Caminhos e Descaminhos da LITURGIA CRISTÃ

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Copyright©2016 por Gesse Luiz Todos os direitos reservados por: A. D. Santos Editora Al. Júlia da Costa, 215 80410-070 Curitiba – Paraná – Brasil +55(41)3207-8585 www.adsantos.com.br editora@adsantos.com.br

Capa:   Rogério Proença Editoração:   Manoel Menezes Coordenação Editorial:   Priscila Laranjeira Impressão e acabamento:   Gráfica Exklusiva

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) LUIZ, Gesse Caminhos e descaminhos na história da liturgia cristã / Gesse Luiz – A.D. Santos Editora, Curitiba, 2016. 224 Páginas. ISBN – 978.85.7459-398-2 1. Igreja-administração   2. Liderança Cristã   3. Eclesiologia CDD: 262-1 1ª edição: Outubro de 2016. Proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios a não ser em citações breves, com indicação da fonte.

Edição e Distribuição:


Dedicatória

Ao meu Deus. À minha esposa Vanete, companheira nas aflições e na bonança, que me ajudou a gerar essas reflexões. Aos meus filhos Silmara, Sandra Mara, Jeziel e netos Maria Eduarda, Kaio Vinícius, Nicolas Giovana, amados do meu coração e aos genros Ademir e Jairo. De Deus floresce a vida. De vocês florescem sonhos, esperança e perene alegria.

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Agradecimentos

A gratidão é um dos sentimentos mais nobres da alma

humana, por isso meu coração está cheio de gratidão por todos os que me ajudaram durante a trajetória de escrever um novo livro. Com um olhar introspectivo procurei buscar algumas expressões que exteriorizassem, ao menos parte desse sentimento. Não encontrando algo que fosse suficiente para expressar, resolvi agradecer a conclusão deste “LITURGIA CRISTÃ – História, Identidade e Caráter da Igreja” com palavras simples, mas como fruto do meu profundo pensar, trabalho, oração e sofrimento e como essência da minha alma. Agradeço a Deus, sempre em primeiro lugar, pois tudo vem Dele, é para Ele e por Ele. Agradeço à minha esposa Vanete, que sempre está ao meu lado e é minha incansável companheira. Aos meus filhos, netos e genros que me trazem alegria e esperança.

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Apresentação

É uma dupla honra apresentar Liturgia Cristã – História,

Identidade e Caráter da Igreja que chega às suas mãos e também referendar o autor. Nesses tempo de profundos conflitos ideológicos e interpretações distanciadas da essência bíblica, este conteúdo, com certeza, enriquecerá e esclarecerá a respeito de pontos considerados controversos. Você aprenderá sobre todos os aspectos litúrgicos que envolvem o culto cristão. A Bíblia – a Palavra de Deus, é o grande norteador dos escritos do autor, que embasa seus pensamentos, sugestões e orientações no Livro Sagrado, pois o tem como diretriz para a sua vida e para a vida das ovelhas sob os seus cuidados. Gesse Luiz é pastor, profundo conhecedor e pesquisador por excelência. Não se cansa em buscar conhecimento para, então, compartilhá-lo. Seu cuidado, sua seriedade e sua preocupação em fazer a vontade de Deus e edificar vidas estão presentes nestas páginas. Leia com cuidado. Releia, se julgar necessário e guarde em seu coração o que o Pai Celestial tem para a sua vida e para a vida da Igreja de Cristo na Terra. Perci Fontoura Pastor, Presidente da Assembleia de Deus em Umuarama 1º Secretário CGADB Presidente da CIEADEP vii


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Prefácio

Coube-me a honra de prefaciar o livro Caminhos e Descaminhos na História da Liturgia Cristã.

