Guia de Redação 2013 - Jornal Bebop

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bebop Jornal narrativo

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atenção! Este Guia de Redação foi desenvolvido exclusivamente como material pedagógico, ou seja, sua única função é educacional. Deve ser estudado e consultado pelos alunos do 4º ano do curso de Comunicação Social (Jornalismo) da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste). Em respeito às Leis do Direito Autoral, é expressamente proibida a comercialização deste material ou mesmo sua distribuição gratuita. O uso deste Guia é restrito aos alunos formandos, em sala de aula, durante a realização das atividades pertinentes à disciplina Jornal Laboratório. Atenciosamente Prof. Anderson Costa

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índice 04 06 08 10 15 18 20 22 24 25 26 28 30 32 34 35

Ao estudante Forma é Poder Para além da redação Imprensa Underground New Journalism Os princípios do Realismo Social Para escrever bem Erros comuns de português Erros graves Padrões para números Algumas convenções Sobre o fazer jornalístico Dicas para a produção fotográfica Novo Acordo Ortográfico Expediente Linha editorial do Bebop

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Ao estudante A ideia de se ter um Guia de Redação ou, pior, um Manual de Redação para uma equipe que trabalha com jornalismo narrativo parece ser um contrassenso. Afinal, como pode um gênero jornalístico profundamente libertário estar preso às amarras das convenções e à ditadura da língua? O fato é que o jornalista narrativo não ignora os princípios básicos do bom texto noticioso diário. Como explica Felipe Pena, esses recursos tradicionais devem ser potencializados, levados ao limite, para que surjam daí formas narrativas originais. O personagem e a sua história devem ser transportados para um ‘texto com relevo’, em que se pode sentir a notícia, se emocionar, se surpreender, se envolver. Você e o seu leitor passam a experimentar a história através do texto. Nesse sentido, é importante ter em mente que, por um lado, este Guia pode lhe aproximar da mais intensa e obscura padronização do texto jornalístico, o que ainda é, infelizmente, muito comum no mercado de trabalho, mas o que não é necessariamente ruim; por outro, não se pode deixar de considerar que uma disciplina que tem por sobrenome ‘Laboratório’ tem de ser um espaço onde o texto jornalístico é um eterno experimento, permitindo que a sala de aula não seja uma máquina de moer sensibilidade. Assim, este Guia não tem a pretensão de ser um livro de regras e normas. Trata-se de um material pedagógico, de caráter consultivo, que tem por objetivo auxiliá-los na construção e organização do texto jornalístico, seja no âmbito filosófico ou nas questões de estilo. Para isso, ele foi dividido em duas partes. Na primeira metade há uma seleção de materiais que contextualizam a

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linha editorial do Jornal Bebop. Esse conteúdo discute, entre outras coisas, as relações entre os discursos naturalista e realista no jornalismo, o papel da imprensa underground nas revoluções sociais e a retomada dos princípios do realismo social pelo New Journalism. Todos esses textos dialogam entre si quando tratam da construção de narrativas jornalísticas estéticamente mais interessantes e, sobretudo, mais humanas e socialmente engajadas. Já a segunda parte é mais técnica e trata de questões de estilo. Ali estão dicas de português, uma relação dos erros gramaticais mais comuns nas redações, algumas convenções para siglas e números, recomendações fotográficas e, ainda, orientações básicas sobre o fazer jornalístico. Por fim, fica o convite à pesquisa e à constante atualização. Para ser criativo dentro do jornalismo temos de estudá-lo; é preciso saber como ele se articula para melhor exercê-lo e subvertê-lo. E tratando de Jornalismo Narrativo, nunca é demais lembrar da importância do personagem. Sem respeitá-lo e sem entender a importância dele, não importa o quão elegante seja tua prosa jornalística. O personagem e o texto devem se misturar à ponto de ser impossível desvencilhar um do outro. E que o texto seja intenso até que tenha um ponto final. > Por ser um Guia de Redação, não está livre dos erros e das faltas. Por isso, críticas e sugestões são sempre bem vindas. Para entrar em contato, basta enviar um e-mail para Anderson Costa, pelo endereço: anderground@outlook.com

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forma é poder

ensaio de paulo leminski, publicado no folhetim da Folha de S.Paulo em 04/07/1982. Reproduzido em ANSEIOS CRÍPTICOS (paraná: Criar Edições, 1986, p. 69 a 72).

1. Em práticas de texto, a ênfase no conteúdo está ligada a uma certa noção de naturalidade na expressão. A forma natural é a que revela o conteúdo de maneira objetiva. Preocupaçõaes com a forma obscurecem o “conteúdo”. 2. Essa naturalidade, porém, só é possível por meio de um automatismo. Só quem obedece a um automatismo pode ser natural. A naturalidade é considerada uma convenção. O natural é um artifício automatizado, uma forma no poder. A despreocupação com a forma só é possível no academicismo. 3. O discurso jornalístico é discurso automatizado. Sua automatização decorre de razões práticas, do caráter de NEGÓCIO que o jornalismo teve desde o início: a necessidade (contábil) de rapidez de redação, num veículo/mercadoria de edição diária, a necessidade de anonimato, sendo o jornal (a empresa) uma entidade impessoal e abstrata. 4. Naturalismo, academicismo. O apogeu do Naturalismo (Europa, segunda metade do século XIX) coincide com a explosão do jornalismo. O discurso jorno/naturalista representa o triunfo da razão branca e

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burguesa: ele é a projeção do jornalismo na literatura. 5. O aspecto enxuto do discurso naturalista do século XIX é obtida pela repressão exercida sobre a fantasia mítica: é um discurso castrado. A disciplina do discurso naturalista, sua contenção, são calvinistas, puritanas, reprimidas e repressoras (Reich explica). 6. Projetado na literatura, esse discurso “impessoal”, “objetivo” e “natural” é investido de “normalidade”. Na raiz, a palavra “normalidade” indigita sua origem de classe. “Normal” vem de “norma”. Norma é lei: poder. O discurso jorno/naturalista é o discurso do Poder. 7. Esse poder é branco, burguês, greco-latino-cristão, positivista, do século XIX. Daí, as literaturas latino-americanas, em seu momento de afirmação, privilegiarem as variantes ditas “fantásticas “ do realismo. 8. No discurso jorno/naturalista, o poder afirma, sob as espécies da linguarem verbal, a estabilidade do mundo, DE UM CERTO MUNDO, suas relações e hierarquias. O discurso, esse, em sua aparente neutralidade, é ideológico, embora invisível (ou por isso mesmo):


é ideologia pura. Sua estabilidade é catártica: nos consola e engana com a imagem de uma estabilidade do mundo. De UMA CERTA ESTABILIDADE. Uma estabilidade relativa à visão do mundo de uma dada classe social muito bem localizada no tempo e no espaço. 9. Contra a “neutralidade” do discurso naturalista branco, levantam-se os discursos reprimidos das culturas oprimidas, o frenético dinamismo mitológico dos fodidos, sugados e pisados deste mundo. Dinamismo, também, de formas novas. 10.A “neutralidade” (objetividade) do discurso jorno/naturalista é uma convenção. Assim como a clareza, apenas uma propriedade (retórica) do discurso. Não há texto literário sem perspectiva, quer dizer, sem intervenção da subjetividade. No texto naturalista (ou jornalístico), essa perspectiva é camuflada, sob as aparências de uma objetividade, uma Universalidade que – supostamente – retrata as coisas “tal como elas são”. 11.Invoca-se em vão o nome do realismo, que se procura confundir com o naturalismo. Realismo, quer dizer, discurso carregado de referencialidade, não é sinônimo de naturalismo. Ao contrário. O discurso realista não camufla a perspectiva. Realistas (e não naturalistas) são textos como o “Ulysses” de James Joyce.

