PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
Amanda Cabreira, Andressa Soares, Antônio Hofstätter, Betina D’avila e Glória Rückert Pesquisa qualitativa aplicada em Relações Públicas Profª. Dra. Rosana Córdova
ASPIRAÇÃO NETNOGRÁFICA EM GRUPOS LGBTS NO FACEBOOK: Um estudo sobre o universo LDRV
PORTO ALEGRE 2017
AGRADECIMENTOS
Quase um ano e meio que estamos cursando Relações Públicas e que somos Famequianos. Inúmeros desafios foram propostos ao longo dessa pequena, mas significativa, trajetória, reafirmando nosso ideal comum e a razão na qual escolhemos a Comunicação Social como norte: a sociedade e suas inúmeras fases. No momento em que nos foi estabelecido o projeto de pesquisa qualitativa, a temática ‘preconceito’, e posteriormente ‘LGBT no Brasil’ foram instantâneos. Após muitas ideias e reflexões chegamos ao assunto que nos interessava e fazia parte do nosso cotidiano: grupos de facebook, principalmente LGBTs. Logo escolhemos o LDRV (Lana Del Rey Vevo), o maior grupo brasileiro conhecido e nacionalmente famoso, cheio de divertimento e polêmica. Quando iniciamos o trabalho, sequer imaginamos o que nos espera lá na frente e muitas vezes nos surpreendemos com tudo que podemos descobrir. Após semanas de entrevistas e monitoramento, estamos orgulhosos do que escolhemos e do resultado final. Por isso, apesar da nossa temática ser considera mais informal, carrega consigo muito significado e importância. Entender melhor os conceitos de redes sociais e seus grupos, assim como a comunidade LGBT e o entretenimento, é deveras gratificante. Confessamos que é difícil não se envolver quando utilizamos a netnografia, principalmente com algo tão próximo. Agradecemos, em primeiro lugar, a professora Rosana. Além de ser uma docente incrível, cheia de conhecimento e vivências, está disposta a passar isso aos seus alunos, tornando-se uma amiga querida e respeitada, mas acima de tudo, uma inspiração. Sentimos gratidão por nos apoiar com o desenvolvimento desse assunto e nos fazer compreender que em pesquisa não importa o assunto, mas aquilo que buscamos descobrir. Ficamos felizes por encontrar pessoas tão qualificadas em nossos caminhos como estudantes. Obrigada! Aos entrevistados, por estarem dispostos a participar da pesquisa e nos disponibilizar um pouco do seu tempo para engrandecer nossa pesquisa. Obrigada pelas respostas e pelo engajamento.
Em terceiro, entretanto, não menos importante agradecer o companheirismo, dedicação e compreensão que cultivamos neste grupo de pesquisadores. Antes de tudo, para um projeto resultar em crescimento pessoal e profissional, precisamos que cada pessoa esteja de acordo e disposta a participar de cada etapa, acreditando no projeto. Sentimos isso em cada manhã que acordamos e nos reunimos. Gratidão por esse grupo e por onde conseguimos chegar. Depois de tanto trabalho e dedicação, chegamos ao resultado final, que não poderia ser menos que BERRO!
“Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”. (Fernando Pessoa)
RESUMO Este artigo tem como principal objetivo compreender os impactos e a relevância da organização social via redes digitais, no que se refere ao grupo ‘Lana Del Ray VEVO’ (LDRV) - criado no Facebook. Além disso, abordaremos o preconceito e a militância política no âmbito LGBT brasileiro, bem como a liberdade que existe nesses espaços e se são efetivas, ou possuem limitações. A pesquisa será contextualizada com base dos conceitos de mídias e redes sociais online, passando pela apropriação da tecnologia nos relacionamentos e movimentos sociais. Por fim, apropriando-se dos espaços de debate no Facebook, sobretudo voltados ao LGBT. Para isso, analisaremos o grupo LDRV através de um monitoramento e entrevistas de participantes. Ademais, foi realizada a consulta de lideranças políticas a fim de compreender as articulações de um movimento de “minorias”. Sendo assim, a reflexão será inferida a partir das aproximações feitas, oriundas da análise netnográfica, buscando identificar preconceitos intrínsecos em espaços de debates sociais.
Palavras-chave: Netnografia. Facebook. Movimentos sociais. LDRV. Redes sociais. Internet.
SUMÁRIO 1.
2.
3.
4.
Contextualização 1.1.
Apresentação: bem-vindo ao vale
1.2.
Justificativa
1.3.
Pergunta de pesquisa
1.4.
Objetivos 1.4.1.
Objetivo geral
1.4.2.
Objetivos específicos
Referencial teórico 2.1.
Mundo pós-moderno e os avanços tecnológicos
2.2.
Estudos antropológicos e a netnografia
2.3.
Web 2.0 e a era social 2.3.1.
Mídias e redes sociais
2.3.2.
Internet como artefato cultural
2.4.
Movimento LGBT no Brasil
2.5.
Espaços de debate no Facebook
Metodologia de pesquisa 3.1.
Netnografia
3.2.
Monitoramento do grupo
3.3.
Entrevistas em profundidade 3.3.1.
Lideranças políticas
3.3.2.
Membros do LDRV
3.3.2.1.
Grupo A
3.3.2.2.
Grupo B
3.3.2.3.
Grupo C
Análise de dados 4.1.
Monitoramento do grupo
4.2.
Lideranças políticas
4.3.
Membros do LDRV 4.3.1.
Grupo A
4.3.2.
Grupo B
4.3.3.
Grupo C
5.
Aproximações (in)conclusivas
6.
Glossário
7.
Apêndices
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1.
Contextualização 1.1.
Apresentação: bem-vindo ao vale O presente estudo baseia-se nas análises das constantes mutações
pelas quais a sociedade está suscetível e como isso gera modificações significativas e, praticamente, instantâneas nos âmbitos sociais, tecnológicos, políticos, econômicos, mercadológicos, culturais, entre outros. A sociedade do século XXI está imersa na hiperconexão, advinda dos avanços tecnológicos e da apropriação desses meios no seu cotidiano influindo na comunicação. Segundo o conceito de “aldeia global” proposto por Marshall McLuhan (1962), Harvey defende que:
“Por vezes, o mundo parece encolher numa “aldeia global” de telecomunicações e numa ‘espaçonave terra’ de interdependências ecológicas e econômicas e, que os horizontes temporais se reduzem a um ponto em que só existe no
presente
(...)
A
experiência
da
compressão
do
tempo-espaço é um desafio, um estímulo, uma tensão, (...) capaz de provocar (...) uma diversidade de reações sociais, culturais e políticas. (Harvey, 1997: 219 – 220)”.
Em consequência da difusão tecnológica, o conceito de aldeia global pode ser utilizado para explicar os grupos sociais digitais formados em meios onlines a partir da ascensão da internet:
“A interação social, no âmbito do ciberespaço, pode dar-se de forma síncrona ou assíncrona, segundo Reid (1991). Essa diferença remonta à diferença de construção temporal causada pela mediação, atuando na expectativa de resposta de uma mensagem. Uma comunicação síncrona é aquela que simula uma interação em tempo real. Deste modo, os agentes
1
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envolvidos têm uma expectativa de resposta imediata ou quase imediata, estão ambos presentes (online, através da mediação do computador) no mesmo momento temporal. (Recuero, 2009: 32)”.
É o caso, por exemplo, de grupos de Facebook que proporcionam espaços de fala, entretenimento e debates, como o Lana del Ray VEVO (LDRV). Atualmente, é o maior grupo virtual brasileiro de cunho humorístico que gera criação de conteúdos e interações entre indivíduos de todos os estados do país. O LDRV é um grupo secreto no Facebook que foi criado por Kaerre Neto, em 2013. Originalmente, com a intenção de ser uma extensão da página, de mesmo nome, com postagens que fundem a arte com a cultura pop, controversamente, com informalidade e deboche, mas livre de pretensões e preconceitos. O grupo possuía um sistema de eras1, em que os membros migravam para um novo grupo secreto mantendo uma pequena quantidade de integrantes, em média 40 mil usuários, para manter a qualidade do conteúdo. Contudo, a partir da popularização do grupo, por conta da repercussão da tour cofre do LDRV2, e a oportunidade de monetização, o grupo fixou-se em uma era e hoje conta com quase 600 mil membros - majoritariamente homens e mulheres homossexuais, mas sem restrições de participação. Mesmo com sua expansão, o controle ainda é rígido e não é permitido pensamento
1
limitado.
Administradores
e
moderadores
não
toleram
Eras: novos grupos para preservação de conteúdo de qualidade, restringindo a entrada de
membros. Cada era corresponde a um grupo. 2
Tour do cofre LDRV: um membro realizou uma postagem contando sobre um cofre de família que
iria ser aberto na semana seguinte em uma reunião familiar. O mistério do desfecho tomou proporções absurdas tornando a revelação decepcionante: Era apenas uma desculpa da mãe para contar que sabia que seu filho era gay e o aceitava.
2
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desrespeito, preconceitos e há um manual do membro3 com regras que proíbem tópicos como política, horóscopo, ativismo, substâncias ilícitas, abusos, incentivo direto ou indireto a saúde física dos membros e imagens de cunho perturbador. Proíbe-se a disseminação do conteúdo do grupo pela internet, bem como intimidar membros por conta de seus comentários e postagens no grupo, onde devem se sentir livres. Com o crescimento, mesmo que ainda secreto, o LDRV conquistou a internet e hoje realiza festas em boates de diversos estados e contam com uma loja virtual em que vendem produtos inspirados em acontecimentos que os membros publicam. A partir disso, optamos por
realizar estudo de etnográficos, mais
precisamente netnográficos, através da imersão no campo, entrevistas em profundidade
e
monitoramento
do
grupo.
Dessa
forma
buscando
compreender e analisar tendências de comportamento e a influência do universo LDRV.
1.2.
Justificativa A premissa da pesquisa é desenvolver análises comportamentais e
sociais a partir do tema ‘preconceito’, visto que debates desse cunho estão em ascensão em diversas comunidades e grupos - como por exemplo, no âmbito estudantil, universitário, familiar, midiático e, principalmente, nas redes sociais on-line. Sendo assim, identificou-se o grupo brasileiro, Lana Del Ray VEVO (LDRV), popular entre jovens de 17 a 30 anos, com forte impacto nas redes sociais e conhecido internacionalmente - mencionada por diversos artistas, como Lana del Rey.
1.3.
3
Pergunta de pesquisa
Manual do membro: regras de conduta e assuntos proibidos nas publicações no grupo.
3
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Como é o relacionamento dos indivíduos em espaços de liberdade e inclusão LGBT e quais as influências propiciadas em seus membros?
1.4.
Objetivos 1.4.1.
Objetivo
geral:
identificar
o
nível
de
engajamento,
relacionamento e influência em debates sobre questões lgbt e preconceitos entre os membros da comunidade virtual Lana Del Ray Vevo (LDRV). 1.4.2.
Objetivos específicos:
● Constatar as personalidades e artistas influenciadores no grupo LDRV; ● Reconhecer membros que atuam como usuários-mídia no grupo, a fim de diagnosticar se existe hierarquia interna no grupo; ● Verificar se há liberdade para debater questões sobre diversos assuntos, ou se existe restrições e limites dentro de alguns tópicos - e quais são esses; ● Observar a repercussão que o grupo tem no âmbito externo.
2.
Referencial teórico 2.1.
Mundo pós-moderno e os avanços tecnológicos Os avanços acelerados da tecnologia e a inserção dessas ferramentas
na sociedade marcaram o final do século XX e o início do século XXI. Esses eventos refletiram na visão, ideologia e posicionamento social, político, econômico e cultural. Ademais, nos hábitos de consumo, veiculação de dados, entretenimento, meios de comunicação, busca por fontes de conhecimento e, principalmente, nas relações interpessoais dos indivíduos.
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O
computador,
notebook,
smartphone
e
os
inúmeros
aplicativos disponíveis aos usuários são utilizados como ferramentas estratégicas para comunicação instantânea. Essas ferramentas recebem o nome de ciberespaço, que Lévy (1999, p. 92) define como “o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores”. Segundo pesquisas realizadas pela TIC Domicílios, em 2015, que visa a medição da posse, uso, acesso e os hábitos dos brasileiros em relação às tecnologias de informação e comunicação, 58% da população (102 milhões de usuários) utiliza internet. A carta que demorava três semanas - até mesmo três meses - para ser recebida, agora é a mensagem encaminhada pelo WhatsApp, que chegará ao seu destino em um segundo. Os efeitos principais dessa facilidade na circulação de informações e no acesso às pessoas, é o imediatismo, o individualismo, a hiperconexão e a formação de tribos. Michel Maffesoli (2006, p.13 e 14.) explica que “o processo tribal tem contaminado o conjunto das instituições sociais. E é em função dos gostos sexuais, das solidariedades de escolas, das relações de amizade, das preferências filosóficas ou religiosas que vão se constituir as redes de influência, a camaradagem e outras formas de ajuda mútua, das quais se tratou, que constituem o tecido social.” De acordo com Fernanda Cristine (2014, p.8) advindos da tecnologia e da apropriação social desses meios como agentes facilitadores de diálogos, “a forma tribal de se relacionar é muito evidente na Pós-Modernidade. Evidente no conceito mais puro do termo: é visível a olho nu, emerge. Não mais presos a funções específicas, os sujeitos mudam de função e se reúnem para resolver problemas que são do todo. Assim, são várias das manifestações que ocorrem ao redor do mundo: da Primavera Árabe, passando pelos movimentos Occupy, até as passeatas pela redução do preço da passagem de ônibus em Porto Alegre, em 2013”.
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2.2.
Estudos antropológicos e a netnografia A etnografia é um método de estudo e pesquisa oriundo do âmbito
Antropológico. Sendo assim, essa área refere-se às ciências sociais e humanas, cujo propósito é analisar a sociedade, suas origens, culturas, crenças, costumes, gestos etc. Dessa forma, a base desse método de estudo é a elaboração de materiais para embasamento teórico, resultando nos objetivos e pergunta de pesquisa que norteiam as etapas posteriores. A imersão no campo, que pode levar tempos diferentes para cada pesquisador, além de fatores externos que podem resultar no atraso dessa etapa: resistência do grupo pesquisado, leis, reuniões, agendas etc. Segundo Bronislaw Malinowski (1992), considerado o pai da etnografia, descreve que o eixo central dessa metodologia é reconhecer as diferenças e compreendê-las; e que a etnografia, quando aplicada de forma apropriada, é o mergulho profundo em culturas distintas. Ademais,
quando
o
pesquisador
encontra-se
no
campo,
é
imprescindível a elaboração de um diário de campo - pode ser um caderno ou um gravador - a fim de relatar sentimentos e observações no momento em que ocorreram. Em relação à coleta de dados, há dois instrumentos de coleta de dados: entrevistas abertas em profundidade e observação participante. As entrevistas possuem um roteiro-guia de perguntas que são estruturadas como semi-estruturadas, ou seja, possibilita o levantamento de novas questões (TRAVANCAS, 2006). A essência da observação participante é a interação com a situação investigada. A partir da presença constante do observador, “assumir o papel do outro” e o envolvimento nas atividades do grupo (PERUZZO, 2006). Nesse meio, ao que se refere aos estudos de grupos sociais em espaços online, Christine Hine (2000) define o papel da netnografia como uma metodologia para estudos na Internet e como um método interpretativo e
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investigativo para o comportamento cultural e de comunidades on-line (KOZINETS, 1997). O pesquisador precisa levar em consideração as relações que se formam entre os integrantes do recorte em que o projeto foi pautado, analisando e buscando diagnosticar ou inferir sentidos às pessoas, tanto por meio da observação, como através da maneira implícita em que os indivíduos dão sentido aos acontecimentos do grupo (HINE, 2000).
“O pesquisador quando vestido de netnógrafo, se transforma num experimentador do campo, engajado na utilização do objeto pesquisado enquanto o pesquisa (KOZINETS, 2007)”.
2.3.
Web 2.0 e a era social 2.3.1.
Mídias e redes sociais A web 2.0, conhecida como ‘web participativa’, foi o ápice das
modificações de comunicação e circulação de informação online. Seu início foi a partir da revolução dos blogs, chats, mídias e redes sociais e a integração dessas ferramentas no cotidiano da sociedade. A partir desse momento, a internet deixou de ser usada apenas para fins militares e universitários - além dos sites estáticos, com layout simples e disponibilizando pouca (ou nenhuma) interatividade com os internautas -, e introduziram-se as mídias colaborativas com conteúdos produzidos para e muitas vezes pelos próprios usuários da rede. Ressaltamos que os termos mídias sociais e redes sociais têm significados e usos distintos de acordo com a concepção de cada autor. Entretanto, nesse estudo utilizamos os conceitos de Raquel Recuero (2009, p.103), sendo uma rede social online caracterizada por: construir uma persona por meio de um perfil ou página pessoal;
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conectar os atores; propiciar meios de interação entre os usuários do site; e, principalmente, espaços de grupos sociais. Recuero (2009, p.26) salienta que a fundamental diferença entre esses dois meios de comunicação virtual - mídia e rede - é que as ‘mídias sociais’ são oriundas das ligações entre os indivíduos, estabelecidas nas plataformas online. Dessa forma, as mídias são maneiras de criar e disseminar informações e conteúdos. O que a difere dos tradicionais veículos de comunicação em massa é a ‘conversação’. A análise dessa visão é justificada por Katz, Gurevitch e Haas (1973) em sua teoria ‘Usos e Gratificações’, na qual explica que as escolhas da audiência em relação ao canal de informações são oriundas das necessidades cognitivas, afetivas e sociais. Essa hipótese baseia-se nos seguintes aspectos: o espectador não é somente receptor, mas produtor e detém o poder de interferir e expor suas opiniões, gerando debates e mobilizações. Todavia, apesar das mídias e redes sociais auxiliarem no processo de comunicação e propagação de temas e questões, os atores que as utilizam que são realmente os responsáveis pela repercussão desses meios. Com base nessa constatação, a visibilidade
concedida
pelas
plataformas
digitais
resultou
na
‘apropriação’ pelos internautas voltada às inúmeras formas de exposição, sendo uma dessas, evidenciar os movimentos sociais. Empregar esses instrumentos em manifestações e pautas LGBTs torna-se indispensável, de acordo com Marcela Peregrino (2012, p.260). “A internet vem se tornado cada vez mais um instrumento importante para a realização de um trabalho imprescindível para o sucesso das ações políticas do movimento LGBT: a mobilização de seu público
alvo
e
simpatizantes
que
resulta
na
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participação dessas pessoas em eventos como a Parada, a Marcha e no trabalho dentro dos grupos.”
