Revista Rede Sul de Notícias - ED 02 - 2013

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O Outono do recomeço

Foto: Vinícius Maranhão

Depois de muitos anos, Guarapuava começa a estação das folhas somente com boas notícias. Nova administração municipal, esporte em alta no âmbito nacional e incremento no nível geral de otimismo são três acontecimentos que estão gerando excelentes expectativas.


“Do concurso fotográfico aos artigos de opinião, entremeados pelas reportagens, a repercussão foi grande e positiva”.

EDITORIAL

RSN em Revista é definitiva Alguns podem acreditar que se trata de um mero exercício de futurologia, mas os que conhecem a Rede Sul de Notícias (RSN) sabem que a RSN em Revista veio para ficar no mercado editorial. Esta edição 02 é um excelente indicativo disso. No Brasil, não são poucos os títulos que não passam do número 01. Dada a largada em dezembro passado, o grupo que pensa e edita RSN em Revista se lançou no processo de viabilização da sobrevida dela. E deu certo. Meses atrás, RSN em Revista deu o que falar no Paraná. No bom sentido, claro. Ou, como dizem os adolescentes, a RSN... chegou chegando. Do concurso fotográfico aos artigos de opinião, entremeados pelas reportagens, a repercussão foi grande e positiva. Não foram poucos os e-mails que chegaram à Redação com congratulações. Ou manifestações pessoais diante de nossa equipe. Desta vez, o mote do Outono serve como fio condutor. Procuramos, a começar pelo design da segunda capa, retratar aspectos desta interessante estação. Albert Camus, escritor franco-argelino e vencedor de Prêmio Nobel, disse que

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‘Outono é outra primavera, cada folha uma flor’. Nossa página 4 atesta isso. Uma imagem do Parque do Lago captada pelo fotógrafo Vinícius Maranhão corrobora tal visão. É neste mesmo Outono, por exemplo, que Guarapuava começa a se tornar notícia nacional por pequenas mas importantes conquistas. Depois de muitos anos de acontecimentos ruins (toneladas de batatas jogadas fora, acidente automobilístico envolvendo uma figura pública, morte de atleta em um ginásio, etc), o cenário parece estar se transformando: pouco antes do fechamento desta RSN 02, o Clube Atlético Deportivo (CAD) venceu dois dos mais fortes times do futsal brasileiro, Joinville e Carlos Barbosa. Uma reportagem à página 60 aborda esse aspecto. Vamos além: é nessa estação climática que o Hospital São Vicente de Paulo, de Guarapuava, começa a festejar seus 100 anos. A RSN tem contribuído enormemente, do desenvolvimento de uma ação que lançou um selo comemorativo dos 100 anos (em parceria com a Unicentro) ao encarte especial que está diante de seus olhos. É, os tempos em Guarapuava são outros. O clima (metereologicamente falando) está nesta fase de transição, entre o calor do Verão e o frio invernal. Mais do que isso, outros ventos sinestésicos no Terceiro Planalto estão em pleno alvorecer. Boa leitura!

expediente

Revista Rede Sul de Notícias - Edição de Outono - 2013 Produção: Rede Sul de Notícias - Diretora: Cristina Esteche Editor colaborador: Márcio Fernandes Redação e entrevistas: Cristina Esteche, Rogério Thomas, Caio Budel e Carol Rebello - Revisão: Carlos Fernando Huf Diagramação: Anderson Costa - Foto das capas: Vinícius Maranhão Colaboração: Erivelton Stocco e Viviane Siqueira Ribas Tiragem: Três mil exemplares - Circulação gratuita

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Guarapuava, pujante, moderna, limpa e hospitaleira, é a capital da região serrana do Paraná.

Foto: Arquivo pessoal

Região serrana é um leque aberto para o turismo

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Sociedade dos Amigos de Guarapuava quer transformá-la no oitavo produto turístico do Paraná

A altitude, as belezas naturais exuberantes, cachoeiras, folclore, gastronomia, história, e uma posição geográfica invejável são alguns atributos que fazem da região serrana um leque aberto para a exploração turística. De olho nesse potencial, a Sociedade Amigos de Guarapuava (SAG) quer tornar a região no oitavo produto turístico do Estado, a exemplo do que ocorre hoje com Curitiba, Foz do Iguaçu, Litoral, Costa Oeste, Campos Gerais, Londrina e Maringá. Com uma altitude que chega aos 1.300 metros na área rural e 1.120 na área urbana de Guarapuava, sua cidade pólo, muitos entendem que chegou a hora de explorar o potencial turístico da região. “Temos altitude, clima de estância, belezas naturais exuberantes, cachoeiras, saltos, rios, lagos, museus, folclore, gastronomia, história de mais de dois séculos e uma posição geográfica invejável, no centro do estado, entre Curitiba e Foz do Iguaçu, os dois principais destinos turísticos do estado”, elenca o 6

presidente da SAG, jornalista e corretor de imóveis Guaracy Ribas. Todo esse aparato natural torna a região um produto turístico, dotado de vários sub-produtos. Para comprovar essa afirmação, basta pegar a estrada e ir até o Salto de São Francisco, a segunda maior queda d’água do sul do Brasil, com 196 metros de altura. Em outro ponto, está o Salto Curucaca, na divisa com Candói, com 42 metros de altura e 68 de largura, e dezenas de outras cachoeiras em Prudentópolis e Turvo. “Temos também o maior museu entomológico particular da América Latina, com 60 mil insetos catalogados; o museu de história natural do Professor João José Bigarelli, com rochas, fragmentos de solo de várias partes do mundo e até ossada de baleia”, diz Guaracy, lembrando que todos são sediados no Parque das Araucárias, às margens da BR 277, no perímetro urbano de Guarapuava. No distrito de Entre Rios está a única comunidade suábia do mundo (romenos, austríacos e alemães da Bavária, o

Guaracy Ribas, presidente da Sociedade Amigos de Guarapuava, quer explorar o potencial turístico da região.

“Temos altitude, clima de estância, belezas naturais exuberantes, cachoeiras, saltos, rios, lagos, museus, folclore, gastronomia, história de mais de dois séculos e uma posição geográfica invejável, no centro do estado, entre Curitiba e Foz do Iguaçu, os dois principais destinos turísticos do estado”.


Fotos: Abimael Valentin

Parque do Lago, um dos cinco na área urbana

Catedral, com dois séculos de existência, tem muitas pinturas, afrescos e imagens antigas

Salto de São Francisco, com 196 metros, o segundo maior do sul do Brasil

Salto Curucaca, na divisa com Candói, outra bela cachoeira entre tantas no interior

estado mais próspero da Alemanha), espalhada em cinco aldeias, mantendo vivas suas tradições, folclore, danças, músicas, gastronomia, arquitetura e seu jeito de viver e produzir milho, soja, cevada, aveia, triticale e trigo. “Ali, além do museu da imigração, contando toda trajetória dessa gente laboriosa, o turista pode conhecer a maior maltaria da América do Sul, a Agromalte, uma das dez maiores do mundo. E pode

“Restaurantes de alto nível, inclusive, alguns servindo a cozinha típica regional como o charque, a minga a parte mais nobre da costela e o pirogue, da colônia ucraniana estão à disposição dos visitantes” .

saborear um chope natural no Donau Beer, degustando um gulach ou outros pratos da cozinha germânica”, enfatiza o entusiasta. De acordo com Guaracy, de cada 100 cervejas consumidas no Brasil 20 têm o malte cervejeiro da Agromalte. Com 194 anos, Guarapuava possui também um patrimônio histórico invejável, com seus prédios e casas preservadas e várias igrejas centenárias, como a Catedral Nossa Senhora de Belém, cuja imagem veio de Portugal no século XVIII. Hoje, a cidade está preparada para receber turistas, com uma rede hoteleira de bom padrão e excelentes pousadas na área rural. “Restaurantes de alto nível, inclusive, alguns servindo a cozinha típica regional como o charque, a minga, a parte mais nobre da costela, e o pirogue, da colônia ucraniana, estão à disposição dos visitantes”, diz. Para o jornalista e presidente da SAG, Guarapuava já está se consolidando como a cidade dos grandes eventos, destacando-se o Natal dos Anjos, com um coral de 3033 crianças, registrado no Guimess Book, como o maior do mun-

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Fotos: Abimael Valentin

do. O espetáculo da Paixão de Cristo, com mais de 800 atores, é apresentado na Praça da Fé, um dos maiores espaços ecumênicos do País, com capacidade para 60 mil pessoas. As Cavalhadas, o maior espetáculo do folclore paranaense, voltará ser encenado na “Praça de Guerra”, envolvendo mais de mil pessoas nas batalhas entre mouros e cristãos. O “Encontro da Melhor Idade” reúne anualmente idosos de vários lugares do Brasil, que por alguns dias respiram o ar puro da serra paranaense. Duas excelentes pistas de MotoCross, um moderno kartódromo e várias trilhas para enduros, se tornam palco para várias provas durante o ano. Os cinco parques urbanos são opções de lazer, com destaque para o Jardim Botânico recentemente inaugurado, com três lagos e uma estufa de flores, além do Portal do Turista a ser entregue em breve na BR 277. “Poucas regiões no Brasil possuem um potencial turístico dessa envergadura, num corredor por onde passam milha-

museu entomológico hipólito Schneider, no parque das araucárias

Colônia Suábia, no distrito de Entre Rios

Parque das Araucárias

“Os cinco parques urbanos são opções de lazer com destaque para o Jardim Botânico recentemente inaugurado, com três lagos e uma estufa de flores, além do Portal do Turista a ser entregue em breve na BR 277”.

res de pessoas todos ao dias. Temos ainda as águas termais e medicinais de Santa Clara, em Candói, São Francisco, Foz do Jordão e Virmond, além dos seis lagos das hidrelétricas para pesca e prática de esportes náuticos.É isso tudo que queremos transformar no mais novo produto turístico do Paraná”, desafia.

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Natal dos Anjos, com mais de três mil crianças, no guinness book


Fotos: Vinícius Maranhão

Desde menina sempre gostei de praticar atividade física. Por um lado, queria manter o peso mesmo comendo de tudo, principalmente doces e refrigerantes, que são meu ponto fraco. Assim, comecei a frequentar o Parque do Lago, em Guarapuava, juntamente com algumas pessoas da minha família. Como íamos quase todos os dias, foi fácil identificar as pessoas que passavam por ali, que também eram assíduos em suas atividades. Depois de 10 anos, continuo a caminhar pelos parques de Guarapuava. Hoje, prefiro ir até a Lagoa, por maior segurança, já que o Lago é um conhecido ponto de marginais que perambulam depois das 7 da noite.

Meu Lago, nossas vidas Por Carol Rebello

Em um desses meus “passeios”, deparo-me com um rosto conhecido, daquela época de menina que circulava pelo parque. Era apenas conhecido. Um homem, com mais de 40 anos, mas muito em forma. Seu corpo atlético, o que faz inveja a qualquer pessoa mais nova, inclusive eu. Não o conheço, mas sempre o via correndo - e muito -, o que despertou meu interesse de conhecer sua história com a corrida. Várias outras vezes já cruzei com ele, em uma dessas milhares de voltas que ele dá correndo pelos parques. Numa dessas vezes resolvi parar e conversar. Descobrir qual o motivo que o levava a correr, faça chuva ou faça sol. Apresentei-me e disse a ele que tinha interesse em saber um pouco mais sobre sua história. Ele foi solícito e assim tivemos o primeiro contato. Seu nome é Adrian Lira, ele é paulista e pelo emprego (trabalha na Copel de Foz do Areia, distrito vizinho), mora em Guarapuava. Seu interesse pela corrida começou por volta dos 14 anos de idade. Certa vez, um professor de Educação Física criou uma prova de corrida pelas ruas da cidade onde morava para a avaliação mensal dos alunos. Em um dia bastante frio, ele e mais 40 adolescentes fariam a prova. O percurso era longo e logo a vontade e o pique inicial foram diminuindo gradativamente. Foi aí que ele percebeu que não seria fácil chegar ao final, nem cumprir o percurso num tempo suficientemente bom para a avaliação. E lá foram. 9


Na metade da prova, já sem força e vontade, ele encontrou um amigo que brincou com sua colocação geral. Era um dos últimos do percurso, estando na metade da prova. Adrian até conseguiu chegar ao fim da avaliação, sua nota foi bastante baixa e com isso vieram as piadas dos amigos. Desde então, a corrida faz parte da rotina. Seu fôlego foi aumentando e ainda quando garoto conseguiu representar a escola em provas de corrida. E assim, como um hábito, a atividade física é feita ao menos quatro vezes na semana. Ao mudar para Guarapuava, vários trajetos da cidade foram experimentados, mas nenhum deles agradou o corredor. A cidade não dispõe de muitas calçadas e acaba sendo perigoso atravessar as ruas. O Parque do Lago foi o local perfeito: há 14 anos ele pratica o esporte no local - corre sete voltas diárias o que corresponde a aproximadamente 11,6 km. Como trabalha distante 100 km da cidade, a corrida foi para Adrian um cano de escape do estresse do dia a dia. Muito embora o exercício traga benefícios para a saúde, o fato de correr faz com que ele mantenha a rotina de disposição de levantar todos os dias às cinco horas da manhã e retornar para casa às 18h30. Por ser adepto do esporte, os filhos incentivaram Adrian a participar de competições. O mais novo, Gustavo, queria ver o pai na São Silvestre, a tradicional corrida de final de ano em São Paulo. Até então, as disputas tinham ficado no tempo de escola e só praticava por gostar de correr. Depois de muita insistência por parte da família, ele decidiu participar e iniciou a preparação para a competição. Num primeiro momento, seria necessário melhorar o tempo de corrida dia após dia. Assim fez - superou a marca do dia anterior e assim sucessivamente. Acontece que, com o passar do tempo, as superações já 10

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Ao mudar para Guarapuava, vários trajetos da cidade foram experimentados, mas nenhum deles agradou o corredor.

não eram tão rotineiras e trazia certa frustração, até que depois de repetidos insucessos se transformou em estresse. Após seis semanas de treino forte e intenso, o estresse foi acumulado e Adrian concluiu que aquela atividade de corrida, antes prazerosa, era agora mais uma forma de cansaço e irritação. Então, avisou a família que iria desistir da disputa e voltar a rotina de correr por correr, o que tem mantido até hoje. Um período complicado para esses amantes de exercícios ao ar livre são as épocas mais frias da cidade. O Outono e o próprio Inverno atingem temperaturas bem geladas que, acompanhadas dos ventos característicos de Guarapuava, tornam quase impossível seguir uma rotina de atividades. Nessa época, Adrian procura se proteger com agasalhos propícios para corredores. Nos dias que realmente não tem como sair de casa, ele opta pela caminhada e treina algo diferente em sua residência. Alguns treinos em academias foram feitos. Mas correr ao ar livre, com o céu como teto é bem diferente. Com isso ele não conseguiu se adaptar. Ultimamente, por ter mudado de residência, passou a correr na Lagoa das Lágrimas, mas quando pode volta ao Parque do Lago.


Foto: Vinícius Maranhão

saiba mais [

Por Amanda Constantini fisioterapeuta e mestranda em Atividade Física pela Universidade federal do Paraná.

1) Cuidados: com a diminuição da temperatura deve-se usar roupas adequadas durante a prática de atividade física, ingerir líquidos e ter uma alimentação balanceada. Deve-se cuidar também com a exposição por tempo prolongado a baixas temperaturas, que em ambientes abertos favorecem a perda de calor corporal. 2) Prevenção: assim como em outra época do ano deve ser realizado um aquecimento antes de qualquer tipo de exercício. Quando o aquecimento é feito de maneira adequada, ele previne que disfunções musculares aconteçam. Em um período mais o frio o organismo tem um processo gradativo de aquecimento e a preparação para a atividade física é realizar o alongamento seguido de um aquecimento, evitando possíveis lesões. 3) Alimentação: durante o inverno é comum que as pessoas ingiram um número maior de alimentos gordurosos. Por isso, é importante ressaltar a necessidade de exercícios físicos regulares, no mínimo três vezes na semana. Além disso, os exercícios devem ser realizados em associação com uma alimentação balanceada, para que se possa manter o peso durante todo o inverno. 4) Roupas: no outono/inverno é importante que as pessoas usem roupas adequadas para a estação. As partes do corpo que mais sofrem com o frio são as mãos, pés e cabeça. Por isso, é recomendado que as pessoas protejam essas partes do corpo. 5) Atividades: o bom senso é sempre recomendado. As roupas ideais devem ser leves, como calça e casaco de moletom. Nunca se deve exagerar no número de blusas para realizar exercícios, já que abafar o corpo com muita roupa o faz eliminar sais minerais em excesso, o que não é saudável.