Ou as “Memórias Sentimentais de João Miramar”, de Oswald de Andrade. 12.O naturalismo é incompatível com o experimento. Com a linguagem inovadora. O realismo favorece-os. 13.A atitude naturalista convencional não enxerga a realidade, no experimento em prosa. Assim como não percebe sentimento no experimento poético. Pois identifica a expressividade com os signos convencionais do expressivo. 14.Uma prática do texto criativo. Coletivamente engajada, tem a função de desautomatizar. De produzir estranhamento, Distanciamento. É desmistificação de “objetividade” inscrita no discurso naturalista. Essa objetividade é falsa. Ela apenas reflete a visão do mundo de dada classe social, de determinada civilização. Sua pretensão a “discurso absoluto” é totalitária. 15.Violação. Ruptura. Contravenção. INFRATURA. A poesia diz “eu acuso”. E denuncia a estrutura. A estrutura do Poder, emblematizada na “normalidade” da linguagem. Só a obra aberta ( = desautomatizada, inovadora), engajando, ativamente, a consciência do leitor, no processo de descoberta/criação de sentidos e significados, abrindo-se para sua inteligência, recebendo-a como parceira e co-laboradora, é verdadeiramente democrática.

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Para além da redação

Trecho de ‘Além da Redação: A Estrela de Sete Pontas’, capítulo do livro Jornalismo Literário, escrito por Felipe Pena. (São Paulo: Contexto, 2006. P. 13-15).

O que deveria ser uma profissão ligada às causas da coletividade vem se transformando, salvo raras e boas exceções, em um palco de futilidades e exploração do grotesco e da espetacularização. Revistas de fofocas, tablóides e até a chamada grande mídia estão entorpecidas pela busca da audiência e dos patrocinadores. Um puxa o outro, em um ciclo vicioso, inesgotável. Prisioneiros dessa lógica, os jornalistas sérios, comprometidos com a sociedade, têm seu espaço reduzido e buscam alternativas. O Jornalismo Literário é uma delas. Só que é uma alternativa complexa. Não se trata apenas de fugir das amarras da redação ou de exercitar a veia literária em um livro-reportagem. O conceito é muito mais amplo. Significa potencializar os recursos do Jornalismo, ultrapassar os limites dos acontecimentos cotidianos, proporcionar visões amplas da realidade, exercer plenamente a cidadania, romper as correntes burocráticas do lead, evitar os definidores primários e, principalmente, garantir perenidade e profundidade aos relatos. No dia seguinte, o texto deve servir para algo mais do que simplesmente embrulhar o peixe na feira. Ficou confuso? Então, vou desenvolver cada um desses temas para facilitar a compreensão. É o que chamo de estrela de sete pontas [...]. Comecemos pelo primei-

ro: potencializar os recursos do Jornalismo. O jornalista literário não ignora o que aprendeu no Jornalismo diário. Nem joga suas técnicas narrativas no lixo. O que ele faz é desenvolvê-las de tal maneira que acaba constituindo novas estratégias profissionais. Mas os velhos e bons princípios da redação continuam extremamente importantes, como, por exemplo, a apuração rigorosa, a observação atenta, a abordagem ética e a capacidade de se expressar claramente, entre outras coisas. A segunda ponta da estrela recomenda ultrapassar os limites do acontecimento cotidiano. Em outras palavras, quer dizer que o jornalista rompe com duas características básicas do Jornalismo contemporâneo: a periodicidade e a atualidade. Ele não está mais enjaulado pelo deadline, a famosa hora de fechamento do jornal ou da revista, quando inevitavelmente deve entregar sua reportagem. E nem se preocupa com a novidade, ou seja, com o desejo do leitor em consumir os fatos que aconteceram no espaço de tempo mais imediato possível. Seu dever é ultrapassar esses limites e proporcionar uma visão ampla da realidade, que é a terceira característica sugerida. Mas não entenda por visão ampla um pleno conhecimento do mundo que nos cerca. Qualquer abordagem, de qualquer assunto, nunca passará de um recorte,

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uma interpertação, por mais completa que seja. A preocupação do Jornalismo Literário, então, é contextualizar a informação da forma mais abrangente possível - o que seria muito difícil no exíguo espaço de um jornal. Para isso, é preciso mastigar as informações, relacioná-las com outros fatos, compará-las com diferentes abordagens e, novamente, localizá-las em um espaço temporal de longa duração. Em quarto lugar, não necessariamenete nesta ordem, é preciso exercitar a cidadania. Um conceito tão gasto que parece esquecido. Tão mal utilizado por quem não tem qualquer compromisso com ele que caiu em descrédito. Mas você não pode ignorá-lo. É seu dever, seu compromisso com a sociedade. Quando escolher um tema, deve pensar em como sua abordagem pode contribuir para a aformação do cidadão, para o bem comum, para a solidariedade. Não, isso não é um clichê. Chama-se espírito público. E é um artigo em falta no mundo contemporâneo. A quinta característica do Jornalismo Literário rompe com as correntes do lead. Para quem não sabe, o lead é uma estratégia narrativa inventada por jornalistas americanos no começo do século XX com o intuito de conferir objetividade à imprensa. Segundo Walter Lippman, autor do célebre Public Opinion (1922), tal estratégia possibilitaria uma certa cientificidade nas páginas dos jornais, amenizando a influência da subjetiviadde por meio de um recurso muito simples. Logo no primeiro parágrafo de uma reportagem, o texto deveria responder a seis questões básicas: Quem? O quê? Como? Onde? Quando? Por quê? A fórmula realmente tornou a imprensa

mais ágil e menos prolixa, embora a subjetividade não tenha diminuído. A opinião ostensiva foi apenas substituída por aspas previamente definidas e dissimuladas no interior da fórmula. Para a socióloga Gaye Tuchman, por exemplo, a objetividade nada mais é do que um ritual de autoproteção dos jornalistas. E a pasteurização dos textos é nítida. Falta criatividade, elegância e estilo. É preciso, então, fugir dessa fórmula e aplicar técnicas literárias de construção narrativa. A sexta ponta da estrela evita os definidores primários, os famosos entrevistados de plantão. Aqueles sujeitos que ocupam algum cargo público ou função específica e sempre aparecem na imprensa. São as fontes oficiais: governadores, ministros, advogados, psicólogos, etc. Como não há tempo no Jornalimo diário, os repórteres sempre procuram os personagens que já estão legitimados neste círculo vicioso. Mas é preciso criar alternativas, ouvir o cidadão comum, a fonte anônima, as lacunas, os pontos de vista que nunca foram aobrdados. Por último, a perenidade. Uma obra baseada nos preceitos do Jornalismo Literário não pode ser efêmera ou superficial. Diferentemente das reportagens do cotidiano, que, em sua maioria, caem no esquecimento no dia seguinte, o objetivo aqui é a permanência. Um bom livro permanece por gerações, influenciando o imaginário coletivo e individual em diferentes contextos históricos. Para isso, é preciso fazer uma construção sistêmica do enredo, levando em conta que a realidade é multifacetada, fruto de infinitas relações, articualda em teias de complexidade e indeterminação.

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Artigo da jornalista ana paula braga salomon, publicado originalmente na edição 67 do caderno alt, do jornal gazeta do paraná, em 31 de maio de 2009.

