REVISTA DO HISTORIADOR 145

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ANO • 142 Nº 145 • MAR/ABR DE 2009 ANO XX XXI • Nº • SET/OUT DE 2008

Os Irmãos Saccoman e a indústria cerâmica em São Paulo

História da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo página 3

Revitalizar o Ipiranga é resgatar e difundir a história do Brasil página 11

Cadeira 35 página 12

Machado de Assis nas Alterosas página 18


Logo que chegaram da França, em 1886, os irmãos Saccoman demonstraram seu espírito empreendedor. Quando se instalaram na capital paulista, perceberam o mercado promissor aqui existente e começaram a produzir materiais à base de argila, tornandose pioneiros no campo da indústria cerâmica. A qualidade dos produtos levou os Saccoman a ganhar rapidamente a preferência dos paulistas e se transformar em referência neste setor. Desse modo, é justo o resgate da história dos irmãos que tanto colaboraram para a evolução do segmento da cerâmica no Brasil e para o crescimento de São Paulo.

São Paulo, um baú inesgotável de histórias A história da criação e expansão da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo também está presente nesta edição, assim como o artigo de Arnaldo Niskier, intitulado “Machado de Assis nas Alterosas”. Além disso, abordamos a importância do Dia Internacional da Mulher, lembrando o sentido desta data e levantando uma grave questão enfrentada atualmente por muitas mulheres brasileiras: o desaparecimento de seus filhos e parentes; e tratamos da necessidade de revitalização do bairro do Ipiranga, pela sua importância histórica e cultural. Enfim, uma variedade de assuntos para o leitor apreciar e viajar no tempo. Boa leitura!

Editor Responsável Luiz Gonzaga Bertelli, MTb: 10.170 Conselho Editorial Luiz Gonzaga Bertelli Ruy Martins Altenfelder Silva Ana Maria de Almeida Camargo Arte da capa André Brazão Produção Editorial e Gráfica PIC Comunicação e Marketing Renato Avanzi, MTb: 14.832, Fabiana Rosa, Flávia Santana e André Brazão (Arte) www.piccomunicacao.com.br Uma publicação bimestral editada pela Academia Paulista de História, fundada em 18 de dezembro de 1972. Diretoria 2007-2009: Presidente: Luiz Gonzaga Bertelli Vice-Presidente: Ruy Martins Altenfelder Silva Secretária-Geral: Yvonne Capuano Tesoureiro: Antonio Penteado Mendonça 1ª Secretária: Ana Maria de Almeida Camargo As matérias assinadas não são de responsabilidade da Academia.

Luiz Gonzaga Bertelli Presidente Academia Paulista de História Rua Tabapuã, 540 - 11º andar São Paulo/SP - 04533-001 (11) 3040-9952 - fax: 3040-9955 presidenciaexecutiva@cieesp.org.br

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História da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Conselho Editorial da APH

A criação do hospital que preservava os valores e as missões provenientes de Portugal.

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Reconhecida pela sua inteligência e pelos sofrimentos que carregou ao longo da vida, dona Leonor Teles, esposa do rei português dom Fernando, destacava-se pelos seus atos de bondade, dentre os quais, sem dúvida, a fundação da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, em 15 de agosto de 1498, é a principal iniciativa. Compromissos assumidos. Tão logo foi criada, a instituição se expandiu em Portugal e nas colônias, inclusive no Brasil, conservando os valores humanitários e missões estabelecidos no “Compromisso das Santas Casas”, documento pelo qual os membros da irmandade se comprometiam, do ponto de vista espiritual, a: ensinar os simples, dar bom conselho, corrigir com caridade os que erram, consolar os que sofrem, perdoar os que nos ofendem, sofrer as injúrias com paciência, rezar a Deus pelos vivos e mortos. No âmbito temporal (ou corporal), eles se responsabilizavam por: remir cativos e visitar os presos, curar e assistir os doentes, vestir os nus, dar de comer a quem tem fome,

Vista da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, em 1930.

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Bandeira da Irmandade da Santa Casa de Misericódia de São Paulo.

dar de beber a quem tem sede, dar pousada aos peregrinos pobres e sepultar os mortos. A primeira Misericórdia brasileira foi criada em 1543 por José Adorno e Brás Cubas na Capitania de São Vicente (Santos), e a segunda, em 1551, foi fundada na Capitania de Vitória (Espírito Santo) pelo jesuíta José de Anchieta. A Santa Casa em São Paulo. Em relatório de 1584, Anchieta afirma que em todas as capitanias havia casas de Misericórdia. Embora São Paulo não fosse uma capitania, em outros registros foram encontrados sinais da existência de Santas Casas de Misericórdia na cidade. Em outro documento de Anchieta, por exemplo, datado de 16 de abril de 1563, o jesuíta afirma que, nos dias 9 e 10 de junho de 1562, a vila foi atacada por índios hostis, mas foi vitoriosamente defendida pelo