Nesta obra vemos a contribuição do autor ao brindar o público evangélico, obreiros, professores da Escola Bíblica Dominical, seminaristas, líderes de departamentos e a todos aqueles que se dedicam ao ministério da Palavra, mormente os maestros e músicos de um modo geral, que terão uma literatura de qualidade, com uma linguagem dinâmica, objetiva e com embasamento teórico e bíblico, propiciando aos leitores, subsídios para o aprimoramento de seu ministério, bem como o enriquecimento de suas mensagens e estudos bíblicos. O objetivo desta obra, sem sombra de dúvidas consiste em ajudá-lo a descobrir, ou redescobrir, a evolução da liturgia cristã associada à música através dos séculos. De modo geral, Liturgia é uma coleção de formas ritualistas prescritas, visando à adoração pública. Numa linguagem mais técnica, liturgia é o elenco de tudo o que concorre para a boa condução de uma reunião religiosa. Teologicamente, a definição é bastante simples: é tudo o que, diante de Deus, exprime a devoção de uma comunidade de fé: cânticos, leituras bíblicas, testemunhos, pregação, movimentos etc.

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A liturgia é o serviço religioso de adoração ao Deus Trino. Não pode haver culto sem liturgia; nem liturgia sem culto, pois culto é serviço religioso e serviço religioso é liturgia. Logo, culto é liturgia! Liturgia é a manifestação responsiva do povo de Deus que anela pelo reencontro do terrenal com o Divino, do contingente com o absoluto, do temporal com o Eterno, do Eu que encarna todo o limite, com o Tu Divino que personifica toda a possibilidade (Salmo 42.1, 2). Que o Senhor se digne em usar esta obra para que a liturgia na pós modernidade, mantenha sua forma e conteúdo sob a unção do Espírito Santo! Pastor Wagner Tadeu dos Santos Gaby Presidente da IEADC Membro Titular da Academia Evangélica de Letras do Brasil Membro Fundador da Casa de Letras Emílio Conde

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Sumário

Dedicatória................................................................................iii Agradecimentos.........................................................................v Apresentação...........................................................................vii Prefácio......................................................................................ix Introdução................................................................................13 Capítulo I Liturgia Cristã – Etimologia Filologia e Definições do Termo....................................................................................23 Capítulo II Culto Cristão – Etimologia Filologia e Definição do Termo....................................................................................27 Capítulo III Abordagem Histórica – A Evolução Litúrgica na História da Igreja.................................................................43 Capítulo IV Liturgia Imperial ............................................................59 Capítulo V Eras Literárias – A Liturgia nas Eras Literárias Através dos Séculos............................................................63 Capítulo VI Reforma Protestante – A Liturgia na Pré-reforma e Reforma Protestante ..........................................................73 Capítulo VII Pluralidade Litúrgica – Os Descaminhos da Liturgia Bíblica...............................................................87 xi


Capítulo VIII O Populismo Religioso – A Liturgia e o Populismo Evangélico ...........................................................................95 Capítulo IX Música – A Música e a Liturgia na História da Igreja.............................................................. 101 Capítulo X Música e Liturgia – A Música através dos Séculos........................................................................ 113 Capítulo XI O Timbre – O Timbre na Ótica de Hertz.................. 123 Capítulo XII Gêneros Musicais – Os ritmos e suas origens na História.............................................................................. 129 Capítulo XIII Hinologia Judaica – A Liturgia na Hinologia Judaica e Cristã................................................................. 147 Capítulo XIV Bastidores Musicais – Bastidores da Produção Litúrgica das Grandes Igrejas......................................... 159 Capítulo XV Rock – O Rock e sua hinódia na Liturgia.................... 177 Capítulo XVI Relativismo – A Liturgia e a Música Sacra Relativizada....................................................................... 191 Capítulo XVII Características e Estratégias – Da Produção Litúrgica Neopentecostal................................................ 209 Bibliografia............................................................................ 218

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Introdução

Os principais momentos da produção litúrgica na história do Cristianismo

A liturgia é a realidade mais viva e a expressão mais elo-

quente da vida da Igreja na Terra. Pela liturgia ela demonstra a sua identidade e seu caráter, demonstra o seu ser e o seu existir, e é a forma mais densa da sua relação com Deus. A liturgia é, e continuará a ser, o símbolo mais rico da vida cristã, a mais original forma de que o crente dispõe para falar de salvação e da adoração ao Criador.

