BECo com SaĂda
5. Batizado? Por alma de quem?
Introdução Pergunta “estranha” esta, a que te propomos para este mês, não achas? Pois é… se ficaste a pensar “Por alma de quem?… como assim? O que é que esta pergunta significa?“, não te preocupes… foi mesmo essa a nossa intenção! E sabes porquê? Porque, neste mês (de Março), queremos que “penses fora da caixa”… “O quê? Mais outro trocadilho?” “Caixa?” “Que caixa?” Calma… “Keep calm… and follow the instructions” A ideia é muito simples:
Em vez de analisarmos mais um “conteúdo”/elemento “interno” à compreensão do que significa ser batizado (ou não), vamos “saltar para o outro lado”, (tentando) colocarmo-nos “na pele” de quem é batizado… mas preferiria não ser… e decide “deixar de ser” (se é que isto é possível… como adiante veremos…)… Confus@? Ou só “intrigad@”? Talvez as histórias (reais) que a seguir transcrevemos te possam ajudar a perceber melhor…
Tema para Debate/Reflexão 1.1. “Já nem o batismo é para a vida”
(adaptado de um artigo publicado no Jornal Expresso - 30 de março de 2011 )
“Não se contentam em ser católicos não praticantes. A designação é insuficiente para lhes satisfazer a coerência. O batismo está lá, neles, como um vírus informático que a par e passo vai criando incompatibilidades com o sistema de valores que professam. É como se a água benta, que lhes jogaram sobre a cabeça em bebés, se tivesse entranhado e fizesse um curto-circuito interior (…). O choque ganha dimensão de falência sistémica quando o Vaticano diz falar por todos os católicos – e todos os batizados são contabilizados como tal. “Falar em meu nome? Em meu nome não”, protesta João Pedro Martins, que aos 38 anos tomou a decisão de anular o seu batismo. (…) Engenheiro informático – a maioria dos apóstatas tem formação superior -, João Pedro tinha tudo para ser um crente cumpridor. Foi batizado com dois meses, andou numa escola católica até à 4ª classe, fez a primeira comunhão e o crisma. As dúvidas chegaram aos 12 anos. Devorador de livros de divulgação científica, tinha dificuldade em encaixar naquelas teorias uma entidade divina. O crisma já foi feito com beicinho cerrado e cara de mau. Com os estudos a progredir nas matemáticas, a crença logo passou a indiferença, transformando-se depois na atual certeza de que “Deus simplesmente não existe”. Rui não entra numa Igreja nem para casamentos, não celebra o Natal – «Mas no dia-a-dia o que me chateia mesmo é ver o poder da Igreja sobre o Estado… laico».”
1.2. ”Ateus querem ‘desbaptizar-se’”
(adaptado de um artigo publicado no Jornal Sol - 6 de fevereiro de 2014)
“Para deixar de fazer parte das estatísticas dos católicos, há quem peça à Igreja para se ‘desbaptizar’. Mas como a anulação do baptismo não é possível, a saída passa por renunciar à religião, declarando-se apóstata. (…) os números mostram que há uma grande disparidade entre o número de baptizados e o número de praticantes. Um estudo da Universidade Católica revela que, em 2012, havia sete milhões de católicos em Portugal - ou seja, 70% da população -, mas apenas 1,8 milhões se afirmavam praticantes. Carlos Esperança acredita que os números são artificiais e cairiam se os não crentes se ‘desbaptizassem’. Mas são muito poucos os que o tentam fazer e ainda menos os que o conseguem. (…) Fernando Varela, vigário judicial do Tribunal Diocesano de Leiria, explica que “não é possível anular um baptismo”, uma vez que este “imprime naquele que o recebeu aquilo a que se chama, em linguagem teológica, ‘carácter’, isto é, um sinal indelével que significa, para o baptizado, a regeneração como filho de Deus e a incorporação à Igreja”.