Imprensa Underground abrindo caminho para o novo jornalismo

O Novo Jornalismo não é exatamente uma criação, um gênero em que as mentes refletiram e analisaram terreno para executá-lo. A sua história está entrelaçada ao que se vivia nos Estados Unidos na metade do século passado, quando uma força impulsionada pela vontade que tinham as comunidades e minorias sociais de se fazer ouvir e se sobressair estava a eclodir, a imprensa underground¹. O caminho que o jornalismo trilhava nessa época, nas décadas de 1950 e 1960, foi modificado pelo rumo para que enveredava a sociedade estadunidense devido, principalmente, àqueles que não aceitavam as situações políticas e conservadoras da época. La mayoría de los periódicos underground tienden a convertirse em uma tribuna real y en una voz informativa para la comunidad del pueblo que representan. Su independencia, tanto financiera como

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en otros sentidos les otorga un contexto de libertad para actuar. Su independencia y libertad sons u fuerza como médio periodístico y como voz de discrepancia. Estos los distingue significativamente de la mayoría de los periódicos oficiales y de los medios en general (JOHSON, 1975, p. 27). Para dar luz à maneira como se desenrolou o Novo Jornalismo e os motivos pelos quais ele se solidificou, Michael L. Johnson, no livro Nuevo Periodismo, foi buscar nos jornais underground e na contracultura os ingredientes que contribuíram para formar os Novos jornalistas. Esses motivos resultariam tanto da efervescência política e social, como também da maneira como os jornais oficiais retratavam essa efervescência e o conteúdo que ela trazia. Johnson cita I. F. Stone, um jornalista que, como todo aquele pertencente à imprensa alterna-


tiva, estava fora do jornalismo conservador/oficial, e que editava desde 1953 o jornal underground I. F. Stone´s Weekly: La falla que encuentro em la mayoría de los periódicos norteamericamos no es la ausencia de disención. El la ausencia de noticias. Salvo uma docena o poço más o menos de honorables excepsiones, la mayoría de los periódicos norteamericanos traen muy pocas noticias. Lo que más les importa es la publicidad. El principal interes de nuestra sociedad es la mercantilización. Todas la así llamadas comunicaciones industriales no se preocupan en primer término por la comunicación, sino por la venta. Esto es obvio em la televisión y radio, pero solamente un poco menos obvio em los periódicos. La mayoría de los duenõs de periódicos son empresários no periodistas. La noticia es algo que llena el espacio dejado por los avisadores. El editor medio no solamente es hostil a la opinión disidente; le resulta sospechosa cualquier opinión que pueda antagonizar a algún lector o consumidor (STONE apud JOHSON, 1975, p. 27). A imprensa underground se diferenciava daquela que o autor chama de oficial não apenas pelo público que atingia. A construção, os editores, os objetivos e as finalidades também se diferiam. Mesmo porque o público ao qual os jornais alternativos se dirigiam era

aquele que constituía o conteúdo. Dessa maneira, o underground possuía identidade própria em linguagem e formatação, sem obedecer aos padrões da mídia e retratando a realidade como era vivida pela comunidade em que estava inserido. Em oposição à imprensa oficial, esses jornais utilizavam como matéria-prima o interesse da comunidade. Además, cuando estos periódicos presentan noticias reales, se trata generalmente de malas noticias; como dice Marshall McLuhan, “noticias reales son ‘malas’ noticias”. La prensa underground también há caído em la trampa, em alguna medida, pero em general es más genuinamente afirmativa de los estilos de vida por ella promovidos que lo que hace la prensa oficial con aquellos a quienes halaga com fines utilitários. Es decir, las buenas noticias de la prensa underground son más honestas y no responden a ningún afán de popularidad fácil o escalamiento de posiciones sociales. Además, su tolerancia en materia de opinión es virtualmente infinita, comparada com la de la prensa oficial, y aun sus malas noticias tienden a se más detalladas e informativas (JOHSON, 1975, p. 28). Segundo Johnson, o jornal que abriu caminho para a imprensa underground foi o Voice, um veículo que expunha pontos-de-vista divergentes dos demais. Norman Mailer, considerado um dos grandes Novos jornalistas, contribuiu

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para que o Voice se tornasse um veículo semanário em 1955. Após alguns meses, Mailer passou a escrever uma coluna no jornal, na qual atacava ferozmente a sociedade de Greenwich Village, cidade onde o veículo circulava, o que gerou uma antipatia do público em relação ao jornal. “El Voice no demonstró ninguna utilidad hasta ocho anos más tarde, cuando el impulso undergound empezó a volverse más poderoso” (JOHSON, 1975, p. 30). Norman Mailer acreditava que eles só poderiam evoluir caso se interessassem por um público por que nenhum outro jornal havia se interessado. Tinha o pressentimento de que estavam gestando uma revolução underground. Aunque ahora los más nuevos periódicos underground lo desprecian por “liberal”, el Voice era y sigue siendo um periódico que vale la pela leer, ya há sido parcialmente responsable del desarollo de muchos periodistas nuevos, tales como Richard Goldstein, ahora editor de la revista underground U.S., Michael Harrington, y Nat Hentoff entre otros. Además aunque es políticamente liberal, há otorgado uma protección muy consciente a mucha de la actividad política radical, y de él provienen noticias concernientes a la música rock, los filmes y la actividad artísticade vanguardia o underground (JOHSON, 1975, p. 31 - 32). É a partir de 1963, com o assassinato do então presidente John Kennedy – que

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representava uma figura de força e idealismo na cena política –, que explodem as atitudes radicais relativas à cultura e à política. Após a morte de Kennedy, Lyndon Johnson assume o governo norte-americano. A forma de administração adotada serviu como impulso para que se firmassem ações de contracultura, principalmente pela insatisfação dos jovens em relação à Guerra do Vietnã, ao racismo, à opressão e iniquidades do sistema. A partir de esta radicalización crecía lo que Theodore Roszak en su The Making of Counter Culture (…) llama la contracultura: un conjunto de personas, ideologías y actividades politícamente de izquierda y tecnológicamente conservadoras, que constituyen una alternativa cultural opuesta a la corriente principal del progreso tecnocrático y el domínio del actual sistema educacional, social y gubernamental. La contracultura confronta y expone el cinismo y la brutalidad de la cultura norteamericana dominante en forma directa y con una crítica intelectualmente articulada (JOHSON, 1975, p. 35). Assim, a principal razão para a existência da imprensa underground era a necessidade, segundo Johnson, de haver uma expressão informativa e educativa que desse voz à contracultura. Isso faria com que a visão de mundo daqueles insatisfeitos com a situação do país fosse demonstrada não apenas para as pessoas da própria comunidade, mas também


para os que não estavam ali inseridos, para que estes simpatizassem com as causas. Com a morte de Kennedy, muitas correntes da contracultura contribuíram para o fortalecimento e proliferação da imprensa underground, como o movimento de liberdade sexual e do uso da pílula anticoncepcional, o surgimento de um novo tipo de música (rock, psicodélica), a utilização de LSD e maconha e programas de pobreza. Dadas una nueva juventud, una nueva bohemia, un nuevo humor iconoclástico, una sexualidad, un nuevo sonido, una nueva apertura, un nuevo abolisionismo, una nueva izquierda, una nueva esperanza y un nuevo cinismo, el surgimento de una nueva prensa era inevitable (BRACKMAN apud JOHSON, 1975, p. 36). Além de ser o meio de expressão, interpretação e proclamação dessas correntes e forças, a imprensa underground também externava as frustrações dos escritores, as discrepâncias e reclamações sobre o sistema, o país. Michael Johnson cita o escritor Ethel Grodzins Romm² para ratificar o papel dos jornais alternativos ante a contracultura: “Os novos jornais são publicados por jovens insatisfeitos (...) com o caráter de suas vidas norte-americanas. No principio, em 1965, 1966, 1967, estavam contra a guerra do Vietnã, do puritanismo sexual e a favor da legalização da maconha” (ROMM apud JOHSON, 1975, p. 36-37). Como existiam diversos movimentos

