagem com o nome dele sem ele saber, por que queria dar de presente a ele, algo que fosse feminina e sexy. Quando cheguei em casa e mandei um email para ele, ele não acreditava e daí me ligou perguntando se era verdade. Estava emocionado por tal demonstração de carinho e afeto. Uma semana depois ele fez uma tatuagem na Itália com meu nome nas costas dele retribuindo todo o amor”.

bebop

29


Nem a distância separa dois apaixonados... Apaixonado por esportes. Seria por meio dessa sua paixão que Wayne Portes, que mora em Curtiba, viria a conhecer a sua outra grande paixão, o grande amor da sua vida. Acompanhe a emocionante história desse casal. “Em 2009 nos conhecemos numa comunidade do Orkut do time São Paulo (sim, futebol). Começamos a conversar e desde então me senti atraído por ela, que morava em Fortaleza. O tempo foi passando e formamos uma amizade linda, porém eu acabei me apaixonando. Deixei isso bem claro, mas ela só me via como amigo. Fomos vivendo nossas vidas. Neste tempo, ela teve algumas ‘desilusões’ e me ligava chorando, para eu confortá -la. Eu chorava junto porque me doía

30 bebop

demais ouvi-la chorar e saber que eu poderia estar a fazendo feliz. Mas ela só me via como amigo, nada mais. Em maio de 2012, comecei a namorar com uma menina daqui de Curitiba, nisso, quando ela soube que eu estava namorando, ela se tocou que me amava e que não me queria apenas como amigo”. Porém, a vida de Wayne não estava sendo nada fácil, nem no amor, nem na saúde. Ele descobriu que estava com um tumor maligno, mas pode encontrar alento e carinho neste momento difícil nos braços de Cinara, a sua amada, que com medo de perdê-lo, correu declarar o seu amor. “Cinara escreveu uma carta e enviou de Fortaleza para Curitiba via cor-

reio. Quando a recebi, eu entendi que ela não me via mais somente como um amigo. Fiquei sem reação, mas também me tornei o cara mais feliz do mundo, mesmo com o tumor, pois meu sonho de quatro anos se realizaria. Ela me pediu em namoro, pasmem, ela. Começamos a namorar dia primeiro de agosto de 2012. Me curei do tumor e minha rotina era todo mês sair de Curitiba e ir para Fortaleza vê-la. Um amor forte, lindo e sincero. Estamos há um ano e sete meses juntos e com o casamento marcado para julho. Enfim, é essa a história, que não deixa de ser uma loucura. Pois manter um amor há mais de 3,5 mil quilômetros de distância não é fácil”.


Desde o dia que sai da reunião de pauta, minha busca por pessoas românticas e loucuras de amor foi incessante. Liguei para vários casais de namorados, amasios, amantes, floriculturas, motéis e parecia que iria ter que derrubar o assunto devido à falta de fontes interessantes. Até que coloquei um recadinho nas redes sociais. “Ei, você conhece alguém que já fez uma loucura de amor? Que seja romântico? Deixe inbox”. Nisso uma colega de curso me falou que conhecia a Camila que mora em Francisco Beltrão e que ela poderia me ajudar contando a linda história que viveu com o Lucas, de Pontal do Paraná. Confesso que, mesmo eu, que sou cética e me sinto um tanto ogra em relação a romantismo, amores e afins, me emocionei ao conversar com eles, por demonstrar que o romantismo vem da alma. Conheça a história de Lucas Espricido Mota e Camila Schulze, contada por ela mesma: “O Lucas ‘aparecer’ na minha vida já é uma parte da loucura de amor. Tudo começa em abril de 2009, quando assim ele me vê. Porém, não o vi. Ainda assim, ele busca saber por mim e em meados de outubro do mesmo ano, começamos a nos falar e nos manter sempre em contato, mesmo que virtualmente. Até porque, desde que o conheci, parecia que, na realidade, eu o conhecia desde sempre. Alguns dizem que nos conhecíamos de vidas passadas, outros dizem que somos almas gê-

meas... Eu mesma não defino, apenas senti, como ainda sinto”. “Quando o vi pela primeira vez, aqui já começa a loucura número um, foi quando ele decidiu secretamente que iria me visitar em Guarapuava, o que aconteceu no Carnaval de 2010. Lembro-me até hoje, quando me mandou uma mensagem instantânea uns dias antes de que resolveria me fazer uma surpresa. Até então não sabia o que aconteceria... O carnaval de 2010, eu passaria na fazenda de uma amiga. E, então, ele chega de surpresa, de mansinho no meu coração, abraçando minha alma. E assim foi. No dia 21 de janeiro, quase um ano após o nosso primeiro encontro, ele chega. Deixou tudo organizado. Mesmo sendo inverno, já fazia alguns dias que não nevava e justamente quando nos encontramos, começou a nevar. Nisso, liga outra amiga, que já estaria esperando pelo Lucas no desembarque do trem. Lembro dela dizer para esperarmos no McDonalds”.