Muitas roupas podem provocar desidratação. Por isso, evite roupas muito quentes e pesadas, que podem atrapalhar seu desempenho e seus resultados. Roupas com os tecidos tipo dri fit são recomendados, pois não retêm nem absorvem o suor, mantendo a roupa seca. 6) No frio: todos os tipos de atividades físicas podem ser realizados durantes dias ou estações com baixas temperaturas. O importante é tomar cuidado com os exercícios realizados ao ar livre, porque a temperatura externa é menor do que a de um ambiente fechado. Por isso, durante atividades ao ar livre cuidados com a roupa, aquecimento adequado, ingestão de água e aquecimento são estritamente importantes para manter a saúde dos praticantes. O importante nessa hora é aquecer bem o corpo antes de iniciar qualquer tipo de atividade. 7)Água sempre: mesmo no inverno, é necessária a ingestão de água antes, durante e após os exercícios. Recomenda-se dois litros por dia.

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Foto: Eduardo Germano Huf

Uma noite pra

não esquecer

[

Por Carlos Fern

ando Huf *

O momento mais aterrorizante foi quando Felipe, que fazia a trilha pela primeira vez, foi engolido por um vagalhão.

Para quem se dispõe a deixar os confortos da vida moderna por alguns dias, e dar asas ao atávico chamado da mãe natureza, um furo na previsão do tempo pode levar a situações limite, quando não fatais. Porque, se ela é generosa, também pode ser severa com quem subestima suas leis. Alguns anos depois da minha última caminhada pelos 80 km de Cananéia-SP a Paranaguá, resolvi aceitar, apesar de quase septuagenário, o convite do Cláudio, meu irmão caçula, para repetir a aventura. (Tá bom, eu é que me convidei). A meteorologia previa tempo bom a partir de 21 de fevereiro, uma quinta-feira, dia em que o grupo de seis pessoas desembarcou em Cananéia: Cláudio, técnico judiciário do TRT da 9ª Região, seus dois filhos bancários, Eduardo e Felipe, o sobrinho Tiago e seu colega Tchuk, ambos policiais militares em Joinville, e eu. Ao final do primeiro dia na Ilha do Cardoso, a armação das barracas, o prolongado banho na água do rio quase fervendo, pareciam prenúncio de delícias. Tchuk revelou-se um entusiasta por fogueiras, o que não tardaria a mostrar sua utilidade. Nem a chuva que caiu de madrugada preocupou.

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Dos seis, só os quatro já veteranos da jornada sabíamos que a pior parte viria no segundo dia: após a praia do Pereirinha, a passagem por um costão de 4 km, com vários trechos dificílimos, e no fim um local onde só se passa em segurança com a maré baixa. É um paredão liso, com uma passagem de uns quinze metros, sobre uma plataforma de 50 cm de largura, e o abismo abaixo. Com a maré alta, os vagalhões lambem a passagem com toda a força. Logo adiante, uma falésia obriga a um desvio de 2 km sobre um morro, numa trilha quase a prumo, sob mata fechada. Ao final, um mangue e um rio, que também só se passa na maré baixa. Logo adiante, a primeira casa de uma vila de pescadores. Chegamos ao costão pelo meio dia. Mal tínhamos iniciado o trecho, e desabou um aguaceiro, com vento forte. Voltamos até um depósito abandonado, e esperamos. Às 16,30h a chuva parou. Foi aí que tomamos a decisão errada: retomar a caminhada naquela hora tardia, em vez de dormir ali, e reiniciar pela manhã. A ideia era completar a passagem pelo costão antes do anoitecer, e fazer o restante da trilha à noite, à luz das lanternas. Só que faltou combinar com a natureza. Quando já estávamos num ponto de não retorno, voltaram a chuva e o vento forte. Caminhar sob chuva sobre pedras enormes e irregulares, num contínuo subir e descer, nos

atrasou de tal forma que no meio do trecho anoiteceu, e tivemos que seguir à luz das lanternas. Condição de acampar ali, nenhuma. O ponto mais dramático foi a passagem pelo paredão, já com os vagalhões da maré alta lambendo a estreita passagem. Cláudio então colocou em prática as habilidades não esquecidas de seus tempos de sargento do GOE, descendo as mochilas por cordas num ponto adiante. Depois, no intervalo das ondas corremos, um a um, pela estreita plataforma. O momento mais aterrorizante foi quando Filipe, que fazia a trilha pela primeira vez, foi engolido por um vagalhão. Foram segundos de uma eternidade angustiante, até que a montanha de água refluiu, e ele surgiu agarrado a uma providencial fenda na rocha, donde terminou a passagem. Iniciamos a subida do morro, usando pés e mãos, ao fim da qual a descida foi ainda mais difícil, na trilha escorregadia. Ao final, minha performance cardiorrespiratória me fez lembrar com carinho da Dra. Sonia Margarete Costa. E o esquecimento do joelho esquerdo agradeci em silêncio ao Dr. Décio Sanches Filho.

Da esquerda para a direita: Felipe, Cláudio, Eduardo, Tchuk, Tiago e Carlos

Fotos: Arquivo pessoal

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Fotos: Arquivo pessoal

Próxima etapa: passagem pelo mangue e o rio Cambriú. Eram onze horas da noite, e o rio virara mar. Enquanto sentávamos com as mochilas sobre algumas pedras, Cláudio fez o de sempre: nadou até o que seria a outra margem, onde sempre ficava uma canoa. Angustiantes 30 minutos depois, voltou com a má notícia: nada de canoa, e nadar os 500 metros pelo rio até a beira-mar, contra a maré montante, seria muito arriscado. Teríamos que esperar ali o amanhecer. Juntamo-nos no topo das pedras para esperar o sol. Tchuk sentara numa pedra mais baixa, e com a maré subindo acabou por ficar duas horas de pé. Aí, não aguentou. Colocou a mochila na cabeça, e com água pela cintura atravessou o mangue até a terra firme, no sopé da montanha. Então aconteceu algo inacreditável. Depois de observarmos, intrigados, a luz de sua lanterna andar para cá e para lá, de repente surgiu algo amarelo, que foi crescendo aos poucos. Finalmente, não tivemos mais dúvidas: ele tinha acendido uma fogueira! No meio daquela mata encharcada por um dia inteiro de chuvas! Foi a nossa salvação quando, às cinco horas da manhã e a maré já bem baixa, parou o vento, e os mosquitos pólvora nos atacaram com fúria. E enquanto alimentávamos a fogueira, Tchuk nos ensinou como fazer fogo no molhado: basta achar folhas mortas de taquara, que são finas e secam rápido sobre a chama de um isqueiro, e com paciência as ir acumulando até dispensar o isqueiro.

Dia claro, e novamente Cláudio atravessou o rio, agora bem estreito. Logo estava de volta com o pescador Queco e sua canoa. Após um lauto café feito por dona Augusta, mãe do pescador, as nossas carcaças exaustas roncavam nas barracas, enquanto o sol brilhava na praia deserta. Sob sol e chuva intermitentes, seguimos no dia seguinte, domingo, até a vila de Marujá, onde dispensamos as barracas e pernoitamos na pousada do Sr. Ezequiel e dona Iracema. Segunda-feira seguimos até a Barra de Ararapira, final da Ilha do Cardoso, onde acampamos sob as árvores da casa dos irmãos Domingos, Aires, Tereza e Maria, nossos velhos amigos de jornadas anteriores. Pela manhã de terça-feira, com chuvas torrenciais se anunciando novamente, resolvemos abortar o trecho final, pelos 32 km das praias da ilha de Superagui. Embarcamos num barco camaroneiro que por acaso voltava à vila de Superagui, e em seis horas de viagem conhecemos outra maravilha, o labirinto de canais que separa a ilha do continente. Surpresa foi o ir e vir de modernos barcos amarelos pelos canais, com a inscrição ‘escolar’. Somada à luz elétrica à base de placas solares, sinal de novos tempos. Novo pernoite na vila de Superagui, e às sete da manhã da quartafeira, novamente sob chuva, embarcamos no moderno barco para 100 passageiros, que faz a linha de Paranaguá diariamente. E daí, cada um para casa, para curar as bolhas nos pés, curtir no sofá a lembrança do costão inesquecível, e postar no Facebook as provas da façanha. * Carlos Fernando Huf é jornalista.

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Fotos: Vinícius Maranhão

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em o n a o d s e õ ç esta

llo

Por Carol Rebe

com ser nas blusas, à mostra. Pode aias, (s ta al a o os de cintur an id gu do se es ps çõ to ta es saia que s mulheres as tações orts) ou a calça/ tas es sh s ou da a as lç oc tr ca ara a maioria da A gosto a mais. ente s à mostra. Mui deixa as canela chegam com um s roupas também. Principalm s looks, que a na já desfilam esse a, todas as av as os . pu m ra fa significa a troc ua G te em bém na cidade especificamen , os olhos do chegando tam s cheinhas so o is tã r es Po . as no Sul, e mais id e as mai o são bem defin ines para acompanhar o lto Vale lembrar qu estações do an tr vi às opped mais so m de to en se pr m usar o p cr ve s de da . ja sexo feminino as se di de car as in nos próximos para evitar mar e blusa que será usado e qu o contraste entr O do s. tu ha ar in pr ur m rd co go os armosa a o conseguim s agrada. Além ia alta deixa ch no sa a e a od rt Muitas vezes nã m cu é e qu ente para a, e nem tudo composição. estará na mod feitas propriam O que o sã s ça pe as . m is gu ra al ltu e cu qu s calças rpos es é claro, iser apostar na s e altas, com co qu la m re s. ai ue ag Q m rm s no la ho aque meras deve ficar de ol m muitas de nós, e saias cropped co m be foge à linha de ar am nh fic pa s . As alta os acom ra m tu va ta o es nã s e na ai qu m . As esse motivo justos ou largos peças e a coleção qu os s el re Mas não é por od co m e s do m optar em cidade. as peças, teci baixinhas deve e opinar sobre qualquer loja da em a é, nt ntrapor uma se so re is h, ap A o ernas! . Vale sempre co od as m st , ju es Outono/Invern mpre dá nt ca ar lindas, m outra justa, se o m sã co s a ça rg pe la s ça ta pe Mui m ser da um! las de fora pode ca ne ca de s o A st o. go rt o ce pr calçado e e as de um belo a manguinha, ad nh um pa va ua om p ac ra e em Gua ra esquentar uroso. O Outono ped e luvas. Tudo p um cinto glam as ot b e s co sa tiques para ca ou s, b e ze s ve ja s lo ta , mui ruas s também isso, fomos às chique spikes e paetê r , te Po os en lh a. ri d am b lin s os O ar er e fic verno. O ar pod nos dias de in época de and o sa aç es p e es qu o o rã r te ve p de linha inua sendo to dourado cont nos reserva. a total. Desde vêm com forç couro e , as ria lç ta ca ia as fa e al o ostas sã moda As principais ap estação está super em alta a corpo sa do es a N ix . fa transparências uma pequena da mais é que na e qu d, pe op cr

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Fotos: Vinícius Maranhão

de ta. O degradé , cigarretes e re bém será visto as on al nt pa , as skinny boreal tam bram a aurora resina. cores que lem mo a sarja com co m be o, çã ta nas peças da es s peças m faz parte da bé m ta za re tu A na temperatura dias em que a o os ra pa as id xturas imitand produz bichos terão te s O s a. ei ix pt ba ré s ai s, está m leopardo les. São onças, s desenhos e pe leiras, com core ge s A as lhagens. fo rm a fo s as do m ra tu co is m e brancos, as nz ci s, ui az e cristais. em tons de e imitam a água geométricas qu i inspirado das roupas fo o oc rr Ba to sa tendência O momen da realeza. Es s ia ôn m ri ce our. Nos nas grandes uinte e o glam q s re o a, ci ên brilhos, aplique traz a opul m: dourados, ce ue le q s va re co p es s elemento ludos e arab as texturas: ve e bordados. N ticação. garantem sofis as que ento são textur om , m do da brasões, botões Outra on res, estampas, Co ha s. el re rm ta ve ili r m lembrem iformes. A co que lembre un calor, lapelas e tudo smite energia, an tr a El . ue aq st a até também terá de o. As variações vão do laranj eg fogo, paixão e aconch em a chamas de et m re s pa m o vinho. As esta e quente. inverno gelado um s, õe os pl ex m, e ainda as do que há de bo branco sempre tu é r na bi m Co eto e ocromáticas. Pr o será desfilado por ss produções mon di to ui mente, e m casam perfeita . as di os s próxim Guarapuava no

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Fotos: Vinícius Maranhão

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SAIBA MAIS Antes de afirm ar que todas as mulheres gost am, acompan ham olham e usam aquilo que está , na moda, conv ersamos com dez mulheres de 14 a 30 anos para saber suas op iniões sobre o assunto. Todas responderam que olham, sim, a vitrine. As respostas va moda, desde aq riam muito sobre ue ter tudo que no las que adorariam s foi imposto co mo moda até aque las que não lig am, que olham as roupas por olha r, mas que não vi vem em função de modismos impostos por um a sociedade cons umista. Entre as mesm as mulheres, fo perguntado o i que mais se go sta de comprar e 80 % delas prefer em sapatos a roup as. Segundo es sa maioria os sapa tos fazem com que as mulheres se sintam muito mais poderosas, prin cipalmente se tiver um belo salto.

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Foto: Arquivo pessoal

Firme, decidida, dinâmica, Noeli é daquelas mulheres que não param nunca. Cuida do trabalho, da casa, dos filhos, e da administração municipal ao lado do esposo, Marcos, prefeito de Turvo.

MULHER

Como uma leoa Se existe algo que marcou a vida da secretária municipal de Assistência do Turvo, Noeli Seguro, foi ouvir uma senhora que nem a idade sabe, dizer que a “muié do prefeito” mudou a sua vida, enquanto a abraça carinhosamente. Sem certidão de nascimento, cega, abandonada pelos filhos, a idosa vivia em meio a cachorros, num casebre, em condições sub humanas. Noeli não poupou esforços, buscou, remexeu, incomodou e conseguiu um benefício mensal. Construiu uma casa com doações de voluntários, propôs a uma das filhas assumir os cuidados com a mãe, e hoje a idosa está feliz da vida. Esse é apenas um exemplo em meio a tantas outras ações de sucesso. Formada em letras anglo (português-inglês) com pós graduação em gestão escolar, acredita que a vida de professora já é uma doação. “É uma pedra boa no nosso sapato”, diz. Dali para assumir uma secretaria que trabalha e cuida diretamente das pessoas não foi difícil. Firme, decidida, dinâmica, Noeli é daquelas mulheres que não param nunca. Cuida do trabalho, da casa, dos filhos, da administração municipal ao lado do esposo, Marcos, prefeito de Turvo. “O fato de ter uma pessoa firme ao nosso lado ajuda demais. Ela é uma heroína na vida pessoal, cuidando de dois filhos adolescentes, porque eu sou um pai muito ausente. A Noeli é firme, forte e justa, me ajuda nas decisões e ao mesmo tempo é companheira, uma mãe preocupada com a educação dos filhos e com a comunidade”, elogia o esposo fazendo parte da conversa. “Sempre gostei de desafios, a gente não vem do nada. Em uma época eu fiquei muito doente

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e recentemente com doença do meu pai, meus irmãos dizem que eu sou forte como minha mãe. Essa garra e força eu herdei dela e só descobri isso agora”, reconhece. Para Noeli, nada acontece por acaso. “Comecei a trabalhar muito cedo como secretária em uma escola, aos 18 anos fui trabalhar numa instituição bancária, onde fiquei durante 11 anos. Houve momentos em que assumi a gerência, em outros coordenava vários funcionários e isso me ajudou muito, me deu muita bagagem. Por 8 anos lecionei para alunos de escola pública e quando entrei na Prefeitura já estava preparada. Estudei muito, e quando tenho que bater o martelo eu tenho discernimento. Aprendi com as pancadas que a vida me deu”, diz. A receita para Noeli é tão simples como a de um bolo caseiro. “Eu tomo a iniciativa, não espero que os outros façam as coisas. É assim sendo esposa de político, que não é nada fácil. Temos uma relação de cumplicidade e isso me dá segurança, mesmo porque as personalidades não permitem trapaças num relacionamento conjugal. Entre eu e o Marcos existe admiração mútua”, revela. Embora seja uma pessoa que não se permite ficar parada, em meio à agitação do dia a dia, Noeli não abre mão de uma coisa: preparar as refeições. “Esse é um momento sagrado, de convívio familiar. A minha família está em primeiro lugar. A vida é tão fugaz, e momentos como esses me realizam, embora o meu erro é não comemorar as minhas conquistas, porque parece que eu fiz tão pouco, a não ser somente a minha obrigação”.


