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COMISSÃO ORGANIZADORA • 04 • COMISSÃO CIENTÍFICA • 04 • APRESENTAÇÃO • 05 • EIXO 1: IDEÁRIOS, URBANISMOS E PROCESSOS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO • 07 • EIXO 2: VILAS E CIDADES; URBANIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO • 43 • EIXO 3: REPRESENTAÇÕES. SUBJETIVIDADES E SABERES SOBRE A CIDADE • 79 • EIXO 4: PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO • 115 • ANOTAÇÕES • 151 • PROGRAMAÇÃO EIXO 1 • 162 •
PROGRAMAÇÃO EIXO 3 • 170 • PROGRAMAÇÃO EIXO 4 • 174 • PROGRAMAÇÃO GERAL • 176 •
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PROGRAMAÇÃO EIXO 2 • 166 •
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Comissão Organizadora Fania Fridman (UFRJ) – coordenação Andréa Borde (UFRJ) Andréa Sampaio (UFF) Fernando Pinho (UFRJ) Lilian Fessler Vaz (UFRJ) Lucia Silva (UFRRJ) Luciana Alem Gennari (UERJ) Margareth da Silva Pereira (UFRJ) Marlice Azevedo (UFF) Robert Pechman (UFRJ) Vera Rezende (UFF)
Comissão Científica
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Ana Rita Sá Carneiro Ribeiro (UFPE) Beatriz Piccolotto Siqueira Bueno (USP) Cibele Saliba Rizek (USP) Clóvis Ramiro Jucá Neto (UFC) Eliana Mara Pellerano Kuster (IFF-ES) Eneida Maria Souza Mendonça (UFES) Geraldo Majela Gaudêncio Faria (UFAL) José Almir Farias Filho (UFC) José Simões de Belmont Pessôa (UFF) Junia Cambraia Mortimer (UFBA) Maria Angélica da Silva (UFAL) Maria Fernanda Derntl (UNB) Marlice Azevedo (UFF) Paulo Cesar Garcez Marins (USP) Rita de Cássia Lucena Velloso (UFMG) Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior (UFPA)
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Logo: Carolina Vaz Programação Visual: André Féo
A Cidade, o Urbano, o Humano Quatro programas de pós-graduação sediados no Rio de Janeiro IPPUR e PROURB (UFRJ), PPGAU (UFF) e PPGDT (UFRRJ) - em colaboração com a UERJ organizam a décima quinta edição do Seminário de História da Cidade e do Urbanismo reafirmando o objetivo definido no I Seminário de História Urbana, em 1990, de motivar o diálogo e a troca de experiências na reflexão coletiva sobre os processos de estruturação urbana e de intervenção na cidade.
As urbes contemporâneas, frente às mudanças vertiginosas na vida cotidiana dos últimos 40 anos, não podem mais ser entendidas apenas como locais da razão, do progresso ou da modernidade. As marcas destas sociedades - a individualização, a superficialidade e o isolamento - corroem o pertencimento coletivo e o pacto urbano, impondo hegemonias espaciais, cenários, muros, codificações normativas e técnicas, representações, ideologias, subjetividades e a indefinição do limite entre o público e o privado. Por outro lado, são as próprias cidades que dão partida a contra-hegemonias, lugares de sociabilidade, laços, redes e também à força da sociedade civil em restituir a esfera pública. No presente, com longas raízes do passado, são preceitos da vida dos aglomerados urbanos o avanço do informal, de outras urbanizações e práticas cotidianas, de experimentações culturais, resistências e de disputas envolvendo diversas intervenções de programas de ação e instâncias de poder. Na perspectiva de reunir pesquisadores de diferentes saberes e campos disciplinares como Arquitetura e Urbanismo, Planejamento Urbano e Regional, Economia, Geografia, Sociologia, Antropologia, Filosofia e Artes na direção da História, o X V SHCU busca aglutinar os rumos da pesquisa urbana e seus enfrentamentos teóricos e metodológicos sobre os vínculos dos homens e dos grupos sociais com seu território citadino.
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Ao buscar estender o conhecimento sobre os assentamentos citadinos em suas diversas particularidades e escalas, incluindo sua expressão regional e retórica para o controle, o tema “A Cidade, o Urbano e o Humano” pretende provocar o debate sobre tais realizações originadas pelas atividades humanas. Suas morfologias, paisagens e distintas temporalidades e dinâmicas (em alguns casos rivais) traduzem arranjos, ordenamentos, urbanismos e planejamentos (por vezes às avessas). Como documentos, estas configurações territoriais revelam as tensões dos vários tempos.
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• IDEÁRIOS, URBANISMOS E PROCESSOS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO A CIRCULAÇÃO DE IDEIAS NO URBANISMO E NO PLANEJAMENTO •
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O pensamento moderno de Gaston Bardet: le Nouvel Urbanisme Juliana Melo Pereira, Virginia Pontual O texto propõe uma reflexão sobre o pensamento urbanístico de Gaston Bardet – urbanista francês do século X X – e está orientado pelo entendimento de que ele era um homem de seu tempo que fez uma leitura crítica da cidade e das teorias então presentes, para formular uma ideia a devir. Partiu-se do pressuposto de que os escritos de Bardet se inserem no campo do urbanismo e contêm a codificação ou adjetivação de moderno, adquirindo assim uma proposição específica, porém pouco explorada devido aos juízos historiográficos que nominam seu pensamento e sua posição política como conservadores. Para compreender como Bardet construiu o seu entendimento sobre o urbanismo moderno, a investigação partiu do conhecimento do conjunto da obra de sua autoria (livros e artigos no recorte das décadas de 1930 e 1940), assim como da produção historiográfica existente sobre ele. A análise documental está pautada pela ordem dos textos e pela vontade de saber o modo como Bardet pronunciou, correlacionou, argumentou, realizou analogias, procedeu a reutilizações conceituais, num dado contexto
sociotemporal.
Na
primeira
parte
estão
dispostos
os
enunciados sobre urbanismo construídos por Bardet, que permitem perceber as prioridades consideradas por ele como desafios ao recente campo disciplinar. Já a segunda é dedicada à utopia formulada por Bardet na obra Le Nouvel Urbanisme, que via o urbanismo não só como uma ciência, mas principalmente como uma disciplina dotada de forte
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caráter social.
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PALAVRAS-CHAVES: Gaston Bardet, Urbanismo Moderno, Le Nouvel Urbanisme
Gaston Bardet e a formação de urbanistas em Belo Horizonte: embates e permanências Ana Luiza Luciano Marques O presente artigo propõe-se a discutir as referências e concepções urbanísticas mobilizadas em Belo Horizonte a partir do intercâmbio profissional ocorrido nos anos 1950, década de grande debate sobre as concepções de urbanismo e planejamento no Brasil e de reconfiguração de um campo do conhecimento. Para isso, busca-se contribuir com a análise da presença de Gaston Bardet em Belo Horizonte como professor visitante na Escola de Arquitetura da Universidade de Minas Gerais em 1953 e sua contribuição na formação de urbanistas no âmbito do primeiro Curso de Especialização em Urbanismo de Minas Gerais. Nesse sentido, pretende-se desvendar a presença de Bardet na formação do ideário urbanístico da capital como parte dos embates e coexistências entre diferentes ideias e concepções que informam o pensamento urbanístico e a formação de urbanistas nesse período em
PALAVRAS-CHAVES: Belo Horizonte, Ensino de Urbanismo, Gaston Bardet
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Minas Gerais.
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Ciudad Kennedy: uma fronteira no processo de urbanização de Bogotá Nilce Aravecchia Botas O conjunto habitacional de Ciudad Techo (1961-1963), localizado na porção sudoeste da cidade de Bogotá, onde se situava o Aeroporto de Techo, foi paradigmático das políticas do Instituto de Crédito Territorial (órgão responsável pela produção habitacional na Colômbia desde a década de 1940). O empreendimento contou com recursos da Aliança para o Progresso, programa de ajuda técnica-financeira dos Estados Unidos aos países da América Latina. Após o assassinato do presidente norte-americano, o empreendimento passa a se chamar Ciudad Kennedy, e hoje nomeia uma das maiores e mais povoadas regiões administrativas da metrópole colombiana. A reflexão aqui exposta, coloca em perspectiva histórica a construção do conjunto habitacional, e suas interfaces com as dinâmicas políticas e sociais específicas daquele período. O projeto coloca importantes questões para o campo disciplinar da arquitetura e do urbanismo, exemplificando as mudanças de paradigma que relativizaram concepções pela autoridade do arquiteto, dando lugar a propostas que incluíam a participação dos usuários nos processos de produção das moradias. A trajetória de Ciudad Kennedy será debatida em função de três questões interrelacionadas: (1) a relação do conjunto com os processos de urbanização de Bogotá, buscando identificar suas interfaces com os conflitos sociais e políticos colombianos; (2) as características do projeto no âmbito da arquitetura e do urbanismo, que passa a incorporar a ideia de participação do usuário na produção da moradia; (3) a contraposição entre dependência e autonomia, frente à ação imperialista norte-
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americana.
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PALAVRAS-CHAVES: Habitação, Urbanização, Bogotá
Do planeamento como técnica à cultura do planeamento. John Friedmann no Chile Alejandra Monti Entre 1965 e 1969 o planificador John Friedmann é radicado no Chile como director do programa de Assessoria em Desenvolvimento Urbano e Regional da Fundação Ford (URDAPIC). O início da sua actividade laboral no país coincide com o processo de modernização institucional do governo Democrático Cristão de Eduardo Frei Montalva (1964-1969). Estes fatos constituem um impulso para a construção de uma base teórico-conceptual do planeamento em países subdesenvolvidos: o planeamento inovador. Desde esta perspectiva, podemos compreender a transformação e evolução das ideias de Friedmann, desde a sua concepção inicial de planeamento, como técnica racional e científica, até chegar à ideia de planeamento sustentado na acção como motor para uma mudança estrutural. A eleição do Chile como laboratório experimental para as políticas e instituições associadas ao planeamento, promove a construção de um cenário propício a reflexão deste autor. A partir de uma leitura inicial do programa URDAPIC, Friedmann reflecte, de forma esperançada, sobre os vínculos entre a política e a técnica, o papel dos planificadores e a assistência técnica internacional, junto aos requerimentos conceptuais necessários para implementar uma
PALAVRAS-CHAVES: Chile, John Friedman, Planeamento Inovador
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cultura de planeamento em sociedades subdesenvolvidas.
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• IDEÁRIOS, URBANISMOS E PROCESSOS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO A CIDADE E AS OUTRAS ESCALAS DO PLANEJAMENTO E DO URBANISMO •
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O papel do Estado no planejamento urbano do Rio Grande do Sul nas décadas de 1960 e 1970 Fernanda Jahn-Verri Este texto trata do processo de planejamento urbano no Brasil e da institucionalização do planejamento urbano integrado no estado do Rio Grande do Sul. O objetivo desse trabalho é analisar a atuação do Serviço Federal de Habitação e Urbanismo, o SERFHAU, e da Secretaria de Obras no estado. O último, criado ainda no final do século XIX, desempenhou um papel importante no que se refere ao saneamento e planejamento dos municípios rio-grandenses, sendo responsável não só por financiar a elaboração de planos diretores, mas também por implementar uma rede de apoio às cidades no processo de planejamento. Já o SERFHAU foi criado para conferir assistência técnica em questões ligadas ao planejamento urbano a estados e municípios brasileiros. De 1964 a 1975, a autarquia incentivou a abordagem de aspectos econômicos, físicos, sociais e institucionais do planejamento urbano e a integração dos planos nos níveis municipal, regional e federal. Apesar do SERFHAU ter colaborado com a implementação da metodologia interdisciplinar na elaboração dos planos no Rio Grande do Sul, já havia uma estrutura de planejamento urbano consolidada no estado antes da década de 1960. Portanto, o SERFHAU teve mais uma função solidificadora do planejamento urbano integrado do que propriamente de protagonista. Para esclarecer a efetiva participação das duas instituições, resgatou-se a experiência da autarquia federal na região sul através de relatórios anuais divulgados pela Secretaria de Obras Públicas do Rio Grande do Sul, além de boletins publicados pelo próprio
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SERFHAU, bem como anais e programas de cursos e seminários
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promovidos por ele. PALAVRAS-CHAVES: Planejamento Urbano Integrado, Serviço Federal de Habitação e Urbanismo, Secretaria de Obras Públicas do Rio Grande do Sul
Algumas divergências entre os projetos e as ações que antecederam as obras de retificação do rio Tietê na cidade de São Paulo Jordana Alca Barbosa Zola O objetivo deste artigo é contribuir para a documentação e a análise de uma das maiores obras de urbanização empreendidas pela Prefeitura Municipal de São Paulo, a retificação do Rio Tietê e a urbanização das terras marginais criadas ao longo do novo canal. Através da recuperação das propostas de intervenção que antecederam o início da execução das obras e de sua confrontação com documentos públicos da época, divulgados recentemente, o texto demonstra a divergência entre os projetos realizados, o discurso oficial sobre as intenções da intervenção e as ações concretas que condicionariam a construção de um dos espaços mais significativos da Região Metropolitana de São
PALAVRAS-CHAVES: Retificação do Rio Tietê, Várzea do Tietê
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Paulo, a Várzea do Tietê.
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Transformações de terras rurais em tecido urbano na cidade de Campinas SP (1869-1928): a chácara Itapura Renata Baesso Pereira, Ana Beatris F. Menegaldo O artigo analisa a evolução de parte do tecido urbano da cidade de Campinas (SP), particularmente as transformações da Chácara Itapura - estabelecida na segunda metade do século XIX – em novos bairros, na primeira metade do século X X. A análise da transformação de uma estrutura rural em estrutura urbana tem por objetivo reconstituir a história da forma urbana de parte de Campinas, identificando os períodos morfológicos que são representativos da evolução de dois bairros: a Vila Itapura e o Jardim Guanabara. A partir de um caso de estudo elucidam-se processos que se aplicaram em outras partes da cidade de Campinas e que constituíram um modo recorrente de construir a cidade nas primeiras décadas do século X X. A análise evolutiva do tecido urbano do caso de estudo parte da identificação do conjunto de elementos primários que fazem parte de sua origem bem como da identificação de elementos que se sobrepõe a estas preexistências, como o traçado viário e o parcelamento dos quarteirões. Confrontam-se
fontes
de
natureza
primária
como
cartografias
históricas, planos e propostas para os bairros, documentos cadastrais de terra, inventários, legislações e regulações fundiárias no sentido de elucidar a transformação das terras rurais em espaço urbano. A análise do processo de adição dessa área ao tecido urbano de Campinas identifica
também
os
agentes
modeladores
da
forma
urbana,
destacando-se o Barão de Itapura e a firma Rossi & Borghi, responsável
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pelos loteamentos dos bairros.
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PALAVRAS-CHAVES: Forma Urbana, Propriedade Fundiária, Tecido Urbano, Campinas, SP
Dois urbanismos. As transformações urbanas e regionais em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul (1918-1937) Cleandro Krause Realizamos um inventário das ocorrências da palavra urbanismo no jornal A Federação, do Partido Republicano Rio-Grandense, no período de 1918 a 1937, classificando-as em dois grupos, conforme seu sentido correspondesse a um modo de vida ou a técnicas e discursos sobre a cidade. A hipótese do trabalho é a de que as ocorrências da palavra urbanismo sejam capazes de retratar o desenvolvimento de uma luta pela hegemonia de seu uso: de um lado, associado a ideologias antiurbanas e, de outro, a um novo campo profissional em constituição e, logo, a um setor da administração pública. O primeiro grupo mostra ocorrências durante todo o período, enquanto o segundo grupo ganha dominância a partir de metade da década de 1920, em uma primeira “onda” que vai até 1929, momento em que o urbanismo se vincula a uma expectativa de planos de remodelação das cidades e, em composição com as categorias vigentes de “embelezamento”, “saneamento” e “circulação”, recebe status de regramento urbano. Ações pioneiras de uma campanha em prol do urbanismo já ocorrem nessa primeira “onda” e retornam em uma segunda, a partir de 1934, associadas a eventos que buscam o consenso entre setores da sociedade rio-grandense, ao mesmo tempo em que surgem os primeiros esboços de planos de extensão de cidades. Concluímos afirmando a priorização da dimensão de Estado e aplicada a reformas urbanas parciais, tanto em um sentido setorial como geográfico.
PALAVRAS-CHAVES: Urbanismo, Melhoramentos Urbanos, Planos Urbanos
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técnica do urbanismo em seu uso como ferramenta institucionalizada
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• IDEÁRIOS, URBANISMOS E PROCESSOS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO A CONTRIBUIÇÃO DO PASSADO NO URBANISMO E NO PLANEJAMENTO DA CIDADE •
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Contra a quadrícula: a cenografia barroca nas cidades hispanoamericanas Rodrigo Espinha Baeta
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Este artigo debate as possibilidades das notórias cidades regulares hispano-americanas – implantadas frequentemente no século X VI, por meio de um rigoroso desenho pré-concebido, onde despontaria um rígido traçado, conformado quase sempre por uma obsessiva grelha regular – exaltarem, nos séculos X VII e X VIII, os princípios da poética barroca em seu cenário urbano. A questão a ser avaliada poderia ser formulada da seguinte forma: como seria possível a urbanística praticada pelo projeto de colonização espanhol ter contribuído para a construção do espaço urbano barroco, já que os conhecidos planos regulares quinhentistas seriam iniciativas que estariam muito apartadas dos princípios essenciais do Barroco, assim como não se aproximariam da própria urbanística praticada no período – além de terem-se estabelecido em anterioridade à eclosão do espírito barroco? A resposta a este último questionamento partiria de uma alegação que asseguraria que a cidade hispano-americana poderia alcançar, eventualmente, uma condição barroca, “apesar” da urbanística – apesar da presença tirânica de sua grelha regular e obsessiva. Ou seja, as cidades ordenadas, fundadas no século X VI, deveriam contar, nas próximas duas centúrias, com intervenções – de teor urbanístico, mas especialmente de escala arquitetônica – que atuassem “contra” a quadrícula, contra o esquema rígido e estacionado do traçado típico hispano-americano. Já que a estrutura urbanística das cidades seria extremamente engessada e inflexível, não seria fácil transfigurá-la a partir de intervenções em sua armação viária. Logo, os assentamentos poderiam se conformar como cenários barrocos especialmente devido à contaminação do seu ambiente por “eventos” profundamente expressivos, acontecimentos dramáticos gerados pela influência que a arquitetura exerceria nas imagens capturadas no núcleo urbano, “costuradas” na dimensão espaço-temporal da apreensão da cidade.
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PALAVRAS-CHAVES: Barroco, Cidade Hispano-Americana, Paisagem Urbana, Arquitetura Religiosa
Os planos urbanísticos na teoria e na prática: Lisboa, Porto e Salvador entre os séculos XVIII e XIX Gina Veiga Pinheiro Marocci As ações urbanísticas realizadas em Portugal e no Brasil, no período que abrange a segunda metade do século X VIII e as primeiras décadas do século XIX, se inserem num processo de reformulação da ideia de cidade, que iniciou antes dos setecentos e se prolongou para além deles. As três cidades analisadas neste artigo, Lisboa, Porto e Salvador, sofreram intervenções que se caracterizaram como pontos de inflexão no seu processo de desenvolvimento urbano. Os discursos norteadores dessas intervenções se aproximam, em alguns pontos, e, em outros, se afastam. Porém, a simultaneidade das ações urbanísticas tanto no Brasil como em Portugal significa que uma nova diretriz se insinua na concepção do urbanismo português, cuja inspiração proveniente da experiência europeia assume características próprias, acentuando a
PALAVRAS-CHAVES: Urbanismo, Cidade, Plano
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singularidade da contribuição lusitana.