e comunidades que produziam e consumiam os jornais alternativos, Johnson enumera quatro categorias de publicações principais. O primeiro está relacionado intimamente à política, que é o da Nova Esquerda, o segundo é a imprensa Negra underground, há também os jornais underground especializados e a imprensa alternativa das high schools. Os interesses, as inquietudes e as motivações de cada uma dessas categorias estão relacionadas, de algum modo, já que todas formam a imprensa underground, e é essa diversidade que também justifica o underground como um dos pilares do Novo Jornalismo. Hay muchos periódicos underground com intereses especiales. Todas las prensas underground son, en cierto sentido, prensas con intereses especiales y ciertamente todas, de un modo u (sic) outro, representam a una minoría; pero hay otras publicaciones de este tipo que pueden ser analizadas. Periódicos con intereses especiales surgen constantemente en muchas partes y se ocupan de problemas diversos; algunos duran muy poco, toman una moda o un asunto partículas hasta que lo agotan; otros persisten con el interes que les ocupa (JOHSON, 1975, p. 57). Um fator que justifica a imprensa underground como um ingrediente para o Novo Jornalismo, considerado por Johnson, é a liberdade de linguagem. Essa causa foi incentivada pelo Free Speech

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Movement (Movimento pela Liberdade da Palavra), em que a imprensa era motivada pela vontade de se expressar de forma direta, pessoal e imaginativa, de “decir las cosas como son” (JOHSON, 1975, p. 77), como que para retornar à linguagem utilizada pelo homem comum. Con frecuencia aparece como afectado de mala gramática y es ocasionalmente a sabiendas, uma jerga de gueto (aunque la tradución del slang negro al inglês hip ya se venía dando desde hacía mucho tiempo). Sin embargo, este nuevo lenguaje de la prensa y su cultura se aproxima a la creación de uma corrienta en el idioma inglês y, lo que es más importante para mis propósitos aquí, há sido un impulso para el Nuevo Periodismo, así como uma parte de él (JOHSON, 1975, p. 77 - 78). Para dar uma ideia do estilo do Novo Jornalismo, o autor explica que se pode comparar uma edição do New York Times com uma de East Village Other, mas que as mudanças e transformações mais profundas estão relacionadas ao estilo jornalístico dos escritores. Alguns estiveram ligados, em algum momento de suas carreiras, à imprensa underground, ou são escritores profissionais, outros não. “De um modo ou de outro abandonaram os estilos jornalísticos tradicionais e experimentaram outros novos, com um novo vocabulário, uma nova voz, um novo sentido de jeitos, imediato, pessoal e próximo ao ritmo da historia presente”

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(JOHSON, 1975, p. 78). O autor acredita que a marca principal do estilo do Novo Jornalismo seja a intenção do escritor em ser pessoal, participante e criativo em relação às histórias e acontecimentos sobre os quais informa e comenta. A maneira de fazer o jornalismo dele normalmente não pretende ser objetivo e é carregado de compromisso e de personalidade. Citando o livro The Working Press, de Ruth Adler, Johnson frisa uma das principais diferenças entre o jornalismo conservador e o Novo Jornalismo, já que o primeiro utiliza um processo de edição tradicionalista que destila, despersonaliza e objetiva a narrativa. Essa prática impossibilita o repórter de mergulhar nos acontecimentos e construir o texto de maneira pessoal. Dessa vontade que o Novo jornalista tem de retratar a verdade com sentimentos e impressões é que se torna possível diferenciar o papel da imprensa underground na formação de um novo estilo jornalístico. A consequência disso é uma ruptura significativa na imprensa oficial, já que essa, utilizando a objetividade, costuma manter-se à frente da notícia, como se o veículo se impusesse aos acontecimentos.

¹A tradutora opta por utilizar o termo underground para retratar fielmente o significado presente no livro discutido, o qual é intitulado Nuevo Periodismo, do autor Michael L. Johson. ²The Open Conspiracy; What America´s Angry Generation is Saying


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Trecho de ‘Literatura e Jornalismo: O Filho Inglório’, capítulo do TCC de Rogério Camargo, formado em jornalismo pela Unicentro. (2010, p. 19-23).

Journalism

Assim Tom Wolfe descreve o início, na década de 60, de uma nova tendência que posteriormente veio a ser conhecida como Novo Jornalismo: Tinha um ar de descoberta. Essa descoberta, de início modesta, na verdade, reverencial, poderíamos dizer, era que talvez fosse possível escrever jornalismo para ser... lido como um romance. Como um romance, se é que me entendem. Era a mais sincera forma de homenagem a O romance e àqueles grandes, os romancistas, claro (WOLFE, 2005, p. 19). Nessa época, os Estados Unidos assistiam a um incrível fenômeno de vitalidade das correntes contra-culturais, as quais se

rebelavam contra o estado imperante da vida americana. Os jovens se negavam a aceitar o materialismo excessivo do American Way of Life e a impopular guerra do Vietnã, experimentavam a vida em comunidades, cuja liberdade sexual, inconcebível há apenas uma década antes, chocava os puritanos, enfim, subvertiam completamente os conceitos básicos da América de então (LIMA, 1998). O jornalismo da grande imprensa não estava preocupado em cobrir nada disso. Pelo menos não no começo. Um dos fatores principais, segundo Edvaldo Pereira Lima, era porque os jornalistas continuavam demasiadamente presos aos fatos, sem dar conta de que uma nova situação, com sérias implicações sociais e que estava demarcando novas tendências, desdobrava-se na sociedade americana (LIMA, 1998).

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Esse cenário, por sua vez, era um prato cheio para os jornalistas saturados pela rotina de produção de notícias dentro dos rígidos prazos e padrões industriais (LIMA, 1998). Foi nessa época também que alguns desses profissionais começaram a sentir a necessidade de ir além dos limites convencionalmente impostos pelo jornalismo. Entretanto, segundo Wolfe, não era apenas uma questão de técnica. Era algo mais intenso, detalhado, que exigia muito mais tempo do que os repórteres, inclusive os investigativos, estavam acostumados a utilizar. O trabalho começava da mesma forma, reunindo todo o material o qual o jornalista convencional procurava, mas ia além. Era comum a esses profissionais passar dias e até mesmo semanas com as pessoas sobre as quais escreviam. A importância atribuída ao estar ali estava em não perder nenhuma cena dramática, expressões faciais, gestos, detalhes do ambiente, enfim, qualquer coisa que desse aos leitores, além da descrição objetiva completa, algo que estes sempre tiveram que procurar em contos e romances: “especificamente, a vida subjetiva ou emocional dos personagens” (WOLFE, 2005, p. 37).

a reportagem com estilo era algo com que ninguém sabia lidar, uma vez que ninguém costumava pensar na dimensão estética que ela poderia ter. 16

[...] Essa maneira outra de fazer jornalismo, como era de se esperar, não escapou a ataques conservadoristas, tanto do jornalismo quanto da literatura, que rotulavam esse Novo Jornalismo de “impressionista”. Isso porque, segundo Tom Wolfe, a reportagem com estilo era algo com que ninguém sabia lidar, uma vez que ninguém costumava pensar na dimensão estética que ela poderia ter. As coisas mais importantes que se tentavam em termos de técnica dependiam de uma profundidade de informação que nunca antes havia sido exigida do trabalho jornalístico. Só através das formas mais investigativas de reportagem era possível, na não-ficcão, usar cenas inteiras, diálogo extenso, ponto de vista e monólogo interior. Por fim, eu e outros seríamos acusados de “entrar na cabeça das pessoas”... Mas exatamente! Entendi que essa era mais uma porta em que o repórter tinha de bater (WOLFE, 2005, p. 38). [...] Se narrativa é “todo e qualquer discurso capaz de evocar um mundo concebido como real, material e espiritual, situado em um espaço determinado” (SODRÉ; FERRARI, 1986, p. 10), pode-se, então, facilmente reconhecer o romance, o conto, a crônica, a novela, ou até mesmo um poema, como diferentes formas de narrativa. Entretanto, tendo em vista essa mesma ideia, pode-se igualmente afirmar que a narrativa não é um privilégio apenas da arte ficcional.


