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Professor orientador: Anderson A. Costa Editora da edição: Taysa Santos Narradores: Cristiano Martinez Lays Pederssetti Maíra Machado Natacha Jordão Taysa Santos.

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ao Contato: jornalbebop@gmail.com Tiragem: 500 exemplares

Todos os textos são de responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste).

O Bebop é um jornal experimental produzido pelos alunos da turma A do 4º ano do curso de Comunicação Social (Jornalismo) da Unicentro. A finalidade deste material é informativa, educacional e cultural, sendo expressamente proibida a comercialização.


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No dia 07 de junho, comemoramos o dia nacional da Liberdade de Imprensa. Uma conquista mais do que justa, para o universo da comunicação. Com isso, o jornalista tem o direito de levar a informação ao público e ser livre para informar. Durante o regime militar, por exemplo, fazer jornalismo era uma missão quase impossível. Nas redações havia militares responsáveis em selecionar o que o veículo publicava ou deixava de publicar. Qualquer conteúdo que, de alguma forma, atingisse o governo era excluído. Recentemente, uma proposta surgida num encontro de juízes federais coloca em jogo essa liberdade de imprensa, já que ela abriria caminho para que informações sejam apagadas da internet, por ordem judicial. O objetivo é preservar a imagem de pessoas que se sentirem atingidas. O autor da proposta é o promotor de Justiça Guilherme Magalhães Martins, do Rio de Janeiro. Ele é professor de direito civil e autor de livros sobre a internet. Na opinião dele, a função da proposta é pedagógica. Além disso, ele cita os casos de pessoas condenadas criminalmente que depois da pena buscam se reintegrar à sociedade. Como a internet não esquece, ela gera um juízo de reprovação eterna pela sociedade. Mas, na realidade quem realmente tem o dever de inserir novamente essas pessoas na sociedade, são os programas de políticas pú-

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blicas. Essas iniciativas do governo precisam provocar uma mudança de consciência na sociedade, que ainda é muito preconceituosa. Nada vai adiantar apagar os registros dos tais ‘criminosos’ se nada for feito por eles. O advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira, especialista em legislação de imprensa, diz que o enunciado é “um retrocesso”. Para ele, quem teve projeção na história não tem direito a ser esquecido. Como estudante de jornalismo, acredito que não podemos “fingir” que nada aconteceu e ignorar os registros históricos, independente de serem positivos ou negativos, os fatos já aconteceram e precisam ser levados em consideração. Por isso, eles não podem ser simplesmente apagados da internet. Com o final da ditadura militar, na década de 80, a imprensa conquistou a sua liberdade de expressão. Muito tempo se passou, estamos no século 21 e agora não podemos retroceder. A justiça abriu uma brecha a decisões para apagar registros da internet, com isso, a sociedade em geral será prejudicada, pois reportagens e dados históricos serão apagados. Enfim, posso dizer, que a Liberdade de Imprensa demanda um posicionamento mais crítico e atento da população quanto aos seus direitos por uma informação de qualidade, sem proporcionar nenhum tipo de esquecimento.

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A sua mente faz muito barulho A hora perigosa da tarde nos espera: grande parte de nossas crises surge quando nos colocamos em confronto com nossos pr贸prios pensamentos.

Quem narra: Ma铆ra Machado

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Desde o final do ano passado comecei a me interessar em aprender mais sobre técnicas de autoconhecimento e meditação. Li alguns livros, conversei com meu terapeuta, busquei informações e tentei praticá-las. Em um dos livros, li algo que me chamou a atenção. Eckhart Tolle, em O Poder do Agora, disse que todos poderiam alcançar a tranquilidade interior, mas poucos conseguiam porque suas mentes faziam muito barulho. Algum tempo depois fiz uma matéria sobre técnicas de relaxamento. No meio da conversa, minha entrevistada comentou que havia passado por uma experiência que a tinha colocado em confronto com uma adversária muito forte: sua própria mente. Nesse momento, algo me fez lembrar o que havia lido há algum tempo e então quis saber sua história. Juliani Hull é fisioterapeuta, acupunturista e adepta às técnicas de meditação e autoconhecimento. No ano passado, ela participou de um retiro de dez dias de silêncio e meditação. “Algumas pessoas dizem que sentiram dificuldade do dia zero ao dia quatro. Para mim, foi difícil do dia zero até o dia onze”. Vipassana é uma das mais antigas técnicas de meditação. Foi utilizada por Buda nos seus 40 dias até a Iluminação e é baseada na conexão entre corpo e mente por meio da auto-observação. “Fui reprovada duas vezes antes de me aceitarem no retiro. Antes de entrar, precisei me comprometer a não utilizar nenhuma técnica, como o Reiki, por exemplo, para amenizar uma dor física ou acalmar a mente. Depois disso, iniciamos a saga do silêncio”.

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Algumas pessoas dizem que sentiram dificuldade do dia zero ao dia quatro. Para mim, foi difícil do dia zero até o dia onze”.

Toque de recolher Era no meio da tarde quando Juliani chegou até o local onde permaneceria nos próximos dez dias. O lugar, uma cidadezinha do Rio de Janeiro chamada Miguel Pereira, era propício para colocar os visitantes em total sintonia com o ambiente e seu próprio ser. Havia cerca de 80 pessoas compartilhando, recolhidas em si, aquela experiência. Com alas separadas, homens para um lado e mulheres para o outro, a rotina de meditação tinha início às 4h30 e só terminava às 21h30. Havia um intervalo para o café da manhã, outro para o almoço, e no meio da tarde um momento para descanso. Mesmo nesse intervalo não era permitido falar. A alimentação vegetariana também


fazia parte do processo de purificação. Diariamente são três horas de meditação de forte determinação. Nesse grau de meditação, é aconselhável mover-se o menos possível. Exige um nível elevado de concentração e autocontrole. Todas as noites são realizadas palestras em que os mestres dão orientações sobre o processo pelo qual todos estão passando. “É interessante porque o mestre fala exatamente o que você passou naquele dia, o que você sentiu, a vontade que teve de ir embora e ele também já passa uma orientação de como será o próximo dia”.

De frente com a mente “O processo só começa quando as coisas começam a vir no teu pensamento”. Passado o primeiro dia, quando tudo ainda é novidade, a mente começa a manifestar os propósitos para se estar ali. “No segundo dia, eu tive uma crise de choro muito forte. A minha mente criou uma história que me fez entrar em um desespero muito grande”. Estar em contato consigo mesma é permitir estar em contato também com sentimentos e lembranças que você não consegue controlar. “Você está ali respirando, observando o teu corpo e a tua respiração e de repente vem uma lembrança. Aí ela vai embora. Em pouco tempo, surge outra lembrança ainda mais forte. Quando você percebe, está chorando. Então é tudo muito intenso em todos os momentos”. Quando propus esta pauta, recebi como sugestão de leitura o conto Amor, de Clarice Lispector. Nesse conto, a autora nos traz a história de Ana, uma dona de casa que após terminar todos os seus afazeres domésticos, se vê em confronto com sua própria existência. Diz o conto: “Sua precaução reduzia-se a tomar cuidado na hora perigosa da tarde, quando a casa estava vazia sem precisar mais dela, o sol alto, cada membro da família distribuído nas suas funções. Olhando os móveis limpos, seu coração se apertava um pouco em espanto. Mas na sua vida não havia lugar para que sentisse ternura pelo seu espanto — ela o abafava com a mesma habilidade que as lides em casa lhe haviam transmitido”.

