Queen

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Esta edição inaugural da Queen comemora o feminismo no âmbito cinematográfico. A mulher, em sua trajetória geral, evoluiu em sua importância na sociedade, ganhando, cada vez mais, algo que não deveria ter demorado tanto a chegar: respeito. Assim como as nossas próximas edições mensais, o verdadeiro feminismo, aquele que prega a igualdade de sexos, será trabalhado, mostrando como as mulheres

conquistaram seu espaço, seja no cinema, na música, na moda, na arte, na política ou na sociedade. Provamos para você que as mulheres apresentadas aqui, por nós, são símbolos de poder, força e elegância de qualquer tipo, e, exatamente por isso, representam todo conjunto de mulheres. Esta edição comemora o cinema e esta coletânea, o feminismo.

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udrey Hepburn, a eterna bonequinha de luxo, se tornou uma das maiores atrizes de todos os tempos, além de ter memoráveis atuações que lhe renderam quatro indicações ao Oscar e a estatueta em 1954 de melhor atriz da academia pelo filme “A Princesa e o Plebeu”, Audrey era generosa e dedicou parte de sua vida aos outros.

Consagrada por papéis como: Bonequinha de Luxo, A Princesa e o Plebeu, Sabrina, Guerra e Paz, Cinderela em Paris, My Fair Lady e inúmeros outros, sempre encantou pelo seu talento, beleza, ternura e elegância. A atriz que inicialmente trabalhou como modelo para ajudar a família logo conquistou o cinema, e Hollywood rapidamente a amou e a consagrou, se tornando a terceira mulher do cinema mais bem paga, em que chegou a faturar um milhão de dólares para um papel em filme. Hepburn apesar de bem nascida passou dificuldades em sua juventude devido à Segunda Guerra Mundial, em que chegou a se alimentar de folhas de tulipa. Foi por ter passado pela dolorosa realidade da fome que no final da sua carreira, em meados de 1987, a atriz se dedicou ao seu mais importante trabalho: o de embaixatriz da UNICEF. Viajou em missão para países como Etiópia, Turquia, Venezuela, Guatemala e diversos outros países se envolvendo com projetos como: vacina contra a poliomielite, capacitação de mulheres, fornecimento de água potável, auxilio com crianças de rua, nutrição infantil e inumeráveis outros em que se envolveu sendo uma importante porta voz para a mídia sobre os problemas sociais no mundo. Continuou trabalhando nessa causa mesmo com a descoberta da sua doença, câncer de apêndice, no início dos anos noventa em que recebeu dos Estados Unidos, a mais alta condecoração civil, a Medalha Presidencial da Liberdade. Toda sua trajetória não apenas no cinema, mas, sobretudo sua ação fora dos estúdios faz de Hepburn, até hoje, muito além de uma boa moça, e sim de uma mulher determinada com muita força que contrasta com sua beleza angelical. Dedicou-se com uma enorme generosidade em cuidar do próximo, fazendo algo a mais para mundo em que viveu. É Impossível não admira-la, sendo ela um verdadeiro modelo do que é ser diva.

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esmo depois de 50 anos de sua morte, a célebre loira de Hollywood não cai no esquecimento. Isso se deve muito graças à sua biografia controversa e conturbada por escândalos e paradoxos, como o mais famoso seu possível caso com o então presidente Kennedy. Marilyn Monroe foi um dos maiores símbolos sexuais do século XX. Seu nome de batismo era Norma Jeane Mortensen que deixou de lado para adotar uma nova persona mudando inclusive o nome que é quem conhecemos pelo o qual a conhecemos e tingiu seus cabelos arruivados pelo loiro fatal e platinado tão famoso, além de outras mudanças estéticas, passando a ser a própria encarnação da sensualidade. Sua estreia no cinema foi repleta de papéis pequenos como o seu primeiro filme “The Shocking Miss Pilgrim” de 1947 e com inúmeros cancelamentos de contratos como nos estúdios da Fox e da Columbia. Com todas as dificuldades do início da carreira e com dificuldades financeiras fez com que a jovem concordasse, em 1949, a posar nua para um calendário. Suas curvas exuberantes fizeram tanto sucesso que acabaram ganhando, alguns anos depois, a primeira capa da revista masculina Playboy. Sua sensualidade e carisma combinados a uma beleza quase ingênua fizeram Hollywood cair aos seus pés, a tornando conhecida como loira fatal depois de sua personagem em “Os Homens Preferem as Loiras” (1953), nesse longa interpreta a mulher que não tem medo de usar seu charme e sua sensualidade para conseguir o que quer. Além de outros dos papéis mais marcantes estão o da inocente garota em “O Pecado Mora ao Lado” (1955), as cantoras em “Bus Stop” (1956) e em “Quanto Mais Quente Melhor” (1959) e seu último filme “Os Desajustados” (1961). A diva, apesar de ter morrido bastante nova, com apenas 36 anos, personificou o glamour hollywoodiano dos anos 50 e nos fez entender o significado do que é ser uma estrela dos cinemas, sendo até hoje um dos maiores ícones. Sua aparente vulnerabilidade, junto com sua inata sexy appeal, a tornaram uma das mulheres mais cobiçadas do século passado e um verdadeiro símbolo sexual reconhecido até os dias atuais. A mulher independente, fora dos padrões sociais da época, não tinha o menor pudor de se sentir e ser sexy. Marilyn tinha qualidades tão fortes nesse aspecto, que a voltou conta si própria, tornando-a um produto da indústria cinematográfica e objeto de desejos masculinos.

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om uma grande voz, indicada três vezes ao Oscar como Melhor atriz e nove vezes ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia ou Musical, a grande atriz brilha até hoje nas grandes telas. Julie Elizabeth Wells nasceu dia 1 de outubro de 1935 é uma premiada atriz, cantora, dançarina, diretora teatral e escritorabritânica nascida na Inglaterra, célebre por suas performances em vários musicais no teatro e nocinema. Também sempre dedicou-se ao trabalho na televisão. Em 1999 foi homenageada pela Rainha Elizabeth II do Reino Unido, com a Ordem do Império Britânco e tornou-se Dame Julie Elizabeth Andrews-Edwards. Em 2002 foi eleita uma das 100 maiores personalidades britânicas de todos os tempos, ocupando a 59ª posição. Em 1954 foi para Brodway debutando como estrela do musical “The Boy Friend” (O Namoradinho); o auge viria com os sucessos de “My Fair Lady” e “Camelot”, que garantiram à ela indicações ao Tony, a mais alta honraria concedida a artistas do Teatro. Ela também aparecera em1957 no filme musical feito para a TV “Cinderella”, que quebrou recordes, sendo assistido por mais de 100 milhões de telespectadores, e que rendeu-a uma indicação ao Emmy, o prêmio máximo

da televisão. Em 1964 Julie Andrews tornou-se a única atriz a vencer o Oscar de Melhor Atriz, pela atuação em um filme de Walt Disney, “Mary Poppins” marcou sua estréia no cinema. A história da babá perfeita, que educava as crianças de um modo mágico ganhou o coração do público e da Academia de Cinema. Em 1965 fazendo a protagonista de “Noviça Rebelde”, um filme que teve teve uma das maiores bilheterias de todos os tempos, Julie foi indicada pela segunda vez ao Oscar e sua imagem foi consolidada de melhor atriz dos anos 60, e a atriz tem grande prestígio até hoje. Com um Oscar, cinco Globos de Ouro, três Grammys, dois Emmys e 29 participações em filmes, Julie Andrews nos anos 2000 fez o filme “O Diário da Princesa” I e II, retornando a Walt Disney, além de dublagens em Shrek, Encantada e Meu Malvado Favorito. Ninguém nunca esquecerá essa grande atriz e seus alcances vocais, que ficarão eternizados em clássicos do cinema e em músicas como “supercalifragi listexpialidocious” e “Do Re Mi”.

