ECOSSISTEMAS de empreendedorismo
De Silicon Valley a Telavive, passando inevitavelmente pela Europa, startups, universidades, investidores e aceleradores alinham-se num movimento global. Saiba onde e como posicionar o seu negócio.
Silicon Valley
Boston
Porto Lisboa
Berlim Telavive
UMA STARTUP TOP
APOIOS A VALER
ENTREVISTA
Conheça a TOP Docs e as apps que estão a conquistar o mundo dos investidores e das capitais de risco
O caderno de financiamento destaca as oportunidades dos Vales Portugal 2020 e apresenta as regras dos empréstimos colaborativos
“Nunca vi tanto dinheiro para ventures disponível como nos últimos anos em Portugal” António Murta, managing partner da Pathena
EDITORIAL PROPRIEDADE ANJE -Associação Nacional de Jovens Empresários CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO João Rafael Koehler Francisco Fonseca DIRETOR Rafael Alves Rocha COORDENADORA Mónica Rodrigues Neto REDATORES André Amorim Costa Ricardo Vieira Melo Mónica Rodrigues Neto
Agridoce é o sabor desta WE’BIZ número 8. No polo positivo – partindo do pressuposto que a maioria gosta mais de doces (e confesso que auto excluo-me deste grupo) – estão os destaques, as informações, e as oportunidades inerentes a uma temática que há muito tínhamos vontade de abordar: os ecossistemas de empreendedorismo. Em sentido oposto, ficam as notas amargas semelhantes àquelas que provamos sempre que, perante um cenário fantástico, nos deparamos com a incapacidade de conseguir captar uma fotografia que transmita exatamente tudo aquilo que os nossos olhos conseguem admirar. Pois se uma visita a Silicon Valley dificilmente poderá originar um relato suficientemente fiel à realidade quotidiana de startups, investidores, smart money, como poderá um artigo sobre a globalidade de ecossistemas empreendedores (descobrimos que há cerca de 100 a considerar e haveria muitos mais a relatar) almejar o chamado retrato fiel? Mas sempre conseguimos a “big picture”. Fomos em busca da perspetiva de quem empreende. Levantamos o véu do mapa mundo das startups portuguesas. Tentamos perceber o segredo de Silicon Valley, sem deixar de referir o admirável mundo novo de Telavive e a sempre badalada de capacidade de reinvenção da velha europa. Falamos com quem investiga e está atento aos vários agentes e às coordenadas geográficas da iniciativa empresarial. Olhamos para dentro de casa, tentando perceber o que nos falta. E, como não podia deixar de ser, esforçamo-nos por converter cada relato num conselho dirigido a quem empreende.
COLABORADORES NESTA EDIÇÃO Bruno Nunes Hugo Costa José Fontes Mónica Veloso Olga Machado Suzana Alípio
De resto, há muito mais sobre ecossistemas, além das páginas especialmente consagradas ao tema de fundo desta edição: o modelo de gestão da inovação que descodificamos; a história da TOP Docs e a sua experiência em Amesterdão e Silicon Valley; os sistemas de empréstimos coletivos emergentes; os vales do Portugal 2020; e até a app que apresentamos como sugestão para levar de férias, que mais não é do que outro caso de sucesso internacional.
GRAFISMO Garra Publicidade, S.A.
Chegar a um modelo de ecossistema de empreendedorismo não é tarefa fácil, mas há dimensões na composição dos ecossistemas mais famosos que parecem consensuais. Uma delas é a dimensão de suporte concertado, onde se incluem entidades como a ANJE, responsável por esta revista (que ambiciona, claro está, ser um suporte para a atividade empresarial) e por um grande projeto que, há 18 anos, foi responsável, precisamente, por colocar a palavra “empreendedorismo” no léxico nacional: a Academia dos Empreendedores.
DEPÓSITO LEGAL 388168/15 IMPRESSÃO Empresa Diário do Minho, Lda TIRAGEM 15.000 PERIODICIDADE Mensal ANO DE EDIÇÃO 2015
A maioridade da Academia dos Empreendedores é, na verdade, a maioridade do empreendedorismo português. O presente número da WE’BIZ é prova disso. Ao cabo de 18 anos de um trabalho que se revelou inicialmente evangelizador, Portugal pode afirmar que possui um ecossistema de empreendedorismo! Rafael Alves Rocha Diretor Junho 2015 WE’BIZ 3
SUMÁRIO
03 06 13 10 18 29 35 39 40 EDITORIAL
weFIRST › PRIMEIRA MÃO P. 06 10 Ideias com asas P. 08 Barómetro Informa revela perfil das empresas exportadoras
weFIND › OPORTUNIDADES
P. 10 Oxy Capital procura PME com potencial de crescimento na região Centro
P. 12 Prémio do Jovem Empreendedor procura novos projetos
weNUMBERS › FINANCIAMENTO P. 13 Empréstimos coletivos: uma fonte de financiamento que se vem afirmando P. 16 Vales para PME até 15 mil euros
weZOOM › TEMA DE FUNDO P. 18 Ecossistemas de empreendedorismo
weSTART › STARTUPS
weTALK › ENTREVISTA
P. 29 Eles são top!
P. 32 TRM: modelo para mapear os investimentos em tecnologia
P. 35 “Nunca vi tanto dinheiro para ventures disponível como nos últimos anos em Portugal”
P. 34 Feedzai conquista 17,5 milhões para combater fraudes
António Murta, managing partner da Pathena
weTHINK › OPINIÃO
weLEARNING › FORMAÇÃO
P. 39 João Rafael Koehler
P. 40 Aprender a inovar
Presidente da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários
P. 42 Competências transversais já têm cursos de especialização
Aos 18 anos: o melhor de dois mundos!
4 WE’BIZ Junho 2015
44 49 60
weCREATE › ECONOMIA CRIATIVA P. 44 Ginger & Jagger
weNOW › ATUALIDADE
47
P. 49 ANJE celebra a “A maioridade do empreendedorismo” P. 50 UE antecipa verbas de combate ao desemprego jovem P. 51 Cinco competências e 47 empresas: uma visão de futuro P. 52 Startify7 promove academias de verão para negócios tecnológicos
weSHARE › WEB & APPS
58
45
weTECH › TECNOLOGIA E INOVAÇÃO P. 45 Como as gigantes apoiam as novas tecnológicas
weSOCIAL › EMPREENDEDORISMO SOCIAL P. 47 Pressley Ridge: Experiência norte-americana em empreendedorismo social português
53
weNEXT › AGENDA P. 53 Junho P. 56 Julho
weSEARCH › LIVROS & SITES P. 58 As segunfas-feiras podem mudar! P. 59 F6s: um atalho que é um favorito
P. 60 A ciência que nos faz aparecer no Google P. 62 Uma app para levar de férias
Junho 2015 WE’BIZ 5
weFIRST › PRIMEIRA MÃO
IDEIAS COM ASAS Bimble, LUMICROMA, Buyzzing, G Jewels, Handypower, LEAFXPRO, EasyPET, OneForTwo, Innovation e Facestore são os 10 projetos tecnológicos selecionados para a aceleração pelo ASA - ANJE Startup Accelerator. Os modelos de negócio estão a ser desenvolvidos com o apoio de uma bolsa de mentores. 6 WE’BIZ Junho 2015
O programa de aceleração levado a cabo pela ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários no âmbito do Projeto Inovação Portugal já escolheu as ideias que vão avançar para a etapa mais avançada do programa – aquela em que a conversão em projeto de negócio se materializa. Em caso de sucesso e efetiva criação da empresa, o ASA atribuirá, a todos eles, prémios de instalação no valor global de 22 mil euros. Após a primeira triagem de candidaturas e um período dedicado à recolha de competências, o ASA entra na etapa de aceleração efetiva, tendo reunido um núcleo de 10 projetos demonstrativo da capacidade inovadora de diversos setores de atividade nacionais. Núcleo esse composto pelas seguintes áreas profissionais: hotelaria, fotografia, joalharia, eletrónica, mobilidade, saúde, têxtil, comércio eletrónico e transportes. Esta terceira etapa corporiza a estruturação dos modelos de negócio. Na concretização desta
tarefa os promotores podem contar com a intervenção e orientação de mentores com conhecimentos especializados em diferentes áreas associadas à atividade empresarial. Entre os nomes confirmados para apoiar o desenvolvimento e definição dos projetos finalistas constam, por exemplo, António Portela, CEO da Bial, Tiago Moreira da Silva, diretor de vendas e marketing da BA Vidros, Francisco Fonseca, CEO da AnubisNetworks, Bruno Carvalho, CEO da Active Aerogels, Luís Quaresma, partner da Oxy Capital, Oscar Kneppers, fundador e CEO da comunidade Rockstart, Chris Burry, co-CEO da US Market Access, e Nimrod Cohen, COO na Explore. Dream.Discover e venture partner na Plus Ventures. A aceleração dos projetos está a decorrer em três etapas distintas (“Tune”, “Build” e “On Stage”) e posteriormente os promotores terão oportunidade de apresentar o resultado final do trabalho desenvolvido num DemoDay.
PRIMEIRA MÃO ‹ weFIRST
BIMBLE O Bimble é um hotel desconstruído do tradicional conceito, onde os quartos estão espalhados geograficamente. Recorrendo à reciclagem de contentores marítimos, o projeto pretende construir quartos diferentes, oferecendo mobilidade, flexibilidade, privacidade, exclusividade e ainda a rentabilização de terrenos público privados.
LUMICROMA A LUMICROMA devolve a magia à fotografia, através de um projeto de inovação, arte e educação. Tratase de uma ideia que promove a investigação e adaptação das antigas técnicas de reprodução fotográfica. A busca de soluções na moderna “química verde” dá resposta à crescente procura destas técnicas por parte de profissionais, artistas, criativos, docentes e público em geral.
BUYZZING A Buyzzing é uma aplicação gratuita que pretende identificar e comprar produtos dispostos em lojas. Através do aplicativo, os utilizadores podem adquirir produtos, pesquisar informação, comparar preços e opiniões de outros utilizadores no momento em que estão a visualizar as peças ou após a saída da loja. Para os lojistas, o projeto representa um novo canal de vendas.
G JEWELS G Jewels é um projeto de joalharia contemporânea individualizada que propõe a inclusão de memórias ou dados pessoais nas peças. As coleções, baseadas no legado natural, histórico e humano, visam gerar empatia, convidando o cliente a ter participação ativa na construção do produto final.
HANDYPOWER O HandyPower consiste num dispositivo médico a integrar em cadeiras de rodas manuais com o objetivo de as tornar elétricas. Aplicado no apoio dos pés da cadeira, este produto é ativado pelo impulso do utilizador na roda da cadeira, replicando o movimento de forma elétrica. A missão do projeto é manter a autonomia de uma cadeira de rodas manual, aliada ao conforto de uma cadeira de rodas elétrica.
INNOVATION A Innovation é uma marca que pretende criar uma plataforma online lúdica para criar clubes de amigos e mascotes. O objetivo é potenciar uma rede de serviços e produtos para a agregação de marcas, com marketing e design amigáveis. Para isso, a Innovation vai utilizar peças que servem para brincar, sentar e construir projetos. Projetos esses que permitem dar à marca um instrumento de comunicação, desenvolvendo a criatividade e fomentando a partilha entre miúdos, jovens e graúdos.
LEAFXPRO O LEAFXPRO é uma estrutura protetora que permite aos ciclistas utilizar a bicicleta confortavelmente, mesmo perante as condições climatéricas mais adversas. As principais preocupações do projeto são a sustentabilidade ambiental do planeta e, por isso, o LEAFXPRO está comprometido em apoiar e desenvolver meios de transporte mais ecológicos.
EASYPET O EasyPET é um sistema PET Positron Emission Tomography pré-clínico inovador, de baixo custo e de alta resolução espacial. A solução desenvolvida vai facilitar o acesso de institutos de investigação e ensino a esta modalidade de imagiologia médica nas áreas de Medicina Nuclear, Radiofarmácia e instrumentação associada.
ONEFORTWO A OneForTwo apresenta uma linha de roupa infantil desenhada para crianças a partir dos três anos de idade numa perspetiva diferenciada, arrojada, unissexo, ambivalente, dinâmica e totalmente personalizável. Recorrendo a jogos lúdicos (cores, padrões, tecidos e texturas), os utilizadores podem remover as peças (mangas ou corpo da peça) ou então construir e desconstruir roupas, através de molas de pressão, botões coloridos, zíperes com cursor fácil ou fitas.
FACESTORE A Facestore é uma inovadora plataforma de e-commerce 100% portuguesa, que permite a qualquer empresa abrir uma loja online e vender produtos diretamente na sua página de Facebook ou através de dispositivos móveis. A Facestore permite também vender através de sites ou domínios próprios, fornecendo lojas online para várias áreas de negócio e um sistema de backoffice integrado para gestão de toda a atividade.
Formação, mentoria, aceleração e apresentação Desde o final do mês de abril que os fazedores do ANJE Startup Accelerator afinam ideias tecnológicas para o mercado. A primeira triagem decorreu no dia 26 de abril e, desde então, 30 projetos tiveram oportunidade de ganhar forma com a frequência de um ciclo de workshops, versando temas como a internacionalização, o financiamento e a comunicação. O final de maio assinalou um novo período de escolhas, com a identificação dos 10 projetos com melhor performance. Mentoria e aceleração são agora as palavras de ordem para encontrar o modelo de negócio perfeito a apresentar na etapa final do programa: DemoDay integrado numa conferência de empreendedorismo tecnológico.
Junho 2015 WE’BIZ 7
weFIRST › PRIMEIRA MÃO
BARÓMETRO INFORMA REVELA PERFIL
DAS EMPRESAS EXPORTADORAS É a boa notícia destes anos de ajustamento sob a batuta da troika: a economia portuguesa está mais exportadora, com reflexos positivos no saldo da balança corrente e de capital. Mas importa perceber o perfil das empresas exportadoras e quanto valem economicamente, para assim retirar conclusões sobre a competitividade internacional do país. Ora, foi precisamente isto que fez o Barómetro Informa D&B, revelando dados importantes sobre as empresas exportadoras, o volume de negócios do setor exportador e os destinos de origem dos bens e serviços nacionais.
As exportações portuguesas duplicaram o seu peso no PIB durante as duas últimas décadas, tendo até ocorrido uma aceleração após a entrada da troika, em 2011. No início do século XXI, as exportações representavam pouco mais de 20% do PIB. E quando a crise financeira rebentou, em 2008, encontravam-se ligeiramente acima de 30% do produto, mantendo-se nesse nível até à intervenção da troika. A partir de então, verificou-se uma nova aceleração das exportações, prevendo-se que, até 2016, estas possam representar 42% do PIB. O Barómetro Informa D&B de abril de 2015 dá a conhecer, de forma detalhada, esta tendência do setor exportador. A partir de um universo de 280 mil empresas, o estudo “Quanto valem as exportadoras – Perfil das exportadoras em Portugal 2008-2013” revela, de facto, vários dados interessantes e que podem configurar uma alteração estrutural da economia nacional. Foram estudadas as empresas que vendem no mercado externo pelo menos 5% do seu volume de negócios ou mais de um milhão de euros no ano; empresas, essas, que representavam, em 2013, 10,8% do universo empresarial (8,3% em 2008), sendo responsáveis por 91% das exportações totais do país.
8 WE’BIZ Junho 2015
PRIMEIRA MÃO ‹ weFIRST Refira-se, desde já, que, segundo o estudo, o número de empresas portuguesas exportadoras aumentou 21%, passando de 25.251 em 2008 para 30.559 em 2013. Mais: o peso das exportações no volume de negócios das empresas exportadoras passou de 35,3% para 41,0%. Quanto aos setores de atividade económica, o estudo indica que 49% das empresas exportadoras são industriais e grossistas. De facto, 54% do volume de exportação é conseguido pelas indústrias transformadoras. Já o setor grossista é o segundo maior contribuinte para o total do volume de exportações (17%). Dito isto, os setores com maior percentagem de empresas exportadoras são as indústrias transformadoras (27%), as indústrias extrativas (25%), o setor grossista (23%) e as telecomunicações (22%).
NORTE TEM MAIS EXPORTADORAS MAS LISBOA EXPORTA MAIS Outro dado importante é a origem geográfica das empresas exportadoras. Ora, o que o barómetro nos diz é que 43,9% das empresas exportadoras são do Norte, enquanto Lisboa ocupa o segundo lugar como região de origem dos bens e serviços vendidos ao exterior: 27,2%. O Norte tem, de resto, a maior proporção de exportadoras em relação à totalidade do universo empresarial da região (14%), sendo também onde as empresas exportadoras pesam mais no volume de negócios regional (26%). Contudo, as empresas exportadoras da região de Lisboa asseguram a maior fatia de exportações (41,3%), seguidas das do Norte (34,2%). Deve assinalar-se ainda que a quase totalidade das empresas exportadoras (94,6%) tem controlo acionista nacional, assim como a maioria do valor das exportações (73,4%) provem de empresas em que dominam os acionistas portugueses. Relativamente à dimensão das sociedades, o estudo esclarece que as microempresas monopolizam o setor exportador (eram 81,2% do total em 2013), mas contribuem apenas com 8% das exportações portuguesas. Na verdade, 55% do valor das exportações é gerado pelas grandes empresas, apesar de estas serem somente 1,1% do total de exportadoras.
As PME têm vindo a ganhar preponderância no setor exportador, com a percentagem das pequenas empresas a subir de 27% para 37% e a percentagem das médias empresas a crescer de 37% para 46%, entre 2008 e 2013. Nestes segmentos, as exportações já representavam, em 2013, 19% do volume de negócios total das pequenas empresas e 23% do das médias, o que significa mais 6% do que em 2008. Em relação à idade das sociedades, refira-se que 42% das empresas exportadoras são adultas, diz o estudo. Aliás, quanto mais madura é a empresa, maior tende a ser o seu contributo para o volume total de exportações. Apesar de as empresas com 20 ou mais anos constituírem um quarto do total de exportadoras, elas representavam, em 2013, 61% do volume de vendas ao exterior. Acrescente-se que a percentagem de exportadoras aumenta com a idade: em 2013, 8% das startups eram exportadoras contra 12% de empresas adultas.
na 4.ª posição da tabela, EUA e Suíça na 9.ª e 10.ª posições, respetivamente. De facto, a UE absorve 64% das exportações nacionais (em valor) e, dentro do espaço comunitário, Espanha é o destino de eleição, sendo a este país que 61% das empresas exportadoras nacionais vende os seus bens ou serviços. De resto, 56% do volume de exportação está concentrado em apenas quatro países: Espanha (19,5%), Angola (12,6%), França (12,6%) e Alemanha (11,6%). Por fim, o estudo acrescenta que metade das empresas exportadoras de média e de grande dimensão receberam fundos comunitários, entre 2008 e 2013. Já as pequenas empresas exportadoras aproveitaram 34% dos apoios. Por outro lado, as empresas maduras – que, como vimos, são as mais exportadoras – receberam 52,7% dos fundos.
Interessa ainda perceber quais os destinos das exportações portuguesas. Ora, 54% das empresas exportadoras nacionais vende para três ou menos países e apenas 3% vende para mais de 20 mercados. Dos dez principais destinos das empresas exportadoras, apenas três não fazem parte do mercado comunitário: Angola
QUANTO VALEM AS EXPORTADORAS
A maioria das exportadoras é microempresa (81,2%), mas mais de metade do valor das exportações é gerado pelas grandes empresas
Perfil das empresas exportadoras em Portugal 2008-2013
Num cenário de contração do universo empresarial, o número de exportadoras aumentou 21%
+21,0% 29 544 28 230
25 251
2008
30 559
24 776
25 495
2009
2010
2011
2012
2013 Junho 2015 WE’BIZ 9
weFIND › OPORTUNIDADES
OXY CAPITAL PROCURA PME COM POTENCIAL DE CRESCIMENTO NA REGIÃO CENTRO A OXY Capital está disponível para efetuar investimentos anuais de 1,5 milhões de euros em PME com projetos no Centro do País. Em causa está um dos quatro fundos geridos pela sociedade de capital de risco em Portugal: o Revitalizar Centro.
