SUMÁRIO
BREVE HISTÓRICO E CENÁRIO ............................................................................................ 3 PROBLEMAS E OPORTUNIDADES ........................................................................................ 6 O desafio de resultar na qualificação ............................................................................................... 6 Chegando ao público-alvo ............................................................................................................... 6 Definindo o público do programa .................................................................................................... 7 Definindo os cursos mais adequados ............................................................................................... 7 SOLUÇÕES ENCONTRADAS .................................................................................................... 8 a)1 - O parceiro aliado ..................................................................................................................... 8 a)2 - O rádio como aliado ................................................................................................................ 8 b)1 - Evitando a evasão do programa .............................................................................................. 8 b)2 - A marca Alfa nos uniformes ................................................................................................... 9 c)1 - Garantindo a avaliação .......................................................................................................... 10 c)2 - Metodologia aplicada ............................................................................................................ 11 c)3 - Indicadores de avaliação e monitoramento ........................................................................... 12 RESULTADOS ............................................................................................................................ 13 Aulas de alfabetização nos mais remotos lugares .......................................................................... 13 Alfa na mídia.................................................................................................................................. 14 Outras participações ....................................................................................................................... 16 Reconhecimentos e premiações ..................................................................................................... 16 Parceiros engajados ........................................................................................................................ 18 Resultados quantitativos ................................................................................................................ 19 Resultados que mudaram vidas ...................................................................................................... 19 Outros anexos................................................................................................................................. 21
3 BREVE HISTÓRICO E CENÁRIO Deolino Correa, agricultor aposentado em São Francisco de Assis, aprendeu a ler em 2008, com 80 anos. Manoel dos Santos, 54 anos, produtor de mel na localidade da Pacheca, em Camaquã, foi alfabetizado aos 45. Marli Severo, agricultora, alfabetizada aos 43 anos, hoje confecciona e vende pães e bolos, com receitas adquiridas em cursos profissionalizantes. Esses são exemplos vitoriosos de pessoas que tiveram oportunidade de frequentar o programa
Alfa
-
Alfabetizando
para
Profissionalizar no Campo - e que deixam de fazer parte da triste estatística de analfabetos brasileiros. Conforme o último censo, a nossa população de Analfabetos (10%) é preocupante em relação a outros países latinos vizinhos (a Argentina tem 2,4%, o Chile 3,5% e o Paraguai, 6,3%). Há vários anos, o Estado do Rio Grande do Sul destaca-se por deter, no Brasil, os melhores índices
de
alfabetização.
Entretanto,
as
desigualdades regionais continuam a existir, havendo ainda, no Estado, significativo número de municípios com taxas de analfabetismo de até 24% da população. Entre os dez municípios com maior percentual de eleitores analfabetos, os índices variam de 11,6% a 15,94%, conforme a pesquisa Síntese dos Indicadores Sociais 2008 - Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira - divulgada em 24.09.2008 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Economia e Estatística). Constata-se, entre outros, os seguintes dados, relativamente ao Estado do Rio Grande do Sul:- Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade: 5% (7% em 1997); - Taxa de analfabetismo funcional das pessoas de 15 anos ou mais de idade: 15,4%; - Taxa relativa a pessoas de 60 anos ou mais de idade, sem instrução ou com menos de um ano de estudo: 18,1%. Embora revelem queda nas taxas, os dados ainda são preocupantes, cabendo referir que o
4 analfabetismo é sempre prevalente na área rural, em comparação à zona urbana. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil revelou que a porcentagem dos que não sabem ler ou escrever é de 31,6% e que 12% dos filhos dos trabalhadores rurais não frequentam ou nunca frequentaram a escola. A pesquisa também traça um cenário das condições sob as quais os empregados do campo se encontram: em 56,3% dos lugares onde residem não há banheiros e em 42% têm esgoto escoado a céu aberto. (CNA, Observatório das Desproteções Sociais do Campo,2009).
Por outro lado, temos a discrepância do avanço de processos tecnológicos no campo. As novas tecnologias exigem do trabalhador domínio no manejo de máquinas e equipamentos capazes de gerar grandes resultados. Coerentemente ao ato de sua criação, o Senar tem como missão “Desenvolver ações de Formação Profissional Rural - FPR e atividades de Promoção Social —PS voltadas ao Homem Rural, contribuindo para sua profissionalização, sua integração na sociedade, a melhoria da sua qualidade de vida e para seu pleno exercício da cidadania”. (Série Metodológica Senar) O planejamento estratégico, integrando alfabetização e profissionalização tem como fundamento a ideia assumida pelo Senar-RS de que o processo de mudança, em comunidades rurais de baixa renda, somente ocorrerá por meio de ações educativas amplas.
