Nr10 basico

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Curso de Aperfeiçoamento Profissional

NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade - Básico


Robson Braga de Andrade Presidente da Confederação Nacional da Indústria - CNI

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor Geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI

Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI

Glauco José Côrte Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC

Sérgio Roberto Arruda Diretor Regional do SENAI/SC

Marco Antônio Dociatti Diretor Regional Adjunto do SENAI/SC

Antônio José Carradore Diretor de Operações do SENAI/SC


Confederação Nacional da Indústria Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Curso de Aperfeiçoamento Profissional

NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade - Básico Antonio Erico Fuckner Kátia Hayashi Ricardo Rodrigues Misumoto

Joinville/SC 2013


É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio consentimento do editor. SENAI Departamento Regional de Santa Catarina Núcleo de Educação – NED

Autores Antonio Erico Fuckner Kátia Hayashi Ricardo Rodrigues Misumoto

Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting Takiuchi CRB 14/937

F951n Fuckner, Antonio Erico NR 10 : segurança em instalações e serviços em eletricidade : básico / Antonio Erico Fuckner, Kátia Hayashi, Ricardo Rodrigues Misumoto. – Joinville : SENAI/SC/DR, 2013. 207 p. : il. color ; 30 cm. Inclui bibliografias. 1. Instalações elétricas – Medidas de segurança. 2. Eletricidade – Medidas de segurança. 3. Primeiros socorros. 4. Prevenção de acidentes. I. Hayashi, Kátia. II. Misumoto, Ricardo Rodrigues. III. SENAI. Departamento Regional de Santa Catarina. IV. Título. CDU 621.316.17

SENAI/SC — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Rodovia Admar Gonzaga, 2.765 – Itacorubi – Florianópolis/SC CEP: 88034-001 Fone: (48) 0800 48 12 12 www.sc.senai.br


Prefácio Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado. Uma rede de Educação e Tecnologia, formada por 35 unidades conectadas e estrategicamente instaladas em todas as regiões de Santa Catarina. No SENAI, o conhecimento a mais é realidade. A proximidade com as necessidades da indústria, a infraestrutura de primeira linha e as aulas teóricas, e realmente práticas, são a essência de um modelo de Educação por Competências que possibilita ao aluno adquirir conhecimentos, desenvolver habilidade e garantir seu espaço no mercado de trabalho. Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe de mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em oferecer um modelo de educação atual e de qualidade. Estruturado com o objetivo de atualizar constantemente os métodos de ensino-aprendizagem da instituição, o Programa Educação em Movimento promove a discussão, a revisão e o aprimoramento dos processos de educação do SENAI. Buscando manter o alinhamento com as necessidades do mercado, ampliar as possibilidades do processo educacional, oferecer recursos didáticos de excelência e consolidar o modelo de Educação por Competências, em todos os seus cursos. É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos. Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com animações, tornando a aula mais interativa e atraente. Mais de 1,6 milhões de alunos já escolheram o SENAI. Você faz parte deste universo. Seja bem-vindo e aproveite por completo a Indústria do Conhecimento.



Sumário Conteúdo Formativo 9 Apresentação 11 Sobre o autor

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14 Unidade de estudo 1 Norma Regulamentadora 10 15 Seção 1 - Norma Regulamentadora 10 – Por que ela é importante? 17 Seção 2 - Objetivo, campo de aplicação e controle da NR 10 20 Seção 3 - Medidas de proteção coletiva e individual 24 Seção 4 - Segurança nas instalações elétricas 32 Seção 5 - Alta-tensão e qualificação de trabalhadores

46 Unidade de estudo 2

154 Unidade de estudo 4

Riscos Elétricos

Noções básicas de primeiros socorros

47 Seção 1 - Introdução aos riscos elétricos 48 Seção 2 - Riscos em instalações e serviços com eletricidade 71 Seção 3 - Técnicas de análise de riscos 79 Seção 4 - Medidas de controle do risco elétrico 105 Seção 5 - Proteção individual e coletiva 115 Seção 6 - Normas Técnicas Brasileiras 117 Seção 7 - Rotinas de trabalho

130 Unidade de estudo 3 Prevenção contra incêndios

36 Seção 6 - Incêndio, sinalizações de segurança e procedimentos de trabalho

131 Seção 1 - Prevenção contra incêndio

42 Seção 7 - Situações de emergência e responsabilidades

135 Seção 2 - Propriedades da combustão e métodos de extinção de incêndio 141 Seção 3 - Classes de incêndio e agentes extintores

155 Seção 1 - Conceitos básicos 156 Seção 2 - APH – atendimento pré-hospitalar 158 Seção 3 - Procedimentos de primeiros socorros 162 Seção 4 - Legislação sobre primeiros socorros 163 Seção 5 - Salvando vidas: como identificar o problema 165 Seção 6 - Praticando os primeiros socorros: como agir em casos de emergência 179 Seção 7 - Técnicas para remoção e transporte de acidentados

Finalizando 185 Referências 187 Anexos

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Conteúdo Formativo Carga horária da dedicação Carga horária: 40 horas

Competências Conhecer o texto da Norma Regulamentadora N° 10 e compreender a sua aplicação a todas as fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo todas as etapas de projeto, construção, montagem, operação e manutenção das instalações elétricas.

Conhecimentos ▪▪ Introdução à segurança em Eletricidade. ▪▪ Riscos em instalações e serviços em Eletricidade: a) o choque elétrico, mecanismos e efeitos; b) arcos elétricos; queimaduras e quedas; c) campos eletromagnéticos. ▪▪ Técnicas de Análise de Risco ▪▪ Medidas de Controle do Risco Elétrico: a) desenergização; b) aterramento funcional (TN / TT / IT); de proteção; temporário; c) equipotencialização; d) seccionamento automático da alimentação; e) dispositivos a corrente de fuga; f) extra baixa tensão; g) barreiras e invólucros; h) bloqueios e impedimentos; i) obstáculos e anteparos; j) isolamento das partes vivas; k) isolação dupla ou reforçada; l) colocação fora de alcance; m) separação elétrica. ▪▪ Normas Técnicas Brasileiras - NBR da ABNT: NBR-5410, NBR 14039 e outras. ▪▪ Regulamentações do MTE: a) NRs; b) NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade); c) qualificação; habilitação; capacitação e autorização. ▪▪ Equipamentos de proteção coletiva. ▪▪ Equipamentos de proteção individual. ▪▪ Rotinas de trabalho - Procedimentos. a) instalações desenergizadas; b) liberação para serviços; c) sinalização; d) inspeções de áreas, serviços, ferramental e equipamento. ▪▪ Documentação de instalações elétricas. ▪▪ Riscos adicionais: a) altura; b) ambientes confinados; c) áreas classificadas; d) umidade; e) condições atmosféricas. ▪▪ Proteção e combate a incêndios: a) noções básicas; b) medidas preventivas; c) métodos de extinção; d) prática. ▪▪ Acidentes de origem elétrica: a) causas diretas e indiretas; b) discussão de casos.

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▪▪ Primeiros socorros: a) noções sobre lesões; b) priorização do atendimento; c) aplicação de respiração artificial; d) massagem cardíaca; e) técnicas para remoção e transporte de acidentados; f) práticas. ▪▪ Responsabilidades.

Habilidades ▪▪ Executar atividades relacionadas à área elétrica aplicando as de segurança especificadas na NR10.

Atitudes ▪▪ Organização das atividades. ▪▪ Cumprimento dos prazos. ▪▪ Participação nas atividades.

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Apresentação Seja bem-vindo ao Curso Básico de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, exigido pela Norma Regulamentadora 10 (NR 10)! A NR 10 é uma regulamentação do Ministério do Trabalho e Emprego, e trata sobre segurança e saúde no trabalho em instalações elétricas. Além disso, ela prevê formação também sobre prevenção a incêndios e noções básicas de primeiros socorros. A relação de dependência que o homem moderno tem com a eletricidade pode ser considerada imensurável; é um tipo de energia que caminha lado a lado com a evolução tecnológica e com o bem-estar das pessoas. Ao mesmo tempo, continua sendo um agente de risco causador de muitos acidentes, não só com pessoas, mas também com severos prejuízos materiais. Como é um tipo de perigo invisível, que só pode ser detectado através de instrumentos específicos, a energia elétrica continua matando desavisados. Para combater esta infeliz realidade, apenas a disseminação de formação técnica de qualidade se torna um instrumento eficaz. Neste contexto, o curso NR 10 pretende capacitar o trabalhador na prevenção de acidentes utilizando tanto o conhecimento teórico sobre energia elétrica quanto o uso correto de equipamentos de trabalho, nas normas de segurança estipuladas e também na correta prestação de socorros no caso de acidentes. No início do curso você conhecerá o texto da NR 10 comentada e suas aplicações práticas. Em seguida, na unidade 2, estudará os riscos elétricos propriamente ditos e tudo o que envolve a segurança em instalações elétricas – análise de riscos, as variadas medidas de controle de acordo com a situação, equipamentos de proteção e rotinas seguras de trabalho. Já a unidade de estudos 3 possui informações sobre prevenção de incêndio e procedimentos de emergência ligados à propagação de fogo e calor; e por fim na última unidade de estudos você terá noções básicas – e importantíssimas! – de primeiros socorros no atendimento a pessoas que sofrerem acidentes ou mal súbito. A tarefa deste curso é oferecer treinamento e um quadro detalhado sobre a atividade do profissional do setor elétrico, com informações úteis ao dia a dia. O objetivo é preparar o trabalhador para a uma ação segura, competente e eficaz no seu dia a dia profissional.

Antonio Erico Fuckner Tecnólogo em Segurança no Trabalho, cursando Pós Graduação em Urgência e Emergência e Atendimento Pré- Hospitalar, Técnico de Enfermagem com experiência de sete anos de trabalho no setor de emergência, experiência e atuação em tratamento de feridas com medicina hiperbarica e operador de câmara hiperbarica, curso de instrutor (FOCA ) certificado pela UFSC, Policial Militar Ambiental atuou na área de atendimento PréHospitalar (Paramédicos) durante dezoito anos como socorrida. Instrutor do SENAI nos cursos de NR5, NR10 e NR33, instrutor de APH no curso de Pós Graduação de Engenharia de Segurança no trabalho da SOCIESC, instrutor de APH no curso CVE/INFRAERO Joinville. Atua em empresas como instrutor ministrando palestras de DST/Aids, evitando acidentes de trajeto, segurança no trânsito, acidentes de trabalho, socorrida/ brigadista, curso de conhecimento básico de primeiros socorros para gestantes, palestra nas escolas, em creches para cuidadores e professores, entre outros.

Bons estudos!

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Katia Hayashi Graduada em Engenharia Elétrica pela UDESC − Joinville. Graduada no curso de Formação de Formadores para Educação Profissional pela UNISUL e Pós-Graduada em Administração de Empresas. Atuou em desenvolvimento de pré-projeto e orçamento de instalações elétricas e automação industrial em Refrigeração Industrial. Atua no SENAI/SC de Joinville como professora titular de Eletricidade Básica, Eletroténica, Eletrônica Básica, Eletrônica Digital, Software de Supervisão Industrial e Robótica Industrial nos cursos técnicos de Automação Industrial e Mecatrônica. Atua como tutora de curso NR 10 na modalidade de Educação a Distância. Ricardo Rodrigues Misumoto Técnico em Segurança do Trabalho, atuou como profissional de segurança nos últimos 12 anos em diversos segmentos da indústria. Ainda no segmento corporativo, teve a oportunidade de realizar inúmeras apresentações, palestras e cursos voltados ao segmento de saúde e segurança, meio ambiente e gestão de pessoas. Na área acadêmica, atualmente é professor do SENAI nas disciplinas de Saúde e Segurança do Trabalho, Ética Cidadania e Meio Ambiente, Organização e Preparação para o trabalho, Gestão Ambiental e Gestão da Qualidade. Nota Este livro didático foi adaptado de: TOCANTIS, Vander Diniz. Curso Básico de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade. Disponível em: <ftp://ftp.fiemg.com.br/Utilitarios/TEMP/Tamara/NR10/NR10%20-%20 Comentada.pdf>.

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Unidade de estudo 1 Seções de estudo Seção 1 – Norma Regulamentadora 10 – Por que ela é importante? Seção 2 – Objetivo, campo de aplicação e controle da NR 10 Seção 3 – Medidas de proteção coletiva e individual Seção 4 – Segurança nas instalações elétricas Seção 5 – Alta-tensão e qualificação de trabalhadores Seção 6 – Incêndio, sinalizações de segurança e procedimentos de trabalho Seção 7 – Situações de emergência e responsabilidades


Norma Regulamentadora 10 Seção 1

Norma Regulamentadora 10 – Por que ela é importante? A eletricidade é um agente de risco causador de muitos acidentes que geram, também, prejuízos materiais, além dos danos e perdas com trabalhadores e usuários de energia elétrica. Nem todas as pessoas sabem que muitos destes riscos podem ser identificados por meio de uma rápida observação, como o risco de queda em um trabalho em altura, o risco devido ao vazamento de gases tóxicos ou combustíveis, percebidos pelo olfato. No entanto, em condutores ou dispositivos energizados, o risco só pode ser constatado através de instrumentos específicos.

Sistema Elétrico de Potência (SEP): Conjunto das instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica até a medição, inclusive.

Sam Robinson ([20--?])

Figura 1: Linhas de distribuição do SEP

Segundo dados estatísticos da FUNCOGE, o Sistema Elétrico de Potência (SEP) do Brasil, que reúne as empresas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, em 2003 contabilizou 80 acidentes fatais com empregados próprios e funcionários das empreiteiras. Este número aumenta consideravelmente, chegando a 323 mortes que ocorreram no mesmo ano com pessoas que tiveram contato com as instalações pertencentes ao SEP, sem as devidas precauções.

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Ou seja, estes números apresentaram motivos, o suficiente, para fomentar a necessidade da revisão e atualização da NR 10, para que projetos e trabalhos em eletricidade sejam executados com a utilização de procedimentos específicos de segurança, aliados a um intenso programa de treinamento, em conformidade com uma assumida política de segurança do trabalho nas empresas; e tudo isso dentro dos critérios estipulados pela Norma Regulamentadora n° 10. Para que a NR 10 também atendesse às mudanças organizacionais e aos processos de privatização iniciados na década de 90, houve a sua atualização em 2004. Em 2009, os dados estatísticos da FUNCOGE apresentaram 67 acidentes fatais com empregados próprios e funcionários das empreiteiras, e 288 mortes que ocorreram no mesmo ano com pessoas que tiveram contato com as instalações pertencentes ao SEP sem as devidas precauções. Estes novos números apresentam uma redução no número de acidentes fatais, mostrando que a aplicação do conceito de segurança preventiva é o caminho certo a ser seguido. Esta atualização traz alguns pontos fortes, como você percebe a seguir:

▪▪ a obrigatoriedade de existência

do memorial técnico de instalações existentes (Prontuário de Instalações Elétricas);

▪▪ a necessidade de antecipação de

uma filosofia de segurança ainda na fase de projeto (tornando obrigatória a existência do manual descritivo dos itens de segurança nas instalações).

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Stockbyte ([20--?])

Figura 2: Trabalhos no SEP

Após a transcrição da Portaria nº 598, de 7 de dezembro de 2004, os itens da Norma Regulamentadora nº 10 serão apresentados, seguidos de comentários que facilitarão a sua compreensão. Acompanhe! PORTARIA Nº 598, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2004 O MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista o disposto no art. 200 da Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 e considerando a proposta de regulamentação revisada e apresentada pelo Grupo de Trabalho Tripartite da Norma Regulamentadora nº 10 (GTT/NR 10), e aprovada pela ComissãoTripartite Paritária Permanente (CTPP), de acordo com o disposto na Portaria nº1.127, de 2 de outubro de 2003, que estabelece procedimentos para elaboração de normas regulamentares relacionadas à segurança, saúde e condições gerais de trabalho, resolve: Art. 1º Alterar a Norma Regulamentadora nº 10 que trata de Instalações e Serviços em Eletricidade, aprovada pela Portaria nº 3.214, de 1978, que passa a vigorar na forma do disposto no Anexo a esta Portaria. Art. 2º As obrigações estabelecidas nesta Norma são de cumprimento imediato, exceto aquelas de que trata o Anexo II, que contém prazos específicos para atendimento. Parágrafo único. Até que se exaurirem os prazos previstos para os cumprimento das obrigações de que trata o Anexo II, permanecerá em vigor a regulamentação anterior. Art. 3º Criar a Comissão Permanente Nacional sobre Segurança em Energia Elétrica (CPNSEE), com o objetivo de acompanhar a implementação e propor as adequações necessárias ao aperfeiçoamento da Norma Regulamentadora nº 10. Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. RICARDO BERZOINI Ministério do Trabalho e Emprego

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Aqui você teve contato com a NR 10 e pôde verificar sua importância para prevenção de acidentes elétricos. Acompanhe a seguir os objetivos, aplicação e controle da NR 10.

Seção 2

Objetivo, campo de aplicação e controle da NR 10 Nas próximas páginas você vai conhecer o texto da NR 10 que discorre sobre seus objetivos, aplicação e medidas de controle Acompanhe a norma, entrelaçada com comentários. 10.1 Objetivo e campo de aplicação 10.1.1 Esta Norma Regulamentadora (NR) estabelece os requisitos e condições mínimas que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, deforma a garantir a segurança e saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricase serviços com eletricidade. 10.1.2 Esta NR se aplica a todas as fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas, e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis.

10.2 Medidas de controle 10.2.1 Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do “risco” elétrico e de outros “riscos adicionais”, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e saúde no trabalho.

Note-se que não apenas os riscos referentes à área elétrica são considerados, mas também os chamados riscos adicionais, como o risco de queda (trabalho em altura), exposição a produtos químicos, acidentes com ferramentas, etc.

Risco: Capacidade de uma grandeza com potencial para causar lesões ou danos à saúde das pessoas. Riscos Adicionais: Todos os demais grupos ou fatores de risco, além dos elétricos, específicos de cada ambiente ou processos de trabalho que, direta ou indiretamente, possam afetar a segurança e a saúde no trabalho.

O item 10.2.1, ao referir-se a medidas preventivas de controle de risco, descreve o que se entende por atitude proativa quando o assunto é Segurança do Trabalho. Em outras palavras, atitude proativa é formada por meio de conscientização, treinamento adequado e técnicas de análise de riscos (ferramentas gráficas), quando se procura:

▪▪ identificar o risco; ▪▪ avaliar o risco; ▪▪ implementar medidas de controle. Assim define-se o propósito do trabalho de um profissional da área de segurança: “garantir a saúde e a integridade física do trabalhador”, e que, por meio de treinamento adequado, deve ser, também, o propósito de todos os trabalhadores, não só em relação a si mesmos, como também em relação aos seus companheiros de trabalho.

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Prontuário: Sistema organizado de forma a conter uma memória dinâmica de informações pertinentes às instalações e aos trabalhadores.

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Equipamento de Proteção Coletiva (EPC): Dispositivo, sistema, ou meio, fixo ou móvel de abrangência coletiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros.

10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se às demais iniciativas da empresa, no âmbito da preservação da segurança, saúde e do meio ambiente do trabalho.

O item 10.2.2 refere-se à gestão integrada de saúde, segurança e meio ambiente mencionada como política obrigatória das empresas. 10.2.3 As empresas estão obrigadas a manter esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção.

A NR 10, no sentido de implementar as medidas de controle de riscos nos trabalhos com eletricidade, estabelece a obrigação de existência de documentação técnica, como diagramas unifilares (em que três fios de um sistema trifásico são representados por apenas um fio em diagramas elétricos) para todas as empresas (item 10.2.3). Estabelece obrigação também da criação do prontuário técnico para as empresas comcarga instalada acima de 75 kW (item 10.2.4).

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10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW devem constituir e manter o “Prontuário” de Instalações Elétricas, contendo além do disposto no item 10.2.3 no mínimo: a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de controle existentes; b) documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos; c) especificação dos “Equipamentos de Proteção Coletiva” e individual e o ferramental, aplicáveis, conforme determina esta NR; A NR 6 (Equipamento de Proteção Individual – EPI), no seu item 6.2, obriga as empresas a só utilizarem EPIs que foram testados pelo órgão nacional competente (empresas certificadoras reconhecidas pelo Sistema Brasileiro de Certificação), e aprovados pelo Ministério do Trabalho e do Emprego. Atestada a sua qualidade, um “Certificado de Aprovação (CA)” é fornecido para cada equipamento (ver item 10.2.9, mais adiante, e seus comentários).


O que você entende quando lê o termo“ferramental”? Em atividades elétricas, as ferramentas de mão, como alicates e chaves de fenda, têm sua empunhadura isolada para evitar choques elétricos. Quando se refere a ferramentas elétricas manuais (furadeiras, serras, etc.), a sua especificação deve contemplar o requisito isolação dupla ou reforçada, dando um maior grau de segurança à separação de suas partes energizadas das suas partes metálicas, e revendo ainda recursos para aterramento. O item 10.2.4c garante a necessidade da correta especificação (principalmente quanto ao nível de tensão) para estes e outros equipamentos usados para atividades em instalações elétricas, como “Caminhões Munck com cesta aérea”, para trabalhos em redes de média tensão (linha viva), escadas duplas extensíveis, varas de manobra, coberturas isolantes flexíveis para condutores. Esta necessidade aplicase também com relação aos EPC e EPI. Continue acompanhando o item 10.2.4.

O Prontuário de Instalações Elétricas é uma das mais importantes inovações da NR 10, em vista da homogeneização do conjunto de documentos técnicos obrigatórios nas empresas, como procedimentos de segurança, relatórios de inspeções e testes de equipamentos, cadastro de pessoal autorizado (item 10.8, comentários adiante), especificação de equipamentos de proteção individual e coletivo (EPI e EPC), certificações de equipamentos e dispositivos aplicados em áreas classificadas. Alterações nas instalações, substituições de equipamentos, novos procedimentos de segurança, implementação de novas atividades nas proximidades de Sistemas Elétricos de Potência, e mudanças no cadastro de trabalhadores obrigarão os responsáveis a atualizar o Prontuário de Instalações Elétricas (item 10.2.4g).

Áreas Classificadas: Local com potencialidade de ocorrência de atmosfera explosiva.

Isolação Elétrica: Processo destinado a impedir a passagem de corrente elétrica por interposição de materiais isolantes.

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d) documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados; e) resultados dos testes de “Isolação Elétrica” realizados em equipamentos de proteção individual e coletiva; f) certificações dos equipamentos e materiais elétricos aplicados em “áreas classificadas”; e g) relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f”.

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Instalação Elétrica : Conjunto das partes elétricas e não-elétricas associadas e com características coordenadas entre si, que são necessárias ao funcionamento de uma parte determinada de um sistema elétrico. Procedimento: Sequência de operações a serem desenvolvidas para realização de um determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de segurança e circunstâncias que impossibilitem sua realização.

Barreira: Dispositivo que impede qualquer contato com partes energizadas das instalações elétricas.

Obstáculo: Elemento que impede o contato acidental, mas não impede o contato direto por ação deliberada.

10.2.5 As empresas que operam em instalações ou equipamentos integrantes do “Sistema Elétrico de Potência” devem constituir prontuário com o conteúdo do item 10.2.4 e acrescentar os documentos listados a seguir: a) descrição dos procedimentos para emergências; b) certificações dos equipamentos de proteção coletiva e individual; 10.2.5.1 As empresas que realizam trabalhos em proximidade do Sistema Elétrico de Potência devem constituir prontuário contemplando as alíneas “a”, “c”, “d” e “e”, do item 10.2.4 e alíneas “a” e “b” do item 10.2.5.

Uma importante inovação pode ser constatada no item 10.2.5: ela diz respeito a empresas que exerçam atividades nas proximidades de Sistemas Elétricos de Potência (SEP). Estas estarão obrigadas a possuir, além do Prontuário de Instalações Elétricas, um Plano de Emergência e Certificados de Aprovação dos Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual. Verifique! 10.2.6 O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser organizado e mantido atualizado pelo empregador ou pessoa formalmente designada pela empresa, devendo permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade. 10.2.7 Os documentos técnicos previstos no Prontuário de Instalações Elétricas devem ser elaborados por profissional legalmente habilitado.

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Percebeu que momento importante? Aqui você conheceu o texto da NR 10 que discorre sobre objetivos, aplicação e medidas de controle. Vamos seguir com o aprendizado, pois tem muito mais pela frente!

Seção 3

Medidas de proteção coletiva e individual Chegou o momento de você ficar por dentro do quesito proteção coletiva e individual! Acompanhe! 10.2.8 Medidas de proteção coletiva 10.2.8.1 Em todos os serviços executados em “Instalações Elétricas” devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante “Procedimentos”, às atividades a serem desenvolvidas de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. 10.2.8.2 As medidas de proteção coletiva compreendem prioritariamente a desenergização elétrica conforme estabelece esta NR e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança. 10.2.8.2.1 Na impossibilidade de implementação do estabelecido no subitem 10.2.8.2., devem ser utilizadas outras medidas de proteção coletiva, tais como: isolação das partes vivas, “Obstáculos”, “Barreiras”, sinalização, sistema de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento automático. 10.2.8.3 O aterramento das instalações elétricas deve ser executado conforme regulamentação estabelecida pelos órgãos competentes e, na ausência desta, deve atender às Normas Internacionais vigentes.


As medidas de Proteção Coletiva visam a proteção não só de trabalhadores envolvidos com a atividade principal, que será executada, mas também a proteção de outros funcionários que possam executar atividades paralelas nos arredores, ou até passantes, cuja proximidade de percurso pode levá-los à exposição de riscos. Inicialmente, para trabalhos em instalações elétricas, você sabe qual o passo mais importante? Bem, trata-se da “desenergização” dos circuitos ou equipamentos energizados. Porém, caso não seja possível a desenergização dos circuitos ou equipamentos, outros procedimentos e medidas de segurança deverão ser utilizados Observe na sequência quais seriam estes procedimentos e medidas! a. Emprego de tensão de segurança, em que o uso de extrabaixa tensão é utilizado. A aplicação correta da extrabaixa tensão é encontrada na NBR5410, através das siglas SELV (Separeted Extra Low Voltage) e PELV (Protected Extra Low Voltage). Muitas ferramentas manuais podem ser encontradas para a tensão de 24 V, para trabalhos em locais úmidos, pois, com a umidade, a resistência do corpo humano diminui, e o poder de isolamento dos equipamentos fica comprometido. b. Isolação das partes vivas, que, através da utilização de materiais isolantes, evita o risco de contato acidental com condutores ou peças metálicas energizadas e consequente eletrocussão dos trabalhadores envolvidos. Como exemplo, podemos citar a capa plástica de isolamento em condutores.

c. Obstáculos e barreiras, representados por cercas de madeira, cercas de redes plásticas, cavaletes, cones, fitas vermelhas ou zebradas, com sinalização reflexiva, cercas metálicas, etc. Pela definição, obstáculos impedem o contato acidental, mas não o contato intencional, e barreiras impedem todo e qualquer contato. iStockphoto ([20--?])

Apesar de não mencionados especificamente, os relês de fuga para terra, ou “dispositivos diferenciais residuais”, são importantes ferramentas para a proteção de trabalhadores ou outros em contatos indiretos ou até contatos diretos. Trata-se de relês do tipo diferencial que operam segundo o equilíbrio de correntes que entram e saem do circuito, que estão equilibradas. Em caso de contato acidental (por exemplo, uma pessoa tocando num ponto energizado, ou por falta de fase-massa num equipamento) há um desequilíbrio nas correntes do circuito que produz um valor diferencial e que fará o relê atuar, desligando a alimentação. Como são muito rápidos, diminuem o tempo de exposição a uma corrente, e consequentemente os danos físicos em caso de choque elétrico em uma pessoa.

d. Sinalização, em que placas e cartazes alertam sobre: “perigo de vida”, “homens trabalhando no equipamento”, “não ligue esta chave”, “altatensão”, etc. Os trabalhos de manutenção em linhas elétricas aéreas ou subterrâneas exigem a utilização de barreiras e sinalizações devido ao grande movimento de transeuntes e veículos nas imediações.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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e. Seccionamento automático da alimentação, inexistente em algumas instalações mais antigas, permite a manobra de dispositivos de seccionamento (disjuntores, chaves seccionadoras para carga ou não) automática e remotamente, desenergizando os circuitos ou instalações com mais segurança, para fins de manutenção. O seccionamento automático, comandado através de relês de proteção de diversos tipos, também protege as instalações e funcionários presentes em diversas condições inesperadas de falha. f. Bloqueio do religamento automático, para evitar reenergização do circuito em manutenção e risco de eletrocussão nos funcionários envolvidos. g. Aterramento das instalações elétricas, cuja função é escoar para terra as cargas elétricas indesejáveis, que podem ser decorrentes da falta de fasemassa, indução eletromagnética, eletricidade estática e descargas atmosféricas. A falta fase-massa decorre de contato acidental de condutores

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energizados com materiais metálicos condutores, mas que não pertencem à instalação, como a caixa metálica que protege um eletrodoméstico. O campo eletromagnético produzido por um circuito elétrico pode, através do fenômeno da indução, produzir uma tensão elétrica em outro circuito desenergizado. Um exemplo é o aparecimento de tensões em redes desligadas devido à existência de outra rede ou linha de transmissão próximas. A eletricidade estática é gerada através do atrito, podendo causar centelhamento e incêndio ou explosão em áreas classificadas (ver item 10.9 – Proteção contra Incêndio e Explosões e comentários).

DICA Descargas atmosféricas são os raios em dias de tempestade, originadas por diferentes cargas elétricas geradas nas nuvens, que podem escoar para o solo através de estruturas, causando grandes acidentes e prejuízos.

Um sistema de aterramento é formado por condutores, eletrodos e malha de terra, se necessário. O princípio funcional é criar um caminho facilitado para o escoamento dessas cargas elétricas a terra, através de um circuito de baixa impedância. Isso protegerá os funcionários ou pessoas que possam vir a ter contato (indireto) com essas estruturas indevidamente energizadas. No caso de descargas atmosféricas existe ainda o captador, conjunto de pequenas hastes pontiagudas, no alto dos prédios (pára-raios tipo Franklin), e ligado ao condutor de descida.

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“Contatos diretos” são com pontos normalmente energizados; “contatos indiretos” são com partes metálicas das estruturas, mas que não pertencem ao circuito elétrico, e que se encontram acidentalmente energizadas.

Equipotencialização evita com que haja uma diferença de potencial entre partes metálicas de uma estrutura que não pertencem ao circuito elétrico, mas que se estiverem nessa situação causarão um choque elétrico em pessoas que as tocarem simultaneamente. A ligação equipotencial principal interliga todas as estruturas que não fazem parte do circuito elétrico com o terminal de aterramento principal. As ligações equipotenciais secundárias interligam as massas e partes condutoras da estrutura entre si, neutralizando o risco de choque elétrico entre partes metálicas diferentes. A equipotencialização pode ser observada durante o aterramento temporário, onde, por exemplo, condutores trifásicos são ligados entre si e, depois, ao dispositivo de aterramento temporário do conjunto.

Depois de conhecer estes conceitos, reflita: quantos equipamentos de proteção coletiva você conhece? Verifique a lista, abaixo, e confira seus conhecimentos. Na sequência , você vai estudar as medidas de proteção individual. Principais Equipamentos de Proteção Coletiva.

▪▪ Coletes reflexivos. ▪▪ Fitas de demarcação, reflexivas. ▪▪ Coberturas isolantes. ▪▪ Cones de sinalização (75 cm, com fitas reflexivas).


▪▪ Conjuntos para aterramento temporário.

1. Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade.

▪▪ Detectores de tensão para BT e AT,

2. Exigir seu uso.

imprescindíveis em procedimentos de segurança com teste de circuitos ou equipamentos, que devem estar efetivamente desenergizados para início do trabalho com segurança.

3. Fornecer ao trabalhador somente o EPI aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho.

10.2.9 Medidas de proteção individual 10.2.9.1 Nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos de proteção individual específicos e adequados às atividades desenvolvidas, em atendimento ao disposto na NR 6.

4. Orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação.

As medidas de Proteção Coletiva serão prioritárias em vista de sua abrangência. Caso não sejam suficientes, utiliza-se, então, a proteção individual, item 10.2.9.1. A norma de segurança que trata dos equipamentos de proteção individual (EPI) é a NR 6, e pode ser resumida da seguinte forma: “Todo EPI deve possuir CA (Certificado de Aprovação)” (ver item 10.2.4 e comentários). E quanto às responsabilidades de segurança entre patrão e funcionário, você sabe o que compete a quem? Observe, a seguir, as definições dos papéis de cada um! Obrigações do empregador quanto, ao EPI.

Obrigações do empregado quanto ao EPI.

5. Substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado. 6. Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica. 7. Comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

1. Usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina. 2. Responsabilizar-se pela guarda e conservação. 3. Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso. 4. Cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

10.2.9.3 É vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades.

Os uniformes de trabalho devem ser fornecidos pela empresa, não permitindo a utilização de outras vestimentas que possam introduzir riscos, como condutibilidade do próprio tecido ou através de peças metálicas (fechos, tachas, rebites, etc.) e também não devem ser de materiais facilmente inflamáveis, como alguns tipos de materiais sintéticos. O item 10.2.9.3 enfatiza a proibição de uso de adornos pessoais em instalações elétricas, como colares, anéis, pulseiras e relógios que podem causar acidentes por contatos com partes energizadas. E quanto aos Equipamentos de Proteção Individual, qual o seu conhecimento? Confira, a seguir, a listagem dos principais EPIs do setor elétrico. Principais Equipamentos de Proteção Individual.

▪▪ Cintos de segurança para eletricista, com talabarte.

▪▪ Capacetes classe “B”, aba total

(uso geral e trabalhos com energia elétrica, testados a 30.000 V).

Continue acompanhando a norma! 10.2.9.2 As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, devendo contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Impedimento de Reenergização: Condição que garante a não energização do circuito através de recursos e procedimentos apropriados, sob controle dos trabalhadores envolvidos nos serviços.

Nikolay Postnikov ([20--?])

Sinalização: Procedimento padronizado destinado a orientar, alertar, avisar e advertir.

Figura 3: EPIs

▪▪ Botas com proteção contra choques elétricos, bidensidade, sem partes metálicas.

▪▪ Luvas de cobertura para proteção das luvas de borracha.

▪▪ Óculos de segurança para proteção

▪▪ Bolsas para içamento de ferramentas.

▪▪ Protetores faciais contra impacto

Aqui você pôde conhecer mais, a respeito das medidas de proteção coletiva e individual, e como elas são fundamentais para manter sua integridade física. Continue aprendendo sobre como proteger-se com o item segurança nas instalações elétricas

contra impacto de partículas volantes, intensos raios luminosos ou poeiras, com proteção lateral. de partículas volantes, intensos raios luminosos ou poeiras.

▪▪ Braçadeiras ou mangas de se-

gurança para proteção do braço e antebraço contra choques elétricos, e coberturas isolantes.

Seção 4

Segurança nas instalações elétricas Prepare-se para conhecer o que a norma NR 10 fala sobre a segurança nas instalações elétricas. Acompanhe e fique bem informado!

▪▪ Luvas de borracha com as classes de isolamento descritas a seguir. Tabela 1: Classes de isolamento de luvas de borracha

Classe

Tensão de trabalho (V) Corrente alternada

0

1000

1

7500

2

17500

3

26500

4

36000

10.3 Segurança em projetos 10.3.1 É obrigatório que os projetos de instalações elétricas especifiquem dispositivos de desligamento de circuitos que possuam recursos para “Impedimento de Reenergização”, para “Sinalização” de advertência com indicação da condição operativa.

Fonte: Ministério do Trabalho (2004)

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10.3.2 Todo projeto elétrico, na medida do possível, deve prever a instalação de dispositivo de seccionamento de ação simultânea que permita a aplicação de “Impedimento de Reenergização” do circuito. 10.3.3 O projeto de instalações elétricas deve considerar o espaço seguro, quanto ao dimensionamento e a localização de seus componentes e as influências externas, quando da operação e da realização de serviços de construção e manutenção. 10.3.3.1 Os circuitos elétricos comfinalidades diferentes, tais como: comunicação, sinalização, controle e tração elétrica devem ser identificados e instalados separadamente, salvo quando o desenvolvimento tecnológico permitir compartilhamento, respeitadas as definições de projetos. 10.3.4 O projeto deve definir a configuração do esquema de aterramento, a obrigatoriedade de proteção e a conexão à terra das partes condutoras não destinadas à condução da eletricidade. 10.3.5 Sempre que tecnicamente viável e necessário devem ser projetados dispositivos de seccionamento que incorporem recursos fixos de equipotencialização e aterramento do circuito seccionado. 10.3.6 Todo projeto deve prever condições para a adoção de “Aterramento Temporário”.

O item 10.3, todo, é uma inovação bastante importante na NR 10, pois introduz o conceito de antecipação no reconhecimento dos riscos potenciais de futuras instalações. Ele orienta o projetista, nessa fase preliminar do projeto a fazer modificações que irão neutralizar esses riscos, tornando mais eficiente a execução de atividades sob a filosofia da segurança do trabalho.

Zoonar ([20--?])

Todo e qualquer equipamento ou rotina de operação que venha a incrementar a segurança intrínseca das instalações deverá ser implementada, desde que dentro de critérios racionais. Assim, devem ser previstos os quesitos a seguir:

Aterramento Elétrico Temporário: Ligação elétrica efetiva confiável e adequada intencional a terra, destinada a garantir a equipotencialidade e mantida continuamente durante a intervenção na instalação elétrica.

▪▪ dispositivos de desligamento de

circuitos (disjuntores) com dispositivos de impedimento de reenergização (relês de bloqueio que impedem a reenergização, a menos que sejam operados manualmente) que vão eliminar o risco de eletrocussão de trabalhadores no serviço de manutenção em circuitos desenergizados, assim como sinalização de advertência e de condições operacionais (ex.: dispositivo aberto ou fechado, sistemas de supervis com painéis mímicos, telas do sistema em computadores), evitando acidentes devido à falta de informações sobre o real estado do sistema;

▪▪ a previsão do distanciamento e espaços seguros nas instalações impede contatos acidentais com partes energizadas, em atividades de manutenção, além da preocupação ergonômica com as posições de trabalho;

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▪▪ aterramento de todas as partes

condutoras que não façam parte dos circuitos elétricos, o que neutraliza a possibilidade de choque elétrico por contato (indireto) com essas partes que podem ser energizadas por indução elétrica ou contato acidental de outros condutores (ver item 10.2.8 – Medidas de Proteção Coletiva e comentários; aterramento e indução);

▪▪ previsão de incorporação de

dispositivos de seccionamento com recursos fixos de equipotencialização e aterramento ao circuito seccionado, e, também, condições para a execução de aterramento temporário, como proteção do trabalhador contra reenergização de circuitos já desenergizados (ver item 10.2.8 – Medidas de Proteção Coletiva, e comentários; aterramento e equipotencialização). 10.3.7 O projeto das instalações elétricas deve ficar à disposição dos trabalhadores autorizados, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela empresa e deve ser mantido atualizado. 10.3.8 O projeto elétrico deve atender ao que dispõem as Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança no Trabalho, às regulamentações técnicas oficiais estabelecidas, e ser assinado por profissional legalmente habilitado. 10.3.9 O memorial descritivo do projeto deve conter, no mínimo, os seguintes itens de segurança: a) especificação das características relativas à proteção contra choques elétricos, queimaduras e outros riscos adicionais; b) indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos elétricos: Verde – “D”, desligado e Vermelho – “L”, ligado;

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c) descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e equipamentos, incluindo dispositivos de manobra, de controle, de proteção, de intertravamento dos condutores e os próprios equipamentos e estruturas, definindo como tais indicações devem ser aplicadas fisicamente nos componentes das instalações; d) recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de pessoas aos componentes das instalações; e) precauções aplicáveis em face das “Influências Externas”; f) o princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do projeto, destinados à segurança das pessoas; e g) descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com a instalação elétrica. 10.3.10 Os projetos devem assegurar que as instalações proporcionem aos trabalhadores iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia.

Como inovação importante da NR 10, nos itens 10.3.7, 10.3.8, 10.3.9 e 10.3.10, os projetos elétricos são normatizados e padronizados com relação ao memorial descritivo, itens necessários ao memorial.Devem ser seguidas as normas de segurança do trabalho em conjunto com as normas técnicas oficiais, a obrigação de disponibilidade do projeto, principalmente junto aos trabalhadores autorizados, e ainda a necessidade de previsão de um nível de iluminação adequado e posicionamento ergonômico de trabalho conforme a NR 17 – Ergonomia (item 10.4.5 e comentários).

Agora você conhecerá aplicações da NR 10 em construção, montagem, operação e manutenção. 10.4 Segurança na construção, montagem, operação e manutenção 10.4.1 As instalações elétricas devem ser construídas, montadas, operadas, reformadas, ampliadas, reparadas e inspecionadas de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores e dos usuários e serem supervisionadas por profissional autorizado conforme dispõe esta NR. 10.4.2 Nos trabalhos e nas atividades referidas, devem ser adotadas medidas preventivas destinadas ao controle dos riscos adicionais, especialmente quanto a altura, confinamento, campos elétricos e magnéticos, explosividade, umidade, poeira, fauna e flora e outros agravantes, adotando-se a sinalização de segurança.

O principal foco desta norma é o risco elétrico, mas muitos riscos adicionais devem ser controlados ou neutralizados, pois trabalhos de manutenção costumam apresentar situações de extrema gravidade. Observe a seguir.

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▪▪ O trabalho em altura em redes

elétricas ou torres, com risco de quedas, deve ser encarado com muita seriedade e treinamento específico. Em determinadas situações é importante a utilização de cinto de segurança tipo paraquedista, dois talabartes, contando sempre com uma rígida inspeção do equipamento de proteção contra quedas.

▪▪ Espaços confinados, com risco

de asfixia, exposição a contaminantes, afogamento, explosão e incêndio, dificuldade de resgate, necessitando equipamentos para resgate, operação de ventilação para remover gases ou vapores explosivos ou contaminantes, máscaras contra produtos químicos, roupas especiais, instrumentação de teste de explosividade, nível de oxigênio (atmosfera respirável com nível correto de O2).

▪▪ Campos elétricos e magné-

ticos, que possam induzir tensões em circuitos desenergizados, ou simplesmente interferir nos aparelhos de comunicação, instrumentos de medição e comandos remotos.

▪▪ Umidade, que potencializa os

riscos, propiciando choques elétricos e arcos voltaicos.

▪▪ Poeira, que além de contaminante também pode ser explosiva.

▪▪ Fauna, como cobras, aranhas,

escorpiões, sempre presentes em cubículos, caixas de passagem, interior de armários, painéis e bandejas de cabos.

▪▪ Flora, em que há presença de riscos biológicos, como bactérias e fungos.

Todos esses riscos adicionais listados, além da possibilidade de produzir acidentes, podem afetar a saúde do trabalhador. Além dos EPIs e EPCs (incluída a sinalização de segurança), para cada atividade devem ser realizadas as Análises de Risco, Autorizações de Serviço, Permissões de Trabalho, Liberações de Área e seguidos os Procedimentos de Segurança adequados (item 10.4.2).

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10.4.3 Nos locais de trabalho só podem ser utilizados equipamentos, dispositivos e ferramentas elétricas compatíveis com a instalação elétrica existente, preservando-se as características de proteção, respeitadas as recomendações do fabricante e as influências externas. 10.4.3.1 Os equipamentos, dispositivos e ferramentas que possuam isolamento elétrico devem estar adequados às tensões envolvidas, e serem inspecionados e testados de acordo com as regulamentações existentes ou recomendações dos fabricantes.

Todos os dispositivos e ferramentas utilizadas devem estar em condições próprias de uso, serem compatíveis com as instalações elétricas e possuirem em isolamento adequado à tensão do local (itens 10.2.4 com comentários, 10.4.3 e 10.4.3.1). 10.4.4 As instalações elétricas devem ser mantidas em condições seguras de funcionamento e seus sistemas de proteção devem ser inspecionados e controlados periodicamente, de acordo com as regulamentações existentes e definições de projetos. 10.4.4.1 Os locais de serviços elétricos, compartimentos e invólucros de equipamentos e instalações elétricas são exclusivos para essa finalidade, sendo expressamente proibido utilizá-los para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos.

Figura 4: Linhas de força do campo eletromagnético

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Zona Controlada: Entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados.

A NR 10, como descrito no item 10.4.4.1, proíbe que funcionários guardem pertences pessoais e ferramentas dentro de compartimentos, invólucros de equipamentos e painéis elétricos, pois podem ocorrer acidentes de trabalho, tais como, curtos-circuitos e choques elétricos com graves consequências devido a essa prática de risco.

10.4.6 Os ensaios e testes elétricos laboratoriais e de campo ou comissionamento de instalações elétricas devem atender à regulamentação estabelecida nos itens 10.6 e 10.7, e somente podem ser realizados por trabalhadores que atendam às condições de qualificação, habilitação, capacitação e autorização estabelecidas nesta NR.

10.4.5 Para atividades em instalações elétricas deve ser garantida ao trabalhador iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia, de forma a permitir que ele disponha dos membros superiores livres para a realização das tarefas.

Então, como estão seus estudos sobre segurança na construção? A seguir, você conhecerá as definições de segurança previstas na NR 10 para instalações elétricas desenergizadas e energizadas. Verifique!

Ergonomia significa, de forma simplificada, o estudo da adaptação do trabalho ao ser humano. “Ergos” em grego significa “trabalho”, e “nomos” significa “regras”. Alguns de seus focos de estudos são os posicionamentos de trabalho, condições visuais, controles e ferramentas, entre outros. O emprego da ergonomia tem como objetivo evitar acidentes e doenças ocupacionais, devido ao mau posicionamento ou manejo incorreto de máquinas e ferramentas, ou falta de percepção visual. Essa preocupação é demonstrada nos itens 10.4.5 e 10.3.10 – Segurança em Projetos.

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10.5 Segurança em instalações elétricas desenergizadas 10.5.1 Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas para trabalho mediante os procedimentos apropriados, obedecida a sequencia abaixo: a) Seccionamento; b) Impedimento de reenergização; c) Constatação da ausência de tensão; d) Instalação de “Aterramento Temporário” com equipotencialização dos condutores dos circuitos; e) Proteção dos elementos energizados existentes na “Zona Controlada” (Anexo I); e f) Instalação da sinalização de impedimento de reenergização.


Dentro dos preceitos que regem a segurança do trabalho existem procedimentos específicos para cada atividade. Em manutenção elétrica é bastante utilizado um procedimento de segurança denominado travamento (ou bloqueio) e etiquetagem (ou sinalização). Visa controlar os riscos do trabalho com eletricidade, protegendo o trabalhador de exposição ao risco de contato com partes energizadas e consequente eletrocussão. Este procedimento é, também, aplicado quando se necessita controlar outras formas de energia de risco, como, por exemplo, energia pneumática, hidráulica, química, etc.

Travamento: Ação destinada a manter, por meios mecânicos, um dispositivo de manobra fixo numa determinada posição, de forma a impedir uma operação não autorizada.

Diego Fernandes (2012)

Figura 5: Sinalização de bloqueio e etiquetagem

As instalações elétricas só serão consideradas desenergizadas e seguras para trabalhos após os procedimentos de “travamento e sinalização”, como listados no item 10.5.1. 1. Seccionamento: onde chaves, seccionadoras, ou outros dispositivos de isolamento são acionados para a desenergização dos circuitos. 2. Impedimento de reenergização: onde, por meio de bloqueios mecânicos, cadeados ou outros equipamentos, é garantido a impossibilidade de reenergização dos circuitos, o que fica facultado, apenas, ao responsável pelo bloqueio. 3. Constatação da ausência de tensão: onde por meio de dispositivos de “detecção de tensão” é garantida a desenergização dos circuitos.

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4. Instalação de aterramento temporário: e equipotencialização de condutores trifásicos, curto-circuitados na mesma ligação de aterramento temporário, o que garante a proteção completa do trabalhador em situações outras de energização dos circuitos já seccionados, provocados por indução, contatos acidentais com outros condutores energizados, etc.. 5. Proteção dos elementos energizados existentes na “zona controlada”: o que significa a colocação de barreiras, obstáculos, e que visem a proteger o trabalhador contra contatos acidentais com outros circuitos energizados presentes na “zona controlada”. 6. Instalação da sinalização de impedimentodeenergização:com etiquetas ou placas contendo avisos de proibição de religamento, como: “homens trabalhando no equipamento”, “não ligue esta chave”, (ver comentários de “Medidas de Proteção Coletiva”, item 10.2.8). Continue atento ao que diz a norma com relação à segurança em instalações elétricas desenergizadas.

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10.5.2 O estado de instalação desenergizada deve ser mantido até a autorização para reenergização, devendo ser reenergizada respeitando a sequência de procedimentos abaixo: a) retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos; b) retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos no processo de reenergização; c) remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das proteções adicionais; d) remoção da sinalização de impedimento de reenergização; e) “Destravamento”, se houver, e religação dos dispositivos de seccionamento.

Após a finalização dos trabalhos, assim que for emitida a autorização para reenergização, os procedimentos descritos da letra “a” até a letra “e” do item 10.5.2 devem ser seguidos e respeitados até a religação dos dispositivos de seccionamento. É importante ressaltar que a retirada de todos os equipamentos e ferramentas do local de trabalho evita a possibilidade de acidentes causados por curtos-circuitos após a reenergização; e da mesma forma, todos os trabalhadores presentes na zona controlada que não estejam envolvidos no processo de reenergização devem ser retirados do local para sua própria segurança.

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10.5.3 As medidas constantes das alíneas apresentadas nos itens 10.5.1 e 10.5.2 podem ser alteradas, substituídas, ampliadas ou eliminadas, em função das peculiaridades de cada situação, por profissional legalmente habilitado, autorizado e mediante justificativa técnica previamente formalizada, desde que seja mantido o mesmo nível de segurança originalmente preconizado. 10.5.4 Os serviços a serem executados em instalações elétricas desligadas, mas com possibilidade de energização, por qualquer meio ou razão, devem atender ao que estabelece o disposto no item 10.6.

Instalações elétricas desligadas mas com possibilidade de serem energizadas passam a ser tratadas como “Instalações Elétricas Energizadas”, item 10.5.4. Conseguiu dominar todos os procedimentos de segurança em instalações elétricas desenergizadas? Em função de todos os conteúdos estudados, até aqui, você já deve estar ciente de que energia é coisa séria! Portanto, lembre-se: se houver possibilidade de uma instalação desligada ser energizada, ela deve ser tratada desde o começo como energizada! Neste caso, as normas a serem aplicadas serão as do item 10.6, que você conhecerá na sequência.


10.6 Segurança em instalações elétricas energizadas 10.6.1 As intervenções em instalações elétricas com tensão igual ou superior a 50V em corrente alternada ou superior a 120V em corrente contínua somente podem ser realizadas por trabalhadores que atendam ao que estabelece o item 10.8 desta norma. 10.6.1.1 Os trabalhadores de que trata o item anterior devem receber treinamento de segurança para trabalhos com instalações elétricas energizadas, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II desta NR.

Instalações elétricas energizadas são aquelas com tensão superior à tensão de segurança (Extrabaixa Tensão – EBT), ou seja: 50VCA ou 120 VCC (VCA – Volts em Corrente Alternada; VCC – Volts em Corrente Contínua). O trabalho nessas condições só poderá ser realizado por profissionais autorizados, como é descrito no item 10.8 e seus comentários (itens 10.6.1 e 10.6.1.1). 10.6.1.2 As operações elementares como ligar e desligar circuitos elétricos, realizadas em “baixa tensão”, com materiais e equipamentos elétricos em perfeito estado de conservação, adequados para operação, podem ser realizadas por qualquer “pessoa não advertida”.

Qualquer pessoa não treinada em eletricidade pode realizar operações elementares de ligar ou desligar circuitos elétricos em baixa tensão (a baixa tensão vai de 50VCA até 1.000VCA ou 120VCC até 1.500VCC), desde que se encontrem em perfeitas condições de operação (item 10.6.1.2).

Jeffrey Hamilton ([20--?])

Tensão de Segurança: extrabaixa tensão originada em uma fonte de segurança. Baixa Tensão (BT): Tensão superior a 50 volts, em corrente alternada, ou 120 volts, em corrente contínua e igual ou inferior a 1.000 volts, em corrente alternada ou 1.500 volts, em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

10.6.2 Os trabalhos que exigem o ingresso na zona controlada devem ser realizados mediante procedimentos específicos respeitando as distâncias previstas no Anexo I.

Sempre que atividades forem executadas no interior da zona controlada, deve-se observar procedimentos de segurança específicos, respeitando-se as distâncias de segurança (Anexo I), isolamento de partes energizadas, proteção por barreiras, indicação aos trabalhadores envolvidos quanto a pontos energizados, palestra inicial de segurança, preenchimento de permissões de trabalho, utilização de listas de verificação, etc. (item 10.6.2).

Pessoa não Advertida: Pessoa não informada ou sem conhecimento suficiente para evitar os perigos da eletricidade. Perigo: Situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas por ausência de medidas de controle.

10.6.3 Os serviços em instalações energizadas, ou em suas proximidades devem ser suspensos de imediato na iminência de ocorrência que possa colocar os trabalhadores em “Perigo”. 10.6.4 Sempre que inovações tecnológicas forem implementadas ou para a entrada em operações de novas instalações ou equipamentos elétricos devem ser previamente elaboradas análises de risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e respectivos procedimentos de trabalho.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Alta-Tensão (AT): Tensão superior a 1.000 volts em corrente alternada ou 1.500 volts em corrente contínua, entre fases ou entrefase e terra. Zona Controlada e de Risco: Entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho Trabalho em Proximidade: Trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou extensões condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que manipule.