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“pequena notável” nascida em Portugal adotou o Brasil como seu lar com poucos anos de vida e teve seu coração 100% conquistado por essa terra brasileira. Veio de origem humilde e com seus vinte anos, graças ao seu talento inquestionável, conquistou sua carreira de atriz e cantora, ganhando destaque nas grandes emissoras de rádio da década de 30.

Posteriormente, cantando no casino da Urca, onde se apresentava com roupas coloridas, enfeites e com frutas tropicais na cabeça, foi descoberta por um empresário que alavancou sua carreira para os EUA. Tornou-se uma referência mundial da música brasileira que em seguida possibilitou sua entrada em Hollywood, com sua imagem de uma típica baiana. Ganhou destaque em filmes como Serenata Tropical e Uma Noite no Rio, conquistou o país que sequer sabia falar a língua. Apresentou-se até mesmo para o então presidente Roosevelt na Casa Branca, teve sua marca gravada na calçada da fama. Os americanos estavam apaixonados e Hollywood sorria-lhe com uma fama jamais esperada. Todavia, seu exotismo se virou contra ela, a atriz e cantora já pronunciava perfeitamente o inglês, mas os estúdios exigiam o sotaque latino e a pequena não ter conseguiu representar nenhum outro papel além da caricata baiana que influenciaria negativamente até os dias de hoje para o estereótipo da mulher brasileira como sexy misteriosa e submissa. Apesar desse viés, Carmen Miranda é até hoje a maior representação brasileira no cinema americano. Carmen Miranda fez o Brasil olhar para dentro e redescobrir o samba e a alegria das marchinhas de carnaval. Tornou-se nos anos 30 a maior estrela do rádio, do cinema e dos casinos brasileiros. Depois, levou sua graça e seus balangandãs de fruta para a Broadway e fez os americanos cantarem em português com ritmo de pandeiro, tamborim, cuíca e violão, ditou a moda nova-iorquina e parisiense com seus turbantes. Continuou escalando a fama até Hollywood. Nunca uma mulher fora tão famosa na história do Brasil e alcançou tamanho sucesso mundial.

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s animações cinematográficas da Disney e Pixar vêm acompanhando as conquistas obtidas pelas mulheres ao longo da história. Nota-se uma constante mudança de posicionamento dos estúdios de animação quanto ao perfil de suas protagonistas, evidenciando cada vez mais a figura da princesa como uma mulher independente e autônoma, características que vão se adequando às novas configurações sociais.

Nas primeiras e mais clássicas princesas da Disney – Branca de Neve, Cinderela e Bela Adormecida- valorizavam características como beleza, ingenuidade, obediência e um desfecho que dependesse de um homem para que a salvasse, além disso, sempre mostrava a rivalidade e a inveja de outras personagens femininas e não a cooperação entre elas que é o que vem ocorrendo em filmes mais atuais como Frozen, Malévola e Valente.

Como as primeiras princesas surgiram entre a

década de 30 a 50, podemos observar claramente o papel da mulher na sociedade daquele período que refletia o modelo do “american way of live” que era propagado dos Estados Unidos para o mundo ocidental através dos diversos meios de comunicação, especialmente pela produção cinematográfica. Posteriormente nos anos 90, princesas com características únicas que não se encaixam com todo o resto da trama vão surgindo, como a rebeldia de Ariel, o gosto pela leitura e o desejo de uma vida melhor “além da vida do interior” de Bela, que é no final das contas quem dá o beijo salvador no príncipe. Mulan e Pocahontas também merecem um destaque a parte. São os primeiros indícios de uma mudança do comportamento da princesa inofensiva para uma mulher decidida e não tão fragilizada. Em consequência, os pontos altos como a beleza e bondade passam a ser características secundárias das personagens.

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las são as primeiras a dar uma nova dimensão no perfil das narrativas da Disney: são valentes e corajosas, sendo um importante marco do feminismo nas animações. Além disso, suas belezas são diferentes dos padrões ocidentais, ganhando um destaque diferente. Pocahontas (1995): A personagem desafia o poder patriarcal, não aceita o noivo que lhe é proposto, é extremamente comprometida em salvar a sua tribo e seu romance com o inglês John Smith não possui um “happy end” esperado. A trama é lançada por um dilema em que diferentes possibilidades vão se desenvolvendo o que a obriga a escolher qual caminho seguir, em que não opta pelo amor e sim, por algo que considera maior, que é seu lar onde o protege da invasão dos colonizadores que buscam ouro. A personagem é marcada por evidenciar uma mulher forte, decidida, independente que não permite se subjugar pelas emoções. Mulan: (1998) desde o início da trama a personagem se mostra diferente do que é esperado de uma mulher da sua sociedade. Ela simplesmente não

se encaixa nos requisitos de calma, obediência, ternura e bons modos de acordo com a casamenteira, a jovem odeia ter que usar vestidos e sapatos apertados, além de uma enorme quantidade de maquiagem. O interesse de Mulan pelo casamento se dá de uma forma diferente se comparado com as demais princesas da Disney, ficando em segundo plano nessa animação. O propósito do enredo é o de honrar a família e proteger seu pai com idade já avançada de ir à guerra. Para isso, a heroína se disfarça de homem e depois de muito esforço passa a ser o melhor e mais persistente dos soldados de toda a tropa que resulta no fato ter salvado todo império da China da ameaça que o circundava. Ambas as personagens criaram nos anos noventa um novo modelo de protagonista nos desenhos da Disney que nos apresenta um perfil não mais de passiva que espera o príncipe salva-la, mas sim de ser sua própria heroína que vai atrás de seus interesses e muda seu destino e não se subjugando pelo que lhe foi imposto, refletindo as conquistas feministas que ocorreram ao longo do tempo. Elas abrem um novo caminho que será alcançado em novas animações como Frozen, Valente e Malévola.

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m 2012 estréia Valente, como o próprio nome sugere, narra a história de Merida, a corajosa e indomável princesa da Disney e Pixar que foge a todos os padrões esperados. Desde o comportamento arisco a sua estética, a menina ruiva com cabelos despenteados faz juízo a sua personalidade contestadora sobre o que a mulher representa naquela sociedade medieval. Defende a ideia que cada um deve ser livre para escolher com quem deve casar e quando isso deve acontecer. Para fugir do seu destino, ela mesma luta pela própria mão em um desafio que coloca em prova suas habilidades com arco e flecha. Além disso, o enredo transcorre pela relação entre mãe e filha e a compreensão que deve existir entre elas para que

uma salve a outra de um destino ruim. É a primeira de uma série de animações subsequentes que tratam da relação de cooperação entre duas mulheres e não relacionamentos construídos com pares românticos que ainda ocorrem em Mulan e Pocahontas. Em seguida, Frozen apresenta uma narrativa emocionante que apresenta uma proposta semelhante à Valente. Contando a história da amizade entre duas irmãs com um desfecho surpreendente, quebra o paradigma dos contos de fada que ocorrem com o beijo do ato de amor verdadeiro entre o príncipe e a princesa. Inclusive, há uma ironia a respeito de outros contos da Disney, quando a personagem Elsa critica o fato de sua irmã casar com alguém que acabou de conhecer.