Hall de entrada da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

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chefe guaianás Tibiriçá, que saiu do combate gravemente ferido e veio a falecer no Natal. Anchieta ainda conta, no relatório, que Tibiriçá foi velado na capela da vila e enterrado na Igreja com a “cera” da Confraria. A Confraria. Essa “cera” eram as velas e a confraria que Anchieta menciona é a da Misericórdia, única confraria que os portugueses levavam para os locais que colonizavam. Por isso, muitos historiadores partilham dessa crença de que a Santa Casa já existia em São Paulo, em 1562. Na virada do século XVI ao XVII, é possível encontrar documentos, na forma de recibos, de doações dadas para compensar as obras realizadas pela Misericórdia de São Paulo no atendimento a doentes, que comprovam a teoria dos historiadores de que a instituição já existia no município. Naquela época, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo ficava, provavelmente, no Pátio do Colégio, ao lado da capela. Com o progresso da vila e crescimento populacional, estabeleceu-se em um terreno próximo, no local que até hoje recebe a denominação de “Largo da Misericórdia”. No início do século XIX, a Santa Casa deslocou-se para o bairro da Liberdade, em terreno localizado na atual Rua da Glória, onde hoje funciona o Colégio São José, administrado pela Irmandade. Novas instalações. Em 1880, as instalações do hospital se tornaram pequenas em razão do crescimento da cidade e do número de necessitados de saúde. Por esse motivo,


Sala de cirurgia. Santa Casa de Misericódia de São Paulo, primeira metade do século XX.

sua administração optou pela construção de uma nova sede em um terreno doado, situado no “Morro dos Ingleses”, bairro da Bela Vista. A pedra fundamental do novo hospital foi lançada pelo imperador dom Pedro II. No entanto, por conta da proximidade de um matadouro, o local foi considerado inapropriado e o projeto, já em andamento, foi abandonado. Posteriormente, a Irmandade conseguiu um novo terreno, também por doação, nos altos da Chácara do Arouche, e as obras de construção do hospital começaram. Os recursos. Como era carente de recursos, a Santa Casa não tinha capital suficiente para seguir o cronograma das obras, fazendo com que seu provedor na época, monsenhor João Jacinto Augusto Gonçalves, esmolasse de porta em porta para levantar os recursos que faltavam

para terminar a construção do hospital. Dedicado, o provedor levantou os fundos necessários e o novo prédio foi inaugurado em 1884. A expansão. A partir desse período, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo passou por inúmeras mudanças, sendo considerada, atualmente, um dos complexos hospitalares mais importantes do país, com sete hospitais, um laboratório de especialidades, três policlínicas, um centro de saúdeescola e uma unidade de ensino profissionalizante na área de enfermagem e radiologia. A instituição ainda é mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, entidade de ensino que também possui, assim como a própria Santa Casa de Misericórdia da capital, muitas histórias interessantes a serem contadas.

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OS IRMÃOS SACCOMAN E A INDÚSTRIA CERÂMICA EM SÃO PAULO luiZ GonZaGa BerTelli Presidente e titular da cadeira n° 21 da Academia Paulista de História - APH

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A pujança do café, a partir do último quartel do século XIX, trouxe para São Paulo uma série de modificações que iriam transformar, de modo indelével, sua fisionomia. É nesse contexto que se pode localizar o aparecimento da cerâmica como atividade industrial, acompanhando o ritmo de desenvolvimento econômico da então província: aumento populacional, ampliação do mercado interno e processo acelerado de urbanização. Origem das cerâmicas. As referências mais antigas sobre o assunto, divulgadas nos almanaques publicados durante o período monárquico, mencionam a existência de simples olarias, que não haviam alcançado ainda o nível de verdadeiras indústrias cerâmicas. Eram pequenos estabelecimentos que, aproveitando a presença abundante da argila em determinadas áreas, produziam artesanalmente telhas, tijolos,

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tubos, manilhas, além de tradicionais utensílios de uso doméstico, como vasos, potes e moringas. O pioneirismo. A primeira grande empresa destinada à produção cerâmica em São Paulo data de 1893, graças à visão empreendedora de três irmãos franceses que aqui chegaram antes mesmo de proclamada a República. Vindos de Marselha em 1886, Antoine, Henri e Ernest Saccoman logo perceberam que a cidade lhes oferecia um mercado promissor. Começaram por instalar, no bairro da Água Branca, uma modesta oficina de telhas de terracota, especialidade de seus ancestrais. A busca da matéria-prima ideal para a fabricação das telhas levou-os a transferir a oficina para Osasco, mas os resultados permaneciam insatisfatórios. Finalmente encontraram, no chamado Moinho Velho, no bairro do Ipiranga, a argila apropriada. Na opinião dos irmãos Saccoman, as jazidas encontradas no Moinho Velho eram de excelente padrão e plasticidade,


Antoine Saccoman.

Henri Saccoman.

Ernest Saccoman.

considerando-as superiores às de Marselha. Transferiram a oficina para a região e passaram a funcionar num galpão adquirido nas imediações. Com o tempo, compraram os terrenos do Moinho Velho e constituíram a firma Estabelecimento Cerâmico Saccoman-Frères. Ao lado da represa construíram também uma chácara, cuja sede ficou conhecida como “castelinho”. A casa era, por si só, um mostruário dos produtos fabricados, com suas telhas planas e balcões ornamentados de peças de terracota.

O bairro do Sacomã. O bairro, que ficaria mais tarde conhecido pelo nome aportuguesado da firma – Sacomã –, era então bastante ermo. Destacava-se na paisagem o imenso edifício do Museu do Ipiranga, inaugurado em setembro de 1895. Havia também, nas proximidades, dois estabelecimentos concorrentes: o dos Irmãos Falchi e a Cerâmica Vila Prudente. No mais, a região era habitada por chacareiros e pequenos criadores de gado. Só em 1909 é que a linha Fábrica de bonde elétrico chegaria ao Sacomã, pela Rua Silva Bueno, fazendo o transporte de operários. Não se pode precisar o momento exato em que as chamadas telhas “coloniais”, moldadas artesanalmente sobre as pernas

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EMS FOTOGRAFIA

Paschoalino Samarone, antigo funcionário que foi galgando postos dentro da empresa até chegar a sócio majoritário.