10 WE’BIZ Junho 2015
O capital de risco é uma oportunidade ainda pouco explorada pelos gestores das pequenas e médias empresas portuguesas, mas a Oxy Capital trabalha diariamente para inverter esta tendência, procurando ampliar o valor e o alcance de projetos com potencial de evolução no mercado global. O Fundo Revitalizar Centro (FRC) é um dos instrumentos de ação desta sociedade de capital de risco e disponibiliza 80 milhões de euros às PME com projetos inovadores na região Centro. A Oxy Capital dispõe atualmente de mais de mil milhões de euros para investir na economia portuguesa, montante diluído nos quatro fundos de investimento da instituição. Reunindo apenas uma pequena fatia do valor referido, o Fundo Revitalizar Centro abre a porta a candidaturas provenientes de diferentes setores de atividade, com vista ao estabelecimento de relações mutuamente proveitosas. Para garantir a elegibilidade, as empresas devem ser PME, apresentar uma situação financeira estável, possuir um projeto na zona Centro e um plano de expansão, inovação, modernização, constituição ou arranque.
As participações do FRC são flexíveis e assumem configurações diferentes de acordo com as necessidades de cada empresa, durando, em média, cerca de 10 semanas. No entanto, existem algumas regras de aplicação transversal para as intervenções do fundo, em matéria de montante, aplicação, forma e acompanhamento. A injeção de capital prevê a disponibilização anual de um montante de 1,5 milhões de euros, valor que deve ser aplicado para investir em ativos fixos, fundo de maneio ou encaixe acionista. As intervenções da Oxy Capital são executadas sob a forma de aumentos de capital (com posição sempre minoritária), instrumentos de dívida ou financiamentos sem participação imediata no capital social (apenas a título excecional). O acompanhamento dos projetos apoiados materializase em reuniões trimestrais com os gestores e acionistas da empresa, não interferindo diretamente com o processo de gestão diária das organizações. Até ao momento atual, o FRC já realizou 24 operações de investimento em empresas da zona Centro, distribuídas por várias indústrias e setores de atividade.
OPORTUNIDADES ‹ weFIND
QUADRO RESUMO:
FUNDO REVITALIZAR CENTRO Dotação: 80 milhões de euros Objetivo: Injetar liquidez em PME que apresentam modelos de negócio sustentáveis, potencial de crescimento e projetos viáveis de inovação e modernização.
Viseu Aveiro
Guarda
Eixos de investimento do FRC GEOGRAFIA DE APLICAÇÃO:
Coimbra Leiria Santarém Lisboa
Castelo Branco
1
Novas empresas (startups) Empresas recentes que estão agora a evoluir para projetos de maior dimensão.
2
Crescimento orgânico de arranque
3
Crescimento orgânico de expansão
4
Crescimento misto com M&A
5
Empresas reestruturadas
Investimento em pequenas empresas com atividade cimentada e que pretendem arrancar com o processo de expansão.
Investimentos em empresas de média dimensão que permitam complementar o financiamento de grandes projetos.
Financiamento de empresas que pretendem investir no crescimento orgânico, mas também na aquisição de participações sociais.
Apoio financeiro a empresas endividadas com projetos de crescimento, após a resolução efetiva dos seus problemas de balanços. Junho 2015 WE’BIZ 11
weFIND › OPORTUNIDADES
PRÉMIO DO JOVEM EMPREENDEDOR PROCURA NOVOS PROJETOS A corrida ao mais antigo galardão de empreendedorismo em Portugal já começou e a ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários prepara-se para apoiar e promover um novo projeto empresarial. O Prémio do Jovem Empreendedor nasceu em 1998 e, desde então, já alavancou mais de uma dezena de projetos. As candidaturas para a 17ª edição decorrem até ao dia 31 de agosto e no horizonte dos promotores de cada startup a concurso está a possibilidade de arrecadar um prestigiado prémio da comunidade empreendedora, com valor global fixado nos 30 mil euros. Distinguir, apoiar e promover projetos empresariais com potencial de integração e evolução no mercado é o principal desígnio do Prémio do Jovem Empreendedor. A competição apoiada pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional aponta esta oportunidade a todos os
empreendedores portugueses com idade compreendida entre os 18 e os 35 anos. Os candidatos, por sua vez, devem apresentar uma ideia de negócio ou um projeto de expansão empresarial exequível e inovador, submetendo um plano de negócios estruturado e fundamentado. A determinar a triagem e a seleção das melhores candidaturas apresentadas para a apreciação de um júri nacional estarão cinco critérios, a saber: características empreendedoras/ inovadoras, potencial de mercado, viabilidade económica e financeira, impacto potencial da ideia na comunidade (local, regional ou nacional) e a criação do próprio emprego. No final, apenas um projeto poderá sair vencedor e arrecadar o grande prémio. Além do prize money de 20 mil euros a aplicar no desenvolvimento do projeto (distribuído igualmente pelos
O QUE VALE A CONQUISTA DO PRÉMIO DO JOVEM EMPREENDEDOR? PRÉMIO NO VALOR GLOBAL DE 30 MIL EUROS
20 PRIZE MONEY
MIL EUROS
12 WE’BIZ Junho 2015
promotores e incorporado no capital social da empresa), o vencedor vai beneficiar de um conjunto integrado de apoios no valor adicional de 10 mil euros. Valor este que inclui um ano de incubação, suporte promocional, inscrição numa pós-graduação, bem como acesso a instrumentos e programas de incentivo financeiro e de suporte à atividade empresarial. A Critical Software, empresa da área das TIC sediada em Coimbra e com escritório em Silicon Valley, foi o primeiro projeto a conquistar o galardão. Seguiramse então: Central Casa, StabBiotec, Crioestaminal, Biosurfit e, mais recentemente, as promissoras empresas Ative SpaceTechnologies, Acellera Therapeutics, Medbone, Top Docs, CALX e Targetalent. A corrida para a distinção do próximo projeto está lançada e a submissão de projetos pode ser efetuada online no site www.anje.pt.
O QUE DEVE CONSTAR NO PLANO DE NEGÓCIOS? 1. Informação pessoal;
BENEFÍCIOS NO VALOR DE 10 MIL EUROS:
2. Apresentação do negócio;
> Um ano de incubação nas infraestruturas ANJE;
3. Análise do mercado;
> Suporte promocional;
4. Estudo económico e financeiro;
> Oferta de uma pós-graduação enquadrada no leque de ofertas da formação avançada ANJE;
5. Amostragem da conta Estado e outros entes públicos;
> Acesso a programas de incentivo financeiro;
6. Demonstração de resultados previsionais e balanços previsionais.
> Consultoria e apoio à atividade empresarial.
FINANCIAMENTO ‹ weNUMBERS
EMPRÉSTIMOS COLETIVOS:
UMA FONTE DE FINANCIAMENTO QUE SE VEM AFIRMANDO Na ressaca da crise financeira global, as fontes de financiamento alternativas emergiram ao sabor do engenho empreendedor e das potencialidades da internet. Uma das mais inovadoras é o peer-to-peer lending, um sistema de empréstimos coletivos atribuídos através de plataformas online, que permite o financiamento de empresas a taxas de juro baixas. Por outro lado, para quem empresta, esta modalidade de investimento garante um retorno atrativo e sem grandes riscos. Em Portugal, a Raize é a 1ª plataforma de empréstimos coletivos. Junho 2015 WE’BIZ 13
weNUMBERS › FINANCIAMENTO As restrições no acesso ao crédito que as instituições bancárias impuseram após a crise financeira global, aliadas às potencialidades de comunicação e interação que a internet encerra, fizeram surgir novas formas de financiamento de projetos de empreendedorismo. Para além do capital de risco tradicional, do smart money, do microcrédito e do crowdfunding, por exemplo, uma outra fonte alternativa de financiamento se está a impor no mundo: o peer-to-peer lending ou empréstimos pessoa a pessoa, traduzindo à letra. O conceito peer-to-peer lending nasceu em 2005 no Reino Unido e tem vindo a ganhar grande relevância, em particular nos EUA. Até à data, estima‑se que mais de 13,5 mil milhões de euros tenham já sido atribuídos através de plataformas online de empréstimo coletivo. No peer-to-peer lending, os empréstimos são concedidos de pessoa para pessoa, ou seja, sem um intermediário financeiro – habitualmente, o banco – entre quem quer emprestar dinheiro e quem necessita dele. Uma das principais vantagens deste tipo de financiamento é, justamente, a obtenção de empréstimos com juros mais baixos do que os praticados no mercado bancário, o que se afigura de grande interesse para empresas, sobretudo nas fases iniciais de desenvolvimento (seed capital, startup e early stage). Por outro lado, quem empresta tem um retorno superior às taxas de juro das poupanças e de outro tipo de rendas fixas. Acresce que o financiador não precisa de arcar com todo o empréstimo, pois o conceito do peer-to-peer lending pressupõe que várias pessoas contribuam financeiramente. Daí a ideia de empréstimo coletivo. À primeira vista, os conceitos de peer-to-peer lending e de crowdfunding parecem semelhantes. Mas nos empréstimos coletivos o financiamento pressupõe a cobrança de um juro, enquanto no crowdfunding o retorno não é fixo nem tão seguro. O peer-to-peer lending é, portanto, um investimento em troca de remuneração, com o qual beneficiam quer as empresas que necessitam do empréstimo, quer os financiadores que veem o seu dinheiro rentabilizado.
14 WE’BIZ Junho 2015
1.ª PLATAFORMA NACIONAL DE EMPRÉSTIMOS COLETIVOS Para facilitar o peer-to-peer lending, existem várias plataformas especializadas online, à semelhança do que acontece com o crowdfunding. Em Portugal, também já está a funcionar uma plataforma de empréstimos coletivos. Chama-se Raize e é uma startup criada em 2012 pelos empreendedores José Maria Rego, Afonso Eça e António Marques. Definem-se, segundo se pode ler no seu site (https://www.raize. pt), como “uma plataforma feita de pessoas e empresas, onde são as pessoas que emprestam diretamente às empresas portuguesas. Uma fonte alternativa de financiamento para empresas e de investimento para particulares”. A plataforma Raize funciona deste modo: depois de registadas online, as empresas pedem empréstimos aos membros da rede no montante que entenderem, definindo o prazo do financiamento e as ofertas de financiamento que pretendem. Quando as empresas obtêm os seus financiamentos, a Raize cobra uma comissão de 3% sobre o montante emprestado. Não são aplicadas quaisquer outras comissões. Os empréstimos não exigem colaterais ou garantias pessoais, e os seus
processos de aprovação demoram 48 horas. Refira-se que as empresas são analisadas pela Raize antes de aderirem à plataforma, para evitar que entrem startups com menos de dois anos de atividade ou que estejam em incumprimento. Já os investidores, depois do respetivo registo na plataforma, selecionam as empresas (pode ser mais do que uma) a quem vão emprestar dinheiro. Para cada empresa, definem o montante do investimento e a taxa de juro que vão cobrar. Há um investimento mínimo de 20 euros por empresa. Todos os meses, os investidores recebem as suas prestações mensais. A Raize assegura que as oportunidades de retorno do investimento se situam acima dos 5.2%, valor que foi calculado com base na TANB média dos empréstimos celebrados. O público-alvo da Raize são micro e pequenas empresas, estando a plataforma atualmente a gerir leilões de financiamento de mais de dez empresas e empréstimos que variam entre os 10 e os 20 mil euros. Segundo o site da Raize, a plataforma reúne hoje mais de 700 investidores.
FINANCIAMENTO ‹ weNUMBERS
O CONCEITO PEER-TO-PEER LENDING NASCEU EM 2005 NO REINO UNIDO E TEM VINDO A GANHAR GRANDE RELEVÂNCIA, EM PARTICULAR NOS EUA. ATÉ À DATA, ESTIMA-SE QUE MAIS DE 13,5 MIL MILHÕES DE EUROS TENHAM JÁ SIDO ATRIBUÍDOS ATRAVÉS DE PLATAFORMAS ONLINE DE EMPRÉSTIMO COLETIVO.
Peer-to-peer lending
Crowdfunding
O financiamento pressupõe a cobrança de um juro.
O retorno não é fixo nem tão seguro.
Investimento em troca de remuneração, com o qual beneficiam quer as empresas que necessitam do empréstimo, quer os financiadores que veem o seu dinheiro rentabilizado.
Junho 2015 WE’BIZ 15
weNUMBERS › FINANCIAMENTO
VALES PARA PME ATÉ
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MIL EUROS O novo quadro comunitário Portugal 2020 prevê um conjunto de vales de desconto até 15 mil euros para incentivar as PME a contratarem serviços especializados nos domínios da inovação, empreendedorismo, internacionalização e I&D. Vales, esses, que funcionam como cheques ou vouchers, financiando até 75% a fundo perdido despesas elegíveis com um limite máximo de 20 mil euros. Desta forma, estão a ajudarse empresas que, de outro modo, não tinham capacidade para aceder aos fundos europeus do Portugal 2020. Aliás, o QREN já previa este tipo de vales. Até março de 2016, as empresas podem concorrer a estes vales através do Balcão 2020 (www. portugal2020.pt). Durante este período, os candidatos são selecionados por fases. Por exemplo, quem concorrer à primeira fase, que termina a 15 de junho, pode receber o cheque logo no início de agosto. As decisões de financiamento são tomadas em 20 dias úteis e a duração máxima de execução do serviço é de 12 meses. Para se candidatarem, as empresas têm de apresentar uma situação líquida positiva, identificar o problema a solucionar e demonstrar
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que os serviços a contratar contribuirão efetivamente para a sua rápida resolução. A criação de postos de trabalho e a data de entrada da candidatura podem ser critérios de desempate na atribuição dos vales. Importa ter em conta que, com os vales, as empresas só podem contratar entidades acreditadas para o efeito e depois de consultadas pelo menos duas dessas entidades. Há um mecanismo de acreditação prévio para os centros tecnológicos, laboratórios, politécnicos, universidades e demais entidades interessadas em prestar serviços às empresas em troca dos vales. Deste modo, é garantida a transparência do processo de contratação, a idoneidade das entidades contratadas e a qualidade dos serviços prestados. O Vale I&D visa “intensificar o esforço nacional de I&I e a criação de novos conhecimentos com vista ao aumento da competitividade das empresas, promovendo a articulação entre estas e os restantes atores do Sistema de I&I”. São elegíveis despesas com serviços de consultoria em atividades de investigação e desenvolvimento tecnológico, bem como serviços de transferência de tecnologia.
FINANCIAMENTO ‹ weNUMBERS Já o Vale Empreendedorismo tem por objetivo “conceder apoios a projetos simplificados de empresas com menos de dois anos na área do empreendedorismo”. São elegíveis despesas com serviços de consultoria na área do empreendedorismo imprescindíveis ao arranque das empresas: plano de negócios, marketing, economia digital (site, loja online, aplicações móveis, catálogos digitais, publicidade online, etc.). Na seleção das candidaturas valorizam-se os projetos em setores de alta e média/ alta tecnologia e em bens e serviços intensivos em conhecimento.
tecnológica, consultoria na área da economia digital, consultoria para aquisição, proteção e comercialização de direitos de propriedade intelectual e industrial e para acordos de licenciamento, consultoria relativa à utilização de normas e serviços de ensaios e certificação”. São elegíveis despesas com serviços de consultoria de inovação nos seguintes domínios: transferência de conhecimento, inovação organizacional e de gestão, economia digital e TIC, criação de marcas e design, proteção de propriedade industrial e qualidade e ecoinovação.
Com o Vale Inovação pretendese “selecionar projetos que se constituam em pequenas iniciativas empresariais de PME, resultantes de um primeiro contacto com o SI&I (Sistema de Investigação e Inovação), abrangendo as atividades de consultoria de gestão, assistência
Por fim, o Vale Internacionalização visa “apoiar projetos simplificados de internacionalização que visem o conhecimento e a prospeção dos mercados internacionais de PME que não tenham iniciado o seu processo de internacionalização ou, tendo já iniciado, não registam
atividade exportadora nos últimos 12 meses em relação à data da candidatura”. São elegíveis despesas com serviços de consultoria na área de prospeção de mercados: estudos de caracterização dos mercados, deslocações, alojamento, aluguer de espaços e equipamentos, decoração de espaços promocionais e serviços de tradução associados a ações de prospeção realizadas em mercados externos.
Calendário de candidaturas aos Vales de Empreendedorismo Prazo de candidaturas decorrido entre os dias 15 de maio e 15 de junho.
Expirado
Prazo de candidaturas válido entre os dias 15 de junho e 31 de agosto.
A Decorrer
Prazo de candidaturas válido entre os dias 31 de agosto e 31 de outubro.
Agendado
Prazo de candidaturas válido entre os dias 31 de outubro e 31 de dezembro.
Agendado
Prazo de candidaturas válido entre os dias 31 de dezembro de 2015 e 31 de março de 2016.
Agendado
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ECOSSISTEMAS de empreendedorismo
Silicon Valley está agora longe do isolamento. A Europa entrou na corrida, Telavive é um polo emergente e Portugal foi contagiado pela febre das startups. Universidades, investidores e aceleradores alinham-se neste movimento. Mas os empreendedores são os players principais: saiba onde e como posicionar o seu negócio.
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO » ensino pré-universitário » ensino superior » formação específica em empreendedorismo » formação contínua » educação informal
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CAPITAL HUMANO RELEVANTE » trabalhadores qualificados e não qualificados » empreendedores em série » programas de capacitação de empreendedores
POLÍTICAS E LIDERANÇAS FACILITADORAS » incentivos regulatórios » institutos públicos de investigação » facilidade de começar um negócio » taxa sobre incentivos » legislação e políticas “business friendly”
TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM
MERCADO “VENTUREFRIENDLY” PARA PRODUTOS » early adopters para protótipos
SUPORTE COORDENADO » instituições e Infraestruturas » consultores especializados » infraestruturas de transportes e telecomunicações » associações promotoras do empreendedorismo » mentores » networks » clubes » clusters » incubadoras » parques » centros de negócio » centros de inovação, investigação e desenvolvimento » gabinetes de transferência de tecnologia » clubes universitários de empreendedorismo
FINANCIAMENTO DEDICADO » business angels » venture capital » microcrédito » seed » startup expansion » growth capital
CULTURA EMPREENDEDORA » tolerância ao risco e ao erro » status social positivo do empresário » preferência pelo autoemprego, cultura de inovação e investigação
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O Shark Tank terá uma quota-parte de responsabilidade ou talvez seja já um resultado da dinâmica nacional em matéria de iniciativa empresarial. Certo é que à custa da emergência de um conjunto de projetos e entidades o conceito de “ecossistema empreendedor” começa a tornar-se uma buzzword, nomeadamente nos discursos políticos. O que distingue, então, este ecossistema do tradicional conceito ligado às ciências da natureza? Pedimos a Francisco Veloso, diretor da Católica Lisbon School of Business & Economics, para nos apresentar a sua definição. E a resposta é simples e direta, adaptando-se na perfeição à linguagem startup: “eu diria que é o conjunto de agentes que contribui para que o processo de empreendedorismo se possa materializar e crescer num determinado tipo de contexto, em particular num contexto regional, portanto com alguma dimensão geográfica associada”, afirma o docente universitário. Francisco Veloso remete-nos assim para a dimensão geográfica, que nos leva de imediato até São Francisco, para destacar aquela que parece ser a referência incontornável em matéria de ecossistema empreendedor: Silicon Valley. Mas o espaço é apenas um dos pontos agregadores da dimensão principal do ecossistema: “os vários agentes envolvidos”, tal como refere Francisco Veloso. Chegamos assim a elementos como “as universidades, as empresas assistentes, os financiadores, as políticas públicas de apoio”. O especialista em empreendedorismo e gestão sublinha não apenas os agentes, mas também a necessária coexistência e articulação dos mesmos. “Se nós tivermos empreendedores, mas se não tivermos nenhuma das universidades mobilizadas e ativas para o processo empreendedor, então há uma parte importante deste ecossistema que não está presente. A mesma coisa se tivermos empreendedores mas não tivermos as empresas de capital de risco a apoiar estes projetos”, exemplifica. O Financial Times (no projeto http:// lexicon.ft.com/) recorre à definição de D. Isenberg para explicar o conceito e estruturar os seus elementos em seis domínios: uma cultura conducente (tolerância ao risco e ao erro associada ao status social positivo 20 WE’BIZ Junho 2015
do empresário); políticas e lideranças facilitadoras (incluindo incentivos regulatórios e institutos públicos de investigação); disponibilidade de financiamento dedicado (business angels, venture capital, microcrédito, etc); capital humano relevante (trabalhadores qualificados e não qualificados, empreendedores em série, programas de capacitação de empreendedores); mercados “venturefriendly” para produtos (“early adopters” para protótipos); e um vasto conjunto de suportes institucionais e infraestruturais (consultores especializados, infraestruturas de transportes e telecomunicações, associações promotoras do empreendedorismo, etc). Esta definição sustenta-se também na interdependência de cada um dos seus elementos, sem descurar que a diferenciação de cada ecossistema reside, em boa parte, nas dinâmicas que têm por base a especificidade de cada localidade. John Gale, consultor experiente em desenvolvimento corporativo e comercial, com vasta experiência em startups de Silicon Valley, acrescenta a estas ideias a importância de agregar, na definição de ecossistema de empreendedorismo, as dimensões investimento e know-how. “Não se trata apenas de investir nas startups, mas também de providenciar as condições e as infraestruturas de que as startups necessitam para terem sucesso”, refere. Por isso, ao capital é crucial acrescentar “o conhecimento e o interesse por parte daqueles que têm o dinheiro”, acrescenta o norte-americano que tem também desempenhado um papel ativo no universo das startups portuguesas. O Relatório “Doing Business 2015”, publicado pelo World Bank, analisa a
facilidade de se fazer negócios, medindo aspetos do ambiente empresarial cruciais para empresas e investidores em 189 economias. Ora, atentando nos aspetos estudados por este relatório, chegamos também a uma aproximação dos elementos mais preponderantes para criar novos negócios e desenvolver negócios existentes. A regulamentação é o foco do “Doing Business”, que na categoria “Começar um Negócio” pesquisa, em detalhe: procedimentos necessários; tempo; custos; e capital mínimo para começar. Mas há outras categorias em análise, que vão do registo de propriedade ao pagamento de taxas e regras para transações comerciais. A força das instituições legais também ajuda a definir o ambiente propício ao ecossistema empreendedor, pois é aqui que entra o estudo das condições de angariação de crédito, da proteção dos investidores e até das leis laborais. Também o barómetro de Empreendedorismo da Ernst & Young estrutura a sua pesquisa de mercado de acordo com uma interessante classificação dos pilares necessários para um ambiente fértil para as startups. A empresa de consultoria e auditoria sugere cinco pilares: acesso a financiamento (seed, startup expansion growth capital); cultura empreendedora (tolerância ao risco e ao erro, preferência pelo autoemprego, cultura de inovação e investigação); educação e formação (ensino préuniversitário, ensino superior, formação específica em empreendedorismo, formação contínua, educação informal); taxas e regulamentação (facilidade de começar um negócio, taxa sobre incentivos, legislação e políticas “business friendly”); e suporte coordenado (mentores, consultores, networks e clubes, incubadoras, clusters, parques, centros de negócio).