O item 10.6.4 alerta para entrada em operação e testes de novos equipamentos, com nova tecnologia ou modificação de instalações existentes. Nessa fase de testes, correções e ajustes é mais provável a ocorrência de acidentes. Antes dessas atividades é necessária a elaboração de análises de risco e procedimentos de segurança específicos ao momento, e desenvolvidos com os circuitos desenergizados. 10.6.5 O responsável pela execução do serviço deve suspender as atividades quando verificar situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível.

Antes de qualquer nova atividade é necessária a identificação dos riscos inerentes. Depende desses riscos a utilização de um determinado procedimento, de tipos diferenciados de EPIs e de EPCs, e de diferentes acessórios de trabalho. A esse procedimento dá-se o nome de “Análise de Risco”. No entanto outros riscos não previstos podem surgir, como inundações, tempestades, raios, ou quaisquer outros cuja neutralização não seja possível. Nesse caso, o responsável pela atividade deve suspender as atividades. Stockbyte ([20--?])

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Com o estudo efetuado, até aqui, você conheceu a sequência correta para desenergização e reenergização de áreas, bem como demais procedimentos de segurança para operação e manutenção de serviços. Na sequência, você aprenderá detalhes e procedimentos relativos ao trabalho envolvendo alta tensão. E saberá o que diz a lei sobre a habilitação e o treinamento dos trabalhadores do sistema elétrico. Vamos lá!

Seção 5

Alta-tensão e qualificação de trabalhadores Novamente você vai estudar o texto da NR 10 na íntegra, e como foi feito anteriormente com os devidos comentários para ajudá-lo no entendimento da norma. Siga atento! 10.7 Trabalhos envolvendo altatensão (AT) 10.7.1 Os trabalhadores que intervenham em instalações elétricas energizadas com “Alta-Tensão” que exerçam suas atividades dentro dos limites estabelecidos como “Zonas Controladas e de Risco”, conforme Anexo I, devem atender ao disposto no item 10.8 desta NR. 10.7.2 Os trabalhadores de que trata o item 10.7.1 devem receber treinamento de segurança, específico em segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP) e em suas “Proximidades”(trabalho em proximidade) , com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II desta NR


Trabalhos em alta-tensão envolvem um grande risco de acidentes, não apenas pela possibilidade de choque elétrico por contatos diretos ou indiretos, mas principalmente pela formação de arcos voltaicos, que são o resultado do rompimento do dielétrico (capacidade de isolamento) do ar, com grande dissipação de energia, liberando luminosidade, calor, e partículas metálicas em fusão.

Devem ainda estar em condições de saúde compatíveis com as atividades a serem executadas em conformidade com a NR 7, Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), tendo recebido todo o treinamento previsto no AnexoII, principalmente o treinamento específico de Segurança em Sistemas Elétricos de Potência (SEP), itens 10.7.1 e 10.7.2. iStockphoto ([20--?])

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Figura 6: Trabalho SEP

Esse tipo de acidente provoca graves queimaduras em todos que estiverem situados dentro do seu raio de ação. Daí a definição de “Zona de Risco” e “Zona Controlada” (ver Anexo I), importante para o perfeito posicionamento do trabalhador em seus limites, e dos procedimentos e equipamentos (EPIs, EPCs), necessários à execução de atividades dentro dos princípios da segurança do trabalho. Alta-tensão é a tensão definida como tendo valores acima de 1.000V em Corrente Alternada (CA) e 1.500V em Corrente Contínua (CC) entre fases ou entre fases e terra. Trabalhadores exercendo atividades dentro dos limites das “Zonas de Risco” ou “Zonas Controladas” (ver Anexo II) têm que atender ao disposto no item 10.8, sendo Habilitados, Qualificados, e Autorizados, ou Capacitados e Autorizados.

10.7.3 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles executados no Sistema Elétrico de Potência (SEP), não podem ser realizados individualmente. 10.7.4 Todo trabalho em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aquelas que interajam com o SEP, somente pode ser realizado mediante ordem de serviço específica para data e local, assinada por superior responsável pela área. Todo e qualquer trabalho realizado em instalações elétricas em Alta Tensão ou em Sistema Elétrico de Potência (SEP) deve ser totalmente controlado através de ordens de serviço, assinadas pelo superior responsável (item 10.7.4). 10.7.5 Antes de iniciar trabalhos em circuitos energizados em AT, o superior imediato e a equipe, responsáveis pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar ações desenvolvidas de forma a atender aos princípios técnicos básicos e às melhores técnicas de segurança em eletricidade aplicáveis ao serviço. 10.7.6 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente podem ser realizados quando houver procedimentos específicos, detalhados e assinados por profissional autorizado.

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10.7.7 A intervenção em instalações elétricas energizadas em AT dentro dos limites estabelecidos como zona de risco, conforme Anexo I desta NR, somente pode ser realizada mediante a desativação, também conhecida como bloqueio, dos conjuntos e dispositivos de religamento automático do circuito, sistema ou equipamento. 10.7.7.1 Os equipamentos e dispositivos desativados devem ser sinalizados com identificação da condição de desativação, conforme procedimento de trabalho específico padronizado.

Nos limites interiores da “Zona de Risco” (ver Anexo II), os trabalhadores devem ser protegidos contra a possibilidade de reenergização dos circuitos, por meio da desativação ou bloqueio dos dispositivos de religamento automático, que devem estar com sinalização adequada indicando desativação, itens 10.7.7 e 10.7.7.1, item 10.10 (Sinalização de Segurança), item 10.5 (Segurança em Instalações Elétricas Desenergizadas) e item 10.2.8 (Medidas de Proteção Coletiva).

É importante observar que a norma prevê necessidade de realização de testes elétricos nos elementos de isolamento de ferramentas e equipamentos a serem utilizados em trabalhos em AT ou no SEP. Agora que você conheceu os conceitos de trabalho em alta-tensão, zonas de risco e zonas controladas, chega o momento de estudar os requisitos de qualificação para o trabalhador do sistema elétrico. É isso que você vai aprender nos próximas conteúdos! 10.8 Habilitação, qualificação, capacitação e autorização dos trabalhadores 10.8.1 É considerado trabalhador qualificado aquele que comprovar conclusão de curso específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. 10.8.2 É considerado profissional legalmente habilitado o trabalhador previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe. 10.8.3 É considerado trabalhador capacitado aquele que atenda às seguintes condições, simultaneamente: a) receba capacitação sob orientação e responsabilidade de profissional habilitado e autorizado; e b) trabalhe sob a responsabilidade de profissional habilitado e autorizado. 10.8.3.1 A capacitação só terá validade para a empresa que o capacitou e nas condições estabelecidas pelo profissional habilitado e autorizado responsável pela capacitação.

10.7.8 Os equipamentos, ferramentas e dispositivos isolantes ou equipados com materiais isolantes, destinados ao trabalho em alta-tensão, devem ser submetidos a testes elétricos ou ensaios de laboratório, periódicos, obedecendo-se às especificações do fabricante, aos procedimentos da empresa e na ausência desses, anualmente. 10.7.9 Todo trabalhador em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles envolvidos em atividades no SEP deve dispor de equipamento que permita a comunicação permanente com os demais membros da equipe ou com o centro de operação durante a realização do serviço.

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O item 10.8, na sua totalidade, descreve detalhadamente como deve ser definido o trabalhador autorizado a trabalhar em instalações elétricas, evitando-se assim que funcionários sem treinamento específico e de segurança venham a exercer atividades de risco, expondose desnecessariamente a acidentes do trabalho. O profissional qualificado completou com êxito seu curso de formação na área elétrica, reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. Tornou-se habilitado assim que se registrou no seu Conselho de Classe. Com relação ao trabalhador capacitado, observe:

▪▪ foi treinado por profissional habilitado e autorizado;

▪▪ trabalha sob a responsabilidade de

profissional habilitado e autorizado. Perceba que esta capacitação só tem valor na empresa em que trabalha. Com a anuência formal da empresa em que trabalham, e devidamente identificados em seus registros, eles estão autorizados a exercer atividades em instalações elétricas. 10.8.4 São considerados autorizados os trabalhadores qualificados ou capacitados e os profissionais habilitados, com anuência formal da empresa. 10.8.5 A empresa deve estabelecer sistema de identificação que permita a qualquer tempo conhecer a abrangência da autorização de cada trabalhador, conforme o item 10.8.4. 10.8.6 Os trabalhadores autorizados a trabalhar em instalações elétricas devem ter essa condição consignada no sistema de registro de empregado da empresa.

10.8.7 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem ser submetidos a exame de saúde compatível com as atividades a serem desenvolvidas, realizado em conformidade com a NR 7 e registrado em seu prontuário médico.

É necessário ainda passar por exames de saúde que lhes permitam trabalhar em instalações elétricas, conforme definido pela NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde ocupacional (PCMSO). 10.8.8 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas, de acordo com o estabelecido no Anexo II desta NR. 10.8.8.1 A empresa concederá autorização na forma desta NR aos trabalhadores capacitados ou qualificados e aos profissionais habilitados que tenham participado com avaliação e aproveitamento satisfatório dos cursos constantes do Anexo II desta NR. 10.8.8.2 Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e sempre que ocorrer alguma das situações a seguir: a) troca de função ou mudança de empresa; b) retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior a três meses; e c) modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de métodos, processos e organização do trabalho.

10.8.8.3 A carga horária e o conteúdo programático dos treinamentos de reciclagem destinados ao atendimento das alíneas “a”, “b” e “c” do item 10.8.8.2 devem atender às necessidades da situação que o motivou. 10.8.8.4 Os trabalhos em áreas classificadas devem ser precedidos de treinamento específico de acordo com risco envolvido.

A autorização para trabalhadores capacitados, ou qualificados e habilitados será dada pela empresa aos que tiverem acompanhado, com aproveitamento, os cursos previstos no Anexo II desta Norma (treinamento específico sobre os riscos das atividades elétricas e medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas. Curso Básico – Segurança em Instalações e Serviços de Eletricidade; Curso Complementar – Segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP) e em suas Proximidades. 10.8.9 Os trabalhadores com atividades não relacionadas às instalações elétricas, desenvolvidas em zona livre e na vizinhança da zona controlada, conforme define esta NR, devem ser instruídos formalmente com conhecimentos que permitam identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis.

A novidade desta norma é prever treinamentos de reciclagem, treinamento de riscos relacionados a áreas classificadas, além do treinamento de trabalhadores de outras áreas que não a elétrica, visando à identificação de riscos, assim como formas de prevenção de acidentes do trabalho que porventura venham a exercer atividades na zona livre ou proximidade de zona controlada.

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Atmosfera Potencialmente Explosiva: Mistura com o ar, sob condições atmosféricas, de substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual, após a ignição, a combustão se propaga.

Com os estudos realizados você constatou que a qualificação dos trabalhadores que intervenham em instalações elétricas energizadas, seja de alta tensão, zona controlada ou de risco, também é definida por lei através da NR 10. Ela define detalhes como currículo mínimo, carga horária dos cursos e outras determinações com o objetivo de formar um profissional com plena capacidade de operar sistemas elétricos. A seguir, você conhecerá detalhes de proteção contra incêndio, sinalização de segurança e procedimentos de trabalho. Preparado? Então ,vamos lá!

Em presença de atmosferas explosivas, a fonte de ignição pode ser algum dispositivo, acessório ou equipamento elétrico que possa produzir centelhamento. Normas nacionais e internacionais especificam equipamentos elétricos para serem utilizados com segurança em áreas classificadas e à prova de acidentes por centelhamento. São ditos: “à prova de explosões, pressurizados, imersos em óleo, em areia, em resina, de segurança aumentada, herméticos, especial, e de segurança intrínseca”. iStockphoto ([20--?])

Seção 6

Incêndio, sinalizações de segurança e procedimentos de trabalho Nos próximos estudos, além dos comentários nos textos da própria NR 10, você vai entender as classes de fogo (definidas na NR 23) e o conceito de “áreas classificadas”. Acompanhe! 10.9 Proteção contra incêndio e explosão 10.9.1 As áreas onde houver instalações ou equipamentos elétricos devem ser dotadas de proteção contra incêndio e explosão, conforme dispõe a NR 23 – Proteção Contra Incêndios. 10.9.2 Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas de ambientes com “Atmosferas Potencialmente Explosivas” devem ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.

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Para que esses equipamentos cumpram sua função dentro dos critérios de segurança exigidos, eles têm que ser testados dentro de rígidos padrões de qualidade (teste de conformidade). Somente as empresas certificadoras reconhecidas pelo Sistema Brasileiro de Certificação, que congregam as certificadoras reconhecidas junto ao Inmetro (item 10.9.2), podem atestar a conformidade. 10.9.3 Os processos ou equipamentos suscetíveis de gerar ou acumular eletricidade estática devem dispor de proteção específica e de dispositivos de descarga elétrica.


A eletricidade estática é gerada por atrito de correias de máquinas, peças em movimentos repetidos, movimentação de fluidos e produtos pulverizados em tubulações e silos, sólidos em suspensão na atmosfera, etc. A tensão elétrica acumulada pode produzir descargas elétricas, que em presença de baixa umidade do ar, gases inflamáveis, fibras e/ou poeiras inflamáveis podem causar explosões e incêndios de grandes proporções. Existem vários métodos para dissipar a eletricidade estática (item 10.9.3), como o uso de ionizadores, mantas dissipadoras ou dissipativas, pulseiras antiestáticas e sistemas compostos por cabos e hastes de cobre. 10.9.4 Nas instalações elétricas de áreas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou explosões devem ser adotados dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento automático para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de operação.

Dentro da necessidade de um rígido controle da possibilidade de ocorrência de acidentes por equipamentos elétricos em áreas classificadas, a norma exige um maior controle das condições elétricas desses sistemas, com relês de proteção contra sobrecorrente, sobretensão, aquecimento de motores, falta de fase, correntes de fuga, motores com segurança aumentada, alarmes e seccionamento automático através de disjuntores (item 10.9.4). É importante, ainda, lembrar que, dentro de tão críticas condições de segurança, é necessário uma detalhada supervisão e acompanhamento seguidos de uma rígida manutenção para correção das não conformidades.

Maria Komrakova ([20--?])

NR 23 – Proteção contra incêndios Hemera ([20--?])

10.9.5 Os serviços em instalações elétricas nas áreas classificadas somente poderão ser realizados mediante permissão para o trabalho com liberação formalizada, conforme estabelece o item 10.5 ou supressão do agente de risco que determina a classificação da área.

As permissões de trabalho são autorizações por escrito para trabalhos diversos de manutenção, montagem ou outros que envolvam riscos à integridade do pessoal, das instalações, meio ambiente, ou continuidade operacional. Estas permissões descrevem ainda o trabalho, os riscos envolvidos, o pessoal, os EPIs, EPCs, e as precauções de segurança a serem seguidas. São utilizadas em conjunto com listas de verificação de requisitos de segurança apropriadas a cada atividade, que, depois de satisfeitos, possibilitam o início das atividades. A supressão do risco, em áreas classificadas, significa a retirada dos gases ou vapores inflamáveis através de ventilação ou inertização, e em caso de risco elétrico significa a desenergização do circuito a ser trabalhado (item 10.9.5). Quando o assunto é proteção contra incêndios e explosões, é preciso entender as classes de fogo, que são definidas pela NR 23, bem como o conceito de “áreas classificadas”. Acompanhe!

A NR 23, dispondo sobre Proteção Contra Incêndios, orienta que as classes de fogo são as listadas a seguir. Classe “A”: materiais de fácil combustão que queimam na superfície e profundidade, e deixam resíduos (madeira, tecidos, papel, fibras, etc.). Classe “B”: líquidos inflamáveis que queimam somente na superfície, e não deixam resíduos (óleos, graxas, tintas, solventes, vernizes, gasolina, éter, etc.). Classe “C”: equipamentos elétricos energizados (motores, transformadores, painéis de distribuição, fios, etc.).

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Sistema Elétrico: Circuito ou circuitos elétricos inter-relacionados destinados a atingir um determinado objetivo.

Classe “D”: elementos pirofóricos (magnésio, zircônio, titânio, etc.). A Classe “C” de incêndio é a que mais interessa quando se estuda instalações ou equipamentos elétricos. A água pura, em forma de espuma, ou em recipientes sob pressão (extintores de água pressurizada ou extintores água-gás), não pode ser utilizada no combate a incêndios Classe “C” devido à sua condutibilidade elétrica, podendo causar choques elétricos ou curtos-circuitos, tornando ainda mais grave o acidente. Apenas água pulverizada poderá ser utilizada, desde que existam os equipamentos necessários, manejados por combatentes treinados nesta modalidade de combate a incêndio. Para o combate com água, o sistema elétrico deverá ser desligado. Ryan McVay ([20--?])

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O combate correto a incêndios da “Classe C” será feito com extintores de Gás Carbônico (CO), e extintores de Pó Químico. Mas vale a pena observar que o Pó Químico pode ser prejudicial quando usado em salas de computadores ou de equipamentos telefônicos, visto que causa danos aos pequenos componentes eletrônicos desses equipamentos. Nesse caso, normalmente utilizam-se extintores de Gás Carbônico, que são eficientes sem causar danos materiais. Alguns sistemas fixos de CO são ativados automaticamente, em caso de incêndio, pela detecção através de sensores específicos (térmicos, infravermelho, fotoelétricos, ou de ionização). Nesse caso, o risco seria o da presença de pessoas nesses locais confinados, devido à possibilidade de asfixia pelo fato de o CO eliminar o oxigênio do ambiente ao expulsar a atmosfera respirável do recinto. Por isso, na presença de sistemas automáticos de CO , não é permitida a presença de pessoas no local. Áreas Classificadas O termo “Áreas Classificadas” (presente nos itens 10.9.2, 10.9.4 e 10.9.5), significa áreas passíveis de possuir atmosferas explosivas. Atmosferas explosivas são formadas por gases, vapores ou poeiras e oxigênio, na proporção correta que dependerá das características de cada produto, e que em presença de uma fonte de ignição causará incêndio ou explosão. O termo refere-se à classificação dessas áreas, em função do seu potencial de risco devido às substâncias inflamáveis presentes. Assim, esses ambientes podem ser divididos em três classes, que são ainda subdivididas em grupos e divisões (ou zonas, pela norma brasileira).


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O item 10.10.1 também refere-se à NR 26, que dispõe sobre sinalização de segurança e orienta a utilização das cores como meios identificadores de equipamentos de segurança, delimitando áreas e identificando riscos. As cores específicas também aparecem em associação com frases, desenhos e símbolos, com o objetivo de prevenção dos acidentes do trabalho.

DICA A correta identificação de circuitos elétricos leva à eficácia no desligamento dos circuitos corretos, seja por necessidades de manutenção, seja por manobras de emergência.

Figura 7: Roupa anti-chama

Acompanhe. Classe I – Gases e vapores, dividida em quatro grupos, de “A” a “D”, e algumas das substâncias são: acetileno, hidrogênio, butadieno, acetaldeído, eteno, monóxido de carbono, acetona, acrinonitrila, amônia, butano, benzeno, gasolina, etc. Classe II – Poeiras, dividida em três grupos, de “E” a “G”, sendo poeiras metálicas combustíveis, poeiras carbonáceas (carvão mineral, hulha), e poeira combustível, como farinha de trigo, ovo em pó, goma-arábica, celulose, vitaminas, etc. Classe III – Fibras combustíveis, como rayon, sisal, fibras de madeira, etc. Existe ainda uma classificação em que são consideradas as probabilidades de ocorrência da mistura explosiva, divisão 2 e 1 (pelas normas internacionais) e zonas 0, 1, e 2 (pelas normas brasileiras). As normas mencionadas são a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), IEC (International Electrotechnical Commission, europeia), NEC (National Electrical Code, americana), API (American Petroleum Institute) e NFPA, (National Fire Protection Association, americana).

Você conseguiu compreender os conceitos de áreas classificadas e as classes de incêndio? Portanto, você está preparado para seguir adiante! Agora, conheça o que diz a NR 10 sobre a sinalização obrigatória de segurança. 10.10 Sinalização de segurança 10.10.1 Nas instalações e serviços em eletricidade deve ser adotada sinalização adequada de segurança, destinada à advertência e à identificação, obedecendo ao disposto na NR 26 – Sinalização de Segurança, de forma a atender, entre outras, as situações a seguir: a) identificação de circuitos elétricos; b) travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e comandos; c) restrições e impedimentos de acesso; d) delimitações de áreas; e) sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veículos e de movimentação de cargas; f ) sinalização de impedimento de energização; e g) identificação de equipamento ou circuito impedido.

Antigamente não existia padronização de identificação de circuitos elétricos energizados, o que facilitava a ocorrência de acidentes. O mesmo se aplica à utilização de etiquetas e placas para a identificação de travamentos, bloqueios de dispositivos e de sistemas de manobras e comandos em instalações elétricas. iStockphoto ([20--?])

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Restrições e impedimentos de acesso e delimitações de áreas impedem a livre circulação de trabalhadores que não estejam diretamente envolvidos com as atividades presentes num determinado local, que consequentemente não estão suficientemente informados dos riscos ali existentes. Devem ser utilizados cartazes, cones, fitas, luzes, e até a própria viatura de manutenção, principalmente nos trabalhos na área urbana. Veja comentários dos itens 10.5 (Segurança em Instalações Elétricas Desenergizadas) e 10.2.8 (Medidas de Proteção Coletiva).

Amarelo – (Alta visibilidade) – Cuidado, no sentido de chamar a atenção, alertar, distinguir, advertir, em corrimãos, parapeitos, bordos desguarnecidos de abertura no solo, vigas colocadas em baixa altura, empilhadeiras, tratores, pontes rolantes, guindastes, na delimitação de circulação de máquinas e pedestres, no piso, e em combinação com listras pretas em fitas de sinalização zebradas. Hemera ([20--?])

Cores de sinalização em trabalhos de eletricidade Nos trabalhos em instalações elétricas é interessante ressaltar e resumir o emprego de algumas cores. Observe. Vermelho – Identificação de sistemas de combate a incêndio; como hidrantes, bombas, caixas de alarme, extintores e sua localização, tubulações da rede d’água de incêndio, portas de saída de emergência, etc. e excepcionalmente em situações de advertência de perigo, como luzes em barricadas e barreiras, e em botões interruptores de circuitos elétricos, em paradas de emergência. iStockphoto ([20--?])

Verde – Associado à segurança, em canalizações d’água, (verde claro – água potável; verde – água industrial), caixas de equipamento de socorro de urgência, chuveiros de segurança, lava olhos, emblemas de segurança, salas de curativos de urgência, etc. Laranja – (Alta visibilidade) – Alerta, em partes móveis de máquinas e equipamentos, faces internas de caixas protetoras de dispositivos elétricos, faces externas de polias e engrenagens, botões de arranque de segurança, dispositivos de corte, bordas de serras, prensas, etc. Púrpura – Riscos de exposição à radiação nuclear. Hemera ([20--?])

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Antes de iniciar o próximo tópico, é importante que você tenha em mente o conceito de “procedimento”, ou seja, da sequência de ações para realização de um determinado trabalho. Observe o que a norma menciona em relação a isto. 10.11 Procedimentos de trabalho 10.11.1 Os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados em conformidade com “Procedimentos” de trabalho específicos, padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo, assinado por profissional que atenda ao que estabelece o item 10.8 desta NR.

Procedimentos são o detalhamento das atividades intermediárias, operações necessárias e padronizadas para se realizar um trabalho, levando-se em conta as necessidades materiais e humanas, e a certeza de que o resultado final será alcançado respeitando as regras de qualidade e de segurança desejadas. Sua definição deve contar com a participação dos integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SEESMT), segundo a Norma Regulamentadora 4. 10.11.2 Todos os serviços em instalações elétricas devem ser precedidos de ordens de serviço específicas, aprovadas por trabalhador autorizado, contendo, no mínimo, o tipo, a data, o local e as referências aos procedimentos de trabalho a serem adotados.


Os trabalhos só podem ter início, ou existência real, se precedidos por uma ordem de serviço, que garanta as responsabilidades e procedimentos necessários. A assinatura de aprovação só terá validade se pertencer a um trabalhador autorizado. Wavebreak Media ([20--?])

10.11.6 Toda equipe deverá ter um de seus trabalhadores indicado e em condições de exercer a supervisão e condução dos trabalhos. 10.11.7 Antes de iniciar trabalhos em equipe, os seus membros, em conjunto com o responsável pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas no local, de forma a atender aos princípios técnicos básicos e às melhores técnicas de segurança aplicáveis ao serviço. 10.11.8A alternância de atividades deve considerar a análise de riscos das tarefas e a competência dos trabalhadores envolvidos, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho. Você já ouviu falar no documento de análise de risco? Análise de risco é uma ferramenta gráfica na qual uma atividade é analisada passo a passo, com cada passo associado a um responsável, identificando-se o(s) risco(s) correlatos. Como resultado, elabora-se a lista de controles necessários à neutralização de cada risco identificado. A análise de risco deve também contemplar, quando necessário, o modo de detecção dos riscos e as ações de emergência. Observe um exemplo! Tabela 2: Exemplo de passo referente à abertura de uma chave corta-circuito, dentro de uma atividade mais complexa

Passo 11

10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo, objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orientações finais. 10.11.4 Os procedimentos de trabalho, o treinamento de segurança e saúde e a autorização de que trata o item 10.8 devem ter a participação em todo o processo de desenvolvimento do Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SEESMT), quando houver. 10.11.5 A autorização referida no item 10.8 deve estar em conformidade com o treinamento ministrado, previsto no Anexo II desta NR.

Abrir a chave corta-circuito Descrição: Abrir as chaves utilizando a vara de manobra e observando a sequencia correta, ou seja: “Primeiro a chave da extremidade mais próxima da chave do meio, depois a chave da extremidade mais distante da chave do meio, e por último a chave do meio.”

Responsável

Riscos

Efeitos

Controle

▪▪ Usar luvas

▪▪ Eletricista

▪▪ Arco

elétrico

▪▪ Queimadura

isolantes de borracha para alta-tensão, capacete de segurança, óculos e botas de segurança;

▪ Entorse ▪▪ Manu▪▪ Postura ▪muscular sear firme e

corretamente a vara de manobra;

▪▪ Assumir

posição e postura corretas.

A análise de risco vai gerar os procedimentos de segurança necessários à realização de uma atividade! A seguir prepare-se para adquirir novos conhecimentos com a última seção desta unidade de estudos. Nela você vai conhecer o que diz a NR 10 sobre situações de emergência e divisão de responsabilidades.

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Seção 7

Situações de emergência e responsabilidades Para iniciar você saberá o que diz a norma com relação à situação de emergência. 10.12 Situação de emergência 10.12.1 As ações de emergência que envolvam as instalações ou serviços com eletricidade devem constar do plano de emergência da empresa.

O Plano de Emergência é uma ferramenta preventiva e prática que permite desencadear ações (de emergência) rápidas e eficazes, visando controlar e minimizar as consequências de eventos que colocam em risco as instalações industriais, meio ambiente, funcionários e a comunidade.

É possível listar várias formas de sinistros, como vazamento de gases tóxicos ou inflamáveis, vazamentos de líquidos voláteis, vazamentos de produtos tóxicos, incêndios, explosões, alagamentos, choques elétricos, etc. Acidentes em instalações elétricas normalmente causam incêndios, queimaduras, paradas cardiorrespiratórias, e muitas vezes é necessário o resgate de acidentados em altura (torres, postes) ou no interior de locais com dificuldade de acesso. Então, especificamente, empresas com possibilidades de acidentes em instalações ou serviços com eletricidade, devem observar que todo trabalhador deverá ser treinado em resgate de acidentados, primeiros socorros, reanimação cardiorrespiratória, e combate a incêndio, sendo capazes de uma perfeita utilização dos equipamentos de resgate e de extinção de incêndios. iStockphoto ([20--?])

10.12.2 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos a executar o resgate e prestar primeiros socorros a acidentados, especialmente por meio de reanimação cardiorrespiratória. 10.12.3 A empresa deve possuir métodos de resgate padronizados e adequados às suas atividades, tornando disponíveis os meios para a sua aplicação. 10.12.4 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos a manusear e operar equipamentos de prevenção e combate a incêndio existentes nas instalações elétricas. 10.13 Responsabilidades 10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento desta NR são solidárias aos contratantes e contratados envolvidos.

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Com relação ao item “10.13 – Responsabilidades”, a norma atualizada mostrou-se bem mais detalhada em relação ao envolvimento de todos, empresa contratante, contratadas, e trabalhadores no cumprimento dos artigos da norma. O termo solidário significa que todos os mencionados poderão responder juridicamente pelo não cumprimento dos artigos desta norma (item 10.13.1). 10.13.2 É de responsabilidade dos contratantes manter os trabalhadores informados sobre os riscos a que estão expostos, instruindo-os quanto aos procedimentos e medidas de controle contra os riscos elétricos a serem adotados. 10.13.3 Cabe à empresa, na ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo instalações e serviços em eletricidade, propor e adotar medidas preventivas e corretivas. 10.13.4 Cabe aos trabalhadores: a) zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas por suas ações ou omissões no trabalho; b) responsabilizar-se com a empresa pelo cumprimento das disposições legais e regulamentares, inclusive quanto aos procedimentos internos de segurança e saúde; e c) comunicar, de imediato, ao responsável pela execução do serviço às situações que considerar de risco para sua segurança e saúde e a de outras pessoas.


DICA Ato inseguro é tudo o que o trabalhador faz, voluntariamente ou não, e que pode provocar um acidente. São considerados atos inseguros imperícia, excesso de confiança, imprudência, exibicionismo, negligência, desatenção, brincadeiras no local de trabalho, etc. Condição Insegura é decorrente de situações existentes no ambiente de trabalho e que podem causar acidentes, como piso escorregadio, iluminação deficiente, excesso de ruído, falta de arrumação, instalações elétricas sobrecarregadas, máquinas defeituosas, matéria-prima de má qualidade, calçado ou vestimentas impróprios, falta de planejamento, jornada de trabalho excessiva, etc.

Direito de Recusa: Instrumento que assegura ao trabalhador a interrupção de uma atividade de trabalho por considerar que ela envolve um grave e iminente risco para sua segurança e saúde ou de outras pessoas.

O trabalhador não só tem o direito de ser informado, pela empresa, de todos os riscos a que estão expostos, e dos procedimentos de segurança e de controle de riscos correlatos, como também passa a estar legalmente envolvido com a responsabilidade de zelar pela própria integridade física e saúde, assim como a de seus companheiros de trabalho, obrigando-se a cumprir os procedimentos de segurança, procedimentos legais e regulamentos da empresa, e tendo a obrigação de comunicar possíveis situações de risco (atos ou condições inseguras) que possam afetar a sua integridade física e saúde e a de seus companheiros.

DICA As disposições finais da NR 10 dizem respeito mais uma vez aos direitos e deveres de trabalhadores e empregadores.

Acompanhe o último trecho da norma. 10.14 Disposições finais 10.14.1 Os trabalhadores devem interromper suas tarefas exercendo o “Direito de Recusa”, sempre que constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis.

O item 14.1 acrescenta um tópico importantíssimo à norma, pois exercendo o “direito de recusa” o trabalhador pode interromper sua atividade sempre que for constatada a condição de “risco grave e eminente” com relação a si ou a outras pessoas. A condição de “risco grave e eminente” é definida na Norma Regulamentadora 3 (Embargo ou Interdição) como toda condição ambiental de trabalho que possa causar acidente do trabalho ou doença profissional com lesão grave à integridade física do trabalhador.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Extrabaixa Tensão (EBT): Tensão não superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra.

Robert Marfin (2013), SENAI DN (2013)

10.14.2 As empresas devem promover ações de controle de riscos originados por outrem em suas instalações elétricas e oferecer, de imediato quando cabível, denúncia aos órgãos competentes. 10.14.3 Na ocorrência do não cumprimento das normas constantes nesta NR, o MTE adotará as providências estabelecidas na NR 3. 10.14.4 A documentação prevista nesta NR deve estar permanentemente à disposição dos trabalhadores que atuam em serviços e instalações elétricas, respeitadas as abrangências, limitações e interferências nas tarefas. 10.14.5 A documentação prevista nesta NR deve estar, permanentemente, à disposição das autoridades competentes. 10.14.6 Esta NR não é aplicável a instalações elétricas alimentadas por “Extrabaixa Tensão”.

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A Norma Regulamentadora nº 3 (Embargo ou Interdição) também é mencionada no item 10.14.3, no qual o Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE), através do Auditor Fiscal do Trabalho, pode embargar ou interditar total ou parcialmente qualquer instalação, ou parte de instalação que não esteja de acordo com a NR 10. Você está encerrando a primeira unidade do curso básico da Norma Regulamentadora 10! A intenção desta etapa é destacar a importância da NR 10 como força de combate aos acidentes e consequentemente como auxílio na saúde do trabalho em instalações e serviços em eletricidade. No decorrer desta unidade, você conheceu todo o texto da norma e seus comentários, passando por objetivos, campo de aplicação, medidas de controle, segurança em projetos e em instalações elétricas, alta tensão, habilitação de trabalhadores, proteção contra incêndio, sinalização, procedimentos de trabalho, situações de emergência e divisão de responsabilidades. É um texto abrangente e complexo como a própria NR 10. Nas próximas etapas você estudará estes conceitos de forma mais aplicada.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Unidade de estudo 2 Seções de estudo Seção 1 – Introdução aos riscos elétricos Seção 2 – Riscos em instalações e serviços com eletricidade Seção 3 – Técnicas de análise de riscos Seção 4 – Medidas de controle do risco elétrico Seção 5 – Proteção individual e coletiva Seção 6 – Normas Técnicas Brasileiras Seção 7 – Rotinas de trabalho


Riscos Elétricos Seção 1

Introdução aos riscos elétricos Uma forma brusca, porém verdadeira, de iniciar um estudo sobre segurança em eletricidade é informar que eletricidade pode ser fatal. O gráfico mostra a evolução de óbitos ligados ao sistema elétrico nacional. Observe. Manoela Boianovsky da Costa (2012)

Acidentes fatais Quantidade de pessoas

200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0

Qtde total Contratados Empregados

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

2007 2008 2009

2010

Figura 8: Acidentes fatais ocorridos no Sistema Elétrico de Potência (SEP) Fonte: Fundação COGE (2010)

Sempre que trabalhar com equipamentos elétricos, ferramentas manuais ou com instalações elétricas, você estará exposto aos riscos da eletricidade. Isso ocorre no trabalho, em casa e em qualquer outro lugar, afinal você está cercado por redes elétricas em todos os lugares.

O que ocorre O contato com partes energizadas da instalação pode fazer com que a corrente elétrica passe pelo corpo humano. Os resultados podem ser choque elétrico e queimaduras externas e internas. As consequências dos acidentes com eletricidade são muito graves, provocam lesões físicas e traumas psicológicos, e muitas vezes são fatais. Os incêndios originados por falhas ou desgaste das instalações elétricas são outro viés negativo.

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iStockphoto ([20--?])

iStockphoto ([20--?])

Definição de tensões A NR 10 estabelece os requisitos e as condições mínimas para as medidas de controle e sistemas preventivos relacionados a instalações que operam em extrabaixa tensão, baixa tensão e alta tensão. Sob a ótica da NR 10, são instalações de alta tensão aquelas que operam com tensão superior a 1.000 volts em corrente alternada ou 1.500 volts em corrente contínua. Acima dos valores estipulados, os critérios de segurança são, no mínimo, os definidos pela NR 10.

Em relação à baixa tensão, as normas do Ministério do Trabalho e Emprego (normas regulamentadoras) e as da Associação Brasileira de Normas Técnicas (normas técnicas) são idênticas à NR 10 e definem “baixa tensão” como superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1.000 volts em corrente alternada ou 1.500 volts em corrente contínua. As extrabaixas tensões, por sua vez, são as tensões não-superiores a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua. Aqui você pôde perceber a importância de saber como se proteger quando manusear a eletricidade. Na próxima seção você estudará os riscos elétricos propriamente ditos, com a adoção de respectivos procedimentos e medidas de controle. Seu estudo e disciplina vão gerar segurança para a vida de muitas outras pessoas, incluindo você. Pense nisso!

Seção 2

Riscos em instalações e serviços com eletricidade Existem diferentes tipos de riscos elétricos, devido aos efeitos da eletricidade no ser humano e no meio ambiente. Os principais são o choque elétrico, o arco elétrico, a exposição aos campos eletromagnéticos e o incêndio. Confira na sequência os malefícios que pode causar a eletricidade.

▪▪ Choque elétrico: é o principal e mais grave risco elétrico derivado

das redes de energia elétrica. O choque elétrico decorre da corrente elétrica, ou seja, o fluxo de elétrons que circula quando existe um caminho denominado circuito elétrico, estabelecido entre dois pontos com potenciais elétricos diferentes, como um condutor energizado e a terra. Se você encostar em ambos simultaneamente formará o circuito elétrico e permitirá que a corrente circule através do seu corpo.

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Atualmente os condutores energizados perfazem milhões de quilômetros, portanto aleatoriamente o defeito (ruptura ou fissura da isolação) aparecerá em algum lugar, produzindo um potencial de risco ao choque elétrico. Assim, a compreensão do mecanismo do efeito da corrente elétrica no corpo humano é fundamental para a efetiva prevenção e o combate aos riscos provenientes do choque elétrico. Hemera ([20--?])

Concluindo, o choque elétrico é a perturbação de natureza e efeitos diversos que se manifesta no organismo humano quando este é percorrido por uma corrente elétrica. Os efeitos do choque elétrico variam e dependem dos fatores a seguir:

▪▪ percurso da corrente elétrica pelo corpo humano;

▪▪ intensidade da corrente elétrica; ▪▪ tempo de duração; ▪▪ área de contato; ▪▪ frequência da corrente elétrica; ▪▪ tensão elétrica; ▪▪ condições da pele do indivíduo; ▪▪ constituição física do indivíduo; ▪▪ estado de saúde do indivíduo.

Tipos de choques elétricos Em termos de riscos fatais, o choque elétrico pode ser analisado sob dois aspectos. Acompanhe! 1. Correntes de choques de baixa intensidade, provenientes de acidentes com baixa tensão, sendo o efeito mais grave a considerar as paradas cardíacas e respiratórias. 2. Estas cargas elétricas residuais podem estar presentes em acumuladores ou capacitores e pode também estar presente de forma indevida em máquinas e equipamentos que não estejam aterrados. 3. Correntes de choques de alta intensidade, provenientes de acidentes com alta tensão, sendo o efeito térmico o mais grave, isto é, queimaduras externas e internas no corpo humano.

O choque elétrico pode ser dividido em duas categorias, estático e dinâmico. Saiba mais sobre eles!

Choque estático Ocorre devido à descarga eletrostática, ou seja, pela descarga de cargas elétricas residuais existentes em equipamentos. Um exemplo típico é o que acontece em veículos que se movem em climas secos. Com o movimento, o atrito com o ar gera cargas elétricas que se acumulam ao longo da estrutura externa do veículo. Portanto, entre o veículo e o solo passa a existir uma diferença de potencial. Dependendo do acúmulo das cargas, poderá haver o perigo de faiscamentos ou de choque elétrico no instante em que uma pessoa desce ou toca no veículo.

Choque dinâmico É o que ocorre quando se faz contato com um elemento energizado. Este tipo de choque acontece em duas ocasiões:

▪▪ toque acidental na parte metálica

do condutor denominada “parte viva”;

▪▪ toque em partes condutoras

próximas aos equipamentos e instalações, que fiquem energizadas acidentalmente por defeito, fissura ou rachadura na isolação. Este tipo de choque é o mais perigoso, porque a rede de energia elétrica mantém a pessoa energizada, ou seja, a corrente de choque persiste continuadamente. O corpo humano é um organismo resistente, que suporta bem o choque elétrico nos primeiros instantes, mas com a persistência da corrente atravessando o corpo, os órgãos internos sofrem consequências gradativas, como as destacadas a seguir:

▪▪ elevação da temperatura dos

órgãos devido ao aquecimento produzido pela corrente de choque;

▪▪ tetanização (rigidez) dos músculos; ▪▪ superposição da corrente do

choque com as correntes neurotransmissoras que comandam o organismo humano, ocasionando movimentos bruscos e involuntários;

▪▪ comprometimento do coração

quanto ao ritmo de batimento cardíaco e à possibilidade de fibrilação ventricular;

▪▪ efeito de eletrólise, mudando a qualidade do sangue;

▪▪ comprometimento da respiração; ▪▪ prolapso, isto é, deslocamento dos músculos e órgãos internos da sua devida posição;

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▪▪ comprometimento de outros

Manoela Boianovsky da Costa (2012)

órgãos, como rins, cérebro, vasos, órgãos genitais e reprodutores.

IF

IF

Muitos órgãos aparentemente sadiossó vãoapresentarsintomas devido aos efeitos da corrente muitos dias ou meses depois de ocorrido o choque elétrico. As sequelas muitas vezes não são relacionadas ao choque em virtude do espaço de tempo decorrido desde o acidente.

R2

Tensão de toque Tensão de toque é a tensão elétrica (diferença de potencial) existente entre os membros superiores e inferiores do indivíduo, devido à circulação de corrente no objeto tocado. Por exemplo, um defeito de ruptura na cadeia de isoladores de uma torre de transmissão provoca a tensão de toque. O cabo condutor ao tocar na parte metálica da torre produz um curto-circuito do tipo monofásico a terra. A corrente de curto-circuito passará pela torre, entrará na terra e percorrerá o solo até atingir a malha da subestação, retornando pelo cabo da linha de transmissão até o local do curto. A figura mostra a situação e o circuito elétrico equivalente. No solo, a corrente de curto-circuito gerará potenciais distintos desde o“pé” da torre até uma distância remota. Este potencial é apresentado pela curva da figura.

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Ichoque Rc

2

Curva do potencial em relação a um ponto remoto na terra durante a falta

Rch Ichoque

1m

Os choques dinâmicos podem ser causados pela tensão de toque ou pela tensão de passo. Acompanhe!

Vtoque R1

Vtoque

Rcorpo humano

Rc

2

R1

R2

Figura 9: Tensão de toque

Uma pessoa tocando na torre no momento do curto-circuito ficará submetida a um choque proveniente da tensão de toque. Entre a palma da mão e o pé haverá uma diferença de potencial chamada de tensão de toque. Por norma, e nos projetos de sistema de aterramento, considera-se a pessoa afastada a um metro do equipamento em que está tocando com a mão. Neste caso, a resistência R1 representa a resistência da terra do “pé” da torre até a distância de 1 metro. O restante do trecho da terra é representado pela resistência R2. A resistência do corpo humano para corrente alternada de 50 ou 60 Hz (no caso de pele suada), submetida a uma tensão de toque maior que 250 V fica saturada em 1.000 ohms. Cada pé em contato com o solo terá uma resistência de contato representada por R contato. Assim, a tensão de toque é expressa pela fórmula a seguir.

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V toque = (R corpo humano + R contato ÷ 2) I choque

O aterramento no “pé” da torre só estará adequado se, no instante do curto-circuito monofásico a terra, a tensão de toque ficar abaixo do limite de tensão para não causar fibrilação ventricular. A tensão de toque é perigosa porque o coração está no trajeto da corrente de choque, aumentando o risco de fibrilação ventricular.

Tensão de passo A tensão de passo é a tensão elétrica (diferença de potencial) entre os dois pés no instante da operação ou defeito tipo curto-circuito monofásico a terra no equipamento. A figura mostra a situação e o circuito elétrico equivalente.


No caso da torre de transmissão, a pessoa receberá entre os dois pés a tensão de passo. Nos projetos de aterramento considera-se a distância de um metro entre os dois pés. Manoela Boianovsky da Costa (2012)

IF R1

IF Vpasso

R3

Vpasso

Ich

Ichoque Rcontato

Rcorpo humano Rc

R1

R2

Rcontato Rcorpo humano

R2

Rcontato R3

Figura 10: Tensão de passo

Pela figura apresentada, obtém-se a expressão seguinte. V passo = (R corpo humano + 2R contato) I choque

O aterramento só será bom se a tensão de passo for menor do que o limite de tensão de passo, para não causar fibrilação ventricular no ser humano. A tensão de passo é menos perigosa do que a tensão de toque. Isso se deve ao fato de o coração não estar no percurso da corrente de choque quando o corpo é submetido à tensão de passo. Esta corrente vai de pé em pé, mas mesmo assim é também perigosa. As veias e artérias vão da planta do pé até o coração. Por esse motivo, a tensão de passo é também perigosa e pode provocar fibrilação ventricular. Observe que as tensões geradas no solo pelo curto circuito criam superfícies eqüipotenciais.

Se a pessoa estiver com os dois pés na mesma superfície de potencial, a tensão de passo será nula, não havendo choque elétrico. Confira!

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Manoela Boianovsky da Costa (2012)

Vpasso Ichoque =

Vpasso Vchoque (Rcorpo + 2Rcontato)

Figura 11: Tensão de passo e seus valores

A tensão de passo poderá assumir uma gama de valores, que vai de zero até a máxima diferença entre duas superfícies equipotenciais separadas de um metro. Um agravante é que a corrente de choque devido à tensão de passo contrai os músculos da perna e coxa, fazendo a pessoa cair e, ao tocar no solo com as mãos, a tensão se transforma em tensão de toque no solo. Nesse caso, o risco é maior, porque o coração está contido no percurso da corrente de choque. No gado, a tensão de passo se transforma em tensão entre patas. Essa tensão é maior que a tensão de passo do homem, com o agravamento de que no gado a corrente de choque passa pelo coração.

Fatores determinantes da gravidade do choque Os principais fatores que determinam a gravidade do choque elétrico são os seguintes:

▪▪ trajeto da corrente elétrica; ▪▪ características da corrente elétrica; ▪▪ resistência elétrica do corpo humano.

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Efeitos dos choques elétricos em função do trajeto O trajeto que a corrente faz pelo corpo influencia nas consequências do acidente por choque elétrico. Isso é um dado importante, já que é mais fácil prestar socorro a uma pessoa que apresente asfixia do que a uma pessoa com fibrilação ventricular – neste caso é exigido um processo de reanimação por massagem cardíaca que nem toda pessoa que está prestando socorro sabe realizar. A tabela apresenta os prováveis locais por onde se poderá dar o contato elétrico, o trajeto da corrente elétrica e a porcentagem de corrente que passa pelo coração.


Tabela 3: Trajeto de corrente elétrica e porcentagem de corrente que passa pelo Coração

Local de entrada

Trajeto

Porcentagem da corrente

Figura A

Da cabeça para o pé direito

9,7%

Figura B

Da mão direita para o pé esquerdo

7,9%

Figura C

Da mão direita para a mão esquerda

1,8%

Figura D

Da cabeça para a mão esquerda

1,8%

Características da corrente elétrica Corrente contínua (CC) A fibrilação ventricular só ocorrerá se a corrente contínua for aplicada durante um instante curto, específico e vulnerável do ciclo cardíaco.

Efeitos de choques elétricos em função do tempo de contato e intensidade de corrente A relação entre tempo de contato e intensidade de corrente é extremamente relevante nos acidentes por choque elétrico. Como se observa no gráfico, a norma NBR 6533, da ABNT, define cinco zonas de efeitos para correntes alternadas de 15 a 100 Hz, admitindo a circulação entre as extremidades do corpo em pessoas que pesem 50 kg. Manoela Boianovsky da Costa (2012)

Corrente alternada (CA) Correntes com frequências entre 20 e 100 Hz, são as que oferecem maior risco. As de 60 Hz, normalmente usadas nos sistemas de fornecimento de energia elétrica, são especificamente mais perigosas, uma vez que se situam próximo à frequência na qual a possibilidade de ocorrência da fibrilação ventricular é maior. Para correntes alternadas de frequências elevadas, acima de 2.000 Hz, as possibilidades de ocorrência de choque elétrico são pequenas, contudo, ocorrerão queimaduras, devido ao fato de a corrente tender a circular pela parte externa do corpo, ao invés da interna.

10000

a

T (ms)

5000

b

c

d

2000 1000 500

1

200

3

2

4

5

100 50 20 10 0.1

0.2

0.5

1

2

5

10

20

50

100

200 500 1000 2000 5000 10000 I (mA)

Figura 12: Choques elétricos em função do tempo de contato e intensidade de corrente

Zona 1 – Habitualmente nenhuma reação. Zona 2 – Habitualmente nenhum efeito patofisiológico perigoso. Zona 3 – Habitualmente nenhum risco de fibrilação. Zona 4 – Fibrilação possível (probabilidade de até 50%). Zona 5 – Risco de fibrilação (probabilidade superior a 50%).

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Observe o exemplo do toque acidental de um dedo com um ponto energizado de um circuito elétrico. Quando a pele estiver seca, uma resistência de 400.000 ohms; quando úmida, uma resistência de apenas 15.000 ohms. Usando a lei de Ohm e considerando que o contato foi feito em um ponto do circuito elétrico que representa uma diferença de potencial de 120 volts, o resultado será. Quando seca: I = 120 V ÷ 400.000 = 0,3 mA Quando molhada: I = 120 V ÷ 15.000 = 8 mA

Ao estar com cortes, a pele também pode oferecer uma baixa resistência. A resistência oferecida pela parte interna do corpo, constituída pelo sangue, músculos e demais tecidos, comparativamente à da pele é bem baixa, medindo normalmente 300 ohms, em média, e apresentando um valor máximo de 500 ohms. Todas estas diferenças são condições que influem muito na possibilidade de uma pessoa vir a sofrer um choque elétrico.

Manoela Boianovsky da Costa (2012)

Hemera ([20--?])

Figura 13: Espraiamento de corrente do choque elétrico

Resistência elétrica do corpo humano A intensidade da corrente que circulará pelo corpo da vítima dependerá, em muito, da resistência elétrica que esta oferece à passagem da corrente, e de qualquer outra resistência adicional entre a vítima e a terra. A resistência que o corpo humano oferece à passagem da corrente é quase que exclusivamente devida à camada externa da pele, a qual é constituída de células mortas. Esta resistência está situada entre 100.000 ohms e 600.000 ohms, quando a pele encontra-se seca e não apresenta cortes. A variação apresentada é em função da espessura. Quando a pele, no entanto, encontra-se úmida, condição mais facilmente encontrada na prática, a resistência elétrica do corpo pode ser muito baixa, atingindo 500 ohms. Esta baixa é originada pelo fato de que a corrente pode então passar pela camada interna da pele, que apresenta menor resistência elétrica.

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DICA O termo “corrente de largar” reflete o valor máximo de corrente que uma pessoa pode suportar quando estiver segurando um objeto energizado e ainda ser capaz de largá-lo pela ação de músculos diretamente estimulados por esta corrente.

Espraiamento de corrente do choque elétrico Devido à diferença da resistência elétrica e de seções transversais das várias regiões do corpo humano, a corrente que provoca o choque elétrico sofre, dentro de um indivíduo, uma distribuição diferenciada, ou um espraiamento, como mostra a figura.

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Portanto, o efeito da corrente do choque se dá de maneira diferenciada no corpo humano. Desse modo, os efeitos térmicos são mais intensos nas regiões de alta densidade de corrente, podendo produzir queimaduras de alto risco. Já na área de baixa densidade de corrente o calor produzido é pequeno. Em virtude da área da região do tórax ser maior, a densidade de corrente é pequena, diminuindo os efeitos térmicos de contração e fibrilação no coração. Isso é positivo do ponto de vista da segurança humana. O espraiamento pode ser na forma de macrochoque ou microchoque. O macrochoque é definido quando a corrente do choque entra no corpo humano pelo lado externo. A corrente entra pela pele, invade o corpo e sai novamente pela pele. O valor da corrente elétrica não depende somente do nível da diferença de potencial do choque. Para uma mesma tensão, a corrente vai depender do estado da pele.


▪▪ Perturbação do sistema nervoso. DICA O macrochoque é o choque comum, sentido pelas pessoas. Qualquer pessoa ao encostar num local energizado, ou num equipamento elétrico com defeito na sua isolação, ficará à mercê do macrochoque.

Já o microchoque é o choque elétrico que ocorre no interior do corpo humano. É o tipo de choque que ocorre por defeito em equipamento médico-hospitalar. Qualquer equipamento invasivo, usado para analisar, diagnosticar ou monitorar qualquer órgão humano, poderá produzir microchoque. Este choque poderá ocorrer entre um condutor interno e a pele, ou entre dois condutores internos no corpo. A resistência elétrica nestas condições é muito baixa, aumentando o perigo do choque.

Efeitos do choque no indivíduo O choque elétrico provoca os efeitos relacionados a seguir.

▪▪ Parada respiratória – inibição dos

centros nervosos, inclusive dos que comandam a respiração.

▪▪ Parada cardíaca – alteração no ritmo cardíaco, podendo produzir fibrilação e uma consequente parada.

▪▪ Necrose – resultado de quei-

maduras profundas produzidas no tecido.

▪▪ Eletrólise – alteração no sangue provocada por efeitos térmicos e eletrolíticos da corrente elétrica.

▪▪ Tetanização – paralisia muscular provocada pela passagem de corrente elétrica nos nervos que controlam a movimentação dos músculos.

▪▪ Sequelas em vários órgãos do corpo humano.

iStockphoto ([20--?])

Fibrilação ventricular no coração humano é um fenômeno diferente da parada cardíaca, mas com consequências idênticas. Na fibrilação ventricular as fibras musculares do coração ficam tremulando desordenadamente, havendo, desta forma, uma total ineficiência no bombeamento do sangue.

Queimadura devido ao choque elétrico Quando uma corrente elétrica passa através de uma resistência elétrica é liberada uma energia térmica. Este fenômeno é denominado efeito Joule.