2.3.2.
Internet como artefato cultural Acerca das discussões teóricas sobre a interpretação do que a
internet representa atualmente foi entendido e utilizado, ao longo desta pesquisa, a representação desse meio como artefato cultural. Uma vez que armazena e produz - e reproduz fora da rede - novas concepções, ideologias, comportamentos, hábitos e informações da sociedade contemporânea.
“A Internet como um produto da cultura: uma tecnologia que foi produzida por pessoas específicas com objetivos e prioridades contextualmente situados. Também é uma tecnologia que é moldada pelo modo que é vendida, ensinada e utilizada”. (HINE, 2001, p. 9).
Para Fragoso, Recuero e Amaral (2011, p. 42) “a noção de Internet como artefato cultural oportuniza o entendimento do objeto como um local intersticial no qual as fronteiras entre offline e online são fluidas e ambos interatuam”. Em vista dessa classificação, Amaral, Natal e Viana (2008) afirmam que “os traçados culturais demarcados pela interação nas comunidades, fóruns, blogs, plataformas são as pistas seguidas pelos pesquisadores em sua análise. Eles indicam uma gama variada de posicionamentos, mas principalmente norteiam de onde parte o olhar do pesquisador e sua identidade teórica”.
2.4.
Movimento LGBT no Brasil
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O Movimento Homossexual Brasileiro (MHB) surgiu no Brasil na década de 1960, resultado do esforço de diversas pessoas, oriundas de estados distintos, que tinham a finalidade de propiciar locais sociais ao público LGBT. Os eventos promoviam concursos, shows de travestis e competições para miss e fantasias. A motivação dos membros desse grupo era, principalmente, lutar por suas cidadanias igualitárias e por uma sociedade democrática. Em 1978, fundou-se o primeiro grupo politizado do movimento, o ‘SOMOS’, em São Paulo. Nesse ano, lançou-se a primeira edição do jornal ‘O Lampião da Esquina’, cujo intuito era disseminar informações sobre as primeiras iniciativas LGBTs. O atraso das ações desse movimento é oriundo da repressão vivida no país devido ao cenário político (GREEN, 2000). Com o fim do regime militar, em 1985, o apoio dos partidos políticos Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) ao movimento LGBT trouxe visibilidade que refletiu-se nas políticas públicas e em programas de governo. Entretanto, na mesma década, houve os primeiros diagnósticos de Aids no Brasil que foram associados aos homossexuais. Esse posicionamento foi disseminado por médicos e políticos religiosos da época e apoiado pelos civis a fim de degradar a imagem da comunidade LGBT. Segundo FACCHINI (2005), após o pânico da epidemia de Aids, observa-se o crescimento do mercado ao público LGBT: “o circuito de casas noturnas de frequência homossexual é entendido como um espaço de resistência e afirmação de uma identidade que não poderia mostrar-se com toda a vitalidade fora dos perímetros que haviam se constituído como lugares de proteção em relação ao preconceito”, e salienta que “o surgimento do movimento homossexual indica a aspiração a reivindicar direitos universais e civis plenos, por meio de ações políticas que não se restringiam ao "gueto", mas que se voltavam para a sociedade de modo mais amplo”.
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A necessidade da visibilidade do movimento LGBT e da luta por seus direitos trouxe, na década de 1990, diversas manifestações nas ruas dos estados brasileiros e a organização das ‘Paradas do Orgulho’ sendo a maior em São Paulo, com cerca de 3 milhões de pessoas, segundo a prefeitura da cidade. Nesse período, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais (ABGLT) foi criada em 1995 e, atualmente, é a maior rede LGBT da América Latina. Além disso, segundo dados divulgados pelo IBGE (Censo - 2010), no país há mais de 60 mil casais homossexuais morando na mesma residência.
2.5.
Espaços de debate no Facebook O Facebook foi desenvolvido, inicialmente, como uma plataforma de
comunicação restrita aos universitários de Harvard e o intuito era classificar os estudantes como “quentes” ou não - ou seja, funcionava como site de relacionamentos. “Facemash” como foi batizado pelos seus criadores Mark Zuckerberg, Eduardo Saverin, Dustin Moskovitz e Chris Hughes, um grupo de alunos de Ciências da Computação. O site tomou proporções inusitadas aos seus criadores que, em pouco tempo após o seu lançamento, executivos de Harvard acusaram quebra de segurança, violação de copyright e violação de privacidade, tirando-o do ar. Em 2004, Zuckerberg re-lançou sua ideia e a batizou de “The Facebook”. Atualmente, após mais de uma década e muitos obstáculos políticos-legais, tornou-se a maior rede social online do mundo. Os populares ‘grupos do Facebook’ permitiram uma nova função na rede: a troca de informações privada, entre membros selecionados. Esses espaços possuem os mais diversificados cunhos: humor, entretenimento, políticas, notícias gerais, universidades, grupos de amigos e/ou familiares etc. Os movimentos sociais e suas vertentes (racismo, LGBT, feminismo, entre outros) se apropriaram dessa ferramenta para mobilizar e organizar suas ações.
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“Facebook, blog, e-mail, são vistas pela maioria dos entrevistados como recurso para mobilizar e agregar pessoas para as ações do movimento. Entendo por mobilização a divulgação de ações; organização de ações; convocação ou convites para ações; discussões sobre as demandas e estratégias políticas do movimento; “rotinas” de ação que se dão por meio da utilização dos recursos da internet (ações online) e “rotinas” que não são executadas por meio da estrutura digital (ações offline).” (NAZARÉ. 2012, p.225).
Apesar da tecnologia não ser a única responsável pela mudança na comunicação por meio do computador e celular, a noção de localidade nas relações
sociais
resultou
na
desterritorialização
dos
laços
sociais
(RECUERO, 2009). Diversos grupos dos mesmos movimentos sociais, e seus
apoiadores,
estão
conectados
pelas mídias e redes sociais,
independentemente da sua região. A facilidade de contato com um número grande de pessoas de distintas localidades justifica o crescimento dos espaços de debates nessas plataformas, e oriunda em grandes manifestações e protestos com impacto mundial, como por exemplo, as Manifestações de Junho (Brasil - 2013) que contestou as desigualdades do país.
3.
Metodologia de pesquisa Realizamos a pesquisa através do método netnográfico, coletando dados por
meio da observação participante e pesquisa em profundidade. Durante três semanas, monitoramos o grupo LDRV (Lana Del Ray Vevo), no Facebook, analisando o comportamento e postagens de seus membros. Os entrevistados foram escolhidos a partir de sua influência no grupo, totalizando 19 membros. Para que a inserção no campo fosse efetiva, elaboramos um roteiro-guia para realizar as entrevistas em profundidade. A partir desse roteiro, dividimos as perguntas em três blocos: o perfil do entrevistado e perguntas gerais de usabilidade de redes sociais
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online e grupos de Facebook; no segundo, direcionando à visão sobre o LDRV, em relação aos assuntos e integrantes do grupo; no terceiro, e último bloco, perguntas mais delicadas acerca de preconceito e inserção heterossexual no grupo. Segmentamos os entrevistados pela região onde moram, pois assim conseguimos ter uma visão ampla a partir de indivíduos de todo o Brasil, considerando, também, seu contexto fora do mundo virtual. Além disso, entrevistamos quatro lideranças políticas da comunidade LGBT do Rio Grande do Sul, dividindo o questionário em dois blocos: perfil do entrevistado, focando na sua inserção às mídias sociais online; e visão individual sobre a militância no âmbito LGBT, com enfoque nas suas motivações em relação ao engajamento político. Entramos em contato com o fundador do grupo, Kaerre Neto, e após explicarmos sobre o propósito da pesquisa, Kaerre autorizou que a fizéssemos.
3.1.
Netnografia A netnografia é uma divisão do método etnográfico, estudo
antropológico cujo objetivo é analisar a sociedade como um todo, compreendendo suas culturas, gestos, crenças etc. Segundo Roberto DaMatta, a Antropologia é “o resultado da tentativa de transformar o ‘exótico em familiar’ e o ‘familiar em exótico’.” Sendo assim, um estudo Etnográfico é caracterizado pelo relatório de dados obtidos por meio da pesquisa de campo e do estudo descritivo acerca do grupo analisado durante determinado período. É preciso estar atento ao contexto e às interpretações minuciosas, posto que a Etnografia busca o significado de detalhes, mergulhando profundamente em diferentes culturas. A netnografia, por sua vez, investiga e analisa as ações de grupos e indivíduos na Internet, incluindo, também, suas performances e atos offline. Um estudo netnográfico é caracterizado, primeiramente, pela pesquisa baseada em campo. Além disso, é influenciado diretamente pelo contexto dos entrevistados e podem ser aplicadas diversas técnicas de coleta de
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dados. É comum, por exemplo, que marcas utilizem este método para levantamento de dados com a intenção de gerar insights ou identificar a raiz de problemas. Utilizamos, portanto, o monitoramento do ambiente virtual e a análise de códigos presentes no grupo LDRV.
3.2.
Monitoramento do grupo Realizamos um monitoramento dos posts do grupo LDRV, porém esse
acompanhamento foi complicado, visto que o Facebook não permite filtrar os posts por data e horário. Logo, havia postagens misturadas de todos os dias. A ordem de postagens permanece segundo interação que recebe aquele post, ou seja, se há comentários e reações, ele vai continuando no “topo”. O trabalho também foi dificultado pelo fato do grande número de postagens em um dia, assim ao atualizar o grupo, já havia dezenas de outras postagens e interações.
Então,
para
tentar
mensurar
a
quantidade
de
posts,
contabilizamos o número de posts no dia 27 de junho/2017. A mensuração foi feita perto da meia noite para englobar o maior número de postagens desse dia. Por isso, fizemos o monitoramento inicial em três dias: 14, 15 e 21 de junho/2017. Optou-se pelos posts com mais de 6 mil reações (curtida, orgulho, amei, haha, uau, triste e grr) de cerca de 40 posts vistos. A partir disso, categorizamos os posts em data, horário, número de cada reação, número de comentários e assunto. Com isso, chegamos a uma quantidade de 24 posts analisados. Depois, avaliamos da mesma forma esses posts nos dias 23 e 27 de junho/2017, buscando identificar transformações e tempo de duração do post. Além disso, foram avaliados os comentários das postagens, os quais filtramos para os cem primeiros, porque a quantidade era elevada. Por meio dos comentários buscamos identificar como os membros se portavam no grupo e como interagiam. Observamos os assuntos pelas publicações diariamente, tanto pelo feed do Facebook de cada um, quanto entrando no grupo e analisando.
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Para buscar postagens sobre determinados temas, utilizamos uma ferramenta do Facebook nos grupos, que permite pesquisar por meio de palavras chaves os posts. A partir do monitoramento feito, analisamos as postagens
e
chegamos
a
conclusões
importantes
sobre
assuntos,
comportamento e interações presentes no LDRV.
3.3.
Entrevistas em profundidade 3.3.1.
Lideranças políticas
Em relação ao grupo de lideranças políticas, não obtivemos resposta de dois possíveis entrevistados. Entramos em contato, também, com o Deputado Federal Jean Wyllys (PSOL-RJ). Escolhemos Jean por ser o único parlamentar assumidamente gay no Brasil, e enxergamos nele a liderança política com mais força e visibilidade na comunidade LGBT. No entanto, Bruno Bimbi, assessor do parlamentar, que possui certa proximidade com uma entrevistadora, informou que não seria possível o deputado nos atender. O retorno foi rápido e informal, como se fôssemos velhos amigos. As entrevistas aconteceram pessoalmente e via telefone, com exceção de um indivíduo que preferiu responder de forma escrita. Foram três homens homossexuais e uma mulher transexual. Três deles já se candidataram em alguma eleição, seja para deputado ou vereador. Seguindo as respostas orientadas pelo roteiro-guia, todos os entrevistados interagem bastante nas mídias sociais e a mídia mais usada é o Facebook. Com exceção do entrevistado L, todos interagem bastante em grupos de cunho LGBT. Abaixo, a relação de entrevistados:
Tabela 1 - Relação de entrevistados: lideranças políticas. Entrevistado Luciano Victorino
Coletivo/Partido Juntos/PSOL candidato
-
Foi
Primeiro contato
Resposta
06/06
09/06
15
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UJS/PcdoB Lucas Maróstica
-
Foi
candidato 2
06/06
11/06
06/06
20/06
06/06
21/06
vezes SOMOS
-
Também
ministrou curso sobre gênero na
Gabriel Galli
mídia (na Famecos, onde se formou)
Luiza Eduarda dos Juntos/PSOL Santos
-
Foi
candidata Líder
da Comissão da
Diversidade LV
da OAB
08/06
Não respondeu
R
Desobedeça
08/06
Não respondeu Não
Jean Wyllys
PSOL - deputado federal
12/06
pôde
participar
Fonte: desenvolvida pelos membros do grupo.
3.3.2.
Membros do LDRV
Após a elaboração do material base para os pesquisadores, fragmentamos os entrevistados em três grupos: A (1 pesquisador - 7 entrevistados); B (1 pesquisador - 6 entrevistados); C (1 pesquisador - 6 entrevistados).
Separadamente,
o
grupo
de
lideranças
políticas:
1
pesquisador - 4 entrevistados. Os procedimentos iniciais foram iguais para os três grupos de entrevistados: distribuímos, inicialmente, seis membros do LDRV para cada um dos três pesquisadores. O primeiro contato com todos os entrevistados foi
16
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
feito em 6 de junho de 2017, porém o retorno ocorreu em momentos diferentes.
3.3.2.1.
Grupo A
Analisando o grupo A, enfrentamos uma dificuldade da pesquisadora para a inserção no campo. Solicitamos a entrada dela, e houve uma demora de duas semanas período maior do que o esperado, uma vez que todos os demais participantes foram adicionados com rápida aprovação. Um dos pesquisadores, que possui um perfil “extra”, solicitou sua entrada através de seu perfil oficial e foi aceito rapidamente. Ainda não detectamos o motivo da demora para a aceitação da pesquisadora. O grupo foi inicialmente composto por 6 entrevistados. O primeiro contato, de todos os membros, aconteceu no mesmo dia, mas as respostas aconteceram em tempos diferentes. Os entrevistados estão numerados segundo a ordem de respondência do questionário. O entrevistado número 3 não possuía o mesmo perfil dos outros - mesmo sendo integrante do grupo, não é a favor das políticas, dos posts e da forma como as relações se dão no meio. Dos entrevistados mapeados no início da pesquisa, 3 (três) não responderam ao questionário, todos os contatos iniciais foram feitos via Messenger - extensão de chat do Facebook e todas as entrevistas foram concluídas online. Abaixo, a relação dos entrevistados do grupo A: Tabela 2 - Relação de membros entrevistados: grupo A. Entrevistado
Perfil
Papel
no Contato
Método
Grupo Fillipe Lenz
de
entrevista
16
anos, Participant
1º
contato Presencial.
gay,
reside e
realizado no dia
em
observado
20
de
junho,
Gravataí/RS
r.
convite
de
17
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
.
participação
Atualmente,
aceito
cursa
o
pesquisa
terceiro ano
realizada
do
mesmo dia.
ensino
e
no
médio. Guilherme
Guilherme,
Renosto
18
Criador de 1º
anos, conteúdo,
contato Presencial.
realizado no dia
gay, natural participaçã
09
de
junho,
de
convite
de
o assídua.
Esteio/RS e
participação
residente
aceito
em
pesquisa
Porto
e
Alegre/RS.
realizada
no
Atualmente,
mesmo dia.
graduando em Design. Nathalia Duarte 21
anos, Participant
lésbica,
e
natural
Paulo Catarino
e observado
1º
contato FaceTime.
realizado no dia de
junho,
residente no r.
convite
de
Rio
participação
de
25
Janeiro/RJ,
aceito
e
graduanda
pesquisa
de
realizada
jornalismo.
mesmo dia.
no
20
anos, Criador de 1º
contato Conferência via
gay,
reside conteúdo e realizado no dia Skype.
18
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
em
Volta participant
15
de
junho, de
Redonda/RJ
e
convite
, publicitário
observado
participação
r.
aceito
e
pesquisa realizada no dia 18 de junho. Samuel Witt
18
anos, Participant
1º
contato FaceTime.
gay, natural e
realizado no dia
de Mafra/Sc observado
22
de
junho,
e
convite
de
residente r.
de
participação
Curitiba/PR.
aceito
Atualmente,
pesquisa
graduando
realizada
em
mesmo dia.
e
no
Farmácia. Yago Souza
20
anos, Criador de 1º
gay,
reside conteúdo,
em
Volta participant
Redonda/RJ
e assíduo.
contato Conferência via
realizado no dia Skype. 11
de
junho,
convite
de
.
participação
Atualmente,
aceito
estudante
pesquisa
de
realizada no dia
curso
preparatório
e
13 de junho.
para vestibular.