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Percebi que, como Ana, também fugimos dessa hora perigosa, seja da tarde ou da noite, quando colocamos a cabeça no travesseiro. É como se viver não fosse tão difícil quanto pensar. Então sufocamos o que nos sufoca. Não pensamos porque parece que não temos as armas necessárias para o confronto com nosso eu-inimigo. O silêncio, que deveria trazer paz, nos ensurdece. Então eu perguntei à Juliani: ‘Porque o silêncio nos incomoda tanto?’. E, calma, ela me respondeu: “Para mim não existe silêncio. Existe, claro, um silêncio externo, que é bem diferente do barulho da tua mente. Eu digo que o silêncio da mente é ensurdecedor. Tanto que as pessoas se boicotam o tempo inteiro a fim de evitá-lo. Chega uma hora que dá vontade de dizer: ‘Por favor, eu não quero mais pensar. Me deixa quietinha’. Parece que você está brigando consigo mesma. O silêncio interno incomoda porque te coloca em confronto com coisas que você oprimiu durante toda uma vida. E quando esses sentimentos vêm ao teu pensamento, vêm como uma avalanche. E até você conseguir a aceitação de tudo isso, provoca desconforto e até mesmo sofrimento. Por isso muita gente foge”.

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Chega uma hora que dá vontade de dizer: ‘Por favor, eu não quero mais pensar. Me deixa quietinha’.


E por fim, o desafio. Para cumprir a pauta, recebi um desafio: encarar o meu silêncio em meio às obrigações cotidianas. No início achei uma boa ideia. Seria fácil, afinal. Não pude passar pela experiência dos dez dias, mas a tarde de sábado foi suficiente para quebrar a minha ideia de facilidade. Nesse momento de (quase) silêncio interior - porque exterior foi impossível, eu percebi o quão difícil é lidar com os pensamentos. A primeira tentativa falhou. O barulho do telefone, as pessoas falando comigo, o horário de almoço. Foi impossível recolher-me em mim. Abandonei a operação. Não seria possível com toda aquela muvuca bem ali na minha frente. De fininho saí de casa. Iniciei minha segunda tentativa. Caminhei pelas ruas, senti o vento no rosto, prestei atenção na claridade do dia. Silenciar é também prestar atenção à sua volta e sentir, realmente, a vibração do ambiente. Isso eu consegui, já era um começo. Cheguei até uma igreja bem próxima a minha casa. No pátio, um gramado verde e uma gruta. Algumas velas, algumas flores, o lugar perfeito. Sentei na grama, me ajeitei de uma maneira confortável e tentei seguir as orientações de uma boa meditação. Nos primeiros 20 segundos eu achei que daria conta. A partir daí, a barulheira começou. Eu pensava na matéria. Como eu colocaria a história no papel, se eu conseguiria atender às expectativas da escrita. Eu

queria estar em casa. Eu queria conversar. Não gosto de ficar sozinha e de não saber o que os outros estão fazendo. E se estivessem precisando de mim? Afinal, sai sem avisar. Tentei acalmar o furacão. Por Deus, como é difícil! Se eu fechasse o olho, dormiria. Estaria eu num estado de (quase) paz interior? Não. Eu só não queria continuar pensando. Dormir seria uma saída para me livrar do furacão. Ficar com o olho aberto, eu sabia, seria distração na certa. Meu braço começou a doer. Faltava concentração, apesar da vontade de ficar em paz comigo mesma. Respirei forte e tentei, de novo, aproveitar o momento. Minha hora perigosa da tarde estava acontecendo. A experiência durou cerca de uma hora e meia. E realmente vi um filme de pensamentos e sensações passarem pela minha cabeça. Senti dores. Senti vontade de chorar, e chorei. Pensei ser uma boba por estar ali. E no final precisei concordar com o que a Juliani havia me falado: “As pessoas sempre fogem do que está acontecendo. Elas têm medo de enfrentar o que está por trás de uma máscara que foi criada, que tudo tem que estar no lugar, tudo tem que estar perfeito. Têm medo de enfrentar as próprias necessidades de carinho, de amor, de relacionamentos verdadeiros. É o medo de fracassar por ser quem é. Se conhecer e saber o que é importante pra você, o que te faz feliz e pleno, é essencial”.

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desfila Quem narra: Lays Pederssetti

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Ela sonhou muitas vezes em ser modelo, atriz ou cantora, mas a gente sempre acha que essa coisa de ser famoso só acontece com os outros. Então ela também sonhou em ser veterinária, médica ou advogada. Antes de ir parar nas passarelas, Emanuela Perla Oliveira Viana, ou somente Emanuela Viana, também enfrentou crises de “o que eu quero ser no futuro”. Quem vê Manu – para os mais íntimos – posando para as lentes das câmeras profissionais não imagina tudo o que ela fez antes de chegar aonde chegou. Manu cresceu em São Lourenço do Oeste, uma cidade pequena, sem muitas perspectivas. Cursou escola pública como muitos e teve uma adolescência muito bem aproveitada, andando de skate e tentando formar bandas de rock que nunca saíram da garagem. Em uma destas tentativas de realmente ter uma banda que ficasse conhecida, mesmo que localmente, Manu teve a brilhante ideia de vender cerveja em baile para arrecadar dinheiro. Infelizmente os 50 reais obtidos pela noite cansativa, mãos congeladas e unhas quebradas não deram muito futuro para quem queria um dia ser rock star.

Isso mesmo, antes de ser um símbolo de beleza e postura, Manu já sonhou em quebrar guitarras no palco, sair em turnê, ouvir pessoas que nem conhece cantando músicas escritas e compostas por ela. Entre as bandas que embalaram esse sonho estavam Green Day, Three Days Grace, Blink 182 e, claro, Avril Lavigne, não poderia faltar um vocal feminino para lhe dar inspiração. As bandas nunca chegaram a ter um nome específico, eram sempre os “ensaios da banda”, qual banda? Isso não importava muito.