Fotos: Anderson Costa

R. Azevedo Portugal N. 1599, Centro Guarapuava - PR


Violência contra a mulher

“Se não for minha, não será de mais ninguém” Medo: talvez essa palavra de apenas quatro letras seja a mais correta e a mais forte para apontar o principal motivo no constante aumento nos casos de violência doméstica. Diariamente os boletins das polícias Civil e Militar trazem vários casos de agressões, principalmente a mulheres. Engana-se quem pensa que esse fato aumenta apenas nos grandes centros. Em Guarapuava a realidade vem se mostrando dura dia a dia para as mulheres. Na tarde de 12 de maio, Dia das Mães, um crime bárbaro chocou os guarapuavanos. E não foi o primeiro. Por ciúmes, um mecânico matou a exnamorada com três tiros e ainda atirou no amigo dela. Segundo depoimento de amigos da mulher assassinada, todos tinham almoçado num dos restaurantes de Guarapuava para festejar o Dia das Mães. “Era por volta das quatro horas quando chegamos aqui na casa dela. O mecânico pulou o muro e chegou atirando e dizendo que ia matá-la. Não deu tempo de fazer nada. Por pouco ele não atirou na criança e em nós. Acho 20

que faltou bala porque ele disparou seis tiros”, contou uma testemunha. Ainda segundo relatos, o ciúme do mecânico era tanto que ele chegou a pôr vidro fumê na residência onde manteve relacionamento com a vítima por oito meses. O objetivo era escondê -la, para que ninguém a visse andando pela casa. Além disso, o portão e a casa eram trancados e o mecânico ficava com as chaves, mantendo-a praticamente em cárcere privado no período em que ele estava no trabalho. Ciúme, sentimento de posse, rejeição, descontrole, afinal o que leva um homem ao extremo de tirar a vida de uma mulher, na maioria dos casos mulheres com quem ele (assassino) conviveu por certo período? No caso do mecânico que assassinou a ex companheira e atirou em outro homem, há ainda um agravante: o irmão dele também já foi acusado de ter tentado matar a ex companheira. Será que o crime pode estar no gene de uma pessoa? Será que uma família pode ter mais do que um assassino?

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Ciúme, sentimento de posse, rejeição, descontrole, afinal o que leva um homem ao extremo de tirar a vida de uma mulher?

Delegacia da Mulher Criada com a finalidade de amparar as mulheres e punir os agressores, a Delegacia da Mulher de Guarapuava ainda não consegue exercer plenamente o seu papel. A falta de estrutura física e humana é evidente. De acordo com o delegado chefe da 14ª Subdivisão Policial, Italo Biancardi Neto, a Delegacia da Mulher, por ser especializada, precisa de uma titular, de mais estrutura e de pessoal. “Hoje temos uma escrivã e uma estagiária de psicologia, e o delegado operacional da 14ª SDP Alexandre Rorato Maciel


responde cumulativamente pela DM. Nós também, eu e o Alisson (delegado adjunto) também atendemos quando estamos de plantão”, disse o delegado. O que se passa na cabeça do agressor? Como avaliar a mente do agressor? O que ele pensa? É um assassino, um psicopata ou é alguém que tem o sentimento de posse sobre a mulher? Na opinião do delegado Italo Biancardi Neto, vários fatores influenciam na mente do agressor. “O machismo do brasileiro ainda é muito forte na nossa sociedade e faz com que as mulheres sejam submetidas a várias situações”, diz. Segundo o delegado, o homem não protege as mulheres. “O homem deveria ter alguns comportamentos pró ativos que permitissem a liberdade de circulação das mulheres, a liberdade de escolha sexual”. Italo cita como exemplo, medidas simples

que poderiam ser feitas. “Limpar um terreno baldio que deixa a mulher em situação de vulnerabilidade”, observa. A falta de compreensão, de romantismo, de companheiro do homem para com a mulher e também transtornos comportamentais são outro fatores levantados pelo delegado. “O homem não reconhece as diferenças e acaba subjugando a companheira. Há outros que batem e matam por sadismo. Há muita falta de educação. Uma vez que as diferenças sejam reconhecidas e respeitas a situação da violência contra a mulher tende a melhorar”, afirma. Lei Maria da Penha A Lei Maria da Penha tem como ponto forte a medida protetiva, que afasta o agressor da mulher que se sentir ameaçada. Se o homem chegar perto da vítima, ele é preso em flagrante. Antes, não tinha como afastar o agressor. Com a lei, o juiz criminal providencia a medida protetiva rapidamente. A Lei, de número 11.340/2006, faz referência à farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, que ficou paraplégica em consequência de duas tentativas de homicídio praticadas pelo marido. Diante da impunidade do crime, organizações de defesa dos direitos humanos apresentaram denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. Reconhecendo a omissão do Estado brasileiro, a Comissão aceitou a denúncia contra o Estado brasileiro e determinou expressamente, além do julgamento do agressor, a elaboração de lei específica relativa à violência contra a mulher.

SECRETARIA DA MULHER

Guarapuava avança nas políticas públicas para mulheres Uma campanha está sendo realizada para conscientizar a mulher a denunciar o abuso e o assédio sexual que sofre. Em Guarapuava a criação da Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres representa um avanço. A clareza com que a secretária municipal Eva Schran trata o trabalho evidencia que neste primeiro ano o tempo é de organização, de busca por parcerias. A maioria das ações da Secretaria passa pela transversalidade, pois não é possível falar em saúde da mulher sem dialogar com outras secretarias, com órgãos de segurança pública, com entidades que promovem cursos de capacitação, com quem promove o trabalho e a educação. “O nosso diálogo está sendo com todas as secretarias da Prefeitura, com

todos os órgãos e entidades. Em parceria com o Senai estamos realizando cursos de capacitação e já firmamos o compromisso de iniciar outro curso, desta vez na área de inclusão digital”, disse Eva Schran, que também é vice-prefeita do município. O tema da violência contra as mulheres, que é uma das diretrizes da Secretaria, tanto em função do mapeamento da violência que foi publicado em nível nacional onde Guarapuava “amarga” o 96º lugar em homicidios e o 11º no Paraná, assim como pelos episódios que ocorreram este ano em Guarapuava, é um dos primeiros temas a ser trabalhados. Uma campanha está sendo realizada para conscientizar a mulher a denunciar o abuso e o assédio sexual que sofre. Paralelamente, outros temas pautam a Secretaria e falam sobre os direitos da mulher, dizendo para a sociedade porque a Secretaria foi criada, porque o gestor público tem que ter uma atenção às especificidades e às demandas próprias das mulheres. “A informação é indispensável para que a mulher possa estar consciente da importância que tem no contexto da sociedade”, observa. De acordo com Eva Schran, um dos principais eixos trabalhados é a igualdade de gênero que começa nas escolas. “Esse trabalho começa agora para ter um resultado a longo prazo”, afirma. 21


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Foto: Arquivo pessoal

VINICIUS TRAIANO

A paixão pela saúde pública Vinicius Traiano é um apaixonado pela saúde. Não foi à toa que escolheu a odontologia como profissão e não foi em vão que aceitou assumir a chefia da 5ª Regional de Saúde. Os avanços da descentralização da Secretaria Estadual de Saúde já podem ser vistos em todas as áreas de atendimento. Uma gestão com portas abertas, conversa franca com os funcionários e acesso livre ao Governo do Estado. É assim que Vinicius Traiano resume o seu trabalho, que se traduz em obras. “Há 12 anos que não havia investimento algum na área de saúde por parte do Governo do Estado, em Guarapuava. Hoje temos obras concluídas no Hospital São Vicente, com reformas e ampliação das UTIs e recepção do hospital. Estamos construindo em anexo mais 50 leitos. Elevamos o teto financeiro de hospitais de Guarapuava, Pitanga, Laranjeiras do Sul, Pinhão e Prudentópolis. Foram investidos ainda R$ 280.000,00 para compra de equipamentos para UTI em

Laranjeiras do Sul; para o Hospital São Vicente, além da reforma, conseguimos 5 incubadoras de parede dupla, 7 monitores e 1 respirador, essenciais para o funcionamento da UTI NeoNatal. Credenciamos a cirurgia bariátrica no Hospital Santa Tereza pelo SUS; inauguramos a Farmácia do Paraná em um local apropriado, com rampas e sanitários adequados, já que o nosso paciente na maioria é idoso e crônico. Também criamos um programa de qualificação profissional para farmacêuticos”, lista Traiano. Com uma visão de quem administra de forma compartilhada, o chefe da 5ª Regional não quer os méritos só para si. “Tudo o que conquistamos foi feito com uma equipe pequena, aguerrida e motivada, sabedora de suas responsabilidades”, conclui. Tendo a responsabilidade sobre a saúde pública em 20 municípios da região, num universo que soma cerca de

“Há 12 anos que não havia investimento algum na área de saúde por parte do Governo do Estado, em Guarapuava”.

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500 mil pessoas, Traiano não deixa de mencionar o trabalho que vem sendo feito pelo Hemocentro de Guarapuava. “Com uma reforma administrativa reduzimos plantões e horas extras, e mantivemos a produção. Implantamos um modelo de gestão que otimiza os recursos públicos. A humanização e a valorização da equipe elevou a autoestima e resultou na otimização do atendimento”, afirma. HÁ 10 ANOS EM GUARAPUAVA O cirurgião dentista Vinicius Traiano nasceu em Francisco Beltrão, cresceu em Santo Antonio do Sudoeste, e ainda jovem mudou-se para a capital. Depois de formado passou a residir em Guarapuava no ano de 2003, quando foi trabalhar no 26º GAC-Grupo de Artilharia e Campanha. “Eu já namorava há cinco anos uma guarapuavana e vim morar em Guarapuava, onde estou há 10 anos”. Começou em um consultório odontológico onde trabalhava com a esposa Ana Paula. “Sempre trabalhei no mesmo local e busquei qualificação profissional”. Com o tempo o consultório tornou-se uma Clínica: Traiano Odontologia Especializada. Hoje três profissionais especializados atuam em todas as áreas da Odontologia. Em 2004 Traiano começou a atuar na ABO-Associação Brasileira de Odontologia, em Guarapuava, entidade na qual foi diretor, vice-presidente e presidente. “Quando presidi a entidade, a primeira coisa que fizemos foi tirá-la da sala na Rodoviária Municipal e profissionalizá-la. Fui presidente até 2010”. 24

“Quando presidi a entidade, a primeira coisa que fizemos foi tirá-la da sala na Rodoviária Municipal e profissionalizá-la”.

Além da política institucional, Vinicius Traiano é atraído pela política partidária. Afinal é filho do deputado estadual Ademar Traiano, líder do Governo na Assembleia. Filiado ao PSDB, ele já conquista o seu espaço como liderança na região a partir do trabalho que vem desenvolvendo na 5ª Regional de Saúde. “Hoje o político da família se chama Ademar Traiano. Sou grato ao prefeito Cesar Filho por ter acreditado e aberto essa possibilidade de me colocar como uma pessoa próxima a ele e de sua confiança”, diz. Ainda com o desafio de reduzir a mortalidade infantil em Guarapuava e região, que já caiu de 19 para 17 mortos para mil nascidos, e de tornar eficiente o atendimento na atenção primária, Vinicius diz que trabalha com os “pés no chão”, mas que já sente orgulho de entrar na 5ª Regional e ouvir as pessoas dizerem que a sua gestão já provoca transformações. “Sei que ainda temos metas para atingir, como a mudança da sede da Regional e Consórcios, implantação de serviço integral de Saúde Mental, e um ambulatório para gestantes de alto risco, que pretendemos concluir até o fim desta gestão”, assegura Traiano.


Foto: Vinícius Maranhão

Parceria resulta em visual para centenário RSN e Unicentro criam selo para os 100 anos do São Vicente Até o mês de março de 2014 todas as correspondências e eventos promovidos pelo Hospital São Vicente de Paula serão estampados com um selo comemorativo aos 100 anos do hospital. O selo é fruto de uma parceria entre a Rede Sul de Notícias e a Coordenadoria de Comunicação Social da Unicentro, que se uniram na criação do mote comemorativo. O selo também recebeu espaço especial no memorial dos 100 anos do Hospital, que tem uma ala específica dentro das dependências do São Vicente. A capa desta edição da Rede Sul em Revista tem uma ilustração em alto relevo do selo comemorativo aos 100 anos do Hospital São Vicente de Paula.

Hospital

São Vicente 25


HOSPITAL SÃO VICENTE

Um século de trabalho pela

vida

U

ma construção com base secular, com pinceladas de modernidade e tecnologia de ponta na parte interna, abriga uma atividade que cuida da vida num universo de cerca de 500 mil pessoas. Ali, bem no coração da cidade, na Rua Marechal Floriano Peixoto, está o Hospital São Vicente de Paulo, uma instituição de caridade cuja localização oferece a vista de um dos mais belos pontos turísticos de Guarapuava: a Lagoa das Lágrimas. Nome sugestivo? Pode até ser. Afinal, o hospital protagoniza, há um século, lágrimas de alegria para familiares de quem nasce, ou se recupera, e de tristeza para aqueles que “perdem” alguém que já cumpriu a sua missão na vida terrena. São 100 anos de história marcados pela luta que passa por profissionais que ajudaram a escrever essa história, e por outros que ainda prestam serviço à instituição, por aqueles que doam parte do seu tempo como voluntários para manter administrativamente a estrutura, pela caridade e benevolência de todos os seus anônimos atores. São 100 anos de tradição em saúde, marcados agora pela consolidação do Hospital São Vicente de Paulo como referência regional, a partir de investimentos governamentais, pela humanização do atendimento, pela ampliação de 50 novos leitos e implantação de novas UTIs (Unidade de Terapia Intensiva), entre outros investimentos. São 100 anos de muito trabalho, dedicação, dificuldades, mas acima de tudo de solidariedade. O Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, entidade filantrópica sem fins lucrativos, fundado em 01/02/1913, atende a população de Guarapuava e região, direcionando cerca de 90% de seus atendimentos para pacientes do SUS – Sistema Único de Saúde, em diversas especialidades, entre elas: Cardiologia Clínica

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e Cirurgia Cardíaca, Oncologia Clínica e Cancerologia Cirúrgica, Ortopedia, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Hematologia, Neurologia, Neurocirurgia, Clínica Cirúrgica Geral, Cirurgia Vascular, Hemodinâmica e Urologia. A instituição vem ao longo destes anos buscando sempre atender da melhor maneira possível à população, que atualmente é composta por 20 (vinte) municípios integrantes da 5ª Regional de Saúde, perfazendo, segundo dados do IBGE, 497.887 (quatrocentos e noventa e sete mil, oitocentos e oitenta e sete) habitantes. Hoje, o Hospital encontra-se numa fase de expansão e modernização: reformas e ampliações das instalações físicas, tecnologias e ampliação de serviços,visando um atendimento com qualidade e precisão das mais diversas patologias, com o uso de equipamentos avançados e profissionais qualificados. O Hospital prepara-se para as comemorações do seu centenário, com vários projetos em andamento, com a participação contínua da comunidade, em campanhas permanentes e temporárias. Graças a toda essa generosidade e perseverança foi possível chegar até o presente, sempre visando a qualidade e buscando a melhoria contínua no atendimento.


Ilton Borazo

Uma vida de doação diretoria seria composta por pessoas como o Abrão Haick, o Leopoldo Bischof, o Romeu Bastos (Tio Capa), eu entrei e fomos tocar o hospital. Fizemos uma comissão e fomos atrás do Dr. Euripio Rauen, e dissemos que ele estava intimado a ser o coordenador, e aí foi o nosso começo”. De acordo com Borazo, até então o São Vicente era administrado pela família Cleve, tendo à frente Daniel Cleve, que deixou a função pela idade avançada. “Trabalhamos muito junto com as irmãs, mas anos depois a congregação das irmãs deixou de atender hospitais e as freiras foram embora”. Desde esse tempo a falta de recursos financeiros sempre permeou a contabilidade do hospital. “Nunca tivemos um ano em que pudéssemos dizer que o balanço não fechou no vermelho, e que as contas estivessem em dia. Sempre se falou em milhão. Hoje com o apoio do secretário Cezar Silvestri e do ex-deputado Cesar Filho conseguimos grande quantidade de aparelhagem: o Centro Cardíaco, reformas, mais leitos de UTI, e a parte imobiliária que está às mil maravilhas, mas o atraso do SUS complica a situação”, observa.