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Em Malévola, muita coisa é desconstruída. Para começar, a própria vilã se mostra muito mais complexa e humanizada, se comparada ao seu lado clássico. É, também, a partir do seu amor e cuidado maternal pela Aurora que obtém sua redenção. Assim como Frozen, a expectativa do beijo salvador é quebrada e não é dado pelo príncipe, o que é totalmente deixado em segundo plano na trama. Sendo ele apenas um complemento, a história de amor verdadeiro é, na verdade, entre duas mulheres.

Essas três obras podemos notar que a ficção criada pela Disney está cada vez mais se aproximando e dialogando com a nossa realidade atual, mostrando o melhor relacionamento entre as mulheres e o apoio dado entre elas, o amor fraternal e não apenas o romântico, mostrando que há muito mais que a busca pelo “amor verdadeiro” e o “felizes para sempre”. Observamos também que há uma mudança entre as personagens femininas da trama que não estão sendo colocadas em lados opostos como acontecia, sobretudo nos mais clássicos. Além disso, mostram-se personagens cada vez mais complexas, autônomas e independentes, o que se torna crucial para as animações que trabalham sobretudo com um público infantil ainda em formação. É evidente que os estúdios Disney ainda têm muito que avançar, mas as mudanças que se iniciaram nos anos noventa e tomaram uma dimensão muito maior nos últimos dois anos são muito positivas, sendo motivos para comemorar.

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onia Maria Campos Braga, nascida em Maringá em 1950, teve sua carreira de atriz marcada pelas personagens polêmicas que interpretava. Reconhecida internacionalmente como símbolo sexual e um ícone cultural do Brasil, Sonia estrelou no cinema em 1969 com o filme O Bandido da Luz Vermelha, mas seria apenas cinco anos depois que ela se consagraria como grande estrela da teledramaturgia do país. No final de 1974, a TV Globo buscava a atriz ideal para viver Gabriela, protagonista da novela baseada na obra de Jorge Amado. Após verem um vídeo de Sonia, a cúpula da Rede Globo concordou: O papel tinha que ser de Sonia Braga. Dona de uma beleza fora dos padrões Hollywoodianos, ela se tornou a queridinha para a filmagem dos romances de Jorge Amado, marcados pela crônica de costumes, críticas aos tabus da sociedade e por exaltar a sensualidade nata e única da mulher brasileira. Sonia Braga foi a pioneira na erotização de uma personagem ao interpretar Gabriela. Enquanto o teatro e o cinema davam passos ousados na liberação sexual , a teledramaturgia brasileira demorou a se libertar deste tabu. O padrão do herói viril e da mocinha pura foi sendo aos poucos quebrado na televisão, fazendo com que a exploração da sexualidade da mulher se tornasse assunto não só nas mesas de bar, mas também dentro das casas brasileiras: Era a emancipação feminina invadindo a ficção.

Gabriela personifica as transformações de uma sociedade patriarcal, arcaica e autoritária. A novela bombou o horário nobre da emissora, principalmente depois de exibir a cena clássica em que Sonia subia no telhado para buscar uma pipa, mostrando uma seminudez até então inédita na televisão. Os outros canais de TV começavam então, a investir numa programação que concordasse com esta nova mulher que incitava a TV Globo e aos poucos a menina ingênua e submissa que sofria pelo amor do galã e era vitima passiva das maldades do vilão, deixava de fazer sentido para a geração que surgia. Sônia Braga era anunciada como a próxima grande estrela sensual do cinema internacional, aos passos de Sophia Loren. A brasilidade no jeito, nas cores e no físico de Sonia Braga revolucionou os padrões estéticos de uma época, ajudando a valorizar esta mistura de etnias e culturas presente na mulher brasileira. Não é à toa que ela se tornou musa inspiradora das músicas Tigresa e Trem das Cores de Caetano Veloso. Tendo na primeira letra, trechos bem característicos da mulher excêntrica que é: “Porque ela vai ser o que quis inventando um lugar onde a gente e a natureza feliz, vivam sempre em comunhão e a tigresa possa mais do que o leão”. Neste fato, temos que concordar com o músico: Sonia Braga mostrou ao mundo que se a questão é de poder, tanto leões quanto tigresas dividem o mesmo trono.

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leita a 15º celebridade mais influente no Brasil, segundo a revista Forbes, Arlette Pinheiro Esteves da Silva, que adotou o nome artístico de Fernanda Montenegro é uma artista aclamada pela crítica e pelo público. Além de ser a primeira brasileira a ganhar o Emmy Internacional de melhor atriz (por Doce de Mãe), é a única a ser indicada ao Oscar pela sua atuação no filme Central do Brasil. A busca do ser, o desejo de se saber quem é, sempre foi um desafio na vida de Fernanda Montenegro. Tanto a escolha do nome artístico sem um real propósito definido, quanto a aptidão para a carreira de atriz demonstram o quanto Fernanda é uma mulher que gosta de se reinventar a todo instante. Sua carreira é marcada como a de uma artista que se fez por si própria, na base da inspiração e principalmente da transpiração. É considerada uma verdadeira self-made-woman e foi qualificada por um crítico como uma atriz com ‘rosto de borracha’, por sua enorme expressividade e capacidade de se adaptar às características das personagens sempre de forma convincente.

no programa Na Moral da TV Globo para debater o tema Feminismo. Durante o programa, o apresentador Pedro Bial pediu que ela desse sua opinião sobre o movimento Marcha das Vadias e perguntou: “Fernanda, as vadias te representam?” Logo ela responde “Ah, sim! Eu faço uma profissão marginal, eu sou uma atriz.” Um pouco mais adiante, quando perguntada sobre o que torna uma mulher emancipada, ela responde: “A mulher tem que ter, antes de mais nada, orgulho do seu sexo e ter um ofício, porque socialmente ela tem que ser independente. Mulher que se torna dependente de homem está perdida!” Como se fosse possível resumir a atriz em uma só frase, tentaríamos a que melhor lhe condiz, dizendo que Fernanda Montenegro comprova a máxima de Simone de Beauvoir que nos palcos interpretava: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”. E ela de fato, tornou-se uma mulher e tanto. Muito além do universo artístico, tê-la ainda entre nós é um privilégio da nação e uma honra. Fernanda Montenegro é na verdade, um presente para a humanidade.

Sua vida artística se divide em teatro, televisão e ultimamente de forma mais intensa, o cinema. A estreia no teatro aconteceu em 1950 e a partir de 1963 começou a participar das telenovelas, tornando-se o nome preferido dos autores e dos telespectadores. Toda sua grandiosidade dentro e fora de cena fez com que em 1985, o então Presidente da República José Sarney convidasse a atriz para ser Ministra da Cultura. Fernanda obteve o apoio unânime de toda a classe artística e da opinião pública, mas recusou por saber não ser essa a sua real vocação. Hoje, com 85 anos e 64 de carreira, a atriz mais uma vez está prestes a encantar o público na estréia de mais um personagem. Em 2015, Fernanda Montenegro interpretará um papel inédito: viverá uma lésbica na próxima programação do horário nobre da TV Globo. Sua personagem fará par romântico com outra atriz consagrada, Nathalia Timberg, também de 85 anos. As expectativas das duas para a novela de Gilberto Braga são altas e Fernanda Montenegro já adiantou: “Nós vamos nos beijar!” A atriz que esteve em cartaz no monólogo Viver Sem Tempos Mortos, interpretando as memórias da feminista francesa Simone de Beauvoir, foi convidada em agosto de 2013, para uma participação

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lória Pires, eleita em 2013 a 28° celebridade mais influente no Brasil, segundo a revista Forbes, é hoje um dos maiores nomes da teledramaturgia do país. Conhecida pela sua versatilidade e total entrega aos personagens, a atriz tem o dom de prender o telespectador, desde os filmes mais “águas com açúcar” até alguns aclamados dramas do cinema nacional.