19
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
Kaerre Neto
21
anos, Proprietári
gay,
reside o
1º
contato Primeiro contato
do realizado no dia realizado
em
grupo,
08
de
junho, Twitter,
Salvador/BA
criador de convite
.
conteúdo,
participação não
Atualmente,
participant
foi aceito.
graduando
e assíduo.
via sem
de progressos.
em Farmácia. Fonte: desenvolvida pelos membros do grupo.
3.3.2.2.
Grupo B
Cada membro do grupo B tinha sua peculiaridade na hora de expor sua opinião: alguns mais extrovertidos e falantes, outros diretos e sem muitos comentários, fator que pode ter influenciado a maneira de transmitir seu pensamento. Contatamos cinco homens e uma mulher homossexuais, na faixa etária entre 16 e 21 anos das regiões sul, sudeste e nordeste do país;
participação
assídua
em
grupos
de
entretenimento,
majoritariamente de música, cinema e humor. Muitos conheceram o grupo através de outros amigos que já participavam do LDRV e mostravam o conteúdo para os entrevistados despertando o interesse dos mesmos. A opinião majoritária relatada pelo grupo B é que o LDRV possui extrema importância para a comunidade LGBT, afinal é um “ambiente” no qual é possível encontrar pessoas que entendem seus desafios e vivências de uma maneira ampla, além de ser um excelente lugar para entretenimento. Também observamos, no grupo B, que os membros enxergam a problemática do ingresso de heterossexuais no grupo, algo que não
20
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
acontece devido a uma questão de exclusão, mas a apropriação de espaço e protagonismo, enxergando somente o “lado bom de ser gay” sem procurar entender e lutar pela igualdade que o grupo LGBT busca ao se inserir na sociedade. Contudo, o grupo acredita que, com mente aberta, o heterossexual é bem-vindo no âmbito majoritariamente LGBT até mesmo para seu aprendizado e compreensão sobre características de um grupo distinto do seu. Abaixo, a relação de entrevistados:
Tabela 3 - Relação de membros entrevistados: grupo B. Entrevistado
Perfil
Papel
no Contato
Método
Grupo Fillipe Lenz
entrevista
16
anos, Participante 1º
gay,
reside observador. realizado no dia
contato Online.
em
20
de
junho,
Gravataí/RS
convite
de
.
participação
Atualmente,
aceito
cursa
o
pesquisa
terceiro ano
realizada
do
mesmo dia.
ensino
de
e
no
médio. Guilherme
Guilherme,
Renosto
18
Criador de 1º
anos, conteúdo,
contato Online.
realizado no dia
gay, natural participaçã
09
de
junho,
de
convite
de
o assídua.
Esteio/RS e
participação
residente
aceito
e
21
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
em
Porto
pesquisa
Alegre/RS.
realizada
no
Atualmente,
mesmo dia.
graduando em Design. Nathalia Duarte 21
anos, Participante 1º
lésbica,
observador. realizado no dia
natural
Paulo Catarino
contato Online.
e
25
de
junho,
residente no
convite
de
Rio
participação
de
Janeiro/RJ,
aceito
e
graduanda
pesquisa
de
realizada
jornalismo.
mesmo dia.
no
20
anos, Criador de 1º
gay,
reside conteúdo e realizado no dia
em
Volta participante
Redonda/RJ , publicitário
15
contato Online.
de
junho,
observador. convite
de
participação aceito
e
pesquisa realizada no dia 18 de junho. Samuel Witt
18
anos, Participante 1º
contato Online.
gay, natural observador. realizado no dia de Mafra/Sc
22
de
junho,
e
convite
de
de
residente
participação
22
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
Curitiba/PR.
aceito
e
Atualmente,
pesquisa
graduando
realizada
em
mesmo dia.
no
Farmácia. Yago Souza
20
anos, Criador de 1º
gay,
reside conteúdo,
em
Volta participante
Redonda/RJ
assíduo.
contato Online.
realizado no dia 11
de
junho,
convite
de
.
participação
Atualmente,
aceito
estudante
pesquisa
de
realizada no dia
curso
preparatório
e
13 de junho.
para vestibular. Kaerre Neto
21
anos, Proprietário
gay,
reside do
1º
contato Primeiro contato
grupo, realizado no dia realizado
em
criador
de 08
de
junho, Twitter,
Salvador/BA
conteúdo,
convite
.
participante
participação
Atualmente,
assíduo.
não foi aceito.
via sem
de progressos.
graduando em Farmácia. Fonte: desenvolvida pelos membros do grupo.
23
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
3.3.2.3.
Grupo C
Em relação ao grupo C, observamos que quatro dos primeiros contatos responderam rapidamente e estavam dispostos a participar da entrevista. Um dos entrevistados demorou um pouco para responder, mas realizou a entrevista pessoalmente. Entretanto, apenas uma das seis entrevistas iniciais não retornou o contato e, a partir disso, outros dois indivíduos foram contatados e ambos responderam. .As primeiras conversas foram feitas, em média, dois dias após encaminhar o contato inicial, via Facebook. Notamos que todos os entrevistados mostraram-se dispostos a participar da pesquisa, não questionando os objetivos e demonstrando uma surpresa positiva em relação ao interesse dos pesquisadores no grupo LDRV, na sua influência e em relação aos espaços de debates LGBT no Facebook. O intuito inicial de entrevistar uma pessoa de cada estado brasileiro tornou-se inviável, visto que a lista sofreu modificações. Ressaltamos que, no grupo C, um dos entrevistados é natural de São Paulo (capital), mas, atualmente, reside na Austrália em vista de intercâmbio para estudar inglês.
Tabela 4 - Relação de membros entrevistados: grupo C. Entrevistado
Perfil
Papel
no Contato
Método
Grupo Bernardo
Rio
Zanette
do
entrevista
Grande Participante 1º Sul,
de
contato Presencial.
20 observador. realizado no dia
anos, ensino
09
de
médio
convite
junho, de
24
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
completo,
participação
gay.
aceito em 21/06 e entrevista
em
23/06. Mayara
Paraná,
Zwierzykowski anos,
20 Criador de 1º cursa conteúdo,
contato Online.
realizado no dia
Teatro,
participaçã
09
de
lésbica.
o assídua.
convite
junho, de
participação aceito e pesquisa realizada
no
mesmo dia. Pedro Blanco
--
--
1º
contato --
realizado no dia 09 de junho, não havendo retorno. Milena Sgaria
21
anos, Cria
lésbica,
conteúdo,
natural
1º
contato Online.
realizado no dia
e comenta e 09
de
junho,
residente no curte.
convite
Rio
participação
de
de
Janeiro/RJ,
aceito em 11/06 e
graduanda
realização 12/06.
de jornalismo. Lindon
Ceará,
mas Criador de 1º
contato Presencial.
Johnson
reside no Rio conteúdo e realizado no dia
25
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
Grande
do participante
21
de
junho,
Sul, 19 anos, observador. convite
de
universitário
participação
de
aceito e pesquisa
Publicidade e
realizada
Propaganda,
mesmo dia.
no
gay. Antônio
Ceará,
Leorne
anos,
21 Participante 1º
contato Online.
observador. realizado no dia
universitário
21
de
convite
Licenciatura
participação
em Química,
aceito em 22/06 e
bissexual..
23/06 entrevista.
Raphael
Rio
de Criador de 1º
Bastos
Janeiro,
20 conteúdo,
de
de
contato Online.
realizado no dia
anos,
participante
09
universitário,
assíduo.
convite
gay.
junho,
de
junho, de
participação aceito em 11/06 e entrevista realizada no dia 15 de junho.
Marcela
São
Teixeira
17
Paulo, Proprietário anos, do
intercambista
1º
contato Online.
grupo, realizado no dia
criador
de 09
de
junho,
na Austrália, conteúdo,
convite
hétero.
participação
participante
de e
26
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
assíduo.
entrevista realizados
no
mesmo dia. Fonte: desenvolvida pelos membros do grupo.
4.
Análise de dados 4.1.
Monitoramento do grupo No âmbito online, os ambientes sociais revelam o intenso senso de
colaboratividade e aprendizado coletivo. Por isso, se constituem como meios que facilitam o agrupamento de pessoas em torno dos mesmos interesses. Essa premissa se disseminou na grande maioria das redes sociais, trazendo outra faceta muito fértil, que é o ânimo do público em compartilhar seus hábitos, dúvidas, preferências e insatisfações. O grupo LDRV reflete essas constatações e percebemos isso a partir da análise de monitoramento dos posts, comentários, reações e interações. Assim, chegamos às conclusões que vamos apresentar nesse relato, baseadas em nossas reflexões acerca do observado. Podemos situar o LDRV como uma comunidade virtual propriamente dita, já que os participantes estão familiarizados entre si, possuem linguagens, normas e símbolos específicos compartilhados, suas identidades são reveladas e é perceptível um esforço na manutenção e preservação do grupo. Apoiados no monitoramento feito do recorte de posts com mais de 6.000
reações,
conseguimos
verificar
que
as
postagens
ocorrem
praticamente 24 horas por dia, porém diminuem de madrugada e aumentam a partir das 18 horas até às 00 horas, quando há maior número de pessoas online. Em relação ao número de postagens, a contagem é difícil mas normalmente são no mínimo 200 posts diários. Os participantes são de todos os cantos do Brasil, mas em número de posts, a maior parte da produção de
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conteúdo provém dos residentes da região Sudeste, que costumam ser muito assíduos. O número de reações podem ser classificados em menos de 1.000, de 1.000 a 5.000 e acima de 6.000, que chegam a 60.000 ou mais, mas a maioria tem entre 6.000 e 15.000. Os membros utilizam muito as outras reações além da curtida, principalmente o “amei”, o “orgulho” e o “haha”. Quanto aos comentários, muitas postagens flopam pela quantidade grande de postagens, então muitas não têm visibilidade ou simplesmente por se tratarem de um assunto não tão relevante. Grande parte das postagens tem muitos comentários, devido ao espaço propício para conversação e o assunto do post, que muitas vezes envolve perguntas. Nos posts analisados com mais de 6.000 reações, a maioria dos comentários varia entre 1.000 e 6.000. Conforme os 24 posts com mais de 6.000 reações monitorados duas vezes, pudemos aferir que como já eram posts mais antigos ou com grandes interações, o número de reações em alguns mudaram, mas em outros permaneceram muito similares. Por isso, a maior diferença foi nos comentários, que aumentaram significativamente, demonstrando o nível de engajamento dos participantes e de como um post pode ficar muito tempo “em voga”. Mesmo que o número de reações não tenha sido tão diferente, o fato de estar mais no topo do feed do grupo, revela que foram muito comentados e reagidos e assim continuaram a aparecer. Como já dito, observamos por meio do monitoramento que a quantidade de postagens no grupo é muito elevada, já que a quantidade de membros também é grande. Depois que se faz parte do grupo, o feed do Facebook é dominado pelas publicações do LDRV, tanto que a cada atualização do grupo, diversos novos posts aparecem, tanto novos, como os mais antigos com muita interação.
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Ao adentrar no mundo LDRV, é muito difícil escapar da interação.
As
publicações
abordam
questões
cotidianas
e
de
questionamentos que perpassam na cabeça da maioria dos jovens que são membros. Ademais, o ambiente criado para dialogar é impressionante, visto que a grande maioria se sente à vontade para comentar todo tipo de questão: seja do polêmico ao trivial, inclusive contando situações particulares e íntimas. Constatamos que quem faz a postagem, muitas vezes se preocupa em responder os comentários de maneira muito amigável e estimulando a comunicação, para tentar conhecer o interagente. Também podemos citar o fato de que diversas publicações apresentam os edits: edições feitas depois das interações. Os edits geralmente discorrem sobre a repercussão daquele post nos comentários, mostrando que o publicador os leu e se preocupa com as outras opiniões. Notamos a presença de conhecidos nossos e havia momentos que nos surpreendemos, porque ficamos sabendo mais da sua realidade e pensamentos através de suas postagens e comentários no grupo. Ou seja, se ao vivo muitos não tinham coragem de contar suas aventuras ou dificuldades, no LDRV parecia que tinham encontrado um espaço para isso. No grupo, há uma aceitação e aproximação muito sólidas, onde as pessoas se sentem de certa forma seguras para contar sobre sua vida. Ainda podemos ir mais adiante, segundo Rheingold: Comunidades virtuais são os agregados sociais surgidos na Rede, quando os intervenientes de um debate o levam por diante em número e sentimento suficientes para formarem teias de relações pessoais no ciberespaço (Rheingold 1996: 18). Essa formulação nos apresenta elementos como discussões e sentimento, os quais harmonizados no ciberespaço, formam redes de relações sociais. Percebemos que em uma comunidade virtual há uma perspectiva de pertencimento e consequentemente de um propósito comum gerado pela comunicação dos sujeitos nesse ambiente. Os diálogos, atividades e fluxo de
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
informações e comunicações produzem o vínculo social de determinado grupo. Em relação ao conteúdo, as postagens abordam os mais diversos assuntos e apesar de haver posts voltados para questões sociais e políticas, a maior parte é voltada para o entretenimento, lazer e divertimento. Até porque é proibido, segundo o manual do membro, postagens sobre política explícita. As temáticas mais recorrentes são as de amor, sexo, drogas lícitas e ilícitas, rolês e festas. Imagem 1 - Postagem sobre drogas lícitas e ilícitas.
Fonte: Facebook.
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
Notamos a grande quantidade de publicações que envolvem memes da internet, que inclusive estão entre os mais reagidos e comentados. Além disso, estão presentes muitos prints de twitter, facebook, site ou outra mídia social de teor cômico. Ainda podemos citar os vídeos que viralizam no mundo virtual e que sempre aparecem no grupo.
Imagem 2 - Vídeos virais.
Fonte: Facebook.
Os membros buscam identificação com outros membros, por isso grande parte dos posts apresenta perguntas que buscam preferências e gostos parecidos com seus. Há tours de conforto, para entender que não estamos sozinhos e que mesmo em distância, todo mundo passa por momentos felizes e tristes. Com isso, os participantes fomentam o diálogo,
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
trocam experiências e também expõe sua vida, afinal as pessoas também buscam isso nas mídias sociais.
Imagem 3 e 4 - Publicações sobre opiniões.
Fonte: Facebook.
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
Uma forma também comum de post é sobre pedir e dar conselhos. Várias postagens tratam sobre conselhos, principalmente em relação a relações amorosas e sexuais. Percebemos que a quantidade de comentários nesses posts é bem alta e que quem comenta se sente muito à vontade para dar sugestões, inclusive contando sobre suas próprias experiências. Muitos buscam conforto perante suas vivências infelizes, assim como quando alcançam sucesso em uma situação passada. Há numerosos posts sobre família e amigos, por meio de fotos e vídeos de situações reais, exaltando as ações dessas pessoas. Imagem 5 - Postagem sobre família.
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
Fonte: Facebook.
Quando o post trata de ajudar alguém, os participantes costumam ser altruístas e ajudam na causa. Esses estímulos de ajuda apareceram tanto em postagens de famosos, como por exemplo, o caso da Maisa Silva que foi assediada no programa do Silvio Santos na SBT e foi atacada em comentários no Facebook. A atriz, cantora, modelo e apresentadora de 15 anos é considerada um ícone nas redes sociais, principalmente pelas mulheres e LGBTS, por ser irreverente e criadora de vários memes. Após a polêmica, vários posts no grupo LDRV tratavam sobre o caso e como Maisa havia se virado para contornar a situação. Os participantes a defenderam e inclusive criaram tours com intuito de unir os integrantes para defendê-la,
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postando comentários positivos e de assistência na foto de perfil atacada no Facebook de Maisa. O reflexo dessa tour foi muito expressivo, já que choveram comentários de elogios, que tornaram-se a maioria, mostrando o engajamento dos interagentes.
Imagem 6 - Ataques à Maisa.
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Fonte: Facebook.
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Também nos deparamos com famosos tentando encontrar soluções para rumores diante de sua carreira, como o acontecido com a brasileira Alice Wegmann. A atriz postou no grupo um pedido de ajuda sobre o que fazer a respeito de uma matéria com informações errôneas, manchando sua imagem. Percebemos a relevância do grupo quando figuras públicas o consideram um espaço de engajamento. Imagem 7 - Famosos no grupo.
Fonte: Facebook.
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Outra forma de intenção de ajuda ocorre com pessoas desconhecidas, como por exemplo quando algum membro está participando de um concurso e é considerado minoria (gay, negro(a), gordo(a) etc), os participantes auxiliam na sua vitória. Há também postagens que contam sobre sofrer bullying e a maioria se sensibiliza com a causa, oferecendo um conforto. Inclusive, há posts que pretendem auxiliar alguém que está passando necessidade. Essa é a situação do menino Erisvandro que vive em condições precárias com a mãe, no interior do Ceará, e sobrevive de doações. Um membro do LDRV, da mesma cidade do menino, resolveu pedir ajuda no grupo e muitos participantes se mobilizaram em prol disso. Para disseminar a história, Erisvandro criou um perfil no Facebook pra postar vídeos no LDRV sobre sua vida. Apesar da causa nobre, muitos participantes não gostam de quem está ajudando, porque acreditam que apenas fazem isso para se promover. Além disso, adicionaram o famoso youtuber Whindersson Nunes no grupo, que também quis ajudar o menino e muitos agiram de maneira estúpida com ele por ser justamente um youtuber. Assim, a boa ação que um membro tentou fazer, foi se perdendo e dando espaço para discussões e brigas.
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Imagem
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Fonte: Facebook.