Fachada da Estação da Luz, em São Paulo/SP, construída com os tijolos da Olaria dos irmãos Saccoman.

dos escravos e por isso mesmo irregulares e de difícil fixação, cederam lugar para as “francesas”, até então importadas e muito mais caras. O fato é que os produtos da iniciativa dos irmãos Saccoman foram pouco a pouco ganhando a preferência dos paulistas. A consagração definitiva ocorreu quando seus tijolos e telhas foram escolhidos para compor o monumental edifício da Estação da Luz, inaugurado em 1901, que se tornou verdadeiro símbolo do progresso da cidade. Mudanças na cerâmica. Quando Antoine Saccoman faleceu, em 1921, a família resolveu vender a fábrica e regressar ao país de origem. A cerâmica passou mais tarde a ser dirigida por Américo

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O bairro e o tempo. Quase nada restou da presença dos irmãos Saccoman na paisagem do bairro. O poço do qual se retirava a argila transformou-se numa grande lagoa que, tendo sido cenário de várias mortes por afogamento, foi aterrada em 1960. O “castelinho”, por sua vez, foi demolido em 1968. A área ocupada pela fábrica, modificada para a construção da Via Anchieta, cedeu lugar à favela de Heliópolis. Quantas outras histórias, como a dos irmãos Saccoman, sobreviverão à voragem do tempo?

BIBLIOGRAFIA BELLINGIERI, Julio Cesar. A indústria cerâmica em São Paulo e a “invenção” do filtro de água: um estudo sobre a Cerâmica Lamparelli – Jaboticabal (19201947). Anais do V Congresso Brasileiro de História Econômica, Caxambu (MG), 2003. IRMÃOS Antoine, Henri e Ernest Sacoman. In: - KORYBUT-WORONIECKI, Jan (Org.). Êles construiram a grandeza de São Paulo (in memoriam). São Paulo: Sociedade Brasileira de Expansão Comercial, 1954. p. 37-38. MARCOVITCH, Jacques. Pioneiros & empreendedores: a saga do desenvolvimento no Brasil. São Paulo: Edusp / Saraiva, 2005.


4º Prêmio Literário José Celestino Bourroul “O melhor livro sobre São Paulo”

Promoção

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A Academia Paulista de História - APH promove o “4º Prêmio Literário José Celestino Bourroul”, concedido ao melhor livro publicado sobre a história de São Paulo no ano de 2008.

1. O concurso é destinado a todos os escritores. 2. Não poderão participar acadêmicos integrantes da APH. 3. A inscrição é isenta de qualquer taxa. 4. O participante deve enviar um exemplar do livro publicado em 2008 e, em folha à parte, as seguintes informações: nome completo, idade, endereço e telefone, acompanhada de foto colorida, no formato usado em passaporte. 5. Os livros serão enviados para a Academia Paulista de História – APH, à Rua Tabapuã, 540, 11º andar, Itaim Bibi – São Paulo/SP – CEP: 04533-001, até o final do mês de setembro de 2009. No envelope deverá constar a indicação: “4º Prêmio Literário José Celestino Bourroul - 2009”. 6. O autor do melhor trabalho receberá em sessão solene, além de medalha e diploma, a premiação em dinheiro no valor de R$ 10.000,00. 7. Os livros enviados não serão devolvidos. 8. A escolha do trabalho será efetuada por uma comissão julgadora, constituída por integrantes da Academia Paulista de História – APH e por historiadores designados pela instituição. 9. A entrega do prêmio ocorrerá no final do ano de 2009, em solenidade cujo local, dia e horário serão amplamente divulgados. Promoção

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piccomunicacao.com.br

Regulamento


Revitalizar o Ipiranga é resgatar e difundir a história do Brasil Ruy Martins Altenfelder Silva Vice-Presidente e titular da cadeira n°01 da Academia Paulista de História – APH

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Todo o conhecimento que adquirimos nos livros de história sobre a Independência do Brasil pode ser observado, ao vivo, no bairro do Ipiranga. Mas não é apenas a memória viva deste acontecimento que se pode encontrar na região. O Museu Paulista, ou Museu do Ipiranga, possui mais de 125 mil objetos e documentos que contam a formação da sociedade brasileira nos séculos dezenove e vinte, além de inúmeras peças que resgatam a história de São Paulo. Concentração histórica. O complexo que integra o museu mantém acesa a memória histórica do país e do mundo. O prédio de arquitetura neoclássica renascentista é um dos mais antigos da capital, construído entre os anos de 1885 e 1890. Os jardins do Parque da Independência são uma réplica dos jardins do Palácio de Versailles. O bosque, que fica atrás do museu, possui inúmeras espécies nativas da fauna e flora nacionais. Toda essa riqueza histórica não pode ficar restrita aos moradores do bairro ou a jovens

estudantes que visitam o local. Por isso, a revitalização do Ipiranga é tão importante. É fundamental promover o desenvolvimento local, por meio do investimento no setor comercial da região, para atrair novos visitantes. A revitalização. De acordo com a coordenadora do curso de Economia do Turismo da Fundação Armando Álvares Penteado, FAAP, professora Peggy Beçak, apesar do problema da falta de recursos, é possível recorrer às Parcerias Público-Privadas (PPPs) para viabilizar as transformações necessárias na região. Com a revitalização dos imóveis, melhoria da infra-estrutura e organização de eventos culturais no local, as pessoas começarão a aparecer naturalmente. Assim, a história e memória do país concentradas no bairro do Ipiranga podem ser preservadas e difundidas. 11


