Revista Ágora 2011 - Edição 07

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Marido de Aluguel Guarapuava - 2011 Ed 7 . Ano 07

revista

Ă gora

p. 37


poker face música

editorial

índice blefe, astúcia e um pouco de sorte

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velhas virgens: independentes e quase famosos

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a propaganda de ontem e hoje

18 23 30 37 42 52

química forense: muito além do csi

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educação

para quem tem sede de conhecimento

cotidiano

o nome da rua

grafite

em um lugar qualquer eu desenho um sol amarelo

kitnet

S. o. s. marido

comportamento

cotidiano ciência criminal tempo Abaporu (1929), de Tarsila Amaral

eu que fiz RG

é possível ser feliz sozinho

o tempo existe? valdoni ribeiro batista mar adento

eu que fiz

matheus coelho lemos

expediente

equipe ágora

70 76 80 81 82

sexo

frágil? Já parou pra pensar o quanto o sucesso feminino incomoda o homem? Agora, a chamada mulher moderna é uma ameaça para a postura machista. O movimento feminista de algumas décadas atrás e a liberdade sexual ascenderam o poder do salto alto, ao ponto de nós fazermos o papel do homem seja na carreira profissional, nas manutenções da casa e até em um relacionamento. O fato é que cada vez mais, nós mulheres ocupamos espaços antes limitados somente aos homens, em profissões e cargos onde não havia representação alguma do tal “sexo frágil”. As lutas pela igualdade dos sexos somente ganhou voz, quando o argumento da capacidade de produzir saiu de cena. Não haveria protestos capazes de mudar os paradigmas sociais se nós não provássemos o quanto somos trabalhadoras, dedicadas e produtivas, ainda que em cima de um salto 15. Com a presença feminina cada vez mais destacada, as donas de casa começaram a sair de seus lares e abdicar a tutela do homem, conciliando uma carreira profissional promissora com os cargos da vida pessoal. O que antes era definido como um obstáculo, hoje é nomeado como um grande desafio. E aos poucos, aquela tradicional característica da força física do trabalhador perdeu espaço para a capacidade de aprendizado e gerenciamento da mulher. Com isso, a ‘vantagem’ do homem sobre a mulher passou a inexistir. O fato é que os conceitos sociais evoluíram deixando pra trás a velha atitude de submissão da mulher, do século passado. Esta liberdade despertou não apenas a poder de competitividade feminina, mas serviu em meio a preconceitos para questionar finalmente quem é o ‘sexo frágil’ na sociedade do conhecimento.


ce poker fa

poker face

Blefe,Blefe, a i c ú t s a astúcia e d o c u oum pouco de e umepefB l , e e f e , Bl e t a r s t o a ú i s sorte c ú t s ae um cidae poker f ace

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Matéria: Giovani Ciquelero

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Saindo dos cassinos e deixando para trás o estigma de jogo de azar, o poker traz sorte a quem combina blefe e raciocínio rápido Um esporte da mente, onde o grandes campeonatos televisionavencedor se destaca por sua capados e a internet, que possibilita cidade de tomar decisões rápidas, ao jogador disputar torneios com pensar em estratégias, figurar pessoas do mundo inteiro com diexpressões, blefar e esconder as nheiro fictício ou não. emoções dos adversários. Muitos Essa possibilidade de ganhar vão falar que se trata de xadrez, dinheiro no poker online, viver damas ou algum outro esporte de como um profissional no esportabuleiro, mas se trata do poker. te sem precisar sair de casa ou Em abril do ano passado, apenas usá-lo como lazer é o que na reunião anual da Associação atrai cada vez mais pessoas a esInternacional dos Esportes da tudar as regras, jogadas e a leituMente, foi anunciado o reconheciras específicas desse esporte. mento do poker como um esporte mental, o que coloca a atividade UMA GRANA EXTRA ao lado de esportes como bridge, NÃO FAZ MAL A NINGUÉM xadrez, damas e jogos de estratégia e de domínio de territórios. Esse é o pensamento de LuDurante muito tempo considecas Mariscal: não deixar que o rado jogo de azar e restrito a caspoker se torne mais do que um sinos e a pequenos clubes, o poker hobby. Ele foi apresentado ao saiu dos porões e nas últimas esporte há três anos, mas passou décadas vem crescendo graças a a se dedicar mais quando conhe-

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FEITOS UM PARA O OUTRO

MARISCAL não abre mão de sua boina rosa enquanto disputa um torneio de poker

ceu o jogo online, onde não precisa investir seu próprio dinheiro e pode até ganhar mais do que em um torneio presencial. Sem emprego, ele conciliou em 2011 o último ano de Publicidade e Propaganda com o hobby das horas vagas. E garante que o poker não atrapalhou os estudos. “São os trabalhos de faculdade que interferem no meu poker... [risos]. Nunca fiquei com matéria pendente, consigo levar numa boa”. Mariscal não tem muito controle dos ganhos, mas conta que sempre acaba lucrando um pouco. Em 2011, faturou cerca de 145 dólares (algo em torno de 230 reais), dinheiro extra que serve para comprar pequenas coisas como livros e roupas... “Já paguei uma viagem e neste ultimos meses tenho almoçado e jantado com esse dinheiro. Nada muito caro, mas que já ajuda e faz diferença, afinal, uma graninha extra não faz mal a ninguém”.

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Mesmo jogando frequentemente há três anos, Flávio Uma paixão que surgiu duconta que, assim como em ourante a faculdade e que se tortros esportes, a prática e treinou profissão, assim aconteceu no são fundamentais para se na vida de Flávio Castilho. Putornar realmente bom. Além blicitário formado, ele se mudou disso, lidar com o preconceito com um amigo de Guarapuava e a falta de informação sobre para Curitiba atrás de oportunio esporte atrapalha. dades na área da Propaganda. “Isso é engraçado. quando As oportunidades vieram, mas o Messi fica após os treinos de onde ele menos esperava. O batendo falta ele é uma pesque antes era um passatempo soa dedicada e um exemplo de em casa, virou profissão. Flávio profissional, mas quando um trabalha como dealer (encarrejogador de poker fica jogando gado de distribuir as cartas e oito horas um torneio extremamanter as regras na mesa) na mente técnico e demorado em Liga Curitibana de Poker. um clube ou online ele é um va“Acho que sou um publicigabundo desocupado”. tário frustrado e um apaixoChegar em casa depois do nado por poker . Ainda estou trabalho e ir jogar poker já virou indeciso sobre o que seguir tão rotineiro quanto ligar a tecomo profissão, pois faço o levisão. Dependendo do torneio, que gosto e ganho um salário Flávio adentra a madrugada na melhor ou próximo ao de um frente do notebook, o qual compublicitário jogando online e prou com dinheiro fruto das vitrabalhando de dealer”. tórias nas mesas de poker. Além

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“Gastar em um clube de poker pode ser comparado a ir no cinema ou no bar com seus amigos. é lazer do mesmo jeito”. é possível ser um jogador prodo computador, o lucro é gasto em fissional de poker, mas não festas e viagens e ele faz quesdescarto. Precisaria de mais tão de não contar com o sucesso tempo livre para estudar e pranas mesas para pagar as contas. ticar para mostrar resultados e “O dinheiro que eu ganho é um conseguir patrocínios”. extra, para falar bem a verdade Como grande exemplo de e claro que é muito bem vindo”. que o poker não é um jogo Trabalhando na área e vide azar ou sorte, ele cita Phil vendo do poker, ele não descarta levar o esporte mais a sério, Hellmuth, estadunidense que a nível profissional. “É muito ganhou onze séries mundiais: difícil explicar para as pessoas “Ganhar tantas vezes seria que não jogam que atualmente muita sorte, né? [risos]”.

UM PROFISSIONAL DO POKER É como se define Pedro Nacke: um profissional no poker. Aos 24 anos, cinco deles dedicados ao esporte, ele realmente tem uma rotina de trabalho com o poker online. Joga oito horas por dia e nos finais de semana, devido ao maior número de jogadores e torneios na rede, chega a ficar 15 horas na frente do computador. “Poker no momento é minha faculdade e meu trabalho. Passo mais tempo no online, pois possibilita jogar múltiplos torneios ao mesmo tempo e pela diversidade de torneios disponíveis diariamente”.

o n r e k “Po é o t n e mom e d a d l u c minha fa lho” a b a r t e meu 08

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Can’t read my... No he can’t read my Para chegar nesse nível, Pedro conta que, além de praticar, lê diversos sites com artigos e matérias sobre poker para conseguir manter o “salário”. “Tudo o que preciso no dia-a-dia que seria pago como um salário normal venho conseguindo nesses cinco anos, tirando o fato de que economizo alguns gastos por ainda morar em casa com os meus pais”. Entre os gastos de Pedro estão bens de primeira necessidade, como roupas e calçados, até viagens e uma moto comprada no ano passado. Pedro sente orgulho de falar que pratica um esporte que exige raciocínio e inteligência, e ainda brinca. “Cada dia levo mais a sério, tentando evoluir mais nesse esporte que é pouco reconhecido, mas tem tudo pra mudar agora que ele deixou de ser um jogo de azar pra ser um esporte da mente, quem mente mais ganha! [risos]”.

poker face...

NA REDE Responsável pela popularização do esporte no mundo, o poker online cresce em larga escada. Segundo a Christiansen Capital Advisors, empresa de consultoria e pesquisa da indústria do lazer e entretenimento, existem mais de 500 sites dedicados a torneios de poker e que movimentam cerca de 2,4 bilhões por ano*. * Dados de 2005.

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música

A ‘maior banda independente do Brasil’, é assim que se intitula a Velhas Virgens, banda paulistana que ficou conhecida por suas letras sarcásticas de cunho sexual e alcoólico envoltas em Rock n’ Roll e um pouco de blues. Formado em 1986, o grupo tem doze discos lançados e, gradualmente, consolidou seu espaço no cenário alternativo nacional, mesmo sem tocar em rádios ou ter grandes empresas dando estrutura. Em 2011, a Velhas completou 25 anos e pelo segundo ano consecutivo veio a Guarapuava se apresentar. Paulo Carvalho e Alexandre Dias, membros fundadores da banda e mais conhecidos como Paulão e Cavalo, respectivamente, me receberam na tarde que antecedeu o show e toparam responder algumas perguntas sobre a carreira, a independência e a Velhas, é claro.