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O PDLI de Olinda e o turismo cultural: conceituação e práticas Aline Galdino Bacelar Embora o turismo cultural seja considerado um fenômeno bastante comum em todo o mundo, pretende-se compreender, tomando como estudo de caso o Plano de Desenvolvimento Local Integrado (PDLI) de Olinda, como a noção de turismo cultural emergiu no campo da conservação urbana nos anos de 1960 e como ela foi recepcionada e aplicada pelas instituições, inclusive no sítio histórico de Olinda. Esse documento, concluído em 1972, teve sua elaboração coordenada e financiada pelo Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (Serfhau), através da consultoria da Sociedade Civil de Planejamento (Sociplan), além do Departamento de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e outros consultores especialistas no assunto. A pesquisa tem foco nas instituições envolvidas no campo da conservação (UNESCO, IPHAN, entre outros), e os técnicos nelas presentes são entendidos como sujeitos não passivos, responsáveis por trocas, apropriações, ressonâncias e reciprocidades. Papel importante também assume, nesse
contexto,
os
encontros
internacionais
e
os
documentos
resultantes desses, os quais serão tomados como ambiente propício de ressonância dos paradigmas, conceitos, noções, entendimentos e abordagens
em
voga.
A
perspectiva
teórica
da
pesquisa
está
referendada na História cultural e segue os procedimentos da históriaproblema, cujas fontes são buscadas e interpretadas de acordo com as hipóteses do historiador. Portanto, esse estudo utilizará o PDLI de Olinda como pano de fundo para a narrativa que se pretende construir, de modo a contemplar não só a circulação de ideias, mas também as práticas concretas dos sujeitos e instituições que atuaram naquele
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contexto.
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PALAVRAS-CHAVES: Turismo Cultural, PDLI de Olinda, Cartas Patrimoniais
História e Arquitetura: diálogos possíveis entre Nova História e Arquitetura Vernácula Maria Letícia Silva Ticle, Marco Antônio Penido de Rezende O presente artigo trata de duas áreas do conhecimento acadêmico e, acima de tudo, humano – História e Arquitetura. É uma proposta inicial de cotejamento entre a Nova História e a Arquitetura Vernácula, movimentos que vêm se firmando em seus respectivos campos do saber desde, aproximadamente, a década de 1970. São tratadas a ampliação da perspectiva de análise em ambas e suas aproximações conceituais pelos objetos que tratam: o cotidiano, a vida do cidadão comum. A proposta é de complementaridade e contribuição a partir da apropriação de uma pela outra. Apesar de reconhecidamente interdisciplinares, ainda podem parecer distantes a muitos pesquisadores e estudiosos. O artigo utiliza como base teórica e conceitual escritos de diversos autores, mas sua análise central se aporta em obras de Peter Burke e Thomas Carter e Elizabeth Cromley, respectivamente da História e da
PALAVRAS-CHAVES: Nova História, Arquitetura Vernácula, Interdisciplinaridade
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Arquitetura.
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• IDEÁRIOS, URBANISMOS E PROCESSOS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO URBANISMO E PLANEJAMENTO CONTEMPORÂNEOS •
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Limites borrados: a complexidade da produção do espaço na cidade contemporânea Rafaela Lino Izeli, Bárbara Brena Rocha dos Santos Este artigo pretende exemplificar as múltiplas lógicas e interesses que se sobrepõem e complexificam a produção da cidade. Para isso, traz uma breve análise das importantes formas contemporâneas de atuação sobre o espaço urbano, como as ações de urbanismo tático e de coletivos ativistas, a fim de questionar a associação destes agentes à iniciativa privada e às dinâmicas de mercado, e problematizar a participação da sociedade civil na conformação da cidade. Procura discorrer sobre a implementação de dois projetos políticos de governo nos anos 1990, um de base democrática e outro de fundamento neoliberal, em que se observa uma crise discursiva e uma despolitização das práticas participativas. Espera-se investigar estes imbricamentos que configuram e alimentam o avanço neoliberal na disputa pelo lugar do Estado, buscando elucidar os vínculos e as práticas envolvidas na
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produção do espaço público.
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PALAVRAS-CHAVES: Participação, Urbanismo Tático, Coletivos Ativistas
A cidade por partes: o urbanismo de arquitetos na América Latina no limiar dos anos 1990 Gisela Barcellos de Souza O presente artigo visa contribuir para a compreensão dos limites semânticos do que se entende por “projeto urbano” e demonstrar as variações e a amplitude de significado que esta noção permitiu, na virada dos anos 1980 aos 1990, em diversos países Latino-Americanos. Optou-se
por
utilizar
como
recorte
as
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propostas
urbanas
apresentadas e publicadas nos anais do V Seminário de Arquitetura Latino-americana (SAL), realizado em Santiago do Chile, em 1991, que teve como tema “Nuestros espacios urbanos: Propuestas morfológicas”. Desenvolvidas entre meados dos anos 1980 e o ano de 1991 (muitas propostas ainda estavam em curso no momento de sua exposição) estas propostas revelam-se como um lócus privilegiado para análise, no subcontinente, do nível de penetração das questões relativas à tipomorfologia e ao projeto urbano, bem como das representações da prática do urbanismo por arquitetos neste período. Para tanto, o presente artigo se estrutura em três partes. Na primeira, aborda-se brevemente o ambiente arquitetônico-urbanístico que possibilitou a concepção de um SAL pautado na discussão de projetos urbanos. Na segunda, verifica-se a pertinência dos projetos apresentados à pauta estabelecida pelos organizadores do evento. Na terceira e última, analisam-se as diferentes acepções de projeto urbano que transparecem
PALAVRAS-CHAVES: Projeto Urbano, Seminários de Arquitetura Latino-Americana, Urbanismo de Arquitetos
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no corpus analisado.
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Urbanismo olímpico: trajetória e legado Daniel Ortiz Lopes O urbanismo olímpico é um componente essencial das discussões em torno do planejamento urbano contemporâneo. A partir de meados da década de 80, muitas cidades passaram a se candidatar como sede dos Jogos Olímpicos, vislumbrando no evento a possibilidade de saírem do ostracismo para competirem internacionalmente. Sob o pretexto de explorar as potencialidades reprimidas das cidades, a ascensão da gestão urbana empreendedorista provocou uma profunda mudança no modo de se produzir as cidades olímpicas. A bem-sucedida experiência de Barcelona, na realização das Olimpíadas de 1992, consolidou esse modelo, assumindo o evento como uma ferramenta incontestável de renovação urbana. Contudo, os projetos olímpicos foram se tornando cada vez maiores e mais caros, explicitando a espetacularização das cidades e, consequentemente, se distanciando do compromisso do Movimento Olímpico com a produção de legados sustentáveis. O objetivo do presente texto é examinar a trajetória do urbanismo olímpico, apresentando reflexões sobre os impactos desse tipo de produção no
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espaço urbano.
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PALAVRAS-CHAVES: Urbanismo Olímpico, Planejamento Urbano, Legado
Arquitetura metropolitana, cidade genérica e regime ¥€$: a condição urbana contemporânea por Rem Sandra Catharinne Pantaleão Por meio da análise das publicações de Rem Koolhaas, pode-se indicar momentos de modernização das cidades desde final do século XIX aos dias atuais, cuja reflexão aponta as correlações entre a macroestrutura econômica e os agenciamentos territoriais que as reforçam e reverberam no espaço urbano, dada a dissolução de formas urbanas tradicionais ou pela configuração de arranjos espaciais articulados globalmente. A partir de três momentos específicos da história urbana, define-se a perspectiva de Rem Koolhaas sobre a condição urbana contemporânea, superando termos como metrópole, megalópole ou metápolis. O pensamento de Rem Koolhaas sobre a cidade contemporânea permite esboçar uma perspectiva das correlações entre a intensificação da globalização, a revolução técnico-informacional e ampliação do capitalismo sobre a forma urbana, em que diversas escalas, da edilícia a global. Dessa análise tem-se três importantes períodos presentes em suas publicações: Arquitetura Metropolitana, representada por Nova Iorque do início do século passado; a Cidade Genérica pelas práticas de apagamento das camadas históricas das cidades, tanto na Europa via práticas patrimoniais quanto em PRD – por meio do controle do solo por ações públicas e privadas e, mais recentemente, a reafirmação do Regime ¥€$© , pela urbanização do Golfo Pérsico, em que arquiteturas que os descrevem. O presente artigo aponta as contribuições de Rem Koolhaas ao debate da condição urbana contemporânea, tendo em vista trazer a cidade para o centro do debate, com questões por vezes polêmicas e pragmáticas acerca da atuação do arquiteto e urbanista. PALAVRAS-CHAVES: Regime ¥€$, Rem Koolhaas, Visões Contemporâneas da Cidade
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espetaculares proliferam. Desses períodos, tem-se termos específicos
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• IDEÁRIOS, URBANISMOS E PROCESSOS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO AÇÕES PIONEIRAS NO URBANISMO E NO PLANEJAMENTO •
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Para além da arquitetura: a pulverização de negócios de Ramos de Azevedo e o aparecimento de estratégias de um mercado imobiliário Carlos Thaniel Moura Produtor de sua época, Francisco de Paula Ramos de Azevedo, trouxe para a São Paulo da Primeira República uma prática de sua profissão: a multiplicidade de ofícios. Este artigo tem como objetivo evidenciar as instituições
profissionais
e
negócios
urbanos
que
estiveram
relacionados a este engenheiro, arquiteto e empreendedor. Posto isso, as reflexões aqui apresentadas pretendem compreender a rede criada por este ator social para o mercado imobiliário em regiões específicas da cidade de São Paulo, como as regiões leste e central, passando pela instrução, prática e comercialização de produtos ligados à construção
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civil.
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PALAVRAS-CHAVES: Ramos de Azevedo, Mercado Imobiliário, São Paulo
Um Rio de Janeiro linear? As referências soviéticas no debate urbanista carioca entre os anos 1930 e 1940 Guilherme Bueno O artigo faz uma introdução as referências sobre arquitetura e urbanismo das vanguardas soviéticas disponíveis no Rio de Janeiro no entre-guerras. Junto com a investigação sobre tal bibliografia, tentase indicar seus traços em livros e artigos publicados na cidade, pretendendo assim reintroduzir algumas fontes pouco lembradas hoje, bem como saber se essa produção deixou algum vestígio formal. Ao longo do exame dessa recepção observa-se a ênfase no debate sobre cidade linear e cidade radial, em um momento em que a cidade do Rio
PALAVRAS-CHAVES: Historiografia, Arquitetura e Urbanismo Soviéticos, Arquitetura e Urbanismo, Anos 1930-1940
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passava por mais um período de transformações.
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Embates tecnocráticos: o lugar da Arquitetura nos debates de regulamentação profissional no Brasil a partir da trajetória de Adolfo Morales de Los Rios Filho (1920-1930) Leonardo Faggion Novo O presente trabalho pretende identificar o lugar da arquitetura nos debates sobre a regulamentação profissional que culminaram na promulgação do Decreto Federal nº 23.569, de 1933. Por meio da análise da trajetória de Adolfo Morales de los Rios Filho, presidente do Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura (CONFEA) por mais de vinte anos, pretende-se entender como o não lugar entre a arte e a técnica ocupado pela disciplina no período o permitia elaborar defesas profissionais que forjassem uma posição de destaque do arquiteto na hierarquia profissional responsável por regular e intervir nas cidades. A análise de algumas de suas obras editadas pelo Conselho e sua inserção em um ambiente profissional dinâmico e disputado, a partir do qual ele consolidou uma rede, nos permitem identificar aproximações e distâncias entre suas defesas e outras concepções acerca da tecnocracia e do urbanismo, pontos de inflexão nas disputas com engenheiros e demais profissionais atuantes no campo da construção
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civil no Brasil e na América nas décadas de 1920 e 1930.
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PALAVRAS-CHAVES: Regulamentação Profissional, Tecnocracia, Urbanismo
Attílio Corrêa Lima e David Xavier Azambuja: pioneiros na institucionalização da Arquitetura paisagística no Brasil Alda de Azevedo Ferreira, Fernando Pedro de Carvalho Ono O artigo objetivou entender a institucionalização do ensino de Arquitetura Paisagística na cidade do Rio de Janeiro. Com informações colhidas em fontes primárias, e fundamentadas no conceito de campo, de Pierre Bourdieu, descobriu-se que ela foi introduzida na Escola Nacional de Belas Artes, em 1930, e Attílio Corrêa Lima foi seu primeiro professor, e em seguida, houve um curso de especialização na Universidade do Distrito Federal, sob orientação do arquiteto paisagista
PALAVRAS-CHAVES: Arquitetura Paisagística, Escola Nacional de Belas Artes, Universidade do Distrito Federal
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David Xavier Azambuja.
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• IDEÁRIOS, URBANISMOS E PROCESSOS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO URBANISMO E PLANEJAMENTO NA APROPRIAÇÃO DA CIDADE •
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Vamos pintar a Sete? Considerações sobre ruas de lazer e de pedestres em Vitória (ES) na década de 1970 Camila Benezath Rodrigues Ferraz O presente trabalho apresenta duas ações promovidas entre 1976 e 1977 pelos governos estadual e municipal em Vitória, Espírito Santo. O ponto de partida é um convite direcionado às crianças para realização de atividades lúdicas e esportivas na Rua Sete de Setembro aos domingos. A ação, denominado “Vamos pintar a Sete”, deu início à realização de ruas de lazer em Vitória a partir de 1976. A segunda ação envolve a da transformação de um trecho da Rua Sete de Setembro em rua de pedestres. Inicialmente em caráter experimental, o trecho foi transformado definitivamente em calçadão em 1977. Para além de estarem situadas na Rua Sete, as ações escolhidas inserem-se em uma tendência de “humanização das cidades” relacionada à crítica contra o excesso de automóveis nas cidades e contra o esvaziando dos espaços públicos
atribuídos
à
abstração
e
rigidez
da
cidade
funcional
modernista. Neste sentido, procuramos entender como estas possíveis inspirações teóricas se inserem nas cidades, durante da Ditadura
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Militar (1964-1985).
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PALAVRAS-CHAVES: Rua de Pedestres, Rua de Lazer, Humanização de Cidades
A relação criança-cidade na historiografia do Urbanismo Moderno Igor Queiroz A criança apresenta-se como um tema relevante na cidade e no urbanismo contemporâneo, sobretudo, como potência de aprendizado aos arquitetos urbanistas. Temática que, apesar do crescente número de trabalhos realizados nos últimos anos, ainda é pouco explorada no campo do urbanismo, onde a maioria das pesquisas e trabalhos desenvolvidos voltam-se principalmente para a questão projetual, sobretudo, na tentativa de inserir a criança em decisões de projetos ditos participativos. Historicamente, suas práticas de cidade podem ser entendidas como possibilidades críticas ao urbanismo funcionalista e, sobretudo, como potência criativa na produção de outras cidades possíveis, de outros modos de fazer urbanismo e de narrá-los. Propõese aqui traçar uma leitura sobre a construção do pensamento urbanístico moderno através da contradição entre diversos discursos, apontando emergências da história capazes de questionar o discurso hegemônico da ordem urbana, através da presença (ou ausência) da criança na cidade e desta como meio e fim nos projetos urbanos, a partir do surgimento da moderna noção de infância. No contra fluxo de uma historiografia linear, teleológica e positivista, torna-se preciso e possível contar/fazer emergir outras histórias do urbanismo que apontem outras possibilidades de produção crítica e política das
PALAVRAS-CHAVES: Criança, Infância, Historiografia do Urbanismo
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cidades na contemporaneidade.
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Elos entre escolarização, sociedade e cidade: o programa da Educação Progressiva na primeira metade do século XX Samira Bueno Chahin
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O diálogo entre programas escolares e cidades manifesta-se em diversos aspectos, desde os desafios quantitativos observados no planejamento para o atendimento de clientelas escolares até problemas de ordem curricular em que os desafios urbanos cruzam o cotidiano escolar em atividades didáticas. No vasto acervo de questões existentes entre uma e outra destas abordagens está o papel da escola como centro comunitário. No Brasil, o programa escolas-classe, escolaparque formulado por Anísio Teixeira entre 1930 e 1960, é um dos exemplos em que o relacionamento intrínseco entre escolarização e cidade foi determinante para a feição do planejamento escolar em face de problemas urbanísticos preocupados com a organização comunitária de um determinado território. A obra de Teixeira foi sem dúvida condicionada pelas conjunturas que encontrou como administrador da educação pública brasileira, no entanto, não se pode perder de vista o fato de sua formação inicial como educador ter acontecido em Nova York, entre 1927 e 1929, no Teachers College da Universidade de Columbia. Nesse sentido, entender o quadro das ideias em circulação sobre escolarização, sociedade e cidade difundidas desde esta instituição contribui para a localização dos diálogos do programa escolar de Anísio Teixeira com o circuito da modernidade educacional e, inclusive, urbana desenhada nos Estados Unidos nas primeiras décadas do século X X. Ao mapear esta ambiência cultural o artigo discorre sobre os primeiros trabalhos de Clarence Arthur Perry na Russel Sage Foundation à luz dos debates promovidos pelo movimento de educação progressiva.
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PALAVRAS-CHAVES: Escola, Comunidade, Clarence Arthur Perry
Cognição e participação na obra de Christopher Alexander Leandro Marino Vieira Andrade O presente artigo objetiva situar a trajetória do arquiteto austroamericano
Christopher
Alexander
no
quadro
do
conhecimento
contemporâneo, considerando sua proximidade à teoria dos sistemas e à cibernética. Examinando obras das etapas iniciais de sua trajetória, datadas das décadas de 1960 e 1970 e fundadas em uma sólida argumentação matemática, o texto destaca a formulação de conceitos teóricos seminais – em especial, as proposições referentes à qualidade sem um nome e à linguagem de padrões – e seus desdobramentos no campo das teorias da arquitetura e da cidade. Sua a obra, ainda hoje controversa entre os arquitetos, caracteriza-se pela reflexão teórica assentada em grande esforço experimental que leva, a sua vez, a uma profunda coerência interna e a um desafiador ecletismo epistemológico. Alexander define-se, entretanto, simplesmente como um “construtor”, e
PALAVRAS-CHAVES: Christopher Alexander, Sistemas, Cognição
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a pergunta que pretende responder é “podemos construir melhor?”.
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•• VILAS E CIDADES; URBANIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO URBANIZAÇÃO E URBANISMO EM PERSPECTIVA HISTÓRICA ••
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História da cidade e do urbanismo de Cabo Frio – RJ. Um resumo entre os séculos XVI e XX Rafael Peçanha de Moura Trata-se de fragmento revisado de parte de um dos capítulos da dissertação de mestrado em Antropologia, que defendi no ano de 2012, pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense. O texto busca apresentar paralelo entre o processo de urbanização geral da cidade de Cabo Frio e de um de seus bairros (Gamboa), entre os séculos X VI e X X, transitando, especialmente, pela economia do sal, passando, obviamente, pelos ditames da especulação imobiliária. Toda a abordagem é feita com foco nos estudos de três mapas e plantas da cidade, respectivamente, dos séculos X VIII, XIX e
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X X.
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PALAVRAS-CHAVES: Urbanização, Cabo Frio, História
De vales e valas: a rua da Valla na Salvador do séc. XIX Daniel Juracy Mellado Paz No presente artigo se defende a importância do Rio das Tripas, e do rio Camurugipe, para a constituição da cidade do Salvador – BA. Primeiro como elemento de defesa do primitivo assentamento, e depois transformado em dispositivo técnico de circulação e escoamento das águas, estrutural para a cidade no momento em que esta extrapola para além de seu núcleo original. O artigo enfatiza a sua urbanização no séc. XIX, como Rua da Valla, conectando partes consolidadas da cidade, explorando um fundo de vale antes problemático e lançando-se aos arrabaldes mais distantes, dos extremos norte e sul. A Rua da Valla se constrói no mesmo momento em que outras iniciativas de infraestrutura urbana são realizadas, tecnificando a urbe e ampliando a escala de compreensão e intervenção. Deixou de enfatizar-se apenas o Rio das Tripas, e começou a ser pensada a bacia por inteiro, e mesmo sua conexão com a bacia do Lucaia. A Rua da Valla escoava todo o interior da cidade, e será ainda, por muitas décadas, o principal tronco dos vários projetos viários e de saneamento da cidade. Esse papel duplo, de esgoto e conexão urbana, se dará mesclado com o de fornecimento de água potável com os primeiros açudes, adutoras e fontes, também se recorrendo aos mananciais desta bacia, e do abastecimento de carne da cidade, e mesmo algo de suas atividades funerárias, que ali se dão. Apesar de geometricamente central nos dias de hoje, na história de Salvador esse vale sempre apareceu ora como apesar de sua imensa importância.
