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REPORT AGEM DE CAP A REPORTA CAPA

O PARANÁ SAI EM DEFESA DO PORTO Movimento une Paraná contra a proposta do deputado federal maringaense Ricardo Barros (PP), que pode acabar em privatização dos portos de Antonina e Paranaguá


FOTOS PÁGINA 9/ARQUIVO

JOSÉ ADAIR GOMERCINDO

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ÂNGELO RIGON angelorigon@gmail.com

deputado federal Ricardo Barros (PP), como diz o bordão humorístico, armou e se deu mal. O projeto de decreto legislativo 1153, que ele apresentou em 7 de abril do ano passado, sustando convênio entre a União e o Estado do Paraná, para a exploração e administração dos portos de Paranaguá e Antonina, originalmente celebrado em 2001, alcançou unanimidade: resultou no movimento “O Porto é Nosso”, que conseguiu reunir até adversários políticos em defesa da tese de que, por trás da intervenção federal, estaria a privatização – processo que no Brasil começou na década de 90 e atingiu outros portos. Ao querer tirar a autonomia sobre os portos, na opinião de alguns, o parlamentar se transformou no inimigo número 1 do Paraná, enquanto a ampliação do movimento por todo o Paraná também aumenta seu isolamento político. Somente na região de Maringá o movimento em favor do porto público pretende levantar pelo menos 50 mil assinaturas. O projeto de Barros foi aprovado no dia 7 de julho último, em votação de líderes, quando todo o país estava com os olhos voltados para a CPI dos Correios. Quando os políticos se deram conta do que a proposta poderia representar à autonomia portuária paranaense, começou uma operação para consertar o ACNE estrago. “Foi um verdadeiro tiro no pé”, comentou o jornalista Pedro Ribeiro, de Curitiba, que destaca o lado positivo: “Os paranaenses estão acordando e lutando pelo seu patrimônio, independentemente de cor partidária”. Hoje, Barros está de um lado e o do intestino pode originar alguns problemas de pele, como a acne resto do Mau Paraná,funcionamento de outro. De acordo com o projeto, o Ministério dos uem sofre com espinhas deveda comeatenção ao funcionamento do organismo Transportes assumiria o controle explo- sanguínea. Em adolescentes, o problema é a prestar atenção ao funcionacomo um todo. Tanto que a colonterapia é ração çar e administração dos portos de Parana- pior porque, além das alterações hormonais mento do devendo, intestino. no A prisão de 90 vencomumente utilizada na Europa como coadguá e Antonina, prazo de dias comuns à idade, cresce o hábito de se trocar tre,daocasionada má alimentação, juvante de procedimentos estéticos, como publicação pela do decreto, apresentarpode relató- refeições sadias por lanches e salgadinhos. peelings e hidrolipoaspirações”, aponta o dr. serrioa ao origem de problemas pele, altera-de Por conta disso, os médicos estão aliando traCongresso Nacionalde e ao Tribunal ções de humor, falta de vitalidadede e até ex- e tamentos dermatológicos e hormonais à reeAlmeida. A colonterapia é um processo de Contas. Sindicatos, associações classes cesso de peso. limpeza do intestino grosso, por meio de irricâmaras municipais têm repudiado publica- ducação alimentar e à limpeza intestinal. “Os “Amente pele eaoidéia. sistema digestivo têm a mesma resultados são melhores quando se presta gação de água. (Ex-Libris) origem embrionária, demonstrando a relaçãoPrivativista entre a estética, a dieta e oreação bom funcio– Acuado pela