Foto: Vinícius Maranhão

Meio século de doação ao Hospital São Vicente e muita história para contar. É assim que o técnico em contabilidade Ilton Borazo, 80 anos, define a sua trajetória de voluntariado no Hospital São Vicente de Paulo. “Eu já passei por diversos cargos. Já fui conselheiro, responsável pelo setor financeiro e hoje estou no Conselho Fiscal”, diz. A história do iratiense se entrelaça com o hospital na formação da sua família. “Quando saí do Exército, no Rio de Janeiro, recebi um convite para vir trabalhar numa madeireira em Guarapuava. Tempos depois me casei com a dona Lorena e tivemos pressa em formar a nossa família. Quando os cinco filhos começaram a nascer éramos atendidos no São Vicente. Quando estava desmamando um já vinha o outro”, relembra, rindo. Essa proximidade fez com que dona Lorena se tornasse amiga de uma das freiras que atendiam o hospital de caridade. “A madre nesse tempo era a Irmã Alice e tinha a Irmã Ildefonsa, que era a parteira e que se tornou uma grande amiga da minha esposa. Isso gerou um vínculo. Um dia fui convidado a entrar na diretoria para ajudar o hospital”, relembra. “Como a

“Trabalhamos muito junto com as irmãs, mas anos depois a congregação das irmãs deixou de atender hospitais e as freiras foram embora”.

Fotos: Vinícius Maranhão

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HOSPITAL SÃO VICENTE

Era um

casarão de taipa

Um casarão de taipa com assoalho de madeira, portas com três metros de largura, bem diferente das atuais e um estado precário demonstrando a falta de manutenção. O local, que era um leprosário e foi doado por dona Rosa Laura Siqueira, uma das pioneiras em Guarapuava, se transformou no hospital de caridade que hoje é referência regional. “Era bem ali, naquela parte onde hoje tem um laboratório”. É assim que Ilton Borazo descreve a primeira construção do Hospital São Vicente de Paulo. “Quando assumimos, a gente tinha um estudo para construir uma maternidade. Para arrecadar recursos fizemos uma bruta festa. Ganhamos bastante gado dos fazendeiros e depois eu saí pedindo tijolo de olaria em olaria ali em Prudentópolis, e o material que faltava pedia no comércio. Não sei quanto tempo levou, mas conseguimos. Mas ainda era preciso reformar o casarão velho e aí entra uma pessoa que foi muito importante, que é o Álvaro Buch. Ele era sócio da Pinho Past, empresa que tinha uma receita muito boa e ajudou muito”, conta Borazo. A maternidade foi construída e hoje homenageia Eurípio Rauen.

“Aprendi uma lição de humildade” Foto: Vinícius Maranhão

O professor Huberto Limberger folheou as atas escritas no tempo em que foi vice, e posteriormente provedor, lá na década de 80. Foi como se voltasse ao passado para trazer os fatos da época à atualidade. “O maior problema da saúde sempre foi a falta de recurso financeiro. Não consegui fazer muita coisa por falta de dinheiro”, diz. “A nossa moeda ainda era o cruzado, depois o cruzeiro novo e real. Tínhamos falta de médicos, principalmente plantonistas. Tivemos que contratar médicos de fora para que os pobres não ficassem sem atendimento. Sim, porque o Hospital São Vicente é um hospital de caridade”, observa. O atraso no repasse das verbas do SUS (Sistema Único de Saúde), é um denominador comum nestes 100 anos de história. “Naquela época era o INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social). Havia atraso no pagamento de fornecedeores, do pessoal. Era muito difícil, mas a cidade era menor, os municípios da região também eram menores e Guarapuava possuía seis hospitais”. O ex-provedor, hoje conselheiro fiscal, começou a ser voluntário no São Vicente em 1986, quando foi vice provedor na diretoria encabeçada por Eduardo Kuster (já falecido). Dois anos depois tornou-se provedor. “Fui convidado e aceitei, pois a nossa diretoria era composta por José Canestraro, Euripio Rauen, Leopoldo Bischof, Abrão Haick, Osvaldo Rocha e outras pessoas da sociedade. Não fiz grandes 28

obras, mas dediquei o meu tempo diário. Foi um ano muito dificil, mas fiz o que pude, o suficiente para a saúde. Nosso equipamento era sucateado, o quadro clínico era pequeno. Lembro que a dona Maria do Rocio Burko se propôs a reunir um grupo de mulheres para buscar recursos e ajudar a manter o hospital”. Huberto Limberger foi provedor até 1989, sendo substituído por Euripio Rauen. “Acho que dei uma contribuição e me sinto realizado. Aprendi uma lição de doação com as irmãs que trabalhavam no hospital. Tive uma participação social, e como cidadão com a responsabilidade de compartilhar e tendo como ensinamento o que o Senhor nos diz: “ama o próximo como a ti mesmo”.


Foto: Vinícius Maranhão

A receita é o atendimento humanizado Mudança no conceito de atendimento, passando a primar pela humanização, tecnologia de ponta, reformas, ampliação. Esses são itens que pautam o Hospital São Vicente de Paulo neste centenário. O velho casarão de taipa evoluiu e deu lugar a uma área construída de 8 mil metros quadrados, contando com 154 leitos ativos (sendo 110 conveniados ao Sistema Único de Saúde), divididos em: clínicas médica e cirúrgica, pediatria, obstetrícia, neurologia, oncologia, pronto-socorro, UTI geral, pediátrica e neonatal. As enfermarias destinadas ao SUS são todas constituídas por três leitos e banheiro privativo, possibilitando uma melhor qualidade nos serviços prestados ao paciente. A atual estrutura compreende ainda três ambulatórios, sendo: especialidades, SAS e oncologia (quimioterapia). São 12 consultórios, duas salas com seis poltronas cada, e dois leitos para quimioterapia. Encontra-se em fase de execução um espaço para mais 50 leitos, com ampliação de área construída em mais de 1.200 metros quadrados. A previsão para o término da construção é de um ano, e os recursos são oriundos do Fundo Estadual da Saúde, através de convênio com o governo estadual. As novas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) já foram inauguradas. Ao todo, os investimentos somam R$ 3,8 milhões, dos quais R$ 1,1 milhão para as unidades de terapia intensiva (adulto e neonatal), pediatria, neurologia e recepção, e outros R$ 2,7 milhões para a ampliação no número de leitos. Por ser uma entidade de caráter filantrópico, e especialmente de utilidade pública (decreto municipal nº 499/67, estadual nº 6.138 e federal 73.729) quem administra o Hospital São Vicente é uma diretoria executiva e conselhos deliberativo e fiscal, cujos membros são eleitos em assembleia geral

As verbas estão sendo aplicadas principalmente em obras de reforma e reestruturação, necessárias para a continuidade do atendimento com qualidade.

e desempenham seus cargos sem remuneração. O responsável legal pela entidade é o provedor, porém este divide as responsabilidades com os demais membros da Diretoria Executiva, como tesoureiros e conselheiros. As decisões que mais impactam financeiramente ou nos objetivos do Hospital são discutidas em assembleias gerais ordinárias mensais, e extraordinárias, e votadas por todos os membros presentes. A provedoria que respondia até março de 2013, tendo à frente o advogado Antonio Cezar Ribas Pacheco, preocupou-se com as dificuldades financeiras enfrentadas pela instituição, que aos poucos estão sendo sanadas. Para isso, houve uma grande mobilização da diretoria e conselhos para a sensibilização da comunidade, empresários, fornecedores e autoridades. Dessa forma, foram estreitados os laços com alguns órgãos, e dessas parcerias a instituição foi beneficiada com recursos financeiros e equipamentos. As verbas estão sendo aplicadas principalmente em obras de reforma e reestruturação, necessárias para a continuidade do atendimento com qualidade. 29


HOSPITAL SÃO VICENTE

SOLIDARIEDADE

A máscara da alegria Coringas do Bem levam alegria aos hospitais da cidade A alegria, a solidariedade, o amor incondicional se misturam ao pancake, ao batom, ao lápis que contorna as sobrancelhas grossas, e às tintas coloridas que rabiscam flores nas faces. O improviso na hora da piada também compõe a caixa de surpresas que dá vida aos personagens da trupe “Coringas do Bem”, um grupo de profissionais liberais, funcionários públicos, acadêmicos, que se unem para minimizar o sofrimento de pacientes que superlotam enfermarias e quartos de hospitais em Guarapuava. Foi num sábado à tarde que eles foram encontrados levando a alegria ao Hospital São Vicente. Jaleco branco, um estetoscópio no pescoço, o violão nas mãos. Na mente, um desejo: fazer as pessoas, principalmente, crianças e idosos, um pouco mais felizes. “O hospital é um ambiente pesado, um lugar de dor, de sofrimento”, disse o servidor público Carlos Alberto Gonçal-

COMEMORAÇÕES

Eventos serão realizados até março de 2014

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ves, que dá vida ao palhaço Gergilim. Foi ele que em dezembro de 2012 lançou o grupo inspirado nos Palhaços Doutores que havia na cidade. “Sempre fui inconformado com o sofrimento alheio e achei que devia fazer alguma coisa para ajudar e aí tive essa ideia. Hoje somos em 32 voluntários”, diz. “É uma coisa sem explicação quando você olha nos olhos de uma criança e vê a sua expressão se transformar. Um sorriso é o nosso maior pagamento”, diz. Esse número permite a rotatividade do grupo que se apresenta, sempre aos sábados, também aos idosos do SOS, em campanha de doação de sangue, nas Casas Lares, derrubando fronteiras e indo também a outros municípios da região. Angela Marx é acadêmica de educação física e faz parte da trupe. “Sempre sonhei em fazer parte de um grupo assim, e quando soube não pensei duas vezes. O hospital tem um ambiente pesado, agressivo, e a alegria que levamos, as mágicas, as brincadeiras que fazemos transformam a dor em alegria, nem que seja por pouco tempo”, diz. Junto com Angela e com Carlos Alberto, Taís Marçal (acadêmica de matemática) e Laurine Abilhoa, de psicologia, fazem a sua parte para que o mundo seja um pouco melhor. - Quem quiser entrar para o Coringas do Bem, entre no site www.coringasdobem.com.br e fazer o seu cadastro.

Para comemorar o centenário do São Vicente a sociedade de Guarapuava e da região está convidada a participar. Para isso, um calendário de eventos foi elaborado pela coordenação das comemorações, liderada pela vice provedora Viviane Siqueira Ribas com o apoio da gerente de Captação de Recursos, Débora Schinemann Rauen. Até março de 2014 serão realizadas: Campanha Amigos do São Vicente (08 e 09 de junho); Festa Julina (13 e 14 de julho), em parceria com a Sociedade Rural, no Parque de Exposições Lacerda Werneck. Entidades sociais de Guarapuava são parceiras; Concurso de Poesia (parceria com a Academia de Letras Ciências e Artes de Guarapuava); participação na Expogua; Café Colonial (28 de setembro); jantares; rifas; bailes; baile de gala, entre outros eventos.


A missão é atender ao próximo Foto: Vinícius Maranhão

Constitui missão do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo proporcionar atendimento hospitalar de qualidade e de forma humanizada, através de profissionais capacitados e das melhores técnicas possíveis, sem qualquer distinção de raça, religião ou condição social, atendendo com dignidade e respeito todo paciente que busque tratamento, realizando também apoio à família que o acompanha. O objetivo é, cada vez mais, ampliar suas atividades através de credenciamento de novas especialidades e melhoria nas suas instalações e recursos físicos, para evitar que a população local tenha que se deslocar a outros centros para buscar tratamento. A capacitação dos colaboradores em suas mais variadas áreas de atuação é uma preocupação constante, bem como a criação de espaço para a educação, através da realização de estágios, projetos e pesquisas em parceria com o Hospital. Sendo um Hospital Filantrópico, é contratualizado pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde do Paraná) e possui o Plano Operativo Anual (POA), que contém metas quantitativas e qualitativas, avaliadas mensalmente por uma comissão de acompanhamento. Integra o Programa de Governo “Hospsus”, que visa à qualificação da gestão hospitalar. É referência para o município de Guarapuava e para os 19 municípios que compõem a 5ª Regional de Saúde, atendendo uma população de aproximadamente 500 mil habitantes. Na média complexidade atende as especialidades de anestesiologia, clínica médica, cirurgia geral, cirurgia bucomaxilofacial, cirurgia vascular, cirurgia plástica, endocrinologia, geriatria, gastroenterologia, ginecologia e obstetrícia, hematologia, oftalmologia, ortopedia, otorrinolaringologia, pediatria, pneumologia, proctologia e urologia. Na alta complexidade possui credenciamento em cardiologia: cirurgia cardíaca e cardiologia intervencionista/hemodinâmica, em neurologia/ neurocirurgia e em oncologia/quimioterapia (Unacon). Na oncologia, visando o atendimento integral ao paciente e sua família realiza, além do atendimento médico e de enfermagem, atendimento nutricional e psicossocial. Possui ambulatório para consultas especializadas em anestesiologia, cardiologia, cirurgia bucomaxilofacial, cirurgia geral, cirurgia vascular e angiologia, ginecologia/mastologia, neurologia, oncologia e urologia. Realiza atendimentos e exames ambulatoriais como: biópsias, colonoscopia, ecocardiograma, eletroencefalograma, eletrocardiograma, endoscopia digestiva, exames laboratoriais, holter, teste ergométrico, mamografia, tomografia computadorizada, ultrassonografia e radiologia, dentre outros. O Pronto Atendimento funciona 24 horas, atendendo urgência e emergência, sendo hospital de referência para receber pacientes advindos de atendimentos do

Adão Emerson Silla, Técnico de enfermagem

Samu e Siate, bem como da rede municipal de saúde e dos consórcios intermunicipais de saúde. Integra o programa de governo “Rede de Urgência e Emergência”. Conta com sistema de sobreaviso nas especialidades de clínica médica, cardiologia, cirurgia geral, neurologia, ortopedia e pediatria, para as quais também presta atendimentos. A Maternidade Euripio Rauen dispõe de médico com plantão presencial 24 horas, integra o programa de governo “Rede Mãe Paranaense”, sendo referência regional para gestação de alto risco, e desenvolvendo ações para o atendimento da puérpera e do recém-nato de acordo com o preconizado. Possui parceria com o Centro de Nutrição Renascer, para atendimento a crianças desnutridas. 31


HOSPITAL SÃO VICENTE

“Ser médico é atender todos, sem pensar se vai ter dinheiro para pagar” Ele já está aposentado e ostenta com orgulho o Prêmio de Honra que recebeu por nunca ter se envolvido em qualquer tipo de erro ou falha médica. Diz que a matéria prima do médico é o ser humano e não hesita em dizer que “o médico precisa mais de cadeira”. Como assim, cadeira? “Para que o médico sente e escute mais os pacientes, olhe nos olhos e consiga ver o real problema, que às vezes pode ser resolvido com uma boa conversa. Falta também o que aprendemos com as irmãs, o amor ao tratar as pessoas. Ser humano, olhar com carinho aquele que precisa de ajuda. Apesar da informatização e do processo de modernidade não perdemos a essência que permeou minha vida médica. Quem conhece o médico Ubirajara Azevedo sabe muito

bem quem ele é. Um profissional comprometido com seus pacientes, com a ética, com a vida. “Ser médico é fazer o que você jurou, atender a todos, sem pensar se ele vai ter como te pagar, é salvar vidas sempre”, diz. Uma lição que ele diz ter aprendido com as irmãs que trabalhavam no São Vicente, com quem aprendeu a exercitar o amor ao próximo e a dedicação.“A ética também é muito importante no exercício da profissão, principalmente em uma época em que o dinheiro passa na frente de qualquer coisa”, diz. Durante a conversa na sala da sua casa, Dr. Ubirajara relembra do início das atividades no hospital. “Comecei a atuar nesse hospital em 1957, junto com os médicos Eloy Pimentel, Otto Rickli e João Fleury da Rocha Junior, todos falecidos. Existiam

dois tipos de pacientes: particulares que tinham como pagar, e os indigentes que não tinham condições financeiras, mas todos eram atendidos, independente de classe e do lugar de onde tinham vindo. Para aqueles que não tinham dinheiro os médicos se revezavam em plantões nas segundas, quartas e sextas. Além disso, o medicamento era manipulado dentro do hospital, como aspirinas e remédio para infecções”, relembra. De acordo com o Dr. Ubirajara, as especialidades começaram a partir da década de 60, quando foram dados os primeiros passos para a construção da maternidade. Aliás, foram 50 anos dedicados ao Hospital São Vicente de Paulo. Foi por suas mãos que cerca de oito mil crianças vieram ao mundo, em Guarapuava.