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Locais para ensaiar foram os mais diversos, desde a casa dos pais até uma distribuidora de bebidas mal assombrada onde o pai dela trabalhava. “Aquele lugar tinha uns móveis antigos e umas coisas que não passavam uma impressão muito agradável”. Carreira musical deixada de lado, lá se foi ela. “Com 17 anos me mudei para Brusque, uma cidade maior”. Nem imaginava ela que um dia ia ser parada na rua por um estranho que lhe perguntaria: “quer tirar umas fotos?”. Com a cara e a coragem, decidiu ir e não é que deu certo? “Tive oportunidade de fazer alguns trabalhos de catálogo para marcas da cidade mes mo, mas sempre fui tímida e nas primeiras fotos não desenvolvia muito, tive a ajuda de muita gente que acreditou em mim. Após um ano conheci o projeto Procura-se Tops Models, dirigido por Marcos Zion e foi através desse projeto que tive aulas de passarela, postura, fotografia, etiqueta ... assim tive uma melhor desenvoltura e a partir daí passei a trabalhar muito mais, fiz trabalhos pela região e passei

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a fazer casting para a agência Mega Model”.Mas a vida de Manu não foi baseada apenas em poses e passarelas. Enquanto ralava na tentativa de ser modelo profissional, ela foi professora de matemática em escolas públicas até o final de 2012. Foi no início deste ano que sua vida mudaria drasticamente. “Nunca imaginei que estaria morando em São Paulo, quando tive a oportunidade de trabalhar aqui já imaginei uma vida diferente, tive muita sorte em estar em uma agência que proporciona uma casa legal com motorista e muitos privilégios”. Mas antes de se mudar definitivamente para a Mansão das Modelos, ela precisou se dedicar muito e passar por vários sacrifícios. “Tive que perder peso para entrar nas medidas. Hoje o mercado exige que a modelo esteja pronta e quando pensamos que estamos, geralmente não estamos. Por isso, é preciso estar preparada fisicamente e principalmente psicologicamente para esse tipo de trabalho, é preciso ler, ter autoestima, postura de profissional e muita garra”.


Entre um click e outro

são nessas horas que Manu aproveita para caminhar, andar de skate, fazer muay thai, natação e academia. Bom, pensando bem, nem nas horas de folga ela está de fato descansando. Mas todo esse esforço e dedicação estão rendendo boas propostas.

Quem imagina que essa vida é tranquila e segue sempre um cronograma, deve rever seus pensamentos. Manu conta que modelo não tem rotina. “É um trabalho sem horário, sem dia, dependemos da mesa de bookers da agência que nos mandam para casting todos os dias e quando somos bookadas para trabalhos temos datas, mas nunca temos horários”.

Recentemente Manu foi convidada para fazer parte de uma cena na novela Salve Jorge. “Foi muito legal participar da novela, conhecer os atores, diretores, produtores. O Projac é incrível e a experiência foi ótima. É difícil chegar lá, mas quando se está envolvido nesse meio você acaba conhecendo pessoas influentes e fica um pouco mais fácil de fazer esses trabalhos na televisão. Fazer participação em Salve Jorge foi uma vitrine, e pode me abrir portas, então foi muito importante fazer”.

É claro que, como em toda profissão, existem os momentos de folga,

O futuro de Emanuela pode ser ainda mais promissor.

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Tenho um contrato com a agência Deep de três meses em Istambul e depois do contrato pretendo trabalhar em outros países

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Além das passarelas, Manu pretende realizar mais um dos sonhos que listei no começo, futuramente ela quer fazer teatro e quem sabe a gente poderá vê-la em bem mais que uma cena de novela. “Tive uma adolescência muito boa, tive amigos incríveis, uma família ótima. Pude aproveitar muito, trabalhei muito. As oportunidades nós mesmos é que temos que fazer, devemos desejar, ter objetivos, nos moldar às situações, trabalhar duro, correr atrás do que desejamos. Na minha profissão, ou em qualquer outra, o inicio nunca é fácil, recebemos muitos nãos, mas quando se quer muito algo devemos insistir que o resultado do trabalho virá, pode até demorar um pouco, mas sempre virá. Devemos acreditar muito em nós mesmos por que essa é a base, quando se sabe que se é capaz, não tem erro! O sucesso é certo”.


E U EUTEBENZO C U R o

No Brasil essa tradição chegou junto com os jesuítas, no século XVI e mesmo com a medicina avançada, muitas pessoas recorrem ao benzimento para os diversos tipos de cura. Sejam os chás, a reza de água benta, “benza” para dor de cabeça, quebrante, entre outros. Quem narra e fotografa: Taysa Santos

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Lembrei que desde que nasci até uns seis, sete anos fui levada em benzedeira. Ora para tirar mal olhado, ora para sarar de uma gripe, um resfriado. Hoje, mais de dez anos depois, estava indo até a casa de outra benzedeira. Desci a rua. Bati palma na casa que a mulher havia me indicado. Rapidamente apareceu uma senhora de cabelos grisalhos que usava uma saia longa florida e um chinelo havaianas. Com um olhar desconfiado ela perguntou o que eu queria. Logo me apresentei e fui convidada a entrar. No Brasil as benzedeiras surgiram com a chegada dos jesuítas, no século XVI, e são figuras presentes na cultura popular até hoje. Aos 69 anos, dona Ledir faz parte dessa história. Filha de pais mineiros mora em Guarapuava há 46 anos e também é a única dos oito filhos que benze. “Desde que eu me conheço por gente, eu via meu pai e minha mãe benzendo. Nascia algum bebê já iam benzer, tirar o quebrante”. Apesar dessa tradição familiar, com um sorriso tímido estampado em seu rosto, Dona Ledir diz que não aprendeu o oficio com os pais. “Não aprendi nada com eles. O dom veio naturalmente da minha cabeça, eles nunca me ensinaram nada”.

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Sobre seu primeiro benzimento ela lembra bem. “Eu era mocinha, tinha 19 anos. Eu lembro que uma senhora de 70 anos foi lá em casa, ela sabia que meus pais benziam, mas eles não estavam. Ela me contou que havia sido descoberto um tumor na sua cabeça e me pediu pelo amor de Deus para eu ajudar ela. Naquele momento fechei meus olhos e fiz uma oração. Alguns dias depois a senhora se mudou de cidade, eu não soube se ela havia melhorado. Mas eu tenho fé que sim”. Depois disso, Dona Ledir começou a benzer com maior freqüência. “Toda semana diversas pessoas iam lá em casa, levavam filho doente, os pais, fotos e até animais”. Assim que completou 21 anos seu pai faleceu, um ano depois chegou a vez de sua mãe partir. Grávida de um caminhoneiro, eles casaram e saíram da cidade de Alfredo Vasconcelos, interior de Minas Gerais e resolveram vir morar no Paraná, em Guarapuava.Chegando na cidade, Dona Ledir tinha a certeza que continuaria com os benzimentos. “Não conhecia nada. Para mim era tudo diferente, tinha muito medo das pessoas não me aceitar. Mas meu dom era benzer, essa é minha missão na terra”.