CADEIRA 35 Paulo Bomfim Titular da cadeira nº 29 da Academia Paulista de História – APH

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e da cadeira n°35 da Academia Paulista de Letras – APL

Comemoro com o número 35 desta cadeira os 46 anos de convivência com o seu destino. Seu patrono Antônio de Godói nasceu em Pindamonhangaba, cidade fundada por meu 10º avô materno, o capitão Antônio Bicudo Leme, cognominado o “Via Sacra”. Foi redator-secretário do Correio Paulistano, jornal onde iniciei, em 1945, vida literária. Em sua carreira de delegado, foi encarregado pelo dr. Martiniano de Carvalho, pai de meu amigo Cássio da Costa Carvalho, que era chefe de Polícia no governo Campos Sales, de iniciar a caça ao Dioguinho, bandoleiro que assolava a Mojiana com seus crimes; esse mesmo Dioguinho que vinha tentando matar meu avô Francisco Bomfim, a mando de fazendeiros inimigos. O refúgio. Em sua fuga, perseguido por soldados chefiados pelo tenente-coronel França Pinto, Dioguinho e seu irmão Joãozinho refugiam-se na margem do Moji-Guaçu, junto à Fazenda Santa Eudóxia, onde nasceu Alfredo Ellis Júnior, um dos responsáveis por minha eleição para esta Casa.

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Antônio de Godói, sob o pseudônimo de Silvestre da Mata, escreveria um livro sobre o Dioguinho. Na Rua Antônio de Godói dirigi durante três anos o Conselho Estadual de Cultura. Estudando no Colégio Osvaldo Cruz fui colega da futura escritora Julieta de Godói Ladeira, bisneta de Antônio de Godói. Estranhos fios vão tecendo a história da cadeira que ocupo. A carreira. O primeiro ocupante da Cadeira 35 e um dos fundadores da Academia Paulista de Letras, foi José Vicente de Azevedo Sobrinho, ao qual também me ligo por ser hoje o decano deste sodalício. Monsenhor Manfredo Leite, seu companheiro na fundação de nossa Academia, casou meus pais e me batizou na Igreja da Consolação, em frente da Rua Rego Freitas, onde passaria a infância em casa dos avós Sebastião e Zilota. Rego Freitas, antepassado da embaixadora Marina do Rego Freitas de Toledo, do desembargador Rui de Freitas Camargo, e de Maria Rego Freitas Brasileiro, esposa de Francisco Brasileiro, todos irmanados à minha mocidade. Rego Freitas, pai de Bento Freitas, da família do general Arouche, ruas que predestinadamente me


exercer o cargo de ministro da Marinha, escreveu alguns de seus livros numa chácara que possuía em Vila Bomfim, cidade fundada por meu avô paterno Francisco Bomfim, a mesma pessoa que fora jurada de morte pelo Dioguinho, que foi perseguido e morto por ordem de meu patrono Antônio de Godói. Em São Paulo, o autor da biografia de Álvares de Azevedo morou na Rua Maranhão, próximo à casa de meu bisavô Carlos Batista de Magalhães.

Igreja Nossa Senhora da Consolação, em São Paulo/SP.

conduziam ao largo da chácara de seus antepassados. A família do autor de Vigília de armas, Contos, Fantasias e Efemérides da Academia Brasileira de Letras sempre foi ligada à minha família. Lembranças. Tive o prazer de votar um dia em Vicente de Paula Vicente de Azevedo para este silogeu. Vicente “bis”, como era conhecido por sua geração, foi o grande amigo de Guilherme de Almeida, meu padrinho literário, prefaciador do Antonio Triste, meu livro de estréia publicado em 1947. A cadeira 35 foi ocupada a seguir por Veiga Miranda, a quem estou ligado também por outro fio invisível. Veiga Miranda, um civil a

Herança. De Plínio Airosa, meu antecessor nesta cadeira, herdei muito de seu amor a São Paulo. Caminhei por seus livros como que compelido por uma atávica paixão guaianá. Sua vida, sua simplicidade e sua cultura são exercício permanente da arte de amar São Paulo. Rezando paulistanismo pela cartilha tupi, em cada canto da toponímia de nossa terra e dos velhos costumes de nossa gente, reencontro sempre a figura marcante de Plínio Airosa. Neste Arouche onde 40 cadeiras formam o círculo mágico de um Largo, contemplo minha j o v e m Academia coroar-se de dez décadas de luz.

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Uma história repleta de lutas e conquistas YVONNE CAPUANO Secretária-geral e titular da cadeira n° 23 da Academia Paulista de História - APH

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Mundialmente, o dia 8 de março é conhecido como Dia Internacional da Mulher. No entanto, poucos sabem os motivos que deram origem a esta data tão comemorada pelo público feminino. A origem da data. No dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos situada em Nova York, Estados Unidos, realizaram uma grande greve para reivindicar melhores condições de trabalho, tais como redução da carga diária de trabalho para dez horas, equiparação de salários com os homens e tratamento digno dentro do ambiente profissional. A manifestação foi reprimida com violência assustadora. As mulheres foram trancadas no interior da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 funcio-

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nárias morreram carbonizadas em um ato de extrema falta de humanismo. A oficialização. Em 1910, durante uma conferência na Dinamarca, decidiu-se que 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem às tecelãs que morreram no incêndio de 1857. No entanto, somente em 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Este é apenas um dos exemplos das lutas empreendidas pelas mulheres ao longo da história, evidenciando o poder feminino na conquista da igualdade de direitos e de um mundo mais justo. Objetivo da data. Desde que foi criada, a data não tinha o objetivo apenas de comemorar. Na maior parte dos países, são realizadas conferências, debates e reuniões com o intuito de discutir o papel da mulher na sociedade. O objetivo é tentar reduzir e, quem sabe, um dia acabar com o preconceito e a desvalorização do público feminino. Afinal, mesmo com os avanços obtidos, elas ainda sofrem, em muitos lugares, com salários inferiores, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e inúmeras outras desvantagens impostas pela sociedade. Apesar das conquistas já alcançadas, ainda há muito o que fazer nesse sentido.


