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News | NotĂ­cias | Noticias O Turismo de aventura em Portugal Aniima jĂĄ conta com mais de 700 empresas


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O Turismo de Aventura em Portugal >> Patrícia Afonso

pafonso@publituris.pt >> Fotos: DR

Portugal tem, por excelência, as melhores condições para a prática das mais variadas actividades dentro do Turismo de Aventura. Um segmento que está a crescer no País. Fomos saber os pontos positivos e negativos do território nacional e o que é que a revisão da lei das empresas de animação turística trouxe de favorável a esta área.

O Turismo de Aventura tem vindo a crescer, embora não se consiga, ainda, verificar se esta evolução é sustentável, e apesar das condições naturais do País e o clima beneficiarem Portugal nesta área. Para a evolução deste segmento, foi também importan-

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te a revisão do DL no 108/2009, republicado no DL no 95/2013, que alterou as condições de acesso e de exercício da actividade das empresas de animação turística e dos operadores marítimo-turísticos, de acordo com Ana Barbosa, presidente da APECATE, considerando que houve “dois

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efeitos fundamentais na arquitectura do sector.” Por um lado, diz, “densificou a sua definição, desenhando os contornos essenciais do objecto das empresas de animação turística em torno das noções de turismo de ar livre e de turismo cultural”, enquanto que, por outro, “promoveu a abertura do


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sector pela via do abaixamento das taxas e de um ainda mais simples acesso à actividade.” Sobre se estas alterações foram positivas, Ana Barbosa considera que o primeiro ponto foi, sem dúvida alguma vantajoso, ressalvando “uma das suas consequências mais importantes a curto, médio e longo prazo”, que é o “reforço da identidade do sector” ao eliminar as entidades que não pertencem a este segmento. Já quanto ao segundo efeito acima referido, “mesmo que seja positivo, parece ser um facto que contribui para a criação de novas heterogeneidades que podem tornar muito difícil a compreensão da efectiva evolução do sector.” “Como todos sabemos, o crescimento de um sector nunca se mede apenas pela razão entre os que surgem de novo e os que encerram actividade. Nem pela mera verificação do volume global de facturação. Uma avaliação fundamentada e clarificadora exige instrumentos mais finos de análise. No caso específico da animação turística, a complexidade da avaliação da evolução tem ainda que contar com um factor suplementar cuja dimensão é difícil de contabilizar e ponderar: a coexistência entre centenas de pessoas que desenvolvem esta activi-

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dade como complemento de outra actividade profissional e os chamados empresários a tempo inteiro que se dedicam exclusivamente a esta actividade e têm empresas que trabalham os 365 dias do ano”, explica a responsável, precisando que “quando um sai e outro entra, não é indiferente à caracterização

do sector quem saiu e quem entrou.” “Ou seja, se se criam novas empresas que têm como objectivo funcionar sazonalmente ou fazer um passeio de vez em quando, e, em simultâneo, há projectos profissionais que fecham, será que 'mais empresas' significa que o sector está a evoluir? Parece que não, pelo

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contrário. Mas, em termos de crescimento, é nesta fase que estamos e precisamos de dar tempo ao tempo para sabermos onde vai situar-se o nosso ponto de equilíbrio.” Segundo Ana Barbosa, o que é possível afirmar actualmente “com alguma certeza” é o mesmo que tem sido dito nos