PALAVRAS-CHAVES: Rua Da Valla, Saneamento, Circulação
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uma espécie de “fundo”, antes periférico, agora nos andares inferiores,
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Um lugar chamado Bujaru Claudia Helena Campos Nascimento Bujaru é uma cidade do estado do Pará cuja ocupação se fez a partir da dação de terras a sesmeiros, mas se consolidou pela atuação da Ordem Carmelita como braço religioso da Corte Portuguesa no processo de colonização da Amazônia, até o século X VIII. O artigo destacará o processo de formação de Bujaru que foi dependente dos meios fluviais e que, a partir da década de 1930, como várias cidades amazônicas, passará a ter o modal rodoviário como vetor de expansão e desenvolvimento, condenando a antiga vila pioneira de Santana do Bujaru ao eclipse em relação à atual sede municipal. O objetivo deste trabalho é compreender o processo de formação da rede de cidades na Amazônia onde várias ocupações importantes do período colonial, remanescentes ou não, são reveladoras de um discurso singular da historiografia regional, como Santana do Bujaru, e são lugares de
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memória para alguns e negados, tornando-se não-lugares, para outros.
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PALAVRAS-CHAVES: Bujaru/PA, Cidades Amazônicas, História da Amazônia
Entre a utilidade e a diversão: alamedas e passeios públicos nas vilas e cidades coloniais latino-americanas Hugo Segawa Os estudos de caso de oito jardins públicos – no México (Querétaro, Veracruz, Zacatecas e Campeche, os dois primeiros do século X VIII e os últimos do século XIX), no Peru (Trujillo, do século X VIII e Ayacucho do século XIX) e no Brasil (Goiás, do século X VIII e Fortaleza do século XIX) –, pretendem caracterizar um fenômeno da urbanização latinoamericana que ainda deve ser melhor desvendado. Alamedas e passeios públicos foram criações recorrentes das autoridades ibéricas coloniais na organização das vilas e cidades desde o final século X VI, com continuidade ao longo do século XIX. Eram recintos ajardinados, arborizados, para o deleite da população, nos quais se incentivavam formas
de
sociabilidade
que
se
reproduziram,
com
variações
relativizadas nos estudos de caso do presente ensaio, em vários quadrantes
da
América
colonial,
constituindo
uma
prática
da
estruturação urbana não prevista nos documentos fundacionais da ocupação americana e não adequadamente reconhecida na história da
PALAVRAS-CHAVES: Alamedas e passeios públicos, Urbanização na América Latina, Jardins Públicos na América Latina
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urbanização latino-americana.
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•• VILAS E CIDADES; URBANIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO URBANIZAÇÃO, PLANOS E QUESTÕES FUNDIÁRIAS ••
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Entre o rural e o urbano – aspectos fundiários na formação de patrimônios religiosos na freguesia de Caconde – SP, séculos XVIII e XIX Renata Baesso Pereira, Rafael Augusto Silva Ferreira A freguesia de Caconde desempenhou papel fundamental na formação da rede urbana na região de fronteira entre São Paulo e Minas Gerais, durante os séculos X VIII e XIX. De seu território, desmembraram-se vários municípios que tiveram como denominador comum a doação de terras desmembradas de fazendas, para oragos de devoção, formando patrimônios religiosos. O presente artigo adota como recorte temporal a criação da freguesia de Caconde em 1775, e os primeiros núcleos urbanos desmembrados de Caconde - SP, em meados do século XIX: Espírito Santo do Rio do Peixe (1834, atual Divinolândia – SP) e São José do Rio Pardo (1865). Trabalha sobre fontes primárias textuais, seriadas e cruzadas, para proceder a espacializações em séries cartográficas coevas, permitindo a visualização de aspectos fundiários do processo de formação da rede urbana. Busca ainda, relacionar os vários status fundiários com a formação de elites locais, que encontraram nos patrimônios religiosos, alternativas para a manutenção de sua atuação regional. Adota como referencial teórico, conceitos da História da
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Urbanização e da Morfologia Urbana.
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PALAVRAS-CHAVES: Sertão do Rio Pardo, Fundiário, Patrimônios Religiosos
Gênese da Intendência Municipal do Natal: regulamentação enfitêutica e territorial (1892 a 1904) Gabriel Leopoldino Paulo de Medeiros A Intendência Municipal do Natal estruturou-se dentro do contexto de instauração da República no Brasil, fundamentando-se a partir de bases políticas oligárquicas que dominavam o cenário potiguar de fins do XIX e início do X X. Esse processo de institucionalização da gestão da instância municipal viria a apresentar rebatimentos significativos tanto na regularização da posse legal da terra urbana pela enfiteuse, quanto na ocupação e estruturação da cidade – condições essas, basilares para o desenvolvimento e complexificação da realidade da capital potiguar. Dessa maneira, o presente artigo tem como objetivo principal apontar elementos à compreensão da relação entre o processo de institucionalização da Intendência Municipal – criação, regulamentação e ações – e as formas urbanas resultantes, contribuindo, destarte, ao entendimento de sua estrutura ao longo do tempo. Utilizou-se como fontes primárias as Resoluções Municipais, Decretos de Governo e bibliografia sobre o tema, espacializando-se o processo a partir da
PALAVRAS-CHAVES: Intendência Municipal, Enfiteuse, Estrutura Urbana
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construção de mapas temáticos dos diferentes períodos.
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Uma colônia suíça plantada pelo café: reflexões sobre a gênese de Nova Friburgo Vívian Alves de Assis O presente ensaio revisita narrativas sobre a gênese de Nova Friburgo a partir do resgate da história da ocupação territorial da região que, no Brasil Colônia, se denominava Sertões do Leste, e deu origem à Magna Cantagalo. A presente pesquisa busca, assim, revelar as relações entre a Coroa Portuguesa e os senhores da região cafeeira na criação do núcleo colonial suíço, por meio do Decreto de 16 de maio de 1818, na área que ganha o título de Vila de São João Batista de Nova Friburgo em 1820, ao estabelecer que a colônia foi “plantada” pelo café, nos termos de Deffontaines. Nesta perspectiva, visa desmistificar a ideologia da “Suíça brasileira”, a partir do questionamento do suposto isolamento da vila de colonos suíços em relação à realidade histórica socioeconômica da região de Cantagalo, permeada pela grande propriedade, pela monocultura do café e pelo trabalho escravo para o mercado externo, inserida, portanto, no “sentido da colonização” identificado por Caio
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Prado Júnior.
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PALAVRAS-CHAVES: Ocupação Territorial, Colonização de Imigrantes, Nova Friburgo
Os Planos de outrora: três séculos de história em registros cartográficos Eneida Maria Souza Mendonça, Edilson Cavalcante de Oliveira Júnior Planos urbanísticos dispostos sobre fontes cartográficas são objetos de análise neste trabalho. Em três séculos de história, passando por domínios de três diferentes nações, a cidade do Recife/PE planejou medidas que pudessem superar os desafios encontrados no sítio histórico de povoamento: a pouca disponibilidade de terrenos para ocupação; a necessidade de defesa ante ataques estrangeiros; e a competitividade do porto enquanto integrante de um mercado global. O artigo
explora
as
influências
do
urbanismo
neerlandês,
suas
permanências durante o período português e as controvérsias no
PALAVRAS-CHAVES: História do Urbanismo, Planos Urbanos, Recife
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Brasil moderno.
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•• VILAS E CIDADES; URBANIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO URBANIZAÇÃO NOS SÉCULOS XIX-XX: INFRAESTRUTURA E SOCIOTOPOGRAFIA ••
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Ocupando a várzea do Tietê - o rio, a ferrovia e a Marginal Nádia Sohmek, Bruno De Meulder, Eliana Rosa de Queiroz Barbosa O presente artigo trata da forma urbana do território entre Lapa de Baixo, Água Branca e Barra Funda na cidade de São Paulo, um território que passa hoje por um processo de transformação, em parte devido a um processo de desindustrialização da cidade, e em parte induzida por uma sequência de políticas urbanas. O Rio Tietê e sua várzea determinam as lógicas da paisagem natural deste lugar, enquanto a ferrovia pode ser entendida como a primeira tentativa de conquistar esse território através da infraestrutura, uma iniciativa de impor uma racionalidade técnica sobre a paisagem natural. Ao longo do século X X, as características naturais da várzea foram exploradas e manipuladas ao extremo, em nome do saneamento, progresso, eficiência territorial e desenvolvimento econômico. A singularidade deste território se dá no fato de que nunca foi inteiramente ocupado, apesar do forte eixo ferroviário, que funciona como uma espinha dorsal infraestrutural desde o final do século XIX e a construção da subsequente série de intervenções rodoviárias que compõem a Marginal Tietê, avenidas expressas que estruturam os fluxos da metrópole desde meados do século X X. De ‘periferia interna` a Projeto Urbano contemporâneo, a região na várzea sudoeste do Tietê, vem sendo descrita através das diferentes propostas e especulações em relação ao seu futuro. O presente artigo oferece uma historiografia material, na qual se pretende demonstrar como os elementos físicos constitutivos desse território - o rio, a ferrovia e as marginais - moldaram e foram moldados
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pelo processo de materialização do mesmo.
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PALAVRAS-CHAVES: Forma Urbana, Urbanização, Historiografia Urbana
A paisagem urbana de Niterói através do sistema de distribuição de energia elétrica: eventos históricos, instalação da infraestrutura e ocupação do território Analisar a história de uma cidade possibilita compreender que centros urbanos contemporâneos não são produtos do acaso, mas carregam uma memória, que se reflete positiva e negativamente no cotidiano de suas cidades. A presente pesquisa que corresponde a um estudo de iniciação científica tem como objetivo investigar fatos históricos que alavancaram a inserção do sistema de distribuição de energia elétrica no município de Niterói, localizada no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Para compreender os acontecimentos ocorridos na região fluminense no período correspondente a primeira metade do século XIX até os dias atuais, foram realizados levantamentos de informações, documentos e análises cartográficas que proporcionaram desenvolver avaliações da área territorial em questão. Assim, tornouse possível identificar como a primeira experiência com Bondes Elétricos em 1883, impulsiona a implementação do sistema de distribuição de energia elétrica em Niterói, trazendo para a cidade uma tecnologia ainda não utilizada em território brasileiro. A partir das análises realizadas é possível assimilar como os eventos que se desencadearam posteriormente influenciaram a forma e a paisagem urbana do município, ressaltando a importância do sistema de distribuição de energia para o desenvolvimento e para a ocupação do território de Niterói. Deste modo, destaca-se a relevância deste estudo, que tem o objetivo de observar a história a fim de compreender os impactos de eventos ocorridos outrora e suas influências sobre as transformações da forma e dos espaços urbanos de Niterói.
PALAVRAS-CHAVES: Energia Elétrica, História das cidades, Niterói
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Miriam Victoria Fernandez Lins, Juliana Christiny Mello da Silva
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Muitos subúrbios: um micro olhar sobre os tecidos suburbanos cariocas Maria Paula Gonçalves Lysandro de Albernaz, Rafael Mattoso, Carolina Quintanilha, Maria Clara Asterio, Rodrigo Vieira Delfino, Maria Carolina Duriez
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Este artigo visa investigar a configuração de porções da cidade consideradas “ordinárias” para conhecer valores identitários territoriais e assim tanto favorecer uma atuação coerente quanto fortalecer sentimentos de pertencimento das populações envolvidas. Busca também reconhecer dinâmicas próprias de resistência a processos homogeneizantes, inseridos no espaço pela razão dominante. Neste sentido, direciona-se aos subúrbios cariocas entendidos como o vasto território de ocupação consolidada formal situado na porção norte e oeste da cidade do Rio de Janeiro, contraposto à macrorregião que se estende do Centro aos bairros da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, passando pela Zona Sul, local preferencial de residência das camadas privilegiadas da população. Pelo descuido e desatenção que vêm sendo sujeitos ao longo do tempo, abre-se para atuações espontâneas e variadas. Na pesquisa entrecruza-se a análise da expressão espacial e arquitetônica dos tecidos urbanos em uma abordagem morfológica com uma interpretação de processos históricos de formação urbana, pontuados pelo entendimento de eventos urbanísticos por meio dos quais o tecido foi se criando e se transformando. Para análise foram selecionados um trecho do bairro de Madureira e outro na interseção dos bairros do Méier e Todos os Santos, centralidades suburbanas que favorecem uma comparação. O conteúdo analítico apresentado principia uma reflexão que deverá ser estendida a outros recortes territoriais inseridos nos subúrbios cariocas. Presta-se ao reconhecimento inicial do potencial em termos de concepção de espaços mais criativos e libertários oferecidos pelas formas urbanas.
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PALAVRAS-CHAVES: Análise Espacial Urbana, História Urbana, Subúrbios Cariocas
“Dos suburbios coloridos aos horizontes molhados”: a expansão urbana do Recife nos anos 1920 Kate Vivianne Alcântara Saraiva, Fernando Diniz Moreira Nossa historiografia tem dado pouca atenção para os processos de expansão urbana de extensão das cidades por meio de planos, nos anos 1920 e 1930, feitos por não-especialistas, mas influenciados de alguma forma por diretrizes do urbanismo moderno. O presente texto pretende contribuir para este debate por meio da análise das intervenções urbanas realizadas na cidade de Recife, durante o período 1922-1926. Essas intervenções, quando o Estado de Pernambuco estava sob o governo de Sérgio Loreto e a prefeitura sob Antonio de Góes, foram realizadas com a intenção de dirigir o crescimento para os subúrbios, como a urbanização de Campina do Derby, novo parque e bairro com base nos princípios de design da Garden City e a construção da avenida Boa Viagem, uma avenida costeira de cerca de cinco quilômetros, além de uma série de intervenções pontuais de modernização, retificação e pavimentação de antigos largos e praças em áreas suburbanas . Opondo-se aos padrões tipológicos das áreas centrais, adotou-se uma ocupação de casas isoladas no lote e um desenho urbano moderno. Esses trabalhos de expansão urbana proporcionaram uma nova estrutura para essas áreas formando a essência do Recife moderno que conhecemos hoje. Eles também se tornaram um lugar privilegiado para
observar
a
sensibilidade
moderna
emergente:
esportes,
desfiles.
PALAVRAS-CHAVES: Expansão Urbana, Parques, Avenidas
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competições, discursos, demonstrações de massa, passeios de carro e
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•• VILAS E CIDADES; URBANIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO HISTÓRIA DO PLANEJAMENTO DE CIDADES ••
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O Plano Regional para o Médio Paraíba fluminense e o projeto da Vila Operária da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) de Attílio Corrêa Lima Júlio Cláudio da Gama Bentes O planejamento urbano exerceu um papel relevante na expansão da rede urbana brasileira durante o período conhecido como Era Vargas (1930-1945). As cidades passaram a ser vitrines pedagógicas do que deveria ser o Brasil urbano. Na mesma época iniciou-se uma nova fase da industrialização brasileira com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1941. Indústria e urbano estavam na base do capitalismo nacionalista e da modernidade racionalista, captados pelas ações empreendidas por Getúlio Vargas. O Plano Regional para o Médio Paraíba Fluminense e o Projeto da Vila Operária da CSN em Volta Redonda, ambos elaborados pelo arquiteto e urbanista Attílio Corrêa Lima, são focos desta reflexão por revelar a importância que têm para a historiografia sobre a temática urbano-industrial no período. Volta Redonda, antigo distrito de Barra Mansa, foi sendo transformada em um centro urbano de importância regional com o adensamento industrial do Médio Vale do Paraíba, no eixo Rio-São Paulo. A urgência na instalação da CSN e a necessidade de construção da cidade para atender aos operários fez com que a proposta original do Plano fosse desmembrada. O Plano Regional visava preparar o território para as intensas transformações que viriam com as industriais e o processo de urbanização, em especial a chegada de numerosos trabalhadores para a indústria. As alterações e não execução do planejamento, sujeito aos interesses do capital, deixaram marcas na região que se estende até o
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presente.
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PALAVRAS-CHAVES: Planejamento Urbano, Desenvolvimento Regional, Era Vargas
De povoado a município: transformações socioeconômicas em Nilópolis (RJ) O presente artigo ambiciona analisar o desenvolvimento socioeconômico pelo qual passou o município de Nilópolis desde as primeiras ocupações populacionais e econômicas até as consequências de compor a segunda maior Região Metropolitana do país. Para tanto, procuramos abordar cronologicamente seu processo de ocupação territorial a fim de expor os sucessivos movimentos socioeconômicos pelos quais o município passou, bem como as implicações em seu território de tais processos. Para cumprir os propósitos acima elencados, este artigo se divide em três partes. A primeira tem por intento discorrer a respeito das primeiras ocupações nos limites correspondentes a Nilópolis atualmente. A segunda parte do capítulo analisa sua emancipação e os motivadores econômicos e demográficos para este processo, os agentes políticos envolvidos e as consequências iniciais da emancipação, além da dinâmica socioeconômica. Na última parte do artigo procuramos contextualizar nosso recorte espacial no bojo da Baixada Fluminense e da RMRJ. As considerações erigidas a partir dessas análises apontaram que a alteração da estrutura produtiva de rural-agrária para o urbano-industrial, gerou consideráveis implicações em nosso recorte. O crescimento populacional exponencial verificado a partir dos loteamentos propiciou o maior dinamismo econômico e a soma desses incrementos econômico e demográfico, culminou na emancipação frente ao município de Nova Iguaçu. Em razão de seu limitado território, já nasceu excluída das possibilidades industriais. Nesse contexto, e com o passar do tempo, suas discrepâncias econômicas aumentaram em relação a algumas cidades da Baixada Fluminense, tornando-a pouco participativa na composição do PIB total da RMRJ.
PALAVRAS-CHAVES: Nilópolis, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Desenvolvimento Socioeconômico
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Enderson Alceu Alves Albuquerque
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Centralidade, segregação e estruturação do espaço intraurbano na cidade de Taubaté Ademir Pereira Dos Santos, Fábio Ricci, Rosa Matilde Pimpão Carlos, O presente trabalho tem como tema a interpretação da organização do espaço intraurbano da cidade de Taubaté, localizada na Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, no período de 1876 a 1951, quando se deu a transição do predomínio das atividades urbanas sobre as rurais. O método utilizado consiste na aplicação do Modelo de Hoyt, baseado nos estudos feitos por Flávio Villaça sobre espaço intraurbano nas cidades brasileiras e da construção de sequências temporais de mapas temáticos necessários para a elaboração do modelo, e que permitiram analisar a expansão e a estruturação do espaço urbano. A revisão historiográfica permitiu o estabelecimento de uma periodização que combinou aspectos políticos e econômicos que marcaram etapas e fases anteriores ao período estudado, por compreender a importância dos eventos antecedentes na organização do espaço urbano. A mesma revisão permitiu a compreensão do momento posterior ao recorte temporal adotado. Como resultado observou-se que em cada período analisado a centralidade e a segregação espacial manifestaram-se de forma específica. O estudo permite concluir que as centralidades ocorrem de acordo com as funções urbanas e variam historicamente, produto de novas expansões, e da mesma forma reproduzem-se as desigualdades sociais inerentes
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ao sistema econômico e político.