É importante lembrar que, se o choque elétrico for devido ao contato direto com a tensão da rede, todas as manifestações podem ocorrer. Para os choques elétricos devido à tensão de toque e à de passo impostas pelo sistema de aterramento durante o defeito na rede elétrica, a manifestação mais importante a ser considerada é a fibrilação ventricular do coração, que será abordada mais adiante.

Você sabe as diferenças entre parada cardíaca e fibrilação ventricular?Importante esta pergunta! Veja a seguir exatamente o que significa cada uma delas. Parada cardíaca é a falta total de funcionamento do coração. Quando ele está efetivamente parado, o sangue não é mais bombeado, a pressão cai a zero e a pessoa perde os sentidos. Nesse estado, as fibras musculares estão inativas, interrompendo o batimento cardíaco.

E térmica = R corpo humano . I2 choque . t choque Onde: R corpo humano - Resistência elétrica (ohms) do corpo humano. Ou, se for o caso, só a resistência de parte do corpo, do músculo ou órgão afetado I choque - Corrente elétrica do choque (A). t choque - Tempo do choque (s). E térmica -Energia em joules (J) liberada no corpo humano.

O calor liberado aumenta a temperatura da parte atingida do corpo humano, podendo produzir vários efeitos e sintomas, que podem ser os seguintes:

▪▪ queimaduras de 1º, 2º ou 3º graus nos músculos do corpo;

▪▪ aquecimento do sangue, com a sua consequente dilatação;

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▪▪ aquecimento, podendo provocar o derretimento dos ossos e cartilagens;

▪▪ queima das terminações nervosas e sensoriais da região atingida;

▪▪ queima das camadas adiposas

ao longo da derme, tornando-se gelatinosas. iStockphoto ([20--?])

A queimadura também é provocada de modo indireto, isto é, devido ao mau contato ou a falhas internas no aparelho elétrico. Neste caso, a corrente provoca aquecimentos internos, elevando a temperatura em níveis perigosos.

Proteção contra efeitos térmicos Tanto as pessoas quanto os componentes fixos de uma instalação elétrica e os materiais fixos próximos devem ser protegidos contra os efeitos prejudiciais do calor ou da irradiação térmica produzidos pelos equipamentos elétricos. Isso vale particularmente nos seguintes casos:

▪▪ riscos de queimaduras; ▪▪ prejuízos no funcionamento seguro de componentes da instalação; ▪▪ combustão ou deterioração de materiais.

Proteção contra queimaduras

Essas condições não acontecem isoladamente, mas sim associadas, gerando em consequência outras causas e efeitos nos demais órgãos. O choque de alta tensão queima, danifica, fazendo buracos na pele nos pontos de entrada e saída da corrente pelo corpo humano. As vítimas do choque de alta-tensão morrem devido, principalmente, a queimaduras. E as que sobrevivem ficam com sequelas, como os exemplos a seguir:

▪▪ perda de massa muscular; ▪▪ perda parcial de ossos; ▪▪ diminuição e atrofia muscular; ▪▪ perda da coordenação motora; ▪▪ cicatrizes, entre outras. Choques elétricos em baixa tensão, por outro lado, têm pouco poder térmico. O problema maior é o tempo de duração, que, se persistir, pode levar à morte, geralmente por fibrilação ventricular do coração.

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As partes acessíveis de equipamentos elétricos situados na zona de alcance normal não devem atingir temperaturas que possam causar queimaduras em pessoas. Devem também atender aos limites de temperaturas, ainda determinados pela NBR 14039, e devem ser protegidas contra qualquer contato acidental. Tabela 4: NBR 14039 - Temperaturas máximas das superfícies externas dos equipamentos elétricos dispostos no interior da zona de alcance normal

Tipo de superfície

Temperaturas máximas (°C)

Superfície de alavancas, volantes ou punhos de dispositivos de controle manuais: Metálicas

55

Não-metálicas

65

Superfícies previstas para serem tocadas em serviço normal, mas não destinadas a serem mantidas à mão de forma contínua: Metálicas

70

Não-metálicas

80

Superfícies acessíveis, mas não destinadas a serem tocadas em serviço normal: Metálicas

80

Não-metálicas

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Até agora você já conheceu uma parte dos riscos elétricos, a corrente elétrica no corpo e alguns efeitos dela, como a liberação de calor. A seguir, você conhecerá um fenômeno de alto risco chamado arco elétrico, ou arco voltaico. Acompanhe!

Arco elétrico Toda vez que ocorre a passagem de corrente elétrica pelo ar ou por outro meio isolante (óleo, por exemplo) está ocorrendo um arco elétrico, conforme mostra a figura. Wallace Fontes (2012)

O arco elétrico, também chamado de arco voltaico, é uma ocorrência de curtíssima duração (menor que 0,5 segundo), e muitos são tão rápidos que o olho humano não chega a perceber. Os arcos elétricos são extremamente quentes. Sua temperatura pode alcançar 20.000°C. Pessoas que estejam no raio de alguns metros de um arco podem sofrer severas queimaduras. Os arcos elétricos são eventos de múltipla energia. Forte explosão e energia acústica acompanham a intensa energia térmica. Em determinadas situações, uma onda de pressão também pode se formar, sendo capaz de atingir quem estiver próximo ao local da ocorrência.

Consequências de arcos elétricos (queimaduras e quedas) Caso ocorra centelha ou arco, a temperatura deste será tão alta que poderá destroir os tecidos do corpo.

Também podem desprender-se partículas incandescentes, perigosas aos olhos. O arco pode ser causado por fatores relacionados a equipamentos, ao ambiente ou a pessoas. Podem ocorrer, por exemplo, quando trabalhadores movimentam-se de forma insegura ou manejam ferramentas, instrumentos ou materiais condutores próximos de instalações energizadas. Outras causas podem estar relacionadas a equipamentos, e incluem falhas em partes condutoras que integram ou não os circuitos elétricos. Causas relacionadas ao ambiente incluem a contaminação por sujeira ou água, ou ainda pela presença de insetos ou outros animais (gatos ou ratos que provocam curtos-circuitos em barramentos de painéis ou subestações). A severidade da lesão para as pessoas na área onde ocorre a falha depende da energia liberada pelo arco, da distância que separa as pessoas do local e do tipo de roupa que utilizam. As mais sérias queimaduras por arco voltaico envolvem a queima da roupa da vítima pelo calor do arco elétrico. Tempos relativamente longos (30 a 60 segundos, por exemplo) de queima contínua de uma roupa comum aumentam tanto o grau da queimadura quanto a área total atingida no corpo. Isso afeta diretamente a gravidade da lesão e a própria sobrevivência da vítima A proteção para evitar danos ocasionados pelo arco depende do cálculo da energia que pode ser liberada no caso de um curto-circuito. As vestimentas de proteção adequadas devem cobrir todas as áreas que possam estar expostas à ação das energias oriundas do arco elétrico. Portanto, muitas vezes, além da cobertura completa do corpo, elas devem incluir capuzes.

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Leal ([20--?])

Existem algumas medidas para garantir a proteção contra os perigos resultantes de faltas por arco. Acompanhe!

▪▪ Utilização de um ou mais dos

seguintes meios: dispositivos de abertura sob carga; chave de aterramento resistente ao curto-circuito presumido; sistemas de intertravamento; fechaduras com chaves não intercambiáveis.

▪▪ Corredores operacionais tão curtos, altos e largos quanto possível.

▪▪ Coberturas sólidas ou barreiras ao invés de coberturas ou telas.

▪▪ Equipamentos ensaiados para resistir aos arcos internos.

▪▪ Emprego de dispositivos limitadores de corrente.

▪▪ Seleção de tempos de interrupção

muito curtos, o que pode ser obtido através de relés instantâneos ou através de dispositivos sensíveis a pressão, luz ou calor, atuando em dispositivos de interrupção rápidos.

▪▪ Operação da instalação. O que agora parece óbvio nem sempre foi observado! Em determinadas situações uma análise de risco bem-feita indica a necessidade de uma vestimenta de proteção contra o arco elétrico, conforme demonstrada na figura.

Pressão Além dos riscos de exposição aos efeitos térmicos do arco elétrico, também está presente o risco de ferimentos e quedas decorrentes das ondas de pressão que podem se formar pela expansão do ar. Na ocorrência de um arco elétrico, uma onda de pressão pode empurrar e derrubar o trabalhador que está próximo da origem do acidente. Essa queda pode resultar em lesões mais graves se o trabalho estiver sendo realizado em alturas, o que é comum em diversos tipos de instalações.

Proteção contra perigos resultantes de faltas por arco Os dispositivos e equipamentos que podem gerar arcos durante a sua operação devem ser selecionados e instalados de forma a garantir a segurança das pessoas que trabalham nas instalações.

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Campos eletromagnéticos O termo “campo” indica que em um determinado espaço existe uma força que pode ser responsável pelo movimento de corpos nele inseridos. O campo gravitacional da lua, que determina a subida da maré, é um exemplo do conceito de campo. Além do campo gravitacional, temos o campo elétrico, o magnético e eletromagnético.


O campo elétrico se caracteriza pela presença de corpos eletrizados, ou seja, ao redor de corpos eletrizados existe uma região que irá exercer força elétrica em outros corpos inseridos na mesma região. O valor do campo depende da distância em relação ao corpo eletrizado é e medido em Volts/metro. Manoela Boianovsky da Costa (2012)

DICA A queda de um raio é um bom exemplo de formação de campos eletromagnéticos na atmosfera. Como a corrente do raio sofre variação no tempo, ela cria campos elétricos e magnéticos no espaço ao redor do canal de corrente entre a nuvem e o solo.

As manifestações dos dois campos são sentidas nas linhas elétricas ou de telecomunicações próximas, evidencian do que o campo se propaga no ar. Nas linhas aparecem sobretensões (tensões induzidas) como consequência dos campos eletromagnéticos causados pelos raios.

+q

Figura 14: Quadro da linha de força do campo e das superfícies equipotenciais em torno de uma esfera carregada de eletricidade.

O campo magnético se caracteriza pela presença de um fluxo magnético, provocado por ímãs ou eletroímãs, em uma determina região. O fluxo magnético consegue magnetizar corpos metálicos nele inseridos determinando o aparecimento de forças de origem magnética. O fluxo magnético ou campo magnético é medido em Tesla ou em Gauss. Um fenômeno importante da eletricidade está associado a campos magnéticos variáveis. Eles criam campos elétricos variáveis. O inverso também ocorre, dando origem aos campos eletromagnéticos. As figuras demonstram como se representam os campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos. Manoela Boianovsky da Costa (2012)

Dois efeitos ocorrem nos seres humanos a partir dos campos eletromagnéticos: o campo elétrico provoca a formação de uma carga sobre a superfície da pele, e o magnético causa fluxo de correntes circulando em todo corpo.

Normalmente estes efeitos não são prejudiciais ao seres humanos, mas, quando muito intensos, decorrentes de campos muito intensos, podem ocorrer disfunções em implantes eletrônicos (marca passo e dosadores de insulina), além da circulação de correntes em próteses metálicas, a ponto de provocar aquecimento. Também merece atenção a indução elétrica. Esse fenômeno pode ser particularmente importante quando há diferentes circuitos próximos uns dos outros.

Figura 15: Representação gráfica plana do campo de uma linha fibrilar de alta tensão.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Estais: significa utilizar um cabo ou vergalhão esticado que permite equilibrar um elemento vertical (andaime) em pé.

A passagem da corrente elétrica em condutores gera um campo eletromagnético que, por sua vez, induz uma corrente elétrica em condutores próximos. Assim, pode ocorrer a passagem de corrente elétrica em um circuito desenergizado se ele estiver próximo a outro circuito energizado.

que concerne a defeito nas costuras, rebites, argolas, mosquetões, molas e travas, bem como quanto à integridade da carneira e da jugular.

▪▪ Ferramentas, peças e equipamentos devem ser levados para o alto apenas em bolsas especiais, evitando o seu arremesso. iStockphoto ([20--?])

DICA Por isso é fundamental que você, além de desligar o circuito no qual vai trabalhar, confira, com equipamentos apropriados (voltímetros ou detectores de tensão), se o circuito está efetivamente sem tensão.

Até o momento você estudou uma série de riscos elétricos e como lidar com eles. Mas existem ainda os chamados riscos adicionais que, além dos elétricos, são específicos de cada ambiente ou processo de trabalho. Direta ou indiretamente, estes riscos também podem afetar a segurança e a saúde dos que trabalham com eletricidade. Portanto, fique atento neste conteúdo que você estudará na sequência!

Riscos adicionais – Classificação Altura Você sabia que em trabalhos com energia elétrica feitos em alturas, é importante seguir algumas instruções de segurança fundamentais? Sim, é isto mesmo! A seguir, você irá conhecê-las!

▪▪ É obrigatório o uso do cinto de segurança e do capacete com jugular.

▪▪ Os equipamentos do item anterior devem ser inspecionados pelo trabalhador antes do seu uso, no

Quando for imprescindível o uso de andaimes tubulares em locais próximos à rede elétrica, eles devem seguir os requisitos na sequência:

▪▪ respeitar as distâncias de segurança, principalmente durante as operações de montagem e desmontagem;

▪▪ estar aterrados; ▪▪ ter as tábuas da(s) plataforma(s)

com, no mínimo, uma polegada de espessura, travadas e que nunca ultrapassem o andaime;

▪▪ ter base com sapatas; ▪▪ ter guarda-corpo de noventa

centímetros de altura em todo o perímetro com vãos máximos de trinta centímetros;

▪▪ ter cinturão de segurança tipo pára-quedista para alturas iguais ou superiores a 2 metros;

▪▪ ter estais a partir de 3 metros e a cada 5 metros de altura.

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Manuseio de escada simples e de extensão Observe as instruções de segurança no uso de escadas:

▪▪ inspecione visualmente a escada

antes de usá-la, a fim de verificar se apresenta rachaduras, degraus com jogo ou soltos, corda desajustada, montantes descolados;

▪▪ se houver qualquer irregularidade, deve ser entregue ao superior imediato para reparo ou troca;

▪▪ deve ser manuseada sempre com luvas;

▪▪ não podendo amarrar a escada (como em uma fachada de prédio), mantenha o companheiro no pé dela, segurando-a. Percebeu como são importantes estes detalhes para que você mantenha sua integridade física? Vamos seguir aprendendo com os cuidados nos ambientes confinados!

Ambientes confinados São locais com acesso e movimentação dificultados; reduzida ou nenhuma ventilação/iluminação e, em alguns casos, com a presença de vapores que podem causar intoxicação. Nas atividades que exponham os trabalhadores a riscos de asfixia, explosão, intoxicação e doenças do trabalho devem ser adotadas medidas especiais de proteção. Confira! iStockphoto ([20--?])

▪▪ limpe sempre a sola do calçado antes de subir;

▪▪ ao transportá-la em veículos,

coloque-a com cuidado nas gavetas ou nos ganchos-suportes, devidamente amarrada;

▪▪ ao subir ou descer, conservese de frente para ela, segurando firmemente os montantes;

▪▪ trabalhe somente depois de a

escada estar firmemente amarrada, utilizando o cinto de segurança e com os pés apoiados sobre os seus degraus;

▪▪ a escada deve ser conservada com verniz ou óleo de linhaça;

▪▪ cuidado ao atravessar as vias

públicas, observando que ela deverá ser conduzida paralelamente ao meio-fio;

▪▪ ao instalar a escada, observe que a distância entre o suporte e o pé da escada seja de aproximadamente ¼ do seu comprimento;

▪▪ antes de subir ou descer, exija

um companheiro ao pé da escada para segurá-la. Somente o dispense depois de amarrar a escada;

▪▪ instalar a escada usando o pé direto para o apoio e a mão fechando por cima do degrau, verificando o travamento da extensão;

▪▪ Treinamento e orientação para os trabalhadores quanto aos riscos a

que estão submetidos, a forma de preveni-los e o procedimento a ser adotado em situação de risco.

▪▪ Nos serviços em que se utilizem produtos químicos, os trabalhadores não poderão realizar suas atividades sem um programa de proteção respiratória.

▪▪ A realização de trabalho em recintos confinados deve ser precedida de inspeção prévia e elaboração de ordem de serviço com os procedimentos a serem adotados.

▪▪ O monitoramento permanente de substância que cause asfixia, explosão e intoxicação no interior de locais confinados deve ser realizado por trabalhador qualificado, sob supervisão de responsável técnico.

▪▪ Proibição de uso de oxigênio para ventilação de local confinado. ▪▪ Ventilação local exaustora eficaz, que faça a extração dos contaminantes e ventilação geral que execute a insuflação de ar para o interior do ambiente, garantindo de forma permanente a renovação contínua do ar.

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▪▪ Sinalização com informação clara

Maria Komrakova ([20--?])

e permanente durante a realização de trabalhos no interior de espaços confinados.

▪▪ Uso de cordas ou cabos de segurança e pontos fixos para amarração que possibilitem meios seguros de resgates.

▪▪ Acondicionamento adequado de

substâncias tóxicas ou inflamáveis utilizadas na aplicação de laminados, pisos, papéis de parede ou similares.

▪▪ A cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores, pelo menos 2 (dois) devem ser treinados para resgate.

▪▪ Manter ao alcance dos trabalhadores ar mandado e/ou equipamento autônomo para resgate.

▪▪ No caso de manutenção de tanque, providenciar desgaseificação prévia antes da execução do trabalho.

Áreas classificadas Por definição, são áreas sujeitas à formação (ou existência) de uma atmosfera explosiva pela presença normal ou eventual de gases/vapores inflamáveis ou poeiras/fibras combustíveis. São consideradas áreas de alto risco aquelas nas quais existe a possibilidade de vazamento de gases inflamáveis em situação de funcionamento normal devido a razões diversas, como desgaste ou deterioração de equipamentos. Tais áreas, também chamadas de ambientes explosivos, são classificadas conforme normas internacionais, e de acordo com a classificação exigem a instalação de equipamentos e/ou interfaces que atendam aos requisitos nelas prescritos. As áreas classificadas normalmente cobrem uma zona cujo limite é onde o gás ou os gases inflamáveis estarão tão diluídos ou dispersos que não poderão apresentar perigo de explosão ou combustão.

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Segundo as recomendações da IEC 60079-10, as áreas são classificadas em três zonas. Acompanhe!

▪▪ Zona 0 – área na qual uma mistura

de gás/ar, potencialmente explosiva, está presente continuamente ou por grandes períodos de tempo.

▪▪ Zona 1 – área na qual a mistura

gás/ar, potencialmente explosiva, pode estar presente durante o funcionamento normal do processo.

▪▪ Zona 2 – área na qual uma

mistura de gás/ar, potencialmente explosiva, não está normalmente presente. Caso esteja, será por curtos períodos. É evidente que um equipamento instaladodentrodeumaáreaclassificada também deve ser classificado. Esta é baseada na temperatura superficial máxima que o equipamento possa alcançar em funcionamento normal ou em caso de falha. A EN 50.014 especifica a temperatura superficial máxima em seis níveis, assumindo como temperatura ambiente de referência 40ºC. Os níveis de temperatura superficial máxima são os seguintes.

▪▪ T1 450ºC ▪▪ T2 300ºC ▪▪ T3 200ºC ▪▪ T4 135ºC ▪▪ T5 100ºC ▪▪ T6 85ºC

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Para facilitar seu entendimento acompanhe um exemplo. Um equipamento classificado como T3 pode ser utilizado em ambientes cujos gases possuem temperatura de combustão superior a 200ºC. Para diminuir o risco de uma explosão, podem-se adotar diversos métodos. Um deles é eliminar um dos elementos do TETRAEDRO do fogo: calor, oxigênio, reação em cadeia e combustível; outro é através de uma das três alternativas a seguir. 1. Contenção da explosão: na verdade, este é o único método que permite que haja a explosão, porque esta fica confinada em um ambiente bem-definido e não pode propagar-se para a atmosfera do entorno. 2. Segregação: é o método que permite separar ou isolar fisicamente as partes elétricas ou as superfícies quentes da mistura explosiva. 3. Prevenção: através deste método limita-se a energia, seja térmica ou elétrica, a níveis não perigosos. A técnica de segurança intrínseca é a mais empregada deste método de proteção e a mais efetiva. O que se faz é limitar a energia armazenada em circuitos elétricos para torná-los totalmente incapazes, tanto em condições normais de operação quanto em situações de falha, de produzir faíscas elétricas ou de gerar arcos voltaicos que possam causar a explosão. As indústrias que processam produtos que em alguma de suas fases se apresentem na forma de pó, são indústrias de alto potencial de risco quanto a incêndios e explosões, e devem, antes de sua implantação, efetuar uma análise acurada dos riscos e tomar as precauções cabíveis, pois na fase de projeto as soluções são mais simples e econômicas.


Porém, as indústrias já implantadas poderão equacionar razoavelmente bem os problemas, minorando os riscos inerentes com o auxílio de um profissional competente. Observe alguns tipos de indústrias reconhecidamente perigosas quanto aos riscos de incêndios e explosões. Indústrias de beneficiamento de produtos agrícolas.

Fernando Rebouças (2010)

▪▪ Indústrias fabricantes de rações animais.

▪▪ Indústrias alimentícias. ▪▪ Indústrias metalúrgicas. ▪▪ Indústrias farmacêuticas. ▪▪ Indústrias plásticas. ▪▪ Indústrias de beneficiamento de madeira.

▪▪ Indústrias do carvão.

Instalações elétricas em ambientes explosivos As instalações e os serviços de eletricidade devem ser projetados, executados, operados, mantidos, reformados e ampliados de forma que permitam a adequada distribuição de energia e isolamento, bem como correta proteção contra fugas de corrente, curtos-circuitos, choques elétricos, entre outros riscos. Os cabos e os condutores de alimentação elétrica utilizados devem ser certificados por um organismo de certificação, credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – Inmetro.

Os locais de instalação de transformadores e capacitores, seus painéis e respectivos dispositivos de operação devem atender aos requisitos a seguir. 1. Ser ventilados e iluminados ou projetados e construídos com tecnologia adequada para operação em ambientes confinados. 2. Ser construídos e ancorados de forma segura. 3. Ser devidamente protegidos e sinalizados, indicando zona de perigo, de forma a alertar que o acesso é proibido a pessoas não autorizadas. 4. Não ser usados para finalidades diferentes daquelas do projeto elétrico. 5. Possuir extintores portáteis de incêndio, adequados à classe de risco, localizados na entrada ou nas proximidades e, em subsolo, a montante do fluxo de ventilação.

iStockphoto ([20--?])

Os cabos, instalação e equipamentos elétricos devem ser protegidos contra impactos, água e influência de agentes químicos, observando-se suas aplicações, de acordo com as especificações técnicas. Os serviços de manutenção ou reparo de sistemas elétricos só podem ser executados com o equipamento desligado, etiquetado, bloqueado e aterrado, exceto os casos a seguir.

▪▪ Utilizadas técnicas adequadas para circuitos energizados.

▪▪ Utilizados ferramentas e equipamentos adequados à classe de tensão.

▪▪ Tomadas precauções necessárias

à segurança dos trabalhadores. O bloqueio durante as operações de manutenção e reparo de instalações elétricas deve ser realizado utilizando-se cadeado e etiquetas sinalizadoras fixadas em local visível contendo, no mínimo, as seguintes indicações.

▪▪ Horário e data do bloqueio. ▪▪ Motivo da manutenção. ▪▪ Nome do responsável pela

operação. Acompanhe agora uma série de regras para instalações elétricas em ambientes explosivos!

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▪▪ Os equipamentos e máquinas de

emergência, destinados a manter a continuidade do fornecimento de energia elétrica, devem estar disponíveis em perfeito estado de funcionamento.

▪▪ Redes elétricas, transformadores, motores, máquinas e circuitos elétricos devem estar equipados com dispositivos de proteção automáticos, para os casos de curto-circuito, sobrecarga, queda de fase e fugas de corrente.

▪▪ Os fios condutores de energia

elétrica instalados no teto de galerias para alimentação de equipamentos devem ser protegidos contra contatos acidentais. Os sistemas de recolhimento automático de cabos alimentadores de equipamentos elétricos móveis devem ser eletricamente solidários à carcaça do equipamento principal.

▪▪ Os equipamentos elétricos

móveis devem ter aterramento adequadamente dimensionado. Em locais com ocorrência de gases inflamáveis e explosivos, as tarefas de manutenção elétrica devem ser realizadas sob o controle de um supervisor, com a rede de energia desligada e a chave de acionamento bloqueada, monitorando-se a concentração dos gases. Os terminais energizados dos transformadores devem ser isolados por barreiras ou outros meios físicos, a fim de evitar contatos acidentais.

▪▪ Toda instalação, carcaça, invólucro, blindagem ou peça condutora que possa vir a armazenar energia estática com possibilidade de gerar fagulhas ou centelhas deve ser aterrada. As malhas, os pontos de aterramento e os para-raios devem ser revisados periodicamente, com resultados registrados.

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▪▪ As implantações, operações e manutenções de instalações elétricas devem ser executadas somente por pessoa qualificada, que deve receber treinamento continuado em manuseio e operação de equipamentos de combate a incêndios e explosões, bem como na prestação de primeiros socorros a acidentados.

▪▪ Trabalhos em condições de risco acentuado deverão ser executa dos por duas pessoas qualificadas, salvo critério do responsável técnico.

▪▪ Duranteamanutençãodemáquinas

ou instalações elétricas, os ajustes e as características dos dispositivos de segurança não devem ser alterados, não prejudicando,desta forma, sua eficácia.

▪▪ Trabalhos em redes elétricas

entre dois ou mais pontos sem possibilidade de contato visual entre os operadores somente podem ser realizados por meio de rádio ou outro sistema de comunicação que impeça a energização acidental.

▪▪ As instalações elétricas com

possibilidade de contato com água devem ser projetadas, executadas e mantidas com especial cuidado quanto à blindagem, estanqueidade, ao isolamento, aterramento e à proteção contra falhas elétricas.

▪▪ Os trechos e pontos de tomada

de força de rede elétrica em de uso devem ser desenergizados, marcados e isolados, ou retirados quando não forem mais utilizados.

▪▪ Em locais sujeitos a emanações

de gases explosivos e inflamáveis, as instalações elétricas serão à prova de explosão. É importante você estar ciente de que as condições atmosféricas também constituem um risco para operações com energia elétrica. Sim, é isto mesmo! Portanto, na sequência da aprendizagem você aprenderá a lidar com este tipo de ameaça.

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Condições atmosféricas Umidade Deve-se considerar que todo trabalho em equipamentos energizados só deve ser iniciado com boas condições meteorológicas. Não são permitidos trabalhos sob chuva, neblina densa ou ventos. Fique atento a este quesito essencial! Como foi visto anteriormente, sabe-se que a existência de umidade propicia a diminuição da capacidade disruptiva do ar, aumentando assim o risco de acidentes elétricos. Deve-se levar em consideração, também, que os equipamentos isolados a óleo não devem ser abertos em condições de umidade elevada, pois o óleo isolante pode absorver a umidade do ar, comprometendo, desta forma, suas características isolantes.

DICA É possível determinar a condição de umidade favorável ou não com a utilização do termo-higrômetro. Na falta deste, há a opção de umedecer com um pano a superfície de um bastão de manobra, e aguardar aproximadamente cinco minutos. Desaparecendo a película de umidade, há condições seguras para execução dos serviços.

Descargas atmosféricas (raios) – mecanismo Devido a longos períodos de estiagem, as chuvas que começam a cair são normalmente acompanhadas de tempestades, sendo estas originadas do encontro de uma massa de ar frio com uma massa de ar quente ou a partir do aquecimento do solo pelos raios solares e consequente


subida do ar quente carregado de partículas de vapor de água. O raio é um fenômeno de natureza elétrica, sendo produzido por nuvens do tipo cumulus nimbus, que têm forma to parecido com uma bigorna e chegam a ter 12 quilômetros de altura e vários quilômetros de diâmetro. As tempestades com trovoadas são verificadas quando certas condições particulares (temperatura, pressão, umidade do ar, velocidade do vento, etc.) fazem com que determinado tipo de nuvem se torne eletricamente carregada devido à fricção entre as partículas de água decorrentes da condensação do vapor de água. Zoonar ([20--?])

O aquecimento deste meio chega a 30.000°C, provocando a expansão do ar (trovão). As descargas atmosféricas podem ser ascendentes (da terra para a nuvem) ou descendentes (da nuvem para a terra), ou ainda entre nuvens. Ao cair na terra, o raio pode provocar grande destruição, devido ao alto valor de sua corrente elétrica, que gera intensos campos eletromagnéticos e calor. Além dos danos causados diretamente pela corrente elétrica e pelo intenso calor, o raio pode provocar sobretensões em redes de energia elétrica, em redes de telecomunicações, de TV a cabo, antenas parabólicas, redes de transmissão de dados, etc. Com a intenção de evitar falsas expectativas ao sistema de proteção contra descargas atmosféricas, é importante esclarecer três pontos. Para conhecê-los basta seguir adiante! 1. O raio é um fenômeno da natureza absolutamente imprevisível, tanto em relação às suas características elétricas como em relação aos efeitos destruidores decorrentes de sua incidência sobre edificações, pessoas ou animais.

O mecanismo de autoprodução de cargas elétricas vai aumentando de tal modo que dá origem a uma descarga elétrica (raio), que partirá da base da nuvem em direção ao solo, definindo uma trajetória ramificada e aleatória. Esta primeira descarga é denominada “líder”, a qual define sua posição de queda entre 20 a 100 metros do solo. A partir deste estágio, o raio deixou um canal ionizado entre a nuvem e o solo, que permitirá a passagem de uma avalanche de cargas com corrente de pico em torno de 20.000 ampères passando pelo ar.

2. Nada em termos práticos pode ser feito para impedir a “queda” de uma descarga em uma determinada região. Assim, as soluções aplicadas buscam somente minimizar os efeitos destruidores a partir de instalações adequadas de captação e de condução segura da descarga para a terra.

3. A incidência de raios é maior em solos maus condutores do que em solos condutores de eletricidade, pois nos maus condutores, na existência de nuvens carregadas sobre ele, criam-se cargas positivas por indução no terreno: a nuvem funciona como placa negativa, o solo como placa positiva, e o ar, naturalmente úmido e às vezes ionizado, serve como um isolante de baixo poder dielétrico, propiciando assim a existência de raios.

Sobre tensões transitórias Sempre que a tensão elétrica em um circuito elétrico sofre um aumento por determinado período, fica caracterizada uma sobretensão transitória. Partidas de motores de alta potência, manobras de cargas, curtos-circuitos e descargas elétricas atmosféricas (raios ou relâmpagos) podem provocar sobretensões transitórias. As sobretensões transitórias podem chegar até as instalações elétricas internas ou de telefonia, de TV a cabo ou de qualquer unidade consumidora. Os seus possíveis efeitos, além de causar danos a pessoas e animais, podem ser os seguintes.

▪▪ Provocar a queima total ou parcial

de equipamentos elétricos ou danos à própria instalação elétrica interna e telefônica, entre outras.

▪▪ Reduzir a vida útil dos equipamentos.

▪▪ Provocar enormes perdas econô-

micas, com a parada de equipamentos.

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As sobrecorrentes transitórias originadas de descargas atmosféricas podem ocorrer de dois modos. Na descarga direta, o raio atinge diretamente uma rede elétrica ou telefônica. Nesse caso, o raio tem um efeito devastador, gerando elevados valores de sobretensões nos diversos circuitos. Stockbyte ([20--?])

Frente a tantas possibilidades de problemas que não podem ser previstos, que tal conhecer uma listagem de medidas preventivas a serem tomadas no caso de uma tempestade?

▪▪ Evitar a execução de serviços em equipamentos e instalações elétricas internas e externas.

▪▪ Nunca procurar abrigo sob ár-

vores ou construções isoladas sem sistemas de proteção atmosférica adequados.

▪▪ Não entrar em rios, lagos, piscinas, guardando uma distância segura destes.

▪▪ Procurar abrigo em instalações seguras, jamais ficando ao relento.

▪▪ Caso não encontre abrigo,

procurar não se movimentar, e se possível ficar agachado, evitando assim o efeito das pontas. Já na descarga indireta, o raio cai a uma distância de até um quilômetro de uma rede elétrica. A sobretensão gerada é de menor intensidade do que a provocada pela descarga direta, mas pode causar sérios danos. Essa sobretensão induzida acontece quando uma parte da energia do raio é transferida através de um acoplamento eletromagnético com uma rede elétrica. A grande maioria das sobretensões transitórias de origem atmosférica, que causam danos a equipamentos, provoca a ruptura das isolações e dos arcos elétricos.

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▪▪ Evitar o uso de telefones, a não ser que seja sem fio.

▪▪ Evitar ficar próximo de tomadas e canos, janelas e portas metálicas.

▪▪ Evitar tocar em qualquer equipamento ligado à rede elétrica.

▪▪ Evitar locais extremamente

perigosos: topos de morros, topos de prédios, proximidade de cercas de arame, torres, linhas telefônicas, linhas aéreas.

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Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) Você sabia que toda empresa deve possuir um sistema de proteção contra descarga atmosférica? Sim, é verdade! E necessita ainda levar em consideração o especificado na NBR 5419 (Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas), estando definido em um projeto assinado por profissional habilitado. O projeto de SPDA, nas empresas, faz parte do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCI), e deve ser executado e mantido nas condições de projeto, uma vez que é considerado uma proteção coletiva. O projetista de SPDAs deve verificar as possíveis interferências do subsistema de aterramento do SPDA nos demais sistemas de aterramento existentes em uma empresa, como os sistemas de aterramento funcionais e de proteção. Como recomendação geral, os eletrodos de aterramento dos diversos sistemas elétricos devem estar interligados, mas sempre com base em estudo de engenharia, uma vez que o aterramento é uma proteção coletiva.

Uma opção muito aceita tecnicamente é o uso das estruturas metálicas de estacas das fundações como eletrodos de aterramento, e os diversos terras dos sistemas elétricos conectados a uma barra de aterramento ligada aos eletrodos de aterramento da fundação por um único ponto, conforme demonstra a figura.


Diego Fernandes (2013)

Configuração radial sem “loops”

Equip. 1

Equip.6 Equip.2 Equip. n

Equip.3

Equip.5

Equip.4

Cabos isolados

Ponto central de aterramento

Malha de aterramento

Figura 16: Malha de aterramento

A NBR 5419(2005) estipula que o valor da resistência de aterramento deve ser inferior a 10 ohms, pois as medidas utilizadas para minimizar as consequências das descargas atmosféricas têm como princípio a criação de caminhos de baixa resistência a terra, escoando nesta as correntes elétricas dos raios. Os principais componentes de um sistema de proteção contra descargas atmosféricas são os seguintes.

▪▪ Terminais aéreos – conhecidos como para-raios, eles são hastes

montadas em bases instaladas acima do ponto mais alto das edificações com o objetivo de propiciar um caminho mais fácil para os raios que venham a incidir na edificação, sendo geralmente interligados através de condutores horizontais.

▪▪ Condutores de descida – cabos que conectam os terminais aéreos aos terminais de aterramento.

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Diego Fernandes (2013)

Terminais aéreos ou para-raios

para-raios de linha, centelhados – são instalados em pontos de entrada de energia, cabos telefônicos e de dados, instrumentação industrial, etc., com o intuito de proteger as instalações e os equipamentos contra sobrecorrentes transitórias (sobretensões) provocadas por descargas direta, indireta e manobras de equipamentos do sistema de alimentação elétrica.

Mastro

Captor

Prédio

Quadro geral BEP Barramento Equipotencialização Principal

Condutores de descidas

Descargas atmosféricas

Condutores de ligação

Solo

Equipotencial Terminais de aterramento Figura 17: SDPA

▪▪ Terminais de aterramento – condutores que servem para conectar os cabos de descida ao solo, sendo eles constituídos usualmente de cabos e hastes enterradas no solo – propiciando uma baixa resistência a terra, conforme as características do solo.

▪▪ Condutores de ligação equipotencial– visam à interligação do sistema

de aterramento com os outros sistemas de aterramento da edificação, impedindo assim a existência de diferenças de potenciais entre os elementos interligados. Como visto no capítulo sobre equipotencialização, todas as partes metálicas da edificação, os aterramentos de equipamentos, as estruturas, o sistema de proteção atmosférica, entre outros, devem ser interligados a um mesmo referencial de terra. Diego Fernandes (2013)

Eletroduto de PVC rígido preto

Cavidade de inspeção Min 20 X 20 X 20 cm

Condutor aterramento

Figura 18: Detalhe de aterramento

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▪▪ Supressores de surto, varistores,

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Haste de aterramento

As descargas atmosféricas causam sérias perturbações nas redes aéreas de transmissão e distribuição de energia elétrica, além de provocarem danos materiais nas construções atingidas por elas. Você sabia que estes fenômenos induzem surtos de tensão que chegam a centenas de quilovolts? Sim, é isto mesmo! A fricção entre as partículas de água que formam as nuvens, provocada pelos ventos ascendentes de forte intensidade, dá origem a uma grande quantidade de cargas elétricas. Verifica-se, experimentalmente, que as cargas elétricas positivas ocupam a parte superior da nuvem, ao passo que as cargas elétricas negativas se posicionam na parte inferior, acarretando, consequentemente, uma intensa migração de cargas positivas na superfície da terra para a área correspondente à localização da nuvem, dando dessa forma uma característica bipolar às nuvens. A concentração de cargas elétricas positivas e negativas numa determinada região faz surgir uma diferença de potencial entre a terra e a nuvem. No entanto, o ar apresenta uma determinada rigidez dielétrica, normalmente elevada, que depende de certas condições ambientais.


O aumento dessa diferença de potencial, que se denomina gradiente de tensão, poderá atingir um valor que supere a rigidez dielétrica do ar interposto entre a nuvem e a terra. Isso faz com que as cargas elétricas migrem na direção da terra, num trajeto tortuoso e normalmente cheio de ramificações, cujo fenômeno é conhecido como “descarga piloto”. É de aproximadamente 1 kV/mm o valor do gradiente de tensão para o qual a rigidez dielétrica do ar é rompida.

Polarização do dielétrico Os condutores possuem elétrons livres e, portanto, podem ser eletrizados por indução. Os isoladores, conhecidos também por dielétricos, praticamente não possuem elétrons livres. Será que eles podem ser eletrizados por indução, isto é, aproximando um corpo eletrizado, sem, contudo, tocá-los? Pois bem, normalmente os centros de gravidade das massas dos elétrons e prótons de um átomo coincidemse e localizam-se no seu centro. Quando um corpo carregado se aproxima desses átomos, há um deslocamento muito pequeno dos seus elétrons e prótons, de modo que os centros de gravidade destes não mais se coincidem, formando assim um dipolo elétrico.

Um dielétrico que possui átomos assim deformados(achatados) está eletricamente polarizado, e quanto maior for a polarização, maior a probabilidade da ruptura da isolação.

tensões de acoplamento capacitivo e eletromagnético induzidas pelos condutores energizados próximos à linha.

Tensões induzidas em linhas de transmissões de alta tensão

Essas tensões são induzidas por linhas energizadas que cruzam ou são paralelas à linha ou equipamento desenergizado no qual se trabalha. Elas dependem da distância entre linhas, da corrente de carga das linhas energizadas, do comprimento do trecho onde há paralelismo ou cruzamento e da existência ou não de transposição nas linhas. No caso de uma linha aterrada em apenas uma das extremidades, a tensão induzida eletromagneticamente terá seu maior vulto na extremidade não-aterrada; e se ambas as extremidades estiverem aterradas, existirá uma corrente fluindo num circuito fechado com a terra. Ao se instalar o aterramento provisório, uma corrente fluirá por seu intermédio, diminuindo a diferença de potencial existente e ao mesmo tempo jampeando a área de trabalho, o que possibilita neste ponto uma maior segurança para o homem de manutenção. Em linhas de transmissão alta-extra ou ultra-alta tensão, portanto com indução elevada, é recomendável a adoção de critérios que levem em conta o nível de tensão dos circuitos e a distância entre eles, o que poderá determinar se as outras medidas de segurança ainda deverão ser adotadas ou até mesmo se o trabalho deverá ser feito como em linha energizada. Na sequência você vai conhecer a última parte desta seção: os acidentes de origem elétrica. Prepare-se, pois será fundamental para você saber acerca dos atos inseguros, condições inseguras e, por fim, verá notícias que infelizmente circularam nos meios de comunicação relatando fatalidades com este tipo de acidente.

Devido ao atrito com o vento e com a poeira, e em condições secas (baixa umidade), as linhas de alta tensão sofrem fenômenos eletrostáticos que induzem tensões que se somam às demais presentes. As tensões estáticas crescem continuamente, e após um longo período podem ser relativamente elevadas. Importante ressaltar que também há tensões induzidas na linha por causa do acoplamento capacitivo e eletromagnético devido à proximidade de outras linhas elétricas. Se dois condutores ou um condutor e o potencial de terra estiverem separados por um dielétrico e em potenciais diferentes, surgirá entre ambos o efeito capacitivo. Ao aterrar uma linha, as correntes são drenadas imediatamente – isso por causa das tensões induzidas capacitivas e das tensões estáticas ao referencial de terra. Todavia, existirão Diego Fernandes (2013)

Corpo carregado isolado da terra

Potencial de terra

ÄU≠0

Figura 19: Polarização do dielétrico

ÄU=0

Potencial de terra

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Acidentes de origem elétrica A segurança no trabalho, ou o conjunto de normas que visam garantir a saúde e evitar acidentes no ambiente de trabalho, é um item obrigatório em todas as profissões. É possível classificar acidentes de trabalho relacionando-os com fatores humanos (atos inseguros) e com o ambiente (condições inseguras). Essas causas são apontadas como responsáveis pela maioria dos acidentes. No entanto, deve-se levar em conta que, às vezes, os acidentes são provocados pela presença de condições inseguras e atos inseguros ao mesmo tempo.

Atos inseguros Os atos inseguros são geralmente definidos como causas de acidentes do trabalho que residem exclusivamente no fator humano, isto é, aqueles que decorrem da execução das tarefas de forma contrária às normas de segurança. É a maneira como os trabalhadores se expõem (consciente ou inconscientemente) aos riscos de acidentes. É falsa a ideia de que não se pode predizer nem controlar o comportamento humano. Na verdade, é possível analisar os fatores relacionados com a ocorrência dos atos inseguros e controlá-los.

Observe a seguir alguns fatores que podem levar trabalhadores a praticarem atos inseguros!

▪▪ Inadaptação entre homem e

função por fatores constitucionais. Por exemplo: sexo, idade, tempo de reação aos estímulos, coordenação motora, agressividade, impulsividade, nível de inteligência, grau de atenção.

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▪▪ Fatores circunstanciais. Fato-

res que influenciam o desempenho do indivíduo no momento. Por exemplo: problemas familiares, abalos emocionais, discussão com colegas, alcoolismo, estado de fadiga, doença, etc.

▪▪ Desconhecimento dos riscos

da função e/ou da forma de evitá-los. Estes fatores são na maioria das vezes causados por: seleção ineficaz, falhas de treinamento, falta de treinamento que caracterizam condição insegura. Por exemplo: manutenção sendo realizada por operador de máquina segundo a aplicação de técnicas intuitivas.

▪▪ Desajustamento. Este fator é

relacionado com certas condições específicas do trabalho. Por exemplo: problema com a chefia, problemas com os colegas, políticas salariais impróprias, política promocional imprópria, clima de insegurança.

▪▪ Personalidade. Fatores que

fazem parte das características da personalidade do trabalhador e que se manifestam por comportamentos impróprios. Por exemplo: o desleixado, o machão, o exibicionista, o desatento, o brincalhão.

Condições inseguras São aquelas que, presentes no ambiente de trabalho, põem em risco a integridade física e/ou mental do trabalhador. Tais condições manifestam-se como deficiências técnicas, podendo apresentar-se de diversas maneiras. Observe na sequência!

▪▪ Na construção e instalações em que se localiza a empresa: áreas insuficientes, pisos fracos e irregulares, excesso de ruído e trepidações, falta de ordem e limpeza, instalações elétricas impróprias ou com defeitos, falta de sinalização.

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▪▪ Na maquinaria: localização

imprópria das máquinas, falta de proteção em partes móveis, pontos de agarramento e elementos energizados, máquinas apresentando defeitos.

▪▪ Na proteção do trabalhador:

proteção insuficiente ou totalmente ausente, roupa e calçados impróprios, equipamentos de proteção com defeito (EPIs, EPCs), ferramental defeituoso ou inadequado.

▪▪ No conhecimento e habili-

dades do trabalhador: motivado por falhas no treinamento ou falta de treinamento.

Causas diretas de acidentes com eletricidade Pode-se classificar como causas diretas de acidentes elétricos as propiciadas pelo contato por falha de isolamento, podendo estas ainda serem classificadas quanto ao tipo de contato físico. Acompanhe! 1. Contatos diretos – consistem no contato com partes metálicas normalmente sob tensão (partes vivas). 2. Contatos indiretos – consistem no contato com partes metálicas normalmente não energizadas (massas), mas que podem ficar energizadas devido a uma falha de isolamento. O acidente mais comum a que estão submetidas as pessoas, principalmente aquelas que trabalham em processos industriais ou desempenham tarefas de manutenção e operação de sistemas industriais, é o toque acidental em partes metálicas energizadas, ficando o corpo ligado eletricamente sob tensão entre fase e terra.


Causas indiretas de acidentes elétricos

▪▪ Princípios de incêndio a partir

Classificam-se como causas indiretas de acidentes elétricos as originadas por descargas atmosféricas, tensões induzidas eletromagnéticas e tensões estáticas, que você já estudou. Agora acompanhe alguns exemplos relacionados aos acidentes com eletricidade.

▪▪ Enfrentamento de cobra, abelhas

Acidentes com eletricidade As declarações pessoais dos treinandos do Curso Básico previsto na NR 10 e ministrado pelo SENAI corroboram que a prevenção, conforme prescrito na norma, é fundamental para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. Inúmeros casos estão sendo relatados, e muitos, como os citados a seguir, devem servir de justificativa para as empresas, profissionais e trabalhadores adotarem ações preventivas.

▪▪ Choques elétricos entre cabeça e mãos, seguidos de desfalecimento.

▪▪ Queimaduras por arco elétrico decorrentes de curtos-circuitos provocados por queda de ferramentas de trabalho durante serviços com circuitos energizados.

▪▪ Quedas, pela ausência do cinto

de segurança, depois de choques elétricos.

▪▪ Energizações acidentais com trabalhadores que realizam trabalhos nas redes elétricas.

▪▪ Desligamentos incorretos de circuito por falta de informação (diagramas, plantas) e de testes para comprovação da desenergização.

▪▪ Casos de falecimento por choque

elétrico durante o serviço em ambientes úmidos com o trabalhador molhado.

▪▪ Desmaio em ambiente confinado devido à remoção do EPI.

da eletricidade estática.

e animais peçonhentos.

▪▪ Arco elétrico provocado por cavaco oriundo de máquina operatriz em operação na zona controlada.

▪▪ Choques elétricos em linhas aéreas

decorrentes de tensões induzidas por descargas atmosféricas.

▪▪ Eliminação dos DRs por impossibilitada detecção dos pontos de fuga à terra.

▪▪ Alterações nas instalações elétricas

sem a devida correção das plantas e dos diagramas elétricos.

▪▪ Realização de trabalhos em alta

tensão sem procedimentos e análise preliminar de riscos.

▪▪ Surgimento de tensões de toque e choque elétrico em pessoas que moram em um andar de um prédio de apartamento em função de falhas de isolação, fuga de corrente e utilização da ferragem estrutural do prédio como terra em andares superiores.

▪▪ Casos fatais decorrentes de

quedas de telhado. Aqui você encerra seus estudos desta seção. É importante não se concentrar nas fatalidades, e sim tomar consciência de que energia elétrica é um item ao mesmo tempo necessário e perigoso para a vida das pessoas. E é por isso que você, como profissional do setor elétrico, tem enorme responsabilidade nas mãos. Isso é reforçado com a formação técnica! Na próxima etapa da aprendizagem, você conhecerá a análise preliminar de riscos e suas principais técnicas para identificar os perigos no seu trabalho! Vamos em frente!

Seção 3

Técnicas de análise de riscos Para iniciar esta lição, primeiro acompanhe dois trechos importantes da NR 10, relativos a “medidas de controle” e à “segurança em instalações elétricas energizadas”. 10.2 - Medidas de controle 10.2.1 Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho. 10.6 - Segurança em instalações elétricas energizadas 10.6.4 Sempre que inovações tecnológicas forem implementadas ou para a entrada em operações de novas instalações ou equipamentos elétricos devem ser previamente elaboradas análises de risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e respectivos procedimentos de trabalho.

O que você entende por análise de riscos? Boa pergunta! Acompanhe para ficar esclarecido. A análise de riscos é um conjunto de métodos e técnicas que, aplicada a uma atividade, identifica e avalia qualitativa e quantitativamente os riscos que essa atividade representa de uma forma geral para a população exposta, para o meio ambiente e para a empresa.Já os acidentes são materializações dos riscos associados a atividades, procedimentos, projetos e instalações, máquinas e equipamentos. Os principais resultados de uma análise de riscos são a identificação de cenários de acidentes, suas frequências esperadas de ocorrência e a magnitude das possíveis consequências.

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Para alcançar estes resultados, a análise de riscos deve incluir as medidas de prevenção de acidentes e as medidas para controle das consequências de acidentes para os trabalhadores e para as pessoas que vivem ou trabalham próximo à instalação, ou mesmo para o meio ambiente. Para reduzir a frequência de acidentes, é preciso avaliar e controlar os riscos a partir, por exemplo, dos questionamentos apresentados a seguir e de suas respectivas respostas.

Risco

O que pode acontecer de errado?

Análise de riscos

Quais são as causas básicas dos eventos não desejados?

É a atividade dirigida à elaboração de uma estimativa (qualitativa ou quantitativa) dos riscos, baseada na engenharia de avaliação e em técnicas estruturadas para promover a combinação das frequências e consequências de cenários acidentais.

Quais são as consequências?

Medida da perda econômica e/ou de danos para a vida humana, resultante da combinação entre a frequência da ocorrência e a magnitude das perdas ou danos (consequências). O risco também pode ser definido através das expressões a seguir. Combinação de incerteza e de dano. Razão entre o perigo e as medidas de segurança. Combinação entre o evento, a probabilidade e suas consequências.

A experiência demonstra que geralmente os grandes acidentes são causados por eventos pouco frequentes, mas que causam danos importantes.

As metodologias representam os tipos de processos ou de técnicas de execução dessas análises de riscos da instalação ou da tarefa. Alguns exemplos dessas técnicas são apresentados a seguir com uma pequena descrição do método.

Conceitos básicos Acompanhe agora os principais conceitos de perigo e risco. E, a seguir, entenda as principais técnicas de análise de riscos.

Perigo Uma ou mais condições físicas ou químicas com possibilidade de causar danos às pessoas, à propriedade, ao ambiente ou uma combinação de todos.

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Siri Stafford ([20--?])


Avaliação de riscos É o processo que utiliza os resultados da análise de riscos e os compara com os critérios de tolerabilidade previamente estabelecidos.

Gerenciamento de riscos É a formulação e a execução de medidas e procedimentos técnicos e administrativos que têm o objetivo de prever, controlar ou reduzir os riscos existentes na instalação industrial, objetivando mantê-la operando dentro dos requerimentos de segurança considerados toleráveis.

É um método de estudo de riscos realizado durante a fase de planejamento e desenvolvimento de um determinado processo, tarefa ou planta industrial, com a finalidade de prever e prevenir riscos de acidentes que possam acontecer durante a fase operacional e de execução da tarefa.

Análise de falha humana Método que identifica as causas e os efeitos dos erros humanos observados em potencial. O método também identifica as condições dos equipamentos e dos processos que possam contribuir para provocar esses erros. iStockphoto ([20--?])

Patrick Ryan ([20--?])

Método de análise de falhas e de efeitos

Principais técnicas para a identificação dos riscos/ perigos

Método específico de análise de riscos, concebido para ser utilizado em equipamentos mecânicos, com o objetivo de identificar as falhas potenciais que possam provocar acontecimentos ou eventos adversos e efeitos desfavoráveis desses eventos. É um método de análise de riscos tecnológicos que consiste em principalmente três requisitos. Na sequência você irá conhecê-los.

Análise preliminar de riscos

▪▪ Tabulação de todos os sistemas e equipamentos existentes numa ins-

Método de estudo preliminar e sumário de riscos, normalmente conduzido em conjunto com o grupo de trabalhadores expostos, com o objetivo de identificar os acidentes potenciais de maior prevalência na tarefa e as características intrínsecas destes.

tituição ou planta industrial.

▪▪ Identificação das modalidades de falhas possíveis em cada um deles. ▪▪ Especificação dos efeitos desfavoráveis destas falhas sobre o sistema e sobre o conjunto das instalações.

Análise de segurança de sistemas Trata-se de uma técnica que tem por finalidade avaliar e aumentar o grau de confiabilidade e o nível de segurança intrínseca de um sistema determinado, para os riscos previsíveis. Como a segurança intrínseca é o inverso da insegurança ou nível de vulnerabilidade, todos os projetos de redução de riscos e de preparação para desastres concorrem para incrementar o nível de segurança.