5 Há 18 anos no Rio Grande do Sul, o Senar disponibiliza à comunidade rural uma relação de 170 cursos e treinamentos, capacitando, mensalmente, uma média de oito mil produtores e trabalhadores rurais, através da realização de 600 eventos, cujas ações profissionalizantes são oferecidas gratuitamente a todos os 496 municípios gaúchos. Tais eventos estão relacionados aos setores da pecuária, agroindústria, agricultura, silvicultura, atividades de apoio agrossilvipastoris, aquicultura e prestação de serviços. Também oferece atividades de Promoção Social vinculadas às áreas de educação, alimentação e artesanato.
Considerando que a maioria de seus cursos exigia do participante ser alfabetizado e não querendo deixar de fora um significativo contingente de pessoas necessitadas de conhecimento, em 1998 o Senar-RS criou o programa Alfa – Alfabetizando para profissionalizar, com o propósito de dar condições a pessoas com baixa ou sem escolaridade, de frequentarem seus cursos. Além de oferecer oportunidades de ensino, o programa integra também o resgate da autoestima e da cidadania, despertando os valores do trabalhador como ser humano; o desenvolvimento de competências, atitudes e conhecimentos essenciais para a vida em sociedade e para o mercado de trabalho, além do desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes inerentes ao exercício de uma ocupação.
6 PROBLEMAS E OPORTUNIDADES
O desafio de resultar na qualificação O limite de um analfabeto não se restringe apenas à necessidade básica de saber ler um rótulo ou de fazer uma conta de soma ou de multiplicação. No meio rural, ter baixa escolaridade é um obstáculo de qualidade de vida, mas, principalmente, é um obstáculo no uso de instrumentos e de tecnologia que permitem o aumento de renda das famílias rurais como, por exemplo, ter acesso à qualificação profissional. Para por em prática o programa, a instituição deparou-se ainda com os seguintes desafios: a) Como chegar até o público alvo, ganhar sua confiança e motivá-lo a participar das aulas de alfabetização? b) Como garantir a sua persistência e permanência nas aulas de alfabetização para concluir os cursos de qualificação profissional? c) Como garantir que as aulas tragam resultados qualificativos para o participante e ter o acompanhamento do programa, estando o Senar sediado em Porto Alegre?
Desta forma, o Senar montou seu planejamento estratégico de levar um programa de alfabetização especial para o campo transpassando todas essas barreiras. Tendo os seguintes pontos de partida:
Chegando ao público-alvo O Senar-RS baseou-se em indicadores como fatores de seleção dos locais para acontecer o Programa Alfa. São alguns deles resultados do último Censo, relacionando os municípios com maior índice de analfabetos, além do ISMA - Índice Social Municipal Ampliado - realizado pela FEE - Fundação de Economia e Estatística, - que elenca municípios e as regiões do Estado segundo as suas condições sócio-conômicas, considerando quatro blocos de indicadores: condições de Domicílio e Saneamento, Educação, Saúde e Renda. Assim, os municípios com as mais baixas taxas de alfabetização e/ou inclusos entre os 20 últimos classificados quanto ao ISMA - Educação foram prioritários no Programa Alfa.
7 Definindo o público do programa O Programa é dirigido exclusivamente para adultos, com no mínimo 18 anos, que tenham baixa escolaridade ou sejam analfabetos e residam no meio rural. A maioria do público é formada por trabalhador assalariado, arrendatário ou proprietário de pequena área , tendo abandonado os estudos na infância para ajudar os pais na lavoura. Há também muitos idosos, e principalmente, mulheres entre 50 e 80 anos. Os participantes residem em casas com até quatro cômodos e um grande número deles não possui rede de esgoto ou água encanada.
