O SETOR TRADICIONAL QUE DESFILA INOVAÇÃO Com que linhas se cose o empreendedorismo na indústria têxtil e de vestuário? As startups, a renovação geracional, a incorporação tecnológica e os casos de sucesso.
ENTREVISTA
CELL2B
TECNOLOGIA
Francisco Fonseca, CEO da Anubis Networks “Controlar a informação é o desafio da atualidade”
A startup que salva vidas
Top 10 das tendências de negócio de 2013
EDITORIAL PROPRIEDADE ANJE -Associação Nacional de Jovens Empresários CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Francisco Maria Balsemão Manuel Lopes Teixeira DIRETOR Rafael Alves Rocha COORDENADORA Mónica Rodrigues Neto REDATORES André Amorim Costa Ricardo Vieira Melo Mónica Rodrigues Neto COLABORADORES NESTA EDIÇÃO Bruno Nunes Hugo Costa José Fontes Mónica Pires da Silva Olga Machado Suzana Alípio
A moda portuguesa conheceu, na última década, um salto qualitativo. Com boa técnica, criatividade, sentido estético, abertura a novas tendências cosmopolitismo, os criadores portugueses têm vindo a conquistar notoriedade e reconhecimento nas mais diversas passerelles globais. O presente número da WE’BIZ arriscou distanciar-se desse glamour para analisar o movimento empreendedor associado à indústria têxtil e de vestuário nacional. Esforçando-se por contornar as pedras que a crise lhe vai colocando no caminho, aquele que é um dos nossos setores mais tradicionais consegue hoje, graças uma nova geração de empreendedores, desfilar inovação nos mercados internacionais. É certo que são ainda muitos os passos necessários para ser alcançado o patamar da revitalização. Mas a verdade é que há já bons exemplos no que respeita à renovação geracional, à incorporação de tecnologia à atualização dos modelos de negócio. Entre casos de sucesso de expressão transnacional encontramos cinco trunfos em ascensão no país responsável pelos fatos de Michael Phelps: a moda, o comércio eletrónico, o vestuário técnico e ainda o ambiente. Pelas oportunidades que aproveitam e fomentam e pelos países que alcançam, estas áreas somam exemplos inspiradores e permitem-nos descortinar oportunidades num setor que já foi dado como “démodé” mas parece estar cada vez mais “in”. Rafael Alves Rocha Diretor
GRAFISMO Garra Publicidade, S.A. TIRAGEM 15.000 PERIODICIDADE Trimestral ANO DE EDIÇÃO 2013
Março 2013 WE’BIZ 3
SUMÁRIO
03 06 26 16 35 42 52 EDITORIAL
weFIRST › PRIMEIRA MÃO Presidência Da República promove encontro com jovens empresários
weZOOM › TEMA DE FUNDO
weSTART › STARTUPS
MODA
Células que salvam vidas
O setor tradicional que desfila inovação nos mercados globais
weTHINK › OPINIÃO
P. 35 Francisco Maria Balsemão Presidente da ANJE
Por uma Europa mais empreendedora P. 51 Manuel Lopes Teixeira
Presidente da Comissão Executiva da ANJE Investir ezm contraciclo
weNOW › ATUALIDADE P. 42 País “cigarra” na inovação P. 43 Cotec comemora “Ano Português da Inovação” P. 44 Pme cortaram 40% no Investimento P. 45 Calçado nacional continua a bater recordes
weFIND › OPORTUNIDADES
P. 52 Empreender no feminino
P. 53 Building Innovators: inovação, criatividade e um milhão de euros P. 54 Franchising: tudo o que precisa de saber para avaliar uma oportunidade P. 56 Novos espaços ao ritmo “pop up”
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weSOCIAL › EMPREENDEDORISMO SOCIAL FAZ: Competição desafia empreendedorismo social na diáspora lusa
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weTALK › ENTREVISTA
Apoios à criação do próprio emprego P. 14 Portugal Ventures lança nova call for entrepreneurship P. 15 Crowdfunding: 1,5 milhões de dólares angariados em quatro dias
Francisco Fonseca CEO da AnubisNetworks Controlar a informação é o grande desafio da atualidade
weLEARNING › FORMAÇÃO Empresários voltam à recruta
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weNUMBERS › FINANCIAMENTO
weNEXT › AGENDA
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weTECH › TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Top 10 das tendências tecnológicas de 2013
P. 48 Abril P. 48 Maio P. 49 Junho
weSEARCH › LIVROS & SITES P. 57 Innoversia: o site iberoamericano que cruza empreendedorismo e investigação P. 58 “Business Model You” Modelos de negócio e carreira: o sucesso em cinco capítulos
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weSHARE › WEB & APPS P. 59 Pinterest: cinco passos para fazer negócio a partir de imagens P. 61 A app do elefante
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weFIRST › PRIMEIRA MÃO
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA PROMOVE ENCONTRO COM JOVENS EMPRESÁRIOS Sob a égide do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, mais de 50 jovens empresários e representantes de associações de juventude participaram em fevereiro último, no Palácio de Belém, no encontro subordinado ao tema “Os Jovens e o Futuro da Economia”. O modus operandi da iniciativa previa a divisão dos participantes em três grupos de trabalho dedicados aos seguintes temas: “Cultura para o Empreendedorismo”, “Empreendedorismo Social” e “Empreendedorismo Empresarial”.
No encontro “Os Jovens e o Futuro da Economia”, promovido pela Presidência da República em fevereiro, coube ao presidente da Comissão Executiva da ANJE, Manuel Lopes Teixeira, liderar o grupo de trabalho sobre “Empreendedorismo Empresarial” e relatar as suas principais conclusões. Acresce que a reunião plenária que se seguiu à sessão de abertura do encontro foi moderada pelo presidente da ANJE, Francisco Maria Balsemão, tendo na altura intervindo dois académicos, Manuel Caldeira Cabral e Virgínia Trigo, e dois jovens empresários, Diogo Teles e Miguel Pavão. O almoço de trabalho, que também decorreu no Palácio de Belém, permitiu alargar o debate a todos os participantes no encontro. Do debate realizado no grupo de trabalho sobre “Empreendedorismo Empresarial” emergiu, como conclusão principal, a necessidade de simplificar, estabilizar e desburocratizar o quadro legal e fiscal que regula a atividade empresarial no nosso país. Isto significa, por exemplo, “estabelecer um compromisso para a redução significativa do IRC, sobretudo aquele que é aplicado às empresas do setor exportador”, aplicar “um regime simplificado para micro e pequenas empresas” e realizar “contratos especiais empresas/Estado para investimentos estruturais e atração de empresas para Portugal”. No mesmo grupo de trabalho defendeu-se o envolvimento das empresas portuguesas na captação de IDE (Investimento Direto Estrangeiro), um relacionamento mais próximo entre empresas e universidades, o desenvolvimento de mecanismos para a aquisição de empresas e para a renovação acionista das sociedades, a criação da figura do Gestor de Cliente dentro da orgânica do Estado (funcionaria como interlocutor único das empresas junto da Administração Central), a eliminação 6 WE’BIZ Março 2013
de procedimentos burocráticos sobre a atividade empreendedora e sobre os processos de licenciamento de novos negócios, a promoção de redes de contacto e de sinergias com emigrantes e lusodescendentes, a estruturação do futuro Quadro Estratégico Comum 2014-2020 em função do reforço da competitividade económica do país e a avaliação regular dos resultados de investimentos e políticas promovidos pelo Estado. Ainda do mesmo grupo de trabalho saiu a ideia de alargar o programa INOV Contacto e de reforçar os seus objetivos. Os estágios internacionais dos jovens passariam, assim, a ser direcionados para áreas de interesse das empresas portuguesas nos mercados externos, criando-se deste modo uma ligação estreita entre recursos qualificados e o setor exportador. Uma vez concluídos os estágios, os jovens poderiam ser recrutados pelas empresas com que colaboraram.
Empreendedorismo nas escolas e com cariz social O grupo de trabalho dedicado à “Cultura para o Empreendedorismo” recomendou, por exemplo, que o espírito empreendedor fosse fomentado entre os jovens o mais cedo possível, de preferência a partir do ensino básico. Além disso, os participantes neste grupo consideraram importante “aumentar o papel das universidades e das instituições de ensino na capacitação para o empreendedorismo” e desenvolver “iniciativas de rede envolvendo os diferentes atores” da área do empreendedorismo. As principais medidas propostas foram introduzir no horário curricular ações que permitam aos
PRIMEIRA MÃO ‹ weFIRST
alunos desenvolver as suas competências em parceria com o tecido empresarial e organizações da sociedade civil, “distinguir anualmente, pela Presidência da República, iniciativas empresariais de Jovens Empreendedores nas áreas consideradas estratégicas para o país”, “desenvolver um sistema de Incentivo monetário a instituições que criem atividades para ensino do empreendedorismo”, “constituir uma rede que junte grandes empresas e PME com start-ups num programa de mentoria” e “promover a criação de um Observatório de Empreendedorismo”. Por seu turno, o grupo de trabalho consagrado ao “Empreendedorismo Social” propôs, entre muitas outras ações, a “criação de um Banco Social que apoie iniciativas sociais”, a representação do terceiro setor no Conselho Económico e Social, a “implementação de métricas que permitam que os inputs sociais sejam reconhecidos”, a integração do voluntariado nos diferentes níveis de ensino e nos curricula, a instituição da figura jurídica “empresa social” e a elaboração de uma “política de incentivos fiscais que levem as empresas a investir em instituições sociais”. Na sessão de encerramento do encontro, Cavaco Silva advertiu os jovens empresários para que não pensassem “que é nos baixos salários que se garante a competitividade das empresas”. O Presidente da República disse ainda esperar que a nova geração de empreendedores “traga uma dinâmica refrescada”, com “ambição, energia, audácia” e “novos modos de pensar e agir que contribuam para o aumento da competitividade”. Acrescentou ainda que, para que “Portugal vença as suas dificuldades”, é necessário que se valorize socialmente “o empreendedorismo e o êxito empresarial” e que os portugueses tenham “publicamente orgulho nos empresários que têm sucesso”.
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weSOCIAL › EMPREENDEDORISMO SOCIAL
FAZ: competição desafia empreendedorismo social na diáspora lusa Ambiente e Sustentabilidade, Diálogo Intercultural, Envelhecimento e Inclusão Social são as quatro categorias do concurso. A 2ª edição do concurso FAZ – Ideias de Origem Portuguesa já iniciou o recrutamento de ideias e projetos inovadores, enquadrados no conceito de empreendedorismo social. O objetivo é encontrar novas respostas às necessidades da comunidade lusa. Promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação Talento, em parceria com a COTEC, a competição vai premiar com 50 mil euros as três melhores ideias apresentadas a concurso. O período destinado à apresentação de candidaturas para a etapa de sugestão e pré-seleção de ideias termina no dia 31 de março.
espalhados pelo mundo, estimulandoos e apoiando-os no desenvolvimento de soluções criativas e viáveis para o seu país de origem. O desejo de implementar um projeto de inovação social e a formação de equipas de três elementos com, pelo menos, um português lusodescendente residente no estrangeiro são as únicas condições de acesso impostas pelo FAZ.
Ambiente e Sustentabilidade, Diálogo Intercultural, Envelhecimento e Inclusão Social são as designações das quatro categorias da competição. Além das vantagens financeiras, incluídas num prize money global de 50 mil euros, a distribuir pelos três vencedores, o FAZ CRITÉRIOS DE SELEÇÃO proporciona aos DAS IDEIAS empreendedores › Impacto a possibilidade › Originalidade de frequentar um › Carácter inovador bootcamp. Com › Sustentabilidade duração de três › Contribuição para resolução das necessidades sociais dias, a decorrer apresentadas pelas quatro categorias na segunda fase do concurso, esta iniciativa Estruturada em duas fases principais, visa desenvolver competências e conhecimentos essenciais a competição visa fomentar a colaboração entre portugueses à materialização dos projetos sugeridos. residentes em território nacional e no estrangeiro. A segunda fase Na primeira edição do FAZ – Ideias decorre entre os dias 20 de abril de Origem Portuguesa, foram e 10 de Junho, data de anúncio da apresentadas mais de 200 ideias, candidatura vencedora. recolhidas em 58 países diferentes. O projeto “Arrebita!Porto”, criado por Após o sucesso da primeira edição, o concurso volta a lançar um desafio José Paixão, foi o grande vencedor. A partir da degradação dos edifícios aos empreendedores portugueses 8 WE’BIZ Março 2013
urbanos da cidade do Porto, o empreendedor português sugeriu um modelo de reabilitação sem custos e com vantagens mútuas para os proprietários dos espaços e os estudantes internacionais de arquitetura e engenharia. Os estudantes Erasmus asseguram a reabilitação dos edifícios aos senhorios, recebendo em troca o alojamento gratuito durante o processo de reconstrução.
CATEGORIAS DO CONCURSO › Ambiente e Sustentabilidade › Diálogo Intercultural › Envelhecimento › Inclusão Social
PRÉMIOS MONETÁRIOS
› Ideia vencedora: 25 mil euros › 2º classificado: 15 mil euros › 3º classificado: 10 mil euros
EMPREENDEDORISMO SOCIAL ‹ weSOCIAL
Como funciona? O Ideias de Origem Portuguesa é um concurso com uma mecânica simples, facilmente sintetizada em quatro passos essenciais, que vão da simples ideia à disseminação da mesma, com vista ao seu desenvolvimento.
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Para participar, basta ter vontade de implementar um bom projeto de inovação social.
Juntar uma equipa de três elementos que inclua, pelo menos, um português lusodescendente residente no estrangeiro.
Ter um discurso “poderoso e convincente”, que deverá ser revelado num vídeo.
Depois, basta passar a palavra, manter as pessoas envolvidas e promover o debate. O objetivo é que a ideia proposta ganhe com a contribuição de todos.
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weNUMBERS › FINANCIAMENTO
APOIOS À CRIAÇÃO DO PRÓPRIO EMPREGO O nome não deixa margens para dúvidas: o PAECPE - Programa de Apoio ao Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego financia projetos de criação de empresas que resultem em novos empregos. No caso dos beneficiários das prestações de desemprego, esse financiamento pode traduzir-se no pagamento do montante global das mesmas, isoladamente ou em acumulação com outros apoios. No caso dos desempregados sem a referida prestação, a solução passa pelo acesso a crédito com garantia, bonificação da taxa de juro e período de carência de capital e juros. Entre burocracias, requisitos e capitais próprios exigidos, tentamos aqui descodificar o programa que propõe a transformação de uma situação de desemprego numa oportunidade para empreender. O Apoio à Criação do Próprio Emprego (CPE) por beneficiários de prestações sociais (subsídio de desemprego ou ao subsídio social de desemprego inicial) prevê a antecipação dessas mesmas prestações, desde que seja efetivamente provado que os 10 WE’BIZ Março 2013
PAECPE: TRÊS CAMINHOS RUMO AO EMPREENDEDORISMO CPE Criação do Próprio Emprego (beneficiários de prestações de desemprego) Antecipação do montante global de subsidio de desemprego + capitais próprios (se necessário)
Microinvest Investimentos até 20.000€ (financiamento limitado a 15.000€, pois apesar de não estar na legislação a banca solicita 25% de capitais próprios)
Invest+ Investimentos até 200.000€ (financiamento limitado a 100.000€) o banco solicita 25% do INVESTIMENTO em capitais próprios + 25% do FINANCIAMENTO em garantia real (tendencialmente penhoras de aplicações: por exemplo, subscrição de um seguro)
negócios propostos assegurem o emprego, a tempo inteiro, dos subsidiados. A antecipação pode ser global, prevendo, obviamente, a dedução de importâncias eventualmente já recebidas. Este apoio não se destina exclusivamente ao suporte de novos negócios. Os empreendedores podem optar pela compra de um estabelecimento por cessação ou até pela aquisição de capital social de uma empresa preexistente. Neste último caso, o investimento tem, forçosamente, de estar associado a um aumento de capital social e não à aquisição de partes sociais existentes. Em todas as situações, mantêm-se as exigências: por um lado, a garantia de criação de emprego a tempo inteiro e, por outro, a viabilidade económicofinanceira do projeto. Quanto à aplicação das prestações de desemprego num novo negócio, as operações associadas estão também previstas e entre elas se inclui a realização de capital social da empresa a constituir. As imposições específicas determinam apenas a aplicação total do valor recebido no financiamento do projeto.
FINANCIAMENTO ‹ weNUMBERS
Antecipação de subsídios ou financiamento bonificado para investimentos até 200 mil euros são as alternativas propostas pelo programa que apoia a iniciativa empresarial de pessoas desempregadas.