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Centralidades, Espaço Intraurbano, Vale do Paraíba
O planejamento urbano em Cascavel (PR): a formação e as influências urbanísticas para consolidação da Avenida Brasil Fabíola Castelo de Souza Cordovil, Lissandra Guimarães Gil As cidades do oeste paranaense constituem uma ampla área de pesquisa sob a perspectiva dos urbanistas, considerando a sua colonização e desenvolvimento. Logo, Cascavel destaca-se por originarse de um povoado espontâneo que encontrou nas características geográficas de sua localização e nos fatores econômicos, políticos e sociais a condição de se desenvolver e alcançar representatividade regional. Este artigo analisa a formação e o planejamento urbano até o período de maior expansão urbana e crescimento demográfico do município (1970 e 1980), evidenciando a importância da Avenida Brasil, como matriz da malha urbana e eixo estruturante do sistema viário. Destaca-se a atuação de arquitetos e urbanistas vindos de Curitiba – PR, enfatizando a contribuição de Jaime Lerner, que analisa o primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento de Cascavel (1976) e propõe intervenções, contribuição na qual se constatou aproximação estrutural com a cidade de Curitiba e a execução em Cascavel de suas propostas
Cascavel, Jaime Lerner, Avenida Brasil
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sugeridas pelo urbanista.
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•• VILAS E CIDADES; URBANIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO URBANIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA, DISPERSÃO URBANA, METROPOLIZAÇÃO, PERIFERIZAÇÃO E PATRIMÔNIO ••
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Processos de formação regional na urbanização dispersa no Brasil - décadas de 1940 a 1980: como se constituiu a macrometrópole paulista pela sua relação com a região dos vetores produtivos. Reprodução do modelo centro-periferia?
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Jeferson Tavares
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Esse texto tem a finalidade de apresentar as origens do processo de urbanização dispersa, no Brasil, a partir da análise da formação da Macrometrópole Paulista (MMP) como evidência da metropolização do espaço brasileiro. Para tanto, partimos de dois pressupostos: a dispersão urbana remete-se a um processo iniciado na primeira metade do século X X; a MMP corresponde a uma formação regional mais ampla da qual ela se sobressai como o centro mais bem sucedido. Assim, buscamos demonstrar como ações planejadoras empreendidas entre os anos 1940 a 1980 que tiveram como meta espraiar as atividades produtivas como garantia do aumento dos rendimentos crescentes resultaram num processo disperso de urbanização e, consequentemente proporcionaram condições para a constituição de uma região privilegiada ao desenvolvimento – a Região dos Vetores Produtivos - da qual emerge a MMP. Embora essas ações estivessem apoiadas nas teorias de Lugar Central (Christaller, 1933) e de Polos de Crescimento (Perroux, 1967) que lhe empregaram caráter regional para seu desenvolvimento, apresentaram resultados contraditórios às suas expectativas originais levando à reprodução do modelo anacrônico de estrutura urbana baseada na dualidade centro x periferia. Para a análise, baseamo-nos no conceito de Cidade-Região (Scott, 2002) e buscamos recuperar, por uma visão histórica e por meio de cartografia inédita e de fontes primárias, as matrizes e as contradições do processo de urbanização, no Brasil. Metodologicamente, filiamos esse texto aos preceitos da história urbana desenvolvidos por Bernard Lepetit, mais especificamente sobre a “história imediata” construída a partir de uma perspectiva mais curta do olhar sobre o objeto. PALAVRAS-CHAVES: Urbanização dispersa, Macrometrópole Paulista, Região dos Vetores Produtivos
Mobilidade desigual: periferização e deslocamentos em Ribeirão das Neves Marina Abreu Torres O objetivo do trabalho é analisar a relação entre os processos de periferização que levaram à intensa ocupação de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e os atuais problemas de mobilidade urbana vividos pela população do município. Belo Horizonte foi uma cidade planejada no final do século XIX para se tornar a nova capital de Minas Gerais. Desde a sua inauguração, seu território é dividido e hierarquizado e um mercado de terras altamente concentrado é formado. Na primeira seção do trabalho, analiso como essa tendência de segregação espacial se consolida ao longo do tempo, em processos de
periferização
fortemente
direcionados
pela
ação
do
capital
imobiliário. Inserido nesse contexto, o município de Ribeirão das Neves se torna, a partir dos anos 1970, local privilegiado de moradia das classes populares, continuamente expulsas das áreas centrais de Belo Horizonte. O intenso processo de ocupação urbana no município está diretamente relacionado à atuação dos loteadores privados, que encontram nos lotes populares uma oportunidade de expansão do capital. Assim, o trabalho analisa como os interesses de diferentes frações do capital convergem e direcionam a estruturação do espaço urbano, intensificando a periferização, ao mesmo tempo em que as atividades econômicas permanecem altamente concentradas nas áreas centrais da metrópole. Na última seção do trabalho, busco compreender como esses processos agravam os problemas de mobilidade urbana, metropolitanos e forjando distintas relações espaço-tempo na cidade, profundamente desiguais.
PALAVRAS-CHAVES: Periferização, Segregação Socioespacial, Mobilidade Urbana
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ampliando as necessidades de deslocamento diário dos trabalhadores
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Metropolização do interior do Nordeste: o caso do Cariri cearense Ana Paula Gurgel Localizada na região extremo sul do Ceará, a Região Metropolitana do Cariri - RMC tem como sedo o “Crajubar”. Assim é conhecida aglomeração das cidades de Crato-Juazeiro do Norte-Barbalha desde meados dos anos 1960, congregando hoje o maior adensamento populacional do interior do estado e compartilhando uma mesma ambiência climática e cultural que as diferencia dos sertões à sua volta. O seu processo de conurbação, acentuado a partir dos incentivos industriais dos anos 1990, é uma das justificativas que subsidiou a criação legal da RMC em 2009 (englobando outros nove municípios). O objetivo desse trabalho é apresentar as características morfológicas de centralidades, densidades e distribuição de renda da RMC por meio do aparato teórico-metodológico da Sintaxe Espacial. A Sintaxe é uma teoria que busca articular padrões espaciais às apropriações sociais sobrepostas, de modo a correlacionar como diferentes qualidades dos espaços entendidos como um sistema de permeabilidade e barreiras possuem
diferentes
lógicas
sociais.
Os
resultados
encontrados
demonstram seu estágio intermediário de metropolização em relação às grandes metrópoles nacionais, congregando equipamentos, serviços e empregos que atendem a uma escala regional e que, portanto, representam uma dominância socioeconômica e funcional destas cidades-sede sobre suas hinterlândias. Mas a própria forma urbana atua como variável independente no processo, ou seja, a morfologia da cidade oferece padrões desiguais de localização e as classes dominantes
se
apropriam
dos
lugares
que
oferecem
melhores
“vantagens”, tais como a otimização dos gastos de tempo despendido
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nos deslocamentos.
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PALAVRAS-CHAVES: Metropolização, Morfologia, Nordeste
Áreas industriais degradadas e processos de requalificação: a experiência do Grande ABC na busca de uma nova centralidade regional Gisele Yamauchi, Andréa de Oliveira Tourinho O presente trabalho tem como objetivo abordar a problemática referente às áreas industriais degradadas, causadas pelo processo de reestruturação industrial, nas últimas décadas, que levou à saída de empresas da Região do Grande ABC na Região Metropolitana de São Paulo. Esta problemática se constitui ainda como um dos grandes desafios a ser enfrentado pelos atores locais na busca de soluções de requalificação urbana, expressa também na criação de novos órgãos de gestão: a Câmara Regional, o Consórcio Intermunicipal, a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. Em comum, essas instituições buscavam promover o crescimento econômico, social e sustentável da região. São abordadas as experiências e respostas da região, que, desde a década de 1990, vêm promovendo uma série de ações para requalificação dos vazios urbanos na busca de uma nova
PALAVRAS-CHAVES: Áreas Industriais Degradadas, Políticas Públicas, Centralidade Regional.
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centralidade regional.
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•• VILAS E CIDADES; URBANIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO DIREITO À CIDADE ••
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De remoções e resistência urbana: o direito à cidade por meio do fórum Mundaréu da Luz Ingrid Cristine Rodrigues Nascimento O presente artigo analisa como uma organização da sociedade civil se articula para impedir as ações históricas de remoções forçadas e demolições de imóveis no bairro da Luz localizado no centro de São Paulo. O panorama histórico demonstrou que esse território teve sua configuração espacial adequada às necessidades de desenvolvimento da cidade e, devido a fatores como a desvalorização imobiliária e “popularização”, passou a ser considerado uma área urbana degradada. Por conta desse fato, se tornou objeto de diversas iniciativas no intuito de restaurar o seu valor histórico, arquitetônico e paisagístico a partir de projetos que veiculavam a expulsão dos moradores e comerciantes da região. Contudo, percebe-se a insurgência de um específico movimento
de
resistência
formado
por
esses
atores
sociais
considerados problemáticos e instituições que constituíram o “Fórum Aberto Mundaréu da Luz” como um meio de articulação de ações para reivindicar o direito à cidade, direito à cultura das ruas e propor soluções alternativas para promover o bem-estar de quem vive nesse
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espaço urbano.
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PALAVRAS-CHAVES: Bairro da Luz, Fórum Aberto Mundaréu da Luz, Direito à Cidade
Direito à moradia, sim; à cidade, não Priscila Zanon Monteiro, Isabela Borghetti Miranda Historicamente, os conjuntos habitacionais no Brasil foram locados em áreas distantes da malha urbana consolidada e, consequentemente, da infraestrutura básica e serviços urbanos. A justificativa sempre foi o controle de gastos aliado ao alto custo do solo. A urbanização em áreas periféricas gera fragilidades sociais e impactos ambientais que sempre foram negligenciados. Este artigo exemplifica, em Curitiba, o que ocorre em todo Brasil quando se trata de habitação social. Ao analisar
os
resultados
das
políticas
habitacionais
nacionais
e
municipais no território da cidade, percebe-se que a classe dominante se apropria das áreas infraestruturadas das cidades, dificultando o
PALAVRAS-CHAVES: Políticas Habitacionais, Crescimento Urbano, Segregação Socioespacial
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acesso da população de baixa renda às áreas já consolidadas.
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Estruturas localmente indesejáveis e seus impactos na forma urbana: contextualização histórica de suas implantações na área central de Niterói
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Nara Nastari Villela Gardel Barbosa, Miriam Victoria Fernandez Lins, Vanessa Carla Sayão Cortez
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O presente trabalho busca discorrer a respeito da contextualização histórica das implantações que ocorreram na área central de Niterói e correlacionar esses acontecimentos com a presença de Estruturas Localmente Indesejáveis. Estes equipamentos encontram-se presentes nos centros urbanos e em sua grande parte são necessários para o funcionamento das cidades, pois se tratam normalmente de serviços básicos de uma sociedade como subestações elétricas, cemitérios, grandes áreas de logística, estações de tratamento de água, dentre outros. Mesmo importantes no cotidiano urbano, são objetos comumente implementados alheios ao seu entorno, tornando curioso um debate sobre a formação de tais arquiteturas e seu contexto histórico. Alguns autores relevantes no desenvolvimento do artigo, como Jane Jacobs e Ian Bentley, debatem a importância da permeabilidade das quadras, segurança das ruas, usos combinados e escala das cidades, servindo de apoio para a defesa de alguns pontos do texto. Pretende-se também, abordar o potencial de algumas estruturas que, porventura, podem se tornar patrimônios arquitetônicos. Além das diferenças de implantação, manutenção e conservação dependendo da localização dos objetos. O tema descrito ainda é pouco abordado e pode ser considerado disperso no campo da Arquitetura e Urbanismo, pois poucos trabalhos com o foco no assunto foram encontrados. Assim, este artigo objetiva fomentar o debate acadêmico e também produzir material contextualizando como essas Infraestruturas se tornaram Localmente Indesejáveis. Pretende-se, por meio de uma observação histórica com foco no bairro do Centro de Niterói, compreender melhor essa problemática. PALAVRAS-CHAVES: Urbanismo, História da Cidade, Patrimônio Histórico
A cidade de Niterói: política urbana, valorização do solo e habitação Rafael Carvalho Drumond Pereira Este artigo apresenta algumas reflexões sobre como o espaço socialmente produzido de forma fragmentada, garantiu formas e usos distintos no que diz respeito ao acesso à terra na cidade, expressa na estratificação social. Os conflitos derivados da capacidade desigual que cada grupo social possui para resolver o problema de como e onde morar estabelecem o ponto de partida para a compreensão da organização espacial da cidade, fruto da permanente tensão entre os interesses do capital e as necessidades da sociedade como um todo. Nesse sistema de disputa o que está em jogo é o processo de apropriação do espaço e as práticas dos agentes que atuam no quadro do sistema capitalista. Nesse contexto, a cidade de Niterói (RJ) foi tomada como objeto de estudo na elaboração de uma breve reflexão sobre as condições de moradia, projetando uma espacialização das classes sociais no espaço urbano. A ideia é mostrar como a dimensão simbólica foi apropriada pelo mercado imobiliário para engendrar um acelerado processo de valorização do solo, que exclui grande parte da população do acesso à terra urbanizada para fins de moradia. Assim, a reflexão tentará desvendar como esse conflito se manifesta em um município com elevados índices sociais e significativa parcela da sociedade
PALAVRAS-CHAVES: Política Urbana, Terra Urbana, Moradia
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vivendo em assentamentos informais.
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••• REPRESENTAÇÕES, SUBJETIVIDADES E SABERES SOBRE A CIDADE TEMPO, MEMÓRIA, HISTORIOGRAFIA •••
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Corpos, máquinas e explosões: a operação do Gasômetro de São Cristóvão e a utopia da cidade moderna Bruno Amadei Machado O presente trabalho acompanha, ao longo da primeira metade do século X X, a atividade do Gasômetro de São Cristóvão, fábrica inaugurada na Zona Portuária carioca em 1911 pela Société Anonyme du Gaz de Rio de Janeiro. Para tanto, parte-se de uma breve caracterização dos primórdios da iluminação a gás na cidade até sua incorporação ao monopólio de serviços públicos levado a efeito pela empresa canadense Rio de Janeiro Tramway, Light and Power Company Limited (Light), com o objetivo de compreender o intrincado cenário político e social que viabilizou a construção de uma das maiores fábricas de gás à época em funcionamento no mundo. A partir deste caso exemplar, defende-se que a instável simbiose homem-máquina mantida no interior da fábrica de gás constituiu terreno fértil para a atualização do esquema disciplinar e, enquanto tal, foi um ponto de passagem para a utopia da moderna metrópole carioca. Mais além, os fragmentos aqui apresentados, coletados em notícias, reportagens e relatórios internos da empresa, são testemunhos dos êxitos e desafios da empreitada, bem como da reserva de imaginação discursiva que, ao avesso da cidade em desordem, buscou realizar nos espaços produtivos do capitalismo a promessa da razão e do progresso aliados à marcha
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inexorável da inovação tecnológica.
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PALAVRAS-CHAVES: Fábrica de Gás, Sociedade Disciplinar, Heterotopia.
A cidade latino-americana na Exposição Latin American Architecture since 1945 [MoMa, 1955] Fabiana Fernandes Paiva dos Santos É conhecido o interesse dos Estados Unidos pela arquitetura produzida na América Latina no período do segundo pós-Guerra, momento de revisão do movimento moderno. O objetivo do trabalho a ser apresentado é analisar e discutir a exposição promovida em 1955 pelo MoMA – Museu de Arte Moderna de Nova York, sob curadoria do historiador norte-americano Henry-Russel Hitchcock: Latin American Architecture Since 1945, objeto de estudo da pesquisa de mestrado em andamento. Essa mostra é realizada no contexto da Guerra Fria, quando o desenvolvimento econômico da América Latina é evidente aos olhares externos. Apresentada em continuidade à Brazil Builds realizada em 1943, que, embora tenha se concentrado na produção brasileira, pode ser tomada como um primeiro momento de interesse, reconhecimento e celebração internacional dessa arquitetura. Por meio do enfoque iconográfico do catálogo da exposição de 1955, o trabalho pretende explorar e discutir que, nesse momento, o interesse norte-americano estabelece uma relação direta com a problemática das “cidades latinoamericanas”, noção que articularia e conferiria sentido às arquiteturas aqui produzidas. A categoria “cidade latino-americana” é entendida aqui como uma construção cultural, constituída no âmago de um amplo debate geopolítico, histórico, cultural e econômico, bem como da teoria circunstância importante para a discussão da história da arquitetura, da cidade e do urbanismo, entendemos que, nesse período, tal noção foi mobilizada dentro e fora do âmbito da arquitetura, tendo os Estados Unidos como contraponto fundamental dessa elaboração. PALAVRAS-CHAVES: Cidade Latino-Americana, Modernidade Arquitetônica, MoMA
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social em face da problematização do desenvolvimento. Tomada como
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Imagens, palavras, memórias: o processo de demolição como suporte ao discurso de salvaguarda (Sé Cathedral, São Paulo, 1912) Rebeca Grilo de Sousa Processos de modernização urbana, amiúde, caminham lado a lado a eventos de destruição. Seja como uma tábula rasa ou com ações pontuais, estes eventos colocam em xeque parte da memória urbana, ao eliminar elementos que compunham a narrativa da cidade. No contexto dos melhoramentos urbanos brasileiros são latentes os fatores estético e espacial como elementos causadores das demolições, mas são as permanências subjacentes que eles trazem que podem impulsionar os primeiros golpes de picareta. A urgência em se eliminar as reminiscências presentes nas fachadas e nos conjuntos coloniais e imperiais brasileiros demolidos no início do século X X revela um cenário de embates entre os diversos imaginários urbanos. Através destas representações se revelam indícios de mudanças de sensibilidade em relação aos elementos tradicionais da cidade, outrora vistos como signos de atraso, fealdade e sujidão. O caso da Sé Cathedral se apresenta aqui como uma proposta de leitura a contrapelo do universo já perscrutado - os processos de modernização das cidades brasileiras. A cidade que se materializa implica no apagamento de outra(s), os embates entre imaginários vencedores e vencidos permanecem e permitem revelar as operações para supressão e criação de memórias
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que se intentam perenizar na urbe e em seus citadinos.
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PALAVRAS-CHAVES: Demolições, Representações, Sensibilidades
Entre resistência e reconstrução, pensar a memória da ditadura a partir da Academia: as experiências argentinas da Escuelita e da Punto De Vista – Revista de Cultura Rebeca Lopes Cabral Entre os debates latino-americanos relacionados à cidade e à arquitetura encontram-se as memórias relacionadas à violência de Estado argentino da última ditadura vivida pelo país (1976- 1983), que constituem o objeto maior do presente texto. Mais especificamente, abordam-se duas iniciativas de resistência intelectual levadas a cabo ainda durante a ditadura militar na Argentina: a Escuelita (1976-1982), formada por um grupo de professores afastados da Facultad de Arquitectura y Urbanismo da Universidad de Buenos Aires (FADU-UBA) que
fundaram
uma
pequena
escola
para
dar
continuidade
às
experimentações que vinham sendo realizadas nos anos 70 na arquitetura,
buscando
integrar
a
intelectualidade
de
esquerda,
despedaçada naquele momento; e a revista de crítica cultural, Punto de Vista, criada em 1978 por Beatriz Sarlo e Carlos Altamirano que, além de também ter sido criada como espaço de diálogo de tal intelectualidade, concentra-se em um primeiro momento na publicação de resenhas e
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ensaios sobre literatura.
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••• REPRESENTAÇÕES, SUBJETIVIDADES E SABERES SOBRE A CIDADE ESCRITA, IMAGINAÇÃO, NARRATIVA •••
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Visagens do invisível: lições urbanas na obra de Italo Calvino Leandro Marino Vieira Andrade O universo literário de Italo Calvino sugere um território fértil à criação e combinação de analogias, alegorias e metáforas, como uma potente ferramenta de pensamento para a produção de sentidos em outros campos além da literatura – na arquitetura e no urbanismo, em particular. O escritor italiano, em distintos momentos de sua obra, constrói sua noção de espaço, não como simples continente para experimentações
literárias,
mas
como
verdadeiro
e
decisivo
protagonista para suas intrigas narrativas. Insinuante obra da ficção contemporânea, “As cidades invisíveis” (Le città invisibili, no original italiano), ao reunir diálogos imaginados entre Marco Polo, o navegador veneziano do século XIII, e Kublai Kahn, imperador dos tártaros, em torno de cinquenta e cinco breves narrativas que descrevem as cidades do grande reino, oferece a oportunidade de uma rica reflexão sobre a história da cidade e, sobretudo, sobre a cidade contemporânea. O presente texto busca situar a obra de Calvino, no plano literário, como “máquina combinatória de conceitos”, e, no campo das teorias sobre a cidade, em diálogo com diversos autores, como coleção de imagens e ideias a iluminar a reflexão sobre a diversidade de contextos, territórios
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e formas urbanas e sociais.
