Jornal Ágora 2012 - Edição 05

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Ágora jornal

Ágora, ideias jornalísticas Guarapuava-PR, 2012 Ed. 05, ano 02

A arte de falar com as mãos

Formada, especialista e professora efetiva em uma Universidade Estadual. A surdez é um mero detalhe. Para a simpática Irene Stock, professora de Libras, o difícil mesmo foi encarar o preconceito. p. 04

Há tempos: o que respresentava a TV na década de 60. p. 07

Procon de Guarapuava agora pode aplicar multas. p. 05

Enquete no Facebook: quanto você depende da tecnologia? p. 08

Aplicativos de celular inusitados, como e para que usá-los? p. 09


editorial

Expressão escrita Katrin Korpasch Por incrível que pareça, para mim, na função de editora, tão difícil quanto a responsabilidade e a cobrança que essa posição impõe, o que me vez trabalhar, pensar mais e mais, foi a escolha da citação, que está aqui logo abaixo, e a escrita deste editorial. Tenho quase certeza de que isso se deve ao fato de que estas duas partes do jornal são as que mais expõem pensamentos, ideias e sentimentos. Afinal, o que, como, e de que maneira você escreve, escolhe o que vai

escrever, mostra muito de você. E às vezes expor não é fácil, sempre penso: o que vão pensar? Como vão interpretar as minhas escolhas? Enfim, para a citação escolhi um trecho do livro “A arte de ler ou como resistir à adversidade”, de Michèle Petit. Como o título sugere, a autora aborda como o ato de ler é importante em um momento de crise, como ler nos leva para dentro e para fora do mundo, como ele nos faz pensar sobre o que é interior e exterior a nós, como constru-

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ímos nós mesmos a partir do que apreendemos. Petit diz também que, do nascimento à velhice, pensamos sempre em resposta ao que nos foi lançado por outros. Talvez por isso o meu receio em escolher e escrever algo que mostre quem eu sou, no que será que faço pensar as pessoas que leem meus textos? Que tipo de resposta eles geram? No final talvez nem importe tanto o que os textos que lemos nos fazem pensar, mas simplesmente o fato de eles nos fazerem refletir,

sair do texto. É isso que eu espero que aconteça com cada pessoa que pegar o Ágora em mãos, que ao menos uma das páginas consiga fazê-las refletir, ou como diz Petit, “mais do que a decodificação dos textos, mais do que a exegese erudita, o essencial da leitura era, ao que parecia, esse trabalho de pensar, de devaneio. Esses momentos em que se levantam os olhos do livro e onde se esboça uma poética discreta, onde surgem associações inesperadas.”

“UM DESEJO QUE PÔDE SER REVELADO PORQUE ALGUÉM SOUBE TOCAR ESSA SENSIBILIDADE PRIMITIVA, SUSCITAR, PELA VOZ, IDAS E VINDAS ENTRE CORPO E PENSAMENTO, E POSSIBILITAR A RECUPERAÇÃO, SOB O TEXTO, DE UM MUNDO INTERIOR DE SENSAÇÕES, UM MOVIMENTO, UM RITMO. PERMITIR QUE SE ENTRE NA DANÇA. PORQUE OS TEXTOS AGEM EM VÁRIOS NÍVEIS- SEJAM ELES LIDOS EM VOZ ALTA OU OUVIDOS NO SEGREDO DA SOLIDÃO: ATRAVÉS DE SEUS CONTEÚDOS, DAS ASSOCIAÇÕES QUE SUSCITAM, DAS DISCUSSÕES QUE PROMOVEM; MAS TAMBÉM DE SUAS MELODIAS, SEUS RITMOS, SEU TEMPO.” Michèle Petit. “A Arte de Ler ou Como Resistir à Adversidade”.

expediente Departamento de Comunicação Coord. Prof. Edgard Melech Jornal Laboratório Prof. Anderson Costa Editora-chefe da edição Katrin Korpasch

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Redação Ana Carolina Pereira, Bárbara Brandão, Ellen Rebello, Gabriela Titon, Giovani Ciquelero, Helena Krüger, Nathana D’Amico, Katrin Korpasch, Luciana Grande, Mario Raposo Junior, Poliana Kovalyk, Vinícius Comoti, Yorran Barone e Yarê Protzek

Contato: (42) 3621-1088 E-mail: jornalagora.unicentro@ gmail.com

O Jornal Laboratório Ágora é desenvolvido pelos acadêmicos do 4º ano de Jornalismo. Todos os textos são de responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da Unicentro.

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Tiragem: 500 exemplares Gráfica Unicentro


educação

Problemas com professor, quem não teve? AS CAUSAS MAIS FREQUENTES SÃO FALTA DE ENTENDIMENTO E COMPREENSÃO DE AMBAS AS PARTES Matéria: Ana Carolina Pereira Diagramação: Katrin Korpasch

Quem nunca teve algum desentendimento ou uma relação conturbada com algum pedagogo que atire a primeira pedra. A relação entre educador e aluno deve ser estruturada em base de respeito e cooperação, mas não pense que em todo caso isso ocorre. A pedagoga Regina Fernanda Garcia Andreata comenta que na maioria dos casos o que acontece são os maus entendimentos, “As vezes o aluno não é muito paciente ou um pouco agitado, acaba causando pequenos problemas”, conta. Em todo caso o educando, ou seja, aluno deve ter um papel ativo

durante seu processo de armazenamento e conhecimento no colégio. Mas é valido lembrar que o pedagogo tem papel essencial para fazer desse vinculo, o mais amigável possível. Considerando na ponta do lápis que há alunos que já chegam no colégio com um conhecimento intelectual elevado que outro, portanto é fundamental o compreendimento na aprendizagem. Segundo a pedagoga Elis Soares a interação professor-aluno ultrapassa os limites profissionais e escolares, poisé uma relação que envolve sentimentos e deixa marcas para toda a vida. “A dimensão

do ensino e da aprendizagem em sala de aula é marcada por um tipo especial de relação, a qual envolve o professor e aluno na mediação e apropriação do saber. É importante enfatizarmos essa posição do professor na relação: trata-se de um mediador e não de um detentor do saber”. Andreata comenta outra questão importante a ser tratada, além do respeito entre aluno e professor, o bulling. “Preconceito existe e bulling também, mas é preciso saber identificar o que é ou não bulling”. Ela comenta que em alguns casos mais graves, os pais dos alunos são

chamados no colégio e então é feito um trabalho conjunto. Entre os diversos problemas enfrentados entre pedagogo e aluno, em geral, as crises comportamentais só demonstram a falha de comunicação ou algum medo enfrentado pelo aluno. Os problemas de comportamento podem ascender crises ainda maiores, como tornar-se uma pessoa agressiva, apática e retraída. O importante a lembrar é que a autoridade de um professor, nem sempre significa policialismo, mas sim uma autoridade amigável, que estimula e orienta o aprendizado com maior facilidade.

