AS GRANDES VITÓRIAS AS DERROTAS HISTÓRICAS OS HERÓIS DA SELEÇÃO AS PROMESSAS PARA 2014 “NÃO VAI TER COPA” E MUITO MAIS
ALMANAQUE
Em Tempos de Copa Uma volta na história das copas do mundo com os momentos mais marcantes da Seleção Brasileira - FUNDAÇÃO ETC -
ETC - Em Tempos De Copa Fundação ETC - Esporte Também É Cultura Editora-Chefe: Barbara Elmor Editores Executivos: Carol Borges e Rodrigo Athayde Diagramação: Carol Borges, Luis Eduardo e Rodrigo Athayde Design: Barbara Elmor, Carol Borges, Icaro Bagolan, Luis Eduardo, Miguel Rabello e Rodrigo Athayde Reportagem: Barbara Elmor, Carol Borges, Icaro Bagolan, Luis Eduardo, Miguel Rabello, Rodrigo Dantas e Rodrigo Athayde Marketing: Icaro Bagolan, Miguel Rabello e Rodrigo Athayde Junho/2014
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EM TEMPOS DE COPA
A Fundação ETC - Esporte Também É Cultura trabalha há mais de 50 anos pesquisando e compartilhando a importância da história do esporte não só no Brasil como no mundo todo. Em 1950, quando o Brasil recebeu pela primeira vez a Copa do Mundo em casa, a ETC comemorou o lançamento de seu primeiro almanauqe, Em Tempos De Copa, para desmistificar a competição e explicar um pouco da relação do Brasil com o futebol. Ao longo dos anos, nosso almanaque mudou um pouco de forma, mas manteve-se fiel a essência da fundação: valorizar a vasta história que o esporte tem para contar. Atualmente, de quatro em quatro anos, nosso principal objetivo é fazer uma homenagem ao país-sede da competição e comentar a participações dele ao longo das Copas. Por isso, estamos felizes em lançar uma edição dedicada ao Brasil, que dá novamente as boas vindas à competição - embora estejamos pagando um preço caro por isso. Nesta edição, você vai encontrar relatos sobre as cinco grandes vitórias do Brasil na competição, comentários acerca das derrotas mais lamentáveis, as expectativas para esse ano, os problemas que o país está enfrentando para sediar o evento, e muito mais. Este almanaque pretende ser uma caixa de lembranças do longo romance entre o Brasil e o futebol, com os melhores e os mais sofridos momentos, e esperamos ter honrado essa nobre relação. Equipe ETC
ÍNDICE
Linha do tempo das Copas 2 Capitães Campeões 3 Copa de 1950 4 Copa de 1958 6 Copa de 1962 8 Copa de 1970 10 Copa de 1982 12 Copa de 1994 14 Copa de 1998 16 Copa de 2002 18 Expectativas para 2014 20 O país em 2014 22 As seleções perigosas 24 Tabela da competição 26
Despedida 28
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A COPA NA LINHA País-sede: Uruguai. Campeão: Uruguai.
País-sede: Itália. Campeão: Itália.
País-sede: França. Campeão: Itália.
1930
1934
1938
País-sede: Suécia. Campeão: Brasil. “A taça é nossa!”
1958
País-sede: Inglaterra. Campeão: Inglaterra.
1962
País-sede: México. Campeão: Brasil. “Foi a vitória do futebol arte sobre o futebol força.”
1970
1966
País-sede: Espanha. Campeão: Itália.
País-sede: Argentina. Campeão: Argentina.
País-sede: Alemanha. Campeão: Alemanha.
1974
1978
1982 País-sede: México. Campeão: Argentina.
País-sede: Itália. Campeão: Alemanha.
1986
2º Guerra Mundial.
1950
1954
País-sede: Chile. Campeão: Brasil. “De que planeta veio Garrincha?”
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País-sede: Brasil. Campeão: Uruguai.
País-sede: Suíça. Campeão: Alemanha.
País-sede: Estados Unidos. Campeão: Brasil. “É Tetra!”
1994
1990
País-sede: Coréia do Sul e Japão. Campeão: Brasil. “Penta!”
País-sede: França. Campeão: França.
2002
1998
País-sede: Alemanha. Campeão: Itália.
País-sede: Espanha. Campeão: África do Sul.
2006
2010
2014
QUEM FORAM OS
CAPITÃES CAMPEÕES Um pouco sobre os guerreiros que levaram o Brasil a cada um dos títulos
1970 – Carlos Alberto
Carlos Alberto Torres nasceu em 17 de julho de 1944 e era lateral direito. Aos 26 anos conduziu o Brasil ao tricampeonato na México e é considerado até hoje um dos melhores laterias direitos da história, inclusive pela FIFA. Depois que parou de jogar, foi treinador de diversos clubes cariocas e então iniciou sua carreira política.
1958 – Bellini
Hiberaldo Luiz Bellini nasceu em 7 de junho de 1930 e era zagueiro. Aos 28 anos, foi o capitão da seleção em seu primeiro título na Copa, sediada na Suécia. Ele eternizou um famoso gesto ao erguer a taça após a vitória na final, disputada contra a seleção do próprio país-sede. Desde então, todo os capitães campeões da Copa repetem o gesto.
1994 – dunga
Carlos Caetano Bledorn Verri nasceu em 31 de outubro de 1963 e era volante. Aos 31 anos liderou a seleção na conquista de seu quarto título, nos Estados Unidos, e também participou como capitão da Copa de 1998. Entre 2006 e2010, exerceu a função de técnico da Seleção Brasileira, ganhando a Copa América de 2007 e a Copa das Confederações de 2009.
1962 – MAURO
Mauro Ramos de Oliveira nasceu em 30 de agosto de 1930 e era zagueiro. Aos 32 anos, foi o capitão que levou o Brasil a sua segunda vitória na Copa, dessa vez sediada no Chile. Mauro recebeu o apelido de Martha Rocha, em homenagem à Miss Brasil da época, graças a sua característica elegância dentro de fora de campo.
2002 – Cafu
Marcos Evangelista de Moraes nasceu em 7 de junho de 1970 e era lateral direito. Aos 32 anos, foi o capitão do Brasil na conquista do penta. Ele também participou das Copas de 1994, 1998 e 2006. É o jogador que mais atuou pela seleção (150 partidas), também em Copas do Mundo (20 partidas), com mais vitórias (14) e finais (3) na competição.