MICROINVEST E INVEST+ Os empreendedores beneficiários de subsídios podem ainda acumular o adiantamento dos mesmos com a modalidade de crédito com garantia mútua e bonificação das taxas de juro. Falamos das linhas Microinvest e Invest+, que consistem no apoio atribuído às pessoas que se encontram em situação de desemprego mas não recebem qualquer prestação social. O fator determinante para a escolha da linha de crédito é o valor global do investimento. Para investimentos iguais ou inferiores a 15 mil euros, os projetos são encaminhados para a linha Microinvest. Investimentos mais avultados transitam para a Linha Invest +, que se destina a operações de valor superior a 15 mil euros e até ao montante máximo de 100 mil euros. O limite é de 95% do investimento total e de 50 mil euros por posto de trabalho criado (a tempo inteiro). De referir que, na realidade, apesar de o financiamento estar demarcado pelos tetos de 15 mil e 100 mil euros, o facto de os bancos exigirem 25% de capitais próprios aumenta para 20
Simulações INVEST+
MICROINVEST
INVESTIMENTO
INVESTIMENTO
100.000€
20.000€
CAPITAIS PRÓPRIOS
CAPITAIS PRÓPRIOS
25.000€
5.000€
FINANCIAMENTO
FINANCIAMENTO
75.000€
15.000€
GARANTIA REAL 18.750€ Março 2013 WE’BIZ 11
weNUMBERS › FINANCIAMENTO mil e 200 mil euros os limites de financiamento associados, respetivamente, à Microinvest e à Invest +. Além disso, a linha Invest + implica também o equivalente a 25% do financiamento em garantia real, normalmente associada a penhoras de aplicações, como um PPR, por exemplo. À semelhança do exposto para a aplicação das prestações sociais de desemprego, estas duas linhas de crédito podem também ser aplicadas no financiamento da compra de capital social de uma empresa existente (por aumento de capital social) ou compra de um estabelecimento por cessação. Os empreendedores que decidam candidatar-se a este apoio necessitam de investir num plano de negócios que comprove a viabilidade do respetivo projeto. Tal não é esquecido, pelo que são elegíveis as despesas com a elaboração do plano de negócios e com o pedido de financiamento. O limite, neste caso, é de 15% do investimento elegível e até 1,5 vezes o montante do indexante dos apoios sociais (IAS). Não são elegíveis despesas com aquisição de imóveis, operações de reestruturação financeira, consolidação ou substituição de créditos e saneamentos, assim como despesas cuja relevância para o projeto não seja reconhecida pelo banco que concede o crédito.
APOIO TÉCNICO À CRIAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DE PROJETOS Os projetos de negócio financiados pelo Programa de Apoio ao Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego (PAECPE) podem usufruir de Apoio Técnico à Criação e Consolidação de Projetos, um programa concedido por entidades acreditadas pelo IEFP - Instituto de Emprego e Formação Profissional. O serviço inclui acompanhamento, formação e consultoria e é inteiramente gratuito para os empresários. O apoio tem a duração mínima de nove meses e máxima de dois anos, incluindo acompanhamento personalizado, realização de ações de formação, nomeadamente na área de gestão, e consultoria empresarial especializada. Consultoria essa que visa solucionar situações de maior fragilidade ao nível da gestão ou da operacionalização da empresa, diagnosticadas durante o acompanhamento. A ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários é uma entidade acreditada pelo IEFP para prestar este apoio técnico. A associação oferece um serviço completo aos empreendedores que criaram uma empresa recorrendo ao PAECPE, aplicando todo o know-how e experiência no suporte ao dia-a-dia das novas empresas.
GARANTIA MÚTUA Consoante a área geográfica, os empreendedores podem obter a garantia das Sociedades de Garantia Mútua. Há vários bancos com protocolos nesse sentido, mas a verdade é que são ainda poucas as entidades que os aplicam. A garantia mútua concede aos empreendedores as seguintes vantagens: › Período de carência integral de 12 meses + carência de capital nos 12 meses seguintes › Taxa de juro muito reduzida face às condições de mercado
DESTINATÁRIOS DO PAECPE* › Desempregado inscrito no IEFP em situação de desemprego involuntário (até nove meses); › Desempregado inscrito no IEFP há mais de 9 meses, independentemente do motivo de inscrição; › Jovem à procura do 1º emprego, com idade até 35 anos, com o ensino secundário completo ou nível 3 de qualificação ou ainda que se encontre a frequentar um processo conducente à obtenção desse nível de ensino ou de qualificação e que não tenha tido contrato de trabalho sem termo; › Pessoa que nunca tenha exercido atividade profissional por conta de outrem ou por conta própria; › Trabalhador independente cujo rendimento médio mensal, nos meses em que teve atividade, seja inferior à remuneração mínima mensal garantida (< 485,00 €). *No caso de equipas, pelo menos 50% dos promotores devem ter este um destes perfis
12 WE’BIZ Março 2013
CONDIÇÕES › Taxa de juro = Euribor 1M + Spread de 2,50%; “COLLAR” – semelhança com a existência de Cap e Floor)” [1,5%; 3,5%] › Prazo total = 84 meses = 24 meses + 60 meses; › Prazo de carência de capital = 24 meses; › Prazo de reembolso = 60 meses; › Amortizações mensais constantes e postecipadas de capital; › Criação até 10 postos de trabalho; › Pelo menos 50% dos promotores têm de ser destinatários do PAECPE, criar o seu posto de trabalho a tempo inteiro e possuir mais de 50% do capital social e dos direitos de voto.
FINANCIAMENTO ‹ weNUMBERS
DESEMBOLSOS COM ASSINATURA DO CONTRATO DE FINANCIAMENTO
DUAS TRANCHES (*)
LINHA MICROINVEST
50%
25%
LINHA INVEST+
30%
35%
(*) Mediante apresentação de documentos de despesas comprovativos da aplicação dos valores anteriormente utilizados, que deverão ser desembolsadas no prazo de 6 meses após a assinatura do contrato.
PRAZO E CARÊNCIA DAS OPERAÇÕES PRAZO
CARÊNCIA (*)
REEMBOLSO
LINHA MICROINVEST
84 MESES
24 MESES
60 MESES
LINHA INVEST+
84 MESES
24 MESES
60 MESES
(*) Carência de capital
SPREAD DO BANCO E COMISSÕES DE GARANTIA SPREAD DO BANCO
COMISSÃO DE GARANTIA DA SGM
LINHA MICROINVEST
2,5%
0,75%
LINHA INVEST+
2,5%
2,5%
Março 2013 WE’BIZ 13
weNUMBERS › FINANCIAMENTO
PORTUGAL VENTURES LANÇA NOVA CALL FOR ENTREPRENEURSHIP Tem um projeto inovador e global? A segunda Call for Entrepreneurship é uma excelente oportunidade para conquistar investimento com vista à materialização do negócio. Trata-se de uma porta de entrada para o Ignition Programme, o fundo de capital de risco da Portugal Ventures. As candidaturas decorrem até 30 de maio.
Desafiando o talento e a ambição dos empreendedores, este programa investe em projetos inovadores, nas fases “proof of concept” e “seed”, assentes em conhecimento específico e orientados para o mercado global. O objetivo é promover, deste modo, a valorização económica da ciência e da tecnologia nacional. Entre as áreas de negócio privilegiadas destacam-se as TICE (Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica), as Soluções WEB, as Ciências da Vida (Biotecnologias, Produtos e Serviços de Assistência Médica, Equipamentos Médicos, etc), os Recursos Endógenos (Energia e Agribusiness) e ainda a Nanotecnologia. Quanto a números, o fundo incorpora valores entre os 100 e os 750 mil euros, com um valor indicativo de 300 mil euros por projeto, até 85% do investimento total do negócio.
COMO FUNCIONA? A Call For Entrepreneurship é uma iniciativa dinâmica e periódica, composta por diferentes etapas de seleção até à conquista final de investimento. SUBMISSÃO DO PROJETO As candidaturas são submetidas na plataforma online (http:// callapplication.portugalventures.pt). Os empreendedores devem, para o efeito, procurar o apoio dos Ignition Partners.
PROCESSO DE PRÉ-SELEÇÃO
A apreciação dos planos de negócio é efetuada por um conjunto de peritos empresariais e tecnológicos, nacionais e internacionais. A Portugal Ventures selecionará para investimento os projetos que demonstrem maior potencial de crescimento e capacidade para se assumirem como startups de competitividade global.
O primeiro passo do processo de avaliação é a pré-seleção assegurada pela Portugal Ventures.
Os negócios selecionados beneficiam, para além do investimento financeiro, de aconselhamento especializado, bem como de oportunidades de incubação e aceleração em polos internacionais de inovação.
Os projetos selecionados são avaliados por painéis multidisciplinares de especialistas.
Nas duas primeiras edições da Call For Entrepreneurship, registaram-se mais de 600 empreendedores, que apresentaram perto de 240 projetos. A Call For Entrepreneurship integra o Programa +e+i, tendo por objetivo fortalecer o ecossistema português de empreendedorismo de base tecnológica, contribuindo para o desenvolvimento de uma economia mais moderna, competitiva e aberta para o mundo, com base em conhecimento, inovação e capital humano altamente qualificado.
PAINÉIS DE AVALIAÇÃO
AVALIAÇÃO DO PROJETO PELA PORTUGAL VENTURES A Portugal Ventures faz uma revisão às recomendações dos painéis e convida os projetos para um segundo pitch, que será determinante para a decisão de investimento.
INVESTIMENTO Os contratos são negociados e os projetos recebem o investimento no sentido de crescerem globalmente.
14 WE’BIZ Março 2013
FINANCIAMENTO ‹ weNUMBERS
CROWDFUNDING: 1,5 MILHÕES DE DÓLARES ANGARIADOS EM QUATRO DIAS Nova caneta 3D requeria apenas 30 mil dólares para ser lançada no mercado, mas angariou um valor 50 vezes superior. Transformar um desenho num objeto a três dimensões é uma das mais recentes novidades do mercado tecnológico mundial. Na mente de Max Bogue e Peter Dilworth, criadores da caneta 3Doodler, não estava prevista uma materialização tão rápida do negócio, mas a angariação de 1,5 milhões de dólares, em apenas quatro dias, através de crowdfunding possibilitou o rápido financiamento da inovadora caneta. Trata-se da primeira caneta de impressão 3D mundial e a sua funcionalidade resume-se à transformação de linhas dispostas sobre uma folha de papel em figuras tridimensionais tangíveis. Tudo isto através da utilização de plástico derretido e energia elétrica. Para arrancar com o projeto, a dupla de engenheiros norte-americanos que idealizou a 3Doodler necessitava apenas de 30 mil dólares, mas a opção pelo crowdfunding através da plataforma colaborativa Kickstarter, proporcionou-lhes uma quantia 50 vezes maior. O crowdfunding é uma opção de financiamento cada vez mais comum no universo empresarial e permite que qualquer cidadão contribua, através de doações, para a concretização de novas ideias de negócio anunciadas online. Os empreendedores podem, dessa forma, partilhar os projetos em fase embrionária e esperar que os consumidores avaliem a importância do desenvolvimento de cada produto ou solução para o mercado atual. Desde o início de atividade, em 2009, a Kick Starter já contribuiu com mais de 600 milhões de dólares para o lançamento de mais de 41 mil projetos criativos, em treze áreas de negócio distintas. Massimemov, PPL e Redebiz são as designações das principais plataformas de origem portuguesa que, por cá, contribuem para a difusão do inovador método de financiamento participativo.
Março 2013 WE’BIZ 15
weZOOM › TEMA DE FUNDO
O SETOR TRADICIONAL QUE DESFILA INOVAÇÃO NOS MERCADOS GLOBAIS
16 WE’BIZ Março 2013
TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM
Com que linhas se cose o empreendedorismo na indústria têxtil e de vestuário? As startups, as empresas revitalizadas pelas novas gerações, a incorporação tecnológica e os casos de sucesso de um setor tradicional que está a tirar proveito da experiência acumulada para fazer diferente e melhor.
Março 2013 WE’BIZ 17
weZOOM › TEMA DE FUNDO
Distante do glamour das passerelles, do styling dos catálogos, dos flashes fotográficos. Foi assim, cinzenta e pouco sexy, que a indústria têxtil e de vestuário permaneceu, durante décadas, arredada das atenções das novas gerações de designers, criativos, investigadores, investidores e empreendedores. Porém, nos últimos anos, esta fotografia conheceu um novo enquadramento: ganhou cor e perspetiva, adquiriu dimensão e dinamismo, absorveu contributos multidisciplinares e ultrapassou fronteiras. Os principais players setoriais são unânimes no reconhecimento deste esforço e, mais ainda, na convicção de que este é o caminho para a afirmação global. Longe de atingir o patamar que se impõe à sua revitalização, o têxtil e o vestuário nacionais associam-se hoje à iniciativa empresarial e à inovação tecnológica, contando com casos de sucesso, de expressão transnacional.
18 WE’BIZ Março 2013
TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM O croquis ilustrador da iniciativa empresarial e dos índices de inovação neste setor é composto por linhas pouco definidas, não só porque os dados disponíveis não possibilitam uma análise aprofundada, mas também porque não apresentam uma evolução positiva no que toca ao número de empresas criadas, ainda que acompanhem a trajetória descendente do mercado. De acordo com o INE – Instituto Nacional de Estatística, em 2010 (último ano com dados disponíveis), foram criadas 915 empresas de vestuário e 248 empresas de fabricação de têxteis, o que representou cerca de 26% do número total de empresas criadas no quadro das indústrias transformadoras. Fazendo uma análise comparativa com base nos números referentes ao período 2007 – 2010, rapidamente concluímos que ocorreu um decréscimo na criação de novos negócios, porém, o peso das empresas nascentes no quadro das iniciativas empresariais das indústrias transformadoras manteve-se estável, o que é visto como um indicador otimista. Mais otimistas, ainda que reveladoras da complexidade dos desafios implicados, são as análises qualitativas. Para Manuel Lopes Teixeira, “a moda e o comércio eletrónico são hoje bons exemplos de que o setor congrega ainda múltiplas oportunidades empreendedoras e dispõe de um vasto potencial ao nível da criatividade, da tecnologia, do serviço e, em sentido lato, da inovação”. O presidente da Comissão Executiva da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), entidade responsável pelo projeto Portugal Fashion, ressalva, contudo, que “a temática do empreendedorismo inovador impõe um enquadramento mais complexo quando o setor em causa é o do têxtil e vestuário. Isto porque estamos a falar de uma indústria madura, facto que acaba por representar um detrator do empreendedorismo e um fator que tanto facilita como dificulta o investimento”.
O desafio “gap generation” Uma indústria madura caracteriza-se pelo facto de os mercados correntes não estarem já em crescimento e de a capacidade de produção se encontrar em excesso. Recordese que, no caso da indústria têxtil e de vestuário, falamos de uma tradição de mais de um século, no que respeita aos subsetores a montante, que incluem a conceção dos produtos e dos componentes têxteis (fiações e tecelagens, por exemplo). Já nos subsetores a jusante, que envolvem o mundo do retalho e de todos os processos implicados, desde a seleção da marca à seleção do mercado de atuação, embora mais recentes, somam já mais de cinco décadas de existência. Neste enquadramento, importa ainda acrescentar outros fatores igualmente condicionadores do empreendedorismo, que fazem a ponte entre a iniciativa empresarial e a necessária regeneração do tecido empresarial existente. É neste sentido que Paulo Vaz, diretor-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), sublinha que “a esmagadora maioria das empresas que compõem a IVT são PME, estão situadas nos Vales do Ave e do Cávado e são de raiz familiar, mesmo as de maior dimensão, contando-se a sua propriedade e gestão, em algumas delas, já na sua terceira ou quarta geração”. No âmbito do “Guia de Orientação para a Inovação e Empreendedorismo do Cluster Têxtil Moda nos Vales do Ave e Cavado”, o responsável da ATP reconhece que a natureza familiar da maior parte das empresas do setor “encerra em si um espectro vasto e variado de problemas, os quais muitas vezes suplantam a mais elementar racionalidade, tornando-se o principal catalisador de um desastre que poderia ser facilmente evitável”. Paulo Vaz defende,
Há que investir na regeneração do tecido empresarial do setor, apoiando a passagem, de forma assistida, da propriedade e da gestão nas empresas familiares
Paulo Vaz
A moda e o comércio eletrónico são hoje bons exemplos de que o setor congrega ainda múltiplas oportunidades empreendedoras e dispõe de um vasto potencial ao nível da criatividade, da tecnologia, do serviço e, em sentido lato, da inovação
Manuel Lopes Teixeira
por isso, que “há que investir na regeneração do tecido empresarial do setor, apoiando a passagem, de forma assistida, da propriedade e da gestão nas empresas familiares”. Manuel Lopes Teixeira, na liderança da associação que, além de pioneira no fomento do empreendedorismo jovem, tem vindo a operar uma forte aposta no sangue novo da moda portuguesa, destaca também a importância da renovação geracional. “A transição de geração na liderança das empresas do IVT é crucial para que o setor ingresse numa nova etapa de afirmação competitiva. Mas para tal acontecer essa transição tem, necessariamente, de ser sinónimo de mudança e de modernização. Uma evolução que deve passar pelos modelos de negócio e pelos processos de gestão, conceção de produto, fabrico, comercialização e até de marketing e comunicação”, afirma.
Uma moda revisitada Tal como a moda, que é cíclica e está constantemente a revisitar tendências, o setor têxtil e de vestuário parece estar novamente na crista da onda, merecendo as atenções das novas gerações e acentuando o protagonismo luso nos mercados globais. Como torna-lo ainda mais atrativo para os novos empreendedores, de modo a levar a cabo uma verdadeira regeneração externa do tecido empresarial? O diretor-geral da ATP considera que o caminho passa por “reforçar a expressão pública das suas facetas mais atrativas: a criatividade, por via do glamour da moda e da imagem, a inovação tecnológica, enquanto indústria intensivamente recetora de investigação e modernidade, criando continuamente novos produtos, novas funcionalidades e novas necessidades, e o desenvolvimento de serviços agregados, entre os quais a logística evoluída, que terciarizem a indústria, melhorando o seu desempenho, a sua eficiência e a sua recetividade, assim como fazendo crescer o seu valor e margens”. Centrando-se na Fileira Moda, Manuel Lopes Teixeira reforça a evolução do setor que, sendo depreciativamente, considerado um dos mais tradicionais do nosso país soube já “modernizarse e ganhar competitividade”. “Para tanto, alterou profundamente o seu modelo de negócio, passando a Março 2013 WE’BIZ 19
weZOOM › TEMA DE FUNDO apostar em fatores competitivos como a inovação, o capital humano e a qualidade, a criatividade e a diferenciação de produtos. Deste modo, a Fileira Moda não só acentuou os seus níveis de internacionalização como ganhou goodwill junto dos consumidores nacionais, até então pouco recetivos às criações portuguesas”, sustenta o presidente da comissão executiva da ANJE e do Portugal Fashion. Isto significa que há hoje no setor empresas que, nas suas estratégias de desenvolvimento, valorizam o conhecimento de jovens formados em Design de Moda. Essas empresas estão conscientes da importância de ter nas suas fileiras jovens criadores, capazes de emprestar às marcas uma identidade estética diferenciadora, uma capacidade de produção regular de novas coleções e um sentido de moda apurado.