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Árvore de eventos Esta técnica dedutiva de análise de riscos é utilizada para avaliar as possíveis consequências de um acidente potencial, resultante de um evento inicial tomado como referência, o qual pode ser um fenômeno natural ou ocorrência externa ao sistema, um erro humano ou uma falha do equipamento. É um método que tem por objetivo antecipar e descrever, de forma sequenciada, a partir de um evento inicial, as consequências lógicas de um possível acidente. Os resultados da análise da árvore de eventos caracterizam sequências de eventos intermediários, ou melhor, um conjunto cronológico de falhas e de erros que, a partir do evento inicial, culminam no acidente ou evento-topo ou principal. A figura mostra uma representação da árvore de eventos. Diego Fernandes (2013)

Exemplo de árvore de eventos Parada do elevador de carga fora de posição

Sistema de freio desregulado

Sistema de detecção de posição avariado

Excesso de peso

Colocação de carga Acidente com peso excessivo

Não (0,200) Não (0,999) Sim (0,800)

Não (0,999) Sim (1)

Não (0,995) Sim (0,005)

Sim (0,001) Sim (0,001)

Figura 20: Árvore de eventos

Árvore de falhas Esta técnica dedutiva de análise de riscos parte da escolha de um determinado acontecimento definido como evento-topo ou principal. Constrói-se um diagrama lógico que especifica as várias combinações de falhas de equipamentos, erros humanos ou de fenômenos/ocorrências externas ao sistema que possam provocar o acontecimento.

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Probabilidade

Não

0,200

Não

0,794

Sim

0,004

Sim

0,001

Sim

0,001


A figura mostra uma representação da árvore de falhas. Neste trabalho você vai tratar apenas da metodologia denominada Análise Preliminar de Riscos (APR), também chamada de Análise Preliminar de Perigos (APP), pois se considera ser a de mais simples aplicação por parte dos profissionais que atuam nas instalações elétricas. Diego Fernandes (2013)

Exemplo de árvore de falha para a falha de atuação do relé térmico do motor elétrico de uma esteira transportadora Atuação relé térmico do motor elétrico da esteira transportadora Ou

Defeito isolação do motor elétrico

Corrente alta por travamento do eixo do motor E

Sistema de embreagem desregulado

Esteira transportadora travada

Figura 21: Árvore de falhas

Análise preliminar de riscos(APR) É uma técnica qualitativa. Você saberia dizer qual o objetivo desta técnica? Arrisca um palpite? Pois bem, o objetivo consiste na identificação dos riscos/perigos potenciais decorrentes de novas instalações ou da operação das já existentes. Em uma dada instalação, para cada evento perigoso identificado em conjunto com a severidade das consequências, um conjunto de causas é levantado. Isso possibilita a classificação qualitativa do risco associado, de acordo com categorias preestabelecidas de frequência de ocorrência. A tabela a seguir demonstra a correlação entre a frequência de ocorrência, a gravidade e a classificação do risco.

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Tabela 5: Classificação qualitativa dos riscos

CATEGORIA DA FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA ocorrências/ano

CLASSIFICAÇÃO QUALITATIVA DOS RISCOS ALTA (ocorre)

MÉDIO

MÉDIO

MÉDIO

ALTO

ALTO

MÉDIA (esperando ocorrer)

BAIXO

MÉDIO

MÉDIO

ALTO

ALTO

BAIXA (pouco provável)

BAIXO

BAIXO

MÉDIO

MÉDIO

REMOTA (improvável)

IRRELEVANTE

BAIXO

BAIXO

MÉDIO

PEQUENA (defeito)

CONSIDERÁVEL (falha exige operação manual)

CRÍTICA (falha com restrição de velocidade)

A APR permite uma ordenação qualitativa dos cenários de acidentes encontrados, facilitando a proposição e a priorização de medidas para redução dos riscos da instalação, quando julgadas necessárias, além da avaliação da necessidade de aplicação de técnicas complementares de análise. Acompanhe! Tabela 6: Classificação dos riscos e medidas de controle

Irrelevante

Medidas de controle Inspeções Manutenção corretiva programada dentro da preventiva

Baixo

Manutenção corretiva

Médio

Melhorias no equipamento Substituição do equipamento Redução da periodicidade da manutenção preventiva

Alto

Procedimentos administrativos (perfi l da mão-de-obra, nível de segurança, treinamento) Procedimentos operacionais Procedimentos de manutenção Procedimentos para emergência

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MÉDIO

CATASTRÓFICA (descarrilhamento)

CATEGORIA DE CONSEQUÊNCIA(GRAVIDADE)

Risco

ALTO


Você sabia que estas tabelas são associadas a uma análise feita em equipamentos eletromecânicos instalados em vias férreas, em que um descarrilhamento pode provocar mortes e prejuízos de grande monta?Sim isto mesmo! Desta forma associadas aos riscos, foram definidas medidas de controle genéricas que, quando elaboradas, passam a atender aos aspectos de segurança dos equipamentos e dos mantenedores. A metodologia adotada nas Análises Preliminares de Riscos compreende a execução das seguintes tarefas. Observe!

▪▪ Definição dos objetivos e do

▪▪ Sobre as instalações: especificações técnicas de projeto, especificações de equipamentos, lay-out das instalações e descrição dos principais sistemas de proteção e segurança.

▪▪ Sobre os processos: descrição dos processos envolvidos.

▪▪ Sobre as substâncias: características

e propriedades físicas e químicas. Para simplificar a realização da análise, as instalações estudadas são divididas em “módulos de análise”, os quais podem ser:unidades completas, locais de serviço elétrico, partes de locais de serviço elétrico ou partes específicas das instalações, tais como subestações, painéis, etc.

escopo da análise.

▪▪ Definição das fronteiras das instalações analisadas.

▪▪ Coleta de informações sobre a região, as instalações, as substâncias perigosas envolvidas e os processos.

▪▪ Subdivisão da instalação em módulos de análise.

▪▪ Realização da APR propriamente dita (preenchimento da planilha).

▪▪ Elaboração das estatísticas dos

cenários identificados por categorias de frequência e de severidade.

▪▪ Análise dos resultados, elaboração de recomendações e preparação do relatório.

▪▪ Sabequaisasprincipaisinformações

requeridas para a realização de uma APR são necessárias? Acompanhe na sequência!

A divisão das instalações é feita com base em critérios de funcionalidade, complexidade e proximidade física.

A realização da análise propriamente dita é feita através do preenchimento de uma planilha de APR para cada módulo de análise da instalação. A planilha utilizada nesta APR, mostrada a seguir, contém oito colunas, as quais devem ser preenchidas conforme a descrição apresentada. Acompanhe. 1ª coluna: Operações Esta coluna deve descrever, sucintamente, as diversas etapas da atividade/operação. 2ª coluna: Risco Esta coluna deve conter os riscos/ perigos identificados para o módulo de análise em estudo. De uma forma geral, os riscos/perigos são eventos acidentais que têm potencial para causar danos às instalações, aos trabalhadores, ao público ou ao meio ambiente.

3ª coluna: Modos de detecção Os modos disponíveis na instalação para a detecção do risco/perigo identificado na segunda coluna devem ser relacionados nesta coluna. A detecção da ocorrência do risco/ perigo tanto pode ser realizada através da instrumentação (alarmes de pressão, de temperatura, etc.) como através da percepção humana (visual, odor, etc.). 4ª coluna: Efeitos Os possíveis efeitos danosos nas pessoas, originados por cada risco/perigo identificado devem ser listados nesta coluna. 5ª coluna: Frequência do risco 6ªcoluna:Consequência(gravidade) do risco 7ª coluna: Classificação do risco 8ª coluna: Recomendações/ observações Esta coluna deve conter as recomendações de medidas mitigadoras de risco propostas pela equipe de realização da APR ou quaisquer observações pertinentes ao cenário de acidente em estudo. Ela deve conter também as medidas de emergência quando necessárias. Deve sempre ser preenchida em caso de identificação de risco/perigo. Observe na sequência uma planilha de APR para uma tarefa realizada por mantenedores da área elétrica. Nas colunas 5, 6 e 7 foram lançadas as categorias de frequência, gravidade e classificação dos riscos, conforme as tabelas apresentadas anteriormente. Uma planilha de APR, em branco, pode ser encontrada ao final deste material didático (Anexo B), no espaço destinado aos anexos. Ela serve para aplicações práticas em sala de aula ou no campo.

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RISCO

Nada Consta

Arco Elétrico

OPERAÇÕES

Abrir o quadro geral de baixa tensão

Medir a Tensão

TAREFA

Tabela 7: Exemplo de Ánalise Preliminar de Risco

Nada Consta

Nada Consta

DETECÇÃO

Queimaduras

Nada Consta

EFEITOS Nada Consta

Crítica

Esperando ocorrer

CONSEQUÊNCIA (gravidade)

Nada Consta

FREQUÊNCIA

Alto

Nada Consta

CLASSIFICAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DO RISCO

(1) Conferir a posição das pontas de prova de instrumento. (2) Conferir a posição da chave seletora do instrumento. (3) Utilizar apenas instrumentos em bom estado e dentro do prazo de validade de calibração/inspeção. (4) Utilizar luvas, óculos de segurança e vestimenta padrão.

Nada Consta

MEDIDAS DE CONTROLE

Medir tensão com o uso do multímetro analógico na saída do disjuntor de baixa tensão

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO


Agora que você conheceu as principais técnicas de análise e identificação de perigos e riscos, está na hora de aprender as medidas de controle do risco elétrico assunto que você verá na sequência. Vamos lá!

Seção 4

Medidas de controle do risco elétrico Você sabe do que trata este assunto? Faz alguma idéia? A expressão “medidas de controle” abrange o conjunto de atividades que permitem avaliar um risco: desde a sua identificação, o entendimento de como se manifesta, a sua detecção, o seu monitoramento, os seus efeitos e as ações que devem ser implementadas para evitar que acidentes decorrentes do risco ocorram ou para administrar os seus efeitos quando se manifestarem.

Proteção contra choques elétricos O princípio que fundamenta as medidas de proteção contra choques elétricos, conforme a NBR 5410:2005, pode ser resumido em dois tópicos.

▪▪ Resistência elétrica do corpo humano.

▪▪ Resistência do calçado. ▪▪ Resistência do contato do calçado com o solo.

1. Partes vivas de instalações elétricas não devem ser acessíveis.

▪▪ Resistência da terra no local dos

2. Massas ou partes condutivas acessíveis não devem oferecer perigo, seja em condições normais, seja, em particular, em caso de alguma falha que as torne acidentalmente vivas.

instalação elétrica no ponto de alimentação de energia. Assim, devem ser providas medidas de proteção básicas que visem impedir o contato com partes vivas perigosas em condições normais, como as seguintes.

pés no solo.

▪▪ Resistência do aterramento da

▪▪ Isolação básica ou separação Comstock ([20--?])

básica.

▪▪ Uso de barreira ou invólucro. ▪▪ Limitação de tensão.

Em relação aos riscos elétricos e adicionais, as medidas de controle começam a ser definidas na fase de projeto das instalações elétricas e terminam nos procedimentos para situações de emergência.

Prever instalações à prova de explosão em ambientes explosivos, utilizar equipamentos à prova de explosão certificados, ter profissionais treinados para a realização dos serviços de manutenção e preparados para resgate, primeiros socorros e operação de equipamentos de combate a incêndio são exemplos de medidas de controle. Na sequência você acompanha medidas de controle do risco elétrico! Continue atento!

Nesse caso, a corrente elétrica do choque é atenuada pelos seguintes fatores.

No caso 1, o choque elétrico acontece quando se toca inadvertidamente a parte viva do circuito de instalação de energia elétrica. Acontece somente quando duas ou mais partes do corpo tocam simultaneamente duas fases ou uma fase e a massa aterrada do equipamento elétrico.

Já no caso 2, o choque ocorre quando regiões neutras ficam com diferença de potencial devido a um curto-circuito na instalação ou nos equipamentos. Deve-se notar que neste tipo de choque a pessoa está tocando ou pisando regiões ou elementos não energizados da instalação. Porém, durante o curto-circuito, estas áreas neutras ficam com diferença de potencial, advindo daí o choque elétrico. Nesse caso devem-se prover medidas de proteção supletivas que visem suprir a proteção contra choques em caso de falha da proteção básica, como os seguintes exemplos.

▪▪ Equipotencialização e seccionamento automático da alimentação.

▪▪ Isolação suplementar. ▪▪ Separação elétrica.

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Desenergização É o conjunto de procedimentos visando à segurança pessoal dos envolvidos ou não em sistemas elétricos. É realizada por no mínimo duas pessoas. Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas para trabalho, mediante os procedimentos descritos a seguir.

Seccionamento É a ação da interrupção da alimentação elétrica em um equipamento ou circuito. A interrupção é executada com a manobra local ou remota do respectivo dispositivo de manobra, geralmente o disjuntor alimentador do equipamento ou circuito a ser isolado. Note a figura. Diego Fernandes (2013)

Fonte de alimentação

Circuito a ser desenergizado

Seccionadora

Disjuntor a ser manobrado (desligado)

Figura 22: Seccionamento

Sempre que for tecnicamente possível, deve-se promover o corte visível dos circuitos, provendo afastamentos adequados que garantam condições de segurança específica, impedindo assim a energização acidental do equipamento ou circuito.

O seccionamento tem maior eficácia quando há a constatação visual da separação dos contatos (abertura de seccionadora, retirada de fusíveis, etc.). A abertura da seccionadora deverá ser efetuada após o desligamento do circuito ou equipamento a ser seccionado, evitando-se, assim, a formação de arco elétrico.

Impedimento de reenergização É o processo pelo qual se impede o religamento acidental do circuito desenergizado. Esse impedimento pode ser feito por meio de bloqueio mecânico, como os exemplos a seguir.

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Diego Fernandes (2013)

LIGA

Diego Fernandes (2013)

Fonte de alimentação Constatar a ausência de tensão

Circuito a ser seccionado Travamento da haste de manobra por chave

Disjuntor e seccionadora manobrados anteriormente

Figura 24: Constatação de ausência da tensão

DESL.

Figura 23: Bloqueio mecânico

Aterramento temporário A instalação de aterramento temporário tem como finalidade a equipotencialização dos circuitos desenergizados (condutores ou equipamento), ou seja, ligar-se eletricamente ao mesmo potencial, no caso ao potencial de terra, interligando-se os condutores ou os equipamentos à malha de aterramento através de dispositivos apropriados ao nível de tensão nominal do circuito. Veja a figura.

▪▪ Em seccionadora de alta tensão,

utilizando cadeados que impeçam a manobra de religamento pelo travamento da haste de manobra.

Diego Fernandes (2013)

Fonte de alimentação

▪▪ Retirada dos fusíveis de alimentação do local.

Circuito a ser desenegizado

▪▪ Travamento da manopla dos disjuntores por cadeado ou lacre.

▪▪ Extração do disjuntor quando possível.

Constatação de ausência da tensão Usualmente, por meio de sinalização luminosa ou de voltímetro instalado no próprio painel, deve-se verificar a existência de tensão em todas as fases do circuito. Na inexistência ou na inoperabilidade de voltímetros no painel, deve-se constatar a ausência da tensão com equipamento apropriado ao nível de tensão à segurança do usuário, como, por exemplo, voltímetro, detectores de tensão de proximidade ou contato. Observe a figura.

Seccionadora e disjuntor manobrados anteriormente

Locais comumente utilizados para a instalação de aterramento temporário

Figura 25: Aterramento temporário

Para a execução do aterramento, deve-se atender às seguintes etapas.

▪▪ Solicitar e obter autorização formal. ▪▪ Afastar as pessoas não envolvidas na execução do aterramento e verificar a desenergização.

▪▪ Delimitar a área de trabalho, sinalizando-a. ▪▪ Confirmar a desenergização do circuito a ser aterrado temporariamente. ▪▪ Inspecionar todos os dispositivos utilizados no aterramento temporário antes de sua utilização.

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▪▪ Ligar o grampo de terra do conjunto de aterramento temporário com

firmeza à malha de terra e em seguida a outra extremidade aos condutores ou equipamentos que serão ligados à terra, utilizando equipamentos de isolação e proteção apropriados para a execução da tarefa.

▪▪ Obedecer aos procedimentos específicos de cada empresa. ▪▪ Na rede de distribuição deve-se trabalhar, no mínimo, entre dois aterramentos. Observe, na figura, normas importantes para o aterramento temporário!

Diego Fernandes (2013)

de

Ca ad o

220V

1

es ta

e av ch

gu e

2

i ol Nã

1. Bloqueio e etiquetagem 2. Equipamento em manutenção 3. Aterramentos provisórios 4. Detector de tensão

4 3

Figura 26: Aterramento temporário

a. Se for necessário remover o aterramento por um breve período para execução de testes de isolação num equipamento que já estiver aterrado, este deverá ser reconectado imediatamente após o término do teste. b. Com os equipamentos apropriados (bastão, luvas e óculos de segurança), desconecta-se em primeiro lugar a extremidade ligada ao condutor ou equipamento e, logo após, a extremidade ligada à malha de terra. c. Nos serviços que exijam equipamentos não aterrados, estes devem ser descarregados eletricamente em relação à terra, seguindo-se para isso os procedimentos de aterramento estabelecidos.

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Instalação da sinalização de impedimento de energização Esse tipo de sinalização é utilizado para diferenciar os equipamentos energizados dos não energizados, afixando-se no dispositivo de comando do equipamento principal um aviso de que ele está impedido de ser energizado. iStockphoto ([20--?]), Hemera ([20--?])

Os sistemas de aterramento devem satisfazer às prescrições de segurança das pessoas e funcionais da instalação. O valor da resistência de aterramento deve satisfazer às condições de proteção e de funcionamento da instalação elétrica.

Ligações a terra Qualquer que seja sua finalidade (proteção ou funcional), o aterramento deve ser único em cada local da instalação. Para casos específicos, de acordo com as prescrições da instalação, podem existir aterramentos separados, desde que sejam tomadas as devidas precauções.

Aterramento funcional

Figura 27: Sinalização de impedimento de reenergização

Fique atento que somente depois de efetuadas todas as etapas discriminadas anteriormente, o equipamento ou circuito estará no estado desenergizado, podendo assim ser liberado pelo profissional responsável para intervenção. Porém, o equipamento ou circuito pode ser modificado com a alteração da ordem das etapas, ou mesmo com o acréscimo ou supressão de etapas, dependendo das particularidades do circuito ou equipamento a ser executada a desenergização, além da aprovação por profissional responsável.

DICA A instalação da sinalização de impedimento de energização deve ser executada em todos os pontos possíveis de alimentação do equipamento ou circuito a ser desenergizado.

Aqui você conheceu as principais formas e procedimentos de desenergização,prepare-se para estudar sobre o aterramento. Vamos lá!

É o aterramento de um ponto (do sistema, da instalação ou do equipamento) destinado a outros fins que não a proteção contra choques elétricos. Em particular, no contexto da seção, o termo “funcional” está associado ao uso do aterramento e da equipotencialização para fins de transmissão de sinais e de compatibilidade eletromagnética.

Aterramento do condutor neutro Quando a instalação for alimentada diretamente pela concessionária, o condutor neutro deve ser aterrado na origem da instalação. Do ponto de vista da instalação, o aterramento do neutro na origem proporciona uma melhoria na equalização de potenciais essenciais à segurança. Observe a figura.

Aterramento Trata-se de um sistema constituído por eletrodos de aterramento, cravados no solo, e condutores de aterramento, destinados a prover uma ligação intencional entre os circuitos elétricos e a terra (solo) por questões funcionais e de proteção.

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Diego Fernandes (2013)

Com o aterramento a corrente praticamente não circula pelo corpo

Sem o aterramento o único caminho é o corpo

Figura 28: Aterramento da carcaça

Aterramento de proteção (PE) A proteção contra contatos indiretos proporcionada em parte pelo equipamento e em parte pela instalação é aquela tipicamente associada aos equipamentos classe I.Você sabe o significado de equipamento classe I? Não? Bem, este equipamento tem algo além da isolação básica: sua massa é provida de meios de aterramento, isto é, o equipamento vem com condutor de proteção (condutor PE, ou “fio terra”) incorporado ou não ao cordão de ligação, ou então sua caixa de terminais inclui um terminal PE para aterramento.

A proteção complementar, proporcionada pela instalação, consiste em ligar esse equipamento adequadamente, conectando-se o PE do equipamento ao PE da instalação, na tomada ou caixa de derivação – o que pressupõe uma instalação dotada de condutor PE, evidentemente (e isso deve ser regra, e não exceção). Pressupõe ainda garantir que, em caso de falha na isolação desse equipamento, um dispositivo de proteção atue automaticamente, promovendo o desligamento do circuito.

Aterramento por razões combinadas de proteção e funcionais Quando for exigido um aterramento por razões funcionais e de proteção, as prescrições relativas às medidas de proteção devem prevalecer. Observe os esquemas de ligação de aterramento em baixa tensão! Confira os símbolos utilizados. Diego Fernandes (2013)

Condutor neutro (N) Condutor de proteção (PE) Condutor (PEN) Figura 29: Símbolos de aterramentos

Esquema TN-S O condutor neutro e o condutor de proteção são separados ao longo de toda a instalação.Observe a figura.

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Diego Fernandes (2013)

L1 L2 L3 N PE

Aterramento de alimentação

Massas

Figura 30: Esquema TN-S

Esquema TN-C-S As funções de neutro e de condutor de proteção são combinadas em um único condutor em uma parte da instalação.Veja a figura, na sequência. Diego Fernandes (2013)

L1 L2 L3 PE

PEN

N

Aterramento de alimentação

Massas

Figura 31: Esquema TN-C-S

Esquema TN-C As funções de neutro e de condutor de proteção são combinadas em um único condutor ao longo de toda a instalação. Note, a seguir.

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Diego Fernandes (2013)

L1 L1 L1 PEN

Aterramento de alimentação

Massas

Figura 32: Esquema TN-C

Esquema TT Possui um ponto de alimentação diretamente aterrado, estando as massas da instalação ligadas a eletrodos de aterramento eletricamente distintos dos eletrodos de aterramento da alimentação.Veja a figura, na sequência. Diego Fernandes (2013)

L1 L2 L3 N

PE Aterramento de alimentação

Massas

Figura 33: Esquema TT

Esquema IT Não possui qualquer ponto da alimentação diretamente aterrado, estando aterradas as massas da instalação. Observe, na sequência.

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Diego Fernandes (2013)

L1 L2 L3

S = as massas do ponto de alimentação estão ligadas a um aterramento eletricamente separado daquele do neutro e daquele das massas da instalação.

Esquema TNR

N

Impedância PE Aterramento de alimentação

Massas

O esquema TNR possui um ponto da alimentação diretamente aterrado, sendo as massas da instalação e do ponto de alimentação ligadas a esse ponto através de condutores de proteção. Nesse esquema, toda corrente de falta direta fase-massa é uma corrente de curto-circuito. Observe! Diego Fernandes (2013)

Figura 34: Esquema IT

Esquemas de ligação de aterramento em média tensão A norma NBR 14039(2005) diz que as massas devem ser ligadas a condutores de proteção para cada esquema de aterramento (apresentados a seguir). A mesma norma destaca ainda que massas simultaneamente acessíveis devem ser ligadas à mesma rede de aterramento individualmente, por grupos determinados ou coletivamente. Segundo a NBR 14039:2003, são considerados os esquemas de aterramento para sistemas trifásicos comumente utilizados, descritos na sequência, sendo esses classificados conforme a simbologia a seguir. Primeira letra – situação da alimentação em relação a terra: T = um ponto de alimentação (geralmente o neutro) diretamente aterrado. I = isolação de todas as partes vivas em relação a terra ou aterramento de um ponto através de uma impedância. Segunda letra – situação das massas da instalação elétrica em relação à terra: T = massas diretamente aterradas, independentemente do aterramento eventual de ponto de alimentação. N = massas ligadas diretamente ao ponto de alimentação aterrado (em corrente alternada, o ponto aterrado é normalmente o neutro). Terceira letra – situação de ligações eventuais com as massas do ponto de alimentação: R = as massas do ponto de alimentação estão ligadas simultaneamente ao aterramento do neutro da instalação e às massas da instalação. N = as massas do ponto de alimentação estão ligadas diretamen te ao aterramento do neutro da instalação, mas não estão ligadas às massas da instalação.

RpnA Figura 35: Esquema TNR

Esquemas TTN e TTS Os esquemas TTx possuem um ponto da alimentação diretamente aterrado, estando as massas da instalação ligadas a eletrodos de aterramento eletricamente distintos do eletrodo de aterramento do ponto de alimentação. Nesses esquemas, as correntes de falta direta fase-massa devem ser inferiores a uma corrente de curto circuito, sendo, porém, suficientes para provocar o surgimento de tensões de contato perigosas. Verifique as figuras, na sequência.

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Diego Fernandes (2013)

Rpn

RA

Figura 36: Esquema TTN Diego Fernandes (2013)

São considerados três tipos de esquemas, ITN, ITS e ITR, de acordo com a disposição do condutor neutro e dos condutores de proteção das massas da instalação e do ponto de alimentação, a saber: a. esquema ITN, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção das massas do ponto de alimentação são ligados a um único eletrodo de aterramento e as massas da instalação ligadas a um eletrodo distinto; Diego Fernandes (2013)

Rp Rn

RA

Diego Fernandes (2013)

Z RpnA Figura 40: Esquema ITR

Medida da resistência de aterramento Quando se estuda aterramento, há um conceito fundamental que não pode ser desprezado! Acompanhe e fique atento!

Figura 37: Esquema TTS

São considerados dois tipos de esquemas, TTN e TTS, de acordo com a disposição do condutor neutro e do condutor de proteção das massas do ponto de alimentação, a saber: a. esquema TTN, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção das massas do ponto de alimentação são ligados a um único eletrodo de aterramento; b. esquema TTS, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção das massas do ponto de alimentação são ligados a eletrodos de aterramento distintos.

Esquemas ITN, ITS e ITR Os esquemas ITx não possuem qualquer ponto da alimentação diretamente aterrado ou possuem um ponto da alimentação aterrado através de uma impedância, estando as massas da instalação ligadas a seus próprios eletrodos de aterramento. Você sabia que nesse modelo, a corrente resultante de uma única falta fase-massa não deve ter intensidade suficiente para provocar o surgimento de tensões de contato perigosas? Sim, é verdade! 88

Z Rn

RA

Figura 38: Esquema ITN

b. esquema ITS, no qual o condutor neutro, os condutores de proteção das massas do ponto de alimentação e da instalação são ligados a eletrodos de aterramento distintos; Diego Fernandes (2013)

Z Rp Rn

RA

Figura 39: Esquema ITS

c. esquema ITR, no qual o condutor neutro, os condutores de proteção das massas do ponto de alimentação e da instalação são ligados a um único eletrodo de aterramento.

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O aterramento é uma proteção coletiva e, por conseguinte, deve ser projetado por profissional habilitado, e constar do projeto das instalações elétricas.

Quer conhecer uma questão importante? É só seguir! Muito debatida nos dias de hoje, é o valor da resistência de aterramento e o valor da resistividade do solo. Em virtude da resistividade do solo e dos eletrodos de aterramento (sejam verticais ou horizontais), obtém-se o valor da resistência de aterramento, que pode variar em função das condições climáticas como chuva, por exemplo. A própria resistividade do solo sofre influência do tipo de solo (lama, argilas, terra de jardim, granito), da umidade, concentração e tipos de sais, compacidade do solo, granulometria e temperatura. Normalmente, quando se precisa de valores de resistência de aterramento muito baixos, menores que 5 ohms, é comum utilizar-se mais que um eletrodo de aterramento. Uma vez projetado e instalado, o sistema de


aterramento normalmente é medido pelo método da queda de potencial (três terminais) que se encontra normatizado no Anexo J da NBR 5410(2004). Norma esta que não está contida neste material didático.

Equipotencialização Define-se equipotencialização como o conjunto de medidas que visa minimizar as diferenças de potenciais entre componentes de instalações elétricas de energia e de sinal telecomunicações, rede de dados, etc.), prevenindo acidentes com pessoas e baixando a níveis aceitáveis os danos tanto nessas instalações quanto nos equipamentos a elas conectados.

Condições de equipotencialização Faz-se necessário a Interligação de todos os aterramentos de uma mesma edificação, exceto casos específicos de acordo com as prescrições das instalações. O quadro geral de baixa tensão (QGBT), o distribuidor geral da rede telefônica, o da rede de comunicação de dados, e outros equivalentes deverão ser convenientemente interligados, formando um só aterramento. Todas as massas metálicas de uma edificação, como ferragens estruturais, grades, guarda-corpos, corrimãos, portões, bases de antenas, bem como carcaças metálicas dos equipamentos elétricos, devem ser convenientemente interligadas ao aterramento. Todas as tubulações metálicas da edificação, como rede de hidrantes, eletrodutos e outros, devem ser interligadas ao aterramento de forma conveniente.

Os aterramentos devem ser realizados em anel fechado, malha, ou preferencialmente pelas ferragens estruturais das fundações da edificação, quando esta for eletricamente contínua (na maioria das vezes é). Todos os terminais “terra” existentes nos equipamentos deverão estar interligados ao aterramento via condutores de proteção PE que, obviamente, deverão estar distribuídos por toda a instalação da edificação. Todos os ETIs (Equipamentos de Tecnologia de Informações) devem ser protegidos por DPSs (Dispositivos de Proteção Contra Surtos), constituídos por varistores centelhadores, diodos especiais, ou a associação deles. Todos os terminais “terra” dos DPSs devem ser ligados ao BEP (Barramento de Equipotencialização Principal) através da ligação da massa dos ETIs pelo condutor de proteção PE. No QDP (Quadro de Distribuição Principal de Baixa Tensão) ou no quadro do secundário do transformador (dependendo da configuração da instalação elétrica de baixa tensão), deve ser instalado um DPS (Dispositivo de Proteção Contra Surtos) de características nominais mais elevadas para coordenar com eficácia os quadros de alimentação dos circuitos terminais que alimentam os ETIs. Nesses casos podem ser utilizados vários recursos que otimizem o custo da instalação, como, por exemplo, o aproveitamento de bandejamento dos cabos ou hidrantes, se for garantida sua continuidade elétrica em parâmetros aceitáveis.

O uso frequente da palavra “conveniente” nos itens anteriores enfatiza que a interligação entre aterramentos deve obedecer a certos critérios, pois interligar aterramentos não é simplesmente interligar um eletrodo ao outro.

Para que a interligação ocorra de maneira correta e eficaz, deve-se instalar próximo ao QDP, para instalações de energia da edificação, uma barra de cobre distanciada da parede em alguns centímetros e isolada desta por isoladores de porcelana, resina, ou outro material isolante. Essa barra deve ter dimensões compatíveis que assegurem um bom contato elétrico, preservando suas características de resistência mecânica e de baixa impedância elétrica. Bons parâmetros para as dimensões dessa barra são os seguintes. Largura = 50 mm. Espessura = 6 mm. Comprimento = pelo menos 500 mm.

Tanto a NBR 5410(2004) quanto a NBR 5419(2001) denominam este barramento de BEP (Barramento de Equipotencialização Principal).

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DICA Portanto, fazer uma interligação convenientemente consiste em se conectar todos os aterramentos nesse BEP, inclusive as ferragens da edificação, pelo caminho mais curto possível e dela se retirar tantos condutores de proteção PE quantos forem necessários para “servir” a instalação.

Se por qualquer motivo alguma tubulação metálica não puder ser diretamente interligada ao BEP, por exemplo, a corrosão galvânica, essa interligação deverá ser realizada de forma indireta via centelhador. Observe a ilustração e a legenda dos elementos que aparecem nela. Diego Fernandes (2013)

3.d Detalhe A (**)

3

5 4.a

EC

4

BEP

EC

EC

4.b 2

EC

3 3.a

3.b

EC 3

(*)

3.c

Figura 41: Exemplo de Interligação

Legenda: BEP = Barramento de equipotencialização principal. EC = Condutores de equipotencialização. 1 = Eletrodo de aterramento (embutido nas fundações). 2 = Armaduras de concreto armado e outras estruturas metálicas da edificação. 3 = Tubulações metálicas de utilidades bem como os elementos estruturais metálicos a eles associados. Por exemplo:

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3.a = Água. 3.b = Gás. (*) = Luva isolante (ver nota 2 de 6.4.2.1.1). 3.c = Esgoto. 3.d = Ar-condicionado. 4 = Condutos metálicos, blindagens, armações, coberturas e capas metálicas de cabos. 5 = Condutor de aterramento principal.


Confira a seguir. Diego Fernandes (2013)

N

PE

PEPEPE

Quadro de distribuição principal

N

PEPEPE

Barra PE Detalhe A

BEP

PEN

Quadro de distribuição principal Barra PE

Detalhe A

BEP

N

Figura 42: Esquena TN(esquerda) e esquema TT

Estas figuras são essencialmente ilustrativas. Se o quadro de distribuição principal se situar junto ou bem próximo do ponto de entrada da linha na edificação, uma barra PE, caso não haja outras restrições, poderia acumular a função de BEP.

Falta de equipotencialização Você sabe que existem dois problemas causados pela falta de equipotencialização (diferença de potenciais) em aterramentos de uma mesma instalação? Sim! Para descobrir como funcionam é só seguir com o estudo! O primeiro é o risco de choques, que podem provocar danos fisiológicos às pessoas e aos animais. Se a isolação de um dos equipamentos vir a ser rompida, gerando assim uma diferença de potencial entre a carcaça do equipamento em relação ao aterramento ou à carcaça de outro equipamento, pode ocorrer um circuito fechado no toque simultâneo entre o equipamento com isolação danificado e outro equipamento ou aterramento. Dessa forma, uma corrente de falta flui pelo corpo da pessoa ou animal que venha a executar este tipo de ação. O segundo é o risco de rompimento de isolação em equipamentos de tecnologia da informação e similares que necessitem de interligações para intercâmbio de dados, e em equipamentos eletrônicos suscetíveis a interferência. Isto causa danos aos equipamentos, prejudicando seu funcionamento individual ou, em casos extremos, paralisando grandes linhas de produção. Na sequência o foco de seu estudo serão as medidas de controle do risco elétrico. Para tal você iniciará com o seccionamento automático da alimentação. Vamos lá!

Seccionamento automático da alimentação No sistema de proteção contra choques elétricos (contatos indiretos) por seccionamento automático da alimentação, as massas devem ser ligadas a condutores de proteção, compondo uma “rede de aterramento”. Um dispositivo de proteção deve seccionar automaticamente a alimentação do circuito por ele protegido sempre que uma falta (falha) entre parte viva e massa der origem a uma tensão de contato perigosa. Observe a figura.

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Diego Fernandes (2013)

Dispositivo de proteção

Figura 43: Seccionamento automático da alimentação

O tempo máximo admissível de seccionamento é dado em função da tensão fase-terra-Uo em esquemas de ligação de aterramento TN, e em função da tensão fase-fase em esquemas de aterramento IT. Sendo também classificado em função da seletividade (situação 1 e situação 2), conforme discriminado nas tabelas a seguir. Tabela 8: Tempos de seccionamento máximos no esquema TN

Tempos de seccionamento máximos no esquema TN U0(V)

Tempo de seccionamento Situação 1 (áreas internas)

Situação 2 (áreas externas)

115, 120, 127

0,8

0,35

220

0,4

0,20

277

0,4

0,20

254

0,4

0,20

400

0,2

0,05

Onde: Uo é a tensão nominal entre fase e neutro, valor eficaz em corrente alternada; As situações 1 e 2 estão definidas no Anexo C da NBR 5410(2004). Norma esta que está contida neste material didático.

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Tabela 9: Tempos de seccionamento máximos no esquema IT (segunda falta)

Tempos de seccionamento máximos no esquema IT (SEGUNDA FALTA) U(V)

U0(V)

Tempo de seccionamento Neutro não distribuído

Neutro distribuído

Situação 1

Situação 2

Situação 1

Situação 2

208, 220, 230

115, 120, 127

0,8

0,4

5

1

380, 400

220

0,4

0,2

0,8

0,5

440, 480

254, 277

0,4

0,2

0,8

0,5

690

400

0,2

0,06

0,4

0,2

Onde: U é a tensão nominal entre fases, valor eficaz em corrente alternada; Uo é a tensão nominal entre fase e neutro, valor eficaz em corrente alternada. Para valores intermediários de tensão deve ser adotado o valor (da tabela) imediatamente superior. São utilizados na proteção por seccionamento automático dispositivos de sobrecorrente (disjuntores, fusíveis) ou dispositivos de corrente diferencial, sendo sua utilização condicionada aos esquemas de aterramento, conforme mostrado a seguir. Tabela 10: Caracterização das situações 1, 2 e 3

CARACTERIZAÇÃO DAS SITUAÇÕES 1, 2, E 3, CONFORME NBR 5410:2004 RESISTÊNCIA ELÉTRICA DO CORPO HUMANO

ALTA (seco)

SITUAÇÃO 1 (seco)

NORMAL (ÚMIDO)

SITUAÇÃO 2 (jardins, feiras e canteiros de obras) MUITO BAIXA (imerso)

BAIXA (ÚMIDO)

SITUAÇÃO 3 (banheira e piscinas)

MUITO BAIXA (molhado)

NULO

RARO

FREQUENTE

CONTÍNUO

CONTATO DAS PESSOAS COM O POTÊNCIAL DA TERRA

Observa-se a incompatibilidade entre os dispositivos tipo DR e os sistemas PEN e PE, pois utilizar estes dispositivos nestas instalações não gera diferença de corrente residual no sensor do DR na ocorrência de falhas. Isso porque o condutor de proteção PEN ou PE está passando no sensor, havendo assim o equilíbrio entre as correntes, e porque toda diferenciação entre as fases acarretarem uma corrente de mesma intensidade no condutor PEN ou PE. Deve-se, então, executar a separação entre condutor= PE e N para utilização de DR.

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A seguir serão apresentadas informações importantes para as ligações equipotenciais observe. Um dispositivo de proteção deve seccionar automaticamente a alimentação do circuito ou equipamento protegido contra contatos indiretos sempre que uma falta entre a parte viva e a massa no circuito ou equipamento considerado der origem a uma tensão de contato superior ao valor apropriado de [UL (V)]. Veja a tabela na sequência. Tabela 11: Valores máximos de tensão de contato limite U1(V)

O sistema de teste do DR, ao ser acionado por um botão existente no próprio DR, provoca a circulação de uma corrente por fora dos condutores que passam dentro do núcleo toroidal. Isso simula realisticamente uma fuga e consequente verificação do desligamento do próprio DR. Capo Eletronica ([20--?])

Valores máximos de tensão de contato limite U1(V) LO Natureza da corrente

Situação 1

Situação 2

Alternada, 15 Hz - 1000 Hz

50

25

Contínua sem ondulação

120

60

Obs.: Situação 1 – áreas internas; Situação 2 – áreas externas. Uma tensão contínua sem ondulação é convencionalmente definida como apresentando uma taxa de ondulação inferior a 10% em valor eficaz. O valor da crista máxima não deve ultrapassar 140 V para um sistema em corrente contínua sem ondulação com 120 V nominais; ou 70 V para um sistema em CC sem ondulação com 60 V nominais.

Dispositivo de proteção a corrente diferencial-residual (DR) Princípio de funcionamento O DR opera em função do campo magnético resultante da circulação da corrente pelos condutores de alimentação dos circuitos elétricos. Em condições normais esse campo magnético é praticamente nulo, mas em caso de fuga associada a choques elétricos ou defeitos de isolação, o seu valor deixa de ser nulo e assume um valor proporcional à corrente que está fugindo (vazando) do circuito. O princípio citado também vale para os circuitos trifásicos a três ou quatro condutores. Nesses circuitos as correntes estão defasadas entre si e os campos magnéticos ao redor dos condutores de alimentação se anulam, desde que não exista fuga (vazamento). Ou seja, o seu valor é praticamente nulo. Assim foi concebido o DR, que possui internamente jogos de contatos, mecanismo de acionamento manual, um transformador de corrente com núcleo toroidal, um enrolamento de detecção, um sistema mecânico de disparo e outro de teste de funcionamento do próprio DR.

Como funciona? Como as correntes do circuito estarão sempre passando pelo transformador de corrente do DR, em caso de fuga (vazamento) o campo magnético resultante é diferente de zero, e assim é percebido pelo enrolamento de detecção, que aciona o sistema de disparo responsável pela abertura dos contatos elétricos, interrompendo assim o circuito monitorado pelo DR.

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Figura 44: Dispositivo a corrente diferencial residual (DR) Bipolar

Como o DR mede permanentemente a soma vetorial das correntes que percorrem os condutores, enquanto o circuito se mantiver eletricamente sem fugas de corrente, a soma vetorial das correntes nos seus condutores é praticamente nula. Ocorrendo a falha de isolamento em um equipamento alimentado por esse circuito, interromperá uma corrente de falta a terra, ou seja, haverá uma corrente residual para a terra. Devido a este “vazamento” de corrente para a terra, a soma vetorial das correntes nos condutores monitorados pelo DR não é mais nula e o dispositivo detecta justamente essa diferença de corrente.


Nexx ([20--?])

1. Um TC de detecção, toroidal, sobre o qual são enrolados, de forma idêntica, cada um dos condutores do circuito e que acomoda também o enrolamento de detecção, responsável pela medição das diferenças entre correntes dos condutores. 2. Um elemento de “processamento” do sinal e que comanda o disparo do DR, geralmente designado relé diferencial ou relé reversível. Verifique a figura. Diego Fernandes (2013)

Figura 45: Dispositivo a corrente diferencial residual (DR) Tretapolar

A situação é análoga se uma pessoa tocar uma parte viva do circuito protegido: a porção de corrente que irá circular pelo corpo dessa pessoa provocará igualmente um desequilíbrio na soma vetorial das correntes. A diferença, então, é detectada pelo dispositivo diferencial, tal como se fosse uma corrente de falta a terra. Quando essa diferença atinge um determinado valor, é ativado um relé. Este relé provoca a abertura dos contatos principais do próprio dispositivo ou do dispositivo associado (contator ou disjuntor).

DICA O relé poderia, eventualmente, como observado no início, apenas acionar um alarme visual ou sonoro. Mas neste caso se trata de proteção; e proteção no caso mais geral significa desligamento do circuito.

I1

I2

I3

S

Circuito de detecção

N

(b)

Relé diferencial

Eixo

Circuito de detecção

Mola

Circuito magnético I4

L1

TC - monofásico

Fonte

L1 Carga Detecção

(a)

Alavanca

N

N

Imã permanente L3 L2 Fonte L1

TC - trifásico

L3

L2 Detecção Carga L1

N

N

Figura 46: Elementos de um DR

Uso do dispositivo DR Independentemente do esquema de aterramento TN, TT ou IT, o uso de proteção DR, mais particularmente de alta sensibilidade (isto é, com corrente diferencial-residual nominal igual ou inferior a 30 mA), tornouse expressamente obrigatório nos casos a seguir.

▪▪ Circuitos que sirvam a pontos situados em locais contendo banheiro ou chuveiro.

▪▪ Circuitos que alimentem tomadas de corrente situadas em áreas externas à edificação.

▪▪ Circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas que possam vir a alimentar equipamentos no exterior.

O dispositivo DR é composto basicamente de dois elementos. Acompanhe!

▪▪ Circuitos de tomadas de corrente de cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e, no geral, de todo local interno molhado em uso normal ou sujeito a lavagens.

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DICA Pode-se dizer que não há razões para preocupação quanto ao atendimento da regra do seccionamento automático quando se usam dispositivos DR, a não ser que a proteção diferencial-residual usada seja de baixíssima sensibilidade.

Os dispositivos DR (diferencial-residual) podem ser do tipo com ou sem fonte auxiliar, que pode ser a própria rede de alimentação. No caso de DR com fonte auxiliar, se não atuar automaticamente por falha de fonte auxiliar, é um dispositivo admitido somente se uma das duas condições na sequência for satisfeita. 1. A proteção contra contatos indiretos for assegurada por outros meios no caso de a fonte auxiliar falhar.

V) ou pela aplicação de isolação suplementar. Esquema IT – quando a proteção for assegurada por um dispositivo DR e o seccionamento à primeira falta não for cogitado, a corrente diferencial-residual de não atuação do dispositivo deve ser no mínimo igual à corrente que circula quando uma primeira falta franca à terra afete um condutor-fase. A sensibilidade determina se um DR pode ser aplicado à proteção contra contatos indiretos e à proteção contra contatos diretos. A aplicação do DR pode ser dividida em três tipos, de acordo com a sensibilidade. Para conhecê-las é só seguir com o aprendizado.

▪▪ Uso obrigatório de DR de

alta sensibilidade (< 30 mA): na proteção complementar contra choques elétricos em circuitos de banheiros, tomadas externas, tomadas de cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e assemelhados.

2. Os dispositivos forem instalados em instalações operadas, testadas e mantidas por pessoas advertidas ou qualificadas .

▪▪ Uso de DR de alta sensibilidade

Esquema TN – pode ser protegido por um dispositivo DR, o mesmo ocorrendo em circuitos terminais. Nesse caso as massas não precisam ser ligadas ao condutor de proteção do esquema TN, desde que sejam ligadas a um eletrodo de aterramento com resistência compatível com a corrente de atuação do dispositivo DR. Esquema TT – se uma instalação for protegida por um único dispositivo DR, este deve ser colocado na origem da instalação, a menos que a parte da instalação compreendida entre a origem e o dispositivo não possua qualquer massa e satisfaça a medida de proteção pelo emprego de equipamentos classe II (50 a 1.500

▪▪ Uso previsto de DR de baixa

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(< 30 mA) como alternativa: na proteção de equipamentos situados próximo a piscinas. sensibilidade (< 500 mA): um dos meios prescritos para limitar as correntes de falta/fuga a terra em locais que processem ou armazenem materiais inflamáveis.

Tipos de DR Importante destacar que na prática, a proteção diferencial-residual pode ser realizada por meio dos seguintes equipamentos.

▪▪ Interruptores diferenciais-residuais. ▪▪ Disjuntores com proteção diferencial-residual incorporada.

▪▪ Tomadas com interruptor DR incorporado.

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▪▪ Blocos diferenciais acopláveis

e disjuntores em caixa moldada ou a disjuntores modulares (minidisjuntores).

▪▪ Peças avulsas (relé DR e transfor-

mador de corrente toroidal), que são associadas apenas a um elemento de sinalização e/ou alarme, se eventualmente for apenas este, e não um desligamento, que é o objetivo da detecção diferencial-residual. Encerrado o conteúdo sobre DR, está na hora de conhecer as demais medidas de controle do risco elétrico. São as proteções por extrabaixa tensão, por barreiras e invólucros, por obstáculos e anteparos, por isolamento das partes vivas, parcial por colocação fora de alcance, e ainda por separação elétrica. Acompanhe todos estes tipos de proteção, na sequência!

Proteção por extrabaixa tensão É comum o emprego da tensão de 24V para condições de trabalho desfavoráveis, como trabalho em ambientes úmidos. Tais condições são favoráveis a choque elétrico nestes tipos de ambiente, pois a resistência do corpo humano é diminuída e a isolação elétrica dos equipamentos fica comprometida. Equipamentos de solda empregados em espaços confinados, como tanques, requerem que as tensões empregadas sejam baixas. A proteção por extrabaixa tensão consiste em empregar uma fonte da baixa tensão ou uma isolação elétrica confiável, se a tensão extrabaixa for obtida de circuitos de alta tensão.


A tensão extrabaixa é obtida tanto através de transformadores isoladores como de baterias e geradores. A tensão extrabaixa é aquela situada abaixo de 50 V. 1. Não aterrar o circuito de extrabaixa tensão. 2. Não fazer ligações condutoras com circuitos de maior tensão. 3. Não dispor os condutores de um circuito de extrabaixa tensão em locais que contenham condutores de tensões mais elevadas.

Do ponto de vista da segurança, este método é excelente, pois aqui o fator de segurança é multiplicado por três, ou seja, multiplica-se pelos três fatores: a isolação funcional, a isolação do sistema, no caso de transformadores, e a redução da tensão. Contudo, do ponto de vista prático, este método de proteção tem suas desvantagens, como: necessidade de uma instalação elétrica de baixa tensão, grandes secções transversais para os condutores de fornecimento da baixa tensão e, frequente, construção de equipamentos de dimensões relativamente grandes quando comparados com equipamentos que se utilizam de tensões mais altas para o seu funcionamento.

Proteção por barreiras e invólucros Proteções por barreiras e invólucros são destinadas a impedir todo contato com as partes vivas da instalação elétrica. Na verdade, as partes vivas devem estar no interior de invólucros ou atrás de barreiras.

DICA As barreiras e os invólucros devem ser fixados de forma segura e possuir robustez e durabilidade suficiente para manter os graus de proteção e ainda apresentar apropriada separação das partes vivas.

Figura 47: Barreiras e invólucros

As barreiras e os invólucros agem de duas formas, descritas a seguir:

Proteção por isolamento das partes vivas

▪▪ impedindo que pessoas ou

Isolamento elétrico

animais toquem acidentalmente as partes vivas;

▪▪ garantindo que as pessoas sejam

advertidas de que as partes acessíveis através da abertura são vivas e não devem ser tocadas intencionalmente. A figura a seguir exemplifica barreiras e invólucros.

É a ação destinada a impedir todo contato com as partes vivas da instalação elétrica. As partes vivas devem ser completamente recobertas por uma isolação que só possa ser removida através de sua destruição. O isolamento pode ser destruído por sobretensões transitórias, que provocam uma descarga elétrica no isolamento que, por sua vez, causa sua ruptura (perfuração).

Tabela 12: Resistência de isolamento

Resistência de Isolamento Tensão nominal do circuito

Tensão de ensaio em corrente contínua (V)

Resistência de isolamento mínimo em megohms

Extrabaixa tensão

maior ou igual a 250

0,25

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

97


Proteção por obstáculos e anteparos São destinados a impedir contatos acidentais com partes vivas, mas não os contatos voluntários por uma tentativa deliberada de contorno do obstáculo. Os obstáculos e anteparos devem impedir aproximação física não intencional das partes vivas (por exemplo, por meio de corrimãos ou de telas de arame). Este tipo de proteção deve impedir também contatos não intencionais com partes vivas por ocasião de operação de equipamentos sob tensão (por exemplo, por meio de telas ou painéis sobre os seccionadores). A figura mostra exemplos de obstáculos e anteparos. Tribuna do Norte (2010)

▪▪ Isolação básica – isolação aplicada às partes vivas, destinada a assegurar proteção básica contra choques.

▪▪ Isolação suplementar – isolação independente e adicional à isolação

básica, destinada a assegurar proteção contra choques elétricos em caso de falha da isolação básica (ou seja, assegurar proteção supletiva). Note a figura. Diego Fernandes (2013)

Fio bom

Fio ruim

Figura 48: Isolamento elétrico

Comumente, são utilizados sistemas de isolação dupla em alguns eletrodomésticos e ferramentas elétricas portáteis (furadeiras, lixadeiras, etc.). Neste caso, em sua plaqueta de identificação haverá um símbolo indicativo gravado, ou seja, dois quadrados de lados diferentes, paralelos, um dentro do outro, como indica a figura. Diego Fernandes (2013)

Nestes locais a NBR 5410(2004) admite o uso de medidas de proteção apenas parciais ou mesmo a sua dispensa. Estes locais técnicos abrigam equipamentos elétricos, sendo proibido o ingresso de pessoas que não sejam advertidas ou qualificadas. Em suma, o acesso a esses locais é restrito apenas aos técnicos responsáveis.

Isolação dupla ou reforçada

Figura 49: Dupla isolação – simbologia normalizada internacionalmente

Pode-se observar este tipo de isolação na instalação de um padrão de medição em baixa tensão, pois neste tipo de instalação os condutores não tendo dupla isolação devem ser instalados em eletroduto flexível isolante, conforme mostrado a seguir.

Sabe qual a razão da utilização de isolação dupla ou reforçada? Esta isolação tem a finalidade de propiciar uma dupla linha de defesa contra contatos indiretos. A isolação dupla, como o nome diz, é constituída de dois tipos. 98

CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


Diego Fernandes (2013)

Eletroduto de entrada

Medidor de kWh

Eletroduto de saída

Proteção parcial por colocação fora de alcance A colocação fora de alcance destina-se somente a impedir os contatos involuntários com as partes vivas. Quando há o espaçamento, este deve ser suficiente para que se evite que pessoas circulando nas proximidades das partes vivas possam entrar em contato, seja diretamente ou por intermédio de objetos que elas manipulem ou transportem. Observe o exemplo.

Condutores isolados em eletroduto flexível isolante; ou feixe de cabos unipolares; ou cabo multipolar

PEN Terminal de aterramento principal

Figura 50: Caixa de entrada de energia em baixa tensão

A isolação reforçada é um tipo de isolação única aplicada às partes vivas que assegura um grau de proteção contra choques elétricos equivalente ao da dupla isolação. A expressão“isolação única” não implica que a isolação deva constituir uma peça homogênea. Ela pode comportar diversas camadas impossíveis de serem ensaiadas isoladamente, como isolação básica ou como isolação suplementar. Na prática pode-se considerar como condutor com isolação reforçada o cabo mostrado na figura a seguir. Ele pode ser instalado em locais inacessíveis sem a utilização de invólucros/barreiras (eletrodutos, calhas fechadas, etc.), sendo constituído de isolação (2) e cobertura (4) em composto termoplástico de PVC, não sendo considerada pelo fabricante a função de isolação da camada de cobertura (4), considerando-se esta somente como proteção contra influências externas. Diego Fernandes (2013)

4

3

2

Identificação Cabo unipolar: cobertura preta

1

1. Condutor -material: fio de cobre nu, têmpera mole; -forma: redonda normal compacta ou setorial; -encordoamento: classe 2. 2. Isolação Composto termoplástico de PVC em chumbo anti-chama.

Cabos multipolares (2, 3 e 4 condutores): veias numeradas e cobertura preta

3. Enchimento Composto termoplástico de PVC sem chumbo.

Temperaturas máximas do condutor: 70°C em serviço confinado, 100°C em sobrecarga e 160°C em curto-circuito

4. Cobertura Composto termoplástico de PVC sem chumbo anti-chama.

Figura 51: Isolação reforçada

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

99


iStockphoto ([20--?])

Figura 52: Exemplo de proteção parcial por colocação fora de alcance em uma subestação

Distâncias mínimas em locais sem proteção As distâncias mínimas aplicáveis a locais desprovidos de qualquer meio de proteção contra contatos diretos estão indicadas nas figuras e tabelas apresentadas a seguir.

