DeCobertura

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RIVALIDADE O PONTO DE VISTA DO POLÊMICO BLOGUEIRO RICA PERRONE

AGORA É COM ELAS TUDO SOBRE AS MULHERES QUE ESTÃO CONQUISTANDO O MUNDO DO FUTEBOL

ACESSE NOSSO SITE

PAPO DE REDAÇÃO

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM O JORNALISTA CARLOS GIL

EX-ATLETAS

COMENTARISTAS

A VISÃO DE QUEM VIVEU DO ESPORTE EM PROL DO JORNALISMO



EDITORIAL Olá, leitor, Esse é o editorial, local destinado a um texto opinativo e breve do editor do veículo de mídia. Por que estou te falando isso? Como você, que nos acompanha online há tempos, bem sabe, somos um site diferente, que foge do padrão, fazemos matérias de jornalistas para jornalistas; somos pautados na metalinguagem, por isso esse início diferente. Aqui nessa revista você receberá o melhor conteúdo com esse estilo sobre o jornalismo esportivo feito na Copa do Brasil através de entrevistas com a nata do ramo no país. Sejam eles grandes craques e midiáticos como Carlos Gil e Rica Perrone ou saídos ainda da base há pouco tempo como Rodrigo Lois. Abordaremos também temas pouco conhecidos por estudantes de jornalismo como o funcionamento da imprensa alternativa e temas polêmicos, como, por exemplo, ex-atletas entrando no ramo e as mulheres fazendo sucesso! Agora você deve estar se perguntando onde está o artigo opinativo que deveria estar aqui. Então, lembra quando eu disse que não seguíamos padrões? Seja bem vindo à primeira - de muitas – Edição Anual de Colecionador da De Cobertura.

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PEDRO HENRIQUE NASCIMENTO KLEBER PIZÃO GIOVANNI ALKMIM ANA LUÍSA DIAS WESLLEI VOAZEM RAPHAEL MENGHINI DANIELLE TEODORO LUCAS VARANDA

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COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO REDAÇÃO REVISÃO COORDENAÇÃO GRÁFICA DESIGN GRÁFICO REDAÇÃO PUBLICITÁRIA


ÍNDICE PAPO DE REDAÇÃO COM CARLOS GIL

RIVALIDADE: UMA VISÃO DIFERENTE

AGORA É COM ELAS

PIZÃO NA BOLA

O POVO RESPONDE

EX-ATLETAS COMENTARISTAS

MÍDIA INDEPENDENTE: O FUTURO DO JORNALISMO?

A VIAGEM DOS SONHOS?

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PAPO DE REDAÇÃO COM CARLOS GIL

“Eu acho que a Copa do Mundo é muito mais do que um evento esportivo, não é só uma sequência grande de jogos entre seleções de futebol é algo cultural também, é histórico.”

Por Kleber Pizão e Pedro Henrique Nascimento Formula 1? Volei? Basquete? Futebol? Não importa qual o seu esporte preferido, provavelmente Carlos Gil já cobriu ou entende do que se trata. Formado em 1997, pela ECO-UFRJ, iniciou sua carreira como estagiário na TV Bandeirantes, mas seu primeiro contato com o jornalismo esportivo foi um ano e meio depois quando, aprovado na Globosat, foi alocado no Sportv. Daí em diante foram coberturas de Copas, além de um longo período na Fórmula 1. Hoje Gil voltou a participar da cobertura do Campeonato Brasileiro como repórter de campo, além de apresentador substituto do Globo Esporte Rio. Em 15 anos de Globo e no auge dos 37 anos de idade, recebeu nossa equipe na Central Globo de Jornalismo e Esporte e compartilhou com a De Cobertura um pouco de sua experiência. 4

Quantas e quais Copas você já cobriu? Como foi a experiência? A Copa do Mundo, até algum tempo atrás, era uma frustração profissional por não ter ido cobrir in loco. Cobrir uma Copa não é só você ir ao país onde ela acontece, existem outras maneiras de você cobri-la. In loco, eu cobri África do Sul e Brasil. Agora, em 1998, na França, foi a primeira que eu vi com outros olhos, eu já trabalhava como editor de texto no Sportv News, no Sportv. Então, 98 e 2002 foram copas que eu cobri no que a gente chama de retaguarda, de 98 como editor e em 2002 já como repórter, mas aqui da globo no Brasil. É claro que, em 2010, quando eu estava na África do Sul, você se sente mais completo, mas a experiência de ter trabalhado em 98 e 2002, também me levou a 2010, então eu considero 4 copas. Quando começa a preparação para a Copa, em especial

a que acaba de findar-se em julho desse ano? Como funcionou essa preparação? A minha começou com 5 anos de idade, eu acho (risos). Porque na Copa do Mundo, você traz muito conhecimento prévio, o fato de ter acompanhado tantas copas traz uma bagagem acumulada muito grande. Mas, especificamente pra Copa no Brasil 2014, acho que começou assim que acabou a de 2010, ou, vou até mais longe, assim que o Brasil foi escolhido como país sede, sete anos antes, em 2007, então você já começa a se preparar. O jornalista que escolhe qual seleção irá cobrir? Há uma ordem de escolha? Não. No meu caso, eu não escolhi. Existe um núcleo interno de profissionais na Globo dedicados a pensar a cobertura. Essas pessoas efetivamente, dois anos e meio antes da Copa, já pensavam a cobertura, um núcleo pensando a logística,