Nascida de oito meses em 1963 no Rio de Janeiro, Glória mostrou que não só sua chegada ao mundo seria precoce, mas também sua estréia nas telonas do país, começando a carreira de atriz logo aos cinco anos de idade, com a novela A Pequena Órfã, da Tv Excelsior. Em 1978, aos 15 anos, fez seu primeiro papel marcante na novela Dancin’ Days de Gilberto Braga. Trama que inaugurava o estilo do autor, marcado pela discussão dos valores da classe média e das elites urbanas. Glória recebe o premio APCA de atriz revelação. O sucesso da atriz foi tanto que no ano seguinte foi convidada para viver sua primeira protagonista na novela Cabocla, de Benedito Ruy Barbosa.

Em 1995 atuou em “O Quatrilho” de Fábio Barreto, filme indicado ao Oscar como Melhor Filme Estrangeiro e vencedor do Oscar de Melhor Atriz, do Prêmio de Melhor Atriz de Cinema da APCA e Melhor Atriz do Festival de Cinema de Viña Del Mar, todos para Glória. Estrelado por Glória Pires e Tony Ramos em 2006, o filme Se Eu Fosse Você de Daniel Filho entrou pra história da comédia romântica brasileira e se tornou um clássico do gênero no país, tendo a sua continuação, Se Eu Fosse Você 2, como recorde de bilheteria em 2009 e hoje na quarta posição dos filmes mais assistidos do cinema nacional, atrás de A Dama do Lotação (1978), Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976) e Tropa de Elite 2 (2010).

Em Se Eu Fosse Você 1 e 2, Glória encara um desafio: interpretar um homem que trocou de corpo com sua esposa. O filme conquistou o carisma do público e a desenvoltura destes dois atores consagrados foi indispensável para o sucesso. A atriz Estreou em uma grande produção de cinema que diz ter se dedicado à observação de Tony para a como protagonista do filme “Índia, a Filha do Sol” em criação da personagem, mais uma vez surpreendeu o 1981. Desde então, sua filmografia ficou marcada pela espectador pela sua facilidade de convencer a platéia, diversidade de estilos nos personagens que interpreta. em memorável encenação, de que ela realmente era Cláudio, um publicitário preso no corpo de Helena.

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Não houve alternativa se não conquistar a empatia do público.

ao Globo de Ouro. Os críticos americanos que já viram Flores Raras ficaram encantados com o trabalho dela”.

Em 2013, estréia o filme “Flores Raras” dirigido por Bruno Barreto. Com mais de 15 filmes no currículo, Glória dá mais uma prova de sua versatilidade, ao interpretar a arquiteta Lota de Macedo Soares. Ela atua boa parte do tempo em inglês para recriar o romance ambientado no Brasil dos anos 50, entre a idealizadora do Aterro do Flamengo com a poetisa americana, Elizabeth Bishop (Miranda Otto).

De fato Glória acertou o tom da personagem desde o início. Mas já era de se esperar, tratando-se de uma mulher que é um orgulho para o cinema nacional, assim como tantas outras que se despem de si mesmas para se entregar a este ofício de entreter e viver essa magia que é poder ser quase todo mundo.

Não faltaram cenas de beijos e carinhos entre as duas personagens. “O fato de a personagem ser homossexual não é problema, é solução. Como atriz, eu busco desafios e, quando você faz muita televisão, fica enquadrado. Quando o convite chegou, dei pulos de alegria”. Disse Glória, que acredita que o filme chega em um momento importante já que se discute no Brasil temas como a “cura gay”. Flores Raras recebeu críticas muito positivas e em relação a atuação e o desempenho do elenco, sobraram elogios em especial para a atriz brasileira. O autor de novelas Aguinaldo Silva afirmou: “Não se surpreendam caso o nome de Glória apareça na lista das candidatas ao Oscar de Melhor Atriz de 2014 ou

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ma mulher que detestava convenções era Leila Diniz. Totalmente à frente do seu tempo, a atriz que foi autora de frases polêmicas como: “Transo de dia, de tarde, de noite”, sacudiu a moral vigente nas décadas de 60 e 70 e libertou muitas mocinhas da obrigação de se adequar ao comportamento socialmente aceitável para as mulheres da época.

Nascida em 25 de março de 1945, em Niterói, Leila Diniz era professora de jardim de infância em um subúrbio carioca, antes de se tornar estrela de TV e cinema, musa de Ipanema e de uma geração de boêmios da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Passou a ganhar notoriedade quando estrelou no filme “Todas as Mulheres do Mundo” de Domingos de Oliveira em 1966, onde ela aparecia nua e esplendidamente bonita. Em 1969, chegava às bancas mais uma edição de “O Pasquim”, trazendo uma reveladora entrevista com a atriz. Nunca uma mulher brasileira havia falado de sexo de forma tão aberta e natural à imprensa: “Acho que prá mim seria bacana trepar todo dia. E não me importaria se fossem uma, duas, três, vinte ou mil vezes, por dia. Eu tenho uma puta resistência física.” O Pasquim se notabilizou por publicar suas entrevistas tal e qual o entrevistado falava, sem cortes ou retoques, mas no caso de Leila não pôde agir assim.

Essa polêmica entrevista de Leila, se, por um lado, consagrou o mito da atriz, por outro também lhe trouxe muitos aborrecimentos e portas na cara. A TV Globo, por exemplo, onde ela atuara no início da carreira, negou-lhe trabalho: “Não tem papel de puta na próxima novela” justificou um diretor da casa. Em 1971, Leila foi a primeira mulher a desfilar grávida pelas areias de Ipanema usando biquíni. Uma prática hoje natural, mas que na época foi considerada uma afronta à tradição. A imagem até então inédita do ventre fertilizado e exposto publicamente, se transformou em várias capas de revistas e foi aos poucos consolidando a imagem de Leila: Para uns, ela representava o atentado à moral e aos bons costumes, para outros, era o signo matricial da nova mulher: liberada, independente, livre e feliz. A atriz morreu em junho de 1972, aos 27 anos, quando retornava de um festival de cinema na Austrália, em um acidente aéreo. Porém, imortalizou-se como uma mulher defensora do amor livre, do prazer sexual e um símbolo da revolução feminina. Bem mais do que na arte, foi na vida que ela desempenhou o seu melhor papel. Fica entendido que Leila Diniz, não só foi “Todas as Mulheres do Mundo” como também, cantarolando Rita Lee, “Toda mulher é meio Leila Diniz”.

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anhador do Oscar de 2010 por melhor roteiro adaptado e melhor atriz coadjuvante, Preciosa é um filme chocante por nos remeter a uma realidade que se esconde em vários lares: o abuso sexual e infantil.