2)

1000 mm

1500 mm

2300 mm

1)

700 mm 1000 mm

900 mm 1000 mm

1200 mm 1100 mm

Figura 53: Espaçamento para instalações internas

100 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

2300 mm

Diego Fernandes (2013)

Passagem destinada à manutenção Passagem destinada à 1500 mm operação


Tabela 13: Espaçamento para instalações internas

ESPAÇAMENTOS PARA INSTALAÇÕES INTERNAS (NBR 14039) Dimensões mínimas - mm D

300 até 24,2 KV 400 para 36,2 KV

Distância entre a parte viva e um anteparo vertical.

A

Valores de distâncias mínimas da tabela.

R

1200

Locais de manobra.

B

2700

Altura mínima de uma parte viva com circulação.

K

2000

Altura mínima de um anteparo horizontal.

F

1700

Altura mínima de um anteparo vertical.

J

E + 300

Altura mínima de uma parte viva sem circulação.

E

300

Distância máxima entre a parte inferior de um anteparo e o piso.

M

1200

Altura dos punhos de acionamento manual.

Malha

20

Abertura da malha.

Dimensões máximas - mm

Diego Fernandes (2013)

A A R A

R

D F

F

M F

F X

W

J

X

Partes vivas W – área de circulação permitida a pessoas advertidas Anteparos Tela ou grade metálica X – área de circulação proibida – dispositivos de manobra

Circulação por mais de um lado

Figura 54: Espaçamento para instalações externas

Observe agora espaçamento para instalações externas:

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

101


Tabela 14: Espaçamento para instalações externas

ESPAÇAMENTOS PARA INSTALAÇÕES INTERNAS (NBR 14039) Dimensões mínimas - mm A

Valores de distâncias mínimas da tabela.

G

1500

Distância mínima entre a parte viva e a proteção externa.

B

4000

Altura mínima de uma parte viva na área de circulação.

R

1500

Locais de manobra.

D

500

Distância mínima entre a parte viva e um anteparo vertical.

F

2000

Altura mínima de um anteparo vertical.

H

6000 5000 9000 7000

Em ruas, avenidas e entradas de prédios e demais locais com trânsito de veículos. Em local com trânsito de pedestre somente. Em Ferrovias. Em Ferrovias.

J

800

Altura mínima de uma parte viva na área de circulação proibida.

K

2000

Altura mínima de um anteparo horizontal.

L

2000

Altura mínima da proteção externa.

C

2000

Circulação. Dimensões máximas - mm

E

600

Distância máxima entre a parte inferior de um anteparo vertical e o piso.

M

1200

Altura dos punhos de acionamento manual.

Malha

20

Abertura das malhas dos anteparos Diego Fernandes (2013)

I

A

C L

B C

K

F F W

D

R

F J

M X

Figura 55: Partes vivas e anteparos

102 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

W

Partes vivas W – área de circulação permitida a pessoas advertidas Anteparos Tela ou grade metálica X – área de circulação proibida – dispositivos de manobra


Diego Fernandes (2013)

ZL Rc

ZR

Rr

zcP

PE

Figura 56: Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre – NR10.

Acompanhe a legenda das figuras. ZL=Zona livre. ZC=Zona controlada, restrita e trabalhadores autorizados. ZR=Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com adoção de técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho. PE=Ponto da instalação energizado. SI= Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos os dispositivos de segurança. Observe a tabela na sequência.

Diego Fernandes (2013)

ZL ZL

Rc ZC

ZR

Rr

PE

SI

Figura 57: Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre, com interposição de superfície de separação física adequada – NR10

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

103


Tabela 15: Distanciamento de segurança

TABELA DE RAIOS DE DELIMITAÇÃO DE ZONAS DE RISCO, CONTROLADA E LIVRE Faixa de tensão nominal da instalação elétrica em KV

PR – Raio de delimitação entre zona de risco e controlada em metros

RC – Raio de delimitação entre zona controlada e livre em metros

<1

0,20

0,70

≥1e<3

0,22

1,22

≥3e<6

0,25

1,25

≥ 6 e < 10

0,35

1,35

≥ 10 e < 15

0,36

1,38

≥ 15 e < 20

0,40

1,40

≥ 20 e < 30

0,56

1,56

≥ 30 e < 36

0,58

1,58

≥ 36 e < 45

0,63

1,63

≥ 45 e < 60

0,83

1,83

≥ 60 e < 70

0,90

1,90

≥ 70 e < 110

1,00

2,00

≥ 110 e < 132

1,10

3,10

≥ 132 e < 150

1,20

3,20

≥ 150 e < 220

1,60

3,60

≥ 220 e < 275

1,80

3,80

≥ 275 e < 380

2,50

4,50

≥ 380 e < 480

3,20

5,20

≥ 480 e < 700

5,20

7,20

Proteção por separação elétrica Este assunto está tratado na NBR 5410(2004),sendo que este tipo de proteção consiste em separar o circuito de tal forma que suas partes vivas não deva ser conectadas, em nenhum ponto, a um outro circuito, a terra ou a um condutor de proteção. A proteção por separação elétrica pode ser realizada por dois meios. Confira!

▪▪ Transformador de separação de segurança. ▪▪ Grupo motor-gerador com enrolamentos que forneçam uma separação equivalente à de um transformador.

Circuitos eletricamente separados podem alimentar um único ou vários equipamentos. A situação ideal é aquela em que se tem um único equipamento conectado ao circuito. Sua massa não deve ser aterrada.

104 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


Com vários equipamentos alimentados pelo mesmo circuito, estes devem ser ligados entre si por condutores de equipotencialidade, e não aterrados. Aqui você encerra a seção 4! Nesta parte do estudo, você conheceu as várias medidas de controle do risco elétrico, suas particularidades e aplicações. Tais estudos são fundamentais para sua atuação profissional.Verifique, na sequência, o resumo dos riscos elétricos e adicionais, com suas principais medidas de controle, o qual servirá para relembrar os conteúdos abordados. Em seguida, na seção 5, você estudará os equipamentos de proteção coletiva e individual. Siga em frente! Tabela 16: Quadro-resumo dos riscos elétricos e adicionais com suas principais medidas de controle

Risco elétrico

Principais medidas de controle

Choque elétrico

Desenergização, tensão de segurança, barreiras, invólucros, luvas, bota de segurança, capacete.

Arco elétrico

Protetor facial e vestimenta.

Campos eletromagnéticos

Não possuir implantes eletrônicos no corpo e/ou próteses metálicas, blindagens.

Riscos adicionais

Principais medidas de controle

Trabalho em altura

Cinto de segurança com trava queda e linha de vida.

Ambiente confinado

Treinamento específico.

Área classificada

Treinamento específico.

Instalação elétrica em ambiente explosivo

Projeto e materiais certificados.

Sobretensões transitórias

Dispositivos contra surtos (DPS).

Descargas atmosféricas

SPDA e interrupção dos trabalhos a céu aberto.

Eletricidade estática

Eliminação a partir do uso de ionizadores, aterradores e mantas dissipadoras.

Umidade

Desumidificação.

Flora

Remoção, considerando os critérios de preservação do meio ambiente.

Fauna

Impedimento da circulação ou entrada nas instalações elétricas e controle das pragas.

Seção 5

Proteção individual e coletiva Você já estudou que todos os serviços executados em instalações elétricas devem prever a adoção prioritária de medidas de proteção coletiva. Isso é uma medida necessária para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, por sua vez, devem utilizar também Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) apropriados à atividade que estiverem executando. Nesta lição, você conhecerá primeiro os equipamentos coletivos. Acompanhe!

Equipamentos de Proteção Coletiva As medidas de proteção coletiva compreendem primariamente a desenergização elétrica e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança, conforme estabelece a NR 10. Confira a seguir alguns equipamentos e sistemas de proteção coletiva usados nas instalações elétricas!

Conjunto de aterramento Equipamento destinado à execução de aterramento temporário, visando à equipotencialização e proteção pessoal contra a energização indevida do circuito em intervenção. Note a seguir.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

105


NitSeg ([20--?])

Figura 58: Conjunto para aterramento temporário

Tapetes de borracha isolantes Acessório utilizado principalmente em subestações, sendo aplicado na execução da isolação contra contatos indiretos, minimizando assim as consequências por uma falha de isolação nos equipamentos. Diego Fernandes (2013)

Figura 59: Tapete de borracha

A minimização da corrente de falta fluindo pelo corpo (IC) ocorre quanto maior for o valor da resistência de isolação do tapete e menor a resistência do aterramento de proteção. Observe a figura.

106 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


Diego Fernandes (2013)

IF T

IA

RA

IA

IC RC RT

IC

Figura 60: Resistência da isolação

Cones e bandeiras de sinalização Verifique, a seguir, os três principais materiais destinados a fazer a isolação de uma área onde estejam sendo executadas intervenções. Vamos lá! 1. Fita de sinalização Fita plástica colorida em poliestileno, com listras laranja e preta intercaladas. Utilizada interna e externamente na sinalização, interdição, balizamento ou demarcação em geral por indústrias, contrutoras, transportes, órgãos públicos ou empresas que realizam trabalhos externos. Leve, resistente, dobrável e de fácil instalação, é fornecida em rolo de 200 metros de comprimento e 70 mm de largura, podendo ser afixada em cones e tripés.

2. Cone em PVC para sinalização Utilizado para sinalizar, isolar, balizar ou interditar áreas de tráfego ou serviços com extrema rapidez e eficiência. Fornecido em polietileno/PVC ou borracha, é altamente durável e resistente a intempéries e maus tratos. É usado nas cores laranja e branco. iStockphoto ([20--?])

3. Correntes para sinalização em ABS Correntes de sinalização e isolamento em plástico ABS de alta durabilidade, resistência mecânica e contra altas temperaturas. Excelente para uso externo por não perder a cor ou descascar com a ação de intempéries. São fabricadas nos tamanhos pequeno e grande, nas cores laranja, branco ou laranja e branco. Apresenta garantia contra defeitos de fabricação de 15 anos. São indicadas para uso na construção, decoração, no isolamento e na sinalização de áreas, nas mais diversas aplicações, como em docas, ancoradouros, estacionamentos, rodovias, pedágios, bancos, parques, shopping centers, supermercados, etc. Ferramentas Gerais ([20--?])

Figura 63: Correntes para sinalização em ABS

Placas de sinalização São utilizadas para sinalizar perigo (perigo de vida, etc.) e situação dos equipamentos (equipamentos energizados, não manobre este equipamento sobre carga, etc.). Visam à proteção de pessoas que estiverem trabalhando no circuito e de pessoas que venham a manobrar os sistemas elétricos.

Dorling Kindersley ([20--?])

Figura 62: Cone em PVC para sinalização

Figura 61: Fita de sinalização

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

107


SOMA ([20--?]), Sinalização Fácil ([20--?]), Shopping Vetros ([20--?])

Figura 64: Bandeira com bastão e placas de sinalização

Protetores isolantes de borracha ou PVC para redes elétricas Anteparos destinados à proteção contra contatos acidentais em redes aéreas são utilizados na execução de trabalhos próximos a elas ou em redes energizadas. Observe a figura. Diego Fernandes (2013)

Braço pequeno Braço grande

Colocar pressionando firmemente para baixo

Braço grande

Braço pequeno

Para remover puxe movendo para frente e para trás

Figura 65: Protetores isolantes de borracha ou PVC para redes elétricas

108 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


Às vezes as medidas de proteção coletiva são inadequadas ou insuficientes para determinado trabalho em instalações elétricas. Para estas ocasiões, que não são raras, é importante também adicionar o uso dos Equipamentos de Proteção Individual, os EPIs. Não perca nunca de vista que o objetivo principal é ter segurança!

Equipamentos de Proteção Individual É importante destacar que nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos de proteção individual (EPIs) específicos e adequados às atividades desenvolvidas.

DICA Existe uma Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego específica para este tipo de equipamento, a NR 6.

O conceito de EPI envolve vários aspectos. As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, considerando-se também a condutibilidade, a inflamabilidade e as influências eletromagnéticas. Também é vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades, principalmente se forem metálicos ou facilitem a condução de energia.

Todo EPI deve possuir um Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Quer conhecer quando o EPI deve ser usado? Basta verificar a seguir.

▪▪ Quando não for possível eliminar o risco por outros meios.

▪▪ Quando for necessário complementar a proteção coletiva. Exemplos de EPIs 1. Óculos de segurança Equipamento destinado à proteção contra elementos que venham a prejudicar a visão, como descargas elétricas.

3. Luvas isolantes As luvas isolantes apresentam identificação no punho, próximo da borda, marcada de forma indelével (impossível de apagar), com informações importantes, como a tensão de uso nas cores correspondentes a cada uma das seis classes existentes (veja a tabela a seguir). As luvas podem ser testadas com inflador de luvas para verificação da existência de furos, bem como por injeção de tensão de testes. Protesil ([20--?]), Aliança ([20--?]), Hércules ([20--?]), Topmax ([20--?])

Hemera ([20--?])

Figura 66: Óculos de segurança

2. Capacetes de segurança Equipamento destinado à proteção contra quedas de objetos e contatos acidentais com as partes energizadas da instalação. O capacete para uso em serviços com eletricidade deve ser da classe B (submetido a testes de rigidez dielétrica a 20 kV).

Figura 68: Luvas de cobertura, luvas isolantes para AT e BT, bolsa em lona, inflador de luvas

As luvas isolantes são classificadas pelo nível de tensão de trabalho e de teste, conforme tabela a seguir.

Hemera ([20--?]), JDN Comercial ([20--?]), Elastobor ([20--?])

Figura 67: Capacete, carneira e capacete de aba total

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

109


Tabela 17: Classes de luvas isolantes

TABELA – CLASSES DE LUVAS ISOLANTES (NBR 10622/89) CLASSE

COR

TENSÃO DE USO (V)

TENSÃO DE ENSAIO (V)

TENSÃO DE PERFURAÇÃO (V)

00

bege

500

2500

5000

0

vermelha

1000

5000

6000

1

branca

7500

10.000

20.000

2

amarela

17.000

20.000

30.000

3

verde

26.500

30.000

40.000

4

laranja

36.000

40.000

50.000

Fonte: NBR 10622/89

As luvas de cobertura devem ser utilizadas por cima das luvas isolantes.

Para o tipo para-quedista, podem ser utilizados trava-quedas instalados em cabos de aço ou flexíveis fixados em estruturas a serem escaladas. Observe a figura.

4. Calçados (botinas, sem biqueira de aço)

Vitória Martins ([20--?]), SoloStocks ([20--?]), EPIMT ([20--?])

Utilizadas para minimizar as consequências de contatos com partes energizadas, as botinas são selecionadas conforme o nível de tensão de isolação e aplicabilidade (trabalhos em linhas energizadas ou não). Devem ser acondicionadas em local apropriado, a fim de que não percam suas características de isolamento. Calçado de Proteção (2012)

Figura 69: Calçados de proteção

5. Cinturão de segurança Equipamento destinado à proteção contra queda de pessoas, sendo obrigatória sua utilização em trabalhos acima de dois metros de altura. Existem basicamente dois tipos de cinturão: abdominal e de três pontos (para-quedista).

Figura 70: Cintos de segurança

6. Protetores auriculares Equipamento destinado a minimizar as consequências de ruídos prejudiciais à audição. Para trabalhos com eletricidade, devem ser utilizados protetores apropriados, sem elementos metálicos.

110 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


iStockphotos ([20--?])

▪▪ As mangas devem ser colocadas em uma sacola de lona com formato e tamanho apropriados.

▪▪ As ferramentas manuais isoladas

devem ser transportadas em uma caixa ou maleta de couro. c. Quanto à inspeção

Figura 71: Protetores auriculares tipo concha e tipo descartável

7. Máscaras/respiradores Equipamento destinado à utilização em áreas confinadas e sujeitas a emissão de gases e poeiras.

Conservação, transporte e inspeção de EPIs, ferramentas manuais Dando continuidade a sua aprendizagem, você conhecerá, em tópicos objetivos, as principais regras de manuseio e armazenamento de EPIs e outros equipamentos. Confira! a. Quanto à conservação

▪▪ Os equipamentos e ferramentas

devem ser guardados em local isento de poeira e o mais seco possível.

▪▪ Os bastões devem ser guardados

em locais apropriados e secos, sem poeira, fora da ação solar direta, livre da possibilidade de choques com materiais duros e do atrito com outras superfícies.

▪▪ As peças de borracha devem ser

protegidas com talco e em sacolas de lona apropriadas. No caso das mangas isoladas, devem ser guardadas na posição plana, em pares, nas sacolas de lona e nas caixas.

▪▪ As peças de borracha devem ser

lavadas com água e sabão neutro, enxaguadas completamente com água limpa e, após, deixadas secar à sombra.

▪▪ Os bastões devem ser limpos com flanela seca e depois lubrificados com silicone.

▪▪ As ferramentas manuais isoladas devem ter as partes móveis limpas e lubrificadas para uma operação mais suave. b. Quanto ao transporte

▪▪ O bastão e os demais conjuntos de

manobra devem ser acondicionados em sacola de lona e transportados na viatura em um tubo de PVC com diâmetro e comprimento apropriados, na cor branca, com tampão de PVC. Esse tubo deve estar posicionado na viatura em um local de fácil acesso e não apresentar nenhum orifício que permita a entrada de umidade.

▪▪ As luvas isolantes devem ser acondicionadas em sacolas, com a parte do punho colocada na parte mais baixa e com a ponta dos dedos na parte superior, evitando assim a inserção de materiais estranhos dentro destas.

Inspeção é uma tarefa conjunta da equipe de trabalho e do eletricista, que devem conhecer os aspectos que indicam as condições de uso das ferramentas e equipamentos de proteção individual e coletiva. Nas páginas a seguir você estudará a lista de EPIs, EPCs e ferramentas manuais e/ou isoladas, com os agentes particulares que merecem a inspeção de controle de risco. O objetivo, como você já estudou, é a diminuição das principais causas dos acidentes neste caso visando à boa qualidade dos equipamentos. Acompanhe!

EPIs e ferramentas Alicate universal, de corte e de bico, isolados para 1.000 V

▪▪ Isolamento no cabo e trincas

ou folgas que permitam seu deslizamento.

▪▪ Folga no eixo que une as duas

partes (desencontrando a “boca”).

▪▪ “Dentes” nas lâminas de corte. ▪▪ “Boca” danificada por curtocircuito ou por outros motivos.

▪▪ Lâminas de corte (as duas partes

da “boca”) encostando uma na outra.

▪▪ Abertura da “boca” pelo efeito da gravidade.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

111


Bolsa ou sacola de lona para luvas isoladas

▪▪ Sacola descosturada ou rasgada. ▪▪ Funcionamento das presilhas ou fechos.

▪▪ Furos, trincas ou danos nas partes de couro ou lona.

▪▪ Espaço disponível para luvas dentro da bolsa e/ou sacola. Calçados de segurança

▪▪ Furos ou partes descosturadas ou descoladas na sola.

▪▪ Deformados ou malconservados nas partes de couro.

▪▪ Solado com objeto metálico. Canivete

▪▪ Lâmina de corte com“dentes”

Cinturão de segurança com talabarte de couro e/ou emborrachado

▪▪ Partes descosturadas, trincadas,

quebradas, desgastadas ou modificadas.

▪▪ Funcionamento das molas dos

mosquetões e retorno à posiçãofechada.

▪▪ Rebites desgastados. ▪▪ Furos das correias com sinais de ruptura.

▪▪ Limpo, conservado e dentro da faixa de segurança. Colete refletivo

▪▪ Tinta da fita fosforescente com

condições de ser vista de longe e no escuro, quando da incidência de luz.

ou desgaste excessivo.

▪▪ Limpo e bem-conservado.

▪▪ Partes quebradas ou trincadas

▪▪ Partes descosturadas ou rasgadas.

(cabo e lâmina).

▪▪ Mola relaxada ou frouxa. Capacete de segurança com jugular

▪▪ Jugular bem presa à suspensão. ▪▪ Modelo e cor de acordo com o padrão da empresa.

▪▪ Trincas ou rachaduras. ▪▪ Funcionamento do dispositivo de regulagem e da fixação.

▪▪ Furos ou outras características diferentes da fábrica.

▪▪ Brilho produzindo o reflexo de luz. Chaves de fenda com cabos e hastes isoladas para 1.000 V

▪▪ Partes trincadas ou quebradas (cabo e haste).

▪▪ Isolamento da haste para trabalhos em redes energizadas.

▪▪ Haste torta ou empenada.

Conjunto impermeável

▪▪ Completo, com calça e jaleco. ▪▪ Rasgos ou partes descosturadas. ▪▪ Sujo, desbotado ou apresentando mofo nas partes internas.

▪▪ Tamanho ou modelo de acordo com o usuário. Trepa para poste de madeira

▪▪ Partes quebradas ou trincadas. ▪▪ Esporão afiado adequadamente. ▪▪ Modelo de acordo com o padrão da empresa.

▪▪ Estado decorrente do uso e

Trepa para poste duplo “T”

▪▪ Partes quebradas ou trincadas. ▪▪ Modelo de acordo com o padrão da empresa.

▪▪ Estado decorrente do uso e da conservação dentro da faixa de segurança.

▪▪ Furos das correias com sinais de ruptura.

▪▪ Correias e almofadas em bom

estado. Luva isolante de borracha para AT (alta tensão)

▪▪ ”Frisos” provocados pela guarda da luva dobrada.

▪▪ Furos ou rasgos no corpo da luva. ▪▪ Luva do punho para os dedos com ar escapando.

▪▪ Trincas ou danos entre os dedos. ▪▪ Não transportar com ferramentas cortantes ou perfurantes.

▪▪ Limpa, conservada e polvilhada de talco.

▪▪ Acondicionamento em embalagem individual (bolsa e/ou sacola para luvas).

▪▪ Teste de isolamento atualizado

(conforme a NBR 10622). Luva isolante de borracha para BT (baixa tensão)

▪▪ “Frisos” provocados pela guarda da luva dobrada.

▪▪ Furos ou rasgos no corpo da luva.

conservação dentro da faixa de segurança.

▪▪ Luva do punho para os dedos

▪▪ Furos das correias com sinais

▪▪ Trincas ou danos entre os dedos.

de ruptura.

▪▪ Correias e almofadas em bom estado.

▪▪ Ponta quebrada ou amassada.

112 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

com ar escapando.

▪▪ Não transportar com ferramentas cortantes ou perfurantes.

▪▪ Limpa, conservada e polvilhada de talco.


▪▪ Acondicionamento em embalagem individual (bolsa e/ou sacola para luvas).

▪▪ Teste de isolamento atualizado

(conforme a NBR 10622). Luva de vaqueta e/ou pelica protetora

▪▪ Partes rasgadas ou descosturadas. ▪▪ Limpa e conservada. ▪▪ Acondicionamento com luvas

Caixa de primeiros socorros

Detector de tensão

▪▪ Relação dos medicamentos junto

▪▪ Partes de adaptação do bastão

▪▪ Quantidade e qualidade satis-

▪▪ Funcionamento dos dispositivos

▪▪ Estados resultantes do uso e da

▪▪ Partes quebradas ou trincadas.

à caixa.

fatórias.

conservação adequados.

▪▪ Medicamento com data vencida. ▪▪ Acondicionada em local de fácil

de borracha, na bolsa e/ou sacola. Maleta de couro para ferramentas

acesso e que não permita deterioração dos medicamentos. Chaves de boca

▪▪ Limpa e conservada no formato

▪▪ Trincas ou rachaduras no corpo

original.

▪▪ Partes rasgadas ou descosturadas.

da chave.

▪▪ Desgaste da “boca”, de maneira

▪▪ Correias arrebentadas.

a prejudicar o seu desempenho.

Óculos de segurança – lentes claras

▪▪ Jogo de acordo com o estabele-

em perfeitas condições. de sinalização e ajuste.

▪▪ Pilhas em bom estado. Escadas em fibra extensível

▪▪ Escada empenada. ▪▪ Degraus quebrados, rachados ou soltos.

▪▪ Ganchos fixados e com as molas funcionando.

▪▪ Parte extensível da escada atende ao estabelecido pela empresa.

▪▪ Farpas ou lascas nos montantes. ▪▪ Cordas com partes corroídas ou

▪▪ Partes trincadas ou arranhadas.

cido pela empresa. Chave inglesa ajustável

▪▪ Dispositivos de ajuste funcionando.

▪▪ Eixo de ajustagem funcionando.

▪▪ Pintura da escada com desgastes.

▪▪ Lentes arranhadas.

▪▪ Partes quebradas, rachadas ou

▪▪ Peças metálicas para fixação dos

empenadas.

montantes bem apertadas.

▪▪ Tamanho de acordo com o

▪▪ Partes inferiores dos montantes

▪▪ Lentes de grau próprio do funcionário.

▪▪ Acondicionados dentro de estojo. Óculos de segurança – lentes escuras

▪▪ Partes trincadas ou arranhadas.

apodrecidas.

estabelecido pela empresa. Cobertura flexível para condutores e isoladores

pintadas em listras.

▪▪ Limpas e conservadas.

▪▪ Sapata antiderrapante em con-

▪▪ Peça que faz o descanso da escada no poste em condições.

▪▪ Trincas ou rasgos que possam

dições.

▪▪ Lentes arranhadas.

▪▪ Testes de isolamento atualizados.

viatura.

▪▪ Lentes de grau próprio do fun-

▪▪ Acondicionadas em local apro-

▪▪ Dispositivos de ajuste funcionando.

cionário.

▪▪ Modelo e cor das lentes de acordo com o padrão da empresa.

EPCs e ferramentais Bandeirola de sinalização

▪▪ Rasgada ou desgastada. ▪▪ Bem-amarrada nas escadas. ▪▪ Padrão utilizado pela empresa.

comprometer o isolamento elétrico.

priado.

▪▪ Condições e sistema de fixação

▪▪ Bem fixada nos suportes da ▪▪ Corda permanente para amarração no poste. Escada em fibra singela

funcionando. Cones de sinalização

▪▪ Escada empenada.

▪▪ Rachaduras ou partes quebradas.

ou soltos.

▪▪ Degraus quebrados, rachados

▪▪ Cores em condições de serem

▪▪ Corda permanente para amar-

▪▪ Condições de conservação e

▪▪ Pintura da escada com desgaste.

▪▪ Bem-acondicionados na viatura.

no poste em condições.

vistas a distância.

limpeza adequadas.

ração no poste.

▪▪ Peça que faz o descanso da escada

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

113


▪▪ Partes inferiores dos montantes pintadas em listras.

▪▪ Sapata antiderrapante em condições.

▪▪ Bem fixada nos suportes da viatura. Facão

▪▪ Cabo quebrado. ▪▪ Cabo bem fixado à lâmina. ▪▪ Dentes na lâmina. ▪▪ Condições de uso da bainha. Farolete manual

▪▪ Condutores e conectores da extensão em condições.

▪▪ Vidro quebrado ou trincado. ▪▪ Farolete funcionando a contento. ▪▪ Condição do suporte do farolete.

Loadbuster

▪▪ Encaixes de arma e desarma funcionando corretamente.

▪▪ Controle do número de operações.

▪▪ Condições resultantes do uso e da conservação dentro da faixa de segurança.

▪▪ Cobertura dos condutores trans-

▪▪ Data da última inspeção.

parente. Talco para luvas de borracha

▪▪ Transportado em estojo próprio.

▪▪ Quantidade suficiente.

Placa de sinalização “NÃO LIGAR-HOMENS NA LINHA’’

▪▪ Quebrada ou amassada. ▪▪ Letreiro visível a distância. ▪▪ Dispositivodefixaçãofuncionando. Bastão para grampo de linha viva (pega-tudo)

▪▪ Teste de isolamento atualizado. ▪▪ Partes trincadas, quebradas ou arranhadas.

▪▪ Dispositivo de manobra funcio-

▪▪ Utilizado corretamente. ▪▪ Armazenado em local adequado. Volt-amperímetro

▪▪ Partes quebradas ou trincadas. ▪▪ Parafuso de ajuste para zero funcionando.

▪▪ Sistema de leitura funcionando. ▪▪ Sendo transportado em estojo próprio.

▪▪ Equipamento aferido.

Fita refletiva

nando perfeitamente.

Varas de manobra telescópica

▪▪ Corroída ou rasgada.

▪▪ Condições de guarda e transporte

▪▪ Elementos limpos e conservados.

▪▪ Pintura fosforescente pode ser vista a distância e no escuro.

▪▪ Comprimento adequado. ▪▪ Estado de conservação e limpeza dentro da faixa de segurança. Tapete de borracha

adequadas. Conjunto de aterramento temporário de AT (alta tensão)

▪▪ Dispositivos de conexão na rede em perfeito estado.

▪▪ Conexões frouxas, não estanhadas ou com rompimentos parciais.

▪▪ Limpo e conservado.

▪▪ Falhas ou desgastes nos condutores.

▪▪ Trincas ou rasgos que possam

▪▪ Condições resultantes do uso e

comprometer o isolamento elétrico.

▪▪ Tamanho de acordo com o estabelecido pela empresa.

▪▪ Testes de isolamento atualizados. Lanterna manual

▪▪ Vidro quebrado ou trincado. ▪▪ Lanterna funcionando. ▪▪ Internamente apresenta sinais de oxidação.

▪▪ Pilhas em bom estado.

da conservação dentro da faixa de segurança.

▪▪ Cobertura dos condutores transparente. Conjunto de aterramento temporário de BT (baixa tensão)

▪▪ Dispositivos de conexão na rede em perfeito estado.

▪▪ Conexões frouxas, não estanhadas ou com rompimentos parciais.

▪▪ Falhas ou desgastes nos condutores.

▪▪ Mola de compressão das pilhas com pressão.

114 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪▪ Partes trincadas ou arranhadas. ▪▪ Cabeçote apropriado para manobras.

▪▪ Encaixes das seções funcionando. ▪▪ Acondicionadas em estojos protetores.

▪▪ Teste de isolamento atualizado. Conhecido todo o checklist de equipamentos, que tal estudar o que diz a lei sobre equipamentos de proteção individual e coletiva? Acompanhe, a seguir.

Legislação específica de EPIs A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) apresenta artigos específicos sobre os EPIs. Acompanhe!


Art. 166 – A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, Equipamento de Proteção Individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. Art. 167 – O EPI só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho.

A Norma Regulamentadora nº 6, ao tratar dos equipamentos de proteção individual, estabelece as seguintes obrigações do empregador.

▪▪ Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade.

▪▪ Exigir seu uso. ▪▪ Fornecer ao trabalhador somente

o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho.

▪▪ Orientar e treinar o trabalhador

sobre o uso adequado, a guarda e a conservação.

▪▪ Substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado.

▪▪ Responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica.

▪▪ Comunicar ao MTE (Ministério

do Trabalho e Emprego) qualquer irregularidade observada. Quanto ao EPI, o empregado deve.

DICA O artigo 158 da CLT dispõe: “Constitui ato faltoso do empregado a recusa do uso do EPI.”

Além dessas obrigações legais, todo EPI antes de sua utilização deve ser inspecionado visualmente. Caso haja dúvidas sobre sua integridade, devem ser consultadas as suas especificações técnicas ou deve-se procurar o responsável pela área de segurança da empresa. Agora, prepare-se para conhecer as normas técnicas brasileiras!

Seção 6

Normas Técnicas Brasileiras No Brasil, as normas técnicas oficiais são aquelas desenvolvidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e registradas no Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Industrial (INMETRO). Essas normas são o resultado de uma ampla discussão de profissionais e instituições, organizados em grupos de estudos, comissões e comitês. A sigla NBR, que antecede o número de muitas normas, significa Norma Brasileira Registrada.

A ABNT é a representante brasileira no sistema internacional de normalização, composto de entidades nacionais, regionais e internacionais. Há diversas normas para atividades com eletricidade, abrangendo quase todos os tipos de instalações e produtos. Acompanhe, nos tópicos a seguir a abrangência de cada norma! NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão A NBR 5410 é uma referência obrigatória quando se fala em segurança com eletricidade. Ela apresenta todos os cálculos de dimensionamento de condutores e dispositivos de proteção. Nela estão as diferentes formas de instalação e as influências externas a serem consideradas em um projeto. Os aspectos de segurança são apresentados de forma detalhada, incluindo o aterramento, a proteção por dispositivos de corrente de fuga, de sobretensões e sobrecorrentes. Os procedimentos para aceitação da instalação nova e para sua manutenção também são apresentados na norma, incluindo etapas de inspeção visual e de ensaios específicos. Brand X Pictures ([20--?])

Sempre Tops ([20--?])

▪▪ Usá-lo apenas para a finalidade a que se destina.

▪▪ Responsabilizar-se por sua guarda e conservação.

▪▪ Comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para o uso.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

115


NBR 14039 – Instalações Elétricas de Média Tensão, de 1,0kV a 36,2kV A NBR 14039 abrange as instalações de consumidores, incluindo suas subestações, dentro da faixa de tensão especificada. Ela não inclui as redes de distribuição das empresas concessionárias de energia elétrica. Além de todas as prescrições técnicas para dimensionamento dos componentes dessas instalações, a norma estabelece critérios específicos de segurança para as subestações consumidoras, incluindo acesso, parâmetros físicos e de infraestrutura. Procedimentos de trabalho também são objeto de atenção da referida norma que, a exemplo da NBR 5410, também especifica as características de aceitação e manutenção dessas instalações. Existem muitas outras normas técnicas direcionadas às instalações elétricas. Cabe aos profissionais conhecerem as prescrições que elas estabelecem, de acordo com o tipo de instalação em que estão trabalhando.

As normas a seguir relacionadas são boas referências para consultas e seus títulos são auto-explicativos a respeito do seu escopo. Muitas delas são complementos das prescrições gerais estabelecidas nas normas técnicas de baixa e média tensão anteriormente citadas. Siga em frente para verificá-las! NBR 5418 – Instalações Elétricas em Atmosferas Explosivas Fixa condições exigíveis para seleção e aplicação de equipamentos, projeto e montagem de instalações elétricas em atmosferas explosivas por gás ou vapores inflamáveis.

NBR 5419 – Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas Fixa as condições exigíveis ao projeto, instalação e manutenção de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) de estruturas, bem como de pessoas e instalações no seu aspecto físico dentro do volume protegido. jupiterimages ([20--?])

NBR 6151 – Classificação dos Equipamentos Elétricos e Eletrônicos quanto à Proteção contra os Choques Elétricos Classifica equipamentos elétricos e eletrônicos quanto à proteção contra os choques elétricos em caso de falha da isolação. NBR 13534 – Instalações Elétricas em Ambientes Assistenciais de Saúde – Requisitos para a Segurança Especifica condições exigíveis às instalações elétricas de estabelecimentos assistenciais de saúde, a fim de garantir a segurança de pessoas (em particular de pacientes) e, onde for o caso, de animais. NBR 13570 – Instalações Elétricas em Locais de Afluência de Público – Requisitos Específicos Fixa requisitos específicos exigíveis às instalações elétricas em locais de afluência de público, a fim de garantir o seu funcionamento adequado, a segurança de pessoas e de animais domésticos e a conservação dos bens. Quando a utilização de um produto pode comprometer a segurança ou a saúde do consumidor, o INMETRO ou outro órgão regulamentador pode tornar obrigatória a Avaliação de Conformidade desse produto. Isso aumenta a confiança de que o produto está de acordo com as Normas e os Regulamentos Técnicos aplicáveis.

116 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


Regulamentações do MTE Os instrumentos jurídicos de proteção ao trabalhador têm sua origem na Constituição Federal que, ao relacionar os direitos dos trabalhadores, incluiu entre eles a proteção da saúde e segurança por meio de normas específicas. Coube ao Ministério do Trabalho estabelecer essas regulamentações (Normas Regulamentadoras – NR) por intermédio da Portaria 3.214/78. A partir de então, uma série de outras portarias foram editadas pelo Ministério do Trabalho com o propósito de modificar ou acrescentar normas regulamentadoras de proteção ao trabalhador, conhecidas pelas suas iniciais: NR. Você já sabe que, sobre a segurança em instalações e serviços em eletricidade, a referência é a NR 10. Ela estabelece as condições mínimas exigíveis para garantir a segurança dos empregados que trabalham em instalações elétricas, em suas diversas etapas, incluindo elaboração de projetos, execução, operação, manutenção, reforma e ampliação, em quaisquer das fases de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica. Percebeu como é importante a observância desta norma? Sim, isto mesmo! A NR 10 exige também que sejam observadas as normas técnicas oficiais vigentes e, na falta destas, as normas técnicas internacionais. A fundamentação legal, que dá o embasamento jurídico à existência desta NR, está nos artigos 179 a 181 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Acompanhe na sequência as rotinas de trabalho.

Seção 7

Rotinas de trabalho Considerando o exposto na NR 10, procedimento é uma: sequência de operações a serem desenvolvidas para realização de um determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de segurança e circunstâncias que impossibilitem a sua realização. A seguir, você conhecerá os procedimentos gerais, de trabalho e de desenergização, além da liberação para serviços e demais responsabilidades do dia-a-dia profissional de instalações elétricas. Siga em frente e incremente sua aprendizagem!

Procedimentos de trabalho Você saberia dizer o que os procedimentos devem conter? Interessante pergunta! Pois bem, os procedimentos precisam ter, no mínimo, objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orientações finais. A norma padroniza que os procedimentos de trabalho, o treinamento de segurança e saúde e a autorização de que trata o item 10.8 devem ter a participação em todo o processo de desenvolvimento do Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) quando houver.

No procedimento deve-se encontrar a sequência de operações (passos) que um trabalhador deve fazer para realizar uma tarefa. Por exemplo, para substituir a resistência de um chuveiro elétrico instalado no vestiário de uma empresa, considerando o proposto na NR 10, o procedimento ficaria com a forma apresentada na tabela a seguir. O procedimento levou em consideração que, por questões de segurança, ergonomia e disponibilidade do vestiário, com o chuveiro instalado, só se troca a resistência, ou seja, qualquer outro tipo de reparo deve ser feito em bancada. Tal medida se justifica, uma vez que operações de reparo, que não a substituição da resistência, exigem a manipulação de ferramentas e a realização de movimentos que devem ser realizados em bancada.

DICA Um procedimento de trabalho deve ser elaborado por profissional qualificado e aprovado por profissional habilitado no tocante à aprovação técnica e de segurança e saúde.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

117


Note a tabela. Tabela 18: Procedimento de substituição de resistência de chuveiro elétrico

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PROCEDIMENTO 0010SET2006 substituição de resistências elétricas nos chuveiros do vestiário III no bloco A

Página ¼ REV. 0

Informações relacionadas ao conteúdo vigente Atividade função responsável visto data Elaboração Análise crítica Compatibilidade com o SGQ Compatibilidade com o SGA Aprovações Função Responsável Visto Data Técnica Segurança Histórico das Revisões Data da primeira elaboração Data da última revisão 1. OBJETIVO Padronizar a substituição de resistências elétricas nos chuveiros do Vestiário III no Bloco A. 2. CAMPO DE APLICAÇÃO Manutenção Elétrica e Empresas de Manutenção Terceirizadas. 3. BASE TÉCNICA Informações do fabricante do chuveiro arquivadas na pasta “CHUVEIROS” no arquivo de aço na sala da Manutenção Elétrica. Projeto das instalações elétricas e memorial descritivo arquivados na sala da Manutenção Elétrica. 4. COMPETÊNCIAS Ser profissional autorizado pela empresa. 5. RESPONSABILIDADES A responsabilidade pela elaboração e revisão deste documento e da Manutenção Elétrica e a responsabilidade pela execução do serviço é do profissional autorizado que realizar o trabalho conforme registro na ordem de serviço. 6. MATERIAL NECESSÁRIO Além dos EPIs padrões, é necessária a relação de recursos apresentada a seguir.

▪▪ Uma escada de abrir de 7 degraus com pés antiderrapantes. ▪▪ Resistência de 220 volts, 2 400 watts, código de estoque 100.040.350. ▪▪ Bloqueio de disjuntor bipolar para quadro de distribuição. ▪▪ Placa de sinalização “CIRCUITO EM MANUTENÇÃO” com o nome e telefone do mantenedor responsável pelo serviço.

▪▪ Utilizar os EPIs padrões definidos pela Área de Segurança.

118 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


▪▪ Programar a substituição fora do horário dos banhos, que habitualmente ocorrem no fim de cada turno de trabalho.

▪▪ Verificar as instruções do fabricante para substituição da resistência elétrica. ▪▪ Verificar, no projeto elétrico, o quadro de distribuição e a identificação do disjuntor. ▪▪ Requisitar a resistência elétrica e conferir suas características. Caso o estoque seja zero e não existam resistências equivalentes, reprogramar o serviço e solicitar a aquisição da resistência.

▪▪ Nunca improvisar consertos na resistência que será removida. ▪▪ Verificar se o chão do boxe está seco e, caso contrário, pedir para o setor de limpeza secar o chão. ▪▪ Instalar a segurança antes de iniciar o serviço de substituição da resistência elétrica. ▪▪ Verificar as condições da escada antes de utilizá-la. Substituir a escada caso ela esteja com problemas ou reprogramar o serviço.

8. DISPOSIÇÕES GERAIS

▪▪ Requisitar a resistência elétrica. ▪▪ Ir ao vestiário com a escada e verifi car a condição do piso. Caso necessário providenciar sua secagem. ▪▪ Dirigir-se ao quadro de distribuição e desligar o disjuntor respectivo ao chuveiro em manutenção. ▪▪ Instalar o bloqueio e a placa de sinalização. ▪▪ Retornar ao vestiário e colocar a escada em posição tal que permita o serviço sem molhar a escada. ▪▪ Remover o plugue da tomada. ▪▪ Soltar o bojo do chuveiro e remover a resistência quebrada. ▪▪ Fazer a limpeza do bojo, removendo qualquer parte metálica da resistência que foi removida e que possa ter se desprendido e fi cado dentro do bojo.

▪▪ Instalar a nova resistência. ▪▪ Colocar novamente o bojo no chuveiro. ▪▪ Descer e retirar a escada do boxe. ▪▪ Abrir o registro para correr água, conforme indica o fabricante do chuveiro. ▪▪ Fechar o registro, colocar a escada no boxe e religar o plugue na tomada. ▪▪ Descer da escada e a remover do boxe. ▪▪ Retirar o bloqueio do disjuntor bipolar e religá-lo. ▪▪ Voltarao boxe e testar o chuveiro. Caso o chuveiro não esquente, providencar um voltímetro, e com o auxílio de luvas medir a tensão na tomada.

▪▪ Caso exista tensão, repetir a segurança e os passos anteriores. Agora para trocar o chuveiro. ▪▪ Trocar o chuveiro inteiro por um do estoque. Nunca tentar reparar o chuveiro no boxe. 9. ORIENTAÇÕES FINAIS Nada consta.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

119


Procedimentos de desenergização É fundamental ressaltar que toda empresa deve elaborar, aprovar e divulgar (distribuir) o procedimento de desenergização obedecendo à sequência indicada a seguir. a. Seccionamento – Confirmar se o circuito desligado é o alimentador do circuito em que deve ser executada a intervenção, mediante a verificação dos diagramas elétricos e da folha de procedimentos, bem como a identificação do circuito em campo. b. Impedimento de reenergização – Verificar as medidas de impedimento de reenergização aplicadas, que sejam compatíveis ao circuito em intervenção, como: abertura de seccionadoras, retirada de fusíveis, afastamento de disjuntores de barras, relés de bloqueio, travamento por chaves, utilização de cadeados. c. Constatação da ausência de tensão – É feita no próprio ambiente de trabalho através de: instrumentos de medições dos painéis (fixo) ou instrumentos detectores de tensão (observar sempre a classe de tensão desses instrumentos). Verificar se os EPIs e EPCs necessários ao serviço estão dentro das normas vigentes e se as pessoas envolvidas estão devidamente protegidas. d. Instalação de aterramento temporário – Verificar a instalação do aterramento temporário quanto à perfeita equipotencialização dos condutores do circuito ao referencial de terra, com a ligação destes a esse referencial com equipamentos apropriados. e. Proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada – Verificar a existência de equipamentos energizados nas proximidades do circuito ou equipamento a sofrer intervenção, observando assim os procedimentos, materiais e EPIs necessários à execução dos trabalhos, obedecendo à tabela de zona de risco e zona controlada. A proteção poderá ser feita por meio de obstáculos ou barreiras, de acordo com a análise de risco. f. Instalação da sinalização de impedimento de energização Confirmar se foi feita a instalação da sinalização em todos os equipamentos que possam vir a energizar o circuito ou equipamento em intervenção. Na falta de sinalização de todos os equipamentos, esta deve ser providenciada.

Procedimentos gerais A critério das empresas, procedimentos gerais para as tarefas que possuem operações comuns podem ser elaborados, aprovados e divulgados. São exemplos de tarefas comuns as “atividades preliminares”, a “obtenção de permissão para o trabalho (PT)”, as “medidas de controle durante a execução dos serviços” e a “conclusão dos serviços”. Verifique a tabela.

120 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


Tabela 19: Atividades preliminares

ATIVIDADES PRELIMINARES O que fazer?

Como fazer?

Por que fazer?

Atividades preliminares.

Analisar a documentação técnica, tais como: diagramas unifilar e funcional, interligações, etc.

Para melhor conhecimento do sistema elétrico.

Realizar uma análise de risco da tarefa, observando toda documentação técnica e as particularidades de cada sistema elétrico. Verificar os EPIs e EPCs necessários.

Observações

Para minimizar e manter sob controle o potencial de risco do serviço.

Inspecionar ferramental e instrumental necessários. Identificar os procedimentos técnicos para cada tipo de serviço.

Para garantir a eficiência dos mesmos.

A supervisão irá definir os trabalhadores habilitados para a execução da tarefa.

Para que os serviços sejam executados de forma padronizada.

Debater com a equipe as peculiaridades e todos os aspectos de segurança relativos ao serviço.

Para manter todos informados sobre o serviço.

Elaborar roteiro de manobras de liberação.

Para liberar de forma segura os serviços.

Liberação para serviços Tendo como base os procedimentos que você já viu nos estudos anteriores, o circuito ou equipamento estará liberado para intervenção, sendo a liberação executada pelo técnico responsável pela execução dos trabalhos. Somente estarão liberados para a execução dos serviços os profissionais autorizados, devidamente orientados e com equipamentos de proteção e ferramental apropriado.

Saiba que depois de concluída a liberação para serviços e antes de iniciar os trabalhos em equipe, conforme determina a NR 10, “os seus membros, em conjunto com o responsável pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas no local, de forma a atender aos princípios técnicos básicos e às melhores técnicas de segurança aplicáveis ao serviço”. A tabela a seguir exemplifica os procedimentos preliminares a serem seguidos para a liberação do trabalho. Note!

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Tabela 20: Obtenção da Permissão de Trabalho

OBTENÇÃO DE PERMISSÃO DE TRABALHO (PT) O que fazer?

Como fazer? Analisar em conjunto com o operados os riscos do serviço. Verificar a análise de risco da tarefa.

Por que fazer?

Observações

Para eliminar ou minimizar a possibilidade de acidentee/ouincidente.

ResponsávelpelaPT deveserautorizado.

Certificar-se da abrangência da PT. Acompanhar ou executar as manobras de desenergização e liberação dos serviços em conformidade com o roteiro previamente elaborado. Identificar com o operador os equipamentos e sistema a ser trabalhado. Obtenção de permissão de trabalho (PT)

Para ter conhecimento da real condição do sistema elétrico.

Sinalizar com fita de cor amarela a área onde estão equipamentos energizados vizinhos à área do serviço.

Para evitar enganos.

Usar luvas e testar o detector em circuito sabidamente energizado.

Para evitar manobras indevidas.

Verificar com detector de tensão a ausência ou não de potencial nos equipamentos e sistema liberados. Travar com cadeado os equipamentos de manobras pertencentes ao sistema em serviço.

Aterrar os sistema/equipamento liberado.

Para garantir a integridade dos profissionais. Para proteger os executantes contra manobras indevidas e/ ou induções.

Procedimentos de travamento O travamento é o próximo serviço. Veja, a seguir, os procedimentos para sua realização.

▪▪ Seccionamento – em que chaves seccionadoras ou outros dispositivos de isolamento são acionados para a desenergização dos circuitos.

▪▪ Impedimento de reenergização – em que os bloqueios mecânicos, cadeados ou outros equipamentos garantem a impossibilidade de reenergização dos circuitos, o que fica facultado apenas ao responsável pelo bloqueio.

▪▪ Constatação da ausência de tensão – em que os dispositivos de

detecção de tensão garantem a desenergização dos circuitos. Exemplo de instalação de aterramento temporário e equipotencialização (curto- circuito das três fases ligadas ao aterramento). Após o travamento deve-se sinalizar a área conforme os procedimentos apresentados na tabela a seguir.

122 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Seguir procedimentos e observar riscos.

Atenção para as alimentações de retorno.


Tabela 21: Medidas de controle durante a execução dos serviços

MEDIDAS DE CONTROLE DURANTE A EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS O que fazer?

Como fazer? Avaliar os riscos e a sinalização quando da execução de testes com potencial elevado Observar os procedimentos operacionais para cada teste.

Medidas de controle durante a execução dos serviços.

Por que fazer?

Observações

Para evitar descargas elétricas em outros executantes.

Usar luvas de alta tensão e descarregar os equipamentos após os testes.

Verificar as condições de segurança sempre que se ausentar do local do trabalho e quando for reiniciar o serviço.

Para garantir sua própria integridade.

Executar serviços observando os procedimentos técnicos operacionais.

Para garantir qualidade e padronização.

O serviço somente deve ser iniciado após a liberação da PT. Usar ferramental adequado, nunca improvisar.

Para se autopreservar. Usar detector de tensão.

Portar e usar os EPIs recomendados. Manter em local visível e de fácil acesso os diagramas unifilar e funcional. Alterações na sequência ou nas condições e de segurança do serviço devem ser comuni cadas ao supervisor e, se necessário, revisar a PT.

Para não executar ser viços com dúvida.

Conservar a distância de segurança das partes energizadas.

Para garantir a barreira isolante do ar.

DICA A sinalização de impedimento de energização deve ser feita com etiquetas ou placas contendo avisos de proibição de religamento, tais como: “Homens trabalhando no equipamento”, “Não ligue esta chave”, “Perigo de morte”, “Alta tensão”, etc.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Para concluir os serviços, devem ser inspecionadas as áreas, o ferramental e os equipamentos, conforme a tabela. Tabela 22: Conclusão dos serviços

CONCLUSÃO DOS SERVIÇOS O que fazer?

Conclusão de serviço.

Como fazer?

Por que fazer?

Inspecionar os equipamentos e sistemas observando: condições de energização; cabos bem conectados; curtos-circuitos para testes retirados; sistemas de proteção ativos; caixas de conexões vedadas; buchas e isoladores limpos e sem avarias; sistemas de refrigeração desobstruídos; ausência de materiais/ferramentas no interior dos equipamentos.

Para garantir a condição operacional dos mesmos.

Retirar todos os aterramentos provisórios (na sequência inversa do aterramento). Retirar sinalização e fitas de isolamento da área.

Para evitar curtos circuitos.

Retirar equipamentos e materiais da área. Acompanhar ou executar as manobras de normalização do sistema elétrico, conforme roteiro previamente elaborado. Dar baixa na PT.

Procedimentos de reenergização Após a conclusão dos serviços e com a autorização para reenergização do sistema, devem-se realizar os seguintes procedimentos:

▪▪ retirar todas as ferramentas, os utensílios e os equipamentos; ▪▪ retirar todos os trabalhadores não envolvidos no processo de reenergização da zona controlada;

▪▪ remover o aterramento temporário da equipotencialização e as proteções adicionais;

▪▪ remover a sinalização de impedimento de energização;. ▪▪ destravar, se houver, e realizar os dispositivos de seccionamento.

Responsabilidades Quando são definidas as atribuições e as responsabilidades dos diversos cargos (funções) existentes dentro de uma empresa, deve-se considerar obrigatoriamente a habilitação, qualificação, capacitação e autorização nos termos recomendados pela NR 10.

124 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Para manter a área limpa e em ordem.

Observações


Os cargos que aprovam projetos e procedimentos devem ser ocupados por profissionais habilitados, bem como os responsáveis por profissionais capacitados, que também devem ser habilitados.

Gestão de Pessoas Cabe à área de gestão de pessoas da empresa contratante “instruir formalmente” todos os seus contratados (funcionários, prestadores de serviços terceirizados, temporários e estagiários) com conhecimentos que permitam identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis. Por exemplo, é necessário que todos os contratados saibam que “os locais de serviço, compartimentos e invólucros de equipamentos e instalações elétricas são exclusivos para essa finalidade, sendo expressamente proibido utilizá-los para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos”.

jupiterimages ([20--?]) Digital Vision. ([20--?])

Como regra geral, os cargos que por atribuição são ocupados por profissionais que fazem diagnóstico e podem tomar decisões dentro de uma empresa devem ser ocupados por profissionais no mínimo qualificados, sendo recomendado que sejam habilitados. A habilitação, em função da legislação vigente na data da elaboração deste material didático impresso, obriga o contratado a fornecer para a empresa contratante uma anotação de responsabilidade técnica (ART) de cargo e função para ficar caracterizada a sua habilitação(e não apenas a qualificação).

A instrução formal, conforme estipula a norma, pode ser realizada no programa de integração dos contratados, ou seja, antes que eles realizem suas atividades dentro da empresa.

Na integração das pessoas que irão realizar serviços em eletricidade, nas instalações elétricas ou nas suas proximidades, deve ser enfatizado que é “vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos”.