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Mãe de quatro filhos ela é Espírita, mas também foi batizada e crismada na Igreja Católica. “Sou batizada, fiz primeira comunhão e crisma na igreja Católica e também em um terreiro. Acho que mais importante que qualquer religião é a crença, a fé em Deus, no nosso pai Oxalá”. Depois de quarenta minutos de conversa ela me convidou para conhecer o lugar onde realiza os benzimentos. Curiosa, logo entrei. Era um cômodo como outro da casa, com paredes claras da cor gelo, uma cadeira de madeira e uma cômoda com imagens de santos. O benzimento se dá no conjunto de rezas, na formulação de garrafadas, seja de proteção ou de dosagem, podem ser feitos para proteção de casas, crianças, animais de estimação, plantas, proteção do corpo e de espírito.

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Desde que chegou em Guarapuava, Dona Ledir costuma benzer diariamente. “Benzo machucado, mal olhado, cobrero, até dor de dente já cheguei a benzer. É importante também que todo mundo que vem em casa venha com confiança. A gente precisa ter fé, porque o dom de ajudar as pessoas a gente já tem”. Todo mundo que bate em sua porta pedindo ajuda ela benze, sem cobrar nada por isso. “Eu não cobro porque esse é um dom divino, eu nunca acreditei na pessoa que cobra. Todo mundo me pergunta: ‘Quanto você cobra? ’ Não, eu não cobro nada... Mas elas dão sempre presente, às vezes cesta básica, roupas usadas e até mesmo dinheiro”. Foram mais de três horas de conversa. Dona Ledir me oferece um chá de frutas vermelhas, que segundo

“Tinha muito medo das pessoas não me aceitar. Mas meu dom era benzer, essa é minha missão na terra”.


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“A gente precisa ter fé, porque o dom de ajudar as pessoas a gente já tem”

ela melhora a circulação sanguínea, e aproveitou para contar uma história de benzimentos. “Tem algumas crianças que eu curei quando era bebê, lembro de uma que tinha um problema sério que os médicos não conseguiam resolver, vivia com febre, internada no hospital e eu ajudei e hoje aquela menininha é uma mulher que mora em Santa Catarina. Poder ajudar os outros é muito gratificante”.

Com um olhar triste, Dona Ledir encontrou pessoas que a perseguem e a ameaçam pelo fato de ser uma benzedora. “As pessoas dizem que é macumba, já escreveram no meu muro a palavra macumba, às vezes chegam papeis na minha caixa de correio dizendo que mereço morrer queimada, que sou uma bruxa. Não entendo o que tem de errado em fazer oração e tentar ajudar quem tá precisando. Tenho muito medo, não dá pra confiar

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nas pessoas. Para mim a maior macumba do mundo é a perseguição”. Logo mudamos de assunto. Começamos a falar sobre o fim das benzedeiras. Confiante e com uma voz firme, ela tem toda certeza de que esse ofício nunca vai acabar. “Está diminuindo o número de benzedeiras, mas elas sempre vão existir, é um dom, não tem como fugir. Eu sinto que minha filha mais nova, de 35 anos, vai benzer muita gente ainda. Ela diz que não, mas minha intuição não falha”. Antes da despedida, ela aperta minha mão e me pede licença para fazer uma oração. Sentei na cadeira, fechei meus olhos. Enquanto segura terço e folha de arruda na mão direita, ela baixinho reza um pai nosso e pede para o Pai Oxalá me abençoar me dar forças, iluminar meu caminho e principalmente me livrar de todo o mal que existe na Terra.


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Muitas c Muitas ores flores Eu jar desde dim que Muitas te vi. fe Muitas stas fl Meu co exas ração cheio d e amor por ti. >>< E ri ch < eio de E ri co si mo E as co s dentes esco vinhas ndidos bem a O riso mostra morre E eu rio em mi sol

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Sem Todo tem s. T Se olo po O est baru m te s. . á e lh mp o To n los Vivo goli do o. est s, o ndo reló Em ão u q gi a vid eng uas todo o a, o olin e is s. so d u To qua o o t . l d e s a e is mp a f me os alt so. o. a d ntam et , am Tolo emp ald s o. po o c içoa r m E uc pra ser , se tão o tem o. vin m po seg gar d al ap , ue os rov cor tol eit ren os t ado do odo . s,

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Sempre teve o céu ao alcance das suas mãos. Todos os dias o sol estava lá, alguns momentos encoberto pelas nuvens; então, as nuvens também estavam lá e, às vezes, com elas estavam as gotas de chuva. O céu estrelado com suas quatro luas implorava por atenção. Nova, cheia, crescente, minguante, cada uma nos seus respectivos dias, esperava pelo olhar apagado da menina que, mesmo sem saber, desejava iluminar os olhos com a luz lunar. Se não fossem três benditos passos para direita, a escada daria justamente para o céu. Entretanto, por causa deles, o jardim-solar-secreto era esnobado, esquecido, deixado de lado. Literalmente de lado, já que, à direita do maldito computador, estava a paisagem-superior rejeitada e ofuscada pela luz superficial do monitor: a menina e a via-láctea separadas por uma janela (sem contar os dias em que as cortinas aumentavam ainda mais a distância entre a possível relação do olhar de quem não vê com o olhar de quem implora ser visto). Como tudo na vida tem seu momento de descuido total, uma noite ela descuidouse. Entre os passos dados de um quarto ao outro, exatamente no meio do caminho, não havia uma pedra mas, sim, um céu aberto e límpido, digno de ser contemplado. Para a contemplação era necessário passar pela porta que sempre estivera aberta, mesmo quando fechada. Neste raro “descuido”, como quem grita por socorro, a Lua Cheia gritou por atenção através de sua luz. O clamor era tão forte que a menina passou pela porta, chegou ao terraço e, enfim, alcançou o céu. Olhou e viu; amou e ouviu as estrelas. Passou a abrir a janela da alma, admirar as paisagens e reencontrar seus jardins secretos, cotidianamente, para sempre cuidar-se de si.

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OS MOTÉIS SÃO ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS QUE OFERECEM LOCAL APROPRIADO PARA DESFRUTAR DE ALGUMAS HORAS (OU MINUTOS EM ALGUNS CASOS) DE PRAZER PARA OS CASAIS. MAS E O QUE ACONTECE NOS BASTIDORES, QUANDO NINGUÉM ESTÁ VENDO? A REPORTAGEM ENTREVISTOU O DONO DE UM MOTEL EM GUARAPUAVA E DESCOBRIU SEGREDOS QUASE DE ALCOVA

por entre as quatro paredes

Quem narra e fotografa: CRISTIANO MARTINEZ

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“Vinte e cinco anos atrás, adultério ainda era crime e as histórias terminavam em morte quando a traição era descoberta. Hoje está mais tranquilo, mas antes era pior. O caso que vou contar aconteceu justamente nessa época de violência e legislação mais dura com o adultério. Como é de costume, um casal veio até meu motel para usufruir de nossos serviços. Mas eles foram seguidos pelo marido de um deles; ou seja, ela estava cometendo um ato de traição e logo com o melhor amigo do cara. Porque é assim: os adultérios costumam envolver gente próxima da família ou do trabalho. É com quem está mais próxima de sua intimidade. Bom, voltando à história, o marido