Apoiadores, representantes e familiares, durante o evento.

Protesto abre as comemorações do Dia Internacional da Mulher em São Paulo

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No dia 2 de março de 2009, a fachada da Catedral da Sé, em São Paulo, ganhou brilhos e um colorido especial. Suas paredes foram tingidas de cor de rosa por um sistema de luzes para comemoração do Dia Internacional da Mulher. Além da comemoração, o evento teve como principal objetivo reforçar a luta da Associação Brasileira de Busca e Defesa das Crianças Desaparecidas (ABCD), também conhecida como Mães da Sé. A iniciativa foi da Associação Paulista de Medicina (APM) e da Associação Movimento Mulheres da Verdade, que se uniram às mães da ABCD para cobrar providências das autoridades governamentais com relação aos casos de desaparecimento no país. Segundo as Mães da Sé e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a cada ano

são registrados 200 mil novos desaparecimentos no Brasil. Desses, cerca de 40 mil são crianças e aproximadamente 15% nunca mais retornam para suas casas. Ou seja, os números mostram a gravidade do problema e a necessidade urgente de fortalecer a luta desses familiares que buscam parentes desaparecidos. O evento. No início do evento, mais de 100 mães e outros familiares se manifestaram de forma silenciosa nas escadarias da Sé, empunhando fotos de suas crianças e parentes desaparecidos. Em seguida, várias autoridades públicas fizeram pronunciamentos de apoio à causa defendida pela ABCD. Após os discursos, 5.000 balões brancos foram soltos, representando os desaparecidos. Então, todos se encaminharam para o 15


interior da Catedral, onde foi celebrada uma missa em homenagem a todas as mulheres que enfrentam esse drama. A realidade. A presidente da ABCD, Ivanise dos Santos, que também é mãe de uma menina desaparecida há 13 anos, afirmou que o perfil mais comum nos registros é o de menores de origem humilde, pele clara e bem afeiçoados. Ainda segundo ela, o desaparecimento ocorre de maneira similar na maioria dos casos. Geralmente, crianças e adolescentes desaparecem enquanto brincam nas proximidades de casa, quando fazem o percurso de ida ou volta da escola ou quando saem para fazer compras perto de onde moram. Para Ivanise, é fundamental que se crie um cadastro oficial de desaparecidos no Brasil, já que as ações das autoridades brasileiras ainda são muito falhas nos casos de desaparecimento. De acordo com a presidente das Mães da Sé, pela Lei 11.259/06, a cada novo caso registrado, a delegacia é obrigada a iniciar uma busca e acionar aeroportos, portos e terminais rodoviários; algo que raramente acontece. Com o cadastro nacional,

este trabalho seria facilitado. Conforme Ivanise, apesar de o desaparecimento de uma pessoa não se enquadrar como crime, existem inúmeros relatos de jovens desaparecidos ligados ao tráfico de órgãos, de pessoas, de drogas e também à adoção ilegal e à exploração sexual, tornando a situação ainda mais grave. Os apoios. Emocionada durante o evento, Ivanise agradeceu o apoio da APM e do Movimento Mulheres da Verdade à luta das Mães da Sé. Para ela, essa parceria da Associação Paulista de Medicina é muito relevante, principalmente para as mães, que passam a ter vários problemas de saúde em decorrência do sumiço dos filhos. A ABCD já conquistou um grande espaço na sociedade brasileira e vem realizando um trabalho emocionante. Várias crianças já foram encontradas e encaminhadas a suas famílias. No entanto, como defende Ivanise, ainda há muito a se fazer. A presidente da Associação Movimento Mulheres de Verdade, acadêmica Yvonne Capuano, fez questão, durante seu pronunciamento, de falar sobre a importância do trabalho realizado pelas Mães da Sé, bem como da necessidade de auxílio de toda a sociedade a esta causa tão grave. Juntamente com outras mulheres que integram o Movimento, a acadêmica Yvonne ficou ao lado das mães, na escadaria da Sé, empunhando fotos de desaparecidos para demonstrar seu total apoio à causa. Acadêmica Yvonne Capuano, presidente da Associação Movimento Mulheres da Verdade, junto aos familiares do Movimento.

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Histórias comoventes. Além do protesto silencioso, várias mães de desaparecidos contaram suas tristes histórias para os órgãos de imprensa que realizavam a cobertura do evento. Um dos casos que chamava a atenção era o da dona Ana Ferreira Gonçalves, cujo filho, Vando Ferreira Gonçalves, está desaparecido há 25 anos. Segundo ela, o menino, hoje um homem, foi tirado de suas mãos ainda bebê, por um policial, no bairro do Pari. Ana disse que procurou pelo filho na delegacia da região, mas não conseguiu encontrá-lo. Ela conta que o sumiço desestruturou toda a sua família. O marido ainda a culpa pelo desparecimento de Vando e se tornou um alcóolatra. Mas, mesmo depois de tanto tempo e de tantos problemas, Ana não desiste de reencontrar o filho. Casos como estes se reproduzem nas histórias de cada uma das mães e familiares sentados nas escadarias da Catedral. Há crianças que ainda possuem outros agravantes, como deficiência mental, que dificultam ainda mais o trabalho de busca e reduzem as possibilidades de serem encontradas um dia.

