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Comunicação em Sergipe: uma quadro de concentração
COMUNICAÇÃO EM SERGIPE: UM QUADRO DE CONCENTRAÇÃO FAMILIAR AO RESTANTE DO BRASIL
Atualmente, existem quatro grandes jornais em Aracaju. Dois deles diários – pertencentes a grupos políticos tradicionais de Sergipe – e outros dois semanais, que sobrevivem com dificuldades. Um quadro muito próximo ao verificado no restante do Brasil, marcado pela concentração dos meios de comunicação e pela ligação direta dos veículos com os grupos políticos mais importantes.
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Em Aracaju, o Jornal da Cidade, diário, pertence a Marcos Franco, político do PMDB, jovem e rico deputado estadual. Marcos Franco é sobrinho de Augusto Franco, que já foi governador e é figura importante no estado.
Além do Jornal da Cidade, a família Franco é dona da TV Sergipe (afiliada à Rede Globo), da TV Atalaia (ligada ao SBT), da FM Sergipe e de outras rádios de menor porte. A família Franco é proprietária, também, do emsergipe, site no padrão Globo.com e do site do Jornal da Cidade. A família, no entanto, só se junta na política, não nos negócios, de modo que não fazem desses veículos um grande conglomerado.
Já o Correio de Sergipe é o jornal de João Alves, governador do estado. O Correio foi fundado na década de 80 pelo próprio João Alves, que na época também era governador. O jornal segue estritamente a linha política do governo do estado. O grupo proprietário do Correio é dono também da Rádio Jornal AM e FM, além de possuir participação na TV Cidade (ligada à Net) e em um canal de programas religiosos na TV aberta.
SEMANAIS
O principal semanário de Sergipe é o Cinform – Central de Informações que começou como um jornal de classificados, anunciando de tudo. O jornal cresceu muito e foi
comprado por Antônio Bonfim, figura controversa da política do estado.
Ainda hoje, o ponto forte do Cinform são os classificados, que existem em todo o jornal, das áreas de Economia e Política à Cultura. Essa excessiva interação entre a parte comercial e a editorial é um dos principais questionamentos feitos ao jornal. Por outro lado, o Cinform vende bem e faz um trabalho interessante em seus cadernos especiais.
O jornal A Semana, de propriedade do jornalista Edvar Freire Caetano, apresenta dificuldades atualmente. O semanário teve um bom início, com uma linha editorial interessante e disputando mercado com o Cinform, onde Edvar trabalhava anteriormente. Com o tempo, o jornal perdeu força e hoje luta para se manter.
DÉCADA DE 1980
O panorama dos jornais em Sergipe hoje é distinto ao verificado nos anos 80. Na época, o Jornal da Cidade, o Jornal de Sergipe e a Gazeta de Sergipe possuíam maior independência que os veículos atuais. A Gazeta, por exemplo, foi um dos primeiros jornais do estado e possuía linha editorial independente. Criticava com voracidade e de forma consistente, mas também elogiava as ações de governo que considerava positivas.
O jornal acabou se endividando e falindo. Atualmente, alguns grupos cogitam voltar a realizar um trabalho semelhante ao da Gazeta de Sergipe por meio de uma cooperativa. Mas, como o jornal está repleto de dívidas trabalhistas e ações correndo na Justiça, o grupo pensa em usar apenas o nome.
Para Ivan Valença, ao olharmos para esse panorama, percebemos que “acabamos voltando para o início da imprensa sergipana, onde os jornais eram quase todos de grupos e partidos políticos”.
[história] Famílias na comunicação do Sergipe [quem conta] Ivan Valença [entrevista realizada] Maio de 2004