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entrevista QUANDO CONVERSEI COM ELA PELA PRIMEIRA VEZ NÃO IMAGINEI QUE ESTAVA FALANDO COM UMA SURDA. SUA LEITURA LABIAL É TÃO IMPRESSIONANTE QUANTO A HISTÓRIA DE SUA VIDA.

Uma história de vida em sinais Matéria e diagramação: Nathana D’Amico Ela perdeu a audição ainda criança e desde então tem experiências significativas. Sofreu inúmeros preconceitos, mas mostrou ser capaz. Há 17 anos trabalha como professora de libras. Fala dois idiomas, domina a língua de sinais e a leitura labial. Conheça mais sobre Irene Stock. Você não nasceu surda, certo? Como foi que perdeu a audição durante a infância? Eu desde que nasci tinha muitas dores no ouvido, todas as noites eram muitas as dores. Foram idas e vindas ao médico, muitos remédios e, eu fui ficando cada vez mais surda e com dois anos de idade peguei sarampo, foi aí que fique totalmente surda. Como aprendeu a dominar leitura labial e a linguagem de sinais? Eu gostava de ler, lia muito e prestava atenção nos lábios das pessoas, nunca ninguém me ensinou a leitura labial, assim eu aprendi sozinha. Nessa época, ainda criança eu tinha muita dificuldade com a língua portuguesa porque eu falava alemão. Aí aos nove anos de idade, minha mãe me mandou para uma escola especial para surdos em Curitiba, onde tinha professores preparados para lidar comigo, minha mãe voltou para Entre Rios onde morávamos e eu fiquei sozinha na escola. Lá descobri minha identidade como surda – “Ah eu sou surda, meus

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colegas também são surdos” – então aprendi, também, a língua de sinais, eu gostava muito da lá, mas dois anos depois meus pais me tiraram da escola e eu voltei para Entre Rios. Em meio a essa transição, como você se sentia na escola? Sofri muito! Foi muito difícil. Depois de sair da escola especial voltei para a escola Imperatriz (Entre Rios), os professores não eram preparados para trabalhar comigo. Era a minha irmã que me ajudava nas atividades. Eu não gostava de ir a escola porque eu não entendia tudo o que os professores falavam, falavam muito rápido, eu não conseguia acompanhar. Mas graças a Deus com muita força de vontade, eu consegui vencer isso, mas não foi nada fácil. Como você lidou durante toda a sua vida com o preconceito? As pessoas achavam que por eu ser surda eu era deficiente mental também, sempre falavam: “ah ela não entende isso, não sabe fazer aquilo”. Quando criança, muitas vezes eu não conseguia acompanhar as brincadeiras e isso era motivo de risos. Quando participava de uma conversa, muitas vezes eu fingia que entendia porque tiravam sarro, não tinham paciência comigo. Mas em vez de me revoltar mostrei que eu era capaz, que eu não era doente da cabeça como eles falavam para mim e, eu me superei.

Você tem um padrão acadêmico que muitos ouvintes não possuem. Como foi chegar até a posição de professora efetiva de uma universidade? Eu larguei a escola quando estava no 2° grau, porque a minha irmã foi embora para o Rio Grande do Sul e, era ela quem me ajudava. Aí eu já não consegui ir bem, os professores falavam muito rápido, eu não conseguia acompanhar. Comecei a trabalhar. Mas em 1985 me avisaram que tinha crianças surdas na escola São José. Comecei então a fazer o curso de libras para ensiná-las. Depois me avisaram que eu tinha que terminar o segundo grau e precisava fazer o curso de pedagogia, para dar aula, eu achava que nunca ia passar, mas pensei: vou tentar! Eu deixei nas mãos de Deus. E lá fui eu fazer o vestibular e, para minha alegria passei. Depois que me formei passei a trabalhar na Unicentro como professora colaboradora, foi muito bom. Você é casada e tem duas filhas, como é a sua relação com eles? O meu marido tem muita paciência para me ensinar as coisas, as minhas filhas também, eu ensinei o alemão e o português para elas, e também algumas coisas de libras. Eles me ajudam muito. E hoje, sente-se realizada com o que consquistou até agora?

Sim, hoje me sinto realizada porque sou professora de libras, e porque as pessoas estão me respeitando mais, me aceitando mais. Eu fiquei sabendo que você teve a oportunidade de voltar escutar e não aceitou, por quê? Eu não quis porque eu me aceitei como eu sou, me aceitei do jeito que Deus me fez, do jeito que ele quis eu seja, se eu estivesse usando um implantem um aparelho especial não seria eu Irene. A minha surdez não é o problema, o problema é a sociedade que não aceita! Quando eu usava o aparelho escutava muito barulho, e ficava assustada, nervosa, aí eu tirava o aparelho e ficava no silêncio, calma. Eu não queria que eles me moldassem, me fizessem igual um ouvinte e isso as pessoas não entendiam. Como define a acessibilidade para surdos em Guarapuava? Muita coisa melhorou, mas ainda falta muito, principalmente no mercado de trabalho, falta interprete, falta comunicação. Tem que implantar mais a língua de sinais aqui. Para finalizar, um sonho que luta para alcanças? Eu sonho em implantar e coordenar um mestrado na Unicentro na linha de educação para surdos .


consumidor

Procon de Guarapuava é regulamentado e pode multar empresas SAIBA COMO SE DEFENDER DOS ABUSOS COMETIDOS CONTRA OS CONSUMIDORES

O ATENDIMENTO AO PÚBLICO FUNCIONA DAS 9:00 DA MANHÃ AS 17:00 DA TARDE, DE SEGUNDA À SEXTA-FEIRA

Matéria e diagramação: Ellen Rebello Para proteger os consumidores dos abusos cometidos por empresas, o Procon de Guarapuava foi regulamentado, sendo um órgão de proteção e defesa do consumidor. Em Guarapuava, ele fica situado na rua Saldanha Marinho, 2837 no centro da cidade e recebe todos os tipos de reclamações que possam prejudicar quem adquire um bem ou serviço, basta apresentar os documentos pessoais e preencher um questionário.