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Ep especial últimos anos: “Que as empresas muito dependentes do mercado interno têm passado dificuldades; que as empresas com apostas consolidadas no mercado externo têm sentido a crise de uma forma muito atenuada; que há excelentes projectos em risco; que continua a ser difícil conseguir apoios para quem os merece; que, apesar de todos os esforços da nossa tutela, a transversalidade desta actividade continua a fazer-nos depender de muita burocracia inútil, desmotivadora e cara; que, infelizmente, continuamos sem um tratamento estatístico do sector que nos permita saber quanto valemos e, sobretudo, qual o peso efectivo do efeito multiplicador da nossa actividade na economia nacional.” “Tudo excelentes temas de investigação que seria bom desenvolver. O Turismo de Portugal fez já um primeiro ensaio e seria muito importante que o prosseguisse e actualizasse, já que a monitorização do que está a passar-se agora é crucial para uma futura compreensão destes anos”, adianta. CONDIÇÕES O clima ameno, as paisagens e a diferença entre as regiões são alguns dos argumentos mais importantes na promoção de Portugal. Mas terá o País as condições necessárias à prática das actividades que os turistas de Aventura procuram? As empresas são consensuais ao dizerem que sim. “Portugal, neste caso especifico os Açores, tem excelentes condições para a pratica de Turismo de Aventura, tanto em mar como em terra”, afirma Micaela Rodrigues, da Picos de Aventura, que se dedica ao arquipélago. De acordo com a responsável. Porém, Micaela Rodrigues crê “que a oferta deste tipo de actividades não está coerentemente organizada e reflecte-se

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Aniima® já conta com mais de 700 empresas ■ ■ ■ O portal Aniima® surgiu pelas mãos da sociedade Paralelo B, Lda, uma startup de base tecnológica que desenvolveu este multicanal dedicado, em exclusivo, à animação turística. “Trata-se de um conjunto de canais directos, automáticos e interactivos que são disponibilizados às empresas, agentes, intermediários e profissionais liberais do sector num regime de exploração cloudsourcing B2B2C. Este modelo de negócios - inovador no sector - opõe-se, distingue-se e é alternativa a outros portais de turismo que funcionam num regime de exploração comissionista”, explica Bruno Pestana, partner da empresa, explicando que “o regime cloudsourcing transforma um mero portal tradicional num portal agregador e, sobretudo, facilitador, pois disponibiliza ferramentas de trabalho com todas as vantagens da era do cloud computing: redução de custos, maior produtividade, segurança e mobilidade numa lógica SaaS (Software as a Service).” Considerando o Turismo de Aventura “uma das principais artérias da animação turística”, Bruno Pestana defende que “em Portugal existem condições excepcionais para a prática de desportos radicais e de aventura.” “Possuímos no mesmo território uma grande amplitude de climas e desenhos geográficos que facilitam a existência de uma grande diversidade de actividades consideradas de aventura, ou que exigem do turista um esforço físico em recreio ou a prática de um desporto que não de competição. Estruturalmente, integrámos o Turismo de Aventura no portal Aniima® incluindo-o na nomenclatura 'Turismo de Recreio'.” “O tratamento dedicado ao Turismo de Aventura dentro do projecto Aniima® é de inclusão num todo. Não acreditamos em estruturas isolacionistas ou sectárias, transformando o que são nichos de mercado em ilhas. De igual forma, não podíamos deixar de conceder espaço a outros tipos de Turismo, como são por exemplo a Gastronomia, a História e Cultura ou a Saúde e Bem-estar, entre outros. O Turismo de Aventura só pode ganhar com esta integração que promovemos, pois acreditamos que o turista que se aventura também se alimenta na nossa gastronomia, também deseja o bem estar da nossa cultura e natureza e não é um ser que se possa considerar imune à sugestão (presente ou futura) de outros Tipos de Turismo. Através do Turismo de Aventura conseguiremos rentabilizar o nosso vasto património natural e cultural, dando-os a conhecer a grupos de pessoas que procuram a prática de actividades. Teria a costa da Nazaré a mesma projecção internacional sem a visibilidade que lhe foi fornecida pelas provas de Surf? Seria hoje Portugal um destino internacional de Surf se não se aproveitassem os excelentes recursos naturais existentes? Pensamos que só com uma visão global do sector existe espaço para crescer”, afirma o responsável. Para este ano, os objectivos do Aniima® , que já conta com mais de 1.800 serviços de animação turística, prestados por mais de 700 empresas, passam por “por concluir com sucesso o período de lançamento do portal web com base em Portugal” e pelo “alargamento do número de serviços e empresas associadas ao portal, que é um dos principais factores que contribuirão para essa conclusão, bem como o lançamento de um programa de estágios profissionais.” Bruno Pestana conta que a empresa quer ainda “encerrar com êxito o primeiro plano de comunicação do projecto, internacionalização com base em países de língua oficial portuguesa (presentemente estudamos uma possível entrada em Cabo Verde ou Angola) e continuar a abrir o projecto a investidores externos”, assim como continuar a assinar protocolos de cooperação com diversas entidades e empresas.

