HIS ANA LUIZA CORTELINI ELEUTÉRIO A N A L U I Z A B U Z ATO D E C A R VA L H O A N A B E AT R I Z K A M I T S U J I PA L A
ARQUITETURA V
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ARQ V HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
ANDRÉ ARRUDA NAVARRO CAROLINE TUROLLA DOS SANTOS GABRIELA GEROTTO VIOLA
P R O F. D R A . S I L V A N A A P A R E C I D A A L V E S
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2017 UNESP BAURU
sumário página
03
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13
ETAPA 1
COMPOSIÇÃO ESPACIAL ETAPA 2 ESTUDOS DE LAYOUT E ERGONOMIA ETAPA 3
COORDENAÇÃO MODULAR ETAPA 4 FLEXIBILIDADE PLANTA EVOLUTIVA ETAPA 4
VOLUMETRIA E TELHADO
introdução A implantação do primeiro núcleo habitacional de interesse social na cidade de Bauru se iniciou na década de 60 - atrelada a uma política desenvolvimentista e uma demanda por moradia - e então, ao longo dos anos 70 e 80, foi produzido um grande número de habitações de interesse social, sendo a Cohab a maior responsável por esses projetos. Esses núcleos formam, na periferia urbana, um cinturão - de difícil acesso, baixo preço, precários serviços públicos e insuficiente infraestrutura - que contribui até hoje para estratificar socialmente e segregar o espaço. Esse tipo de habitação, produzido em larga escala em Bauru, é objeto de análise crítica desse trabalho, que, propondo alterações espaciais e um projeto de layout ergonômico, visa compreensão e apuração qualitativa dos espaços produzidos, prevendo possíveis modificações, o que possibilita a melhoria na qualidade de vida dos moradores.
etapa 1 composição espacial
seguinte passo é propor uma nova organização dos espaços, mas sem alterar a área útil dos cômodos e evitando sobrepor usos. Para isso, é permitido realocar a residência dentro do terreno (encostar na divisa, por exemplo), todavia, deve-se obedecer o Código de Obras.
análise A Primeira etapa consiste na análise da unidade habitacional, de tal forma que deve-se questionar a disposição dos ambientes da casa, fluxos e aberturas. A partir disso, o
TERRENO
N
A casa está inserida em um terreno cujas dimensões são 10x20m, ou seja, muito comprido e estreito. Dessa forma, posicionar a casa recuada das laterais torna os ambientes mais estreitoslaterais
DORMITÓRIOS Estão organizados de tal maneira que não possuem área íntima.
BANHEIRO É muito estreito (possui 1,12m de largura, mas o espaço em frente à privada é de 56cm), o que dificulta a movimentação
banheiro
COZINHA Não tem espaço suficiente para armários e a porta está posicionada de uma forma que o fluxo dificulta que se coloque uma mesa com cadeiras ou algum outro móvel. Além disso, esse ambiente não está separado da sala
dormitório 1 1,5m
cozinha
sala
dormitório 2
SALA 5m
A posição da porta ao lado da janela acarreta numa disposição de móveis que inviabiliza assistir à TV fluxo de pessoas fluxo de vento
ÁREA CONSTRUÍDA: 30m2
ESCALA 1:100
LAVANDERIA
proposta Após a análise da planta das residências do Bauru 2000, foi possível propor diversas mudanças. De início, nota-se uma diferença na distribuição dos cômodos, que não procuram se
encaixar dentro de um quadrado, mas possibilitar melhores fluxos de pessoas e de vento. Além disso, procurou-se levar em conta as considerações feitas por moradores.
Devido à nova posição do tanque, a área de lavanderia fica inteira coberta por uma extensão do beiral do telhado
CONFORTO TÉRMICO
N
A mudança na disposição dos dormitórios possibilitou a abertura de uma janela a mais no dormitório 1, permitindo a ventilação cruzada
DORMITÓRIOS A nova disposição apresenta uma área comum aos dois dormitórios, dando maior privacidade aos cómodos.
BANHEIRO
banheiro
Apesar de ter mantido as mesmas dimensões, está ao lado e à frente dos dormitórios, o que facilita seu uso.
1,5m
dormitório 1
A nova disposição da porta permite um melhor aproveitamento do espaço desse ambiente. Outra mudança é a parede que a separa da sala, evitando a sobreposição de usos.
cozinha
sala
COZINHA
dormitório 2
SALA
5m
A posição da porta, agora ao lado oposto do qual estava, direciona o fluxo de pessoas de uma melhor maneira fluxo de pessoas
ÁREA CONSTRUÍDA: 35m2
ESCALA 1:100
fluxo de vento
etapa 2 estudos de layout e ergonomia planta da etapa 1
análise A Segunda etapa se baseia na determinação das dimensões mais adequadas para cada ambiente de acordo com o livro de antropometria/ergonomia
do Boueri. A finalidade dessa fase é propor mobiliário dispostos de tal maneira que não atrapalhem a circulação e possibilitem um uso adequado e com conforto.