Precious (original em inglês) conta a história de Claireece “Precious” Jones (Gabourey Sidibe) uma adolescente de 16 anos do Harlem, Nova York que é violentada pelo pai (Rodney Jackson) e abusada pela mãe (Mo’nique), assim cresce irritada e sem nenhum amor. Preciosa tem um filho com síndrome de down e é apelidado de “Mongo” e vive sobre os cuidados da avó. Ao engravidar do segundo filho é suspensa da escola e consegue ir para uma escola alternativa, que tem como objetivo ajudá-la a lidar melhor com sua vida. Claireece, assim, passa a se refugiar em sua imaginação.

mecanismo de defesa, fonte da resistência para sua difícil estrutura familiar e extremamente frutífera. Ela sonha que seu professor é apaixonado por ela e que irão morar juntos, por exemplo, e assim vai se refugiando em seus sonhos graças ao conformismo e a incapacidade de mudar sua realidade. Dirigido e produzido por Lee Daniels e baseado no livro “Push” de Sapphire, Preciosa é um filme pesado que mostra a face grotesca das relações familiares e uma mulher que mesmo lutando contra seus traumas (abuso sexual e falta de amor materno), seu anafalbetismo funcional, desemprego, dois filhos para sustentar, AIDS e a baixa autoestima, não deixa de tirar forças no impossível e ser uma mulher preciosa.

Os filhos de Precious são fruto de incesto com o seu pai, e assim sua mãe nutre um ódio contra a filha, acreditando que desde criança a adolescente seria concorrente nas relações sexuais com o pai. Além disso a mãe sobrevive de forma parasita dos benefícios do Estado á Claireece e sua primeira filha com síndrome de down.

A imaginação de Preciosa é um poderoso

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om indicações ao Oscar, Globo de Ouro e prêmios no BAFTA, Festival de Cinema de Toronto e Festival Internacional de Edimburgo em 2001, Amélie Poulain conquistou o mundo todo com seu, certamente, fabuloso destino. A comédia romântica francesa dirigida por Jean-Pierre Jeunet conta a história de Amélie Poulain (Audrey Tautou), uma menina que cresceu isolada de outras crianças e sem dúvidas se tornou uma mulher muito diferente das outras com seu jeito original. Quando criança o pai de Amélie achava que ela possuía uma anomalia no coração, pois esse batia muito rápido durante os exames mensais que o pai fazia. Porém, na verdade Amélie ficava nervosa com esse raro contato físico com pai. Sua mãe é professora, e a alfabetiza até falecer. Consequentemente a distância com o pai e a morte precoce da mãe acabam por influenciar no modo como Amelie encara a vida adulta e é dessa forma que essa história trás o público próximo da trama, pois qualquer infância reflete na vida adulta. Amelie muda para o subúrbio de Paris, Montmartre, e trabalha como garçonete. Um belo dia encontra uma caixinha com lembranças do antigo morador de seu apartamento e, anonimamente, decide devolver a ele. Ao ver a reação do homem revendo a caixinha e chorando de alegria, Amélie muda sua visão do mundo e passa a realizar pequenos gestos para ajudar as pessoas ao seu redor e através desse novo sentido que dá a sua vida, ajuda um homem e nele encontra o amor. Um filme leve e divertido faz o espectador refletir sobre a leveza da vida através dessa personalidade, Amelie. Original, tanto na forma de viver como na forma de se vestir, com um estilo especial e único, todos espectadores até hoje, com certeza, reconhecem Amelie quando a veem. Uma mulher independente que com certeza encantou e inspirou com seu fabuleux destin.

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encedor do Oscar, Cesar e BAFTA de melhor roteiro original em 2006, o filme norte americano aclamado pela crítica arrecadou cem milhões de dólares de bilheteria e criticou o tão venerado pela cultura americana: concurso de beleza. A família Hoover foge muito dos padrões da família “American way of life”. O pai desenvolveu um método de auto ajuda que é um fracasso, o filho mais velho fez um voto de silêncio para obter a aprovação dos pais para entrar na aeronáutica, o cunhado é um suicida que acaba de voltar da reabilitação para passar um tempo com a família e o avô foi expulso de um asilo por consumir heroína. A caçula do clã Olive (Abigail Breslin) é selecionada, incentivada pelo avô, para participar de um concurso de beleza para meninas pré adolescentes o “Little Miss Sunshine”. E assim a história se passa na viagem, cruzando o país, quando toda a família decide acompanhar Olive em uma Kombi amarela e enferrujada. Olive, com seus óculos enormes e dona de um corpo totalmente fora dos padrões de beleza impostos pela sociedade, é influenciada pela mídia e sonha em ser miss. O enredo destaca um grande problema do atual cotidiano infantil: a sensualização e a exposição do corpo. Olive apenas é uma criança que fantasiava

sobre os concursos de beleza e ao longo do filme vai observando que ao contrário das outras participantes do concurso não tinha vaidade suficiente para usar salto, maquiagem e se esconder na imagem de “Barbie”. Aclamado pela crítica e considerado um clássico da comédia, critica de uma forma sutil e única algo que vem se tornando cada vez mais normal nos Estados Unidos: o incentivo à cultura dos padrões da beleza. Olive, mesmo não passando por esses padrões, é uma criança linda, por ser uma criança e não uma criança disfarçada e travestida e mulher, e encanta o público com seu carisma e prova que não precisa ser uma Barbie para estar nos padrões exigidos pela sociedade. Abigail entrega completamente no papel e transforma Olive numa personalidade que apesar de ser uma criança, diversas mulheres podem se identificar: aquelas fora do padrão imposto e que mesmo assim são sunshines.

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om indicações ao Oscar, Globo de Ouro e BAFTA de 2002, o longa estaduniense conta a história a icônica pintora mexicana Frida Kahlo. O drama biográfico dirigido por Julie Taymor é baseado no livro de Hayden Herrera e retrata a vida de Frida Kahlo (Salma Hayek) da adolescência até sua morte. Conceituada e aclamada como pintora, casouse com Diego Rivera (Alfred Molina), seu companheiro também nas artes. Teve um casamento agitado e aberto que culminou no divórcio graças a falta de lealdade.

machista. São várias suas citações famosas, entre elas “Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”. Dessa forma, sendo uma figura forte e única, defendia as mulheres. Dona de uma personalidade clássica, Frida nos inspira até os tempos atuais.

Além disso teve um caso com Leon Trostky (Geoffrey Rush), o político russo, e com diversas mulheres. Frida se identificou com e entrou para o Partido Comunista, além disso tornou-se um dos maiores ícones do feminismo. Cores fortes e combinações exóticas, estampavam suas roupas, seus quadros e suas raízes indígenas que servia de inspiração para a artista. Frida é uma mulher que viveu à frente do seu tempo em muitos aspectos. Era uma mulher sexualmente liberada, moderna e assumidamente bissexual, o que era uma novidade na época em que viveu na década de 60. Suas pinturas revelavam imagens da intimidade feminina: do nascimento e aborto, órgãos internos à vista e entranhas do corpo feminino. Assim desconstruiu o imaginário de uma cultura patriarcal e

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e não era, o azul acabou tornando-se a cor mais quente sim. Vencedor do Palma de Ouro de 2013 no Festival de Cannes, La vie d’Adéle (original em francês) conta um romance belissímo (e quente) entre duas mulheres quebrando padrões de quaisquer outros longas que tratam sobre amor. Baseado nos quadrinhos de Julie Maroh “Le Bleu est une Couleur Chaude”, Azul é a cor mais quente conta a história de Adéle (Adéle Exarchopoulos), uma jovem de 15 anos que está passando da adolescência para a fase adulta e se apaixona “à primeira vista” pela jovem de cabelos azuis, Emma (Léa Seydoux) com quem vive sua primeira paixão por uma mulher. Adéle, que vinha de uma família tradicional, acaba não revelando seus desejos e vive esse amor de forma secreta. Adéle quer ser professora, tem pais simples que estão sempre juntos na mesa comendo uma boa macarronada. Já Emma faz parte de uma família de intelectuais, cursa Belas Artes e pinta lindos quadros com corpos femininos. Tal diferença de classes é sempre retratada nas obras do diretor franco tunisiano Abdellatif Kechiche, que deu o nome À personagem o mesmo da atriz, pois gostava de filmá-la no dia a dia do set e queria utilizar diversas cenas em que seu nome, Adéle, era mencionado.