Ivanise dos Santos, presidente da ABCD.

Entidades parceiras. As Mães da Sé estão todo segundo domingo nas escadarias da Catedral fazendo seu protesto silencioso e procurando sensibilizar mais pessoas para ajudarem nesta luta. Este evento do dia 2 de março, além da APM e do Movimento Mulheres da Verdade, contou com o apoio do CIEE, da OAB/ SP, da Associação Comercial do Estado de São Paulo, da Associação Comercial de Pinheiros, do Clube Paineiras do Morumbi e da Prefeitura de São Paulo. Interessados em ajudar devem saber que a primeira providência a ser tomada em casos de desaparecimento é entrar em contato com o serviço de Disque-denúncia ou mesmo com o 190.

Marcos das conquistas femininas na história 1788 1840 1859 1862 1865

o político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres. Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos. surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres. durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia. na Alemanha, Louise Otto cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs.

1866 1869 1870 1874 1878 1901

no Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas. é criada, nos Estados Unidos, a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres. na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina. criada, no Japão, a primeira escola normal para moças. criada, na Rússia, uma Universidade Feminina. o deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres.

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Machado de Assis nas Alterosas Arnaldo Niskier Membro da Academia Brasileira de Letras – ABL e presidente do Conselho do Conselho de Administração do CIEE/Rio.

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Surgiu uma dúvida no plenário da Academia Brasileira de Letras sobre as viagens de Machado de Assis. Conhecido bicho do mato, a sua imaginação viajou muito mais do que o corpo. Ele mesmo, por diversas vezes, perguntando onde teria ido mais longe, invariavelmente, com a ironia de sempre, respondia: “Petrópolis”. No Rio, em companhia da sua amada Carolina, foi a Barra do Piraí, Vassouras e duas vezes a Nova Friburgo, seguramente em busca de tratamento. Sabe-se que nunca

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foi a Itaguaí, onde se passa um dos seus mais emblemáticos contos: “O Alienista”. Ao exterior, que parecia conhecer muito bem, jamais viajou. Cedeu espaço à criatividade. A dúvida acadêmica desfez-se quando se comprovou a ida do Bruxo a Minas Gerais, para uma tríplice parada em Juiz de Fora, Sítio e Barbacena. Andou de trem, a cavalo e de carruagem. Portanto, as referências a Barbacena, no começo e no fim do clássico “Quincas Borba”, foram produto de experiências vividas. Para chegar a essa conclusão, vali-me de experimentados pesquisadores. O primeiro deles, R. Magalhães jr., meu co-


lega de muitos anos da Manchete. Depois, Ubiratan Machado, que fez um trabalho notável para a Academia Brasileira de Letras (Dicionário Machado de Assis), e ainda Mauro Rosa, criador do Instituto Machado de Assis, de Belo Horizonte. Em janeiro de 1890, por estrada de ferro, e na companhia de alguns amigos, Machado visitou fazendas e centros pastoris. Foi recebido com relâmpagos e coriscos que o fizeram descer correndo a ladeira em que se encontrava. Tinha horror a tempestades, que mexiam com o seu sistema nervoso. Como as descargas elétricas continuaram à noite, Machado e Carolina permaneceram no quarto de hotel, cobrindo os ouvidos diante de estampidos apavorantes. Na manhã seguinte, de trem, foram para Sítio, cidade de clima propício aos tuberculosos, onde a hospedagem numa fazenda foi motivo de encantamento. Na mesa imensa, nenhuma mulher da família sentou, e comeu-se fartamente de tudo: assados de farofas, bolos e doces, sem esquecer o leitão com rodelinhas de limão. Em vez de água ou vinho, copos de leite. No dia seguinte, a cavalo, viagem para Três Corações do Rio Verde, mas Machado detestou a aventura, em estrada empoeirada, e voltou do meio do caminho. Mais tarde, convidado a visitar São João Del Rei, o autor de Dom Casmurro confessou:

“Já fui, raro e de corrida, a essa própria Minas Gerais – o bastante para bendizê-la”. Em Quincas Borba, descreveu Machado o que certamente é a experiência por ele vivida: “Súbito, relampejou: as nuvens amontoavam-se depressa. Relampejou mais forte e estalou um trovão. Começou a chuviscar grosso, até que desabou a tempestade. Rubião, que aos primeiros pingos deixara a igreja, foi andando rua abaixo, sempre seguido do cão, faminto e fiel, ambos tontos, debaixo do aguaceiro, sem destino, sem esperanças de pouso ou de comida...” Tal passagem, descrita em A Estação, em setembro de 1891, bem antes do romance que foi publicado em 1886, certamente é a recordação da viagem realizada às Alterosas, onde conheceu as ruas íngremes e pedregosas de Barbacena, e as preciosas obras de arte da sua principal igreja.