Área de Segurança e Medicina do Trabalho A empresa deve manter atualizado o Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT), o programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA) e o Plano de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO). Em função da NR 10, nos exames médicos periódicos deve-se verificar a existência de implantes eletrônicos (marcapasso, dosador de insulina) e de próteses metálicas nos profissionais que atuam com eletricidade ou que estejam sujeitos a campos eletromagnéticos levantados no LTCAT. Nos casos em que a situação citada for detectada, o trabalhador deve ser orientado sobre os cuidados que deve tomar, ou deve ser submetido a exames periódicos com periodicidade menor que a anual.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

125


Stockbyte ([20--?])

▪▪ Proibir a entrada de menores aprendizes em estações ou em áreas de risco.

George Doyle ([20--?])

Área industrial

Supervisores e encarregados

Cabe à área industrial da empresa desenvolver programas internos para manter as suas instalações elétricas em condições seguras de funcionamento. Seus sistemas de proteção devem ser inspecionados e controlados periodicamente de acordo com as regulamentações existentes e definições de projeto.

Agora, você irá conhecer as atribuições típicas de supervisores e encarregados. Confira!

DICA Um exemplo de inspeção nos sistemas de proteção são os ensaios de tempo de operação e resistência de contato elétrico aplicáveis a disjuntores instalados nas subestações.

▪▪ Instruir adequadamente os funcionários com relação às normas de segurança do trabalho.

▪▪ Certificar-se da colocação dos equipamentos de sinalização adequados antes do início da execução dos serviços.

▪▪ Orientar os integrantes de sua

Conheça na sequência as atribuições típicas da gerência imediata .

equipe quanto às características dos serviços a serem executados e quanto às precauções a serem observadas no seu desenvolvimento.

▪▪ Instruir e esclarecer seus funcionários sobre as normas de segurança

▪▪ Comunicar à gerência imediata

Gerência imediata

do trabalho e sobre as precauções relativas às peculiaridades dos serviços executados em estações.

▪▪ Fazer cumprir as normas de segurança do trabalho a que estão obrigados todos os empregados, sem exceção.

▪▪ Designar somente pessoal devidamente habilitado para a execução de cada tarefa.

▪▪ Manter-se a par das alterações introduzidas nas normas de segurança do trabalho, transmitindo-as a seus funcionários.

▪▪ Estudar as causas dos acidentes e incidentes ocorridos e fazer cumprir as medidas que possam evitar sua repetição.

126 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

irregularidades observadas no cumprimento das normas de segurança do trabalho, inclusive quando ocorrerem fora de sua área de serviço.

▪▪ Advertir pronta e adequadamente

os funcionários sob sua responsabilidade quando deixarem de cumprir as normas de segurança do trabalho.

▪▪ Zelar pela conservação das ferramentas e dos equipamentos de segurança, assim como pela sua correta utilização.


▪▪ Proibir que os integrantes de

Digital Vision. ([20--?])

sua equipe utilizem ferramentas e equipamentos inadequados ou defeituosos.

ou usar drogas antes do início, nos intervalos ou durante a jornada de trabalho.

▪▪ Usar e exigir o uso de roupa

▪▪ Evitar brincadeiras em serviço.

adequada ao serviço.

▪▪ Não portar arma, excluindo-se

▪▪ Manter-se a par das inovações

os casos de empregados autorizados pela administração da empresa, em razão das funções que desempenham.

introduzidas nas normas de segurança do trabalho, transmitindo-as aos integrantes de sua equipe.

▪▪ Não utilizar objetos metálicos de

▪▪ Providenciar prontamente os

primeiros socorros para os funcionários acidentados e comunicar o acidente à gerência imediata, logo após sua ocorrência.

▪▪ Estudar as causas dos acidentes e

incidentes ocorridos e fazer cumprir as medidas que possam evitar sua repetição.

▪▪ Conservar o local de trabalho organizado e limpo.

▪▪ Cooperar com as CIPAs na sugestão de medidas de segurança do trabalho.

▪▪ Atribuir serviços somente a

funcionários que estejam física e emocionalmente capacitados a executá-los, e distribuir as tarefas de acordo com a capacidade técnica de cada um.

▪▪ Quando houver a interrupção dos serviços em execução, antes de seu reinício devem ser tomadas precauções para verificação da segurança geral, como ocorreu antes do início do trabalho.

▪▪ Não ingerir bebidas alcoólicas

Empregados Chegou o momento de você conhecer as atribuições típicas dos empregados. Siga em frente para verificá-las.

uso pessoal, tais como: anéis, correntes, relógios, bota com biqueira de aço, isqueiros a gás, a fim de se evitar o agravamento das lesões em caso de acidente elétrico.

▪▪ Não usar aparelhos sonoros. Jack Hollingsworth ([20--?])

▪▪ Observar as normas e os preceitos

relativos à segurança do trabalho e ao uso correto dos equipamentos de segurança.

▪▪ Utilizar os equipamentos de proteção individual e coletiva.

▪▪ Alertar os companheiros de

trabalho quando estes executarem os serviços de maneira incorreta ou atos que possam gerar acidentes.

▪▪ Comunicar imediatamente ao

seu superior e aos companheiros de trabalho qualquer acidente, por mais insignificante que seja, ocorrido consigo, com colegas ou terceiros, para que sejam tomadas as providências cabíveis.

▪▪ Avisar seu superior imediato

Visitantes Saiba que o empregado encarregado de conduzir visitantes pelas instalações de empresa deve ficar atento aos seguintes itens.

▪▪ Dar-lhes conhecimento das normas de segurança.

▪▪ Fazer com que se mantenham juntos.

quando, por motivo de saúde, não estiver em condições de executar o serviço para o qual tenha sido designado.

▪▪ Alertar-lhes para que mantenham

▪▪ Observar a proibição da ocorrên-

(capacetes, protetores auriculares, etc.).

cia de procedimentos que possam gerar riscos de segurança.

a distância adequada dos equipamentos, não os tocando.

▪▪ Fornecer-lhes EPIs aplicáveis

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

127


Documentação de instalações elétricas Todas as empresas são obrigadas a manter diagramas unifilares das instalações elétricas com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção. Os diagramas unifilares das instalações elétricas, devem estar atualizados, com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção.

Os estabelecimentos com potência instalada igual ou superior a 75 kW devem constituir Prontuário de Instalações Elétricas, de forma a organizar o memorial contendo no mínimo os itens a seguir. a. Os diagramas unifilares, os sistemas de aterramento e as especificações dos dispositivos de proteção das instalações elétricas. b. O relatório de auditoria de conformidade à NR 10, com recomendações e cronogramas de adequação, visando ao controle de riscos elétricos. c. O conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas à NR 10 e descrição das medidas de controle existentes. d. A documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas. e. Os equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental aplicáveis, conforme determina a NR 10.

f. A documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos profissionais e dos treinamentos realizados. g. As certificações de materiais e equipamentos utilizados em área classificada. As empresas que operam em instalações ou com equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência ou nas suas proximidades devem acrescentar ao prontuário os documentos relacionados anteriormente e os a seguir listados. a. Descrição dos procedimentos de ordem geral para contingências não previstas. b. Certificados dos equipamentos de proteção coletiva e individual.

O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser organizado e mantido pelo empregador ou por pessoa formalmente designada pela empresa e permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviço em eletricidade. Deve, também, ser revisado e atualizadosempre que ocorrerem alterações nos sistemas elétricos.

Os documentos previstos no Prontuário de Instalações Elétricas devem ser elaborados por profissionais legalmente habilitados. No interior das subestações deverá estar disponível, em local acessível, um esquema geral da instalação. Toda a documentação deve ser em língua portuguesa, sendo permitido o uso de língua estrangeira adicional.

128 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Projetos O “custo do ciclo de vida” de uma instalação elétrica considera os custos de operação e de manutenção e é determinado principalmente na fase de projeto. Outro aspecto importante dos projetos é que eles definem as condições de segurança e saúde dos trabalhadores responsáveis pela sua execução (montagem), operação e manutenção. No caso das instalações elétricas, a NR 10, no capítulo 10.3, Segurança em Projeto, padroniza os requisitos mínimos dos projetos relacionados às instalações elétricas. Segundo a NR 10, todo projeto de instalação elétrica deve considerar os itens a seguir. Descrever o sistema de identificação e como tais indicações devem ser aplicadas fisicamente nos componentes das instalações, considerando a NR 26, que trata de sinalização de segurança e padroniza as cores que devem ser utilizadas. Por exemplo, a cor laranja deverá ser empregada para identificar canalizações contendo ácidos; partes móveis de máquinas e equipamentos; partes internas das guardas de máquinas que possam ser removidas ou abertas; faces internas de caixas protetoras de dispositivos elétricos; faces externas de polias e engrenagens; botões de arranque de segurança e dispositivos de corte, bordas de serras, prensas.


Considerar o espaço seguro quanto ao dimensionamento e à localização de seus componentes e às influências externas, quando da operação e da realização de serviços de construção e manutenção, considerando a NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão – e a NR 17 – Ergonomia.

▪▪ Assegurar que as instalações proporcionem aos trabalhadores iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia.

▪▪ Definir a configuração do esquema de aterramento, a obrigatoriedade ou não da interligação entre o condutor neutro e o de proteção, e a conexão a terra das partes condutoras não destinadas à condução da eletricidade.

▪▪ Prever a instalação separada e a identificação individual dos circuitos elétricos com finalidades diferentes, tais como: comunicação, sinalização, controle e tração elétrica, salvo quando o desenvolvimento tecnológico permitir compartilhamento.

▪▪ Especificar dispositivos de desligamento que possuam recursos para

impedimento de reenergização e, para sinalização de advertência com indicação da condição operativa.

▪▪ Prever condições para a adoção de aterramentos temporários. ▪▪ Ser acompanhado de memorial descritivo que contenha também o

princípio funcional dos dispositivos de proteção e recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de pessoas aos componentes das instalações. As influências externas relacionadas na NBR 5410 são: temperatura ambiente, condições climáticas do ambiente, altitude, presença de água, presença de corpos sólidos, presença de substâncias corrosivas ou poluentes, solicitações mecânicas, presença de flext e mofo, presença de fauna, fenômenos eletromagnéticos de baixa frequência (conduzidos ou radiados), fenômenos eletromagnéticos de alta frequência conduzidos, induzidos ou radiados (contínuos ou transitórios), descargas eletrostáticas, radiações ionizantes, radiação solar, descargas atmosféricas, movimentação do ar, vento, competência das pessoas, resistência elétrica do corpo humano, contato das pessoas com o potencial terra, condições de fuga das pessoas em emergências, natureza dos materiais processados ou armazenados, materiais de construção, estrutura das edificações.

Aqui você encerra a unidade de estudo 2! Até este momento do curso, na maior parte, você conheceu vários aspectos relacionados ao risco elétrico: desde os perigos em si, passando pelas técnicas de análise de riscos, e as várias medidas de controle do risco elétrico existentes para cada ocasião de trabalho. Em seguida estudou os variados EPIs e EPCs, que complementam a segurança das medidas de controle. Por fim, você estudou as normas, rotinas de trabalho e documentação de instalações elétricas. Na próxima unidade você aprenderá a combater um risco específico de instalações elétricas, que é o incêndio. Preparado para seguir? Então vamos lá!

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

129


Unidade de estudo 3 Seções de estudo Seção 1 – Prevenção contra incêndio Seção 2 – Propriedades da combustão e métodos de extinção de incêndio Seção 3 – Classes de incêndio e agentes extintores


Prevenção Contra Incêndios Seção 1

Prevenção contra incêndio A prevenção contra incêndio não requer o emprego de técnicas e materiais especiais. O simples cuidado e atenção com os materiais usados no dia a dia constituem o básico para essa prevenção. Acompanhe!

Principais causas de incêndio O mau uso da eletricidade e o destino das pontas de cigarro acesas são apontados como os principais iniciadores de incêndios.

A sobrecarga na rede elétrica, através da instalação de vários equipamentos numa mesma tomada, é um risco potencial. Muita atenção deve ser dada ao uso do conhecido “T”, também chamado de benjamim, aquela peça que permite a ligação de até três aparelhos numa mesma saída elétrica. Dependendo da carga aplicada nele, a rede geral pode não suportar. Sintel ([20--?])

iStockphotos ([20--?])

Figura 72: Plugue de tomada com 3 saídas

O ferro elétrico é um grande gerador de incêndios, porque as pessoas se esquecem de desligá-lo ou porque seu “rabicho” está em péssimas condições, com fiação exposta, revestimento rompido, aquecendo e gerando faíscas. Você já deve estar ciente de que os fusíveis e os disjuntores funcionam como proteção aos circuitos elétricos! Isto mesmo! Eles desarmam e cortam a corrente em caso de sobrecarga. Precisam estar bem dimensionados e nunca devem ser travados, para evitar que se desarmem, nem substituídos por arames ou fios.

Irmãos Abage ([20--?])

Figura 73: Disjuntor

As máquinas, condicionadores de ar e outros equipamentos elétricos podem iniciar incêndios se as precauções básicas não forem tomadas. Ao se encerrar o expediente ou o trabalho, deve-se desligar os mesmos certificando-se de que ficaram completamente desligados. Fique sempre atento a este detalhe, trata-se de uma pequena atitude, mas que pode evitar transtornos futuros! Um simples cigarro é capaz de provocar grandes tragédias: ou porque é atirado a esmo, ou então esquecido aceso no cinzeiro. O fumante deve se habituar a apagá-lo totalmente e não fumar ao deitar-se. Conheça, na sequência, alguns efeitos ocasionados pelos incêndios!

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

131


a. Incêndio – efeito térmico A corrente de curto-circuito provocará o aquecimento dos condutores percorridos se não for rapidamente suprimida por meio de equipamentos de atuação rápida. Quando as correntes que fluem pelos condutores são de curta duração (um a cinco segundos), admite-se que o aquecimento é adiabático, isto é, todo o calor é utilizado no aquecimento dos condutores. Esses aquecimentos podem representar uma redução de resistência mecânica dos condutores e, se eles forem isolados, há destruição do material isolante, com risco de incêndio. Disjuntores, ao interromperem a corrente de curto-circuito, limitam a energia que provocaria aquecimento exagerado de condutores e de seus isolamentos. Quando o disjuntor é limitador, essa redução é muito grande, permitindo um dimensionamento bem menos generoso dos condutores, barramentos e equipamentos. Em geral, se o barramento suporta os outros dois esforços, será naturalmente satisfeita esta solicitação.

A corrente de curto-circuito resumida, a considerar para efeito de proteção da Central Elétrica de Proteção, é a disponível na alimentação.

b. Incêndio – proteção Os componentes elétricos não devem apresentar perigo de incêndio para os equipamentos vizinhos. Os componentes fixos cujas superfícies externas possam atingir temperaturas que venham causar perigo de incêndio a materiais adjacentes devem obedecer pelo menos um dos cuidados listados a seguir. Confira!

▪▪ Ser montados sobre materiais ou

contidos no interior de materiais que suportem tais temperaturas.

▪▪ Ser separados dos elementos da

construção do prédio por materiais que suportem tais temperaturas e que sejam de baixa condutância térmica.

▪▪ Ser montados de forma a permitir

a dissipação segura do calor, a uma distância segura de qualquer material em que tais temperaturas possam ter efeitos térmicos prejudiciais, sendo que qualquer meio de suporte deverá ser de baixa condutância térmica. Quando em serviço normal, um componente instalado de modo permanente puder emitir arcos ou fagulhas, esse componente deve obedecer pelo menos um dos cuidados listados a seguir.

▪▪ Ser totalmente envolvido por material resistente a arcos.

▪▪ Ser separado por materiais resistentes a arcos, de elementos de construção do prédio nos quais os arcos possam ter efeitos térmicos prejudiciais.

132 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪▪ Ser montado de modo a permitir

a segura extinção do arco a uma distância suficiente dos elementos do prédio nos quais os arcos possam ter efeitos térmicos prejudiciais. Os componentes fixos que apresentem efeitos de focalização ou concentração de calor devem estar a uma distância suficiente de qualquer objeto fixo ou elemento do prédio, de modo a não submetê-lo, em condições normais, à elevação perigosa da temperatura. Quando em um local forem usados equipamentos elétricos contendo líquidos inflamáveis em quantidade elevada (por exemplo: transformadores e disjuntores a óleo mineral), devem ser tomadas precauções para evitar que o líquido inflamável e os produtos da combustão do líquido (chamas, fumos, gases tóxicos) se espalhem para outras partes do prédio.

DICA Para quantidades líquidas superiores a 25 litros, é suficiente uma providência que evite vazamento do líquido. É convenientequeofornecimento de energia seja imediatamente interrompido quando houver ocorrência de incêndio. As instalações que contenham 100 litros ou mais de líquido isolante, no entanto, devem ser providas de tanque de contenção.

Veja os exemplos, a seguir:

▪▪ Construção de fosso de drenagem,

para coletar vazamento de líquidos e assegurar a extinção de chamas, na eventualidade de incêndio.


▪▪ Instalação do equipamento de uma câmara com resistência ao fogo

adequada e previsão de peitoris ou outros meios para evitar que o líquido inflamável se espalhe para outras partes do prédio, sendo essa câmara ventilada apenas por atmosfera externa. Os materiais dos invólucros colocados em torno dos componentes elétricos durante a instalação devem suportar a maior temperatura suscetível de ser produzida pelo componente. Materiais combustíveis não são adequados para a construção desses invólucros, a menos que sejam tomadas medidas preventivas contra a ignição, tais como revestimento com material não combustível ou de combustão difícil e de baixa condutância térmica. Na prevenção contra incêndio, não se deve focar apenas nos aspectos de segurança da edificação, do sistema de alarme e do equipamento extintor. É imprescindível que os trabalhadores sejam treinados com respeito às atitudes corretas quando ocorrer o incêndio. Este treinamento faz parte de um plano de emergência.

A engenharia, por outro lado, deve facilitar para que o ser humano não necessite pensar muito num acidente desses, pois se a pessoa não é treinada, perde o raciocínio lógico e a coordenação motora. Por isso, é preciso que seja montado na empresa o plano de emergência. Este plano deve ser trabalhado com todas as pessoas, quantas vezes forem necessárias, para que as atitudes a serem tomadas se tornem um hábito.

PROCAVE (2013)

c. Plano de emergência O pânico é um elemento que causa mais vítimas que o próprio fogo. Portanto, é preciso evitá-lo. Só mesmo o treinamento periódico e a informação são capazes de reduzir ou controlar essa reação coletiva que se desencadeia em ocasiões extremas, como um incêndio. O pânico é um fenômeno que ocorre com frequência durante os incêndios, especialmente quando as pessoas encontram dificuldades para abandonar o local. É também uma manifestação desesperada, provocada pelo instinto de autodefesa, que se apodera das pessoas na presença do perigo. Nessa ocasião, perdem o raciocínio lógico e tomam atitudes que colocam em risco suas vidas quando, muitas vezes, já estão prestes a serem salvas.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

133


Santa Casa do Pará (2012)

Conduta a ser seguida em caso de incêndio Qualquer pessoa que notar indícios de fumaça ou de fogo, cheiro de queimado ou labaredas, deverá atentar imediatamente às seguintes ações. Elastobor ([20--?])

Fases do plano É importante você saber que para elaboração e implantação do plano de emergência, devem ser observados vários aspectos, confira, na sequência. Levantamentos – Confira os dados que devem ser levantados.

▪▪ Número de empregados por setor/pavimentos.

▪▪ Saídas disponíveis. ▪▪ Áreas de maior risco. ▪▪ Meios de comunicação disponíveis e sinais de alarme.

▪▪ Material para primeiros socorros. Agora, observe as definições de estratégias. Definições de estratégias – Deve-se estudar, definir e implantar os seguintes quesitos.

▪▪ Sistema de alarme. ▪▪ As opções de fuga do pessoal. ▪▪ Ponto de encontro do pessoal evacuado.

▪▪ Ponto de encontro da brigada. ▪▪ Controle dos sistemas elétricos/ hidráulicos.

▪▪ Procurar identificar o local, o ▪▪ Formação das brigadas de Com-

bate e salvamento; Evacuação ou abandono; e Apoio. Na sequência, você fica por dentro dos treinamentos periódicos. Treinamentos periódicos – Visam instruir e exercitar, com todas as pessoas envolvidas, as etapas do plano, sendo tratados os assuntos a seguir.

▪▪ Divulgação do plano.

material em combustão e combater o fogo com o extintor apropriado mais próximo.

▪▪ Acionar o sistema de alarme ou pedir que alguém o faça se o fogo não foi controlado com o primeiro extintor usado.

▪▪ Combater o fogo, na tentativa de mantê-lo sob controle até a chegada dos bombeiros.

▪▪ Em caso de não saber manejar

▪▪ Exercícios práticos.

o extintor adequado ou ter medo do fogo, evitar causar pânico entre as demais pessoas.

▪▪ Simulações.

▪▪ Seguir o plano de abandono

▪▪ Treinamento dos grupos.

Chegou o momento de saber a respeito das revisões e atualizações do plano. Revisão e atualização do plano – Tem por finalidade verificar a eficácia das estratégias estabelecidas e atualizá-las, conforme a necessidade. Devem ser cumpridas as tarefas a seguir.

estabelecido. Até que seja elaborado e posto em prática o plano de abandono, agir sempre considerando as regras a seguir.

▪▪ Tratar de sair pelas portas principais ou de emergência, de maneira rápida (eficaz), mas sem correrias.

▪▪ Levantamentos dos pontos fortes,

▪▪ Não usar elevadores.

▪▪ Levantamentos dos pontos fracos,

porém sem trancá-las.

▪▪ Divulgação.

salvar a própria vida.

para sua manutenção.

para estudo e correção.

134 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪▪ Manter portas e janelas fechadas, ▪▪ Não tentar salvar objetos, mas


▪▪ Se possível, desligar as fontes de energia da área sinistrada.

▪▪ Se tiver que abrir alguma porta, antes de fazê-lo, usar as mãos para verificar se não está aquecida – ela pode esconder um calor de grandes proporções no outro ambiente.

▪▪ Em qualquer situação, protegerse atrás da porta. Ao abri-la, não se expor à corrente de ar, fogo e fumaça.

a. Química e física do fogo O fogo é uma reação química de oxidação que se processa rapidamente, com desprendimento de energia na forma de luz e calor. Sua existência somente será possível se houver a combinação dos quatro elementos essenciais: calor, oxigênio, combustível e a reação em cadeia. Observe a figura! Diego Fernandes (2013)

▪▪ Para movimentar-se em local

Seção 2

Propriedades da combustão e métodos de extinção de incêndio

Oxigênio

Calor

FOGO

Combustível

com fumaça e gases da combustão, proteger-se rastejando, aproximando-se o mais possível do solo, onde o ar é menos tóxico. Percebeu que as regras expostas acima são valiosas para emergências em incêndio? Mantenha-as em mente, pois vidas podem ser salvas com estas normas baseadas em bom senso e conhecimento. Na próxima seção, você irá estudar propriedades do fogo e formas eficazes de extinguir incêndios. Continue atento para aprender cada vez mais!

Comburente: É o elemento que dá vida as chamas e intensifica a combustão. O oxigênio é o principal comburente, mas existem outros gases que podem ter a mesma função.

Reação em cadeia Figura 74: Elementos essenciais

Oxigênio – É o comburente mais facilmente encontrado na natureza e de grande importância na combustão. Facilita a aceleração da queima. É um elemento que está presente em todas as combustões e que possibilita vida às chamas e intensidade à combustão.

O conhecimento das condições que determinam a ocorrência, ou não, da oxidação de um material é essencial para a compreensão dos princípios em que se baseia a ciência de prevenção e combate a incêndios. Confira!

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Diego Fernandes (2013)

Agora você vai conhecer os métodos para extinção dos incêndios. Siga em frente! b. Métodos de extinção de incêndios

O percentual de oxigênio no ar (em uma atmosfera comum) é o seguinte: 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% de outros gases. Tabela 23: Relação entre concentração de O2 e combustão

Oxigênio x Combustão 21% a 14%

Combustão viva

13% a 9%

Combustão lenta

8% a 0%

Não há combustão

Combustível - É todo material que pode ser queimado. Pode ser encontrado nas formas sólida, líquida e gasosa. Fonte de ignição (calor) – É uma forma de energia térmica, provocada por reações químicas e físicas, responsável pelo início da combustão. Reação em cadeia – Observando mais atentamente a química do fogo, nota-se que, depois de iniciado, o fogo passa a alimentar a si próprio. A explicação está na teoria da “reação em cadeia”, que é o mecanismo que garante a “manutenção” do fogo. A cadeia de reações formada durante a combustão propicia a formação de radicais livres, responsáveis pela transferência de energia à molécula ainda intacta, provocando, assim, a propagação do fogo numa verdadeira cadeia de reações.

Você pode conseguir a extinção do fogo com a retirada de qualquer um dos lados do tetraedro, interrompendo-se a ação de um dos quatros elementos: calor, oxigênio, combustível ou reação em cadeia. Acompanhe! Resfriamento – É o método de extinção mais conhecido e consiste em diminuir a temperatura do material em chamas até que este se situe abaixo do ponto de combustão, quando não mais haverá o desprendimento de vapores na quantidade necessária para sustentar a combustão. Abafamento – É o método de extinção que consiste em reduzir a concentração do oxigênio presente no ar, situado acima da superfície do combustível. Segundo experiências realizadas em laboratório, verificou-se que, em relação a líquidos e gases, as chamas existem somente em ambientes com mais de 13% de oxigênio. Qualquer meio de abafamento que consiga reduzir a porcentagem de oxigênio abaixo desse valor terá sucesso na extinção. Para sólidos, a combustão pode continuar ocorrendo abaixo dos 13%, lentamente, sem chamas, e assim permanecerá até que a concentração de oxigênio atinja 6%, quando nenhuma forma de combustão existirá.

136 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Interferência na reação em cadeia – É o método também conhecido como extinção química, em que o agente extintor evita a reação das substâncias geradas durante a combustão. Essas substâncias, conhecidas como produtos intermediários, são responsáveis pela continuidade da combustão. Isolamento (remoção do combustível) – A retirada do material ou controle do combustível é o método de extinção mais simples na sua realização, pois não exige aparelhos especializados. Consiste na retirada, diminuição ou interrupção, com suficiente margem de segurança, dos materiais combustíveis que alimentam o fogo e daqueles ainda não atingidos por ele. Como exemplo do emprego desse tipo de extinção está o “aceiro”, ou desbaste de terreno no entorno de uma área. A área desbastada em matas, florestas ou campos interrompe a continuidade do fogo, e facilita o seu domínio.Você relacionará os métodos de extinção de incêndio com os tipos de extintores de incêndio mais adiante! Agora o foco será a respeito dos tipos de combustão! Continue atento! c. Tipos de combustão Alguns conceitos são importantes de serem compreendidos, pois auxiliam sua atuação no combate e prevenção a incêndios. Você já estudou oque é a combustão! Lembra do significado? Bem para você relembrar este conceito, combustão é uma reação química de oxidação rápida e exotérmica (liberação de calor), em que há geração de luz e calor. Para tanto, é necessária a combinação de alguns elementos essenciais em condições apropriadas.


Hemera ([20--?])

▪▪ Combustão lenta – É aquela que não produz chama de imediato e a sua temperatura não se eleva com rapidez.

▪▪ Combustão espontânea –

Quando se produz a oxidação lenta de uma substância provocada por temperaturas baixas, que demoram em produzir o ponto ou a temperatura de ignição. Exemplos: estopa ou trapos, acumulados, embebidos em óleo; monte de feno úmido em fermentação; fardo de estopa ou de algodão úmido.

▪▪ Combustão incompleta – Os produtos mais comuns resultantes da combustão são o vapor d’água e o gás carbônico (CO2), podendo também ser produzido dióxido de enxofre (SO2). As chamas produzidas pela combustão formam um fluxo de gases ou vapores que queimam e emitem luz em decorrência da ação do calor sobre a substância combustível. A oxidação lenta que ocorre com alguns materiais, como a oxidação do ferro (ferrugem) ou o amarelecimento do papel, não é considerada uma combustão.

A combustão divide-se em quatro tipos. Acompanhe, para ficar bem informado!

▪▪ Combustão viva – É aquela que

produz chama de imediato e sua temperatura se eleva rapidamente, como o fogo produzido por líquidos inflamáveis (gasolina, removedor, tinta, etc.) ou por combustíveis sólidos (linho, papel, etc.).

Quando a combustão se produz com insuficiência de oxigênio. Ao ocorrer esse fenômeno, primeiramente se reduz a velocidade da combustão e, ao ser atingido o ponto crítico do teor de oxigênio, a chama se extingue. A combustão incompleta é geralmente acompanhada de forte formação de fumaça. d. Característica física e química da temperatura Você sabe a diferença entre pontos de fulgor, combustão e ignição?Para que você entenda cada um destes significados, verifique na sequência! Ponto de fulgor – É a temperatura mínima necessária para que um combustível desprenda vapores ou gases inflamáveis, os quais, combinados com o oxigênio do ar em contato com uma fonte de calor, começam a se queimar, mas a chama não se mantém porque a quantidade de gases produzidos é ainda insuficiente. Note a figura.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

137


Diego Fernandes (2013)

Figura 75: Ponto de fulgor

Ponto de combustão – É a temperatura na qual um corpo combustível, em contato com uma fonte de calor, emite vapores em quantidade suficiente, que se inflamam em presença de uma chama, assim permanecendo enquanto continuar em contato com esta. Veja, a seguir. Diego Fernandes (2013)

Figura 76: Ponto de combustão

Na tabela, você acompanha um comparativo entre ponto de fulgor e ponto de ignição.

138 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


Tabela 24: Temperaturas de ponto de fulgor e ponto de ignição

Combustíveis

Ponto de fulgor (ºC)

Ponto de ignição (ºC)

Álcool etílico

13

371

Asfalto

204

484,5

Gasolina (até 92 oct)

de -38 a -45

280

Óleo de soja

282

445

Óleo diesel (novo)

37,7

256

Querosene

38

210

Solvente (varsol)

38

210

Benzeno

-11

Veja como acontece a passagem de um ponto para outro. Os pontos de fulgor e de combustão são muito próximos, sendo o de combustão ligeiramente superior em cerca de 5ºC. A passagem do ponto de fulgor para o ponto de combustão e deste para o ponto de ignição é feita pelo aumento de temperatura do combustível. Portanto, um combustível só se manterá queimando quando for atingido ou superado o seu ponto de combustão. Para que o combustível se inflame sem o contato com uma chama ou centelha, é necessário que seja aquecido até atingir o seu ponto de ignição. Agora, confira as formas de transmissão de calor. e. Formas de transmissão de calor O calor é transmitido de um corpo para outro por condução, convecção e radiação. Conheça, na sequência, estes conceitos importantes! Condução – O calor se propaga de um corpo para outro por contato direto ou através de um meio condutor do calor intermediário. Observe a figura. Diego Fernandes (2013)

Calor

Figura 77: Condução

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

139


Convecção – É quando o calor se transmite através de uma massa de ar aquecida, que se desloca do local em chamas, levando para outros locais uma quantidade de calor suficiente para que os materiais combustíveis aí existentes atinjam seu ponto de combustão, originando outro foco de fogo. Verifique a figura. Diego Fernandes (2013)

Elevador

Janela aberta Incêndio secundário

Figura 78: Convecção

Radiação – O calor se propaga por meio de ondas caloríficas irradiadas por um corpo em combustão. Diego Fernandes (2013)

Incêndio primário

Incêndio secundário

Figura 79: Radiação

Até aqui você estudou as formas de transmissão de calor, como o fogo se comporta e se sustenta. A seguir, prepare-se para estudar as classes de incêndio e os agentes extintores para cada ocasião. Vamos lá!

140 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


Seção 3

Classes de incêndio e agentes extintores Para facilitar a aprendizagem os estudos de prevenção e combate a incêndios: consideram a existência de quatro classes gerais de incêndios: A, B, C e D. Em primeiro lugar, você verá a classe A. Incêndios da Classe A São os que ocorrem em materiais de fácil combustão, com a propriedade de queimar em superfície e em profundidade, e que deixam resíduos. São exemplos: tecidos, madeira, papel e fibra. Para extinguir o incêndio, necessitam do efeito do resfriamento, isto é, a água ou as soluções que a contenham em grande proporção, a fim de reduzir a temperatura do material em combustão abaixo do seu ponto de ignição. Note a figura! Diego Fernandes (2013)

Figura 80: Incêndios de Classe A

Incêndios da Classe B São os que ocorrem em produtos considerados inflamáveis, que queimam somente em sua superfície, não deixando resíduos. São exemplos: óleos, graxas, vernizes, tintas e gasolina. Exigem, para sua extinção, o princípio do abafamento, que isola o material combustível do ar, ou o princípio da interferência na reação em cadeia. Diego Fernandes (2013)

Álcool

GLP

gasolina

Figura 81: Incêndios da Classe B

Incêndios da Classe C São os que ocorrem em equipamentos elétricos energizados. São exemplos: motores, transformadores, quadros de distribuição e fios elétricos. Exigem, para sua extinção, um agente extintor não condutor de eletricidade.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

141


Diego Fernandes (2013)

Os agentes extintores são utilizados por equipamentos e instalações de combate a incêndio – extintores portáteis ou carretas, e instalações fixas automáticas ou sob comando. Figura 82: Incêndios da Classe C

a. Água

Incêndios da Classe D São os que ocorrem em metais pirofóricos (magnésio, selênio, antimônio, lítio, cádmio, potássio, zinco, titânio, sódio e zircônio) e que exigem para sua extinção agentes extintores especiais. Esses tais agentes se fundem em contato com o metal combustível, formando uma capa que os isola do ar atmosférico, interrompendo a combustão.

A água é a substância mais difundida na natureza; é o agente extintor mais antigo e mais utilizado. TongRo Images ([20--?])

Diego Fernandes (2013)

Magnésio

Sódio

Figura 83: Incêndios da Classe D

Os incêndios das Classes A e B caracterizam-se pelo modo como queimam; já os incêndios da Classe C caracterizam-se pelo risco de morte que podem oferecer à pessoa.

Agentes extintores São denominados “agentes extintores” os produtos utilizados na extinção e prevenção de incêndios. São utilizados através de equipamentos especializados ou instalações adequadas, cuja finalidade é proporcionar a projeção dos agentes contra o fogo. A projeção dos agentes é feita por meio de um jato proveniente do equipamento ou instalação que os empregam, com as finalidades a seguir.

▪▪ Proteger a pessoa, mantendo-a a distância do foco. ▪▪ Alcançar o fogo nas mais desfavoráveis condições. ▪▪ Facilitar a distribuição gradativa e propícia do agente. ▪▪ Propiciar a penetração do agente no foco propriamente dito.

142 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Propriedades – No seu estado normal, a água é líquida; pode ser congelada, solidificando-se a 0ºC, transformando-se em gelo. Pode, ainda, vaporizar-se, através da ebulição, quando sua temperatura atinge 100ºC, transformando se em vapor. Essas regras valem nas condições normais e ao nível do mar, pois as temperaturas citadas variam com a altitude (pressão).


Em contato com o calor, o grande volume de vapor desloca volume equivalente de ar, que envolve o fogo em suas proximidades, reduzindo, portanto, o oxigênio necessário à combustão. Como agente extintor, a água age principalmente por resfriamento e por abafamento. Os extintores com carga d’água são classificados quanto ao uso (portátil ou rebocável), e ao tipo de pressurização (direta ou indireta).

Agora observe a figura do extintor com objetivo de identificar suas partes. 1 – Recipiente. 2 – Dispositivo para acionamento e descarga. 2.1 – Alça para transporte. 2.2 – Manômetro. 2.3 – Gatilho. 2.4 – Tubo sifão. 2.5 – Mangueira com esguicho. Diego Fernandes (2013)

Principais limitações do extintor com carga d’água Sabe qual o maior limitador deste tipo de extintor? Pois bem, devido à presença de impurezas, a água em estado natural, torna-se condutora de eletricidade, o que limita a sua utilização sob o risco de eletrocutar o operador quando o jato d’água for direcionado para algum equipamento elétrico sob tensão. Lembre-se de que em produtos que reagem com a presença da água, ocorrerá a liberação de gases inflamáveis ou calor, tais como: carburetos, peróxidos, sódio metálico, pó de alumínio, pó de magnésio. Os materiais como a cal viva e o hidrossulfito de sódio, quando úmidos, liberam calor, podendo incendiar embalagens ou o próprio material. Observe a seguinte operação com o extintor. Como operar o extintor do tipo água-gás

Diego Fernandes (2013)

Figura 86: Retirando o pino de segurança

4. Empunhar a mangueira e atacar o fogo, dirigindo o jato para a base das chamas. Controlar a descarga dos jatos. Diego Fernandes (2013)

1. Levar o extintor ao local do fogo e colocar-se a uma distância segura. 2. Diego Fernandes (2013)

2.2 2

2.3 2.1

2.5

Figura 87: Ataque ao fogo

b. Dióxido de carbono (CO2)

1 2.4

Figura 84: Extintor de água

Figura 85: Extintor com distância segura

3. Retirar o pino de segurança.

Propriedades – O dióxido de carbono, ou gás carbônico, vem sendo utilizado há muitos anos para a extinção de incêndios em líquidos inflamáveis, gases e em equipamentos elétricos energizados. O gás carbônico deve ser usado para a extinção de incêndios especiais, em que é exigido um agente extintor não-condutor de eletricidade e que não deixe resíduos.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

143


A aplicação do CO2 é feita através de extintores portáteis, carretas e instalações fixas. O CO2 é um produto comercial muito utilizado, com inúmeras finalidades. Por exemplo: é usado nas indústrias de bebidas, pois produz a efervescência dos refrigerantes comuns. Densidade A densidade relativa do gás carbônico (comparada com a do ar, a 0ºC e a 1 atm de pressão) é cerca de 1,5 vez mais pesada que o ar. Essa é uma característica importante para suas propriedades de agente extintor capacitado a substituir o ar acima da superfície em combustão, mantendo uma atmosfera abafadora. Toxicidade O CO2 não é tóxico, embora possa causar inconsciência e morte se utilizado em ambiente fechado e em concentrações necessárias para a extinção de incêndio. Isso ocorrerá pela falta de oxigênio no ar, que é “empurrado” pelo CO2. Numa concentração de 9%, a maioria das pessoas pode resistir por alguns minutos, sem perda da consciência. A exposição a concentrações mais altas pode tornar uma pessoa incapacitada quase que imediatamente. Em recintos de área reduzida, protegidos por CO2, uma pessoa presente no momento em que se inicie uma descarga de gás provavelmente não terá dificuldade em abandonar o local, antes que a concentração crítica seja alcançada.

Pessoas desacordadas em atmosfera de CO2 devem ser imediatamente removidas para onde exista ar puro. Vale considerar também que, fisiologicamente, é um gás necessário em pequenas quantidades para o estímulo da respiração. Por fim, o CO2 que deposita-se em locais baixos, e prejudica a visibilidade quando em ação. Propriedades extintoras Saiba que esse agente extintor age pela redução da concentração de oxigênio ou pela diminuição dos produtos gasosos de um combustível na atmosfera, a um ponto tal que torne a combustão impossível. Como agente extintor, tem inúmeras qualidades: não é corrosivo, não produz estragos, não deixa resíduos, fornece sua própria pressão para o funcionamento dos extintores. Como gás, penetra e se espalha por todos os lados. Não conduz eletricidade, por isso pode ser usado com segurança em equipamento elétrico energizado.

Portanto, pode-se concluir que o CO2 não é um gás venenoso, mas um gás sufocante.

144 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

jupiterimages ([20--?])

Extinção por abafamento Um quilograma de CO2 líquido a 0ºC e à pressão atmosférica libera em torno de 500 L de gás. Quando liberado sobre um material que queima, envolve-o e dispersa o oxigênio a uma concentração que não mantém a combustão.

DICA Os extintores deste tipo são empregados para extinguir pequenos focos de incêndios das Classes B e C (combustíveis líquidos e equipamentos elétricos).

Quando o aparelho é acionado, o CO2 se expande formando uma nuvem que abafa e resfria. Devido à sua capacidade não condutora, o CO2 é muito indicado para a cobertura de riscos onde existem equipamentos elétricos. O alcance do jato de gás varia de 1 a 2,5 metros, dependendo da capacidade dos extintores. Os aparelhos carregados com CO2 devem ser instalados de modo que seu emprego seja o mais fácil possível, principalmente em locais onde trabalham mulheres e/ ou menores. Os extintores com carga de gás carbônico são classificados quanto ao uso (portátil ou rebocável), e quanto ao tipo (apenas como de pressurização direta). Na sequência, observe as partes, subpartes e a operação do extintor com carga de gás carbônico portátil. 1 – Recipiente. 1.1 – Suporte para difusor. 2 – Válvula de descarga. 2.1 – Alça para transporte. 3 – Mangueira. 4 – Difusor. 4.1 – Cabo.


Diego Fernandes (2013)

Diego Fernandes (2013)

Diego Fernandes (2013)

3

2

2.1 1.1 4.1 1 4

Figura 88: Extintor com carga de gás carbônico

Figura 90: Retirando o lacre

3. Empunhar a mangueira e atacar o fogo, dirigindo o jato para a base das chamas. Controlar a descarga dos jatos. Diego Fernandes (2013)

Agora verifique como você deve manusear este tipo de extintor. Como operar o extintor de CO2

Figura 92: Ataque ao fogo

Agora você irá saber quais as restrições quanto à utilização do extintor de CO2 Principais limitações do extintor de CO2

▪▪ Combustíveis sólidos com for-

mação de brasas ou superfícies aquecidas. Nesses casos, o CO2 elimina apenas as chamas, podendo haver a reignição dos combustíveis assim que a atmosfera abafadora se dissipar.

1. Levar o extintor ao local do fogo e colocar-se a uma distância segura. Diego Fernandes (2013)

▪▪ Materiais que contenham oxi-

Figura 91: Empunhando o extintor

4. Atacar o fogo, dirigindo o jato para a base das chamas; movimentar o difusor. Figura 89: Extintor com distância segura

gênio (agentes oxidantes) como nitrato de celulose, permanganato de potássio e outros, pois poderão suprir-se de oxigênio.

▪▪ Produtos químicos reativos, como

o sódio, o potássio, o magnésio, o titânio e o zircônio, pois os metais e hidretos, quando aquecidos, decompõem o CO2.

2. Retirar o pino de segurança.

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145


Como há possibilidade de vazamentos, esse tipo de extintor deverá ser pesado a cada três meses, apesar de a Norma Técnica estabelecer prazo de 6 meses para a pesagem. Toda vez que houver perda de mais de 10% no peso, deverá ser descarregado e carregado novamente. As vistorias devem ser executadas, no máximo, a cada 5 anos.

DICA Leia e consulte a ABNT – NBR 11716 – “Extintores de incêndio com carga de gás carbônico”.

c. Pó químico Propriedades Pó químico para fins de combate a incêndio é o pó composto de finíssimas partículas de bicarbonato de sódio, com adição de determinados materiais específicos e submetido a tratamentos adequados para lhe dar resistência à vibração e duração, quando embalado. O pó químico é um agente extintor conhecido por sua alta eficiência na extinção de incêndios em líquidos inflamáveis; pode ser usado na maioria dos incêndios em equipamentos elétricos. No entanto, o pó químico tem aplicações limitadas no combate a incêndios da Classe A.

Toxicidade Os ingredientes atualmente utilizados no pó químico não são tóxicos. Entretanto, uma descarga de grandes volumes pode causar dificuldades respiratórias temporárias durante e imediatamente após tal descarga. Também dificulta seriamente a visibilidade. Propriedades extintoras Sua ação extintora ocorre através da interferência na reação em cadeia. A descarga de pó químico interfere nos produtos intermediários formados durante a combustão, e que são responsáveis pela sua continuidade, quebrando, desta forma, a reação em cadeia. Você sabia que, por muitos anos, foi mantida a crença de que a ação extintora do pó químico residia principalmente na ação abafadora do CO2 liberado pelo aquecimento do bicarbonato pelas chamas? Sim, é verdade! Não há dúvidas de que o CO2 contribui para a eficiência da ação extintora, contudo, testes práticos revelaram que esse gás não é o principal fator de extinção. Acompanhe um exemplo: 5 libras de pó químico são tão eficientes quanto 10 libras de CO2. Ainda que todo pó químico seja decomposto, este produzirá somente 26% de seu peso em CO2. Concluiu-se, então, que o pó químico não extingue o fogo por seus efeitos abafadores.

146 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Proteção contra a radiação A descarga do pó químico produz uma nuvem entre as chamas e o operador. Essa nuvem o protege, por algum tempo, do calor irradiado pelas chamas. Na sequência você saberá a respeito dos problemas de utilização do pó químico. Principais limitações do extintor de pó químico

▪▪ Não é indicado para uso em

produtos oxidantes, como nitrato de celulose.

▪▪ Em equipamentos elétricos onde

houver partes sensíveis e delicadas, os resíduos do pó podem trazer graves problemas e inutilizar o equipamento.

▪▪ Não possui ação de resfriamento, não sendo, portanto, indicado para combate a incêndios em combustíveis sólidos, que se queimam em profundidade. Se utilizado nesses casos, sua ação se limitará a eliminar apenas as chamas, necessitando da complementação do combate com água ou espuma para eliminar as brasas; caso contrário, poderá haver reignição.

▪▪ Não é indicado, também, para

fogo em metais combustíveis como o sódio, o potássio, o magnésio, o zircônio e o titânio.

▪▪ Deve ser removido imediatamente

do equipamento incendiado, pois poderá haver uma reação corrosiva ou produzir manchas.


Você sabia que os extintores carregados com compostos químicos em pó utilizam os agentes extintores bicarbonato de sódio (o mais comum), bicarbonato de potássio e cloreto de potássio? Isto mesmo e são tratados com um estearato a fim de torná-los anti-higroscópicos e de fácil descarga.

1 – Recipiente. 1.1 – Colar. 2 – Dispositivo para acionamento e transporte. 2.1 – Alça para transporte. 2.2 – Gatilho. 3 – Mangueira. 4 – Pistola ou esguicho.

Anti-higroscópico: que não absorve umidade do ar.

Diego Fernandes (2013)

O agente propulsor pode ser o dióxido de carbono ou o nitrogênio. O CO2 é o agente mais empregado para a operação dos aparelhos portáteis (tipos com cilindro de gás), enquanto que o nitrogênio é o agente indicado para o funcionamento dos tipos pressurizados e sobre rodas.

Os compostos químicos em pó são indicados para a extinção de fogo em líquidos inflamáveis ou combustíveis e equipamentos elétricos de grande porte (o bicarbonato de sódio, de potássio e o cloreto de potássio têm condutividade elétrica igual a do ar atmosférico). Para os casos de princípios de incêndio de Classe D, os compostos são à base de fosfato de monoamônia, trifosfato de cálcio, grafite e estearatos metálicos. Os extintores de incêndio com carga de pó químico são classificados quanto ao uso (portáteis ou rebocáveis), ao tipo (pressurização direta ou indireta), e à temperatura. Observe, a seguir, o extintor do tipo pressurizado, suas partes, subpartes e operação.

3

2

4 2.2

1.1

2.1

1

Figura 93: Extintor do tipo pressurizado

DICA Existe no mercado um extintor de pó químico seco que pode ser utilizado nas Classes A, B e C. O uso desse tipo é, inclusive, obrigatório nos veículos por legislação do DENATRAN, desde janeiro de 2005. A validade destes extintores é de 5 anos.

Para o extintor ter bom funcionamento, deve-se observar o manômetro verificando se a pressão está dentro dos parâmetros.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

147


Na sequência, detalhes para orientá-lo como manusear o extintor de pó químico. Como operar o extintor de pó químico pressurizado

Diego Fernandes (2013)

Esse extintor não é mais fabricado, porém ainda é encontrado em algumas empresas.

DICA

1. Levar o extintor ao local do fogo. Observar a direção do vento.

Leia e consulte a norma ABNT – NBR 10721 – “Extintores de incêndio com carga de pó químico”.

Diego Fernandes (2013)

Como operar o extintor apressurizado ou pressão injetada Figura 96: Atacando o fogo

1. Levar o extintor ao local do fogo e colocar-se a uma distância segura.

d. Extintor apressurizado ou pressão injetada

Figura 94: Extintor no local do fogo

2. Empunhar difusor/pistola e retirar o pino de segurança. Diego Fernandes (2013)

Diego Fernandes (2013)

Conheça, no detalhe, as partes e subpartes do extintor do tipo água e pó químico, com cilindro externo e sem dispositivo para descarga controlada. Em seguida você verá como operá-lo. Siga em frente! 1 – Recipiente. 1.1 – Tubo sifão. 2 – Mangueira. 2.1 – Esguicho. 3 – Cilindro de gás. Diego Fernandes (2013)

Figura 98: Extintor no local do fogo

2. Abrir a válvula do cilindro de gás. Diego Fernandes (2013)

2

Figura 95: Retirando o pino de segurança

3. Atacar o fogo acionando o dispositivo de descarga e procurando cobrir toda a área atingida com movimentação da mão.

1

2.1

1.1

3

Figura 97: Extintor apressurizado ou pressão injetada

148 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Figura 99: Abrindo a válvula de gás


3. Empunhar a mangueira com o esguicho e atacar o fogo, dirigindo o jato para a base das chamas. Diego Fernandes (2013)

Figura 100: Atacando o fogo

Continuando seu estudo em relação aos agentes extintores, verifique detalhes importantes dos extintores sobre rodas, a seguir. e. Extintores sobre rodas ou rebocáveis São extintores que, devido à sua capacidade, são montados sobre rodas ou sobre carretas destinadas a facilitar o seu transporte. Podem conter CO2 de pressurização direta (PD) ou espuma, água, e pós químicos de pressurização indireta (PI) ou direta (PD). A mangueira acoplada ao difusor ou esguicho mede aproximadamente cinco metros e a capacidade do cilindro reflete, no mínimo, os valores a seguir.

▪▪ Espuma mecânica/água – 50 litros. ▪▪ CO2/gás carbônico – 30 quilos. ▪▪ Pós químicos – 20 quilos. Hemera ([20--?])

Figura 101: Extintores sobre rodas ou rebocáveis

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

149


150 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

5 95 B-C

Rendimento nominal (%)

Indicado para as classes de fogo B-C

95

5

9

1,37

1,37

PI

14,0

14,0

B-C

95

5

13

14

10,3

10,3

10

10,5

PD

PI

PD

10,5

10,5

8,1

PI

8,7

150

6,5

PD

461

535

100

348

PI

PI

420

PD

Alcance médio do jato (m)

Tempo médio de descarga (seg.)

Pressão nominal de operação kg/cm2 (Mpa)

Capacidade de cilindro de pressurização - CO2 (g)

Massa nominal do extintor (Kg) completo

Altura nominal (mm)

136

B-C

95

6

16

18

1,37

14,0

10,3

10,5

200

14,0

12,0

375

460

178

12

Espuma EB - 1002

B-C

95

7

25

28

1,37

14,0

10,3

10,5

300

20,0

17,8

585

660

178

136

8

CO2 EB - 150

Diâmetro nominal (mm)

6

Água EB - 148

10

4

Pó químico EB - 148

Conteúdo (litros)

Peso líquido (Kg)

Capacidade

Modelo Características

Tabela 25: Principais características técnicas dos extintores

A

98

11

54

55

1,37

14,0

10,3

10,5

80

17,3

15,1

635

660

178

A-B-C

97

18

12,4

126

17,6

500

166,3

4

A-B-C

97

22

12,4

126

22,3

670

166,3

9

6

A-B

97

8

56

55

13,5

80

13,9

640

180

56

55

13,5

80

13,9

640

Confira as característiscas técnicas destes extintores.

f. Principais características técnicas dos extintores

Na tabela a seguir, estão os principais parâmetros normatizados tecnicamente para os extintores de incêndio comerciais. Acompanhe!


Agora que você conheceu os agentes extintores e seus mecanismos, é hora de partir para a parte final desta unidade de estudos. Na sequência você irá estudar sinalização, simbologias, inspeção, manutenção e outras informações práticas sobre o uso de extintores de incêndio. Preparado para seguir? Vamos lá!

Sinalização, simbologia e localização dos extintores A sinalização dos extintores deve atender às exigências legais, conforme a Portaria nº 3.214, da NR-23, e garantir que a manutenção seja feita por empresa certificada pelo INMETRO. O local dos extintores deve ser sinalizado por um círculo, ou uma seta, pintado internamente de vermelho e a borda, de amarelo. As letras (que identificam o agente extintor) devem ser brancas. A área livre para os extintores deve ser pintada de vermelho, X = 1m e h = 1,60m (máxima). Observe, a seguir. Diego Fernandes (2013)

▪▪ Identificação das classes de incêndio – deve ser feita por um sistema de letras, figuras geométricas e cores, atendendo às condições estabelecidas na NBR 7532/82.

▪▪ Marcação – todo extintor deve

ter marcado no recipiente, de forma indelével (impossível de apagar), a sigla do fabricante, o número de série, trimestre/ano de fabricação e o número da norma da ABNT. Nos extintores de pó químico, espuma e de água, a marcação deve ser feita na borda inferior. Nos extintores de CO2, a marcação deve ser feita na calota (próximo à válvula de disparo). Quanto à localização, os seguintes requisitos devem ser respeitados para armazenar extintores.

▪▪ Fácil acesso. ▪▪ Fácil visualização. ▪▪ De menor probabilidade do fogo h

h

X

X X

X

X X

X

bloquear o seu acesso.

▪▪ Não podem, de forma alguma, ser armazenados nas paredes das escadas.

X

▪▪ Não podem, de forma alguma, ser

Figura 102: Sinalização extintores

encobertos por pilhas de materiais.

Os extintores devem apresentar um selo, constando as seguintes informações:

Os extintores sobre rodas deverão ter garantido sempre acesso livre a qualquer ponto das instalações.