Manuel Lopes Teixeira evidencia, neste âmbito, o papel do Portugal Fashion, que “contribuiu, substantivamente, para a mudança de paradigma de desenvolvimento da Fileira Moda”. “Com o nosso apoio, indústria e criadores evoluíram conjuntamente no sentido de uma aposta clara em novos fatores críticos de competitividade. É claro que essa aposta não foi ainda inteiramente ganha. No entanto, a Fileira Moda encontra-se hoje melhor apetrechada para competir no mercado internacional, o qual, como se sabe, foi alvo de um imparável processo de liberalização e consequente agudização da dinâmica concorrencial à escala do globo”, sustenta.
NASCIMENTOS (N.º) DE EMPRESAS 2007
FABRICAÇÃO DE TÊXTEIS 391 + INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO 1296 = TOTAL ITV 1687
20 WE’BIZ Março 2013
2008
FABRICAÇÃO DE TÊXTEIS 385 + INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO 1287 = TOTAL ITV 1672
2009
FABRICAÇÃO DE TÊXTEIS 338 + INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO 1017 = TOTAL ITV 1355
2010
FABRICAÇÃO DE TÊXTEIS 248 + INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO 915 = TOTAL ITV 1163
26% do número total de empresas criadas no quadro das indústrias transformadoras
TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM
2006
Produção 6.608 Milhões € Volume de Negócios 6.827 Milhões € Exportações 4.229 Millhões € Importações 3.297 Millhões €
2012
Produção 4.905 Milhões € Volume de negócios 5.774 Millhões € Exportações 4.130 Millhões €
8% do volume de negócios da indústria transformadora 9% do total das exportações portuguesas;
Importações 3.045 Millhões €
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TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM
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24 WE’BIZ Março 2013
TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM
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Células que salvam vidas 26 WE’BIZ Março 2013
STARTUPS ‹ weSTART
Contribuir para a qualidade de vida das cerca de 200 mil pessoas em todo o mundo que vivem com um órgão transplantado é o desígnio do projeto Cell2b. Uma ambição à altura da inovação desta startup biotecnológica, que se dedica ao desenvolvimento de terapias celulares para solucionar a rejeição de transplantes. Daniela Couto é a face feminina de uma empresa muito jovem que está prestes a entrar num mercado avaliado em três mil milhões de euros (só nos EUA e na Europa). As vastas oportunidades que se anunciam acabam de conquistar o suporte de um grupo de business angels.
Março 2013 WE’BIZ 27
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“Somos uma empresa jovem e dinâmica, que se propõe a desenvolver soluções inovadoras para um problema sem cura - a rejeição crónica e aguda de órgãos e tecidos transplantados”, explica Daniela Couto. “A terapia celular foi desenvolvida para tratar doentes que apresentam sinais de rejeição após transplante de medula óssea e foi administrada a sete doentes do IPO de Lisboa, registando resultados muito positivos. Neste momento, a Cell2b está a desenvolver esforços para levar a terapia celular a outros doentes transplantados”, explica a empresária ainda em jeito de apresentação. A propósito de vantagens competitivas, a doutoranda de Bioengenharia é perentória ao revelar que “não há ainda nada no mercado semelhante ao que a Cell2b se propõe a desenvolver”. Os tratamentos atuais passam pela administração de imunossupressores, os quais, segundo Daniela Couto, acabam por “limitar as defesas naturais do organismo, deixando o paciente vulnerável”. A terapia celular da Cell2b tem a vantagem de “tratar as causas da rejeição e não só os sintomas”, atuando ao nível da reação imunitária. Será possível universalizar o acesso às terapias Cell2b? É a pergunta que se impõe. Daniela Couto diz que sim, alegando que cada tratamento deverá “permitir poupar, em custos diretos, milhares de euros por paciente transplantando”. Com base nesta análise custo/benefício a empresária acredita que é viável introduzir as terapias Cell2b no sistema nacional de saúde. O objetivo desta startup passa precisamente por democratizar o acesso aos tratamentos por ela concebidos, através de uma implementação global no mercado dos transplantes. Tutorados por um conselho científico e estratégico internacional, quatro jovens empreendedores, na casa dos 30 anos, trabalham arduamente na implementação da Cell2b. Uma equipa altamente qualificada, certificada pelas melhores instituições de ensino nacionais e internacionais, que se encontra atualmente incubada no parque de biotecnologia Biocant. A ideia de negócio surgiu durante o doutoramento de dois dos fundadores e a tecnologia, na qual continuam a trabalhar diariamente, foi desenvolvida com a colaboração do IPO de Lisboa e do 28 WE’BIZ Março 2013
STARTUPS ‹ weSTART Laboratório de Bioengenharia de Células Estaminais do Instituto Superior Técnico. A empresa conta já com 10 pessoas a tempo inteiro. “Tem sido um crescimento fantástico. Temos agora dois departamentos completamente focados na qualidade e produção do ImmuneSafe e de investigação e desenvolvimento, que continua a inovar e a trazer os últimos conhecimentos para o processo de produção”, adianta com entusiamos a jovem gestora.
PERFIL EMPREENDEDOR
DAniela couto
“Estamos a preparar uma nova ronda de capital e os investidores serão internacionais na sua maioria” Em busca de passos firmes rumo ao efetivo lançamento, a empresa constituída em janeiro de 2011 encontra-se, de acordo com Daniela Couto, a “planear o ensaio clínico em diferentes países, incluindo na Europa e nos Estados Unidos”. “A Cell2B nasceu como uma empresa voltada para o mundo. Só assim faz sentido desenvolver uma nova terapêutica de raiz”, complementa. A expressão global do projeto é reconhecida pelos investidores que têm vindo a apostar na Cell2b. “Estamos também a preparar uma nova ronda de capital e os investidores serão internacionais na sua maioria”, dá conta a empresária. “As necessidades atuais do projeto são na ordem das dezenas de milhão para chegar ao mercado, em linha com o que qualquer produto farmacêutico precisa para o mesmo fim”, acrescenta.
“Cada tratamento deverá permitir poupar, em custos diretos, milhares de euros por paciente transplantando” A falta de tradição do nosso país nesta área não provoca constrangimentos nos mentores desta inovadora startup. “Portugal tem claramente todas as condições para o desenvolvimento de projetos empreendedores”, defende Daniela Couto. A CEO e vice-presidente da Cell2b acredita na força da “rede de contactos”, destacando a importância da passagem dos fundadores da empresa por instituições de referência a nível internacional. A própria Daniela viveu dois anos em Boston, enquanto fazia investigação no MIT e essa experiência, diz, faz como o mercado norte-americano “seja de acesso mais fácil do que a Europa”.
FUNÇÃO Cofundadora, Vice-presidente e CEO FORMAÇÃO Doutoramento em Bioengenharia pela Universidade Técnica de Lisboa, no âmbito do programa MIT Portugal. Licenciatura em Engenharia Biomédica PRÉMIOS Recebeu prémios em estratégia e planos de negócio, incluindo o galardão de Mulher Empresária (Categoria Start), atribuído pela ANJE.
DA TECNOLOGIA À TERAPIA A terapia celular da Cell2B, apelidada de ImmunoSafe, atua como uma plataforma tecnológica. As células são recolhidas na medula óssea dos dadores saudáveis e processadas de modo a ser aplicadas diretamente no tratamento de várias doenças imunes e inflamatórias:
SEPSIA
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA
TRANSPLANTE DE CORAÇÃO TRANSPLANTE DE PULMÃO
AGUDA TRANSPLANTE DOENÇA
DE FÍGADO
INFLAMATÓRIA DO INTESTINO
TRANSPLANTE DE RIM
ESCLEROSA MÚLTIPLA
ARTRITE REUMATOIDE Março 2013 WE’BIZ 29
weTALK › ENTREVISTA
FRANCISCO FONSECA CEO da AnubisNetworks
Controlar a informação é o grande desafio da atualidade 30 WE’BIZ Março 2013
ENTREVISTA ‹ weTALK
“Num mundo sem fronteiras, em que deixa de ser óbvio onde começa e termina a empresa”, fruto das tendências “bring your on device” e “cloud”, o desafio tecnológico passa por soluções que controlem a informação. Esta é a convicção de Francisco Fonseca, CEO da AnubisNetworks, empresa especializada em soluções globais de segurança da Internet. Empreendedor-nato e visionário, o empresário de 39 anos, recorda como converteu o cliente Vodafone num cartão-de-visita para a conquista do mercado. Defensor de modelos de negócio centrados nas pessoas, acredita que no futuro o fator humano estará no centro das preocupações empresariais e confessa que a sua equação de sucesso não fica completa sem o equilíbrio entre a vida profissional e familiar. Uma equação cada vez mais complexa numa altura em que a AnubisNetworks se afirma cada vez mais fora do país. Conquistada a brasileira UOL, a empresa foca-se na conquista dos mercados da América do Sul e do sudeste asiático. Março 2013 WE’BIZ 31
weTALK › ENTREVISTA 1. Quando decidiu ingressar no curso de Informática de Gestão já tinha o objetivo de criar uma empresa ou essa foi uma decisão que decorreu da frequência do Programa Avançado de Empreendedorismo e Gestão da Inovação (PAEGI), que frequentou na Universidade Católica? Acho que o meu objetivo sempre passou por ser empreendedor, até porque durante o curso de Informática de Gestão já estava a trabalhar. Enquanto trabalhador estudante, prestava apoio informático a umas cinco ou seis empresas. No fundo, sempre tive dentro de mim este bichinho do empreendedor. Posteriormente, depois de ter acabado o curso, trabalhei em duas empresas e só mais tarde é que tive a oportunidade de voltar a criar um negócio. O PAEGI surge do facto de, numa dessas alturas em que estava a pensar criar a AnubisNetworks, tomar consciência de que o grupo de pessoas que faziam parte do projeto tinha um perfil muito técnico e era preciso ter uma perspetiva de gestão. 2. A conquista de investidores que aconteceu no decorrer do PAEGI foi determinante para o lançamento do projeto? No final do PAEGI, havia a possibilidade de apresentar um produto num concurso de ideias e nós apresentamos a solução em que estávamos a trabalhar. Foi na sequência desse concurso que, de facto, surgiu a oportunidade de investimento, porque um dos membros do júri era o presidente de uma capital de risco, na altura a PME Investimentos. Três meses depois, estávamos a receber um investimento para arrancar como empresa, o que foi determinante. Todas as pessoas que faziam parte do projeto estavam a trabalhar e, a maior parte, tinha também algum tipo de responsabilidades, pelo que não poderiam avançar se não existisse já alguma garantia mínima, que lhes possibilitasse, durante algum tempo, estar centradas na construção da solução. 3. Até esse momento, estava satisfeito com a sua carreira profissional? Sim, estava na Vodafone e estava bastante satisfeito. Mas, de facto, não há nada como ter a oportunidade de criar a sua empresa e construir algo à sua imagem. 32 WE’BIZ Março 2013
4. A experiência profissional que mediou a conclusão da licenciatura e a criação da empresa foi uma mais-valia? Sim, absolutamente. Isto é, todo aquele trabalho que eu fiz desde que me licenciei até ao momento da criação da empresa foi absolutamente fundamental, eu diria até em dois aspetos: do ponto de vista técnico – porque, de facto, a empresa que acabei por criar estava muito relacionada com tudo aquilo que eu tinha feito até então; e do ponto de vista do networking - porque o conjunto de pessoas que durante esses anos fui conhecendo também acabou por ser importante para o arranque da empresa. 5. Em que medida o projeto empreendedor criado em 2006 difere da AnubisNetworks da atualidade? A verdade é que acabamos por conseguir fazer coisas que não estaríamos à espera de fazer. O projeto hoje em dia é naturalmente mais ambicioso do que aquele que foi criado em 2006. Por outro lado, é também um projeto mais diversificado no que toca às áreas de produtos. No começo, estávamos muito focados só na segurança do correio eletrónico. Hoje em dia, para além disso, estamos também na área de segurança web e numa terceira área que é de threat intelligence, ou em português inteligência de ameaças. Acresce ainda que, na atualidade, não nos restringimos apenas ao nosso país, estamos presentes em outras geografias. Além de Portugal, onde possuímos escritórios em Lisboa e no Porto, temos um escritório em Inglaterra, um outro na Indonésia e também uma atividade intensa no Brasil. A propósito de geografias, destaco que estamos a direcionar a nossa aposta para as geografias emergentes, nomeadamente o sudeste asiático e o mercado sulamericano, principalmente o Brasil. 6. A diversificação de áreas de negócio foi essencial para a conquista de grandes clientes? Na oferta tecnológica, o serviço integrado é um trunfo relativamente à especialização num determinado segmento específico (como era o caso da AnubisNewtorks com a oferta de um sistema de segurança “antispam” para e-mails)?
Relativamente à conquista de grandes clientes, eu acho que a diversificação não foi necessária, até porque nós acabamos por conquistar os nossos grandes clientes quando estávamos apenas na área do e-mail. A razão pela qual diversificamos tem a ver com o facto de tentarmos conseguir aumentar as receitas junto dos clientes existentes. Isto é, como as novas soluções que desenvolvemos vão também de encontro às necessidades que já estávamos a abordar, permitem-nos ter mais receitas por cliente. Por outro lado, diversificamos também para poder crescer em Portugal, onde acabamos por atingir uma quota de mercado relativamente alta na área do e-mail. 7. Uma das mais recentes inovações da AnubisNetworks é a solução Parental Control for Service Providers. Será esta também uma diversificação ao nível dos targets? Correto, em termos de produto final o target é diferente. Mas, para nós Anubis, o cliente continua a ser o operador de telecomunicações. Portanto, deste ponto de visto não há uma alteração muito grande. É um produtoB2B2C, ou seja, em que nós vendemos a um operador e o operador, por sua vez, vai vender aos seus clientes residenciais. A verdade é que acaba por haver aqui uma alteração, na medida em que, como o produto vai ser consumido por um cliente residencial, do nosso lado tem que existir uma perspetiva diferente do ponto de vista do desenvolvimento. Uma coisa é desenvolver soluções para empresas, outra coisa é desenvolver para o cliente residencial. Posso dizer-lhe que as áreas em que houve um cuidado especial foram a da usabilidade e a do design da interface gráfica. 8. Qual o peso dos mercados internacionais nos negócios da AnubisNetworks? Em 2012, os mercados internacionais já foram responsáveis por 52% do nosso volume de negócios. Neste momento, diria que a maior parte das receitas já vem lá de fora. E será cada vez mais essa a tendência: se tudo correr bem como esperamos, devemos ter uma cada vez menor dependência do mercado português. 9. O primeiro grande passo alémfronteiras foi o contrato mundial com a Vodafone, firmado há quatro anos?
ENTREVISTA ‹ weTALK determinação advinha da consciência de que a Vodafone era uma boa referência: se a AnubisNetworks trabalha com operadores de telecomunicações, ter como cliente um dos principais operadores a nível mundial seria crucial. No caso da Vodafone em especial, o facto de também já conhecermos a cultura e percebermos os valores da empresa poderá ter ajudado. 10. A parceria firmada no início do ano com a maior empresa de conteúdos e serviços de internet no Brasil, a UOL, é uma prova de sucesso relativamente à expansão na América do Sul? É esse o foco atual da estratégia internacional da AnubisNetworks?
Em 2012, os mercados internacionais já foram responsáveis por 52% do nosso volume de negócios. Neste momento, a maior parte das receitas já vem lá de fora
Quais os fatores que determinaram essa conquista? Sim, o primeiro grande passo internacional foi o contrato com a Vodafone, há quatro anos. Nós tínhamos, e temos, um excelente produto para empresas que têm necessidades semelhantes às da Vodafone. Isto é, empresas muito grandes, que têm necessidade de ter uma infraestrutura centralizada, mas que simultaneamente necessitam de uma descentralização em termos de administração. Eu diria que isso foi um dos principais fatores. Foi também importante o facto de nós também estarmos muito determinados a conquistar esta empresa – posso dizer que o contrato foi fechado há quatro anos, mas foram precisos outros três para conquistar o cliente. Esta
Aqui a estratégia é um pouco semelhante à que seguimos com a Vodafone. Isto é, para o mercado brasileiro, entendemos que a UOL seria uma excelente referência e é, de facto, porque a UOL é a maior estrutura de mail da América Latina. Ora, se conseguirmos conquistar a UOL vai ser para nós também mais fácil que outras empresas utilizem a nossa tecnologia, porque já temos aqui um excelente cartão-de-visita. E a verdade é que conseguimos, este foi o nosso primeiro passo. A partir daqui, esperamos que outros clientes sigam o exemplo e comecem a optar por tecnologia AnubisNetworks. Se este é um dos nossos focos? É. Como disse, neste momento, fora de Portugal, temos dois grandes focos: um é o sudeste asiático e outro é o mercado da América Latina, nomeadamente o Brasil. 11. E no mercado nacional, que objetivos e que desafios movem a AnubisNetworks? O mercado nacional está um pouco complicado. De facto, as coias não estão fáceis. Neste momento, os nossos objetivos passam por continuar a crescer, nomeadamente em termos de angariação de novos clientes e, felizmente, estamos a conseguir fazê-lo. Mas também começar a introduzir novos produtos nos clientes atuais, quer seja a solução de segurança web para as famílias, o MyFamily, quer seja através da solução que lançamos muito recentemente ligada à inteligência de ameaças. 12. Enquanto empreendedor, como tem sentido e combatido a crise?