vôos e tal. Tem algum programa especial? Como é que a gente vai dividir? Quantos repórteres vão estar dedicados à seleção? E esse núcleo decidiu que, além da seleção brasileira, outras sete seleções mereceriam uma atenção especial. Foram vários fatores levados em conta e, nisso, eu acabei cobrindo a Itália na Copa das Confederações e na Copa do Mundo, acho que basicamente porque eu falo Italiano, que não é uma língua que muita gente fale. Você fez uma matéria muito emocionante sobre a Bósnia para o Jornal Nacional. De onde veio a ideia de abordar os dois temas (guerra e Copa) juntos? Inicialmente, eu até nem iria pra Bósnia, iria pra África, mas acabou que a data da viagem não era compatível e o responsável pelo núcleo me falou: “Olha, pensamos em você pra fazer Bósnia e Croácia” e eu gostei muito, porque eu também sou muito interessado em política internacional e o conflito na Bósnia, ex-Iugoslávia, pra mim, era algo bem vivo na memória, que aconteceu nos anos 90, quer dizer, quando eu estava entrando na ECO esse conflito ainda estava rolando. Eu acho que a Copa do Mundo é muito mais do que um evento esportivo, não é só uma sequência grande de jogos entre seleções de futebol, é algo cultural também, é histórico. Os políticos gostam muito da palavra “legado” né? A gente até cria um pouco de implicância com essa história do legado. “O que é que é o verdadeiro legado?” Isso é um pouco do que a Copa deixa pra garotada, principalmente. Falando agora um pouco

mais sobre os bastidores da Copa, quem trabalha nesses bastidores junto com os jornalistas? E quais suas funções? Essas equipes, especificamente da que cobriu a Itália, eram formadas por quatro pessoas: um repórter, um cinegrafista, um produtor e um editor de imagem. Nós viajamos com o que chamamos de “Kit Correspondente”, na verdade é um computador que tem um HD muito bom, uma memória muito boa, que possibilita, depois de gravadas as imagens, você transforma num arquivo, joga pra dentro do computador e transmite esse material via internet aqui pra sede da emissora. Antigamente, se você viajasse pra algum lugar, mesmo dentro do Brasil, precisaria se deslocar até uma estação de televisão ou uma afiliada da TV Globo pra poder enviar esse material via satélite pro Brasil e isso teria que acontecer nos horários que aquelas pessoas estariam disponíveis. Com esse “Kit Correspondente”, qualquer hora é hora. O editor de imagem é o responsável por montar a reportagem efetivamente e o produtor funciona meio que como um “braço direito” do repórter, porque a gente tem que produzir diversas coisas durante o dia, são diferentes telejornais e sempre é mais uma cabeça pensante. Houve uma situação meio complicada e engraçada entre você e a assessoria da Itália envolvendo o encontro entre Pirlo e Juninho. Conte-nos um pouco mais sobre essa matéria que rodou o mundo. Cada país, cada Federação tem o seu modo de trabalho. No caso da Itália, eu acho que se

chegou a um bom meio termo. Eles tinham horários rígidos, mas dentro daquela rigidez, eles eram bem flexíveis. As entrevistas eram razoavelmente longas, você podia quase sempre fazer perguntas, então foi uma boa experiência essa com a Itália e a melhor das experiências acho que foi justamente esse caso do Juninho, que nós tivemos a idéia de levá-lo pra conversar com o Pirlo, porque ele cita o Juninho, na autobiografia dele, como sendo um mestre, alguém que ele se inspirou pra bater faltas . A gente pensou em levá-lo para encontrar o Pirlo e isso teria que ser negociado com a assessoria da Itália, porque não adiantava chegar com o Juninho lá e ele não ter acesso ao Pirlo, porque a gente chegava no Centro de Treinamento e não podia entrar no campo. Então, eu procurei o assessor, expliquei a situação, ele concordou, desde que não fosse filmado dentro da concentração, porque ele estaria quebrando um acordo com a TV Italiana. Nós concordamos, só pedimos a ele que liberasse que nós tirássemos algumas fotos, que fossem exclusivas e que nós publicássemos depois, tanto no site, quanto na televisão. Ele concordou e assim foi feito. Pouco antes da Copa, um movimento autointitulado #nãovaitercopa tentou mobilizar o Brasil para não ter Copa. O que você como jornalista achou dessa campanha? E como lidar com a rejeição desse público?

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Na verdade, eu nunca achei que não fosse ter Copa, mas, num determinado momento, eu achei que o movimento às vésperas realmente pudesse ter uma força grande e suficiente pra causar transtornos bem grandes, uma repercussão maior do que ele efetivamente teve. Eu não sou contra a manifestação democrática, eu acho que todo mundo tem que ter o direito de ir pra rua se manifestar, mas eu vi, pessoalmente, a estratégia do movimento de atacar a Copa dessa maneira, um pouco equivocada, porque ela não é só o investimento que você pode ser contra, trouxe benefícios também para o Brasil. Assim como o manifestante tem direito de ser contra a Copa, uma pessoa que gosta de futebol e comprou o ingresso, tem direito de assistir ao jogo. A Copa foi um sucesso total, casa cheia, muitos gols, surpresas... Mas o que foi pra você a essência do evento: a qualidade futebolística dos jogadores ou a motivação dada pela alegre torcida brasileira? Eu acho que, no plano futebolístico, o grande ensinamento dessa Copa foi a vitória de um planejamento, o da Alemanha. Na parte tática do jogo, eu acho que também foi um avanço em relação a outras copas, porque foi uma Copa de muitos gols, em que se procurou jogar pro ataque, foi uma Copa que mostrou que, jogadores que atuam numa posição mais recuada de marcação, podem ser cerebrais que tenham saída pro jogo. Alemanha mesmo ta aí, que não deixa mentir, entre outras seleções. Acho que foi muito positivo a participação popular. Por conta dos acontecimentos de 6