O campeão de reclamações fica por conta das empresas de telefonia, nada diferente do visto em outras cidades, como explica a responsável pelo órgão da cidade, Isabel Schineider: “Recebemos em torno de 100 reclamações diárias e a grande parte delas é problemas com serviços oferecidos por companhias de telefone. Hoje a operadora TIM é a que mais tem sido apontada com serviços de pouca qualidade, é falta de sinal, cobran-

ças além do devido e planos aderidos sem serem solicitados. Fazemos cerca de cem atendimentos diários e boa parte deles é sobre produtos telefônicos”. Para lidar com todos os tipos de reclamações o Procon conta também com um advogado, que tenta por meio de uma audiência resolver os problemas citados pelo reclamante, como explica Alfeu Kramer: “Somos uma primeira tentativa de conciliação. Aqui as

pessoas tem um primeiro contato com nossos atendentes, que em um primeiro momento tentam através de telefonema informar e solucionar o problema apresentado. Se isso não tiver efeito fazemos um oficio para salientar as reclamações e a ultima atitude tomada por nós, é a audiência, na qual as partes se reúnem e é dado um parecer sobre as questões tratadas. Se isso não for suficiente é levado ao judiciário para que se

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Somos uma tentativa de conciliação. Aqui as pessoas tem um primeiro contato com nossos atendentes, que tentam através de telefonema informar e solucionar o problema apresentado. AIS E TOS PESSO N E M U C O D MÃOS OS IDO TA TER EM S SENDO PED A B TA S O E Ã E Ç U A Q M O A L E C V E O AR SUA R UE COMPR PARA VALID UMENTO Q C O D M U ALG

tomem as medidas cabíveis”. Os juros abusivo também são umas maiores reclamações. Os cartões de créditos e os financiamentos são os principais deles. E o que fazer e como saber o que são os juros abusivos. Dr. Alfeu explica que os contratos de cartões são piores, pois eles já vem pré estabelecidos. “Quando assinamos não vemos as clausulas embutidas neles, simplesmente utilizamos. Aí vem o problema, o pagamento mínimo do total da fatura. Se ela é de R$ 500, e o pagamento mínimo é de R$50 e isso for feito, o valor pago foi apenas os juros, o capital continua ali, acrescendo mais juros. No mês seguinte a fatura será de R$550,00, mais acréscimos e valor real continuará apenas aumentando”.

Os contratos de financiamento de veículos podem ser revistos a qualquer momento. Basta apresentá-lo para revisão sem nenhum custo: “Aqui vamos ver quais os valores que foram trabalhados. Não adianta chegar na metade do carnê pra descobrir que o valor do bem continua o mesmo, e que até este momento só os juros foram cobertos”. Além disso, os bancos e financeiras não podem cortar o crédito sem um motivo concreto, e se isso acontecer a pessoa que está sendo prejudicada pode entrar com uma ação de danos morais contra a empresa, como afirma Dr. Alfeu: “É direito do consumidor reclamar por pagamentos de juros abusivos, e ser ressarcido dos valores correntes. Normalmente, para intimidar

os clientes eles informam que se isso acontecer o seu credito pode ser cortado, mas na verdade pode gerar uma ação de danos morais, pois eles não podem prejudicar a pessoa sem um real motivo, a empresa tem eu provar porque não quer abrir o crédito”. Os contratos de locação de imóveis também sofrem com as multas rescisórias altíssimas, o que Dr. Alfeu acha bastante abusivos: “Tem que haver o bom senso entre as partes, ou seja, cobrar taxas abusivas só coloca em risco o contrato assinado entre as partes. Já vi casos de multas de 30% a 40% em cima do valor do aluguel, isso é sim absurdo. Deve haver boa fé entre todos e ser justo, 10% é o ideal entre todos”. Para comprovar as reivindi-

cações, além da reclamação o sujeito deve apresentar os documentos pessoais e algo que comprove sua reclamação. Contratos, notas fiscais ou qualquer tipo de documento que prove as reivindicações apresentadas: “Sem um documento fica mais complicado o processo, só temos as provas verbais, não podemos apresentar testemunhas. Então qualquer documento que possa comprovar é valido. E o doutor ainda ressalta que é melhor prevenir. “Pedimos que qualquer procedimento que for ser realizado, que antes disso, venha até nós e procure ser informado dos riscos e as providências a serem tomadas caso algo saia errado. Depois a gente pode ajudar, mais a instrução é a melhor saída”.

Pedimos que qualquer procedimento que for ser realizado, que antes disso, venha até nós e procure ser informado dos riscos e as providências a serem tomadas caso algo saia errado. Depois a gente pode ajudar, mais a instrução é a melhor saída.

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há tempos Na editoria “há tempos”, a equipe do Ágora irá encontrar pessoas que apareceram nas linhas dos jornais guarapuanos há pelo menos cinco anos. Nesse espaço, daremos voz novamente a essas fontes e personagens do passado, e contaremos o que o estão fazendo hoje.

e o i p r a a de 1969 e s e Uma crôni ca, três senhor Matéria: Vinícius Comoti Diagramação: Katrin Korpasch Da proposta da coluna, um mergulho foi dado em edições, ocasiões e pessoas. Num gesto nostálgico, o timão virou para os anos 60, especialmente 1969. Folheando a edição de Setembro do “Jornal de Guarapuava” uma crônica despertou contradições que envolvem a clara analogia ideológica entre tempos diferentes. Intitulada “Tv Deseducativa”, do dia 28 de Setembro de 1969, a crônica aborda a questão da representação do marginal pela televisão, o caso do filme “O Bandido da Luz Vermelha” e a consequente “promoção” feita pela mídia sobre o verdadeiro bandido, repercutindo em uma eventual condução sob os telespectadores, “a caminho dos desvios de conduta ou iniciados nas trilhas da criminalidade”. Na busca de uma conversa com pessoas que nessa data moravam em Guarapuava, o destino foi às ruas, concretizando no calçadão do centro um primeiro contato. O senhor João Maria da Silva vende pipocas na avenida XV de novembro e quando era 1969 estava com 35 anos. Não lembra muito do que assistia, apenas que era como um ritual depois do jantar. “Minha família tinha televisão. Era esverdeado, a gente se reunia na sala depois da janta e ficávamos assistindo. Não era todo mundo que tinha, mas também não era só gente rica que tinha”. Fisgadas da memória, fragmentos que intercalam estouros de pipoca. Natural de Guarapuava, João se diz mais do radio do que da tevê, “ouvin-