Onde deve lançar o seu negócio? Movidos por programas de aceleração, inspirados por casos de sucesso ou simplesmente conscientes de que o seu mercado está fora de Portugal, são cada vez mais os empreendedores que escolhem outros ecossistemas para fazer negócios. Fomos em busca dos critérios que devem presidir a essa escolha.
TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM Os rankings de empreendedorismo aproximam-nos dos elementos base de um ecossistema empreendedor, mas estão distantes da ordem que resulta da opinião dos especialistas e empreendedores que ouvimos. Silicon Valley parece uma referência incontornável no primeiro posto, mas os seguintes não são assim tão consensuais. E talvez seja melhor que assim seja: até porque na hora de decidir lançar um negócio fora do país o importante será olhar para o próprio umbigo e analisar muito bem as especificidades e necessidades do projeto que tem em mãos. O diretor da Católica Lisbon School of Business & Economics, Francisco Veloso, afirma que o melhor conselho que se pode dar a um empreendedor neste contexto é o de “seguir as oportunidades que possam vir a dar maior sustentabilidade ao processo empreendedor e ao processo de desenvolvimento da empresa”. O especialista em criação e gestão de empresas não é da opinião de que, para ter sucesso, uma startup tenha “necessariamente de mudar-se para outro ecossistema empreendedor”. E há um argumento de peso que justifica esta opinião: “é preciso ver que alguns dos fatores mais importantes para o desenvolvimento de uma empresa tem a ver com a capacidade de atrair talento e de mobilizar esse talento para desenvolver a plataforma de negócio dessa startup. O que é que acontece? Quando esses empreendedores se movem para um ecossistema que eles não conhecem bem - vamos imaginar que alguém vai daqui para Silicon Valley -, não é evidente que nesse contexto esse
empreendedor - ou esse grupo de empreendedores -consiga mobilizar o melhor talento local”, afirma Francisco Veloso. Até porque, prossegue, a mobilização de talento acontece em função das nossas redes e “as redes têm uma dimensão local”. O docente universitário que tem vindo a acompanhar o movimento empreendedor associado à Católica Lisbon, e também a interligação da instituição com o ecossistema lisboeta, reforça ainda que “não é evidente que só por [uma startup] estar num determinado tipo de localização as coisas vão acontecer melhor”. Defensor da ideia de que o desenvolvimento da empresa deve “ocupar um espaço central nas decisões do empreendedor”, acrescenta ainda que a decisão inerente a uma mudança de ecossistema, a ser tomada, deve fundamentar-se nas necessidades da mesma para esse desenvolvimento. “Se é preciso trabalhar diretamente com num conjunto de clientes que estão nos EUA e são esses clientes que são absolutamente críticos para que a empresa tenha determinado tipo de sucesso, então, ir para os EUA poderá ser absolutamente crítico. Mas se esses clientes estão na Europa, aqui em Portugal, em Espanha ou no Brasil, então, que seja esse o percurso e o caminho”. Francisco Veloso acrescenta ainda que algumas pesquisas científicas nesta área “demonstram exatamente que os empreendedores tendem a localizar-se no sítio onde já estão quando decidem avançar com o processo empreendedor e normalmente as empresas que se iniciam nessa mesma zona acabam por ter até melhores resultados do que aquelas que decidem mudar-se para outra localização”.
RANKING MADE IN PORTUGAL Francisco Veloso, diretor da Católica Lisbon School of Business & Economics, ousa ordenar os ecossistemas de empreendedorismo, de acordo com a respetiva dinâmica e eficácia. O resultado é algo próximo da seguinte ordem: 1- Silicon Valley 2- Boston 3- Nova Iorque 4- Londres “A seguir, há outras cidades ou regiões emergentes, por exemplo, Austin, Berlim, Lisboa, Telavive, só para falar nos velhos continentes. Depois, existe uma dinâmica empreendedora muito forte na Ásia, mas com naturezas muito diferentes, e portanto mais idiossincráticas”, afirma Francisco Veloso. SILICON VALLEY VS TELAVIVE? Sobre uma eventual dicotomia emergente entre Silicon Valley e Telavive, o diretor da Católica Lisbon School of Business & Economics afirma: “Boston, Nova Iorque e Londres seriam ecossistemas empreendedores que eu neste momento colocaria claramente à frente de Telavive”. Francisco Veloso diz que a visibilidade de Telavive fica a dever-se sobretudo “à dinâmica de mudança e à evolução muito significativa que tem existido nessa região”.
UMA DECISÃO DE RISCO “Eu acho que é um grande risco para qualquer pessoa ir para outro país e lançar um novo negócio”, afirma o norte-americano John Gale, CEO da consultora portuguesa Carverlon. Conhecedor de Silicon Valley, onde apoiou diversas startups, especialmente na área da gestão de portfólio, o especialista em comércio não aponta, porém, em direção a São Francisco quando um empreendedor lhe pede conselhos quanto à escolha de um ecossistema internacional. John Gale diz que a primeira recomendação passa por fazer os empreendedores perceberem se estão prontos para avançar e a segunda por sugerir o Norte da Europa. “O modo mais fácil de as startups portuguesas se moverem para outro país é, talvez, irem para o Centro Norte da Europa, lançaremse lá e depois espalharem-se”, afirma. Quiçá, através dessa disseminação por espaço europeu, complementa John Gale, os empreendedores acabem por “encontrar o ponto de partida para os EUA”. O também diretor do American Club of Lisbon fundamenta estas advertências nas necessidades e oportunidades específicas das áreas de atividade, depois de sublinhar que o investimento associado à realidade norte-americana não está ao alcance de qualquer projeto. “Se és uma startup é mais barato ir para Londres, Dublin ou Berlim do que ir para São Francisco”, afirma. John Gale salienta, por exemplo, que Londres é o centro de importantes comunidades financeiras e complementa as cidades europeias referidas com o caso de Viena, que diz ser atualmente mais forte em biotecnologia do que a Califórnia.
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GPS empreendedor
Desenhar o mapa dos ecossistemas empreendedores é hoje um desafio complexo de operacionalizar, dada a quantidade e variedade de existências a assinalar. “Voltando aos anos 90, um amigo meu fez uma pesquisa sobre ecossistemas e encontrou 19 ecossistemas startup em todo o mundo. Atualmente, acho muito fácil dizer que há cerca de uma centena, dependendo de como definimos os ecossistemas, porque podemos certamente defini-los de uma forma que nos levará a encontrar mais do que isso”, conta John Gale, norte-americano que trabalhou já com diversas startups em Silicon Valley e fundou em Portugal a consultora Carvelon. Ora, a WE’BIZ centrou-se no cruzamento de dois critérios fundamentais: a eficácia dos ecossistemas e a sua pertinência para os projetos portugueses, sublinhadas pelos especialistas que consultamos; e a concentração das startups nacionais. O resultado é a representação gráfica aqui presente.
À BOLEIA DA PORTUGAL VENTURES Com o propósito de aproximar as startups portugueses dos principais ecossistemas mundiais, a Portugal Ventures criou aceleradores em alguns desses centros. O primeiro foi aberto em 2013, em São Francisco, seguiu-se Boston, em 2014, no Cambridge Innovation Center (CIC). Em Austin, uma parceria com a Fundação para a Ciência e Tecnologia permitiu o apoio ao Global Startup Program da Universidade do Texas, no âmbito do qual vários negócios portugueses têm vindo a ser acelerados. Berlim acaba de juntar-se a estas oportunidades norte-americanas. O acelerador da Portugal Ventures na cidade alemã surge na sequência de uma parceria com a Leonhard Ventures e a Betahaus.
NOVA IORQUE BOSTON SILICON VALLEY
AUSTIN
São Paulo é a capital financeira e empresarial do Brasil. É a maior cidade sul-americana e umas das dez maiores do planeta, um dos maiores centros financeiros do mundo, sede de mais de 60% das empresas multinacionais presentes no Brasil e residência oficial de mais de 1.200 milionários. As políticas públicas têm contribuído para o fomento do empreendedorismo, designadamente através do dispositivo de Compras Governamentais. Apesar da multiplicidade das instituições estaduais e federais, municipais e privadas, que participam de diferentes formas na promoção do empreendedorismo em São Paulo, há consciência generalizada relativamente às instituições que regulam, financiam e que apoiam. 22 WE’BIZ Junho 2015
SÃO PAULO
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Barcelona possui um modelo próprio de desenvolvimento socioecónomico que se tornou um case-study internacional. Parte deste sucesso relaciona-se com a forma como se interliga a estruturação da cidade com a criação de emprego, a atividade das universidades e a dinâmica das empresas ali sediadas. Barcelona assumiu-se como um Centro de Competências e de Inovação em áreas como Cultura, Ciências Médicas, Indústrias Criativas e TIC. Possui alguns centros de competências com reconhecimento mundial, como é o caso das escolas de gestão ou de algumas especialidades biomédicas.
No caso finlandês, evidenciam-se, sobretudo, os esforços concertados para tornar a inovação relevante à escala internacional, alinhando prioridades na estratégia nacional de inovação, promovendo a concentração de universidades, integrando centros de investigação para alcançar massa crítica, desenvolvendo políticas de capacitação da gestão para padrões de referência internacional, incentivando a captação de talentos a nível internacional e estabelecendo a confluência de esforços entre organismos que apoiam a internacionalização.
LONDRES – CORAÇÃO DA EUROPA EMPREENDEDORA
LONDRES BERLIM AMESTERDÃO Telavive
Londres é reconhecida globalmente como o coração do crescimento do ecossistema europeu, que atrai startups e investidores de toda a europa mas também de todo o mundo. O projeto Tech City, que envolve todo o Reino Unido em torno de uma estratégia digital é um dos principais polos tecnológicos da cidade. O Google Campus (espaço de coworking da Google), o Wayra (acelerador da Telefonica) e o Playhubs (destino para as iniciativas empreendedoras no segmento dos jogos) são outras referências incontornáveis no ecossistema londrino. A cidade inglesa é ainda célebre por ser o berço das indústrias criativas. No pilar do suporte, destaque para a Start Up Loans Company, uma iniciativa governamental operada pelo departamento de Negócio, Inovação e Competências que possui um papel fundamental no quadro do ecossistema do Reino Unido, não só pelo investimento efetuado, mas também pelo trabalho de mentoring.
TELAVIVE - “STARTUP CITY” A atividade empreendedora de Israel é destacada pelo GEM – Global Entrepreneurship Report pelo seu alto nível relativamente a outras economias classificadas como “innovation-driven”. Dados de 2013 mostravam que essa atividade duplicara relativamente a 2010, com uma afirmação crescente do empreendedorismo por oportunidade, em detrimento das iniciativas por necessidade. Excelentes infraestruturas físicas e digitais, uma forte cultura empreendedora e um elevado investimento na formação distinguem este ecossistema. Telavive é apontada como a cidade mundial com maior concentração de empreendedores per capita. Afirmase internacionalmente como uma “startup city” e uma “non-stop city”. A gestão estratégica da cidade está voltada para a constituição de um hub internacional de inovação e tecnologia, que envolve as melhores condições de suporte à concentração de empreendedores e investidores. Meios globais como Wall Street Journal e BBC juntam-se aos vários especialistas que colocam Telavive em competição direta com Silicon Valley. Alguns players revelam também a criação recente de sinergias entre este ecossistema israelita e o seu homólogo de Berlim. Junho 2015 WE’BIZ 23
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EUA: território de elite? Silicon Valley continua a ser a resposta “top of mind” para uma questão sobre ecossistemas de empreendedorismo. O berço do Facebook ou da Google é tão singular que consegue diferenciar-se dos demais ecossistemas internos. Mas Boston, Nova Iorque e Austin são também territórios de elite para as startups de todo o mundo. Francisco Veloso, diretor da Católica Lisbon School of Business & Economics, afirma que o famoso vale californiano “continua a ser e vai ser durante algum tempo” o ecossistema empreendedor “mais eficiente”. Porquê? “Porque tem pessoas com muito talento localizadas lá por uma série de razões, porque tem boas empresas, porque tem boas universidades, porque tem um bom nível de vida, existe também talento disponível (talento universitário e talento de empresas grandes estabelecidas, que são também elas fonte de atração de talento) e existe uma presença grande de capital de risco e de business angels”, justifica o docente universitário. Pela experiência profissional que tem no universo das startups, inclusive no contexto deste famoso ecossistema, John Gale, por seu turno, afirma que “uma das forças da São Francisco Bay Area é a força da comunidade de venture capital – tanto a estratégica como a financeira”. Uma força sustentada pela “vantagem da sua histórica força de investidores”, bem como pela existência de um conjunto de pessoas com perceção real do “conceito de investir”. John Gale inclui também entre os pontos fortes de Silicon Valley a “rotatividade do mercado de trabalho”, que possibilita ter “mão-de-obra experiente sempre disponível”. Recorda, a propósito, o que ouviu da parte de uma maiores entidades de business angels há cerca 24 WE’BIZ Junho 2015
NOVA IORQUE BOSTON SILICON VALLEY
de 10 anos: “a chave para o sucesso de Silicon Valley é o facto de haver despedimentos frequentes”. Isto porque “como estão sempre a voltar ao mercado de trabalho”, as pessoas “experientes em determinadas empresas estáveis” acabam por estar “disponíveis para se envolverem em startups”. Por fim, o norte-americano que desempenha em Portugal funções de diretor no American Club of Lisbon inclui entre os elementos diferenciadores de Silicon Valley “a cultura startup”. Cultura essa que traduz facilmente por miúdos: “é uma coisa socialmente desejável fazer parte de uma startup e está tudo ok se falhares”. “Então, quando tu falhas, as pessoas tentam perceber porque falhaste e se tu estás a fazer as coisas certas ou erradas. E se estás a fazer as coisas certas ganhas muito respeito porque tentaste e falhaste. Enquanto se estás a fazer as coisas erradas perdes o respeito, porque estragaste a situação de outras pessoas também”, resume John Gale.
INVESTEM, EXIGEM E TRABALHAM 70 HORAS POR SEMANA Experiente na gestão do portfolio de startups em Silicon Valley, John Gale faz, contudo, questão de desconstruir a ideia de que este ecossistema é “um local fantástico” para lançar novos
AUSTIN
SÃO PAULO
negócios. “É um local fantástico em determinados aspetos e, como qualquer outro local, tem as suas fraquezas. Por exemplo, não é forte em biotech ou nanotech e outros locais são”, afirma. John Gale remata ainda dizendo que “Silicon Valley tem provavelmente o mais amplo conjunto de atividades no mundo, mas o que é mais relevante para uma startup é o setor que é do seu interesse”. Nesta lógica de desconstrução da imagem excessivamente positiva que os empreendedores de todo o globo mantêm relativamente a Silicon Valley, John Gale acaba por falar também de um universo de exigência, onde efetivamente há uma grande concentração de investidores, mas a vida é cara, a luta para chegar até ao dinheiro é árdua e o período que intermedeia essa busca e a sua respetiva conquista pode colocar as startups e os próprios empreendedores em maus lençóis. “Uma das coisas que vês em Silicon Valley que é muito frustrante é que há muitas startups, particularmente da Coreia do Sul e de França, que chegam sem dinheiro. Têm 100 mil dólares para um ano, não podem comprar um carro, e tens de ter um carro em Silicon Valley, não podes usar transportes públicos. Então, é muito difícil fazerem qualquer coisa, porque com 100 mil dólares não podem contratar consultores”, conta o especialista norte-americano que diz ter percebido, ao fim de dois anos em São Francisco, que ainda não
TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM conhecia bem este ecossistema.
Pedro Pinto, CEO da Take The Wind, está a conquistar o mercado norte-americano, a partir de Austin, onde integra o Global Startup Program.
A dificultar tudo isto está ainda o perfil dos investidores de Silicon Valley: segundo Gale, é tão surpreendente como a concentração dos mesmos por metro quadrado. Em São Francisco, todos os dias há pitches e oportunidades para apresentar um negócio a um painel de business angels, mas esses investidores não se limitam a ouvir histórias e aplicar dinheiro. Pelo contrário, “estes investidores trabalham 50, 60, 70 horas por semana”, refere o norte-americano. “São muito hard working, muito profissionais e muito low profile, porque não estão interessados em publicidade”, acrescenta. John Gale reforça, deste modo, o cariz diferenciador da comunidade de venture capital sediada em Silicon Valley, acrescentando que eles aplicam também “muito tempo no desenvolvimento de uma startup, antes mesmo de fazer a primeira ronda de investimento”. O conselho para os empreendedores é duplo: atenção ao que os investidores vão exigir e, já agora, atenção também ao que vão exigir dos investidores. “Em Silicon Valley, se vais fazer a tua primeira ronda de investimento, o que vais estar a pedir ao business angel é: o que eu quero de ti não é apenas dinheiro, quero conhecimento da minha área de negócio e quero que me ponhas em contacto com aquelas pessoas que me podem ajudar a completar as coisas que eu tenho de fazer, de forma a justificar a próxima ronda de investimento”, remata John Gale.
PARA LÁ DO VALE CALIFORNIANO O norte-americano John Gale diz que Silicon Valley é talvez o ecossistema mundial mais abrangente em matéria de áreas de negócio e destaca o facto de Austin ser “um local muito interessante para algumas atividades da área high tech”, assim como de Boston deter boas oportunidades no segmento das biotech.