Matéria: Giovani Ciquelero

indepen

dentes e quase

famosos 12

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Á go r a : A Velhas Virgens é hoje uma grande referência do rock e blues dentro do Brasil e sempre foi marcada pelas letras mais sarcásticas e debochadas. Por não ter essa autocensura acabaram restritos a um cenário mais independente. Valeu a pena? Cavalo: A gente pensou nela como uma banda que fosse transgressora mesmo, que fosse pra fazer o que a gente queria e pensar nela como um soco na cara da sociedade. Todo mundo ta falando de amorzinho, tem bandas políticas, mas não tem uma banda que fala de sexo, drogas e rock n’ roll como era antigamente. Essa é uma coisa que a gente faz bem, o Paulão faz letras ótimas e nós resolvemos que esse era o caminho mesmo. Desde 1992, quando pensamos nisso, temos seguido a risca. Talvez pro próximo disco a gente misture mais ritmos, com a experiência do Carnavelhas a gente descobriu uma outra vertente nossa, misturando o popular, marchinha, xaxado e estamos incorporando um pouco disso. Agora a gente já pode ousar mais com um repertório e uma carreira construída. Paulão: Tocando o tipo de coisa que a gente toca, com o tipo de letra que a gente tem, as pessoas não tão atrás de botar a gente no Faustão, não dá pra gente tocar na festa da vovó. Mas a verdade é que a gente sempre teve a atitude de prezar pela qualidade do nosso trabalho e decidir como ele é. Se alguém algum dia quiser contratar a gente e der ‘carta branca’ pra fazer do nosso jeito, a gente vai.

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Não temos nenhum problema quanto à estrutura, o que a gente não aceita é que botem o dedo no nosso trabalho. Você citou o álbum Carnavelhas II, como foi a experiência de ritmos nesse álbum que homenageia São Paulo? Cavalo: Esse Carnavelhas II é uma homenagem a São Paulo e ao Adoniran Barbosa no ano do seu centenário. Foi um trabalho muito bem visto pela mídia, a gente foi chamado pro Prêmio de Música Popular Brasileira, coisas que a gente nunca teve no rock começou a ter na música popular. Foi engraçado, porque no rock meio que desconsideram a gente por tocar em festa que tem pagode, axé, festas universitárias, onde, geralmente, não tem banda de rock. Mas o rock pode ser popular também, não precisa ser algo elitizado, ou uma coisa muito underground. Apesar de a gente ser independente, ficamos em uma espécie de limbo, não somos nem mainstream e nem underground. Os dois lados olham torto pra gente, isso é engraçado. O que vocês prepararam para a comemoração dos 25 anos de banda? Cavalo: Vamos lançar um DVD e um CD de 25 anos. O DVD é um show gravado no Opinião em Porto Alegre e junto com ele vem um CD duplo. Esse álbum é metade acústico e metade elétrico. Além disso, estamos fazendo um novo gibi; a cerveja das Velhas Virgens deve sair até o começo do ano e mais um monte de outras

coisas, calcinha, camiseta, etc.; tudo pra comemorar os 25 anos da banda.

amigos e fundadores da velhas virgens, Cavalo e Paulão são os únicos da formação Orgiginal

Como vocês avaliam a cena independente no Brasil? Mudou muito de 1986 pra cá? Cavalo: Mudou muito porque hoje a internet é muito forte. O cara monta a banda, começa a divulgar e não precisa de dinheiro pra isso. Em 1990, gravar um álbum não era tão fácil, pra divulgar a banda demorava um pouco mais e talvez nesse ‘um pouco mais’ elas amadurecessem melhor. Hoje não dá tempo da banda se achar, achar um estilo. Sai muita porcaria, mas também sai muita coisa boa. Na quantidade acaba saindo qualidade, mas precisa peneirar. Paulão: A internet salvou a gente em 1998, porque se abriu uma janela para falar com as pessoas sem ter que depender de mídia ou pagar ‘jabá’. Hoje está até exagerado, uma banda ensaia meia música, bota no Youtube e faz com que os caras estourem muito rápido, às vezes nem estão maduros ainda e isso pode ser ruim. É um mecanismo que não depende de grana, não depende de grandes grupos pra conseguir algo, nisso é legal, a internet é bem democrática. Nesses 25 anos, uma coisa que marcou bastante a banda, fora as letras e o estilo, foram as várias mudanças de formação. A que se deve isso? Paulão: Isso é uma coisa muito séria. Banda de rock, pra gente, sempre foi uma coisa de ‘brodagem’, de time, mas acontece e, basicamente, algumas pessoas

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saíram de bem e outras não. E eu não sei como resolver isso sendo politicamente correto. Essa é a $%#@ da vida, nem todo tempo você está de amizade com todo mundo. O que eu posso dizer é que a gente está com a melhor formação da banda hoje tecnicamente. As pessoas que entraram ou tocam tanto quanto ou tocam mais do que quem estava, estão mais interessados. Entrosamento demora um pouco, mas eu diria que agora tá bem entrosado, a gente tá se divertindo de novo, porque afinal de contas ninguém aqui é a banda Dejavu que tá ganhando milhões e enchendo o saco dos outros, a gente toca o que a gente gosta e não tá na mídia, então isso não bota tanto dinheiro no nosso bolso pra agüentar ‘pentelhação’, uma parte do pagamento é diversão. Depois de 25 anos na estrada, como é que tá o pique? Paulão: Eu to com três hérnais de disco, mas curiosamente quando eu bebo a dor passa, então acho que a saída é essa [risos]. Óbvio que quando a gente tinha 22, 23 anos tínhamos muito mais gás pra beber o dia inteiro, tocar e beber a noite inteira, agora a gente segura um pouco senão não consegue mais. A gente faz isso há muito tempo, com muito tesão e se diverte no palco. Se uma hora dessa a gente achar ou disserem que a gente tá se arrastando no palco, tipo alguns jogadores de futebol que não querem parar, talvez a gente pare, mas é divertido.

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“ninguém aqui é a banda Dejavu que tá ganhando milhões e enchendo o saco dos outros, a gente toca o que a gente gosta”

Vocês vêm pelo segundo ano consecutivo a Guarapuava e com frequência fazem shows pelo Paraná. Qual a relação da banda com o estado? Cavalo: Nosso primeiro show em Guarapuava foi há mais de dez anos, fizemos muitos shows pela região. Eu tinha tios que moravam aqui e vinha passar férias quando era garoto. Eu gosto muito do Paraná, minha família toda é daqui e Santa Catarina, já gravamos um DVD em Ponta Grossa. Pra mim é muito especial tocar aqui. Paulão: A gente toca no Paraná há muito tempo, tocamos tanto que uma época acharam que a gente era paranaense, o que deixa a gente muito honrado. Então, cada vez que a gente vem pra cá parece que estamos indo pra casa. Inclusive, o primeiro show fora do estado de São Paulo foi em Curitiba, se a gente não fosse tão bem recebido talvez não tivéssemos colhão de continuar. Obrigado pela força.

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Educação

Para

quem tem

sede de

conhecimento Matéria e diagramação: Ana Carolina Pereira

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Sinônimo de afeto, saber, compreensão e cultura, o Instituto Educacional Dom Bosco de Guarapuava faz de seu aprendizado um alicerce fundamental na vida de jovens carentes da sociedade. O diretor Dácio Bona afirma que o método de ensino vai além de um conhecimento científico. “Mais que educadores, somos instrutores às artes do ofício, nunca se ensina somente uma profissão, mas, se ensina uma pessoa a ser humana”. O espaço de interação e conhecimento mantém vitalidade por meio do apoio financeiro de colaboradores e tem por finalidade acolher os jovens que residem na periferia da cidade.

“Nunca se ensina somente uma profissão, mas, se ensina uma pessoa a ser humana”.

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História

Dácio Bona

O Instituto faz parte da história de Guarapuava há 22 anos, como relata Bona. “Tudo começou com a escola Domingos Sales, posteriormente deu início as atividades informativas e somente depois de alguns anos passou a ofertar cursos profissionalizantes”. As primeiras propostas começaram a surgir em 1989, com atividades relacionadas ao lazer e recreação. Em março de 1990 iniciou-se uma segunda etapa de cursos com atividades organizadas. E somente em 1991 o centro juvenil passou a ser uma obra social.

Ensino Com uma estrutura educacional baseada na capacitação profissional e social, o Instituto funciona atualmente com aproximadamente 25 educadores e educadoras, com uma média de atendimento de 400 a 500 jovens, adultos e crianças. E, segundo o diretor, o segredo para cativar a juventude é um sistema preventivo. “A estrutura básica desse sistema são três pilares: a razão, que é a justificativa do porque das coisas; o amor, que corresponde ao acolhimento; e a religião, que seria a ligação com o transcendental”. Karina Silva, educanda da Instituição no ano de 1998 e ano 2000, relata o que marcou todo o período de aprendizado: o carisma depositado nos alunos. Motivo que fez uma educanda virar educadora. Hoje, Karina que é professora de Informática e Informação Humana na Instituição conta o que move as aulas. “Minha maior motivação é promover os jovens para algo melhor, o segredo é incentivá-lo para mostrar ao jovem o quanto ele pode dentro da sociedade”. Uma novidade nas oficinas é o Cine Fórum, que foi lançado em 1º de Setembro deste ano, como explica a educadora. “O objetivo desta atividade é atender além dos nossos educandos, os acadêmicos da região do Cedeteg também”. A oficina é constituída por um filme ou documentário e posteriormente uma reflexão feita pelos alunos, sempre focando em uma mensagem social através dos vídeos”. Visando atrair um público amplo, Karina ressalta que a oficina disponibiliza certificados que garantem horas extracurriculares. Há três anos frequentando as atividades, Luana Francine dos Santos, que conheceu o Instituto através de amigos, relata a experiência. “O que chamou atenção foi a acessibilidade financeira, comecei com o curso de Violão, depois Datilografia, Informática e atualmente faço o curso para Auxiliar Administrativo”.

Foto: Ana Carolina

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Foto: Ana Carolina

cotidiano

Determinada a trabalhar na instituição daqui alguns anos, ela conta os planos futuros. “Vou terminar o 3º ano e depois começar o curso de Aprendizagem Administrativa, para atuar como educadora no Instituto”. As atividades profissionalizantes são realizadas de segunda a sexta-feira. Entre os cursos oferecidos estão: Auxiliar Administrativo, Informática, Violão, Artes Musicais e Dança de Rua. O diretor Dácio afirma que novos projetos estão surgindo. “Vamos implantar futuramente Auto-Elétrica e Mecânica Automotiva, porque sabemos que tem necessidade e o mercado exige uma especialização básica”. O ensino aplicado no Instituto atende também medidas sócio-educativas, que são os jovens com determinação da justiça para realizar uma ação social por ter infligido a lei. Dácio Bona afirma que atualmente o Instituto acolhe oito adolescentes. “Quem encaminha é o juiz da Vara da Infância ou o Conselho Tutelar. E o atendimento pode ser realizado desde liberdade assistida, onde controlamos a rotina do adolescente, ou a PSC, que é a prestação de serviço diante da sociedade”.

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rua

a n i r a K Silva

O nome da

Matéria e diagramação: Katrin Korpasch Nomes de ruas estão no nosso cotidiano, para enviar uma correspondência, definir uma rota, chegar a determinado lugar, para se localizar. Mas você já parou para pensar por que determinada rua tem esse nome? Quem foi essa pessoa? Quem decidiu dar esse nome à rua? Aliás, como esses nomes são escolhidos? Quem diz como uma rua irá se chamar? Descubra isso e um pouco mais nesta matéria do Ágora.