Foto: Vinícius Maranhão

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Uma rede de atendimento afinada O Hospital São Vicente dispõe em seu quadro funcional de assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e nutricionistas. Realiza acompanhamento nutricional dos pacientes, adequando as dietas de acordo com a faixa etária e com o quadro clínico, observando principalmente os casos de patologias específicas, bem como garantindo a qualidade e segurança dos alimentos fornecidos aos pacientes. Efetua padronização das dietas específicas para preparo de exames. O hospital possui Agência Transfusional e incentiva o aumento de doadores de sangue por meio de conscientização dos familiares e amigos dos receptores. Possui Comitê de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal; Comitê de Verificação de Óbitos; Comitê de Revisão de Prontuários e Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Está estruturando a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante. Utiliza o Programa Sinais, do Ministério da Saúde, visando estruturar um banco de dados relacionados à epidemiologia hospitalar, Controle de Hemoderivados e Controle de Doenças Infecto-contagiosas. Desenvolve, através do setor de Controle de Infecção Hospitalar, a busca ativa de infecção hospitalar em pacientes internados na UTI e Clínicas, bem como realiza periodicamente a imunização dos funcionários. Tem programa interno de atendimento a pacientes hipertensos e diabéticos, bem como realiza encaminha-

mento pós-internamento hospitalar para os programas municipais de acompanhamento e tratamento dessas doenças. Incentiva a participação de funcionários e médicos em palestras e treinamentos, visando à educação continuada. Promove o uso racional de medicamentos, destacando a adequação de medicamentos genéricos de acordo com a Portaria 3.916, de 30/10/1998. Desenvolve um processo educativo dos consumidores e prescritores de medicamentos, através de atividade por meio de reuniões e pactuações com o envolvimento dos prescritores, farmacêuticos e representantes do setor de compras, garantindo dessa forma a segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos, mediante o desenvolvimento da capacidade administrativa de imposição do cumprimento das normas sanitárias vigentes. Participa ainda do Programa Integra SUS II, junto ao Ministério da Saúde.

Foto: Vinícius Maranhão

Adrian Ida Toledo e Meisi Petasinski, funcionários

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A vontade de ajudar as pessoas resume a vocação do médico Eduardo Borges, especialista em cirurgia cardíaca e que há nove anos trabalha em Guarapuava. A sensatez, a voz calma e o dom conciliador fizeram do doutor Eduardo o diretor clínico do Hospital São Vicente, cargo que assumiu há dois anos e pelo qual vai responder pelo novo biênio da nova Provedoria. Administrando 60 médicos, dos quais 50 em atividade, o médico se entusiasma quando fala das melhorias pelas quais o Hospital está passando. “As maiores mudanças desde que entrei aqui são as melhorias na estrutura física após as reformas da UTI, por exemplo. O número de aparelhos também aumentou consideravelmente”, diz. “No ano que vem o hospital vai passar por uma nova reestruturação e receberá novos equipamentos, oriundos de emenda parlamentar do deputado federal Cezar Silvestri já empenhada no valor de R$ 5,9 milhões.

Com a viabilização de recursos dos governos federal e estadual, com convênios já em andamento e outros confirmados, será possível o aumento da capacidade instalada e a aquisição de equipamentos que aumentarão a eficácia nos diagnósticos e tratamentos.

A demanda é crescente Apesar da várias conquistas, ainda são inúmeras as necessidades do Hospital, visto a crescente demanda de pacientes que acorrem aos serviços de saúde existentes em Guarapuava. O atendimento com qualidade e eficiência, direito de todos os cidadãos, nem sempre é plenamente possível, face às restrições de capacidade física e econômico-financeira da instituição. Com a viabilização de recursos dos governos federal e estadual, com convênios já em andamento e outros confirmados, será possível o aumento da capacidade instalada e a aquisição de equipamentos que aumentarão a eficácia nos diagnósticos e tratamentos, bem como o conforto e segurança dos pacientes. 34

Ainda assim, há muitos setores pendentes de reformas e adequações, como o pronto atendimento, a enfermaria de isolamento, os telhados, o depósito de resíduos sólidos, o arquivo para a guarda de documentos, dentre outros. O Hospital depara-se ainda com necessidades mais básicas e imediatas, porém não menos importantes, como o custeio de medicamentos não disponíveis ao SUS e exames não contemplados em tabela, mas que são suportados pela instituição: alimentação, enxoval, formação e atualização profissional, artigos eventuais dispensados aos pacientes mais carentes (fraldas geriátricas, roupas, etc), dentre outras, para as quais são utilizados recursos de doações.

Foto: Vinícius Maranhão

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Ele é médico para ajudar as pessoas


A sociedade é parceira A campanha permanente ‘Amigos do São Vicente’ é uma adesão através da conta de energia elétrica em que a pessoa contribui mensalmente com o valor escolhido, a partir de R$ 2.

O Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, desde a sua fundação e por seu caráter filantrópico, tem a participação da comunidade e parceiros, para seu funcionamento e manutenção. A entidade conta com doações voluntárias, campanhas permanentes e eventos realizados pela diretoria e colaboradores, como jantares, cafés, ações entre amigos, etc. Tais receitas possibilitam reformas, adequações, aquisição de equipamentos, dentre outros. A campanha permanente ‘Amigos do São Vicente’ é uma adesão através da conta de energia elétrica em que a pessoa contribui mensalmente com o valor escolhido, a partir de R$ 2. Quando o Hospital recebe doações de produtos apreendidos pela Receita Federal, são realizados bazares com os mesmos, abertos a toda comunidade. “A sociedade de Guarapuava e da Re-

gião precisa estar consciente de que o Hospital é de todos, sem qualquer distinção. Por isso, cada um precisa fazer a sua parte”, disse a coordenadora de captação de recursos do São Vicente, Debora Schinemann. Outra importante e necessária fonte de recursos são as emendas parlamentares e convênios com os governos estadual e federal, cujo objeto já é pré-definido quando aprovado e se destina especificamente para custeio de materiais e medicamentos, equipamentos e construção. O Hospital recebe ainda doações de entidades e associações, através de projetos, com a doação de alimentos (Mesa Brasil e ONG Os Guardiões da Natureza), fraldas geriátricas (Associação de Senhoras de Rotarianos), roupas infantis (Lanche da Amizade), bem como do comércio e indústria locais.

Paciente organiza leilão beneficente Um leilão beneficente organizado por João Maria Mendes Siqueira arrecadou R$ 42 mil no começo de março de 2013, que foram entregues à Provedoria do Hospital São Vicente de Paulo, em Guarapuava. O evento aconteceu no Parque de Exposições Lacerda Werneck, também em Guarapuava. Dependendo de tratamento constante no Hospital São Vicente há seis anos, João Maria Mendes Siqueira se sensibilizou, principalmente com o atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), oferecido pela instituição e que compõe a maioria dos procedimentos. Para ajudar o São Vicente, e também agradecer o atendimento que recebe, João Maria organizou o leilão pedindo cabeças de gado a amigos. Conseguiu 50. Empolgado com o resultado, disse à RSN que está com novas ideias.

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A mão estendida sem olhar a quem

Ceder um tempo da sua vida para ajudar quem você nem conhece, sem que exista um pagamento por isso. Esta é a visão da solidariedade praticada pela benfeitora Maria Helena Lacerda. “É nobre, é de real valor sentimental realizar, faz bem para o corpo e para a alma. E as pessoas ficam felizes com a ajuda, porque esse sentimento de estar em um hospital já é ruim, imagine sem ter como fazer, sem ter condições financeiras pra isso”, observa. Maria Helena, assim como outras pessoas, contribui com o Hospital São Vicente desde 1990. Já foi secretária da Provedoria e conhece muito bem as necessidades do hospital e de pacientes. As carências vão desde produtos de higiene, toalhas de banho, roupa de cama, fraldas geriátricas, roupas infantis, principalmente para recém-nascidos, roupas íntimas, cobertores. “Muitas vezes a família não tem condições de prosseguir e só aquela ajuda não basta. Tivemos um caso de trigêmeos que avisamos a Prefeitura para que prestasse assistência à família”.

Além de possuir uma reserva financeira destinada ao auxílio de quem precisa, Maria Helena lembra que outros recursos são arrecadados com chás beneficentes, venda de mercadorias doadas pela Receita Federal e bazar de roupas. “É bom saber que ajudamos a todos, sem distinção, sem até mesmo conhecê-los. Não escolhemos por gostar ou estar próximo e sim pela necessidade que elas têm. São homens, mulheres, crianças, gente de todas as idades que precisam, e não fugimos desse chamado”, finaliza Maria Helena.

Foto: Vinícius Maranhão

Uma família trabalhando pelo Hospital Dirce: há quase 40 anos acompanhando esposo e filho no São Vicente

Em 1974, quando o médico Décio Sanches começou a trabalhar no São Vicente, sua esposa Dirce, para não ficar sozinha em casa, costumava esporadicamente dormir no hospital. Vendo de perto as necessidades de pacientes e da própria instituição, passou a realizar trabalhos voluntários. “Já fui presidente da Rede de Câncer, já fiz parte da provedoria e continuo realizando visitas e promoções que possam beneficiar pacientes como, por exemplo, arrecadação de cobertores, de casacos, agasalhos”, diz a voluntária.

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Mais tarde, assim como seu esposo, o filho Décio se formou médico, e a exemplo do pai especializou-se em Ortopedia e presta serviço ao hospital. Isso faz com que Dirce se dedique ainda mais aos projetos sociais. “Sempre fui envolvida com projetos e sempre tive vontade de ajudar outras pessoas. Para mim o hospital é uma continuação da minha casa e me faz muito bem fazer o bem para quem precisa. Só queria que valorizassem mais um órgão que ajuda tanto as pessoas na cidade”, diz.


A

casa da

solidariedade Há 10 anos a Acopecc (Associação do centro Oeste do Paraná de Estudos e Combate ao Câncer) ) reúne voluntárias em torno de pacientes de oncologia e seus familiares. O amor incondicional da senhora Mara Neves, criadora do projeto, e de outras senhoras, projetou atividades que vão desde a conscientização do doente e de familiares, até o abrigo para quem chega de fora. E essa mesma disposição de solidariedade solidificou-se na sede própria da entidade, construída a poucos metros do Hospital São Vicente, em área doada por Mara e pelo médico Valdemar Junior Geteski, filho da atual presidente Marlene Geteski. Esse exemplo de doação é seguido por outros voluntários que contribuem para que a entidade possa cumprir o objetivo de minimizar o sofrimento de portadores de câncer, que chegam de Guarapuava e de municípios da região em busca do tratamento. “Quem precisa fazer sessões de quimioterapia e não tem onde ficar, permanece na casa. Essa demanda reduziu um pouco com o transporte de ida e volta disponibilizado pelas prefeituras. Mas para quem fica damos alojamento, refeições, além de cestas básicas, sustagem (complemento alimentar), encaminhamento psicológico para todos, incluindo os de Guarapuava”, diz Marlene Geteski. A entidade aprova a disponibilidade do Hospital São Vicente em implantar o serviço de radioterapia, hoje realizado em Curitiba, Ponta Grossa e Cascavel. “Vai diminuir o sofrimento de muitas pessoas”, diz.

Aniversário onde o presente é a partilha Uma festa de aniversário onde quem ganha presente são pessoas desconhecidas da própria anfitriã. É assim que as integrantes da Associação de Senhoras de Rotarianos de Guarapuava contribuem doando fraldas geriátricas para pacientes internados no Hospital São Vicente. “Realizamos esse trabalho há dois anos. Além das festas de aniversário também arrecadamos entre nós mesmas. Doamos uma média de 100 fraldas todo o mês”, diz Beatriz Maria Machado Golinhaki, presidente da entidade. A escolha pela doação desses produtos aconteceu após visita uma feita à Enfermaria. “Soubemos que havia essa necessidade, pois esse tipo de fralda é caro. Acreditamos que estamos fazendo a nossa parte e, entre tantos projetos que desenvolvemos, essa contribuição com o Hospital é muito gratificante, pois o que oferecemos é um ato humanitário”, arremata. 37


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Eles são vicentinos de

carteirinha Eles começaram cedo, alguns já estão aposentados, mas mesmo assim continuam trabalhando no Hospital São Vicente. É a metade de uma vida dedicada a ajudar as pessoas. Aliás, foi essa vontade que levou muitos colaboradores a continuar a sua jornada no local onde permanecem até hoje. Dionete Lucia Mendes, 65 anos, é a colaboradora que mais tempo de serviço possui. São mais de 40 anos dedicados à casa de caridade. “Comecei como ajudante, me aposentei e hoje trabalho no Recursos Humanos”, diz. Dos 56 anos de idade de Arlete Panisson de Barros, 37 são de serviços no São Vicente. “É o meu primeiro e único emprego”, diz. "Como sou formada em Técnica de Enfermagem, era a única coisa que eu sabia fazer. Mas hoje, mesmo aposentada, não largo por nada", afirma Dionete Amaral. Durante a conversa com a RSN em Revista, outras pessoas se somam ao grupo. "Caí aqui de paraquedas mas hoje, mesmo depois da aposentadoria, não consigo parar de querer ajudar as pessoas", declara Dionete Mendes, que ainda lembra de como era o Hospital muitos anos atrás. "Antes, a gente podia dizer que isso aqui era só um quadradi-

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“Depois que a gente entra aqui não consegue sair, porque além do trabalho profissional, tem a parte social que estamos fazendo”.

nho, um casebre”. Marilucia de Fátima da Luz, 42 de idade e 21 anos de trabalho no Hospital, lembra das mudanças pelas quais o São Vicente passou e ressalta a ampliação de leitos como sendo a principal delas. “São mais pessoas que podem ser atendidas”, observa. "Já fui enfermeiro, motorista de ambulância, tudo que você imaginar aqui dentro. Trabalhamos em várias áreas para conseguir dar conta do recado", diz Aramis José Zadra, que está no hospital há mais de 40 anos. “Comecei como enfermeiro e hoje sou técnico em Raio X”, afirma. Já Adrion Ida Toledo, 38 anos, trabalha no local há 23 anos. “Atualmente trabalho na Recepção, mas entrei aqui como guarda mirim. Depois que a gente entra aqui não consegue sair, porque além do trabalho profissional, tem a parte social que estamos fazendo”, conclui.


Foto: Vinícius Maranhão

Memorial dos

ex-provedores 1. Coronel Bento de Camargo Barros 03/02/1923 a 03/02/1924

13. Osvaldo Rocha 28/02/1967 a 25/02/1968, até 24/02/1973

2. Trajano de Paula Bastos 03/02/1924 a 15/02/1925 15/02/1925 a 05/02/1926

14. Álvaro Buch 24/02/1973 a 28/02/1975

3. Serafim de Oliveira Ribas 21/02/1926 a 03/02/1927 4. Coronel Daniel Clève 06/02/1927 a 08/01/1928 5. Dr. Alcides Mendes Cordeiro 08/01/1928 a 03/02/1929 6. Coronel Francisco Solano Alves de Camargo 03/02/1929 a 19/01/1930 7. João Simões Gonçalves de Andrade 19/01/1930 15/02/1931 8. Coronel Antonio Vilacca 15/02/1931 a 31/01/1932 9. Coronel Daniel Clève 31/01/1932 a 29/01/1933, exercendo o cargo até 07/04/1963 (Neste mandato, excepcionalmente, Daniel Clève permaneceu como Provedor Honorário) 10. Luiz Pletz Cleve 07/04/1963 a 11/04/1964 11. Dr. Eurípio Rauen 11/04/1964 a 13/02/1965 13/02/1965 a 12/02/1966 12/02/1966 a 02/08/1966 12. Álvaro Buch 02/08/1966 a 28/02/1967

15. Leopoldo Bischof 28/02/1975 a 17/02/1984 16. Eduardo Cristiano Kuster 17/02/1984 a 19/02/1988 17. Huberto José Limberger 19/02/1988 a 28/02/1989 18. Eurípio Carlos Rauen 28/02/1989 a 15/02/1990 19. Maria do Rocio Ribeiro Burko 15/02/1990 a 18/03/1991 20. Nilce Ferreira Roseira 18/03/1991 a 13/03/1992 13/03/1992 a 26/04/1993 21. Luiz Crochinski 26/04/1993 a 23/06/1994 22. Neusa Maria Michaliszyn Gelinski 23/06/1994 a 26/04/1999 23. Luiz Crochinski 26/04/1999 a 27/09/2007 24. Maria do Rocio Ribeiro Burko 27/09/2007 até 15/03/2011 25. Antonio Cezar Ribas Pacheco 15/03/2011 a inicio de 2013 39


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Foto: Arquivo pessoal

Viviane: ligação fortíssima com o hospital São Vicente há muitos anos

O serviço voluntário é assim mesmo. Você começa aos poucos, se apaixona, se entrega e quando vê está mergulhada no universo escolhido.