Claro que temos sentido a crise em Portugal, quer seja através de clientes que começam a ter muita dificuldade em conseguir renovar as soluções, quer seja através de clientes que adiam muito as suas decisões. E também, naturalmente, temos sentido a crise a outros níveis, como o acesso a dinheiro junto da banca. Como a temos combatido? Com um maior empenho na internacionalização. Isto é, com o surgimento da crise e com o acentuar da mesma nos últimos tempos, para nós foi claro que a saída passava por fora. Portanto, no ano passado, no segundo semestre, tomamos esta decisão de avançar para mercados emergentes. Nós vemos, claramente, como saída o aumento das vendas nos mercados externos, porque aqui por Portugal prevemos algumas dificuldades nos próximos anos. 13. Quais as tendências de futuro em matéria de TICE? Uma das grandes tendências na área das TICE é o bring your own device (BYOD). Isto é, todos nós vamos começar a ter acesso à informação, quer seja pessoal ou da empresa, através dos nossos próprios dispositivos, quer sejam tablets ou smartphones. Há pouco tempo, quando acedíamos à informação de trabalho, acedíamos a essa informação essencialmente através do computador da empresa. Hoje em dia, as pessoas acedem à informação de trabalho a partir de qualquer lado e de qualquer dispositivo. Outra grande tendência que é a da cloud, ou seja, a de se moverem serviços e dados para a nuvem, para um local remoto que não o da nossa empresa. Portanto, o grande desafio hoje em dia é controlar a informação independentemente do local onde esta se encontre. Cada vez mais é possível que ela venha a estar fora da empresa, quer seja em servidores remotos – que muitas vezes nem sabemos onde é que eles se encontram – quer seja através de informação que está nos dispositivos que cada um de nós traz consigo.
Inventar é ‘gastar’ dinheiro em ideias. Inovar é ter uma ideia que gera dinheiro Março 2013 WE’BIZ 33
weTALK › ENTREVISTA
É importante desmistificar a ideia de que quem falha no mundo das empresas é um falhado. Falhar faz parte das regras do jogo
14. O que falta fazer pelo ecossistema empreendedor nacional? Irei referir dois pontos ligados ao aspecto cultural do ecossistema. Penso que é importante desmistificar que quem falha no mundo das empresas é um falhado. É necessário interiorizar que falhar faz parte das regras do jogo. Aliás quem cria uma empresa sabe que a probabilidade de a empresa falhar é superior à de a empresa ser bemsucedida (a maior parte das empresas morre nos primeiros três anos de vida). Quem criou uma empresa, deu tudo o que tinha e fê-lo sempre de uma forma correta (ética), e no final as coisas não correram como esperado, então, foi uma vitória. Esta pessoa está melhor preparada para enfrentar a próxima vez. Cada vez mais em Portugal deveríamos ter esta mentalidade. O que vou referir de seguida aplica-se essencialmente aos alunos que sentem dentro de si ter perfil empreendedor, que sei não serem a maioria. Recordo-me que quando estava na Universidade (final da década de 90) todos nós ambicionávamos ir trabalhar para as empresas que existiam na altura, nomeadamente as grandes empresas. É necessário alterar esta mentalidade e penso que isso começa a ser conseguido. Isto é, as pessoas que estão hoje em dia na Universidade deverão procurar, em primeiro lugar, fazer tudo o que estiver ao seu alcance para tornar realidade as suas ideias e os seus projetos. E esta atitude deverá acontecer ainda durante o curso. Para esta alteração de mentalidade todos temos de contribuir, nomeadamente os próprios professores. Termino referindo que ajudaria muito a existência de verdadeiros incentivos fiscais para os primeiros anos de criação das empresas.
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15. Afirmou, numa apresentação, que um dos problemas nacionais, em matéria de empreendedorismo, é que “inventamos demais e não inovamos”. O que pretendia dizer com esta afirmação? Inventar é “gastar” dinheiro em ideias. Inovar é ter uma ideia que gera dinheiro. O que é que acontece: muitas vezes temos muitas ideias e pensamos que estamos a inovar, só que depois esquecemos a componente da monetização. Isto é, quando eu invento algo de novo, mas não consigo vender ou gerar dinheiro e receitas a partir disso, então não passa de uma invenção. É apenas uma nova ideia. Isto também se aplica à própria Anubis. Temos muitas ideias, de facto, mas relativamente a algumas dessas ideias nem sempre é óbvio perceber como iremos gerar receitas.
Tenho a convicção de que, no futuro, esta cultura vai alterarse e as empresas vão focar-se mais nas pessoas
16. É um defensor das estratégias empresariais assentes nas pessoas. Como se reflete essa convicção na gestão de recursos humanos da AnubisNetworks e, de um modo mais lato, no ambiente e cultura da empresa? Sempre ouvimos dizer que devemos por os acionistas em primeiro lugar, depois os clientes e as pessoas. A ideia que eu tenho é que, daqui a uns anos, vamos olhar para trás e perceber que se calhar não é bem assim. Acho que deveríamos inverter um pouco e colocar as pessoas da nossa empresa em primeiro lugar. Depois, por arrasto, vêm os acionistas e também os clientes. Tudo isto para mim faz sentido: ao pôr as pessoas em primeiro lugar, elas vão fazer um melhor trabalho, em condições normais, irão ter melhores resultados e isso, naturalmente, irá refletir-se junto dos acionistas e dos clientes. Tenho a convicção de que, no futuro, esta cultura vai alterar-
se e as empresas vão focar-se mais nas pessoas. Como esta convicção se reflete na cultura da empresa? Desde logo, no local de trabalho. Se tivermos as pessoas em primeiro lugar, em detrimento dos custos, vamos procurar fazer com que as pessoas se sintam bem, apostando num espaço agradável, em vez de nos centrarmos em preocupações de maximização de pessoas por área. Pôr as pessoas em primeiro lugar implica também dar-lhes um espaço para que possam descansar um pouco, arejar a cabeça, refletir. Implica até dar-lhes os espaços mais nobres, como as melhores vistas ou apostar num bom mobiliário, por uma questão de ergonomia. Depois, indo para outros aspetos mais importantes, estar verdadeiramente preocupado com as pessoas implica colocá-las no centro das decisões. Porque é sempre diferente quando tomamos decisões e colocamos de lado as pessoas ou quando as tentamos pôr no centro e nos colocamos na pele delas. 17. O que faz pelo equilíbrio entre a vida profissional e pessoal/ familiar? Eu acho que esse é um dos equilíbrios mais difíceis de se fazer na atualidade. Por razões várias, quem hoje em dia trabalha, trabalha de facto muito e, por isso, é difícil conseguir um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. No meu caso, há uns três, quatro anos atrás, eu interiorizei o seguinte (e isto ajuda-me a balizar este equilíbrio): se chegar ao fim da minha vida, e empresa não tiver sido um sucesso, mas do ponto de vista familiar e dos amigos as coisas tiverem corrido bem, foi uma grande vitória para mim; se chegar ao fim da vida, e a empresa tiver corrido bem, mas se eu tiver falhado do ponto de vista familiar e dos amigos, foi uma derrota. Uma coisa é acreditar nisto, outra é interiorizar e depois viver isto no dia-a-dia. Mas eu efetivamente interiorizei isto e, quando tenho que fazer uma escolha que possa ter impacto na vida profissional e familiar, acho que o facto de pensar desta forma me ajuda a tomar a decisão certa. Uma dos esforços que tenho feito passa por evitartrabalhar ao fim de semana, para que consiga estar em tranquilidade com a família e num tempo de qualidade.
OPINIÃO ‹ weTHINK
OPINIÃO Francisco Maria Balsemão
Presidente da ANJE
Por uma Europa mais empreendedora Parece evidente que a Europa se está a atrasar em relação aos restantes blocos económicos e tal deve-se, entre outras razões, ao enfraquecimento do projeto comunitário. Na verdade, a UE encontra-se num impasse sem fim à vista. No plano político, faltam lideranças fortes, uma estratégia mobilizadora e um sistema decisório eficaz. No plano económico, a Europa tarda em reagir proficientemente à globalização e por isso não consegue elevar a sua competitividade. No plano financeiro, a UE debate-se com os elevados níveis de endividamento da generalidade dos Estados-membros, sem que as políticas de austeridade se tenham mostrado, por ora, suficientemente eficazes para mitigar a situação. Perante este cenário, a solução terá de passar por uma Europa mais empreendedora e, neste sentido, com maior capacidade de gerar emprego e riqueza. Para tanto, importa instaurar no Velho Continente um ambiente favorável à criação e ao desenvolvimento de empresas inovadoras. Ora isso implica uma convergência progressiva das políticas dos diferentes países da UE em matéria de enquadramento da atividade empresarial, de financiamento do investimento, de promoção de I&D e de formação profissional. Relativamente ao enquadramento da atividade empresarial, os Estados-membros devem harmonizar os respetivos quadros regulamentares, jurídicos, fiscais, financeiros e sociais, além de desenvolverem um esforço coletivo de simplificação administrativa. Se assim não for, a UE não conseguirá explorar cabalmente as potencialidades de comércio, investimento e internacionalização que o mercado único encerra.
Por outro lado, a UE precisa de agilizar o acesso ao financiamento e ao crédito por parte das empresas. Para além dos instrumentos financeiros disponibilizados pelo Banco Europeu de Investimento e pelo Fundo Europeu de Investimento, é indispensável encorajar o desenvolvimento do capital de risco (público e privado) e a criação de redes de investidores informais. Estes mecanismos afiguram-se como os mais adequados ao financiamento de start-ups, designadamente de base tecnológica, cuja proliferação se revela crucial para a competitividade da Europa. Pelas mesmas razões, o aprofundamento de programas de I&D no seio da UE deve ser uma prioridade dos decisores políticos comunitários. Ainda longe da capacidade científica e tecnológica dos EUA, a Europa arrisca-se a ser ultrapassada, neste capítulo, pela Índia, China ou mesmo Brasil, países em que o investimento em I&D é já bastante significativo e com resultados palpáveis. Ora sem conhecimento científico não se desenvolvem bens, serviços e tecnologias mais inovadores e, por isso, mais competitivos à escala global. De referir ainda que a formação profissional, principalmente em áreas com interesse industrial, é determinante para aumentar a produtividade europeia, pelo que seria desejável um reforço da estratégia comunitária nesta área.
Março 2013 WE’BIZ 35
weLEARNING › FORMAÇÃO
Empresários voltam à recruta O TIL - Treino Intensivo de Liderança decorre em regime de imersão, nas diversas instalações da Academia Militar, distribuídas pela Grande Lisboa. 36 WE’BIZ Março 2013
FORMAÇÃO ‹ weLEARNING A ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários promove, entre os dias 27 e 31 de maio, o TIL - Treino Intensivo de Liderança, um curso organizado em parceria com a Academia Militar. Trata-se da 6ª edição da inovadora formação que, durante uma semana, decorre em várias infraestruturas militares, situadas na Grande Lisboa. Seis anos depois da primeira edição, o desafio surge consolidado em matéria de competências a desenvolver e a liderança é reforçada pela gestão estratégica, a tomada de decisão e a gestão de planeamento. Os objetivos mantêm-se: formar, preparar e testar líderes empresariais de sucesso. Durante os cinco dias de formação, entre atividades teóricas e práticas, indoor e outdoor, gestores e executivos experienciam estratégias e processos de formação das chefias militares. À semelhança de recrutas, os formandos veem também as suas capacidades serem testadas ao máximo em sessões de treino físico e psicológico que têm subjacentes lições de gestão de stress, gestão de conflitos, coordenação de equipas, inteligência emocional, autocontrolo, capacidade de motivação, influência e persuasão, comunicação assertiva, planeamento, estratégia, e processos de tomada de decisão. Entre as singulares experiências proporcionadas pelo TIL destacam-se o trajeto em carros blindados, os testes com meios de visão noturna e utilização de espaços de treino militar onde se simulam cenários de guerra e de sobrevivência. Todas as simulações e exercícios serão vivenciados em analogia com a realidade empresarial, de modo a equiparar o comportamento dos formandos no terreno à sua capacidade de reação e de tomada de decisões perante as adversidades que transformam o quotidiano das empresas num desafio profissional cada vez mais exigente.
Cenários de guerra e sobrevivência “Provas de Situação - Adaptação ao Meio Ambiente”, “Provas de Orientação Topográfica” diurnas e noturnas e “Sessões de Treino Físico e de Desportos” são algumas das atividades práticas previstas pelo programa formativo. Atividades essas que se distribuem por diferentes infraestruturas utilizadas para fins pedagógicos e preparatórios pela Academia Militar, nomeadamente as instalações da Academia Militar na Amadora, a Tapada Militar de Mafra, o Campo Militar de Santa Margarida, a Escola de Tropas Pára-quedistas de Tancos e o Centro de Tropas Comandos (exército), em Sintra. Existente desde 2008, o Curso de Liderança resulta de um desafio lançado pela ANJE à Academia Militar, que aplicou então pela primeira vez os seus métodos formativos ao mundo empresarial. A associação procurou deste modo aliar a sua longa experiência ao serviço da formação do empresariado nacional ao reconhecido know-how da Academia Militar em matéria de preparação de líderes. Enquadrado no segmento de formação avançada da ANJE, o curso revelou-se um sucesso desde a sua primeira edição, contando com a participação de empresários, gestores, bem como quadros médios e superiores, do sexo masculino e feminino, oriundos das mais variadas áreas de negócio, desde a saúde à construção naval, passando pela banca, pela indústria e pelos serviços. A participação no TIL - Treino Intensivo de Liderança é limitada, pelo que a seleção dos participantes é feita de acordo com o cumprimento dos requisitos de frequência e com a ordem de inscrição. O curso de um custo de 1250 euros, para o público em geral, e de 1125 euros, para os associados da ANJE. Informações adicionais e inscrições em www.anje.pt/portal/til.
À semelhança de recrutas, os formandos veem as suas capacidades serem testadas ao máximo em sessões de treino físico e psicológico, que visam o reforço das principais aptidões da liderança: › Gestão de stress; › Gestão de conflitos e gestão de equipas; › Gestão do conhecimento; › Inteligência emocional e auto-controlo; › Motivação, influência e persuasão; › Comunicação assertiva; › Planeamento e estratégia; › Processos de tomada de decisão.
Março 2013 WE’BIZ 37
weLEARNING › FORMAÇÃO
Álvaro Faria
Tiago Henriques Coelho
Administrador da SAS Portugal - SAS Institute Software
Médico no Hospital de São João
Tendo frequentado alguns cursos de liderança, posso hoje afirmar que este foi o mais condensado e eficiente. Os conceitos de liderança - associados ao trabalho em equipa, aos valores éticos e ao exemplo, ao relacionamento com a diferença e aceitação da mesma, à competição honesta, à capacidade de superação individual e do grupo, ao desenvolvimento da autoestima e auto-confiança, ao planeamento e organização, à iniciativa e criatividade, à prática da auto-avaliação e avaliação dos outros, à gestão de meios e pessoas, à eficácia e excelência - foram mostrados e demonstrados de diversas formas. Recomendo este curso a líderes, gestores e dirigentes, chefes de equipa/unidades de negócio, bem como a chefes de projetos e de processos, professores e educadores
O curso de liderança foi uma intensa introspeção sobre os meus limites, as minhas fraquezas, os meus pontos fortes. Em apenas uma semana, toda a equipa docente conseguiu que eu elaborasse uma verdadeira radiografia sobre aquilo que sou, o modo como penso e como atuo em equipa e de forma individual. Foi uma das experiências mais marcantes que vivi como ser humano, porque na azáfama do dia-a-dia não temos tempo para este tipo de análises, nem tão-pouco estamos interessados em pôr à prova toda a nossa estrutura mental. Resultados? Foram muitos e sobretudo ficam para durar …não há semana que não relembre um dos ensinamentos, uma das provas, uma das aulas... Penso que este é o grande fulcro do curso - induzir mudanças no modo de agir. No meu caso resultou!
38 WE’BIZ Março 2013
FORMAÇÃO ‹ weLEARNING
Fátima Marcos
Hugo Belchior
Sócia gerente da Indício, Estudos de Mercado
CEO das startups Bwizer e Belpac
A liderança é sempre fundamental quando optamos por seguir a via profissional do empreendedorismo. É um dos aspetos basilares para o sucesso das empresas e ter formação nesse sentido, para melhorar e potenciar as competências do líder, acaba por ser inevitável. O curso de liderança da ANJE, pela sua componente prática e única nos ensinamentos de liderança militar, ajudou-me a dar o salto qualitativo que tanto procurava e precisava
O curso é, sem dúvida, um curso diferente: há uma vivência dos conceitos e não apenas uma apresentação teórica dos mesmos. A vivência num ambiente militar, a interação com elementos de uma organização na qual a liderança, ainda que num estilo diferente das empresas, é um fator fundamental, a partilha de experiências do mundo civil e militar, a carga física e psicológica a que os formandos são sujeitos, tudo se conjuga para que, de facto, seja um curso que acrescenta um valor significativo a quem o puder frequentar. Da minha experiência pessoal, e agora que já passaram alguns meses desde a formação, posso dizer que com frequência penso e revivo alguns dos ensinamentos. Destaco a gestão do stress, o planeamento e o trabalho de equipa. Não apenas por estas razões, mas desde logo por estas razões, este é um curso incontornável para quem quer realmente desenvolver competências de liderança e, assim, estar melhor preparado para enfrentar a “guerra” do mercado.