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Os participantes também postam sobre ajudas que receberam, tanto de dentro do grupo, como de famosos que apoiam a causa. Esse é o caso de uma participante de 21 anos que sofre de câncer de mama, a qual foi pedir para a cantora, compositora e drag queen brasileira Pabllo Vittar, onde comprava suas perucas. Pabllo, uma das ídolas do grupo, fez questão de presentear com uma peruca a menina, que fez uma tour para agradecer e elogiar a ação. Os comentários nesse post foram atenciosos quanto a situação da participante, com a grande maioria desejando força e aplausos a atitude da já adorada Pabllo. Como a menina postou, foi uma tour de gratidão e amor, o que reverberou da mesma forma nos comentários. Imagem 7, 8 e 9 - Tour de gratidão e amor.
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Fonte: Facebook.
Ainda, percebemos um senso de justiça buscado pelos integrantes por meio das postagens. Então, quando alguma pessoa famosa ou desconhecida, a qual
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simpatizam, passa por uma situação crítica, o grupo mostra sua força e se junta para expor a pessoa que causou tal transtorno. Isso também ocorre com membros do próprio grupo, como por exemplo, quando vazam informações. As regras do grupo considera o vazamento de informações como uma quebra do manual do membro. Nessa circunstância, o grupo também se une para expor o participante responsável. Uma vez que algo é postado no grupo, não deve sair de lá, por isso quem se sente constrangido pode denunciar o membro. A mobilização que ocorre para advertir e punir com a saída do grupo o ofensor, é feita de uma maneira muito incisiva, tanto que o nome e a reputação desse membro ficam marcados. O mesmo ocorre com posts ofensivos e atitudes abusivas, tanto de homens, como de mulheres. Com base nesses exemplos, podemos fazer uma analogia com a Lei de Talião: princípio em que a justiça deve ser feita com as próprias mãos e em força equivalente, segundo o Código de Hamurabi, de onde provém a premissa ''olho por olho, dente por dente''. Esse conceito se aplica entre os membros do grupo, dado que aquele que se sente ofendido e humilhado, tenta reverter a situação e fazer sua própria justiça com a ajuda dos participantes do grupo. Dessa forma, notamos que apesar de o grupo ter espaço e força para boas ações e senso de justiça, há também o outro lado: a hipocrisia, visto que muitos agem somente quando os convém, não interessando a opinião de quem discorda deles. Várias vezes, agiram até de forma racista e preconceituosa, principalmente quando se trata de preferências individuais, como no tema música. Por exemplo, muitos não se importam em criticar a cantora Beyoncé e acabam sendo machistas e racistas, especialmente os gays. Eles não conseguem separar o gosto de cada um e as críticas referentes às músicas: extrapolam isso e atacam a própria mulher, indo contra sua ideologia não preconceituosa em relação ao gênero. Outro exemplo que podemos citar, é quando heterossexuais postam algo mais íntimo ou expõe suas opiniões, muitos gays e lésbicas os condenam e são hostis, praticando a intolerância.
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Fonte: Facebook.
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Imagem 10 - Sobre Whindersson Nunes.
Fonte: Facebook.
Percebemos a intensidade do grupo, quando observamos o reflexo no âmbito offline, visto que ocorrem diversos encontros, principalmente em grandes cidades. No caso de Porto Alegre, há junções a cada dois meses na Redenção ou em diferentes festas na Cidade Baixa. Além disso, a LDRV Party já teve sua versão gaúcha em 03 de junho de 2017 na casa de festas chamada Sinners, na Cidade Baixa. A festa teve como tema o grupo LDRV e era destinada principalmente para o encontro de seus participantes. Essas
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repercussões demonstram o nível de interação entre os membros e a consequente construção de laços de amizade que começam no online e se estendem até o offline. Inclusive, um dos pesquisadores ficou amigo de uma menina do grupo, por meio de um post que ela relatou que cursava Relações Públicas no Rio Grande do Sul. Os dois até já se encontraram em festas e costumam se falar. Esse
é
apenas
um
dos
exemplos,
que
mostra
as
relações
de
companheirismo criadas por meio do grupo, tanto que muitos membros formam amizades verdadeiras e contínuas tanto no mundo virtual, como real. Como por exemplo, uma integrante que fez um post sobre uma boa ação do amigo que está na Austrália, mas que se conheceram no grupo LDRV e nunca se viram pessoalmente. Geralmente, esses relacionamentos começam com postagens que questionam de onde são cada membro, o que cursam/trabalham, onde costumam sair e suas preferências. A partir disso, criam grupos locais e marcam meets para se conhecerem, como em festas e locais conhecidos, como parques. Ou simplesmente por afinidade através do grupo, formam-se amizades virtuais. Costumam se chamar de manas, independente de quem for e mesmo se conhecerem, evidenciando a irmandade e clima de harmonia criada pelo grupo.
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Fonte: Facebook.
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Por fim, com base na análise das postagens, identificamos “trends”
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presentes no grupos, ou seja, assuntos mais comentados ou mais populares no momento. Para isso, elencamos categorias de “trends”: em música foram identificados os gêneros pop nacional e internacional e funk, tendo como principais artistas Beyoncé, Lady Gaga, Lana Del Rey, Britney Spears, Rihanna, Karol Conka, Kevinho, Pabllo Vittar e Anitta. Esses famosos apareceram em posts sobre suas músicas, seu estilo de vida, suas características, roupas, influências, acontecimentos que estiveram envolvidos e até memes, sendo muito idolatrados. Em séries, destacam-se os gêneros drama, épico e sitcom, com Grey’s Anatomy, The Walking Dead, Friends, How I Met Your Mother, Game Of Thrones e Rebelde. No cinema, temos aventura, drama, comédia e terror, a partir dos títulos O Chamado, Harry Potter, Crepúsculo, High School Musical, Meninas Malvadas e os da Marvel e DC. Os posts em geral discutem sobre a série/filme, a vida dos personagens e o quanto projeta a vida pessoal de cada um. As marcas que mais aparecem são Nike, Netflix, Mac, Adidas, Apple e a ascendente Nubank. Essas são empresas grandes e muito poderosas, refletindo nos posts os hábitos dos participantes do grupo. Também constatamos figuras públicas como Kim Kardashian por seu estilo e fofocas, Gretchen e Nicole Bahls como ícones humorísticos. E os influencers: Kaerre Neto, o dono do grupo e Lana Almeida, transgênero que ficou famosa pelos posts e por sua história. Eles são enaltecidos pelo grupo, por serem uma minoria que ganha espaço, logo eles têm mais autoridade em seus posts. Quanto aos hobbies, pode-se apontar os ligados a maquiagem, viagens, arte, D.I.Y, esportes, memes, pubs e bares, baladas e raves. Ainda, existem outros assuntos muito pautados como drogas (cigarro, maconha e bebidas alcóolicas), interesses amorosos e sexuais.
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Imagens 11, 12, 13 e 14 - Trends.
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Fonte: Facebook.
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Imagem 15, 16, 17, 18, 19 e 20 - Trends.
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social Fonte: Facebook.
4.2.
Lideranças políticas
Nossa intenção ao entrevistar um grupo de lideranças políticas LGBTs foi compreender como esses indivíduos enxergam o comportamento da comunidade LGBT nos meios digitais. Sabemos da existência de movimentos que se organizam online, e procuramos entender quais são as motivações e validações desses movimentos. Inicialmente, procuramos sete lideranças - dentre elas, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL - RJ). No entanto, apenas cinco nos deram retorno. Quem respondeu pelo deputado foi seu assessor, Bruno Bimbi, que tem certa proximidade com uma das pesquisadoras. Bimbi foi extremamente amigável, mesmo que a resposta tenha sido negativa. Jean Wyllys, além de deputado, também é professor universitário, e as demandas do mês de Junho - mês internacional do orgulho LGBT - costumam ser bem maiores. Sendo assim, entrevistamos apenas quatro lideranças, todas do Rio Grande do Sul: uma mulher transexual, candidata à vereança de Novo Hamburgo em 2016; um homem candidato a deputado federal nas eleições de 2014 e a vereador em 2016; um homem candidato à vereança de Porto Alegre em 2016; um homem, comunicador, que coordena um dos mais influentes grupos de militância LGBT do Rio Grande do Sul. Todos os homens entrevistados são homossexuais. Apesar de três entrevistados terem disputado o pleito eleitoral anteriormente, não consideram suas candidaturas a principal contribuição ao movimento LGBT. Quando questionados sobre suas influências e contribuições, todos mencionaram outras maneiras de ser líder - e não concordaram com o termo liderança, uma vez que a construção do engajamento se dá coletivamente. O entrevistado 1 e a entrevistada 3 mencionaram suas construções em cartilhas para minorias, ambas construídas pelo PSOL de Porto Alegre.
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Com exceção do primeiro entrevistado, todos participam e interagem bastante em grupos de cunho político, pois acreditam que esses espaços podem dar importância às demandas das minorias. Além disso, observamos que é de consenso do grupo que as mídias sociais, sobretudo o Facebook, podem ser uma importante área de influência de toda a comunidade. Afinal, geralmente existe muito diálogo e acolhimento entre os membros - mesmo que sempre haja certa disputa por hierarquias de pautas. O movimento LGBT acampa-se cada vez mais nessas organizações virtuais, e cabe aos seus integrantes fortalecerem avanços. O único paradoxo, segundo o último entrevistado, é que os membros têm grandes chances de permanecer em uma constante bolha, pois esses grupos não inserem pessoas de pensamento distinto. Para ele, é preciso atentar-se a esse detalhe e buscar oportunidades para dialogar com o restante da sociedade, trocando ideias e transformando o debate positivamente para a quebra de tabus e preconceitos. Inferimos, após a conclusão do processo de entrevistas, que todos desejam o mesmo: a resistência do movimento LGBT. Todos os membros reconhecem os avanços que o movimento passa, mas não consideram esses avanços suficientes. Os entrevistados que já disputaram algum cargo no pleito eleitoral concordam que a disputa, apesar de importante, não deve ser única. A construção do movimento se dá diária e coletivamente, sobretudo por meio das mídias sociais.
4.3.
Membros do LDRV 4.3.1.
Grupo A
Faixa Etária 21 anos
2 entrevistados
22 anos
2 entrevistados
18 ou 19
2 entrevistados
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Região Sul
3 entrevistados
Sudeste
1 entrevistado
Nordeste
2 entrevistados
Sexo e Condição Sexual Homens gays
4 entrevistados
Mulheres lésbicas
1 entrevistado
Mulher Hétero
1 entrevistado
4.3.2.
Grupo B
Foi possível notar a facilidade e domínio nos assuntos explorados (redes sociais e âmbito LGBT) - todos os entrevistados se sentiram à vontade para expor sua opinião. As preferências de entretenimento em comum: Humor, música pop, filmes e personalidades da mídia Abaixo
segue
uma
tabela
de
classificação
em
função
das
características demográficas e a orientação sexual dos entrevistados:
Faixa Etária 21 anos
2 entrevistados
20 anos
2 entrevistados
61
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18 ou menos
3 entrevistados
Região Sul
3 entrevistados
Sudeste
3 entrevistados
Nordeste
1 entrevistado
Sexo e Condição Sexual Homens gays
5 entrevistados
Mulheres lésbicas
1 entrevistado
Análise do grupo B por bloco de perguntas:
1º Bloco - Perfil dos entrevistados Evidente em nossa sociedade, o uso frequente de redes sociais foi afirmado por todos os entrevistados. A participação em grupos no Facebook divergiu em diferentes segmentos de assuntos de interesse entre os entrevistados, mas além do LDRV, houveram outros grupos de cunho humorístico citados em um número de vezes considerável. A interação nos grupos são majoritariamente ativas, mas cautelosas conforme a liberdade de expressão possuída no espaço que se deseja interagir. Os entrevistados ainda contam que determinados segmentos contam com seus próprios “hábitos de conduta”. 2º bloco - Visão individual do LDRV
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Neste bloco, tivemos respostas genéricas quase idênticas ao se tratar de definir o grupo através de sua visão: "um grupo humorístico que cresceu muito nos últimos tempos que serve como um bom canal de entretenimento
para
todos
os
públicos".
Muitos
dos
entrevistados
conheceram o grupo através de outros amigos que já eram usuários assíduos e alguns, pioneiros, através da página original do Lana del Ray VEVO. Quando deixam de ser participantes observadores e tornam-se publicadores e geradores de conteúdo tem como intenção a troca de opinião entre os membros e a exposição de um assunto que acreditam que valha a pena a enfatização. Todos enxergam uma influência forte do grupo na região onde vivem, alguns contam que seus âmbitos acadêmicos também são influenciados e nos grupos de amigos, as tours do LDRV são as pautas de diversas conversas.
3º bloco - Influência do grupo A exposição é um assunto que recebeu mais destaque após o ingresso numeroso de membros. Muitos a temem por possuírem diversos amigos
e
conhecidos
interagindo
em
postagens
que
podem
ser
comprometedoras se os entrevistados colocassem em exposição suas reais opiniões e seria desconfortável trazer detalhes do seu mais íntimo para diversos conhecidos. A maioria vê o preconceito dentro do LDRV entre os membros, principalmente entre homossexuais, enxergam essa problemática como algo negativo que mancha a luta e busca pela igualdade LGBT em nossa sociedade. E em relação a inserção de heterossexuais em espaços de debates LGBT, o heterossexual, com mente aberta e respeito, é bem-vindo, mas deve saber se portar e não almejar o protagonismo que pertence aos membros LGBTs. Heterossexual no LDRV, é uma pessoa que entende que não existe somente "o lado bom de ser gay", existe luta e preconceito para que todos possam se divertir no vale no final do dia.
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4.3.3.
Grupo C
As primeiras conversas foram feitas, em média, dois dias após encaminhar o contato inicial, via Facebook. Notamos que todos os entrevistados mostraram-se dispostos a participar da pesquisa, não questionando os objetivos e demonstrando uma surpresa positiva em relação ao interesse dos pesquisadores no grupo LDRV, na sua influência e em relação aos espaços de debates LGBT no Facebook. De acordo com as características demográficas e a orientação sexual dos entrevistados, os classificamos conforme as tabelas abaixo:
Faixa Etária 20 anos ou mais
4 entrevistados
19 anos
1 entrevistados
18 ou menos
2 entrevistados
Região Sul
3 entrevistados
Sudeste
2 entrevistados
Nordeste
2 entrevistado
Sexo e Condição Sexual Homens gays
3 entrevistados
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Homem
1 entrevistado
bissexual Mulher hétero
1 entrevistada
Mulheres lésbicas
2 entrevistadas
As entrevistas foram analisadas segundo três blocos de perguntas, conforme indicado abaixo:
1º Bloco - Perfil dos entrevistados O grupo C consiste em sete entrevistas, a faixa etária é 19 anos, sendo 2 entrevistados do Ceará, 2 do Rio Grande do Sul, 1 do Rio de Janeiro, 1 do Paraná e 1 de São Paulo. Os integrantes se identificaram da seguinte forma: 3 homens gays, 1 homem bissexual, 2 mulheres lésbicas e 1 mulher heterossexual. A frequência de acesso, em sua totalidade, foi apontada como diária e acessos várias vezes nesse período. As redes sociais online mais citadas foram o Facebook e Instagram. Os entrevistados mencionaram que os grupos que participam nessas plataformas, em sua maioria, têm como assunto principal entretenimento e vendas, trocas e aluguel de diversos utensílios. Ademais, ressaltam que os espaços de debates oriundos dessas redes, proporcionam liberdade de expressão aos membros.
2º bloco - Visão individual do LDRV Os entrevistados conheceram o grupo por intermédio de amigos e são membros há, geralmente, dois anos. No que se diz às interações, três dos entrevistados relataram que apenas comentam e curtem as publicações, um não mencionou suas atividades no grupo e três demonstraram ser super-ativos: comentam, publicam, curtem, marcam os amigos etc.
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Acerca da influência que o LDRV exerce nas regiões em que vivem, os sete respondentes afirmaram que percebem nitidamente a repercussão no ambiente externo, principalmente no seu grupo de amigos. Seus diálogos são permeados por gírias e memes gerados no grupo, e que comentam sobre as ‘tours’ e demais acontecimentos. Ademais, Marcela Teixeira, que está realizando um intercâmbio na Austrália, relata que a visibilidade do grupo atingiu outros países, e hoje, há o LDRV AUSTRÁLIA. “Poderia dizer que dos grupos de Facebook no Brasil, o LDRV é um dos mais influentes. Ele é um grupo muito grande, tem mais de 400 mil membros, e justamente o que fez crescer, e tomar essas proporções, foi que é muito aberto às diversidades, que inclui as minorias. É o grupo que fala sobre assuntos que, geralmente, outros grupos não falam’, relata Milena Sgaria.