verificaSETE CONSELHOS PRÁTICOS namento QuandoBarros os intestinos nãoao da por intestinal. todo o Estado, se apega • Acostume-se a beber de dois a quatro litros de água por dia. Deixe uma garrafa de funcionam todos os dias, toxinas são liberaprazo para afirmar que não pretende privati- meio litro sobre a mesa de trabalho e outra dentro do carro. daszar aoos organismo, portos. Aprincipalmente questão é que para nemfígatodos • Inclua pelo menos três frutas na alimentação diária. Elas garantem quantidades do,acreditam rins e pele, o aparecimento emfavorecendo suas palavras: quando prefei- mínimas de vitaminas, fibras e minerais que ajudam a prevenir diversos tipos de câncer. detoespinhas, celulite, alergias de pele rude Maringá, de 1989 a 1992, ele eprivile• Dê preferência a um almoço vegetariano, com saladas, legumes e arroz integral, Governador Requião comanda a resistência: “O Porto é do Paraná, é do Brasil” gas”, o clínico-geral Tiago Almeida, gioudiz a privatização de serviços públicos, forcomo evitando a carne vermelha. mado pelade Universidade Federal –deestimulou Santa a coleta lixo e até a educação • O jantar deve ser a refeição mais leve do dia, de preferência 3 horas antes de dormir. Catarina e especialista emque colonterapia. Para mulheresprovocando que querema prevenir celulite, bom esfregar umadia bucha vegetal a secoo deno último 14, tendo à frente Maringá, criação do Fó- é Criado a criação de empresas dirigiam as esco- •tou Sendo assim, aquele mito de que “chocolate pele, suavemente, do banho. Faça o exercício por 3 a Rafael 5 minutos, em(PMDB), todo o o putado estadual Greca rum Maringaense de antes Preservação do Patrilas municipais, contrariando princípios cons- na noque, rosto. O efeitodo esfoliante retiramovimento as células mortas e éajuda na foi desintoxicausa espinha” temdepois, um fundo de verdade. “O Porto Nosso” oficialmenmôniomenos Público, a exemplo movimentitucionais. Anos as chamadas esco- corpo, cação. “Assim como carneforam vermelha, doces einconsfarite lançado no dia 30, em evento que reuniu to “O Porto é Nosso”, reuniu populares, lidelas-cooperativas consideradas Pratique física pelo menos três vezes representantes por semana, mesmo que ape-estunhas refinadospela e produtos industrializados, políticos, de sindicatos, de alguma diversosatividade segmentos e entidades. titucionais justiça, que determinou o ain- •ranças nas uma caminhada. chocolate contribui para sobrecarregar o fídantes e comunidade em geral, em ParanaHá quem suspeite de que por trás também da a devolução do dinheiro público repassa• Faça um programa de desintoxicação anual com limpeza intestinal, para dar um gado e oempresas intestino”, Almeida. Esses aliguá. Dez dias antes foram coletadas 12 mil estejam os interesses de multinacionais, como do às dediz ensino. Ele também quis “descanso” ao fígado, ao rim, ao intestino e à pele. mentos aumentam a permeabilidade intestiassinaturas, que serão encaminhadas ao Sea Monsanto, por causa da soja transgênica, privatizar os serviços de saúde. nal, com que corpos estranhos eassusnonado. “Nunca político paranaense cuja Tiago exportação Paranaguá é proibida. A fazendo avidez de Barros pela privatização Fontes: Almeida e por Solange Menta, médicos especializados em colonterapia e autoresse do viu livro um “Colonterapia - Reeducação Alimentar, Desintoxicação, Rejuvenescimento” (editora Gran Sol). civos, como as toxinas, passem à corrente