Março 2013 WE’BIZ 39
weTECH › TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
Top 10 das tendências tecnológicas de 2013 A inovação tecnológica impulsiona a evolução dos diferentes setores de atividade no mercado. Mas quais as tendências de futuro? O Conselho da Agenda Global para as Tecnologias Emergentes do Fórum Económico Mundial procurou dar resposta a esta questão, elegendo as dez promessas tecnológicas de 2013. Entre impressões de objetos tridimensionais, reatores nucleares de quarta geração e carros elétricos wireless, a lista reflete melhorias que permitem aos dez casos anunciados aspirar à produção em grande escala.
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Carros elétricos carregados em linha (OnLine Electric Vehicles – OLEV)
Os carros movidos a eletricidade são uma solução utilizada para evitar os custos crescentes dos combustíveis, mas a necessidade de efetuar paragens constantes para recarregar a bateria dos automóveis constitui um incómodo para os condutores. Na Coreia do Sul, mais concretamente em Seul, a solução tecnológica para o problema está a ser desenvolvida e testada. No futuro, os carros elétricos serão equipados com um dispositivo na parte inferior da sua estrutura e a energia será transmitida, durante o percurso, por cabos instalados abaixo do asfalto. Ao mesmo tempo que vai sendo carregada, a bateria do carro poupa energia para os momentos de circulação fora das faixas onde a tecnologia é aplicada. Através de um campo eletromagnético, os automóveis poderão receber a energia sem recorrer à utilização de fios para o carregamento, com níveis de eficiência de transmissão energética acima dos 80%. Assim, os carros elétricos do futuro precisarão de apenas um quinto da capacidade dos modelos atuais.
Autorregeneração de organismos não vivos A autorregeneração é um mecanismo de recuperação reconhecido exclusivamente aos humanos e restantes seres vivos, mas a biomimética pretende contrariar este facto através do desenvolvimento da capacidade de reestruturação em organismos não vivos. O aumento da durabilidade dos produtos, a redução do volume de matérias-primas utilizadas e a maior segurança inerente às estruturas desenvolvidas, em caso de danos materiais, serão algumas vantagens óbvias associadas à aplicação da nova tecnologia.
40 WE’BIZ Março 2013
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Impressões tridimensionais
A impressão tridimensional permite criar objetos físicos, a partir dos ficheiros digitais alojados nos computadores e é uma das principais novidades tecnológicas para o ano 2013. Construídos com recurso ao plástico, ligas metálicas e outros materiais, os objetos gerados pelas impressoras tridimensionais resultam de uma sobreposição de camadas compostas por estruturas sólidas e poderão determinar o futuro da indústria da manufatura.
Purificação da água através de métodos eficientes
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ‹ weTECH
Dióxido de carbono reutilizável
Nutrição e saúde molecular
As dúvidas geradas em torno da comercialização do dióxido de carbono constituem o principal obstáculo para aplicação das novas tecnologias de reconversão do composto químico. Entre as possibilidades oferecidas pela transformação do CO2 em produtos vendíveis, o Conselho da Agenda Global para as Tecnologias Emergentes realça a produção de combustíveis líquidos e químicos, baseada em sistemas de conversão solar de baixo custo, como uma solução económica e eficiente do ponto de vista energético.
Fenómeno dos sensores
Medicina molecular
Os sensores coordenam a relação entre o homem e o ambiente envolvente e têm vindo a ganhar espaço no mercado, nos diferentes setores de atividade. A medicina comprova esta tendência, através da aplicação dos dispositivos em processos como a medição contínua das pulsações cardíacas ou do nível do açúcar no sangue. Para o ano de 2013, o Conselho da Agenda Global para as Tecnologias Emergentes prevê novo crescimento na utilização e desenvolvimento tecnológico dos sensores. Uma das possibilidades destacadas é a redução da sinistralidade rodoviária, por exemplo, através do sistema de deteção de condutores à base de sensores.
Componentes eletrónicos orgânicos e fotovoltaicos
Reatores nucleares de quarta geração e reciclagem de lixo nuclear
Focado na alteração do paradigma dos dispositivos eletrónicos tradicionais, o Conselho da Agenda Global para as Tecnologias Emergentes realça os componentes eletrónicos. Trata-se de uma tipologia de impressos com materiais orgânicos, que criam circuitos ou dispositivos inovadores. Apesar das desvantagens desta nova tecnologia em relação à velocidade e densidade dos processos tradicionais, os preços reduzidos, a possibilidade de produção em baixa escala e a versatilidade tornam os componentes eletrónicos orgânicos num alvo apetecível para os mercados do futuro.
Março 2013 WE’BIZ 41
weNOW › ATUALIDADE
PAÍS “CIGARRA” NA INOVAÇÃO
Quanto aos impactos da inovação, Portugal está abaixo da média da Europa do Sul. Esta realidade é valida para todos os indicadores analisados pela COTEC: desde a incorporação da tecnologia à aplicação do conhecimento, passando pelo investimento e a envolvente institucional.
Portugal ocupa o 31º lugar num barómetro de inovação composto por 52 países Em 2012, o nosso país recuou uma posição no Barómetro de Inovação da COTEC. Portugal ocupa agora o 31.º posto entre 52 países, encontrando-se atrás de Espanha, Malta ou Eslovénia, por exemplo. Trata-se de um regresso a níveis de 2010, o que nos coloca seis posições abaixo da média global. Acresce que, pela primeira vez, ficámos atrás dos resultados médios obtidos pelos países da Europa Central e Oriental. Um dos indicadores do barómetro que mais penalizou Portugal foi o acesso a financiamento, que se tornou bem mais difícil com a crise. O ambiente institucional também se deteriorou, fruto da situação de dependência de ajuda externa em que se encontra o país. Refira-se que, no âmbito deste indicador, foi avaliada a eficiência judicial, que recebeu nota negativa.
Resultado: Portugal é considerado, pelo barómetro, um país “cigarra”, tal como Eslováquia, Espanha, Letónia, Lituânia, Polónia e Uruguai. Para a COTEC, os países são ainda classificados de “formiga” (com capacidade de trabalho e de concretização), “abelha” e “caracol”, de acordo com o perfil das respetivas economias.
SEIS PERFIS COMPORTAMENTAIS CIGARRA
Valor médio para o conjunto de Condições + Recursos, que não se materializa num valor do mesmo nível para o conjunto de Processos + Resultados. ABELHA
Valores médios elevados para ambos os conjuntos de dimensões Condições + Recursos e Processos + Resultados. CARACOL
Um dos indicadores do barómetro que mais penalizou Portugal foi o acesso a financiamento, que se tornou bem mais difícil com a crise. Ainda assim, Portugal conseguiu obter uma melhor avaliação no que respeita ao capital humano, graças a uma subida do nível de escolaridade entre os jovens (dos 20 aos 24 anos), à maior participação de adultos (dos 25 aos 64 anos) em programas de formação ao longo da vida e ainda pelo aumento do número de investigadores por milhão de habitantes.
Valores médios baixos para ambos os conjuntos de Condições + Recursos e Processos + Resultados. FORMIGA
capacidade de materializar o baixo valor médio do conjunto de dimensões Condições + Recursos, num valor médio elevado para o conjunto de Processos + Resultados. ARANHA
Equilíbrio entre os dois conjuntos de dimensões, Condições + Recursos e Processos + Resultados, pautando-se os mesmos por valores relativamente altos. LAGARTA
Equilíbrio entre os dois conjuntos de dimensões, apresentando os mesmos valores relativamente baixos
CAPITAL HUMANO
TIC
(Infra-estrutura e Utilização)
FINANCIAMENTO
CONDIÇÕES
RECURSOS INVESTIMENTO
ENVOLVENTE INSTITUCIONAL
MODELO DE INDICADORES DE IDI
NETWORKING E EMPREENDEDORISMO
IMPACTOS ECONÓMICOS
RESULTADOS
IMPACTOS DA INOVAÇÃO
42 WE’BIZ Março 2013
PROCESSOS
APLICAÇÃO DE CONHECIMENTO
INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA
ATUALIDADE ‹ weNOW
COTEC COMEMORA “ANO PORTUGUÊS DA INOVAÇÃO” Iniciativa assinala o 10º aniversário da associação empresarial Ao longo de 2013, a COTEC vai celebrar o “Ano Português da Inovação”. A iniciativa coincide com o 10.º aniversário desta associação empresarial e integra múltiplas ações, todas elas com o intuito de valorizar o papel da inovação na vida das empresas e na competitividade nacional. Durante o “Ano Português da Inovação”, que conta com o alto patrocínio do Presidente da República portuguesa, várias iniciativas que a COTEC desenvolve habitualmente ganham um outro élan e uma outra dimensão. Falamos, por exemplo, dos prémios Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa, Fomento do Empreendedorismo, PME Inovação ou Produto Inovação. Mas o momento alto do “Ano Português da Inovação” é a realização, no nosso país, do IX Encontro COTEC Europa, que reunirá as três associações parceiras (COTEC Portugal, Espanha e Itália) para discussão de temas relacionados com a inovação desenvolvida nos respetivos países.
GALARDÕES REFORÇADOS EM ANO DE INOVAÇÃO A celebração do “Ano da Inovação” confere um outro elán aos prémios da COTEC: › Empreendedorismo Inovador na Diáspora Portuguesa › Fomento do Empreendedorismo › PME Inovação › Produto Inovação
Março 2013 WE’BIZ 43
weNOW › ATUALIDADE
PME CORTARAM 40% NO INVESTIMENTO Dados do INE revelam forte contração do investimento efetuado em 2012 pelas micro, pequenas e médias empresas. Os efeitos da recessão fizeram-se sentir fortemente no investimento empresarial, designadamente o referente às sociedades de menor dimensão. Em 2012, e por comparação com o ano anterior, as micro e pequenas empresas portuguesas cortaram quase 40% nos seus investimentos. Para este ano, as perspetivas não são mais animadoras: espera-se novo corte da ordem dos 16%, valor que ainda pode ser mais alto se se confirmar a tendência de agravamento das previsões iniciais. No geral, o investimento empresarial em 2012 sofreu uma contração de 26,4%.
26,4% é o valor da contração geral do investimento empresarial em 2012
Os dados do investimento do ano transato são do INE, que os obteve através de um inquérito realizado junto de 3.676 empresas com mais de quatro trabalhadores, entre início de outubro de 2012 e meados de janeiro de 2013. Nesse estudo, o INE constatou que os empresários antecipam para 2013 mais um ano de desinvestimento, com consequências perniciosas ao nível da criação de riqueza e emprego. A menor disponibilidade para investir é justificada, sobretudo, pela deterioração das perspetivas de vendas e pelas dificuldades de acesso ao crédito.
A menor disponibilidade para investir é justificada, sobretudo, pela deterioração das perspetivas de vendas e pelas dificuldades de acesso ao crédito.
Setores mais afetados › Construção (-44,8%)
› Transportes (-39,2%)
Refira-se, a propósito, que as PME são responsáveis por 79% do emprego total na economia não financeira (mais de três milhões de trabalhadores) e por 65% dos salários pagos em Portugal. Além disso, as cerca de 1,1 milhões de sociedades de pequena dimensão representam 61% do volume negócios nacional. Os setores onde a queda no investimento foi maior são os da construção (-44,8%), dos transportes (-39,2%) e do comércio e das oficinas de automóveis (ambos com um corte de 39,1%). Para este ano, a previsão inicial aponta para uma redução de 4,2% no investimento total, com a construção uma vez mais a liderar a queda (-44,8%), seguida dos setores da restauração e do alojamento (-24,7%).
44 WE’BIZ Março 2013
› Comércio e Oficinas de Automóveis (-39,1%)
ATUALIDADE ‹ weNOW
CALÇADO NACIONAL CONTINUA A BATER RECORDES São passos firmes e dignos de gigante: o setor do calçado exporta 95 % da sua produção para os cinco continentes e está presente em mais de 130 mercados, entre os quais se destacam Rússia, Japão, EUA e Canadá. O calçado representa uma das principais fontes de receita da economia nacional, tendo registado um aumento de 4,5 % no volume de exportações concretizadas durante o ano 2012. Os dados são veiculados pela Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) e confirmam as previsões que anteviam um cenário de crescimento.
23,8% é o valor do aumento das exportações no quarto trimestre de 2012
4,5 % é a variação positiva regista ao nível do volume de exportações o maior crescimento registado desde 2009.
Após a divulgação dos 1560 milhões de euros de faturação registados nos primeiros 11 meses do ano de 2012, com um crescimento de 3,7 % em relação a igual período do ano anterior, os agentes do setor esperavam já novidades positivas para a indústria do calçado. Ainda assim, os números espelham mais do que uma evolução positiva e superam as expectativas dos produtores, com as exportações do quarto trimestre a protagonizar um aumento de 23,8%,
1 e 1,5 pontos percentuais, os novos mercados estrangeiros asseguraram aos produtores nacionais o escoamento de mais 35 % dos sapatos produzidos, comparativamente com os primeiros 11 meses de 2011. Portugal tem agora um setor que exporta 95 % da sua produção para os cinco continentes e está presente em mais de 130 mercados. Entre eles, Rússia, Japão, Estados Unidos da América e Canadá assumem papel de destaque. A maior aposta dos produtores na internacionalização pretende contornar as barreiras impostas pelo mercado interno, com mais jovens empresas mas reconhecidas dificuldades
Os novos mercados estrangeiros asseguraram aos produtores nacionais o escoamento de mais 35 % dos sapatos produzidos levantadas pelo atual contexto económico e político do país. Reconhecida internacionalmente, a qualidade do calçado “made in Portugal” está também patente na sua capacidade para suplantar dificuldades como a escassez de mão de obra qualificada no setor em território nacional e o limitado acesso às matérias primas. A família Middleton, confessa admiradora do trabalho da marca portuguesa Helsar, assim como a princesa espanhola Letizia Ortiz e a primeira-dama norte-americana, Michelle Obama, ambas fãs das criações de Luis Onofre, são apenas alguns exemplos da notoriedade conquistada além-fronteiras pela indústria de sapatos portuguesa. Relativamente a 2013, e no seguimento dos resultados alcançados nos últimos três meses do ano passado, são igualmente positivas as expectativas depositadas pelos agentes industriais do calçado nos números referentes a encomendas e volume de negócios.
Entre múltiplas razões associadas ao sucesso da indústria nacional de sapatos, a APICCAPS destaca o maior investimento dos fabricantes na comunicação e divulgação das marcas portuguesas em novos mercados internacionais. Apesar do aumento dos níveis de exportação no mercado comunitário ter correspondido apenas a uma variação entre
Março 2013 WE’BIZ 45
AGENDA 2013
ABRIL / MAIO / JUNHO
46 WE’BIZ Março 2013
AGENDA DESTAQUE
Conferência de empreendedorismo tecnológico com GURU NORTE-AMERICANO Howard E. Aldrich, Global Award for Entrepreneurship Research e docente na universidade da Carolina do Norte, será o keynote speaker da Conferência de Empreendedorismo Tecnológico, promovida pela ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários, no próximo dia 28 de maio, pelas 09h00, na Sala Suggia da Casa da Música, no Porto. Para além de refletir sobre os desafios que se impõem no setor das TICE, a iniciativa vai apresentar as seis startups criadas com o apoio do projeto TEC-Empreende – programa de fomento da iniciativa empresarial tecnológica, da responsabilidade da ANJE e do INESC. De olhos postos nos mercados internacionais, a Conferência de Empreendedorismo Tecnológico reunirá um conjunto de renomados oradores, do contexto empresarial, político, académico e associativo, para debater um conjunto de temáticas essenciais à expansão das tecnológicas lusas além-fronteiras. “Mundo Global de Oportunidades”, “Mercados Emergentes” e “Estratégias Internacionais” serão as principais temáticas de um evento que não
esquecerá também as mais recentes tendências ao nível dos modelos e estratégias de gestão. Ao testemunho do guru do empreendedorismo americano e das startups geradas no âmbito do TecEmpreende juntar-se-ão ainda alguns exemplos de sucesso em matéria de empreendedorismo jovem e inovador. João Barros, empreendedor e professor universitário (Universidade do Porto e Porto Business School) será também keynote speaker desta conferência, juntando-se a nomes como Eduardo Carqueja (Appgeneration), Bruno Carvalho (Active Space Technologies), Nuno Freitas (Mezzolab), José Vital Morgado (AICEP), Miguel Vicente (Microsoft), Nuno Miller (Farfetch.com) e João Rafael Koehler (Colquimica). O encerramento da Conferência de Empreendedorismo Tecnológico será antecedido de uma sessão de apresentação dos projetos finalistas do TEC-Empreende, o programa que dá mote à realização do evento. Kognit, Grabmark, Top Research, Sensorial Fit, Bewarket e JoinIT são as seis startups apuradas para a fase final
do projeto que se propôs acompanhar um conjunto de ideias tecnológicas desde a sua fase mais embrionária até ao lançamento nos mercados internacionais.
Conferência de Empreendedorismo Tecnológico
Cidade: Porto Data: 28 de maio Promotor: ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários e INESC Preço: Gratuito Inscrições: http://tecempreende.anje.pt/ Contacto: suzanaalipio@anje.pt
Março 2013 WE’BIZ 47
weNEXT › AGENDA
ABRIL 2013 8ª edição do Beta Start
Cidade: Lisboa Data: 5 de abril Promotores: Beta-i Preço: 600 euros (valor de inscrição por equipa) ; 250 euros (valor da inscrição individual) Inscrições: http://beta-start.com/index.html Contacto: start@beta-i.pt A oitava edição do Beta Start decorre em Lisboa no dia 5 de abril e pretende facilitar o financiamento de novos projetos e ideias de negócio, reforçando as competências de team building entre os empreendedores.