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1950 Um Maracanã em Silêncio
Para a geração nascida após 1990, talvez seja difícil imaginar o Maracanã dos tempos de Zico e Roberto Dinamite, para citar apenas uma das eras áureas do estádio, quando o público facilmente superava a marca de 100.000 espectadores, e as torcidas realizavam um verdadeiro espetáculo todo domingo neste templo do futebol mundial. Mas até mesmo quem tem lembranças dessa época não conseguiria acreditar que o gigante poderia receber mais de 199.000 pessoas em um único jogo e ainda assim vivenciar um “silêncio ensurdecedor”, para citar o ilustre Nélson Rodrigues. E foi exatamente o que aconteceu no momento em que Schiaffino empatou para o Uruguai, abrindo o caminho para a virada, com gol de Ghiggia, naquele fatídico 16 de julho, deixando cada brasileiro presente na arquibancada e os outros tantos milhões escutando pelo rádio incrédulos. Até porque o clima que precedeu este último jogo do quadrangular decisivo – não houve finalíssima nesta quarta edição do mundial – fosse talvez o maior “já ganhou” da história das copas. O Brasil vencia categoricamente seus adversários, e só precisava de um simples empate para erguer a taça pela primeira vez, levando
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cartolas e jornalistas da época a garantirem a vitória. Vários jogadores já chegaram a admitir que sequer pensavam no empate. A euforia de um país que buscava se afirmar no cenário internacional não nos permitiu reconhecer que do outro lado do campo estaria um adversário duríssimo, rival sul-americano e uma verdadeira potência do futebol mundial à época. No esporte, assim como na história das nações, costumamos usar de estatísticas, parábolas e paralelos para criar narrativas sobre o passado e prever resultados futuros. Até 2010 éramos o único país a vencer a copa em continente estrangeiro. Agora a Espanha já obtém essa façanha. O Brasil permanece o único dos oito países campeões do mundo a perder uma final em casa. Na maior casa que o futebol já viu. Poderíamos citar um relato de 1950 e dizer que a maior demonstração pública durante o torneio foi a de motoristas a caminho do Maracanã e que, parados no trânsito, desesperados com a possibilidade de perder o começo do jogo, abandonavam seus carros na avenida e seguiam a pé até o estádio. Desta vez a história nas ruas deve ser diferente. Quem sabe em campo, também.
Em pé: Barbosa Juvenal Augusto Bauer Danilo Alvim Friaça Agachados: Bigode Chico Zizinho Jair Rosa Pinto Ademir Menezes
A campanha da seleção: 24/6 - Brasil 4 x 0 México 28/6 - Brasil 2 x 2 Suíça 01/7 - Brasil 2 x 0 Iugoslávia 09/7 - Brasil 7 x 1 Suécia 13/7 - Brasil 6 x 1 Espanha 16/7 - Brasil 1 x 2 Uruguai Posição final: 2º lugar
O Vilão da Copa: Alcides Ghiggia foi o jogador responsável por fazer o segundo gol contra o Brasil, aos 34s. do segundo tempo.
Enquanto isso no Brasil... - A companhia cinematográfica produzia seusprimeiros filmes, incluindo dois documentá-rios dirigidos por Lima Barreto. - Carlos Lacerda, então deputado federal, queria que o Estádio Municipal fosse construído em Jacarepaguá. Uma enquete do Jornal dos Sports, de Mário Filho, ajudou a convencer a opinião pública sobre a construção no bairro do Maracanã. - Os primeiros Fuscas chegam ao Brasil, importados da Alemanha. Produção nacional iniciaria em 1959, e o Fusca se tornaria líder de vendas por 24 anos consecutivos.
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1958 A Taça do Mundo é nossa
Na sua 6ª edição, a Copa do Mundo começava a tomar os moldes da competição que hoje comanda a atenção de bilhões de espectadores pelo globo afora.Inovações tecnológicas permitiram que grande parte das seleções utilizasse transporte aéreo para chegar ao país-sede pela primeira vez, e a televisão já começava a transmitir o evento, ainda que de forma embrionária – algumas partidas eram televisionadas ao vivo para países da Europa, com a retransmissão no Brasil tendo que esperar cerca de três dias, sendo feita através do sistema de videoteipe. Alguns avanços também poderiam ser notados nos preparativos das delegações, como escolhas de sedes de treinamentos e uma maior atenção dada ao condicionamento físico dos atletas. E no início de 1958, João Havelange, recém-eleito presidente da CBF, decidiu apostar em um planejamento e nomeou Paulo Machado de Carvalho para o comando desta missão. E, poucos meses o “doutor Paulo” montou a sua comissão, que incluiu algumas grandes novidades para a época: um dentista e um psicólogo, visando assim um cuidado abrangente que cuidasse de todos os detalhes, deixando assim que nossos craques voltassem todas as suas aten-
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ções somente para o gramado. Grande parte dos dirigentes e até mesmo da imprensa acreditava até então que tínhamos talento suficiente para vencer, mas que os nossos craques eram pouco confiáveis na hora da decisão. A montagem de uma comissão técnica e médica completa anunciava que o profissionalismo havia chegado para substituir de vez o amadorismo que reinava na seleção (fato que pode ser claramente contestado em copas futuras). Mas foi exatamente o psicólogo João Carvalhes que quase impediu que o mundo testemunhasse o nascimento de duas lendas do futebol: para ele, Pelé e Garrincha não tinham condições de suportar a pressão do torneio. Por sorte, nem o doutor Paulo nem o técnico Vicente Feola deram muita atenção às avaliações, e a dupla estreou no 3º jogo da fase de grupos. A parceria deles com Didi, Vavá e Zagallo já se comprovaria acertada nos primeiros minutos da vitória por 2 a 0 contra a União Soviética, com um chute na trave de Garrincha e outro no travessão, de Pelé. A vitória sobre os anfitriões na final foi a coroação do time que inaugurou a mais vitoriosa trajetória de uma seleção no futebol mundial. Enfim, a taça do mundo era nossa.
Em pé: Djalma Santos Zito Bellini Nílton Santos Orlando Gilmar Agachados: Garrincha Didi Pelé Vavá Zagallo
A campanha da seleção: 08/6 11/6 15/6 19/6 24/6 29/6 -
Brasil 3x0 Áustria Brasil 0x0 Inglaterra Brasil 2x0 União Soviética Brasil 1x0 País de Gales Brasil 5x2 França Brasil 5x2 Suécia
Posição final: 1º lugar
O Herói da Copa: Capitão da seleção, Bellini inovou na comemoração levantando a taça sobre a cabeça, gesto repetido até hoje.