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AR 35 A do o rádio dá NOS IA TINH A EM 1 mais emoção”. 969 Do calçadão o diálogo S PESSOA partiu para a LIO AS AS Ú T E G PARA ONEST Praça 9 de deMAIS H ERAM zembro, aonde ela tem poder? “Acho que um sujeito sentado no banco prepara sutilmente não” O braço termina o o seu cigarro de corda. É Getúlio vidro do carro, enquanto a Nascimento, trabalhador rural de outra mão segura o balde. 82 anos. Acanhado, solta poucas Peço algum fato que marcou palavras, sempre acompanhadas sua vida entre essa década da elegância do seu cruzar de per- para finalizar e tenho como nas. “Não tinha tevê não, eu não resposta alguns segundos de lembro nem de jornal. Era muito olhar para a lagoa junto de um difícil, para falar com Curitiba alivio “que pergunta hein?”. João, Getúlio e Edson deuma carta demorava muitos dias, o correio era o que eu lembro”. monstram pela suas incertezas Getúlio não gosta de televisão, em relação á televisão mencioprefere atividades como a bocha nada pela crônica uma constane o baile e daquele ano de 1969 te que funda todo um caráter que lembra apenas das virtudes “Acho percorre suas falas, a televisão que as pessoas naquele tempo como o momento do lazer, aonde eram mais honestas do que hoje, depois do trabalho tinham uma diversão, o alivio que segundo Ednão via tanta violência”. No ponto de taxi da lagoa, son, “era o momento de desconEdson Felbka lava seu carro en- trair, aonde a família se reunia e quanto a tarde caminha para o seu até conversava mais a vontade. Era fim. O taxista de 81 anos, questio- uma, duas horas no máximo”. A interpretação de um sujeito e nado sobre o ano de 1969, diz não lembrar de nada especifico, “lem- seus desdobramentos não podem bro da tevê, mas muito pouco. É e nem devem, determinar um vemais alguns filmes” Você acha que redito sobre um objeto histórico,

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principalmente se tratando de um discurso jornalístico. A crônica não é assinada, portanto não possui autoria clara. Seu conteúdo serviu como pauta para um diálogo com moradores que estavam em Guarapuava em 1969, buscando saber a relação com a tevê e evitando tocar no que se refere o momento militar. O Jornal de Guarapuava era responsabilidade da Edipar - Editora Sul Oeste do Paraná, e sua tiragem era semanal. O primeiro exemplar foi 1 de julho de 1969.

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enquete

Quanto tempo você consegue ficar longe de seus gadgets? A EQUIPE DO ÁGORA FEZ UMA ENQUETE PARA DESCOBRIR O QUANTO ESTAMOS CONECTADOS À TECNOLOGIA Matéria e diagramação: Katrin Korpasch Computador, internet, celular, tablet e todas as suas variações. Quem não precisa ou gosta de acessá-los a todo instante? Seja para trabalhar, se informar ou para dar uma olhada nas últimas atualizações dos perfis dos amigos, a tecnologia está presente em nossas vidas através de uma relação que é quase de dependência. Acessamos nossos gadgets praticamente todos os dias e damos graças por eles existirem. Mas você já se imaginou ficando longe dessas tecnologias? Na página do Ágora no Facebook, nossa equi-

pe fez uma enquete e perguntou: Quanto tempo você aguentaria ficar sem seus gadgets? As opções de voto foram: 1.Nem um dia, uso eles para tudo, são essenciais na minha rotina; 2. Alguns dias, gosto e preciso usá-los, mas por algum tempo conseguiria me virar sem eles; e 3.Uma semana ou até mais, com o tempo me acostumaria a não usá-los mais. Quatro pessoas votaram na opção 1, 19 na segunda opção. e a última recebeu um voto. Abaixo estão os comentários feitos na enquete no perfil do Ágora no Facebook.

A toda hora surgem novos aplicativos,tecnologias e serviços que possam tornar a nossa vida mais simples e produtiva. Sem complicações, porque acredito que a tecnologia joga a nosso favor. Só sabermos usar da maneira correta em nosso dia a dia.

Monique Paludo (votou na opção 1)

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Cássio Winkler (votou na opção 2)

Acho que faltou uma opção: 1 dia por semana! Para quem trabalha em frente ao computador, principalmente com a internet, é difícil abandonar as tecnologias por alguns dias!

foi bem, foi mal UM RESUMO DO MELHOR E DO PIOR DAS ÚLTIMAS SEMANAS

Menos exigência para turista brasileiro O rei da Espanha, Juan Carlos foi recebido pela presidente Dilma Rousseff, em Brasília, a Espanha e anunciou a simplificação de algumas das exigências para a entrada de turistas brasileiros no país. "Sabemos que foram colocados alguns problemas nos últimos anos, mas as autoridades competentes espanholas estão estabelecendo medidas efetivas que agilizarão os trâmites para facilitar a entrada de cidadãos brasileiros", disse o rei.

Smartphone acentua males psiquiátricos Em algumas histórias, é fácil sentir empatia. Quem nunca viu uma mesa de bar onde as pessoas estavam manipulando seus celulares em vez de conversarem entre si? Coisas como ansiedade e obsessão, porém, sempre existiram. Será que na interação com iPhones e iPads eles se transformam em novos problemas? "Não", disse o professor da Universidade do Estado da Califórnia. "Cunhei o termo 'iDisorder' porque quero chamar a atenção para o modo como as pessoas interagem com esses aparelhos. Quero mostrar que eles geram a aparência de que temos um transtorno psiquiátrico, mesmo quando não temos."