O momento da produção da liturgia Patrística A igreja dos apóstolos e a liturgia Patrística vai do século I ao III, é conhecida como Igreja Primitiva ou apostólica. Foi formada e alimentada pelos sucessores imediatos dos apóstolos como Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Barnabé, Clemente de Roma, Clemente de Alexandria e Hermas Pápias. É uma Igreja marcada pelas perseguições, calúnias e difamações. No século III ela obtém uma liturgia mais elucidante e com maior estabilidade fala da celebração da Páscoa, do Domingo, da Ceia, da oração Gesse Luiz

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e da ordenação de obreiros. As improvisações litúrgicas foram muito acentuadas até o final do século III, isto não é diferente em todas as épocas da Igreja, inclusive nos dias atuais. O que precisa ficar evidente são os fundamentos, de onde sai a ideia litúrgica. Se tiver amparo bíblico é liturgia e teologia bíblica.

Liturgia na transição das casas para os templos O desenvolvimento da igreja oikós (igreja em casa), foi até quase o final do século III, quando estavam ficando impraticáveis os cultos nas casas. Devido as grandes agregações, passaram a construir recintos para os cultos, e consequentemente estes lugares tinham formatos diferentes das moradias. Aqui se insere o nascimento de uma arquitetura cristã, que séculos após séculos vem sofrendo mudanças. É compreensível e lógico que a nova prática agrega também formas inovadoras para o culto, e novamente a liturgia muda o seu perfil. Mas, essas mudanças não ferem e não atacam a fé cristã se não destoarem com a Bíblia.

O momento da produção Litúrgica da Igreja Imperial O início da Igreja Imperial está no IV século, a nova produção litúrgica vai até o século XV. A análise feita do ponto, de vista, dos protestantes e evangélicos difere da temática litúrgica da Igreja Católica Romana. O clero vê como período da Liturgia Patrística do III século até o XV, para o sacerdócio protestante e evangélico a Patrística vai só até o III século. O clero entende a Patrística como 14

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sendo os “Pais e Mães da Igreja” e define o período do século III até o início da Idade Média, se embasando nos grandes concílios ecumênicos, em que foram decididos os dogmas fundamentais do Cristianismo do ponto de vista romanista (ARRAIZ, 2013). “Pais e Mães da Igreja” são todos aqueles homens e mulheres que, pela doutrina ou pelo empenho e testemunho de vida, alicerçaram e solidificaram, determinantemente, a fé e a doutrina cristãs. A partir do ano 367 a liturgia passou a seguir as elaboradas homilias com uma nova roupagem litúrgica, até mesmo pela participação do Império ou do estado no culto. As práticas de cultos passaram a ser paráfrases bíblicas tecidas de repetidas citações ou longos comentários dos livros bíblicos. Este longo período de produção litúrgica do Romanismo é pontilhado de confrontos contrapondo os que tentaram manter os princípios da liturgia Patrística. Estes guardiões da verdadeira liturgia ensinada pelos apóstolos foram vistos pela igreja romana como desertores da liturgia da Igreja Imperial, que não concordavam com práticas pagãs, políticas e secularistas. Bem antes da chegada da Reforma, principiada por Lutero, se pode ver nos conflitos da história litúrgica os pré-reformadores que traçavam uma linha litúrgica paralela de sentimentos libertários como foi o caso de John Tauler (1300-1361), John Wycliffe (1328-1384), John Huss (1373-1415), Jerônimo Savonarola (1452-1498), William Tyndale (1484-1536) e muitos outros.