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PALAVRAS-CHAVES: Italo Calvino, Cidades Invisíveis, Teoria Urbana
Diante da poesia, diante da cidade: estilhaços da construção de Brasília na lírica de Nicolas Behr Ramon Martins da Silva, Dilton Lopes de Almeida Por meio deste artigo, interessa-nos pensar sobre as imagens evocadas por dois poemas do poeta mato-grossense Nicolas Behr; imagens que nos fazem rememorar os processos de construção de Brasília que habitualmente permanecem silenciados nas narrativas históricas urbanas debruçadas sobre o projeto da ultramoderna capital federal brasileira. Para isso, pensamos possíveis relações entre as experiências poética e urbana, numa articulação da literatura com os estudos históricos, antropológicos e urbanos. Em seguida, retornamos a nos colocar diante dos poemas de Behr na busca de imagens-sintoma, como descreve Georges Didi-Huberman, que nos auxiliam a perceber os estilhaços da construção de Brasília na lírica do poeta, a nos servirem como pistas ao exercício historiográfico que dá a ver complexidades outras no processo de construção da cidade. Por meio das reminiscências, rememorações e sobrevivências das tragédias que irrompem da afetação de nossa própria memória, aqui provocada pela leitura dos poemas, essas imagens tornam-se potentes desestabilizações das partilhas hegemônicas do sensível, nas palavras de Jacques Rancière, quando põem em existência os conflitos, tensões, disputas e
PALAVRAS-CHAVES: Experiência Poética, Experiência Urbana, Memória
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embates apagados e pacificados pelo curso da História.
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Natureza, paisagem e cidade nos escritos de Goethe Esdras Araujo Arraes A comunicação procura compreender o significado da natureza, da paisagem e do urbano em algumas obras de Johann Wolfgang von Goethe, tais como A metamorfose das plantas, Viagem à Itália e Os sofrimentos do jovem Werther. O trabalho divide-se em duas partes essenciais: na primeira, procuro refletir sobre os conceitos de natureza e paisagem na intenção de localizar afinidades e diferenças entre ambas as categorias. A seguir, tomando como base as cartas de Werther,
esquematizo
o
tratamento
goetheano
com
respeito
à
“paisagem” e à “cidade” em diferentes momentos vivenciados pelo protagonista: enquanto que a paisagem comunica a harmonia de Werther consigo, o urbano manifesta a negação e o desequilíbrio do eu
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com o espaço.
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PALAVRAS-CHAVES: Cidade, Goethe, Paisagem
“A cidade não é aquilo que se vê do Pão-de-Açúcar”. Ler a cidade com Rubem Fonseca Robert Moses Pechman Rubem Fonseca dialoga com a tragédia em busca de alguma transcendência, para sempre perdida, no cotidiano das grandes cidades, onde a figura do herói não é mais possível, diante da crise contemporânea dos valores. Os personagens vivem numa sociedade em que ao eclipse da ordem do transcendente seguiu-se o eclipse da crença na razão. Fugindo da dicotomia entre o Bem e o Mal, Fonseca nos atira na incandescência entre a ternura e a crueldade revelando-nos uma cidade carcomida, ao mesmo tempo que a possibilidade de se fazer dela o espaço da convivialidade. Fugindo aos truques da sobrevivência o contista nos empurra para vivência e as possibilidades da aventura
PALAVRAS-CHAVES: Cidade, Literatura, Sociabilidade
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humana que a cidade oferece.
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••• REPRESENTAÇÕES, SUBJETIVIDADES E SABERES SOBRE A CIDADE PALAVRA, AÇÃO, ETNICIDADE •••
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Kehinde: experiência, paisagem e imaginário em São Salvador colonial Tadeu de Brito O artigo busca fazer uma trama conceitual entre as ideias de experiência, paisagem e imaginário para refletir sobre a vivência de Kehinde, personagem principal do romance Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves, como mulher negra e escrava na cidade de São Salvador colonial. Construída na forma de memórias e reminiscências da personagem, esta ficção baseada em pesquisa histórica, reconstitui com riqueza e diversidade a realidade de negras e negros trazidos para o Brasil na condição de escravos, entre os séculos X VIII e XIX. Para isso, buscamos entender a paisagem enquanto resultado espacial e temporal de um “longo e paciente” aprendizado vinculado as práticas no ambiente físico e as experiências no tempo e espaço, ao qual Cauquelin (2017) apontará para importância do olhar na formação de um emolduramento e da memória como constitutivos da paisagem. Neste sentido, a compreensão da paisagem se dará em uma relação contígua entre a percepção e o ambiente físico. Assim, observar a passagem de Kehinde em São Salvador por meio das paisagens experiências, nos possibilita ver como acontece a relação entre vivência individual e presente e passado coletivo, em conexão ao que Wolfgang Iser (2013) chama de “acontecimento do imaginário”. Momento no qual se realiza a ação do imaginário na elaboração/reelaboração dos significados individuais dados através das experiências na paisagem, que em
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Kehinde irá operar como desejo e busca da liberdade.
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PALAVRAS-CHAVES: Um Defeito de Cor, Paisagem, Experiência
Carolina e João na cidade: o lugar dos pobres em São Paulo (1950-1970) Ana Claudia Veiga de Castro Busca-se aqui pensar qual o lugar dos pobres na cidade de São Paulo no segundo pós-guerra, momento em que a cidade vive um intenso processo de metropolização, apoiado na industrialização e se refletindo no avanço da mancha urbana. Por meio da literatura produzida por Carolina de Jesus (1914-1977) e João Antonio (1937-1996) é possível se aproximar do modo como os pobres vivem nessa São Paulo moderna que devora aqueles homens e mulheres que não se encontram do lado eufórico da vida. O diário de uma catadora – Quarto de Despejo (1960) – e um conto sobre três malandros da boca do lixo – “Malagueta, Perus e Bacanaço” (1963) – nos levam a percorrer alguns caminhos menos evidentes dessa grande cidade e refletir sobre as categorias de gênero e domesticidade tomadas para organizar a vida social. Este texto é parte da pesquisa “As cidades e as ideias: a América Latina como problema para a história da cidade e do urbanismo (1940-1970)”, desenvolvida na FAU USP, que vem percorrendo a literatura produzida em e sobre São Paulo, Lima e Bogotá para discutir a cidade latinoamericana.
Buscando
também
avançar
em
questões
teórico-
metodológicas, propõe-se também uma breve reflexão sobre a noção
PALAVRAS-CHAVES: Literatura, São Paulo, História Urbana
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de representação.
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Cidade e cultura em Sobrados e Mucambos: gênese e rendimentos na história Fernanda Areas Peixoto, Jose Tavares Correia de Lira A presente comunicação passa em revista o livro Sobrados e Mucambos, de Gilberto Freyre, publicado originalmente em 1936 e substancialmente modificado em 1951, quando de sua segunda edição. Tomando-o como um marco importante para reflexão acerca da gênese de uma história cultural urbana no Brasil, focalizamos suas dimensões de inovação e continuidade com alguns de seus trabalhos anteriores, assim como sua inscrição em momentos cruciais de modernização sociocultural do país. Trata-se de pensar não tanto, nem outra vez, os vícios, limites e extrapolações das interpretações nele contidas, mas sua produtividade em termos historiográficos, isto é, dos regimes
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temporais, objetos, visadas e registros privilegiados pelo autor.
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PALAVRAS-CHAVES: Gilberto Freyre, Historiografia, Cidade
“A Terceira Raça Triste”: os negros em São Paulo na obra de António de Alcântara Machado Diogo Barbosa Maciel Analiso neste trabalho as aparições dos personagens negros em São Paulo ao longo da obra de António de Alcântara Machado (1901-1935). Em uma cidade em plena transformação, marcada pela convivência tensa entre brasileiros e estrangeiros, negros e brancos, o escritor, de inspiração marcadamente urbana, parece dar pouca atenção a este tipo social, relegando-o a condições subalternas e a posições marginais em suas raras aparições. Colocando lado a lado esses momentos breves em que o negro é objeto do olhar de Alcântara Machado e pensando-os em função do debate racial do início do século X X, destaco os estereótipos e estigmas de que o autor se vale para caracterizá-los, sublinhando as relações tensas dos negros com as transformações que ocorriam em São Paulo. Defendo que Alcântara Machado mostra, de maneira sutil e complacente, como os negros eram já então objeto de segregação espacial, por meio da qual se manteriam resquícios da ordem escravocrata, e destaco os esforços por vezes deliberados de marginalização desse tipo por parte das elites da cidade, que fica patente quando contrastados com a remodelação das regiões centrais. Em um momento de redistribuição das hierarquias e de ampliação da mobilidade social, a narrativa do progresso de São Paulo à revelia do negro preenche de sentido o famoso entusiasmo de Alcântara Machado das
transformações
que
ocorriam
na
cidade
e
a
condição
inescapavelmente marginal desse tipo na nova configuração urbana, que se traduzia em uma posição marginal também na literatura.
PALAVRAS-CHAVES: São Paulo, Negros na Literatura, António de Alcântara Macha
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em relação à imigração italiana, deixando transparecer a complexidade
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••• REPRESENTAÇÕES, SUBJETIVIDADES E SABERES SOBRE A CIDADE IMAGEM, INVENÇÃO, VISIBILIDADE •••
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O Recife pelo Ciclo de Cinema, 1923 -1931 Fernando Diniz Moreira, Kate Vivianne Alcântara Saraiva Apesar de as cidades serem primordiais no cinema, os estudos que associam cidade e cinema ainda não são numerosos no nosso campo e são pouco utilizados como fontes para a história da cidade, do urbanismo e da arquitetura. Adotando o cinema como fonte para a história urbana, este estudo buscou estudar a cidade do Recife representada nos filmes produzidos pelo chamado Ciclo do Recife, entre 1923 e 1931, um período muito profícuo para a produção de filmes e documentários locais. Neste período,
encontramos
uma
cidade
em
um
amplo
processo
de
modernização e transformação urbana, com a expansão para novas áreas suburbanas, o que era celebrado por tais filmes. Entre os elementos urbanos e espaços mais apresentados nos filmes estavam o porto e o movimento ao seu redor, as pontes, as novas avenidas e palacetes, os trilhos de bondes e trens, ou seja, a infraestrutura urbana implantada na cidade no período, servindo assim como uma peça fundamental da propaganda do governo local. Entretanto, os filmes ainda exibiam em certas cenas, uma cidade tradicional, bucólica e provinciana e partes intocadas do seu sítio natural. A confrontação entre as fontes históricas disponíveis e os diferentes ângulos e tomadas adotados pelos cineastas, permite um olhar mais rico sobre as
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transformações em curso na cidade do Recife nestes anos.
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PALAVRAS-CHAVES: Cidade, Cinema, Recife
O fabulador Alair Gomes - narrativas e imaginários de cidade: Rio de Janeiro, 1970 Eduardo Rocha Lima Neste artigo, buscamos compreender e expor o processo criativo do fotógrafo fluminense Alair Gomes em torno da representação do corpo masculino e das narrativas eróticas fabuladas por ele, para, então, explorarmos a relação entre corpo, sexualidade e espaço urbano em sua obra e discutirmos sobre a potência política do imaginário da cidade do Rio de Janeiro que deriva da sua composição de séries
PALAVRAS-CHAVES: Corpo Masculino, Sexualidade, Imaginário Urbano
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fotográficas.
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Janelas nas Medianeras: espaço urbano, sensibilidades e sociabilidades em El hombre de al lado (2009) e Medianeras (2011) Suelen Caldas de Sousa Simião Os filmes argentinos, El hombre de al lado (2009), de Mariano Cohn e Gastón Duprat, e Medianeras (2011), de Gustavo Taretto, ao tematizarem dificuldades dos indivíduos em se relacionar socialmente, problematizam o descompasso entre estes e o meio urbano, sintetizado na abordagem da construção de ventanas nas medianeras – atitudes consideradas, nas narrativas, como práticas ilegais na cidade. As medianeras são as paredes laterais das edificações, regulamentadas pelo Código Cívil da República Argentina, que em diversos artigos legisla sobre a proibição da construção de janelas. Atualmente as medianeras têm impacto significativo na composição das cidades argentinas, e, se inicialmente eram parte de um processo de urbanização incompleto, com o decorrer do tempo converteram-se em resultado definitivo de distintas normas em uma mesma manzana. Nesse sentido, o presente trabalho apresenta como nas duas narrativas a abertura das janelas pode ser encarada tanto em perspectiva técnica, de entrada de luz solar e de quebra dos pressupostos legislativos, quanto em perspectiva sensível, das relações
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entre sensibilidades, sociabilidades e espaço urbano.
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PALAVRAS-CHAVES: Medianeras, Sensibilidades, Sociabilidades
A produção de uma narrativa visual através das lentes de Ubatuba de Faria Thaís Menna Barreto O presente artigo trata da fotografia como um instrumento de agência do poder público, assim como dos produtores oficiais do espaço urbano, para a elaboração de uma narrativa visual. Propõe-se uma análise a partir da trajetória do urbanista e fotógrafo Luiz Arthur Ubatuba de Faria, enquanto fotógrafo e urbanista contratado pela municipalidade de Porto Alegre. A presente leitura teve por base o estudo da produção fotográfica reunida no Acervo Fotográfico Luiz Arthur Ubatuba de Faria. O fluxo de produção e veiculação de imagens obtidas pelo urbanista na imprensa e em publicações oficiais contribuiu para a transformação de Ubatuba de Faria em um produtor visual de forma
PALAVRAS-CHAVES: Acervo Fotográfico, Ubatuba de Faria, Fotografia de Urbanismo.
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que seu olhar reverberou, influenciando muitos outros olhares.
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••• REPRESENTAÇÕES, SUBJETIVIDADES E SABERES SOBRE A CIDADE CORPO, EXPERIÊNCIA, ARTE •••
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Vozes da cidade: os artistas de rua em Berlim Claudia Seldin Neste artigo, propomos lançar um olhar antropológico sobre a cidade através dos artistas de rua em Berlim, na Alemanha, onde seu número é grande e onde possuem enorme aceitação por parte do público transeunte. Através dos relatos coletados em entrevistas, buscamos criar um quadro das sensibilidades e imaginários presentes nesta relação tão específica entre o humano e o espaço público. Introduzimos o trabalho falando brevemente sobre a transformação de usos dos espaços na atualidade, caracterizada por um hibridismo e um dinamismo que a diferencia da modernidade. Ressaltamos que o improviso no espaço público na Europa ainda está muito presente na arte de rua e apresentamos, então, Berlim como recorte, falando da história de sua imagem nos séculos X X e X XI. Em seguida, fazemos algumas considerações sobre a arte de rua propriamente dita e suas origens históricas, passando a palavra aos próprios artistas que, através de depoimentos, fazem observações sobre a sua relação com os espaços e com as pessoas. Finalizamos com algumas considerações teóricas a respeito do individualismo e do conceito de “frouxidão” do espaço contemporâneo usando como base autores como Bauman, Harvey,
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Frank & Stevens.
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PALAVRAS-CHAVES: Arte de Rua, Berlim, Espaço Público
Os negros do Largo da Banana cantados por Geraldo Filme Renata Siqueira Este artigo busca trazer à memória o Largo da Banana, na Barra Funda, em São Paulo. Sua importância reside na forte presença da população negra até, pelo menos, o final dos anos 1950, quando foi construído o Viaduto Pacaembu sobre a antiga praça. O esforço de reconstituição dessa sociabilidade negra nos arredores da Estação Ferroviária da Barra Funda é feito através da análise de letras de música de Geraldo Filme. Esse sambista teve a trajetória marcada pelas rodas de samba e de tiririca que se realizavam no Largo da Banana e um foi dos poucos porta-vozes da memória daquele lugar. Com a abordagem proposta, pretende-se contribuir para o debate sobre o processo de urbanização da metrópole paulistana, especialmente nos anos 1950, com foco sobre espaços que foram eliminados e grupos
PALAVRAS-CHAVES: Largo da Banana, Territórios Negros em São Paulo, Letras de Samba de Geraldo Filme
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sociais que tiveram sua memória urbana apagada.
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Mônica Nador no Jardim Miram. Arte e cultura como estratégias de resistência Valeria Eugenia Garcia, Letícia Araújo França O presente artigo trata da relevância da arte como representação de identidades e saberes comunitários funcionando como fundamentação da vida urbana como Obra e como Política. Utiliza-se para tanto o apoio bibliográfico de Henry Lefebvre associado ao texto de Jacques Ranciére, Partilha do sensível. Trata-se mais especificamente da compreensão e da relevância do trabalho da artista plástica Mônica Nador no Jardim Miriam, localizado na zonal Sul de São Paulo. Se estabelece dessa forma um diálogo entre a violência da segregação e a possibilidade de vivenciar com intensidade o espaço urbano a partir da ação coletiva movida pela participação popular. Neste contexto, a pesquisa realizada em campo foi capaz de identificar formas coletivas de apropriação da cidade que abrem possibilidades para existência na periferia. Nota-se o amadurecimento de sujeitos cientes da violência e da criminalidade, porém atentos a outros caminhos possíveis, no limite trata-se da arte, da cultura e a da literatura como instrumentos de libertação. O JAMAC (Jardim Miriam Arte Clube) surge como espaço capaz de pavimentar esse caminho, acolhendo expressões artísticas no espaço dessa comunidade. Desse modo, a importância de coletivos mostra como trilhar esses novos caminhos. A artista plástica Mônica Nador é a figura mais importante desse empreendimento, responsável por fundar o JAMAC e mantê-lo de portas abertas para que projetos possam ser pensados e realizados. Assim a violência presente em meio a uma comunidade encontra no espaço urbano por meio de expressões
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artísticas, organizações estratégicas de resistência aptas a fornecer
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saídas frente a invisibilidade dos marginalizados. PALAVRAS-CHAVES: Arte Urbana e JAMAC, Violência, Resistência
Escritas urbanas e produção de modos de subjetivação na cidade contemporânea: uma história do presente Barbara Lito Hypolito Este ensaio trata da manifestação das escritas urbanas e da produção de modos de subjetivação no contexto da cidade contemporânea, entendendo-os como micropolíticas de resistência ao sistema social dominante e de criação de realidades, que vão na direção da autonomia e do descondicionamento corporal. Partindo da perspectiva de que as práticas sociais de resistência se produzem por diferentes facetas, atentamos às micropolíticas, aos processos de subjetivação em curso e àqueles que se fazem como linhas de fuga a partir da presença das escritas urbanas no cenário urbano. Ao aproximar os processos de subjetivação e a produção das escritas urbanas, constrói o objeto desde a perspectiva de que as escritas incidem na cidade e afetam a relação corpo-cidade, e nesse sentido se agenciam, se atravessam e se produzem coletivamente. Pretende, ainda, ir na direção de analisar a multiplicidade de linhas que compõem a produção social do espaço urbano, cartografando as escritas urbanas e seus corpos agentes, a processualidade e a transformação do ambiente urbano a partir dessas manifestações. Com essa intenção, de atentar às microações sociais e às subjetividades implicadas, no nível da experiência urbana, o trabalho se debruça também em discutir a cartografia enquanto método de construção de uma história do presente.