Quando um jornal noticia um fato qualquer, esse mesmo ato já traz consigo, no mesmo noticiar, o embrião da narrativa. Toda reportagem é, pois, “(...) a justo título, uma narrativa - com personagens, ação dramática e descrições de ambiente - separada entretanto da literatura por seu compromisso com a objetividade informativa” (SODRÉ; FERRARI, 1986, p. 9). Aos “novos jornalistas” não interessava apenas a possibilidade de escrever não-ficção a partir de técnicas do romance ou do conto. Era também isso, mas não só. O interesse desses profissionais estava em escapar da prisão a qual o lead havia se tornado. Em outras palavras Era a descoberta de que é possível na não-ficção, no jornalismo, usar qualquer recurso literário, dos dialogismos tradicionais do ensaio ao fluxo de consciência, e usar muitos tipos diferentes ao mesmo tempo, ou dentro de um espaço relativamente curto... para exercitar tanto intelectual como emocionalmente o leitor (WOLFE, 2005, p. 28). Desse período, nomes pioneiros como Gay Talese, Jimmy Breslin, John Sack e o próprio Tom Wolfe, entre outros, foram buscar sua fonte inspiradora no realismo social. O Novo Jornalismo, influenciado pelas técnicas do realismo – principalmente ao estilo Balzac, Dickens, Gogol, Fielding etc. – começa a descobrir os recursos expressivos que deram ao romance realista o seu poder único, “como o seu ‘imediatismo’, sua ‘realidade

Quando um jornal noticia um fato qualquer, esse mesmo ato já traz consigo, no mesmo noticiar, o embrião da narrativa.

concreta’, seu ‘envolvimento emocional’, sua qualidade ‘absorvente’ ou ‘fascinante’” (WOLFE, 2005, p.53). Ainda segundo Wolfe, esse poder advinha de apenas quatro recursos: A construção cena a cena, o registro do diálogo completo, o ponto de vista da terceira pessoa, e, finalmente, o registro do status de vida (WOLFE, 2005). É evidente que tais características não dão conta de uma definição formal do Novo Jornalismo, pois este transcende os pressupostos do discurso realista, mas servem como um bom ponto de partida para a avaliação de algumas de suas estruturas principais. LIMA, Edvaldo Pereira. O que é livro-reportagem. São Paulo: Brasiliense, 1998. WOLFE, Tom. Radical Chique e o Novo Jornalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. SODRÉ, Muniz; FERRARI, Maria Helena. Técnica de Reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo: Summus, 1986.

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Trecho do TCC ‘Moda, Drogas e Sangue: O Novo Jornalismo em Gomorra’, de Camila Machado de Souza, formada em Jornalismo pela Unicentro (2011, p. 14-15).

Os princípios do realismo social

Tom Wolfe, em seu livro Radical Chique e o Novo Jornalismo, descreve o processo pelo qual o Jornalismo passou na década de 1960 nos Estados Unidos. A incorporação de elementos do romance realista foi acontecendo ao acaso e até mesmo instintivamente. Através de experiências, os jornalistas começaram a descobrir os recursos que tornaram o romance realista tão único na maneira de envolver o leitor. Tal singularidade, que conferia um estilo marcante ao Realismo Social, foi explorada pelos Novos Jornalistas, que, pouco a pouco, descobriram tratar-se de quatro características principais: a) construção cena à cena b) registro de diálogos c) ponto de vista da terceira pessoa e d) registro de informações que desvelem o status social. (WOLFE, 2005) O básico era a construção cena à cena, contar a história recorrendo o mínimo possível à mera narrativa histórica. Ao envolver o leitor em uma sequência detalhada de cenas que compõe os acontecimentos, o jornalista posiciona

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aquele que lê dentro do ambiente em que se desenrola a narrativa. A cena é o corte temporal de um acontecimento. Esse corte pode ser desenvolvido de diferentes formas (linear, flashback, sem organização cronológica, etc.), porém as cenas em que os personagens estão inseridos constituem sempre a unidade central da narrativa. O próximo recurso era o registro de diálogos. Os jornalistas aprenderam por experiência que o diálogo realista envolve o leitor mais completamente do que qualquer outro recurso da narrativa. No Novo Jornalismo, os depoimentos são empregados para construir ambientes e descrever situações. A força marcante do diálogo apresenta ao leitor circunstâncias que não poderiam simplesmente ser diluídas na narrativa. Ao contrário do Jornalismo tradicional, que prima por declarações entre aspas permeando o texto, o Novo Jornalismo reconhece a importância do registro das falas completas tanto para causar um envolvimento entre o leitor e os personagens como para am-


pliar as possibilidades de compreensão dos acontecimentos. A terceira característica é o ponto de vista da terceira pessoa, a técnica de apresentar as cenas ao leitor através dos olhos de um determinado personagem (WOLFE, 2005). Dessa forma, é possível convidar o leitor adentrar à cabeça do personagem e experimentar a realidade emocional da forma como ele mesmo o faz. O ponto de vista que os jornalistas, muitas vezes, usam é o da primeira pessoa, algo do tipo “eu estava lá”. Essa posição, contudo, pode ser cerceadora para quem escreve, pois, como aponta Wolfe (2005), ela só pode levar o leitor para dentro de uma cabeça, que é a sua própria. O que torna determinadas cenas interessantes é o ponto de vista do personagem, porém, para um escritor de não-ficção, como seria possível penetrar nos pensamentos de outra pessoa? A solução para essa questão mostrou-se surpreendentemente simples: entrevistar os personagens sobre seus sentimentos e emoções. Foi o que fizeram Tom Wolfe, em O Teste do Ácido do Refresco Elétrico’, e Gay Talese, em Honor Thy Father [Honra teu pai]. O quarto recurso incorporado pelos novos jornalistas é o registro do status social dos personagens através de hábitos, roupas, gestos, maneiras e outros detalhes simbólicos. Tal documentação é realizada a fim de expor o padrão vida, de comportamentos e posses através dos quais a pessoa expressa sua posição

Através de experiências, os jornalistas começaram a descobrir os recursos que tornaram o romance realista tão único na maneira de envolver o leitor.

no mundo, ou aquela que ela pensa ser sua posição ou, mesmo, a que gostaria que fosse. Wolfe (2005) defende que “o registro desses detalhes não é mero bordado em prosa. Ele se coloca junto ao centro do poder do Realismo, assim como qualquer outro recurso da Literatura” (WOLFE, 2005, p. 55). Além dos quatro elementos incorporados a partir do Realismo Social, a liberdade surge como a principal característica na escrita dos novos jornalistas. Se o escritor quer mudar o ponto de vista da primeira para a terceira pessoa na mesma cena ou entrar e sair do ponto de vista dos personagens, ou até se ele quiser partir da voz de narrador onisciente para o fluxo de consciência de um personagem, ele simplesmente pode e o faz. “O resultado é uma forma que não é meramente como um romance. Existe o uso de recursos que tiveram origem no romance, mas se misturam com todos os outros recursos conhecidos da prosa” (WOLFE, 2005, p. 57). WOLFE, Tom. Radical Chique e o Novo Jornalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

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algumas dicas importantes para o bom texto jornalístico diário

Prof. João Pedro (Unicamp)

para

escrever

bem

1. Deve-se evitar ao máx. A utiliz. De abrev.,etc

9. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.