2013, havia essa duvida, se o povo brasileiro ia abraçar, como é que iriam estar os estádios, se os torcedores iriam gostar do clima, como é que ia ser o clima aqui, porque um mês, dois meses antes todo mundo falava: “Pô, parece que a Copa não vai ser aqui” e quando começou, foi aqui (risos). eu acho que o saldo foi bem positivo, de maneira geral. O negativo é aquele saldo bancário das contas a pagar. O pessoal brincava ironicamente em Manaus, eu cheguei a fazer um jogo lá: “Ah, o que vai ser de Manaus?” A Copa do Mundo em 2014 e 2015 vai ser ‘Garantido x Caprichoso’, clássico.” (risos) Vão colocar o Boi Bumbá dentro do estádio de 40 mil lugares porque não tem nem time pra jogar lá dentro.. No livro “JN - Modo de Fazer”, escrito por William Bonner, Fátima Bernardes afirma que: “O fato de os jogadores verem que nós estávamos onde eles estavam, tão cedo quanto eles, ajudou na nossa relação com a seleção”. Se referindo a equipe campeã em 2002. Gil, como funciona a relação entre o jornalista e o atleta nesses grandes eventos? Qual o limite entre profissional e pessoal? Principalmente na cobertura da seleção brasileira, é muito difícil não se criar uma simbiose, uma parceria, porque além do lado jornalista, você também tá torcendo como brasileiro, profissionalmente, porque eu não estava cobrindo a seleção, mas claro que todo o pessoal que estava ficou triste, chateado, não só pelo 7x1, pela humilhação esportiva, mas porque imagina, você ter a possibilidade de, como repórter, cobrir um título da

seleção brasileira, jogando no Brasil. Quando que vai ter uma copa no Brasil de novo? A gente não sabe se vai ter, quando vai ter. Eu acho que o jogador, ele é jogador da seleção. Você ter um bom relacionamento, até camaradagem assim é diferente de você sair e sentar na mesa com o cara pra comer, beber e tal. Eu, pessoalmente, acho que é diferente, porque cada um sabe a sua fronteira, seu limite. Acho que você, como profissional, como jornalista, tem que criar a sua própria fronteira de onde ta avançando demais, porque senão perde um pouco a independência. Alguns jornalistas, como Rica Perrone, trabalham o futebol de maneira mais passional mostrando o lado positivo e esquecendo um pouco o negativo. O que você acha dessa postura? Eu acho válida, porque quando você é um colunista, você é um jornalista de opinião. Eu acho que o publico que te lê, que te ouve, ele quer justamente isso, ele quer ouvir a tua opinião apaixonada ou não apaixonada, enfim. Isso aí vai muito do telespectador, do ouvinte ou do leitor. Tem gente que gosta mais de um comentário mais centrado, mais tranquilo. Tem gente que gosta de ler ou gosta de odiar aquele colunista, mas lê. Acha aquele cara horroroso como comentarista, porque todo torcedor acha que o comentarista torce pro outro time né? (risos) “Pô, tá na cara que esse sujeito é flamenguista!”, aí você vai conhecer o cara, ele é botafoguense doente e tal, mas o torcedor acha que ele é flamenguista, então eu acho que tem que ter isso. Porque existe uma


pseudo isenção [...] é claro que o jornalismo tem que ser isento em determinados momentos, mas há determinados momentos em que a pessoa não tá procurando isenção, ela tá procurando opinião e acho que tudo isso é jornalismo. Não é porque você tá dando uma opinião apaixonada que aquilo não é jornalismo. Você pode estar se fundamentando em alguma coisa. Então, todo mundo gosta de ler, né!? Todo mundo gosta de se informar e todo mundo gosta também de ler uma opinião mais apaixonada, seja pra concordar, discordar ou pra ter um argumento no botequim “ta vendo, ele falou e tal...”. Quem é você, Gil pós-Copa? Essa Copa me tornou, certamente, um profissional mais feliz, mais realizado por ter vivenciado essa experiência de cobrir uma Copa do Mundo em casa, não só pelo futebol, mas por tudo isso que a gente conversou e que envolve uma Copa do Mundo. De ter podido também dividir um pouco dessa experiência com as pessoas mais próximas, porque, na África do Sul e em outros eventos, como Olimpíadas, você tá vivendo aquilo, mas estar longe é sacrificante, você passa, às vezes, 60 dias longe de casa, da sua família e aqui estava tudo muito perto. Minha irmã e meu cunhado estavam do meu lado, na final da Copa, vendo na arquibancada também, então foi uma experiência pessoal incrível e, profissionalmente, eu fiquei muito feliz de ter podido estreitar laços com profissionais de outros países, acho que engrandece muito. O que, pra um jornalista italiano, é mais relevante em determinada situação? O que um jornalista inglês acha que é legal de uma reportagem? O que um jornalista argentino tira de melhor de uma entrevista? Isso também enriquece nosso currículo e abre nossa mente pra enxergar todo aquele evento de uma outra maneira.

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RIVALIDADE:

UMA VISÃO DIFERENTE Por PH Nascimento A rivalidade é algo muito comentado nos dias atuais. Em âmbito nacional, ela é tratada como algo nocivo pela maioria dos jornalistas que pregam a unidade entre as torcidas para o fim das brigas generalizadas. Porém, alguns ainda resistem e apoiam-na, torcem para que haja a velha discussão de bar, na segunda-feira, que, no estádio, vaie o rival, xingue-o, pois isso seria o gás que alimenta a paixão do futebol. Para entender todo esse cenário, a equipe De Cobertura entrevistou o blogueiro Rica Perrone. Rica, formado em jornalismo pela FIAM, cobriu sua primeira Copa em 2002, pela América online, fazendo narração escrita instantânea e, logo em sua estreia, o Brasil foi campeão. Já como blogueiro, cobriu as copas de 2006, 2010 e 2014. Porém apenas a edição desse ano foi in loco. Segundo o próprio, aqueles foram os 30 melhores dias da sua vida. Era elogiado por jornalistas estrangeiros, tietado por turistas (apenas por ser brasileiro) e se divertia com essa interação entre os povos: “É um negócio que não tem violência, não tem ódio. É divertido. Todo mundo quer ganhar, mas todos se respeitam. É uma coisa meio bizarra... Passa um croata na sua frente e você diz: ‘nossa, um croata’, como se estivesse num zoológico (risos)” – brinca o blogueiro e aproveita para alfinetar – “Os únicos que iam contra isso (interação da 8