O longa de Kechiche foi cercado de polêmicas acerca das cenas de sexo explícito entre as protagonistas, que contabilizaram sete minutos do filme, e que trouxe um impacto forte tanto ao público quanto ás atrizes que disseram ter se sentido expostas e torturadas pelo diretor ao longo das filmagens que duravam horas com muitos closes. Apesar de toda a controvérsia, o filme foi um sucesso indicado em diversos Festivais internacionais e com prêmios além de Cannes, nos EUA e no Canadá. Independentemente do sexo, que para muitos passa despercebido ao final do filme, a vida de Adéle não é sobre um relacionamento homo afetivo, é uma história sobre o amor contada de uma forma ímpar e sutil, gerando lágrimas nos olhos daqueles que se entregam pela sua naturalidade. Com quase três horas de duração, e com destaque ao título original que diz que esse é o capítulo 1 e 2 da vida de Adéle, o longa termina com um gostinho de quero mais. Adéle e Léa eternizaram suas personagens que se tornaram personalidades clássicas e que jamais serão esquecidas por aqueles que deixaram se levar pelo azul.

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fraca e frágil ao ser inserida num novo cenário e numa nova situação. A atriz entra na lista de premiadas no Oscar de Melhor Atriz pela sua interpretação nesse filme.

As personagens de Woody Allen são de tanto destaque, que são doze indicações ao Oscar, sendo que seis delas levaram a estatueta pra casa. Em comparação, apenas quatro homens foram indicados por papéis nos filmes do diretor e só um ganhou o Oscar. Não só elas saíram premiadas, como o próprio diretor já levou vários prêmios, incluindo Oscar, BAFTA, prêmios do Festival de Cannes e Globos de Ouro.

O filme conta a história de Jasmine, que é uma dessas mulheres ricas americanas que vivem de aparência e ostentação. Mas toda sua vida muda quando o dinheiro acaba. A falência e a morte de seu marido acabam por mudar sua vida. Ela passa a viver uma vidamenos sofisticada e luxuosa ao lado da irmã Ginger (Sally Hawkins). É clara a instabilidade psicológica da personagem, que sempre foi coadjuvante da própria vida. Ela abandona sua carreira para se casar, ser apenas a mulher que está ao lado do marido, que por acaso colecionava várias amantes, e sofre tentativas de abuso sexual no trabalho, é uma história não muito diferente de muitas mulheres pelo mundo. Jasmine estava presa no desejo de ser uma mulher rica, que não enxergava as injustiças e violências ao qual ela própria sofria.

om uma enorme lista de títulos nas costas, Woody Allen se destaca pelos seus trabalhos com personagens femininos. Assim, ele é aclamado como um dos diretores mais influentes de Hollywood. Se Hollywood sempre deixa de lado as mulheres, o diretor Woody Allen foge à regra. Ele ficou conhecido não só pelo seu jeito neurótico, mas também pela forma que ele retrata as mulheres em suas obras. Seus filmes ficaram marcados, entre outros aspectos, por grandes atrizes que interpretaram personagens femininas fortes e excêntricas.

Woody Allen teve muitas musas durante sua carreira, uma das primeiras foi Diane Keaton, que em “Noivo neurótico, noiva nervosa” interpretou Annie Hall. Ela era a representação das mudanças comportamentais que ocorriam com as mulheres na época do lançamento do filme. Outra musa inspiradora de Allen foi Dianne Wiest. Ela colaborou inúmeras vezes com o diretor, foi premiada por dois filmes com ele: “Hannah e suas irmãs” e por “Tiros na Broadway” – Onde em ambos os filmes, interpreta neuróticas atrizes de teatro. Poderíamos passar horas listando todas essas mulheres incríveis que contemplam os filmes de Woody Allen, mas seria uma leitura interminável e de absoluto bom gosto. Como disse o diretor: “para se ter boas atuações em um filme, mais da metade dessa habilidade reside em escolher as pessoas certas para os seus personagens”. Outras mulheres que não poderiam deixar ser citadas são Geraldine Page, Mariel Hemingway, Judy Davis, Mira Sorvino e Penélope Cruz, que além de musa para Woody Allen, é também de Pedro Almodóvar. A mais recente musa inspiradora de Woody Allen é Cate Blanchett, que interpreta Jasmine, personagem que dá nome ao filme: Blue Jasmine. Ela é uma personagem totalmente contraditória, se mostra

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ma das pessoas mais premiadas na história do cinema, sua lista de prêmios inclui, dois Oscar, dois Globos de Ouro, quatro BAFTA, quatro prêmios no Festival de Cannes e seis Goya, honraria máxima do cinema espanhol.

Pedro Almodóvar é um grande cineasta espanhol, seus filmes são cheios de personagens femininas fortes. Ele trata de questões polemicas de forma irreverente, sempre trazendo grandes reflexões sobre sexualidade e gênero. Além de dar voz e protagonismo aos marginais, nessa categoria estão inclusos homossexuais, drogados, deficientes, pessoas marcadas pela degradação social e as mulheres. Contudo, seus personagens que não se enquadram como vítimas. Além disso, em seus filmes nunca serão encontrados discursos paternalistas. Muitas atrizes gostariam de encarnar alguma personagem de Almodóvar. As suas mulheres são tipos nada convencionais, mas ao mesmo tempo humanas e cheias de vida. A forte carga de emoções e a dramaticidade a flor da pele, são comuns a todas. Desde “Mulheres à beira de um ataque de nervos”, Almodóvar ficou conhecido pela sensibilidade ao abordar temas femininos.

Volver é o retorno de Almodóvar ao universo feminino, nele é contada a história de mulheres de uma mesma família, que enfrentam a morte, a violência e dramas tão reais e tão diários que todo esse universo se torna verossímil. A morte também é um assunto bem discutido no filme, principalmente em como certas culturas e povos levam esse assunto de uma forma tão natural, não é a toa que a primeira cena do filme são mulheres lavando as sepulturas de seus mortos. Outro ponto visto no filme é a questão do abuso sexual, em que o próprio pai tenta molestar sua filha e acaba sendo morto, por suas mãos. Raimunda, a mãe (papel interpretado por Penélope Cruz), se joga no papel materno ao ajudar sua filha e tomar a responsabilidade de se livrar do corpo. Carmen Maura interpreta a mãe de Sole (Lola Dueñas) e Raimunda, na intenção de ajudar uma e pedir perdão a outra, respectivamente, ela volta da morte e vai ao encontro de suas filhas. Almodóvar nessa sua volta ao universo feminino, nos traz tudo o que podemos esperar de seus filmes, grandes cargas de emoções, numa mistura de drama, tragédia e comédia.

Dentre todas as mulheres, as Almodovarianas se destacam. Pela atuação em seu filme Volver, Penélope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo, Yohana Cobo e Chus Lampreave ganham em conjunto o prêmio de melhor atriz do Festival de Cannes, mostrando o poder dessas adoráveis mulheres. Penélope cruz concorre ainda ao Oscar, como melhor atriz, por interpretar Raimunda no filme.