2. É desnecessário fazer-se empregar de um estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisistico.

10. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto onde a palavra se encontre repetida.

3. Anule aliterações altamente abusivas. 4. não esqueça as maiúsculas no inicio da frase. 5. Evite lugares comuns como o diabo foge da cruz. 6. O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário. 7. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou?...então valeu! 8. Palavras de baixo calão, porra, podem transformar o seu texto numa merda.

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11. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: “Quem cita os outros não tem ideias próprias”. 12. Frases incompletas podem causar 13. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou por outras palavras, não repita a mesma ideia várias vezes. 14. Seja mais ou menos específico.


15. Frases com apenas uma palavra? Jamais! 16. A voz passiva deve ser evitada. 17. Utilize a pontuação corretamente o ponto e a vírgula pois a frase poderá ficar sem sentido especialmente será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação 18. Quem precisa de perguntas retóricas? 19. Conforme recomenda a A.G.O.P., nunca use siglas desconhecidas. 20. Exagerar é cem milhões de vezes pior que a moderação. 21. Evite mesóclises. Repita comigo: “mesóclises: evitá-las-ei!” 22. Analogias na escrita são tão úteis como chifres na galinha. 23. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O seu texto fica horrível!!! 24. Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreensão da ideia nela contida e, por conterem mais que uma ideia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, desta forma, o pobre leitor separá-los nos seus diversos componentes de forma a

torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo de leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas. 25. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a lingúa portuguêza. 26. Seja incisivo e coerente, ou não. 27. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambiguidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando desta maneira irritante. 28. Outra barbaridade que tu deves evitar chê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras, carajo!...nada de mandar esse trem...vixi...entendeu bichinho? 29. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá aguentar já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar.

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erros comuns de português ONDE: refere-se ao local em que se está ou se fica - em que lugar - . AONDE: emprega-se com verbos que dão ideia de movimento, equivale a: para onde. Onde NÃO deve ser usado para designar situação: Exemplo: A reunião onde foram discutidos os assuntos... (errado) A reunião na qual foram discutidos os assuntos (certo) - São aplicáveis, também, o em que e quando Há e a Há do verbo haver. Deve ser usado quando se faz referência a tempo no passado. Ex. - verbo no presente: “Ela mora no bairro há cinco anos”; “Estão casados há dez dias” Ex. - verbo no passado: “Ele estava preso havia cinco anos” - Dica: sempre que der, substitua pelo “faz”: faz cinco anos; fazia dois meses; A – pode ser: artigo: abri a porta pronome: Lídia é rica, mas não a vejo preposição: o chefe índio foi a Brasília - É usado também quando a referência ao tempo for no futuro. Exemplos: “Vão se casar daqui a uma semana”; “Implantou o projeto a três dias do prazo final”. Vírgulas As vírgulas não podem separar o sujeito, o predicado, a ação que remete a esse sujeito e , geralmente, o tempo. Elas devem ser empregadas apenas quando houver complementos na frase - apostos -, que, se excluídos, não alterem a informação que se quer dar.

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Exemplo 01: - “O médico João dos Santos iniciou ontem o atendimento a gestantes no posto de saúde central”. - “O médico João dos Santos, contratado semana passada, iniciou ontem o atendimento a gestantes, principalmente de alto risco, no posto de saúde central”. Exemplo 02: - “A greve dos agricultores visa pressionar o governo a liberar medidas de apoio ao setor”. - “A greve dos agricultores, deflagrada quinta-feira, visa pressionar o governo a aprovar medidas de apoio ao setor, que sofre com a valorização cambial e a quebra na safra”. Na maioria das vezes as conjunções exigem vírgulas: - entretanto e porém: antes e depois - mas e pois: sempre antes e em alguns casos depois O se usado para condição deve ser separado com vírgula: “Se não chover hoje, iremos à festa”. Uso da vírgula em caso de nomes: O nome e o cargo/profissão/referência só devem ser separados quando aquele cargo/ profissão/referência for único. Exemplo 03: - “O prefeito de Cascavel, Lisías Tomé, viajou ontem” (só existe um prefeito de Cascavel) - “O prefeito Lisías Tomé viajou ontem”. (Existem mais de 5 mil prefeitos no País) Exemplo 04: - “A chefe do setor de Epidemiologia, enfermeira Maria das Couves, pediu licença”. - “A enfermeira Maria das Couves está grávida”. Exemplo 05: - “O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci será indiciado”. (existem dezenas de ex-ministros da Fazenda) Exemplo 06: - “A moradora do Bairro Alto Alegre Fátima da Silva reclamou da iluminação”. (há milhares de moradores no bairro. Para evitar confusão entre nomes é aconselhável que se reestruture a frase: - “A dona-de-casa Fátima da Silva, que mora no Bairro Alto Alegre, está com dengue”).

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erros

graves Enquanto que: Não existe. Maneira correta: apenas enquanto. Ex.: O governo gasta enquanto a população passa fome. Atende: o verbo atender exige o artigo. Ex.: O médico não atende às consultas remarcadas. Acontece o evento: acontece é exclusivo para algo inesperado, acidente Vai viajar: viajará / Vão jogar: jogarão Devido a: exige o artigo. Se for feminino, vai crase; se masculino, fica ao; no caso de um e uma, vai apenas o artigo sem acento: devido a uma alternativa. Liderança/líder: Liderança é adjetivo, a ação de um líder; portanto, você reúne líderes e não lideranças. Ao encontro: a favor / De encontro: contrário; Crase A crase indica a fusão da preposição a e do artigo a e pode ser substituído por para a. Exemplo: Iremos à festa hoje. Iremos para a festa hoje. * Dica: se você vai a e volta da, vai crase; se você vai a e volta de, não vai. Exemplo: Vai à Bahia e volta da Bahia; Vai a Curitiba e volta de Curitiba; O projeto vai à comissão e volta da comissão; O projeto vai à Câmara; o projeto vai ao Senado; EVITE: Manter o mesmo / Voltar para trás / Repetir o mesmo / Voltar a repetir / Piorar ainda / Mais melhor / Melhorar ainda mais / Subir ainda mais / Grande maioria / Pequenos detalhes; Afim / A fim - AFIM é adjetivo e é usado para indicar afinidade. Exemplo: “São objetivos afins”; - A FIM é considerado um conectivo e indica finalidade. Geralmente, pode ser substituído por “para”. Exemplo: “João se preparou muito, a fim de conseguir escalar a montanha”. Debaixo / De baixo - DEBAIXO quando vier antes da preposição DE: “Os sapatos estão DEBAIXO DA cama”. - Sem a preposição, fica separado: “Ela mora do andar DE BAIXO”.

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padrão para

números De 0 a 10 – por extenso. Exemplos: igual a zero; havia um tijolo; dois dias depois; foram dez solicitações . De 11 a mil – em algarismos. Exemplos: cerca de 40 pessoas; reuniu 526 entidades; quase mil pessoas; serão leiloados 756 carros. Acima de mil – em algarismo e por extenso. Exemplos: possui 4 mil páginas; evento teve 10 mil pessoas; realizou 1,5 mil casamentos; houve 100,3 mil pesquisas. Números exatos – Quando precisa citar um número exato, use algarismos (com ponto em casos de mil). Exemplos: a lista inclui 5.729 pessoas; foram vendidas 25.865 unidades. Rankings – em caso de posição em rankings, tabelas e classificação, usar: Até 10º por extenso: foi o primeiro colocado; ficou em terceiro; foi o décimo melhor. Acima de 11º > em algarismos.