A SAÚDE E OS VENTOS DE AUSTIN O mercado norte-americano “é maduro”, tem uma “cultura empresarial mais sofisticada” e “uma cultura de negócio que permite que as coisas andem mais rápido”. É deste modo que o CEO da Take The Wind, Pedro Pinto, descreve a sua experiência nos EUA. Uma experiência “com muito bons resultados”, coordenada a partir de uma subsidiária em Austin, que já deu origem a contratos e parcerias de relevo. A Take The Wind, uma empresa de tenologias da saúde, com inovadoras aplicações interativas, tendo como “produto bandeira” o Body Interact, um simulador digital para capacitação profissional. Foi criada em Coimbra há sete anos e meio e chegou ao mercado norte-americano há quatro. Hoje, tem uma subsidiária em Londres e uma outra em Austin, onde desde finais de 2014 beneficia de um programa de softlanding, que durante um ano apoia empresas nacionais em conexão com a Universidade do Texas. “Conseguimos agora realizar um contrato muito importante com um distribuidor a nível nacional nos EUA”, conta Pedro Pinto a propósito das conquistas com origem no Texas. A esta referência juntam-se “relações estratégicas com entidades importantes a nível do mercado norte-americano”, nomeadamente com o Mayo Clinic – o maior hospital dos EUA, que o empresário descreve como “um cartão-de-visita” crucial para a empresa-, a American Heart
Associtiation, o American College of Cardiology ou até a IBM. Argumentos mais do que suficientes para que Pedro Pinto afirme, sem margem de dúvidas, que “os EUA são o sítio certo para começar” na sua área de negócio. O CEO da empresa portuguesa reconhece que Silicon Valley tem um potencial maior e que “Austin está a meio caminho de muitas coisas”, embora, na perspetiva da Take The Wind, detenha atalhos setoriais relevantes. “No nosso caso, a decisão de Austin foi importante porque nós procuramos não só exposição e network na área tecnológica, mas sobretudo uma aproximação aos clientes e os nossos clientes são universidades, ‘learning hospitals’ e centros de estimulação. Para nós o importante é estarmos próximos dos centros de decisão e de inovação nesta área e o Texas é um centro de inovação na área médica”, conclui Pedro Pinto. Silicon Valley teria sido “uma melhor opção” se a empresa estivesse fundamentalmente interessada em “levantar capital”, acrescenta o CEO da empresa de Coimbra.
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Amesterdão
O velho continente e as novas empresas “A Europa é fantástica pela sua diversidade”, afirma Oscar Kneppers, fundador do acelerador holandês Rockstart. O mentor e empreendedor sublinha a universalidade inerente aos ecossistemas startup, diz que é tudo uma questão de energia e destaca, a propósito, as forças de Amesterdão.
O Plano de Ação Empreendedorismo 2020 procura novos alicerces para a arquitetura do ecossistema startup europeu. Mas o reconhecimento do que há a fazer não invalida opiniões otimistas como a de Oscar Kneppers, fundador do acelerador holandês Rockstart. Reforçando que, na sua opinião, os ecossistemas são sempre locais (sejam eles de províncias ou até de cidades grandes), este empreendedor em série admite que todos terão sido “constituídos de um modo diferenciado”, mas afirma estar “super feliz pela ambição generalizada de crescermos inspirando ecosssitemas startup”. “Eu adoro a Europa, a sua diversidade, a sua capacidade de ultrapassar as diferenças culturais, religiosas e económicas. A partir do momento em que te inseres num ecossistema startup local, percebes que todos falamos a mesma linguagem, temos objetivos comuns e cooperamos facilmente e de modo transparente”, afirma Oscar Kneppers. O fundador do projeto Rockstart coordena hoje um projeto que base regional mas de abrangência global, que reúne parceiros estratégicos de várias nacionalidades e chama até Amesterdão empreendedores oriundos de toda a europa, e não só. A capital holandesa é, segundo Oscar Kneppers, espelho da diversidade europeia, facto que joga a favor do seu ecossistema empreendedor. “Amesterdão é uma das cidades com maior diversidade no mundo – alberga mais de 180 nacionalidades. Como somos historicamente orientados para as transações comerciais, tendemos a encontrar soluções e ultrapassar diferenças com facilidade”, sublinha. Oscar Kneppers não tem a presunção de colocar Amesterdão no topo dos ecossistemas europeus, mas partilha com a WE’BIZ um ranking que diz subscrever (apenas pela seleção de 26 WE’BIZ Junho 2015
cidades e não pela ordem das mesmas, visto que essa, na sua opinião, vai sofrendo variações ao longo do tempo). A listagem elaborada pela publicação “Wired UK” inclui as seguintes referências: Londres, Moscovo, Berlim, Estocolmo, Paris, Helnsínquia, Telavive, Istambul, Amesterdão e Barcelona. A junção de talento com capital existente em Londres, a dinâmica da publicidade online que vigora em Moscovo, os hubs de Berlim, as ideias de negócio fora da caixa que nascem em Estocolmo, os business angels de Barcelona e a “fintech” de Amesterdão são alguns dos principais destaques deste ranking. Pois, então, juntando todas estas dinâmicas terá o velho continente força para competir com o ecossistema
“norte-americano”? Oscar Kneppers afirma que não, por uma razão muito simples: “não existe um ecossistema norte-americano”. Existem ecossistemas locais. “Existe Silicon Valley e existe o resto do mundo”, afirma. “Não há nada como Silicon Valley, pelo menos, hoje. Se tentares replicar Silicon Valley, vais falhar. O que podes fazer é manter o otimismo construtivo e curioso que se sente lá”, acrescenta. Envolvido desde 1998 no mundo dos negócios dos media e das tecnologias, o famoso empreendedor holandês que atualmente se dedica a inspirar outros fazedores reforça ser “tudo uma questão de energia” e fala na universilidade dessa energia, “algo que sempre se sente num ambiente muito startup”.
“EMBRACE ROCKSTART MANTRAS” Oscar Kneppers fundou, em 2011, o acelerador holandês Rockstart, que hoje é muito mais do que um programa de aceleração, envolve players de vários pontos do globo, espaços de incubação e programas diferenciados de apoio às startups. Uma experiência que Oscar toma como exemplo na hora de definir o que falta fazer pelo ecossistema europeu de empreendedorismo. “Embrace Rockstart Mantras” [Adoptar os Mantras Rockstart] é a resposta do empreendedor. Falamos de cinco pontos, escritos na chamada linguagem startup, a tal que se diz “universal” e que, por isso mesmo, nos parece desaquado traduzir: 1 Step forward. Start. 2 Team up. Do it. 3 Stop talking, start building. 4 Learn. Pivot. Start over. 5 Keep up. Keep going.
TEMA DE FUNDO ‹ weZOOM
Este país é para startups? O Comité das Regiões atribuiu a Lisboa a distinção de “Região Empreendedora Europeia (EER) 2015”, premiando as melhores estratégias regionais para a promoção do empreendedorismo e da inovação. As entidades e infraestruturas de suporte são cada vez mais e fala‑se, finalmente, na existência de um ecossistema nacional. Será que já somos uma “startup nation”? “Portugal tem registado uma evolução extraordinária na sua dinâmica empreendedora”, afirma Francisco Veloso. O diretor da Católica Lisbon School of Business & Economics recorda que “há seis, sete anos atrás existiam iniciativas muito esporádicas e pouco consistentes” e sublinha que atualmente podemos falar de um ecossistema completo, que está muito centrado nas universidades, mas também já extravasa, e muito, o universo académico. O docente exemplifica com o caso de Lisboa onde diz já existir “um conjunto de agentes de promoção do empreendedorismo muito importantes”. Além das universidades, refere a Beta-i, a Fábrica de Startups, a Startup Lisboa e os fundos de capital de risco, por exemplo, do Novo Banco, assim como a própria Portugal Ventures. Fora da capital, Francisco Veloso salienta “a criação da Pathena (um fundo de capital de risco associado à área de IT que está baseado no Norte)”, assim como as iniciativas à volta da Universidade do Porto e da Universidade do Minho, nomeadamente a UPTEC, a AIMinho e a Startup Braga. “Há de facto um conjunto muito importante e interessante de dinâmicas que são muito positivas e começa a haver também empresas com um nível de visibilidade importante”, acrescenta. E os exemplos que se seguem parecem mesmo inabaláveis: a BestTables (recém-vendida à TripAdvisor), a Feedzai (que acaba de fechar uma ronda de investimento de 17,5 milhões de euros – ver notícia da página 28) ou a Farfetch, a empresa que recentemente entrou para o clube dos unicórnios (negócios avaliados em mil milhões de dólares).
Portugal
O QUE FALTA FAZER EM PORTUGAL O diretor da Católica Lisbon School of Business & Economics, Francisco Veloso, salienta o dinamismo crescente do nosso ecossistema empreendedor, com casos de sucesso do lado das entidades de suporte e do lado das empresas. Mas admite que “há sempre dimensões para desenvolver” e “várias coisas que faltam”. Aqui ficam as cinco propostas eleitas pelo docente univesitário:
1 MAIS AGENTES DE CAPITAL DE RISCO “Nomeadamente agentes de capital de risco com conhecimentos específicos e com áreas de intervenção específicas. Ou seja, nós temos um trabalho muito importante que a Portugal Ventures tem estado a fazer, mas a Portugal Ventures aposta em todas as áreas e era interessante complementar isso com fundos de capital que pudessem intervir ao nível das áreas específicas (por exemplo, as áreas de biotech, de Junho 2015 WE’BIZ 27
weZOOM DE FUNDO weSTART››TEMA STARTUPS IT, de materiais), com conhecimentos, com rede específica nessa área. Essa dimensão de área específica é muito importante para o desenvolvimento das empresas a nível internacional”.
2 INSTRUMENTOS FISCAIS DE INCENTIVO AO CAPITAL SEMENTE E AOS BUSINESS ANGELS “Nós temos tido algumas iniciativas de criação de sociedades de business angels, com o apoio de fundos estruturais para complementar esse investimento, mas eu acho que nós beneficiaríamos de uma forma muito significativa se tivéssemos um instrumento mais flexível, parecido com aquele que existe em Inglaterra, que cria um conjunto de benefícios fiscais e de mais-valias para aqueles que decidem investir em projetos empreendedores e em startups, quer do ponto de vista do capital semente, quer do ponto ponte de vista do capital de risco.
3 MECANISMOS DE FLEXIBILIZAÇÃO NAS UNIVERSIDADES “Era também necessário criar estruturas mais flexíveis ao nível das universidades para que os professores e investigadores pudessem facilmente sair e experimentar os seus projetos em ambiente empresarial. Ou seja, eles têm determinado projeto de investigação, parece-lhes que aquilo poderia ter algum potencial do ponto de vista empreendedor, mas é difícil conseguirem libertar-se das suas aulas para lançar aquela empresa durante seis meses, desenvolver o negócio, ver se aquilo tem, de facto, oportunidade de ser posto de pé”.
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APOIAR OS CLUBES UNIVERSITÁRIOS DE EMPREENDEDORISMO
APOIO À INVESTIGAÇÃO EM CONTEXTO ACADÉMICO
“Há uma série de estudantes já com muita energia, muita capacidade, muita vontade e pequenos apoios financeiros para esses clubes poderiam ter aqui um papel importante de dinamização”.
“Parece-me que era importante ter alguns instrumentos de teste rápido de conceito em termos também de projetos de investigação que acontecem nas universidades”.
Estou impressionado com o programa da ANJE [ASA – ANJE Startup Acellerator]. Penso que é muito bom. (…) As startups portuguesas que conheci estão muito empenhadas e trabalham muito para terem sucesso, mas trabalham num contexto muito diferente de Londres, Berlim ou Silicon Valley. É muito difícil comparar como as mesmas pessoas fariam coisas nesses diferentes locais. John Gale, diretor do American Club of Lisbon
FALTA DE MERCADO TRAVA STARTUPS INOVADORAS A Take The Wind vai já a meio do seu sétimo ano de existência e tem uma equipa de 20 pessoas, mas deve o seu crescimento às subsidiárias internacionais de Austin e de Londres e à distribuição efetuada em mercados como China, Arábia Saudita, Alemanha, Áustria, Finlândia, Suíça, Canadá e, provavelmente num futuro próximo, Coreia, Emirados Árabes Unidos e México. O CEO da empresa lamenta o facto de Portugal não ter mercado nem ecossistema suficientemente dinâmico para alavancar um crescimento equiparável a este. “Há uma cultura de negócio que trava muito o desenvolvimento dos projetos. Muitas vezes nem para experimentar há abertura”, afirma. Pedro Pinto diz que “isso leva a que pequenas empresas que precisam de ter uma interação com o mercado de forma rápida e ágil, que lhes permita afinar muito bem os produtos” acabem por se verem forçadas a sair. Em causa estão “alguns processos de relação mercado-empresa” e também algumas “estruturas que simplifiquem os processos”. O líder da empresa que desenvolve aplicações interativas na área da saúde afirma que “a falta de cultura e carinho pelo que a inovação pode fazer” aliada a processos lentos e burocráticos acabam por “matar a inovação e o time to market”.
28 28 WE’BIZ WE’BIZ Junho Junho 2015 2015
STARTUPS ‹ weSTART PERFIL
ELES SÃO
! P O T
NELSON PEREIRA E MIGUEL JESUS CONSEGUEM AINDA REUNIR NUMA SELFIE A EQUIPA TOP DOCS. MAS SERÁ POR POUCO TEMPO: AS APPS QUE PERMITEM GERIR FICHEIROS ENTRE NUVENS ESTÃO A CONQUISTAR O GLOBO.
Nelson Pereira (em destaque) e Miguel Jesus (no extremo oposto) já lideram uma equipa de 12 pessoas, que até ao final do verão deverá chegar aos 20 elementos. Junho 2015 WE’BIZ 29
weSTART › STARTUPS O nome da TOP Docs vem mesmo a calhar: a startup especializada num inovador conceito de aplicações móveis para ficheiros office está, literalmente, nos tops. Presente em 100 países, reúne mais de 800 mil utilizadores, fechou uma ronda de investimento superior a 300 mil euros, acelerou tudo isto em Amesterdão e acaba de chegar de Silicon Valley onde validou o projeto junto de gigantes como Google ou Dropbox. “Saia da sua nuvem” é o irreverente desafio lançado pela TOP Docs. A startup que começou com uma suite de Office centrou-se no conteúdo e permite agora que pessoas com diferentes plataformas de cloud trabalhem nos mesmos documentos, com total compatibilidade. “Na plataforma TOP Docs é possível partilhar, criar e editar documentos em conjunto, independentemente do formato (DOCX, ODT, GDOC) ou serviço cloud (GoogleDrive, Dropbox, Box, OneDrive), sem alterar ou corromper o formato original dos documentos, e sem necessidade de todas as pessoas utilizarem a mesma plataforma cloud”, explica o CEO da empresa, Nelson Pereira.
A plataforma TOP Docs é um projeto que nasceu global e esteve presente em todos os continentes (através da AppStore), desde o primeiro dia em que o nosso primeiro protótipo foi disponibilizado ao público
30 WE’BIZ Junho 2015
Trata-se de uma aposta da TOP Docs naquilo que os fundadores Nelson Pereira e Miguel Jesus perceberam ser central para os utilizadores: o conteúdo. “Quando um grupo de pessoas estão na mesma plataforma cloud e usam as mesmas ferramentas de Office, trabalharem juntas é fácil. Conseguem criar, editar, partilhar e coeditar documentos. Mas quando estão em plataformas diferentes (como GoogleDrive ou Dropbox) e usam ferramentas diferentes (Microsoft Office e OpenOffice) colaborar torna-se muito difícil ou quase impossível”, explica ainda Nelson Pereira, de modo a explicitar a forma como o conteúdo é preservado pela sua solução tecnológica. A garantia de compatibilidade acaba de ser confirmada pela empresa no decurso de um período de aceleração em Silicon Valley. Nelson Pereira sublinha que esse período “permitiu validar muitas questões em aberto no projeto diretamente com a Google, a Dropbox, a PDFNitro, entre outras”. Na verdade, a TOP Docs começou por ser selecionada, em 2014, para o Rockstart Accelerator, programa intensivo de aceleração de novos projetos empresariais à escala global, que teve início com uma temporada de trabalho na Holanda e terminou com a estadia de um mês nos EUA. “Foi uma experiência muito positiva.
Permitiu-nos contactar com outras startups de três continentes, ter acesso a mentores de várias partes do globo e criar rede em Amesterdão, Londres e São Francisco”, avalia o CEO. “Devido ao programa de aceleração e aos mentores, foi-nos possível definir melhor o modelo de negócio, o posicionamento e as estratégias de expansão”, acrescenta ainda o empresário. Não se pense, porém, que este foi o lançamento da empresa fora do país. “A plataforma TOP Docs é um projeto que nasceu global e esteve presente em todos os continentes (através da AppStore), desde o primeiro dia em que o nosso primeiro protótipo foi disponibilizado ao público”, sublinha o empresário. Atualmente, EUA, Brasil, México e Espanha representam mais de 80% do total dos utilizadores da suite de apps, estando os restantes 20% diluídos pela extensa lista de mercados, composta por cerca de uma centena de nacionalidades. Os EUA são o país com mais adesão: é lá que se concentram cerca de 50% dos utilizadores. O futuro deverá passar pelo oriente: “Está em curso o desenvolvimento de um plano estratégico para abordar os mercados asiáticos como a China e o Japão”, conta Nelson Pereira, vincando o “grande potencial de crescimento e expansão” aí identificados. Mas a vocação global da TOP Docs não significa que este seja mais um caso de fuga de talento. Pelo contrário. “Decidimos voltar a Portugal e desenvolver o projeto cá, pois achamos que existe o potencial necessário. Temos engenharia e design capazes de criar valor e competir a nível mundial ao lado de grandes players do setor”, afirma Nelson Pereira. O empresário estende esta intenção nacionalista ao próprio investimento financeiro. “Em vez de capital estrangeiro, procuramos investimento nacional para dar a aceleração necessária ao projeto”, refere. Em causa está a primeira ronda de “seed capital”, que envolveu a Portugal Ventures e a 2Bpartner, no início de 2015. Sobre valores Nelson Pereira limita-se a revelar que o apoio foi superior aos 300 mil euros que, em meados de 2014, a TOP Docs veio a público identificar como necessários para a evolução do projeto, com a abertura de uma “seed round”.
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PERFIL
DA NECESSIDADE AO ENGENHO EMPREENDEDOR À LUPA ANO DE CRIAÇÃO 2012 INVESTIMENTO INICIAL 60 mil euros SEED ROUND
A ideia de negócio surgiu durante o doutoramento em Media Digitais, um programa da Universidade do Porto, em conjunto com a Universidade do Texas, em Austin. Foi nesse contexto que Nelson Pereira, agora com 34 anos, experienciou a necessidade de trabalhar à distância, e em regime de colaboração, em documentos Office. Lançou o desafio a Miguel Jesus, que tem hoje 31 anos e, além de sócio e fundador, é diretor executivo e lead ux designer da TOP Docs, dada a sua formação base na área do design. A conversão da ideia em negócio aconteceu no âmbito do Tec Empreende – programa da ANJE que acelerou projetos de base tecnológica. Então designada TOP Files a startup rapidamente deu provas de potencial económico e saiu vitoriosa da 14ª edição do Prémio do Jovem Empreendedor.
Pediam 300 mil euros, mas superaram largamente esse valor. INVESTIDORES Portugal Ventures e 2Bpartner SEDE Porto INTERNACIONALIZAÇÃO Mais de 100 países MERCADOS PRINCIPAIS EUA, Brasil, México e Espanha Junho 2015 WE’BIZ 31
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TRM: MODELO
MODELO PARA MAPEAR OS INVESTIMENTOS EM TECNOLOGIA O TECHNOLOGY ROADMAPPING (TRM) É UM MODELO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO ASSENTE NUMA GRELHA DE LEITURA QUE FACILITA O PLANEAMENTO DA I&D+I. UMA FERRAMENTA INDISPENSÁVEL ÀS EMPRESAS QUE QUEREM FAZER DIFERENTE. Popularizados nos anos 80, os technology roadmaps ou mapas tecnológicos mantêm-se pertinentes na gestão de uma empresa, sobretudo numa conjuntura económica como a atual, em que a I&D+i se assume como fator crítico de competitividade. Trata-se tão só de aplicar grelhas de leitura para planear investimentos em tecnologia, tendo em conta as capacidades tecnológicas da empresa, a sua estratégia de médio e longo prazo e as potenciais necessidades do mercado. A I&D+i é um fator determinante para a competitividade das empresas e, consequentemente, para o sucesso das mesmas no mercado global. Por conseguinte, as boas práticas de gestão empresarial obrigam ao detalhado planeamento dos investimentos em I&D+i. Para facilitar este planeamento, existe um modelo de gestão da inovação designado de Technology Roadmapping (TRM). 32 WE’BIZ Junho 2015
Em concreto, o TRM fornece uma grelha de leitura que permite estabelecer uma relação entre as necessidades futuras do mercado, a tecnologia atual da empresa, as tendências tecnológicas do mundo, as atividades de I&D+i a desenvolver e a forma de as alavancar. Deste modo, a empresa poderá mais facilmente tomar decisões que otimizem os investimentos em I&D+i e, ao mesmo tempo, os alinhem com a estratégia da empresa. Neste sentido, pode conceber-se o TRM como um mapa da evolução de tecnologias e produtos que não foram ainda desenvolvidos. Convém ressaltar que grande parte dos benefícios gerados pelo TRM se encontra no seu processo de desenvolvimento, e não no modelo em si. Isto porque a elaboração do TRM é um processo que exige uma equipa multifuncional e uma troca intensa de informações, análises, conjeturas e perspetivas entre os seus elementos.