Startup Live Lisbon
Cidade: Lisboa Data: 5 a 7 de abril Promotores: Busii - Clube de empreendedores do ISCTE-IUL Preço: ---Inscrições: www.startuplive.in Contacto: www.startuplive.in O Startup Live Lisbon decorre entre 5 e 7 de abril, no edifício da Startup em Lisboa e junta empreendedores, mentores e especialistas num evento de promoção à iniciativa empresarial.
5ª edição do Prémio Nacional de Indústrias Criativas Encerramento Candidaturas
Cidade: Porto Data: 7 de abril Promotores: Unicer e Fundação Serralves Preço: ---Inscrições: http://industriascriativas.com/ Contacto: alexandra.mariz@industriascriativas.com/ serralves@industriascriativas.com Ideias e projetos criativos e inovadores com viabilidade económica e financeira é o que procura o Prémio Nacional de Indústrias Criativas. As candidaturas da iniciativa promovida pela Unicer e a Fundação de Serralves estão abertas até ao dia 7 de abril.
Workshop “Ser Empreendedor é uma alternativa a minha situação actual? ” 48 WE’BIZ Março 2013
Cidade: Lisboa Data: 8 de abril Promotores: João Sem Medo Center e Câmara Municipal de Lisboa Preço: Gratuito Inscrições: http://www.eventbrite.pt/ event/5934595535/eorg Contacto: http://joaosemmedo.org No âmbito do Ciclo de formações “Todos podem aprender Empreendedorismo”, o João Sem Medo Center, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, organiza o workshop “Ser Empreendedor é uma alternativa a minha situação actual?”. O evento decorre no dia 8 de abril, na Junta da Freguesia de Benfica, e pretende difundir a prática empreendedora na capital portuguesa.
Workshop “Internacionalização de PME”
Cidade: Porto Data: 8 de abril Promotores: ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários Preço: Gratuito Inscrições: www.anje.pt Contacto: internacional@anje.pt A ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários promove, no dia 8 de abril, o workshop “Internacionalização de PME”. A iniciativa vai decorrer na sede da associação no Porto e pretende fornecer informação detalhada sobre as diversas ações previstas no programa de internacionalização Get Out 2013.
“Portugal Youth to Business Forum”
Cidade: Lisboa Data: 13 de abril Promotores: AIESEC Preço: 15 euros – estudantes ; 30 euros – público geral Inscrições: http://y2b.aiesec.pt Contacto: youth2business@aiesec.pt O ISCTE recebe no dia 13 de abril, a conferência “Portugal Youth to Business Forum”. O evento organizado pela AIESEC visa dotar os inscritos de competências e conhecimentos relativos à prática empreendedora, através de workshops, palestras e testemunhos de empreendedores de sucesso.
Exit Talks - Conversas sobre exportação
Cidade: Aveiro Data: 15 e 16 de abril
Promotores: Universidade de Aveiro e AICEP Preço: Variável - de 20 a 30 euros Inscrições: http://www.exittalks.pt/inscricoes.html Contacto: info@exittalks.pt A Universidade de Aveiro vai receber nos dias 15 e 16 de abril, as “Exit Talks – Conversas sobre Exportação”. Entre workshops, debates e conversas, os participantes poderão adquirir competências essenciais à internacionalização de qualquer negócio.
Missão de Prospeção ao Brasil
Cidade: Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais Data: 21 a 24 de abril Promotores: ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários Preço: 2800 euros Inscrições: www.anje.pt Contacto: internacional@anje.pt A ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários promove, entre os dias 21 e 24 de abril, uma missão de prospeção no Brasil. A viagem distingue-se pela participação no 7º Encontro de Negócios na Língua Portuguesa, realizado por esses dias na cidade de Belo Horizonte, Estado de Minas Gerais.
3ª edição das Conferências Portugal Global Cidade: Braga Data: 30 de abril Promotores: AICEP Preço: Gratuito Inscrições: http://www.portugalglobal.pt/ Contacto: http://www.portugalglobal.pt/ A Universidade do Minho recebe a 3ª edição das Conferências Portugal Global, no próximo dia 30 de abril. A difusão de boas práticas de atuação nos mercados internacionais e a identificação de novas oportunidades de negócio são duas metas da iniciativa.
MAIO 2013 I Encontro Internacional da Rede PAEX – Partners for Excellence
Cidade: Porto Datas: 5 a 7 de maio
AGENDA ‹ weNEXT Promotores: Porto Business School e Fundação Dom Cabral Preço: ---Inscrições: http://www.pbs.up.pt Contacto: geral@pbs.up.pt A Porto Business School, em parceira com a Fundação Dom Cabral, promove o1º Encontro Internacional da Rede PAEX – Partners of Excellence, entre os dias 5 e 7 de maio em diversos pontos da cidade do Porto. A iniciativa pretende debater a situação económica atual e gerar soluções assentes na inovação tecnológica.
2ª edição da Semana do Empreendedorismo
Cidade: Lisboa Datas: 6 a 10 de maio Promotores: Câmara Municipal de Lisboa Preço: ---Inscrições: http://www.cm-lisboa.pt Contacto: http://www.cm-lisboa.pt A Câmara Municipal de Lisboa organiza entre os dias 6 e 10 de maio, a 2ª edição da Semana do Empreendedorismo. Entre workshops, conferências e partilha de casos de sucesso, o evento reúne 25 iniciativas dedicadas à iniciativa empresarial.
Comemoração Dia da Europa Cidade: Lisboa Datas: 9 de maio Promotores: Representação da Comissão Europeia em Portugal e Gabinete do Parlamento Europeu Preço: Gratuito Inscrições: http://www.eiseverywhere.com/ Contacto: bolsadoempreendedorismo@gmail.com A Comissão Europeia comemora o Dia da Europa no dia 9 de maio na Aula Magna da Universidade de Lisboa, com uma nova edição da Bolsa do Empreendedorismo, lançada em 2012. A iniciativa oferece prémios no valor total de 15 mil euros e permite aos empreendedores apresentar novas ideias de negócio, desenvolver redes de contactos e receber formação ou aconselhamento gratuito de especialistas.
Prémio EDP Inovação 2013 Encerramento de Candidaturas // Divulgação dos Projetos Préselecionados Cidade: Porto Datas: 13 e 24 de maio Promotores: EDP Preço: Gratuito
Inscrições: http://www.premioedpinovacao.edp.pt/ Contacto: http://www.premioedpinovacao.edp.pt/ O Prémio EDP Inovação 2013 procura projetos empreendedores e inovadores no setor da energia e encerra o prazo de apresentação de candidaturas no dia 13 de maio. Mais tarde, no dia 24 de maio, serão divulgados os nomes dos projetos pré selecionados para a fase de formação do concurso.
New Business Accelerator
Cidade: Coimbra Datas: 16 e 17 de maio Promotores: ANJE Preço: Gratuito Inscrições: http://www.anje.pt/portal/acceleratorcoimbra Contacto: NunoGaspar@anje.pt A ANJE, no âmbito do Projeto Inovação Portugal e com o apoio de vários players estratégicos do ecossistema empreendedor nacional, promove um conjunto de workshops do programa “New Business Accelerator”, nos dias 16 e 17 de maio, em Coimbra. O objetivo é recolher novas ideias de negócio suscetíveis de serem lançadas no mercado.
TEDxAveiro
Cidade: Aveiro Datas: 18 de maio Promotores: TED Preço: 40 euros até 5 de maio e 50 euros após o dia 5 de maio Inscrições: http://www.tedxaveiro.com/index. php?id=7 Contacto: info@tedxaveiro.com O TedxAveiro acontece dia 18 de maio, no auditório da reitoria da Universidade de Aveiro, e oferece quatro painéis temáticos para incentivar os participantes a estimular uma atitude criativa e empreendedora.
XV Festival do Clube dos Criativos de Portugal
Cidade: Lisboa Datas: 21 a 26 de maio Promotores: Clube de Criativos de Portugal Preço: ---Inscrições: http://xvfestivalccp.com/ Contacto: geral@clubecriativos.com A 15ª edição do Festival do Clube dos Criativos de Portugal decorre entre 21 e 26 de maio, por vários espaços da cidade de Lisboa. Sob o tema o “Desconforto faz-te crescer”, o certame pretende reunir iniciativas ou ideias criativas associadas ao comércio nacional.
Jornadas Tecnológicas 2013
Cidade: Maia Datas: 25 de maio Promotores: Revista “O Electricista” Preço: 50 euros Inscrições: http://jornadastecnologicas.pt/#href7 Contacto: geral@cie-comunicacao.pt As Jornadas Tecnológicas 2013 decorrem no dia 25 de maio, no Parque Tecnológico da Maia – Tecmaia. A iniciativa assume um formato técnico e de formação e funciona como uma grande montra do setor eletrotécnico.
Festival de Inovação e Criatividade (Warm up)
Cidade: Lisboa Datas: 29 e 30 de maio Promotores: Associação Industrial Portuguesa Preço: Preço normal – 80 euros; Preço reduzido – 66 euros (Universidades /Associações de ex-alunos de MBA/ Associações profissionais) e Web Conference – 40 euros Inscrições: http://www.festivalin.pt/inscrever/ Contacto: festival-in@aip.pt
JUNHO 2013 Workshop “Empreendedorismo Social: um caminho para o autoemprego”
Cidade: Braga Datas: 1 de junho Promotores: Departamento de Pós-graduação da Associação Académica da Universidade do Minho Preço: 50 euros – público geral ; 40 euros – estudantes da UM; 30 euros – sócios da AAUM Inscrições: http://liftoff.aaum.pt Contacto: liftoff@aaum.pt O workshop “Empreendedorismo Social: um caminho para o autoemprego” decorre na Universidade do Minho, no dia 1 de junho, e visa desenvolver as competências e know-how dos participantes na área do empreendedorismo social.
Workshop “Desafios do Empreendedorismo Cultural”
Cidade: Lisboa e Porto Datas: 3 e 5 de junho
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weNEXT › AGENDA Promotores: Direção-Geral das Artes, Teatro Nacional de S. João e o Instituto Superior de Economia e Gestão Preço: 15 euros Inscrições: http://www.dgartes.pt/ Contacto: http://www.dgartes.pt/ O workshop “Desafios do Empreendedorismo Cultural” decorre nos dias 3 e 5 de junho, no Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa e no Mosteiro de São Bento da Vitória, no Porto, respetivamente. A iniciativa pretende refletir sobre o estado atual da arte em Portugal e gerar soluções inovadoras para a evolução do setor no futuro.
Summer Business Drink
Cidade: Lisboa Datas: 6 de junho Promotores: ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários, Câmara de Comércio Portugal-Holanda, Câmara de Comércio Portugal, Câmara de Comércio e Indústria Suíça em Portugal, Câmara de Comércio Luso-Sueca e Câmara de Comércio Luso-Finlandesa. Preço: Gratuito Inscrições: http://www.anje.pt/ Contacto: associados@anje.pt Networking e oportunidades de negócio à escala global é o que propõe o Summer Business Drink, que acontece dia 6 de junho, pelas 18h30, no Veleiro Leão Holandês.
World Failurists Congress
Cidade: Matosinhos Datas: 15 de junho Promotores: World Failurist Congress Preço: 5 euros Inscrições: http://www.wfc.pt Contacto: info@wfc.pt O World Failurists Congress acontece no dia 15 de junho, no auditório da Associação Empresarial de Portugal, em Leça da Palmeira. O evento inverte a tendência normal dos grandes eventos de empreendedorismo e destaca negócios e iniciativas mal sucedidas para que os empreendedores possam aprender com o insucesso de outras experiências.
Beta Talk Coimbra
Cidade: Coimbra Datas: 16 de junho Promotores: Beta-i e Connect Coimbra Preço: Gratuito Inscrições: http://connectcoimbra.com Contacto: http://connectcoimbra.com No próximo dia 16 de junho realiza-se em Coimbra 50 WE’BIZ Março 2013
mais uma Beta Talk. O objetivo da iniciativa é ensinar aos empreendedores como captar financiamento, viabilizar e concretizar novas ideias de negócio.
Seminário “Empreendedorismo, criatividade e Reconhecimento da Pessoa”
Cidade: Nazaré Datas: 19 de junho Promotores: Cfae, UGT e Câmara da Nazaré Preço: Gratuito Inscrições: http://www.cm-nazare.pt Contacto: http://www.cm-nazare.pt O auditório da Biblioteca Municipal da Nazaré recebe, no dia 19 de Junho, o seminário “Empreendedorismo, criatividade e Reconhecimento da Pessoa”. A iniciativa, integrada no ciclo de seminários “Educação, Trabalho e Empreendedorismo” tem como objetivo principal o estímulo à iniciativa empresarial na região.
Liftoff Working Ideas
Cidade: Lisboa e Porto Datas: 21 de junho a 5 de julho Promotores: Liftoff – gabinete do empreendedor da Associação Académica do Minho Preço: Gratuito Inscrições: http://liftoff.aaum.pt Contacto: liftoff@aaum.pt O projeto Working Ideas tem início agendado para o dia 21 de junho e pretende impulsionar a criação e desenvolvimento de ideias de negócio, através da ação de empreendedores organizados em equipa.
“Como desenvolver um plano de negócios?”
Cidade: Lisboa Datas: 25 a 27 de junho Promotores: ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários Preço: Associados – 100 euros ; Não associados – 120 euros Inscrições: http://www.anje.pt/ Contacto: juditeferreira@anje.pt Entre os dias 25 e 27 de junho, a ANJE organiza o curso “Como desenvolver um plano de negócios?”. A formação, com oito horas de duração, vai decorrer nas instalações da associação em Algés e visa informar os empresários sobre as noções e estruturas base, para o desenvolvimento de um plano de negócios.
Connect Open Day
Cidade: Coimbra Datas: 26 de junho Promotores: Connect Coimbra Preço: Gratuito Inscrições: O evento não obriga a inscrição. Contacto: http://connectcoimbra.com O próximo Connect Open Day tem data marcada para o dia 26 de junho. A iniciativa promovida pela Connect Coimbra permite aos interessados trabalhar um dia num ambiente informal e de coworking, que estimula a prática empreendedora.
Expo Interfranchising 2013
Cidade: Pombal Datas: 29 e 30 de junho Promotores: Interfranchising, Câmara Municipal de Pombal, Associação de Desenvolvimento e Iniciativas Locais de Pombal, Associação Nacional de Franchising e AICEP. Preço: ---Inscrições: http://expo.interfranchising.net Contacto: info@interfranchising.net A Expo Interfranchising 2013 decorre nos dias 29 e 30 de junho, em Pombal, e procura reunir investidores, empresários e empreendedores numa mostra de marcas nacionais e internacionais, que permite simultaneamente identificar novas oportunidades de negócio.
weTHINK › OPINIÃO
OPINIÃO MANUEL LOPES TEIXEIRA
Presidente da Comissão Executiva da ANJE
Investir em contraciclo Em conjunturas económicas desfavoráveis, o consumo privado retrai-se, os benefícios fiscais ao investimento são menores, os fatores de produção mais caros e o acesso ao crédito bem mais difícil. Tudo isto é verdade. Mas as dificuldades servem para aguçar o engenho e, muitas vezes, as grandes oportunidades de negócio surgem em períodos de crise. Até porque é nestas ocasiões que as necessidades do mercado mais se alteram, podendo essa mudança ser aproveitada pelos empreendedores. No fundo, ter uma ideia de negócio não é muito mais do que identificar um problema e encontrar uma solução para ele. Ora, em conjunturas socialmente complexas, é natural que as pessoas se confrontem com novos problemas no seu dia a dia. Por conseguinte, cabe aos empreendedores procurar soluções para esses novos problemas que sejam exequíveis e, consequentemente, que tenham potencial económico. Isto significa ir de encontro às necessidades do mercado, com o intuito de as satisfazer através de negócios rentáveis. Saber antecipar as necessidades do mercado afigura-se, portanto, como um dos principais trunfos de quem investe. O outro é o fator surpresa, cujo efeito se obtém sobretudo quando o mercado está estagnado e a concorrência adormecida – ou seja, em momentos de menor fulgor económico. Neste sentido, o investimento em contraciclo não é necessariamente descabido ou imprudente, desde que os empreendedores percebem o funcionamento do mercado em recessão e antevejam as atitudes de quem compra.
Há, pois, que ter em conta as mudanças comportamentais num contexto de recessão económica. Como existe menos dinheiro disponível, os consumidores tendem a ser mais seletivos nas suas compras. Passam a procurar sobretudo bens e serviços de utilidade imediata e durabilidade comprovada, com boa relação preço/qualidade e com capacidade para gerar emoções – designadamente, estimular a autoestima em momentos difíceis como são os de crise. Por outro lado, e mais importante ainda, os consumidores privilegiam, nesta sua criteriosa seleção, os bens e serviços que incorporam elementos diferenciadores. Por isso, não é só preciso saber fazer bem. Tão ou mais importante é saber fazer diferente, o que exige muita criatividade e capacidade de inovação. Em contexto empresarial, a criatividade consiste em transformar capital intelectual (talento, cultura, emoções, arte…) em valor real para o negócio. Quer isto dizer que a criatividade faz gerar ideias e protótipos que, através de um processo de inovação, resultam em novos produtos ou serviços. Neste pressuposto, a inovação resume-se à aplicação de conhecimento em soluções de negócio concretas, comercializáveis… e diferentes. Estes dois conceitos, inovação e criatividade, andam então lado a lado e são eles que, em boa medida, determinam a competitividade de um negócio e o tornam potencialmente rentável mesmo em conjunturas de crise.