Enquanto isso no Brasil... - A TV começava a ganhar os lares. O evento de maior audiência no ano era a eleição da Miss Brasil, que era realizada no RJ pela 1ª vez com cobertura da TV Tupi. - Era lançado o 1º disco da bossa nova, um compacto simples (78 rpm) de Chega de Saudade, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, interpretado por João Gilberto. - Começava a ruir a aliança entre o PSD, do presidente Juscelino Kubitschek, e do PTB,que defendia políticas nacionalistas, iniciando uma polarização na política nacional.
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1962
A Continuação do Sucesso Se a conquista do bicampeonato pela seleção brasileira na copa do Chile em 1962 parece uma continuação lógica do sucesso obtido pelo escrete de 1958, o triunfo talvez só tenha sido possível graças a algumas trocas de papeis dos seus integrantes, assim como boas doses de malandragem. Apesar do favoritismo, e dos preparativos que seguiram à risca a receita vitoriosa de 58, o Brasil chegou ao último jogo da fase de grupos encarando uma situação um complicada: um confronto com a Espanha, que tinha um elenco igualmente recheado de astros, em que o perdedor estaria fora da próxima fase. Para complicar ainda mais, Pelé havia se machucado ainda no primeiro tempo do segundo jogo, e a atuação de Garrincha até então era bastante apática. Em um episódio no segundo tempo, quando tudo parecia perdido, a malandragem do Brasil apareceu e despertou o time brasileiro. A Espanha vencia o jogo por 1 a 0. Nílton Santos, lateral habilidoso, daqueles que não gostavam de dar bico nos adversários, e muito menos na bola, derruba o espanhol Collar dentro da área. “A Enciclopédia”, como Nílton era conhecido, levanta os braços e dá dois passos pra frente, incitando o árbitro chileno
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a marcar a falta fora da área. Minutos depois a virada começaria com um gol de cabeça de Amarildo, o substituto de Pelé, e seria selada com outro gol de cabeça dele, após jogada característica de Garrincha, que driblou três espanhóis e levou para a linha de fundo. Garrincha era outro que desempenharia um novo papel: reconhecido mundialmente pelas suas firulas e magia com a bola, ele agora seria o protagonista na seleção, carregando o Brasil ao título com um repertório que ninguém imaginava que lhe pertencesse: gol de cabeça, cobrança de falta, se deslocando pelo campo, Garrincha se transformava no grande nome do torneio. A trajetória de 1962 foi mais difícil do que se pensava, e poderia ter sido mais espinhosa ainda não fosse por outra dose de malandragem, dessa vez dos cartolas brasileiros, que conseguiram reverter a suspensão de Mané, expulso na semifinal, para que este pudesse jogar a decisão. A manobra incluiu um sumiço providencial do árbitro uruguaio, antes que ele pudesse dar seu depoimento à FIFA. No fim, Brasil 3 a 1, e Mauro repetia o gesto imortalizado por Bellini quatro anos antes, erguendo a taça Jules Rimet para que o mundo todo a pudesse ver.
Em pé: Djalma Santos Zito Gilmar Zózimo Nilton Santos Mauro Agachados: Garrincha Didi Vavá Amarildo Zagallo
A campanha da seleção: 30/5 02/6 06/6 10/6 03/6 17/6 -
Brasil 2x0 México Brasil 0x0 Checoslováquia Brasil 2x1 Espanha Brasil 3x1 Inglaterra Brasil 4x2 Chile Brasil 3x1 Checoslováquia
Posição final: 1º lugar
O Herói da copa: Garrincha foi o principal jogador da seleção de 62. Recebeu o prêmio Bola de Ouro e fez parte do Time das Estrelas, organizado pela FIFA.
Enquanto isso no Brasil... - O romance entre Elza Soares e Garrincha se tornou público durante aCopa. Por ele ser casado, Elza chegou a ser chamada de “destruidora da família brasileira”, e até uma passeata chegou a ser realizada contra a cantora. - Vários artistas da bossa nova se apresentam no Carnegie Hall, em NovaYork, introduzindo o novo ritmo e a canção Garota de Ipanema ao mundo. - O cinema brasileiro tem o seu 1º nu frontal: a atriz Norma Bengell se apresenta nua em uma praia em cena de Os Cafajestes, de Ruy Guerra. - O Brasil leva seu 1º e até hoje único Palma de Ouro, com o filme O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte.
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1970
A melhor seleção de todas
Quando Saldanha, em 1969, foi convidado pela quinta vez para assumir a Seleção, afirmou que sabia que teria de lidar com calúnia, perfídia e intriga. Ainda assim, quis topar a parada, em suas palavras. Teria a missão de devolver a alegria à nossa seleção. Devolver a alegria porque esta havia sumido, ou, pelo menos, se escondido após o vexame de 1966. Como podia um time com Pelé, Garrincha, Jairzinho, Gérson, Tostão e tantos outros ser eliminado na primeira fase? A desconfiança se instalou na seleção e não saía. João Saldanha foi um dos críticos mais ferrenhos das comissões técnicas que passaram pela seleção após a copa de 1966. E, após tantas críticas, foi novamente convidado a assumir o time. Aceitou, dizendo: “Todos os brasileiros têm o seu time, eu tinha o meu, como brasileiro. Escalei o meu time”. Mas a época era sombria, e a frase proferida por um de seus desafetos, o treinador Yustrich, profetizava o que viria a acontecer: “O Exército pode até intervir na Seleção”. João, que transformara uma Seleção abala-
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da nas “feras do Saldanha”, foi demitido sem maiores explicações por parte do presidente da CBD, João Havelange. Para o seu lugar foi escolhido Zagalo. É dito ainda hoje que Saldanha foi demitido por não querer convocar Dario, nome pedido pelo presidente Médici. Também se fala que a causa da demissão foi um confronto com Yustrich, do qual disseram haver envolvimento até de arma de fogo – o que nunca ficou provado. Há também quem relate que na verdade o problema foi a barracão de Pelé, que rendia dinheiro demais à CBD para ficar de fora do banco de reservas. Qualquer que tenha sido o real motivo, percebe-se que Saldanha previu, ao assumir, a calúnia, perfídia e intriga de que seria vítima. O que se deu em seguida foi o título da copa, com o time do Saldanha, só que com Zagalo no banco. Esse time é, até hoje, aclamado como a “melhor Seleção de todos os tempos”.