Copa) eram os argentinos”. Após as várias manifestações de 2013, pensava-se que a Copa ia ser repleta de atos contrários, mas não foi isso que se viu. Apenas um movimento surgiu, chamado: Não vai ter Copa. Iniciado na internet, foi seguido por várias pessoas que não queriam a realização do evento por conta dos gastos excessivos ou só não gostam de futebol e aproveitaram a oportunidade para serem avessos. Em contra-partida foi criado o Vai ter Copa Sim, uma página de mesmo nome no Facebook espalhou o lema e acabou sobressaindo ao rival. Rica Perrone aderiu a campanha do sim à Copa e até escreveu um livro sobre. Sua opinião sobre o assunto é forte, ele não mede palavras para descrever as pessoas que eram opostas ao esporte que o emprega e dá alegrias. Perguntado sobre o que achou do movimento, respondeu: “Achei um mimimi do caralho! Por que não fez isso em 2007 quando ganhamos o sorteio para sediar a Copa? Vai fazer agora? Vai tomar pílula no dia do nascimento do neném? Ridículo. Foi coisinha política, gente desinformada que quer ir na ondinha e, principalmente, que não entende de futebol. O cara

RIVALIDADE? DEVE-SE FOMENTÁ-LA. FUTEBOL É ISSO!


chega e fala: ‘Ah, tiraram dinheiro de merenda escolar pra fazer o Maracanã’. Tem gente que acredita! Isso é mais um delírio virtual dos que vemos toda hora. Esse ‘não vai ter Copa’ é uma mentira. Você vê que estava todo mundo no estádio” O clima nesse período foi algo incrível, praias lotadas, ruas cheias de animação e poucas ocorrências de briga. A rivalidade na Copa estava sendo algo muito questionado em mesas redondas ao tentar pensar num porquê para ser algo tão pacífico, ou como essas torcidas rivais conseguem coexistir num mesmo lugar e não brigarem, apenas caçoarem com cânticos ou piadas. Para o nosso entrevistado, a relação jornalista-torcida atual não anda bem. Os profissionais de jornalismo do país estão cada vez mais se distanciando do público-alvo e distanciando-os do amor ao futebol ao apenas jogar problemas e pesares do esporte. Tira o encanto. E, a respeito de rivalidade, Rica tem uma opinião bem contrária ao momento atual: “Rivalidade? Deve-se fomentá-la. Futebol é isso. Eu tenho um conceito de futebol que a grande maioria dos jornalistas vai contra o que penso. Futebol pra mim é Disney, nesse sentido sou quase um norte-americano, futebol é entretenimento. É lazer. Você chega em casa, tira o seu terno e vai assistir futebol. Eu não posso vir com problema pra você. Eu sou muito burro se eu vier com problema, preciso

vir com prazer, diversão, lazer. Agora quando tentam fazer do futebol uma coisa chata, regrada. ‘Vamos ser realistas’ Quem é realista na Disney?!” Na América do Sul, durante a Copa, a rivalidade que chamou mais atenção foi a Argentina x Brasil. Os hermanos invadiram o Rio, ocuparam Copacabana. Qualquer momento que se passasse lá durante a Copa ouviria a música “Decime que se siente” criada para relembrar e zombar o brasileiro pela eliminação para os argentinos na Copa de 1990 nas oitavas-de-final. Sobre o assunto, Rica é conhecido por odiar a Argentina. Mas e o porquê disso? Ele diz que esse é um ensinamento do próprio argentino: odeie seu adversário, e é isso que ele faz. ““Acho essa rivalidade maravilhosa. O que sustenta a paixão do argentino pela seleção da Argentina é o fato do Brasil ser muito melhor que eles. Eles passam o ano inteiro cantando Decime que se siente. Eles falam até hoje de um jogo que eles compraram! A vida deles é em função da gente ser melhor que eles. Só que a imprensa brasileira acha que é um erro termos essa rivalidade. Então você vai fazer o que com a seleção brasileira se não tiver rival? Você precisa ser rival da Argentina. Eu preciso odiar a Argentina e a Argentina precisa me odiar! No futebol, não estou mandando lançar uma bomba lá. É no jogo. Qual a graça de ser Fluminense se não tivesse o Flamengo?”

ENTÃO VOCÊ VAI FAZER O QUE COM A SELEÇÃO BRASILEIRA SE NÃO TIVER RIVAL?