A partilha de conhecimento e a adoção de uma visão estratégica comum são, de facto, as grandes vantagens do TRM. Por ser um modelo gráfico, o TRM promove justamente a comunicação e interação entre os vários departamentos das empresas, cruzando as perspetivas de tecnologia, de produto e de negócio. Deste modo, permite identificar eventuais falhas quer nas atividades em curso na empresa, quer na estratégia de médio e longo prazo. Acresce que, graças ao TRM, é possível encontrar um equilíbrio entre os produtos desejados pelo mercado e os produtos oferecidos pela capacidade tecnológica da empresa. Além disso, possibilita uma priorização dos desenvolvimentos tecnológicos mais consistente e segura no futuro.
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AS VÁRIAS TIPOLOGIAS DO TRM O TRM é um modelo bastante flexível e abrangente, o que explica as várias tipologias que assume consoante o formato e as aplicações. Em relação ao formato, foram identificados oito tipos principais: mapas de camadas múltiplas, de barras, de tabelas, de gráficos, de representações pictóricas, de “flow charts”, de camadas simples e de texto.
mercado, consumidores, concorrentes, ambiente, indústria, negócios, tendências, motivação, ameaças, metas e estratégia. As camadas inferiores, por seu turno, apresentam os recursos, particularmente os tecnológicos, que serão aplicados para atingir os objetivos propostos nas camadas superiores, indicando como fazer (know-how). Além dos recursos tecnológicos, são também importantes as competências, as parcerias, os fornecedores, as instalações, as infraestruturas, a organização, as normas, o financiamento e os projetos de I&D+i.
Quanto às aplicações, temos mapas de ciência/ tecnologia (servem para compreender melhor o futuro, identificando tendências, fazendo previsões e definindo metas de desenvolvimento), de indústria (perspetivam o desenvolvimento da tecnologia em termos de custos e do contributo para a competitividade), de produtos/tecnologias (procuram alinhar as decisões de desenvolvimento de produto com as tendências tecnológicas e as necessidades do mercado) e de produto (visam articular a direção e o cronograma da evolução de um produto e/ou famílias de produtos de uma empresa).
As camadas do meio são cruciais, pois estabelecem uma relação entre os objetivos e os recursos, determinando o que fazer (know-what). Produtos, serviços, aplicações, capacidades, desempenho, características, componentes, famílias de produtos, processos, sistemas, plataformas, oportunidades, requisitos e riscos são aspetos presentes nas camadas intermediárias. Estas camadas estão focadas no desenvolvimento de produto, propondo um caminho para que a tecnologia possa atender ao mercado e às necessidades do cliente.
Um mapa genérico inclui uma camada superior, onde é colocado tudo o que diz respeito aos objetivos da empresa:
Perspetivas funcionais (Arquitetura Roadmap) PONTOS DE VISTA TÍPICOS Perspetivas comerciais & estratégicas
Roadmap Framework (Suportes integrados e alinhados Planeamento estratégico e de inovação) Passado
Mercado
Curto-termo
Médio-termo
TIPOS DE TIPOS DE CONHECIMENTO INFORMAÇÃO Onde?
TEMPO
Longo-termo
Visões
Caminho(s) em frente
Porquê?
Negócio Perspetivas de design, desenvolvimento & produção
PULL
Produto Serviço
O quê?
Sistema Perspetivas de tecnologia & investigação
Forma Função Performance
PUSH
Tecnologia
Como?
Ciência Recursos Três questões chave:
Drivers Estratégia Necessidades
2) Onde estamos nós agora?
3) Como podemos chegar lá?
Soluções Capacidades Recursos
1) Onde queremos ir?
Junho 2015 WE’BIZ 33
weSTART › STARTUPS
FEEDZAI SUCESSO
CONQUISTA
17,5 MILHÕES
PARA COMBATER FRAUDES
A experiência e guidance de Patrícia Kemp e de Jonathan Weiner vão ajudar‑nos a assegurar o crescimento contínuo, especialmente na nossa base de clientes Nuno Sebastião, CEO da Feedzai
Startup de Coimbra com delegação em Silicon Valley acaba de fechar uma ronda de investimento milionária. A Oak HC/FT liderou a injeção de capital reconhecendo o potencial global das soluções antifraude da Feedzai. Conquistaram notoriedade com uma solução de acompanhamento e previsão do estado de saúde dos doentes internados nos cuidados intensivos, mas reinventaram o modelo de negócio e agora dedicam‑se à prevenção de fraudes. Este é o início da história de sucesso da Feedzai, empresa que acaba de levantar 17,5 milhões de dólares numa ronda de investimento para prevenir relações fraudulentas no comércio digital e na banca eletrónica. A Feedzai tem sede em Coimbra, mas conta com uma delegação em Silicon Valley, estrutura que tem orientado a estratégia de crescimento do negócio. Recorrendo a uma tecnologia baseada em computadores, a entidade providencia soluções em tempo real para a deteção e identificação de fraudes e acaba de receber um impulso para a distribuição mundial do seu produto. A Oak HC/FT liderou a injeção de capital, que contou ainda com a participação da Sapphire Ventures e da Espirito Santo Ventures. 34 WE’BIZ Junho 2015
As capacidades em big data science e machine learning, combinadas com uma forte equipa de gestão, permitiram à Feedzai criar um poderoso portfólio de soluções antifraude para os maiores bancos do mundo, retalhistas e processadores de pagamentos Patrícia Kemp, general partner da Oak HC/FT
Os 17,5 milhões de dólares serão canalizados para a contratação de novos recursos nas equipas de vendas e engenharia e integram ainda um acréscimo de knowhow, já que a Feedzai contará com dois novos membros no conselho de administração. Patricia Kemp, general partner da Oak HC/FT, e Jonathan Weiner, responsável de desenvolvimento de negócios globais da Google para a área de Pagamentos Eletrónicos, são os nomes dos novos membros do quadro de administração da empresa. A somar ao sucesso do investimento assegurado e à entrada de dois novos recursos humanos com valor a acrescentar ao projeto, estão as projeções positivas para a evolução do negócio no presente ano. Em 2014, a Feedzai angariou clientes em diferentes geografias do mundo e analisou mais de 18 biliões de transações, responsáveis por movimentar 760 biliões de dólares. Estes números revelam um crescimento de 300% na quantidade de operações supervisionadas, deixando bons indicadores para o futuro da empresa.
ENTREVISTA ‹ weTALK António Murta, managing partner da Pathena
“Nunca vi tanto dinheiro para ventures disponível como nos últimos anos em Portugal” António Murta recusa a ideia de que o financiamento é um entrave às tecnológicas nacionais. O managing partner e cofundador da Pathena diz que o problema está, na maioria dos casos, na sustentabilidade dos negócios.
António Murta cofundou a Pathena em 2013, sociedade de investimentos que se distingue por ser do Norte - nasceu no Porto - e por ter sido criada com o propósito de investir 50 milhões de euros em TI. O investidor diz que nunca, como nos últimos anos, houve “tanto dinheiro para ventures disponível” no nosso país. O também membro do Conselho Geral da Universidade do Minho alerta que o problema está nos próprios negócios, sublinhando que as empresas não podem ser startups durante 10 anos. Os investidores procuram projetos de crescimento rápido e o local onde estes se encontram é importante, mas não determinante: António Murta defende que não há sítios bons ou maus e que “o dinheiro viaja para onde estão as melhores ideias”.
A Comissão Europeia anunciou a intenção de criar um mercado único digital na UE. Que impacto pensa que esta medida terá no setor europeu das Tecnologias de Informação, Comunicação e Eletrónica (TICE) e no crescimento económico da Europa? Este conjunto de medidas que agora foi lançado em pacotes e que chamaram de mercado único digital da Europa já está em preparação há algum tempo. Portanto, se quiser, apesar de serem lideradas por esta comissão, decorrem naturalmente do trabalho da comissão anterior. Penso que estas medidas terão um forte impacto positivo na aceleração da digitalização da Europa – ou “digitização” da Europa, se é possível usar a expressão – na sua competitividade e também, para todos os efeitos, na própria competição (…).
O impacto do mercado único digital pode ser comprometido pelo gap entre a oferta e a procura de emprego no setor das TICE, ou seja, pela falta de profissionais qualificados nesta área ao nível europeu? De uma forma curta e clara: acho que pode e temos de trabalhar para que isso não aconteça. Mas acho que pode. E em que sentido temos de trabalhar? Como é que a Europa pode minorar esta escassez de profissionais qualificados na área das tecnologias? Eu vejo, pelo menos, três maneiras de minorar o gap, três fórmulas. A primeira tem a ver com a atração de talento para o domínio digital – e eu diria que neste domínio em particular temos de corrigir o enviesamento Junho 2015 WE’BIZ 35
weTALK › ENTREVISTA
As empresas têm de perceber que o dinheiro é finito e não pode haver startups que são startups 10 anos. Uma startup ou passa a scaleup e, de alguma maneira, cresceu e engordou, pela positiva, ou não pode ficar startup toda a vida
masculino/feminino no emprego digital. O setor tem sido incapaz de atrair tanto o domínio feminino como o domínio masculino. Portanto, atrair talento, em particular no feminino. Segundo: uma deslocalização do investimento para onde o talento está. Aqui na Europa temos um problema: nós temos talento em determinadas geografias, mas as necessidades maiores digitais não são necessariamente nessas geografias. Há duas formas de tratar disso: uma é emigrando e a outra é deslocalizando o investimento para garantir que no fundo se crie interesse digital onde o talento existe. Isto é uma oportunidade para Portugal e para o Sul da Europa, uma oportunidade que devemos aproveitar. A terceira fórmula que eu diria que também é necessária em face do gap - que é tão grande, tão grande, tão grande, que todas as fórmulas devem ser usadas – é “retreinando” pessoas. E daqui vem o reconhecimento de que, infelizmente, o mercado de trabalho não está balanceado e que temos áreas, por exemplo, de engenharia – que são próximas do digital – que não têm empregabilidade e que com algum “retreino”, alguma reeducação, com facilidade, se passa um engenheiro mecânico, por exemplo, ou engenheiro químico a engenheiro digital ou engenheiro de sistemas (…).
36 WE’BIZ Junho 2015
Portugal é um país com apetência pelas tecnologias, mas o setor das TICE ainda não ocupa uma posição central na nossa economia. O que falta fazer para que isso aconteça? Talvez pensasse num conjunto de coisas. O leque de medidas pode ser alargado. Eu acho que a engenharia digital portuguesa ainda é um segredo bem guardado. Eu diria que ainda não deixamos, infelizmente, a condição de ser um segredo. A primeira fórmula de garantir que as TICE são mais centrais é ainda credibilizando a engenharia digital portuguesa (…). Segundo, se temos de corrigir alguma coisa é metendo na cabeça que o mercado tem de facto uma limitação e investindo menos em serviços e mais em propriedade intelectual, em produto. Porquê? Apenas também porque os produtos têm um maior efeito multiplicador. Os serviços têm sempre uma abordagem limitada na multiplicação de valor. Terceira medida de que me recordo é que nós próprios temos de ser menos – desculpe-me a expressão – saloios e temos de abrir o capital das empresas a estrangeiros. Isto para crescer mais rápido nos mercados em que podemos ter bom acesso. A última coisa que queria referir – e talvez aquela que pode ter um efeito mais direto e mais imediato – é garantindo que uma, duas, três empresas portuguesas tenham forte expressão digital no mundo. Já temos a primeira: é claramente a Farfetch. Mas deveríamos ter duas ou três. Resta-me
aqui referir a Estónia. A Estónia antes do Skype não era conhecida. É um país pequeno, mais pequeno do que Portugal. Portanto, nós precisamos do nosso momento Skype (…). O setor das TICE pode, de facto, tornar-se estratégico para a economia portuguesa? Correndo o risco de ser polémico, porque sou um investidor de TICE, eu acho que as TICE, honestamente, não são, nem serão, estratégicas, alguma vez, na economia portuguesa. Mas veja bem: eu não estou preocupado com isso. Porque eu acho que o digital está a premiar de tal forma todas as indústrias que já não faz sentido falar de digital enquanto setor. Todos os setores são digitais. Eu vejo absoluta necessidade de, a prazo, da mesma maneira que se estuda matemática no secundário, se estude disciplinas digitais, porque o digital será tão versátil e tão horizontal quanto a matemática. Nesse sentido, TICE não será um setor, será um subdomínio de todos os setores. Portanto, eu vejo como muito mais importante que Portugal utilize o digital como ferramenta de competitividade das empresas do que propriamente estou à espera que Portugal tenha uma preponderância no digital equivalente à de Taiwan ou à dos Estados Unidos. Para mim, estratégico, estratégico é garantir que as empresas portuguesas utilizem o digital como arma de competitividade (…).
A IMPORTÂNCIA DA “MUNDIVIDÊNCIA” NA AFIRMAÇÃO GLOBAL Dada a exiguidade do nosso mercado doméstico, a internacionalização é certamente o caminho a percorrer pelas empresas de TICE portuguesas. Por isso pergunto-lhe: as nossas “tecnológicas” são competitivas nos mercados externos? Eu diria inequivocamente que sim, que as nossas tecnológicas são competitivas. Encontro exemplos excelentes e não vejo razões nenhumas para, de alguma forma, temer pela competitividade das tecnológicas portuguesas. Deixe-me dar-lhe exemplos, porque eles são abundantes: Vision-Box, Vortal, I2S, WeDo, Bosch Car Multimedia (que exporta 600 milhões de tecnologia digital de automóvel a partir de Portugal). Todos são excelentes
ENTREVISTA ‹ weTALK exemplos de tecnologia portuguesa que pode e deve afirmar-se no mundo, porque é competitiva, e líder até, à escala mundial. Não nos falta, portanto, engenharia. Somos muito bons em engenharia. O que é que nos falta? Falta-nos ainda inscrição no mundo. O que é natural para uma empresa digital é que Portugal represente 4% das vendas, 15% das vendas. Ou seja, devemos meter na cabeça que o mundo é a nossa casa. O facto de partirmos deste país não quer dizer mais nada, só quer dizer que partimos daqui. É nisso que temos de trabalhar: na nossa inscrição no mundo e na nossa mundividência. É isso que nos falta, não é a engenharia. Em que mercados externos devem apostar? E que medidas devem tomar nas suas estratégias de internacionalização? Acho que aqui depende muito de caso para caso, de empresa para empresa. O balanço que eu lhe propunha fazer é que deve ser sempre sopesado duas coisas. Uma é, de facto, a nossa proximidade cultural e de língua. Sem dúvida que a língua é um facilitador neste processo dito de exportação ou dito de crescimento internacional. Mas, por outro lado, não podemos esquecer a dimensão dos mercados e a sua competitividade. A capacidade de aprender com os mercados também é outro fator (…). O que é que o país pode fazer para promover o crescimento e a competitividade do empreendedorismo de base tecnológica? Eu começo por dizer que há muita coisa que está bem feita e que só deve continuar. Silicon Valley demorou muitos anos a fazer. Não aconteceu num ano. Aconteceu ao longo de 10, 20, 30 anos. Portanto, temos de continuar com o que a Portugal Ventures, o Instituto Pedro Nunes, a Startup Lisboa, a Startup Braga estão a fazer. O que está a ser feito está bem feito, não pode é parar. Por outro lado, se eu tivesse de formular um desejo que, de alguma maneira, se transformasse num plano, teríamos de garantir “exits” mais visíveis e mais expressivas e não ter só “founding financial grounds” (…). Digo-lhe também que, do lado das universidades, e apesar de já haver um começo de trabalho, ainda há muito a fazer. Se eu pensasse nas quatro, cinco, universidades de excelência, de topo de Portugal, eu diria que é preciso que a transferência de conhecimento
e a transferência de tecnologia passem a ser centrais. Elas não só não são centrais como, nalguns casos, são desconfortavelmente laterais. Representam algo que é lateral, que é um apêndice, um apêndice pobre da oferta universitária. Eu não me reconheço nisso e isso não corresponde, minimamente, à imagem da universidade mundial moderna. É possível um Silicon Valley português, por exemplo entre Porto e Braga? Eu normalmente brinco com isso e falo sempre de “Silicon Balley” (…). Brinco com isso porque é sabido que as pessoas de Braga, como eu, trocam os “v’s” pelos “b’s”. Obviamente que é possível fazer isso. É possível fazer isso com tempo. Silicon Valley é dificilmente repetível. Acontece porque há uma concentração inusitada de talento num domínio geográfico muito pequeno e que tem extraordinárias universidades. Sem Stanford não existia Silicon Valley. Eu acho que no caminho que estamos a fazer, nomeadamente o Norte – entre a Universidade do Porto e a Universidade do Minho, e também, porque não referir, a Universidade de Aveiro -, há muito bom trabalho, nos últimos anos, que pode, para todos os efeitos, degenerar em algo como isto. Agora, estas coisas levam tempo e precisam, de continuidade. Deixe-me dar-lhe exemplos recentes de coisas que me motivam e que me dão esperança de que o que estou a dizer não é meramente lunático ou “wishful thinking”. A Bosch Car Multimedia exporta, de há muitos anos, tecnologia de Braga para o mundo. No entanto, nunca como nos últimos anos, teve tantas tarefas de alto valor acrescentado e de alto nível de conceção concentradas em Braga. (…) Algo mais disruptivo e mais invisível: uma empresa chamada BitReserve. A BitReserve, de raiz americana, é uma reserva federal de bitcoins, que alavanca na massa monetária de bitcoins criada já no mundo. (…) Quando você vê uma empresa como a BitReserve, que tem ambições marcadamente mundiais desde o dia 1, a estar na Ásia, na Califórnia, na Europa do Norte, Europa fortemente desenvolvida, e a escolher Braga como um dos seus polos, eu volto a dizer: isto não acontece por acaso. Acontece porque há talento em engenharia, que é reconhecido. Isto diz-me que não há o sítio errado do mundo (…).
Quais são hoje as áreas de negócio no setor das TICE com maiores potencialidades económicas e por isso com melhores oportunidades de investimento? Eu preferia não responder, porque este é um domínio de trabalho e eu não quero partilhar demasiado nesse domínio. Prefiro preservar isso. Mas, por exemplo, na interseção entre saúde, “farma” e IT, nos próximos anos, vão aparecer oportunidades extraordinárias. Acho que Portugal, neste espaço, tem oportunidades (…).
O “FAST GROWTH” E A CONQUISTA DE INVESTIDORES Um dos maiores problemas do empreendedorismo português de base tecnológica parece ser o financiamento, uma vez que, por um lado, o crédito bancário é escasso e caro e, por outro, há muitos negócios intensivos em capital, nomeadamente na área da biotecnologia. Como podem os empreendedores portugueses contornar estes problemas de financiamento? Devo dizer que não concordo que haja dificuldades de financiamento em Portugal, neste domínio. Acho que as dificuldades que existem são as dificuldades comuns, de todos os mercados e de todos os espaços. Nunca vi tanto dinheiro para ventures disponível como nos últimos anos em Portugal. Nunca vi. O que há é dificuldades de sustentabilidade, que são diferentes das dificuldades de financiamento. Quando usamos um avião, o avião tem uma pista para partir. Mas a pista é finita. Se o avião não descolar no fim da pista, nós “crashamos”. As empresas têm de perceber que o dinheiro é finito e não pode haver startups que são startups 10 anos. Uma startup ou passa a “scaleup” e, de alguma maneira, cresceu e engordou, pela positiva, ou não pode ficar startup toda a vida. Não há startups com 10 anos. Portanto, quando se fala em dificuldades de financiamento de uma startup com 10 anos, isso não são dificuldades de financiamento. É uma empresa que, se calhar, deve fechar (…).