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Reconhecimento pela contribuição à história

No dia 19 de fevereiro de 2009, a historiadora Heloísa Maria Silveira Barbuy tomou posse da cadeira n° 17 da Academia Paulista de História, em sessão solene realizada no Espaço Sociocultural – Teatro CIEE, em São Paulo. Além de professora e pesquisadora universitária, a nova acadêmica é curadora do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP) e possui uma extensa história nesta universidade, já que é graduada na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, mestre pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e doutora pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Em 2007, Heloísa também recebeu da APH o Prêmio José Celestino Bourroul, pela publicação do livro A cidade-exposição: comércio e cosmopolitismo em São Paulo. A saudação da nova acadêmica foi efetuada pela professora e 1ª secretária da APH, acadêmica Ana Maria de Almeida

Heloísa Barbuy recebe diploma de acadêmica da APH das mãos de Paulo Nathanael Pereira de Souza, presidente da Academia Cristã de Letras.

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Camargo, que ganhou inúmeros elogios de Heloísa Barbuy em seu discurso, pela sua liderança no segmento de Arquivologia em São Paulo e no Brasil e pela qualidade dos trabalhos que desenvolveu nessa área. Em seu pronunciamento, Barbuy se mostrou muito honrada pelo reconhecimento dos membros da Academia, considerados pela professora um exemplo de generosidade e espírito aberto para o estudo da história. Além disso, lembrou da importância de seu antecessor na cadeira n° 17, o professor Emanuel Soares da Veiga Garcia, pela sua solidez intelectual e relevante papel desempenhado no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. A professora Heloísa dedicou a homenagem recebida ao Museu Paulista – Museu do Ipiranga – onde, nos últimos 18 anos, desenvolveu suas potencialidades no campo da história. Ao final de seu discurso, a nova acadêmica mencionou o trabalho significativo que vem sendo realizado na Academia pelo seu atual presidente, acadêmico Luis Gonzaga Bertelli, destacando a promoção de interessantes cursos, as publicações de obras e a valorização dos colegas, bem como elogiou o tratamento dispensado a todos por parte da equipe de colaboradores da APH.


DICAS DE LEITURA DA APH Justiça – reFlexões sobre o Justo e o inJusto humano, de JosÉ renato nalini, editora canção nova, 2008, 163 Páginas. O livro compreende aspectos conceituais e históricos até as visões atuais da justiça nas práticas sociais. Discute fundamentação do valor, as ameaças e desafios, desde como ser justo no mundo de hoje, até o paradoxo de Agnes Heller, para quem uma sociedade totalmente justa é possível, mas indesejável. A qualidade literária do autor pode ser observada em todos os capítulos e nas considerações finais.

brasil – a histÓria contada Por Quem viu, de Jorge caldeira, editora mameluco, 2008, 656 Páginas. O que Getúlio Vargas fez segundos antes de atirar contra o próprio coração? O que Jânio Quadros fazia enquanto tramava um golpe? Esses e muitos outros detalhes reveladores aparecem em meio aos depoimentos históricos selecionados para compor este livro, resultado de dois anos de trabalho de uma equipe de 21 pessoas chefiada por Jorge Caldeira. A obra traz 173 depoimentos, que vão desde a chegada de Cabral até o final do século XX. São verdadeiras jóias, que revelam aspectos até então completamente desconhecidos de nossa história.

conte sua histÓria de são Paulo, de milton Jung, editora globo, 2006, 312 Páginas. O livro reúne 110 textos, que apresentam a criatividade do cidadão e ilustram as várias faces da cidade com suas belezas, seus problemas e sua diversidade. É derivado do quadro de mesmo nome veiculado no programa CBN São Paulo, rádio CBN, e é organizado pelo apresentador e jornalista Milton Jung. A obra passa por estações de trem e metrô, pelas paradas de ônibus, avenidas, ruas e vielas dessa metrópole. Mergulha em épocas românticas da cidade, resgata lembranças saudosas e emocionadas de pessoas que fizeram e fazem parte da história de São Paulo.

desenhando são Paulo – maPas e literatura, 1877-1954, de maria lÚcia Perrone Passos e teresa emidio, editora imesP, 2009, 166 Páginas. A obra traz mapas que guardam a história em que muitos têm vivido – como personagens, diretores, contra-regras, executores, enfim, uma massa de construtores de um destino comum, feito a muitas mãos e múltiplas nacionalidades. Ecoando pelos mapas, plantas, croquis, a voz de escritores, cronistas e poetas se faz ouvir enquanto a cidade cresce. O livro oferece um material fotográfico e literário do período central em que se forjou a identidade dos que vivem nessa cidade 21


CARTAS

Agradeço o recebimento dos dois exemplares da Revista do Historiador n° 143, de novembro/ dezembro de 2008, com a matéria “Um Século sem Machado de Assis”, sobre o Seminário do Patrono desta Academia Brasileira de Letras em 29 de setembro do ano passado. Na oportunidade, parabenizo pelo padrão cultural da Revista do Historiador e das matérias nela publicadas, agradecendo o cuidadoso aproveitamento do artigo do nosso confrade Arnaldo Niskier sobre “Machado de Assis e a Educação (Parte I)”. Cícero Sandroni Presidente da Academia Brasileira de Letras - Rio de Janeiro/RJ

Lamentavelmente não pude comparecer na Cerimônia de Posse da Heloísa Silveira Barbuy, realizada no dia 19 do corrente, às 19 h. Peço-lhe fazer o favor de transmitir à nova Acadêmica minha satisfação pela justa escolha da mesma para fazer parte desse silogeu. Queira aceitar meu abraço poético. Silva Barreto São Paulo/SP Foi com enorme satisfação que recebemos a Revista do Historiador contendo toda a história do Hospital Santa Catarina, esta que, por sua vez, completou 103 anos de existência para a assistência de seus pacientes no último dia 6 de fevereiro. Fabio Tadeo Teixeira Diretor Executivo do Hospital Santa Catarina - São Paulo/SP