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AGORA É COM ELAS

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Por Ana Luísa Dias A Copa do Mundo da FIFA 2014 contou com diversas equipes de jornalismo e com uma grande cobertura nacional e internacional. Muitos eram os repórteres, ou melhor, as repórteres. O que se percebe é que cada vez mais o universo dos esportes, nesse caso do futebol, tem tido uma ativa participação das mulheres, que realizam coberturas tanto dentro como fora de campo. Vale ressaltar que durante muito tempo pouquíssimas mulheres escolhiam seguir esse rumo e, como afirmou a veterana e jornalista do Extra Marluci Martins, que esse ano cobriu sua quinta Copa do Mundo, esse número deve crescer devido ao maior interesse. “É algo cada vez mais comum a presença de mulheres no esporte. Não tem nada a ver mais com preconceito, é uma questão de interesse.”, disse à revista Portal Imprensa em junho/2014. Por mais que elas tenham ganhado mais destaque, tratar o assunto mulher e futebol ainda pode ser um tanto polêmico. Durante todo o evento, matérias sobre a beleza das mulheres na Copa, ou então sobre o que as “maria chuteiras” precisam saber sobre os jogadores ganharam mais destaque. Infelizmente, por mais que todos saibam que as mulheres estão cada vez mais interessadas no futebol, elas ainda não estão isentas do preconceito, o qual pôde ser observado na publicação do site eHow com o título “O que as mulheres precisam saber para não ficar boiando na Copa”. Fora isso, as repórteres têm sido relacionadas a musas da Copa, além de ter a imagem de que todas devam ser bonitas e um colírio para os olhos do espectador. No entanto, elas são mais que isso e é neste ponto que a Decobertura quer chegar: o quanto as mulheres estão roubando a cena quando a questão é o jornalismo esportivo, vendo além de uma aparência doce, um conhecimento vasto sobre o futebol. O programa “Rumo à Copa”, da Rede Globo, foi o primeiro programa sobre a Copa aqui no Brasil, com estreia em abril e teve como âncoras as jornalistas Fernanda Gentil e Cris Dias. Com oito episódios, cada um tinha um foco, como polêmicas do evento e as escalações. “Apresentar o programa com a Fernanda representa isso. Duas

mulheres, mostrando que futebol é assunto para todos.”, declarou Cris Dias ao jornal O Globo em maio/2014. Muito além de rostos bonitos, elas entendem e muito quando o assunto é futebol. Falando em Fernanda Gentil, sem nenhuma sombra de dúvidas ela teve seu trabalho bastante reconhecido durante essa Copa, sendo responsável por fazer a cobertura da seleção brasileira. Mas também, quem não se emocionou ao ver a jovem repórter de 27 anos chorando ao vivo durante uma chamada ao programa de Fátima Bernardes, para falar sobre a eliminação do Brasil da Copa do Mundo da FIFA? Ou então quando, em um episódio engraçado, atendeu a chamada de Cris Dias à Central da Copa quando ainda estava olhando seu celular e usou, em uma descontraída defesa, a justificativa de estar se inteirando sobre as ultimas novidades da Copa. Com ações inusitadas, a jornalista acabou conquistando cada vez mais o público e o espaço ao cobrir sua segunda Copa, tendo feito sua primeira cobertura na Copa do Mundo de 2010 pela SporTV. O que vale dizer é que de fato a bola da vez está cada vez mais com elas. A mulher deixou de ser exceção no jornalismo esportivo, exercendo cada vez mais papéis fundamentais como o de comentarista e repórter. Então, esqueça essa história do passado de que só homem tem autoridade para falar de futebol. Agora é com elas.

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PIZÃO NA B LA Por Kleber Pizão

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Gol da Alemanha! A seleção brasileira (Goooool) enfrentou a Alemanha pela (Goooool) semifinal da Copa do Mundo. A seleção (Goooool) anfitriã se mostrou (Goooool) perdida e permitiu que (Goooool) o adversário passeasse em campo. (Goooool) No fim do primeiro tempo o Brasil já perdia por 5x0. No segundo tempo os germânicos tiraram o pé e evitaram humilhação maior ainda. Fim das contas: 1x7. Pra quem esperava que a seleção ficasse pra história, acertou. (Até o fim dessa reportagem ainda havia previsão de gol da Alemanha).

Olééééé!!! É, os reis da tourada caíram do boi nessa Copa e com direito a coice. A atual campeã Espanha passou vergonha em terras brasileiras. Já foi recepcionada com 5 patadas da Holanda e quando pensou em se recuperar, o Chile desferiu os dois últimos golpes pra tirar a fúria da Arena sob vaias. Antes de voltarem pra casa, montaram no pônei australiano só pra não fazerem desfeita aos que vieram pra vê-los: 3x0 na despedida.

Desnecessário! O sonho do ídolo Neymar de levantar o caneco do mundial em casa, terminou na marra. Na marra do colombiano Zúñiga! Na partida válida pelas quartas-de-final (última antes do vexame brasileiro), o lateral chegou como um trator por trás e quase quebrou o guri ao meio. Foi por pouco! O craque fraturou uma vértebra e por 2cm não ficou sem andar. O monstro não levou nem amarelo. O fato, é claro, levou a muitas zoações na internet. E aí Zúñiga, precisava disso?

Beijinho no ombro? No que pareceu uma singela homenagem à pensadora brasileira Valesca, o uruguaio Luis Suarez se empolgou, não titubeou e desferiu uma bela mordida no ombro do zagueiro italiano Chiellini, em jogo válido ainda pela primeira fase. Suarez foi excluído da competição, mas nenhuma das seleções também foi longe na Copa. A Azurra caiu na primeira fase e o Uruguai nas oitavas.

De volta pra minha terra. Cerca de 100 chilenos sem ingressos, pensando que o Brasil é bagunça (estão bem informados), tentaram invadir o Maracanã pra assistir ao jogo contra a Espanha, ainda na primeira fase. Os “espertinhos” escolheram o lado errado pra correr e deram de cara com o Centro de Imprensa que não oferece acesso às arquibancadas. Expulsos do país, os ousados terminaram de ver a Copa pela TV.

Só pra dizer que foi... Copa no Brasil e ninguém quer ficar de fora, espetáculo garantido. Será? Irã e Nigéria não estavam nem aí pra quem pagou fortunas no ingresso e fizeram um jogo horroroso na Arena da Baixada. O 0x0 foi mais que merecido numa partida totalmente sem graça. Essa Copa foi marcada pelo alto nível técnico desde a primeira fase até o fim, só esqueceram de avisar à esses aí. Quem tirou o dia pra ir com a família a Arena, teve que arrumar outro programa pra salvar o dia.