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A decisão sobre como uma via será nomeada ocorre na Câmara de Vereadores. Os vereadores da cidade compõem um projeto de lei que precisa ser aprovado pela maioria em três votações. Sugestões para nomes de ruas geralmente vêm da própria comunidade. Muitas vezes são moradores que procuram a Câmara de Vereadores querendo homenagear outras pessoas, que já faleceram e que fizeram alguma coisa pelo município de Guarapuava. É feito um levantamento, visto se a pessoa realmente fez algo por Guarapuava, depois é feito o projeto de lei e colocado em votação. Depois de aprovada pelos vereadores, a lei segue para a prefeitura, onde é sancionada pelo prefeito. A partir deste momento a via recebe o nome escolhido. Mas quando a proposta é mudar o nome de uma rua o processo é um pouco mais demorado. Antes da criação do projeto de lei é necessário recolher assinaturas de cerca de 80% dos moradores da via aprovando a mudança de nome. Só então é possível propor o projeto de lei.

No começo Logo depois do estabelecimento da República no Brasil, entre o final do século XIX e início do século XX, se instituiu a organização das cidades. De acordo com o professor de História da Unicentro Ariel José Pires, naquela época se convencionou a nomeação das vias. “Dar nomes às ruas era uma questão óbvia de que as pessoas teriam que ter seus endereços. E assim que se instalou o serviço nacional dos correios, era preciso ter os nomes das ruas definidos”. Grande parte de nossas ruas homenageia personalidades históricas. Para entender porque isso acontece é necessário voltar ao início do século XX, quando os primeiros republicanos se encontravam na missão de ‘dar uma cara’ ao Brasil, definir a identidade da nação, da nova República que estava surgindo. “A maior parte do grupo que estava discutindo este assunto, querendo dar uma iden-

Afonso Botelho Visconde de Guarapuava

Padre Chagas

Capitão Rocha 14 24

tidade pra República nascente, decidiu por uma filosofia, um fundamento político que seguisse um modelo já existente. Então esses republicanos optaram pelo modelo positivista, que é uma filosofia, um jeito de pensar, uma forma de governar que surgiu na França no início do século XIX, com Auguste Comte”, explica o professor. O lema do Positivismo ‘Ordem e Progresso’, foi adotado e colocado até na Bandeira Nacional. Alguns desses primeiros republicanos foram Silva Jardim, Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva,

Marechal Deodoro da Fonseca, Marechal Floriano Peixoto e Saldanha Marinho. Eles mesmos tiveram seus nomes postos em muitas ruas pelo Brasil, alguns inclusive em Guarapuava. “O Positivismo enaltece mais o sujeito da história, e não o objeto. Nesse sentido, várias câmaras municipais decidiram homenagear muitos desses nomes, que trouxeram essa ideia para o Brasil. Pode se observar que essa prática continuou, a maioria dos municípios brasileiros ainda dá nomes de pessoas às ruas”.

Importantes para Guarapuava

Padre Chagas (sobre o qual falaremos adiante) traçou as primeiras ruas e a arquitetura dos primeiros casarões de Guarapuava. Traçou a primeira quadra da cidade, onde ficaria a Igreja e a Casa do Vigário, o ponto zero do município. As primeiras ruas foram denominadas conforme o uso, havia, por exemplo, a Rua da Carioca, que era chamada assim por nela morar a professora Leonídia, que havia morado no Rio de Janeiro (hoje esta rua chama-se Professora Leonídia). A partir de 1853 os vereadores passaram a requerer uma denominação legal para as ruas.

Outros exemplos dessas mudanças podem ser vistos. A Rua Capitão Virmond, por exemplo, até 1905 chamava-se Rua das Flores. Foi a partir de 1894 que a antiga Rua dos Loures virou a Capitão Rocha. E, em 1896, a Rua da Sachristia se tornou a Visconde de Guarapuava. Ainda em 1894, a Rua da Cadeia virou a Vicente Machado, e a Rua Bela virou Marechal Floriano Peixoto. A Rua XV de Novembro é chamada assim desde 1921, antes já tinha se chamado Rua das Chagas, Benjamin Constant, e Coronel Cleve. Nomes de ruas estão realmen-


te em nosso cotidiano. Ao procurar um endereço estamos sempre falando em Capitão Rocha, Capitão Virmond, Visconde de Guarapuava, Padre Chagas, e assim por diante. Mas nem sempre sabemos quem foram essas pessoas, o que fizeram pela nossa cidade, por que dão nomes às nossas ruas. E aí, você sabe quem foi o personagem que dá nome à sua rua? O Ágora buscou para você informações sobre quem foram algumas dessas personalidades que receberam uma homenagem de nossa cidade. O Tenente-Coronel Afonso Botelho de Sampaio e Souza foi mandado pela Coroa Portuguesa para tomar posse dos campos guarapuavanos. Chegou no dia 8 de dezembro de 1771, quando mandou que celebrassem a primeira missa. Enquanto explorava a região de Guarapuava mudou o nome do rio em que quase se

afogou e foi assim que o rio Capivaruçu passou a se chamar Rio Jordão. Por ameaças e medo de ataques de índios, Afonso Botelho partiu de Guarapuava e suspendeu a vinda de novas expedições, por isso a conquista de Guarapuava só foi retomada quase 40 anos depois, quando chegaram aqui três outras personalidades históricas que hoje dão nome às nossas ruas: Padre Chagas, Azevedo Portugal e Capitão Rocha. Padre Francisco de Chagas Lima procurou catequizar os índios da região, veio a Guarapuava a mando de D. João VI com a Real Expedição Colonizadora de Guarapuava, composta ainda por Tenente Coronel Diogo Pinto de Azevedo Portugal e Antonio da Rocha Loures (o Capitão Rocha) e mais 200 soldados e 100 povoadores. O grupo chegou em 17 de junho de 1810 e deu origem ao

Serafim Ribas Moacyr Júlio Silvestri

Luís Ciscato Francisco Missino 16 14 26

Povoado de Atalaia, o primeiro povoado dos campos guarapuavanos. Mais tarde, entre 1818 e 1819, foi instalada a Freguesia de Nossa Senhora de Belém. Os moradores do Povoado de Atalaia se mudaram para o local escolhido pelo padre para receber a Freguesia com a Igreja Matriz, entre os rios Pinhão e Coutinho, exatamente onde hoje se encontra a sede de Guarapuava, foi aí que a cidade começou. Os personagens históricos que deram origem ao nome de duas outras ruas foram um escravo e seu senhor. O fazendeiro e bandeirante Pedro de Siqueira Cortes foi homenageado por suas contribuições para o desenvolvimento de Guarapuava. Já Belmiro de Miranda foi um escravo comprado por Pedro Siqueira em Maceió para construir um casarão em Guarapuava. Belmiro teve o nome dado a uma via por causa de sua história, o escravo organizou a campanha abolicionista na cidade. Fazia plantas de casas, era carpinteiro, pedreiro, e especialista em construções de taipa. Assim, aproveitava suas folgas para administrar outros casarões. Por esse trabalho ganhou algum dinheiro e comprou a carta de alforria da escrava Esydia Ephigênia, com quem se casou anos depois quando foi liberto pelo testamento de seu senhor. Junto com a esposa construiu um hotel de viajantes e comprou a liberdade de 50 escravos antes da abolição. Frederico Guilherme Virmond é homenageado na Rua Capitão

Os personagens históricos que deram origem ao nome de duas outras ruas foram um escravo e seu senhor.

Frederico Virmond. O carioca que veio para Guarapuava em 1852 exerceu aqui vários cargos, foi delegado, Presidente da Câmara Municipal, Deputado Estadual e Vice-Presidente do Estado (posto que equivale hoje a Vice-Governador). Além disso, Frederico Virmond foi também um empresário, fundou a Sá Virmond e Cia em 1860, a primeira grande companhia da cidade. Na loja eram comercializados chapéus, tecidos, armas, armarinhos, entre outros. Virmond também se dedicava ao comércio de animais em larga escala, fundou o Sítio Santa Maria, no qual cultivava grandes quantidades de cana de açúcar e algodão. Visconde de Guarapuava foi o título dado a Antônio de Sá Camargo, que nasceu em 1807 em Palmeira, e alguns anos depois veio em Guarapuava para morar na fazenda do pai. Visconde de Guarapuava ocupou vários cargos políticos, atuou na guerra contra o Paraguai e prestou serviços ao Império em Guarapuava.

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Assim como estes, muitas outras personalidades históricas são lembradas ao dar nome às vias guarapuavanas. Mais alguns exemplos são Moacyr Julio Silvestri, que foi Prefeito de Guarapuava e que, quando Deputado Estadual, teve uma importante atuação para a instalação da primeira instituição de ensino superior da cidade. Em 1970 era fundada a Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Guarapuava, a FAFIG, que hoje é a Unicentro. Serafim Ribas foi político e o proprietário do primeiro jornal da cidade, O Guayra, e trouxe a primeira tipografia a Guarapuava. Quem fundou o jornal junto com Ribas foi o jornalista, médico e político Luiz Daniel Cleve, um dinamarquês que também foi homenageado dando nome a uma rua (e também à uma praça, a Praça Cleve). Pro-

fessor Becker foi um ex-oficial do exército argentino que fundou em 1902 o Internato do professor Becker, ajudou no desenvolvimento da educação na cidade e fundou o primeiro grupo de escoteiros. Francisco Missino foi um empreendedor, trouxe o primeiro gramofone e a primeira máquina de sorvetes à cidade, foi revendedor de carros, fundou uma olaria e o primeiro beneficiamento de erva mate mecanizado. Além disso, gerenciava a Casa Missino, a primeira casa bancária de Guarapuava, fabricava também açúcar e aguardente. Junto com Luís Ciscato, que também dá nome a uma rua, fundou a primeira serraria a vapor. Ciscato, também italiano, inaugurou a usina hidrelétrica do Jordão em 1924, e foi o primeiro a trazer para Guarapuava um automóvel, em 1913, e uma motocicleta, em 1917.

