BECo Sem Saída - 1.4.- Batizado? Em nome de quê/quem?

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BECo com Saída

4. Batizado? Em nome de quê/quem?


Introdução Música de João Pedro Pais – “Ninguém é de ninguém” Conta-me histórias de tempos A que eu gostaria de voltar Tenho saudades de momentos Que nunca mais vou encontrar A vida talvez sejam só 3 dias Eu quero andar sempre devagar Até a ti chegar Ninguém é de ninguém Mesmo quando se ama alguém Ninguém é de ninguém Quando a vida nos contém Ninguém é de ninguém Quando dormes a meu lado Ninguém é de ninguém Quando fico acordado vendo-te dormir

Um raio de sol através de um vidro Faz-me por vezes hesitar Na vontade de estar contigo Melodia paira no ar Paira no ar Ninguém é de ninguém Mesmo quando se ama alguém Ninguém é de ninguém Quando a vida nos contém Ninguém é de ninguém Quando dormes a meu lado Ninguém é de ninguém Quando fico acordado vendo-te dormir


“Ninguém é de ninguém”, um título, uma frase que se repete ao longo de toda a música, um eco que se amplia dentro de nós e nos obriga a pensar, a questionar: •será que é mesmo verdade, somos donos de nós mesmos? •não pertencemos a ninguém?


Tema para Debate/Reflexão Costumamos usar as expressões: Sou filho de… sou namorado de… sou amigo de… para nos apresentarmos. Numa sociedade em que as pessoas tentam apoderar-se umas das outras, é importante tomarmos consciência de que valemos pelo que somos, seres únicos e livres. Nem os nossos pais, os nossos amigos… têm “poder” sobre nós. É uma liberdade responsável, onde todos somos dependentes uns dos outros, responsáveis uns pelos outros. No entanto, a dependência não significa “fusão”, “posse”, mas sim mais liberdade. O sacramento do batismo desperta-nos para esta verdade: não somos propriedade de ninguém.

Somos Batizados em nome de Quem? «EU TE BAPTIZO EM NOME DO PAI, E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO». O novo membro não é batizado em nome da sua família, dos seus pais, de um partido politico, de uma etnia ou de uma classe social, mas sim em nome de Deus. Torna-se «filho de Deus» e nada mais. Esta referência a Deus (que não se apodera de nada) vem iluminada pela cena do Evangelho em que Jesus responde: «Minha mãe, meus irmãos e minhas irmãs são os que escutam a Palavra de Deus e a praticam.» Também aqui se detecta a tensão entre uma sociedade que quer possuir os seus membros e a liberdade proclamada por Deus. Somos batizados em nome de alguém… somos únicos aos olhos de Deus, com o batismo entramos no seio da Trindade, deixamo-nos envolver pelo amor do Pai, do Filho e do Espírito. Será difícil sermos cristãos se não tivermos uma experiência pessoal de nos sentirmos filhos e filhas muito amados(as) por Deus. Aceitar o convite para o batismo significa deixarmo-nos levar até ao lugar onde Jesus foi batizado.


Elemento Bíblico - Mt 3, 13-17 Então Jesus veio da Galiléia ao Jordão para ser batizado por João. João, porém, tentou impedi-lo, dizendo: “Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?” Respondeu Jesus: “Deixe assim por enquanto; convém que assim façamos, para cumprir toda a justiça”. E João concordou. Assim que Jesus foi batizado, saiu da água. Naquele momento o céu se abriu, e ele viu o Espírito de Deus descendo como pomba e pousando sobre ele. Então uma voz dos céus disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me agrado”. Mt 3, 13-17

“Aqui, juntamente com o Filho, encontramos o Pai e o Espírito Santo: desvenda-se o mistério da Trindade, que naturalmente só se pode desvendar ao longo da vida de Jesus. Neste sentido existe uma ligação que une este início do caminho de Jesus às palavras com que o Ressuscitado há-de enviar os seus discípulos pelo mundo: «Ide, pois, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28, 19) O batismo, que a partir de então os discípulos de Jesus administram, é a entrada no batismo de Jesus, a entrada na realidade que Ele com o mesmo antecipara.”