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Doação incondicional A doação incondicional pelo amor ao próximo só é conhecida por pessoas que amam a vida em toda a sua essência. É assim que ela, desde a infância, aprendeu a ver e a conviver com a solidariedade. Aos poucos, a vontade de repetir o que seus avós e seus bisavós fizeram foi ficando intensa e, de repente, se viu lá dedicando parte do seu tempo à engrenagem que movimenta o São Vicente. “A minha ligação com o Hospital é muita intensa, verdadeira assim como tudo o que eu faço”, diz Viviane Siqueira Ribas, reeleita em 2013 vice provedora da instituição de caridade. Ela também coordena as atividades comemorativas ao centenário do Hospital. O serviço voluntário é assim mesmo. Você começa aos poucos, se apaixona, se entrega e quando vê está mergulhada no universo escolhido. “O São Vicente continua entre as minhas prioridades. É muito gratificante chegar, detectar os problemas, correr atrás para tentar resolvê-los, e quando consegue a alegria é imensa porque você sabe que não fez aquilo para si, mas para

as pessoas, que mesmo sendo desconhecidas são seres humanos que precisam que alguém faça alguma coisa por eles”, diz, traída pela emoção. Para Viviane, não existe nada mais gratificante do que a manifestação dos pacientes. “Lembrome do dia em que precisávamos internar uma paciente e não havia leito disponível naquele momento. Após muito empenho conseguimos. Era uma pessoa humilde. Um dia nos encontramos na portaria e ela estava indo para casa. Apertou a minha mão e agradeceu porque tínhamos ajudado a salvar a sua vida. Não existe reconhecimento maior do que esse”, avaliou. “Também é importante ver o comprometimento dos funcionários, que cuidam do Hospital como se fosse a casa de cada um. É muito bom olhar à volta e ver que o nosso trabalho está ajudando a transformar, não só o espaço físico, mas, principalmente, as pessoas que vivem ao nosso redor”. Para Viviane, coordenar as comemorações do centenário é uma honra e “um grande desafio”.


“Saio do hospital uma

pessoa melhor” e outros, e é a conjunção desses esforços que vai determinar se a gestão é eficiente ou não. É preciso um esforço muito grande, em se tratando de uma instituição filantrópica, onde não se busca o lucro por si só, mas um fluxo de recebimento que pelo menos cubras as despesas a cada final de mês. O que não acontece”, diz. De acordo com Pacheco, o desafio é equilibrar as despesas mensais para não aumentar a dívida.“É preciso saber que o cargo de provedor deixou de ser honorífico para ser executivo. O Hospital São Vicente não pode prescindir de uma gestão profissionalizante”, observa. O que chama a atenção, porém, é que o cargo de provedor, assim como os demais, é voluntário. “A primeira condição para ser voluntário é dispor de um tempo que você não tem, e que passe a ser também como o seu trabalho. Você tem que ter em mente que esse trabalho vai influenciar no destino daquelas pessoas que precisam dele. Ganha quem destina e ganha quem recebe”, diz. Após dois anos de dedicação, a saída é uma decisão difícil. “Outras pessoas precisam exercitar essa doação. Para mim isso significa crescimento. Saio do hospital uma pessoa melhor. Hoje se me perguntarem o que me levou a assumir a provedoria, eu sei responder. Você ganha muito sendo útil. Hoje eu entendo que riqueza não se resume apenas em dinheiro, mas também em ver uma pessoa que entrou mal e que sai curado; é a sensação de receber um bilhete de uma senhora que com as mãos trêmulas entrega um papel onde agradece e diz que pela primeira vez recebeu um tratamento digno. É esse mosaico que deixa clara a sensação de que servir o próximo é a maior riqueza”, ensina. De acordo com Pacheco, o filósofo alemão Goethe disse que, ao homem basta ser digno, prestativo e bom. “Eu aprendi isso há muito tempo, mas entendi tudo isso somente depois de passar pelo São Vicente”, avalia.

Para o ex-provedor antonio cezar ribas pacheco, o hospital foi uma lição de vida. Foto: Divulgação

Quem define muito bem o trabalho prestado pelo advogado Antonio Cezar Ribas Pacheco como provedor do São Vicente, nos últimos dois anos (20112012), é a vice-provedora Viviane Ribas, quando diz que o hospital ganhou “terno e gravata italianos”. É uma analogia para traduzir o choque de modernidade dado ao espaço que recebe pacientes, em sua maioria, do SUS (Sistema Único de Saúde). “Hoje os funcionários estão com a auto-estima elevada, cuidam do hospital”, observa Viviane. Reformas diversas, várias ampliações, incluindo novos 50 leitos, mas principalmente, a humanização do atendimento desde a chegada até a saída, marcaram a gestão de Pacheco frente ao hospital. Porém, segundo sua própria avaliação, muita coisa ainda falta acontecer. “Saio frustrado porque não consegui realizar tudo o que achei que seria possível e que necessitava fazer. Ao mesmo tempo, saio confortado porque consegui realizar, principalmente o aprimoramento do atendimento do SUS, que se tornou mais humanizado, com mais competência, maior comprometimento dos funcionários, um atendimento mais digno, mais confiável”, afirma. Para o ex-provedor, esse foi o maior desafio. “Assumir e encontrar o quadro de pessoal desmotivado é a pior coisa que pode acontecer”, diz. Para entender e reverter essa situação, Pacheco diz que precisou conversar com os funcionários para saber o que cada um estava fazendo. Depois, conscientizar que quando se faz se deve fazer bem feito. “Assistência só acontece em sua plenitude quando há um conjunto, um corpo médico dedicado. O esforço coletivo é que vai determinar o sucesso dessa assistência”, comenta. Para quem acha que assumir a provedoria do Hospital é apenas deter um cargo está enganado. “O São Vicente é um local que agrega várias empresas: a complexidade com suas características, a farmácia, a hotelaria, o pronto socorro (urgência e emergência), os laboratórios

“A primeira condição para ser voluntário é dispor de um tempo que você não tem, e que passe a ser também como o seu trabalho. Você tem que ter em mente que esse trabalho vai influenciar no destino daquelas pessoas que precisam dele. Ganha quem destina e ganha quem recebe”.

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HOSPITAL SÃO VICENTE

Rui Primak

Administração compartilhada:

novo momento Quem chega cedo ao Hospital, encontra os novos diretores diariamente pelos corredores.

Implantar um sistema de administração compartilhada, onde todos os integrantes da diretoria têm vez e voz. Aproximar a diretoria do quadro de profissionais e, principalmente, da comunidade. Esse tem sido o principal desafio do atual provedor do Hospital São Vicente de Paulo de Guarapuava, empresário Rui Primak. Logo que assumiu, Primak chamou para o grupo a responsabilidade de continuar com o ritmo de crescimento e melhorias na estrutura física do Hospital, mas principalmente levar as contas na ponta do lápis. “Administrar um Hospital não é como administrar uma empresa, pois as metas, as expectativas e as necessidades da população são diferentes. Para que possamos fazer isso, precisamos contar com o apoio de todos, tanto dos profissionais do Hospital, quanto dos diretores que administram ao nosso lado”, enfatizou Rui Primak. Na avaliação de Primak, a nova visão de compartilhar a gestão

traz resultados diretos na manutenção diária de toda a estrutura hospitalar. “São cargos voluntários, exercidos por pessoas que já têm sua vida profissional consolidada, e nós iremos pôr em prática uma gestão compartilhada, onde todos deverão participar. Além dos diretores, nós também vamos envolver os outros setores do Hospital. Quanto mais pessoas que vivem a realidade do Hospital participarem do processo administrativo, melhores serão os resultados para quem precisa de atendimento”, afirmou. O ano de 2013, de acordo com Primak, será de planejamento e conclusão do Plano Diretor do Hospital. “Vamos pautar esse ano em gestão. Temos muitas obras em andamento, que devem ser todas concluídas até janeiro de 2014. Então, nesse período vamos concluir o Plano Diretor, e buscar as definições do que o Hospital pode oferecer nos próximos 15 ou 20 anos. Vamos planejar as metas para os próximos anos”, explicou o novo provedor.

Foto: Vinícius Maranhão

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Sócios Outra meta estabelecida pela nova diretoria, é a busca de novos sócios para a provedoria. Atualmente, a provedoria do Hospital São Vicente possui cerca de 100 sócios, e o objetivo é buscar mais pessoas da comunidade para se associarem. “Nós precisamos de mais gente compondo o quadro de sócios. Muitas pessoas já manifestaram interesse e estamos abertos à participação de mais pessoas”, destacou Primak. Parceria Um aspecto levado em consideração pela nova diretoria do Hospital São Vicente é a importância regional que o hospital representa. “Não podemos esconder essa realidade. Sem o nome específico de regional, o São Vicente hoje é muito importante para cerca de 500 mil pessoas, que integram essa região de Guarapuava. Nós temos certeza de que a parceria que estamos tendo com a Prefeitura de Guarapuava está trabalhando para melhorar a gestão da saúde pública local, e vai desafogar o atendimento do Hospital, que passará a receber os encaminhamentos dos postos e das UPAs. Isso tudo vai contribuir para que o setor de Saúde de Guarapuava e da região saia ganhando cada vez mais, com mais qualidade e eficiência no seu atendimento. Por isso, contamos com esse relacionamento com a administração de Guarapuava, que está trabalhando para que isso ocorra no mais curto espaço de tempo possível”, acrescentou.


Nova diretoria A nova diretoria do Hospital São Vicente para os próximos dois anos ficou assim composta: - Presidente: Rui Primak - Vice-presidente: Viviane Ribas - 1º tesoureiro: José Luiz Spyra - 2º tesoureiro: Huberto José Limberger - 1ª secretária: Maria Helena Passos de Lacerda - 2º secretário: Ilton Borazo Conselho Fiscal (eleito anualmente) - Efetivos: Egon Scheidt, Eurípio Carlos Rauen e Paulo Afonso Silveira - Suplentes: Maria do Belém Spyra, Lourdes de Figueiredo Leal e Noélia Marcondes

Em obras

Foto: Vinícius Maranhão

Algumas das obras programadas já estão concluídas, como reformas de enfermarias, apartamentos, centro cirúrgico, recepção e adequação da agência transfusional: as UTIs adulto e neonatal/pediátrica e a enfermaria da pediatria. Encontra-se em construção um novo prédio para abrigar os serviços de apoio (lavanderia, cozinha, farmácia, almoxarifado), possibilitando a reforma da área interna para o aumento da capacidade de internação em mais 50 leitos, que serão oferecidos ao Sistema Único de Saúde(SUS). Nos últimos dois anos também foram adquiridos equipamentos imprescindíveis, como o arco cirúrgico, capnógrafo, craniótomo, eletrocautério (bisturi elétrico), perfurador pneumático e mesa cirúrgica elétrica para o Centro Cirúrgico, quatro respiradores para UTI, uma secadora com capacidade para 100 quilos para a lavanderia, um compressor para a rede de ar comprimido, e substituídos inúmeros outros que se encontravam sucateados e/ou inutilizados. Os setores da administração também foram adequados, substituindo-se computadores, mesas e cadeiras. 43


HOSPITAL SÃO VICENTE

Foto: Divulgação

Beto Richa

“O São Vicente é exemplo para o Estado” A transformação do Hospital São Vicente de Paulo em um polo regional de referência no setor de Saúde ao longo dos últimos dois anos, vem sendo amparada por um parceiro de peso: o governo do Estado do Paraná. Na avaliação do governador Beto Richa, que esteve em Guarapuava para a cerimônia de lançamento oficial das comemorações dos 100 anos do Hospital, o São Vicente é referência para o Estado. “O governo do Paraná está pagando uma dívida com a região Centro-Sul. Os investimentos no Hospital São Vicente não são um favor do Estado, mas uma obrigação e o pagamento de uma antiga dívida com toda a região. Por décadas, foi aberta uma lacuna de falta de investimentos e o que foi feito nesse período foi por iniciativa dos administradores, sem a participação do Estado. Por isso, por toda a luta, pelo esforço e pela demonstração de competência de quem já passou pela administração do Hospital, temos orgulho em afirmar que o São Vicente é exemplo para o Estado”, afirmou o governador.

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INVESTIMENTOS DO GOVERNO DO ESTADO NOS DOIS ÚLTIMOS ANOS > Aumento de mais 15 exames de cateterismo no valor de R$ 9.220,80, passando de 40 exames/mês (R$ 24.588,80) para 50 exames/mês (R$ 33.809,60) (referência para municípios que compõem a 5ª regional de Saúde). > Aumento de R$ 65 mil para atendimento dos pacientes oncológicos, passando o valor de R$ 150 mil para R$ 215 mil (referência para os municípios que compõem a 5ª regional de Saúde). > Contemplado com R$ 140 mil sendo R$ 100 mil para a Rede de Urgência e Emergência, R$ 40 mil para a Rede Mãe Paranaense (referência para os municípios que compõem a 5ª regional de Saúde). > Plano de aplicação em equipamento RX no valor R$ 73 mil (referência para os municípios que compõem a 5ª regional de Saúde). > Convênio para ampliação de mais 50 leitos no valor de R$ 2.724.603,12, dos quais repassados R$ 544.920,62 mil (referência para os municípios que compõem a 5ª regional de Saúde). > Convênio no valor de R$ 83.495,31 para aquisição de equipamentos para o Banco de Leite (referência para os municípios que compõem a 5ª regional de Saúde). > R$ 1.150.000 que possibilitaram as reformas do Centro Cirúrgico.

Foto: Vinícius Maranhão


CEZAR SILVESTRI

Dedicação e

comprometimento O desejo de estender esse atendimento a pacientes do SUS levou Cezar Silvestri a gestionar, durante dois anos, junto à União, conseguindo que Guarapuava fosse o último município do Paraná a ter o credenciamento junto ao SUS. “Em 2012 apresentei outra emenda por meio do meu suplente para a compra de equipamentos para o hospital. São 5,9 milhões que já estão empenhados e que devem ser liberados em 2013. Como secretário do Governo do Paraná, junto com o então deputado Cesar Filho, conseguimos liberar recursos para a reforma geral do hospital e a ampliação de UTIs (10 gerais e oito neonatal), além da construção para mais 50 novos leitos, aumentando também o repasse mensal com a inclusão do hospital no HospSus”, elenca. Silvestri diz que o São Vicente deveria ser visto como prioridade por todos os políticos guarapuavanos, até porque hoje a maior dificuldade para as pessoas de baixa renda é o acesso ao tratamento de saúde. Somente quem precisa sabe avaliar a importância do atendimento quando é feito com dignidade”, arremata.

Silvestri diz que o São Vicente deveria ser visto como prioridade por todos os políticos guarapuavanos, até porque hoje a maior dificuldade para as pessoas de baixa renda é o acesso ao tratamento de saúde.

Foto: Arquivo pessoal

A relação entre o deputado federal licenciado e hoje secretário de Governo do PR Cezar Silvestri com o São Vicente remonta laços familiares. A dedicação que dispensa ao Hospital de Caridade se traduz, na prática, em recursos conquistados junto aos governos do Estado e federal que possibilitam a melhoria na qualidade do atendimento aos pacientes de Guarapuava e região. “Todo guarapuavano tem um carinho especial com o hospital, mas o meu apego começou pelo fato do pai da Cristina (Silvestri), Euripio Rauen, ter sido provedor. Mesmo antes de eu ser político já participava das ações em prol ao São Vicente e, quando me elegi deputado estadual, procurei recursos, por meio de emendas. Como deputado federal, continuei colocando parcelas das emendas em benefício do hospital”, afirma. O fato da esposa Cristina ter sofrido um infarto prematuro fez com que Silvestri conhecesse e fizesse amizade com o cardiologista Danton da Rocha Loures. “Com essa amizade, passei a incentivá-lo a implantar no hospital o Centro de Hemodinâmica e Cirurgia Cardíaca que, inicialmente, atendia apenas particular e planos de saúde”, continua.

dr. Geraldo Pacheco Barbosa e dr. Stefan Wolanski Negrão, os únicos hemodinamicistas da região

Foto: Vinícius Maranhão

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HOSPITAL SÃO VICENTE

Fotos: Vinícius Maranhão

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A principal artéria do Hospital São Vicente

Com tecnologia de última geração, Centro de Hemodinâmica já atendeu 10,5 mil pacientes, 80% do SUS.