Capitão Virmond Belmiro de Miranda

Pedro Siqueira Professor Becker 14 28 1816

Sem nomes de pessoas

Homenagear personagens históricos colocando seus nomes em vias se tornou tradição, mas segundo o professor Ariel, em alguns casos este padrão deveria ser repensado. “Guarapuava, por exemplo, também tem nomes de ruas de pessoas que nunca estiveram aqui, e outras que eu não sei se fizeram alguma coisa por Guarapuava. Por que só valorizar esses símbolos, e não homenagear o trabalhador do cotidiano, o negro, o índio?”. Nesse sentido, não são só os ‘heróis da nação’ que devem ser lembrados. Por exemplo, em Guarapuava, são homenageadas as comunidades indígenas; na Vila Carli, há 12 ruas homenageando os antigos habitantes da região, entre elas a Rua Carajás, a Tamoios, a Tupi, a Aymoré e a Botocudos. No Bairro Morro Alto quem recebe homenagens são os trabalhadores. Com a Avenida das Profissões são 40 vias, por exemplo: a Rua dos Jornalistas, dos Professores, dos Médicos, dos Contadores, dos Bombeiros, dos Matemáticos e dos Agricultores. No Bairro Trianon há 12 ruas com nomes de flores: a Rua das Rosas, das Tulipas, das Violetas, das Acácias, da Flor de Liz, Girassol, das Orquídeas, e assim por diante. Ainda no quesito natureza, podemos encontrar no Bairro Industrial as ruas: Cedro, Imbuia, Ipê, Seringueiras, Palmeiras e Rua das

Oliveiras. No Bairro Conradinho há vias com nomes de aves: Fênix, Gaivotas, Beija Flor e Colibri são alguns exemplos. Perto delas há 12 ruas com nomes de árvores, existe a Ruas das Ameixeiras, Pereiras, Limeiras, Caquizeiros, Figueiras, Macieiras... No Bairro dos Estados há uma região em que todas as vias são denominadas com nomes de, veja só, Estados! Algumas delas são as ruas: Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Tocantins, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em Guarapuava tem até ruas com nomes de estilos, fica no Bairro São Cristovão, tem Rua Gótico, Neo-Clássica, Imperial, Moderno, Barroco e Rua Romântico. Também a nossa cidade é homenageada. Existem Avenidas Guarapuava nas cidades de Irati, Recife, Rondonópolis e Uberaba. Na cidade mineira há ainda a Rua Guarapuava, que existe também em Matinhos, Campo Mourão, Campo Grande, Laranjeiras do Sul, Apucarana, Nova Londrina, Assis Chateaubriand, Santa Lúcia e Curitiba.

Fontes:

MARCONDES, G. G. Guarapuava: história de luta e trabalho. Guarapuava: Unicentro, 1998. IZIDORO, F. H. História de Guarapuava (1971).

1917 15


grafite

em um lugar qualquer eu desenho um sol amarelo

Com contornos e cores, o grafite é hoje uma reconhecida expressão cultural que, muitas vezes, não representa apenas o estilo de um artista, mas também é um retrato de uma série de preocupações sociais

Matéria e fotos: Hilva Nathana

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Com paciência e delicadeza eles preparam o spray. Depois disso, começam a rabiscar sem parar. Aos poucos, os rabiscos vão ganhando forma e as misturas das cores começam a chamar a atenção de quem passa pelo local. Ao fim de mais ou menos duas horas, entre tintas, spray e muita criatividade, eles terminam mais um de seus desenhos e frases, que facilmente encontramos espalhados pela cidade. É assim que alguns grafiteiros de Guarapuava expressam seu jeito de ver o mundo: através de desenhos. De modo diferente, o grafite apareceu sem muita pretensão na vida da pesquisadora e artista plástica Juliane Gorlieb Antoniucci. “Me interessei pelo grafite com o surgimento de um projeto de extensão da Unicentro. Eu entrei nesse projeto para traba-

lhar com projetos sociais e a partir do desenvolvimento desse projeto, é que o grafite me chamou a atenção. Antes de eu começar a pesquisar sobre grafite eu não conhecia nada sobre como grafitar, sobre as técnicas, porém eu tinha afinidade com as artes visuais. Por isso, me interessei”. A partir dessas experiências Juliane foi tomando gosto pelos sprays, entrou em contato com alguns grafiteiros da cidade, começou a desenvolver as técnicas e agora já ajuda a ministrar oficinas de grafite nas escolas. Almir José Martins, grafiteiro há oito anos, conta como teve contato com a grafitagem. “Eu aprendi a desenhar em Itajaí [SC]. Onde conheci um colombiano que grafitava e foi ele quem me ensinou as técnicas do grafite e me incentivou. Depois disso, fiquei algum tempo parado, mas agora estou em Guarapuava grafitando novamente”. O grafite feito por eles valoriza estilos

próprios da arte. Segundo a pesquisadora Juliane Antoniucci, os personagens que encontramos nas pinturas são ligados aos estilos americanos. Com destaque para Wild Style (letras que se caracterizam pelo difícil entendimento), Tags (aso sinatura do dono da obra), Bubpel , i ble Style (letras arredondadas, qu o a mais simples) e 3D (estilo tri, io “E r a dimensional, baseado num trabalho tr de brilho/sombra das letras). con te não i f Esse modo de grafitar é praticao gra om c do como hobby pelos grafiteiros á h isto v de Guarapuava, pois essa arte é da n i é pouco apreciada na cidade, a pr e, a t s como expõe Juliane. “Apesar r e a ad o d r l da grafitagem estar crescenu cu i m f i r do em Guarapuava, não pod ra gui p e demos nos comparar à outros s io n í con c centros maiores como Curitio atr . ba, por exemplo, em que o grap a” e t n i fite é visto como arte, e em conset qüência disso a abertura para quem gosta de grafitar é

em liane on. u J de ar Obra ia com A r parce

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“A maioria dos desenhos tem como característica a crítica social”. bem maior. E aqui, ao contrário, ainda há muitas dificuldades pra conseguir muro e patrocínio pra tinta. Apesar de ser difícil, eu acho que está crescendo o interesse das pessoas pelo grafite”.

Grafite X Pichação Muitas vezes o grafite é descriminado por existir uma associação com a pichação, associação que muitas vezes gera preconceito, situação que Almir percebeu de perto. “Uma vez eu e outros grafiteiros estávamos na condição de grafitar, com autorização. Quando chegaram alguns policiais, falando que não podíamos continuar ali, chegaram descriminando falando que não era arte, era vagabundagem. Aí tivemos que chamar o dono da casa, pra ele falar com

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os policiais que estava liberando o local e que estava tudo bem”. Na rua Professor Becker, no Bairro Santa Cruz, encontramos obras de Juliane, porém, a uma distância não muito grande, encontramos também o ‘trabalho’ de pichadores que só contribuem para poluição visual da cidade e para a degradação de patrimônios.

Nem tudo no grafite é colorido A essência, na maioria das vezes, vai além da estética, está presente em provocar reflexão nas pessoas. Os desenhos tem como característica a crítica social. Através dos desenhos, geralmente, é proposta uma representação da sociedade por meio de signos. Modo que Almir aponta como contribuição para a preocupação social. “Sempre tem um tema, por exemplo, de criança que mora na rua, moradores de rua, coisas que não recebem muita atenção.

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Uma realidade que a gente procura passar para a sociedade. Mas acho que as pessoas não percebem isso, só olham o desenho bonitinho”.

História O aparecimento do grafite se deu no final da década de 1970, em Nova York, através de alguns jovens, minoria excluída da sociedade que começaram a deixar suas marcas nas paredes das cidades. Desde então, essas marcas evoluíram para formas de expressão, ganharam técnica, e hoje o grafite é considerado como uma arte, conhecido como Street Art (Arte Urbana) incluído no âmbito das artes visuais. No Brasil, a Street Art também apareceu no final da década de 1970, em São Paulo. Os brasileiros modificaram e incrementaram algumas técnicas, por isso, o grafite brasileiro é reconhecido como um dos melhores do mundo.

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Kitnet

O grafite brasileiro é reconhecido como um dos melhores do mundo.

s.o.s.

marido Matéria: Poliana Kovalyk

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Co n ag heça ora de s e l me iver rviç o #Q y lh o ue dis or d , bem p o i q fo bro dis ue-p que ca u, q u, a izz qu lm e á a, ue ma o g u a i tá mo dis ua sso n x i e q , tira qu u ue s ? M u, sa rv ev ai oc O ho cam enc ê a a n ra! uita q suf do a pre cisa uebrou mento sere oc md ,a e o. que m rea e retoq porta stouro l m e i u z mp u, e a e s s d nte .E abe a err as torn nada nde tud , mas p ssas pa ou, as a r ente ar um sobre c o sobre ra que ecem parede tare gra s m o nda a n r n se ti n f pro disso de pro rtar u gos, P ão tem as fáce ro blem é b m bl te is a, e em m ema. P vazam jetos d mpo, de ois ento e Ex ou pi tudo ais é, q or, ten fá o l Ma ogo vo cil sol uando u dese são,TC para u so n l t C c s t se m que f a ao n ionar e tem upir pi ’s, mas e o a a a nã lgué s met ora a t zer qu rmal. sse m e , isso p o ros and a n o m t os q sem o lon casa de se que ajud ningu ge de uilôessa ar? E ém pr casa, o com s coisa pior a te é s de freqüê acon que t e n m c que uitos ia na cem casa e com não m stud cem os pa oram antes tos nos pi is, e a mais d voc o dia. ores m conteê n Qua ome de ã vela o jan ntas ve na l tou zes s p u ban z em orque à luz h que o no casa? acabou gela imo Tom foi u com o ch do por ou te uve que er p i bem orque no re ro? Ou s Nes na ho acabo tauran u o sas r a a m hor do a gás ã a l m e s adia , pa , lig oço ? a r nta mui a o p r para ai, ta c oisa não .

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Quantas vezes você nÃo jantou à luz de velas porque acabou a luz em casa? tomou banho no gelado porque queimou o chuveiro? ou foi comer no restaurante porque acabou o gás bem na hora do almoço? Agora, imaginem esses problemas diários numa casa onde 17 meninas dividem tudo: chuveiro, quarto, fogão, televisão e até mesmo o secador de cabelo. Todas elas vieram pelo mesmo motivo: receberam a chance de representar nossa cidade no futsal feminino, e ficaram pela oportunidade de estudar, tendo que aprender a lavar suas próprias roupas e, talvez o mais complicado, dividir os espaços dentro de casa. E num lugar onde tudo é dividido por todas o que sempre acaba acontecendo é muita confusão, principalmente quando alguma coisa ali quebra bem na hora em que é a vez da outra utilizar. É o chuveiro que queima quando é a hora de se arrumar pra ir pra faculdade, ou o trinco que quebra na hora de sair... A sorte dessa turma de meninas que convivem diariamente com os problemas domésticos é que elas contam com a ajudinha de, digamos, um pai, que as adotou por aqui: o técnico da seleção, Sérgio Leocádio Miranda, o Ratinho. E mesmo ele, tendo a responsabilidade de cuidar dessas meninas que vieram de longe, não entende de tudo, afinal, sua especialidade é futsal. Pelo menos aqui na nossa cidade, as meninas