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traído seguiu o casal até o motel. Mas ele preferiu primeiro ir até a recepção para tirar satisfações. Lá, o cara corneado se identificou como sendo da Polícia Federal. Assim que isso aconteceu, uma das funcionárias me chamou e eu fui até a recepção. O cara apresentou uma carteira da PF, mas logo vi que era falsa, dessas que antigamente se vendiam em camelôs. Era o famoso ‘carteiraço’. O que eu fiz? Pedi as credenciais para checar diretamente com a PF. Foi aí que o cara confessou que não era policial e que queria apenas conversar com a esposa. Fiquei naquela: se eu autorizasse o que ele estava pedindo, poderia sair sangue e morte. No entanto, o marido traído insistiu e garantiu que não ocor-


No ramo há quase três décadas, João Orlando Cabrera Filho é o primeiro a chegar no LaenKazza e o último a sair

reria nada de mais grave. Acabei acreditando nele. Quando o casal saiu do quarto e foi para o portão, inventamos uma desculpa para forçá-lo a comparecer até a recepção. Deu certo. Quando a mulher viu o marido, ela ficou dura. Na maior calma, o ‘ex-agente da PF’ falou: ‘Bonito, não?’. Lembro até hoje das palavras do sujeito, que disse mais: que a esposa tinha acabado com o casamento deles e com a felicidade dos filhos; que as suspeitas eram verdadeiras; e de que a partir daquele momento não queria saber mais dela. Ele acrescentou que era para a

antiga esposa retirar as coisas de casa e ir morar na casa do traidor. Para o muy amigo, a ordem era para cuidar da adúltera. ‘Você acabou com um casamento’, disse. E alertou: se o antigo melhor amigo não fizesse isso, aí sim ele o mataria. E ficou nisso a discussão. Sem sangue, sem violência. O traído ainda pagou a conta do casal. Nunca vi um cara com tanta classe. Depois desse episódio, nunca mais encontrei nenhum dos três”. Essa é uma das histórias que ficaram marcadas na vida de João Orlando

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rás, os at nceito n a 0 2 reco “Uns uito p dono m a tinh uem era q com tel ou que tipo e o de m ntava ess to. e n frequ belecime e, a t iv de es ão. Inclus n ou e d Hoj la mu e t n e a cli nte basta

Cabrera Filho, 50 anos de idade e 45 de Guarapuava. Ou simplesmente, Cabrera, sobrenome de origem espanhola de uma das numerosas famílias de imigrantes que foi se alojar no Rio Grande do Sul naquelas levas de japoneses, italianos e espanhóis que vieram ganhar a vida no Brasil em tempos idos. Cabrera tem 29 anos de experiência no ramo empresarial. Mas não é, digamos, um negócio muito convencional. Ele administra o Motel LaenKazza (com ‘k’ maiúsculo e ‘z’ duplicado, num charme todo seu) na rua Porto União, 231, próximo da BR 277 e da PR 170, em Guarapuava. “Uns 20 anos atrás, tinha muito preconceito com quem era dono de motel ou que frequentava esse tipo de estabelecimento. Hoje não. Inclusive,

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a clientela mudou bastante, com gente que usa os serviços do motel apenas para uma noite, já que os hotéis costumam ser mais caros e fora de mão”. Entre quatro paredes, quem já frequentou um motel sabe que o padrão não muda muito, variando apenas no luxo e nos temas. Porém, o que acontece fora das quatro linhas (não da cama, que, por sinal, é redonda em alguns casos)? A melhor palavra para responder isso é ‘discrição’. Dificilmente, alguém vai ver o rosto de um funcionário de motel. No máximo, a voz metálica saindo de um interfone quando o carro estaciona na entrada. “No caso do LaenKazza, o cliente não ouve nem a voz. Tudo é feito de maneira computadorizada. Na entrada e na saída, tem um


painel digital no qual o público escolhe o quarto e consulta os valores. Depois, é só pagar pelo mesmo sistema”. Assim que o casal acaba de sair do quarto, Cabrera explica que uma camareira é acionada pelo rádio comunicador para entrar no recinto e fazer a limpeza. “Discrição é fundamental”.

Funcionamento Um motel parece um mundo à parte, já que o casal - “80% de nossos clientes são formados por casais”; os outros 20% ficam por conta da imaginação do leitor – consome o prazer sem haver necessidade de ver ou falar

com intermediários. Será que o paraíso também é assim? Pelo menos para os funcionários do LaenKazza, é o emprego dos sonhos. Cabrera detalha que os turnos diários são de 12x36, com revezamento de três turmas. Ou seja, ao final do mês, somando os horários livres, cada um dos empregados gozou 15 dias de descanso. “É o emprego perfeito, principalmente para as mulheres casadas, que podem cuidar da casa e da família”. Todos os dias, currículos são entregues para avaliação do proprietário. “Mas o problema é a que a maioria não tem a qualificação necessária para trabalhar aqui. Quando a gente con-

para os clientes, parte da palavra já basta

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mais a o s es “A p ante da rt impo sa é o te e empr . Não exis e as client chato, m e client igente”. x sim e

segue um bom funcionário, esse fica pelo menos 15, 20 anos trabalhando no LaenKazza”. No total, são 13 funcionários se revezando nos três turnos: 12 mulheres e apenas um homem. “Prefiro as mulheres que são mais discretas e menos curiosas”, sem nenhum preconceito o Cabrera. O bendito fruto é para o serviço de manutenção geral. O motel pode ser um mundo idílico (o parnaso dos poetas, mas com mais carnalidade) para os clientes; mas, nos bastidores, é uma empresa como outra qualquer. Segundo o proprietário do LaenKazza (não se esquecendo do ‘kazão’ e dois ‘zz’), existe toda uma estrutura de funcionamento eficiente e informatizada, que permite todo o grau de eficiência discreta.

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“Basicamente, temos três setores: camareira, que cuida da limpeza dos quartos e da conferência daquilo que foi consumido; lavanderia, onde ficam os maquinários industriais responsáveis pela limpeza das roupas; e a recepção, onde os clientes são recebidos”. Apesar de quase invisíveis, os funcionários existem (e foram vistos pela reportagem do Bebop), dando suporte para toda a estrutura. Na recepção, por exemplo, Cabrera explica que antigamente ainda havia contato com os clientes. “Pela voz, claro. Nessa época, alguns clientes gostavam de mexer com os funcionários. Mas, hoje, isso é praticamente impossível. Volto a frisar: queremos ser o mais discreto possível”. Quase todo casal já deve ter ima-


ginado que por trás dos quartos existe um corredor secreto onde os funcionários transitam livremente para entrar nos locais e fazer a devida limpeza. No caso do LaenKazza, seu dono jura de pé junto que não tem isso, pois a estrutura do motel é diferente (é verdade, pois os quartos estão separados em “chalezinhos”). “No entanto, em motéis maiores posso confirmar que tem esse corredor. Sem toda essa fantasia”.