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O POVO RESPONDE O QUE VOCÊ ACHA DA PRESENÇA DE EX-ATLETAS COMENTANDO FUTEBOL - E OUTROS ESPORTES NA TV SEM NENHUMA FORMAÇÃO JORNALÍSTICA?

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“Acho errado. Muitos erram e tendem a comentar a favor do clube em que jogaram. O único que consegue ser imparcial nesse contexto é o Júnior, que jogou no Flamengo.” Tatiana Abreu, ex-jogadora do Fluminense e professora de Ed. Física.

“Na minha opinião, o simples fato de serem ex-atletas já os credenciam (até como uma prática brasileira) a se manterem no milionário mundo da bola. A função de comentarista é uma dessas vertentes que alguns ex-atletas de maior destaque durante a carreira ou por terem mais facilidade de fala e/ ou comunicação procuram. Concluo que a prática de comentarista para ex-atletas pode ou não ser saudável, não havendo relação entre as duas atividades.” Yann Carvalho, espectador e torcedor do Vasco da Gama.

“Eu acho que depende da posição do artista durante a programação. Ter a posição do atleta é legal, mais do que isso é necessário estudo do comentarista.”

“Não sou a melhor pessoa pra responder sobre futebol, mas acho que há dois modos de ver essa questão. A primeira é a aproximação com o espectador. Quer dizer, alguém que já esteve no gramado comentando parece que aproxima aquilo a nossa realidade. Mas também parece que as emissoras fazem isso para ganhar mais audiência, devido aos fãs daquele cara. Acho que ter ex-atletas como comentaristas é errado, porque meio que tira a função do jornalista que estuda pra isso. Se eles fossem apenas consultados seria diferente.”

Arthur Viana, espectador e torcedor do Botafogo.

“Eu acho que tem dois lados. O lado do atleta é bom porque normalmente esses atletas depois que se aposentam muito jovens partem para outras profissões como, por exemplo, professor universitário, comentarista, técnico. Então, para eles é um campo que se abre. Por outro lado, apesar deles não terem essa formação de jornalismo, eles têm conhecimento suficiente daquilo que eles viveram a vida toda pra dar contribuições, informações e esclarecimentos. É muito difícil um jornalista se especializar a tal ponto de ter todo o conhecimento que um atleta tem. Acho uma combinação, quem ganha com isso é o telespectador.” Camila Escudero, doutoranda em Comunicação Social na Escola de Comunicação da UFRJ.

Gustavo Carvalho, aluno de Jornalismo pela UFRRJ.

“Bom, em relação ao futebol não se pode negar que eles tem propriedade para falar a respeito. Agora, com outros esportes, acho que desmerece a formação do jornalista, da mesma maneira que essa sacanagem de não precisar mais de diploma.” Natália Ross, estudante de jornalismo da UNIFRA-RS.

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EX-ATLETAS COMENTARISTAS: Por Kleber Pizão Não é mais tão incomum perceber a presença cada vez maior de ex-atletas atuando na televisão e rádio, a fim de comentar o esporte ao qual faziam parte. Exemplos são inúmeros na área, e nesta Copa do mundo não foi diferente. Algumas emissoras da TV aberta e fechada brasileira fizeram a cobertura integral do evento e para isso o coro jornalístico teve de ser reforçado. Dentre esses reforços, estava uma boa parcela de profissionais que viveu dentro do futebol e, aposentados (ou não), colaboraram para que a Copa chegasse com mais informação ao telespectador. Foram no total 47 contratações entre todos os canais que cobriram o evento. Alguns mais experientes, outros no primeiro contato, apenas como convidados, acabaram se tornando peças importantes nos debates e transmissões das partidas. Dentre esses nomes destacam-se campeões do mundo como Ronaldo, Roberto Carlos, Juninho (Globo), Denílson e Edmundo (Bandeirantes). Além de Walter Casagrande e Neto que já tem carreiras estáveis na área. Mas até que ponto esse espaço ocupado por ex-jogadores deveria pertencer a jornalistas for-

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mados? O conhecimento de causa suplanta a necessidade real de profissionais da área nesta função? Fato é que a demanda desse novo grupo de comentaristas em rádio e TV só cresce e a tendência é que essa estatística continue a crescer. As opiniões são as mais diversas a respeito da situação. Mauricio Noriega, jornalista e comentarista no SporTV, acredita que há espaço para os dois perfis no jornalismo: “Não vejo como concorrentes. Eles não ocupam a vaga de ninguém. Nesse ponto, vai muito do gosto do cliente. Existem jornalistas comentaristas que são melhores que jogadores comentando e vice-versa. Essa resposta tem que ser dada pelo próprio consumidor, ouvinte ou telespectador. Também não acho que basta que ele tenha sido um bom jogador de futebol para ser um bom comentarista”. Por outro lado, Nori, como é conhecido entre os colegas, prefere jornalistas comentando: “Tenho uma preferência por comentaristas jornalistas. Eles atendem mais ao que eu vejo do jogo. Fico mais satisfeito com comentaristas jornalistas.” Os atletas que se dispõem a fazer parte desse rol devem estar preparados para as possíveis crí-


A VISÃO DE QUEM VIVEU DO ESPORTE EM PROL DO JORNALISMO

ticas, tanto de jornalistas, quanto do público que analisa e tira suas conclusões como cliente e alvo das transmissões do esporte, disparadamente,o mais popular do Brasil. Juninho Pernambucano, um dos ex-jogadores comentaristas mais elogiados da Copa, hoje está efetivado na TV Globo. Ele iniciou a carreira ainda em atividade no futebol, em uma rádio francesa, país onde viveu por quase 8 anos enquanto jogava no Lyon. Ele falou sobre os desafios de se assumir esse novo papel: ”Tudo é a maneira como se faz a análise. Isso já se comenta no vestiário. Os jogadores se incomodam mais com a crítica dos ex-atletas do que com a dos jornalistas. Quando se faz uma crítica mais forte, a do jornalista é aceita de uma maneira mais fácil. Mas eu entendo o atleta que passa para o outro lado. Você também não pode se omitir. O ideal é ter uma opinião, mas existe sempre uma maneira de ela ser expressada. Talvez seja algo com o qual a gente tenha que aprender com o tempo” - disse. O ex-atleta passa sua visão do esporte, de quem um dia foi entrevistado e o jornalista, de quem sempre entrevistou. Neste contexto é im-

portante que jornalistas e ex-atletas se relacionem bem, para que o conteúdo seja claro e transmitido da melhor forma ao telespectador.