O baptismo ‘é como a filiação’ O especialista em Direito Canónico diz que, para se desvincular da Igreja, o apóstata deve declarar formalmente e por escrito, com testemunhas, que “repudia totalmente a fé cristã”, sendo essa declaração averbada ao registo de baptismo. Manuel Estêvão da Rocha, vigário judicial da diocese de Aveiro, defende, porém, que o processo “é complexo” e deve passar pela audiência de quem faz o pedido. “É importante reunir e falar com as pessoas para perceber os motivos”, defende, explicando que já por duas vezes foi interpelado por Testemunhas de Jeová com este tipo de pedidos, sem que os tivesse deferido. “O baptismo é algo que não se apaga. É como a filiação. Posso não gostar do meu pai ou da minha mãe, mas não os posso renegar”, explica, acrescentando que a excomunhão é possível para quem “renegar publicamente os sacramentos, a fé ou a estrutura hierárquica da Igreja”. Apesar de se dizer a favor “da depuração das estatísticas”, o padre Estêvão da Rocha admite ter dificuldade em assumir a decisão de deixar alguém abandonar a Igreja: “Quem sou eu para analisar a relação da pessoa com Deus e passar a declaração de apostasia?”. De resto, as teses divergem sobre se é possível ou não declarar alguém apóstata. Fernando Varela garante que, “estando em causa a defesa da liberdade das consciências, que é um direito fundamental de todo o ser humano e cidadão, a declaração de apostasia é a forma que melhor salvaguarda a pessoa interessada para afirmar esse mesmo direito e defendêlo e, ao mesmo tempo, salvaguarda a Igreja como instituição de direito”.” (…) 1 - De acordo com o Cânone 751 do Código de Direito Canónico (disponível em: http://www.vatican.va/archive/cod-iuris-canonici/ portuguese/codex-iuris-canonici_po.pdf ), “apóstata” é aquele que repudia totalmente a fé cristã, renunciando ao seu batismo.
Pistas para Reflexão...
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Identifica aqueles que são, para ti, os “grandes problemas/questões” que a primeira “história” levanta. • Comenta a expressão (que, atente-se, é da autoria do autor do artigo e não da pessoa entrevistada): “a maioria dos apóstatas tem formação superior”. • A dado momento, diz-se no 2º artigo que “a anulação do batismo não é possível”. Consegues justificar esta afirmação, com recurso inclusive aos textos/reflexões anteriores deste projeto “BECo… com saída”? • Provavelmente, terás na tua escola/trabalho (ou mesmo família…) algum colega/amigo que levantará algumas das questões aqui presentes. Qual é a tua reação quando ele que questiona sobre a tuas fé/batismo? O que costumas fazer? • Como interpretas a expressão “o batismo é como a filiação”? Como a explicarias (por tuas próprias palavras)?
Tens aqui algumas questões que podes tentar responder individualmente e/ou em grupo. Se és Animador(a) e pretenderes a usar esta proposta com o teu grupo, o ideal será que, primeiramente, cada elemento tenha oportunidade de refletir a sós sobre cada uma delas e, só depois, partilhar a sua opinião/visão/resposta. Deste modo, como Animador(a), poderás orientar melhor os trabalhos e/ ou corrigir alguma interpretação/visão menos correta
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Reflexão Doutrinal
“O Baptismo é o sacramento sobre o qual se fundamenta a nossa própria fé e que nos insere como membros vivos em Cristo e na sua Igreja. Juntamente com a Eucaristia e com a Confirmação forma a chamada «Iniciação cristã», a qual constitui como que um único, grande evento sacramental que nos configura com o Senhor e nos torna um sinal vivo da sua presença e do seu amor. Pode surgir em nós uma pergunta: mas o Baptismo é realmente necessário para viver como cristãos e seguir Jesus? Não é no fundo um simples rito, uma acto formal da Igreja para dar o nome ao menino ou à menina? É uma pergunta que pode surgir. E a este propósito, é esclarecedor quanto escreve o apóstolo Paulo: «Ignorais, porventura, que todos nós, que fomos baptizados em Jesus Cristo, fomos baptizados na Sua morte? Pelo baptismo sepultámo-nos juntamente com Ele, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, mediante a glória do Pai, assim caminhemos nós também numa vida nova» (Rm 6, 3-4). Por conseguinte, não é uma formalidade! É um acto que diz profundamente respeito à nossa existência. Uma criança baptizada ou uma criança não baptizada não é a mesma coisa. Uma pessoa baptizada ou uma pessoa não baptizada não é a mesma coisa. Nós, com o Baptismo, somos imergidos naquela fonte inesgotável de vida que é a morte de Jesus, o maior acto de amor de toda a história; e graças a este amor podemos viver uma vida nova, já não à mercê do mal, do pecado e da morte, mas na comunhão com Deus e com os irmãos.” (Papa Francisco na Audiência Geral de 8 de Janeiro de 2014)
Pergunta para debate:
Qual te parece ser a melhor reacção/resposta a dar a casos como os descritos nos artigos citados, de acordo com estas palavras do Papa Francisco?