Lente de contato já vem com colírio para glaucoma Farmacêuticos brasileiros estão desenvolvendo um dispositivo oftalmológico capaz de facilitar o combate ao glaucoma, mal que afeta o nervo responsável por levar informações visuais do olho ao cérebro. Após três anos de pesquisa, o Centro de Química e Meio Ambiente do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) já consegue fabricar lentes de contato que liberam timolol, composto presente em diversos colírios indicados para o tratamento dessa doença ocular.


tecnologia

Uma nova categoria de passatempo TEMPO SOBRANDO? CONFIRA UMA SELEÇÃO DE 10 APLICATIVOS BIZARROS PARA O SEU SMARTPHONE Matéria e diagramação: Giovani Ciquelero Se alguns anos atrás nos falassem do que os celulares seriam capazes, provavelmente pensaríamos que essa pessoa estava vendo Jetsons demais, mas é verdade, os telefones portáteis nos últimos anos ganharam funções dignas do desenho que tanto fez sucesso. Tanta evolução que até foi criada uma nova categoria: aparelhos com várias funções e passíveis de serem personalizados de acordo com o seu dono não são mais chamados de simples celulares, mas sim de smarthphones. Traduzindo ao pé da letra, smartphone significa “telefone inteligente”. Esses aparelhos possuem várias funções e cada usuário pode adicionar novas propriedades e ferramentas ao seu aparelho. Cada smarthphone é comandado por um sistema operacional e essas novas funções são adicionadas através de aplicativos baixados pela internet em sites especializados ou nas próprias lojas desses sistemas. Android, do Google, e iOS, do Iphone, são os sistemas operacionais mais populares. A gama de aplicativos disponíveis é cada vez maior, muitos desses aplicativos foram feitos unicamente para entretenimento, passar o tempo, ter papo com os amigos e até inúteis mesmo, sem nenhuma serventia. E para o seu divertimento, o Ágora traz uma seleção de 10 aplicativos bizarros que circulam pelo mundo dos smarthphones.

1. Marcando território Començando com um aplicativo desnecessário e que trata da “natureza humana”, esse aplicativo de iPhone traz a proposta de uma nova rede social. O Ipoo (digamos que ‘poo’ pode ser traduzido como “caca”) é uma espécie de indicador de posicionamento, mas a diferença desse aplicativo para os outros semelhantes é que você deve marcar os locais onde fez o ‘número 2’. Também é possível trocar mensagens e ver quem esta na mesma situação que você. Um outro app semelhante, inclusive no nome (e um pouco mais nojento), é o Ipoop, que faz uma análise do seu ‘poo’ baseado na cor e na consistência.

2. Medidor de desempenho Vamos deixar um pouco esse papo nojento de lado e falar de algo mais empolgante, inclusive o próximo aplicativo tem a ver com medir o nível de empolgação do dono do aparelho. Explicando melhor, o Love Vibes mede o desempenho sexual das pessoas. Ele funciona da seguinte maneira: o primeiro passo é selecionar a firmeza do colchão que será utilizado e colocar o aparelho sobre o mesmo. De acordo com a vibração do colchão, o Love Vibes identifica e classifica seu desempenho baseado em critérios como duração, paixão e variação.

5. Mania estranha Uma mania muito estranha, geralmente encontrada em mulheres, seja mãe, irmã ou namorada, é a insistência em espremer cravos e espinhas de alguém. Como xiste um aplicativo que simula essa “diversão”. O nome do aplicativo em questão é Zit Picker e está disponível para Iphone e Android.

3. Olha quem está falando O próximo aplicativo é mais útil do que bizarro e impressiona pela sua proposta. O Cry Translator promete traduzir o choro das crianças e mostrar na tela do aparelho o que ele está pedindo entre cinco opções: fome, chupeta, dormir, trocar a fralda e brincar. De acordo com pesquisa encomendada pela empresa criadora, os conselhos sugeridos foram capazes de fazer 96% dos bebês pararem de chorar. Essa é uma ferramenta bem útil para os pais de crianças pequenas e que possuem um Iphone.

4. Estourando a tela Havia duas alegrias quando seus pais (ou até você) compravam algum aparelho eletrônico, a primeira era desfrutar do aparelho, lógico... E a segunda, estourar o plástico bolha no qual ele vinha embalado. Parece que as bolinhas do plástico têm um ímã que atraí nossa mão para estourá-las. Pensando nessa mania que surgiu mais um aplicativo inútil, o Bubble Free, disponível somente para iPhone e de graça. Antonio Carlos Cunico Neto, 21 anos, foi o escolhido para testar o aplicativo e dar seu parecer se é tão atraente quanto o plástico bolha de verdade.“É bem bobo, mas é legal pra passar o tempo durante os pequenos intervalos. Apesar de saber que não é real, o barulho é bem parecido, você acaba não vendo o tempo passar. Mas eu ainda prefiro o plástico bolha da vida real [risos]”.

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Foto: Giovani Ciquelero

6. Fazendeiro virtual Nos tempos modernos, o número de pessoas que teve a oportunidade ou sabe como é a vida no campo é bem menor em relação há anos atrás. Quantas pessoas que você conhece sabem ordenhar uma vaca? Poucas, provavelmente. Este aplicativo serve para, de certo modo, resolver essa situação. Milk The Cow traz para o smartphone a chance de brincar de fazendeiro sem ter que se sujar ou chegar perto de uma vaca. O objetivo do jogo é tirar o máximo possível de leite no menor tempo possível até encher o balde e assim ir batendo o seu recorde. O aplicativo está disponível tanto para Iphone quanto para Android. Larissa Fritzen, 23 anos, comprou seu primeiro smartphone há pouco tempo e desde então sempre joga aplicativos antes de dormir. A convidei para baixar a versão para Android de Milk The Cow para testar e recomendar (ou não) para os leitores.“Quando vi o jogo não achei que era sério, aparece uma foto das tetas da vaca e você as manipula com os dedos. Dei muita risada no início”. Depois de jogar por alguns dias ela deu seu parecer final sobre ordenhar uma vaca virtual: “É engraçado. No início até que dá aquela vontade de bater o recorde, mas aí você pensa: ‘sério que to jogando isso?’, e desliga, depois de um tempo você se vê jogando novamente. Outra coisa engraçada foi perceber que dá pra jogar com mais de um dedo, quando percebi isso, enchi o balde em um tempo muito menor”.