▪▪ código de identificação da empresa junto ao INMETRO; ▪▪ logotipo do INMETRO; ▪▪ logotipo da empresa; ▪▪ logotipo do organismo de certificação credenciado; ▪▪ capacidade do extintor expressa em “kg” ou “L” e capacidade extintora; ▪▪ número da norma aplicável; ▪▪ data de validade do teste hidrostático, que é contada cinco anos após

a data de fabricação, expressa em “semestre/ano”. Quanto à simbologia, os adesivos devem ser padronizados com as identificações a seguir.

▪▪ Identificação do agente extintor – devem ser fixados aos aparelhos adesivos indicando o agente extintor e sua classificação quanto ao tipo.

Inspeção, manutenção e recarga dos extintores (NBR 12962) A inspeção é feita por meio de exame que se realiza no extintor de incêndio, com a finalidade de determinar se este permanece nas condições originais de operação. Serão verificados os itens a seguir.

▪▪ Selo de vedação. ▪▪ Pressão no manômetro (somente os que possuírem).

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

151


▪▪ Peso do extintor. ▪▪ Suportes, mangueiras (cortadas, entupidas). ▪▪ Gatilho. ▪▪ Etiqueta onde são informados data da recarga e reteste. Os testes hidrostáticos são exigência da ABNT e devem ser feitos a intervalos regulares ou quando o extintor sofrer pancadas, exposição a altas temperaturas, corrosão, e outras situações extremas.

Os intervalos regulares explicitados na norma são de 5 anos, a partir da data indicada na etiqueta do extintor. A manutenção do extintor de incêndio tem a finalidade de manter suas condições originais de operação após sua utilização ou quando requerido por uma inspeção. O termo “manutenção” deve ser entendido como sendo um trabalho que envolve descarga, desmontagem, reparo ou substituição de peças, teste hidrostático, pintura, marcação e recarga dos aparelhos. As normas também prescrevem intervalos máximos para recarga dos extintores. Os extintores devem ser recarregados assim que forem usados, quando apresentarem variação no peso da ordem de 10% ou ainda anualmente, mesmo não sendo usados.

Distribuição dos extintores A distribuição dos extintores de incêndio, em geral, obedece às exigências do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), informadas em sua publicação “Tarifa de Seguro-Incêndio do Brasil”. Você sabe que três detalhes quanto à distribuição devem ser observados com atenção?Para conhecê-los, siga adiante!

▪▪ Será exigido o mínimo de duas unidades extintoras para cada pavimento, mezanino, galeria, jirau ou risco isolado.

▪▪ Permite-se a existência de apenas uma unidade extintora nos casos de área inferior a 50 m2.

▪▪ Aos riscos constituídos por armazéns ou depósitos em que não haja

processos de trabalho, a não ser operações de carga ou descarga, será permitida a colocação de extintores em grupos, em locais de fácil acesso, de preferência em mais de um grupo e próximo às portas de entrada e/ ou saída. A unidade extintora é calculada pela tabela a seguir. Observe, para ficar bem informado!

152 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


Tabela 26: Cálculo de unidades extintoras

Agente extintor

Capacidade dos extintores

Nº de extintores que constituem a unidade extintora

Água

10L

1

Espuma

10L

1

Dióxido de carbono (CO2)

6Kg

1

4Kg

2

2Kg

3

1Kg

4

4Kg

1

2Kg

2

1Kg

3

Pó químico seco

Fonte: do autor (2008)

Todo extintor deverá possuir uma ficha de controle, onde será registrada a vida do equipamento: número de fabricação, marca, data da recarga, data do próximo teste hidrostático, tipo de manutenção sofrida, etc.

Você está encerrando esta unidade de estudos do curso NR 10 – Curso básico de segurança em instalações e serviços em eletricidade. Neste momento, você estudou os princípios de prevenção e combate a incêndios, passando pela elaboração de planos de emergência, os diferentes tipos de incêndio e os diferentes tipos de extintores a serem aplicados, bem como as normas que regulamentam o uso e o armazenamento de extintores. Na próxima unidade de estudos, a última deste curso, você conhecerá os procedimentos básicos de primeiros socorros. Até lá!

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Unidade de estudo 4 Seções de estudo Seção 1 – Conceitos básicos Seção 2 – APH – atendimento pré-hospitalar Seção 3 – Procedimentos de primeiros socorros Seção 4 – Legislação sobre primeiros socorros Seção 5 – Salvando vidas: como identificar o problema Seção 6 – Praticando os primeiros socorros: como agir em casos de emergência Seção 7 – Técnicas para remoção e transporte de acidentados


Noções básicas de primeiros socorros Seção 1

Conceitos básicos Quem presta primeiros socorros reconhece e valoriza o sentido da vida e da saúde. Consequentemente, dá importância ao respeito e à solidariedade com as pessoas acidentadas. Um socorrista também sabe que as duas primeiras horas após um acidente são fundamentais para garantir a sobrevida ou recuperação das vítimas. É nesse período que um atendimento adequado pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

BananaStock ([20--?])

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estipula que dois minutos são suficientes para que o cérebro de uma vítima de parada cardíaca comece a apresentar lesões. Os mesmos dois minutos de uma hemorragia não controlada podem causar o estado de choque e, por sua vez, uma parada cardíaca e a morte. Ou seja, a rapidez na adoção das providências pode salvar uma vida!

David De Lossy ([20--?])

Apesar das medidas de segurança comumente adotadas no ambiente de trabalho e dos cuidados pessoais de cada trabalhador, nem todos os acidentes podem ser evitados, porque nem todas as causas podem ser controladas. Assim, os riscos de acidente fazem parte do cotidiano, o que requer a presença de pessoas treinadas para atuar de forma rápida. Observe as cenas que podem ocorrer no dia a -dia.

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Uma vez que a maioria das pessoas desconhece as técnicas de primeiros socorros, como os exemplos mostrados nas figuras, como elas podem ajudar? Como prepará-las para enfrentar uma situação de emergência? Essas são algumas questões de reflexão. Saiba que prestar os primeiros socorros é uma atitude humana que requer coragem e conhecimento das técnicas adequadas capazes de auxiliar numa emergência. O socorro imediato evita que um simples ferimento se agrave ou que uma simples fratura se complique, ou ainda que um simples desmaio resulte na morte do acidentado. Portanto, o conhecimento e a aplicação dos primeiros socorros têm como objetivo fundamental salvar vidas. Se você não tiver condições emocionais de prestar socorro direto à vítima, procure por alguém que o auxilie no atendimento e, em seguida, acione os serviços especializados: pronto-socorro, ambulâncias, bombeiros ou polícia. Nunca deixe uma pessoa acidentada sem uma palavra de apoio ou um gesto de solidariedade, e, muito menos deixe de adotar os procedimentos cabíveis! Muito importante a sua atitude, aja com responsabilidade e sensibilidade afinal está se falando em vidas humanas. A seguir, prepare-se para ampliar seus conhecimentos sobre atendimento pré-hospitalar.

Seção 2

APH – atendimento pré-hospitalar Os leigos, ou pessoas não-especializadas, constituem o elo vital que liga a situação de emergência com o Sistema de Serviços de Emergências Médicas. Em geral, o leigo é sempre quem intervém para ajudar a vítima. Essa é a importância de você saber como atuar de forma segura e adequada. Acompanhe os passos! a. Reconhecer uma emergência O primeiro passo é saber reconhecer uma emergência, ou seja, perceber que alguma coisa está errada, notando mudanças na aparência ou na atitude de alguém, ou de uma circunstância. b. Decidir ajudar Decidir ajudar é um processo que envolve vários fatores, como, caráter, predisposição e capacidade de lidar com vítimas. Esses componentes são aspectos individuais que demandam tempo para se desenvolver. c. Chamar o resgate Você sabia que a maioria das pessoas tem dificuldade para decidir se deve chamar o resgate? Sim, muitas vezes as pessoas ficam esperando para ter absoluta certeza de que a situação é grave, ou então decidem levar a vítima para um hospital por seus próprios meios. Atenção! Essas atitudes colocam a vítima em risco. É muito importante você avaliar se será necessário, ou não, chamar o resgate. iStockphotos ([20--?])

d. Avaliar a vítima Ao saber como e o que avaliar, o leigo poderá concluir se existe ameaça iminente à vida e, também, que tipo de ação será necessário tomar, além de chamar o resgate.

156 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


e. Avaliar o cenário Se você presenciar uma emergência, avalie rapidamente o cenário, procurando os três seguintes aspectos.

▪▪ Perigos iminentes que ameacem sua segurança ou a de outras pessoas presentes no local.

Por exemplo: uma dor na parte superior do abdômen pode ser uma pequena indigestão, mas também pode ser um sintoma de um ataque cardíaco que requer atendimento imediato. Ou seja, sempre é melhor errar por exagero do que por omissão.

▪▪ A causa do problema. ▪▪ Número de vítimas. Essa avaliação não deve demorar mais que 10 segundos!

A primeira consideração é não colocar de forma alguma sua própria segurança em risco, assumindo chances de se transformar em mais uma vítima. A segunda se refere à causa do problema, que pode ser trauma ou clínico. Tome nota de tudo e repasse as informações para o pessoal do resgate. Por último, determine quantas pessoas estão envolvidas na emergência. Poderá haver mais de uma vítima; portanto, olhe ao redor e pergunte se há mais alguém que possa estar necessitando de ajuda. a. Quando chamar o resgate Saber quando chamar o resgate é fundamental! Primeiro, para não desperdiçar o tempo da equipe de resgate com problemas que na verdade não necessitem desse tipo de assistência. E, segundo, para não deixar de chamar o resgate por supor que a situação não iria demandar esse tipo de assistência, demorando para a tomada de decisão e comprometendo as chances de sobrevivência da vítima. Se você estiver em dúvida, chame sempre o resgate.

▪▪ envenenamento; ▪▪ lesão de coluna vertebral; ▪▪ overdose por droga; ▪▪ alteração comportamental acompanhada de febre alta que não abaixa com antitérmico;

▪▪ pescoço endurecido, associado com febre e dor de cabeça;

As autoridades médicas definem os seguintes sinais e sintomas que demandam transporte imediato para um hospital, em ambulância:

▪▪ desmaio sucessivo; ▪▪ dor ou pressão torácica ou abdominal;

▪▪ tontura repentina, fraqueza ou alteração da visão;

▪▪ dificuldade para respirar ou respiração curta e rápida;

▪▪ vômito intenso e persistente;

▪▪ deformidade com inchaço ou

depressão na fontanela (moleira) do bebê.

DICA Para diferenciar os parâmetros na hora de chamar o socorro é necessário ter em mente que emergência envolve risco de morte e urgência não apresenta risco de morte à vítima; esta pode aguardar atendimento da emergência em primeira instância.

▪▪ dor repentina e forte em qualquer parte do corpo;

▪▪ vontade repentina de suicidar-se ou de matar;

▪▪ sangramento que não pare, mesmo

após 10 minutos de pressão direta;

▪▪ ferimento com bordas que não retornam à posição original;

▪▪ lesões que provocam alteração

nos movimentos ou na sensibilidade;

▪▪ lesões em órgãos funcionais

Uma pessoa treinada está habilitada desde que conheça e domine os princípios básicos de primeiros socorros e técnicas de atendimento à vítima. Esses princípios são fundamentais para controlar e prevenir o agravamento do seu estado. Você sabe quais características pessoais fazem parte do perfil do socorrista? Acompanhe, na sequência, os requisitos que este tipo de profissional deve apresentar.

como mãos, pés, face e genitália;

▪▪ Bom senso.

▪▪ ferimentos penetrantes;

▪▪ Liderança e iniciativa.

▪▪ empalamentos;

▪▪ Domínio da situação com se-

▪▪ mordida de animal ou ser humano;

gurança.

▪▪ alucinação ou perda de raciocínio lógico;

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▪▪ Rapidez para improvisação com responsabilidade.

▪▪ Discrição nos comentários. ▪▪ Respeito pelo outro. ▪▪ Compromisso com a vida.

Até aqui você estudou a importância de se prestar primeiros socorros, e, também, os requisitos que um bom socorrista deve ter. Na etapa da aprendizagem, você conhecerá os procedimentos propriamente ditos. Siga em frente!

Photodisc ([20--?])

Seção 3

Procedimentos de primeiros socorros Verifique, a seguir, algumas atitudes que contribuirão para que você execute os primeiros socorros em segurança. a. Mantenha-se calmo e inspire confiança ao acidentado

Agora acompanhe os requisitos para sua atuação nas condutas.

▪▪ EPIs (equipamentos de proteção individual).

▪▪ Caderneta de vacinas em dia. ▪▪ Cuidado em preservar sua própria integridade.

O socorrista deve manter-se calmo e conduzir o socorro com serenidade, compreensão e segurança. Portanto, a primeira providência é controlar a si mesmo. Nesse momento, o socorrista enfrenta um problema bastante delicado, que é informar à vítima o que está ocorrendo. Manter-se em silêncio pode aumentar o medo e a ansiedade, por outro lado, se falar em demasia, pode alarmar indevidamente a vítima e causar desespero. Lembre-se de que as ações falam mais do que as palavras, e que um tom de voz tranquilo e seguro dá à vítima o conforto de estar em boas mãos. Porém, cuidado com as palavras para não piorar ainda mais o quadro já existente.

A eficácia e a qualidade do primeiro atendimento dependem muito de quem o realiza.

Embora toda pessoa treinada esteja apta a prestar os primeiros socorros, o socorrista deve apresentar as seguintes características.

▪▪ Ter bom senso – fazer uma análise da situação, pensar antes de agir.

▪▪ Ter iniciativa para chamar socorro

através de um telefone e habilidade para estancar uma hemorragia ou fazer massagem cardíaca, por exemplo.

▪▪ Saber fazer uma ressuscitação

cardiorrespiratória (RCP) e, principalmente, acalmar e dar segurança e amparo à vitima.

▪▪ Ter autocontrole (calma, tolerância, paciência).

▪▪ Ter iniciativa e liderança. ▪▪ Ter conhecimento e avaliação técnica.

▪▪ Ter capacidade de improvisar com responsabilidade.

b. Sinalize o local para evitar outros acidentes e peça ajuda aos curiosos É preciso proteger e controlar o local do acidente através de isolamento e sinalização; iluminando, se for noite ou se a região for pouco iluminada, e arejando para que a vítima receba ventilação. Utilize os EPIs (luva, óculos e máscaras).

158 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


c. Avalie o estado geral da vítima Sempre que for atender uma vítima, em primeiro lugar avalie o cenário. Uma avaliação cuidadosa poderá oferecer informações preciosas, como a segurança do local, a causa do trauma ou a natureza do mal súbito e o número de vítimas. Após checar o cenário, você deverá fazer uma avaliação inicial da vítima. Durante esta avaliação, você deverá procurar por problemas que ameacem iminentemente a vida da vítima, como obstrução das vias aéreas, falta de respiração e circulação. Se mais de uma vítima necessitar de atendimento, atenda em primeiro lugar a que estiver quieta e imóvel. Uma vítima quieta pode significar que tenha parado de respirar ou tenha uma parada cardiorrespiratória. A vítima que grita ou chora, ou que simplesmente esteja falando, significa obviamente que está respirando.

Se houver mais de uma vítima envolvida, o socorrista deve fazer uma avaliação geral do estado delas e proceder a uma triagem, atendendo ,em primeiro lugar, os casos mais graves que, do ponto de vista dos primeiros socorros, são os seguintes.

Mal súbito: o estado ou sintoma característico que surge de forma aguda e repentina.

▪▪ Hemorragias graves; amputações

Sinais vitais: são sinais orgânicos ou sintomas que podem ser alterados quando um ou mais sistemas são acometidos por alguma falência no seu funcionamento. Ex: Uma hemorragia não estancada pode provocar o estado de choque hemorrágico.

▪▪ Feridas (úlceras) abertas no

Triagem: seleção, escolha, separação.

▪▪ Obstrução das vias aéreas e/ou parada respiratória.

▪▪ Parada cardíaca. completas ou incompletas de extremidades superiores ou inferiores. abdômen e/ou tórax.

▪▪ Traumatismo craniano. ▪▪ Envenenamento. ▪▪ Estado de choque. ▪▪ Queimaduras. ▪▪ Fraturas (principalmente de pelve e bilateral de fêmur).

d. Verifique os sinais vitais

▪▪ Hematomas.

Verificar sinais vitais significa checar respiração, pulso e temperatura e pressão arterial. Pode ser avaliado ainda o aspecto da pele e o nível de consciência.

E, como se organizar para verificar os sinais vitais? Observe o passo a passo na sequência e fique apto a prestar socorro!

iStockphotos ([20--?])

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1. Exame rápido (exame primário) Tem o objetivo de verificar os riscos, em potencial para vítima, ou seja, problemas que ameacem a vida a curto prazo, por exemplo: parada cardiorrespiratória, obstrução de vias aéreas ou hemorragia grave. Em média, o tempo para realização desta avaliação é de até 30 segundos. Deve ser avaliada a frequência e qualidade da respiração, circulação e frequência do pulso, hemorragias e estado neurológico (se está responsivo, ou seja, se de alguma forma se comunica). 2. Avaliação do nível de consciência Ajoelhe-se junto à vítima, próximo ao ombro desta (vítima em decúbito dorsal – deitada de costas). Primeiro olhe para vítima e verifique se está alerta/consciente, se estiver consciente, identifique-se e peça autorização para atuar. Chame por ela. Caso não obtenha resposta, nesse momento, se for vítima de trauma, a cervical da vítima deverá ser imobilizada pelo segundo socorrista. Proceda ao estímulo de dor, pressionando, com as mãos, na região muscular nos ombros do paciente. Se continuar sem resposta verbal e dolorosa, isso significa vítima irresponsiva (vítima inconsciente). 3. Avaliando ABCD Conheça no detalhe o que significam. A – Airway – Via aérea - A cabeça e o pescoço deverão ser mantidos em alinhamento e somente o queixo e o maxilar deverão ser deslocados, à frente para desobstruir as vias. A cabeça e o pescoço deverão ser mantidos em alinhamento. Observe a figura. Diego Fernandes (2013)

A

B

Figura 103: Verificação das vias aéreas

B – Breathing – Ventilação e oxigenação - Verifique se existe algum corpo estranho na cavidade oral, retirando-o e realizando varredura digital (somente se a vítima estiver inconsciente), somente para casos aparentes. Para isso, perceba se a vítima se encontra cianótica (boca arroxeada) e/ ou com palidez cutânea. C – Circulation – Circulação - Verifique o pulso radial nos punhos da vítima. Se presente, a vítima apresenta pressão arterial; se ausente, verifique o pulso carotídeo (no pescoço).

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▪▪ Pulso presente – verifique se está lento/rápido.

▪▪ Pulso ausente – indica cessação

dos movimentos cardíacos. Iniciar compressão cardíaca o quanto antes. Note a figura. Diego Fernandes (2013)

Figura 104: Verificação do pulso radial

D – Desbrilation – Desfibrilação ventricular - Por estar a fibrilação ventricular (FV) presente em muitas vítimas por parada cardíaca súbita e, principalmente, por choque elétrico, o desfibrilador (cardioversor elétrico) deverá ser utilizado quando a causa da parada cardíaca for por FV, a fim de estabelecer o ritmo cardíaco. Para fibrilação, somente o cardioversor elétrico poderá reverter o quadro. O exame rápido (primário) deverá ser interrompido, quando a vítima apresentar obstrução de vias aéreas e parada cardiorrespiratória. O socorrista deve priorizar a desobstrução das vias aéreas, o restabelecimento e a manutenção da respiração, que é de vital importância para o cérebro, e o restabelecimento e manutenção da circulação.

Antes de adotar qualquer procedimento, o socorrista deve avaliar se o local onde a vítima se encontra é seguro para a entrada da equipe de socorro. Além disso, avaliar o estado geral da vítima e efetuar a técnica de atendimento e resgate específica para o caso, que será analisada mais adiante, nesta unidade de estudo. Porém, algumas técnicas são válidas universalmente e podem ser aplicadas em todos os casos.

Desobstrução: desimpedimento, liberação.

Ainda que a vítima pareça estar em bom estado, não confie nas aparências. Encaminhe-a para ser examinada por um profissional de saúde, pois só um exame detalhado pode definir o seu estado físico e psíquico. Ao prestar os primeiros socorros, é preciso que se utilizem materiais e instrumentos que facilitem a realização dos procedimentos necessários e impeçam o agravamento do estado da vítima – a caixa de primeiros socorros (Kit) deve conter os itens essenciais ao atendimento. É preciso que se tenha em casa ou no automóvel pelo menos o essencial, pois acidentes podem ocorrer, quando menos se espera.

Quer saber o que deve conter uma caixa de primeiros socorros para o atendimento de ferimentos leves e moderados? Acompanhe, para saber!

▪▪ Compressa de gaze esterilizada (5 envelopes).

▪▪ Ataduras de gaze em três tamanhos (2 rolos de cada).

e. Efetue as técnicas de primeiros socorros de acordo com cada caso

▪▪ Esparadrapo (1 rolo de 25mm x 4,5cm).

▪▪ Curativo adesivo (1 caixa). ▪▪ Soro fisiológico (2 frascos de 250ml).

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Omissão: ausência de ação; ato ou efeito de não fazer aquilo que moral ou juridicamente se deveria fazer.

▪▪ Tesoura limpa, ponta curva, média, sem ferrugem.

▪▪ Sacos plásticos brancos e de outra cor.

▪▪ Lanterna.

Seção 4

▪▪ Luvas de borracha. ▪▪ Talas de papelão, madeira moldável ou de alumínio.

▪▪ Máscara de respiração descartável. ▪▪ Luvas descartáveis. Stockbyte ([20--?])

Logo após a ocorrência do acidente, peça ajuda ao Corpo de Bombeiros (193), Polícia Militar (190), ou SAMU (192): esses serviços são especializados no atendimento a emergências e podem adotar os procedimentos necessários. A demora no pedido de socorro pode depender que uma vida seja salva: por exemplo, se o acidente tiver ocorrido numa estrada em local de difícil comunicação, peça aos motoristas que avisem a polícia rodoviária e entrem em contato imediatamente com o serviço especializado mais próximo. Lembre-se: prestar socorro à vítima de um acidente é um dever de todo cidadão.

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E por falar em deveres do cidadão, que tal conhecer a legislação que envolve a ação de primeiros socorros? É isso que você vai estudar na próxima seção.

Legislação sobre primeiros socorros Devido à importância do ato de prestar os primeiros socorros, há artigos específicos na legislação brasileira acerca do assunto. Para o Código Penal Brasileiro, por exemplo, todo indivíduo tem o dever de ajudar um acidentado ou chamar o serviço especializado para atendê-lo. A omissão de socorro constitui crime previsto no artigo 135! Na CLT, o artigo 181 prescreve a necessidade dos que trabalham com eletricidade de conhecerem os métodos de socorro a acidentados por choque elétrico. Por isso a NR 10, ao tratar de situações de emergência, reforça uma exigência em seu item 10.12.2, bem como, inclui um conteúdo básico de treinamento em primeiros socorros para os trabalhadores que venham a ser autorizados a intervir em situações de emergência nas atividades em instalações elétricas. Código penal – Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. Pena – detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Parágrafo único – A pena é aumentada de metade, se a omissão resulta lesão corporal ou de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.


Com todo o conhecimento adquirido é fundamental desenvolver uma mentalidade voltada para o respeito ao próximo e a si mesmo, e colaborar para reduzir os acidentes e auxiliar adequadamente as vítimas. Siga aprendendo com o próximo tópico: salvando vidas.

Seção 5

Salvando vidas: como identificar o problema Você já estudou que o socorrista, no atendimento às vítimas de um acidente, deve estar apto a identificar e priorizar os casos de maior gravidade. Ele faz isso através do exame físico, verificando os sinais vitais. Agora, aprenda a reconhecer esses sinais e saber o modo mais adequado de agir, até a chegada do serviço especializado. Percebeu que momento interessante vem pela frente! Assim, antes de aplicar qualquer medida, o socorrista deve verificar os sinais vitais, que fornecem informações valiosas para o diagnóstico do estado geral da vítima e permitem que se implementem as técnicas emergenciais mais apropriadas. Os sinais vitais são quatro. Acompanhe! 1. Respiração verificado no local pelo socorrista leigo. 2. Pulso verificado no local pelo socorrista leigo. 3. Pressão Arterial verificado no local ou deslocamento pelo socorrista profissional. 4. Temperatura verificado no local pelo socorrista leigo com o dorso da mão.

A seguir, observe de que forma o socorrista pode verificar alguns desses sinais nas vítimas de acidente.

Proveniente: que tem origem.

1. Respiração A respiração é indispensável aos seres, portanto ela é o sinal de vida mais evidente de uma vítima acidentada. É o primeiro item a ser avaliado, pois se há respiração, existe circulação sanguínea. Caso não haja respiração, são possíveis duas situações: parada cardíaca ou quadro de OVACE (obstrução de vias aéreas por corpos estranhos).

Uma vez que a respiração é uma das funções vitais dos seres, sua interrupção ocasiona a morte da vítima. É por meio da respiração que o organismo capta o oxigênio necessário à obtenção de energia celular e elimina o gás carbônico proveniente do metabolismo respiratório.

Para verificar a frequência respiratória, são observados os movimentos de inspiração (quando o ar se introduz nas vias aéreas superiores e chega aos pulmões) e expiração (quando a musculatura respiratória relaxa e o ar é expulso dos pulmões), que ocorrem no intervalo de um minuto. Em seguida, costuma-se fazer a verificação da pulsação segundo a elevação do tórax – a vítima mulher expande o tórax; o homem, o abdômen. 2. Pulso A paralisação de uma função vital como a do coração neutraliza a circulação do sangue e pode provocar a morte, em quatro minutos. A contração do coração, necessária ao bombeamento do sangue, se repete com regularidade e se propaga em ondas pelas artérias.

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Cutânea – da pele (cútis).

Há pontos do corpo onde algumas grandes artérias estão próximas à superfície que, quando pressionados de leve, nos fazem sentir o coração bombear o sangue – a isso se chama pulso ou pulsação. O pulso pode ser verificado nos pontos onde as artérias estão próximas à superfície e podem ser apalpadas: o lado externo do punho (artéria radial), em cada lado do pescoço (artéria carótida), na região inguinal (artéria femoral), na têmpora (artéria temporal), no meio do braço (artéria braquial). O socorrista verifica o pulso da vítima colocando os dedos indicador, médio na artéria, mas jamais deve utilizar o polegar, pois este apresenta pulsação própria. Quando a pulsação radial está muito fraca, a verificação do pulso pode ser feita com mais facilidade na região do pescoço (artérias carótidas). Observe na figura! Diego Fernandes (2013)

4. Pressão Arterial É a pressão exercida pelo sangue circulante na parede das artérias. Pode ser verificada no local do acidente ou no deslocamento para o pronto socorro, sempre pelo socorrista profissional. A pressão arterial é expressa em uma unidade especial de medida – milímetros de mercúrio (mmHg) e é aferida com auxílio de dois equipamentos, o esfigmomamômetro e o estetoscópio. Agora que você estudou os quatro sinais vitais, acompanhe os sinais de apoio que também poderão colaborar na ocasião da prestação de socorro.

Sinais de apoio Há diversos sinais que auxiliam ou apóiam o diagnóstico do estado de uma vítima de acidente, com destaque para os seguintes.

▪▪ Aspecto da pele (cútis). ▪▪ Nível de consciência. Conheça, a seguir, como são estes sinais de apoio! 1. Aspecto da pele (cutânea) Durante o atendimento, o socorrista deve observar o aspecto da pele, que pode apresentar alterações de origem fisiológica e patológica de acordo com as especificações a seguir.

Figura 105: Verificação da pulsação carótida

3. Temperatura É verificada no local pelo socorrista leigo com o dorso da mão. Tem por objetivo avaliar se o paciente está quente ou frio. Temperatura baixa pode significar a presença de hemorragias interna ou externa.

164 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪▪ Cianose – ocorre em virtude da insuficiência de oxigênio no organismo e se caracteriza por uma coloração arroxeada (ausência de oxigênio nas extremidades, lábios, pontas dos dedos das mãos e dos pés).

▪▪ Palidez cutânea – ocorre devi-

do à vasoconstrição periférica nos estados de necessidade de aporte sanguíneo às porções mais nobres do organismo ou para a manutenção da temperatura corporal. Hemorragias, parada cardiorrespiratória e exposição ao frio são causas de palidez cutânea.


▪▪ Pele fria e viscosa – ocorre nos

casos de estado de choque em decorrência de uma hemorragia grave. 2. Nível de consciência É possível caracterizar o nível de consciência observando-se o estado psicológico e físico da vítima, que pode estar inconsciente em virtude de desmaio (síncope), choque, coma, convulsão, intoxicação ou óbito. Uma pessoa pode estar consciente, mas desorientada no tempo e no espaço, em virtude de um violento choque emocional ou traumático. Aqui você aprendeu como avaliar os sinais vitais e sinais de apoio dos acidentados, portanto já está capacitado a executar os primeiros atendimentos em casos de emergências. Siga, em frente, para saber cada vez mais!

Seção 6

Praticando os primeiros socorros: como agir em casos de emergência A pessoa que se dispõe a prestar os primeiros socorros deve começar por analisar as condições em que ocorreu o acidente e o estado físico e mental do(s) envolvido(s). Após identificar o(s) caso(s) de gravidade, deve adotar as técnicas de primeiros socorros, algumas das quais são bastante simples e podem diminuir o sofrimento das vítimas, evitar complicações futuras e, até, salvar suas vidas. Em uma emergência é fundamental que a pessoa mantenha a calma e transmita confiança, até a chegada do socorro especializado.

A seguir, você estudará alguns casos graves que requerem pronto atendimento do socorrista. É importante prestar atenção às técnicas e aos procedimentos de atendimento adequados bem como aos erros a serem evitados.

Síncope: estado de inconsciência resultante de queda brusca de pressão arterial. Traumático: resultante de um choque violento.

a. Parada respiratória Você sabe como se caracteriza a parada respiratória?Bem, ela se caracteriza pela interrupção da respiração, ou seja, a entrada e saída de ar nos pulmões. O aparelho respiratório é constituído de pulmões, via aérea superior (nariz, boca) e via aérea inferior (faringe, laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos). A via aérea inferior é responsável por umedecer, aquecer, purificar e filtrar o ar, para que ele chegue em boas condições ao interior dos alvéolos pulmonares, onde o oxigênio é retirado e transferido para o sangue. Assim, todo acidente que perturba esse mecanismo coloca em risco a oxigenação dos tecidos, porque provoca a morte celular e, em consequência ,a da própria vítima. Você sabe como verificar a respiração da vítima? Observe, na sequência. O socorrista deve aproximar-se do rosto da vítima, observar se há movimento do tórax, se há saída de ar do nariz ou da boca e se há sons de respiração: se não houver nenhum movimento respiratório, e se os lábios, a língua e as unhas da vítima estiverem azulados (cianose), o socorrista deve concluir que ela sofreu uma parada respiratória. Em seguida, o socorrista deve verificar se há alguma obstrução na via aérea da vítima, que pode ser provocada por três principais fatores.

É importante que aja com extremo rigor, pois do contrário o atendimento pode comprometer a saúde da vítima.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Pneumotórax bilateral: entrada ou saída de ar ou gás nos dois pulmões.

1. Corpo estranho – prótese dentária, moeda, pedaço graúdo de alimento, espinha de peixe, osso de ave, etc. 2. Base da língua – caída para trás – em vítimas inconscientes. 3. Substância aspirada para os pulmões (broncoaspiração). Diego Fernandes (2013)

Você sabe as causas de uma parada respiratória? Veja a seguir para esclarecer! Queda da língua por inconsciência.

▪▪ Espasmo da laringe. ▪▪ Obstrução das vias aéreas (superior ou inferior).

▪▪ Choque elétrico. ▪▪ Traumatismo craniano com lesões dos centros respiratórios.

▪▪ Pneumotórax bilateral. Veja, na sequência, como funciona a respiração artificial Respiração artificial – Método boca-a-boca

DICA

Figura 106: Verificação da respiração

Métodos para desobstruir a via aérea (VAS) O método para desobstruir a via aérea (VAS) varia de acordo com a gravidade e a causa da obstrução, mas em geral o procedimento deve ser a lateralização e visualização das VAS do paciente, até que esta tenha sido devidamente desobstruída. Observe a figura. Diego Fernandes (2013)

Figura 107: Desobstrução de vias aéreas

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Pelo protocolo atual o socorrista leigo não deverá realizar respiração boca-boca, apenas as compressões cardíacas. (American Heart Association – 2010).

Afrouxe as roupas da vítima, principalmente em volta do pescoço, tórax e cintura, para facilitar a circulação. Com a vítima deitada em decúbito dorsal (de costas) em superfície plana, rígida e com a cabeça no mesmo nível do tronco, abra a via aérea (VAS) e eleve o queixo. Abra a boca da vítima com os dedos cruzados e realize a varredura digital, removendo com cuidado qualquer corpo estranho que encontrar na cavidade oral como: restos alimentares, próteses dentárias, coágulos de sangue, caso apresente quadro de obstrução da VAS.


Verifique, então, se a vítima passou a respirar (ver, ouvir, sentir). Em caso negativo, realize respiração boca-a-boca, fechando bem as narinas da vítima com o polegar e o indicador e soprando o ar para dentro dos pulmões (usando um respirador artificial), num intervalo de um segundo de duração para cada duas respirações.

▪▪ Isquemia cardíaca. ▪▪ Choque elétrico.

Isquemia: obstrução e contração muscular.

▪▪ Envenenamento. ▪▪ Afogamento. ▪▪ Infarto agudo do miocárdio. ▪▪ Consumo excessivo de drogas (overdose).

▪▪ Engasgamento. DICA Na ausência da barreira de proteção, realize somente compressão cardíaca.

Toda vez que o ar for soprado para dentro dos pulmões, retire sua boca para que o ar saia e, ao mesmo tempo, verifique os movimentos do tórax. Este método deve ser aplicado enquanto a vítima não respirar. Toda vez que o ar for soprado para dentro dos pulmões, retire sua boca para que o ar saia e, ao mesmo tempo, verifique os movimentos do tórax. Este método deve ser aplicado enquanto a vítima não respirar. b. Parada cardíaca Você sabe como verificar se o coração está batendo? Pois bem, verifique o pulso carotídeo colocando os dedos indicador e médio, bem no meio do pescoço da vítima, deslizando-os para o lado até encontrar o vão entre a traquéia e o músculo do pescoço (pulso carotídeo). A parada cardíaca pode ser ocasionada pelos seguintes fatores. Acompanhe!

Portanto, uma vez confirmadas as paradas cardíaca e respiratória, o socorrista deve aplicar de imediato a RCP (reanimação cardiorrespiratória). Os casos de parada cardíaca exigem ação imediata e podem ser constatados pela observação dos seguintes sintomas.

▪▪ Inconsciência. ▪▪ Ausência de pulso. ▪▪ Palidez intensa. ▪▪ Extremidades frias. ▪▪ Dilatação das pupilas (midríase). No caso de uma compressão cardíaca, saiba como proceder!Verifique, a seguir. Posicione-se em um dos lados da vítima. Localize a linha dos mamilos ou o osso esterno e na junção com o apêndice xifóide. Posicione dois dedos, e logo acima desses posicione a palma da mão (região hipotenar). Sobreponha a outra mão e realize a compressão cardíaca.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Diego Fernandes (2013)

Coração

Figura 108: Posicionamento das mãos

Faça pressão com bastante vigor, empurrando o esterno para baixo, cerca de cinco centímetros, afim de comprimir o coração de encontro à coluna vertebral e, depois, descomprima. Diego Fernandes (2013)

Figura 109: Compressão cardíaca

Repita a manobra de 30 compressões para duas insuflações por cinco ciclos, checando os sinais vitais. Caso a vítima não reaja, retome a manobra quantas vezes forem necessárias, ou até a exaustão dos socorristas ,ou ainda, até a chegada de outros profissionais para dar seguimento à conduta (cerca de 100 por minuto). Jamais interrompa as compressões. Observe como agir nos tratamentos diferenciados. O socorrista deve também prestar atenção à idade/constituição da vítima. Nos adultos, aplique a compressão utilizando o peso do corpo e não apenas a força dos braços, para evitar a fadiga.

DICA Atenção: essa pressão deve ser realizada com os braços retos, evitando assim a fadiga e fratura do osso esterno.

Nas crianças, comprima o esterno apenas com uma das mãos, e nos bebês, apenas com as pontas dos dedos indicador e médio,pressione cerca de três centímetros na linha dos mamilos.

168 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


Diego Fernandes (2013)

100 compressões por minuto

Figura 110: Compressão em crianças e em bebês

É importante que o socorrista tenha recebido bom treinamento, de modo a evitar as complicações decorrentes de uma compressão mal realizada, como fratura do esterno e costela ou perfuração de órgãos pelos ossos das costelas, principalmente os pulmões. Em conformidade com a American Heart Association (2010), se o socorrista estiver sozinho, deve fazer 30 compressões cardíacas, numa média de 100 compressões por minuto. É importante ressaltar que as práticas atualizadas e normatizadas pela AHA são melhorias das práticas aplicadas anteriormente, o que não significa que as práticas anteriores são incorretas. As normatizações mais atualizadas geralmente são atualizadas por profissionais com capacitação em Atendimento Avançado da Vida e que fazem uso do DEA (desfribilador automático).

Tenha sempre em mente que o socorrista precisa ser bem treinado! Uma compressão mal feita pode trazer mais prejuízos à vítima.

A seguir, você irá identificar o tipo de acidente mais comum no trabalho em instalações elétricas: o choque elétrico. Você conhecerá os fatores de gravidade de um choque elétrico e os seus efeitos, bem como os procedimentos de primeiros socorros (APH – atendimento pré-hospitalar) adequados a cada caso. Vamos seguir? c. Choque elétrico Qualquer pessoa desavisada pode ser vítima de um acidente com eletricidade. Quem já não ouviu falar de alguém que próximo a uma árvore foi atingido por um raio e morreu instantaneamente? As árvores atraem as descargas elétricas dos raios e o corpo humano é condutor de eletricidade. Todas as pessoas estão sujeitas a acidentes desse tipo. iStockphotos ([20--?])

Além do controle das vias aéreas, o desenvolvimento das compressões cardíacas tornou possível que uma pessoa treinada dê início a uma inversão de morte clínica, mesmo fora do hospital.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Fibrilação: movimento descoordenado do coração (arritmia) causando a perda da capacidade de bombear o sangue. Ao invés de bombear, o coração apenas tremula. É um fenômeno gravíssimo, pois é irreversível naturalmente, e requer a utilização de um desfibrilador elétrico (cardioversor elétrico) para a reanimação da vítima. O conhecimento do fenômeno da fibrilação ventricular do coração, por meio do choque elétrico, é importante para conscientizar a população e os técnicos das empresas dos riscos provenientes dos trabalhos envolvendo eletricidade.

Há diversos fatores que determinam a gravidade do choque elétrico. Veja, a seguir, que fatores são estes.

Continue estudando os fatores que determinam a gravidade do choque elétrico.

Trajeto da corrente elétrica

Tempo de contato com a corrente elétrica

O trajeto da corrente elétrica no corpo humano, que funciona como um condutor de eletricidade, tem grande influência na gravidade do choque elétrico. Se uma corrente de intensidade elevada circula de uma perna a outra, pode resultar só em queimaduras locais, sem lesões mais sérias. No entanto, se ela circula de um braço a outro, pode levar à fibrilação do coração, parada cardíaca ou paralisia da musculatura respiratória, ocasionando a asfixia da vítima.

O tempo de contato é outro fator determinante na gravidade dos acidentes com corrente elétrica, uma vez que determinadas intensidades de corrente produzem contrações musculares que levam à asfixia, num prazo de dois minutos, e à fibrilação ventricular, em 0,25 segundos. Assim, conclui-se que a passagem da corrente elétrica pelo corpo desencadeia efeitos diretos e indiretos, como paralisia ou queimaduras. Acompanhe.

Intensidade da corrente elétrica

Efeitos diretos e efeitos indiretos

Outro fator importante, na determinação da gravidade do choque elétrico é a intensidade da corrente. Observe os exemplos.

▪▪ Paralisia da musculatura respi-

▪▪ 10 mA – intensidade de corrente

elétrica, a partir da qual a vítima não consegue se livrar do ponto energizado que está em contato.

▪▪ 30 mA – intensidade de corrente elétrica, a partir da qual a vítima estará sujeita a efeitos graves, como parada cardiorrespiratória e fibrilação ventricular (FV). iStockphotos ([20--?])

ratória, com queimaduras térmicas, ocasionando asfixia e morte antes de quatro minutos, desprendimento de calor na passagem da corrente.

▪▪ Queimaduras eletrotérmicas,

ocasionadas pelo desprendimento de calor na passagem da corrente, causam, ao contrário das demais queimaduras, destruição da pele e de tecidos profundos. Em geral, são indolores, em virtude da destruição das terminações nervosas, com regeneração muito lenta – a queimadura de terceiro grau não se regenera, ficando sequelas na epiderme (pele).

▪▪ Quedas, pancadas, fraturas ou ferimentos.

Figura 111: Descarga elétrica

170 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Os choques elétricos são uma das principais causas de parada cardiorrespiratória em ambientes de trabalho. O atendimento à vítima deve ser feito nos primeiros quatro minutos, para que haja chance de sobrevida e recuperação do acidentado.


Como prestar os primeiros socorros a uma vítima de choque elétrico

Leia atentamente o artigo da revista IstoÉ.

1. Antes de tocar na vítima, certifiquese de que ela não está mais em contato com a corrente elétrica. Em caso positivo, desligue imediatamente a eletricidade. Se não for possível, interrompa o contato utilizando material isolante (bastão isolante, luva de borracha e botina). Jamais utilize objeto metálico ou úmido.

IstoÉ – Estado de choque: Menino sobrevive a 68 mil volts Dizer que alguém nasceu de novo ao sobreviver numa situação limite entre a vida e a morte é uma expressão batida. Mas não há outra, absolutamente não há outra, para definir o que aconteceu no sábado 17 com o menino paulista Thiago Santos, de 13 anos de idade. Thiago entrou numa Estação Transformadora de Distribuição da Eletropaulo Metropolitana para apanhar a sua pipa que ali tinha caído. Ao subir numa das antenas (em formato de Y) o garoto recebeu uma descarga elétrica de 68 mil volts (um condenado a morte na cadeira elétrica com um choque 2.300 volts). Thiago sofreu parada cardíaca e teve 80% do corpo queimado. Nasceu de novo: está consciente (continua internado) e nenhum órgão interno foi afetado. “Houve um milagre”, disse a ISTOÉ o pai do menino, Francisco de Almeida Cunha Júnior. (Revista ISTO É, 1999).

2. Se as roupas estiverem em chamas, deite-a no chão e cubra-a com tecido bem grosso, para apagar o fogo. 3. Localize as partes do corpo comprometidas e resfrie-as somente com água corrente na temperatura ambiente (cuidado com a temperatura ambiente, pois em regiões extremas existem temperaturas também extremas, agravando ainda mais o quadro; a água deve ser tépida, 35,5ºC a 36ºC, suportável ao punho) ou panos umedecidos. Não aplique manteiga, gelo, pomada ou creme dental nos ferimentos. 4. Verifique se há parada cardiorrespiratória por meio da avaliação dos sinais vitais. Em caso positivo, deite-a em decúbito dorsal (de costas) e inicie a RCP (reanimação cardiopulmonar).

Após retirada da corrente elétrica, já se pode tocar na vítima, uma vez que ela não retém corrente, pois não é capacitor.

Sintomas da fibrilação ventricular Quando a corrente elétrica alternada passa pelo coração, as camadas dos tecidos respondem vibrando de maneira distinta, provocando um batimento cardíaco distorcido, sem resultado eficaz de bombeamento de sangue. Esse estado caótico de polarização é irreversível, com perda total do sincronismo das contrações. Devido à heterogeneidade dos tecidos da parede do coração, todos os mamíferos e animais superiores sofrem o efeito da fibrilação ventricular, em consequência do choque elétrico. Portanto, para correntes de choques grandes, os efeitos mais drásticos são as queimaduras, e para correntes pequenas, o maior perigo é a fibrilação ventricular. Quando uma pessoa, após receber uma descarga elétrica, entrar em fibrilação ventricular, a pressão cai a zero. Devido a essas ocorrências, os sintomas externos básicos são os seguintes:

▪▪ Vítima inconsciente. ▪▪ Palidez. ▪▪ Não há pulso.

Por conta da variedade no uso da energia elétrica em nosso dia a dia e pelo fato de sua propriedade física ser invisível, qualquer pessoa menos avisada poderá vir a ser vítima de um acidente envolvendo energia elétrica.

▪▪ Não há respiração. Causas da fibrilação ventricular Você sabia que além do choque elétrico, a fibrilação pode ocorrer também em outros casos de natureza clínica, como o infarto, por exemplo? Sim, é isto mesmo!

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

171


Como a fibrilação ventricular é irreversível de forma natural, faz-se necessário o emprego de técnicas práticas e tecnológicas, de modo a fazer o coração retomar o seu ritmo normal. Muitas técnicas e medicamentos foram utilizados, mas o método que obteve sucesso foi o desfibrilador elétrico (cardioversor elétrico) que na, verdade, é um capacitor a ser descarregado no acidentado. Hoje existe no mercado modelos de desfibrilador automático externo, um equipamento portátil com tecnologia de onda bifásica para uso em qualquer ambiente. O aparelho é utilizado em unidades de resgate aéreo e terrestre e fornece suporte avançado à vida. O desfibrilador automático externo oferece a possibilidade de ser utilizado por leigos (acesso público à desfibrilação), após treinamento mínimo e sob supervisão médica. Dispõe de operacionalidade simples, com alta sensibilidade e especificidade no diagnóstico de arritmias malignas. A segurança é enfatizada, e o risco de acidentes com o paciente e o operador é mínimo. A utilização do aparelho aumenta a taxa de sobrevida humana em uma parada cardiorrespiratória.

1. 1º grau – atinge somente a epiderme. Dor e vermelhidão local. 2. 2º grau – é caracterizada por vermelhidão e formação de bolhas (com líquido cítrico). Que diferenciam de tamanhos – pequenas, médias e grandes, dolorosas. 3. 3º grau – atinge camadas profundas da pele, ocasionando a destruição das terminações nervosas e sensitivas do tecido. O socorrista pode avaliar a relação gravidade-extensão utilizando a regra dos nove, bastante útil e de fácil memorização, cujos valores são definidos em porcentagem (%) da superfície corporal de acordo com a seguinte especificação.

Assim, a extensão e a gravidade de uma queimadura determinam o procedimento que o socorrista deve adotar. Observe, a seguir, a classificação das queimaduras segundo a sua extensão e gravidade e os procedimentos de primeiros socorros a serem adotados.

Gravidade quanto à extensão ▪▪ Pequena queimadura – menos de 10% da área corpórea.

▪▪ Grande queimadura – mais de 10% da área corpórea.

O risco de morte ou risco de continuar com vida está mais relacionado com a extensão do que com a profundidade da lesão.

▪▪ Cabeça – 9%. ▪▪ Pescoço – 1%. ▪▪ Membro superior – 9% cada. ▪▪ Dorso – 18%. ▪▪ Membro inferior – 18% cada. ▪▪ Genitália – 1%.

Observe, na sequência, as condutas a serem tomadas pelo socorrista.

▪▪ Evitar infecções na área queimada.

1%

▪▪ Controlar a dor.

18% 9%

corpórea.

▪▪ Prevenir o estado de choque.

9%

São lesões causadas quando a pele entra em contato com temperaturas extremas e substâncias químicas corrosivas. O grau de lesão varia de acordo com a intensidade e a extensão de pele atingida: quanto maior a área, mais grave é o caso. De acordo com a profundidade da lesão dos tecidos, as queimaduras são classificadas em três tipos:

▪▪ Com mais de 10% da área ▪▪ Com lesão das vias aéreas.

Diego Fernandes (2013)

a. Queimaduras

▪▪ Elétrica. ▪▪ Em períneo.

▪▪ Tórax – 18%.

Noções sobre lesões

São consideradas graves as seguintes queimaduras.

18%

9%

Verifique os sintomas dos acidentes com queimaduras de 1º e 2º graus de grande extensão ou de 3º grau.

▪▪ Estado de choque – a necrose

18%

18%

Figura 112: Identificação dos membros

172 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

de uma vasta área de tecido impede a circulação sanguínea. Insufciência renal – as células destruídas pela queimadura entram na corrente sanguínea e impedem a formação da urina.


▪▪ Septicemia – a área queimada é atingida por microorganismos e tem início um violento processo infeccioso, choque séptico. Quer saber como efetuar socorro em caso de queimaduras de pequena extensão? É só acompanhar!

▪▪ Lavar o local com soro fisioló-

gico ou água (tépida, temperatura de 35,5ºC a 36ºC) por dois a cinco minutos.

▪▪ Não aplicar iodo, mercúrio ou

pomada, no local do ferimento, para não encobrir a lesão. Agora observe como socorrer em caso de queimaduras térmicas.

▪▪ Verificar as VAS (vias aéreas

superiores), respiração, circulação e nível de consciência e evitar choque.

▪▪ Retirar as roupas da vítima. ▪▪ Lavar com soro fisiológico ou água, sem pressão ou fricção.

▪▪ De acordo com o agente químico há um tempo de lavagem: ácido – lavar por cinco minutos; álcali – lavar por 15 minutos. Na dúvida, lave a queimadura por 15 minutos.

▪▪ Se álcali seco, não lavar: retirar

água (tépida, temperatura de 35, 5ºC a 36ºC).

manualmente (exemplo: soda cáustica) em peles íntegras. Quando se tratar de mucosas, retirar o excesso e lavar abundantemente, sem esfregar. Para saber como proceder, em caso de queimaduras de grande extensão observe, na sequência.

▪▪ Verificar vias aéreas, respiração,

▪▪ Prevenir o estado de choque

▪▪ Apagar o fogo da vítima com

circulação e nível de consciência (especial atenção para as VAS em queimados de face).

▪▪ Retirar partes de roupas não

queimadas. No caso de tecidos queimados aderidos ao local, recortar em volta.

– o estado de choque é uma das consequências comuns nos casos de grandes queimaduras, quando então o socorrista deve acomodar a vítima.

▪▪ Controlar a dor – de acordo

▪▪ Retirar da vítima pulseiras, anéis, relógios e outros acessórios.

com a área atingida, a dor associada a queimaduras de 2º e 3º graus é insuportável.

▪▪ Estabelecer extensão e profun-

▪▪ Evitar a contaminação – se houver

local com soro fisiológico ou água (tépida, temperatura de 35,5ºC a 36ºC). Não passar nada no local.

formação de bolhas, o socorrista não deve irritá-las nem furá-las, pois elas podem romper e deixar uma ferida (úlcera) aberta, sujeita à entrada de micro-organismos patogênicos que podem ocasionar infecção.

▪▪ Cobrir regiões queimadas com

▪▪ Lavar a área queimada com

didade das queimaduras.

▪▪ Quando de 1º grau, banhar o

manta aluminizada ou papel alumínio.

▪▪ Quando em olhos, cobrir com

gaze embebida em soro. Chegou o momento de você aprender como socorrer em caso de queimaduras químicas, veja a seguir.

▪▪ Descobrir qual tipo de produto químico causou a queimadura.

Septicemia: processo infeccioso generalizado em que microorganismos patogênicos penetram na corrente sanguínea e nela se multiplicam; choque séptico.

soro fisiológico ou água corrente em temperatura ambiente (tépida, temperatura de 35,5ºC a 36ºC).

▪▪ Se as roupas da vítima tiverem

aderido à queimadura, não as remova.

▪▪ Não aplicar iodo, mercúrio ou pomada no local do ferimento.

▪▪ Não fornecer água. ▪▪ Mantê-la aquecida.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Acionar: pôr em ação, em movimento, fazer funcionar

▪▪ Manter os sinais vitais e, no caso de parada cardiorrespiratória, aplicar o método de reanimação mais adequado.

▪▪ Encaminhá-la ao hospital. Nos acidentes provocados por choque elétrico há, em geral, duas feridas cutâneas (úlceras): uma na entrada e outra na saída da corrente. Embora elas costumem parecer pequenas, uma quantidade considerável de tecido abaixo delas é destruída. Nesses casos, os procedimentos a serem adotados são os mesmos para outros tipos de queimadura. Quando o choque ocasiona a paralisação da respiração, em virtude da contração dos músculos respiratórios, o socorrista deve efetuar as manobras de respiração, já estudadas, sobre reanimação cardiorrespiratória. Lembre-se sempre de que o socorrista deve adotar todos os procedimentos ao seu alcance, mas os seus cuidados não substituem os do profissional de saúde (enfermeiro ou médico). Uma vez que a gravidade das lesões pode exigir recursos adequados para lidar com os danos na pele e problemas de insuficiência circulatória e renal e de infecção, ele deve acionar de imediato os recursos hospitalares.