Definindo os cursos mais adequados Dos mais de 170 cursos oferecidos pelo Senar, dois desses foram determinados como parte da programação do Alfa, a fim de cumprir com o objetivo máximo do programa: fazer com que os produtores alcançassem a possibilidade de realizar cursos de qualificação profissional. No treinamento Saneamento Rural Básico, os alunos aprendem sobre controle de doenças, armazenamento e preservação da água, técnicas de compostagem, tríplice lavagem de embalagens de agrotóxicos, prevenção de intoxicações domésticas entre outros assuntos para melhorar o saneamento em suas propriedades. No curso de Aproveitamento Integral de Alimentos, os alunos aprendem sobre a importância nutritiva, conservação e função dos
alimentos,
higiene,
prevenção
de
acidentes na cozinha, além de receita.Tudo isso com aproveitamento de partes de alimentos que possuem valor nutritivo e geralmente são descartadas, como talos, folhas, cascas e sementes.
8 SOLUÇÕES ENCONTRADAS
a)1 - O parceiro aliado Os Sindicatos Rurais são as entidades concentradoras das ações do Senar nos municípios, mediante um termo de cooperação técnico-financeira. Dessa forma, foram designados para auxiliar na distribuição de materiais didáticos para as turmas, compra de merenda, indicação e contratação de educador. Pelo menos um integrante de cada sindicato rural é previamente instrumentalizado pelo Senar-RS, com vistas ao efetivo cumprimento de suas atribuições. Nos últimos anos, o Senar-RS tem contado, também, com o apoio de gabinetes de primeiras damas e entidades privadas como Rotary Club. A relação com as entidades oportunizou que outros cursos, programas e ações realizadas pelo Senar beneficiassem a população daquele município não só com o programa de alfabetização, mas também, com a ampliação dos benefício em qualificação profissional que o Senar oferece.
a)2 - O rádio como aliado Além do corpo-a-corpo na mobilização dos alunos pelos parceiros, a propaganda de rádio foi outra grande aliada para se comunicar com o trabalhador e o produtor rural, futuros alunos do programa, já que é o principal meio de comunicação local das comunidades, divulgando assim, o nome da instituição.
b)1 - Evitando a evasão do programa Era necessário criar uma situação que envolvesse totalmente o participante, e facilitar ao máximo a permanência e a participação deste na sala de aula, ambiente necessário para acontecer o processo de alfabetização especial e garantir que este conclua o objetivo fundamental da sua existência que é a participação do alfabetizando em cursos de qualificação profissional do Senar. Foi proposto que as salas de aula fossem na própria comunidade, facilitando deslocamentos e a acessibilidade dos participantes. Na falta de uma sala de aula tradicional,
9 como exemplos mais comuns de lugares onde as aulas acontecem, estão os salões paroquiais, salões comunitários, galpões de propriedade e até mesmo estufas de fumo desativadas. O professor foi percebido pelo Senar não só como o educador, mas como o elo de cumplicidade e ligação que o aluno criaria com o programa. Uma estratégia fundamental para evitar a evasão dos alunos foi a participação de um integrante da comunidade como o professor da turma. É ele o mobilizador e o entusiasta dos progressos dos alunos, que os motiva a continuar presente no desafio de absorver o aprendizado. São selecionados pelas entidades parceiras a partir da identificação do perfil e disponibilidade para se comprometer com o programa. Como requisitos básicos, é necessário que o educador resida na comunidade (ou próximo) onde será constituída a turma, que tenha formação mínima - ensino médio com habilitação para magistério/séries iniciais do ensino fundamental e experiência docente (preferencialmente em alfabetização) - e que tenha disponibilidade de tempo para cumprir a carga horária do programa. É, quesito indispensável participar das reuniões pedagógicas mensais. Também será responsável por cumprir o calendário letivo, observando o número de encontros semanais, os dias letivos e a carga horária, conforme orientação da coordenação do programa. Deve ainda, acompanhar os treinamentos propostos, providenciar documentação e elaborar relatórios.
b)2 - A marca Alfa nos uniformes A confecção de uniformes, bolsas escolares e materiais didáticos dentro de uma proposta de unidade visual, foi também peça chave na credibilidade passada pelo programa, bem como, a forma de destacar entre mais de mil pessoas por ano o nome do Senar, quando essas - “vestem a camiseta” - literalmente, do programa. O lanche para os alunos nos intervalos dos períodos de aula foi outro fator atrativo que beneficiava os participantes. Os produtos são confeccionados pelos alunos muitas vezes, ou adquiridos pelos parceiros e distribuído nas turmas.