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MÍDIA INDEPENDENTE:

O FUTURO DO JORNALISMO? Por Giovanni Alkmim

Desde a época do Império existem exemplos de jornalismo alternativo no Brasil – apesar desse tipo de jornalismo ganhar destaque, apenas, apartir da década de 60. No entanto, com o passar do tempo e, principalmente, após a queda da ditadura militar é notável a queda do jornalismo alternativo. Contudo, apartir do ano 2000, com o maior avanço da internet, começa a ganhar força a chamada mídia independente. A mídia independente, ao contrário do que muitos possam pensar, não é sinônimo de mídia alternativa, pois diferente dessa, a mídia independente não é necessariamente contra uma causa. É chamada de mídia independente, o tipo de mídia que não está sob o comando de grandes grupos de comunicação e não está vinculada à qualquer forma de poder. A mídia independente dá as pessoas a possibilidade de fazer jornalismo no dia-a-dia, ou seja, postando em uma página nas redes sociais, em um fórum ou até mesmo em um blog. Para ir mais a fundo nesse assunto a equipe De Cobertura conversou com a blogueira/ jornalista Cristina Dissat. Cristina Dissat, 53 anos, é jornalista formada pela UFF, trabalhando na área há 30 anos, é a dona de um blog, desde 2004, conhecido como Fim de Jogo. O blog é focado, principalmente, em assuntos do futebol carioca. O Fim de Jogo está incluído nesse recente crescimento da mídia independente no Brasil, que com a Copa do Mundo acelerou ainda mais. É quase que automático ao pensar em mídia independente, associar ao baixo investimento financeiro. Até porque está no seu conceito, não ser associada à grandes corporações , por isso, e pelo fato do blog Fim de Jogo ser bem focado no futebol carioca, surge o questionamento, será que um blog sobre o futebol carioca conseguiria fazer uma cobertura de um evento com proporções como a Copa do Mundo? E levamos esse questionamento até a Cristina. “Não, muito pelo contrário, porque na verdade

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a gente conhece o Maracanã como pouca gente conhece. Então, isso de alguma forma facilitou, isso é o que a gente chama, um termo pouco usado, de jornalismo hiperlocal, é ter muita experiência num determinado espaço, num determinado assunto e explorar essa informação da melhor forma possível. Então muita gente sabia que poderia procurar pela nossa ajuda durante a Copa porque o assunto era Maracanã. Entretanto a visitação (ao blog) ficou mais diluída porque a briga, a disputa por espaço e a quantidade de informação que entrava na internet era muito grande. Então a gente ainda tem uma visitação e um alcance melhor com o futebol brasileiro, campeonato carioca, brasileirão e copa do brasil, do que a copa do mundo.” É notável que em mídias mais tradicionais, como rádio e TV, o retorno financeiro – hoje em dia – é, geralmente, maior. Por isso, um outro questionamento importante surge: quais seriam as principais vantagens de se trabalhar em uma mídia como o blog? “Principalmente a independência, quando a gente tem um blog que é nosso, você tem a oportunidade de experimentar tudo que você quer, da forma que você quiser. Então, se você leva isso muito a sério, dentro da sua profissão, pelo menos o nosso nível de exigência é muito alto. Então a gente não simplesmente pega um trabalho e passa adiante pro chefe, pro editor e ele que decide. Não, a gente é que decide e com isso a gente quer acompanhar tudo muito de perto, que a gente quer ver o resultado daquilo, quer saber se aquilo deu certo, essa é a maior vantagem de ter um trabalho em uma mídia independente.” Hoje, o preconceito é provavelmente o maior obstáculo que a mídia independente precisa superar. Em um país como o Brasil, onde o sistema midiático é quase um monopólio, as mídias que surgem com baixo orçamento e em meios alternativos como a internet, sofrem quando precisam conquistar espaço no cenário brasileiro. Cris-


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tina nos contou um pouco sobre essa dificuldade, liberaram?”. Expliquei para ele que sim, ele ficou principalmente na Copa do Mundo. aliviado, mas falei que ainda falta muita coisa para “É muito mais complicado batalhar por cada que órgãos oficiais possam trabalhar de outra forespaço, por isso que é tão importante você criar o ma. seu nome, fazer um bom trabalho, para que você Na Copa do Mundo a gente era convidado para possa divulgar isso como um traoutras atividades que não fossem balho sério, às vezes não é muito cobertura de jogos. Mas é muito “VOCÊ TEM A ajudado com novelas, como a nochato todas as regras que tem da OPORTUNIDADE vela “Império” (novela da TV GloFIFA, todas as limitações, uma sébo) que bota o blog como uma coi- DE EXPERIMENTAR rie de questões que são impostas, sa bagunçada, só de escândalo. TUDO QUE VOCÊ que são muito difíceis. Cheguei a Demora muito tempo para refazer perguntar várias vezes pra eles, QUER, DA FORMA a imagem e na hora que você reeles sabiam da existência do Fim faz, muda tudo por causa de uma QUE VOCÊ QUISER” de Jogo, pelo menos os dois reprenovela. Mas em relação a mídia sentantes brasileiros. Mas é uma tradicional, teve um caso da CBF questão que temos que entender, ter vetado o nosso pedido de credenciamento de limitação física, não existe espaço físico para para a Granja Comary. Foi uma batalha com todo botar todo mundo lá. Só que a escolha deles comundo até conseguir. Já cheguei a falar no Fórum meça a precisar de uma mudança, porque soubeda Federação de Futebol Carioca quando teve um mos, por exemplo, na Copa das Confederações representante da CBF, fui contando a história e que blogueiros internacionais tiveram espaço ele me interrompeu para querer saber, “E ai, te dentro do Maracanã, enquanto nós não tivemos.”