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que dividem um apê, ou até mesmo para aqueles mais apressadinhos do dia-a-dia, já não tem com o que se preocupar: os chamados “maridos de aluguel” resolvem todos esses problemas, tudo sem reclamar e a qualquer hora do dia. Talvez o nome seja curioso, mas o serviço é sério: profissionais realizam pequenas tarefas como consertar o encanamento, trocar lâmpadas, rebocar e pintar paredes, e ainda instalam chuveiros, trocam botijões de gás, fazem reparos elétricos, serviços de construção civil e consertos domésticos. Essa profissão existe há cerca de 20 anos e surgiu em São Paulo, onde há empresas especializadas no assunto e sites personalizados, onde os serviços e até os funcionários podem ser escolhidos pela internet. Já aqui em Guarapuava, o serviço ainda é uma novidade. Há mais ou menos cinco meses Mercia Macedo teve a ideia de trazer para cá uma franquia que trabalhasse na manutenção e reparos de móveis. “Montei esse negócio porque senti a necessidade na pele. Quando precisava de alguns serviços, sentia bastante dificuldade em ter um atendimento rápido e com qualidade”. A gerente e dona dessa franquia dos maridos de aluguel conta que, apesar do pouco tempo de serviço na cidade, o número de pedidos

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e s a g u Al

o d i r a m

tem surpreendido, e eles já contam com agendamentos que passam para as próximas semanas. São homens e mulheres de todas as idades que ligam pedindo ajuda para livrá-los do sufoco, mas também há aqueles que ligam apenas para manter a casa em ordem. “O mercado está extremamente aquecido pela questão de hoje ninguém ter tempo. As pessoas estão sempre trabalhando o dia inteiro, tem gente que estuda a noite e não têm tempo para ainda chegar em casa e consertar alguma coisa, então a gente tem bastante mercado para isso”. Outro problema encontrado, tanto pelas meninas do futsal como outros estudantes que moram sozinhos, é que a maioria das lojas não funcionam à noite, então, quando alguma coisa dá errado, esperar até o outro dia é a única solução. Mas para quem apela para os maridos de aluguel isso já não é um problema, já que a franquia é conveniada com algumas redes de emergência, e se precisar, elas vão ajudar. Para quem pensa que o serviço é uma exclusividade para as mulheres, está completamente enganado. Os homens também podem ter a vida facilitada com o atendimento desses profissionais. “Os serviços que pegamos já são coisas começadas, algo que alguém já fez e que fez com a lógica dele, da maneira dele. Às vezes o cliente pensa que é só trocar uma torneira e ele mesmo pode fazer isso, mas a gente vê que não é bem assim e pode ser uma coisa bem complicada. Então as vezes o que era pra levar meia hora, leva duas horas”. Por isso, para ser um marido de aluguel não basta apenas ter vontade, mas tem que ser um profissional que faz qualquer tipo de trabalho em reforma e manutenção de residências e prédios, desde um simples vazamento de torneira até uma restauração completa de fachada no seu prédio, além de estar pronto a qualquer momento para atender essas urgências.

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comportamento

É possível ser feliz sozinho Matéria: Helena Krüger

Estar só é uma ótima oportunidade para se conhecer melhor e aproveitar a liberdade. Assim, cada vez mais a rejeição a criar vínculos e compromisso se torna uma característica da nova geração.

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A eternizada frase da música Wave de Tom Jobim, “Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho”, se tivesse sido composta hoje, talvez, não teria mais esse refrão, já que muitos solteiros e solteiras atestam o quão são felizes e realizados de estarem nesta condição, e não se sentem mais mal por isso. Ao contrário, se orgulham e estão convictos em não mudar de estado civil. Essas pessoas sentem-se orgulhosas da solterisse. Para elas, foi até criado um dia especial, o Dia dos Solteiros, ‘comemorado’ todo 15 de agosto. Nas últimas décadas percebe-se que cada vez menos as pessoas tem como meta de vida o casamento. Para muitos, ter sucesso profissional ou então passar a vida viajando é mais próximo do sonho dos jovens dessa geração. Segundo o registro civil do IBGE de 2009, o percentual de solteiros adultos chegou a 42,8% no país. Os índices também mostram a elevação das idades das mulheres no casamento, o que revela uma mudança nos padrões das uniões. Ressalta-se, ainda, que o maior volume de casamentos foi entre as mulheres com idade entre 25 e 29 anos (33,9%), seguido dos cônjuges com idade entre 30 e 34 anos. Renato Quadros aos 52 anos de idade é um ótimo exemplo de alguém que entende bem o espírito da solteirice. Esse guarapuavano nunca se casou, já teve muitos relacionamentos amorosos e adora a sua vida de solteiro. Ele conta que ser solitário não foi premeditado, mas sim a conduta da vida dele que proporcionou essa situação, e confessa que nunca teve desejo de casar.

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“Morei fora muitos anos, bem na época em que a maioria começa a pensar em casamento. Eu estava longe, aproveitando a vida, sempre em bons lugares com boas companhias”. As vantagens que a vida de solteiro proporciona são muitas vezes esquecidas por quem já está há muito tempo em um relacionamento. Valorizar as coisas simples da solidão, aproveitar a sensação de liberdade de ir onde quiser e, principalmente, ter um tempo apenas para si também são importantes. Para Renato, algumas das muitas vantagens em ser solteiro estão nos detalhes. “Dormir sozinho e acordar sozinho, sair pra noite e ir onde quiser. Viajar é o melhor de tudo, arrumo minha mala, pego o carro e saio, sempre aguardando a surpresa que terei”. Esse estilo de vida também está relacionado a sua vida profissional. Ele já morou em três cidades e trabalhou boa parte de sua vida como representante comercial de diversos ramos. Atualmente, trabalha com comércio eletrônico, ramo em que está se especializando. Tanto nos relacionamentos quanto no trabalho Renato afirma que adora grandes desafios. “Eu não forço nada na vida, adoro as surpresas que ela me proporciona, um dia diferente do outro e assim a vida foi me levando”.

“Viajar é o melhor de tudo, arrumo minha mala, pego o carro e saio, sempre aguardando a surpresa que terei”

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Marcela*, estudante de medicina, tem 19 anos, também é solteira e é feliz com seu estado civil, mesmo nunca tendo namorado. A jovem diz não sentir falta de um namorado nesse momento. “Gosto muito de sair me divertir com minhas amigas e para isso não preciso ficar com ninguém. Tem pessoas que só se divertem assim, acho que isso acontece com quem não sabe ficar sozinho”. A futura médica também enfatiza que gosta muito da autonomia e liberdade que tem. “Adoro ficar sozinha, me dou muito bem comigo mesma, vi isso quando fui morar longe dos pais para estudar”. O que Marcela não suporta é a pressão social de ter alguém e namorar. “Me estresso de ver como os outros se incomodam com a minha vida nesse sentido, às vezes tenho vontade de dizer: ‘saiam do meu pé!’. Na minha família até meu avô está preocupado, quer que eu arrume logo um namorado. Acho engraçado e não levo em conta essas opiniões, se digo que estou bem assim é porque estou”. Essa tendência deixa questionamentos. Estar solteiro simplesmente faz parte da opção de grande parte das pessoas ou esse comportamento é um sintoma de uma sociedade que tem cada vez mais dificuldade de relacionar-se e estabelecer compromisso? A individualidade é uma das principais características do contemporâneo, e nas últimas décadas houve muitas transformações sociais, atreladas a evolução de novas tecnologias. A psicóloga Edina Favero cita algumas dessas mudanças que transformaram a maneira como as relações sociais se dão. “Aconteceram várias mudanças, dentre elas cito a mulher adquirindo novos papéis, ocasionando uma inversão de valores. O casamento deixou de ser prioridade, o conceito de família padrão – Família Nuclear (pai, mãe e filhos), deixou de existir. A mídia fortalece essas mudanças, influenciando também o imediatismo e relacionamentos menos duradouros”. Mesmo com essa tendência à solterisse, ainda há muitas pessoas doentes emocionalmente. Elas estão buscando encontrar em livros de auto-ajuda e pagando

“Às vezes tenho vontade de dizer: ‘saiam do meu pé!’”

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outro

A importância do

mais de cem reais por consultas com terapeutas online. O sociólogo Zygmunt Bauman, na obra Amor Líquido, fala sobre essa fragilidade dos laços humanos na pós-modernidade. Ele usa o termo líquido para definir relações que estão cada vez mais flexíveis, sem vínculo e com prazo de validade. Bauman atesta que as pessoas nunca estiveram tão ansiosas em mudar de um relacionamento para outro, pois elas mesmas têm medo de se envolver e estabelecer compromisso. O ‘ficar’ é o reflexo disso, o sexo sem compromisso que busca o prazer imediato impõe uma intimidade física, porém não emocional. A psicóloga Edina comenta que para o desenvolvimento completo do ser humano é necessário a existência do outro. “Se não estão conseguindo amar o próximo, então podemos inferir que não estão amando a si primeiramente, pois não foram amados. Existem estudos demonstrando que, quando duas pessoas se sentem atraídas sexualmente, uma complexidade química afeta o cérebro e o corpo. O amor, a confiança e o carinho, guardam relação com os hormônios e são muito mais cerebrais e

“O ser humano se torna eu pela relação como você, à medida que me torno eu, digo você. Todo viver real é encontro”

“A mídia fortalece essas mudanças, influenciando também o imediatismo e relacionamentos menos duradouros” 47


”Mas não digo que prefiro ser solteiro nem comprometido, depende muito da situação, mas confesso que não gosto da ideia de ficar sozinho”

intelectuais do que se imagina”. Nas palavras do pensador Michel Buber, “o ser humano se torna eu pela relação como você, à medida que me torno eu, digo você. Todo viver real é encontro”. O pensador existencialista também escreveu sobre a importância do diálogo e da reciprocidade nas relações. As dificuldades em estabelecer um relacionamento duradouro tem muitas razões e consequências, como comenta a psicóloga Edina Favero: “Os motivos são diversos. Podem ser de abandono em relacionamentos, frustrações diversas (traição, mentiras, decepções). Esses motivos produzem sentimentos aversivos de auto-estima baixa ou de inferioridade”. Marcos*, outro solteiro de 22 anos, possui uma característica um pouco diferente, ele não é contra se envolver. O acadêmico de Direito já teve três namoradas e há pouco tempo saiu de um desses namoros longos, que durou um ano e meio. Ele diz que ser solteiro é muito bom, mas que namorar também tem suas vantagens. “Quando você está solteiro não tem cobrança, nem obrigação de dar satisfação para ninguém, mas não digo que prefiro ser solteiro nem comprometido, depende muito da situação, mas confesso que não gosto da ideia de ficar sozinho”. A psicóloga Edina comenta que é preciso ter equilíbrio nas relações. “Existem casos extremos, os que não conseguem se relacionar e os que não conseguem viver sem o outro. Essas dependências também são muito negativas, vários autores encorajam os relacionamentos amorosos como sendo importantes para o desenvolvimento. Encontramos na Bíblia, em Efesios, que não é bom que o homem esteja só, mas por outro lado tem o velho ditado: ‘Antes só que mal acompanhado’”.

*Alguns nomes foram alterados à pedido das fontes.