Em pé: Carlos Alberto Felix Piazza Brito Clodoaldo Agachados: Everaldo Jairzinho Gérson Tostão Pelé Rivellino
A campanha da seleção: 03/6 - Brasil 4x1 Tchecoslováquia 07/6 - Brasil 1x0 Inglaterra 10/6 - Brasil 3x2 Romênia 14/6 - Brasil 4x2 Peru 17/6 - Brasil 3x1 Uruguai 21/6 - Brasil 4x1 Itália Posição final: 1º lugar
O Herói da Copa: Pelé comandou o Brasil na melhor campanha. Ele também conquistou a Bola de Ouro e fez parte do Time das Estrelas.
Enquanto isso no Brasil... - Apesar da repressão da época, jovens assimilavam cada vez mais as expressões da contracultura. O musical Hair faz temporadas de sucesso em São Paulo e no Rio. - A resistência ao regime militar se tornava mais violenta e o governo cria o DOI-CODI, que seria responsável pela prisão, tortura e morte de centenas de pessoas. - A Copa do Mundo era finalmente transmitida ao vivo pela TV brasileira, mesmo que apenas para cerca de cem cidades das regiões Sul e Sudeste, além de Brasília, Recife e Salvador.
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1982
Quando o futebol-arte não reinou
O cenário estava armado para a consagração do futebol-arte brasileiro. Nas Eliminatórias para a Copa, constantes vitórias como o expressivo 5x0 sobre a Venezuela traziam confiança. No ano de 1981, em excursão pela Europa, o Brasil derrotou as seleções da Inglaterra, da França e da Alemanha Ocidental. Os resultados espantavam as dúvidas restantes e apontavam de vez o Brasil como favorito, mais uma vez, ao título da Copa. Livre das críticas excessivas e das vaias que chegou a receber durante a preparação, a Seleção pôde desenvolver seu futebol. E quando o fez, conseguiu apresentações deslumbrantes. Telê Santana, treinador da Seleção, surpreendentemente não convocou nenhum ponta – o que se tornaria uma tendência a partir de então. Seu time tinha a segurança da posse de bola e a genialidade de craques como Zico e Sócrates. Em todas as partidas disputadas pelo Brasil, um dos dois marcou. O goleiro Waldir Peres quase não teve trabalho durante a fase de grupos. Nas quartas de final, disputadas em um triangular, o Brasil enfrentaria Argentina e
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Itália – ambas já campeãs mundiais anteriormente. A vitória por 3x1 sobre a Argentina elevaria ainda mais a moral da Seleção para o confronto seguinte, com os italianos. O cenário para o segundo jogo do triangular remontava o da final de 1950: o excessivo otimismo contra um time que, embora viesse desacreditado, era bicampeão mundial. Até a vantagem do empate para o Brasil se repetia. Também contribuía para o otimismo brasileiro o fato de que o atacante Paolo Rossi, principal jogador italiano, sequer havia marcado no torneio. O jogo foi vencido pela Itália por 3x2, com três gols de Paolo Rossi, e a decepção com o resultado também é similar à de 1950. A partir desse jogo, muito mudaria no futebol mundial, especialmente no brasileiro. A Itália foi tricampeã, igualando, à época, o Brasil. O saldo foi a queda do futebol-arte em prol dos resultados.
Em pé: Valdir Peres Oscar Leandro Falcão Luisinho Júnior Agachados: Dirceu Sócrates Serginho Zico Éder
A campanha da seleção: 14/6 - Brasil 2x1 URSS 18/6 - Brasil 4x1 Escócia 23/6 - Brasil 4x0 Nova Zelândia 02/7 - Brasil 3x1 Argentina 05/7 - Brasil 2x3 Itália Posição Final: 5º lugar
O Vilão da Copa: Rossi, atacante italiano, fez 3 gols no jogo que eliminou o Brasil da Copa de 82.
Enquanto isso no Brasil... - São realizadas as primeiras eleições diretas para governador, prefeito e cargos legislativos após o golpe militar, abrindo o caminho para o movimento Diretas Já e a redemocratização. - É inaugurada a usina de Itaipú, ainda hoje a maior usina geradora de energia no mundo. Porém, ao fechar as eclusas de sua barragem, inunda-se também as cachoeiras de Sete Quedas, umas das mais fascinantes formações naturais do planeta. - O cinema brasileiro alcança a participação de 35% dos ingressos vendidos no país. O maior sucesso do ano é Os Trapalhões na Serra Pelada.
- O rock nacional começa a se consolidar, com as estreias de Barão Vermelho, Blitz e Os Paralamas do Sucesso.
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1994 É Tetra! É Tetra!
Após vinte e quatro anos de tentativas frustradas ao tetracampeonato, a seleção brasileira, enfim, alcança a redenção. A equipe canarinha, chefiada por Carlos Alberto Parreira e Zagallo, contava com alguns personagens que, posteriormente, seriam fundamentais na conquista do quarto título, como o goleiro Taffarel e a dupla de ataque Romário e Bebeto. Para o time brasileiro a tarefa não foi fácil. Ao chegar às oitavas, teve a missão de derrotar o anfitrião da festa, os Estados Unidos, que estava praticamente sendo “empurrado’ por sua enorme torcida que lotava os estádios (média de 65000 a 70000 pessoas por jogo. Recorde de público das Copas até hoje). Com um gol de Bebeto, o Brasil avançou. Logo a seguir, o adversário foi a perigosa Holanda de Bergkamp. Depois da histórica “saída da frente” de Romário no chute de Branco, deu Brasil por 3x2. O jogo da semi-final foi dramático. Os times posicionados de forma defensiva não permitiam as finalizações, e as poucas que existiram foram mal aproveitadas. A partida caminhava para um final ainda mais tenso,
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como uma espécie de presságio do que iria ser a grande final; até que aos oitenta minutos, o baixinho Romário sobe sozinho na área sueca e cabeceia para o chão: Brasil na final. Como toda a Copa, a final foi tensa. Era a primeira vez em que duas seleções disputariam a hegemonia por títulos mundiais. Os dois países tri campeões disputaram uma partida na qual o futebol compacto e objetivo prevaleceu. O jogo era fechado, recheado de bolas aéreas e parecia caminhar para o mesmo desfecho da partida contra a Suécia. A prorrogação foi iniciada com as mesmas dificuldades do tempo regular, o empate foi mantido e a decisão foi encaminhada para a primeira disputa por pênaltis de uma final de Copa do Mundo. Nesse cenário, surge um ídolo: Taffarel. O goleiro brasileiro se agigantou entre as balizas e defendeu o primeiro pênalti cobrado pela Itália. Por fim, R. Baggio, o melhor batedor de bola parada naquele momento, determina a conquista do tetra brasileiro com uma cobrança para fora. Era o fim para a Itália, e um recomeço de vitórias para o Brasil depois de um longo jejum.