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weFIND › OPORTUNIDADES
Empreender no feminino Formação e consultoria especializada de suporte ao empreendedorismo feminino é o que propõe o JENE - Jovens Empreendedoras para Novas Empresas. Muito além de um programa de formação com vista à capacitação das empreendedoras, o programa JENE - Jovens Empreendedoras para novas empresas proporciona consultoria de suporte à conversão de ideias em negócios. Dirigindo-se às empreendedoras da região de Lisboa e Vale do Tejo que procuram apoios com vista à criação de uma empresa, a ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários recebe, até 19 de maio, candidaturas para avançar com mais uma edição do JENE, a concretizar nas instalações da associação, em Algés.
Marketing, Enquadramento Jurídico e Fiscal da Atividade, Ética e Responsabilidade Social nas Empresas e ainda Gestão do Tempo e Produtividade Pessoal. O objetivo é munir as empreendedoras dos conhecimentos necessários à criação e gestão de um negócio próprio.
O projecto JENE - Jovens Empreendedoras para Novas Empresas tem como principal propósito combater as assimetrias entre mulheres e homens em matéria de empreendedorismo e de atividade empresarial. Dirigido a jovens mulheres, o programa visa criar um conjunto integrado de instrumentos que possibilitem e incentivem o acesso à função empresarial, apoiando a criação de novos negócios. Uma das características distintivas do projeto é a modalidade de formação escolhida que, contrariamente às convencionais, não se esgota na sala de aula e na mera transmissão de conceitos e conhecimentos por parte dos formadores. Trata-se de um programa de formação/ ação, que complementa os momentos formativos em empreendedorismo com períodos distinto de consultoria.
O JENE pretende atingir o universo das mulheres ativas, desempregadas ou à procura de primeiro emprego, com escolaridade de nível superior (licenciatura ou bacharelato) e que pretendam desenvolver uma atividade ou projeto empresarial.
Com a duração máxima de dez meses, o JENE incorpora três fases distintas: formação, tutoria e suporte à criação de redes interempresas. No campo da formação, estão previstas 194 horas, envolvendo quatro módulos específicos: Igualdade de Género, Gestão, Relações Interpessoais, Liderança e Tecnologias de Informação e Comunicação. Destaque particular para os conteúdos veiculados no campo temático da Gestão, a saber: Estratégia Empresarial, Inovação, Criatividade e Competitividade, Gestão Financeira, Marketing e Gestão de
Muito para lá da formação-ação Ao longo dos vários programas JENE realizados, para lá do suporte ao desenvolvimento de competências pessoais e profissionais essenciais ao bom desempenho no mundo dos negócios, a ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários prestou auxílio ao nível técnicoempresarial e logístico, de modo a facilitar a criação das empresas. Um apoio ao qual a associação se propõe dar continuidade, acompanhando as empresárias no desenvolvimento dos seus negócios, através de serviços de incubação a baixo custo, formação complementar nas mais diversas áreas de qualificação, serviços consultivos especializados, acesso a instrumentos financeiros, bem como informação e contactos de relevo para o exercício da atividade empresarial, num ambiente associativo propício ao crescimento de sinergias. Para a ANJE, a promoção do empreendedorismo feminino e a criação de novos negócios por parte de gestoras qualificadas para a atividade empresarial, com base em planos de negócio sustentados e promissores afiguram-se também como grandes vantagens do JENE.
52 WE’BIZ Março 2013
Destinatárias
Já no campo específico da tutoria, consultoria e assistência técnica individualizada, que constitui a segunda fase do JENE, estão previstas 80 horas de apoio, por empresa. Nesta etapa, as empreendedoras são apoiadas na elaboração do plano de negócios, recebendo o suporte necessário ao desenvolvimento de competências pessoais e profissionais essenciais ao bom desempenho no mundo dos negócios. Durante o período de arranque dos novos negócios, cabe à ANJE prestar auxílio ao nível técnico-empresarial e logístico, de modo a facilitar a criação das empresas. Por fim, as ações de suporte à criação de redes interempresas, que compõem a terceira e última fase do JENE, visam proporcionar uma plataforma facilitadora do acesso à informação, preferencialmente por via eletrónica. Informação essa que deverá também diferenciar-se pela aplicabilidade prática e adequação às necessidades específicas das empreendedores. Falamos de temas dão diversos como formação, mercados ou oportunidades de financiamento e negócio. Por interposto desta rede interempresas pretende-se ainda estimular a troca de experiências entre as empresárias, de modo a potenciar o networking empresarial e o desenvolvimento dos negócios criados. O JENE é programa sem custos associados para as participantes, visto ser financiando pelo POPH – Programa Operacional Potencial Humano (tipologia 7.6 - Apoio ao Empreendedorismo, Associativismo e Criação de Redes Empresariais de Atividades Económicas Geridas por Mulheres). Se tem uma ideia de negócio e procura uma oportunidade para criar a sua própria empresa, com o acompanhamento especializado de formadores e consultores, pode candidatarse a este programa online, bastando para o efeito preencher o formulário disponível na página www.anje.pt.
OPORTUNIDADES ‹ weFIND
Building Innovators: inovação, criatividade e um milhão de euros Competição prevê a atribuição de um milhão de euros e a prestação de serviços de mentoring e consultoria às equipas vencedoras de cada uma das quatro categorias a concurso. A 4ª edição da Building Global Innovators, competição de apoio e fomento ao empreendedorismo, encerra o período de candidaturas a 31 de maio e assegura vantagens estratégicas e financeiras para os empreendedores nacionais e estrangeiros. O concurso promovido pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa e pelo Programa MIT Portugal, em parceria com o Deshpande Center for Innovation, o The Martin Trust Center for MIT Entrepreneurship e a Caixa Capital (Grupo Caixa Geral de Depósitos) está estruturado em cinco fases e promove a aceleração de negócios em diferentes setores do mercado. Após o sucesso das três primeiras edições, o Building Global Innovators oferece uma nova oportunidade aos empreendedores e startups com menos de cinco anos de existência e volume de faturação inferior a 2,5 milhões de euros. A aproximação entre investidores e empreendedores, através da difusão de ideias de negócio ou projetos que apresentem perspetivas de rápida adaptação e evolução no mercado global é o principal propósito da competição. Tecnologias de Saúde, Cidade Inteligente, Tecnologias de Informação e Web e Produtos de Consumo e Serviços são as designações das quatro categorias (ver caixa) que dão forma à competição, a qual não restringe a participação de empreendedores estrangeiros. Através da Building Global Innovators, os projetos das quatro startups ou spin outs universitárias vencedoras poderão aceder ao financiamento das ideias de negócio sugeridas, com quantias que podem atingir um milhão de euros. No entanto, parte das operações das empresas criadas ou por criar têm de estar localizadas em Portugal, sob o regime de smart specialization.
Do coaching aos bootcamps internacionais O coaching e mentoring são outras vantagens oferecidas pelo Building Global Innovators, através da oferta de mais de mil horas de capacitação, sustentadas por uma rede de catalisadores de negócios internacionais. Ao longo das cinco fases constituintes do concurso, está agendada a participação em atividades formativas como sessões privadas de investimento e bootcamps internacionais. A participação no concurso obriga os empreendedores e startups inscritas à dedicação exclusiva aos projetos sugeridos e o prazo para a apresentação de candidaturas encerra no dia 31 de maio. Desde a sua criação, o Building Global Innovators já ofereceu mais de três mil horas de formação e possibilitou a formação intensiva de 60 semi-finalistas. A competição gerou 47 novas empresas e 150 postos de trabalho, num total de mais de 15 milhões de euros de investimento angariados na difusão da prática empreendedora.
Categorias da Competição › TECNOLOGIAS DE SAÚDE empresas e projetos dedicados aos biomateriais, terapêuticos, dispositivos médicos, biotecnologia, diagnósticos e instrumentos › CIDADE INTELIGENTE empresas e projetos ligados à energia, aos transportes, com foco em energias renováveis, incluindo fontes inexploradas. › TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E WEB empresas e projetos direcionadas à eficiência e facilitação dos processos dos negócios e consumidores, com soluções assentes na Web e nas Tecnologias de Informação. › PRODUTOS DE CONSUMO E SERVIÇOS empresas e projetos que visem satisfazer uma ampla gama de necessidades dos consumidores e empresas que vão desde novos materiais de engenharia às tecnologias de água, passando por processos para aplicações de consumo de alta tecnologia.
Etapas 1. Apresentação de candidaturas › sumário executivo; › resumo e breve apresentação do projeto (powerpoint ou vídeo); › curriculum vitae da equipa. 2. Seleção dos semi-finalistas de categoria › convite aos semi-finalistas para integração das equipas empreendedoras e frequência de um programa de formação sobre skills e ferramentas de empreendedorismo. 3. Seleção dos Finalistas de categoria › A seleção do finalista de cada categoria é efetuada após segunda ronda de apresentação de projetos. 4. Grande Final › integração dos finalistas no programa catalisador; › apresentação de projeto ao júri e definição do grande vencedor entre os finalistas. 5. Venture Stage › materialização de negócios e execução das estratégias de inserção no mercado delineadas ao longo das horas de formação
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weFIND › OPORTUNIDADES
Franchising: tudo o que precisa de saber para avaliar uma oportunidade Se vê no franchising uma oportunidade para empreender ou para expandir a sua marca, o melhor será investir um pouco no conhecimento deste modelo de negócio. Ponderando tendências e oportunidades, e socorrendo-se da experiência que possui ao nível do contacto com os jovens empreendedores, Mónica Veloso, advogada que integra a Unidade de Empreendedorismo da ANJE, afirma que, “nos dias de hoje, o grande desafio que se coloca ao empresário português neste âmbito consiste em criar a sua própria marca, desenvolver o seu conceito de negócio e, após consolidação no mercado, franchisá-lo”. Entre especificidades contratuais e muitas terminologias específicas, são várias as dúvidas que se impõem. Acompanhe-nos neste breve tutorial pelo mundo do franchising.
Aspetos a ponderar para franchisar uma marca 1. Definição do conceito de negócio 2. Rede - ponderação do fator de multiplicação da rede Quantas unidades franchisadas o território comporta? Nesta fase, é necessário definir a área de concessão (área de influência) e proceder à avaliação do mercado. É tempo de avaliar a dimensão da rede e do número de unidades a franchisar para se proceder à comercialização do franchising, a qual passa por ordenar geograficamente as unidades. 3. Testar a viabilidade económicofinanceira: a) Do negócio propriamente dito b) Da rede › Criar uma unidade piloto › Gestão do negócio/rede › Proveitos (direitos de entrada e royalties) 4. Plano Operacional – instalação de uma unidade piloto Objetivo: testar e provar a viabilidade do conceito do negócio antes do início do processo de contratação de franchisados e da criação da própria rede. 5. Criar Manuais de Procedimento/ Operações “Package-deal” a) Para o franchisador/rede b) Para os franchisados/ postos de venda
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“A marca deve estar devidamente registada. Constitui a mais-valia de um negócio de franchising, uma vez que é um dos sinais que agrega maior número de clientela e que tem maior impacto no mercado. Uma marca bem estruturada e com um conceito bem definido são fatores que constituem uma garantia de êxito comercial para eventuais franchisados”, afirma Mónica Veloso.
6. Know-how A experiência acumulada no negócio mostra-se imprescindível ao sucesso do mesmo, constituindo uma garantia na angariação de franchisados, na conquista de uma clientela mais vasta e, consequentemente, no sucesso do negócio. 7. Definir produtos/serviços/ carácter inovador do negócio 8. Deter um mercado 9. Rentabilidade 10. Parceria com o franchisado/sócio
OPÇÃO FRANCHISADO
VANTAGENS
“Estamos na presença de um negócio com enorme flexibilidade, na medida em que está ao serviço de todos os setores económicos. Por outro lado, os negócios em franchising são extremamente aliciantes e apelativos ao potencial empresário, uma vez que a força da imagem de marca, sendo uma evidência dos nossos dias, torna o risco mais limitado do que o habitual na criação de um negócio deste tipo. Além disso, por detrás destes negócios há sempre uma experiência acumulada, um know-how adquirido o que dá algumas garantias de sucesso ao potencial empresário”, afirma Mónica Veloso, advogada que integra a Unidade de Empreendedorismo da ANJE.
RISCOS
VS
Importa, contudo, ter em mente que o franchising, como qualquer tipo de negócio, comporta riscos. As maiores marcas mundiais abrem centenas de unidades por ano, mas muitas acabam por encerrar. Há franchisados que não desenvolvem cabalmente o conceito do produto ou serviço, não conquistam nem fidelizam clientes, não sabem lidar com a concorrência e não conseguem gerar capital circulante. Acresce que, não raras vezes, o franchisador exerce alguma pressão sobre o franchisado para proteger a imagem da marca, a respetiva quota de mercado e os lucros. E nem sempre o franchisado sabe gerir essa pressão.
OPORTUNIDADES ‹ weFIND
Conceitos › CONTRATO DE FRANCHISING Licença de uso de marca no estabelecimento, nas vendas e na comunicação. É também uma licença de know-how técnico, comercial e de exploração de produtos e/ou serviços concedida pelo franchisador ao franchisado.
› FRANCHISADOR Empresa que concede os direitos de utilização da marca e exploração da mesma através da transferência de toda a sua experiência e conhecimentos para terceiros.
› FRANCHISADO Empresa que compra o direito para abertura de uma loja/ unidade individual.
› ROYALTIES Prestação periódica que se traduz numa percentagem sobre a faturação, pelo uso contínuo da marca, pelos serviços de apoio prestados pelo franchisador.
Entidades de Referência › ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE FRANCHISING – APF Rua Viriato, 25, 3º 1050-234 Lisboa
› DIREITOS DE ENTRADA (= INICIAL FEE) Prestação inicial que se paga no momento de adesão à rede, normalmente na data da assinatura do contrato. Trata-se de uma espécie de joia que é uma contrapartida pelas vantagens de se tornar membro de uma cadeia já estabelecida no mercado e pelo facto de adquirir o direito de uso da marca.
› TAXAS DE PUBLICIDADE Contribuição que todas as lojas fazem para um fundo comum a ser aplicado na promoção da marca e dos produtos da cadeia.
Telefones: 213192938 /213192939 www.apfranchise.org.pt
› AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIA Av. Laura Alves, 4, 7º 1050-138 Lisboa Telefones: 217802470/ 217802471 www.autoridadeconcorrencia.pt
› KNOW-HOW Experiência técnica acumulada e conhecimentos adquiridos que permitem um saber fazer.
› LOJA/UNIDADE PILOTO Constitui a unidade organizacional e central de vendas, de funcionamento da rede, que é dirigida pelo franchisador. Serve para testar o conceito de negócio.
› INSTITUTO DE INFORMAÇÃO EM FRANCHISING – IIF Rua Bernardo Lino, 48, 4º 1150-077 Lisboa Telefones: 210334455/ 210334411 www.infofranchising.pt
› PACKAGE DEAL Manuais de operações.
› INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL
› MASTER FRANCHISADO
Campo das Cebolas
Pessoa ou empresa que compra os direitos para todo um país ou região e, além de abrir unidades próprias, pode subfranchisar certos territórios.
1149-035 Lisboa Telefones: 218818100/ 218869859 www.inpi.pt
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weFIND › OPORTUNIDADES
Novos espaços ao ritmo “pop up” A criação de espaços temporários de retalho, em shoppings, ruas, jardins, na praia ou até em grandes eventos, é uma tendência crescente, com vista à maximização de oportunidades e minimização de custos. A jovem empresa portuense Pop n’Shop especializouse na matéria e pode ser um bom aliado. O conceito de pop up store acaba por resumir-se à ideia de uma loja temporária, que ganha vida muito rapidamente, tirando proveito de um determinado espaço vazio e de uma determinada concentração momentânea de potenciais consumidores. Especializada em planeamento, gestão e marketing, a empresa Pop n´Shop decidiu tirar proveito da maior abertura dos empresários relativamente a este tipo de espaços temporários, tornandose facilitadora de todo o processo inerente à criação de uma pop up store. A empresa proporciona, deste modo, aos empreendedores nacionais a oportunidade de testar temporariamente os mercados ou sustentar negócios sujeitos ao efeito de sazonalidade, sem comportar custos fixos de renda. A inovação das formas e métodos convencionais da atividade comercial sustenta a proposta e posicionamento da Pop n´Shop no mercado. Para comunicar todo o tipo de marcas, a startup aposta ainda na exploração da originalidade da localização, na decoração e na interatividade dos espaços de venda. Dedicada ao estudo dos mercados e oportunidades de negócio de forma criativa, a Pop n´Shop assume o compromisso de romper os formatos de comércio habituais e contrariar a queda do comércio a retalho, por interposto da exploração de novas possibilidades sazonais e temporárias. Mas a proposta de valor oferecida a marcas e empresas não se limita à conceção física de espaços não permanentes de cariz exclusivo. Sem se 56 WE’BIZ Março 2013
delimitar a áreas de negócio específicas, a Pop n’Shop desenvolve estratégias de marketing e assessoria a longo prazo e não descura o enquadramento legal e as questões de licenciamento associadas à criação de novos espaços de venda. Entre o portefólio de projetos e a carteira de clientes da empresa surgem em destaque marcas como a Hello Kitty, a Companhia Douro e Vouga e a Dunhill, com o desenvolvimento de espaços em grandes centros comerciais como o Mar Shopping ou o Oeiras Parque.