MAIS BIZARRO IMPOSSÍVEL: LARISSA BRINCA DE FAZENDEIRA ORDENHANDO UMA VACA VIRTUAL

7. Tamagotchi de adulto

8. Alerta vermelho

Para quem está solteiro e à procura de alguém, existem apps que servem como verdadeiras namoradas virtuais. O Honey it’s me é mais calmo e somente emite mensagens carinhosas ao carente dono do aparelho. Já o Amamiya Momo faz lembrar os antigos tamagotchis, mas em uma versão para adultos. A namorada em questão (Momo), demonstra sentimentos como felicidade, ciúme e variações de humor (quase uma namorada real). Os aplicativos estão disponíveis para Iphone.

Alguns aplicativos definitivamente vieram pra ajudar e facilitar a vida humana. Como no caso acima, o Code red também traz benefícios, principalmente para o lado masculino em um relacionamento. Este aplicativo indica o período crítico da menstruação das mulheres ao seu redor e dá dicas sobre o que fazer para agradá-las nesta época. O nome é muito sugestivo, significa “código vermelho”, representando o perigo que os homens correm nesse período, digamos instável, das mulheres. O aplicativo está disponível para iPhone.

9. Lembrando os tempos de criança As antigas almofadas de peido que aquele seu primo metido engraçadinho (ou você mesmo) usava para enganar os parentes nas reuniões de família ou na sala de aula, agora foram imbutidas no celular. Através do iFart (fart significa “peido” em inglês) é possível reproduzir vários tipos de flatulência, com diferentes intensidades e durações e, inclusive, gravar o som que desejar. Para aprontar com alguém, de modo mais pesado, ainda é possível programar o barulho indiscreto para determinado horário ou quando o aparelho for movimentado. O aplicativo está disponível para iPhone e existem similares para Android.

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10. Eu sou rica!! Para encerrar essa lista de aplicativos bizarros, vamos ao pior de todos: o I Am Rich (“eu sou rico” em inglês). Este aplicativo não tem nenhuma serventia, nem função, nem utilidade. Simplesmente instala um ícone de pedra preciosa no aparelho e pela módica quantia de mil dólares. Pessoas acabaram baixando o aplicativo sem querer, ou por acreditarem ser uma brincadeira, e reclamaram com a Apple. Devido a isso o I Am Rich não está mais sendo vendido pelo preço original, o criador conseguiu uma liberação e pode voltar a vendê-lo, mas por apenas US$ 9,99.


perfil

Concerto de bolas

Na editoria Perfil, as reportagens buscam mostrar as facetas guarapuavanas. Em cada edição, conversaremos com alguém da população, para conhecer sua história, sua rotina, suas ideias... Afinal, para conhecer nossa cidade é, importante conhecer as pessoas que a movimentam.

Matéria: Vinícius Comoti Diagramação: Katrin Korpasch

Uma casa de madeira sobressai o fluxo da avenida com duas placas e uma mesma mensagem: Concerto de bolas. Intrigado com o léxico, bato palmas á procura desse mentor que provavelmente deve ser mais um apaixonado por futebol. Enquanto não vem ninguém atender, fico imaginando como deve ser esse senhor, suas histórias de boleiro, seu time, seu atacante preferido, resumindo, suas vivências em torno dessa atividade que envolve o conserto de bolas. No raiar da apresentação, levo mais um prego que a vida me lança: Quem faz o conserto de bolas é uma senhora, Arlete Benites, de 63 anos, que logo me convida para um discreto cafezinho em seu quintal. Posta as cadeiras, começamos a conversa, pontuada pela minha curiosidade sobre a origem desse gosto. “Quando criança eu morava no sítio com meus avós, e meu avô era um apaixonado por futebol, jogava no time da redondeza e vivia organizando campeonatos amadores. Eu ficava com meu vô, sempre acompanhando ele, ficava ouvindo os jogos de futebol pelo rádio, torcendo a cada grito, virava a madrugada fazendo a tabela dos resultados numa cartolina aonde depois guardava com o maior cuidado”. Arlete as vezes fica com o rosto avermelhado, as vezes corre o dedo na aliança do casamento. Entusias-

Seu trabalho é artesanal envolvendo agulha, linha e uma boa vista. Manuseios cautelosos em busca da forma ideal da pelota.

mada com um gole de café, retoma a cronologia “Foi num desses jogos que acabei conhecendo meu marido. Casamos e viemos para Guarapuava, compramos o terreno no Santa Cruz quando tinha umas três casas no máximo. Mas chegava o final de semana, tanto meu vô como meu marido jogavam futebol pela região, e eu como sempre acompanhava junto” Foi a partir dessas viagens que Arlete aprendeu a costurar bolas, tornando-se responsável pela manutenção destas nos jogos amadores, desenvolvendo a logística para times de Guarapuava e de várias outras cidades como São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Londrina. Seu trabalho é artesanal envolvendo agulha, linha e uma boa vista. Manuseios cautelosos em busca da forma ideal da pelota, que para Arlete vive se transformando “Antigamente a bola era feita de couro, inclusive meu marido comprava o couro aonde costureiros buscavam para fazerem roupas. Ela era maior, tinha até o número 5 e seus gomos diferentes deixavam mais pesada comparada com a de hoje” E qual time você torce? “Santos”. E Neymar? “Gosto em termos. O jogador quando começa a querer aparecer demais é um problema, veja Romário, Ronaldinho. Jogador tem que jogar bola. Pode ser até a mídia que coloca no alto ou por baixo, mas tem que ter humildade e jogar bola” Futebol feminino? ”Se a mulher pode fazer o trabalho do homem porque não pode jogar? Tinha que ter mais incentivo, mas adoro a ideia” Jogaria? “Mesmo que eu fosse mais nova não jogaria, meu lugar é na arquibancada ou consertando bola, sem bola não tem jogo”. Hoje em dia, Arlete cuida da casa, dos netos e bisnetos (depois de segundos raciocinados e algumas contas, 11 netos e 10 bisnetos).