Continue seu estudo em relação às lesões, próximo tópico são as úlceras. b. Úlceras (feridas) São lesões que acometem a epiderme (camada mais externa) e/ ou derme (camada mais profunda da pele) e facilitam as infecções. A pele atua como barreira mecânica entre o corpo e o mundo externo, impedindo a entrada de micro-organismos no corpo e fazendo a

174 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

termorregulação e a manutenção dos fluidos no organismo. Na presença de ferimentos, a conduta inicial, sempre que possível, deve -se lavar o local com soro fisiológico ou água corrente. Quando se tratar de lesões com grandes áreas atingidas e com sangramentos intensos, deve-se comprimir o local com pano limpo e fazer a compressão nas grandes veias e artérias, a fim de diminuir o fluxo local (sempre acima da lesão). Nos casos de amputação total e/ ou esmagamento, deve-se proceder como indicado, acima e realizar garroteamento acima da lesão. A parte amputada deve ser recolhida e colocada em um saco plástico limpo preferencialmente embebido em soro fisiológico, colocado dentro de outro com gelo e levado com a vítima para o hospital a fim de se tentar o reimplante. Nas lesões em que existir um material preso à pele, este não deverá ser retirado, devendo ser protegido durante o transporte para não haver deslocamento ou saída.

c. Lesão traumato-ortopédica Existem diversos tipos de lesão traumato-ortopédica que afetam o aparelho locomotor e comprometem as articulações, ossos e músculos. Estude, a seguir, os procedimentos de primeiros socorros a serem adotados para aliviar o sofrimento da vítima! Entorse Na entorse há distensão dos ligamentos articulares, ocasionando a separação momentânea das superfícies ósseas da articulação e provocando edema e dor local, que se acentua com a movimentação.


Luxação Na luxação há distensão ou rompimento dos ligamentos articulares, ocasionando separação das superfícies ósseas da articulação. Em ambos os casos, o socorrista deve adotar os seguintes procedimentos:

Nunca se deve tentar colocar o osso no lugar. Isso deverá ser feito em local e por profissional qualificado no hospital.

▪▪ Evitar movimentar a articulação

▪▪ Estancar eventual hemorragia

afetada.

▪▪ Imobilizar na posição encontrada ▪▪ Aplicar bolsa de gelo sobre o local a fim de reduzir o edema e a dor. Fraturas e lesões de articulação Você sabe quando ocorre um rompimento total ou parcial de um osso ou cartilagem? Bem, as fraturas podem ser fechadas, quando a pele não é rompida pelo osso fraturado e expostas ou abertas, quando o osso atravessa a pele e fica exposto. Toda suspeita de fratura ou lesão de articulação deve resultar em imobilização. Nas indústrias, a fratura pode ocorrer em razão de quedas e movimentos bruscos do empregado, batidas contra objetos, ferramentas, maquinário, assim como, quedas desses sobre o empregado. Suspeita-se de uma fratura ou lesão articular quando houver sido constatado pelo menos dois dos seguintes itens. Observe.

▪▪ Dor intensa no local, que au-

menta ao menor movimento ou toque na região.

▪▪ Edema local (inchaço). ▪▪ Crepitação ao movimento (som

parecido com o amassar de papel).

iStockphotos ([20--?])

Confira os procedimentos básicos a seguir. em casos de fraturas expostas ou abertas.

▪▪ Imobilizar as articulações mais

próximas do local com suspeita de fratura, afim de impedir a movimentação, utilizando jornais, revistas, tábuas, papelão, etc.; convém acolchoar com algodão, lã ou trapos os pontos onde os ossos ficarão em contato com a tala, fixando-os acima e abaixo da lesão.

Figura 113: Fraturas e lesões membros superiores Tropa 1-75ºGear (2011)

▪▪ Não deslocar ou arrastar a vítima

antes de imobilizar os segmentos fraturados.

▪▪ Encaminhar a vítima ao serviço de saúde para diagnóstico e tratamento precisos. Em caso de lesão articular (entorses e contusões), veja como proceder.

▪▪ Colocar a vítima deitada ou sentada em posição confortável.

▪▪ Imobilizar a região afetada com

faixas, talas ou panos para impedir os movimentos, diminuindo, assim, a dor.

▪▪ Encaminhar a vítima ao serviço de saúde para diagnóstico e tratamento precisos.

Figura 114: Fraturas e lesões nos membros inferiores

Nunca massagear ou friccionar o local afetado.

▪▪ Hematoma (rompimento de vaso com acúmulo de sangue no local) ou equimose (mancha de coloração azulada na pele), que aparece horas após a fratura.

▪▪ Paralisia (lesão dos nervos).

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d. Picadas e mordidas de animais

1. Serpentes

São considerados riscos adicionais aqueles causados por acidentes com cobras e serpentes, escorpiões, aranhas, vespas, abelhas e algumas formas marinhas de vida animal que se constituem em um tipo de envenenamento, cujo veículo de introdução, no corpo humano, se faz através de presas ou ferrões. Você sabe que existem diferenças importantes que devem ser consideradas entre animais venenosos e animais peçonhentos? Sim é muito importante desta distinção para saber como proceder. Conheça a seguir os detalhes destes animais! Animais venenosos – produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes ou ferrões), provocando envenenamento passivo por contato (taturana), por compressão (sapo), ou por ingestão (peixe baiacu). Animais peçonhentos possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes ocos, ferrões ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. É o caso de serpentes, aranhas, escorpiões, abelhas e arraias.

No Brasil, há cerca de 260 espécies catalogadas de serpentes, das quais cerca de 40 são peçonhentas. Os principais grupos de serpentes peçonhentas existentes no nosso país são as espécies jararaca, surucucu, cascavel e coral. O termo jararaca, por exemplo, refere-se a mais de 20 espécies de serpentes com características semelhantes, como a forma da cabeça e do corpo. O veneno de cada grupo de serpentes peçonhentas tem uma composição diferente, provocando sintomas distintos. A peçonha do grupo jararaca, por exemplo, encontrado em todo o país, tem efeito local: causa inchaço e hemorragia. Além disso, destrói os músculos da região onde é injetada. A ação do veneno das serpentes do grupo surucucu, que vivem na Mata Atlântica e Amazônia, produz sintomas semelhantes aos gerados pela peçonha do grupo jararaca. Já a toxina do grupo cascavel provoca visão dupla e paralisa os músculos, impedindo os movimentos. Serpentes desse grupo podem ser encontradas em todo o país, exceto na Mata Atlântica e na Amazônia. O veneno do grupo das corais, por sua vez, mata por parada respiratória ao bloquear os movimentos de um músculo chamado diafragma, que é responsável pela respiração. A toxicidade do veneno varia em função do tamanho e estado de nutrição do animal agressor, da quantidade de veneno inoculado, do peso e estado de saúde da vítima. A cada ano, cerca de 20 mil pessoas são picadas por cobra no Brasil. Acidentes com serpentes do grupo jararaca são os mais frequentes e acontecem geralmente no campo.

Um socorrista não precisa ser capaz de classificar insetos, aranhas, escorpiões e ofídios em gênero e espécie – tal atividade é reservada aos estudiosos desta área. No entanto, existe conhecimento indispensável sobre animais peçonhentos para que se possa utilizar uma técnica adequada a cada situação.

Continue atento para saber mais!

176 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

No caso de envenenamento por ofídios, o socorro precisa ser rápido. O médico determina qual grupo de cobra picou a pessoa por meio dos sintomas que esta apresenta. Afinal, cada grupo de serpentes peçonhentas apresenta um veneno específico, que provoca sintomas diferentes. De maneira prática, as serpentes peçonhentas no Brasil são classificadas em quatro grandes gêneros:

▪▪ Micrurus – Corais (encontradas no Centro-Oeste, Sul e Nordeste)

▪▪ Crotalus – Cascavéis (encontradas no Centro-Oeste e Sul)

▪▪ Lachesis – Surucucu ou Surucutinga (encontradas no Sul, Região Amazônica e Zona da Mata Nordestina)

▪▪ Bothrops – Jararacas, Urutu-

-Cruzeiro, Jararacuçu (encontradas em todas as regiões). Aqui você saberá a diferença das serpentes peçonhentas e não-peçonhentas. Confira! Existem alguns critérios básicos para distinguir serpentes peçonhentas de não-peçonhentas a uma distância segura. Para conhecê-los é só seguir com o estudo! O primeiro deles é a presença de um orifício entre o olho e a narina da serpente, denominado fosseta loreal. Toda serpente brasileira que possui esse orifício é peçonhenta. Ele é utilizado para perceber a presença de calor, o que permite à serpente caçar no escuro presas que tenham corpo quente (homeotérmicas), tais como mamíferos e aves.


Diego Fernandes (2013)

Olho

Narina

Fosseta loreal

O nome pico-de-jaca foi dado em virtude do aspecto da pele desse animal se parecer muito com a fruta. Elas são encontradas apenas em áreas de floresta tropical densa, tais como a Amazônia ou alguns pontos da Mata Atlântica. Diego Fernandes (2013)

Figura 115: Identificação da fosseta loreal

Atenção para a única exceção a essa regra, que é da cobra-coral. Ela é venenosa e não possui fosseta (cujo nome científico é Micrurus). Porém, as corais possuem um padrão característico de anéis pretos, vermelhos e brancos ou amarelos, que não permitem nenhuma confusão. Na Amazônia existem corais pretas e brancas ou marrons. Desse modo, deve-se considerar toda serpente com essa coloração como perigosa, apesar da existência de serpentes que imitam as corais verdadeiras, denominadas corais falsas. As corais verdadeiras não dão bote e, normalmente, se abrigam debaixo de troncos de árvores, folhas ou outros locais úmidos, em todas as regiões do país.

DICA Outra característica importante na distinção das serpentes peçonhentas é o tipo de cauda.

Algumas serpentes com fosseta loreal apresentam um chocalho na ponta da cauda, que emite um som característico de alerta, quando são perturbadas. Essas são as cascavéis (cujo nome científico é Crotalus), facilmente encontradas em áreas abertas e secas, mesmo em áreas agriculturáveis de grande parte do Brasil, excluindo-se áreas de vegetação mais densa. As serpentes com fosseta loreal, cuja cauda é lisa até a extremidade, pertencem à família das jararacas (cujo nome científico é Bothrops). São encontradas, em sua grande maioria, em áreas mais limitadas, como as áreas de mata, apesar de alguns tipos habitarem também zonas de caatinga e cerrado. Algumas serpentes com fosseta loreal apresentam a extremidade da cauda com as escamas eriçadas como uma escova. Essas são as chamadas surucucus ou pico-de-jaca (cujo nome científico é Lachesis).

Figura 116: Tipos de caldas(com chocalho,lisa e com escamas)

Observe, a seguir, como diferenciar serpentes peçonhentas e não peçonhentas:

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Diego Fernandes (2013)

Fosseta loreal

Presente

Ausente Com anéis coloridos (pretos, brancos e vermelhos)

Micrurus**

Cauda lisa

Cauda com escamas arrepiadas

Cauda com chocalho

Bothrops

Lachesis

Crotalus

Não peçonhentas*

Peçonhentas

*As falsas corais podem apresentar o mesmo padrão de coloração das corais verdadeiras, sendo distinguíveis pela ausência de dente inoculador. **Na Amazônia, ocorrem corais verdadeiras desprovidas de anéis vermelhos.

▪▪ Deitar a vítima o mais rápido possível.

DICA Portal Saúde.Distinção entre serpentes peçonhentas e não peçonhentas. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manu_peconhentos.pdf.

Veja, agora, como prevenir contatos indesejados com cobras.

▪▪ É muito importante evitar situações de risco de acidentes ofídicos. Não ande descalço. Ao caminhar na mata ou em plantações, use botas que o protejam até os joelhos.

▪▪ Não coloque a mão em buracos e, acima de tudo, não manipule serpentes, por mais inofensivas que elas possam parecer.

▪▪ Mantenha os quintais limpos, assim como as áreas ao redor de residên-

cias. Não acumule detritos ou material que sirva de alimento para ratos, pois estes podem atrair serpentes, que se alimentam destes. Em caso de acidente, não faça qualquer tipo de atendimento caseiro, não corte nem perfure o local da mordida e não faça torniquete. Procure imediatamente um posto médico, porque somente o soro antiofídico cura. Ele é distribuído gratuitamente a hospitais, casas de saúde e postos de atendimento médico por o Hospital Vital Brazil, que pertence ao Instituto Butantan, que realiza esse tipo de atendimento 24 horas por dia. Como proceder em caso de picada.Observe!

178 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

▪▪ Não deixar a vítima fazer qual-

quer esforço, pois o estímulo da circulação sanguínea difunde o veneno pelo corpo.

▪▪ Aplicar gelo ou compressas frias

e anestesia no caso de picada de lacraias, centopéias e lagartas.

▪▪ Lavar o local da picada com água

abundante e de preferência com água e sabão.

▪▪ Não se deve fazer torniquete,

pois isso impede a circulação sanguínea, podendo causar gangrena ou necrose.

▪▪ Não se deve furar, cortar, queimar,

espremer, fazer sucção no local do ferimento nem aplicar folhas, pó de café ou terra, para não provocar infecção.


▪▪ Levar o acidentado imediata-

mente ao serviço de saúde mais próximo.

▪▪ Se possível, levar o animal

peçonhento junto, mesmo que morto. Isso facilita o diagnóstico e a detecção de qual soro será o mais apropriado para ser ministrado ao paciente.

DICA Poucas espécies podem causar acidentes com envenenamento humano importante. No Brasil, as espécies mais representativas pertencem aos gêneros Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus.

DICA

3. Animais raivosos e insetos

Nenhum remédio caseiro substitui o soro antipeçonha!

Mordidas de animais raivosos – Qualquer animal pode contrair a raiva e se tornar um transmissor. Quem for mordido por um animal deve suspeitar de raiva e mantê-lo em observação até prova em contrário. Mesmo vacinado, o animal pode apresentar a doença. Todas as mordidas por animais devem ser vistas por um médico. Picadas e ferroadas de insetos – Há pessoas alérgicas que sofrem reações graves e/ou generalizadas devido a picadas de insetos. Tais pessoas devem receber um tratamento médico imediato. Picada de inseto pode ser um risco de vida para pessoa sensível. Como proceder?

2. Aranhas e Escorpiões O filo dos artrópodes corresponde a mais de 80% das espécies animais existentes. Entre os principais grupos desse filo estão os aracnídeos (subfilo Chelicerata – classe Arachnida), dos quais fazem parte as aranhas (ordem Araneae) e os escorpiões (ordem Scorpiones). Os aracnídeos são caracterizados por apresentarem o corpo dividido em duas partes (cefalotórax e abdômen), quatro pares de pernas, um par de pedipalpos e um par de quelíceras (apêndices bucais). As aranhas compõem a ordem mais numerosa dos aracnídeos, sendo consideradas válidas cerca de 35.000 espécies em todo o mundo, porém somente cerca de 20 a 30 espécies são consideradas perigosas para o homem. Habitam praticamente todas as regiões do planeta, incluindo uma espécie aquática. Muitas espécies vivem próximas e, até mesmo dentro de habitações humanas, favorecendo a ocorrência de acidentes. O veneno, produzido por duas glândulas situadas na região das quelíceras, pode ser utilizado na captura de presas e como defesa.

▪▪ Retirar os ferrões do inseto, através de técnicas adequadas.

▪▪ Lavar com água o local da picada. ▪▪ Procurar socorro médico o mais

rápido possível. Você está encerrando a penúltima seção da unidade de estudos de primeiros socorros! A seguir, você estudará uma parte muito importante deste assunto: como transportar uma pessoa acidentada com segurança e com os menores transtornos possíveis. Está preparado? Desejo ótimos estudos!

Seção 7

Técnicas para remoção e transporte de acidentados O transporte da vítima de acidente merece um tema especial. Nesse momento, as lesões já existentes podem ser agravadas, por isso o socorrista somente deve fazer o transporte se for absolutamente necessário. Caso contrário, deve aguardar atendimento do profissional de saúde no local do acidente. Acompanhe, a seguir, os procedimentos adequados para transportar vítimas que merecem cuidados especiais.

▪▪ Controlar as hemorragias, para evitar sangramento abundante e exposição ao risco de a vítima entrar em choque.

▪▪ Se houver suspeita de fratura,

principalmente no caso de atropelamento, imobilizar o local fraturado sem tentar colocar o osso no lugar, nem mexer demasiadamente no local da fratura.

▪▪ Se houver parada cardiorres-

piratória, iniciar imediatamente a respiração artificial e a compressão cardíaca. Acompanhe os parâmetros de decisão para transporte Saiba que devem ser transportados os acidentados que estiverem em qualquer uma das seguintes condições.

▪▪ Inconscientes. ▪▪ Em estado de choque. ▪▪ Gravemente queimados. ▪▪ Com hemorragia. ▪▪ Envenenados. ▪▪ Com fratura nos membros inferiores, pelve e coluna vertebral.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Diego Fernandes (2013)

Acidentados, com fratura no pescoço e suspeita de lesão da medula, não devem ser removidos antes do atendimento ser feito por profissional de saúde. Um erro de movimento pode ocasionar numerosas lesões.

Acompanhe como socorrer as vítimas.

▪▪ Se a vítima tiver que ser erguida para verificação das lesões, cada parte do corpo deve ser apoiada. Não deixar o corpo se dobrar, mantenha-o em linha reta.

▪▪ Ao transportá-la, puxar pela direção da cabeça ou dos pés, nunca pelos

lados, e proteger o corpo com toalha ou outro material, principalmente a cabeça.

▪▪ Se não houver prancha para removê-la, adotar o método do auxílio de três pessoas, de acordo com a ilustração.

Diego Fernandes (2013)

Figura 117: Transporte com 3 pessoas

DICA O transporte em três pessoas só deve ser feito em mal súbito ou outro acometimento sem trauma de coluna.

O socorrista também pode improvisar uma maca amarrando um cobertor ou colcha em duas varas resistentes (nunca utilizar cabos de vassoura), de acordo com a ilustração.

180 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI

Figura 118: Maca improvisada

Vale lembrar que essas técnicas só poderão ser utilizadas se não houver suspeita de lesão cervical e/ou vertebral; do contrário, a prancha longa e o colar cervical deverão ser utilizados, assim como o apoio de cabeça. Nesse tipo de situação, a vítima deverá ser virada em bloco, a fim de manter a coluna reta. Para essa conduta são necessários quatro socorristas, três atuando no corpo e um na cabeça. O socorrista que estiver posicionado no meio da vítima será responsável em puxar a prancha junto à vítima. Observe a figura!


iStockphotos ([20--?])

Iminente: que está a ponto de acontecer.

Figura 119: Transporte com maca

Mas também é possível que o socorrista esteja sozinho, ao prestar auxílio à vítima e, mesmo assim, precise removê-la, em virtude de um perigo iminente,como desabamento ou incêndio. Nesses casos, ele pode contar com o auxílio de uma ou mais pessoas, desde que as oriente previamente. Conheça, a seguir, outros métodos de transporte a serem aplicados em situações especiais, desde que o socorrista esteja certo de sua adequação. Transporte de apoio: Se a vítima estiver consciente e com leves ferimentos, o socorrista deve se posicionar ao lado, passar o braço dela pela sua própria nuca e segurá-la, com o outro braço. Diego Fernandes (2013)

Figura 120: Transporte de apoio

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Transporte em cadeira improvisada: Dois socorristas podem improvisar uma cadeira segurando os braços e punhos um do outro; a vítima senta e passa os braços ao redor dos seus pescoços. Diego Fernandes (2013)

Figura 121: Transporte em cadeira improvisada

Transporte em cadeira: No transporte da vítima numa cadeira, que tem a vantagem de manter o corpo ereto e, desse modo, impedir o possível agravamento das lesões, deve-se incliná-la para trás. Diego Fernandes (2013)

Figura 122: Transporte em cadeira

Transporte em braços: O socorrista pode levantar e transportar a vítima no colo, desde que aguente o peso.

182 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


Diego Fernandes (2013)

Você encerrou a última unidade de estudo do curso básico de segurança em instalações e serviços em eletricidade. Nesta etapa, você estudou noções básicas de primeiros socorros – desde os requisitos de identificação do problema, passando pelos procedimentos práticos de primeiros socorros e os cuidados com o transporte do acidentado. Vale lembrar que este conteúdo é exigido para qualquer profissional que exerça atividades em instalações elétricas!

Figura 123: Transporte em braços

Transporte nas costas: A vítima passa os braços por cima dos ombros do socorrista e se apoia nele.

Diego Fernandes (2013)

Diego Fernandes (2013)

Figura 125: Transporte pela extremidade

Figura 124: Transporte nas costas

Transporte pela extremidade: Dois socorristas carregam uma vítima: um, agarra com os braços o tronco da vítima e os passa por baixo das axilas, enquanto o outro, de costas para o primeiro, segura as pernas.

O transporte de vítimas de acidente em veículos automotores também merece cuidados especiais: o socorrista deve pedir ao motorista que tome cuidado e não exceda o limite de velocidade. Caso contrário, em lugar de salvar uma vida, pode ocasionar um acidente com novas vítimas. Além disso, as freadas e os solavancos do carro podem agravar o estado dos ferimentos.

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Finalizando Você está encerrando o curso básico de segurança em instalações e serviços em eletricidade, baseado na Norma Regulamentadora 10! Durante todo este tempo, aprofundou conhecimentos sobre normas e procedimentos corretos para que o trabalho em instalações elétricas seja feito com segurança e sem incidentes. O profissional que trabalha em instalações elétricas é, obrigatoriamente, pessoa habilitada e treinada, com conhecimento técnico e funcional tanto do equipamento quanto do sistema que irá dar manutenção. É, também, um responsável direto pela segurança da operação, pelas pessoas e demais bens interligados a ela. Por isso, há tantas normas de segurança e de bom senso, além das próprias inspeções visuais recomendadas. Operar um sistema elétrico significa grande responsabilidade! Um bom operador está sempre preparado para garantir a segurança do ambiente, enquanto exerce a sua função. Agora, mãos a obra! Desejo-lhe saúde e sucesso profissional, com serviços qualificados e responsáveis! Seu empregador certamente saberá reconhecer isso!

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NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Anexos ANEXO A – NORMA NR 10 NR 10 – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE Publicação

D.O.U.

Portaria GM n.º 3.214, de 08 de junho de 1978

06/07/78

Alterações/Atualizações

D.O.U.

Portaria SSMT n.º 12, de 06 de junho de 1983

14/06/83

Portaria GM n.º 598, de 07 de dezembro de 2004

08/09/04

(Texto dado pela Portaria GM n.º 598, de 07 de dezembro de 2004) 10.1 OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO 10.1.1 Esta Norma Regulamentadora – NR estabelece os requisitos e condições mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. 10.1.2 Esta NR se aplica às fases de geração, transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção, montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos realizados nas suas proximidades, observando-se as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis. 10.2 - MEDIDAS DE CONTROLE 10.2.1 Em todas as intervenções em instalações elétricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco elétrico e de outros riscos adicionais, mediante técnicas de análise de risco, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho. 10.2.2 As medidas de controle adotadas devem integrar-se às demais iniciativas da empresa, no âmbito da preservação da segurança, da saúde e do meio ambiente do trabalho. 10.2.3 As empresas estão obrigadas a manter esquemas unifilares atualizados das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção. 10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW devem constituir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do disposto no subitem 10.2.3, no mínimo: a. conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de controle existentes; b. documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos; c. especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental, aplicáveis conforme determina esta NR;

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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d. documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados; e. resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de proteção individual e coletiva; f. certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas; g. relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f ”. 10.2.5 As empresas que operam em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência devem constituir prontuário com o conteúdo do item 10.2.4 e acrescentar ao prontuário os documentos a seguir listados: a. descrição dos procedimentos para emergências; b. certificações dos equipamentos de proteção coletiva e individual; 10.2.5.1 As empresas que realizam trabalhos em proximidade do Sistema Elétrico de Potência devem constituir prontuário contemplando as alíneas “a”, “c”, “d” e “e”, do item 10.2.4 e alíneas “a” e “b” do item 10.2.5. 10.2.6 O Prontuário de Instalações Elétricas deve ser organizado e mantido atualizado pelo empregador ou pessoa formalmente designada pela empresa, devendo permanecer à disposição dos trabalhadores envolvidos nas instalações e serviços em eletricidade. 10.2.7 Os documentos técnicos previstos no Prontuário de Instalações Elétricas devem ser elaborados por profissional legalmente habilitado. 10.2.8 MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA 10.2.8.1 Em todos os serviços executados em instalações elétricas devem ser previstas e adotadas, prioritariamente, medidas de proteção coletiva aplicáveis, mediante procedimentos, às atividades a serem desenvolvidas, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores. 10.2.8.2 As medidas de proteção coletiva compreendem, prioritariamente, a desenergização elétrica conforme estabelece esta NR e, na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança. 10.2.8.2.1 Na impossibilidade de implementação do estabelecido no subitem 10.2.8.2., devem ser utilizadas outras medidas de proteção coletiva, tais como: isolação das partes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de seccionamento automático de alimentação, bloqueio do religamento automático. 10.2.8.3 O aterramento das instalações elétricas deve ser executado conforme regulamentação estabelecida pelos órgãos competentes e, na ausência desta, deve atender às Normas Internacionais vigentes. 10.2.9 - MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 10.2.9.1 Nos trabalhos em instalações elétricas, quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente inviáveis ou insuficientes para controlar os riscos, devem ser adotados equipamentos de proteção individual específicos e adequados às atividades desenvolvidas, em atendimento ao disposto na NR 6. 10.2.9.2 As vestimentas de trabalho devem ser adequadas às atividades, devendo contemplar a condutibilidade, inflamabilidade e influências eletromagnéticas. 10.2.9.3 É vedado o uso de adornos pessoais nos trabalhos com instalações elétricas ou em suas proximidades. [ 10.3 - SEGURANÇA EM PROJETOS 10.3.1 É obrigatório que os projetos de instalações elétricas especifiquem dispositivos de desligamento de circuitos que possuam recursos para impedimento de reenergização, para sinalização de advertência com indicação da condição operativa.

192 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


10.3.2 O projeto elétrico, na medida do possível, deve prever a instalação de dispositivo de seccionamento de ação simultânea, que permita a aplicação de impedimento de reenergização do circuito. 10.3.3 O projeto de instalações elétricas deve considerar o espaço seguro, quanto ao dimensionamento e a localização de seus componentes e as influências externas, quando da operação e da realização de serviços de construção e manutenção. 10.3.3.1 Os circuitos elétricos com finalidades diferentes, tais como: comunicação, sinalização, controle e tração elétrica devem ser identificados e instalados separadamente, salvo quando o desenvolvimento tecnológico permitir compartilhamento, respeitadas as definições de projetos. 10.3.4 O projeto deve definir a configuração do esquema de aterramento, a obrigatoriedade ou não da interligação entre o condutor neutro e o de proteção e a conexão à terra das partes condutoras não destinadas à condução da eletricidade. 10.3.5 Sempre que for tecnicamente viável e necessário, devem ser projetados dispositivos de seccionamento que incorporem recursos fixos de equipotencialização e aterramento do circuito seccionado. 10.3.6 Todo projeto deve prever condições para a adoção de aterramento temporário. 10.3.7 O projeto das instalações elétricas deve ficar à disposição dos trabalhadores autorizados, das autoridades competentes e de outras pessoas autorizadas pela empresa e deve ser mantido atualizado. 10.3.8 O projeto elétrico deve atender ao que dispõem as Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança no Trabalho, as regulamentações técnicas oficiais estabelecidas, e ser assinado por profissional legalmente habilitado. 10.3.9 O memorial descritivo do projeto deve conter, no mínimo, os seguintes itens de segurança: a. especificação das características relativas à proteção contra choques elétricos, queimaduras e outros riscos adicionais; b. indicação de posição dos dispositivos de manobra dos circuitos elétricos: (Verde – “D”, desligado e Vermelho - “L”, ligado); c. descrição do sistema de identificação de circuitos elétricos e equipamentos, incluindo dispositivos de manobra, de controle, de proteção, de intertravamento, dos condutores e os próprios equipamentos e estruturas, definindo como tais indicações devem ser aplicadas fisicamente nos componentes das instalações; d. recomendações de restrições e advertências quanto ao acesso de pessoas aos componentes das instalações; e. precauções aplicáveis em face das influências externas; f. o princípio funcional dos dispositivos de proteção, constantes do projeto, destinados à segurança das pessoas; g. descrição da compatibilidade dos dispositivos de proteção com a instalação elétrica. 10.3.10 Os projetos devem assegurar que as instalações proporcionem aos trabalhadores iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia. 10.4 - SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO, MONTAGEM, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO 10.4.1 - As instalações elétricas devem ser construídas, montadas, operadas, reformadas, ampliadas, reparadas e inspecionadas de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores e dos usuários, e serem supervisionadas por profissional autorizado, conforme dispõe esta NR.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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10.4.2 Nos trabalhos e nas atividades referidas devem ser adotadas medidas preventivas destinadas ao controle dos riscos adicionais, especialmente quanto a altura, confinamento, campos elétricos e magnéticos, explosividade, umidade, poeira, fauna e flora e outros agravantes, adotando-se a sinalização de segurança. 10.4.3 Nos locais de trabalho só podem ser utilizados equipamentos, dispositivos e ferramentas elétricas compatíveis com a instalação elétrica existente, preservando-se as características de proteção, respeitadas as recomendações do fabricante e as influências externas. 10.4.3.1 Os equipamentos, dispositivos e ferramentas que possuam isolamento elétrico devem estar adequados às tensões envolvidas, e serem inspecionados e testados de acordo com as regulamentações existentes ou recomendações dos fabricantes. 10.4.4 As instalações elétricas devem ser mantidas em condições seguras de funcionamento e seus sistemas de proteção devem ser inspecionados e controlados periodicamente, de acordo com as regulamentações existentes e definições de projetos. 10.4.4.1 Os locais de serviços elétricos, compartimentos e invólucros de equipamentos e instalações elétricas são exclusivos para essa finalidade, sendo expressamente proibido utilizá-los para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos. 10.4.5 Para atividades em instalações elétricas deve ser garantida ao trabalhador iluminação adequada e uma posição de trabalho segura, de acordo com a NR 17 – Ergonomia, de forma a permitir que ele disponha dos membros superiores livres para a realização das tarefas. 10.4.6 Os ensaios e testes elétricos laboratoriais e de campo ou comissionamento de instalações elétricas devem atender à regulamentação estabelecida nos itens 10.6 e 10.7, e somente podem ser realizados por trabalhadores que atendam às condições de qualificação, habilitação, capacitação e autorização estabelecidas nesta NR. 10.5 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DESENERGIZADAS 10.5.1 Somente serão consideradas desenergizadas as instalações elétricas liberadas para trabalho, mediante os procedimentos apropriados, obedecida a seqüência abaixo: a. seccionamento; b. impedimento de reenergização; c. constatação da ausência de tensão; d. instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos condutores dos circuitos; e. proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada (Anexo I); f. instalação da sinalização de impedimento de reenergização. 10.5.2 O estado de instalação desenergizada deve ser mantido até a autorização para reenergização, devendo ser reenergizada respeitando a seqüência de procedimentos abaixo: a. retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos; b. retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos no processo de reenergização; c. remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das proteções adicionais; d. remoção da sinalização de impedimento de reenergização; e. destravamento, se houver, e religação dos dispositivos de seccionamento.

194 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


10.5.3 As medidas constantes das alíneas apresentadas nos itens 10.5.1 e 10.5.2 podem ser alteradas, substituídas, ampliadas ou eliminadas, em função das peculiaridades de cada situação, por profissional legalmente habilitado, autorizado e mediante justificativa técnica previamente formalizada, desde que seja mantido o mesmo nível de segurança originalmente preconizado. 10.5.4 Os serviços a serem executados em instalações elétricas desligadas, mas com possibilidade de energização, por qualquer meio ou razão, devem atender ao que estabelece o disposto no item 10.6. 10.6 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ENERGIZADAS 10.6.1 As intervenções em instalações elétricas com tensão igual ou superior a 50 Volts em corrente alternada ou superior a 120 Volts em corrente contínua somente podem ser realizadas por trabalhadores que atendam ao que estabelece o item 10.8 desta Norma. 10.6.1.1 Os trabalhadores de que trata o item anterior devem receber treinamento de segurança para trabalhos com instalações elétricas energizadas, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II desta NR. 10.6.1.2 As operações elementares como ligar e desligar circuitos elétricos, realizadas em baixa tensão, com materiais e equipamentos elétricos em perfeito estado de conservação, adequados para operação, podem ser realizadas por qualquer pessoa não advertida. 10.6.2 Os trabalhos que exigem o ingresso na zona controlada devem ser realizados mediante procedimentos específicos respeitando as distâncias previstas no Anexo I. 10.6.3 Os serviços em instalações energizadas, ou em suas proximidades devem ser suspensos de imediato na iminência de ocorrência que possa colocar os trabalhadores em perigo. 10.6.4 Sempre que inovações tecnológicas forem implementadas ou para a entrada em operações de novas instalações ou equipamentos elétricos devem ser previamente elaboradas análises de risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e respectivos procedimentos de trabalho. 10.6.5 O responsável pela execução do serviço deve suspender as atividades quando verificar situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível. 10.7 - TRABALHOS ENVOLVENDO ALTA TENSÃO (AT) 10.7.1 Os trabalhadores que intervenham em instalações elétricas energizadas com alta tensão, que exerçam suas atividades dentro dos limites estabelecidos como zonas controladas e de risco, conforme Anexo I, devem atender ao disposto no item 10.8 desta NR. 10.7.2 Os trabalhadores de que trata o item 10.7.1 devem receber treinamento de segurança, específico em segurança no Sistema Elétrico de Potência (SEP) e em suas proximidades, com currículo mínimo, carga horária e demais determinações estabelecidas no Anexo II desta NR. 10.7.3 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles executados no Sistema Elétrico de Potência – SEP, não podem ser realizados individualmente. 10.7.4 Todo trabalho em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aquelas que interajam com o SEP, somente pode ser realizado mediante ordem de serviço específica para data e local, assinada por superior responsável pela área. 10.7.5 Antes de iniciar trabalhos em circuitos energizados em AT, o superior imediato e a equipe, responsáveis pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas de forma a atender os princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança em eletricidade aplicáveis ao serviço. 10.7.6 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente podem ser realizados quando houver procedimentos específicos, detalhados e assinados por profissional autorizado.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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10.7.7 A intervenção em instalações elétricas energizadas em AT dentro dos limites estabelecidos como zona de risco, conforme Anexo I desta NR, somente pode ser realizada mediante a desativação, também conhecida como bloqueio, dos conjuntos e dispositivos de religamento automático do circuito, sistema ou equipamento. 10.7.7.1 Os equipamentos e dispositivos desativados devem ser sinalizados com identificação da condição de desativação, conforme procedimento de trabalho específico padronizado. 10.7.8 Os equipamentos, ferramentas e dispositivos isolantes ou equipados com materiais isolantes, destinados ao trabalho em alta tensão, devem ser submetidos a testes elétricos ou ensaios de laboratório periódicos, obedecendo-se as especificações do fabricante, os procedimentos da empresa e na ausência desses, anualmente. 10.7.9 Todo trabalhador em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles envolvidos em atividades no SEP devem dispor de equipamento que permita a comunicação permanente com os demais membros da equipe ou com o centro de operação durante a realização do serviço. 10.8 - HABILITAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, CAPACITAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DOS TRABALHADORES 10.8.1 É considerado trabalhador qualificado aquele que comprovar conclusão de curso específico na área elétrica reconhecido pelo Sistema Oficial de Ensino. 10.8.2 É considerado profissional legalmente habilitado o trabalhador previamente qualificado e com registro no competente conselho de classe. 10.8.3 É considerado trabalhador capacitado aquele que atenda às seguintes condições, simultaneamente: a. receba capacitação sob orientação e responsabilidade de profissional habilitado e autorizado; e b. trabalhe sob a responsabilidade de profissional habilitado e autorizado. 10.8.3.1 A capacitação só terá validade para a empresa que o capacitou e nas condições estabelecidas pelo profissional habilitado e autorizado responsável pela capacitação. 10.8.4 São considerados autorizados os trabalhadores qualificados ou capacitados e os profissionais habilitados, com anuência formal da empresa. 10.8.5 A empresa deve estabelecer sistema de identificação que permita a qualquer tempo conhecer a abrangência da autorização de cada trabalhador, conforme o item 10.8.4. 10.8.6 Os trabalhadores autorizados a trabalhar em instalações elétricas devem ter essa condição consignada no sistema de registro de empregado da empresa. 10.8.7 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem ser submetidos a exame de saúde compatível com as atividades a serem desenvolvidas, realizado em conformidade com a NR 7 e registrado em seu prontuário médico. 10.8.8 Os trabalhadores autorizados a intervir em instalações elétricas devem possuir treinamento específico sobre os riscos decorrentes do emprego da energia elétrica e as principais medidas de prevenção de acidentes em instalações elétricas, de acordo com o estabelecido no Anexo II desta NR. 10.8.8.1 A empresa concederá autorização na forma desta NR aos trabalhadores capacitados ou qualificados e aos profissionais habilitados que tenham participado com avaliação e aproveitamento satisfatórios dos cursos constantes do ANEXO II desta NR. 10.8.8.2 Deve ser realizado um treinamento de reciclagem bienal e sempre que ocorrer alguma das situações a seguir: a. troca de função ou mudança de empresa; b. retorno de afastamento ao trabalho ou inatividade, por período superior a três meses; c. modificações significativas nas instalações elétricas ou troca de métodos, processos e organização do trabalho.

196 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


10.8.8.3 A carga horária e o conteúdo programático dos treinamentos de reciclagem destinados ao atendimento das alíneas “a”, “b” e “c” do item 10.8.8.2 devem atender as necessidades da situação que o motivou. 10.8.8.4 Os trabalhos em áreas classificadas devem ser precedidos de treinamento especifico de acordo com risco envolvido. 10.8.9 Os trabalhadores com atividades não relacionadas às instalações elétricas desenvolvidas em zona livre e na vizinhança da zona controlada, conforme define esta NR, devem ser instruídos formalmente com conhecimentos que permitam identificar e avaliar seus possíveis riscos e adotar as precauções cabíveis. 10.9 - PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO 10.9.1 As áreas onde houver instalações ou equipamentos elétricos devem ser dotadas de proteção contra incêndio e explosão, conforme dispõe a NR 23 – Proteção Contra Incêndios. 10.9.2 Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas de ambientes com atmosferas potencialmente explosivas devem ser avaliados quanto à sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação. 10.9.3 Os processos ou equipamentos susceptíveis de gerar ou acumular eletricidade estática devem dispor de proteção específica e dispositivos de descarga elétrica. 10.9.4 Nas instalações elétricas de áreas classificadas ou sujeitas a risco acentuado de incêndio ou explosões, devem ser adotados dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento automático para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de operação. 10.9.5 Os serviços em instalações elétricas nas áreas classificadas somente poderão ser realizados mediante permissão para o trabalho com liberação formalizada, conforme estabelece o item 10.5 ou supressão do agente de risco que determina a classificação da área. 10.10 - SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA 10.10.1 Nas instalações e serviços em eletricidade deve ser adotada sinalização adequada de segurança, destinada à advertência e à identificação, obedecendo ao disposto na NR-26 – Sinalização de Segurança, de forma a atender, dentre outras, as situações a seguir: a. identificação de circuitos elétricos; b. travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e comandos; c. restrições e impedimentos de acesso; d. delimitações de áreas; e. sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veículos e de movimentação de cargas; f. sinalização de impedimento de energização; g. identificação de equipamento ou circuito impedido. 10.11 - PROCEDIMENTOS DE TRABALHO 10.11.1 Os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados em conformidade com procedimentos de trabalho específicos, padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo, assinados por profissional que atenda ao que estabelece o item 10.8 desta NR. 10.11.2 Os serviços em instalações elétricas devem ser precedidos de ordens de serviço especificas, aprovadas por trabalhador autorizado, contendo, no mínimo, o tipo, a data, o local e as referências aos procedimentos de trabalho a serem adotados.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

197


10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo, objetivo, campo de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais, medidas de controle e orientações finais. 10.11.4 Os procedimentos de trabalho, o treinamento de segurança e saúde e a autorização de que trata o item 10.8 devem ter a participação em todo processo de desenvolvimento do Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT, quando houver. 10.11.5 A autorização referida no item 10.8 deve estar em conformidade com o treinamento ministrado, previsto no Anexo II desta NR. 10.11.6 Toda equipe deverá ter um de seus trabalhadores indicado e em condições de exercer a supervisão e condução dos trabalhos. 10.11.7 Antes de iniciar trabalhos em equipe os seus membros, em conjunto com o responsável pela execução do serviço, devem realizar uma avaliação prévia, estudar e planejar as atividades e ações a serem desenvolvidas no local, de forma a atender os princípios técnicos básicos e as melhores técnicas de segurança aplicáveis ao serviço. 10.11.8 A alternância de atividades deve considerar a análise de riscos das tarefas e a competência dos trabalhadores envolvidos, de forma a garantir a segurança e a saúde no trabalho. 10.12 - SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA 10.12.1 As ações de emergência que envolvam as instalações ou serviços com eletricidade devem constar do plano de emergência da empresa. 10.12.2 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos a executar o resgate e prestar primeiros socorros a acidentados, especialmente por meio de reanimação cardio-respiratória. 10.12.3 A empresa deve possuir métodos de resgate padronizados e adequados às suas atividades, disponibilizando os meios para a sua aplicação. 10.12.4 Os trabalhadores autorizados devem estar aptos a manusear e operar equipamentos de prevenção e combate a incêndio existentes nas instalações elétricas. 10.13 - RESPONSABILIDADES 10.13.1 As responsabilidades quanto ao cumprimento desta NR são solidárias aos contratantes e contratados envolvidos. 10.13.2 É de responsabilidade dos contratantes manter os trabalhadores informados sobre os riscos a que estão expostos, instruindo-os quanto aos procedimentos e medidas de controle contra os riscos elétricos a serem adotados. 10.13.3 Cabe à empresa, na ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo instalações e serviços em eletricidade, propor e adotar medidas preventivas e corretivas. 10.13.4 Cabe aos trabalhadores: a. zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas por suas ações ou omissões no trabalho; b. responsabilizar-se junto com a empresa pelo cumprimento das disposições legais e regulamentares, inclusive quanto aos procedimentos internos de segurança e saúde; e c. comunicar, de imediato, ao responsável pela execução do serviço as situações que considerar de risco para sua segurança e saúde e a de outras pessoas. 10.14 - DISPOSIÇÕES FINAIS 10.14.1 Os trabalhadores devem interromper suas tarefas exercendo o direito de recusa, sempre que constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis.

198 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


10.14.2 As empresas devem promover ações de controle de riscos originados por outrem em suas instalações elétricas e oferecer, de imediato, quando cabível, denúncia aos órgãos competentes. 10.14.3 Na ocorrência do não cumprimento das normas constantes nesta NR, o MTE adotará as providências estabelecidas na NR 3. 10.14.4 A documentação prevista nesta NR deve estar permanentemente à disposição dos trabalhadores que atuam em serviços e instalações elétricas, respeitadas as abrangências, limitações e interferências nas tarefas. 10.14.5 A documentação prevista nesta NR deve estar, permanentemente, à disposição das autoridades competentes. 10.14.6 Esta NR não é aplicável a instalações elétricas alimentadas por extra-baixa tensão.

GLOSSÁRIO 1. Alta Tensão (AT): tensão superior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. 2. Área Classificada: local com potencialidade de ocorrência de atmosfera explosiva. 3. Aterramento Elétrico Temporário: ligação elétrica efetiva confiável e adequada intencional à terra, destinada a garantir a equipotencialidade e mantida continuamente durante a intervenção na instalação elétrica. 4. Atmosfera Explosiva: mistura com o ar, sob condições atmosféricas, de substâncias inflamáveis na forma de gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual após a ignição a combustão se propaga. 5. Baixa Tensão (BT): tensão superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. 6. Barreira: dispositivo que impede qualquer contato com partes energizadas das instalações elétricas. 7. Direito de Recusa: instrumento que assegura ao trabalhador a interrupção de uma atividade de trabalho por considerar que ela envolve grave e iminente risco para sua segurança e saúde ou de outras pessoas. 8. Equipamento de Proteção Coletiva (EPC): dispositivo, sistema, ou meio, fixo ou móvel de abrangência coletiva, destinado a preservar a integridade física e a saúde dos trabalhadores, usuários e terceiros. 9. Equipamento Segregado: equipamento tornado inacessível por meio de invólucro ou barreira. 10. Extra-Baixa Tensão (EBT): tensão não superior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contínua, entre fases ou entre fase e terra. 11. Influências Externas: variáveis que devem ser consideradas na definição e seleção de medidas de proteção para segurança das pessoas e desempenho dos componentes da instalação. 12. Instalação Elétrica: conjunto das partes elétricas e não elétricas associadas e com características coordenadas entre si, que são necessárias ao funcionamento de uma parte determinada de um sistema elétrico. 13. Instalação Liberada para Serviços (BT/AT): aquela que garanta as condições de segurança ao trabalhador por meio de procedimentos e equipamentos adequados desde o início até o final dos trabalhos e liberação para uso. 14. Impedimento de Reenergização: condição que garante a não energização do circuito através de recursos e procedimentos apropriados, sob controle dos trabalhadores envolvidos nos serviços.

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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15. Invólucro: envoltório de partes energizadas destinado a impedir qualquer contato com partes internas. 16. Isolamento Elétrico: processo destinado a impedir a passagem de corrente elétrica, por interposição de materiais isolantes. 17. Obstáculo: elemento que impede o contato acidental, mas não impede o contato direto por ação deliberada. 18. Perigo: situação ou condição de risco com probabilidade de causar lesão física ou dano à saúde das pessoas por ausência de medidas de controle. 19. Pessoa Advertida: pessoa informada ou com conhecimento suficiente para evitar os perigos da eletricidade. 20. Procedimento: seqüência de operações a serem desenvolvidas para realização de um determinado trabalho, com a inclusão dos meios materiais e humanos, medidas de segurança e circunstâncias que impossibilitem sua realização. 21. Prontuário: sistema organizado de forma a conter uma memória dinâmica de informações pertinentes às instalações e aos trabalhadores. 22. Risco: capacidade de uma grandeza com potencial para causar lesões ou danos à saúde das pessoas. 23. Riscos Adicionais: todos os demais grupos ou fatores de risco, além dos elétricos, específicos de cada ambiente ou processos de Trabalho que, direta ou indiretamente, possam afetar a segurança e a saúde no trabalho. 24. Sinalização: procedimento padronizado destinado a orientar, alertar, avisar e advertir. 25. Sistema Elétrico: circuito ou circuitos elétricos inter-relacionados destinados a atingir um determinado objetivo. 26. Sistema Elétrico de Potência (SEP): conjunto das instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica até a medição, inclusive. 27. Tensão de Segurança: extra baixa tensão originada em uma fonte de segurança. 28. Trabalho em Proximidade: trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zona controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo ou com extensões condutoras, representadas por materiais, ferramentas ou equipamentos que manipule. 29. Travamento: ação destinada a manter, por meios mecânicos, um dispositivo de manobra fixo numa determinada posição, de forma a impedir uma operação não autorizada. 30. Zona de Risco: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho. 31. Zona Controlada: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados.

200 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


ANEXO I ZONA DE RISCO E ZONA CONTROLADA Tabela 27: Tabela de raios de delimitação de zonas de risco, controlada e livre.

Rr - Raio de delimitação entre Faixa de tensão Nominal da instalação zona de risco e controlada em elétrica em kV metros

Rc - Raio de delimitação entre zona controlada e livre em metros

<1

0,20

0,70

≥1 e <3

0,22

1,22

≥3 e <6

0,25

1,25

≥6 e <10

0,35

1,35

≥10 e <15

0,38

1,38

≥15 e <20

0,40

1,40

≥20 e <30

0,56

1,56

≥30 e <36

0,58

1,58

≥36 e <45

0,63

1,63

≥45 e <60

0,83

1,83

≥60 e <70

0,90

1,90

≥70 e <110

1,00

2,00

≥110 e <132

1,10

3,10

≥132 e <150

1,20

3,20

≥150 e <220

1,60

3,60

≥220 e <275

1,80

3,80

≥275 e <380

2,50

4,50

≥380 e <480

3,20

5,20

Diego Fernandes (2012)

ZL Rc

Rr

ZR

zcP

PE

Figura 126: Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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Diego Fernandes (2012)

ZL ZL

Rc ZC

ZR

Rr

PE

SI

Figura 127: Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre, com interposição de superfície de separação física adequada.

Acompanhe a legenda das figuras. ZL=Zona livre. ZC=Zona controlada, restrita e trabalhadores autorizados. ZR=Zona de risco, restrita a trabalhadores autorizados e com adoção de técnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho. PE=Ponto da instalação energizado. SI= Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos os dispositivos de segurança. ANEXO II TREINAMENTO

1. CURSO BÁSICO – SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS COM ELETRICIDADE I - Para os trabalhadores autorizados: carga horária mínima – 40h: Programação Mínima: 1. introdução à segurança com eletricidade.

202 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


2. riscos em instalações e serviços com eletricidade: a. o choque elétrico, mecanismos e efeitos; b. arcos elétricos; queimaduras e quedas; c. campos eletromagnéticos. 3. Técnicas de Análise de Risco. 4. Medidas de Controle do Risco Elétrico: a. desenergização. b. aterramento funcional (TN / TT / IT); de proteção; temporário; c. equipotencialização; d. seccionamento automático da alimentação; e. dispositivos a corrente de fuga; f. extra baixa tensão; g. barreiras e invólucros; h. bloqueios e impedimentos; i. obstáculos e anteparos; j. isolamento das partes vivas; k. isolação dupla ou reforçada; l. colocação fora de alcance; m. separação elétrica. 5. Normas Técnicas Brasileiras – NBR da ABNT: NBR-5410, NBR 14039 e outras; 6. Regulamentações do MTE: a. NRs; b. NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade); c. qualificação; habilitação; capacitação e autorização. 7. Equipamentos de proteção coletiva. 8. Equipamentos de proteção individual. 9. Rotinas de trabalho – Procedimentos. a. instalações desenergizadas;

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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b. liberação para serviços; c. sinalização; d. inspeções de áreas, serviços, ferramental e equipamento; 10. Documentação de instalações elétricas. 11. Riscos adicionais: a. altura; b. ambientes confinados; c. áreas classificadas; d. umidade; e. condições atmosféricas. 12. Proteção e combate a incêndios: a. noções básicas; b. medidas preventivas; c. métodos de extinção; d. prática; 13. Acidentes de origem elétrica: a. causas diretas e indiretas; b. discussão de casos; 14. Primeiros socorros: a. noções sobre lesões; b. priorização do atendimento; c. aplicação de respiração artificial; d. massagem cardíaca; e. técnicas para remoção e transporte de acidentados; f. práticas. 15. Responsabilidades.

204 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


2. CURSO COMPLEMENTAR – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP) E EM SUAS PROXIMIDADES. É pré-requisito para freqüentar este curso complementar, ter participado, com aproveitamento satisfatório, do curso básico definido anteriormente. Carga horária mínima – 40h (*) Estes tópicos deverão ser desenvolvidos e dirigidos especificamente para as condições de trabalho características de cada ramo, padrão de operação, de nível de tensão e de outras peculiaridades específicas ao tipo ou condição especial de atividade, sendo obedecida a hierarquia no aperfeiçoamento técnico do trabalhador. I - Programação Mínima: 1. Organização do Sistema Elétrico de Potencia – SEP. 2. Organização do trabalho: a. programação e planejamento dos serviços; b. trabalho em equipe; c. prontuário e cadastro das instalações; d. métodos de trabalho; e e. comunicação. 3. Aspectos comportamentais. 4. Condições impeditivas para serviços. 5. Riscos típicos no SEP e sua prevenção (*): a. proximidade e contatos com partes energizadas; b. indução; c. descargas atmosféricas; d. estática; e. campos elétricos e magnéticos; f. comunicação e identificação; e g. trabalhos em altura, máquinas e equipamentos especiais. 6. Técnicas de análise de Risco no S E P (*) 7. Procedimentos de trabalho – análise e discussão. (*) 8. Técnicas de trabalho sob tensão: (*) a. em linha viva; b. ao potencial;

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

205


c. em áreas internas; d. trabalho a distância; e. trabalhos noturnos; e f. ambientes subterrâneos. 8. Equipamentos e ferramentas de trabalho (escolha, uso, conservação, verificação, ensaios) (*). 9. Sistemas de proteção coletiva (*). 10. Equipamentos de proteção individual (*). 11. Posturas e vestuários de trabalho (*). 12. Segurança com veículos e transporte de pessoas, materiais e equipamentos(*). 12. Sinalização e isolamento de áreas de trabalho(*). 13. Liberação de instalação para serviço e para operação e uso (*). 14. Treinamento em técnicas de remoção, atendimento, transporte de acidentados (*). 15. Acidentes típicos (*) – Análise, discussão, medidas de proteção. 16. Responsabilidades (*).

206 CURSOS DE APERFEIÇOAMENTO PROFISSIONAL SENAI


Anexo ANEXO B – PLANILHA DE ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS OU PERIGOS(APR) Tabela 28: Análise Preliminar de Risco ou Perigos(APR)

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS OU PERIGOS Atividade/operação: Referência:

Data:

Revisão:

ETAPA

RISCOS/PERIGO

MODO DE DETECÇÃO

EFEITO

RECOMENDAÇÕES/CONT

NR 10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE - BÁSICO

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SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL SC Coordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional Ana Lúcia Magnani Luciano Blauth Coordenação do Projeto Raphael da Silveria Geremias Magrit Dorotea Döding Especialista em Educação a Distância Lucinéia Dacoregio

EQUIPE DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS DIDÁTICOS Coordenação de Educação a Distância Beth Schirmer Coordenação de Desenvolvimento de Recursos Didáticos Gisele Umbelino Autor Vander Diniz Tocantis Projeto Educacional Angela Maria Mendes Israel Braglia Projeto Gráfico Daniela de Oliveira Costa Jordana Paula Schulka Juliana Vieira de Lima Design Educacional Rosecler Fernandes Ilustrações e Tratamento de Imagens Diego Fernandes Diagramação Daniela de Oliveira Costa Ficha Catalográfica Luciana Effting Takiuchi

DNA TECNOLOGIA LTDA. Revisão Ortográfica, Gramatical e Normativa Sidiane Kayser dos Santos Schwinzer


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