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weTALK › ENTREVISTA Que fontes alternativas de financiamento têm os empreendedores portugueses ao seu dispor? Para além da alternativa tradicional “family, friends and fools”, portanto os três “f’s”, que são normais e que todos os empreendedores conhecem, há os business angels - existem duas redes de business angels em Portugal, a Associação Nacional de Business Angels e a Associação Portuguesa de Business Angels -, há já uma oferta relativamente diversificada de fundos de venture capital e há, mais recentemente, inclusive, crowdfunding. Não referi as opções bancárias. Mesmo essas - que há alguns anos estavam completamente arredadas desse espaço, os bancos exigiam garantias reais, sem abertura de cabeça para considerar negócios baseados em propriedade intelectual – neste momento, estão muito mais abertas do que já estavam no passado. Ainda podemos melhorar? Certamente, mas não acho que o financiamento seja a nossa principal dificuldade. Em que nível de desenvolvimento se encontra o sistema de capital de risco português? Acho que é muito emergente ainda. Falta maturidade. Por maturidade entendo as várias empresas de capital de risco terem passado pelo ciclo completo de um fundo duas, três vezes. A maior parte das empresas de capital de risco de Portugal, com honrosas exceções, muito honrosas, não passaram por ciclos completos de fundos e isso ainda representa um espaço de progressão sensível. Por outro lado, ainda temos algum espírito periférico. Somos vistos como periféricos pelos grandes, em particular pelos grandes fundos de “vc” [venture capital]. E ainda temos também grande espaço de progressão na atração dos grandes fundos de “vc” para o país. O José Neves da Farfetch é um excelente exemplo de como fazer, como transformar uma boa ideia/projeto numa sociedade que acabou por ser financiada por alguns dos melhores investidores de “vc” do mundo. Mas para o fazer ele teve de abrir o seu “headquarter” em Londres e cultivar um nível de networking que ele não podia ter se se cingisse ao Norte do país, de onde partiu. Fez muito bem, porque manteve o “backbone” da Farfetch no Norte do país, mas inscreveu-se
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no mundo e ligou-se às melhores fontes de financiamento que podia ter, cultivando, se me é permitido usar a expressão, o melhor de dois mundos. Em Portugal, o smart money é já uma alternativa credível e acessível aos empreendedores? Eu não quero de maneira nenhuma parecer que me coloco, ou que coloco o setor de “vc”, em bicos de pés. O dinheiro é todo igual, as notas são todas iguais, não há diferenciação nas notas (…). Há, no entanto, investidores que têm capacidade de contribuir de maneira diferente: de maneira diferente no desenho de modelos de negócio; de maneira diferente no nível de networking que trazem às ventures, e inclusive, na lateralidade das reflexões sobre “road to market” e sobre canais. Para mim, smart money é isso: é ter essa capacidade de trabalhar com o empreendedor. Eu acho que isso é valioso, do ponto de vista da redução de erros comuns e, portanto, vejo essas opções como muito positivas para o empreendedor. Tem um preço? Tem. Notavelmente, “vc” é mais caro do que as abordagens tradicionais, exige um crescimento mais acelerado, mas as coisas têm de bater certo (…). Como é que Portugal pode atrair mais smart money internacional? É justamente com aquilo que acabei de referir: com “fast growth” [crescimento rápido]. E “fast growth” é 30, 40, 50% ao ano. Só isto atrai os grandes “vc’s”. Se não houver uma ideia que tenha potencial de crescimento acelerado, ela não atrai os grandes “vc’s” do mundo. E segundo, também com a qualidade das equipas, com a consistência das equipas e com a qualidade e o timing das ideias. Não é fácil fazê-lo. A concorrência é muito grande, de diferentes pontos do mundo. Se calcularmos a percentagem da taxa de unicórnios – chama-se normalmente unicórnios às empresas que valem mais de um bilião de dólares – do mundo gerada, a partir da Europa, nos últimos cinco anos, ela ronda os 25%, quando há dez anos era zero. O que é interessante é que, desses 25% dos unicórnios, uma grande parcela do dinheiro que financiou é americana. É dinheiro americano na Europa. Isto quer dizer, literalmente, que o dinheiro viaja para onde estão as melhores ideias (…).
Portugal tem hoje um rácio de investigadores por mil pessoas ativas superior à média da UE e um rácio de publicações científicas por milhão de habitantes semelhante a essa mesma média. Contudo, o país ainda não conseguiu transformar em investimento, riqueza e emprego o conhecimento produzido nos seus centros de investigação. O problema está nas empresas ou nos centros de produção de conhecimento, designadamente as universidades? Está nos dois lados. Nalguns casos, nem existe outro lado. Você está a falar numa empresa de base científica, mas como não há nenhum empresário, só há cientistas. O outro lado nem sequer existe. As universidades têm, de uma vez por todas, de parar de considerar a transferência de tecnologia como complementar. Eu gosto de pedir emprestadas as palavras do António Cunha, o meu Reitor na Universidade do Minho, com o qual trabalho: ele costuma dizer, do meu ponto de vista muito bem, que a investigação é central para a universidade. Ele tem toda a razão, concordo com ele. Eu acrescento que a transferência de tecnologia e de conhecimento também é central. Não podemos continuar a considerar que a transferência de conhecimento e a conversão de ciência em economia é lateral e é apenas um apêndice. Não é lateral, não apenas um apêndice, é capital e é uma das missões da universidade (…). O que é possível fazer para intensificar, em Portugal, o processo de transformação de conhecimento em valor económico, nomeadamente sob a forma de transferência de tecnologia? Só dou um contributo, uma medida simples: cada uma das quatro/cinco universidades de topo de Portugal deveriam criar à sua volta um “ring” de empresários com “awareness” científico-técnica, que permitisse, de maneira permanente e contínua, alavancar a transferência de conhecimento e tecnologia, dispondo uma espécie de “advisory board” de transferência. Isto deveria ser obrigatório em todas as universidades de topo de Portugal e é uma necessidade urgente.
OPINIÃO ‹ weTHINK
OPINIÃO João Rafael Koehler
Presidente da ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários
Aos 18 anos:
o melhor de dois mundos! Apenas os calções e o cabelo espetado deixavam transparecer os 18 anos do Diogo naquela tarde em que o conheci. Imberbe na aparência, mas maior nos argumentos, na visão, na postura, no dinamismo. Em segundos, foi assim que o analisei. Os mesmos segundos que demorei a fixar-me verdadeiramente na ideia de negócio que me apresentou. Inovadora. Mas sem interesse para este artigo. Pouco importa aqui o modelo de negócio, a solução tecnológica ou seu estado de desenvolvimento. O que me faz escrever sobre o Diogo é o facto de ele se distinguir entre os pares. Falou-me em detalhe da oportunidade de negócio, explicoume de a a z o enquadramento legal, o estudo de mercado, as necessidades que a sua solução vem resolver… Mas a cada argumento o meu pensamento voava para o conceito de MAIORIDADE. O Diogo faz parte de uma das 30 equipas selecionadas pelo ASA – ANJE Startup Accelerator. Mas as asas do Diogo já cresceram. A MAIORIDADE é o melhor de dois mundos, quando dela sabemos tirar partido: por um lado, as asas estão lá e a sociedade permite-nos fazer uso delas - uma possibilidade, na maior parte dos casos, uma realidade, entre uma minoria de “Diogos”, que nos fazem acreditar num mundo mais criativo e mais veloz; por outro lado, ainda nos é permitida a irreverência – tomemos os calções como exemplo. A ANJE celebra este ano a MAIORIDADE de um dos seus projetos mais emblemáticos: a Academia dos Empreendedores. Com a criação da Academia, em 1997, a ANJE passou a desenvolver atividades e serviços de promoção do empreendedorismo numa lógica integrada. Ou seja, toda a cadeia de valor do empreendedorismo passou a estar contemplada e a ser desenvolvida numa lógica estrutural: mindset empreendedor, apoio à criação de negócios, aceleração de startups, acompanhamento nas fases iniciais e valorização da iniciativa empresarial.
Foi uma missão pioneira. Tratou-se da introdução da palavra “empreendedorismo” no léxico português. Com um discurso complemente inovador à época, a Academia lançou iniciativas tão importantes como o Concurso Nacional de Ideias de Negócio ou o Prémio do Jovem Empreendedor, que esteve na base de projetos tão notáveis como a Critical Software ou a Active Space Technologies. Para se ter uma ideia, até hoje, mais de 2,7 milhões de jovens estiveram envolvidos nas inovadoras ações da Academia dos Empreendedores. E este impacto junto da juventude portuguesa decorre, em boa medida, da capacidade que a Academia demonstra para se reinventar e assim adaptar-se às mudanças socioeconómicas. De facto, a Academia manteve-se ao longo destes 18 anos na vanguarda do movimento empreendedor e, consequentemente, a ANJE tem sabido responder aos novos desafios dos jovens empreendedores portugueses. Hoje, com a Academia na sua idade adulta, a ANJE continua a conseguir o melhor dos dois mundos: as asas já cá estão (e o acelerador ASA, que está neste momento prestes a lançar 10 startups tecnológicas, é um exemplo literal dessa característica); mas a irreverência permanece. Digamos que atingimos a MAIORIDADE, possuímos uma experiência ímpar no ecossistema empreendedor, mas mantemos a informalidade que nos é permitida. Temos a ousadia de pensar e agir fora da caixa, sem desviar o foco da iniciativa empresarial e das necessidades que atuais e potenciais empresários detêm. Atingimos a MAIORIDADE e continuaremos a usar calções, sempre que o calor apertar. Porque não?
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weLEARNING › FORMAÇÃO
APRENDER
A INOVAR MASTER DE 110 HORAS INTEGRA REDE DE ESPECIALISTAS EM INOVAÇÃO Novo curso da ANJE e da SGS prova que é possível reforçar competências na área da inovação e converter essa inovação em resultados empresariais. O programa, o método pedagógico e a equipa de formação são, claro está, inovadores. A ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários e a SGS - Société Générale de Surveillance acabam de lançar o Master Innovation Management Systems. Numa época onde se discutem os fatores de competitividade, este disruptivo programa avançado propõe o desenvolvimento de competências para a implementação de sistemas de gestão de inovação capazes de criar valor no tecido empresarial a longo prazo. A formação tem arranque previsto para o dia 6 de outubro, no centro de formação empresarial da ANJE, no Porto. No final, os participantes poderão obter uma certificação internacional, desenvolvendo competências diferenciadoras para a inserção ou progressão no mercado de trabalho. A inovação é uma das soluções apontadas para melhorar os resultados dos players associados às mais variadas indústrias, mas impõe um conjunto alargado de questões: o que é inovar? Como é possível desenvolver produtos e serviços inovadores sem custos acrescidos? Inovar pressupõe a criação de valor acrescentado? É precisamente sobre este núcleo de perguntas que o Master Innovation Management Systems debruça atenções, potenciando a integração da inovação e da investigação nos modelos de negócio e nos processos críticos e transversais da atividade empresarial. O propósito último da ação formativa é claro: implementar uma cultura ou um sistema de gestão da inovação com 40 WE’BIZ Junho 2015
as características necessárias para assegurar a resposta positiva às expectativas de todos os stakeholders envolvidos nos processos de produção e comercialização, não só ao nível financeiro, mas também nas dimensões ambiental, social e organizacional. Nesse pressuposto, além da exposição teórica de conceitos, o master propõe a análise de estudos de caso, a realização de dois seminários temáticos e a aproximação dos formandos a uma rede de especialistas na área de inovação, de forma a potenciar a partilha de experiências e a deteção de oportunidades de colaboração. O programa de conteúdos do programa avançado segue uma estrutura dividida em oito módulos temáticos diferenciados. A saber: “Fomentar e Desenvolver a Inovação”; “Cultura de Inovação”; “Inovação nos Serviços, Processos e Produtos”; “Avaliação e Medição do Processo de Inovação”; “Plano de Marketing e Comunicação de Inovação”; “Operacionalização do Sistema de Gestão de Investigação, Desenvolvimento e Inovação”; “Auditorias a Sistemas de Gestão de Investigação, Desenvolvimento e Inovação” e “Projeto de Inovação”. A operacionalização do “Projeto de Inovação” deve envolver a aplicação das competências e conhecimentos recolhidos nos restantes módulos e, ainda que seja um trabalho individual, beneficiará de apoio especializado, concedido através de quatro sessões de acompanhamento.
weLEARNING › FORMAÇÃO
Nome: Master Innovation Management Systems Promotores: ANJE e SGS Data de início: 6 de outubro Duração: 110 horas Local: Centro de Formação Empresarial da ANJE – Porto
PROGRAMA 1. Fomentar e Desenvolver a Inovação 2. Cultura de Inovação 3. Inovação nos Serviços, Processos e Produtos 4. Avaliação e Medição do Processo de Inovação 5. Plano de Marketing e Comunicação de Inovação 6.
Operacionalização do Sistema de Gestão de Investigação, Desenvolvimento e Inovação
7.
Auditorias a Sistemas de Gestão de Investigação, Desenvolvimento e Inovação
8. Projeto de Inovação
A INOVAÇÃO AO SERVIÇO DO EBIT
Quem são os destinatários do Master Innovation Management Systems? > Quadros médios e superiores; > Gestores nas áreas de: Inovação; Estratégia; Marketing; Serviço ao cliente; Qualidade; Sistemas de informação; Desenvolvimento de produto ou serviço. > Consultores, auditores e outros profissionais com interesse nesta área.
Quais as vantagens de frequentar o Master Innovation Management Systems? > Obtenção de uma certificação com validade internacional; > Contacto direto com uma rede de especialistas na área de inovação; > Operacionalização de um projeto ou sistema de gestão de investigação, desenvolvimento e inovação; > Desenvolvimento de competências diferenciadoras para integração ou evolução no mercado laboral.
No contexto empresarial atual, a gestão de inovação pode ser o primeiro passo para o reforço dos fatores competitivos de qualquer entidade. De acordo com um inquérito realizado no passado recente, a nível mundial, a prioridade das organizações para os próximos três anos é o crescimento do volume de negócios e a principal ferramenta de gestão selecionada para concretizar este propósito é a inovação aberta. Os estudos científicos referem que, em média, a excelência na inovação pode aumentar os resultados (EBIT) em 3,6% ou até 11,4%, no caso das empresas mais inovadoras. Fonte: Arthur D. Little (ADL) & Bundesverband der Deutschen Industrie (BDI) – “The Corporate Innovation Machine”
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weLEARNING › FORMAÇÃO
COMPETÊNCIAS TRANSVERSAIS JÁ TÊM
CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO Parece contrassenso, mas é uma das mais recentes tendências formativas: as competências transversais já são uma área de especialização. Trata-se de uma resposta às necessidades das empresas e de um passaporte para a (re) integração profissional.
A transição dos anfiteatros da faculdade para os escritórios empresariais marca o início de um processo de adaptação, onde os conhecimentos especializados são por vezes preteridos em favor de um fator com maior relevância: as competências transversais. Após auscultarem as empresas e os estudantes recém-contratados, as universidades começam agora a despertar para a necessidade de desenvolver programas formativos neste âmbito temático e a traduzir a relevância reconhecida por discentes e empregadores nos planos de estudo oferecidos. O movimento de valorização das competências transversais teve origem no continente europeu, com a operacionalização do projeto Tuning Educational Structures in Europe. Orientada para a formação de profissionais com perfil ajustado às necessidades do mercado de 42 WE’BIZ Junho 2015
trabalho, a iniciativa evidenciou a necessidade de dotar os alunos com competências transversais nos domínios instrumental, interpessoal e sistemático. Subjacente a estas conclusões está ainda a oportunidade de proporcionar uma aprendizagem útil para a vida ativa, para a adaptação a contextos de mudança e para o crescimento profissional. A tendência já chegou a Portugal, onde a oferta tem crescido gradualmente, estando já dispersa por diferentes geografias e instituições. A Universidade da Beira Interior, por exemplo, criou o LaCTUBI - Laboratório de Competências Transversais da UBI, lançando um projeto-piloto na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas com a operacionalização de oito cursos em 2015. As formações dedicadas às competências transferíveis podem versar diferentes temas, mas a UBI deu prioridade às principais áreas elencadas por
empregadores, diplomas e comissões de curso da universidade. Mais a sul, o ISCTE- Universidade de Lisboa seguiu o mesmo caminho e criou também um laboratório próprio, cujo principal objetivo é proporcionar o desenvolvimento competências genéricas que, a par dos conhecimentos especializados, permitam aumentar as hipóteses de empregabilidade. No Norte, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto confere alguma importância às competências transversais, embora numa perspetiva diferente das duas instituições anteriormente referidas. A FEUP integra as unidades curriculares de “Competências Transversais: Empregabilidade” e “Competências Transversais para a Engenharia”, de forma a complementar os conhecimentos específicos com competências comuns a outras atividades do mercado laboral.
weLEARNING › FORMAÇÃO
OFERTA FORMATIVA NACIONAL
UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR
ISCTE – INSTITUTO UNIVERSITÁRIO DE LISBOA
FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
1. Organização Pessoal e Gestão do Tempo (1 ECTS, 14 horas)
Um estudante na área de Competências Transversais deverá contabilizar 150 horas de carga de trabalho, que correspondem a um total de seis ECTS. Os discentes podem, assim, somar as unidades curriculares de acordo com a sua preferência, desde que perfaçam o total anteriormente mencionado. A oferta divide-se em três áreas, onde é possível selecionar múltiplas opções. Abaixo fica um exemplo de cada categoria:
Unidade Curricular: “Competências transversais para engenharia: formação pedagógica”
2. Resolução Criativa de Problemas (1 ECTS, 14 horas) 3. Imagem Pessoal em Contexto Profissional (1 ECTS, 14 horas) 4. Conduta Pessoal e Organizacional (1 ECTS, 10 horas) 5. Pesquisa Bibliográfica e Análise de Informação (1 ECTS, 14 horas) 6. Escrita de Informação Técnica e Científica (1 ECTS, 20 horas) 7. Trabalho em Equipa (1 ECTS, 14 horas) 8. Técnicas de Comunicação Verbal e Não-verbal (1 ECTS, 16 horas) ECTS - European Credit Transfer and Accumulation System
Valor académico: 1,5 ECTS Unidade Curricular: “Competências Transversais: Empregabilidade” Duração: 10 horas Valor académico: 1,5 ECTS
Competências Instrumentais Unidade Curricular: “Língua Espanhola” Duração: 50 horas Valor académico: 2 ECTS Competências Sistémicas Unidade Curricular: “Pensamento Crítico” Duração: 50 horas Valor académico: 2 ECTS
A UBI criou o LaCTUBI Laboratório de Competências Transversais e promove, ao longo de 2015, oito cursos neste domínio.
Duração: 14 horas
Competências Interpessoais
A FEUP aposta em cursos que cruzam as competências abrangentes com a engenharia, vsiando maximizar oportunidades de emprego.
Unidade Curricular: “Trabalho em Equipa” Duração: 50 horas Valor académico: 2 ECTS
DIVISÃO DAS COMPETÊNCIAS TRANSVERSAIS O projeto Tuning Educational Structures in Europe, apontado como fundador desta tendência formativa, propõe a divisão das competências transversais em três áreas.
COMPETÊNCIAS INSTRUMENTAIS
COMPETÊNCIAS INTERPESSOAIS
COMPETÊNCIAS SISTÉMICAS
Capacidades cognitivas, metodológicas, tecnológicas e linguísticas.
Capacidades individuais que remetem para competências sociais (interação social e cooperação).
Capacidades e competências relacionadas com a compreensão sistémica e holística da realidade.
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weCREATE › ECONOMIA CRIATIVA
Ginger & Jagger
Natureza e criatividade na ribalta do design contemporâneo
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A pureza das formas da natureza é o clique que despoleta o processo criativo das peças de design contemporâneo produzidas pela Ginger & Jagger. Em mármore, latão, cobre ou madeiras exóticas, a marca nascida no Porto em 2012 evoca as origens do mundo, combinando materiais de excelência com formas naturais e técnicas artesanais exclusivas. O resultado final é o reconhecimento internacional da produção e criatividade portuguesa na voz e crítica de designers de interiores, arquitetos, curadores e editores de várias capitais de design europeias. Menções essas que culminaram com o interesse da Dior. A marca de luxo selecionou as peças Ginger & Jagger para remodelar as suas lojas em Viena, Sidney e Kuala Lumpur. A peça que vemos nesta página é, como não podia deixar de ser, inspirada na natureza e esteve em destaque, em janeiro, na Maison & Objet Paris e, em abril, no Isaloni em Milão.
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO ‹ weTECH
COMO AS GIGANTES APOIAM AS NOVAS TECNOLÓGICAS Microsoft BizSpark e Amazon - AWS Activate são os programas desenvolvidos pelas duas referências da cena tecnológica para apoiar os novos negócios de todo o mundo, incluindo portugueses.