Datas - os dias sempre em algarismos: Dia 15 de julho; 25 de novembro; 3 de outubro; O correto é dia 1º e não dia 1. Horas – quando indicar uma hora, usar apenas o “h” entre as horas e os minutos: 9h30; 22h45; 7h15; 0h25 NÃO USAR: 18h23 min; 18:20h; 18 horas; 15:30 horas

Só vai por extenso quando for referente ao tempo. Ex.: Após duas horas; a reunião durou cinco horas; o antedimento será ampliado para dez horas. Algarismos romanos – usados apenas em nomes de pessoas e séculos. Exemplos: João Paulo II; Bento XVI. Eventos - Quando for o nome do evento: 2ª Festa dos Estudantes; 3º Fórum de Jornalismo; 35ª Expogua. - Quando referir à edição: primeira edição; 15ª edição.

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Algumas convenções Caixa alta Palavras só iniciam com caixa alta quando for nome próprio ou apelidos: “João da Tropical assume como vereador...”; “Frangão esteve ontem em Curitiba” Em caso de cargos, o cargo é baixo e o setor é alto: Exemplos: secretário de Educação; chefe da Casa Civil; superintendente regional da Delegacia de Guarapuava; advogado João; promotor Paulo; secretário Fernando. - Nome de órgãos/corporações: Prefeitura de Guarapuava (vai alto quando identificada a cidade; se for apenas prefeitura, fica baixo; nunca use prefeitura municipal, porque é redundante); Câmara de Vereadores; Incra; Polícia Militar; Associações de Moradores do Bairro Presidente (se for referir apenas à associação de moradores, sem citar novamente o bairro ou generelizar, fica baixo). - Logradouros, só quando tiver o nome: Bairro Periollo, Rua Paraná; Avenida Brasil: Exemplos: “Estava na rua, quando o carro passou”; “No Calçadão da Avenida Brasil”. Datas Situe o leitor pela semana. Ao invés de dizer dia 26 de fevereiro, diga sábado (se fosse usar “hoje”). Ao invés de dizer domingo, use amanhã. A menos que não seja na próxima semana, então situe o leitor pelo dia apenas: “será dia 7 de fevereiro”. - Evite usar próximo ou último: “Ocorreu na última quarta-feira”; “ Em dezembro próximo passado”. - Se o mês for deste ano, só indique: “As obras ficam prontas em novembro”; “ Ele anunciou em janeiro”. - Se for do ano passado, também, mas a menos de 12 meses: “O contrato foi assinado em dezembro”; “Ele iniciou em janeiro de 2005”. - Quando for mais distante usar o ano: dezembro de 2004; abril de 2007.

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Gerúndio Evite usar gerúndio: quando usamos dois verbos, fatalmente caímos no gerúndio. Por isso, evite: estamos fazendo; está gerando; acabou caindo; E também no futuro: vai chegar (chegará); vai ser (será; irá); jogar (jogará); irá viajar (viajará). Cifrão > O cifrão é um marcador financeiro que funciona como redução do nome da moeda de determinados países: R$ = Real / $ = Dólar Por isso, ao descrever um valor e ao optar por usar o cifrão, não é necessário o nome completo da moeda ou mesmo as casas decimais no caso de valores inteiros. CORRETO: R$ 15 ou 15 reais. ERRADO: R$ 15 reias ou R$ 15,00 Siglas 1 - Identifique a sigla na primeira vez que é citada. A sigla vem antes do significado, assim, pessoas que já a conhecem, podem ‘pular’ a descrição e dinamizar a leitura. Exemplo: Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste); 2 - Siglas com até três letras devem ser escritas em caixa alta: Exemplos: IAP; FMI; DER. 3 - Quando a sigla tiver quatro ou mais letras e formar palavra, ou seja, que seja de possível leitura, usar caixa alta e baixa: Exemplos: Unicentro, Ibama, Incra, Detran. 4 - Quando a sigla tiver quatro ou mais letras e exigir a leitura das letras, sem formar palavra, use caixa alta: Exemplos: ISSQN; IPTU; INSS; Quando o nome for muito extenso, sintetize, mas use traços para indicar a redução. Exemplo: ao invés de Sinteoeste (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos do Ensino Superior do Oeste do Paraná); pode usar Sinteoeste - sindicato dos funcionários da Unioeste -.

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sobre o fazer

jornalístico 1 - No que diz respeito às atividades laboratoriais, sempre que tiver alguma dúvida, consulte o professor. Caso não seja possível naquele momento, recorra ao editor da edição ou mesmo a este Guia de Redação e/ou outros livros. O importante é não permanecer na dúvida. 2 - Leia com atenção as matérias, os artigos e editoriais publicados no jornal ou revista em que trabalha. Fique atento à unidade editorial e ao desenvolvimento do produto no mercado. Também observe o trabalho de seus companheiros de redação. Você pode aprender com eles e também colaborar com sugestões e críticas. 3 - Ao terminar de escrever uma matéria, leia ela novamente para verificar se você está informado, desinformado ou apenas ocupando espaço.

6 - Leia outros jornais e revistas. Você pode aprender com o erro dos outros e aprender estilos diferentes de escrita. Além disso, você pode encontrar uma abordagem diferente de um fato que você está acompanhando. 7 - Consulte mais que uma fonte. Quanto mais informações tiver sobre o assunto, menor será a chance de reproduzir uma besteira que alguém disse. Não tenha vergonha de perguntar. 8 - Faça toda a matéria como se ela fosse manchete. Não redija matérias medíocres, para não se tornar um jornalista medíocre. Se o assunto for chato ou repetitivo, tente um gancho diferente, inove na matéria, ouça mais personagens, varie a fonte, busque um dado novo.

4 - Leia duas, três vezes a matéria que escreveu para ver se ficou clara; substituia palavras repetidas, reescreva frases confusas, elimine os erros de digitação, etc.

9 - Sempre vá preparado para uma entrevista. Pesquise o assunto, leia matérias relacionadas, busque por entrevistas anteriores. Também evite perguntas que fiquem no senso comum. As pessoas devem compreender a importância daquele personagem.

5 - Evite o nariz de cera. Inicie a matéria diretamente no assunto.

10 - Faça frases curtas. Elas facilitam o entendimento do leitor;

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11 - Evite termos técnicos. Só os use quando for necessário e acrescente o significado; 12 - Os depoimentos devem ser adequados para que o leitor possa compreendê-los. Não deve conter erros gramaticais, mas deve-se cuidar para nunca mudar o sentido da fala. Todos podemos errar e não queremos ver nossos erros estampados em uma matéria. É uma questão de respeito ao entrevistado. Também cuide para não ‘apagar’ o personagem na edição em prol da ‘parte em que ele diz aquilo que gostariamos de ouvir’. 13 - Ouça sempre todos os lados citados na matéria. Isso dá credibilidade ao material e permite ao leitor fazer seu próprio julgamento; 14 - Lembre sempre de situar o leitor. Onde ocorreu tal fato, em qual cidade, qual bairro, etc. Nosso jornal-revista pode chegar a lugares que não previmos; 15 - Dimensione o assunto. Nós fazemos jornal para todos que quiserem ler, porém, nem todos leem todos os dias e sabem

de todos os assuntos. Por isso, a suíte é importante para alguns assuntos, pois dá subsídios para que o leitor deduza se é um assunto importante ou não. 16 - Personagem enriquece a matéria. Além disso, as fotopersonagens destacam estes personagens e dão credibilidade à matéria porque mostram que são reais. E as fotografias ajudam a ilustrar a página. 17 - Na dúvida sobre alguma convenção, pergunte ou consute o Guia de Redação. Após a consulta é difícil repetir o erro. 18 - Leia sempre o texto editado. Além de conferir o que foi escrito, verifique onde está sendo alterado e descubra o porquê; 19 - Mantenha-se informado! Uma matéria fica melhor escrita e apurada quando o repórter conhece o assunto. Assim, fica mais difícil o entrevistado falar bobagens e nós a reproduzimos ao leitor. 20 - Sólidos conhecimentos culturais. Leia livros, escute discos, veja filmes... Seja alguém intelectualmente estimulante!