Jesus de Nazaré (Bento XVI)

No momento em que Jesus subiu da água: •Sobre Jesus, o céu está aberto. Tal indica que a Sua Vontade está unida à do Pai e que o cumprimento de «toda a justiça» abre o céu. O céu é o lugar onde se cumpre perfeitamente a vontade de Deus. •O Espírito desceu sobre Ele «como uma pomba», ao mesmo tempo que se fazia ouvir uma voz do céu: «Ele é o meu filho muito amado, sobre o qual repousa a complacência de Deus» •Do Pai vem ainda a proclamação da missão


Debate/Reflexão Pode alguém batizar-se a si mesmo? O Papa Francisco diz-nos que: “Ninguém pode batizar-se a si mesma! Ninguém. Podemos pedilo, desejá-lo, mas temos sempre a necessidade de alguém que nos confira este Sacramento em nome do Senhor. Porque o Batismo é um dom que é concedido num contexto de solicitude e de partilha fraterna. Ao longo da história sempre um batiza outro, outro, outro... é uma corrente. Uma corrente de Graça. Mas, eu não me posso batizar sozinho: devo pedir o Batismo a outra pessoa. É um ato de fraternidade, um ato de filiação à Igreja. Na celebração do Batismo podemos reconhecer os traços mais característicos da Igreja, a qual como uma mãe continua a gerar novos filhos em Cristo, na fecundidade do Espírito Santo.” (AUDIÊNCIA GERAL, 8 de Janeiro de 2014).

O que significa ser batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo? O batismo de Jesus foi uma experiência decisiva, uma manifestação viva de Deus na sua dimensão trinitária. Manifesta-nos o amor infinito do Pai, do Filho e do Espírito: Tu és o meu Filho… e o Espírito Santo desceu sobre ele. Foi ungido (Cristo) para o serviço e a entrega, para curar, libertar e evangelizar. Será portador de luz e de liberdade. Jesus quis ser batizado por João. Seria para Ele como uma experiência de fogo, que marcou toda a sua vida e a sua missão. Deixaria a vida oculta, e começaria a ser manifestado como Servo de Deus e Messias. Pelo batismo incorporamo-nos a Cristo, o Ungido.


O que significa para os Cristãos serem batizados num determinado nome? O que significa para os cristãos serem batizados num determinado nome? Na cultura hebraica, o nome dado à criança era objeto de muita reflexão, uma vez que continha quer os traços de personalidade, quer os dons concedidos por Deus que iriam permitir viver a sua vocação. Existem na Bíblia alguns exemplos de mudança de nome (desde Abraão a Pedro), exatamente para se adequar ao chamamento/vocação de cada um. Para os cristãos, o nome que é apresentado pelos pais no momento do Batismo indica o nome porque Deus conhece o novo elemento que é acolhido pela Igreja. 201. “Ser batizado com um nome significa: Deus conhece-me; Ele aceita-me como sou e acolhe-me para sempre na minha inconfundível unicidade”. YOUCAT 361. Somos batizados num nome, isto é, «em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo». O nome e o rosto são o que faz uma pessoa única, também e sobretudo diante de Deus. «Não temas, porque redimi; chamei-te pelo teu nome, tu és Meu!» (Is 43,1) YOUCAT

No batismo recebemos também nós o Espírito de Deus. E podemos escutar a voz do Pai: Tu és o meu filho. Jesus torna-nos participantes da sua filiação (Gal 4, 5) (Gal 4, 6; Rm 8, 14-159).