10
Matéria ilustra a ação de entrega de uniformes - Jornal o Povo – maio 2009
c)1 - Garantindo a avaliação Como garantir a eficácia dos meios de avaliação e gestão do programa para chegar ao resultado almejado? Desta forma o Senar investe em recursos humanos e processos pedagógicos capazes de quantificarem esses resultados, contando “com entre” 7 e 12 coordenadores pedagógicos específicos para o programa, responsáveis por supervisionar as turmas de alfabetização. Cada coordenador pedagógico assume uma região que tenha em torno de dez turmas. Esses profissionais contratados pelo Senar-RS através de empresas e cooperativas de prestação de serviço, são responsáveis por acompanhar o trabalho dos educadores e o desempenho dos alunos no período de sete meses. Os coordenadores tem formação em nível superior na área da Educação, preferentemente em Pedagogia. Possuem conhecimento sobre a vida no meio rural e devem residir na região em que o programa é desenvolvido, além de ter disponibilidade para viagens nessa região. Por fim, precisam cumprir prazos, elaborar relatórios e controlar documentações. Para coordenar o projeto, utilizamos uma estrutura hierárquica já existente na entidade que há mais de 17 anos tem se mostrado eficiente. A coordenação geral é de responsabilidade da superintendência do Senar-RS. A coordenação específica é desempenhada pelo coordenador de Promoção Social, que representa um setor da entidade ao qual são destinados 30% do orçamento anual definido à atividade fim, para a realização de ações que busquem impulsionar as pessoas que vivem no meio rural a um patamar superior no que diz respeito à qualidade de vida e à cidadania. Essa coordenação atua em total sintonia com as coordenações pedagógicas regionais que, por sua vez,
11 coordenam o trabalho dos educadores em sala de aula e acompanham o desempenho dos alunos. QUALIFICAÇÃO Coordenador Geral Pedagogos Coordenador de Promoção Social Coordenador de Formação Profissional Coordenador de Apoio Operacional Coordenador de Controladoria Coordenadora Administrativa
QUANTIDADE 1 1 1 1 1 1 1
QUALIFICAÇÃO Coordenadores Pedagógicos Educadores Técnicos em Saneamento Básico Técnico em Nutrição
QUANTIDADE 11 86 7 8
c)2 - Metodologia aplicada O desenvolvimento da metodologia do programa aliando todos os fatores de localização, recursos humanos, e realidade do público alvo foi outro passo importante. As turmas são organizadas com, no mínimo, 12 e no máximo 20 participantes, previamente identificados e mobilizados pelos parceiros locais. O Senar promove a preparação dos educadores e coordenadores pedagógicos para atuar no programa, preparando-os durante 40 horas sobre metodologia em alfabetização direcionada para o trabalho. Assim, o Senar reúne, anualmente, mais de 100 alfabetizadores em um único evento em Porto Alegre para promover essa preparação. No início das aulas, são distribuídos os materiais didáticos aos alunos, bem como uniformes e pastas para os envolvidos. Mensalmente, entre abril e setembro, é repassada a ajuda de custo aos sindicatos para a compra de gêneros alimentícios para merenda das turmas. Nesse mesmo período, são repassados recursos financeiros para remuneração dos educadores. O Senar-RS também ajuda nos custos, para a realização de eventos alusivos ao encerramento das atividades. Ao completar os 80 dias letivos e a carga horária de 210 horas, os alunos que tiverem 80% de frequência e aproveitamento satisfatório recebem o certificado de conclusão do programa.
12 Geralmente, os certificados são entregues em solenidades organizadas pelos próprios participantes do programa com o auxílio dos educadores, dos sindicatos e do Senar.