PALAVRAS-CHAVES: Modos de Subjetivação, Escritas Urbanas, Cidade Contemporânea
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pesquisa no campo dos estudos urbanos, a fim de contribuir na
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••• REPRESENTAÇÕES, SUBJETIVIDADES E SABERES SOBRE A CIDADE FRONTEIRA, REFLEXÃO, HUMANIDADES •••
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A margem e o inconsciente: atravessamentos entre Arte, Arquitetura e Psicanálise no cotidiano da cidade Lisley Braun Toniolo, Laura Fonseca de Castro A partir do encontro entre uma arquiteta e uma psicanalista, surgiu o interesse de investigar a relação entre cidade e inconsciente a partir da experiência dos corpos nos territórios. Como desdobramento desse encontro, arte, arquitetura e psicanálise se atravessam contribuindo para um debate inédito que analisa criticamente a condição urbana contemporânea. Como fio condutor, serão discutidas as deambulações surrealistas no campo da arte, as aproximações entre inconsciente e cidade na psicanálise freudiana e lacaniana e, na arquitetura, a teoria crítica de Stefano Boeri acerca das novas relações espaciais e suas franjas de percepção. A cidade espelha a ruidosa relação do sujeito com o corpo. O ponto de chegada nos aproxima da materialidade fragmentária do cotidiano e das novas perspectivas de pensar e fazer com o corpo, através de seus furos, sobreposições e indistinções, naquilo que suas evidências guardam de incompleto, de inconcluso. O
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cotidiano na cidade é ruína, neon, banal.
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PALAVRAS-CHAVES: Inconsciente, Margem, Cotidiano
Simmel e Jameson: pequeno diálogo sobre A Vida na Metrópole Maristela da Silva Janjulio Este texto procura analisar a vida nas metrópoles moderna e pósmoderna a partir da crítica da cultura e de sua função e importância em ambos os períodos. No caso da metrópole moderna, utilizaremos a análise de Georg Simmel, no início do século X X. Sobre a questão da existência na metrópole pósmoderna, utilizaremos as críticas de Fredric Jameson, particularmente de seus textos contidos no livro A lógica cultural do capitalismo tardio. Algumas questões colocadas são: o que aconteceu a este indivíduo em ambos os períodos? Como é sua produção cultural? Tais questões possibilitam uma discussão mais ampla sobre nosso tempo presente, em que aconteceu uma explosão da dimensão da cultura, e as mudanças que vêm ocorrendo em nossa vida cotidiana. Deve-se considerar, no entanto, que o pós-moderno é uma dominante cultural do capitalismo tardio, mas que nem toda produção
PALAVRAS-CHAVES: Cultura Pós-Moderna, Metrópole Moderna, Explosão cultural.
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cultural de nossos dias é pós-moderna.
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Espaço urbano e arquitetura pela lente do mal-estar Lais Bronstein Este texto verifica a possibilidade traçar uma narrativa que contemple espaços urbanos e objetos arquitetônicos que tem na noção de malestar, descrita por Sigmund Freud, o cerne de sua expressão criativa. Para tal são apresentados estudos que tratam das relações do sujeito com
a
metrópole
moderna
advindos
de
variados
campos
do
conhecimento, de modo a contextualizar as condições históricas de surgimento deste conceito psicanalítico. Em seguida o artigo se detém no livro The architectural uncanny de Anthony Vidler, tomando-o como um possível referencial teórico no que diz respeito à transposição de um conceito freudiano para o campo da arquitetura e do espaço urbano. Por fim, são apresentados alguns autores cujas obras parecem ser devedoras, em seus pressupostos teóricos e arranjos formais, da ideia
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de mal-estar.
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PALAVRAS-CHAVES: Espaço Urbano, Teoria da Arquitetura, Mal-Estar
Algumas considerações sobre o conforto na cidade capitalista João Paulo Monte de Santana Intenta-se tratar de uma ideia amplamente difundida na sociedade moderna ocidental, a saber, o conforto. Haja vista uma perspectiva crítica considera-se que a concepção de conforto possui um teor político e social. Assim, empreende-se uma concisa investigação a respeito a fim de desvendar a sua importância e seu papel nas relações sociais
na
cidade
capitalista,
sobretudo,
a
partir
de
algumas
PALAVRAS-CHAVES: Conforto, Relações Sociais, Cidade Capitalista
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experiências, representações e narrativas históricas.
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•••• PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO RELIGIOSIDADES ••••
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Igrejas remanescentes dos acampamentos de obras de Brasília: história, documentação e patrimônio Daniela Pereira Barbosa Vila Planalto, Vila Paranoá, Núcleo Bandeirante e Candangolândia são ex-acampamentos de obra que deveriam ter sido destruídos mas se fixaram e fazem, hoje em dia, parte da malha urbana de Brasília. Cada um deles conserva uma Igreja, cujas características datam da época da construção da Capital. O presente estudo visa estudar como se deu a permanência dessas Igrejas – três delas reconhecidas como patrimônio
do
Distrito
Federal
–,
observando
sua
história
e
documentação. Nosso método se deu por bases analíticas. Temos como fontes
primárias
os
processos
de
tombamento,
localizados
na
Secretaria de Cultura do Distrito Federal, além de lidarmos também com bibliografia específica com a proposta de mais bem compreender os percursos, coincidências e particularidades das Igrejas analisadas. Elas fazem parte, na atualidade, da paisagem cultural de suas localidades, e compreender sua história é entender a própria história
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de Brasília.
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PALAVRAS-CHAVES: Igrejas Remanescentes, Brasília, Patrimônio
Caruaru do Monte Bom Jesus: a significância cultural da paisagem do Monte Bom Jesus, Caruaru-PE Ana Carolina Magalhães, Joyce Caroline Gomes da Silva Este artigo consiste em um estudo sobre o Monte Bom Jesus e sua paisagem. Elemento icônico no cenário caruaruense, a imagem do Monte Bom Jesus é presença constante no dia a dia dos moradores da cidade e para os que a visitam o mesmo remanesce em sua memória como símbolo de Caruaru. Alusões ao mesmo permeiam ainda músicas, poemas, gravuras e fotografias que retratam o cotidiano e história da cidade mostrando sua relevância para a cultura local. Partindo disso esta
pesquisa
discorre
pela
trajetória
histórica
do
Monte,
transformações ocorridas ao longo dos anos, dissertando sobre o conceito de paisagem cultural, bem como o processo de construção da Significância Cultural. Resultando na documentação dos presentes valores e atributos conferidos ao Monte Bom Jesus e seus elementos constituintes pelos atores sociais envolvidos, a fim resguarda-los para posterioridade, visando de mesmo modo contribuir com os futuros
PALAVRAS-CHAVES: Monte Bom Jesus, Paisagem Cultural, Significância Cultural
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instrumentos de conservação e gestão aplicados ao bem.
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Os passos de Anchieta: marcas do legado dos jesuítas no litoral sul-capixaba Eneida Maria Souza Mendonça, Giovani B. Goltara Durante o feriado de Corpus Christi, há pelo menos dezoito anos, andarilhos do Brasil e do mundo fazem o percurso a pé de Vitória a Anchieta, com aproximadamente 100 quilômetros de extensão, em memória ao caminho que o Santo católico José de Anchieta teria percorrido em seu tempo. Durante os quatro dias de caminhada pelo litoral, passando também por Vila Velha e Guarapari, os participantes entram em contato com a paisagem desses lugares, e, sobretudo, a transformam e apreendem sob suas próprias experiências de vida. Este artigo busca avaliar a relação do percurso com as marcas do legado dos jesuítas na região. Discute-se brevemente o papel dos jesuítas no processo de colonização e a relação com os povos nativos abordando a história mítico/religiosa que se difunde sobre o caminho, em contraponto a fatos históricos que discutem a atuação dos jesuítas nos aldeamentos da província. Faz-se um apanhado de como se desenvolve o percurso nos dias de hoje, explanando a organização do evento e identificando as obras jesuíticas remanescentes no percurso. Discute-se, por fim, o legado material nessas obras, e identifica-se o
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percurso como uma marca histórica remanescente.
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PALAVRAS-CHAVES: Caminhada, Jesuítas, Paisagem
Lonjuras: espaço sagrado no Morro da Capuava Maíra Teixeira Pereira, Web Gabner P. Rodrigues Há muitos anos o Morro da Capuava, em Anápolis-Goiás, é frequentado por pessoas de várias religiões para ali fazerem orações ou para contemplação, já que o local oferece um amplo panorama visual, sereno e isolado de ruídos e propício ao relaxamento. Pode ser considerado um importante espaço público, permanentemente ocupado, a despeito de sua posição limítrofe no perímetro urbano; local de encontro durante o dia, e à noite concentrando grupos de vigília. A pesquisa investiga que motivos tornaram possível a especialização desse locus para fins religiosos. É também bastante referida a passagem da coluna Costa/ Prestes por Anápolis neste local, conforme atestam alguns autores. A cidade tem sua história marcada por passagens e migrações, de diversas motivações e proveniências, à depender da época em que ocorrem, o que pode ser interpretado como uma “vocação”, uma “cidade entre”, parte do eixo Goiânia-Brasília. Além dos referidos valores como lugar de devoção e local de memória, possui importância ambiental, uma vez que as nascentes que ali se encontram pertencem a região da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio João Leite, que abastece a cidade de Goiânia. A reconstituição da vegetação necessária à conservação das nascentes é de interesse intermunicipal e estadual, previsto em legislação específica. O estudo aborda como os aspectos Uso
Público-Interesse
Ambiental-Registro
de
Evento
Histórico
PALAVRAS-CHAVES: Anápolis, Morro da Capuava, Paisagem do Cerrado
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constituem a singularidade do local.
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•••• PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO “OUTRAS” MEMÓRIAS ••••
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As exposições inaugurais dos CEUs e as memórias das periferias paulistanas Elaine Aparecida Jardim Entre 2003 e 2004, no contexto das comemorações dos 450 anos da fundação de São Paulo, o poder público municipal inaugurou as primeiras 21 unidades dos Centros Educacionais Unificados (CEUs). Edifícios monumentais, concebidos como equipamentos multifuncionais de educação, cultura, esporte e lazer, os CEUs foram implantados como parte de uma política de intervenção urbana nos extremos periféricos da cidade, segundo o ideário de estabelecer-se como polo estruturador de urbanidade. Como elemento mediador da apropriação positiva do novo equipamento pela população do seu entorno, foi criado o projeto Meu bairro, minha cidade: você também faz parte desta história, uma ação institucional voltada à memória de bairro que resultou nas exposições inaugurais dos CEUs. Tal projeto foi coordenado pela Secretaria Municipal da Educação e teve por objetivo apresentar, a partir de depoimentos e indicadores patrimoniais, as conexões entre a história local e a história urbana mais ampla, de modo a incluir os sujeitos locais no rol dos construtores da cidade de São Paulo e, também, como autores de discursos sobre ela. O presente artigo, decorrente de uma pesquisa de mestrado, aborda o processo de concepção e produção desse projeto, buscando evidenciar as relações que se constituíram entre as ações de intervenção urbana e a memória local, no sentido de constituição de uma narrativa sobre as periferias paulistanas, sobretudo, como um espaço construído pela audácia dos
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seus agentes sociais e na ausência do Estado.
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PALAVRAS-CHAVES: CEUs, Memória de Bairro, São Paulo
Os desafios do restauro público em Ouro Preto: uma análise sobre os imóveis de valor cultural da população de baixa renda do Caminho-Tronco Sarah de Paula Basílio Como forma de contribuir efetivamente para a manutenção do acervo de natureza material de Ouro Preto, o Curso Superior de Tecnologia em Conservação e Restauro vinculado ao Instituto Federal de Minas Gerais – campus Ouro Preto, coordena o projeto de extensão “Oficina de Restauro Público”. Em síntese, o programa universitário atua na cidade desde 2009, fornecendo assistência técnica gratuita para as famílias de baixa renda e proprietárias de imóveis de valor cultural de Ouro Preto viabilizando Dossiês de Conservação e Restauro. Todavia, a experiência da atividade extensionista evidenciou que o real propósito não é alcançado: as edificações não são realmente conservadas. À vista disso, torna-se fundamental problematizar as reais dificuldades para salvaguarda deste casario inserido na área protegida, bens de interesse coletivo e, também, moradia da população de baixa de renda. Assim, este estudo busca refletir a (não) inclusão dos imóveis de valor cultural da cidade nas políticas de habitação de interesse social e, principalmente, a disparidade ainda presente na legislação federal e municipal que priorizam novas construções em detrimentos do aproveitamento das edificações existentes. Para isso, será apresentado um estudo de caso com quatro imóveis que já foram contemplados pela para a efetiva salvaguarda. Ademais, a pesquisa avaliará como as políticas públicas de Ouro Preto auxiliam os moradores de baixa renda, proprietários de edificações de interesse coletivo, a cumprir a função social da propriedade. PALAVRAS-CHAVES: Patrimônio, Políticas de Habitação, Baixa Renda
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Oficina de Restauro Público e que atualmente enfrentam dificuldades
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Memórias do bairro operário do Jardim Botânico e a evolução urbana do Rio de Janeiro Luciene Carris O trabalho ora apresentado apresenta algumas reflexões sobre a história da evolução urbana do bairro do Jardim Botânico, a partir da instalação de uma companhia de bondes e das fábricas têxteis Carioca e Corcovado, respectivamente. De vocação agrícola em suas origens, a região transformou-se num centro fabril até as primeiras décadas do século X X, marcado pela presença de mão-de-obra operária. Pouco a pouco,
o
bairro
foi
perdendo
suas
características
iniciais,
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transformando-se num bairro elitizado.
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PALAVRAS-CHAVES: Rio de Janeiro, Industrialização, Memória Urbana
Patrimônio, identidade e memória no Sertão: o campo de concentração de Senador Pompeu no Ceará Amanda Maria Moreira Vale, Bárbara Pontes Rodrigues, Isabelle Viana Coelho Objetiva-se com esse artigo promover a reflexão sobre uma das consequências da seca no interior do estado do Ceará: a existência de campos de concentração para os flagelados, especificamente na cidade de
Senador
Pompeu.
Serão
utilizados
conceitos
propostos
por
estudiosos como Lugares de Memória, Sítios de Consciência e patrimônio material e imaterial a fim de gerar reflexões sobre os desdobramentos desses campos de concentração e sobre a importância da preservação do patrimônio cultural e histórico como forma de fortalecimento da identidade local e suas memorias coletivas. Apontase também uma possível solução que resolva a questão da preservação do patrimônio e que tenha compromisso com a responsabilidade social
PALAVRAS-CHAVES: Seca, Campos de Concentração; Lugares de Memória
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e o engajamento político.
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•••• PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO GESTÃO URBANA ••••
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Quando a transferência de potencial construtivo virou mercado: o caso de São Paulo Paula Freie Santoro, Silvio Oksman, Pedro Henrique Rezende Mendonça, Flavia Taliberti Peretto Este artigo apresenta a experiência recente de regulação e aplicação do instrumento urbanístico da Transferência do Direito de Construir (TDC) para a conservação de imóveis tombados pelos órgãos de preservação de patrimônio cultural no município de São Paulo. Parte da aprovação do Plano Diretor de 2014, quando se torna uma opção alternativa à Outorga Onerosa do Direito de Construir (OODC) para a aquisição de direitos de construir pelo mercado. Observa os aspectos que sinalizam para a criação deste mercado de direitos, como: (i) uma ampliação nos interessados em transferir potencial construtivo considerando o aumento na emissão de Declarações; (ii) o aparecimento de pedidos de tombamento de imóveis, associados a estratégias de ampliação da quantidade de m2 a serem transferidos; e (iii) os desafios da utilização da TDC frente à ampliação do campo do patrimônio a ser preservado, mais diverso e complexo. Para isso analisa e territorializa os dados de aplicação do instrumento. Como reação à ampliação deste mercado, foram feitas recentes mudanças de regulação para equilibrálo em relação à OODC considerando apenas as diferentes áreas dos bens tombados, sem ainda dialogar com a sua ampla diversidade. Por fim, problematiza esta trajetória do instrumento em relação ao seu objetivo inicial. Embora seja muito cedo para aferir a efetividade do instrumento – há poucas transferências, muitos ainda têm prazo para aprovar plano junto ao Conpresp e transferir os direitos –, estruturase um mercado de direitos de construir alternativo à OODC que parece
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interessar mais ao mercado imobiliário que à conservação dos imóveis
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tombados. PALAVRAS-CHAVES: Patrimônio Histórico, Transferência do Direito de Construir, São Paulo, Município
O resgate da memória e a proteção patrimonial no contexto da globalização das cidades Pedro Reis da Motta Veiga Como explicar a representatividade do patrimônio na essência de uma cidade e como trazer ao presente a luta por sua conservação de modo a preservar a identidade local e, simultaneamente, evitar seu processo de degradação. Diversas cidades ao redor do mundo vem passando por novas experiências de alteração e modernização do espaço físico e cultural de seus centros históricos ao mesmo tempo em que enfrentam dilemas relacionados a ressignificação de seus ambientes
e
as
novas
políticas
neoliberais.
Surgem
assim
questionamentos acerca da construção e manutenção da memória coletiva e da inclusão das cidades em uma nova dinâmica de crescentes investimentos. A entrada do setor privado nas políticas públicas ganha profunda repercussão nesse quadro que se forma. Como transcorreu a história da proteção patrimonial até o momento atual? Até que ponto as políticas de salvaguarda poderão brecar um possível sistema de reestruturação
dos
centros
históricos
e
evitar
uma
“destradicionalização” dos mesmos? Como evitar que as peculiaridades patrimoniais de localizações tão diversas entrem em um sistema global
PALAVRAS-CHAVES: Patrimônio, Cidades, Centros Históricos
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de padronização cultural?
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Espaços (con)sentidos? Gestão do patrimônio cultural em Mariana/Mg Flora del Rei Lopes Passos Frente às práticas de espetacularização das cidades, onde a criação de imagens e consensos são ingredientes na venda dos espaços e na legitimação de políticas excludentes, esta pesquisa defende processos horizontalizados de gestão em sítios urbanos tombados, construídos a partir do dissenso, resistência e mobilização social. No imbricamento entre
cultura
e
espaço
urbano,
especificamente
em
cidades
patrimonializadas, elementos materiais e imateriais influenciam não apenas na (re)produção e (re)significação da paisagem cultural dos sítios urbanos, mas na apropriação dos seus espaços, na formação de um sentimento de pertencimento atrelado à memória dos sujeitos e no estabelecimento de dinâmicas socioespaciais e culturais diversas. Assim, sob uma perspectiva crítica e voltada às questões do patrimônio cultural, pretende-se debater sobre as possibilidades de construção de políticas públicas na contemporaneidade em Mariana, Minas Gerais, principalmente, no contexto pós rompimento da barragem de rejeitos de mineração que destruiu subdistritos inteiros do município, em novembro de 2015. Entende-se que os processos de gestão e planejamento devem ser construídos a partir das vivências cotidianas, apropriação nos espaços públicos e de ações locais que constroem memórias coletivas, sentidos e sensações na cidade. Neste sentido, práticas socioculturais que resistem desde o período setecentista em Mariana, bem como coletivos contemporâneos que questionam o status quo através da arte, comunicação ou política, são percebidos como experiências que denunciam ações verticais e excludentes, afirmam o direito à cultura, à memória coletiva e, assim, sugerem outros projetos
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de cidade.