Clientela “A pessoa mais importante da empresa é o cliente. Não existe cliente chato, mas sim exigente”. Com esse pensamento, Cabrera afirma que nunca teve problema com clientes ou mesmo casos de assalto a seu motel. A maioria do público que frequenta o motel é formada por casais que chegam de carro. “Alguns aparecem de moto, mas a gente só deixa entrar se tirar o capacete e se identificar. Imagina dois homens numa moto? Isso não existe”, justificando que o procedimento é necessário para garantir a segurança do local. Cliente a pé ou de bicicleta. Parece uma cena surreal de filme de comédia. Se aconteceu, foi somente na ficção, porque na prática isso é impossível. “Nunca no LaenKazza. Nossa clientela é formada por uma classe social mais

abastada que tem condições financeiras de possuir um carro”. Por atender a um público de nível mais estruturado, Cabrera garante que nunca teve confusão no motel administrado por ele. “Cada vez mais, o brasileiro está melhorando culturalmente. Acredito que um dia não teremos mais problemas com a depredação dos espaços público e privado. Sempre acreditei que a solução para tudo está na educação”.

Família Primeiro a entrar e o último a sair, João Orlando Cabrera Filho trabalha todos os dias em seu empreendimento. São 29 anos de janela e apenas 15 dias por ano de descanso. “Aproveito para pegar uma praia com a família”. E a família leva numa boa o fato de Cabrera ser proprietário desse tipo de empreendimento. Inclusive, a esposa trabalha com ele há muitos anos. “Nossa empresa é bastante familiar, já que tenho funcionários comigo há mais de 20 anos”. Sem dúvida, o ‘moteleiro’ Cabrera transformou seu negócio numa segunda casa, principalmente para os clientes. Afinal, são três décadas dando conforto para o prazer. Mesmo que o último seja por meros minutos, em alguns casos.

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“Ô, vizinho! Olha só que pouca vergonha! Um motel bem num bairro familiar. É um absurdo! As crianças ficam vendo isso aí!”. Logo cedo, o vizinho da esquina da frente me abordou na saída de casa para despejar sua indignação. Aposentado, Seo Zé gostava de se informar sobre tudo o que acontecia no nosso bairro, o Jardim Aeroporto (sem aviões, diga-se de passagem): brigas, acidentes, novos vizinhos etc. O mais novo alvo de impropérios de Seo Zé é o funcionamento de um motel, que fica ao lado de minha casa. Privilegiado ou não (se precisar, é só pular o muro), eu era vizinho da casa dos prazeres (para os casais apaixonados). Enquanto o vizinho aposentado reclamava do vizinho prazeroso, eu fazia aquela conhecida cara de paisagem e concordava com todas as reclamações do Zé. Sou da política de que é melhor não contrariar as vociferações alheias. Não que eu concordasse com a opinião de um aposentado moralista. Mas é que, com certas pessoas, nem vale a pena discutir. Por mim, acho muito curiosa e interessante a história de morar ao lado de um motel. E olha que eu cheguei primeiro. Moro na mesma casa (alugada) muito antes da criação do motel (com sede própria). Todos nós compartilhamos da mesma Rua da Liberdade (quer nome mais apropriado pra essa via?). Só o Seo Zé, que mora na Rua dos Remediados, que não goza da mesma opinião. Na verdade, ele não goza de nada... sempre de mau humor. Como cristão que sou (tá no nome), logo fiz amizade com o dono do Dallas Motel. No início, ele precisou de minha água para a construção de seu empreendimento. Claro, cedi o tão importante líquido para areia, cimento e cal. Sem cobrar nada, apenas na camaradagem.

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Depois, o Manolo, argentino radicado no Brasil e com muita ginga, precisou de informações sobre a padaria mais próxima. Lá estava eu para auxiliá-lo. Escola para os filhos? Xá comigo! Concessionária de carros usados? Opa, sou especialista. Melhor lugar para colocar a placa de propaganda do motel? Tem uma esquina ali perfeita. E assim nossa amizade foi se estreitando. O Manolo toma uns drinques em casa e eu ganho uns descontos no motel junto com minha esposa. Virei até consultor: “Cristiano, o que você acha do nome do motel?”. “Ah, Manolo, muito comum. Muda para Liberdade! É disso que o povo precisa: liberdade de expressão, liberdade de pensamento, liberdade de ir e vir, liberdade sexual. Faça uma revolução!” Os olhos do Manolo brilharam na hora. “Você tem razão, compañero Cristiano!” Orgulhoso, perguntei: “Não é um bonito ideal revolucionário?”. “Revolución?”, disse estupefato. “No, o nome é perfeito para identificar o motel: Rua da Liberdade, Motel Liberdade. Mis clientes vão achar fácil o lugar”. É, aprendi da maneira mais dura que amigos, amigos; negócios à parte. Mesmo no ramo do prazer.


o s o h n i z i v s Meu m prazer u o 茫 s o t a l Re por a cr么nic o n Cristia z e Martin

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Ironia:

Quem narra e fotografa: Gabriela Titon*

uma arma vândala

Composta por Iuska Wolski, a música “Vinagre” é uma crítica irônica a atuação da Polícia Militar nas recentes manifestações de São Paulo.

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não quer rte. A gente a e o ã s er l comida, div ãs no fina gente quer afo dos Tit b a a , a es d id m O ei d co ”. arte olveu o quer só qualquer p depois, res a s r a a d p “A gente nã a a éc íd d a as er s ska Wolski, mais de du a gente qu s visuais Iu eração que, só comida, te g r a a m e u d e d te é o mesmo . A estudan me: de tudo dos anos 80 fo m te ação. e u q aro do te dessa ger r a p z fa , xar bem cl egou 24 Curitiba ch em a r o m e u q cendo na aringaense tava aconte -feira, a m es ta e in u u q q o , o e obr s pase junh ou a ler s aumento da eç o m No dia 13 d a co tr e n e, co it to idade, à no recente do de manifes da univers a história uarto gran n q s o a : it d ís é a p ais, es in ação do s redes soci o proporçõ d a a n m , cidade-cor r to ta s ia o v p ha começou a a expresSão Paulo riosa com , uma amiga sagens em Cu to . s e” te r o g r a p in o ato “v meio a trou o rel a palavra Brasil. Em tivo encon tilizando u u ec s a ex d o d ia a p s e ochil um etaria comentário regar na m da em secr r a m ca r o r f o p ia o r as de detid ersitá s das bomb to ta Capital r são, a univ ei Ca ef s ta o is amenizar rter da rev a situausado para de um repó odada com to m u d co o r In p . r – a e etra Milit vinagr creveu a l a Polícia es el , p frasco com s s a a g d a v ça s n ra ogêneo la eu vídeo ora nas ho gás lacrim seguinte, s e composit ã a h r n a to m n a ca N s que é umorístico no YouTube. ção, Iuska, em sites h disponível e, , iv e” s r u g e a cl b u in in “V es no YouT publicado, da música visualizaçõ um viral – o il d m a n 72 r to a e o d havia s o –, chegan mingo, 15. o Não Salv o m co noite de do s a o n s , o is o fam ep d s três dia novo Aninagre é o “v o ã d r o b u o cia de ica que crio a incoerên s ú e m PM a , a a d d a to de “vânBem humor ação violen racterística odo de atu ca m a o e; a r g ic a it s ree vin thrax” cr asileira; a r elo porte d b p s ia te íd n m ta e nd nifes rua atras pela gra prender ma neiros” na os ativista er a d a a “b íd u il ib m 20 rio, dalos” atr desse cená re o quanto b te o n s ia D es ... çõ o a clam ânsit uções palham o tr idera prod Iuska cons e artísticas