Há 12 anos, em 2001, um sangue novo fez com que o Hospital São Vicente começasse a pulsar com mais força. A partir de uma conversa informal entre um grupo de médicos durante um Congresso Paranaense em Londrina, os cardiologistas da nossa cidade e da capital pensaram em implantar um Centro de Hemodinâmica em Guarapuava. O embrião se desenvolveu e o Hospital São Vicente ofereceu o espaço físico. “Nesse período eu fiz um curso de especialização em Curitiba”, afirma o médico Geraldo Pacheco Barbosa. O grupo investiu em equipamentos, em recursos humanos. Alguns médicos deixaram a parceria, outros entraram. “Hoje sou eu, Jorge Taques, Edson Crema, Marcos Lawreniuk, Marco Borazo, de Guarapuava, e Alexander Corvello e Ronaldo da Rocha Loures Bueno, de Curitiba. O Stefan (Wolanski Negrão), que também é responsável pelos exames chegou em 2002”, lembra Geraldo. Em 2003, após muitas inserções junto ao Governo Federal, o Centro de Hemodinâmica

passa a ser credenciado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) como referência em Alta Complexidade em Cardiologia. Sediado no mesmo lugar onde começou, o Centro de Hemodinâmica se transformou na principal artéria do hospital filantrópico. Com equipamentos da mais alta tecnologia, proporcionando diagnósticos rápidos, exames indolores e profissionais altamente qualificados, o Centro é um parceiro altamente rentável, com um repasse financeiro mensal ao hospital considerável. Com oito funcionários, tecnologia que soma mais de R$ 5 milhões em aparelhos, o foco maior do Centro de Hemodinâmica é no diagnóstico e no tratamento de patologias cardíacas, realizando cateterismo (que é o diagnóstico de obstruções coronárias) e o tratamento que é a angioplastia. “Hoje o procedimento que é realizado em Miami ou Londres também é feito aqui. Todo o material que utilizamos é importado com custo elevado, mas garante a qualidade do procedimento e é isso que nos importa”, afirma Stefan Wolanski Negrão. Durante 12 anos salvando vidas de pacientes de Guarapuava e da região, num universo de 500 mil habitantes, a importância do Centro de Hemodinâmica pode ser avaliada pelos números computados até agora. São 10,5 mil exames realizados, número que vem aumentando gradativamente. “Hoje a média é de 130 exames mensais”, diz Geraldo. “Cerca de 80% desse atendimento é destinado a pacientes do SUS”, observa Stefan.


Os desafios do

centenário Médico aponta os 100 anos como marco para reflexão sobre os avanços que o São Vicente precisa ter Considerado um dos únicos hospitais filantrópicos do país a comemorar 100 anos, o Hospital São Vicente tem novos desafios. A modernidade e os investimentos em alta tecnologia e o envolvimento da sociedade para a preservação e o avanço do atendimento são pontos destacados pelo médico endoscopista, cirurgião do aparelho digestivo e cirurgião videolaparoscopista Jean Nicareta, um apaixonado pela profissão com responsabilidade social e pelo Hospital filantrópico. “O Hospital São Vicente de Paulo é a principal instituição de saúde de toda a região central do Estado, atendendo ininterruptamente há 36,5 mil dias, sem nunca fechar suas portas. Ele é suporte para mais de 500 mil habitantes da região com o menor índice de desenvolvimento econômico, social e humano, concentrando 4 entre 10 municípios com as piores índices de todo o Estado, além de ser a região com a menor estrutura de saúde de apoio nos municípios de pequeno porte. A declaração feita pelo médico endoscopista digestivo, cirurgião do aparelho digestivo e cirurgião videolaparoscopista Jean Nicareta traduz a importância do Hospital São Vicente no cenário regional. O médico lembra que o São Vicente

Foto: Arquivo pessoal

é suporte para inúmeras especialidades de média e alta complexidade, dentre elas a cardiologia, hemodinâmica, oncologia clínica e cirúrgica, neurologia e neurocirurgia, cirurgia digestiva e laparoscópica avançada e terapia intensiva, traumatologia, pronto socorro, pediatria, entre outras, sendo, em conjunto com o Hospital Santa Tereza, a única opção para assistência especializada de casos eletivos, urgência e emergência. Para o médico que atua na cidade desde 2004, hoje a região não pode prescindir do Hospital São Vicente. “Isto repercutiria nos pacientes mais desamparados, inviabilizando a toda assistência médica em todos os municípios da 5ª. Regional de Saúde, demanda esta que não poderia ser absorvida por outras instituições”. Caminhos a ser seguidos Segundo o médico Jean Nicareta, o centenário do hospital deve gerar a reflexão e chamar toda a sociedade para discutir o caminho a ser tomado nos próximos 100 anos. “Quais são as deficiências da saúde em nossa região? Quais os serviços médicos e de apoio que deverão ser implantados?” questiona. Discussões sobre o que deve ser melhorado e sobre os planos de trabalho já

“O Hospital São Vicente de Paulo é a principal instituição de saúde de toda a região central do Estado, atendendo ininterruptamente há 36,5 mil dias, sem nunca fechar suas portas”. 47


HOSPITAL SÃO VICENTE

estão em desenvolvimento. Ele cita o aumento da capacidade para internamentos do SUS com 50 novos leitos, a ampliação da UTI adulto e neonatal, a reforma completa da obstetrícia e centro cirúrgico, aquisição de equipamentos e materiais de última geração, reforma da ala para internamento de convênios, construção do banco de leite e da nova central de esterilização, lavanderia e almoxarifado. “Mas isto é pouco para o potencial da nossa cidade e instituição. Devemos pensar como polo e hospital filantrópico regional, que de fato já somos, assumindo nosso papel primordial de levar o desenvolvimento de toda a região”, afirma. Por isso, estudos para adequação e implantação de novos serviços estão sendo delineados em conjunto com a administração, médicos e sociedade. Ampliações Dentre os projetos para os próximos 5 a 10 anos, o médico cita a ampliação e adequação da estrutura de urgência e emergência. Segundo o médico, Pronto socorro, UTI e centro cirúrgico de qualidade irão atender a todos independentemente de sua classe social e econômica, se pacientes conveniados, particulares ou do sistema único de saúde. Hospital-escola Projeto extremamente importante a ser desenvolvido em parceria com a Unicentro, Faculdades Campo Real, Guairacá e Guarapuava, todas as esferas de governo e sociedade, é a transformação do São Vicente em hospital-escola para a futura faculdade de medicina. “Com a implantação de estrutura física adequada para a atividade de ensino e pesquisa, além de residências em medicina, enfermagem, nutrição, psicologia, fisioterapia, entre outras áreas. Isto trará um poten-

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cial para alavancar de forma exponencial a saúde, o desenvolvimento humano e social de toda a região”, defende. Na opinião do médico, mesmo após a inauguração do futuro hospital regional, o São Vicente terá papel fundamental como suporte para o atendimento especializado dos pacientes e ensino na formação dos profissionais da área de saúde, principalmente na implantação do curso de medicina, trabalhando em sinergia com as demais instituições, visando sempre a melhor formação profissional e saúde de qualidade. Alta complexidade Serviço de alta complexidade em oncologia com cirurgia, quimioterapia e radioterapia, além de alas especiais para internamento, dentro em breve será realidade, após o reconhecimento do governo federal da existência de vazio assistencial em nossa região. Para tanto, a instituição foi uma das 200 do país que receberão recursos e equipamentos para esse fim. Tarefa difícil “Manter um hospital com 80 a 90% de atendimento ao SUS, remunerado por tabelas de honorários e recursos que não são reajustadas desde 1988, não é tarefa fácil. Isto consome todos os recursos existentes, não tendo margens para perdas ou investimentos, sucateando a instituição. Por isso, devemos congregar todas as instituições e segmentos da sociedade pública ou privada, visando garantir a sustentabilidade econômica da instituição”, diz Jean Nicareta. “Por último, manter um hospital filantrópico por mais 100 anos, exige não apenas recursos financeiros e técnicos, mas precisa de almas caridosas que saibam se doar pelos outros com desapego às vaidades humanas e apego à generosidade”.


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Fotos: Arquivo pessoal

ATACAMA

Areia no asfalto e neve na cabeça A jornada de dois loucos aventureiros no Atacama

O que leva dois amigos a fazer uma viagem de mais de 8.500 quilômetros para explorar o deserto do Atacama, no Chile? Simples. Esses dois guarapuavanos foram levados pela busca constante de novas aventuras e por uma pick-up Corsa, ano 1998. Moacir Pereira da Cruz e Bruno Vinicius Banhuk tiveram a ideia de realizar a viagem no início deste ano. Em cerca de 35 dias estava tudo pronto. Rota traçada através do www.ruta0.com, provisões armazenadas, veículo revisado e grana providenciada. Partiram de Guarapuava no dia 04 de fevereiro, para uma viagem que consideram a mais emocionante de suas vidas. No primeiro dia chegaram à Argentina. Segundo Moacir, a passagem pela Argentina quase motivou a desistência de todo o projeto da viagem. “Logo que entramos na Argentina fomos parados pelos guardas e nossa decepção com os “cambineros” (polícia Argentina), começou. Nos “morderam cerca de R$ 180,00 na primeira parada e foi assim em praticamente todas. Todos os guardas cambineros exigiram dinheiro para que não complicassem nossa viagem. Nossa grana era contada e aquele dinheiro ali praticamente jogado fora poderia nos fazer falta”, contou Moacir. No terceiro dia de viagem chegaram

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à pré-cordilheira, na província de Jujuy, ainda na Argentina, onde ficaram encantados com o “Cerro de los Siete Colores”, uma montanha espetacular que tem os tons de arco íris. “Inesquecível. Maravilhoso”, conta entusiasmado Bruno. A partir desse ponto, a aventura tomou os contornos que eles esperavam e planejaram. No quarto dia, chegaram à cordilheira. No Chile, o que mais chama a atenção, de acordo com os aventureiros, é a receptividade do povo com os brasileiros, apesar da dificuldade do domínio da linguagem. “Eles falam muito rápido”, brinca Bruno. E foi também no quarto dia de viagem que saltaram de um calor de 25 graus para temperatura abaixo de zero, com o registro de neve. “Tivemos que atrasar nossa viagem por algumas horas devido à neve”, enfatiza Moacir. Em San Pedro de Atacama os dois permaneceram por cerca de quatro dias. E como bons brasileiros, não poderiam deixar de destacar que este é um dos lugares mais secos do Chile, mas choveu enquanto eles estavam lá. “É uma coisa assombrosa. A população cobre com plásticos as construções históricas, como as igrejas, por exemplo. Pois a chuva pode danificar a estrutura. As crianças brincavam na lama como se aquilo fosse algo inédito, e poderia ser

“As crianças brincavam na lama como se aquilo fosse algo inédito, e poderia ser para elas, pois fazia muito tempo que não chovia naquele local”.


Fotos: Arquivo pessoal

para elas, pois fazia muito tempo que não chovia naquele local”, conta Bruno. Todos os detalhes da viagem são lembrados pelos aventureiros com detalhes, como os passeios de bicicleta que deram, um gêiser que jorrava água quente e as pessoas aqueciam chaleiras de água sobre a água, a travessia do deserto de sal. Mas os dois são unânimes ao relatar as belezas do vulcão no Vale da Morte, como inesquecíveis. “São momentos que tivemos. Cada dia passamos por coisas novas, novas paisagens, novas sensações. Tudo muda muito rápido, num pequeno percurso de viagem. No mesmo dia, por exemplo, pegamos tempestade de neve que cobria o asfalto e não enxergávamos nada, e neve sobre nós, numa pequena distância”, diz Bruno. A receptividade e o carinho do povo chileno também é ponto positivo na viagem. De acordo com Moacir, eles armaram acampamento próximo à residência de um chileno e ficaram preocupados que ele se incomodasse com a presença dos dois na área. “Que nada, o chileno nos convidou para entrar e acampar no jardim dele. Nos preparou uma refeição e nos serviu vinho. Eles (os chilenos) têm muito carinho pelos brasileiros”, afirma. A aventura acabou no dia 20 de fevereiro. Se valeu a pena? Os olhos dos aventureiros não escondem a sensação de vencer mais uma etapa de busca por coisas novas, por novas paisagens. Moacir e Bruno são adeptos do montanhismo, onde fazem caminhadas pelos pontos mais altos e sempre buscam novas paisagens. Engana-se quem pensa que os dois investiram muito nessa viagem de 16 dias em que percorreram 8.500 quilômetros. Contando todos os gastos, incluindo as mordidas dos cambineros argentinos, os aventureiros investiram R$ 2.300 cada um. E a pick-up Corsa 98? “Foi, voltou sem problemas e está pronta pra outra”, afirma orgulhoso Bruno. A próxima aventura dos dois já tem rota definida: Pico das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro, em junho deste ano. “É um sonho e já está tudo programado. Lá vamos nós”, concluem animados.

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DESENVOLVIMENTO REGIONAL

A hora é agora!

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urbanos e rurais, de forma consorciada, oferecendo à população aquilo que todos sonham, que é a qualidade de vida no próprio local onde moram”, afirma Marcos Seguro. O papel da Amocentro nesse processo, segundo o presidente, é a implantação de uma eficiente política que coordene e promova o controle das ações e que, ao mesmo tempo, seja o elo entre municípios, Estado e União, na busca de programas e projetos que fortaleçam cada célula e a partir disso aconteça o desenvolvimento da região. “Tudo isso deverá ser feito respeitando a vocação regional. Sabemos que a economia regional tem um grande potencial que deve ser aproveitado de forma eficiente. Um deles é o turismo rural, que precisa de ações integradas entre os municípios; outro é a agricultura familiar, cuja produção primária precisa ser industrializada”, defende o presidente da Amocentro. Para Marcos Seguro o aumento da produtividade local, a abertura, estruturação e expansão dos negócios, aliados à dinamização do comércio, terá como resultado a geração de postos de trabalho e renda, a inserção dos produtores de cada município no mercado competitivo. “Essa união resultará ainda na atração de novos investimentos, no crescimento da arrecadação, no fortalecimento dos empreendimentos coletivo e dos valores da cidadania. Entendemos que essa é a única forma verdadeira e eficaz de combate à desigualdade regional”, pregou.

Foto: Arquivo pessoal

Nunca a maré esteve tão favorável. Há muitos anos o desenvolvimento regional vem sendo reclamado pelos prefeitos da região. Eles sabem que para reduzir as diferenças, principalmente sociais, de uma região com famílias de baixo poder aquisitivo, é preciso se unir e buscar soluções conjuntas. Esse é um dos dois grandes desafios que estão sendo enfrentados pelo prefeito do Município de Turvo, Marcos Seguro. ”O meu compromisso principal é com os munícipes de Turvo, é preciso continuar fazendo a lição de casa para que o Turvo continue se desenvolvendo, atraindo mais empresas, gerando empregos, priorizando a qualidade gradativa no atendimento básico na saúde pública”, entre outras ações que o promoveram ao segundo mandato no comando do município. O segundo, como presidente da Amocentro (Associação dos Municípios do Centro do Paraná), mais ousado, é envolver os municípios para o tão sonhado desenvolvimento regional”. Liderando a Amocentro, entidade composta por 16 municípios, muitos dos quais já pertenceram ao antigo território de Guarapuava, separados por desmembramentos, o baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é o denominador comum entre todos. Mas a microrregião também compartilha áreas altamente produtivas observadas em áreas rurais, podendo ver também florestas de preservação, como é o caso da araucária em Turvo. “Diante disso, a nossa intenção é estabelecer projetos para os núcleos

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O novo presidente da Amocentro, Marcos Seguro, tem a missão de provocar o desenvolvimento regional.

prefeito do Município de Turvo, Marcos Seguro

“Sabemos que a economia regional tem um grande potencial que deve ser aproveitado de forma eficiente. Um deles é o turismo rural, que precisa de ações integradas entre os municípios”.


Foto: Vinícius Maranhão

GRUPO DALBA – Gerando energia, movendo o desenvolvimento

Entra em operação em Guarapuava mais um empreendimento da DALBA HOLDING. A Usina Hidrelétrica GGH DALBA é do tipo fio d’água, causando o mínimo possível de impacto ambiental. Com potência instalada de 1000 KW é possível abastecer cerca de 500 residências. Este empreendimento fortalece o potencial energético da nossa cidade e coloca Guarapuava, mais uma vez, no mapa energético nacional.

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Fotos: Divulgação

LARANJEIRAS DO SUL Levante de bandeiras regionais e decisões coletivas devem acentuar o desenvolvimento tanto no setor econômico como na melhoria de vida das pessoas.