Em pé: Ricardo Rocha Taffarel Mauro Silva Márcio Santos Leonardo Jorginho Agachados: Raí Romário Bebeto Dunga Zinho
A campanha da seleção: 20/6: - Brasil 2 x 0 Rússia 24/6 - Brasil 3 x 0 Camarões 28/6 - Brasil 1 x 1 Suécia 04/7 - Brasil 1 x 0 EUA 09/7 - Brasil 3 x 2 Holanda 13/7 - Brasil 1 x 0 Suécia 17/7 - Brasil 0(3) x( 2)0 Itália Posição Final: 1º Lugar
O Vilão da Copa: Taffarel, goleiro do Brasil, fechou o gol na disputa de pênaltis na final contra a Itália.
Enquanto isso no Brasil... - O Brasil perde seu maior ídolo esportivo fora do futebol: o tricampeão de Fórmula 1 Ayrton Senna morre ao se chocar com o muro da curva Tamburello, no circuito de Ímola.
- Na sexta tentativa de um plano econômico o
período pós-ditadura, é implementado o Plano Real, que finalmente parece obter efeitos na redução da hiperinflação. - Pouco a pouco, a democracia se estabiliza com a realização da segunda eleição direta para presidente e a quarta consecutiva para governadores. - Com a abertura para produtos importados, de 1990, os carros estrangeiros ganhavam cada vez mais popularidade. O Fiat Tipo, chega a desbancar o Gol como líder de vendas.
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1998 Um Carrasco Eterno
O Brasil, campeão, não disputou as Eliminatórias. Portanto, pôde priorizar as outras competições que disputaria: Olimpíadas, Copa América e Copa das Confederações. Zagalo, substituto de Parreira após o título de 1994, tinha como meta a conquista do primeiro ouro olímpico para o futebol brasileiro. Na primeira convocação de 1995, porém, Romário abandonou o grupo da seleção para treinar com o Flamengo, com o qual acabara de fechar. Após a perda, nos pênaltis, da Copa América do mesmo ano, também ocorreram conflitos com Taffarel, que foi acusado pelo então presidente Ricardo Teixeira de falhar no gol de empate uruguaio. O goleiro, então, anunciou que não jogaria mais pela seleção – decisão da qual voltaria atrás às vésperas da Copa. Nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996, novo fracasso: o Brasil foi eliminado nas semifinais pela Nigéria. Embora tenha levado o bronze após golear Portugal por 5x0, alguns atletas se recusaram a receber a medalha, e as dúvidas que cercavam a Seleção se intensificavam – e se justificavam.
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As duas competições restantes antes do mundial passavam a trazer grande responsabilidade: a Copa América e a Copa das Confederações, ambas em 1997. A conquista da Copa América aliviou a pressão sobre Zagalo, que se saiu com a famosa frase “Vocês vão ter que me engolir!”. A Copa das Confederações foi também vencida pelo Brasil, com uma goleada de 6x0 sobre a Austrália na final, com 3 gols de Ronaldo e 3 de Romário, de volta à seleção. Com a seleção já convocada para a Copa, Edmundo ia frequentemente à imprensa falar mal dos colegas. Romário foi cortado devido a uma lesão. O grupo, mesmo sofrendo com essa espécie de conflitos internos, conseguiu chegar à final, aos trancos e barrancos. E sofreu uma acachapante derrota por 3x0 da França, dona da casa. Muitos atribuem essa derrota à convulsão sofrida por Ronaldo na véspera, e alguns elaboram teorias da conspiração que falam em compra de resultados. Mas o fato é que perdemos. Nas palavras do próprio Ronaldo: “Perdemos porque a França fez três gols e nós, nenhum”.
Em Pé: Taffarel C. Sampaio Rivaldo Aldair Jr. Baiano Cafú Agachados: Ronaldo Roberto Carlos Leonardo Bebeto Dunga
A campanha da seleção: 10/6 - Brasil 2 x 1 Escócia 16/6 - Brasil 3 x 0 Marrocos 23/6 - Brasil 1 x 2 Noruega 27/6 - Brasil 4 x 1 Chile 03/7 - Brasil 3 x 2 Dinamarca 07/7 - Brasil 1(4)x(2)1 Holanda 12 /7 - Brasil 0 x 3 França Posição final: 2º lugar
O Vilão da Copa: Zidane, craque francês, meteu os dois primeiros gols da França na final contra o Brasil
Enquanto isso no Brasil... - A Lei Pelé, que estabelece novas regras para o esporte no país, entre elas as que estabelecem direitos do consumidor para torcedores, é sancionada. - O presidente Fernando Henrique Cardoso é reeleito ainda no primeiro turno, tornando-se o primeiro presidente a se reeleger na história do país. - O ex-policial militar Marcos Aurélio Dias de Alcântara é condenado a 204 anos de prisão pela justiça do Rio de Janeiro por ter participado da Chacina da Candelária de 1993 - Ano de luto para a música brasileira: morre o síndico Tim Maia, o boêmio Nelson Gonçalves e o sertanejo Leandro.
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2002 A Família Scolari
Dúvidas. Contusões. Desconfiança. Muitas eram as questões que assombravam o imaginário do torcedor brasileiro naqueles meses antecedentes à copa. Ronaldo, maior estrela e esperança brasileira, estava desacreditado perante a opinião pública, e constantemente era alvo de piadas que na maior parte questionavam o seu rendimento físico entre as quatro linhas em conseqüência de dois anos de inatividade profissional e constante fisioterapia. Nessa atmosfera de incertezas, a seleção embarca para o extremo oriente em busca de seu pentacampeonato mundial. A edição de 2002 foi desenvolvida a partir de um projeto binacional: Coréia- Japão; e contava com 20 cidades divididas igualmente entre os dois países. A maneira organizada e eficiente das pequenas nações asiáticas impressionou o mundo ao desafiar as próprias dimensões físicas para suportar um evento gigantesco como a Copa do Mundo. Ao desembarcar no Japão, a delegação de Luiz Felipe Scolari é recebida pela imprensa local como uma das grandes favoritas ao título, apesar da descrença geral. Em um campeonato marcado por um estilo de jogo dinâmico e compacto, a equipe brasileira foi
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objetiva a cada jogo da competição, e soube a aproveitar as chances de gol. Ao resistir à fase eliminatória, o time tetracampeão se deparou nas quartas-de-final, com a forte Inglaterra. A seleção de Beckham, Scholes e Owen foi uma grande pedra na chuteira brasileira. Porém, a genialidade de Ronaldinho Gaúcho foi decisiva para a continuidade do Brasil na competição. Primeiro, deu assistência para Rivaldo empatar - Owen, por falha do zagueiro Lúcio, havia aberto o placar para a Inglaterra - e depois em cobrança de falta espetacular, o Gaúcho surpreendeu meio mundo e virou o jogo para a seleção brasileira. Na semi, o jogo foi muito duro contra a supresa da competição. A Turquia fazia uma partida equilibrada, mas um chute de biquinho do Fenômeno colocou o Brasil na final. A decisão foi um passeio brasileiro pela Alemanha da “muralha” Oliver Kahn – goleiro eleito melhor jogador da Copa antes mesmo da final. Merecidamente, a equipe consagra-se campeã, com direito a cambalhota de Vampeta na rampa do Planalto.