Intestino pode ser o problema

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Os senadores Osmar Dias, Alvaro Dias e Flávio

fazer uma proposição desta, de entregar nosso porto, que é a porta de entrada desta casa que é o Paraná. Não se cobra pedágio, não se coloca patrão, não se vende, não se entrega a porta da nossa casa”, disse Greca, para quem a impressão que se dá é que uma mera questão política pessoal de Barros com o governador pode se transformar em prejuízos para o Estado. Greca vai fundo ao perguntar: “Quem entregaria alguma coisa a Brasília hoje, quando o governo federal vive uma barafunda sem precedentes?”. O presidente do Sindicato dos Conferentes de Carga e Descarga do Estado do Paraná, Carlos Tortato, filho do ex-secretário maringaense Antonio Tortato, disse que o governador Roberto Requião “sempre teve uma relação fraterna e leal conosco” e que “a permanência da atual administração representa a garantia do nosso mercado de traba-

lho”. “Somos contra a inter venção”, declarou o presidente do Sindicato dos estivadores, Jamil Amâncio das Neves. Barros, segundo um deputado estadual, deve evitar aparecer em Paranaguá, por causa da revolta que provocou com a propositura. Lideranças Arns também reagiram do setor econômico dos Campos Gerais, do Oeste, da Região Metropolitana de Curitiba e do Noroeste do Estado divulgaram manifestos e também se mobilizam para sensibilizar o Senado a não aprovar o projeto. Audiência pública – Se depender do líder do PDT, senador Osmar Dias, uma audiência pública acontecerá para se examinar todas as questões envolvendo o Porto de Paranaguá. “O projeto é polêmico e envolve interesses econômicos do Paraná e da sua população. Para ser justo e basear a decisão do Senado, é necessário ouvir os principais envolvidos e interessados no bom funcionamento do porto”. Por causa de sua intervenção, o PDC não deverá ser votado antes da audiência pública, o que deve acontecer em agosto. Na Assembléia Legislativa, onde também foram ouvidas críticas à federalização dos por-

Apelido: ET Especialidade: Criar polêmica

tos, o presidente Hermas Brandão (PSDB) também defende a consulta e o debate. Aproveitando o barulho provocado pelo projeto entreguista, lideranças políticas e sindicais de Paranaguá, tendo à frente o prefeito José Baka Filho (PDT), lançaram a bandeira da municipalização do porto, encaminhando o pleito ao presidente da República. Para o prefeito de Ângulo, José Manoel Campos Silva, representante da Associação dos Municípios do Paraná junto à Associação Nacional dos Municípios, não há dúvidas de que há sinais suspeitos na tentativa de federalização do Porto de Paranaguá. “Infelizmente, um político de nossa região acaba aparecendo para o Estado como se fosse o inimigo número 1 do Paraná”, comentou Zezão, um dos coordenadores do movimento na região. Ele lembra que ações semelhantes para privatização de portos já ocorreram FOTOS AGÊNCIA SENADO/SECS

Manifestações aconteceram em todo o Estado

Ao longo de 17 anos de carreira política, Ricardo Barros privilegiou a polêmica para ter mídia, mas nem sempre ele a conseguiu de forma proposital. Quando prefeito, era conhecido entre seus assessores por “ET”, porque “parecia ser de outro planeta”, segundo um deles. Aqui, uma pequena amostra de seu estilo.

Durante o governo Collor, Maringá foi a cidade que mais recebeu verbas públicas federais. Entre elas, como denunciou O Globo, a construção de um hospital superfaturado (Hospital Municipal), que até hoje não funciona como o planejado. A distribuição de canetas Mont Blanc, ao preço médio de R$ 800, para o segundo e terceiro escalão do governo Collor, com dinheiro do contribuinte maringaense, também foi registrada pela imprensa nacional. T

Relatório de auditoria feito pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná, analisa a gestão em que Barros foi prefeito de Maringá (19891992): “Evidenciada a evasão de recursos públicos”. Em menos de um ano de mandato ele já era objeto de uma Comissão Processante na câmara municipal, por várias irregularidades. Havia provas testemunhais e materiais suficientes para cassá-lo, mas um grupo formado por 13 vereadores garantiu o arquivamento do processo.

FOTOS E FAC-SIMILES/ REPRODUÇÃO/ARQUIVO

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No PP, ele era do grupo contrário a Severino Cavalcanti, chegou a ser criticado publicamente por este em Curitiba (Ricardo “só pensa nele”, disse o político nordestino). Bastou a eleição do novo presidente para ele passar a se identificar com o grupo de Severino. Sua mulher, a deputada Cida Borghetti, chegou a dizer que Severino Cavalcanti “tem muito a nos ensinar”. X


Valores diferentes – Nos bastidores, conta-

S Barros era do PFL, na campanha presidencial trabalhou por Afif Domingos (PL), tornou-se influente no governo Collor (PRN) e depois foi malufista. O que ele plantou em Brasília foi colhido quando deputado: apesar de ter votado contra a reeleição, foi vice-líder de FHC e chegou a ter sua campanha financiada por empresas indicadas pelo ex-presidente. Bateu um recorde ao ser líder do governo federal na Câmara Federal por apenas dois diaso. Até hoje não houve uma explicação para a meteórica passagem pelo cargo.