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Dicas para a produção

fotográfica -> Uma câmera fotográfica profissional não garante boas fotos. Da mesma forma, uma simples máquina fotográfica pode render ótimas imagens; -> É fundamental conversar com o repórter sobre a matéria. Fotógrafos que compreendem o ‘motivo’ da pauta conseguem pensar em fotos melhores, que complementam a reportagem e não apenas a ilustram; -> Faça várias fotos de determinado assunto, sempre buscando perspectivas diferentes. Ou seja, dez fotos com ângulos diversos entre si é melhor do que 30 fotos com ângulos iguais ou semelhantes. A variedade de imagens ajuda não só a observarmos a notícia por uma perspectiva diferente, como também auxilia o diagramador dandolhe mais possibilidades de aplicação e recorte das imagens; -> Sem preguiça. Abaixe-se, incline-se, deite-se, faça fotos abertas e alterne

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para fotos de detalhes. Abstrair as acomodações nos ajuda a ser criativos! -> A foto jornalística preza pela informação, o que não quer dizer que não possa também ter uma carga poética. Apenas não perca o foco do pauta. -> Quando for fazer fotos de personagens, sempre que possível, aproveite para fazê-la enquanto ele fala com o repórter. Assim sairá mais natural. Evite o clichê do personagem fingindo digitar em um computador; -> Se for fazer fotos do personagem da cintura para cima, evite deixar as mãos dele rente ao corpo, de forma a cortar as mãos do enquadramento. -> Após fazer a foto, evite invertê-la de direção no computador. Detalhes como alianças e mesmo marcas no rosto podem ficar ‘do lado errado’ e chamar mais atenção do leitor do que a própria matéria;


-> Produza fotos ilustrativas. Por exemplo: a pauta é sobre viagens. Nada impede que você faça fotos de mãos arrumando malas ou mesmo de pessoas embarcando em um ônibus na rodoviária.

pilhas. Chegar ao local da pauta e não poder fazer fotos por estar sem pilhas ou com elas descarregadas é, no mínimo, vergonhoso. Além, é claro, de você ter de voltar ao local para fazer as fotos.

-> Acertar o flash não é fácil. Se for dia, verique a posição do sol e fique de costas para ele, assim a cena será iluminada naturalmente e você não precisará do flash. Se a luz direta incomodar a personagem, fique você de frente para o sol, mas acione o flash para rebater a luz. Se estiver noite e você ficar muito próximo do objeto ou do personagem a ser fotografado, a foto pode ficar muito clara. Se estiver muito longe, pode ficar escura. Nesses casos, utilize o flash direcional, enviando luz para o fundo. Se estiver com uma máquina digital simples, pegue uma folha em branco e a posicione logo à baixo do disparador, apontando para a região que quer iluminar.

-> Cuidado com o fundo. Às vezes, elementos com cores fortes que estão atrás do personagem ou do objeto-foco podem chamar atenção demais.

-> Não esqueça de verificar a carga das

-> Pesquisa sobre fotografia. Entenda como ela é produzida tecnicamente e também filosoficamente. Quanto maior for o seu conhecimento na área, maior será também a sua percepção sobre as possibilidades da fotografia; -> Conheça o trabalho de outros fotógrafos. Existem muitos sites que funcionam como repositório de portifólios fotográficos. Acompanhar o que se tem feito na área da fotografia artística e fotojornalística pode lhe ajudar a desenvolver sua própria técnica e estilo.

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novo acordo

ortográfico resumo do Guia Prático da Nova Ortografia, de douglas tufano, para a michaelis. (Melhoramentos, 2008)

> MUDANÇAS NO ALFABETO O alfabeto passa a ter 26 letras. As letras k, w e y voltaram. > TREMA Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada em gue, gui, que, qui. Exceção: o trema permanece nas palavras estrangeiras e em derivadas. Ex.: Müller, mülleriano. > ACENTUAÇÃO 1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas. Exceção: continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas de mesma terminação. 2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo. Exceção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final, o acento permanece.

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3. Não se usa mais acento nas palavras terminadas em êem e ôo(s). 4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, pêlo(s)/ pelo(s), pêra/pera. Exceções: Permanecem os acentos diferenciais em pôde/pode; pôr/por; e os que diferenciam singular e plural de ter, vir e derivados. É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/fôrma. 5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir. 6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, obliquar, delinqüir, etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.


> HÍFEN Regra básica: sempre se usa o hífen diante de h: super-homem. 1. Prefixo terminado em vogal: - Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo. - Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo. - Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom. - Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas. 2. Prefixo terminado em consoante: - Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, subbibliotecário. - Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal. - Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.

Observações 1. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen. 2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal. 3. O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o. 4. Com o prefixo vice, usa-se o hífen. 5. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição. 6. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen.

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bebop Jornal narrativo

guia de redação 2013

Professor da disciplina Jornal Laboratório - Turma A Prof. Anderson Costa Planejamento Visual e Diagramação Anderson Costa Alunos - Turma A Cristiano Martinez Lays Pederssetti Maíra Machado Natacha Jordão Taysa Santos Agradecimentos - Dra. Nincia Borges Teixeira, do Delet (Departamento de Letras), pelo auxílio na revisão; - Carla hackmann, editora-chefe do Jornal hoje (Cascavel - PR), por ceder material de consulta; impressão: Gráfica Unicentro Tiragem: 30 exemplares Imagem da Capa: jaylopez

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AtEnÇÃO! Este Guia de Redação foi desenvolvido exclusivamente como material pedagógico, ou seja, sua única função é educacional. Deve ser estudado e consultado pelos alunos do 4º ano do curso de Comunicação Social (Jornalismo) da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste). Em respeito às Leis de Direito Autoral, é ExpRESSAmEntE pROibiDA a comercialização deste material ou mesmo sua distribuição gratuita. O uso deste Guia é restrito aos alunos formandos, em sala de aula, durante a realização das atividades pertinentes à disciplina Jornal Laboratório.


bebop Jornal narrativo

O Jornal Narrativo Bebop é produzido pelos alunos da turma A do 4º ano de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo, da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste). Temos por objetivo trabalhar com histórias do cotidiano do cidadão de Guarapuava, através do Jornalismo Narrativo. Entendemos que a prática jornalística se dá além da redação, ou seja, com o repórter próximo das pessoas e das comunidades. A intenção é permitir aos alunos a experiência jornalística e, também, oferecer um produto de qualidade ao nosso público-alvo, que são todos aqueles que gostam de boas histórias.

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Ágora 2011 Sugestão de atualização do mascote do Jornal-Revista Laboratorial Ágora. Curso de Comunicação Social (Jornalismo) da Unicentro. Ilustração: @AnderGround Mestre: @hiharry 25/02/2011

bebop Jornal narrativo

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