Em pé: Edmilson Lúcio Gilberto Silva Roque Júnior Marcos Cafú Agachados: Ronaldinho G. Ronaldo Roberto Carlos Rivaldo Kléberson
A campanha da seleção 03/6 - Brasil 2 x 1 Turquia 08/6 - Brasil 4 x 0 China 13/6 - Brasil 5 x 2 Costa Rica 17/6 - Brasil 2 x 0 Bélgica 21/6 - Brasil 2 x 1 Inglaterra 26/6 - Brasil 1 x 0 Turquia 30/6 - Brasil 2 x 0 Alemanha Posição final: 1º lugar
O Craque da Copa Ronaldo Fenômeno foi o artilheiro da Copa com 7 gols, inclusive 2 na final.
Enquanto isso no Brasil... - Em sua quarta tentativa, Luís Inácio Lula da Silva é eleito presidente, sendo o primeiro presidente eleito de origem popular e de pertencer a um partido de esquerda. - Cidade de Deus, possivelmente o filme brasileiro de maior sucesso no exterior até os dias de hoje, estreia no país. O filme viria a receber quatro indicações ao Oscar de 2004.
- O crime atinge celebridades e choca o país:
o jornalista Tim Lopes é sequestrado e assassinado brutalmente por traficantes, enquanto o publicitário Washington Olivetto é mantido em cativeiro por 53 dias.
- O ano marca a despedida de Chico Xavier,
maior divulgador do espiritismo no Brasil.
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EXPECTATIVAS Como andam os preparativos da torcida para receber a renovada Seleção Brasileira
Depois de voltar da África do Sul, em 2010, sem o hexa, a palavra que melhor pode descrever a seleção é renovação. De lá pra cá, muito se experimentou e modificou na estruturação da equipe: saiu do comando Dunga e entrou Mano Menezes, e com isso, além das diferentes formas de administrar o time, nomes como Ganso, Neymar e outros “queridinhos” da torcida apareceram em convocações. Porém, não foi suficiente para a permanência de Mano. Em novembro 2012, Luiz Felipe Scolari é chamado para ser técnico da seleção brasileira.
Confederações de 2013. Uma final com gols de Fred e Neymar contra a Espanha – considerada pela FIFA a melhor seleção do mundo –, dentro do Maracanã e resultando em vitória e conquista de título não podia consagrar Felipão de forma melhor.
E é assim que ele inicia o ano da copa: nas graças do público e com status de favorito. Sem as divergências de pensamento como foi em 2002 (todos pediam a convocação de Romário, mas Felipão não atendeu aos pedidos, o que gerou certa birra entre torcedores e técnico – logo esque O último técnico campeão chegou cida com a conquista do penta), ele tem o para organizar a casa e renovar as esperan- total apoio e credibilidade dos torcedores. ças do torcedor brasileiro. Após sete meses O sentimento, sem dúvida, é de expectativa. Reviver os momentos de alegria de 2002 é o sob seu comando, a seleção, mais uma vez renovada e agora mais confiante e segura que configura o pensamento do brasileiro apaixonado por futebol. dentro de campo, conquista a Copa das
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OS JOGADORES FAVORITOS Quem também está com crédito é o grupo de preferidos eleito pelo técnico. Desde o início, Scolari deixou claro os jogadores que tinham lugar quase que certo em sua equipe para a Copa. Nomes como Fred, Neymar, Thiago Silva, David Luiz e Julio César são escalados constantemente e têm tudo para fazer o sonho do hexa se concretizar. Abaixo, um raio-x desses jogadores-protagonistas.
Fred
Atacante do Fluminense, se vê frequentemente afastado de campo por estar lesionado. Mas isso não impediu que Felipão sempre desejasse o jogador em seu time. Com a camisa da seleção, Fred faz a diferença no jogo. Com 5 gols, ele foi o artilheiro e também recebeu o prêmio Chuteira de Prata da Copa das Confederações, em 2013.
Jogador do Barcelona, é a grande promessa da Copa do Mundo. Com seu jeito “alegre e ousado” de jogar, a esperança é que ele faça muitos gols e garanta o título para o Brasil. Foi eleito em 2013 o melhor jogador da Copa das Confederações, conseguindo o prêmio Bola de Ouro e também o prêmio Chuteira de Bronze.
Thiago Silva
Neymar
Atualmente jogando pelo Paris Saint-Germain, o zagueiro é convocado e titular da seleção desde 2010. Um exemplo de superação e garra – o jogador venceu um grave quadro de tuberculose – ele é o capitão da seleção brasileira e tem arrematado diversos prêmios individuais e pelos clubes por onde passa.
David Luiz
Zagueiro recentemente comprado pelo PSG, ele faz parte da dupla de defesa do Brasil junto de Thiago Silva desde 2010. O jogador tem colecionado muitos troféus, além das grandes defesas – uma em especial: evitando, em cima da linha, o gol de empate da Espanha na final da Copa das Confederações.
Julio César
Recuperado das fortes críticas que recebeu após a eliminação contra a Holanda em 2010, o jogador do Toronto foi confirmado por Scolari antes mesmo de sua escalação oficial. Ele recebeu o prêmio Luva de Ouro quando eleito melhor goleiro da Copa das Confederações de 2013.
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O Brasil da Copa
Da euforia, com a possibilidade de sediar uma Copa do Mundo em 2007, para a frustração de mais uma vez ser enganado por políticos brasileiros. Em sete anos, grande parte da população passou a ter desconfiança em relação à promessa do legado e receio com um possível desastre na organização do evento.