Quando falamos de gigantes como a Microsoft ou a Amazon, os conceitos de gestão sustentável e responsável envolvem também o apoio ao empreendedorismo e o suporte de novas iniciativas empresariais. Parece tratar-se de uma tendência ainda mais vincada no mercado tecnológico, até porque as grandes empresas veem nestas ações uma forma de dinamizar o setor, mas também de aproximar os novos players dos seus serviços, além de, em muitos casos, acabarem mesmo por investir nestas startups, incorporando a inovação por elas desenvolvida. Como para quem começa todos os apoios são bemvindos, programas como o Microsoft BizSpark ou o Amazon - AWS Activate são oportunidades de poupança, na medida em que proporcionam o acesso facilitado a ferramentas essenciais à atividade empresarial.
O projeto da Microsoft tem por objetivo fornecer software gratuito a startups tecnológicas. Na verdade, facilitar o começo dos empreendedores nascentes é a grande missão do programa. O BizSpark proporciona aos empresários um acesso rápido e fácil a ferramentas de desenvolvimento do seu portfólio, completas e de última geração, bem como a licenças de produção de software de servidor, sem custos. Em causa estão tecnologias de plataforma e licenças de produção de produtos de servidor, incluindo a plataforma Windows Azure. Este projeto de apoio “high tech” faculta ainda suporte técnico e visibilidade das startups no mercado nacional e internacional. Para acederem aos apoios disponibilizados pelo BizSpark, as empresas que oferecem serviços Junho 2015 WE’BIZ 45
weSOCIAL› TECNOLOGIA › EMPREENDEDORISMO weTECH E INOVAÇÃOSOCIAL
e produtos baseados em software devem ser constituídas com capitais privados, estar em atividade há menos de cinco anos e ter receitas anuais inferiores a um milhão de dólares americanos. O programa não implica custos de adesão e a participação tem a duração máxima de cinco anos, sendo que a renovação é anual. Para aderir, as empresas necessitam de recorrer à shortlist de parceiros que o BizSpark tem em cada país. No caso de Portugal, a ANJE – Associação
Nacional de Jovens Empresários é uma destas entidades. Considerando a criação de condições para o desenvolvimento de negócios de base tecnológica como condição essencial à promoção do empreendedorismo qualificado, a associação assume a missão de disponibilizar orientação, aconselhamento e recursos para conduzir as startups ao sucesso.
técnico, visto que integram esta rede incubadoras, investidores e organismos governamentais, que se envolvem no acompanhamento dos projetos de inovação e empreendedorismo impulsionados por software. É igualmente por via deste grupo de parceiros que o programa oferece visibilidade global aos seus beneficiários.
A rede de “BizSpark Network Partners” permite à Microsoft oferecer muito mais do que suporte
O SUPORTE QUE APOIOU NEGÓCIOS COMO PINTEREST, INSTAGRAM OU DROPBOX O AWS Activate, por seu turno, é um programa de iniciação na Amazon Web Services. Está direcionado para startups ou empresas early stage, criadas há menos de três anos e com um capital total angariado até 1,5 milhões de dólares. Aberta à participação de projetos de qualquer setor de atividade, a iniciativa oferece oportunidades formativas, vantagens competitivas e apoio ao nível da orientação e gestão de negócios. A Amazon é reconhecida globalmente como uma das primeiras empresas a vender no espaço online, sendo que os Amazon Web Services (AWS) incluem serviços de infraestrutura de “cloudcomputing”. Serviços esses que primam pela abrangência e especialização. Falamos de computação (servidores virtuais, por exemplo), armazenamento e entrega de conteúdo, bancos de dados, redes, administração e segurança. Com recursos em todo o mundo, os AWS apresentam-se como soluções confiáveis, com grande variedade de serviços,
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produtos, parceiros e opções de suporte, incluindo aplicações web e móveis que, no seu conjunto, ajudam as empresas a obter agilidade de ação e poupança em custos de tecnologias de informação. Através do AWS Activate, a multinacional visa apoiar as startups de todo o mundo, ajudandoas na expansão dos seus negócios através da disponibilização dos recursos necessários para a utilização dos AWS. A credibilizar a plataforma está a utilização bem-sucedida de empresas de sucesso como o Pinterest, o Instagram ou a Dropbox. O programa inclui créditos AWS, válidos por dois anos, serviços de suporte ao negócio, ofertas de outras empresas para o desenvolvimento de negócios, consultoria virtual individualizada e livre acesso a formações AWS. Para usufruir destes benefícios, as empresas portuguesas podem contactar a ANJE, parceira nacional do projeto da Amazon.
ATUALIDADE ‹ weNOW EMPREENDEDORISMO SOCIAL ‹ weSOCIAL
PRESSLEY RIDGE:
Experiência norte-americana em empreendedorismo social português Com um longo historial nos EUA, a Pressley Ridge abriu a sua primeira sucursal internacional em Portugal, em 1998. Um conjunto de portugueses e norte-americanos criaram então, na Amadora, uma IPSS vocacionada para o apoio a crianças, jovens e famílias em situações de exclusão social. A organização é promotora do projeto de empreendedorismo social “Pão com História”, que conquistou a edição europeia dos Citizenship Awards do Barclays no valor de cerca de 60 mil euros. Os fenómenos de exclusão social têm repercussões mais profundas nas crianças e jovens, dada a sua vulnerabilidade intrínseca. Uma vez marginalizadas, essas crianças e jovens sobrevivem num contexto de grandes adversidades que, caso não seja alterado, constituirá um quadro de referência do seu processo de crescimento. Neste sentido, a exclusão social nas faixas etárias mais baixas propicia a reprodução do ciclo de pobreza, bem como a vivência em meios marginais e a adoção de comportamentos desviantes. Tanto assim que a exposição da criança ou jovem aos fenómenos de exclusão social culmina, muitas vezes, com a intervenção das redes institucionais de apoio (comissão de proteção, tribunais, etc.) ou ainda com a colocação do menor num lar de infância e juventude. Para se ter uma ideia, em Portugal, um total de 8.470 crianças e jovens estavam, em 2014, em instituições de acolhimento, segundo um relatório do Instituto de Segurança Social. Isto significa que todas estas crianças e jovens não se
encontram no seu núcleo familiar, nem estão inseridas na comunidade. Atenta a estas e outras questões envolvendo crianças, jovens e famílias em situações de exclusão está a Pressley Ridge, uma IPSS que atua no nosso país desde 1998. Refira-se que esta organização nasceu nos EUA, em 1832, e estabeleceu em Portugal, na Amadora, a sua primeira sucursal internacional, tendo “como ponto de partida um sonho partilhado entre um conjunto de portugueses e americanos que acreditaram que seria possível trazer o conhecimento da Pressley Ridge para o nosso país e com isso contribuir para a reestruturação dos serviços para crianças e jovens”, explica a diretorageral da organização, Katia Almeida. O objetivo principal da Pressley Ridge, diz a mesma responsável, é “lançar as bases para a estabilidade familiar e o desenvolvimento de relações significativas que permanecem ao longo da vida”. Neste pressuposto, a organização “tem ajudado a reconstruir comunidades e famílias e tem sido um recurso vital, através de programas
inovadores e diversificados para crianças, jovens e famílias que enfrentam desafios difíceis e situações complexas”. Numa primeira fase, nos anos 90, ainda antes de se estabelecer em Portugal, a Pressley Ridge procurou sobretudo partilhar o seu conhecimento especializado com outros profissionais das áreas da educação, da ação social, da justiça e da saúde em Portugal. Para isso, esta IPSS não só promoveu ações de formação como organizou programas de intercâmbio para os EUA de profissionais portugueses. A intenção era “facilitar a melhoria das práticas destes profissionais pela partilha de experiências e de modelos eficazes de intervenção”. A Academia Pressley Ridge formou, ao longo de quase duas décadas, milhares de profissionais e desenvolveu inúmeros conteúdos técnicopedagógicos. Conteúdos, esses, que são muito focados na capacitação e desenvolvimento pessoal, numa abordagem prática fundamentada no conhecimento e na investigação e em estratégias de intervenção de fácil e rápida implementação. Junho 2015 WE’BIZ 47
weSOCIAL › EMPREENDEDORISMO SOCIAL especializada de caráter intensivo e individualizado, focalizada no núcleo familiar. Atualmente, a organização está a colaborar com a associação NOVAMENTE (apoio a Traumatizados Crânio-Encefálicos e suas famílias), em Cascais, e com o Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental da Amadora.
Em 2015 cumprem-se 20 anos desde o momento em que Kátia Almeida conheceu a Pressley Ridge nos EUA. Em 2000, tornouse representante da organização em Portugal, fazendo do nosso país a primeira localização internacional deste projeto social.
APOIO A MAIS DE 5.000 CRIANÇAS E JOVENS A partir de 2000, a Pressley Ridge portuguesa passou também a executar programas de intervenção social dirigidos a crianças e jovens em situação de vulnerabilidade. Até hoje, a organização já trabalhou no território nacional com mais de 5.000 crianças e jovens. Esta intervenção, diz Katia Almeida, visa o “desenvolvimento de competências pró-sociais, como o autocontrolo, a tomada de decisão, a responsabilidade e a entreajuda”. A ação da Pressley Ridge estende‑se também às famílias. Trata-se, neste caso, de uma intervenção 48 WE’BIZ Junho 2015
Para Katia Almeida, a Pressley Ridge destaca-se de outras organizações de ação social essencialmente por duas razões: “Rigor, desde o momento zero, na avaliação e divulgação dos resultados” e “taxas de sucesso acima dos 70% junto de populações que estão sinalizadas no sistema há pelo menos quatro anos”. O segredo do sucesso da Pressley Ridge deve-se, segundo a diretorageral da organização, ao “grau de especialização dos colaboradores, principalmente nas áreas da intervenção terapêutica na crise e terapia pela aventura”; ao “apoio interno aos colaboradores com pelo menos 60 horas de formação por ano e 4-8 horas de supervisão clínica por mês”; à atitude sempre positiva – e de nunca desistir – reconhecida pelos parceiros e entidades externas à organização”; ao “incentivo ao intra empreendedorismo – todos os nossos programas são desenhados à medida pela equipa e é-nos reconhecido o caráter inovador das intervenções”. Com um orçamento anual de perto de 300 mil euros e uma equipa pequena e flexível, a Pressley Ridge desenvolve a sua atividade com base em contratos-programa estabelecidos com entidades estatais e privadas. A intenção é, aliás, “manter cerca de 60% da atividade com contratos-programa com uma duração limitada no tempo, por forma a continuarmos a inovar e a aprender”, garante Katia Almeida. Para o próximo biénio, prossegue, “pretendemos financiar entre 10 a 20% da nossa atividade através da formação e os restantes 20 a 30% através de angariação de fundos e donativos”.
PROJETO “PÃO COM HISTÓRIA” A Pressley Ridge encontra-se também a desenvolver um projeto de empreendedorismo social: o “Pão com História”. Trata-se de uma startup dedicada à panificação “com um desenho totalmente inovador, que visa ser economicamente sustentável e tem um objetivo muito claro: criar emprego e reduzir o abandono e o absentismo escolar, por forma a contribuir para a redução da pobreza e poder apoiar aqueles que estão mais vulneráveis”. O projeto conquistou a edição europeia dos Citizenship Awards, com que o Barclays celebra os seus 325 anos, no valor de cerca de 60 mil euros. Agora, o “Pão com História” é um dos cinco finalistas mundiais candidatos aos cerca de 130 mil euros do Peoples Vote dos Citizenship Awards. De resto, o Barclaycard é parceiro desta iniciativa de empreendedorismo social que prevê a “criação de um modelo integrado: uma padaria e um clube de jovens”. Refira-se que a padaria vai funcionar “numa lógica gourmet low cost, sustentada numa marca forte”, de forma a ser economicamente competitiva e viável. “Este projeto tem como principais objetivos a criação de mais de 30 postos de trabalho na padaria para recém-licenciados em pastelaria, bem como a criação de um clube de jovens, no mesmo espaço, para promover o desenvolvimento de cerca de 25 crianças, com idades entre os 8 e os 15 anos”, explica Katia Almeida. Se o “Pão com História” for o mais votado no Peoples Vote dos Citizenship Awards, os cerca de 130 mil euros do prémio vão servir para fazer arrancar o projeto já este ano e possibilitar a aquisição de uma roulotte, equipamento que “aumentará a visibilidade e os resultados do negócio, criando mais seis postos de trabalho, para além dos mais de 30 que estão já previstos”.
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weNOW ANJE CELEBRA A “A MAIORIDADE DO EMPREENDEDORISMO” A ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários promove, entre os dias 16 e 18 de junho, um ciclo de iniciativas intitulado “A Maioridade do Empreendedorismo”. O programa integrado de atividades, que decorrerá repartido entre a sede nacional da associação (16 e 18 de junho) e o Espaço Locomotiva (17 de junho), celebra os 18 anos da Academia dos Empreendedores. A oportunidade serve ainda para revisitar as grandes ações e os principais méritos deste projeto multidisciplinar de apoio à iniciativa empresarial jovem que a ANJE, de forma pioneira, implementou no nosso país. Com o alto patrocínio do então Presidente da República, Jorge Sampaio, a Academia dos Empreendedores foi criada pela ANJE em 1997. Desde aí desenvolve uma ação inovadora e multifacetada de promoção do empreendedorismo jovem, em particular de base tecnológica, científica e criativa. O Prémio do Jovem Empreendedor, a Feira do Empreendedor, o Concurso de Ideias, a Escola de Empreendedores e os roadshows “Empreendedorismo em Movimento” são algumas das iniciativas lançadas por este projeto da ANJE desenvolvido com o apoio do IEFP. Mas não se trata apenas de celebrar a chegada à idade adulta da Academia dos Empreendedores. A ANJE procura, com o ciclo “A Maioridade do Empreendedorismo”, materializar o espírito inovador e proativo da Academia em ações concretas de dinamização de ideias de negócio. Para concretizar este objetivo, o ciclo inclui não só os habituais momentos de reflexão e debate mas também sessões de coaching, pitch e networking empresarial, assim como uma mostra de startups inovadoras e centros de I&D+i.
1.º ROCKSTART ANSWERS EM PORTUGAL Um dos pontos altos do ciclo “A Maioridade do Empreendedorismo” é
o Rockstart Answers (Sede Nacional da ANJE, 16 de junho), um evento de feedback direto em que promotores de startups colocam questões a empresários experientes e a especialistas em economia, gerando-se assim uma dinâmica de partilha de conhecimento, experiências e conselhos. Durante um pequeno-almoço informal, cada empreendedor tem cerca de três minutos para expor a sua questão de partida e efetuar um pitch, seguindo-se três minutos para a apresentação de questões por parte dos empresários experientes e especialistas presentes. Com base nas respostas e informações obtidas nestes dois períodos, os empresários vão deixar conselhos estratégicos para dar resposta aos problemas dos negócios apresentados. Após as apresentações, é possível desenvolver networking entre os participantes. É a primeira vez que se realiza em Portugal um evento Rockstart Answers, sendo a ANJE parceira da iniciativa. Aliás, esta parceria vai ao encontro da vontade da associação de se aproximar de ecossistemas internacionais de promoção do empreendedorismo. Refira-se que a Rockstart é uma comunidade global de empresários e especialistas em empreendedorismo, cujo principal propósito é a partilha de conhecimento em ecossistemas de startups. Através dos seus eventos de feedback direto, a Rockstart reúne uma vibrante massa crítica de empresários, empreendedores, mentores e investidores, proporcionando entre estes uma interação que tem tanto de pedagógica como de proativa. Pedagógica, porque fornece know-how sobre como desenvolver negócios. Proativa, porque do networking pode surgir um apoio efetivo (consultoria, tutoria, financiamento, etc.) aos empreendedores. Outro momento importante do ciclo é a apresentação do “Estudo Internacional de Empreendedorismo” (Sede Nacional da ANJE, 16 de junho). Trata-se de um documento produzido pela ANJE, no âmbito do PIP - Projeto Inovação Portugal e com base em estudos de caso, nomeadamente casos de sucesso de startups nacionais. Mais do que um diagnóstico do empreendedorismo na atualidade, o estudo define tendências nesta área da iniciativa empresarial.
O estudo inclui um conjunto de 24 working papers de académicos (12 da Universidade do Minho e outros 12 da Universidade do Porto), principalmente especialistas em transferência de conhecimento, selecionados de forma a assegurar uma representação multissetorial. São, portanto, especialistas oriundos de diferentes clusters, que dão uma visão prática dos trabalhos científicos e uma opinião concreta sobre o potencial de aplicação económica dos mesmos.
PITCH COM UM RENOMADO PAINEL DE INVESTIDORES Destaque ainda para o pitch dos projetos finalistas do programa de aceleração ASA – ANJE Startup Accelerator (Sede Nacional da ANJE, 18 de junho) perante um painel de renomados avaliadores. João Rafael Koehler, presidente da ANJE, Miguel Ferreira, chairman do grupo Fonte Viva, e Luís Quaresma, partner da Oxy Capital, serão três dos especialistas responsáveis pela análise das ideias de negócio. Do programa do ciclo constam ainda as conferências “Histórias de Sucesso” (Sede Nacional da ANJE, 16 de junho), que reúne representantes das empresas distinguidas com o Prémio do Jovem Empreendedor, e “Empreendedorismo Improvável” (Espaço Locomotiva, 17 de junho), com casos inusitados de êxito empresarial. Merecem ainda referência a 6.ª edição dos encontros criativos CHANGE IT (Espaço Locomotiva, 17 de junho), moderada por Ana Rita Clara, e o painel de discussão dedicado aos “Ecossistemas Internacionais” (Sede Nacional da ANJE, 16 de junho), em que será analisado e debatido o ambiente de negócios nos espaços americano, europeu e israelita. Entre os oradores internacionais confirmados destaque para Oscar Kneppers, CEO da comunidade Rockstart, que vai partilhar algumas experiências sobre o ecossistema de empreendedorismo europeu, Nimrod Cohen, COO na Explore.Dream. Discover, que vai abordar as principais características da iniciativa empresarial em Israel, e Chris Burry, co-CEO da US Market Access, que vai revelar algumas práticas de Silicon Valley e as técnicas utilizadas para levantar mais de 300 milhões de dólares em capital de risco. Junho 2015 WE’BIZ 49
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UE ANTECIPA VERBAS DE COMBATE AO DESEMPREGO JOVEM A União Europeia vai disponibilizar, a cada Estadomembro, cerca de mil milhões de euros em pagamentos antecipados para combater o desemprego jovem. O Conselho da UE aprovou, em maio último, com o aval do Parlamento Europeu, o aumento este ano dos pagamentos antecipados da iniciativa “Garantia Jovem” para quase mil milhões de euros. Por conseguinte, em vez dos 67 milhões de euros previstos para 2015, os Estados-membros vão receber cerca de mil milhões de euros em pagamentos antecipados para combate ao desemprego jovem, através do aumento da taxa de préfinanciamento de 1% – ou 1,5% para países sob programas de assistência financeira – para 30%. Adotada em fevereiro de 2013, sob proposta da Comissão Europeia ainda liderada por Durão Barroso, a iniciativa “Garantia Jovem” visa combater o desemprego jovem, assegurando a todos os cidadãos europeus com
menos de 25 anos uma proposta de qualidade em matéria de emprego, de formação contínua, de aprendizagem ou de estágio profissional no prazo de quatro meses após terem concluído os estudos ou ficado desempregados. Todos os Estados-membros aprovaram os princípios da “Garantia Jovem” e apresentaram um “Plano de Implementação da Garantia Jovem”, no qual explicitaram como é que a iniciativa vai ser posta em prática nos seus países e como vai ser financiada. Com esta decisão, o Conselho da UE pretende aliviar a carga orçamental dos Estados-membros, permitindolhes aplicar rapidamente medidas de combate ao desemprego jovem. Isto porque, segundo a referida instituição comunitária, as regras em vigor não permitem que seja atingida a massa crítica financeira necessária para que os Estados-membros comecem a aplicar as ações previstas na iniciativa “Garantia Jovem”. A falta de fundos impede os 28 de avançar com pagamentos suficientes aos beneficiários da “Garantia Jovem”, que ficam assim sem ajuda para encontrar um emprego ou estágio remunerado. Refira-se que o desemprego jovem (menos de 25 anos) é um dos mais graves problemas socioeconómicos
“Garantia Jovem” Combater o desemprego jovem, assegurando aos cidadãos europeus com menos de 25 anos uma proposta de qualidade em matéria de emprego, de formação contínua, de aprendizagem ou de estágio profissional no prazo de quatro meses após terem concluído os estudos ou ficado desempregados.
da UE. Em março de 2015, 20,9% dos jovens dos 28 Estados-membros estavam desempregos. Ainda assim, este valor representa uma descida de 0,2 pontos percentuais em relação à taxa de desemprego jovem homóloga e é mais baixo do que o registado na zona euro (22,7%). Nesse mês, havia na Europa 284.804 milhões de jovens desempregados e destes 3.215 milhões eram de países da zona euro, revelou o Eurostat. Entre os Estados-membros, a Alemanha é o país onde há menos desemprego jovem, com 7,2%. Na segunda posição está a Áustria com 10,5%, seguida da Dinamarca e da Holanda, ambas com 10,8% de jovens desempregados. No extremo oposto estão a Grécia e a Espanha, onde a taxa de desemprego jovem é a mais elevada. Nestes dois países, metade dos jovens com menos de 25 anos está no desemprego (50,1%). Na segunda e terceira posições encontram-se a Croácia (45,5%) e a Itália (43,1%), respetivamente. Em Portugal, no mês de março, a taxa de desemprego jovem situou-se em 33,8%, um pouco acima dos 33,7% registados em fevereiro.