Parabéns Meus cumprimentos pela qualidade de impressão e conteúdo da revista da Academia Paulista de História. Pretendo um dia produzir algo semelhante na Academia a qual presido. Parabéns. Ney Prado Presidente da Academia Internacional de Direito e Economia

Participe desta publicação, encaminhando comentários e sugestões para: Revista da Academia Paulista de História, Rua Tabapuã, 540 - 11º andar - Itaim Bibi - São Paulo/SP - 04533-001 - Fax (11) 3040.9955. Solicita-se a gentil inclusão de nome completo, endereço, telefone e e-mail para eventual contato. 22


ACADEMIA PAULISTA DE HISTÓRIA Membros Titulares - Diretoria 2007 a 2009 Presidente: Luiz Gonzaga Bertelli (cad. 21)

Vice-Presidente: Ruy Martins Altenfelder Silva (cad. 1)

Patrono: Rafael Maria Galante

Patrono: Francisco Adolfo de Varnhagen Antecessor: José da Veiga Oliveira

Antecessor: Pe. Hélio Abranches Viotti

Secretária-Geral: Yvonne Capuano (cad. 23)

1ª Secretária Ana Maria de Almeida Camargo (cad. 24)

Tesoureiro: Antonio Penteado Mendonça (cad. 11)

Patrono: Júlio de Mesquita Filho

Patrono: Simão de Vasconcelos Antecessor: Álvaro do Amaral

Patrono: Frei Gaspar da Madre de Deus Antecessor: Duílio Crispim Farina

Antecessor: Heliodoro Tenório da Rocha Marques

Acadêmico Cadeira Adilson Cezar 33 Aldo Janotti 18 Alzira Lobo de Arruda Campos 39 Antonio Fernando Costella 14 Célio Salomão Debes 4 Douglas Michalany (Presidente Emérito) 13 Duilio Battistoni Filho 3 Erwin Theodor Rosenthal 27 Guido Arturo Palomba 9 Heloisa Maria Silveira Barbuy 17 Hernâni Donato 12 Heródoto de Souza Barbeiro 19 Israel Dias Novaes 20 Ives Gandra da Silva Martins 16 Jesus Machado Tambellini 31 João Monteiro de Barros Filho 22 José Renato Nalini 37 José Sebastião Witter 2 Manoel Rodrigues Ferreira 5 Manuel Nunes Dias 34 Maria Beatriz Nizza da Silva 25 Maria Lúcia de Souza Rangel Ricci 10 Mauro Chaves 32 Myriam Ellis 36 Nelly Martins Ferreira Candeias 30 Paulo Bomfim 29 Paulo Nathanael Pereira de Souza 8 Roberto Machado Carvalho 6 Samuel Pfromm Netto 7 Shozo Motoyama 15 Wálter Fanganiello Maierovitch 28 (vago) 26 (vago) 35 (vago) 38 (vago) 40

Patrono Afonso Antônio de Freitas Américo Brasiliense Antunes de Moura Alexandre de Melo Morais João Pandiá Calógeras João Capistrano de Abreu José Francisco da Rocha Pombo Washington Luís Pereira de Sousa Aurélio Porto Frei Vicente do Salvador Tobias Monteiro Manuel Eufrásio de Azevedo Marques Fernão Cardim José Feliciano Fernandes Pinheiro Afonso d’Escragnolle Taunay Gabriel Soares de Sousa Barão do Rio Branco Alexandre Rodrigues Ferreira Júlio Meilli Pedro Taques de Almeida Pais Leme Jaime Cortesão João Ribeiro Manuel de Oliveira Lima Euclides da Cunha Basílio de Magalhães Brasílio Machado Pedro de Magalhães Gandavo João Antônio Andreoni João Francisco Lisboa Alexandre de Gusmão Serafim Leite Teodoro Fernandes Sampaio Diogo de Vasconcelos José de Alcântara Machado Francisco José de Oliveira Viana Antônio de Toledo Piza

Antecessor José Augusto Vaz Valente (fundador) Ernâni da Silva Bruno Celso Maria de Mello Pupo (fundador) Pedro Ferraz do Amaral Antônio Barreto do Amaral José Ferreira Carrato Raul de Andrada e Silva Emmanuel Soares da Veiga Garcia Áureo de Almeida Camargo Délio Freire dos Santos Paulo Pereira dos Reis Eduardo d’Oliveira França José Roberto do Amaral Lapa Hélio Damante José Geraldo Evangelista Álvaro da Veiga Coimbra (fundador) (fundador) Jorge Bertolaso Stella Arrisson de Sousa Ferraz José Celestino Bourroul (fundadora) Isaac Grinberg José de Melo Pimenta Alice Piffer Canabrava Pedro Brasil Bandecchi Péricles Eugênio da Silva Ramos Divaldo Gaspar de Freitas Emeric Lévay José Affonso de Moraes Passos Miguel Reale Odilon Nogueira de Mattos José Gonçalves Salvador

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RINO

O empresário quer o empenho de todos em sua empresa para ter sucesso. O estudante quer uma oportunidade para demonstrar o seu talento, colocando todo o seu vigor em prática. Com objetivos comuns, um pode ser o complemento do outro. É para isso que o CIEE (instituição filantrópica e de assistência social) trabalha, há mais de 45 anos: integrar empresas e estudantes e ajudá-los a crescer.

Atendimento às Empresas (11)

3046-8222

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0800 - 771 2433

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Sede: Rua Tabapuã, 540 Itaim Bibi São Paulo/SP CEP 04533-001

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