Há cerca de quatro meses à frente da Associação dos Municípios da Cantuquiriguaçu, a prefeita de Laranjeiras do Sul, Sirlene Svartz, já comemora junto aos demais 20 representantes importantes conquistas. A principal delas é a ordem de serviço para construção da sede própria da entidade, que abrigará também os consórcios existentes dentro da microrregião. De acordo com a presidente, outras bandeiras foram assumidas para o mandato, como a luta pelo repasse integral por parte do Governo do Estado para custeio do transporte escolar. “Arcamos com um ônus que é responsabilidade do Estado. Não é justo que as prefeituras paguem por isso. Já passou da hora desse problema ser resolvido”, enfatizou. Além disso, a presidente pretende reunir os municípios para a adequação dos aterros sanitários, já que, segundo a legislação vigente, o prazo para regularização encerra em meados de 2014. 54

Sirlene desperta unificação e força da Cantuquiriguaçu LARANJEIRAS PÓLO Outra preocupação da presidente é a consolidação de Laranjeiras do Sul como cidade pólo. Além de concentrar a maioria dos órgãos e autarquias do Estado, na concepção da prefeita Sirlene a cidade deve ser base para uma onda de desenvolvimento regional, respeitando as proporções e peculiaridades dos demais municípios. “A região precisa ser respeitada, e nós como cidade mãe temos o dever de tomar a frente desse processo, pensando tanto em causas econômicas como em elevar nosso IDH”, completou. TRANSPARÊNCIA A exemplo do que foi adotado na prefeitura de Laranjeiras do Sul, a prefeita disse que a transparência dos atos e a valorização das pessoas e causas sociais também serão marcas de seu mandato. “Esse perfil também nos acompanhará na Cantu. As decisões

“Nós queremos junto com os demais prefeitos da região promover um salto no desenvolvimento da Cantu”.

pautadas no diálogo servirão, principalmente, para unificar a região e mostrar aos próprios prefeitos a força que temos”, comentou. “Nós queremos junto com os demais prefeitos da região promover um salto no desenvolvimento da Cantu, tornando-a competitiva e atraente para receber investimentos externos”, finalizou.


Foto: Divulgação

RESERVA DO IGUAÇU

Corredor do milho agora será a via do desenvolvimento

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Governador Beto Richa autoriza continuidade da obra na PR 459 e atende reivindicação antiga

Conhecida como o Corredor do Milho e elo entre a região de Guarapuava com o Sudoeste do Paraná e com o estado de Santa Catarina, a PR 459 finalmente terá a obra de pavimentação asfáltica concluída. O anúncio da continuidade do trecho de 22 quilômetros entre a localidade de Dois Pinheiros e o município de Reserva do Iguaçu foi anunciado pelo governador Beto Richa em 26 de abril deste ano, após 10 anos de paralisação. Além de favorecer diretamente a população e o desenvolvimento econômico da região, a obra trará uma série de benefícios aos produtores rurais. Para se ter uma ideia, o corredor é responsável pelo escoamento de aproximadamente 70% da safra recebida pela Unidade Pinhão da Cooperativa Agrária, beneficiando também associados da Coamo.

“Essa obra nos coloca no caminho do desenvolvimento”, resume o prefeito de Reserva do Iguaçu, Emerson Julio Ribeiro, responsável pela articulação política envolvendo também lideranças do agronegócio com o governador Beto Richa. “Vi no mapa a importância dessa ligação de Reserva do Iguaçu a Dois Pinheiros, no município de Pinhão, que traria uma redução de alguns trajetos. Aliado a isso, tivemos o pedido da Coamo e da Agrária, representando os nossos produtores rurais, que percorrem um caminho muito grande, encarecendo a produção", disse o governador. “Essa é uma reivindicação histórica. É a maior obra financeira feita nesses dois municípios, mas é um dinheiro muito bem investido, que vai significar

“Essa é uma reivindicação histórica. É a maior obra financeira feita nesses dois municípios, mas é um dinheiro muito bem investido, que vai significar mais rapidez no acesso, vai integrar regiões e permitir que o trânsito que passa hoje por Salinas venha por essa região”.

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Foto: Divulgação

mais rapidez no acesso, vai integrar regiões e permitir que o trânsito que passa hoje por Salinas venha por essa região. Vai trazer mais segurança e ajudar na saúde, integrando mais o deslocamento. Vai baratear a produção, e além disso integrar a zona rural, garantindo qualidade de vida a essas pessoas”, afirmou o governador. A obra terá um custo de R$ 25 milhões, dos quais 50% serão recursos devolvidos pela Assembleia Legislativa do Paraná ao Governo do Paraná por inserção do deputado estadual Valdir Rossoni, que preside a Alep. Foi ele o autor do Projeto de Lei que criou Reserva do Iguaçu, desmembrando o antigo distrito de Rondinha, então pertencente ao município de Pinhão. “Me sinto o pai deste município e sei o que essa obra representa para a região”, afirmou Rossoni. “O deputado Rossoni teve uma participação decisiva nessa conquista. A devolução do dinheiro da Assembleia para o Governo foi um dos fatores decisivos para que a rodovia virasse realidade”, destacou Emerson. O impacto da pavimentação asfáltica no trecho citado, cujos serviços já foram iniciados, vai refletir no bolso do produtor rural. De acordo com o presidente da Agrária, Jorge Karl, um dos principais benefícios que serão gerados ao produtor é a redução no valor do frete, podendo acrescentar um lucro a mais, estimado em R$ 1,5 por saca, ou R$ 25 por tonelada. "Para os nossos cooperados, o impacto é muito grande em três momentos: na locomoção diária até a propriedade, no escoamento da safra de todas as culturas, tanto no inverno quanto no verão; e na comercialização da produção, pois parte dela acaba indo para Santa Catarina. Além, é claro, de uma mudança para a vida da comunidade de Reserva do Iguaçu", afirmou. Karl ressaltou o empenho do governador em liberar a obra. "A Agrária tem um bom contato com o Governo do Estado, que é sensível a isso. É uma união de forças". O encurtamento da distância entre Guarapuava e Reserva do Iguaçu que, via BR 277, é de 110 quilômetros e por Pinhão, pelo novo acesso, reduz

mais de 20 quilômetros, beneficia também o comércio, a indústria e a população em geral. “Essa é a obra mais esperada pela população, pois beneficia o povo, a indústria, a agricultura. Além disso, vai servir para aumentar e melhorar o comércio. Trata-se de um passo enorme para o desenvolvimento do nosso município, e devemos isso ao nosso prefeito e aos nossos vereadores”, afirmou a presidente da Associação Comercial e Empresarial de Reserva do Iguaçu, Roseli da Aparecida de Oliveira. Para o secretário municipal de Indústria e Comércio de RI, Jocelino Siqueira Moraes, o município, com 7,5 mil habitantes, possui cerca de 300 empresas, com a perspectiva de aumentar esse número, e consequentemente a geração de empregos, a partir da pavimentação. “Estamos eufóricos, pois é um momento histórico, já que essa obra vai influenciar em tudo, dando um novo impulso até na vida particular das pessoas. Essa rodovia será a artéria do desenvolvimento regional”, assegurou. A pavimentação do trecho da PR 459 vai beneficiar um universo de 100 mil habitantes na região Centro Sul do Paraná.

PRODUÇÃO ANUAL RESERVA DO IGUAÇU Via principal de escoamento: Reserva do Iguaçu - Pinhão. Esta via é composta por 23,63 km de cascalho e 21,18 km de pavimento asfáltico. 1. Tabela de produção: DESCRIÇÃO QUANTIDADE Soja (grãos) 47.250 ton Milho (grãos) 39.555 ton Cevada (grãos) 12.640 ton Bata Inglesa 10.505 ton Trigo (grãos) 9.240 ton Feijão (grãos) 960 ton Aveia (grãos) 231 ton Fonte: IBGE A produção apresentada é oriunda de 681 propriedades rurais, classificadas em pequenas, médias e grandes. > Pequenas: 70% > Médias: 23% > Grandes: 7% Fonte: Secretaria de Agropecuária e Meio Ambiente


Um novo estímulo

A integração regional e o desenvolvimento econômico – decorrentes de melhor escoamento da produção – ganham novo estímulo com a assinatura da ordem de serviço para a conclusão da pavimentação asfáltica da PR 459. “O governador Beto Richa teve visão e percebeu a importância em desenvolver mais uma região no estado. Por trás de uma grande obra como essa vem também um grande movimento econômico, pois atrai empresas e indústrias que vêm na carona dessas obras”, afirmou o presidente da Sociedade Rural de Guarapuava, Johann Zuber Junior. O investimento em infra estrutura contribui para se atingir as metas do desenvolvimento, uma vez que permite, com efeito, melhorar o acesso aos serviços, nomeadamente os serviços de saúde e de educação, criar emprego e reforçar a capacidade da região, uma vez que reduz os custos dos bens

“A construção da estrada representa uma diferença de 120 quilômetros e o desvio de um pedágio. Isso representa a economia de cerca de R$ 16 por tonelada de trigo”.

e serviços. Também facilita a vida dos operadores econômicos e contribui para melhorar as condições do ambiente e das pessoas. A ligação com outras regiões produz esse efeito. “A construção da estrada representa uma diferença de 120 quilômetros e o desvio de um pedágio. Isso representa a economia de cerca de R$ 16 por tonelada de trigo”, contabiliza Zuber. De acordo com Zuber, 172 mil toneladas de milho são produzidas pelos municípios de Pinhão e Reserva do Iguaçu, que têm como maiores consumidores o oeste do Estado do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os dois municípios também produzem cerca de 32 mil toneladas de soja e trigo. “Essa obra também garante um incremento em segurança para todos os usuários da rodovia. Quando não há chuva temos muita poeira, e com o tráfego fica muito perigoso. Com a pa-

Foto: Manoel Godoy / SRG

Sociedade Rural de Guarapuava

vimentação até as crianças que moram nas propriedades e vão para a escola irão mais tranquilas, o acesso vai ser mais rápido e seguro", avalia Zuber. O presidente da Sociedade Rural de Guarapuava também lembra que a obra será fundamental para Reserva do Iguaçu. “Haverá um movimento maior na cidade, um aumento de indústrias e comércio. Vai melhorar para a classe produtora e o escoamento da produção, e também para o transporte escolar. Haverá um grande desenvolvimento econômico e social também, com a melhoria da condição de vida dos habitantes da região”.

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Quase 140 anos depois dos primeiros registros teatrais documentados em Guarapuava, Débora de Fátima dos Santos Oliveira luta para deixar sua marca na história das artes cênicas da cidade. Aos 25 anos, Débora, que é estudante de Arte e Educação da Unicentro (Guarapuava), segue para suas aulas todos os dias acompanhada da dúvida se em algum momento os artistas de Guarapuava receberão o devido reconhecimento de seu trabalho, visto muitas vezes apenas como algazarra. Não é exagero dizer que não só Débora como todos os seus amigos de curso e teatrólogos da cidade são herdeiros de um sonho inaugurado em 1877, quando a Sociedade Dramática Amiga do Progresso se tornou a companhia teatral pioneira de Guarapuava e, muito provavelmente, do Centro do Paraná. Mas, por enquanto, apenas sonho. Entre baixos e baixos, o Teatro na cidade se arrasta cada vez mais. No seu ápice, por volta de 1883, quando a Câmara de Vereadores da cidade cedeu um terreno para que pessoas interessadas no ramo construíssem por conta e risco o Teatro Santo Antônio, como o Visconde de Guarapuava, os moradores da cidade sentiam a necessidade de fazer manifestações teatrais mesmo que em reuniões particulares. Nas observações do historiador local Murilo Teixeira, talvez por conta da opressão que existia naquela época. Não foi o suficiente. Mesmo com o impulso, as cortinas ficaram abertas por pouco tempo. Depois da explosão de manifestações artísticas na cidade

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e criações de novos movimentos teatrais, como em 1922 com Grupo Dramático Paraná ou a criação do Teatro Pimpão, logo veio o declínio. Criação do Cinema, aparições dos primeiros programas televisionados, enfim. Tentaram resistir. Quando o Cinema começou a virar febre em Guarapuava, o primeiro teatro da cidade se transformou no Cine-teatro Santo Antonio, que transmitia filmes e peças cênicas. Mesmo com os dois gêneros, não conseguiu se manter e fechou as portas por volta de 1940. Porém, não foram fechadas só as portas para o Teatro enquanto arte. Foram encerradas as portas que dariam a oportunidade de pessoas que vivem da arte conseguirem passar o seu valor para o resto do povo. Foram fechadas as portas para pessoas que têm de se obrigar a ir para outras cidades expor seu trabalho por conta da mesma opressão que recebiam os primeiros teatrólogos da cidade em 1877. Mas o sonho de Débora e de todos os amantes da arte na cidade resiste. Resiste na possibilidade de um novo teatro em Guarapuava, de novos grupos de dramaturgos e do reconhecimento guarapuavano pela arte. Porque a cortina pode estar fechada, mas os aplausos ainda estão por vir.

As cortinas se fecharam com os artistas no palco Por Caio Budel*


Saiba mais Ernesto Dias Laranjeiras, Francisco de Paula Pletz e Eugenio Lopes Branco foram os pioneiros do teatro na cidade. Na segunda metade do século 19, requeriram junto à Câmara de Vereadores um terreno para a construção do teatro Santo Antonio. O Legislativo local liberou o terreno em 1883 e eles tiveram de construir o teatro por conta e risco, sem nenhum outro subsídio da Câmara. Uma figura marcante do teatro na cidade foi Cunha Bittencurt, professor, vanguardeiro, dramaturgo e redator chefe de A Coluna, jornal da época. As manifestações de Teatro registradas na cidade começaram por volta de 1877, com a Sociedade Dramática Amiga do Progresso (precursora/grupo criado para manifestar o Teatro na cidade). Contudo, as manifestações teatrais na cidade começaram em reuniões particulares. Os grupos se reuniam em casas de pessoas que

eram simpatizantes da arte para fazer encenação, por exemplo. Em contraponto ao que vemos hoje em dia, a maioria das pessoas que participavam do teatro na cidade era de origem rica, como Antonio de Sá Camargo, de Palmeira (Visconde de Guarapuava, grande colaborador para manifestações de teatro na cidade). O pesquisador de Guarapuava Murilo Teixeira relata que, no seu ponto de vista, as pessoas apreciavam mais o Teatro naquela época. Talvez por conta da opressão e do medo que era imposto a elas, qualquer tipo de manifestação era uma grande atração para o povo. Depois da criação do Teatro Santo Antonio houve uma explosão de manifestações na cidade. Em 1922, foi criado o Grupo Dramático Paraná, que realizava peças na cidade. Após, surgiu o Teatro Pimpão, que resistiu mais tempo que o próprio Santo Antonio, após a extinção deste por conta do cinema mudo. *Repórter da Rede Sul de Notícias

[

ignorados pelo guarapuavano, teatrólogos da cidade lutam diariamente para conseguir reconhecimento do seu trabalho com a

arte.

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Fotos: Divulgação

CLUBE ATLÉTICO DEPORTIVO - Por Marcio Fernandes

Entrando para a

história A Guarapuava que entrou no Outono de 2013 é bastante distinta daquela vista no ano passado no mesmo período, quando um clima de final de festa pairava sobre a cidade, enquanto uma espécie de arremate de um período de notícias e acontecimentos ruins ao longo dos anos anteriores. O final de festa em questão dizia respeito aos últimos meses da administração municipal comandada por um comportamento egocêntrico do seu gestor, cujo período à frente da Prefeitura foi marcado, em grande parte, pela lentidão nas decisões e por uma série de equívocos de gestão, o que permitiu cidades menores como Pato Branco e Toledo avançarem muito mais do que Guarapuava. Quanto aos anos imediatamente antes, guardavam relação com o quase inacreditável acidente automobilístico envolvendo um ex-deputado estadual de Guarapuava, a morte absurda de um jogador de futsal no Ginásio Joaquim Prestes e as toneladas de batatas jogadas fora – só para citar três exemplos de fatos que se tornaram notícia

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nacional e que serviram de motivo de chacota país afora. Em maio de 2013, este cenário é bastante distinto: o Clube Atlético Deportivo (CAD) faz história no futsal ao participar da principal competição de equipes do território brasileiro – a Liga Nacional. A coragem do grupo gestor do CAD e da Prefeitura em aceitar o desafio proposto por um fabricante de material esportivo – detentor da vaga na Liga – é altamente louvável, cujos resultados, para além da participação em si, não tardaram a aparecer – duas vitórias representativas, sobre o Joinville e diante do Carlos Barbosa, dois times qualificados e vencedores. No primeiro caso, Fernando Ferretti (provavelmente o técnico brasileiro da modalidade com o maior número de glórias) viu seus jogadores serem duramente derrotados no mesmo Joaquim Prestes, na metade de maio. No segundo, a força do CAD se impôs perante uma agremiação vencedora de vários torneios internacionais, a Copa Intercontinental de Clubes da Fifa 2012 dentre eles.




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