Clientela fixa não tem mais, mas sempre quando aparece alguma criança ou mesmo adulto lhe pedindo um conserto, a recíproca veste o véu da nostalgia e alegria. Nostalgia por lembrar dos anos com o avô e o marido, ambos póstumos, e alegria por viver sem necessidade, fato que marcou todo um período da sua vida, “Meu marido sempre dizia, é fácil você se esquentar depois do fogo forte, e é isso acontece. Hoje em dia não precisa mais costurar uma bola, já temos tudo na mão”. O final de tarde e sua frieza, copos vazios estacionados no chão,

além de um varal cheio de roupas (depois de um período de constantes chuvas, o céu deu uma trégua, tornando comum o varal cheio na maioria das casas). Mihailo, neto de Arlete, possui o nome romeno advindo da descendência romena de Germano, o falecido marido de Arlete, chega ao quintal puxando a calça da avó e pedindo atenção. Percebo o momento e dou um abraço, sendo indagado por ela “Hoje tem Copa do Brasil né?, acho que é Palmeiras e Grêmio, você vai assistir? Não sei não, o Felipão anda sem sorte, mas eu gosto dele!”

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emprego

Quando chega a hora de parar de brincar? DE QUE MANEIRA O TRABALHO NA VIDA DE UMA CRIANÇA OU ADOLESCENTE PODE INFLUENCIAR POSITIVAMENTE E NEGATIVAMENTE AS FASES POSTERIORES? Matéria: Nathana D’Amico Diagramação: Katrin Korpasch A opinião se difere quando o tema é trabalho infantil. Alguns consideram um absurdo uma criança ou adolescente em idade de desenvolvimento estar trabalhando e, protegem a ideia de que o trabalho infantil tem de ser erradicado. Enquanto que outros apoiam a empregabilidade e o aprendizado no mercado de trabalho desde cedo com o argumento de que é melhor estar trabalhando do que estar na rua, roubando e aprendendo o que não presta. E agora como detectar se trabalho vai trazer malefícios ou beneficiar a vida de crianças e adolescentes?

Fotos: Nathana D’Amico

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O último censo do IBGE realizado em Guarapuava apontou para uma diminuição de 27% do trabalho infantil na cidade, com crianças e adolescentes entre 10 a 17 anos, um ponto bastante positivo. Se constatou, ainda, que 26,099 crianças e adolescentes com idade entre 10 a 14 anos estão trabalhando na cidade. É comum encontrar em Guarapuava crianças trabalhado em vários segmentos do mercado. Há aquelas ajudam os pais, tanto em afazeres domésticos quanto em atividades comerciais. Assim como é fácil, também, ver crianças pedin-

tes nos semáforos, juntando recicláveis e, ainda, tem aqueles que moram na zona rural e que trabalham como se fossem gente grande na agricultura e nas colheitas. De acordo com a procuradora do ministério público do trabalho Cláudia Honório, o trabalho infantil é estritamente proibido. “Só é permitido trabalhar a partir dos 16 anos e, mesmo assim não pode ser em condições noturnas, perigosas e insalubres. É possível a aprendizagem a partir dos 14 anos.” No caso das crianças que são expostas aos trabalhos da agricultura, da reciclagem e como pe-

dintes exercem, segundo Cláudia, uma das piores formas de trabalho infantil “Pelo próprio ambiente, pelas condições que estes trabalhos aprestam de higiene. Enfim não apresenta nenhum aprimoramento a personalidade para a formação dessa criança por isso é um trabalho proibido.”

26.099 crianças e adolescentes com idade entre 10 a 14 anos estão trabalhando na cidade


Fotos: Nathana D’Amico

As crianças e adolescentes que são submetidas a essas formas de trabalho não desempenham suas potencialidades como deveriam. Para o psicólogo Everton Vieira Martins “Os estudos da psicologia social apontam que as crianças que tem possibilidade de exercer seu potencial acabam se desenvolvendo de maneira adequada se tornando cidadãos produtivos e, aquelas pessoas que acabam tendo algum obstáculo nesta fase de desenvolvimento vão ter prejuízo na vida adulta. Não só nos aspectos de renda, mas nos aspectos de constituição de pessoa. Pois, o trabalho infantil não gera emancipação social, elas vão ter menos possibilidades de melhorar de vida”. Ainda nesse contexto, o trabalho correto na infância também não é nenhum bicho papão, segundo Everton, se praticado de maneira correta onde a criança e o adolescente produz uma atividade de estágio ou ajudante, pode ser um beneficio. “Quando questionamos se o trabalho infantil é ruim? Digo que ele é ruim quando ele impede o desenvolvimento integral de uma criança. Mas ele é benéfico quando ele é somado ao desenvolvimento. Por exemplo: um menino que tem o pai padeiro e ele ajuda o pai na padaria, não é sofrido para o menino. É caracterizado trabalho exploratório infantil quando vem junto com o trabalho a noção de sofrimento”. A infância proporciona uma das melhores fazes da vida e não precisa deixar de brincar para aprender, sobretudo o trabalho na infância deve ser um aprendizado, que ajude a criança e o adolescente a se desenvolver, e não um ganha pão, no qual se exige mais tempo a ele do que as outras atividades.

Quando questionamos se o trabalho infantil é ruim? Digo que ele é ruim quando ele impede o desenvolvimento integral de uma criança. Mas ele é benéfico quando ele é somado ao desenvolvimento.

O PSICOLOGO EVERTON AFIRMA QUE O TRABALHO PARA UMA CRIANÇA É PREJUDUCIA QUANDO ELE IMPEDE O SEU DESENVOLVIMENTO INTEGRAL

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O Ágora É PRODUZIDO EM UM LABORATÓRIO MUITO ESPECIAL, UMA LABORATÓRIO DE JORNALISMO, ONDE EXPERIÊNCIAS DE TODOS OS TIPOS SÃO REALIZADAS. ALI, OS ALUNOS ADICIONAM ÀS SUAS INQUIETAÇÕES, O FAZER JORNALÍSTICO E A VONTADE DE MEXER UM POUCO COM ESSE MUNDO. ACRESCENTAM AINDA SUAS PRÓPRIAS PERSONALIDADES PARA GERAR, NA COMBUSTÃO DE ELEMENTOS, UM VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO COM IDENTIDADE, ONDE FORMA E CONTEÚDO SÃO UMA COISA SÓ: JORNALISMO. ESSA É A FÓRMULA DO Ágora. NÃO É UMA REGRA, É UMA FORMA DE PENSAR EM QUE AS ESTRUTURAS SE MOVEM, SÃO DINÂMICAS. VAMOS DO LABORATÓRIO PARA AS RUAS E PARA AS SUAS MÃOS, DEIXANDO A ADOLESCÊNCIA ACADÊMICA PARA ENTRAR NO AMADURECIMENTO PROFISSIONAL. SOMOS JOVENS FALANDO DE COISA SÉRIA PARA OUTROS JOVENS. É INFORMAÇÃO PARA ENTENDER O MUNDO. É JORNALISMO PARA MOVER UMA GERAÇÃO.