“E assim fiz. Esperamos. Enquanto descíamos para o primeiro piso para ir ao encontro dela, já a via, das escadas, próxima a porta. Fui até ela para cumprimentar, assim que a cumprimentei, senti alguém me ‘cutucando’ nos ombros, quando me virei, era o Lucas dizendo: ‘Oi amor’. A sensação que eu senti em vê-lo perdura até hoje. Não são apenas lembranças. Mesmo depois de dois anos de término, mesmo cada um seguindo rumos diferentes... é o Lucas que me trouxe esse sentimento tão sublime. Que me ensinou e continua ensinando, o que nós, seres humanos, passamos a vida querendo aprender: a amar”.

bebop

31


E continua... Amor verdadeiro, em suas infinitas formas (românticas ou nem tanto), sempre ensinando e sendo maior que o tempo depoimento do Lucas: “Eu já contei essa história para diversas pessoas em diversas circunstâncias na minha vida. A maior loucura, para mim, foi ter visto a Camila pela primeira vez. Todo o contexto adolescente dos ‘poucos critérios’ em se escolher com quem você gostaria de se relacionar, todo aquele fervor das experimentações e afirmações, e entre tantas outras coisas eu simplesmente a vi, ali, num evento que eu tinha ajudado a organizar. Senti todos os frios na barriga, misturado com uma sensação de ‘eu te conheço de algum lugar’. Nada extremamente arrebatador, apenas suficiente para ficar gravado na memória”. “Acho que, após todas as ‘loucuras’, a coisa mais sã foi quando eu planejei visitá-la durante seu intercâmbio na Alemanha, que durou um ano - ano inteiro que passamos juntos como casal perseverante -. Tudo conspirava ao meu favor quando eu jogava a verdade do que eu sentia como um escudo”. “A sensação é tão plena que, até hoje, mesmo com novos conflitos na minha vida e sem a Camila ao meu lado como no namoro, o fato de saber que eu fui capaz de chegar em tal estado de espírito me satisfaz por inteiro (e não de uma forma cômoda, simplesmente me acalma a alma). Foi o momento mais certo da minha vida e, portanto, o mais testado para se ter essa certeza, que hoje se mantém alegremente inabalável”.

The End

Eu posso não gostar de rosas e muito menos ser romântica, mas aprendi com os meus entrevistados (que foram vários, para todos os paladares românticos) e com a enquete que fiz nas redes sociais, que o que importa mesmo é se importar! Que as pessoas gostam, sim, de romantismo, mas sem exageros. Há também quem adore ver o circo pegar fogo e não tenha vergonha de demonstrar publicamente o seu amor. Apesar de tudo, o amor sempre prevalece.

32 bebop


Projeto

Colaboração: Cristiano Martinez Lays Pederssetti Maíra Machado Natacha Jordão Taysa Santos Janaína Carvalho Elton Gutoch

Capas Originais bebop

33


34 bebop


REPRODUÇÃO DE CAPA DA REVISTA ROLLING STONE.

BEBOP

ANO 2013/2014

BLUES GIRLS: 2013/2014

BLU ES G IRLS RDA Y NI CON GHT FIDE NTIA L

SATU

LAYS PEDERSSETTI “I wanna rock n’ roll all night / and party every day” Kiss

MAÍRA MACHADO

“Será que é tempo que lhe falta pra perceber? Será que temos esse tempo pra perder?” Lenine

CRISTIANO MARTINEZ

Fotógrafo fã dos Blues Brothers

BEBOP ‘13/14

bebop

35


VOL 167, NO. 6

JUNE 1985

NATIONAL

GEOGRAPHIC

GREAT SALT LAKE: THE FLOODING DESERT 04 U.S. - MEXICAN BORDER LIFE ON THE LINE 109 JAVA’S WILDELIFE RETURNS 130

Along Afghanistan’s War-torn Frontier

Janaína Carvalho Aluna de Jornalismo

FAIR SKIES FOR THE CAYMAN ISLANDS 234 SEE NATIONAL GEOGRAPHIC EXPLORER EVERY SUNDAY ON NICKELODEON CABLE TV

36 bebop


VOGUE BEBOP

2013 NOV/DEZ R$0 BRASIL @ PARANĂ UNICENTRO

Lays Kidman

Bebop Jornal Narrativo da Unicentro

bebop

37


38 bebop


Issuu.Com/JornalBebop Bebop

cover

ELTON GUTOCH

bebop 2013

Cristiano Martinez

Natacha Jordão Taysa Santos

-------

LITERATURA JORNALISMO LITERALISMO

-------

EDIÇÃO

ESPECIAL

BEBOP

-b-e-bo-p -20-13Maíra

Machado

4

O

J O R ----

-Lays Pederssetti ------Ander prof.