A promessa de um possível legado infraestrutural foi um dos principais argumentos utilizados na candidatura do Brasil para a Copa. Porém, muitas das obras previstas foram canceladas ou não vão ser entregues a tempo. Além disso, o orçamento inicial aumentou consideravelmente e a Copa de 2014 se tornou a mais cara da história, financiada principalmente com dinheiro público. O investimento necessário para sediar um evento desse porte é muito grande. Estima-se que o gasto total será, aproximadamente, de R$ 36,4 bilhões, com investimentos direcionados aos transportes e mobilidade, às reformas e construções de estádios, e à modernização dos aeroportos. O aumento do orçamento e dos gastos públicos, assim como os gastos excessivos nas obras dos estádios são as maiores críticas feitas por pessoas contrárias à realização do evento. Os gastos previstos
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com os estádios aumentaram cerca de 66%. Em 2010 o orçamento inicial era de R$ 5,3 bilhões e acabou aumentando para aproximadamente R$ 8,9 bilhões. Além dos altos gastos, a maioria dos estádios apresentou atrasos nas obras e não foi entregue na data ideal. Uma outra crítica em relação aos estádios é a utilização pós-Copa. Estádios como o Nacional, a Arena Amazônia, a Arena Pantanal e o Estádio das Dunas, possuem grandes chances de se tornarem “elefantes brancos” brasileiros - expressão popular usada para designar arenas esportivas quase sempre vazias. A grande crítica é que muito dinheiro foi gasto e haverá pouco retorno. Enquanto transportes e segurança - que seriam prioridades - ainda não tiveram uma melhora considerável, o governo investe alto na construção d estádios.
A
grande preocupação do Governo e da FIFA talvez não seja propriamente o sucesso da organização da Copa do Mundo, e sim os possíveis protestos e manifestações contra a realização desta. A Copa das Confederações realizada em 2013 mostrou o descontentamento de grande parte da população, que diz ser contra a realização destes eventos por acreditar que o dinheiro gasto poderia ser investido em vários outros setores do país, já que muitos possuem um alto nível de precariedade, como educação e saúde.
A cobrança por educação e saúde que atendam ao “padrão FIFA” já havia surgido em meio às manifestações de junho do ano passado, que tiveram como objetivo inicial exigir a redução das tarifas de transporte público. Os protestos atuais parecem estar mais focados na organização da Copa. Parte da população questiona o alto investimento acreditando que a Copa só beneficiará empresas privadas, como as construtoras dos estádios, as empresas patrocinadoras e a FIFA. O popular movimento “Copa pra quem?” questiona justamente essa inversão de prioridades. O que era para ser um evento para benefício da população brasileira, acabou tornando-se um evento para o lucro privado.
O povo se sente enganado com a promessa do legado. Das tantas obras prometidas, que custaram milhões de reais, quase nada ficou pronto a tempo.
A Copa das Confederações mostrou que, mesmo com a empolgação dos jogos característica dos brasileiros, eles também se expressaram e protestaram. A mesma postura é esperada na Copa - talvez com protestos ainda mais contundentes. O que fica claro é que a euforia da escolha do Brasil para ser sede deu lugar a um pessimismo e desconfiança.
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A S
M A I O R E S
APOSTAS
As seleções que podem levar a taça esse ano e adiar o sonho do Brasil de conquistar o hexa ESPANHA La Roja já chega no Brasil com a vantagem de ser a atual campeã do mundo. Mesmo enfraquecido após a derrota para o Brasil na final da Copa das Confederações, o time é composto por jogadores experientes e acostumados a jogar juntos nos maiores times da Europa, como Xavi, Casillas, Xabi Alonso, Villa, Iniesta e o brasileiro Diego Costa, e se mantém como uma das favoritas para levar a taça. Com um meio de campo que é considerado o melhor do mundo atualmente, a seleção espanhola é garantia de espetáculo em campo.
ALEMANHA Essa seleção possui um elenco fenomenal, que conta com alguns dos maiores nomes do futebol mundial, como Özil, Müller, Reus, Götze, Boateng e Lahm. O goleiro titular, Manuel Neuer, foi eleito o melhor do mundo este ano. A equipe é forte e bastante entrosada, além de viver um grande momento e ser considerada a melhor geração do futebol alemão em muito tempo. Há anos sofrendo com o estigma de sempre ser uma das favoritas mas nunca vencer, desta vez as chances são maiores do que nunca – e a expectativa idem.
ArgentinA A grande rival do Brasil tem o trunfo de contar com o segundo melhor jogador do mundo, Lionel Messi. Com o craque vivendo uma fase complicada no Barcelona e sofrendo com lesões, outros nomes de destaque prometem ajudar o time esse ano, como Angel Di Maria, que acaba de ganhar a Champions League com o Real Madrid, e Higuain, que venceu a Copa da Itália com o Napoli. Apesar das decepções nas últimas copas, a seleção é apontada como uma das favoritas pelos talentos individuais que compõe seu valioso elenco.
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holandA A Laranja Mecânica mostrou a que veio na Copa de 2010, chegando à final e perdendo após uma partida muito intensa contra a Espanha. Apesar do título de vice-campeã, a derrota não abalou a confiança da seleção, que conta com grandes nomes como Sneijder, Van Persie e Robben. A equipe fez uma campanha impecável nas eliminatórias, com 9 vitórias e 1 empate, mas uma muito decepcionante na Eurocopa, sendo eliminada logo na primeira fase. A Holanda jamais ganhou uma Copa, apesar de ter sido vice três vezes. Será que agora vai?
itália A seleção italiana é a melhor de sua chave, o que já confere uma certa vantagem, mas não garante nada. Com um elenco composto por craques como Balotelli, Marchisio, De Rossi, Pirlo e Buffon, o time pretende esquecer a campanha decepcionante que teve em 2010. A equipe conhecida como “Azzurra” já tem quatro títulos mundiais e o desejo de ganhar o quinto e igualar-se ao Brasil motiva o time na competição desse ano. Recentemente, foi vice-campeã na Eurocopa e ficou em terceiro lugar na Copa das Confederações.
uruguai A Celeste ficou em terceiro lugar na Copa de 2010 e venceu a Copa América. Já dá pra entender porque é a favorita para passar de fase ao lado da Itália. O time conta com um excelente trio ofensivo formado por Suárez, estrela do Liverpool, Cavani, campeão com PSG da Copa da Liga Francesa, e Forlán, eleito o melhor jogador da Copa de 2010. No entanto, sofreu para passar nas eliminatórias deste ano e garantir sua vaga, precisando contar com a repescagem. O capitão Lugano também não vive uma grande fase. Nos resta esperar pra ver.
portugal A seleção portuguesa chega ao Brasil com uma baita vantagem: conta com o melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo, em seu elenco. O craque do Real Madrid foi fundamental para a classificação de Portugal nas eliminatórias e é o principal motivo para sua equipe ser considerada uma das favoritas. No entanto, tem que lidar com o fato de ter a Alemanha no mesmo grupo. Mesmo assim, a segunda vaga do grupo é quase garantida ao time, que também conta com volantes experientes como Miguel Veloso, João Moutinho e Raul Meireles.