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manifestações cult urais ferramentas de protesto necess cas. “Em dias caótic árias e bastante di os como esses – espe dáticialmente caóticos ticos –, temos que la , po rq ue sã o se nçar mão de todas mpre caóas nossas armas. E a ironia é uma arma ”. “Vinagre” é uma ex ceção à regra. A li nh a de co mposição de Iuska, é outra. Basta aces na verdade, sar sua produção disponível no YouT canções intimistas ub e, ta nt o so lo – com definidas por ela como sua válvula participando do du de escape –, quanto o Coal Miners, form ado este ano, com um ao folk, blues e co trabalho voltado untry. Na quinta-fe ira, entretanto, el brasileiras a expr a fo i mais uma das essar sua insatisf ação com os último presenciados no pa s ac ontecimentos ís. De algum modo, funcionou: o vídeo, tensiosamente, espa di vu lgado desprelhou-se pelo Brasil , assim como os dive rsos relatos de quem estava presen te nos atos paulis tanos. Ao acessar o vídeo, quem não sabia do que a letra se trat sou pesquisar para ava precicompreender o cont exto. “Aí fiquei pe nsando ‘nossa,

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a”. o educativ ve uma açã o m o r p ’ in ta ‘bes o pr cia ser esse uma música it o ed m cr co a er e b u a q erce estudante, r professor ’! É legal p ave para a ela quer se h , que demais -c te a r en v , m a a a l r a el ra . Futu ção é uma p sitária. Pa er mar um país iv or n u sf n a Aliás, educa a r tr so z de a arte não sabe, profes mento capa nifica que no; e, quem ig si “S pal instru . en a m e d to a n ador”. m si rede públic ente modific e, mas sim u g d a a m ed u ci de arte da é so a a o d ntimento, el é um reflex essão e o se r p a arte não ex a e movir a comunic articipa d p a r e a r p ta só s e te serv a para pro tual onda parte da a s de Curitib a u er r z s fa à e d iu ão e a ulho que sa , sente org de seu viol s A cantora, a ia d d a h Va n a s p a m d jovens, aco nsciência, o a Marcha com outros mentos com liaram a co p te m a en m s a ta o n s cultus pes tações ju recisam de “Acho que a p . s s de manifes a ça l n E a e. d d u ú provocar m ida e de sa espírito”. vontade de m só de com a is ec r imentar o l p a o ã m n a e is u ec q r P m de arte. percebera almente, e ra, princip

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Intoegrásnlaecrtim, ogêneo

o verdadeir

amente oram ampl f s a m e t , e nheirinho episódios diversos restal, Pi o , s l o F n o a g o i l s d e o B Có Nos últim Usina de ais: novo scituro e edes soci a r N s o a d tran l o s u t o ção tatu discutid a indigna ofobia, Es , m z o e h v , á a w s o s ai . De ando “o Guarani-K está deix uns casos g e l u a q r o a t t c i a p para c sou um im stão já am Monte, só ual e cau ora a que t g r “A i v . a a k s r s a e esf e Iu lo p passou a luta é pe alavras d p a s s a a n m , ”, o o çã abreir gora elas do a redu governo c a menos, a tão pedin s s e o s v a a t o s n s e pe só os 20 c pliou, as o querem ã n s o mais”. a l E . do e muit se livre querem tu as oue em tant a b i t i r u de redes estos em C por meio aulo, prot s P o o d ã a S l u a c i o Em apoi integranforam art a, é parte ndo afora d u i m v s é e d t e a d n e temos nter tras ci ca nós qu cebook. “I i a f F i n o g i o s m ’ o eso sociais c ade”. A qu laro, ‘nos xclusivid niverso. C e u a o m s u s o i é n e se m o isso te do da por es t, sei que a e n n o r i e c t r n o i p o acesso a seata do áficas pr lo, na pas ras geogr p i m e e r x r e a b r o e p bra d ou clara, cação fic de comuni

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saindo o Brasil é , a i c é r G ia, não é o na Turo é Turqu m protest ã u : “n je e o s h a r o que a f und sileiros, que é o m a, quando a b r s i b i t a i r r m a e u r d C i p e s u dia 14, em anho”. lmente in o. “Olha q desse tam to de rea ez sentid o n f t o n ” p e a m i a i c e v r o d é m n da in e tão gra fazer um um alcanc ifestos, a n a m o uso s e d quia tem n e gra mbra que d e l o c a i k r s ó t Iu s i s, entre jonão têm h es sociai obretudo, a nas red s d , a o i ã c s n s e u v c i per se ineuforia v ue tem re eira não q l i s já a , o r t b Apesar da i o r ã a é rest em sabe a populaç urso aind mídia, e n maioria d e d “A n . a a r t g desse rec l a a ia e através d sta, em um lasse méd a entrevi e informa d s , o t vens de c t e n n e r m e o t m n da a dessse avés da i ixou níti rdade”. Ne e e d v a e l d forma atr e o , d o i sa en eral Osór la impren á acontec testos pe Praça Gen o que est o a r p n , s o o h m d l o i t cobertura oca do Br o, meio em café da B relação à sarcástic m o e s i e v t r o a e n c e o r s eio isto que não vai d onversa, v c confiança ó a “s d : e l d a a n ão vai ried a. No fi o texto n , rdando se a o k b s s brasileir n Iu a , r a t il o er disdeira, mei ca tranqu você estiv or aí”. Fi de brinca o p d n m e a z u a q f o t lei, como o seu ros . que eu fa orracha n b e d permitido a é l a e a b inagr v o , i u atirar um q A traída.

la Unicentro. jornalismo pe em a ad rm fo pouco do né *Gabriela Tito m o Bebop um co ou lh rti pa . com o em Curitiba Nesta edição, está descobrind universo que

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Entre luzes de LED e a vida além da Terra

- Já chegou o disco voadoooorrr - Não, já se foi o disco voador

Quem narra e fotografa: Natacha Jordão

O frio de Guarapuava espantou até os objetos não identificados que foram vistos durante os meses de dezembro a março deste ano. A causa? As luzes que assustaram ou impressionaram os guarapuavanos pertencem a José Bertelli, o Zuzo. Não, não... não é ele que brilha no escuro. Apaixonado pelo aeromodelismo, Zuzo pratica o hobby ou esporte como se refere a prática de pilotar modelos de aviões feitos de isopor depron por cinco anos. - Com licença, posso te fazer uma pergunta?