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“Deixa que a respiração profunda do teu Ser aconteça. Só isso. Não interrogues, nem busques. Deixa ser Deus a procurar-te. Não caminhes. Deus virá ao teu encontro. Não procures contemplar. Permite, antes, que Deus te contemple. Não rezes. Deixa que, em silêncio, Ele reze em ti.” Baptiza-me, Senhor, no teu Espírito, Baptiza-me, Senhor, no teu Espírito, Baptiza-me, Senhor, no teu Espírito, Baptiza-me, batiza-me, Senhor! E deixa-me sentir teu fogo de amor Aqui no coração, Senhor. E deixa-me sentir teu fogo de amor Aqui no coração, Senhor. Inunda-me, Senhor... Renova-me, Senhor... Liberta-me, Senhor... Ilumina-me, Senhor... - Leitura da passagem bíblica - Mt 3, 13-17 - Momento de silêncio

Proposta de Oração Pessoal - Lê de novo a passagem (agora em silêncio). - Escolhe uma palavra ou frase que te toque mais. Não tenhas pressa de passar adiante. (regista o porquê da tua escolha) - Pensa em Jesus no rio de Jordão, •Olha para Jesus ajoelhado aos pés de João Batista... •Escuta a voz do Pai... •Observa o Espírito a descer sobre Jesus... •Confirma a presença de Deus-Trindade… •Coloca-te no lugar de Jesus e sente-te o(a) filho(a) muito amado(a). - Acolhe a mensagem que Jesus te quer dizer com simplicidade. - Dá atenção ao que se passa dentro de ti: sentimentos, pensamentos, desejos, desafios, medos… (podes escrever) - Termina este momento de oração com um Pai Nosso…

Desafio “ Ser batizado significa: a minha história de vida pessoal mergulha na corrente do amor de Deus. «A nossa vida», diz o Papa Bento XVI, «pertence a Cristo, não a nós mesmos. (…) Acompanhados por Ele, aliás, acolhidos por Ele no Seu amor, libertamo-nos do medo. Ele envolve-nos e leva-nos aonde quer que formos – Ele que é a própria Vida».” Youcat 200 •E tu, como podes responder ao desafio de Jesus: «Ide, pois, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28, 19)


Anexos

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s escritos neotestamentários dão duas versões sobre a celebração do batismo: “em nome de Jesus Cristo” e “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. As duas fórmulas vão na mesma linha: o batismo é profissão solene de vida em solidariedade com todos os homens. A celebração baptismal “em nome de Jesus Cristo” quer dizer “no seguimento de Jesus”, recriando a sua causa e atitudes na nossa situação histórica. E Jesus dedicou totalmente à causa do reino essa humanidade solidária. Cristo é o “homem novo” e livre de todas as idolatrias, o verdadeiro Povo de Deus. S. Paulo, na I carta aos Coríntios, fala do Ressuscitado como “corpo espiritual, novo Adão”: é o individuo que não só tem vida mas a comunica aos outros; pessoa que se realiza na solidariedade. O mesmo quer dizer o batismo “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. A Trindade é o artigo fundamental e decisivo no “credo” dos cristãos, a grande revelação de Jesus:

Deus é comunidade de pessoas que se reúnem por uma relação de amor. O batismo significa o compromisso de viver as relações com os outros num amor solidário. A Igreja, reunida em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, é germe de solidariedade na história. A sua filiação traz consigo a fraternidade e exprime-se no compromisso de fazer a verdade de Deus e a verdade do homem dentro duma sociedade cheia de ambiguidade. vocação cristã celebrada no batismo leva implícita uma catolicidade qualitativa: o batizado é aquele que é chamado à solidariedade sem fronteiras, superando toda a mentalidade sectária. Esta vocação realiza-se em dois âmbitos intimamente unidos: o da Igreja e o da sociedade. elo batismo os homens passam a formar a comunidade crente e, ao mesmo tempo, são projectados para a transformação do mundo. Pelo batismo é a “Mater Ecclesia” quem nos recebe

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e oferece os dons do Espírito que ela mesma recebeu. Por isso a graça deste sacramento é iminentemente eclesial: recebemos a vida de Cristo porque estamos incorporados na Igreja; ela é o corpo espiritual do ressuscitado na história, e um membro só tem vida integrado no corpo. Igreja é o corpo espiritual de Cristo cujos membros são obra do Espírito Santo no batismo: “Foi num só Espirito que todos nós fomos batizados, a fim de formarmos um só corpo”; “há um só corpo e um só Espírito, porque existe uma só esperança no chamamento que recebestes; há um único Senhor, uma única fé, um único batismo”. oncílio de Florença professa esta fé: “O Santo batismo, porta da vida espiritual, constitui-nos membros de Cristo e introduz-nos no corpo da Igreja”. Nenhuma diferença há entre os nascidos” – frase inscrita no baptistério de Latrão, é o eco fiel do texto de