bebop

39


Particularmente, 2010 foi um dos melhores anos que já vivi. Mas a missão para aquele ano não era nada fácil, ano de decidir meu futuro, ano de vestibulares e de mudanças. Sou de cidade pequena, Imbituva, com aproximadamente 30 mil habitantes. Caçula, única filha mulher. Nunca tinha precisado fritar um ovo, como dizem por ai. Mas em 2011, com apenas 17 anos, tive que deixar todo o conforto da casa dos meus pais e mudar para Guarapuava. Afinal, me tornaria então uma universitária, como esses tantos jovens que deixam a casa dos pais em busca de sua graduação. Unindo todas as mudanças e sensações de sair de casa, muitos devem sofrer dos mesmos sintomas: adaptação, saudade da família e medo do que vai encontrar. Mas é preciso ir em frente. E para essa nova trajetória, sem os pais, alguns optam por morar sozinhos, outros procuram por um colega para dividir o apartamento e há também os que entram para as famosas repúblicas. Entre adaptação e aceitação surgem as invenções que ‘salvam a vida do universitário’, como salvaram a minha. Se estivesse do outro lado e me perguntassem: o que mais salvou sua vida nesses anos fora de casa? Não teria dúvidas em responder: o microondas e suas fiéis companheiras, as comidas congeladas. Contudo, fui além e quis saber de outros universitários. Foram em torno de 40 jovens entrevistados, mas nada surpreendente,

40 bebop

venceu a minha opção acompanhada da internet sem fio, que, convenhamos, salva a vida não só dos estudantes. Nem sempre o uso do microondas vem por não saber cozinhar, como no meu caso, mas sim pela praticidade. Provas, seminários e trabalhos acabam ocupando muito mais a atenção dos estudantes do que a alimentação, com isso, nem sempre sobra tempo, opções ou dinheiro para se alimentar da maneira adequada, ai entra a invenção do americano Percy Spener, que trabalhando na empresa Raytheon, construiu, em 1947, o primeiro forno microondas. Conversei com dona de um dos supermercados que atende um grande número de universitários em Guarapuava, Fabiana Freitas. “Aqueles que optam por preparar sua própria refeição acabam aderindo aos pratos rápidos e fáceis. Os campeões de venda são as comidas congeladas, instantâneas e também o refrigerante”, me explicou. Mas, já era uma das grandes preocupações de minha mãe quando mudei de cidade, alimentar-se bem é um fator muito importante. A necessidade de uma boa alimentação se torna fundamental também para um bom aproveitamento das aulas e desenvolvimentos nos estudos de modo geral. De acordo com a nutricionista Ana Luiza Bobato, os benefícios vão muito além da parte estética. “Se alimentando bem o estudante pode reduzir problemas associados à mente, como a falta de concentração nas aulas ou a hiperatividade”.


CABEÇA RASPADA, CARA PINTADA E COMIDA RÁPIDA Quem narra: Kamila Dussanoski Imagem: Kamila Dussanoski

bebop

41


ões Mas só o microondas? Quais as maiores invenç s pais para os universitários que deixaram a casa do para estudar em Guarapuava? Imag ens: Arquivo Pess oal

lica Bobato Nome: Angé os Idade: 20 an uva – PR it b Im : ICENTRO) Cidade o Física (UN çã ca u Ed mu ita fa lta : o d Cursan n ibus, s into n a p eg o a ô o é “N o meu caso , to d o fi m d e s e m a ão d e c a s a, e nt m ata r a s auda d e” ra est r a da pa

Nome: Igor Cost haisme Idade: 18 anos Cidade: Macapá – AP Cursando: Ciênci as Contábeis (U NICENTRO) “É a com ida conge lada e o m icroondas nada saudáv , apesar el é de preparo rá pi do e consegue de n ão ser necess idades e nos manter supr ir as vi vos até o fi m icroondas m da gradua é a in ven ção ção. e o idea l para esquentar co m idas, iss o ajuda n a eco e fa zer essas n o m ia d e te m po”

42 bebop


Nome: Leticia Olhe r Ferrari Idade: 19 anos Cidade: Assis Chat eaubrand – PR Cursando: Jornalism o (UNICENTRO) “É o m icroondas , el e fac il ita, ou me lhor, perm ite pr epar e o al im ento de fo rm a que se m ais rá pida e, no qu e não go sto m eu ca so, de pe rd er te m po pr epar and o co se m pr e ac ab o opt m ida, and o pe lo m ic ro ondas”

Nome: Emanuelle Ogg Idade: 22 anos Cidade: Imbituva – PR Cursando: Farmácia (UNICENTRO) mim, é a internet “Eu não uso o microondas, então, pra sem internet sem fio. É imposs ível o univ ersitário ficar tanto na , e o fato de ser sem fio faci lita muito mais r” luga o univ ersidade qua nto em qua lque r outr

Nome: Reginaldo Calixtro Idade: 18 anos Cidade: Cavaco - PR Cursando: Agronomia (UNICENTRO) s, às “Caf eteir a! São muitas provas e trabalho eo tarde vezes é prec iso ficar acordado até mais que ira café ajuda muito nisso, aí entra a cafete faci lita o processo de prepara ção”

bebop

43


44 bebop


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.