ÁREA CONSTRUÍDA: 35m2
ESCALA 1:100
ÁREA CONSTRUÍDA: 58m2
ESCALA 1:100
Primeiramente, foi feito o estudo de layout na planta proposta na etapa 1. Notou-se que os Espaços de Atividades foram prejudicados, não seguindo o mínimo necessário em alguns cômodos. Além disso, o número de mobiliário ficou reduzido. Por exemplo, o segundo dormitório, que preferencialmente deveria servir para dois moradores, ficou com apenas uma cama para respeitar as distâncias propostas por Boueri
layout ideal Em um segundo momento, propõe-se uma planta em uma situação ideal na qual a casa foi ampliada até suportar adequadamente quatro moradores em dois dormitórios. Entretanto, a planta chegou à 58,23m², muito acima do proposto pelo IPT (49m²)
3,5m
1,85m
8,7m
A planta de layout finalizada abriga quatro moradores com conforto. São dois quartos, sendo um de casal e um com duas camas de solteiro, um banheiro (no qual são respeitadas as medidas mínimas propostas por Boueri) e uma sala de estar que comporta um sofá e uma mesa de jantar para quatro pessoa. Além disso, cozinha com ambiente separado da sala e lavanderia coberta. Contudo, para que a mobilidade dos moradores fosse o mínimo possível prejudicada, a dimensão da casa foi aumentada, ultrapassando 4m² da área indicada pelo IPT. Isso significa que, apesar da casa de dois dormitórios não ter o seu tamanho ideal estudado anteriormente, os Espaços de Atividades variam entre o nível mínimo e recomendado. Quanto à implantação, a casa foi alinhada ao limite sudoeste do lote para permitir uma melhor circulação do lado oposto. Assim, as aberturas ficaram nas faces sudeste, nordeste e noroeste.
N
proposta
ÁREA CONSTRUÍDA: 53m2
ESCALA 1:100
A aplicação da Ergonomia no projeto da habitação deve ocorrer desde sua concepção. Ela fundamenta o processo de decisão do projeto, principalmente quanto às questões dimensionais, e aprimora a qualidade da habitação BOUERI (2008)
Dormitรณrio 1
Dormitรณrio 2
Sala
etapa 3
Modulação da planta original, sem ampliação
coordenação modular SOLO CIMENTO O primeiro material estudado foi o tijolo de solo-cimento, atualmente bastante utilizados nas construções de habitações populares. O bloco é feito a partir da compactação de uma mistura de água, cimento e solo em uma prensa hidráulica ou manual. Tal material também é conhecido como tijolo ecológico por não possuir nenhuma queima durante o seu processo de produção e dispensar a utilização de vigas e pilares, o que evita o desperdício de madeira para as fôrmas. Além disso, o uso do bloco apresentar diversas vantagens, entre as quais estão o baixo custo em relação aos blocos de cerâmica e de concreto, a produção in loco o que elimina o custo do frete, a facilidade de encaixe entre os blocos, a facilidade de instalação dos sistemas elétricos e hidráulicos pelos furos já presentes no material, evitando desperdícios com cortes e garantindo um canteiro de obras mais limpa e possibilidade de dispensar o revestimento externo devido ao seu acabamento. Em contrapartida, o uso do tijolo de solo-cimento é dificultado pela falta de mão-de-obra especializada nesse sistema construtivo e pela limitação nas
ÁREA CONSTRUÍDA: 53m2
ESCALA 1:100
Modo de produção manual in loco sem queima
Os furos no tijolo facilitam o encaixe, permitem a passagem de tubulação, conduítes e barras de ferro
possibilidades de ampliação da residência devido a característica autoportante do bloco. Uma construção com esse sistema deve ter a ampliação prevista antes da construção para que seja
possível a utilização de blocos unitários nas quinas das paredes onde a nova parede seria construída para, assim, permitir a sua amarração à edificação.
