JOÃO E A LÂMPADA MÁGICA
JOÃO E A LÂMPADA MÁGICA
JOÃO E A LÂMPADA MÁGICA © EL CORTE INGLÉS, S.A. Baseado numa ideia de *S,C,P,F... Direcção artística ERRETRES Ilustrações María Simavilla (Pencil Ilustradores) Textos Ángel Domingo (Pencil Ilustradores) Tradução Carla Tavares Revisão de textos João Brito Impressão e acabamentos Dilazo, SA Depósito Legal 402137/15 Dezembro 2015 D.L.M-34873-2015
JOÃO
E A LÂMPADA MÁGICA
Para trás tinham ficado rios de águas traiçoeiras, trepadeiras venenosas, jaguares de dentes afiados e muitas outras ameaças. A tomar como certo o mapa, João estava prestes a descobrir a lendária cidade esquecida.
MAS O EXPLORADOR TINHA CONFIADO DEMAIS NA SORTE. O MAIOR DOS DESAFIOS ESTAVA AINDA POR ENFRENTAR.
COMO DE COSTUME, JOÃO NÃO DEU PELO TOQUE DA CAMPAINHA DA ESCOLA, PERDIDO QUE ESTAVA ENTRE AS MISTERIOSAS RUÍNAS. PROCURAVA A ENTRADA SECRETA PARA A SALA DO TESOURO.
ANTES, PORÉM, TERIA DE PASSAR PELO TEMÍVEL GUARDIÃO DA PORTA.
Outra vez atrasado. O que havemos de fazer contigo, João?
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Embora as suas proezas não fossem além de pescar
latas enferrujadas,
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avariar batedeiras
ou furar os pneus da bicicleta novinha em folha no único prego que havia no parque, João, ainda assim, era uma daquelas pessoas que irradiam um brilho especial.
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Durante o recreio, o pátio da escola transformava-se num imenso estádio. Avançado centro na final do Mundial. Na televisão, milhões de adeptos entoavam o seu nome em coro… Mas João tinha por hábito meter a bola na própria baliza. Haveria algo mais original que um golo na própria baliza? Ficava tudo ao contrário. Os adversários aplaudiam enquanto os companheiros de equipa vaiavam.
– Um golo é um golo, onde quer que se marque. De certeza que bateste algum recorde – tentava o avô animar o desconsolado goleador. 12
Cansado de estar sempre no banco, João decidiu treinar em casa. Aproveitou a visita que os pais faziam a uns amigos e a sesta do avô para melhorar a pontaria. Decidido a ser uma estrela do futebol, o pequeno futebolista transformou a sala de estar num estádio. O árbitro seria o avô. O apito do seu ressonar foi o sinal para bater o penálti decisivo.
JOÃO RECUOU ATÉ AO FUNDO DO CORREDOR. E TERIA RECUADO MAIS SE A PAREDE NÃO O TIVESSE TRAVADO.
TUDO DEPENDE DE JOÃO! ESTE LANCE VAI DECIDIR O DISPUTADO PROLONGAMENTO!
É O TUDO OU NADA NESTA HISTÓRICA FINAL!
QUE REMATE!
E O ESFÉRICO VOA QUE NEM UM FOGUETÃO. ALGUÉM AVISE A NASA!
...UM CHUTO MEMORÁVEL. DIRECTO AO SOL!
Ai! Melhor dizendo, directo ao candeeiro. – O que havemos de fazer contigo, João?
A sala ficou tão às escuras como o ânimo do João. - Grande sarilho - lamentou-se o avançado. Passado o susto, as figuras de porcelana fizeram troça do sucedido. A pastorinha de ar doce fez um ar de reprovação. - O que havemos de fazer contiiigo, Joãoooo? - baliram as ovelhas.
No quarto, João tomou o peso às suas poupanças e, sem pensar, espatifou o mealheiro contra o chão. Apanhou as moedas espalhadas e saiu disparado em direcção à loja. Ia comprar uma lâmpada nova.
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Os bolsos do João eram um saco sem fundo.
Pedras com formas esquisitas, berlindes lascados, piões partidos, lápis roídos, chaves de fechaduras abandonadas… E acabaram por rebentar literalmente pelas costuras.
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Qual Polegarzinho a deixar um rasto de migalhas no bosque, João foi perdendo moeda atrás de moeda, ao longo do passeio. Diante da montra da loja, sem lâmpada nem dinheiro, tinha os bolsos das calças tão esburacados como o seu próprio ânimo.
DERROTADO, VOLTOU PARA CASA. TENTAVA GANHAR TEMPO, CAMINHANDO O MAIS DEVAGAR QUE PODIA E PARANDO EM TODOS OS SEMÁFOROS VERMELHOS. OXALÁ NUNCA FICASSEM VERDES.
Deviam arranjar aquele buraco.
Hei! Espere!
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João apanhou a caixa perdida e ainda seguiu a carrinha durante alguns metros, mas era demasiado rápida para as suas pernas. O condutor também não reparou nos gestos desesperados que o rapaz desenhava no retrovisor e a carrinha acabou por desaparecer no meio do trânsito. Recuperado o fôlego, João reparou que a caixa estava aberta.