Lideranças de vários segmentos estão no movimento, que tem Greca na coordenação

se realmente que existiriam interesses menos patrióticos na idéia de federalização e privatização. Quando Requião assumiu o governo, encontrou em andamento o processo para a construção do cais Oeste, iniciado no final da era Fernando Henrique Cardoso. Já corria que a obra, orçada em R$ 440 milhões, poderia ser construída por R$ 143 milhões. O governador procurou o presidente Lula e a licitação, suspeita de superfaturamento, foi cancelada. Barros, então vice-líder de FHC, chegou a ser apontado como um dos que defendiam com certo vigor a construção da

obra. O próprio governador já tocou no assunto durante uma das reuniões semanais com o secretariado. O episódio, que terá desdobramentos até o arquivamento ou retirada do projeto, deixará lições. O governo que hoje critica Barros certamente não imaginava viver esta situação quando, dois meses atrás, convidou sua mulher, Cida Borghetti, para ser secretária de Indústria e Comércio – ela que também é pivô da dissolução do PMDB em Maringá, que historicamente sempre foi adversário da família Barros.

Barros é ligado a José Borba, ex-líder do PMDB, prestes a perder o mandato por causa do mensalão. Quando integravam a CPI dos Combustíveis, seus nomes foram citados por usineiros paulistas, que reclamaram de “pressão”. Barros defendia a nomeação de Borba para ministro de Lula e já se dispôs a contratá-lo como assessor de seu gabinete, caso o jandaiense perca o mandato na CPI dos Correios. Barros, que se diz oposicionista no plano federal, votou com o governo pelo menos em duas ocasiões (reforma tributária e salário mínimo), a pedido de Borba. Os dois ainda teriam sociedade informal numa emissora de rádio. T

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no Nordeste do país. Umberto Crispim, do PMDB, obser va que o Paraná agora está conhecendo uma situação que Maringá já vivenciou. O partido foi autor de várias ações populares contra o deputado que, quando prefeito, iniciou um processo de privatização de serviços públicos. Apesar de seu passado privativista, Barros nega ser esta sua intenção. Ele critica o governador e diz que os portos não estão obedecendo as recomendações da Agência de Transportes Aquaviários (Antaq). A maior indignação vem mesmo do governador do Estado, que prega o movimento definitivo de resistência pelo porto público. “O porto é do Paraná, é do Brasil. E essa é uma luta do governo do Estado contra alguns interesses que não são públicos, mas da cobiça de alguns grupos privados. A federalização dos portos e o fim da autarquia significarão a demissão em massa de funcionários e isso não vai ocorrer aqui porque o Paraná tem governo”, disse. “A idéia dos deputados federais paranaenses que defendem a federalização é passar o controle dos nossos portos para o governo federal. Enquanto isso, as pontes no Paraná caem por falta de manutenção e de investimento da União, que no ano passado investiu no país apenas 0,2% de tudo que arrecadou e o usou o restante para pagar dívidas”, afirmou Requião.

O final de seu mandato como prefeito ganhou a manchete do Jornal Nacional: sem eleger o sucessor, preferiu fazer pagamentos a empreiteiras do que pagar o salário do funcionalismo público. Resultado: pressionado pelos servidores, deixou a prefeitura fugindo por uma janela que dá para a avenida XV de Novembro.

S Já no primeiro mandato como deputado federal (elegeu-se pelo PFL, de onde foi convidado a sair depois de vários atritos e de ser acusado de vazar informações palacianas, tendo se transferido para o PPB, que depois virou PP), Ricardo Barros era o campeão de processos entre os 513 parlamentares, como diz nota da revista Época. Ele mesmo admitiu ter respondido mais de 70, entre eles acusações de sonegação de tributos federais, ações populares por obras superfaturadas (como o prédio da Secretaria de Saúde), contratações irregulares (sua última condenação, em junho último, tendo que devolver salários e rescisões de dois servidores nomeados ilegalmente), nomeação de funcionário fantasma e privatização de serviços públicos. Entre os processos que correm contra ele hoje está a acusação de ter aberto contas no extinto Banestado, em nome de assessores, ter gasto o limite do cheque especial em campanha política e ter pago a dívida com propriedade rural supervalorizada.


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