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Anexos S. Paulo na Carta aos Gálatas: “Todos os que fostes batizados em Cristo vos revestistes de cristo. Não há Judeu nem grego, não há servo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só em Cristo” (3, 27-28). Todos os membros do povo de Deus recebem a única força do Espírito com distintos matizes e para distintas funções; esta porém não destrói a igualdade fundamental de todos os batizados. Cada um com o seu carisma, são necessários, porém nenhum é maior do que o outro e todos devem servir a comunidade. rge recuperar a dimensão social do Batismo. Hoje os homens e os povos não podem iludir a sua dependência uns dos outros. A comunidade de batizados ou Igreja define-se como “sinal de comunhão universal” (Lg 1)

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Caminhai N’Ele

se conforma nem se acomoda com a mentalidade e interesses egoístas do Jesus Cristo deve ser caminho mundo, “perde a sua vida” pelo evanpara a existência do batizado. gelho.” batismo é a profissão pública Deixai-vos alcançar pelo Espírito de duma experiência de fé ou exCristo, vivei como o Ressuscitado, periência: “Não sou eu, é Cristo que sendo pessoas livres do individualismo, vive em mim” (Gál 2, 20). O batizado é convidado a caminhar sobre as pegadas que aperfeiçoam a sua vida e tornam do Mestre e a sua existência no mundo possível a vida dos outros em liberdade.” há-de fazer-se em comunicação com (I Cor 15, 46). Ele. Esta fé proclama-se e recebe o selo celebração do Batismo procdo batismo, que se torna como ponto lama simbolicamente que Deus de partida para realizar a existência no por amor liberta, purifica e dá a vida.” seguimento de Cristo, recriando a sua liberdade e as suas atitudes fundamen- ( “Para compreender os Sacramentos” – Jesús Espega) tais. S. Paulo diz “Já que recebeste o Neste gesto, Jesus antecipa a cruz, dá Senhor Jesus, caminhai nele, enraizados início à sua actividade assumindo o e projectados nele.” lugar dos pecadores, carregando sobre Quem um dia recebe o batismo une os seus ombros o peso da culpa da a sua sorte ao dinamismo pascal de Cristo; enamorado daquilo que para Je- humanidade inteira, cumprindo a vonsus foi decisivo, o reino, “pedra preciosa tade do Pai. Recolhendo-se em oração, Jesus mostra o vínculo íntimo com o Pai e tesouro escondido”, “com alegria” que está nos Céus, experimenta a sua rompe todas as falsas seguranças, não paternidade, captura a beleza exigente

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Anexos

do seu amor e, no diálogo com o Pai, reDocumentos de apoio para esta edição do BECo com Saída. cebe a confirmação da sua missão. Nas palavras que ressoam do Céu (cf. Lc 3, 22) há a referência antecipada ao mistério pascal, à cruz e à ressurreição. A voz divina define-o «O meu Filho muito amado», evocando Isaac, o amadíssimo filho que o pai Abraão estava disposto a sacrificar, segundo a ordem de Deus (cf. Gn 22, 1-14). Jesus não é só o Filho de David, descendente messiânico real, ou o Servo do qual Deus se compraz, mas é também o Filho unigénito, o amado, semelhante a Issac, que Deus Pai oferece para a salvação do mundo. No momento em que, através da oração, Jesus vive em profundidade a própria filiação e a experiência da paternidade de Deus (cf. Lc 3, 22b), desce o Espírito Santo (cf. Lc 3, 22a), que o guia na sua missão e que Ele efundirá depois de ter sido elevado na cruz (cf. Jo 1, 32-34; 7, 37-39), para que ilumine a obra da Igreja. Na oração, Jesus vive um contacto ininterrupto com o Pai, para realizar até ao fim o desígnio de amor pelos homens. (Papa Bento XVI – audiência Geral 2011)



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