– Tal como o baú do tesouro dos piratas! – pensou.
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– Uma lâmpada! – exclamou, incrédulo.
Já em casa, João, lutando para se equilibrar, substituiu a lâmpada partida pela nova lâmpada. Era melhor não acordar o avô. Agora, só faltava livrar-se dos vidros e do acidente não restaria nenhum vestígio. Ao acender a lâmpada, a sala encheu-se de uma luz especial, mágica.
ENQUANTO RECOLHIA OS RESTOS DO DESASTRE, CHUTOU A BOLA DISTRAIDAMENTE.
TENTOU MAIS UMA, DUAS, TRÊS, QUATRO… TANTAS VEZES QUE LHES PERDEU A CONTA. E TERIA TENTADO UM MILHÃO DE VEZES SE NÃO SE TIVESSE CANSADO DE ACERTAR TODOS OS LANCES. TODOS. NÃO FALHOU UM ÚNICO.
NINGUÉM VAI ACREDITAR NISTO!
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A partir daí, muita coisa mudou na sua vida. Cada passe no jogo do recreio acabava num golo certeiro… E na baliza do adversário!
– O que faríamos sem ti, João? – animava-o agora o treinador.
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Pescou um peixe enorme, a batedeira rugiu com energia redobrada depois de a ter finalmente arranjado e a bicicleta nunca mais deixou de andar. Estava tão feliz e tudo lhe corria tão bem que parecia quase, quase, quase… magia.
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MAS, ALÉM DOS GOLOS QUE MARCAVA, ALGO IGUALMENTE EXTRAORDINÁRIO ACONTECEU TAMBÉM POR ESSES DIAS. AS PESSOAS PARECIAM DESNORTEADAS, COMO SE TODA A GENTE TIVESSE SAÍDO PARA A RUA EM PIJAMA.
TALVEZ TIVESSEM SAUDADES DO FRIO.
OU DA NEVE.
OU DAS CANÇÕES DE NATAL.
OU DAS BRINCADEIRAS.
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Ou do encontro com o Pai Natal. 35
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Durante os passeios que dava com o avô, João contava histórias incríveis e fantásticas e fazia planos para viagens impossíveis. Avô e neto partilhavam também um outro costume. Todos os anos, assistiam pontualmente ao acender das
iluminações de Natal.
Era um verdadeiro espectáculo ver as famílias reunidas, os rostos tingidos por uma felicidade colorida.
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Desta vez, porém, encontraram apenas uma multidão desiludida. E um rebuliço, um grande rebuliço. As iluminações – segundo lhes disseram – não acendiam por causa de uma lâmpada que se tinha perdido.
– Mamã! Perdeu-se o Natal? – perguntava, desconcertada, uma menina.
– Onde estará? – interrogava-se um operário.
EMBORA O SOL CONTINUASSE A ILUMINAR O CÉU, A CIDADE TINHA PERDIDO PARTE DO SEU BRILHO.
TUDO ISTO É MUITO ESTRANHO.
Toda a gente faz a mesma pergunta.
ONDE ESTÁ O NATAL?!!!!
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la! N at a s al está na minha – declarou, emocionado.
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Entre atropelos, João contou então a toda a família tudo o que tinha acontecido desde que partira a lâmpada da sala e encontrara a caixa. - O que havemos de fazer contigo, João? - provocou o irmão.
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Se devolvesse a lâmpada, assegurou João, o Natal chegaria, por fim.
– Vamos já para lá! – apressou-se o avô.
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Chegados ao destino, depararam-se com uma grande confusão.
Como príncipes em busca da sua Cinderela, operários e voluntários experimentavam uma infinidade de lâmpadas vindas de todo o lado.
Grandes e pequenas, redondas e ovais,
de todas as cores e feitios, até lâmpadas fundidas de diferentes tamanhos... Era o desespero.
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UMA FILA DE OPERÁRIOS PASSAVAM AS LÂMPADAS DE MÃO EM MÃO.
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JOÃO TROCOU UMA DELAS PELA SUA.
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Estaria certo o seu palpite? A resposta não se fez esperar. Por todo o lado soavam aplausos e assobios de admiração ao ver acesas as iluminações, enquanto avô e neto faziam, em silêncio, o caminho de volta a casa. Foi com pena que João se despediu da sorte que o acompanhara nos últimos dias. Atrás de si, os risos e as canções de Natal sobrepunham-se ao barulho do trânsito nas ruas resplandecentes.
O Natal tinha, finalmente, começado. – O que faríamos sem ti, João? – consolou-o o avô, pousando-lhe uma mão no ombro.
Ainda mal tinha dado os primeiros passos quando reparou, deslumbrado, que a nova lâmpada que levava nas mãos estava acesa.
Como era possível? Não estava ligada à electricidade!
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Um tímido floco de neve acariciou o nariz de João. O seu olhar iluminou-se de novo. – João – sussurrou-lhe o avô – lembra-te sempre que… O Natal começa em ti.
...o Natal comeรงa em ti.
GOSTAMOS DO NATAL
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FELIZ NATAL 2015!