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Segundo grande momento da produção litúrgica Depois que a Igreja passou a viver no seio do Império, uma série de elementos foram introduzidos no culto alterando diretamente a liturgia. Do século VII ao X foi um período obscuro da história como uma hibernação espiritual da Igreja e, acabou sendo uma era fecunda para gestação de heresias no contexto litúrgico da Igreja. A alteração litúrgica foi sem precedentes para contemplar os novos elementos agregados ao culto e às celebrações com objetivo de contemplar interesses políticos, pagãos e pensamentos filosóficos, este tempo é compreendido do ano 304 ao ano da Reforma Protestante em 1517.

Terceiro momento da produção Litúrgica Protestante A partir de 1517 a liturgia cristã começa um novo capítulo e vai em busca do elo perdido da verdadeira liturgia bíblica da Igreja Primitiva. Os devaneios da fé cristã teriam começado no ano 300 d.C. com a chegada do imperador Constantino. Do ano 300 ao ano 1517 paira uma escuridão espiritual e o sistema religioso deste período mergulha num abismo escuro de pecado: matou nas fogueiras, oprimindo e instituindo uma imensa lista de elementos na liturgia totalmente divorciados da Bíblia. Depois da ascensão de Constantino a Igreja recebe um novo nome instituído pelo Romanismo: “Igreja Católica Romana”. Em 1520, Lutero, numa extenuante campanha contra a Missa Católica Romana propõe uma reforma litúrgica, ele contrapõe a primazia que davam para a Euca16

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ristia, transformando o momento num ambiente mágico e místico, como se o partir do pão e o distribuir do cálice fosse o ápice da celebração a Deus. Lutero tira a Eucaristia do topo da lista e desfaz o seu caráter pagão e espiritualista, coloca a pregação com ponto fundamental. Em 1523, Lutero fez a revisão da liturgia, mas permitia a permanência de alguns elementos da Missa Católica, esta revisão se tornou a base e fundamento de todos os cultos protestantes. Para Lutero o ponto fundamental não era Eucaristia, mas sim a pregação da Palavra. O púlpito passou a ser o utensílio primário e não a mesa local da Eucaristia. O sistema da liturgia luterana manteve vários problemas já existentes na Missa Católica, a liturgia era dirigida por um clérigo ordenado, o pastor tomando o lugar do sacerdote. As nuances do Romanismo fez permanecer algumas discórdias litúrgicas propiciando espaço para algumas alterações no culto permitindo a interferência de outros parceiros reformadores: João Calvino da Alemanha (1509-1564), João Knox da Escócia (1513-1572), Martin Bucer da Suíça (1491-1551). Estes homens fizeram algumas modificações na liturgia de Lutero, sendo a de maior relevância o ofertório seguido do sermão. Por ausência de menção dos instrumentos musicais no culto primitivo de forma explícita no Novo Testamento, Calvino os eliminou. Calvino e Lutero tinham centralidade na pregação durante o culto de adoração, eles criam que cada crente tinha acesso a Deus através da Palavra pregada e não através da Eucaristia (CAIRNS, 2008).