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Oração/Compromisso
Escuta orante da Palavra
1
Da 1ª Carta de Pedro (1 Pe 3, 14-16) “E quem vos poderá fazer mal, se fordes zelosos em praticar o bem? Mas, se tiverdes de padecer por causa da justiça, felizes de vós! Não temais as suas ameaças, nem vos deixeis perturbar; mas, no íntimo do vosso coração, confessai Cristo como Senhor, sempre dispostos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça; com mansidão e respeito, mantende limpa a consciência, de modo que os que caluniam a vossa boa conduta em Cristo sejam confundidos, naquilo mesmo em que dizem mal de vós.”
2
“Ecos no Silêncio”
Cada jovem diz, em voz alta e pausadamente, a expressão/frase que mais o “tocou” na leitura.
Profissão de fé
3
Ao longo da História do Cristianismo, foram vários os momentos e as “fórmulas” que os cristãos encontraram para “dizer” aquilo em que acredita(va)m. “A importância d[ess] as fórmulas e [desses] símbolos da fé como atos de confissão individual e comunitária consiste em expor, de modo sintético, ordenado e convidativo, as verdades cristãs fundamentais com que cada um – na unidade com toda a Igreja que as proclama como ‘símbolo’ de identidade comum, mútua fidelidade e recíproco empenho – declara o mistério da fé que professa e vive.” (Giulianao VIGINI – Esta é a nossa fé, Lisboa: Paulus Editora, 2012, p. 5). Entre estes “símbolos” contam-se o “Símbolo dos Apóstolos” e o “Símbolo (Niceno-)Constantinopolitano” (os mais conhecidos, sendo este último o mais conhecido “Credo”, pois é o mais comumente proclamado nas Eucaristias). Como sinal de fidelidade na fé e de compromisso no testemunho da vida nova a que o Batismo nos interpela, professemos a nossa fé, com a ajuda de um breve vídeo.
Vídeo: O Símbolo dos Apóstolos
[http://www.youtube.com/watch?v=FImeL06GDYc ]
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Vídeo - Ver em Youtube
Ao mesmo tempo que o filme é visualizado, cada jovem lê, à vez e em voz alta, cada uma das afirmações, respeitando, na medida do possível, o “ritmo” do filme. Os tempos indicados entre parêntesis rectos [….] correspondem ao momento em que a frase aparece no filme . (Tradução do texto do vídeo): Símbolo dos Apóstolos [00:11] Creio em Deus, [00:14] Pai [00:15] todo-poderoso, [00:19] Criador do Céu e da Terra; [00:25] e em Jesus Cristo, [00:27] seu único Filho, [00:29] Nosso Senhor, [00:33] que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; [00:36] nasceu da Virgem Maria; [00:42] padeceu sob Pôncio Pilatos, [00:47] foi crucificado, [00:51] morto [00:53] e sepultado;
[00:58] desceu à mansão dos mortos; [01:09] ressuscitou ao terceiro dia; [01:12] subiu aos Céus, [01:16]onde está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, [01:22] de onde há-de vir a julgar [01:25]os vivos e os mortos. [01:27] Creio no Espírito Santo. [01:29] na santa Igreja Católica; [01:31] na comunhão dos Santos; [01:33] na remissão dos pecados; [01:34] na ressurreição da carne; [01:36] na vida eterna. [01:38] Ámen.