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- É claro. - Eu estou com até um pouco de vergonha de te perguntar isso, mas... você sabia que já confundiram seu avião com um disco voador? - Já sim, muitas vezes! – disse já segurando uma risada - Mas parece mesmo, quando está no verão costumamos soltá-los até de noite, há aqueles que, como eu, colocam luzes de LED, isso deixa eles parecidos com um disco voador, a impressão melhora ainda mais quando usamos um combustor que faz o aeromodelo ficar planando no ar. -Quantas pessoas fazem isso? - Hoje em dia são poucas, quer dizer...cerca de 15, 20. Soltamos aqui no lago os aeromodelos elétricos, mas tem aqueles que têm aviões movidos a combustão que soltam fora cidade, ou pelo menos em um lugar que não há perigo. - Além das luzes de LED – ele segurou o risada novamente, se lembrando da minha primeira pergunta – Colocamos uma câmera para filmar a cidade, filmamos por cima dos prédios. Em dezembro, filmamos o especial de Natal que teve aqui no lago, ficam muito bonitas as filmagens. - Venho sempre aqui pilotar – continua falando animado enquanto faz a manutenção de um dos seus três aeromodelos - é como uma brincadeira de gente grande, parece

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fácil mas não é, pilotamos os brinquedos como se estivéssemos pilotando um avião de verdade, os controles são os mesmos, tomamos cuidado até com a velocidade do vento que influencia em muito no voo. -Qual a altura que eles podem chegar? – disse olhando com medo para o aeromodelo que sobrevoava cada vez mais perto de nós. - O alcance é até onde os olhos podem ver, é claro que não podemos pilotar algo fora do nosso campo de visão, mas eles podem ir muito além. E em velocidade tem modelos que chegam até 360 km/h, os meus chegam a 40 km/h, não é muita coisa. - É sim, 40km/h pra um avião

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de brinquedo, poxa... – respirei fundo e voltei para a conversa tentando não parecer muito impressionada pelos brinquedos que poucos podem ter. - Tenho um modelo que gosto bastante que é feito de madeira de balsa, tomo bastante cuidado com ele. Se um dia cair, não há como voar novamente. - Você irá colocar as luzes de LED hoje nos aeromodelos? - Hoje não – Zuzo colocou as mãos nos bolsos enquanto se acomodava em uma pequena cadeira - no frio não tem como, é gostoso no verão, ficamos bastante tempo aqui aproveitando o bom tempo para pilotar. E assustar as pessoas – pensei.


e t n e m l a n l o i e c v p á e dade c v abili b o x pro E r uma por 1 p em 2² Imória verídica 748 2 4 02 : onta o c m Que a Jordã ch Nata

nem beria nfea c o ça i ia, nã ciênc dentro. Ra estarrea p a t - San ogom ali olhando e meio V ainda ficam . qu e s . a u i e rior, pra aquilo onclu e Magrath mos C . o idos eir s era d e esta c d m i n r o P ave Dia las Adam o guia e te a n n r a u t g l s r u Doug s - Pe – di til ava, cons arapu máom inú você s galáxias u g a G o r V p m a i da oe - Fale chileiro d s feio. s estãe britânico essão ê c o o o m n v r do arão me ma- Olá, - O sotaqu o por exp os hu eso o cam m ra cad o c era c os conhe mos, Ter ina foi tro o ã r a . u q se eja paCam ista Obs. s tratariam culos e, v va a de rque de io sul o e p m , i a l á o oa ando nos eus tent or, lembr te jog está gost les... S c . o a ã m n e s s - Só que você s...aque meno tudo, marão. l u c perece var aquele s e d e r sados os, M e um ca u . s a , o b s h d o l o n man ued egui a toa . brinq altas de hu ouxe stava cons a a viagem e r d t s u e r - E é que e - Aviõ asses mais tos pa o c pe... dos de ga d s a la l os ma nsult brio c a mes enlata ric e m s u a s o f o e c o v uina cê ti ui nã a máq se vo ria que aq u i s t a e . M aves – rep sabe ram n e o guia aves. o l i qu cam n chei que a a - Eu

hist 3.9083 Uma de

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paciência de um terráqueo local num domingo chuvoso. - Fale mais sobre...argh... Guarapuava, nave inútil. - Cidade que acredita que exista vida além da Terra. - Nossa, que genial. - Já não basta eu ser uma máquina, vai querer usar de sarcasmo pra cima de mim? - Hum, continue. - Sedia desde 1988 um projeto que tenta desvendar a existência da vida extraterreste, o Projeto Alfa-Ômega localizado na Serra da Esperança, local onde o Wally esperava encontrar uma sociedade ambientalista, mas deixa pra lá. - Quem? - Wally - Wally quem? - Você sabe....Waaally! Waaally? Waally! - Deixa pra lá, continue. - Emmanuel Sanchez é o membro fundador. Dizem que em 9 de maio de 1991,

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Ilustração: Natacha Jordão


ut king o

às 10h00 sentiram , alguns terráqu u e ar e no s ma estranha vibr os ação no olo, ouvin som ao do um cu rioso

fundo, sim

- Devia se

ilar ao do

r a USS E

s trovõe

s.

- Senhor não foi d , nossa viagem à T erra e todo ao acaso - Por quê ?

nterprise

-Estou re que terá cebendo informaç õ nessa cid um lançamento de es 2? ade. discos - Claro q - Você te ue não m fabricam certeza, mas aqu d i iscos voa - Milleniu dores. não m Falcom ??? Obs. Os e - Você be são excep xtraterrestres em beu o qu não. Era ê mas esses cionalmente intel geral o Coraçã ? É claro que igentes, não eram o de Our . o. -Faz sentid - Aposto o – não f t azia. ração de odas minhas latas g de ato nisso - E os mo . radores, descobrir - OK, me am algo? d acontece iga onde, quando r e como á? - Eles nã é óbvio qo são ratos, - Quem es ue não. é um tal tá promovendo o d e - Quando ção que e e Guairacá, é a in vento formau tenho. esse sota você vai parar de u falar igu que, estou começ sar - Melhor al. Vamos ando a do que ve qui, ah,o c o r r b e rinq r av n din que que tem no ar ho da- melh uedos. A vida do iões de Spock é or que a daqui? tão - Oxigênio minha. - Nave, no s leve at - Faz sent é Guairac ido – não á. fazia. .

frea

- Não -Jupiter

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EDENILSO BENATO professor de desenho e ilustrator

Bebop e os discos voadores

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