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O filme é uma mistura de vários super heróis que tentam salvar a Terra da destruição, essa história por si já rende bastante, mas o melhor é a ironia e o sarcasmo usado nos diálogos dos personagens o que deixa ainda melhor a narrativa. Além das falas, as cenas de combate são bastante interessantes: são muitos socos que fazem os personagens voarem de um lado para o outro. Os heróis criados há muitos anos sempre tiveram como objetivo salvar a terra de qualquer vilão que desejam destruir a paz da humanidade, agora juntos, precisam deter a destruição dela, e não é um vilão qualquer: Loki e um exercito de chitauri, uma raça alienígena, que deseja dominar a terra. A iniciativa de unir todos com humor e muita luta deu certo. Nota 10!

KATRIN KORPASCH

Quando comecei a assistir Os Vingadores pensei que seria uma história interessante, e cheia de mistérios. Em partes é. A trama, que envolve o cubo de energia Tesseract, e uma possível dominação da terra por alienígenas, é interessante. Além disso, todos os efeitos visuais não deixam você tirar o olho da tela. Aliás, os efeitos visuais muito bem feitos foi a parte que mais me chamou a atenção no filme. Mas na maior parte do filme, a história é deixada de lado para dar espaço às lutas e batalhas. Para mim, que não sou grande fã de cenas longas de batalhas, o filme fica um pouco cansativo e repetitivo. Já para quem gosta destas cenas, o filme é um prato cheio.

Depois de roubar o cubo de energia Tesseract e adquirir grandes poderes, o deus Loki abre um portal através do qual pretende, junto com alienígenas, iniciar um ataque contra a terra. Para tentar conter a ameaça, Nick Fury, o diretor da agência S.H.I.E.L.D., convoca a iniciativa Vingadores, uma aliança de super-heróis que nunca trabalharam juntos, mas que têm pela frente vários desafios. O Homem de Ferro, o Incrível Hulk, a Viúva Negra, o Gavião Arqueiro, o Capitão América e Thor precisam superar diferenças e se unir para salvar o planeta. Inspirado na série de quadrinhos Os Vingadores da Marvel, que começou a ser publicada em 1963, o filme chegou à terceira posição entre as maiores bilheterias de todos os tempos.

ELLEN

KATRIN

indicações

LIVRO:100 ANOS DE MODA AUTOR:CALLY BLACKMAN

Conta a história da Moda no século XX, desde a influência das vanguardas artísticas até a entrada das mulheres no mercado de trabalho. Com mais de 400 imagens o livro traz ainda as obras de estilistas clássicos e os contemporâneos.

LIVRO:REFÚGIO-UMA HISTÓRIA DE MICKEY BOLITAR AUTOR:HARLAN COBEN

Depois de testemunhar a morte do pai e internar a mãe em uma clínica de reabilitação, Mickey vai morar com o tio. Quando começa a se acostumar a nova vida, sua namorada desaparece misteriosamente. Para completar Mickey recebe informações de que seu pai ainda estaria vivo.

LIVRO:PRESENTES DA VIDANEM SEMPRE O QUE QUEREMOS É O QUE REALMENTE PRECISAMOS AUTOR: EMILY GRIFFIN

Darcy Rhone sempre teve tudo o que quis. Mas depois de se envolver com o melhor amigo do noivo tudo desmorona. Ela decide fugir para Londres, e longe de casa, começa a sua trajetória de crescimento e amor.

LIVRO: CEMITÉRIO DE PRAGA AUTOR: UMBERTO ECO Uma história de complôs, enganos, falsificações e assassinatos, que envolvem fatos e personagens históricos como Freud e Ippolito Nievo. A única figura de fato inventada nesse romance é o protagonista Simone Simonini.

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espaço criativo

No Espaço Criativo, o Ágora trará exemplos de expressões culturais da cidade de Guarapuava e região. Além disso, será um mural para publicar e divulgar produções artísticas, como crônicas, contos, poesias e fotografias.

Da máquina “camerográfica” FOTOGRAFAR POR FOTOGRAFAR, SEM TEMAS ESPECÍFICOS E SEM OBRIGAÇÕES

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Matéria e diagramação: Giovani Ciquelero

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Fotografar pelo puro prazer de fotografar é como pode ser definida a paixão de Matheus Coelho Lemos, 20 anos, pela arte dos retratos. Retratos estes, não somente de pessoas e de natureza. “Eu nunca tenho um tema específico para fotografar. Fotografo o que estiver ao meu redor, de várias maneiras possíveis”. Ele que conheceu mais afundo o mundo da “camerográfica” (trocadilho que faz em um de seus álbuns), mais precisamente há três anos, quando deixou Prudentópolis em direção a Guarapuava para cursar Publicidade e Propaganda.

“Comecei realmente me interessar por fotografia quando entrei na faculdade, e conheci mais sobre a técnica fotográfica e conceitos de fotografia, e foi uma área que me dei muito bem”. Questionado se o hobby pode um dia virar trabalho, Matheus já descarta a possibilidade. “O que me dá prazer na fotografia é quando eu posso criar algo puramente artístico, e não me vejo fazendo fotos mais comerciais”. Matheus, apesar do curso que faz, não é muito de fazer propaganda de seu trabalho, disponibilizando-o apenas em seu Flickr.

MATHEUS NÃO FAZ MUITA PROPAGANDA DO MATERIAL, MAS POSTA GRANDE PARTE EM UM ÁLBUM VIRTUAL

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