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Boa pedida para comemorar a solteirisse - Viaje para uma cidade grande (se tiver oportunidade): São Paulo, Brasília e Curitiba estão no ranking das cidades mais interessantes para os solteiros;

Entenda o significado dos bonecos de argila

- Chame seus outros amigos(as) solteiros(as) e invistam em uma grande balada (afinal, vocês são solteiros e podem sair sozinhos sem precisar ouvir reclamação);

Indicação de leitura

- Se você é mais tranquilo, que tal alugar um bom filme e passar a noite em casa aproveitando a solidão que tanto gosta pode ser uma boa pedida.

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AMOR LÍQUIDO Sobre a fragilidade dos laços humanos

Simbiose

Autor: Zygmunt Bauman Editora: Zahar Ano de lançamento: 2004

A SOCIEDADE DOS INDIVÍDUOS Autor: Norbert Elias Editora: Zahar Ano de lançamento: 1994

Indeciso

EU E TU Autor: Michael Buber Editora: Centauro Ano de lançamento: 2008

Boxeadores

A imagem representa pessoas que tem dificuldade em se individualizar, e tornam-se dependentes do outro para existir. O movimento de individualização faz parte do ser humano

Representa um indivíduo em cima do muro. Tem por objetivo focar uma posição, por um lado não confortável e por outro de controle.

As relações podem se estabelecer de diversas formas, uma delas é a agressão, que, muitas vezes, é como o indivíduo consegue se aproximar do outro

Cada peça desta faz parte de um material para aplicação do processo psicoterápico, um método chamado Argila: Espelho da Auto-Expressão de autoria da Psicóloga Maria da Glória Cracco Bozza. Uma pequena parte do significado e da representação de cada um deles foi obtido por meio da apostila do método.

Prisioneiro

Pegam no meu Pé

Esta imagem pode representar uma forma de proteção para não se aproximar de ninguém. A pessoa que se culpa muito e sofre sozinha.

Uma queixa de muitos adolescentes para os pais. Trabalha-se temas referentes à controle, cobrança, dependência e independência.

O fim de um relacionamento, é um medo tão grande quanto o medo da morte.

Morte

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cotidiano

A

propaganda de e

ontem

hoje

Você sente saudades dos comerciais da sua infância? e quais os comerciais de hoje que estarão na lembrança da próxima geração?

Há anos ilustrando e descontraindo os intervalos da TV, as propagandas ganharam espaços e algumas marcaram gerações. Quem é que não se recorda de pelo menos um comercial antigo? Eu, por exemplo, lembro até hoje dos comerciais da Parmalat, com as crianças vestidas de mamíferos, além de várias outras. São muitos jingles e slogans engraçados que deixaram suas marcas. De lá pra cá, a publicidade se adaptou aos novos consumidores, a novas tecnologias, e em consequência disso, modificou-se também o conteúdo e a maneira de se produzir os comerciais para TV. Isso se percebe tanto na linguagem como nas resoluções 3D, principalmente quando direcionado ao público jovem. Em decorrência do avanço das tecnologias comunicacionais, o modo de se fazer propaganda se modificou. Segundo o publicitário Paulo Meister, as redes sociais são as grandes propulsoras dessa mudança. “Antes, as empresas comunicavam algumas coisas para a pro-

dução de uma campanha e esperavam uma resposta de compra. E não se tinha a interação das mídias sociais, com a marca e com os produtos. Hoje é diferente porque as empresas lançam as campanhas esperando a repercussão e a interação do seu produto, portanto, quanto mais engajada for a campanha, melhor será o resultado dela”. O ativismo encontrado nos comercias de TV hoje está interagindo, cada vez mais, com a internet porque,

matéria: hilva nathana

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segundo Meister, “o jovem busca o diferente. Ele quer ser surpreendido o tempo todo, porque hoje ele é cada vez mais insatisfeito, assim, toda vez que você faz algo inesperado chama a atenção dele”. Na busca por chamar a atenção dos jovens em suas campanhas, as agências utilizam de técnicas para os atingir diretamente. Meister explica que, na sua agência, é necessário produzir primeiro um diagnóstico. “É o meio mais eficiente, assim, você vai saber quem está falando, se a pessoa capta a informação, e também vai saber qual é a forma mais rápida para ela escolher você, e não o seu concorrente. Para obter esses resultados, existem ferramentas de marketing e publicidade, como o mix de instrumentos digitais, principalmente as mídias sociais. Tanto é que hoje as empresas têm facebook e twitter”. Durante a produção de um comercial é importante destacar, também, que a criatividade não é tudo. De acordo com o professor de Publicidade e Propaganda Samuel Kruk, são vários os artifícios. “É preciso criação, cores, imagem, pesquisa de mercado, para saber o que o jovem que nós queremos

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atingir gosta, é preciso conhecer qual é o cotidiano dele e, em cima desse cotidiano, da cultura dos jovens, é que usamos técnicas para persuadir”. Entre elas, a pesquisa é uma das mais importantes, porque é por meio dela que será possível atingir o público alvo, afirma Kruk. “Diretamente o que importa saber na pesquisa é: Quem são os jovens? Onde compram? Quantos anos eles têm? Onde moram? Quanto ganham? Quais os hábitos de consumo deles?”.

“Diretamente, o que importa saber na pesquisa é quem são os jovens”

“o jovem busca o diferente. Ele quer ser surpreendido o tempo todo”

Agora que você conheceu um pouco sobre os elementos da publicidade, acompanhe os seis comerciais que mais estão fazendo sucesso entre os universitários. a seleção foi feita com base na resposta de 50 entrevistados, alunos da unicentro:

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1° Lugar Comercial Globo.com

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4° Lugar Comercial Porta da Escola Space Cross

2° Lugar

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Comercial Havaianas

Comercial Pode ser Pepsi?

3° Lugar

6° Lugar

Comercial Abra a Felicidade Coca-Cola

Comercial A evolução das mulheres Bombril

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ciência criminal Foto: Katrin Korpasch

Química forense

muito além de CSI Matéria e diagramação: Katrin Korpasch

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Um corpo no chão, sangue, fita de isolamento e duas ou três pessoas de colete e luvas usando materiais para colher as ‘provas do crime’. Quando pensamos em química forense, geralmente nos vem à cabeça uma imagem parecida com esta. Mas esta ciência abrange um universo muito maior.

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zes, precisam valer-se de conhecimentos científicos específicos (mundo das ciências), realizados pelos peritos criminais para que a justiça possa ser efetivada”. Assim, a química forense auxilia na justiça trazendo provas de um crime e de sua autoria. “O inquérito policial e a ação penal têm como objetivo investigar se determinado crime ocorreu e, caso tenha ocorrido, quem foi o autor. O primeiro desses objetivos seria a determinação da materialidade do crime, ou seja, obter provas que indiquem a ocorrência de alguma infração penal. De maneira análoga, a determinação da autoria se dará com base em provas

que indiquem quem foi o autor da infração”, completa. Segundo a professora doutora Aline Bruni, do curso de química forense da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto, os problemas forenses que a química ajuda a solucionar não são relacionados apenas à área penal. “Conhecimentos em química também são amplamente utilizados em perícia civil para a composição de danos ambientais e respectivas indenizações. O direito do trabalho também pode exigir perícia química quando o ambiente laboral estiver correlacionado a produtos químicos”.

Como tudo

começou O surgimento da química forense é um ponto controverso na literatura sobre o tema. Mas o século XIX foi o mais importante na questão da utilização da química em auxílio à justiça. “A literatura relata o primeiro testemunho pericial, no qual Mathieu Orfila, considerado o Pai da Toxicologia, foi chamado para ajudar a desvendar um caso de assassinato. Tal caso ocorrera na França em 1839. Marie LaFarge, uma jovem de 24 anos, estava sendo acusada de envenenar seu marido, Charles LaFarge, com um bolo feito com arsênico. Orfila avaliou a

presença de arsênico nos restos exumados de Charles e comparou com a ausência do veneno no local em que ele estava enterrado, descartando a possibilidade de contaminação do corpo pelo solo. Assim a química oficialmente debutou no meio jurídico, uma vez que Orfila usou seus conhecimentos toxicológicos e químicos para provar a culpa da ré”, explica a professora Aline.

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A química forense é, em resumo, o uso de conhecimentos químicos para elucidar problemas forenses, ou seja, problemas relativos ao foro judicial, aos tribunais. Nesse sentido, o perito criminal federal Fabiano Linhares Frehse explica a atuação desta ciência. “A química forense é uma das áreas da Perícia Criminal. Esta, por sua vez, tem sua área de atuação na interface do que conhecemos por ‘mundo jurídico’ e o ‘mundo das ciências’, pois os operadores do direito – juízes, advogados, promotores, delegados de polícia (mundo jurídico), por muitas ve-

Foto: Renata Horvat

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modo de usar De acordo com a professora Aline os conceitos estudados na química que podem ser usados na química forense são muito variados. “Todos os conceitos da química podem ser utilizados, uma vez que não se deve considerá-la como uma ciência fragmentada. Contudo, a grande atuação na área é da química analítica, pois suas metodologias e instrumentação são amplamente utilizadas para analisar os vestígios e correlacioná-los ao crime e ao criminoso. A química forense ajuda na resolução de crimes uma vez que é a ciência que detém os conceitos essenciais para a análise e caracterização dos vestígios. As

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formas com que os conceitos são aplicados dependem da situação e do crime praticado”. Porém, diferente do que costumamos imaginar, estes crimes não são apenas assassinatos. “A química é amplamente utilizada em diversas situações que não estão relacionadas a assassinatos. Uma das maiores aplicações da química forense ocorre na área toxicológica”, afirma a professora. Fabiano explica que a toxicologia consiste em identificar e caracterizar substâncias de interesse toxicológico, por exemplo, álcool, drogas de abuso, poluentes, venenos, entre outros, em materiais biológicos. O perito federal aborda ainda ou-

tra área em que a química forense atua. “Dentro da área da química forense, temos áreas mais especializadas, entre as quais podemos incluir a química ambiental. Ela possui característica interdisciplinar, geralmente atuando com peritos criminais de outras áreas, como agrônomos, veterinários, biólogos, etc., visando, em geral, a detecção de poluentes em amostras de água, solo e ar, para a caracterização de crimes ambientais”. A professora Aline traz mais exemplos dessa grande área de atuação da química forense. “Também é amplamente utilizada em diversos tipos de fraudes, tais como em remédios, bebi-

Fotos: G. Schouten de Jel, Jean Scheinjen e Paul Pasieczny

Química forense:

das, combustíveis e alimentos. Pode-se ainda citar a química forense para análise de resíduos de disparos de arma de fogo, mesmo que não haja vítima fatal”. Segundo Fabiano a química forense pode ser aplicada ainda na cena do crime na coleta e identificação de vestígios com o uso de equipamentos e reagentes reveladores. “Também nas perícias em obras de arte, falsificações de papel moeda, análise de documentos, como nos casos de envelhecimento artificial do papel, alterações, supressões e acréscimos de escrita, etc.”. Os exemplos são inúmeros. “De uma maneira geral, pode-se dizer que a atuação da química forense se inicia no próprio local do crime, com revelação de digitais latentes e sangue lavado. Manchas de fluidos corporais, como esperma, também são identificadas por meio de análise química e

podem desvendar crimes contra a dignidade sexual. Há também aplicação da química para identificação e caracterização de drogas ilícitas. Outro exemplo seria a falsificação de documentos e embalagens e por meio da comparação de papeis e tintas. Um exemplo recente da utilização da química forense foi o caso Isabella Nardoni. Vários vestígios foram avaliados por meio de conceitos químicos, como sangue lavado e revelado com substâncias como o luminol e ‘Blue Star’. A identificação do DNA de Isabella no sangue encontrado, entre outros”, complementa Aline. Segundo a professora “a química pode ser utilizada para avaliar vestígios de quase todos os tipos de crime. Existem poucas situações que dispensam a utilização de conhecimentos químicos, como é o caso de perícia de informática e contábil”.