numa fraca imagem do produto 'Aventura', aliada à falta de promoção turística específica tanto a nível interno como externo. Por exemplo, no contacto com vários agentes de viagem nacionais, nota-se um desconhecimento geral das actividades que se realizam nos Açores.”

Para a Equinócio, que não tem dúvidas de que Portugal tem o que é necessário para o Turismo de Aventura, o principal ponto negativo é a crise económica. No lado positivo, pesam “os espaços naturais e outros com real interesse natural e histórico, as unidades hoteleiras e de restauração de grande qualida-

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de, a vontade do mercado em experimentar novas acções e um clima fantástico.” Já Ana Franco, da Vertente Natural, diz que “[o País] tem excelentes condições, nomeadamente no que diz respeito ao desenvolvimento do turismo náutico, onde podemos encontrar mergulho, windsurf, surf, coasteering,


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canoagem, etc.” “Somos um País estável, com bom clima e algumas áreas protegidas, que ainda mantêm alguns aspectos interessantes. No entanto, temos uma péssima gestão do território, que é incapaz de diferenciar o que está bem e o que está mal”, defende. Pedro Barbosa, co-fundador da A2Z Adventures, partilha do já referido e acrescenta que não só existem “óptimas condições”, como “um potencial de crescimento elevado, já que o actual nível de aproveitamento dos recursos existentes é ainda baixo. Como vantagens, Pedro Barbosa indica o binómio “natureza vs. cultura que o País apresenta, com ainda pouca pressão sobre os locais e os recursos existentes; diversidade numa área geográfica relativamente pequena; clima; e os custos.” No outro lado da balança estão “a falta de nome e de marcas territoriais / não reconhecimento internacional de destino para este tipo de turismo; os custos de contexto; a organização política e administrativa do País; as constantes alterações de estratégia e políticas promocionais.” APOIO O apoio dado a estas empresas não é

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Portugal tem um “potencial de crescimento elevado” neste segmento, mas são ainda algumas as desvantagens, nomeadamente a falta de reconhecimento internacional, diz Pedro Barbosa, da A2Z Adventures

algo que reúna consenso. Se há quem ache que tem havido esforços por parte das entidades competentes, outros apelam a uma maior actuação. “Nos Açores, temos notado o esforço das entidades responsáveis pela promoção turística em divulgar os Açores

como destino de Turismo de Natureza associado à prática de diversas actividades de aventura. Pretende-se que os turistas 'vivam' a região. Além disso, existe também financiamento de projectos de promoção turística que apoiam as empresas na divulgação

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deste tipo de turismo junto de mercados específicos”, conta Micaela Rodrigues, da Picos de Aventura; enquanto Cláudia Caetano, da Equinócio, é da opinião que “o principal apoio que pedimos é uma maior agilidade nos pedidos de licenças… e esse já começa a existir.” “A secretaria de Estado do Turismo tem dado o maior apoio que se pode ter, procurando espaço de crescimento para o segmento entre as várias entidades e instituições que gerem o território. Achamos, ainda assim, que a promoção deve incidir cada vez mais no que fazer no destino contrariando o onde dormir, pois o turista não viaja para dormir”, defende a empresa Vertente Natural. Já a A2Z Adventures considera que existem “apoios tal como para outros segmentos.” Porém, diz Pedro Barbosa, “há uma falta de correspondência real entre as prioridades estratégicas anunciadas em documentos como o PENT e outros e a realidade praticada nos orçamentos e planos de actividade anuais de todas as entidades responsáveis pela promoção turística a nível nacional, regional e local, não esquecendo o esforço meritório que algumas dessas entidades fazem com os meios que têm.”¶

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