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PALAVRAS-CHAVES: Patrimônio Cultural, Gestão, Mariana-MG
A paisagem da Baía da Guanabara: patrimônio, segregação e desenvolvimento Evelyn Furquim Werneck Lima, Leonardo Marques de Mesentier Como evidencia o estado de degradação da Baía da Guanabara e a quase nenhuma reação da sociedade civil e do poder público face a este estado de abandono, a Baia tem sido pouco valorizada como paisagem histórica e cultural. Considerando esse quadro, o objetivo desse artigo é discutir essa invisibilidade patrimonial da paisagem da Baia da Guanabara e dos bens culturais e paisagísticos a ela associados. O argumento apresentado propõe que esta invisibilidade decorre, entre outros fatores, da segregação sócio-territorial, existente na Região Metropolitana do Rio de Janeiro; e debate as consequências deste estado de segregação para a formação das identidades sociais na Região, para, em seguida, a partir dos temas da paisagem, do patrimônio, da segregação sócio-territorial, e de suas consequências para a formação das identidades sociais, debater os efeitos dessa situação para o desenvolvimento metropolitano. Nessa perspectiva, conclui-se que a Baia da Guanabara guarda a potencialidade de paisagem histórica e cultural integral, porém só é percebida na significativa diferenciação simbólica entre suas partes. Observa-se que a segregação sócioterritorial atua como uma estrutura estruturante (Bourdieu, 2007) das representações de identidades sócio-territoriais, capaz de formatar identidades e a percepção das diferenças entre os habitantes e lugares buscar reduzir esta segregação sócio-territorial e investir efetivamente na recuperação deste patrimônio metropolitano de inigualável valor para as cidades lindeiras; assim como dos bens culturais edificados, muitos dos quais quase desconhecidos. PALAVRAS-CHAVES: Patrimônio Cultural e Paisagístico, Segregação, Desenvolvimento Urbano
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da cidade, incluindo a percepção da paisagem urbana. Urge, portanto,
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•••• PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO PERCEPÇÕES ••••
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Inhotim e Brumadinho: o contemporâneo e o pós-moderno na cidade e nos espaços de arte Marcela Somensari Campana A discussão aqui proposta orbita o tema da arte contemporânea. Quando se trata de arte dentro das ciências sociais busca-se estabelecer fluxos, encontros e contradições que a transforma em uma estrapolação da vida e da estrutura social. A arte contemporânea, assim, é um possível objeto analítico que ajuda a entender parte da realidade complexa do agora. Cerceia-se a discussão em um objeto empírico que sendo examinado se torna ponto estruturante da discussão. No caso da pesquisa aqui apresentada, se analisou o Instituto Inhotim, um recente centro de exposição de arte. O objetivo é ir além de sua essência e seus limites físicos, entendendo o impacto socioambiental que seu projeto e o processo histórico de sua implementação representam no município de Brumadinho (Minas Gerais). Entende-se que os projetos artísticos contemporâneos que apresentam em superfície interação e formas questionadoras, se firmam em alicerces que constituem um esvaziamento do conteúdo. Os resultados indicam que tratamos de um museu aos moldes pós-1980, onde a política cultural é tomada pelo pensamento neoliberal, voltandose aos mecenas e às instituições privadas que transformam a arte erudita em um produto de massa, permeado pela ideia de “experiência”, oferendo um escape na sua fruição alienante em oposição à vida comum e à ideia de cidade. O Novo Museu mostra a arte na disposição fúnebre
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de um cemitério, enquanto encontra formas de monetizar o tempo livre.
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PALAVRAS-CHAVES: Arte, Museu, Cidade
Urban Sketchers: memória e ressonância nos espaços da cidade Paulo Henrique Tôrres Valgas Este artigo é um recorte atualizado da dissertação “Urban Sketchers Brasil: memória e sensibilidade nas cidades contemporâneas” e lida com a relação possível entre os membros deste movimento de desenhistas e as cidades em sua materialidade e imaterialidade. Pensando a necessidade de ressonância diante da cidade através de autores como Stephen Greenblatt, Ulpiano de Meneses, Sandra Pesavento e John Ruskin, entre outros, os prédios e a cultura nas cidades são abordados com exemplos da prática e dos desenhos feitos
PALAVRAS-CHAVES: Urban Sketchers, Cidade, Materialidade
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pelos sketchers brasileiros.
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Desafios contemporâneos da significância cultural Davi Dornelles Rodrigues de Souza Valentim A significância cultural é um instrumento de conservação patrimonial reconhecido pela UNESCO como critério a ser atendido por bens que pretendem ser inscritos na Lista do Patrimônio Mundial. É conceituada, pioneiramente, na 1ª edição da Carta de Burra (1979) e deve ser compreendida a partir de valores socialmente atribuídos ao patrimônio. Estes valores devem ser julgados e validados junto aos atores sociais, e traduzidos no documento da Declaração de Significância. Os valores e significados são cambiáveis no tempo e de acordo com o contexto social, cultural e histórico de cada bem, sendo necessária uma revisão periódica da significância. Na UNESCO, conhecida como Valor Universal Excepcional ( VUE), a significância está relacionada a outros conceitos do campo da conservação, como autenticidade e integridade. Todavia, a significância pouco floresceu como instrumento de conservação, junto aos órgãos e instituições de salvaguarda do patrimônio, face a dificuldades como a compreensão teórica do conceito e a fragilidade de procedimentos metodológicos que possam traduzir os valores frutos da relação entre sujeitos e objetos, que compõe o patrimônio. Em contrapartida, o campo da conservação tem demandado, cada vez mais, novas estratégias e instrumentos de preservação patrimonial. Este artigo busca refletir sobre um instrumento antigo, que precisa superar alguns desafios da contemporaneidade para uma maior efetividade em
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sua aplicabilidade nas práticas de preservação patrimonial.
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PALAVRAS-CHAVES: Significância Cultura, Valor Universal Excepcional, Conservação
Ficções arquitetônicas e a construção da identidade cultural Caliane C. O. Almeida, Bruna Dal Agnol O presente artigo busca entender o papel da arquitetura na formação da identidade social de uma comunidade e como as intervenções na paisagem podem afetar a imagem e a memória da cidade. Para tanto, será analisado o caso da cidade de Serafina Corrêa, localizada no interior do Rio Grande do Sul, numa região cujo processo de formação e transformação sofreu influência significativa, sobretudo, do fluxo migratório italiano. Na década de 1990, Serafina Corrêa passou por uma série de intervenções urbanas. Dentre essas intervenções está a realizada no eixo central da cidade, denominado Via Gênova, por meio da construção de réplicas de monumentos históricos da Itália, a exemplo do Coliseu Romano e da Villa Rotonda, do importante arquiteto italiano do século X VI Andrea Palladio, numa alusão à terra mãe dos colonizadores. Nesse sentido, pretende-se compreender o papel da arquitetura na construção da identidade da população de Serafina Corrêa, bem como analisar como as intervenções realizadas estimulam as percepções e interferem na paisagem cultural da cidade. Para tanto, realizou-se revisão bibliográfica e pesquisa documental em leis, decretos e notícias publicadas em jornais e em meio eletrônico, além de visitas in loco. Pretende-se, com este estudo, mostrar não somente que a paisagem cultural e o patrimônio arquitetônico de influência italiana representam a cultura da imigração na região, mas também que podem desempenhar
importante
papel
nas
requalificações
urbanas,
que fazem parte da imagem coletiva e da história da cidade.
PALAVRAS-CHAVES: Paisagem Cultural, Arquitetura Cenográfica, Patrimônio
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empregando elementos que já estão presentes no ambiente urbano e
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•••• PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO ESCALAS ••••
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Arquitetura moderna e patrimônio na modernização do centro histórico do Recife, 1946-1979 Patricia Ataíde Solon de Oliveira, Fernando Diniz Moreira As reformas urbanas que transformaram significativamente as áreas centrais das cidades brasileiras entre 1930 e 1950 foram acompanhadas por um intenso processo de verticalização. No Recife, os bairros de Santo Antônio e São José passaram por grandes transformações com a abertura de novas avenidas e um intenso processo de verticalização que provocou a destruição de edifícios coloniais e ecléticos. Este momento também assistiu ao início do reconhecimento e proteção do patrimônio histórico local, com a instalação, em 1946, do 1º Distrito da DPHAN, e à afirmação da arquitetura moderna na cidade. A modernização do Recife foi uma arena de conflitos, interesses e experimentações. Os documentos referentes aos processos de aprovação dos novos edifícios revelam não apenas como as negociações foram conduzidas, mas também as diferentes estratégias utilizadas pelos arquitetos modernos para inserir novos edifícios em áreas históricas. O debate provocado pela inserção desses novos edifícios é um campo privilegiado para se estudar o complexo diálogo entre os profissionais da preservação, que buscaram estabelecer parâmetros para controlar a verticalização das áreas centrais, e os arquitetos modernos, que buscaram implementar os novos valores desta arquitetura. Este artigo tem como objetivo identificar os processos de negociação e as estratégias adotadas pelos arquitetos para a aprovação de edifícios modernos no centro histórico da cidade do Recife, analisando três casos específicos da construção de edifícios altos no entorno de monumentos como a Matriz de Santo
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Antônio, o Convento Franciscano de Santo Antônio e a Igreja Matriz do
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Espírito Santo, no Bairro de Santo Antônio. PALAVRAS-CHAVES: Verticalização, Patrimônio, Arquitetura Moderna
O Plano de Avenidas de Prestes Maia na paisagem urbana de São Paulo Marcus Vinícius Lemos Ignácio O perfil rodoviarista e a intensa verticalização que marcam a paisagem de São Paulo desde os anos 1940 são elementos que não podem ser entendidos e analisados de forma isolada. Estes predicativos que tão bem descrevem a cidade de São Paulo têm raízes históricas no processo de crescimento da cidade e de transformação da paisagem paulistana. Neste contexto, os “surtos urbanísticos” por que passa São Paulo são o ponto de partida para aquele que seria o agente principal das mais profundas transformações na paisagem da cidade: o Plano de Avenidas de Prestes Maia. Com clara e intensa orientação rodoviarista, Prestes Maia atribuirá ao sistema viário a função primária de circulação e articulação dos bairros do município. Não obstante, as vias, segundo Prestes Maia, devem permitir ainda a implantação de perspectivas monumentais que extraiam da paisagem urbana algum valor estético. Neste sentido, o artigo propõe um rápido balanço bibliográfico sobre a relação entre paisagem e as modificações propostas pelo Plano de Avenidas e de que forma alguns desses elementos se fazem ainda
PALAVRAS-CHAVES: Paisagem Urbana, Plano de Avenidas, Prestes Maia
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presentes na paisagem urbana de São Paulo.
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O lugar da periferia na preservação de Brasília: como as cidades-satélites foram abordadas diante do processo de patrimonialização Jéssica Gomes da Silva A preservação de Brasília, contemplando um perímetro de 112,25km², resguarda o Plano Piloto da capital e um entorno imediato, conferindo proteção a esse objeto principal. Ao redor desse espaço privilegiado existem as cidades-satélites, espaços de concepções e identidades diversas e que aqui são o nosso alvo de discussão, ao questionarmos qual o lugar da periferia na preservação de Brasília. Partindo de uma cidade real e atual, buscamos trazer à luz a temática preservacionista da cidade, referenciando as legislações que a salvaguardam e o seu processo de patrimonialização. Para isso, retomamos à década de 1980, momento em que se pensava mais a fundo como preservar a cidade. E ainda colocamos em discussão um agente que fez parte daquele momento, o GT-Brasília (Grupo de Trabalho para a Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Brasília). As intenções desse grupo visavam a percepção da cidade como um todo, elencando para suas pesquisas não somente o Plano Piloto como o elemento central, mas também as preexistências da cidade, como uma forma de contar a
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nossa história.
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PALAVRAS-CHAVES: Brasília, Periferia, Preservação
A dissoluçao do horizonte: paisagem, monumento e preservação. Belo Horizonte, MG e Vitória, ES (1890-2018) Myriam Bahia Lopes, Diva Maria Freire Figueiredo O objetivo deste trabalho é discutir a instável permanência da linha do horizonte, com foco visual em elementos do ambiente declarados monumentos naturais e culturais, no desenho urbano do Brasil. Faz-se um paralelo entre duas cidades: Belo Horizonte-MG e Vitória-ES. São capitais de estados da federação, situadas na região sudeste do Brasil, em contextos físicos, geográficos e econômicos diferentes, mas possuem interdependência econômica muito forte quanto às atividades mineradoras que repercutem na visualização dos marcos urbanos distinguidos pela perspectiva. Belo Horizonte é centro da região produtora e Vitória o porto de exportação do minério de ferro. Através da revisão bibliográfica, de fotografias, mapas e pesquisa documental, se apresenta uma trajetória do adensamento urbano e verticalização das edificações ao longo de dois eixos viários-Avenida Afonso Pena (BH) e Avenida Nossa Senhora da Penha ( Vitoria). Momentos cruciais são evidenciados na progressiva dissolução das visadas dirigidas destes eixos viários à da Serra do Curral, em Belo Horizonte e ao Convento/ Igreja/Outeiro de Nossa Senhora da Penha, em Vitória, moldados como marcos da paisagem urbana. O papel do tombamento quanto à proteção desses elementos, reconhecidos como monumentos nacionais em meados do século X X, é analisado para além do vulnerável ponto de apropriação.
PALAVRAS-CHAVES: Paisagem, Monumento, Preservação.
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vista burguês produzido pela perspectiva como única forma de
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•••• PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO METODOLOGIAS PATRIMONIAIS ••••
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Atlas “o mundo desde o fim”: como cartografar o sertão? Natália de Sousa Moura Este trabalho pretende colocar em disputa o fazer cartográfico através de um redirecionamento de olhares e narrativas, como uma forma de se pensar outros modos de habitar e construir cidades, muitos destes
já
existentes,
porém
inviabilizados
e
historicamente
desconsiderados nos mapas, planos e projetos. Os fins de mundo, termo normalmente
referente
aos
lugares
longínquos,
desconhecidos,
selvagens, atrasados, fora da lei, como os sertões, assim como todos os lugares de algum modo marginalizados, são povoados de esteriótipos, mas nunca de olhares atentos. A partir da busca por essa atenção é que surge o Atlas “o mundo desde o fim”. Aqui entendo atlas enquanto dispositivo de montagem, confrontação, deslocamento, uma ruptura das antigas lógicas e processos. Método não linear que perpassa a ideia de redemoinho, de uma incompletude ocorrida pela ação do que chega e desordena as coisas de lugar, abrindo-se a novos significados e possibilidades de narrativas e atuações. Apropriar-se de um imaginário construído sobre determinado lugar e trazer para si a força que pode advir disso. Diante disto, apresento-lhes, pois, Lisieux, lugarsertão-urbano. Trajetória ficcional que pretende-se também enquanto desdobramentos do que está posto hoje nas nossas sociedades. Criação de novos imaginários e tensionamentos dos existentes. Entre-lugar, entre sertões, estradas e seus povoados e cidades, simultaneamente rural e urbano, aproximando-se do conceito de fronteira desenvolvido pela escritora chicana Glória Anzaldúa, navegar no espaço liminar
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entre mundos, identidades e formas de conhecimento. Não há arquitetos
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ali, embora existam gestos e atos arquitetônicos. PALAVRAS-CHAVES: Cartografia, Narrativas Possíveis, Sertão
O Turista Aprendiz: reflexões e narrativas de uma ideia de paisagem Ana Carolina Canuto Streletcki, Ana Elisabete de Almeida Medeiros Paisagem Cultural é definida como a interação do homem na natureza dando-lhe sentidos e valores de forma singular. Estabelecida em 2009 pelo IPHAN, a chancela sobre a paisagem cultural inaugura o reconhecimento desta categoria de bem no âmbito do Patrimônio Cultural, embora a discussão em torno deste conceito já tenha se apresentado antes, nacional e internacionalmente. No Brasil, o Turista Aprendiz, obra de Mário de Andrade, foi escrito em forma de diário e anotações de viagens pelo país, no final da década de 20, enaltecendo a diversidade regional. Esta obra ensaística viria a se constituir em um importante elemento de análise de nossa nacionalidade antecedendo a institucionalização do Patrimônio Histórico e Artístico no Brasil, cuja base foi o anteprojeto do próprio Mário de Andrade, considerado, à época, muito avançado, posto que já reconhecia, por exemplo, a dimensão imaterial do patrimônio. Diante desta obra, este artigo coloca a seguinte questão: Qual a visão de Mário de Andrade de Paisagem? Como essa se revela? Este artigo se propõe a investigar a trajetória do conceito de Paisagem Cultural no Brasil e refletir quanto às impressões
PALAVRAS-CHAVES: Paisagem Cultural, Turista Aprendiz e Narrativa
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do olhar deste autor, como etnógrafo, sobre a Paisagem.
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Pão e padarias: São Paulo, cidade moderna: 1890/1930 Ana Lucia Duarte Lanna Pretende-se colocar em relação as transformações nas práticas alimentares e vida urbana de forma a compreender a formação da cidade moderna. O estudo está focado na produção e comercialização do pão na cidade de São Paulo em início do século X X. As conexões entre vida urbana e presenças estrangeiras são decisivas para a análise proposta. Propõe-se uma reflexão sobre aspectos relacionados à produção e consumo do pão que explicita e concretiza muitas das transformações da cidade. Seja no que se come, no como se convive ou como se constituem disputas sociais. Elaborar esta análise a partir do pão e seus lugares de produção e consumo permitiu reconhecer as diferenças e especificidades de múltiplos grupos sociais e suas
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interfaces entorno de um item alimentar essencial para todos.
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PALAVRAS-CHAVES: Cidade, Mercantilização e Memória, Pão
A singularidade de Paraty Marcus Pedro Oneto Fiorito Ainda que Paraty seja uma das cidades planejadas mais antigas do Brasil, e isto confira a ela alguma tipicidade, principalmente em relação à morfologia resultante do urbanismo ultramarino português, esta se apresenta como o único exemplo brasileiro em que a integralidade do seu território encontra-se abrangida por instrumentos de proteção, relacionados tanto às políticas públicas de salvaguarda do patrimônio construído como ambiental. Dada a riqueza do seu patrimônio material e imaterial, desde meados do século X X Paraty retomou papel de destaque no cenário nacional e internacional, não mais por sua vocação portuária, mas pela atratividade que exerce como pólo cultural. Neste contexto, o presente trabalho relaciona o singular processo de formação da cidade de Paraty com as experiências de elaboração de instrumentos
de
planejamento
urbano,
contando
ainda
com
considerações quanto à participação social empreendida em cada período, analisada a partir da literatura de autores como Leonardo Avritzer, Maria da Glória Gohn, Marcelo Lopes de Souza e Flávio Villaça. Desta forma, acredita-se que a o abordar o tema a partir de uma variedade de experiências locais, a pesquisa contribui para uma reflexão acerca da aplicação dos instrumentos elaborados, destacando o papel dos mesmos no fortalecimento dos preceitos democráticos relacionados ao direito à cidade, e ressaltando a necessidade de incorporação efetiva da participação social na construção de políticas
PALAVRAS-CHAVES: Planejamento Urbano, Patrimônio Cultural, Participação Social
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públicas de ordenamento e gestão do território.