c)3 - Indicadores de avaliação e monitoramento A avaliação formal dos alunos dá-se de acordo com a frequência destes às aulas (no mínimo, 80% de frequência), participação em grupo e com seu próprio relato de desempenho e crescimento através de instrumento aplicado pelo educador. Há também a avaliação específica (diagnóstico informativo) de desempenho em cada um dos dois cursos de capacitação, onde são verificados conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridos. Leva-se em conta a frequência (no mínimo, 80% de frequência) e aspectos como participação e pontualidade. Mas é através do relato direto e comovente dos envolvidos no programa que é possível avaliar o resultado do Alfa. Como o exemplo na ficha de avaliação da professora Rosevane Leivand, alfabetizadora de uma turma na localidade de Cerro Preto, município de Tunas: “Turma composta de 15 alunos, todos agricultores ou aposentados, sendo seis analfabetos e nove que já possuem alguma escolaridade. Cultivam fumo, feijão, milho, batata e alguns possuem horta, outros não plantam. A maioria não possui rede de esgoto. O mais importante nas aulas era o interesse, o capricho e a alegria de terem uma chance na vida. Adoravam a merenda.Todos católicos. Depois das aulas passaram a frequentar mais a comunidade, conseguindo até que o padre viesse até ao salão da comunidade, onde acontecem as aulas, rezar uma missa, já que não tem igreja aqui. Uma das alunas se tornou catequista. Eles usam o uniforme com orgulho. Um caso específico, foi o da aluna que não escrevia o nome e na eleição de 5 de outubro, no momento de votar, pediram para ela por o polegar. Então, ela falou: “Não preciso mais. Eu assino meu nome, graças a esse anjo que é a profe Rose”. Nesse momento ela assinou o nome e chorou, comovendo todos os presentes.” O programa também é avaliado pelos coordenadores pedagógicos, educadores e alunos. A coordenação do programa orienta para que os educadores promovam os próprios veículos de avaliação dos alunos. Os coordenadores pedagógicos, através de reuniões e relatórios, reúnem as
13 avaliações dos educadores e promovem relatórios globais de suas regiões, repassando estes a direção do programa. O monitoramento e feito em três fases: São realizadas reuniões bimensais com as coordenadoras, onde é avaliado o aproveitamento geral das turmas, relatório com número de alunos com frequência mínima e concluintes, entrega de certificados aos concluintes.
Reunião bimensal de coordenadoras pedagógicas na sede do Senar-RS RESULTADOS
Aulas de alfabetização nos mais remotos lugares Os locais para acontecer as aulas foram, até mesmo, criados pelos alunos quando não havia a possibilidade de ter a sala adequada. Em Palmeira das Missões, alunos fizeram de um galpão abandonado, a sala de aula, construindo as próprias paredes do local com garrafas pets. A ação virou notícia. Outro exemplo ocorreu no distrito da Pacheca, em Camaquã, onde os próprios alunos ergueram a sala de aula a fim de manter o programa ano a ano. Há outro exemplo no município de São Francisco de Assis, onde um produtor de leite organizou um espaço para as
14 aulas no galpão de madeira junto à estrebaria das vacas. Em ambos os casos, carteiras e quadro de giz foram cedidos por prefeituras e escolas.
Nota em jornal ilustra a iniciativa dos alunos em Palmeira das Missões Alfa na mídia Além de ser notícia local, em rádios e jornais dos municípios, o programa teve abrangência nacional, como notícia em importantes sites de educação e agronegócio. Também teve espaço de destaque em importantes jornais gaúchos como o Jornal do Comércio e Zero Hora. Na TV, o programa foi o tema de uma série especial produzida pelo Canal Rural, com abrangência nacional, em homenagem ao dia do agricultor. (em anexo no cd a matéria de tv) a qual também fez parte da pauta do Jornal Nacional. Também foi pauta de importantes jornais estaduais como Jornal do Almoço e de outros canais como SBT, Pampa e Bandeirantes. (anexo no cd matérias exibidas na televisão)
15
Capa
MatĂŠria publicada no DiĂĄrio de Santa Maria em novembro de 2008
16
Matéria publicada no Jornal do Comércio – novembro 2010
Outras participações Alunos do programa Alfa no município de Seberi participaram do desfile alusivo ao 7 de setembro naquele município, juntamente com alunos de outras escolas municipais e estaduais. A participação representou os valores e temas transversais trabalhados pelo professor em sala de aula, além da alfabetização, como cidadania, geografia, história, entre outros.
Reconhecimentos e premiações A inclusão social e tecnológica oferecida pelo Senar foi alinhada às políticas públicas de
17 forma a somar esforços e obter coletivamente resultados maximizados. Essa ação levou a instituição a receber em 2003 um reconhecimento internacional por seu papel através do Programa Alfa: A carta da UNESCO
O programa recebeu o prêmio TOP Cidadania ABRH na categoria entidade sem fins lucrativos. A designação em 2009 fez com que o programa também concorresse na mesma
18 categoria do Prêmio Nacional promovido pela mesma entidade. Assim, em 2010, o programa foi agraciado com o Prêmio Oswaldo Checcia – ABRH Nacional.