Cântico - Nothing can ever - Taizé
Anexos
1
. PAPA FRANCISCO – Audiência Geral (Praça de São Pedro, 8 de Janeiro de 2014)
necessário para viver como cristãos e seguir Jesus? Não é no fundo um simples rito, um acto formal da Igreja para dar o nome ao menino ou à menina? Queridos irmãos e irmãs, bom dia! É uma pergunta que pode surgir. E a oje começamos uma série de este propósito, é esclarecedor quanto Catequeses sobre os Sacraescreve o apóstolo Paulo: «Ignorais, mentos, e a primeira diz respeito ao porventura, que todos nós, que fomos Baptismo. Por uma feliz coincidênbaptizados em Jesus Cristo, fomos bapcia, no próximo domingo celebra-se tizados na Sua morte? Pelo baptismo precisamente a festa do Baptismo do sepultámo-nos juntamente com Ele, Senhor. para que, assim como Cristo ressuscitou Baptismo é o sacramento sobre dos mortos, mediante a glória do Pai, o qual se fundamenta a nossa assim caminhemos nós também numa própria fé e que nos insere como mem- vida nova» (Rm 6, 3-4). Por conseguinte, bros vivos em Cristo e na sua Igreja. não é uma formalidade! É um acto que Juntamente com a Eucaristia e com a diz profundamente respeito à nossa Confirmação forma a chamada «Iniexistência. Uma criança baptizada ou ciação cristã», a qual constitui como uma criança não baptizada não é a que um único, grande evento sacramesma coisa. Uma pessoa baptizada mental que nos configura com o Senhor ou uma pessoa não baptizada não é e nos torna um sinal vivo da sua prea mesma coisa. Nós, com o Baptismo, sença e do seu amor. somos imergidos naquela fonte inesgoode surgir em nós uma pergunta: tável de vida que é a morte de Jesus, o mas o Baptismo é realmente maior acto de amor de toda a história; e
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graças a este amor podemos viver uma vida nova, já não à mercê do mal, do pecado e da morte, mas na comunhão com Deus e com os irmãos. uitos de nós não recordam minimamente a celebração deste Sacramento, e é óbvio, se fomos baptizados pouco depois do nascimento. Fiz esta pergunta duas ou três vezes, aqui, na praça: quem de vós conhece a data do próprio Baptismo, levante a mão. É importante conhecer o dia no qual eu fui imergido precisamente naquela corrente de salvação de Jesus. E permito-me dar um conselho. Mas, mais do que um conselho, trata-se de uma tarefa para hoje. Hoje, em casa, procurai, perguntai a data do Baptismo e assim sabereis bem o dia tão bonito do Baptismo. Conhecer a data do nosso Baptismo significa conhecer uma data feliz. Mas o risco de não o conhecer significa perder a memória daquilo que o Senhor fez em nós, a memória do dom que recebemos. Então acabamos por
M
Anexos considerá-lo só como um evento que aconteceu no passado — e nem devido à nossa vontade, mas à dos nossos pais — por conseguinte, já não tem incidência alguma sobre o presente. Devemos despertar a memória do nosso Baptismo. Somos chamados a viver o nosso Baptismo todos os dias, como realidade actual na nossa existência. Se seguimos Jesus e permanecemos na Igreja, mesmo com os nossos limites, com as nossa fragilidades e os nossos pecados, é precisamente graças ao Sacramento no qual nos tornámos novas criaturas e fomos revestidos de Cristo. Com efeito, é em virtude do Baptismo que, libertados do pecado original, somos inseridos na relação de Jesus com Deus Pai; que somos portadores de uma esperança nova, porque o Baptismo nos dá esta nova esperança: a esperança de percorrer o caminho da salvação, a vida inteira. E esta esperança que nada e ninguém pode desiludir, porque a esperança não decepciona. Recordai-
vos: a esperança no Senhor nunca desilude. É graças ao Baptismo que somos capazes de perdoar e amar também quem nos ofende e nos faz mal; que conseguimos reconhecer nos últimos e nos pobres o rosto do Senhor que nos visita e se faz próximo. O Baptismo ajuda-nos a reconhecer no rosto dos necessitados, dos sofredores, também do nosso próximo, a face de Jesus. Tudo isto é possível graças à força do Baptismo! Um último elemento, que é importante. E faço uma pergunta: uma pessoa pode baptizar-se a si mesma? Ninguém pode baptizar-se a si mesma! Ninguém. Podemos pedi-lo, desejá-lo, mas temos sempre a necessidade de alguém que nos confira este Sacramento em nome do Senhor. Porque o Baptismo é um dom que é concedido num contexto de solicitude e de partilha fraterna. Ao longo da história sempre um baptiza outro, outro, outro... é uma corrente. Uma corrente de Graça. Mas, eu não me posso baptizar sozinho: devo pedir
o Baptismo a outra pessoa. É um acto de fraternidade, uma acto de filiação à Igreja. Na celebração do Baptismo podemos reconhecer os traços mais característicos da Igreja, a qual como uma mãe continua a gerar novos filhos em Cristo, na fecundidade do Espírito Santo. Peçamos então de coração ao Senhor podermos para experimentar cada vez mais, na vida diária, esta graça que recebemos com o Baptismo. Que os nossos irmãos ao encontrar-nos possam encontrar verdadeiros filhos de Deus, verdadeiros irmãos e irmãs de Jesus Cristo, verdadeiros membros da Igreja. E não esqueçais a tarefa de hoje: procurar, perguntar a data do próprio Baptismo. Assim como eu conheço a data do meu nascimento, devo conhecer também a data do meu Baptismo, porque é um dia de festa.”