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utodeclarado maior diretor do mundo, Lars Von Trier, é um polêmico cineasta dinamarquês que ficou conhecido por seus filmes que causaram bastante alvoroço na sociedade. Ele junto com Thomas Vinterberg lança o manifesto Dogma 95, que buscava a criação de um cinema mais realista e menos comercial, na expectativa da libertação artística.

Os filmes de Lars são o oposto dos filmes comerciais de Hollywood, são filmes que nos trazem discussões sobre o mal do mundo, filosofia e feminismo. Sua carreira é cheia de polêmicas, como o lançamento do filme “Anticristo” no festival de Cannes, em que o filme foi vaiado pelo público. O filme é bastante controverso, várias pessoas acham o filme misógino e fruto da mente perturbada do autor que passava por um período de depressão. Já outros acham que o filme é uma crítica ao sistema machista que causa a morte de milhares de mulheres, sempre culpando e demonizando a figura feminina. Se todos os diretores possuem alguma marca registrada, Lars também tem a sua. O que muitos dos seus filmes têm em comum? Todos possuem alguma personagem feminina que sofre algum tipo de violência. Vemos isso em “Ondas do Destino”, “Dançando no Escuro”, “Dogville”, “Manderlay”, “Anticristo” e em “Ninfomaníaca”. São mulheres que sofrem com a maldade da sociedade ao redor e também vítimas da própria loucura e emoções tortuosas causadas pela repressão.

é Ninfomaníaca. O Longa encerra o projeto chamado Trilogia da Depressão. Essa trilogia é o conjunto de obras que retratam os pensamentos, emoções e questionamentos que passaram pela cabeça do autor, durante o período de tortura mental e psicológica imposta pela depressão que passou. Segundo o próprio, a inspiração para os três filmes veio de uma mente muito doente. “Ninfomaníaca” é a crítica de Lars a repressão do desejo feminino. Nossa sociedade ainda é muito conservadora: nela as mulheres são criadas para terem uma sexualidade reprimida, controlada, beirando a castidade, enquanto os homens (cis héteros) gozam do privilégio de exercerem sua sexualidade da forma que quiserem. No filme o diretor questiona e desconstrói esses padrões estabelecidos, ele nos dá uma personagem feminina que assume os seus desejos e exerce sua sexualidade de forma livre. Uma das cenas mais emblemáticas do filme é a cena de Joe em um grupo de tratamento para mulheres viciadas em sexo, o tratamento do desejo feminino como se fosse uma doença é duramente criticado no filme. Lars com seu filme responde a questão de Freud, “o que uma mulher quer?”: a mulher quer gozar!

A mais recente obra de Lars é talvez a mais ousada da sua carreira. É um filme sobre uma mulher viciada em sexo e repleto de cenas de sexo explícito. Isto

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nome Quentin Tarantino é um dos maiores da cena atual do cinema mundial. Seus filmes são cheios de referências e influencias da cultura pop, são filmes sanguinolentos e irreverentes.

Poderíamos citar muitos filmes do Tarantino, e suas inúmeras personagens mulheres que se mostram fortes, sensuais, perigosas e sedutoras, como a Mia Wallace de Pulp Fiction; ou as mulheres de Jackie Brown, que enganam o patriarcado quando podem; ou Bridget von Hammersmark e Shosanna Dreyfus, que está em busca de vingança em nome de sua família, em Bastardos Inglórios. Tarantino nos seus filmes, sempre nos surpreende com mulheres fortes e impressionantes, que assumem posições centrais e decisivas nos filmes. As mulheres de Tarantino representam o desejo de vingança, contra o sistema machista e patriarcal e vão de encontro com a necessidade de se destacarem na sociedade. Tarantino possui muitas marcas registradas nos seus filmes, como os diálogos verborrágicos que fazem referências a cultura pop e que nada acrescentam à trama do filme, cenas de ação rápidas e sanguinolentas. Uma de suas tantas marcas, é baseada na sua obsessão por pés, ele é um podólatra assumido. Em vários de seus filmes, aparecem cenas de pés femininos descalços, que reafirmam seu fetiche e exploram a imagem do corpo feminino de forma diferente. Agora falemos de Kill Bill, filme que consagra Tarantino na boca do povo. O filme que primeiramente é concebido como um único filme, é dividido em dois volumes, o que deu a oportunidade de aprofundamento da história e personagens. A trama da história por acaso vem a ser super simples, é a busca de uma mulher por vingança. Ela procura se vingar de seu antigo parceiro sexual e profissional, que arquitetou a sua morte, que por machismo, não permitiu que ela vivesse uma nova vida longe do crime.

não linear, vamos descobrindo a história dessa mulher que busca vingança num banho de sangue. A noiva, como é inicialmente conhecida, na verdade era uma assassina que fazia parte de um esquadrão de assassinos, as Víboras mortais. Ao descobrir que estava gravida, ela decide abrir mão dessa sua vida, para se dedicar integralmente à sua filha que estava para nascer, em detrimento de não achar o crime um ambiente propicio para o crescimento de uma criança. Ao descobrir que foi trocado, Bill ataca sua ex-parceira numa tentativa de assassinato, que levou ela ao coma durante 4 anos. Durante esse período, ela foi vítima de abusos no hospital onde estava internada, em que o enfermeiro a prostituía. No filme temos Uma Thurman interpretando a noiva, que irá correr atrás da vingança dos seus executores. Ela cria uma lista, em que seus principais e mais durões oponentes são mulheres, entre elas, a chefe do crime de Tokio e sua principal oponente, Elle Driver. Beatrix Kiddo, nome da personagem de Uma, também é uma excelente guerreira, é uma especialista em facas, que sai vitoriosa numa luta contra 88 homens e sai matando todos com sua legitima espada Hattori Hanzo, cumprindo assim sua promessa de vingança. Não é à toa que o seu codinome nas Víboras Mortais era Black Mamba, uma das cobras mais mortíferas do planeta. A sua personagem possui não apenas uma, mas várias facetas, ela mostra um lado assassino e vingativo, mas tem também um lado materno e passional.

Ao longo do filme, que possui uma linguagem

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ue Meryl Streep é uma grande atriz, disso não temos dúvida. Seja no cinema, na TV ou nos palcos, Mary Louise Streep – seu nome de nascença – é considerada, por muitos críticos, como a melhor atriz viva do mundo. Ela tem uma lista gigantesca no IMDb (um dos maiores sites sobre cinema, celebridades e TV), que conta com mais de 70 produções, entre filmes e minisséries. Já foi indicada, pela Academia, 18 vezes e ganhou 3 delas. Apesar do Oscar ser a maior premiação do cinema, temos que olhar no geral, onde os números de Meryl ficam ainda mais impressionantes: 402 indicações. Entre elas, podemos achar Oscar, obviamente, Grammy – maior prêmio da música –, Tony – do teatro – e o Globo de Ouro. Além disso, essa grande personalidade, rainha do drama, já foi presenteada com títulos honorários das melhores universidades do mundo: Yale, Harvard e Princeton, por sua contribuição para a dramaturgia e arte. Muito mais que isso, porém, é seu espírito feminino, que não se deixa enganar pelo brilho de Hollywood. Mesmo com todo glamour que essa denominação de “Diva” carrega, Meryl Streep não se abstém da defensoria do lugar da mulher no mundo. Tempos antes de Jennifer Lawrence e Emma Watson, Streep já defendia os ideais do feminismo. E continua defendendo em seus discursos não só de Oscar, mas em todas as chances que lhe são concedidas. Essa carga forte de poder mulher, pode até ser encontrado nos seus papéis. Por mais que isso seja uma característica pessoal da atriz, ela consegue transpor as telas, lentes, câmeras e, até mesmo, personagens, mostrando para o público seus reais valores. Margareth Tatcher (A Dama de Ferro), Donna (Mamma Mia!), Julia (Julie & Julia) e Jane (Simplesmente Complicado), por exemplo, são mulheres que tem as mesmas dúvidas de qualquer outra mulher, com fraquezas, paixões e sonhos. Mas que nos mostram o verdadeiro feminismo: igualdade de sexo. São mulheres fortes, que perseguem seus desejos, mas não é por isso que desprezam o sexo masculino. Elas conseguem alcançar seus objetivos sozinhas e conseguem a felicidade nisso, mas demonstram que um companheiro, numa relação de “igual para igual” contribui para esse final feliz.