Anúncios veiculados no Jornal Zero Hora nos dias 1º e 2 de outubro de 2009
Parceiros engajados No decorrer dos anos foi crescente o número de participações no programa Alfa, tanto de alfabetizandos quanto de novos parceiros que abraçam a causa da mobilização ajudando na identificação de público e comunidades a serem beneficiadas. O mesmo ocorre com os alfabetizadores, que se tornam entusiastas e multiplicadores do programa entre outras comunidades dos mesmos municípios. O programa sempre se manteve com recursos próprios, exceto em 1999, quando contou com apoio financeiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador FAT. Também as prefeituras municipais e secretarias, tornam-se aliados, aderindo não só ao Alfa, como também a outros programas e atividades do Senar ao encontrar na entidade a credibilidade e a confiança na execução de projetos voltados para a educação da população rural.
19 Resultados quantitativos Entre 1998 e 2011 o Senar beneficiou 17.279 produtores e trabalhadores rurais pertencentes a 230 diferentes municípios gaúchos. O Programa Alfa.
ANO
Nº DE MUNICÍPIOS
Nº DE TURMAS
1998 1999 2000 2001 2003 2004 2005 2006 2008 2009 2010 2011
10 56 31 18 31 43 51 55 39 52 64 68
54 186 48 42 70 86 88 90 73 81 84 86 TOTAL
Nº DE PARTICIPANTES
718 3.846 1.099 1.023 1.190 1.469 1.476 1.411 1.174 1.323 1.230 1.320 17.279
Resultados que mudaram vidas O programa causou mudanças grandiosas e positivas, para nossa alegria, irreversíveis e crescentes. Uma educação continuada para a vida, confirmando o que o mestre Paulo Freire já defendia. Casos de produtores que despertaram para o conhecimento prenderam a investir tecnologicamente na sua produção, mudaram a realidade de sua renda e levaram seus filhos para um futuro diferente. Um deles é o produtor de leite Jair Peretto e sua esposa, Erneides Peretto,
proprietários
de
12
hectares
no
município de Vista Alegre, região norte do Estado. Ambos tinham frequentado às primeiras séries, mas estavam muito esquecidos, assim
20 como os demais da turma. Depois que concluíram o programa Alfa, em 2004, participaram dos cursos de Nutrição Animal e Qualidade do Leite do Senar. Com o conhecimento, aprenderam a alimentar melhor os animais e passaram a produzir o dobro de leite com as mesmas vacas que já possuíam em pouco mais de um ano. Também aumentaram o número de animais, passando de compradores de terneiras a fornecedores graças às informações adquiridas sobre como fazer a inseminação artificial das vacas. “Junto com mais seis produtores compramos um botijão de sêmen e contratamos um técnico para nos ajudar no processo... Estou vendendo seis terneiras por mês. Antes, eu comprava todas minhas terneiras... Tudo ficou muito diferente depois que me qualifiquei com os cursos do Senar”, diz Jair. Dos três filhos de Jair, uma já concluiu graduação, a segunda entrou para a faculdade e o terceiro, está no ensino médio. E o grupo unido desde as aulas do Alfa, já fez mais cursos. Em Camaquã a pequena produção de mel e montaram uma cooperativa de produção mista, depois de concluir o programa de alfabetização em 2000. Passaram de analfabetos a donos do próprio negócio em pouco mais de quatro anos, graças à oportunidade oferecida. Além da inclusão social e da aprendizagem técnica voltada para a apicultura, escolhida pelos produtores, hoje exercem a prática do associativismo, da integração e da construção das atividades em grupo. O programa tem como nome a primeira letra do alfabeto grego, fazendo uma referência ao início das possibilidades que os participantes vão encontrar ao entrar em contato com o conhecimento. Essa iniciativa descortina um novo e amplo cenário diante dos olhos dos trabalhadores rurais e seus familiares, sem tirá-los dos locais que escolheram e onde sabem viver. Objetivamente, seria descobrir que podem ir além do que imaginavam e tornando-se, realmente, personagens ativos na construção de seu futuro.
21
Outros anexos
ANEXO I Exemplar de um convite de formatura
22 ANEXO II
Trabalho realizado em sala de aula. O professor pediu aos alunos que expliquem através de uma atividade de desenho e escrita o que representou o Programa Alfa em suas vidas.
“Meu pé não sabia ler, por isso “Essa mão já não suja o dedão, pois agora tem caneta nesta mão. Noemi Paz”
andou demais até encontrar o rumo. O rumo da vida que eu sonhei. Eu sei ler e escrever e arranquei um espinho doido do pé. Já não sou mais tia Mida. Sou Romilda Soraes de Lima.”
23 ANEXO III