3º bloco - Influência do grupo A exposição que os membros do LDRV estão suscetíveis, para cinco dos questionados, não é temida. Apesar de muitos amigos, conhecidos e até mesmo familiares estarem no grupo. Já para Lindon Johnson, em virtude do grande números de integrantes do espaço, sua imagem está vulnerável pelos seus relatos e de seus conhecidos: “muitas vezes, em coisas que falei por impulso lá, e comentários nas tours de outras pessoas, por exemplo, meu ex-namorado respondendo perguntas sobre sexo, entendeu? É um tipo de exposição. Ele comenta e todo mundo sabe que fui eu”. A questão do preconceito e atritos no grupo, em detrimento da despadronização e a ruptura do ‘filtro’ inicial que restringia a entrada, possibilitou que ocorram discussões e debates que fogem do controle e faltem com o respeito entre os membros, o que não acontecia no início do LDRV. Mayara Zwierzykowski salienta que “sempre teve, né? Algum comentário que é mais cínico. Você consegue ver. Não é tão escancarado
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porque se alguém fala, todo mundo cai em cima, mas sempre tem.Não tem como não ter, é muita gente”. Além disso, Lindon percebe “um machismo das gays com as meninas”. Na visão de Milena o posicionamento do LDRV é ‘a intolerância do grupo é o preconceito’, reiterando que ‘essas pessoas que entram no grupo para debochar ou que são preconceituosas, acabam sendo removidas’. Para Bernardo Zanette, o preconceito está presente em todos os locais e em todas pessoas da sociedade, justificando que fazemos isso ao “definir algo sem antes conhecer profundamente. Então, preconceito tem em todos os lugares. Tu pode olhar uma pessoa na rua e julgá-la sem conhecer”. Em relação a inserção de heterossexuais no grupo, cinco dos entrevistado são a favor, ressaltando que é preciso moderar quem entra no LDRV e que isso proporciona visibilidade ao movimento LGBT. Todavia, Mayara demonstrou-se contra e afirma que não gosta disso, mas que está tentando esse pensamento e ser menos “heterofóbica”. Marcela, a única mulher hétero dos respondentes, relaciona essa introdução com “feminismo com o homem, sabe? Tipo, eu acho que os héteros, ou homens em relação ao feminismo, eles podem ser pró a causa, porém não podem tentar se envolver muito”.
5.
Aproximações (in)conclusivas O grupo Lana del Ray VEVO é um exemplo de mobilização social virtual que
reconhece seu poder e consegue usá-lo de forma positiva e negativa. Com o poder do grupo é possível construir e destruir carreiras consolidadas. Personalidades como Biel, Dudu Camargo, Claudia Leitte tiveram a imagem manchada, após movimentações virtuais dos membros do LDRV e Maísa, Anitta, Pabllo Vittar tiveram seu trabalho enaltecido, internacionalmente, por conta do grupo. Contudo, com um grande número de usuários com pensamento semelhantes dentro da aldeia digital,
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as ideias podem acarretar em uma bolha social4 impedindo que impactos divergentes externos afetem o cotidiano dos membros. Atualmente, o LDRV é um grande influenciador digital e viabilizador de causas no país. O grupo é conhecido no âmbito midiático e do entretenimento, recebendo o apreço e afeto de diversas personalidades da mídia, atores e cantores. Entendemos que pela força do grupo, os famosos podem e devem atentar para esse público. O grupo também é conhecido por sua capacidade de mobilização e transformação. Embora haja a comoção coletiva ao acompanhar histórias emocionantes e ajudar membros, os usuários agem de forma individualista e algumas vezes assumem posturas agressivas quando recebem opiniões contrárias, o que gera conflitos. Isto é, acima da orientação sexual e crenças de cada um, somos seres humanos e estamos inseridos em uma cultura de preconceito e até de ódio. Um problema que mostra que antes da luta pela igualdade social, o respeito deve ser recíproco entre seus iguais. Os heterossexuais simpatizantes são bem-vindos aos espaços virtuais majoritariamente LGBTs contanto que sejam conscientes, saibam seu lugar de fala e não tenham pretensões de roubo de protagonismo ou atos homofóbicos. Concluímos que a temática de espaços de discussão em grupos do Facebook, principalmente voltados para o universo LGBTs, é muito rica e pode ser amplamente pesquisada. Entender as novas formas de comunicação e como se dá esse diálogo no âmbito virtual é deveras relevante, principalmente quando refletimos sobre questões como preconceito e influência.
6.
Glossário Separamos algumas expressões utilizadas no Lana Del Ray Vevo, para
melhor compreensão do universo do grupo:
4
De acordo com Pariser (2011), os usuários são menos expostos a pontos de vista conflitantes com
os seus e são isolados intelectualmente em suas bolhas de informação e cultura.
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● Embuste: indivíduo insuportável, chato, detestável. Aplicação em uma frase: “Vi aquele embuste do seu ex ontem!”; ● Fazer: dar uns beijos, transar. Aplicação em uma frase: “Vocês fariam o Wolfgang (personagem de Sense8), manas?”; ● Flopar: não fazer sucesso; geralmente empregado ao final das postagens; ● Grito, berro, tiro: tríade utilizada para expressar choque perante alguma situação ou comentário. Aplicação em uma frase: “A: Mana, voltei com meu ex. B: Socorro! Grito, berro, tiro!”; ● Hino: a melhor música da vida, pelo menos na sua concepção. Aplicação em uma frase: “Born this way é um hino!”; ● Hitar: antônimo de “flopar”; fazer sucesso; ● Mana: amiga, irmã; pode ser utilizado independente dos gêneros linguísticos feminino e masculino; geralmente empregado nas saudações das postagens; ● Sapão (big frog): indivíduo muito bonito. Aplicação em uma frase: “O Ed Westwick (Chuck Bass de Gossip Girl) é um sapão, amiga!”; ● Tour: no sentido figurado tem o significado de história, acontecimento; já no sentido denotativo, significa turnê de shows; ● Edit: são capítulos de uma tour em que o publicador atualiza os membros sobre a repercussão do que está acontecendo; ● Rolê: passear, dar uma volta, andar por aí sem preocupação nem compromisso; ● Meet: encontro em inglês; ● F1: abreviação para “fumar um”; ● Sonho de princesa: conquistar algo que na percepção do membro é perfeito, um conto de fadas; ● Ser Alice: ser iludido (a), viver no país das maravilhas; ● Chega a manteiga derrete:
ficar derretido no sentido sexual por algo ou
alguém; ● Calling all the manas: pedido de ajuda aos membros do grupo;
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● É pro meu TCC: utilizado como desculpa para fazer perguntas indiscretas. Aplicação em uma frase: “Calling all the manas, alguém pode me conseguir o link DAQUELE vídeo? É pro meu TCC, rs”; ● Fanfic: narrativa ficcional escrita pelos membros; ● Ship: junção de duas pessoas que os membros consideram uma boa combinação.
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7.
Apêndices
Apêndice 1 - Roteiro-guia aos membros LDRV 1º bloco - Perfil do entrevistado 1)
Perguntas gerais: nome, idade, formação, cidade, orientação sexual
2)
Você usa frequentemente as redes sociais online?
3)
Você participa de grupos no Facebook? Qual segmento?
4)
Você interage nos grupos?
5)
Você percebe algum tipo de liberdade para expressão de assuntos
gerais nesses espaços?
2º bloco - Visão individual sobre o grupo LDRV 1)
Como conheceu o grupo LDRV?
2)
Comente sobre sua visão e assuntos do grupo.
3)
Quando você publica no grupo, qual a intenção? (likes, divulgar algo,
expor sua opinião, compreender algum assunto etc.) 4)
Na sua opinião, o LDRV gera alguma influência na região em que
você vive? 5)
E no seu grupo de amigos?
3º bloco - Influência do LDRV 1)
Você teme a sua exposição no LDRV?
2)
No grupo existe preconceito entre os membros?
3)
Qual sua opinião sobre a inserção de pessoas heterossexuais em
espaços de debates majoritariamente LGBT? 4)
Gostaria de comentar algo que não foi mencionado?
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Apêndice 2 - Roteiro-guia ao entrevistado que não gosta do grupo LDRV 1º bloco - Perfil do entrevistado 1)
Perguntas gerais: nome, idade, formação, cidade, orientação sexual
2)
Você usa frequentemente as redes sociais online?
3)
Você participa de grupos no Facebook? Qual segmento?
4)
Você interage nos grupos?
5)
Você percebe algum tipo de liberdade para expressão de assuntos
gerais nesses espaços?
2º bloco - Visão individual sobre o grupo LDRV 1)
Como conheceu o grupo LDRV?
2)
Comente sua visão sobre o grupo.
3)
Você teve alguma experiência desagradável no grupo? Conte um
pouco. 4)
Você acredita que esses grupos denigrem a imagem do grupo LGBT?
5)
Na sua opinião, o LDRV gera alguma influência na região em que você
vive?
3º bloco - Influência do LDRV 1)
Qual sua opinião sobre a inserção de pessoas heterossexuais em
espaços de debates majoritariamente LGBT? 2)
Gostaria de comentar algo que não foi mencionado?
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Apêndice 3 - Roteiro-guia às lideranças políticas 1º bloco - Perfil do entrevistado 1)
Perguntas gerais: nome, idade, formação, orientação sexual.
2)
Você usa frequentemente as redes sociais online? Quais?
3)
Você participa de grupos no Facebook? Qual segmento?
4)
Você interage nos grupos?
5)
Você percebe algum tipo de liberdade para expressão de assuntos
gerais nesses espaços?
2º bloco - Visão individual sobre a militância LGBT 1)
Como e por que começou a se engajar politicamente? Conte
brevemente sua história militante. 2)
Na sua opinião, a organização de LGBTs por meios digitais exerce
alguma influência (positiva ou negativa) nos meios de militância? 3)
Você, seja individualmente ou por meio do coletivo que participa,
influencia de alguma maneira nessa organização online? 4)
Como indivíduo, qual a sua maior contribuição para a luta LGBT?
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Apêndice 4 - Transcrições das entrevistas do grupo A: Jullie Tenório Ed Din Sammur
PRIMEIRO BLOCO Jullie Tenório Ed Din Sammur, 19 anos, Heterossexual Estudante de Comunicação Social - Jornalismo Maceió - AL Utilizo as redes sociais o tempo todo. Participo de grupos de beleza, cabelo, maquiagem, venda de roupa, etc. Grupos de Porquinho da índia (porque tenho um), Grupo de Feminismo e o LDRV. Os grupos que mais interajo recentemente são os de porquinho da índia e o LDRV. O LDRV é o que eu mais sinto liberdade, mas mesmo assim, não é tudo que eu postaria, por ter muita gente conhecida.
SEGUNDO BLOCO Soube do Grupo em 2017, um grupo de amigos estava falando sobre isso e quis saber o que era. Uma amiga a colocou. Gosta muito do grupo, pelo humor, gosta mais das postagens contando história. Os posts que sugerem interação, exemplo: comente se, ela comenta às vezes. Toma cuidado para não comentar algumas coisas porque tem muitas pessoas na sua cidade, a entrevistada classifica as como fofoqueiras e informações acabam vazando. Só publicou uma vez no grupo “a todos os gêmeos de Taubaté”. A amiga enviou uma foto, de um menino que era muito parecido com ela, idêntico. Chegou a desconfiar sobre um possível irmão porque “não sabe por onde o pai esteve”. No fim, o menino discordou (não achou os dois parecidos). O post teve mil curtidas e a entrevistada perdeu o controle sobre o número de comentários. Mas, ela tem medo de contar algo que a exponha, principalmente em Maceió onde todos se conhecem. Quando publicou, tinha a intenção de ver o que ia dar, porque o menino podia estar no grupo, do contrário nem teria postado (não estava) e queria saber o ponto de
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vista do menino, talvez ele pudesse perguntar para a mãe dele, caso não tivesse pai. Ela queria saber se não era irmão dela de verdade. Tinha a intenção também de mostrar uma história interessante mas, não tinha a intenção de obter likes, a entrevistada admite vergonha. Gera influência, justamente por ser uma cidade pequena, todos se conhecem e têm acesso uns aos outros, principalmente se o assunto causar relevância para os membros. Nesse grupo, não teve grandes problemas, nada que atingisse seriamente a vida de alguém. Teme muito a exposição, até é uma coisa que a entrevistada gostaria de mudar: teme muito o que pensam sobre ela. Retoma que a cidade é pequena e algumas pessoas que ela não gostaria, têm informações que ela não gostaria. No grupo, tem preconceito, que parte mais de meninos gays para meninas héteros, alguns membros demonstram nojo ou expõem comentários semelhantes, inclusive, quanto aos órgãos genitais femininos. Nas palavras da entrevistada: “eu acho isso muito chato, eu não fico comentando. Alguns membros, têm preconceito com isso, não vi a existência de outro tipo de preconceito.” Acha é legal no sentido de todos serem amigos, de se entendem. Quando um hétero reclama de alguma coisa, ela nunca viu isso no grupo, mas sabe que já falam que é besteira, mimimi, mas tem que deixar eles falarem pq é espaço deles também. Eu acho legal ter pessoas de várias orientações sexuais e no final todos se entendem lá dentro, comentam. Acha legal.
Apêndice 5 - Transcrições das entrevistas do grupo A: João Vítor Lemos João Vitor Lemos, 21 anos, estudante de Publicidade, Porto Alegre, identifica-se como gay. Usa redes sociais e participa de grupos de Facebook, alguns para coisas colecionáveis e outros de humor, engraçadas. Interage pouco, no Lana. Às vezes no de colecionáveis, se quer comprar alguma coisa. No LDRV, vê bastante liberdade de expressão, conheceu o grupo porque um conhecido o colocou e acabou ficando. Para João, o LDRV falava assuntos mais pertinentes, hoje é mais descontraído. Ele não publica, só da likes em coisas engraçadas.
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Não vê o preconceito acontecer, mas como colocam muitos héteros, acredita que pode gerar problema. Afinal, muitos participantes surgem no meio achando ser apenas um grupo de humor e isso pode ser ruim, pode gerar discussões não saudáveis. Héteros não deviam ser proibidos, mas a inserção deles deveria ser feita com mais cuidado, principalmente com cabeças fechadas e que não estão de acordo com a proposta do grupo.
Apêndice 6 - Transcrições das entrevistas do grupo A: Gabriela Carvalho
1º bloco - Perfil do entrevistado Gabriela, 22 anos, EM completo, Rio de Janeiro, Homossexual Sim, todos os dias Sim. Interesses profissionais, entretenimento, dicas de cuidados pessoais etc Sim, interajo. Na maioria sim, vejo liberdade.
2º bloco - Visão individual sobre o grupo LDRV Conheci por amigos. Particularmente, eu não gosto/acompanho tanto o grupo como amigos meus, porque, apesar de ser um grupo com muitas pessoas do meio lgbt, rola uns silenciamentos quando você aponta algo errado, ou quando você vai contra alguma ideia dos administradores. Porém num geral é ok, da pra se distrair/divertir com algumas postagens. Divulgar algo, debater sobre algum assunto. Sim, assuntos de dentro grupo são comentados no dia a dia. Sim, meus amigos usam muitas gírias que aprenderam no grupo etc.
3º bloco - Influência do LDRV Sim, temo. Existe preconceito.
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Não acho que seja legal quando se trata de assuntos mais sérios. Eu me sinto muito mais a vontade em lugares exclusivos para lgbts ou quando somos a maioria, porque mesmo que sem querer ocorre comentários preconceituosos por parte de heterossexuais em algumas ocasiões.
Apêndice 7 - Transcrições das entrevistas do grupo A: Pedro Saraiva Nome: Pedro Saraiva, Idade: 21 anos, 4 semestre de Jornalismo, Fortaleza, Gay. Uso quase o dia todo. Participo, principalmente do LDRV. Interajo muito. Tem liberdade sim, mas meio controlada. Um amigo me adicionou no grupo. Minha visão sobre o grupo é que ele ajuda a quebrar vários preconceitos, ajuda às minorias. Quando publico, quero divertir, fazer um post pra descontrair. Gera muito! Geral está "contaminado" com esse grupo e eu acho ótimo rs. Temo não. Acho que sim, mas devido às regras, os membros escondem isso. Acho muito importante, porque ajuda elas a quebrarem preconceitos com os homossexuais.
Apêndice 8 - Transcrições das entrevistas do grupo A: Luiz Zavarize Luiz Zavarize, 22 anos, superior incompleto – biomedicina, Porto Alegre, homossexual. Você usa frequentemente as redes sociais online? Sim Você participa de grupos no Facebook? Qual segmento? Você interage nos grupos? Você percebe algum tipo de liberdade para expressão de assuntos gerais nesses espaços? Participo de alguns grupos do Facebook. A maioria deles é um grupo fechado de pessoas, de mais ou menos 200, que falam sobre diferentes aspectos da sua vida. Cria-se uma amizade com pessoas que você não conheceria fora
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daquele grupo, e se torna um ambiente seguro para expor os seus problemas e preocupações. Então é um espaço bem libertador, tanto para me expressar quanto para me comunicar com as outras pessoas. Conheci o grupo LDRV há muito tempo atrás, quando não tinha nem 3mil membros, através de um amigo meu que é amigo da Lana Almeida. Particularmente, eu acho um grupo extremamente opressor dentro da própria comunidade LGBT, sendo extremamente hostil com pessoas que não seguem, principalmente, o padrão estético. Teve várias situações desagradáveis, e uma delas culminou com a minha saída do grupo para nunca mais voltar. Foi um post sobre transexuais, eu não lembro direito o contexto, só lembro claramente do ataque que estavam fazendo as pessoas trans e eu não queria fazer parte de um grupo que fazia esse tipo de crime. Fora os outros tantos casos de misoginia que já presenciei, quando nem sabia o que era isso, apenas me desagradava. Eu acredito que denigre sim a imagem da comunidade LBGT, visto que o grupo como um todo dita como o gay, a lésbica, a travesti, a transexual e o bissexual tem que se comportar na sociedade. Tanto no modo de se vestir, tanto no modo como se expressar (aquelas gírias que conhecemos, lacre, tiro, berro, hino etc), chegando ao ponto de já problematizar o NÃO USO dessas expressões e ocorrerem – acredite - linchamentos por causa disso. No meu circulo de amizade, o LDRV gera bastante influência. Muitos amigos meus estão lá ainda por causa das tours que fazem, das fan fics – historinhas que contam, nem sempre verdade, mas que geram polêmicas até em rede nacional. Então é bem difícil não gerar uma grande influência, ainda mais se você for LGBT.