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“O trabalho realizado pelo perito criminal será relatado em um laudo pericial, que irá fazer parte do processo”.

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Foto: Griszka Niewiadomski

Como vimos o trabalho da química forense pode começar ainda na cena do crime. Em outros casos, o profissional desta área começa o seu trabalho recebendo o material a ser examinado e um expediente de solicitação de exames contendo questionamentos na forma de quesitos a serem respondidos após os exames, com a intenção de esclarecer algum fato no interesse de algum procedimento, como um inquérito policial ou uma ação penal. Fabiano explica que com a solicitação e material questionado em mãos, o perito criminal

na prática realiza preliminarmente uma pesquisa sobre o material a ser analisado e sobre os questionamentos formulados, visando identificar a ou as metodologias adequadas ao caso apresentado. Em seguida, através de exames realizados em laboratório, obtém e interpreta os resultados a fim de responder aos quesitos propostos. “O trabalho realizado pelo Perito Criminal, contendo a descrição do material recebido, os exames realizados, os resultados obtidos e as respostas aos quesitos propostos será relatado em um laudo pericial, que irá

fazer parte do processo, sendo considerado uma prova técnica, e que junto às demais peças do processo, poderá ser utilizado para o esclarecimento dos fatos investigados. Assim, através dos exames realizados e da interpretação de seus resultados, relatados no Laudo Pericial, poderá ser possível concluir se houve ou não crime, apontar ou excluir possíveis autores de determinada infração ou, ainda, subsidiar a investigação, sob o aspecto científico, com esclarecimentos sobre a dinâmica dos fatos investigados”.

Para entendermos o processo geral com que trabalham os peritos criminais na área da química forense, Fabiano dá dois exemplos. “Imaginemos que uma pessoa seja detida por estar transportando, de forma dissimulada em sua bagagem, cerca de oito quilos de uma substância em pó, de cor branca. Havendo nesse caso a suspeita de que se trate, por exemplo, de cocaína, seria necessário um teste químico no material. Em geral, nesses casos, é realizado um exame químico preliminar. Caso o resultado do exame químico confirmasse a presença de cocaína, a pessoa inicialmente detida, possivelmente seria presa em flagrante, pois, de acordo com a legislação, a substância cocaína é uma substância proibida no Brasil, sendo considerada droga de abuso pela legislação vigente. Em seguida, amostras desse material seriam encaminhadas para o laboratório para que se confirmasse a identificação dessa substância em exames mais completos, cujos resultados relatados na forma de laudo pericial seriam incluídos posteriormente no processo, dando informações mais detalhadas sobre o material apreendido. Por outro lado, caso o exame preliminar não apresentasse resultado positivo para cocaína, ainda assim a substância poderia ser apreendida para exames químicos mais aprofundados, visando sua identificação. Nesse caso, poderia ser identificada poste-

riormente, por exemplo, a substância lidocaína, uma substância com propriedade anestésica local, normalmente encontrada em amostras de cocaína apreendidas, pois é usada como diluente, visando aumentar o lucro do traficante, sendo usada por suas propriedades fisiológicas e macroscópicas serem similares às da cocaína. Nesse caso, a depender das demais circunstâncias, a ação poderia, em tese, ser enquadrada também na legislação atual sobre drogas de abuso, Lei 11.343/06, que tipifica da mesma maneira a matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas. A depender da natureza química da substância, esta poderia estar submetida a outros tipos de controle ou, ainda, não estar sujeita a nenhum tipo de controle, sendo, desse modo, imperioso o estabelecimento da sua identidade química para a realização da justiça: ou seja, a liberação do suspeito e do material apreendido ou o devido enquadramento legal a depender da natureza da substância. Assim, a química forense auxilia na aplicação da justiça, ou seja, o transporte de determinada substância pode ou não ser crime, tudo depende da sua natureza da tal substância, a qual será estabelecida com o uso da química forense”.

Foto: Katrin Korpasch

O trabalho continua

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Fotos: Katrin Korpasch

Foto: www.cbs.com

Dessa maneira, as condições e procedimentos periciais são diversos da realidade brasileira. A própria conduta do perito no Brasil é bem diferente daquela retratada pelos seriados”. Outro ponto analisado pela professora é a parte científica, ela afirma que os programas não apresentam exatamente erros, porém, não aprofundam conceitos. “A parte científica é passada de maneira superficial e mágica, dando a impressão de que tudo é possível quando se trata da

afinal, tem algo de científico?

O próximo exemplo é de um caso de estabelecimento da autoria. “Outra situação hipotética: houve um incêndio criminoso, sendo que, no local do incêndio, foram coletadas pelos peritos criminais amostras de uma mistura incendiária, que não havia sido totalmente consumida no incêndio. Esse material foi encaminhado para exame e sua composição química foi estabelecida. Posteriormente, no decorrer das investigações, surge um suspeito, e após autorizada judicialmente a realização de buscas por provas em sua residência, foram encontrados alguns galões com substâncias líquidas sem identificação. Esse material é apreendido e submetido a exames químicos a fim de determinar se as substâncias apreendidas na residência do suspeito, apresentavam a mesma composição química da mistura coletada no local do incêndio. Tal fato, poderá ser utilizado como uma evidência, que, dependendo do resultado poderá determinar a inocência ou a condenação do suspeito”.

Muitas vezes a primeira maneira de ouvirmos falar em ciências forenses é através das séries de TV que mostram o cotidiano de peritos; CSI, por exemplo. Mas existe realmente algo de científico nestes programas? Será que eles retratam com fidelidade esta profissão? A professora Aline explica que estas séries contribuíram para popularizar as ciências forenses, o que não deixa de ser um ponto positivo. No entanto, é necessário ter cuidado com as informações passadas por elas. “Em primeiro lugar, estes seriados são produzidos no exterior, mais especificamente nos Estados Unidos.

CSI

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análise de vestígios criminais. Os casos são em sua grande maioria sempre resolvidos por meio da prova técnica. Isso não é verdadeiro. Há muitos casos que são resolvidos por meio apenas de prova testemunhal, quando a perícia se torna impossível ou é inconclusiva”. Nas séries as locações de trabalho em que os personagem atuam são sempre muito modernas. “Os laboratórios dos seriados são sempre bem equipados e aparentemente não há problemas relativos aos recursos financeiros associados às análises. Infelizmente no Brasil a situação é bem diferente. Muitos Institutos de Criminalística não apresentam recursos suficientes para análises profundas dos vestígios. Há falta de investimento público em materiais, instrumentos e na formação dos peritos. Falta ainda treinamento do corpo policial sobre a preservação de local de crime, que é indispensável para a coleta do material que será analisado”. Além disso, os peritos fictícios dispõem de muito tempo para a resolução de um caso. Para a professora este é outro ponto falho destas séries. “Na realidade do trabalho pericial o tempo é curto e muitos eventos devem ser avaliados simultaneamente. Em muitos casos, ainda, um determinado procedimento experimental pode ser complexo e demandar mais tempo que o esperado”. Foto: www.tv.com

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Seguindo carreira Para quem está interessado em trabalhar nesta área, há, no Brasil, o curso de Bacharelado em Química Forense, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP/Ribeirão Preto. Graduandos em áreas da química que queiram se tornar peritos criminais devem prestar concurso público. Fabiano explica que existem as Perícias Criminais Estaduais e a Perícia Criminal Federal. “Posso falar com um pouco mais de conhecimento sobre o concurso da Polícia Federal, pois sou Perito Criminal Federal. No caso da Polícia Federal, o concurso público é anunciado por edital e as vagas são divididas por formação acadêmica, de acordo com as necessidades da instituição.Vale ressaltar que no caso da Polícia Federal, a futura lotação pode ser qualquer local do país que tenha uma unidade Técnico-científica da Polícia Federal, na modalidade do concurso nacional, ou, como ocorreu em concursos mais recentes, na modalidade regional, para regiões específicas do país, sendo nesse último caso, com o compromisso de permanecer por determinado período de tempo nessas regiões”.

O concurso é realizado em etapas classificatórias e eliminatórias, e, em geral, consiste inicialmente de provas de conhecimentos gerais, como português, inglês, informática, direito, e de conhecimentos específicos, de acordo com a formação acadêmica. Além de exames de aptidão física, exames psicotécnicos, médicos e investigação social. A segunda etapa, que é a de formação profissional, é realizada em Brasília, na Academia Nacional de Polícia, com duração entre três e quatro meses. Ao final da formação na Academia é determinado, pela classificação no concurso, o local de lotação do, então, formado, Perito Criminal Federal. “Vale a pena os interessados procurarem por provas de concursos passados, geralmente disponíveis na internet, assim como procurar junto às Instituições Policiais, através de seus sites, mais informações sobre a realização de concursos”.

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Tempo:

tempo

real ou ilusão?

O

Tempo existe? Matéria: Ana Carolina Pereira

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São precisamente as perguntas que nos levam às respostas, certo? E para a indagação sobre o tempo não é diferente. Entre uma hipótese e outra, a teoria física e filosófica tentam explicar algo que, aparentemente, é simples. Mas não se engane, pois o tempo é intrigante. Fernando Rodrigues Aguirre, acadêmico do curso de física da USP (Universidade de São Paulo), defende que o tempo é uma das sete grandezas fundamentais. “É uma grandeza que não é definida por nenhuma outra, como, por exemplo, a velocidade, que pode ser definida por meio de instrumentos de medida, como um relógio”. No princípio da civilização, a linha do tempo era avaliada através da posição do sol, das fases da lua, dos períodos de seca ou cheia de um rio e observação de estrelas. Somente a partir do desenvolvimento do relógio mecânico que o tempo passou a ser medido sistematicamente. Isaac Newton foi um dos físicos respeitáveis na chamada física clássica, e sua teoria era baseada em um tempo absoluto, para ele o tempo seguia um ritmo único em qualquer ponto do universo.