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A VIAGEM DOS SONHOS? Por PH Nascimento Muitos estudantes de jornalismo e até formados sonham em alcançar o glamour na profissão e viajar pelo mundo à procura de matérias. Esse desejo pode ser realizado através da cobertura internacional, que te leva a acompanhar as notícias do país designado para você. Nessa Copa do Mundo, o canal por assinatura SporTV levou vários jovens jornalistas aos países participantes e os colocaram para cobrir o clima

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do país antes, durante e depois do evento, para saber como a imprensa local lidava com os resultados e ansiedades. Um desses escolhidos foi Rodrigo Lois, formado em jornalismo pela ECO – UFRJ e hoje estudante de publicidade na mesma instituição, que prontamente aceitou nos contar um pouco de como foi a experiência dessa viagem. Lois sediou-se na Alemanha por já ter um bom


conhecimento na língua e acabou dando a sorte de cobrir a seleção campeã e que humilhou seu país natal em casa, logo, pautas não faltaram para o Carioca. Uma “viagem dos sonhos” para qualquer jornalista. E, durante o 7 a 1,segundo o próprio, foi uma sensação diferente estar lá, em Berlim, e ver os gols saindo e os alemães comemorando. - Foi algo muito estranho. Eu já achava que o Brasil ia perder, mas a partir do momento que você vê os gols saindo, começa a ficar anestesiado. Sai um, “beleza, vai perder de 1 a 0”, vem dois, três, quatro... Aí você já está num estado diferente, simplesmente não entende o que está acontecendo. E eu não fique com raiva porque estava num lugar onde tinham 400.000 pessoas atrás de mim torcendo pela Alemanha. Acaba se contagiando pela emoção das pessoas. A cobertura internacional, ao contrário do que muitos acham, não é só viajar, fazer matérias, conhecer pessoas novas e coisas boas, por isso, muitos jornalistas recusam-na alguns para não se distanciar da família, dos amigos e outros acham que não se dariam bem nesse ramo. Lois conta que se superou em alguns momentos na Alema-

nha e que não foram fáceis os cinco meses passados lá. Por isso montamos para vocês um quadro mostrando os prós e os contras vividos na pele pelo ex-ecoíno, Rodrigo Nunes Lois:

PRÓS:

CONTRAS:

- Oportunidade de trabalhar com pessoas de outros países e viver uma cultura de outro país;

- Solidão, por trabalhar sozinho 5 meses;

- Responsabilidade da sua função;

- Excesso de responsabilidade.

- Fuso horário;

- Experiência pessoal; - Acionado em situações de peso, simbólicas, fazer parte do contar a história no mundo.

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CONHECENDO A EQUIPE Ana Luísa Dias, 19 anos, nascida no Rio de Janeiro, torcedora do Fluminense, cursa Comunicação Social na UFRJ e pretende habilitação em Publicidade e Propaganda, trabalhando na área de entretenimento.

Danielle Teodoro, 23 anos, nascida no Rio de Janeiro, torcedora do Flamengo, cursa Comunicação Social na UFRJ e pretende habilitação em Rádio e TV.

Giovanni Alkmim, 19 anos, nascido em Minas gerais, torcedor do Atlético-MG, cursa comunicação na UFRJ, pretende fazer jornalismo esportivo

Kleber Pizão, 22 anos, nascido no Rio de Janeiro, torcedor do Vasco da Gama, cursa Comunicação Social na UFRJ. Pretende se tornar jornalista no meio esportivo, locutor esportivo e apresentador.

Lucas Varanda, 18 anos, nascido no Rio de Janeiro. Torcedor do Fluminense, cursa Comunicação Social na UFRJ. Pretende ser Gerente de Marketing ou Chefe de Criação em agência de publicidade.

Pedro Henrique Nascimento, 18 anos, nascido no Rio de Janeiro, torcedor do Fluminense e do Arsenal (ING), cursa Comunicação Social na UFRJ. Pretende ser ligado ao jornalismo esportivo, seja na TV, rádio ou web.

Raphael Menghini Angelim, 20 anos, nascido em Rio de Janeiro, torcedor do Vasco da Gama, cursa Comunicação Social na UFRJ e pretende a habilitação em Rádio e TV.

Well Roque, 20 anos, nascido no Rio de Janeiro, torcedor do Vasco da Gama, cursa Comunicação Social na UFRJ e pretende a habilitação em Rádio e TV com foco em Produção Audiovisual.

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Nossos redatores com o jornalista Carlos Gil no estúdio do programa Globo Esporte que fica localizado no bairro Jardim Botânico-RJ.

O polêmico blogueiro Rica Perrone concedeu entrevista à nossa equipe no até então estúdio da Rádio Beat98 onde trabalhava, no bairro da Glória-RJ.

Ex-Jogador, ídolo da torcida do Vasco da Gama e agora comentarista, o Reizinho Juninho Pernambucano posou para foto com nossa equipe no estúdio da Rádio Globo.

O Jornalista Rodrigo Lois após conceder entrevista aos redatores PH Nascimento e Kleber Pizão no Laguinho da ECO-UFRJ



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