Apêndice 9 - Transcrições das entrevistas do grupo A: Gabriel Sacchi Usa frequentemente redes sociais online, inclusive é onde passa a maior parte do tempo. Participa de grupos, alguns, mas não tem muito hábito de usá-los, não tem uma acessibilidade grande, exceto aos que fazem parte do cotidiano (faculdade, trabalho) de entretenimento não costuma utilizar, com muitas exceções.
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Dos que participa, procura interagir, principalmente quando têm pessoas conhecidas. Não interage muito com desconhecidos. Percebe um determinado tipo de liberdade para expressão de assuntos gerais nesse tipo de espaço, acredita que esses grupos são para isso mesmo. Entretanto, existem grupos organizados em bases ideológicas, é muito difícil haver conversação e debate com opiniões diferentes. Conheceu o LDRV por meio de uma amiga da faculdade, se interessou, achou legal e achou que podia ser um momento de desestresse da vida, pediu para entrar. Vê o grupo como um grande canal hoje, um canal gigante de transmissão de informação, as pessoas de lá, gostam de estar lá e criam identidade no grupo, eles se denominam, criam expressões e têm paixão por estarem ali. Os assuntos tem lógica diversificada, sem padrão, a maioria de caráter de entretenimento, mas já viu campanhas e discussões, embora tenha avisos e publicações fixadas de que esse tipo de assunto não é muito bem vindo, se não se engana. O entrevistado lembra de ter visto algo com relação às problematizações, de que os membros não queriam. Em geral, é uma lógica problematizadora, o que ele vê como boa. Quando ele publica algo no grupo, a intenção é gerar interação, acha muito legal porque além dessa identidade criada, as pessoas são receptivas, elas têm a cabeça mais aberta, além de ser engraçado. Sim, o LDRV gera influência, porque é um canal de comunicação muito grande, já tem mais de 40 mil pessoas e inclusive, esses últimos episódios com o Marista Champagnat, teve postagem no LDRV que pedia pra irem na página do colégio e colocar comentários negativos e aquilo cresceu muito. No grupo de amigos, justamente pela questão da identidade, existe muita influência, eles falam o que falam no grupo. No grupo existe preconceito, com certeza, a gente vive numa sociedade preconceituosa e um grupo que é parte dessa sociedade, também é. A presença de heterossexuais é fundamental, a gente só consegue criar diálogo quando a maioria consegue ouvir a minoria e querendo ou não esses espaços de debate são para isso. Óbvio que ninguém quer ver a maioria tomando a “nossa voz”, ou tomando
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conta das “nossas expressões,” de defesa, por exemplo. Esses debates são fundamentais, a evolução parte daí: quando se conversa.
Apêndice 10 - Transcrições das entrevistas do grupo B: Paulo Catarino 1º bloco - Perfil do entrevistado: João Paulo Catarino, 22 anos, gay, reside em Volta Redonda/RJ, publicitário. Participa de diversas redes sociais e grupos de entretenimento, jogos, música e séries/reality shows. Em grupo de jogos não percebe liberdade pois possuem comentários homofóbicos, machistas e racistas, e por conta disso não participa assiduamente. Nos demais, percebe maior liberdade porém ainda existem problemas e possui uma participação assídua.
2º bloco - Visão individual do LDRV: Entrou em umas das primeiras eras do grupo através de um amigo que interagia assiduamente na página e grupo. É um participante observado e nas poucas vezes que cria conteúdo, é com o intuito de trocar opiniões e debater sobre determinado assunto. Enxerga influência no meio LGBT de onde vive e possui grande impacto no seu grupo de amigos.
3º Bloco - Influência do grupo: Teme a exposição do grupo ao dizer que “toda minha cidade está lá, meu ex, meu atual, até meu futuro marido”. Vê muito preconceito entre os membros, principalmente entre os próprios LGBTs que acabam por enfraquecer a luta pelo respeito e igualdade.
Apêndice 11 - Transcrições das entrevistas do grupo B: Guilherme Renosto 1º bloco - Perfil do entrevistado: Guilherme, 18 anos, gay, natural de Esteio/RS e residente em Porto Alegre/RS. Atualmente, graduando em Design. Utiliza assiduamente as redes sociais e participa
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de grupos humorísticos, musicais e de memes. Enxerga liberdade de expressão de assuntos específicos em seus espaços propícios para debate.
2º bloco - Visão individual do LDRV: É um dos pioneiros do grupo, da época em que haviam 20 mil membros. É um criador de conteúdo assíduo que tem como intuito entreter e diversificar os assuntos que são debatidos dentro do grupo. Guilherme acredita que o grupo é importante para a comunidade LGBT, mas o ingresso de heterossexuais acaba prejudicando o espaço de fala e protagonismo do público-alvo. Não vê influência na região que vive, mas o grupo possui forte impacto em seus grupos de amigos, principalmente com os virtuais, muitos que se conheceram através do LDRV.
3º Bloco - Influência do grupo: Não teme a exposição do grupo, mas conta ter cautela na hora de expor sua opinião, principalmente sobre assuntos regionais ou que englobam um grande número de conhecidos. Vê muito preconceito entre os membros, principalmente entre os próprios LGBTs que acabam por enfraquecer a luta pelo respeito e igualdade.
Apêndice 12 - Transcrições das entrevistas do grupo B: Nathalia Duarte 1º bloco - Perfil do entrevistado: Nathalia Duarte, 21 anos, lésbica, natural e residente no Rio de Janeiro/RJ, graduanda de jornalismo. Utiliza frequentemente redes sociais e participa de grupos de cunho humorístico, participando assiduamente marcando seus amigos em postagens relevantes. Conta que tem cuidado em suas interações por haverem muitas pessoas conhecidas nos grupos e ela não desejam que saibam tanto de sua vida, principalmente no LDRV.
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2º bloco - Visão individual do LDRV: Conheceu o grupo através de um grupo de amigos que falavam sobre o grupo em 2015. A entrevistada acredita que o grupo é importante para a comunidade LGBT pois “é um lugar onde você pode encontrar pessoas que te entendem e entendem o que você passa, de uma maneira geral, além de ser um ótimo lugar para entretenimento, mas acho problemático a entrada de muitos heterossexuais nesse âmbito. Não é uma questão de exclusão, mas eles querem usufruir do ‘lado bom de ser gay’ e não entendem nossos problemas, fora que acabam tirando o protagonismo do público majoritário”. Quando publica, tem a intenção de entreter. Acredita que o grupo tem forte influência em sua região, “posso ver uma amiga muito próxima e hétero que abriu muito a mente após o ingresso no grupo, passando a perceber e entender coisas que antes não fazia ideia”, também enfatiza a mobilização que os membros possuem em ajudar o próximo em postagens de ajuda. No seu grupo de amigos, muitas vezes, os assuntos se resumem em tours do grupo. “O Lana influenciou muito a visão de entretenimento virtual”. 3º Bloco - Influência do grupo: Nathalia teme a exposição por muitas postagens vazarem do grupo secreto. Enxerga muito preconceito onde membros querem se sobressair diante de outros, mas mesmo com todas problemáticas, ainda vê o LDRV como algo bom para o público LGBT.
Apêndice 13 - Transcrições das entrevistas do grupo B: Samuel Witt 1º bloco - Perfil do entrevistado: Samuel Witt, 18 anos, gay, natural de Mafra/Sc e residente de Curitiba/PR. Atualmente, graduando em Farmácia. Utiliza assiduamente as redes sociais e participa de grupos humorísticos e de memes. Enxerga liberdade de expressão nesses espaços e participa dos tópicos sempre que possível.
2º bloco - Visão individual do LDRV:
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Foi adicionado ao grupo pelos seus amigos e acha o grupo engraçado, porém com tópicos repetitivos. Não é um publicador assíduo e não enxerga grandes influências na região em que vive, mas o grupo possui forte impacto no seu grupo de amigos.
3º Bloco - Influência do grupo: Teme sua exposição pois “meus amigos estão sempre de olho no que digo”. Não vê preconceito entre os membros e acha importante a inserção heterossexual em espaços LGBT.
Apêndice 14 - Transcrições das entrevistas do grupo B: Yago Souza 1º bloco - Perfil do entrevistado: Yago Souza, 20 anos, gay, reside em Volta Redonda/RJ. Atualmente, estudante de curso preparatório para vestibular. Utiliza e interage nas redes sociais tendo os grupos, de humor, música e filmes, como motivo para continuar utilizando o Facebook. O entrevistado enxerga liberdade de expressão, principalmente para o público LGBT que muitas vezes não possui a mesma liberdade em seus perfis públicos, principalmente os moradores de cidades pequenas, pois já sofrem preconceito e que expostos teriam problemas com a própria família por expor sua sexualidade.
2º bloco - Visão individual do LDRV: Conheceu o grupo através da página e sendo um membro antigo, hoje em dia tem uma visão de que o grupo, com o aumento de membros, está com assuntos repetitivos e saturados e vê dificuldade em debates/discussões pela grande quantidade de comentários, o ingresso de membros não-LGBTs que são desrespeitosos, mas ainda enxerga o LDRV como um bom grupo. Quando publica no grupo, tem a intenção de compartilhar tópicos humorísticos ou para questionar a opinião alheia sobre um determinado assunto. Yago enxerga a influência do LDRV na região em que vive positiva, no meio LGBT, alternativo e entre seus amigos.
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3º Bloco - Influência do grupo: Não teme sua exposição no grupo. Enxerga um pouco de preconceito vindo do próprio grupo LGBT e não vê problemas em relação a inserção heterossexual, “se a pessoa saber que ela não é o centro desse lugar, só que muitas vezes eles começam a querer monopolizar o local e tirar as falas das pessoas que deveriam ser o enfoque e, muitas vezes, fazendo piadas ofensivas, preconceito, etc”.
Apêndice 15 - Transcrições das entrevistas do grupo B: Filipe Lenz 1º bloco - Perfil do entrevistado: Fellipe Lenz, 16 anos, gay, reside em Gravataí/RS. Atualmente, cursa o terceiro ano do ensino médio. Utiliza e interage assiduamente nas redes sociais em grupos LGBT e de artistas onde percebe liberdade de expressão de diferentes opiniões entre os membros dos grupos.
2º bloco - Visão individual do LDRV: Conheceu o grupo através de uma amiga que o adicionou ao grupo e tem uma visão de grupo diversificado com assuntos que divergem entre humorísticos e políticos-sociais. Quando publica no grupo, tem a intenção de compartilhar vivências e encontrar membros que tenham passado pelo mesmo. Fillipe enxerga a influência do LDRV na região em que vive positiva, pois oportuniza a criação de novos laços afetivos e amizades e no seu grupo de amigos, o grupo gera piadas externas e novos assuntos entre os mesmos.
3º Bloco - Influência do grupo: Ele não teme a exposição do grupo e ressalta que tem cuidado com o que é dito e mostrado por ele nas redes sociais. Não vê preconceito entre os membros e acredita que, não perdendo o enfoque do grupo ou dispersando a cultura homossexual, incluir heterossexuais em espaços majoritariamente LGBT não é um problema.
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Apêndice 16 - Transcrições das entrevistas do grupo C: Marcela Teixeira 1º bloco - Perfil do entrevistado Marcela Teixeira, 17 anos, heterossexual, mora em São Paulo (capital). Atualmente, formou-se no ensino médio e faz intercâmbio na Austrália, a fim de estudar inglês. A entrevistada afirma que usa assiduamente as redes sociais online e que participa de diversos grupos do Facebook de diversos segmentos. Ademais, ressalta que é um membro que interage, pois tem liberdade nesses espaços.
2º bloco - Visão individual do LDRV Em relação ao Lana del ray VEVO, Marcela foi adicionada ao grupo por um amigo e sua visão é positiva: “bem engraçado e livre, além de ensinar um pouco de tudo”. Referente às suas publicações, ressalta que normalmente são desabafos sobre questões amplas e vida pessoal. A influência do LDRV na região em que vive não é percebida, porém menciona que entre seus amigos o grupo é ascendente, visto que muitos são membros recorrentes. Além disso, Marcela afirma que continua com o hábito de utilizar o grupo diariamente, mesmo com o intercâmbio, e que existe o LDRV Austrália.
3º bloco - Influência do grupo Marcela reitera que o LDRV é uma espaço de liberdade e que não teme sua exposição no grupo, entretanto, menciona que às vezes ocorre preconceitos e brigas entre os membros. Questionada sobre a inserção de heterossexuais em espaços de debates LGBTs, Marcela descrever que faz “a mesma relação do feminismo com o homem, sabe? Tipo, eu acho que os héteros, ou homens em relação ao feminismo, eles podem ser pró a causa, porém não podem tentar se envolver muito. Lógico que se eu ver um preconceito, vou defender, porém se tem uma pessoa que faz parte desse grupo LGBT, eu não tenho a palavra, porque a palavra é dessa pessoa. Eu
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não tô no direito. Eu não tenho na pele. Então aquela pessoa sabe o que ela passa, eu não sei o que ela passa. Então, acho que posso ajudar essa pessoa, posso apoiar essa pessoa pra ela chegar onde quer chegar, levantar a bandeira e o sucesso dela, mas não posso levar eu a bandeira LGBT.” Apêndice 17 - Transcrições das entrevistas do grupo C: Mayara Zwierzykowski 1º bloco - Perfil do entrevistado Mayara Zwierzykowski, 20 anos, reside em Curitiba - Paraná. Completou o ensino médio e, atualmente, cursa Teatro. Em relação à sua orientação, a entrevista é homossexual. Sobre
seus
hábitos
online,
afirma
que ser “viciada” em internet,
principalmente em Facebook. Além disso, relata que participa de diversos grupos que abordam diversas questões: roupas, ateísmo etc. Entretanto, só é ativa no Lana del Ray VEVO.
2º bloco - Visão individual do LDRV Mayara menciona que conhece o grupo há cerca de dois anos por meio de um amigo que, posteriormente, adicionou-a: “No começo era bem pequeno ainda. Tinha umas 30 mil pessoas só. Na verdade, quando eu entrei tinha menos. Nessa época que eu entrei, era a segunda ou terceira era.” Referente às publicações no grupo, explica que divulgações são proibidas e que prefere compartilhar assuntos de interesse pessoal - como, por exemplo, músicas. Ademais, gosta de debater questões de diversos segmentos a fim de compreender percepções diferentes. A influência do LDRV é notada entre seus amigos e, além disso, a entrevistada afirma que percebe a repercussão do grupo na cidade em que vive: “a gente se conhece por tabela, por causa do grupo”. Cita que é uma influição positiva, pois diversas pessoas conhecem e sabem do que se trata.
3º bloco - Influência do LDRV
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Quanto à exposição, tanto nos espaços online, no LDRV e na vida pessoal, Mayara afirma que não teme expressar sua opinião, ou que algum conhecido das suas redes sociais online veja seus comentários e seu posicionamento nos debates do grupo. A questão do preconceito é recorrente e perceptível à entrevista: “Sempre teve, né? Algum comentário que é mais cínico. Você consegue ver. Não é tão escancarado porque se alguém fala, todo mundo cai em cima, mas sempre tem. Não tem como não ter, é muita gente”. A opinião de Mayara sobre a inserção de héteros no LDRV é negativa e afirma não gostar, mas que está tentando mudar isso, ser menos “heterofóbica”. Porém, acredita que há regras e que o grupo era um espaço LGBT: “tem poucos espaços só nossos. E sempre vai ter alguém pra falar, se meter e dizer que sofre mais que a gente”.
Apêndice 18 - Transcrições das entrevistas do grupo C: Raphael Bastos 1º bloco - Perfil do entrevistado Raphael Bastos de 20 anos, mora no Rio de Janeiro, está terminando o Ensino Superior e é gay. Utiliza frequentemente as redes sociais, principalmente, o Facebook, e participa de diversos grupos, mas costuma apenas comentar e curtir as postagens, publicando muito raramente. Além disso, acredita que espaço de liberdade de fala estão inseridos nesse ambiente.
2º bloco - Visão individual sobre o grupo LDRV O entrevistado afirma que conheceu o grupo Lana Del Ray Vevo pela página própria no Facebook e é membro desde a segunda Era: “o LDRV se tornou um espaço na internet em que as pessoas, principalmente as pessoas mais marginalizadas, encontraram para poder ser quem elas são”. Raphael acredita que os membros percebem essa ruptura das barreiras e sentem-se confortáveis para compartilhar relatos das suas vidas pessoais.
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Em relação a sua atividade no grupo, relata que apenas curte e comenta as publicações, porém nunca postou algo. O
grupo
de
amigos
de
Raphael
são
integrantes
do
LDRV
e,
consequentemente, as barreiras digitais foram rompidas, incorporando memes, gírias e tours do Lana em seu dia-a-dia.
3º bloco - Influência do LDRV Quanto a exposição que está propício no LDRV, Raphael diz que não teme, pois conhece todos os membros que estão conectados ao seu Facebook pessoal. Entretanto, relata que percebe que há preconceitos entre os membros, mesmo que muitos integrantes digam o contrário. Ao ser questionado acerca da inserção do público heterossexual no grupo, afirma que: ‘’eu, particularmente, não acho que ‘’o espaço de fala tem que ser exclusivo daquele grupo’’ seja algo real. A inserção de pessoas heterossexuais em grupos de debates é bom, porque você vai conhecer uma outra visão também. E é justamente da visão de pessoas que deveriam te oprimir, e às vezes até fazem sem querer, mas que não estão ali com aquele objetivo. Acho que isso, na verdade, é bem construtivo”.