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A produção litúrgica Evangélica/ Neopentecostal De 1906 até os dias atuais houve muitas mudanças litúrgicas em virtude de um reavivamento pentecostal, nisto insere-se ritmos musicais diferenciados, o levantar das mãos, danças, palmas, falar em línguas, interpretação de línguas, profecias e pregadores avivalistas. Toda essa nova temática tinha um objetivo: sair do sistema litúrgico tradicional herdado do Romanismo e das igrejas protestantes. Era uma tentativa de deixar as velhas formalidades. As igrejas tradicionais como a Igreja Episcopal, Anglicana, Luterana, Metodista, Batista, Presbiteriana e Católica ficaram com uma liturgia muito distante das novas práticas evangélicas. Esse novo ambiente litúrgico também propiciou o surgimento de novas denominações como: Igreja Assembleia de Deus, Igreja Deus é Amor, Igreja Cristã no Brasil, Igreja do Evangelho Quadrangular, Igreja Unida, Igreja de Nova Vida e muitas outras. Essa nova tendência litúrgica dos evangélicos pentecostais acabou influenciando várias igrejas tradicionais, que se sentiram no dever de renovar suas liturgias, entre elas, a igreja Católica que surgiu com o movimento carismático em alguns lugares do mundo. Por volta de 1970, começam a surgir as igrejas neopentecostais com uma liturgia mista e mística rebuscando as práticas pagã e romanista e adicionando as práticas protestantes e evangélicas. Desmedidamente essa nova liturgia vem introduzindo em seus cultos, uma série de elementos com objetivo de atrair novos adeptos. Os nomes das novas modalidades teológicas e litúrgicas são: doutrinas da confissão positiva, maldição hereditária, batalha 18

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espiritual, teologia da prosperidade, culto da vitória, culto da libertação, culto da prosperidade, culto do descarrego, culto da bênção, culto das causas impossíveis, culto de avivamento, corrente da vitória, entre outros. Vieram junto a estes novos conceitos teológicos e litúrgicos, os elementos mágicos como: unção com óleo, cair no espírito, unção do riso, aspersões, lavagem das mãos em fonte milagrosa, bênção da carteira de trabalho, do envelope do pagamento, do cartão de crédito, do talão de cheque, da peça de roupa, de carros, distribuição de rosa ungida, óleo ungido, aliança ungida, lenço ungido, água do Rio Jordão, azeite do Monte das Oliveiras, areia da praia da Galileia, galho de oliveira do Monte das Oliveiras e pulseiras (TOVESMAR, 2013). Sem perceber os evangélicos e neopentecostais estão fazendo uma mistura de práticas judaicas, de paganismo da missa romana, de esoterismo e dos xamãs, com isto, fazendo um retrocesso perigoso, e sobretudo, tornando o evangelho um balcão de negócios. Os neo litúrgicos e os vetero litúrgicos estão precisando rever os conceitos bíblicos para conduzir o povo de Deus aos céus.

O momento da produção Litúrgica Neopentecostal O quinto momento da liturgia neopentecostal pode ser medido da queda do muro de Berlim definido como o fim do modernismo e chegada do pós-modernismo até os dias atuais. As características do Neo-pentecostalismo são:

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O Evangelho da Prosperidade. A graça é medida pelo ter e não pelo ser. É uma teologia que visualiza Cristo como meio contemplativo de bem estar e riquezas. Teologia Inclusiva. A Teologia Inclusiva tenta produzir uma ortodoxia, liturgia e ambiente para todas as classes, por exemplo, a classe dos homossexuais. Essa teologia tenta explicar que todos têm livre acesso a Deus por meio do sacrifício de Jesus Cristo na cruz independente das suas práticas pecaminosas. Teologia Relacional. O atributo mais importante de Deus é o amor. Todos os demais estão subordinados a este. Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas de suas criaturas. Igrejas Emergentes. Tentam agradar mais os ouvintes do que a transmissão da verdadeira mensagem em si. Buscam pregar um evangelho que seja “aceitável” contemplando os anseios do homem pós-moderno. Teologia Liberal. Essa teologia iniciou-se no final do século XIX na Europa e Estados Unidos. A Bíblia seria entendida a partir da ciência, ou seja uma visão mais humanista do que entendimento espiritual. A autoridade da Bíblia ficaria relativizada seria uma mistura de liberalismo teológico, doutrinas bíblicas, filosofia e ciências da religião

As características dos pastores neopentecostais A visão está centrada em criar novidades do ponto de vista social, logo nesse caminho ele percebe que tudo exige resultados imediatos, contrapondo o plano e o tempo de Deus, ele passa a precisar da criatividade humana, pois 20

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sua comunidade fica insaciável diante das novidades, que são mais entretenimento do que atividades do Reino de Deus. Acabam sendo pastores marqueteiros. Existem pastores que são manipuladores, o povo vira “massa de manobra”. Eles não têm rebanho a serviço das causas de Deus, mas sim, dos seus próprios interesses. Pastores inexperientes, neófitos. Alguns pastores deliberadamente abandonaram a sã doutrina e são ensinados por mestres do engano. Devido a esses caminhos e descaminhos conhecer a liturgia cristã e sua história torna-se realmente relevante.