CONCEITO DE POP UP STORE O conceito de pop up store pode resumir-se à ideia de uma loja temporária, que ganha vida muito rapidamente, tirando proveito de um determinado espaço vazio e de uma determinada concentração momentânea de potenciais consumidores.
LIVROS & SITES ‹ weSEARCH
Innoversia: o site iberoamericano que cruza empreendedorismo e investigação
investigadores. Os pedidos podem descrever a origem da lacuna apresentada, o objetivo concreto do anúncio partilhado e o valor económico da solução para o problema exposto. Por outro lado, os investigadores podem anunciar ofertas tecnológicas e consultar as principais dificuldades ou carências partilhadas pelas empresas, lançando uma proposta de ação concreta para responder aos pedidos divulgados.
O portal de inovação contribui para a evolução científica da comunidade ibero-americana e constitui uma oportunidade de negócio para os empreendedores e investigadores da área tecnológica. O Innoversia reúne empresas, empreendedores e investigadores numa plataforma online que procura promover o cruzamento entre as necessidades específicas das organizações inscritas e os produtos e serviços desenvolvidos no âmbito de novas investigações do ramo tecnológico. A comunidade científica e o mercado ibero-americano dispõem aqui de uma rede de inovação aberta online, com novidades tecnológicas e oportunidades de negócio divulgadas diariamente. A oferta de micro-redes elétricas com maior eficiência na distribuição de energia e a procura de soluções tecnológicas que permitam eliminar as olheiras são apenas dois exemplos de anúncios, entre as dezenas de conteúdos partilhados pela plataforma. A aproximação entre os centros de investigação, as universidades e as empresas em atividade no mercado, com vista à concretização e desenvolvimento de negócios, é o principal propósito da plataforma. Através do Innoversia, os empreendedores, jovens investigadores e recém-licenciados podem ainda descobrir e estruturar novas ideias para lançar no mercado e identificar oportunidades de emprego e estágio. Assente num modelo de negócio bilateral, o Innoversia viabiliza o acesso aos anúncios e vantagens oferecidas pela plataforma através do registo rápido e gratuito dos investigadores e entidades interessadas. Depois do registo, as organizações podem pesquisar as soluções disponibilizadas e partilhar necessidades específicas com os
URL http://www.innoversia.net SECÇÕES Após aceder ao site é possível constatar a divisão simples da plataforma em duas secções principais: “Necessidades Tecnológicas” Área que permite a consulta dos anúncios referentes às carências tecnológicas das organizações. “Tecnologia Oferece” Secção destinada à divulgação de tecnologias desenvolvidas pelos investigadores inscritos na rede.
Quando existe cruzamento de interesses, a empresa informa o investigador e chega a um acordo com o mesmo no sentido da realização do projeto. Quando a empresa recebe o projeto, produto ou serviço final que se destina a solucionar o problema existente, o investigador selecionado recebe o benefício económico, bem como o crédito inerente à ideia e à realização do projeto. O Innoversia propõe, assim, um espaço de entendimento e formulação de negócios de âmbito tecnológico, dedicado ao desenvolvimento de mais e melhores produtos, que permitam aumentar o volume de receitas, patentear as novas soluções tecnológicas e incrementar o número de novos negócios lançados no setor. Na verdade, ao apostar no novo paradigma da inovação aberta, este portal contribui para o fomento do empreendedorismo qualificado e da sociedade do conhecimento. A aproximação entre as universidades e as empresas visa contribuir para a transferência de saber e possibilita novos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, no sentido de agregar valor à oferta empresarial.
ADICIONAR AOS FAVORITOS? › Fácil acesso e inscrição na plataforma › Oferta de soluções para múltiplas áreas de negócio (Artes e Humanidades, Ciências Sociais, Engenharia, Química, entre outras) › Disponibilização de informação detalhada sobre as tecnologias oferecidas e as necessidades partilhadas pelas empresas Março 2013 WE’BIZ 57
weSEARCH › LIVROS & SITES “Business Model You”
Modelos de negócio e carreira: o sucesso em cinco capítulos Modificar os paradigmas inerentes ao mercado de trabalho e ao lançamento de novos negócios é a ambição do livro “Business Model You”, redigido a partir do Modelo de Canvas pelos autores Tim Clark, Alexander Osterwalder e Yves Pigneu. Baseada no best seller “Business Model Generation”, a obra apresenta uma proposta simples: permitir aos empreendedores de todo o mundo reinventar as suas carreiras e criar organizações de sucesso no mercado atual, com base nas lições transmitidas em cinco capítulos. Contando com a colaboração de mais de 300 profissionais, provenientes de 43 países espalhados pelo mundo,“Business Model You” reflete a importância do Modelo de Canvas na descoberta de novos caminhos profissionais. A partir do reconhecimento da vulnerabilidade dos mercados e da referência às organizações com e sem fins lucrativos, como a Jiffy Lube e a New York Runner, o livro permite também que os empreendedores percebam a essência dos modelos de negócio e valorizem a compreensão das necessidades dos consumidores. O primeiro capítulo da obra demonstra o complexo processo de planeamento dos modelos de negócio, através da explicação detalhada dos nove blocos do Modelo de Canvas: os clientes da organização; o valor adquirido pela prestação de serviços ou venda de produtos; os canais de distribuição utilizados; as relações estabelecidas com os consumidores; a receita gerada; os recursos, atividades e parceiros chave; e os custos associados ao desempenho das organizações. Mais do que a abordagem teórica de cada etapa, o livro propõe ao leitor a construção de um modelo de negócio próprio e, para apoiar o preenchimento dos nove blocos, parte do exemplo da Craiglist, empresa norte americana responsável pelo anúncio de oportunidades de emprego e alojamento online, em mais de 70 países. De seguida, os autores abordam a distinção do modelo de negócio 58 WE’BIZ Março 2013
TÍTULO “Business Model You” AUTOR Tim Clark, em colaboração com Alexander Osterwalder e Yves Pigneu EDITORA John Wiley PUBLICAÇÃO Março de 2012 PREÇO 29,43 euros
pessoal e organizacional, através de um conjunto de questões relacionadas com a procura de motivações e objetivos inerentes à carreira pessoal dos leitores. Introduz-se, assim, o tema do segundo capítulo, o qual visa “refletir” e definir metas para a vida e carreira dos empreendedores. Esta segunda parte do livro é composta por um conjunto de desafios e exercícios práticos que promovem o esclarecimento relativo aos papéis e funções do indivíduo, no contexto extra trabalho. Tim Clark propõe a construção de uma “Lifeline Discovery”, assente nas relações estabelecidas no espaço de trabalho, nas aptidões individuais e nos interesses pessoais. Através da conjugação dos três elementos, os autores do livro acreditam que cada leitor poderá perceber o grau de satisfação com o trabalho produzido e a necessidade individual de reorientação profissional. QUEM ÉS? O QUE TENS? O QUE FAZES? QUEM AJUDAS? Estas são apenas algumas questões introdutórias lançadas nos processos de reflexão e renovação dos modelos de negócio, sugeridos pelo terceiro capítulo. Após a definição concreta do propósito dos negócios planeados, Tim Clark sugere aos leitores a “Revisão” do desenho inicial, para identificar blocos com soluções menos satisfatórias e diagnosticar a respetiva origem. Mais à frente, o cálculo de despesas inerentes à contratação e manutenção de funcionários na criação de novos negócios é uma das tarefas exemplificadas no capítulo subordinado à “Ação”. Aqui, Tim Clark propõe a utilização do modelo pelos dirigentes empresariais, de forma a avaliar o valor acrescentado por cada colaborador. No quinto e último capítulo, o “Business Model You” sugere a consulta do fórum e da comunidade online criados a partir da obra, onde a discussão dos modelos de negócio e o desenvolvimento dos métodos de trabalho são temas centrais. EMPREENDEDORISMO E DESCOBERTA PESSOAL O livro “Business Model You” recolheu 328 testemunhos profissionais em 43 países diferentes, com o objetivo de orientar os empreendedores na definição da sua vida pessoal e profissional.
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Pinterest: cinco passos para fazer negócio a partir de imagens Pinterest é sinónimo de imagem e acesso a novos canais de promoção para as empresas presentes no universo das redes sociais. Entre “pins” e “repins” de conteúdos, a rede social começou por ser um centro de partilha e inspiração visual, mas agora assume-se também como plataforma de lançamento e divulgação de novos negócios. Criado há pouco mais de três anos, o Pinterest revela novas linguagens e métodos para potenciar a imagem das empresas junto dos milhões de utilizadores ativos nas plataformas de social media. Disponível no formato web e mobile, a rede social oferece, inclusivamente, espaços dedicados a programadores e empresas. Entre tutoriais e testemunhos de sucesso, apuramos os cinco passos essenciais para fazer negócio através do Pinterest.
1
CRIAR UMA PÁGINA DA ORGANIZAÇÃO
No acesso ao Pinterest, as empresas deverão efetuar o registo no espaço “Pinterest For Business”. A partir daí, poderão partilhar o seu site e começar a explorar as potencialidades da rede, selecionando áreas de interesse relacionadas com o respetivo negócio. Entre arquitetura, tecnologia e arte, a rede social abrange uma multiplicidade de áreas temáticas e convida à pesquisa das marcas e empresas vinculadas a diferentes setores de negócio.
2
PERMITIR A PARTILHA DE IMAGENS
Após o registo na plataforma, a seleção das preferências temáticas e a divulgação do website institucional, os
empresários procuram, por norma, contactar com o maior número de segmentos-alvo possíveis. No topo das prioridades surge, por isso, a adição da funcionalidade “Pin It”. Os “Pins” são imagens carregadas pelos utilizadores ou marcas a partir do seu website, que podem depois ser novamente partilhadas através da opção “Pin It”. Além das habituais ações “like” e “share”, as imagens são “repinadas” vezes sem fim, acrescentando valor e visibilidade às marcas e aumentando a sua rede de contactos.
3
DEFINIR UMA ESTRATÉGIA DINÂMICA DE APLICAÇÃO
A entrada no Pinterest, tal como a inserção em qualquer rede social, obriga ao planeamento e definição de uma estratégia consistente. Através do agrupamento de “Pins” em álbuns, as empresas podem acumular seguidores e colecionar partilhas, mas para isso devem ter sempre em mente algumas regras básicas. Primeiramente, é importante procurar expor os seus produtos em álbuns apelativos e dinâmicos, onde o utilizador se reveja e identifique. Cada álbum deve englobar um conceito demarcado de outras ofertas e propostas de valor da mesma empresa, visto que os utilizadores podem seguir estes grupos de “Pins” de forma isolada. A multiplicidade de temas abordados no Pinterest exige ainda das empresas a difusão de conteúdos de Março 2013 WE’BIZ 59
weSHARE › WEB & APPS forma pensada e articulada com o setor de negócio onde estão inseridas, ultrapassando a esfera institucional. No caso de um restaurante, por exemplo, além da representação do espaço e das respetivas especialidades em álbuns distintos, os proprietários devem assegurar a partilha de novas receitas e serviços do setor, que vão de encontro ao gosto dos consumidores.
4
APOSTAR NOS “RICH PINS” E FOMENTAR O “ENGAGEMENT”
Explorar os “Rich Pins” e estimular a interatividade são ações essenciais na exploração empresarial do Pinterest. Os primeiros consistem numa funcionalidade que permite acrescentar alguns campos aos serviços anunciados. É o caso de elementos como preço, disponibilidade e locais de compra dos produtos divulgados ou ainda ingredientes e instruções de preparação de refeições, no caso da restauração. Já a interatividade, princípio basilar da presença nas redes sociais, deve ser fomentada frequentemente e sob formatos diferentes. Promover concursos incentivando a divulgação de imagens com a presença de produtos da marca pelos utilizadores ou criar álbuns dedicados exclusivamente aos seguidores são dois exemplos de iniciativas que geram uma maior proximidade e despertam a fidelidade dos seguidores. Também na tipologia de conteúdos lançados o “engagement” não deve ser esquecido. As empresas devem, por isso, privilegiar a variação de conteúdos, incluindo formatos de maior dinamismo, como infográficos relativos aos resultados do setor em que se inserem. A atribuição de palavras-chave, descrições sucintas e links de acesso a espaços de venda online são outras práticas aconselhadas na difusão de produtos e conteúdos. Seguindo a lógica de “tags” e legendas, as empresas terão maior probabilidade de integrar os lugares mais importantes dos rankings de pesquisa.
5
MONITORIZAÇÃO E DESCOBERTA DE INSIGHTS
O planeamento de novos rumos de negócio com maior rigor surge como uma consequência lógica da maior ou menor interatividade criada pelas organizações com a comunidade de utilizadores. Ainda assim, a rede social disponibiliza a consulta de estatísticas na funcionalidade “Pinterest Analytics”, onde os empresários poderão aceder ao número de visitas diárias, cliques nos conteúdos publicados ou verificar quais os álbuns e imagens mais partilhadas. A poderosa ferramenta de monitorização funciona como um elemento identificador de preferências e insights, que facilita o lançamento de novos negócios. No entanto, a utilidade da monitorização oferecida pelo serviço vai além da aposta em novos negócios, já que a avaliação efetuada pelo “Pinterest Analytics” permite perceber os resultados da estratégia adotada, constituindo uma ferramenta de aperfeiçoamento constante para as marcas. 60 WE’BIZ Março 2013
Universo e Perfil Segundo estudos efetuados em 2012 pela comScore e a Experian Hitwise, citados pela revista Exame, o Pinterest contabiliza já mais de dez milhões de utilizadores e está entre as redes sociais com maior crescimento registado. Quanto ao perfil deste universo, um estudo divulgado pelo Huffington Post refere que 80% dos utilizadores do Pinterest são mulheres e 50% têm crianças.
CASO SEPHORA A Sephora, empresa reconhecida mundialmente pela comercialização de produtos de beleza, reconheceu a importância da rede social quando percebeu que os clientes guardavam em álbuns os seus produtos favoritos da marca. As partilhas no Pinterest originaram um aumento da rede de potenciais clientes, levando a marca a criar um botão “Pin it” no site institucional. Atualmente Julie Bornstein, CMO e Chief Digital Officer da Sephora, confessa a importância da rede social na comunicação da marca e assume a sua preponderância no planeamento das novas campanhas de divulgação. Segundo informações veiculadas pelo próprio Pinterest, um seguidor da Sephora nesta rede social gasta 15 vezes mais dinheiro com a marca do que um seguidor no Facebook, facto que atesta a eficiência da ferramenta no universo empresarial.
vs 43%
do público prefere aceder às marcas e retalhistas pelo Pinterest, contra apenas 24% com preferência pelo Facebook;
25% das empresas inseridas na lista
Fortune Global 100 têm conta no Pinterest;
69%
dos consumidores online que visitaram o Pinterest encontraram um produto que compraram ou queriam comprar, enquanto apenas 40% conseguiu o mesmo no Facebook. Fonte: Huffington Post
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A app do elefante De bloco de notas a ferramenta colaborativa empresarial, o Evernote soma fãs e galardões, destacando-se no top 10 “Must-have App” do New York Times.
Março 2013 WE’BIZ 61
weSHARE › WEB & APPS Se há app que parece estar na moda, especialmente no mundo dos negócios, o seu nome é Evernote. Raro será o empresário que nunca terá contactado com ela, quanto mais não seja por, numa reunião, ver o seu interlocutor abrir o respetivo tablet e pressionar o ícone verde com um elefante dentro. O objetivo? Tirar notas do encontro, que podem posteriormente ser organizadas, sincronizadas, pesquisadas e partilhadas. Propondo-se como um auxiliar de memória, esta app não para de introduzir novas funcionalidades e transformou-se mesmo numa ferramenta de gestão e organização do tempo, com um interessante potencial colaborativo para as empresas. Reter, gerir e lembrar são os três verbos que sintetizam a utilidade do Evernote. Escrever uma nota, armazenar documentos, gravar áudio e tirar fotografias são as operações base. A ideia matricial passa por proporcionar aos utilizador uma solução que lhe permita gravar tudo quanto vê, ouve, vive e até pensa, no sentido de mais tarde poder aceder novamente a essa informação, tratá-la e partilhá-la, se tiver intenção disso.
CAPTURAR TUDO
IDEIAS, NOTAS, COISAS DE QUE GOSTAMOS, ÁUDIO.
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Através da biblioteca, o Evernote Business permite que qualquer colaborador ou gestor aceda à informação da empresa, independentemente do seu formato e da sua origem. Aqui se incluem documentos associados a projetos ou pesquisas efetuadas por outras equipas. Mantendo sempre a possibilidade de reservar a privacidade da informação que é apenas de acesso pessoal, o Evernote permite também criar cadernos de negócios, que podem ser partilhados na biblioteca. Mensalmente, são disponibilizados 2GB de espaço para notas pessoais, aos quais as empresas podem somar 2GB adicionais, por cada colaborador, destinados precisamente aos conteúdos dos cadernos de negócios. A partilha e coconstrução de conhecimento entre os diversos elementos da empresa é a principal proposta do Evernote Business. A ela se junta uma vantagem de valor incontestável para qualquer gestor: saber o que a equipa sabe. As funcionalidades avançadas são inúmeras e incluem ações como enviar e-mails diretos para o Evernote, recolher páginas web
através da solução Web Clipper (que uma vez instalada no browser permite essa recolha, bem como de imagens ou pdfs), fazer pesquisas mais ou menos avançadas e personalizadas, guardar pesquisas, criar atalhos e favoritos, adicionar e atualizar documentos office e utilizar a chamada “Page Camera” para tirar fotografias ou capturar documentos.
VERSÕES DISPONÍVEIS MOBILE iPhone, iPad, iPod Touch, Android e Windows Phone COMPUTADOR Mac, Windows Desktop, Web
ACEDER EM QUALQUER LUGAR
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