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ANOTAÇÕES
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• PROGRAMAÇÃO EIXO 1 IDEÁRIOS, URBANISMOS E PROCESSOS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO •
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18 DE SETEMBRO Auditório Pedro Calmon 1.1 A circulação de ideias no urbanismo e no planejamento 14h - 14h15
O PENSAMENTO MODERNO DE GASTON BARDET: LE NOUVEL URBANISME
Juliana Pereira, Virginia Pontual
14h15 - 14h30
GASTON BARDET E A FORMAÇÃO DE URBANISTAS EM BELO HORIZONTE: EMBATES E PERMANÊNCIAS
Ana Luiza Marques
14h30 - 14h45
CIUDAD KENNEDY: UMA FRONTEIRA NO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DE BOGOTÁ
Nilce Aravecchia
14h45 - 15h
DO PLANEAMENTO COMO TÉCNICA À CULTURA DO PLANEAMENTO. JOHN FRIEDMANN NO CHILE
Alejandra Monti
16h - 16h15
O PAPEL DO ESTADO NO PLANEJAMENTO URBANO DO RIO GRANDE DO SUL NAS DÉCADAS DE 1960 E 1970
Fernanda Jahn-Verri
16h15 - 16h30
ALGUMAS DIVERGÊNCIAS ENTRE OS PROJETOS E AS AÇÕES QUE ANTECEDERAM AS OBRAS DE RETIFICAÇÃO DO RIO TIETÊ NA CIDADE DE SÃO PAULO
Jordana Zola
16h30 - 16h45
TRANSFORMAÇÕES DE TERRAS RURAIS EM TECIDO URBANO NA CIDADE DE CAMPINAS - SP (1869-1928): A CHÁCARA ITAPURA
Renata Ba esso Pereira, Ana Beatris Fernandes Menegaldo
16h45 - 17h
DOIS URBANISMOS. AS TRANSFORMAÇÕES URBANAS E REGIONAIS EM PORTO ALEGRE E NO RIO GRANDE DO SUL (1918-1937)
Cleandro Krause
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1.2 A cidade e as outras escalas do planejamento e do urbanismo
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19 DE SETEMBRO Auditório Pedro Calmon 1.3 A contribuição do passado no urbanismo e no planejamento da cidade 14h - 14h15
CONTRA A QUADRÍCULA: A CENOGRAFIA BARROCA NAS CIDADES HISPANO-AMERICANAS
Rodrigo Espinha Baeta
14h15 - 14h30
OS PLANOS URBANÍSTICOS NA TEORIA E NA PRÁTICA: LISBOA, PORTO E SALVADOR, ENTRE OS SÉCULOS XVIII E XIX
Gina Marocci
14h30 - 14h45
O PDLI DE OLINDA E O TURISMO CULTURAL: conceituação e práticas
Aline Gald ino Bacelar
14h45 - 15h
HISTÓRIA E ARQUITETURA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS ENTRE NOVA HISTÓRIA E ARQUITETURA VERNÁCULA
Marco Antônio Penido de Rezende, Maria Letícia Ticle
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1.4 Urbanismo e planejamento contemporâneos
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16h - 16h15
LIMITES BORRADOS: A COMPLEXIDADE DA PRODUÇÃO DO ESPAÇO NA CIDADE CONTEMPORÂNEA
Rafaela Lino Izeli, Bárbara Brena Rocha dos Santos
16h15 - 16h30
A CIDADE POR PARTES: O URBANISMO DE ARQUITETOS NA AMÉRICA LATINA NO LIMIAR DOS ANOS 1990
Gisela Barcellos de Souza
16h30 - 16h45
URBANISMO OLÍMPICO: TRAJETÓRIA E LEGADO
Daniel Ortiz Lopes
16h45 - 17h
ARQUITETURA METROPOLITANA, CIDADE GENÉRICA E REGIME ¥€$: A CONDIÇÃO URBANA CONTEMPORÂNEA POR REM KOOLHAAS
Sandra Catha rinne Pantaleão
20 DE SETEMBRO Auditório Pedro Calmon 1.5 Ações pioneiras no urbanismo e no planejamento
14h - 14h15
Para além da Arquitetura: A pulverização de negócios de Ramos de Azevedo e o aparecimento de estratégias de um mercado imobiliário
Carlos Thaniel Moura
14h15 - 14h30
um rio de janeiro linear?
Guilherme Bueno
14h30 - 14h45
Embates tecnocráticos: o lugar da arquitetura nos debates de regulamentação profissional no Brasil a partir da trajetória de Adolfo Morales de Los Rios Filho (1920-1930)
Leonardo Novo
14h45 - 15h
ATTÍLIO CORRÊA LIMA E DAVID XAVIER AZAMBUJA_ PIONEIROS NA INSTITUCIONALIZAÇÃO DA ARQUITETURA PAISAGÍSTICA NO BRASIL
Fernando Pedro de Carvalho Ono, Alda de Azevedo Ferreira
16h - 16h15
Vamos pintar a Sete? Considerações sobre ruas de lazer e de pedestres em Vitória (ES) na década de 1970
Camila Benezath
16h15 - 16h30
A RELAÇÃO CRIANÇA-CIDADE NA HISTORIOGRAFIA DO URBANISMO MODERNO
Igor Queiroz
16h30 - 16h45
ELOS ENTRE ESCOLARIZAÇÃO, SOCIEDADE E CIDADE: O PROGRAMA DA EDUCAÇÃO PROGRESSIVA NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
Samira Bueno Chahin
16h45 - 17h
Cognição e participação na obra de Christopher Alexander
Leandro M V Andrade
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1.6 Urbanismo e planejamento na apropriação da cidade
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•• PROGRAMAÇÃO EIXO 2 VILAS E CIDADES; URBANIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO ••
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18 DE SETEMBRO Auditório Manoel Maurício 2.1 Urbanização e Urbanismo em perspectiva histórica 14h - 14h15
HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO DE CABO FRIO – RJ – UM RESUMO ENTRE OS SÉCULOS XVI E XX.
Rafael Peçanha de Moura
14h15 - 14h30
DE VALES E VALAS: a Rua da Valla na Salvador do Séc. XIX
Daniel Juracy Mellado Paz
14h30 - 14h45
Um lugar chamado Bujaru
Claudia Nascimento,
14h45 - 15h
Entre a utilidade e a diversão: Alamedas e Passeios Públicos nas vilas e cidades coloniais latinoamericanas
Hugo Segawa
16h - 16h15
ENTRE O RURAL E O URBANO ASPECTOS FUNDIÁRIOS NA FORMAÇÃO DE PATRIMÔNIOS RELIGIOSOS NA FREGUESIA DE CACONDE – SP, SÉCULOS XVIII E XIX
Renata Baesso Pereira, Rafael Augusto Silva Ferreira
16h15 - 16h30
Gênese da Intendência Municipal do Natal: regulamentação enfitêutica e territorial (1892 a 1904)
Gabriel Leopoldino Paulo de Medeiros
16h30 - 16h45
UMA COLÔNIA SUÍÇA PLANTADA PELO CAFÉ: REFLEXÕES SOBRE A GÊNESE DE NOVA FRIBURGO
Vívian Alves de Assis,
16h45 - 17h
Os Planos de Outrora: Três séculos de história em registros cartográficos
Eneida Maria S ouza Mendonça, Edilson Cavalcante de Oliveira Júnior
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2.2 Urbanização, planos e questões fundiárias
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19 DE SETEMBRO Auditório Manoel Maurício 2.3 Urbanização nos séculos XIX-XX: infraestrutura e sociotopografia 14h - 14h15
OCUPANDO A VÁRZEA DO TIETË - O RIO, A FERROVIA E A MARGINAL
Nádia Sohme K, Bruno De Meulder, Eliana Rosa de Queiroz Barbosa
14h15 - 14h30
A Paisagem Urbana de Niterói Através do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica: Eventos Históricos, Instalação da Infraestrutura e Ocupação do Território
Miriam Victoria Fernandez Lins, Juliana Ch ristiny Mello da Silva
14h30 - 14h45
MUITOS SUBÚRBIOS: UM MICRO OLHAR SOBRE OS TECIDOS SUBURBANOS CARIOCAS
Maria Paula Gonçalves Lysan dro de Albernaz, Rafael Mattoso, Carolina Quintanilha, Maria Clara Asterio, Rodrigo Vieira Delfino, Maria Carolina Duriez
14h45 - 15h
“DOS SUBURBIOS COLORIDOS AOS HORIZONTES MOLHADOS”: A EXPANSÃO URBANA DO RECIFE NOS ANOS 1920.
Kate Saraiva, Fernando Diniz Moreira
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2.4 História do Planejamento de Cidades
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16h - 16h15
O PLANO REGIONAL PARA O MÉDIO PARAÍBA FLUMINENSE E O PROJETO DA VILA OPERÁRIA DA COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL (CSN) DE ATTÍLIO CORRÊA LIMA
Júlio Cláudio da Gama Bentes
16h15 - 16h30
DE POVOADO A MUNICÍPIO: TRANSFORMAÇÕES SOCIOECONÔMICAS EM NILÓPOLIS (RJ)
Enderson Alceu Alves Albuquerque
16h30 - 16h45
CENTRALIDADE, SEGREGAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO INTRAURBANO NA CIDADE DE TAUBATÉ
Ademir Pereira dos Santos, Rosa Matilde Pimpão Carlos
16h45 - 17h
O PLANEJAMENTO URBANO EM CASCAVEL – PR: A FORMAÇÃO E AS INFLUÊNCIAS URBANÍSTICAS PARA CONSOLIDAÇÃO DA AVENIDA BRASIL
Fabíola Castelo de Souza Cordovil, Lissandra Guimarães Gil
20 DE SETEMBRO Auditório Manoel Maurício 2.5 Urbanização Contemporânea, Dispersão Urbana, Metropolização, Periferização e Patrimônio
14h - 14h15
PROCESSOS DE FORMAÇÃO REGIONAL NA URBANIZAÇÃO DISPERSA, NO BRASIL - DÉCADAS DE 1940 A 1980: COMO SE CONSTITUIU A MACROMETRÓPOLE PAULISTA PELA SUA RELAÇÃO COM A REGIÃO DOS VETORES PRODUTIVOS. REPRODUÇÃO DO MODELO CENTROPERIFERIA?
Jeferson Tavares
14h15 - 14h30
Mobilidade desigual: periferização e deslocamentos em Ribeirão das Neves
Marina Abreu Torres
14h30 - 14h45
METROPOLIZAÇÃO DO INTERIOR DO NORDESTE: O CASO DO CARIRI CEARENSE
Ana Paula Gurgel
14h45 - 15h
ÁREAS INDUSTRIAIS DEGRADADAS E PROCESSOS DE EQUALIFICAÇÃO: A EXPERIÊNCIA DO GRANDE ABC NA BUSCA DE UMA NOVA CENTRALIDADE REGIONAL.
Gisele Yamauchi, Andréa de Oliveira Tourinho
16h - 16h15
DE REMOÇÕES E RESISTÊNCIA URBANA: O DIREITO À CIDADE POR MEIO DO FÓRUM MUNDARÉU DA LUZ
Ingrid Rodrigues
16h15 - 16h30
Direito à moradia, sim; à cidade, não Priscila Zanon Monteiro, Isabela Borghe tti Miranda
Priscila Zanon Monteiro, Isabela Borghetti Miranda
16h30 - 16h45
Estruturas Localmente Indesejáveis e seus Impactos na Forma Urbana: Contextualização Histórica de suas Implantações na Área Central de Niterói
Nara Nastari Villela Gardel Barbosa, Miriam Victoria Fernandez Lins, Vanessa Carla Sayão Cortez
16h45 - 17h
A Cidade de Niterói: Política Urbana, Valorização do Solo e Habitação
Rafael Carv alho Drumond Pereira
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2.6 Direito à Cidade
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••• PROGRAMAÇÃO EIXO 3 REPRESENTAÇÕES, SUBJETIVIDADES E SABERES SOBRE A CIDADE •••
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18 DE SETEMBRO Auditório da Decania do CFCH 3.1 Tempo, memória, historiografia 14h - 14h15
Corpos, máquinas e explosões: a operação do Gasômetro de São Cristóvão e a utopia da cidade moderna
Bruno Amadei Machado
14h15 - 14h30
A CIDADE LATINO-AMERICANA NA EXPOSIÇÃO LATIN AMERICAN ARCHITECTURE SINCE 1945 [MOMA, 1955]
Fabiana Fernandes Paiva dos Santos
14h30 - 14h45
IMAGENS, PALAVRAS, MEMÓRIAS: O PROCESSO DE DEMOLIÇÃO COMO SUPORTE AO DISCURSO DE SALVAGUARDA (SÉ CATHEDRAL, SÃO PAULO, 1912).
Rebeca Grilo de Sousa
14h45 - 15h
ENTRE RESISTÊNCIA E RECONSTRUÇÃO, PENSAR A MEMÓRIA DA DITADURA A PARTIR DA ACADEMIA: AS EXPERIÊNCIAS ARGENTINAS DA ESCUELITA E DA PUNTO DE VISTA – REVISTA DE CULTURA.
Rebeca Lopes
16h - 16h15
Visagens do invisível: lições urbanas na obra de Italo Calvino
Leandro M V Andrade
16h15 - 16h30
Diante da poesia, diante da cidade: estilhaços da construção de Brasília na lírica de Nicolas Behr
Ramon Martins da Silva, Dilton Lopes de Almeida
16h30 - 16h45
Natureza, paisagem e cidade nos escritos de Goethe
Esdras Arraes
16h45 - 17h
“A cidade não é aquilo que se vê do Pão-de-Açúcar”. Ler a cidade com Rubem Fonseca.
Robert Moses Pechman
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3.2 Escrita, imaginação, narrativa
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19 DE SETEMBRO Auditório da Decania do CFCH 3.3 Palavra, ação, etnicidade 14h - 14h15
Kehinde: experiência, paisagem e imaginário em São Salvador colonial
Tadeu de Brito
14h15 - 14h30
CAROLINA E JOÃO NA CIDADE: O LUGAR DOS POBRES EM SÃO PAULO (1950-1970)
Ana Claudia Veiga de Castro
14h30 - 14h45
CIDADE E CULTURA EM SOBRADOS E MUCAMBOS: GÊNESE E RENDIMENTOS NA HISTÓRIA
Fernanda Areas Peixoto, Jose Tavares Correia de Lira
14h45 - 15h
“A TERCEIRA RAÇA TRISTE”: OS NEGROS EM SÃO PAULO NA OBRA DE ANTÓNIO DE ALCÂNTARA MACHADO
Diogo Barbosa Maciel
3.4 Imagem, invenção, visibilidade 16h - 16h15
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16h15 - 16h30
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O RECIFE PELO CICLO DE CINEMA, 1923 -1931
Fernando Diniz Moreira, Kate Saraiva
O Fabulador Alair Gomes - narrativas e imaginários de cidade: Eduardo Rocha Lima Rio de Janeiro, 1970
16h30 - 16h45
JANELAS NAS MEDIANERAS: ESPAÇO URBANO, SENSIBILIDADES E SOCIABILIDADES EM EL HOMBRE DE AL LADO (2009) E MEDIANERAS (2011)
Suelen Caldas de Sousa Simião
16h45 - 17h
A PRODUÇÃO DE UMA NARRATIVA VISUAL ATRAVÉS DAS LENTES DE UBATUBA DE FARIA
Thaís Menna Barreto
20 DE SETEMBRO Auditório da Decania do CFCH 3.5 Corpo, experiência, arte 14h - 14h15
Vozes da Cidade: os Artistas de Rua em Berlim
Claudia Seldin
14h15 - 14h30
OS NEGROS DO LARGO DA BANANA CANTADOS POR GERALDO FILME
Renata Siqueira
14h30 - 14h45
MÔNICA NADOR NO JARDIM MIRAM. ARTE E CULTURA COMO ESTRATÉGIAS DE RESISTÊNCIA.
Valeria Eugenia Garcia, Letícia Araújo França
14h45 - 15h
ESCRITAS URBANAS E PRODUÇÃO DE MODOS DE SUBJETIVAÇÃO NA CIDADE CONTEMPORÂNEA: UMA HISTÓRIA DO PRESENTE
Barbara Lito
16h - 16h15
A margem e o inconsciente: atravessamentos entre arte, arquitetura e psicanálise no cotidiano da cidade
Lisley Braun Toniolo, Laura Fonseca de Castro
16h15 - 16h30
SIMMEL E JAMESON: PEQUENO DIÁLOGO SOBRE A VIDA NA METRÓPOLE.
Maristela da Silv a Janjulio
16h30 - 16h45
Espaço urbano e arquitetura pela lente do mal-estar
Lais Bronstein
16h45 - 17h
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONFORTO NA CIDADE CAPITALISTA
João Paulo Mon te de Santana
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3.6 Fronteira, reflexão, humanidades
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•••• PROGRAMAÇÃO EIXO 4 PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO ••••
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18 DE SETEMBRO Auditório do NEPP 4.1 Religiosidades 14h - 14h15
Igrejas remanescentes dos Acampamentos de Obras de Brasília: história, documentação e patrimônio
Daniela Pereira Barbosa
14h15 - 14h30
CARUARU DO MONTE BOM JESUS: A SIGNIFICÂNCIA CULTURAL DA PAISAGEM DO MONTE BOM JESUS, CARUARUPE
Ana Carolina Magalhães, Joyce Caroline Gomes da Silva
14h30 - 14h45
Os Passos de Anchieta: marcas do legado dos jesuítas no litoral sul-capixaba
Eneida Maria S ouza Mendonça, Giovani Goltara
14h45 - 15h
LONJURAS: ESPAÇO SAGRADO NO MORRO DA CAPUAVA
Maíra Teixeira Pereira, Web Gabner Rodrigues
16h - 16h15
As exposições Inaugurais dos CEUs e as Memórias das Periferias Paulistanas
Elaine Aparecida Jardim
16h15 - 16h30
Os desafios do restauro público em Ouro Preto: uma anáise sobre os imóveis de valor cultural da população de baixa renda do caminho-tronco
Sarah de Paula Basílio
16h30 - 16h45
Memórias do bairro operário do Jardim Botânico e a evolução urbana do Rio de Janeiro
Luciene Carris
16h45 - 17h
PATRIMÔNIO, IDENTIDADE E MEMORIA NO SERTÃO : O CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE SENADOR POMPEU NO CEARÁ
Amanda Maria Moreira Vale, Bárbara Pontes Rodrigues , Isabelle Viana Coelho
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4.2 “Outras” memórias
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19 DE SETEMBRO Auditório do NEPP 4.3 Gestão urbana
14h - 14h15
Quando a transferência de potencial construtivo virou mercado: o caso de São Paulo
Paula Santoro, Silvio Oksman, Pedro Henrique Rezende Mendonça, Flavia Taliberti Peretto
14h15 - 14h30
O RESGATE DA MEMÓRIA E A PROTEÇÃO PATRIMONIAL NO CONTEXTO DA GLOBALIZAÇÃO DAS CIDADES
Pedro Reis da Motta Veiga
14h30 - 14h45
ESPAÇOS (CON)SENTIDOS? GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL EM MARIANA/MG
Flora Del Rei Lopes Passos
14h45 - 15h
A PAISAGEM DA BAIA DA GUANABARA: PATRIMÔNIO, SEGREGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
Evelyn Furquim Werneck Lima, Leonardo M arques de Mesentier
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4.4 Percepções
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16h - 16h15
Inhotim e Brumadinho: O contemporâneo e o pós-moderno na cidade e nos espaços de arte
Marcela Somensari Campana
16h15 - 16h30
URBAN SKETCHERS MEMÓRIA E RESSONÂNCIA NOS ESPAÇOS DA CIDADE
Paulo Tôrres
16h30 - 16h45
Desafios Contemporâneos da Significância Cultural
Davi Dornelles Rodrigues de Souza Valentim,
16h45 - 17h
FICÇÕES ARQUITETÔNICAS E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL
Caliane C. O . Almeida, Bruna Dal Agnol
20 DE SETEMBRO Auditório do NEPP 4.5 Escalas 14h - 14h15
ARQUITETURA MODERNA E PATRIMÔNIO NA MODERNIZAÇÃO DO CENTRO HISTÓRICO DO RECIFE, 1946-197
Patricia Ataíde, Fernando Diniz Moreira,
14h15 - 14h30
O PLANO DE AVENIDAS DE PRESTES MAIS NA PAISAGEM URBANA DE SÃO PAULO
Marcus Vinícius Lemos Igná cio,
14h30 - 14h45
O lugar da periferia na preservação de Brasília: como as cidadessatélites foram abordadas diante do processo de patrimonialização
Jéssica Gomes da Silva
14h45 - 15h
A DISSOLUÇAO DO HORIZONTE: PAISAGEM, MONUMENTO E PRESERVAÇÃO. BELO HORIZONTE, MG E VITÓRIA, ES (18902018)
Myriam Bahia Lopes, Diva Maria Freire Figueiredo
16h - 16h15
ATLAS “O MUNDO DESDE O FIM”: COMO CARTOGRAFAR O SERTÃO?
Natália de S ousa Moura
16h15 - 16h30
O TURISTA APRENDIZ: REFLEXÕES E NARRATIVAS DE UMA IDEIA DE PAISAGEM.
Ana Carolina Canuto Streletcki
16h30 - 16h45
Pão e padarias: São Paulo, cidade moderna
Ana Lucia Duarte Lanna
16h45 - 17h
A Singularidade de Paraty
Marcus Fiorito
SETEMBRO2018
4.6 Metodologias patrimoniais
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XVSHCU
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SETEMBRO2018
Apoio
• 179 •
XVSHCU
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