Apêndice 19 - Transcrições das entrevistas do grupo C: Bernardo Zanette 1º bloco - Perfil do entrevistado Bernardo Zanette de 20 anos, natural de Porto Alegre/RS, possui Ensino Médio completo e se identifica como gay. Utiliza assiduamente as redes sociais, principalmente o Facebook e o Instagram. Não é membro de muitos grupos no Facebook, mas os que está inserido relacionam-se com humor, vendas e trocas. O entrevista relata que, nos grupos de humor, interage frequentemente por meio de comentários e curtidas nas publicações. Já em espaços de vendas e trocas, apenas observa, algumas vezes curte e raramente comenta, ressaltando que o contato é menor.
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O entrevistado acredita que o Facebook propicia espaços para expor opiniões por ser uma rede social e devido aos integrantes desses grupos possuírem visões, hábitos e gostos afins.
2º bloco - Visão individual sobre o grupo LDRV Bernardo conheceu o LDRV por intermédio de amigos, na época em que fazia curso pré-vestibular. Sua visão sobre a expansão do grupo é positiva, pois “trazer tanta diferente, de tantos lugares, com várias culturas e vários modos de pensar, acho que isso que deixa (o grupo) legal”. Na percepção do entrevistado, o grupo, em diversas ocasiões, atua como agente informativo, pois há postagens sobre diversos assuntos, tanto humorísticos, como conteúdos com o cunho mais sério, propiciando aos membros um conhecimento necessário e importante a ser transmitido. Em relação às interações, o entrevistado não costuma publicar, mas interage por comentários e curtidas. A influência do Lana em seus amigos é perceptível, visto que as conversas relacionam-se com o conteúdo do grupo, as tours, as histórias, os memes etc.
3º bloco - Influência do LDRV Ao ser questionado sobre a sua exposição no grupo, o entrevistado diz que não tem motivos para temer isso e que deve-se compreender que o intuito do ambiente é voltado a isso: compreender que conhecidos vão expor suas ideologias e vidas, mantendo controle sobre o que realmente pode ser visto, sem prejudicar a própria pessoa e os demais. Apesar da base primordial do LDRV ser um espaço livre para debates, o preconceito está presente, segundo Bernardo, visto que associa-se com “definir algo sem antes conhecer profundamente. Então, preconceito tem em todos os lugares. Tu pode olhar uma pessoa na rua e julgá-la sem conhecer”. Em vista da quantia de indivíduos do grupo, da variedade de opiniões e culturas distintas, muitos membros não encaram positivamente uma visão de encontro a sua, justifica o entrevistado,
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mesmo em um ambiente com público jovem e que, aparentemente, possuem a ‘mente aberta’, em diversas ocasiões há julgamento precipitado. A
inserção
de
héteros
no
LDRV
é
um
fator
contribuinte
para
representatividade, de acordo com Bernardo: amigos heterossexuais compartilham muito da cultura LGBT, abordando questões debatidas no âmbito como, por exemplo, hábitos, costumes e orientação sexual não é justificativa para tratar alguém de maneira distinta.
Apêndice 20 - Transcrições das entrevistas do grupo C: Antônio Leorne 1º bloco - Perfil do entrevistado Antônio Leorne, 21 anos, estudante de Licenciatura em Química, reside em Martinópole (Ceará), se identifica como bissexual. O entrevistado relata que, caso não esteja fazendo trabalhos da faculdade ou alguma tarefa importante, está conectado nas redes sociais. Principalmente, Facebook e Instagram. Além disso, Antônio afirma participar de diversos grupos no Facebook, relacionados a diversos segmentos: música pop, relacionamento e para conhecer pessoas, teorias da conspiração, entre outros. “Interessante foi um grupo que entrei semana passada que é pessoas que postavam perfis de gente que já morreu. Isso é meio macabro, mas eu gosto dessa coisa meio que macabra assim”, comenta o entrevistado. Em relação a interação nos grupos, Antônio menciona que é ativo, em especial por comentários nas publicações e posta às vezes. Em sua visão, em alguns espaços, caso discorde da opinião da maioria, as pessoas confrontam, mas que pessoalmente não há essa coragem, então acaba relevando.
2º bloco - Visão individual sobre o grupo LDRV Conheceu o Lana del Ray VEVO através de amigos, mas, anteriormente, uma prima havia o colocado em um grupo antigo. Questionado sobre suas postagens no grupo, acredita que ocorreu cerca de três vezes: sendo a primeiro,
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apenas para ganhar ‘likes’ e conferir se as pessoas acreditavam na sua ‘tour, entretanto, era apenas uma ‘fanfic’’; na segunda, para mostrar fotografias de suas amigas em “poses de reflexão5, muito engraçado. Basicamente para ganhar likes”. A influência do grupo é grande, na percepção do entrevistado, pois na região em que mora, muitos indivíduos falam sobre os assuntos, memes e tours do LDRV. Ademais, muitos de seus amigos do Facebook, também são membros do grupo. No seu grupo de amigos, os costumes e gírias, até mesmo de outras regiões, são incorporadas nos seus diálogos.
3º bloco - Influência do LDRV Antônio afirma que tem muito preconceito no LDRV, advinda da quantidade de membros, a moderação do grupo não consegue filtrar e banir pessoas com comportamentos preconceitos. Relata ainda, que há muitos membros homofóbicos, machista e racista. A proposta de ser inclusivo, acaba falhando, em certas ocasiões, em virtude disso. Entretanto, a inserção de pessoas heterossexuais é necessária, na visão do entrevistado, com limites: caso alguém não concorde com a proposta do LDRV e dos debates que ocorrem nesse ambiente, não deveria ser membro.
Apêndice 21 - Transcrições das entrevistas do grupo C: Milena Sgaria 1º bloco - Perfil do entrevistado Natural de Sapiranga, atualmente Milena Sgaria, 17 anos, cursa Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP), em Porto Alegre/RS e reside na cidade. A entrevistada afirma ser homossexual, entretanto, sua orientação sexual não é aceita. Usa assiduamente as redes sociais online: ‘Tô conectada 24 horas, todos os dias eu entro, sendo a principal delas, o Facebook’. Menciona que participa de diversos grupos nessa plataforma, principalmente aqueles que proporcionam 5
Poses de reflexão: alusão a expressão ‘Nicki Minaj reflexiva’.
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espaços de debates que fora das redes, não há tanta liberdade ou oportunidade para debater. Esses assuntos são, geralmente, voltados às questões sociais, políticas, econômicas, entre outros.
2º bloco - Visão individual do LDRV Milena cita que o grupo que se destaca em seu feed de notícias, no Facebook, é o LDRV e que já é membro há cerca de 2 anos, quando um amigo a adicionou ao grupo por, justamente, ser um ambiente que LGBTs estão incluídos. ‘Poderia dizer que dos grupos de Facebook no Brasil, o LDRV é um dos mais influentes. Ele é um grupo muito grande, tem mais de 400 mil membros, e justamente o que fez crescer, e tomar essas proporções, foi que é muito aberto às diversidades, que inclui as minorias. É o grupo que fala sobre assuntos que, geralmente, outros grupos não falam’. explica a entrevistada. A principal característica do grupo, para Milena, é a diversidade. Ressalta que, em sua essência, o LDRV é um grupo e humor, mas não é superficial. Questões do dia-a-dia são abordadas pelos membros de forma ironizada, trazendo pautas polêmicas e transforma em humor: ‘É justamente essa mistura de assuntos polêmicos, de tolerância e do próprio compartilhamento das pessoas sobre a vida pessoal delas, sobre as visões delas, é que faz o grupo um ambiente confortável para que as pessoas possam se expressar’. Em relação a sua atividade no Lana, a entrevista é ativa, comenta e publica postagens. Relata que vê o grupo como um ambiente divertido e quando há debates mais sérios, seu interesse torna-se maior, visto que dessa forma, pode debater e analisar as opiniões e sentimentos dos outros integrantes.
3º bloco - Influência do grupo
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O crescimento rápido e contínuo do LDRV resultou na despadronização do público que está inserido no grupo: inicialmente LGBTs, mas com a inserção de heterossexuais ocasionou nessa mudança significativa e visível aos membros mais antigos. A entrevistada acredita que essa permuta não é negativa, e que isso é importante para que esses locais abertos propiciem uma desconstrução de preconceitos, através da convivência com indivíduos que sofrem com isso. Milena salienta que diversos amigos e colegas, talvez até mesmo familiares, são membros do LDRV. Na sua concepção, isso não é algo ruim, mas diversificado e positivo. Entretanto, a inserção de héteros e o crescimento exacerbado do grupo, na visão da entrevistada, pode resultar no receio para expor opiniões sobre determinados assuntos, em alguns membros. Ademais, relacionado ao crescimento do grupo, nota alguns preconceitos que não havia no início. Porém, apesar disso, como o LDRV é um ambiente de diversidades e tolerâncias. ‘A intolerância do grupo é o preconceito’, afirma Milena ‘essas pessoas que entram no grupo para debochar ou que são preconceituosas, acabam sendo removidas’. ‘No geral, é um grupo muito bom, muito muito influente. E claro, agora por ser tão grande e ter tanta gente conhecida, a gente não se sente tão à vontade em compartilhar coisas íntimas, mas, ainda assim, é um grupo que tem uma ideia muito boa. E abrangendo mais gente, acredito que seja algo bom porque as pessoas vão tendo mais empatia com outro.’
Apêndice 22 - Transcrições das entrevistas do grupo C: Lindon Johnson 1º bloco - Perfil do entrevistado Lindon Johnson é natural de Fortaleza (Ceará), mas, atualmente, está residindo em Porto Alegre, em detrimento da faculdade. O jovem de 19 anos cursa Publicidade e Propaganda na PUCRS e se identifica como gay. Em relação às redes sociais online, o entrevista afirma que acessa todos os dias, mas fica conectado durante pouco tempo. Sendo a principal rede, o Instagram.
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Participa de grupos no Facebook, gerando relacionados a humor, aluguel de quartos e vendas, porém interage pouco: curte bastante, comenta e compartilha raríssimas vezes. Lindon percebe liberdade de expressão nesses ambientes, pois os membros têm ideologias parecidas. Sendo assim, não há preocupações em sofrer preconceitos e repressões.
2º bloco - Visão individual sobre o grupo LDRV Conheceu o grupo há cerca de dois anos, através dos seus amigos de Fortaleza. Todavia, o entrevistado comenta que nunca publicou nada, interagindo através de comentários e curtidas. Não costuma expor sua vida pessoal e o momento em que mais esteve presente no grupo foi quando mudou-se para Porto Alegre. Na época, procura por amizades. Lindon ressalta que o LDRV é muito influente e “muitas vezes, se você não está no grupo, você tá por fora de tanta coisa que pode não entender uma noite inteira de diálogos. De tantas gírias e expressões que são geradas lá”. Porém, na visão do entrevistado, em Fortaleza “todo mundo tava no grupo” e em Porto Alegre a influência não é tão forte - acrescenta que em sua cidade natal, conhecia mais pessoas.
3º bloco - Influência do LDRV Sobre a exposição que o grupo proporciona, Lindon afirma que a teme: “muitas vezes, em coisas que falei por impulso lá, e comentários nas tours de outras pessoas, por exemplo, meu ex-namorado respondendo perguntas sobre sexo, entendeu? É um tipo de exposição. Ele comenta e todo mundo sabe que fui eu”. A questão do preconceito, vinculados às questões sociais com “pesos reais e históricos, não tem muito. Agora, se você for pensar em preconceito mais micro, tem bastante. Alguns tipos de expressões, tipos de físicos, em relação às regiões e tem muito machismo. O grupo tem muito mais gays e, às vezes, as gays fazem muito machismo com as meninas”.
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A inserção de heterossexuais não é um problema para Lindon, mas é necessário controlar isso, para que não ocorra ações repressivas, sem se inteirar sobre os assuntos. Explica que o grupo, inicialmente, era destinado ao público gay e com o tempo meninas heterossexuais foram entrando, por sentirem liberdade naquele espaço e não sofrerem machismos. Entretanto, inserir muitos heteros, pode resultar em conflitos.
Apêndice 23 - Transcrições das lideranças políticas: Gabriel Galli 1º Bloco
Me chamo Gabriel Galli, tenho 27 anos, sou mestrando em Comunicação PPGCOM - PUCRS. Utilizo, sim, bastante! Em ordem de uso: Facebook, Instagram e Twitter. Os grupos que mais utilizo são LGBTTs, de receitas veganas, de TI e sobre questões locais. Interajo muito, em todos eles. Sinto bastante liberdade, ao menos nos que eu utilizo e tenho bastante voz. Essa liberdade é mais relacionada ao tema do grupo mesmo, sabe?
2º Bloco
Eu percebi que não bastava pra mim fazer meu trabalho de comunicador em redação e outras coisas que eu tava fazendo. Eu me senti muito mais útil quando, por acaso, virei estagiário de uma ONG LGBT, o Somos, e lá comecei a fazer um trabalho de comunicação que acabou sendo bem mais potente do que eu influenciava e agia nas redações. Foi basicamente por isso que eu comecei a me engajar politicamente. A questão é que eu já fui ativista de outros movimentos: movimento ambientalista, em Guaíba, um movimento de cultura também. Sempre gostei bastante desse ambiente de tomada de decisões, esse ambiente de ativismo, isso sempre foi uma coisa que me chamou atenção. Aí no terceiro semestre da faculdade eu recebi um convite de um professor pra poder fazer um estágio no Somos, essa ONG LGBT. Na época o Somos tava começando a trabalhar com a
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comunicação na internet. Como eu gostava desse tema, fui lá e desde então colaboro bastante. Hoje, sou coordenador geral do Grupo Somos, mas isso é mais recentemente. Eu acho que, sim, a organização nos meios digitais tem influência. Pra mim ela é positiva, porque as pessoas conseguem criar grupos em que elas podem se acolher, que elas podem cuidar das suas próprias demandas. Isso faz repensar, inclusive, a função dos movimentos sociais, sabe? A função das ONGs e tal… Acho que vai mudando a percepção… O único lado negativo que eu vejo é que, por uma série de questões técnicas ou tecnológicas, a gente tá reforçando nosso discurso. A gente acaba entrando em contato apenas com pessoas que pensam igual a gente. Então a gente tá cada vez mais focando em bolhas, e isso é perigoso, porque a gente não pode perder a oportunidade de conversar com a sociedade, de trocar ideias e de fazer essa disputa de movimentos por ideias, né? Afinal é isso que faz com que os movimentos sociais existam. Eu não sei se entendi muito bem a pergunta 9… Não sei, a gente tem uma atuação online. A gente faz a nossa comunicação via Internet, e eu acho que é forte. A gente considera essa abordagem online bastante importante. A minha maior contribuição pra causa é continuar existindo, porque num país tão violento com as pessoas LGBT, o simples fato de continuar existindo, continuar vivendo, é uma grande contribuição pra qualquer indivíduo. Então eu me orgulho de poder me posicionar sobre isso mesmo sabendo que isso me fecha algumas portas. Minha contribuição é basicamente a mesma que muitas outras pessoas do movimento, inclusive tu. É colocar a cara no sol, dar a cara a tapa e ter coragem de se posicionar com tanta gente dizendo que a gente não deveria fazer isso.
Apêndice 24 - Transcrições das lideranças políticas: Luciano Victorino 1° Bloco: Meu nome é Luciano Victorino, eu tenho 23 anos e tô no quinto semestre de Direito na UFRGS. Sou gay. Uso bastante o Facebook, o Whatsapp - não sei se é considerada uma rede social, mas eu uso muito -, o Instagram e o Twitter. O Twitter
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é mais pra informação e tal, acompanho jornais e essas coisas, mas não uso muito de fato. Participo sim de alguns grupos, não muito, mas participo. Principalmente de grupos com a temática LGBT pra ficar mais atualizado com notícias. Participo também de grupos da UFRGS, o geral e o da turma. Eu interajo muito pouco, não é um meio que eu uso pra me comunicar, pra dialogar etc. Mas o grupo que eu mais uso e que acho que (...) é o que eu mais interajo é o grupo da turma da faculdade no Facebook. É ali que a gente troca materiais, resumos e tal. Existe o grupo no whatsapp também, mas o do Facebook é mais efetivo. Como eu não interajo muito, eu não posso dizer com certeza. Eu percebo, muitas vezes, principalmente no grupo geral da UFRGS que de fato, sim, existe um espaço bem disputado. Quando a gente posta algo de movimento estudantil ou de política mais geral (...), de assuntos das pautas democráticas, existe sim um diálogo, mas óbvio que tem um pessoal que comenta contra, sabe? É um espaço bastante limitado, não é um espaço de diálogo. Esses grupos que eu utilizo não são profundos nessa questão, sabe, Bê? Pelo contrário, politicamente são bem superficiais.