Guilherme Tomishiyo, que é acadêmico de física explica a teoria. “Vamos pensar como Newton e imaginar que todo relógio do universo marque os mesmos intervalos de tempo. Nesse caso, o tempo torna-se um conceito completamente artificial para a física, serve apenas como um parâmetro de movimento”. É evidente que muitos fatores pessoais estão ligados diretamente ao tempo. Como ocorre no tempo psicológico, quando 50 minutos parece durar uma eternidade naquela aula chata e, em contrapartida, quando estamos nos divertindo esse tempo voa. Isso não significa que o tempo tenha mudado, mas sim as sensações em situações diferentes. Para provar que o tempo é sensível às impressões, Bruno Senoski, acadêmico de filosofia, explica: “ao contrário do que alguns podem pensar, o tempo não é apenas cronológico, que tem como única finalidade a organização de eventos na história e de fatos ou então unicamente física”. O tempo é uma categoria de nosso pensamento e raciocínio, que nos permite reconhecer os objetos, os fatos e construirmos o pensamento.

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que dá sentido à racionalidade e pensamento humano. Mas de que forma o tempo é essencial para o homem? É o que explica Bruno Senoski. “Considerando que o tempo é uma condição necessária para o pensamento e para a razão, o homem não pode se imaginar sem o tempo. Segundo John Locke, se um ser humano não conseguir localizar-se temporalmente, não ter consciência de presente, passado e futuro, não pode ser considerado uma pessoa propriamente dita.

Tempo para a

Em um sentido comum, para a filosofia o tempo é um período delimitado por um evento considerado anterior e outro considerado posterior, um movimento constante e irreversível através do qual o presente se torna passado, e o futuro, presente. O tempo só é válido quando o sujeito o percebe. Como explica Bruno Senoski, todos os objetos da experiência humana estão sujeitos ao tempo. “Juntamente com o espaço, o tempo é considerado um dos elementos constitutivos do real e de nossa forma de experimentá-lo, uma das categorias mais fundamentais do pensamento filosófico”. Assim como o espaço, o tempo é infinito, por ser considerado uma intuição que não deriva de nenhum conceito universal. É uma forma de intuição sensível

física Não existem tempo nem referencial absoluto no universo, cada um de nós possui um relógio próprio. É o que definiu Albert Einstein, em seu artigo ‘Sobre a eletrodinâmica dos Corpos em Movimento’ (1905). Em contrapartida à teoria de Newton, que afirmou que todos os relógios do universo marcavam tempos iguais, Einstein determinou que nem todos os reló-

Foto: Ana Carolina Pereira

Foto: Ana Carolina Pereira

Tempo para a

filosofia

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Até que provem o

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CONTRÁRIO

gios do universo vão apontar um só intervalo de tempo, comenta Guilherme Tomishiyo. “Nesse contexto, o tempo não tem mais uma existência supérflua e artificial, pois podemos perceber claramente a sua existência ao mudarmos o observador”. Para Ney Barraz, professor doutor em física, o tempo é relativo. Há o tempo pessoal, que é determinado pela ocupação diária de cada pessoa e há o tempo físico. “Fisicamente a gente tem dois tempos, o tempo que é contado pelo relógio e o tempo relativístico, que quando contado próximo à velocidade da luz, esse tempo encolhe”. O professor explica porque para algumas pessoas o tempo é curto. Uma pessoa muito atarefada acaba se desligando do tempo real, por isso o tempo parece passar mais rápido. “Para uma criança o tempo parece durar mais, devido a pouca ocupação de atividades, enquanto que para um adulto o tempo é

preenchido com as preocupações do dia-a-dia, o que acaba nos levando a esquecer o tempo contado no relógio, fazendo com que as horas voem”. Para Tomishiyo, o tempo, através dos estudos da física, parece ter uma explicação fácil. “Para a física, tempo é uma medida de processos periódicos. Qualquer tipo de movimento ou processo onde haja alguma repetição pode ser usado para se marcar algo que entendemos como tempo. O exemplo mais clássico pode ser encontrado na maioria dos lares do ser humano: um relógio mecânico. Mas outro exemplo muito simples pode ser encontrado no céu: o Sol, que se repete dia após dia”.

O tempo é real, não é uma ilusão. Saber definir um evento passado de um evento futuro é uma das condições delimitadas pelo tempo. O tempo é a condição de simultaneidade que age em correspondência com o espaço. Segundo Bruno Senoski, o tempo se forma no sentido interno relacionando às representações e ao su-

jeito. “Enquanto o espaço é condição objetiva de todos os fenômenos, o tempo é condição formal dos fenômenos, porque mesmo um objeto que se apresenta na condição de exterior ao sujeito está, de certo modo, no interior dele também, por isso, o tempo é condição formal dos fenômenos internos e externos”. A idéia de que o tempo

é condição de possibilidade e condição de existência dos fenômenos é defendida, por exemplo, pelo filósofo prussiano Immanuel Kant (17241804). Definindo o tempo como uma das formas puras de sensibilidade. Como cita Bruno, “o tempo não é um conceito empírico, é condição da simultaneidade que se dá somente no espaço real”.

FIM 75


EU QUE FIZ

A CançÃo do Senhor da Guerra Tudo o que o homem toca tem um significado. A obra-prima tem mil. A pintura tem uma capacidade de expressar, comunicar ideias, sensações ou sentimentos. Assim, “Reflexões sobre Renato Russo” apresenta obras que recriam as poesias de Renato Russo de uma forma inovadora, pois não se prendem à mera representação mimética das poesias, mas procura apresentar uma nova visão sobre as ideias nela apresentadas.

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Vento no Litoral

VALDONI RIBEIRO BATISTA 23 anos, é acadêmico do curso de Arte-Educação na Unicentro

O artista plástico desenvolveu o interesse por desenho aos 12 anos quando lia muitas histórias em quadrinhos e alguns livros ilustrados, e desde então, está numa constante busca por aperfeiçoamentos. “Essas pinturas surgiram do desejo de fazer uma relação do meu trabalho com o de Renato Russo, um dos mais importantes compositores do rock brasileiro e vocalista da banda Legião Urbana. Renato nos presenteou com vários pensamentos entre eles tenho como lema estes: Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar nos sonhos que se tem, que os seus planos nunca vão dar certo ou que você nunca vais ser alguém”.

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ENTRE REFLEXOS

Ágora

O é produzido em um laboratório muito especial, uma laboratório de jornalismo, onde experiências de todos os tipos são realizadas. Ali, os alunos adicionam às suas inquietações, o fazer jornalístico e a vontade de mexer um pouco com esse mundo. Acrescentam ainda suas próprias personalidades para gerar, na combustão de elementos, um veículo de comunicação com identidade, onde forma e conteúdo são uma coisa só: jornalismo.

Ágora

Essa é a fórmula do . Não é uma regra, é uma forma de pensar em que as estruturas se movem, são dinâmicas. Vamos do laboratório para as ruas e para as suas mãos, deixando a adolescência acadêmica para entrar no amadurecimento profissional. Somos jovens falando de coisa séria para outros jovens. É informação para entender o mundo. É jornalismo para mover uma geração.

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Ramón Sampedro é um homem que decide lutar na justiça pelo com a igreja, a sociedade e até mesmo seus familiares. pela reflexão do tema, BRUNO SENOSKi DO PRADO, ACADÊMICO de FILOSOFIA, INDICA O FILME MAR ADENTRO.

NOME: Bruno Senoski do Prado EU INDICO: Mar adentro Direção: Alejandro Amenábar Espanha - 2004 PORQUE: O filme retrata a história verídica de Ramom Sampedro, um espanhol que, após um mergulho no mar, ficou tetraplégico e viveu durante 29 anos após seu acidente confinado em uma cama sob os cuidados de seus familiares. Considerando que a vida que leva não é ‘digna’, Ramom inicia uma luta jurídica pelo seu direito de “morrer dignamente”, poder escolher o dia e o momento de sua morte, já que a sua vida se resume a sua cama e uma limitada visão do mundo através da janela de seu quarto. Ao colocar o espectador no lugar do protagonista, o filme traz à tona a questão polêmica da eutanásia. Na carta que Ramom escreve aos juízes, é posta a ideia de que “viver é um direito, não uma obrigação”; assim, coloca em cheque a regulação da vida e da morte pelo Estado e pela Igreja e acusa “a hipocrisia do Estado laico diante da moral religiosa”. A história de Sampedro mostra que a eutanásia é uma questão exclusivamente jurídica, legal e ainda necessita de muita discussão.

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Eu que fiz

RG

direito de pôr fim à sua própria vida. isso acaba gerando conflitos

e Um Mais Val tigo Dia Con cê to por vo in s u e e O qu r a explica r p á d o iver Nã me faz v e u q o é ar Você faz sonh e m e u q Éo e faz bem m a ç n e s Tua pre escansar Me faz d e mantém m o r u g e Es r te adora Só posso igo dia cont m u le a v gar Mais outro lu m e il m tigo Do que star con e é o s r io Prec te conta s o d e r g Meus se

“Essa é a canção que compus em parceria com meu irmão, é difícil dizer quanto tempo levou, por que foi acontecendo aos poucos. Primeiro surgiu a melodia e a partir de então agente foi acrescentando uma letra que se encaixasse na música. O que nos motivou a fazer essa música foi o próprio amor de Deus que muitas vezes não conseguimos sentir, mas quando sentimos vemos que nada é mais importante e gratificante do que ficar junto a Ele. E esse sentimento transformado em versos e acordes formou essa música”. Matheus Coelho Lemos http://www.ministerioatorre.com (Banda)

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expediente

Ágora revista

Reitor Prof. Vitor Hugo Zanette

Professor Responsável Prof. Anderson Costa

Tiragem: 500 exemplares Impressão: Gráfica Unicentro

Vice-Reitor Prof. Aldo Nelson Bona

Editora-Chefe da Edição 07 Ana Carolina Pereira

Contato (42) 3621-1325 e 3621-1088

Diretor do Campus Santa Cruz Prof. Osmar Ambrósio de Souza

Assistente de Redação e Revisora Polyana Kovalyk

E-mail: agoraunicentro@gmail.com

Vice-direção de Campus Prof. Darlan Faccin Weide Diretor do Sehla (Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes) Prof. Carlos Eduardo Schipanski Vice-diretora do Sehla Prof(a). Maria Ap. Crissi Knüppel Dpto. de Comunicação Social Coord. Prof. Edgard Melech

Direção de Arte e Diagramação Final Anderson Costa

Capa Poliana Kovalyk

Equipe A: Bárbara Brandão, Ellen Rebello, Gabriela Titon, Helena Krüger, Kaio Miotti Ribeiro, Luciana Grande, Yarê Protzek

Todos os textos são de responsabilidade dos autores e não refletem a opinião da Unicentro.

Equipe B: Ana Carolina Pereira, Giovani Ciquelero, Hilva Nathana D’amico, Katrin Korpasch, Mário Raposo Jr., Poliana Kovalyk, Vinicius Comoti, Yorran Esquiçati.

A Revista Laboratório Ágora é desenvolvida pelos acadêmicos do 3º ano de Jornalismo da Unicentro.

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