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TABELA DE JOGOS
GRUPO A 12/6 BRASIL 13/6 MÉXICO 17/6 BRASIL 18/6 CAMARÕES 23/6 CAMARÕES 23/6 CROÁCIA
x x x x x x
x x x x x x
x x x x x x
PORTUGAL EUA GANA PORTUGAL ALEMANHA GANA
HOLANDA AUSTRÁLIA HOLANDA CHILE ESPANHA CHILE
x x x x x x
COSTA RICA ITÁLIA INGLATERRA COSTA RICA URUGUAI INGLATERRA
GRUPO F 15/6 ARGENTINA 16/6 IRÃ 21/6 ARGENTINA 21/6 NIGÉRIA 25/6 NIGÉRIA 25/6 BÓSNIA
EQUADOR HONDURAS FRANÇA EQUADOR SUÍÇA FRANÇA
x x x x x x
GRUPO D 14/6 URUGUAI 14/6 INGLATERRA 19/6 URUGUAI 19/6 ITÁLIA 24/6 ITÁLIA 24/6 COSTA RICA
GRÉCIA JAPÃO C. MARFIM GRÉCIA COLÔMBIA C. MARFIM
GRUPO G 16/6 ALEMANHA 16/6 GANA 21/6 ALEMANHA 22/6 EUA 26/6 EUA 26/6 PORTUGAL
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GRUPO E 15/6 SUÍÇA 15/6 FRANÇA 20/6 SUÍÇA 20/6 HONDURAS 24/6 HONDURAS 24/6 EQUADOR
x x x x x x
GRUPO B 13/6 ESPANHA 13/6 CHILE 18/6 AUSTRÁLIA 18/6 ESPANHA 23/6 AUSTRÁLIA 23/6 HOLANDA
CROÁCIA CAMARÕES MÉXICO CROÁCIA BRASIL MÉXICO
GRUPO C 14/6 COLÔMBIA 14/6 C. MARFIM 19/6 COLÔMBIA 19/6 JAPÃO 24/6 JAPÃO 24/6 GRÉCIA
x x x x x x
BÓSNIA NIGÉRIA IRÃ BOSNIA ARGENTINA IRÃ
GRUPO H 17/6 BÉLGICA 17/6 RÚSSIA 22/6 COREIA SUL 22/6 BÉLGICA 26/6 COREIA SUL 26/6 ARGÉLIA
x x x x x x
ARGÉLIA COREIA SUL ARGÉLIA RÚSSIA BÉLGICA RÚSSIA
OITAVAS DE FINAL 28/6 13h
QUARTAS DE FINAL
SEMIFINAIS
Mineirão
1º A x 2º B
4/7 17h
Castelão
_____________ x ____________
28/6 17h
Maracanã
1º C x 2º D
8/7 17h
30/6 13h Mané Garrincha
Mineirão
_____________ x _____________
1º E x 2º F
4/7 13h
Maracanã
_____________ x _____________
30/6 17h
1º A x 2º B
29/6 13h
FINAL
Beira-Rio 13/7 16h
Maracanã
____________ x ____________
Castelão
1º B x 2º A
5/7 17h
Fonte Nova
_____________ x ____________
29/6 17h Arena Pernambuco
1º D x 2º C
1/7 13h Arena Corinthians
9/7 17h
Arena Corinthians
_____________ x ____________
1º F x 2º E
5/7 13h
Mané Garrincha
_____________ x _____________
1/7 17h
Fonte Nova
1º H x 2º G
3º LUGAR 12/7 17h Mané Garrincha
___________ x ___________
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Cronista Convidado - Rodrigo Athayde
Torcedor x Cidadão
E depois de 64 anos, a Copa finalmente volta para casa. Mas parece que o povo brasileiro não está tão entusiasmado assim com essa ideia. Estádios custando os olhos da cara, desperdício do dinheiro público e pouca - ou nenhuma - melhora na infraestrutura urbana fazem com que alguns achem que o melhor mesmo é que a bendita Copa nem exista. Nesse cenário, o nosso povo apaixonado por futebol se encontra com a infeliz missão de ter que escolher entre seu lado torcedor, ou cidadão. Por mais ativista que alguém seja, é impossível não se empolgar com os dribles de Neymar, ou conter a vontade de comemorar um gol, mesmo que de canto da boca, quando Fred bota a bola nas redes. Da mesma forma, não podemos achar que ganhar a Copa é a solução para os nossos problemas, e fecharmos os olhos para as tantas questões que estão erradas no nosso país. O que digo é simples e pode tirar o peso das costas de muita gente. Podemos sim ser torcedores e cidadãos ao mesmo tempo. De 4 em 4 anos, temos uma Copa, mas também temos a chance de votar e começar a mudar os rumos desse país, e digo isso sem vergonha de soar piegas. Vergonha que também não tenho em afirmar que não é vergonha nenhuma torcer para a seleção, ou maravilhar-se com os novos estádios. Vergonhoso é achar que o país não tem mais jeito, e por isso ficar de braços cruzados, ou lotando as redes sociais de reclamações. Portanto, desejo com toda a sinceridade: uma boa Copa, e 3 meses depois, boas eleições para você leitor, que é cidadão e torcedor.
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ETC - Em Tempos De Copa Fundação ETC - Esporte Também É Cultura Editora-Chefe: Barbara Elmor Editores Executivos: Carol Borges e Rodrigo Athayde Diagramação: Carol Borges, Luis Eduardo e Rodrigo Athayde Design: Barbara Elmor, Carol Borges, Icaro Bagolan, Luis Eduardo, Miguel Rabello e Rodrigo Athayde Reportagem: Barbara Elmor, Carol Borges, Icaro Bagolan, Luis Eduardo, Miguel Rabello, Rodrigo Dantas e Rodrigo Athayde Marketing: Icaro Bagolan, Miguel Rabello e Rodrigo Athayde Junho/2014
A empolgação da Copa na sua casa.
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AS GRANDES VITÓRIAS AS DERROTAS HISTÓRICAS OS HERÓIS DA SELEÇÃO AS PROMESSAS PARA 2014 “NÃO VAI TER COPA” E MUITO MAIS
ALMANAQUE
Em Tempos de Copa Uma volta na história das copas do mundo com os momentos mais marcantes da Seleção Brasileira - FUNDAÇÃO ETC -