STEEL FRAME Em seguida, pesquisouse sobre o sistema Steel Frame, constituído por uma estrutura leve de perfis de aço galvanizado que são fechados por painéis e formam um esqueleto estrutural autoportante que é projetado para suportar as cargas da edificação. Esses painéis são revestidos internamente com materiais isolantes para garantir o conforto térmico e acústico e externamente com placas de materiais variados como madeira do tipo OSB, cimentícios, metálicos, etc. Para o projeto da edificação apresentado neste caderno, optou-se pelo revestimento com placas cimentícias parafusadas diretamente nos perfis da estrutura, que posteriormente são pintadas. Os perfis mais comuns são em U, usados como guias, que são os elementos horizontais que delimitam o painel ou montantes, que são os elementos verticais que recebem as cargas das lajes e da cobertura. Por se tratar de um sistema industrializados, a distância máxima entre montantes é de 60 cm e então as medidas são múltiplas de 20 cm, o que permite grande flexibilidade no projeto arquitetônico. Os painéis e perfis são pré-
fabricados e são montados no canteiro de obra. Assim, o sistema elétrico e hidráulico é previsto e todos os furos para a passagem dos condutores e canos são feitos na fábrica. Isso possibilita maior agilidade no processo de instalação desses sistemas, que é feita antes do fechamento das paredes, evitando os desperdícios com quebras que acontecem no sistema de alvenaria tradicional. Outra vantagem da industrialização do processo de fabricação dos painéis é a facilidade de reprodução em larga escala, o que condiz com a produção de conjuntos de habitação de interesse social compostos por edificações idênticas. A maior problemática encontrada na escolha do Steel Frame consiste no fato de que ele ainda não é difundido e por isso a mãode-obra especializada é escassa. Além disso, alguns componentes que precisam ser importados podem apresentar preço elevado e dificuldade de encontrar peças para reparo em caso de danos. Para adequar a planta resultante da etapa 2 para o sistema escolhido, escolheu-se a modulação de 40 cm para minimizar as mudanças necessárias. A planta com as alterações está apresentada na página a seguir:
Formação dos painéis a partir de encaixes e aparafusamentos 12 40
38 90
92
Perfis formados a frio utilizados na confecção dos painéis do sistema LSF
Encaixe perpendicular entre duas extremidades, uma simples e uma dupla. É utilizado em “quinas”
As peças, devidamente especificadas, são alocadas, tornando o canteiro limpo, organizado e sem desperdício de material
proposta Como dito anteriormente, optou-se por utilizar chapas de placas cimentícias de 40cm. Dessa forma, modulou-se a planta e fez-se
as modificações necessárias para que as medidas das paredes e das aberturas dos ambientes possibilitassem os encaixes.
ÁREA CONSTRUÍDA: 53m2
ESCALA 1:100
Placa Cimentícia Impermeabilizada da Brasilit, disponível nas espessuras 6 mm, 8 mm,10 mm e 12 mm
Fixação de chapas drywall (outra opção de fechamento), fixada de cada lado de uma estrutura formada por perfis de aço galvanizado
Chapas de OSB fixadas na face externa da estrutura
Planta contendo a modulação com painéis de 40cm
Detalhe da estrutura de light steel frame junto ao fechamento de OSB
etapa 4 flexibilidade planta evolutiva
Nessa etapa, deve-se propor uma ampliação para a residência, de tal forma que aberturas não sejam prejudicadas, afetando a
ventilação e a insolação. Outro ponto é a demolição de paredes, que deve ser evitada, optando-se pela retirada de fechamentos.
proposta O projeto de ampliação da casa foi desenvolvido a partir das demandas mais ocorrentes de moradores do Bauru 2000. Isso inclui a ampliação da sala e da cozinha e o acréscimo de mais um dormitório e um banheiro. Outro pedido também era a cobertura da garagem e da lavanderia, que, nesse caso, já foi readequada na Etapa 1. Assim, a planta base prevê a ampliação na direção sudeste do lote, por isso seu recuo frontal é maior. Um quarto e um banheiro são incluídos com um pequeno corredor para manter a privacidade ao lado da sala. A cozinha é ampliada com a construção de uma nova parede de divisória com a sala, lembrando que ela possui a altura de 1,20m. A sala também é ampliada, e a garagem ganha uma cobertura com a extensão do telhado. Na reforma, apenas duas paredes originais sofrem alteração, e a casa pode chegar a 100m².
+27m2 Aumento da cozinha e da sala + Banheiro + Dormitório ÁREA CONSTRUÍDA: 80m2
ESCALA 1:100
etapa 5 volumetria e telhado A quarta etapa teve como finalidade o estudo da forma do projeto da edificação e o desenvolvimento da cobertura. A forma se dá de forma mais acentuada em um dos eixos, o longitudinal , fazendo com que a planta seja mais prolongada em uma de suas dimensões.
A planta ampliada apresenta, ainda, em contraste com a planta original, volumes com um destaque maior, fazendo, por exemplo, com que a planta quase se assemelhe a um L. Pensando em custo benefício do material para cobertura, a solução encontrada foi de telha
cerâmica, de inclinação de 30%, que apresenta satisfatórios confortos térmico, acústico e possui grande resistência e durabilidade. O telhado possui duas águas , sua forma acompanha a da casa com beiral que protege a casa da insolação e intempéries.
planta original (sem ampliação)
ÁREA CONSTRUÍDA: 53m2
ESCALA 1:100
CORTE BB
B
CORTE AA
A B
A PLANTA COM LAYOUT SEM ESCALA
planta original (com ampliação)
ÁREA CONSTRUÍDA: 80m2
ESCALA 1:100
CORTE BB
B
CORTE AA
A B
A PLANTA COM LAYOUT SEM ESCALA
FA C U L DA D E D E A R Q U I T E T U R A , A RT E S E C O M U N I C A Ç Ã O | U N E S P BA U R U