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atherine Elise Blanchett é uma australiana de 45 anos. Uma mulher comum, que até seus 18 anos estudou Economia e Belas Artes na Universidade de Melbourne e, então, por mera sorte, acaso ou destino foi convidada para ser figurante de um filme enquanto passava férias no Egito. Em 1992, se formou no Instituto de Arte Dramática em Sydney e iniciou sua carreira nos palcos. Hoje, com vinte anos de carreira, 50 filmes lançados – com dois de sua direção –, três prêmios Globo de Ouro e três BAFTA e dois Oscares, ela continua sendo Catherine Elise Blanchett da cidade de Melbourne, entretanto mais conhecida como Cate Blanchett, uma das musas de Woody Allen, estrela do longa Blue Jasmine (2014). Ela mostrou-se versátil e impecável em suas atuações. Dubladora de filmes infantis – Como treinar seu dragão 2 (2014) –, coronel de um grupo de agentes soviéticos em filmes clássicos da aventura cinematográfica – Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008) –, e uma viúva de temperamento forte que desperta um interesse amoroso naquele que pegava dos ricos para dar aos pobres – Robin Hood (2010).

neuras, com as suas convicções e seus dramas, mas que, ainda assim, se mostram fortes e determinadas, capazes de perseguir o que querem. Esses filmes merecem e devem ser vistos. E, acrescento – nas palavras de Blanchett–, “[esses filmes], de fato, ganham dinheiro”. Além da defesa da importância da mulher nos filmes, ela também defende a beleza natural. A própria Cate diz que não pretende se juntar ao grupo de mulheres que, ao atingir seus cinquenta anos, fazem cirurgias plásticas, apesar de não ter nada contra o procedimento. Na verdade, em entrevista ao Daily Mail do Reino Unido, diz ter “pena” daquelas que começam tão cedo, por volta dos 20 anos, a se preocupar com isso, recorrendo às salas de cirurgia. Apesar do uso, e indicação, de alguns produtos de pele, Blanchett diz estar mais confiante atualmente com a sua pele do que há dez anos, mas ela recomenda: “nós estamos sempre procurando por algo novo. Eu sou muito antiquada... nós fazemos tanto para nós mesmas, eu não sei se é por tédio ou o quê. É, tipo, faça menos! Leia um livro, faça uma caminhada!”. Indubitavelmente, diva.

Diretora, atriz de telas e de palco, mãe de três filhos e, principalmente, mulher. Que defende a outra mulher e que explica ao mundo, como fez em seu discurso de premiação do Oscar – por sua atuação em Blue Jasmine –, que filmes com uma personagem feminina no centro não são preferências minoritárias, são histórias de seres do sexo feminino, que são como as espectadoras: mulheres com problemas pessoais,

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enélope Cruz, a Espanhola que conquistou seu espaço em Hollywood, iniciou sua carreira nos anos noventa com o filme “Jamón, jamón”, mas foi em 2006 com o filme “Volver” de Almodóvar, com quem posteriormente trabalhou em mais quatro longas, que ganhou a notoriedade merecida e dois anos depois foi consagrada com uma estatueta dourada como melhor atriz coadjuvante no filme “Vick Cristina Barcelona” de Woody Allen, em que roubou todas as cenas com sua personagem complexa e dramática. Tornando-se uma das musas desses dois grandes diretores que amam as mulheres.

É extremamente positivo ter uma mulher no auge de seus 40 anos, casada, com filhos e com uma carreira deslumbrante como a escolha de uma sexy simbol. A indústria da beleza sempre foi muito cruel em disseminar durante décadas, e porque não dizer séculos, a sexualidade e a estética moldadas em padrões que nos fazem acreditar que ser bonita tem relação direta com o frescor da juventude. Nada melhor que uma atriz irreverente como Penélope Cruz para mostrar que ser sexy está muito além, uma mulher madura pode sim ser a próxima “Bond girl” como é esperado no seu próximo papel nas telonas.

A morena é dona de uma beleza inquestionável de traços marcantes característicos de sua origem espanhola, sendo agraciada pela revista Esquire em 2014 com o título de mulher mais sexy do mundo. Apesar de se tratar de uma revista masculina que classifica suas eleitas de acordo com o nível de sexualidade de cada uma, podendo trazer um teor de objetificação, devemos pensar por outro lado.

É importante ter mulheres na mídia com idade acima dos 40 que inspirem e aumentem a autoestima das mulheres reais que lidam com a idade de forma estressante e tornando uma fase da vida que deveria ser comemorada pelas conquistas e maturidades alcançadas em uma verdadeira corrida contra o tempo.

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ngelina Jolie, nascida no dia 4 de junho de 1975, é uma premiada atriz, tendo na sua coleção um Oscar e três Globos de Ouro. Não ocupa apenas a função de atriz, mas também de cineasta, roteirista, dubladora, autora e também sex symbol, uma verdadeira mulher multifacetada. Ela já foi considerada como a atriz mais bem paga de Hollywood.

Apesar da sua grande capacidade de atuação, seus filmes nunca obtiveram muito sucesso. “Lara Croft: Tomb Raider” marca o inicio da carreira de grande prestígio, dessa estrela internacional. Logo após ela filma grandes sucessos como “Sr. e Sra. Smith”, “O Procurado”, “Salt”, “O Turista” e o seu mais recente sucesso foi “Malévola”.

A atriz, que durante sua adolescência passou por um período obscuro, marcado por crises e depressões, mostra que é possível dar a volta por cima e se tornar uma mulher exemplar. Angelina Jolie se mostra muito empenhada em trabalhos sociais, promovendo causas humanitárias. É amplamente conhecida por seus trabalhos com refugiados, ela é enviada especial e embaixadora da Boa vontade para um dos órgãos da Organização das Nações Unidas (ONU), foram nessas viagens a países pobres e em crise, que Angelina Jolie adotou seus três filhos com Brad Pitt.

Angelina Jolie é considerada como uma das mulheres mais bonitas do mundo, dona de um dos lábios mais cobiçado do mundo, tanto por mulheres quanto por homens, acaba sendo utilizada como exemplo para os padrões de beleza. Que ela seja utilizada como exemplo sim, mas não só pelos padrões de beleza, mas por seus valores e trabalhos, que essas causas humanitárias que ela promove também sejam vistas como exemplo.

Ela participou de muito filmes, inclusive quando era criança ao lado do seu pai Jon Voight, mas seu primeiro grande sucesso comercial foi “O colecionador de ossos”. Em 1999, Angelina Jolie participa do filme “Garota interrompida”, baseado em eventos da vida real, o filme conta a história de Susanna Kaysen. A sua interpretação nesse filme a levou ao seu primeiro Oscar, sendo indicada por Melhor atriz coadjuvante.

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