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Capítulo I

Liturgia Cristã

Etimologia Filologia e Definições do Termo

Muitos líderes e litúrgicos têm certa aversão pela palavra

liturgia, entretanto, é fundamental pensar que nenhuma ação celebrativa, ou cúltica pode ser desprovida de algum aspecto litúrgico. As definições lançam luz no termo, e dão elementos ao litúrgico para aumentar seu arcabouço sobre cultos e celebrações. O culto precisa ter direcionamentos a partir da genes da liturgia e com este entendimento é possível quantificar a importância contemporânea nas celebrações religiosas.

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O significado do serviço litúrgico Liturgia no grego “λειτουργία”, significa “serviço público” ou “serviço do culto”, define o serviço religioso nas cerimônias, cultos, assembleias e ambientes celebrativos com formatos diferentes dependendo das tradições, do contexto religioso, cultural e meios sociais. Os rituais litúrgicos podem ser informais ou formais como, por exemplo: a Missa Católica, cerimônia de casamento, cerimônia fúnebre e outras atividades sociais e religiosas que, na maioria das vezes, têm um prospecto para a realização. No meio evangélico pentecostal e neopentecostal grande parte das celebrações são informais, dependendo do líder religioso. Para os neopentecostais a maioria das celebrações são informais A formalidade litúrgica é bem praticada nas igrejas Ortodoxa, Presbiteriana, Batista, Metodista, Luterana e Anglicanas, O apóstolo Paulo1 em Romanos 12.2 preceitua: “E não vos conformeis com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”.

Etimologia e filologia da palavra liturgia A primeira pergunta que se precisa fazer é: o que é liturgia? Com uma amplitude etimológica, a palavra liturgia tem origem na língua grega. É composta de dois termos: leitos, significa público, e érgein, traz a ideia de fazer. Agregando estes dois termos tem-se leit-o-erg-ia ou leitourgia. É de fundamental importância que vejamos cada

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Rm 12.1-2

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termo separado, para entender o seu valor no âmbito do culto ou de qualquer prática cerimonial2: a) Leitos, vem da palavra léos. Na sua forma dialetal de láos, que quer dizer povo. b) Érxoi é um verbo sobrevivente do grego Érxoi, no substantivo Érgon traduz o sentido de trabalho. Logo litourgos ou liturgos é igual a função ou funcionário público, aquele que serve o povo. No caso da prática de culto, o litúrgico não é nada mais e nada menos do que um servo a serviço de Deus e da Igreja. Estratificando o sentido e o valor da palavra liturgia do ponto de vista da sua etimologia, sua língua de origem, seu povo e a compreensão filológica, ciência que estuda a linguagem nas suas fontes históricas escritas e literárias, não é necessário ir muito longe para dissecar a ideia e o valor da palavra liturgia dentro do exercício do culto cristão. Mesmo sem quantificar o valor espiritual do próprio litúrgico já se percebe a profundidade e a riqueza do seu exercício no ambiente do culto cristão. O que fica bem explícito é o privilégio que um litúrgico tem de servir o povo, tanto do ponto de vista secular, como religioso.

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MATOS, Alderi Souza de. Liturgia e culto: reflexões à luz das Escrituras e da história cristã. 2010. Disponível em: <http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/322/liturgia-e-culto-reflexoes-a-luz-das-escrituras-e-da-historia-crista>.

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