2° Bloco: Como eu comecei a me engajar politicamente? Eu comecei a me engajar logo que eu entrei na Universidade, quando eu tinha 18 anos. Conheci o pessoal do DA (diretório acadêmico) lá da Fabico, porque eu entrei em Jornalismo, fiz dois anos e meio e tal, e lá eu conheci o pessoal do DACOM (diretório acadêmico de comunicação) e consequentemente conheci o pessoal do DCE. (...) Comecei a ser amigo das pessoas, conversar com as pessoas. Percebi que dentro do curso de Comunicação tinha alguns problemas desde o primeiro semestre e me aproximei desses espaços. Lá que eu comecei a ser engajado no movimento estudantil. Até o momento nem pensava na pauta LGBT, porque quando eu entrei na Universidade eu ainda não era assumido, não tinha saído do armário. Eu tinha um bloqueio muito grande, sabe? Mas foi através desse forte contato com a política que eu consegui, dois anos depois, começar a de fato militar na pauta LGBT. Claro, eu saí do armário um ano depois que entrei, ali pelos 19 anos, mas até então não tava militando com
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essa pauta. Essa militância foi, na verdade, um divisor de águas pra mim. Porque foi durante todo esse processo que eu consegui me formar enquanto um indivíduo LGBT. Então todo esse processo foi muito mais que político, foi pessoal também, porque eu consegui sair daquela concepção de vergonha pra uma concepção de orgulho, entendendo as peculiaridades e individualidades, e entendendo também que existiam várias pessoas iguais a mim que sofriam a mesma coisa em casa e na Universidade. Isso foi muito importante, sabe? Bom, a pergunta 7 se responde com a anterior, que foi como começou toda essa história. (...) Sim, eu acho que (...) as redes sociais revolucionaram muito, né? Principalmente a partir de junho de 2013 aqui no Brasil, que é o exemplo que a gente sempre cita, principalmente os movimentos de esquerda mais jovens, porque de fato foi. É inegável que as redes sociais cumpriram um papel fundamental, como a gente viu durante a Primavera Árabe, por exemplo. Enfim, a juventude que tem pautado esses grandes movimentos. E o movimento LGBT encampa-se nisso também, nessa organização virtual que ganha bastante força. Então atos, como o Fora Cunha e todos aqueles escrachos, foram organizados primeiramente pelo movimento LGBT, via internet, em 2015. O Facebook teve muita força nessa divulgação. Outras atividades, como beijaços em escolas, também foram levantados através do Facebook. Grupos e eventos no Facebook são bastante fortes, afinal é um meio teoricamente democrático. Teoricamente porque nem todo mundo tem acesso à internet, sabemos dessa problemática. Mas é um meio muito mais democrático que a televisão, por exemplo, porque podemos nos expressar e ter um feedback. Bom, concluindo, é uma influência obviamente positiva, porque é a chance de a gente atingir mais pessoas e dialogar com mais pessoas - que anos atrás sequer teríamos contato, por exemplo. As possibilidades de diálogo se expandem bastante. Muito embora eu tenha sido candidato nas eleições passadas, em 2016, eu acho que a minha maior contribuição foi na construção de uma cartilha LGBT que nós fizemos, uma cartilha na qual a gente indica textos, filmes e objetos políticos à população LGBT. Fizemos 30 mil exemplares em 2015 e se esgotou muito rápido, e a gente continua fazendo. De fato, ela se tornou um manual para a
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população LGBT, porque é ali que a população LGBT encontra muitos de seus direitos, sabe? Foi um desafio enorme, mas foi uma contribuição que eu vi efetivamente as pessoas mudando, quebrando alguns conceitos. É uma lembrança muito feliz que eu tenho em relação à minha militância LGBT. Não considero o processo de disputa eleitoral um grande feito, afinal não fomos eleitos. Embora a campanha e a pré-campanha tenham sido ótimas, o que mais contribuiu à comunidade foi, de fato, a cartilha.
Apêndice 25 - Transcrições das lideranças políticas: Lucas Maróstica 1º Bloco
1. Lucas Maróstica, 26 anos, jornalista 2. Sim. Principalmente Facebook, Whatsapp, Instagram, Twitter e Linkedin. 3. Sim, grupos de diversas temáticas, LGBTs, movimentos sociais, aluguel de imóveis, grupos vinculados a cursos que já fiz e etc... 4. No geral não interajo muito mas observo alguns 5. Sim, em alguns deles as pessoas postam "sem filtro"
2° Bloco
6. Porque convivo com a homofobia desde sempre 7. Tenho envolvimento em movimentos sociais, organização das Paradas de Porto Alegre, iniciativas educativas e vivências partidárias 8. Positiva, as pessoas passam muito tempo nas redes, a presença na realidade virtual tornou-se tão importante quanto a militância nas ruas 9. Certamente, na denúncia de casos de preconceito, na articulação do movimento, na divulgação de eventos, na reflexão sobre temas vinculados a pauta, no fortalecimento de uma rede de contatos 10. Fui candidato duas vezes pela convicção da necessidade de LGBTs ocuparem a
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política e terem representação. Mas ajudo a organizar diversos eventos sobre a pauta.
Apêndice 26 - Transcrições das lideranças políticas: Luiza Eduarda dos Santos Nome: Luiza Eduarda dos Santos Idade: 40 anos Ocupação: Personal Organizer. Traduzindo, trocando em miúdos, é organizador de ambientes. Sexualidade: Heterossexual e transexual
1° Bloco Hã… as redes sociais que eu participo são basicamente o Facebook, o Instagram e eventualmente o Twitter… mas MUUUUITO eventualmente. Dentro do Facebook eu participo, sim, de alguns grupos. Alguns são voltados à militância LGBT, especificamente a militância trans, hã… também participo de um grupo da Pitty, a cantora por quem eu sou viciada há mais de um ano. É basicamente isso de grupos que eu me recordo agora. Eu não tenho certeza… Tenho que ver com mais cuidado. Minha interação nos grupos? É pequena. Eu não consigo me dedicar muito porque eu tenho muitas atividades atualmente que tem me faltado tempo pra interagir nos grupos, mas, hã… é isso. A questão da liberdade de expressão de assuntos gerais nos grupos é uma questão beeeeem complicada porque, hã… atualmente, nós vivenciamos uma época de muita intolerância e conservadorismo no Brasil contra as mais diversas “minorias” e aí, nessas minorias, eu incluo as mulheres e os negros, que apesar de comporem mais de 50% da população são vistas - especialmente os negros - como minoria no Brasil, né? Então… existe muita intolerância e muito conservadorismo, porque existe um lado
pela bancada
fundamentalista que propaga seus porta-vozes, como (...) o [Pastor Silas] Malafaia, o [Pastor Marco] Feliciano, o (...) [Pastor] Magno Malta, e, claro, também o [Deputado Jair] Bolsonaro, né? Que é o expoente máximo do conservadorismo no Brasil, (...) com a ideia, é… a tentativa de se candidatar a presidente do Brasil.
100
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2° Bloco: Com relação ao meu engajamento político, eu senti uma necessidade muito grande em função do fato de que eu compreendi que eu precisaria lutar (...) pelos meus direitos, então eu vi que era preciso fazer alguma coisa, eu não podia ficar de braços cruzados, e por isso, então, eu resolvi me engajar politicamente. A minha militância política começou pelo PT, partido pelo qual eu já tinha uma certa relação na virada do século. Com relação à questão da militância, e aqui eu vou me referir especificamente à militância do ativismo, nada relacionada com a questão política. A militância começa em, não tenho certeza agora, teria que consultar um certificado, mas foi em junho ou julho de 2015. Portanto, há cerca de dois anos. Recebi um convite para proferir uma palestra no Instituto Federal de Educação, em Canoas, e a partir daí foram surgindo outras oportunidades. Eu fui pra Pelotas, participei de uma mesa de debates sobre feminismo no rock and roll, que é um bar aqui em Novo Hamburgo, e os caminhos foram se abrindo… No final de 2015 eu participei também de uma manhã, manhã e tarde, de palestras sobre o 25 de julho aqui em Novo Hamburgo. Ano passado, eu participei de rodas de conversa com alunos nas ocupações de duas escolas aqui de Novo Hamburgo também: o Borges de Medeiros e o Alberto Pasqualini. E aos poucos foram abrindo os leques pra mim, sabe? Comecei a conceder entrevistas também, tanto pra emissoras quanto ligadas às universidades PUCRS e Feevale. Já estive aí na PUCRS pra ceder entrevistas e fazer matérias com alunos de Jornalismo ao menos três vezes, duas ano passado e uma nesse ano. Participei também de uma roda de conversa com estudantes de psicologia da Unisinos, roda de conversa sobre gênero e sexualidade com estudantes residentes da UFRGS. Enfim, já fui também duas vezes para Santa Catarina pra falar com alunos do Instituto Federal de Santa Catarina, lá do campus de São Gaspar. Na primeira vez as conversas foram na sala e semana passada estive lá novamente, dessa vez no auditório do campus pra eu falar com os alunos. Então eu acho que é basicamente isso. Ah! Escrevi também pra cartilha feminista do PSOL. Olha, na minha opinião, nós deveríamos nos unir mais, falar mais a
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
mesma linguagem. A gente deveria ter uma maior empatia entre todas as siglas, todas as letrinhas da sigla LGBT. Mas existem muitas contradições e trocas de acusações, inclusive no sentido de que muitas vezes se refere à sigla como GGGG por ter predominância de homens gays (e sempre brancos e classe média, né?). Isso é bastante complicado e enquanto nós não chegarmos a um consenso em relação a esse assunto, nós vamos continuar nadando, né? Nós precisamos ter uma política única em relação às mídias sociais. Nós precisamos combater os fundamentalistas religiosos, precisamos ganhar espaço e eles têm poderes muito grandes nas mãos. Os pastores ficam milionários através da lavagem cerebral que exercem nos seus fiéis, no seu rebanho. (...) Então, isso é uma questão MUITO complicada. Muito mesmo. Mas nós precisamos usar as mídias sociais como forma de combate a toda essa questão pra gente ter uma maior visibilidade, né? E usar as mídias a nosso favor. Mas, é claro, a gente sempre tem que ter lembrança de que existem os haters, aquelas pessoas que vão sempre estar ali presentes na internet simplesmente pra desqualificar nossas opiniões e nos atacar virtualmente. E é isso, Betina, se eu tiver mais alguma consideração a respeito eu te mando! Com relação à nona questão (...) Bom, coletivamente eu participo de três setoriais do coletivo Juntos, tá? O Juntas, o Juntos LGBT e de uma outra setorial que ainda tá engatinhando, que é um JunTrans, a setorial de pessoas trans do Juntos. Eu já dei uma contribuição para o site do Juntos, se eu não me engano, em relação à questão do transfeminismo. Tenho um blog pessoal que no momento está suspenso, A Arte de Ser Luiza. E tinha criado, também, um outro blog, com caráter mais ativista, o Desconstruindo o Universo T. Então, basicamente é isso. Participo de um outro grupo de Facebook também, que é bem interessante: Construindo o movimento T. O propósito desse grupo é romper com o movimento LGBT como um todo, construindo um movimento separado. É um grupo que vem sendo construído desde (...), acho que 2014, e tenho participado pouco, gostaria de me manifestar mais. Bom, vamos lá! Com relação à décima pergunta: a minha contribuição na luta LGBT está justamente nesses eventos que te relatei. (...) Eu tenho como metodologia auxiliar estudantes,
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Comunicação Social
tanto universitários quanto secundaristas, e acredito que isso já vem acontecendo. Ano passado eu fui até [a cidade de] Dois Irmãos ajudar um trio de garotas de uma escola secundária de lá. Eu procuro contribuir com isso pra facilitar o entendimento, sabe? E aos poucos colocar (...) desconstruir tabus, sabe? Provocar a reflexão e mudar consciências. Isso é muito importante! Mas eu não fico só no ativismo, sabe? Eu vou pra parte política também, que é onde eu acredito ter muito a contribuir. Essa é a razão pela qual fui candidata ano passado (...).
Apêndice 27 - Tabela de Monitoramento
103
LDRV: MONITORAMENTO POSTS Data e Horário Data e Horário Data das da análise: da análise: publicações: 14/06/17 15h02min
23/06/17 15h14min
11/04/17
Horário:
Nº de reações:
Nº de reações:
Nº de curtidas:
Nº de curtidas:
N° de "orgulho"
N° de "orgulho"
Nº de "amei":
Nº de "amei":
Nº de "haha":
Nº de "haha":
Nº de "uau":
Nº de "uau":
Nº de "triste":
Nº de "triste":
Nº de "grr":
Nº de "grr":
Nº de comentários:
Nº de comentários:
09h e 45min
6.400
6.400
4.400
4.500
129
130
112
113
1.300
1.300
11
11
329
334
3
3
6.330
6.390
Meme sair da aula para beijar Pergunta: vocês são mais bonitos pessoalmente ou nas fotos? (foto Lady Gaga)
Assunto:
14/06/17 16h13min
23/06/17 15h17min
09/06/17
22h e 40min
6.600
6.600
2.800
2.800
679
679
99
99
2.900
3.000
66
66
13
13
9
9
5.351
5.361
14/06/17 16h49min
23/06/17 15h31min
13/06/17
11h e 12min
11.000
13.000
8.900
10.000
177
177
1.300
1.600
1.000
1.200
1
1
8
9
0
0
1.987
2.360
Brusinha tour... quem se identifica?? (foto blusa)
14/06/17 16h55min
23/06/17 15h35min
13/06/17
19h e 14min
14.000
17.000
10.000
12.000
893
893
2.700
3.300
127
159
10
12
108
127
2
3
4.156
5.256
Vcs também superam suas tristezas comendo? (foto Burguer King)
14/06/17 17h17min
23/06/17 15h39min
10/06/17
17h e 10min
99.000
101.000
78.000
79.000
18.000
19.000
2.100
2.100
314
320
84
87
18
18
27
27
58.996
60.240
14/06/17 17h22min
23/06/17 15h41min
15/02/17
21h e 18min
58.000
58.000
24.000
24.000
48
52
4.600
4.600
28.000
28.000
43
43
113
114
4
4
19.857
19.962
Minha mãe brigou com o namorado (vídeo)
Curta aqui e dê um up
14/06/17 17h30min
23/06/17 15h43min
12/06/17
00h e 34min
8.700
9.000
6.700
7.000
648
661
934
979
171
181
11
13
177
188
5
5
1.465
1.522
Nunca se envolva com alguém que acabou de terminar um relacionamento
14/06/17 17h33min
23/06/17 15h51min
12/06/17
16h e 05min
8.100
8.600
4.300
4.600
1.100
1.100
2.400
2.600
137
146
3
3
8
8
3
3
2.987
3.206
Vocês também só se interessam por pessoas se elas forem de esquerda? (fotos famosos)
14/06/17 17h40min
23/06/17 15h57min
11/06/17
07h e 37min
8.400
8.500
6.000
6.100
648
653
1.400
1.400
136
137
1
1
87
88
0
0
1.823
1.861
Print twitter imagina eu e você
15/06/17 15h21min
23/06/17 16h01min
30/05/17
08h e 20min
10.000
10.000
6.800
6.800
425
438
3.200
3.200
18
18
4
4
108
108
2
2
6.947
6.977
Vocês pretendem ter filhos? (foto de um casal homossexual com duas crianças)
15/06/17 15h29min
23/06/17 16h04min
11/06/17
14h e 37min
22.000
22.000
18.000
18.000
1.400
1.400
1.500
1.500
737
738
6
6
270
271
1
1
5.920
5.948
Vocês também dormem pra fugir da realidade? (foto de uma pessoa dormindo na cama)
15/06/17 15h40min
23/06/17 16h07min
12/06/17
23h e 55min
26.000
26.000
9.400
9.400
3.800
3.800
13.000
13.000
18
19
10
10
0
0
0
0
2.988
3.001
Vídeo espanhol agradecendo
15/06/17 15h53min
23/06/17 16h12min
07/06/17
22h e 27min
8.400
8.400
7.000
7.000
56
56
550
550
804
806
0
0
2
2
0
0
1.528
1.529
Sou bem responsavél e irresponsável ao mesmo tempo (print miley)
15/06/17 15h57min
23/06/17 16h15min
10/06/17
20h e 37min
15.000
15.000
8.800
8.800
421
421
2.100
2.100
3.2000
3.200
501
502
135
136
7
7
4.665
4.675
Minha prima de 9 anos comemorou o aniversário em um spa (foto no spa)
15/06/17 16h05min
23/06/17 16h19min
09/06/17
13h e 16min
9.000
9.000
7.400
7.400
170
170
505
507
137
137
26
26
762
765
4
4
1.557
1.559
Print twitter para curar a ferida tem que parar de falar com ela
15/06/17 16h21min
23/06/17 16h22min
11/06/17
14h
11.000
11.000
7.500
7.500
595
600
3.100
3.100
133
135
22
22
3
3
4
4
4.508
4.534
Alguém curte um ''naipe surfista''? (foto menino)
15/06/17 16h31min
23/06/17 16h27min
12/06/17
13he 40min
8.000
8.000
3.500
3.500
95
95
202
202
4.000
4.000
60
60
11
11
10
10
3.283
3.284
Felizmente formada em EQURRAB (foto formatura)
21/06/17 10h55min
27/06/2017 15h08min
20/06/17
20h e 12min
13.000
27.000
3.000
6.900
2.000
4.300
7.800
15.000
4
8
32
67
0
1
0
0
2.561
3.101
Tour da gratidão e do amor: Pabllo Vitttar ajudou integrante com câncer (print da conversa e foto da peruca recebida)
21/06/2017 10h58min
27/06/2017
08/06/17
17h e 53min
8.200
10.000
5.100
6.300
112
120
709
849
2.200
2.600
19
23
96
104
1
1
9.411
12.696
Print sua ppk e seu coração são apaixonados pela mesma pessoa?
21/06/2017 11h01min
27/06/2017
14/06/17
16h e 52min
9.700
10.000
3.000
3.300
57
58
247
270
5.400
5.800
886
951
12
14
2
2
2.9156
3.177
Vídeo programa da Ana Maria Braga virou Casos de Família
21/06/2017 11h07min
27/06/2017
11/06/17
11h e 36min
16.000
17.000
5.700
5.800
127
129
1.100
1.100
9.700
9.800
24
25
2
2
0
0
2.717
2.752
Vídeo Ana Maria Braga cozinhando em seu programa
21/06/2017 11h11min
27/06/2017
18/06/17
16h e 28min
8.300
8.400
5.200
5.300
55
55
2.600
2.600
19
19
70
70
319
324
4
4
5.673
5.810
Defina essas imagens com 1 palavra (imagem casal em picnic no carro)
21/06/2017 11h15min
27/06/2017
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Quem mais tá assim manxs? (foto eu e minha vida acadêmica)
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Que hino de banco (Print conversa com o Nubank)
REFERÊNCIAS
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