Falta de Fundos dos Estados-membros Impede os 28 de avançar com pagamentos suficientes aos beneficiários da “Garantia Jovem”, que ficam assim sem ajuda para encontrar um emprego ou estágio remunerado.
SOLUÇÃO UE - Adiantamentos Em vez dos 67 milhões de euros previstos para 2015, os Estados-membros vão receber cerca de mil milhões de euros em pagamentos antecipados.
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CINCO COMPETÊNCIAS E 47 EMPRESAS: UMA VISÃO DE FUTURO Um inquérito do presente lançou previsões sobre o emprego do futuro próximo: saiba quais as cinco competências mais procuradas e quais as 47 empresas que vão criar emprego nessas áreas. Engenharia Tecnológica, Ciências Económicas, Operações e Logística, Automação e Comunicação de informação/marketing/ comercial. Memorizou este grupo de competências? São as cinco skills mais escassas em Portugal e representam muitas oportunidades entre as 11.200 vagas de emprego que 47 empresas nacionais perspetivam criar entre 2017 e 2020. As conclusões resultam de um inquérito levado a cabo pela BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. Após interrogar algumas das empresas com maior dimensão a operar em território nacional, a BCSD Portugal obteve respostas conclusivas e úteis para o alinhamento do sistema educativo. As áreas de Engenharia Tecnológica, Ciências Económicas, Operações e Logística, Automação e Comunicação de informação/marketing/comercial manifestam escassez de recursos humanos para dar resposta às necessidades laborais, abrindo uma janela de oportunidade aos estudantes. Na prática, a lacuna registada nas cinco competências permitirá alavancar oportunidades profissionais num grupo de dez funções específicas, afetas a diferentes áreas de atividade. Gizado com o propósito de reduzir o desfasamento entre as competências procuradas pelas empresas e o percurso formativo dos alunos, o estudo é apenas o pontapé de saída para um conjunto de ações de sensibilização a desenvolver junto dos jovens com o objetivo de partilhar as necessidades detetadas nas cinco áreas destacadas. O BCSD Portugal celebrou, de resto, um acordo de colaboração com o Ministério da Educação e Ciência para oficializar o compromisso das empresas no desenho curricular de cursos do ensino vocacional e de formações em contexto de trabalho.
Top 10 das ofertas previstas 1. PROGRAMADORES E ANALISTAS DE SISTEMAS; 2. TÉCNICOS DE REDE; 3. GESTORES DE RISCO; 4. CONTROLADORES DE GESTÃO; 5. TÉCNICOS DE CRM/MARKETING RELACIONAL E E-COMMERCE; 6. TÉCNICOS DE OPERAÇÃO LOGÍSTICA 7. RESPONSÁVEIS DE ENTREPOSTO LOGÍSTICO; 8. TÉCNICOS DE ROBÓTICA; 9. PROGRAMADORES DE CNC (MÁQUINAS ROBOTIZADAS); 10. PROGRAMADORES DE AUTOMAÇÃO.
SOBRE O PROJETO E O INQUÉRITO Para a operacionalização do projeto acordado com o Ministério da Educação e Ciência, o BCSD Portugal reuniu um conjunto de 27 empresas. No que diz respeito ao inquérito, a amostra de 47 organizações participantes representa 240 mil postos de trabalho e gerou um volume de faturação na ordem dos 67 milhões de euros.
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STARTIFY7 PROMOVE ACADEMIAS DE VERÃO PARA NEGÓCIOS TECNOLÓGICOS Saúde Digital, Segurança no Ciberespaço e Internet das Coisas são as academias de verão promovidas pela Comissão Europeia no âmbito do projeto Startify7. A participação é gratuita. O empreendedorismo tecnológico é, como o nome do projeto indicia, o foco do Startify7. O projeto desenvolvido com o investimento da Comissão Europeia, no âmbito do programa Horizonte 2020, envolve universidades e especialistas do velho continente na organização de academias de verão orientadas para a constituição de startups de base tecnológica em diferentes domínios de atividade. Para 2015 está prevista a realização de três programas dedicados a áreas distintas: Saúde Digital (Reino Unido), Segurança no Ciberespaço (Itália) e Internet das Coisas (Alemanha). Focado no estímulo à criação de novos projetos de perfil lean, o Startify7 tem um programa de ação de dois anos. No total, o projeto prevê a realização de sete academias, distribuídas pelo período de verão dos anos 2015 (três
programas) e 2016 (quatro programas). Os destinatários são os jovens com mais de 18 anos, graduados ou que se encontram a frequentar o ensino universitário ou secundário num Estado-membro da União Europeia ou nos países associados, manifestando interesse nas temáticas específicas das academias e no desenvolvimento de negócios com recurso à utilização de soluções tecnológicas. Ao longo dos 10 dias de atividade, os participantes terão a oportunidade de trabalhar individualmente ou em grupo para absorver algumas ideias e competências essenciais sobre empreendedorismo, negócios inovadores e métodos lean. O contacto com mentores e especialistas na área temática de cada academia é uma das principais vantagens do Startify7. Os participantes devem candidatar-se com uma ideia de negócio já desenvolvida, apresentando os respetivos projetos aos empreendedores e mentores convidados para o programa. Em caso de apreciação positiva do pitch efetuado, os promotores podem avançar para um bootcamp preparado para desenvolver a ideia de negócio e melhorar as competências de apresentação do projeto. Serão, depois, sujeitos à prova final, com a realização de um novo pitch perante um painel de investidores internacionais.
Calendário Academias de Verão 2015 TEMA: SAÚDE DIGITAL
TEMA: INTERNET DAS COISAS
Data: 26 de julho a 6 de agosto
TEMA: SEGURANÇA NO CIBERESPAÇO
Local: Sheffield, Reino Unido
Data: 27 de julho a 7 de agosto
Local: Nuremberga, Alemanha
Candidaturas: até 10 de junho
Local: Trento, Itália
Candidaturas: até 20 de junho
Candidaturas: até 14 de junho 52 WE’BIZ Junho 2015
Data: 18 a 28 de agosto
AGENDA DESTAQUE
AGENDA ‹ weNEXT
EXPORTADORES DA CPLP reúnem-se em Lisboa para cooperar e gerar maiores negócios O 1º Fórum União de Exportadores da CPLP vai decorrer nos próximos dias 26 e 27 de junho, no Centro de Congressos de Lisboa. Organizado pela União de Exportadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (UE CPLP), em parceria com a Confederação Empresarial da CPLP, o certame abrange um completo programa de iniciativas de apoio à atividade empresarial estruturado em quatro eixos principais. A saber: reuniões B2B, mostra de empresas com programação cultural, seminários temáticos e a grande conferência CPLP, subordinada ao tema “Comunidade de Povos Abrangentes”. Desenhada com o propósito de proporcionar uma verdadeira plataforma de negócios aos participantes, o Fórum União de Exportadores da CPLP vai acolher associações empresariais, líderes de opinião, empresários e representantes institucionais dos nove países membros da comunidade e de outros Estados observadores. Orientado para o estímulo às relações de cooperação, o programa de dois dias visa reforçar a partilha e a consolidação das oportunidades de negócio detetadas entre as nações participantes. O modelo de organização do fórum segue os princípios de uma plataforma de negócios e prevê a abordagem de matérias com relevo para a atividade empresarial de um núcleo alargado de setores (indústria extrativa, energia, transportes, tecnologias de comunicação, indústria agroalimentar, saúde, turismo, mobiliário, entre outros). No primeiro dia do certame será inaugurado o espaço destinado à mostra setorial (a funcionar durante as duas jornadas), estando ainda prevista a realização de nove seminários temáticos, focados na internacionalização de negócios e na exportação de produtos e serviços para os países membros da CPLP.
estratégicos comuns definidos para a CPLP e ainda para os encontros de networking B2B. A encerrar o Fórum União de Exportadores da CPLP estará a conferência “Comunidade de Povos Abrangentes”, envolvendo os representantes políticos e institucionais das nações representadas na discussão de painéis temáticos sobre a esfera de ação da CPLP. A participação na iniciativa é gratuita, mas está sujeita a pré-registo em www.uecplp.org.
FÓRUM UNIÃO DE EXPORTADORES DA CPLP Cidade: Lisboa (Centro de Congressos de Lisboa) Data: 26 e 27 de junho Promotores: União de Exportadores da CPLP e Confederação Empresarial da CPLP Preços: Gratuito Inscrições: www.uecplp.org Contacto: mail@uecplp.org
Na segunda jornada do fórum, o destaque vai para uma nova ronda de seminários dedicada aos sete objetivos Junho 2015 WE’BIZ 53
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JUNHO 2015 SEMINÁRIO “OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO: RÚSSIA - MUNDIAL 2018”
Cidade: Lisboa (Auditório da AICEP Portugal Global) Data: 16 de junho Promotor: Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal Preços: Gratuito Inscrições: www.portugalglobal.pt Contacto: aicep@portugalglobal.pt O seminário “Oportunidades de negócio: Rússia – Mundial 2018” vai decorrer no dia 16 de junho, em Lisboa. Trata-se de uma sessão que pretende refletir sobre as oportunidades de negócio a explorar pelas empresas nacionais, no âmbito do Campeonato do Mundo de Futebol de 2018, a realizar na região russa de Kaliningrado. Tecnologias de informação e comunicação, organização de eventos e construção são três setores que serão abordados com especial destaque durante o seminário que servirá ainda para revelar o know-how das estruturas portuguesas na organização de eventos desportivos de grande dimensão.
FORMAÇÃO “EXPORTAÇÃO – INSTRUMENTOS DE DEFESA COMERCIAL”
Cidade: Matosinhos (Associação Empresarial de Portugal – Leça da Palmeira) Data: 17 de junho Promotor: Associação Empresarial de Portugal Preços: 60 euros Inscrições: formacao.aeportugal.pt Contacto: inscricoes.formacao@aeportugal.com A internacionalização de negócios será o tema em destaque no curso “Exportação – Instrumentos de Defesa Comercial” que a Associação Empresarial de Portugal promove no dia 17 de junho. A decorrer nas instalações da associação em Leça da Palmeira, o curso pretende esclarecer os empresários sobre as regras de comércio internacional, abordando ainda os instrumentos de defesa comercial adotados pela Organização Mundial do Comércio. O dumping e os direitos e obrigações das entidades exportadoras serão alguns dos temas abordados durante a ação formativa.
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JORNADAS EMPRESARIAIS ORASI/ DIRETIVA - “O EQUILÍBRIO PESSOAL NO SUCESSO EMPRESARIAL”
Cidade: Porto (Fundação AEP – Avenida da Boavista) Data: 17 de junho Promotores: Instituto Orasi e Diretiva - Consultores de Gestão Preços: 160 euros Inscrições: geral@orasi.pt Contacto: geral@orasi.pt Como controla o seu equilíbrio para ter sucesso na sua empresa? Quais as estratégias de intervenção para o desenvolvimento pessoal na sua empresa? Quais os exemplos práticos que devemos seguir? As respostas para estas e outras questões podem ser encontradas na sessão sobre “O Equilíbrio Pessoal no Sucesso Empresarial”. Enquadrada nas Jornadas Empresariais promovidas pelo Instituto Orasi e a Diretiva - Consultores de Gestão, esta iniciativa pretende refletir sobre a importância do equilíbrio psicológico individual de quadros e gestores para os resultados corporativos alcançados.
MISSÃO EMPRESARIAL NA COSTA DO MARFIM
Cidade: Abidjan (Costa do Marfim) Data: 17 e 18 de junho Promotor: Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal Preços: ---Inscrições: www.portugalglobal.pt Contacto: anabela.raposo@portugalglobal.pt A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal promove, nos dias 17 e 18 de junho, uma Missão Empresarial na Costa do Marfim. Aproveitando a visita do vice-Primeiro-Ministro, Paulo Portas, à nação africana, a AICEP organiza uma ação de prospeção ao maior produtor e exportador mundial de cacau. O governo da Costa do Marfim procura investimentos nas áreas da agricultura, construção civil e energias renováveis, pelo que a viagem de negócios permitirá aos empresários lusos explorar oportunidades concretas de negócio na nação africana.
SESSÃO DE INVESTIDORES PARA A EXPANSÃO NO REINO UNIDO Cidade: Lisboa (Edifício Startup Campus – Rua Rodrigo da Fonseca) Data: 19 de junho Promotor: Fábrica de Startups Preços: Gratuito
Inscrições: www.fabricadestartups.com Contacto: talk@fabstart.pt A Fábrica de Startups acolhe, no dia 19 de junho, uma sessão para a captação de investimento e consequente expansão de projetos empresariais para o Reino Unido. A iniciativa afirma-se como uma oportunidade de crescimento para as startups portuguesas interessadas em explorar este mercado e contará com a participação da Buckworths, organização especializada no acompanhamento de projetos empresariais em fase incipiente. Durante a sessão, os participantes terão oportunidade de conhecer o ambiente de negócios do Reino Unido, bem como as condições do enquadramento fiscal em vigor.
MISSÃO EMPRESARIAL NA COLÔMBIA
Cidade: Colômbia Data: 21 a 27 de junho Promotor: Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa Preços: 3950 euros Inscrições: www.ccip.pt Contacto: geral@ccip.pt A Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa organiza uma Missão Empresarial na Colômbia entre os dias 21 e 27 de junho. Trata-se de uma viagem de negócios com perfil multissetorial que pretende aproximar os empresários lusos do ambiente de negócios do terceiro país mais populoso da América Latina. Os setores de software e TI, cosméticos, externalização de processos empresariais (BPO), turismo da saúde, automóvel, têxtil, comunicação gráfica e elétrico lideram a fileira das atividades onde os agentes empresariais portugueses poderão identificar oportunidades de negócio.
WORKSHOP “INOVE A SUA EMPRESA RECORRENDO A INCENTIVOS COMUNITÁRIOS
Cidade: Lisboa (Núcleo de Lisboa e Vale do Tejo da ANJE) Data: 22 de junho Promotores: Associação Nacional de Jovens Empresários e Areagest Preços: Gratuito Inscrições: www.anje.pt Contacto: juditeferreira@anje.pt A ANJE promove, em parceria com a Areagest, o workshop “Inove a sua empresa recorrendo a incentivos comunitários” no próximo dia 22 de junho. A decorrer nas instalações da associação em Algés, a sessão pretende esclarecer os empresários
AGENDA ‹ weNEXT sobre a importância da inovação na diferenciação das propostas de valor. A sessão servirá ainda para expor um conjunto de incentivos comunitários dedicados a projetos inovadores. A participação no workshop é gratuita, mas está sujeita a inscrição obrigatória.
1º FÓRUM DO INVESTIMENTO E DO IMOBILIÁRIO
Cidade: Porto Data: 22 e 23 de junho Promotor: Câmara de Comércio e Indústria LusoFrancesa Preços: 35 euros Inscrições: www.ccilf.pt Contacto: comercial1@ccilf.pt A Câmara de Comércio e Indústria Luso-Francesa promove o 1º Fórum do Investimento e do Imobiliário, durante os dias 22 e 23 de junho, no Porto. Trata-se de uma iniciativa que pretende revelar o potencial da economia portuguesa perante um núcleo de investidores estrangeiros e que contará com a presença oficial de Jean-François Blarel, embaixador de França em Portugal. Durante a iniciativa será privilegiado o contacto entre empresários ou particulares já instalados em Portugal, que vão partilhar a sua experiência e visão sobre a economia e o tecido empresarial do país.
FORMAÇÃO “O CONTROLO DE GESTÃO NAS PME - UMA ABORDAGEM PRÁTICA” Cidade: Lisboa Data: 23 e 24 de junho Promotor: Grupo Vida Económica Preços: 147,60 euros Inscrições: www.vidaeconomica.pt Contacto: anabessa@vidaeconomica.pt O grupo Vida Económica organiza, nos dias 23 e 24 de junho, o curso “O Controlo de Gestão nas PME – Uma abordagem prática”. A decorrer em Lisboa, a ação formativa pretende sensibilizar os gestores empresariais para a importância de ter um sistema de controlo de gestão adaptado às necessidades e à dimensão de cada PME. No final do curso, os formandos deverão estar preparados para elaborar um orçamento de exploração, determinar as necessidades de financiamento da respetiva empresa e resolver eventuais conflitos comportamentais das equipas de gestão.
BREAK
Cidade: Lisboa Data: 25 de junho Promotor: Organização independente Preços: Gratuito Inscrições: www.meetup.com/pt/BREAKlx/ Contacto: www.meetup.com/pt/BREAKlx/ O BREAK decorre em todas as penúltimas quintasfeiras do mês, a partir das 19 horas, no Hotel Florida, em Lisboa. Trata-se de uma iniciativa gratuita, realizada num contexto after work e que pretende estimular a partilha de experiências, ideias e contactos para o desenvolvimento ou lançamento de novos negócios. A próxima sessão acontece já no dia 25 de junho, entre as 19h00 e as 22h00.
PORTUGAL INTERNATIONAL BUSINESS MEETING
Cidade: Lisboa (Centro de Congressos de Lisboa) Data: 25 e 26 de junho Promotor: Associação Industrial Portuguesa – Câmara do Comércio e Indústria Preços: 630 euros Inscrições: www.aip.pt Contacto: internacionalizacao@aip.pt A Associação Industrial Portuguesa – Câmara do Comércio e Indústria (AIP-CCI) promove o Portugal Internacional Business Meeting, nos dias 25 e 26 de junho, no Centro de Congressos de Lisboa. A iniciativa vai reunir 150 investidores e importadores provenientes de mais de 30 países para a operacionalização de reuniões bilaterais (B2B) com empresários portugueses. O Portugal International Business Meeting afirma-se ainda como uma plataforma para a divulgação de produtos e serviços made in Portugal, potenciando o aumento da intensidade exportadora do tecido empresarial português e a diversificação de mercados.
ECN CROWDCAMP
Cidade: Lisboa (Rua das Portas de Santo Antão) Data: 26 de junho Promotor: European Crowdfunding Network Preços: 65 euros Inscrições: crowdcamp2015.eurocrowd.org Contacto: info@eurocrowd.org A European Crowdfunding Network organiza o ECN Crowdcamp, no próximo dia 26 de junho, em Lisboa. A iniciativa assume-se como o maior evento europeu dedicado ao tema do crowdfunding e pretende aproximar as PME e os empresários portugueses das diversas formas de financiamento
colaborativo existentes. Esta é a edição inaugural do evento e, por isso, estará restrita à participação de aproximadamente 250 pessoas. Entre o núcleo de figuras convidadas constam representantes de plataformas de crowdfunding europeias, promotores de startups e PME inovadoras, investidores e entidades públicas.
FÓRUM UNIÃO DE EXPORTADORES DA CPLP
Cidade: Lisboa (Centro de Congressos de Lisboa) Data: 26 e 27 de junho Promotores: União de Exportadores da CPLP e Confederação Empresarial da CPLP Preços: Gratuito Inscrições: www.uecplp.org Contacto: mail@uecplp.org O 1º Fórum União de Exportadores da CPLP vai decorrer nos próximos dias 26 e 27 de junho, no Centro de Congressos de Lisboa. Organizado pela União de Exportadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em parceria com a Confederação Empresarial da CPLP, o certame abrange um completo programa de iniciativas de apoio à atividade empresarial, estruturado em quatro eixos principais.
BOOTCAMP DE EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Cidade: Porto Data: 26 a 28 de junho Promotor: INSEAD Preços: 250 euros Inscrições: www.ies-sbs.org Contacto: ana@ies-sbs.org O Bootcamp de Empreendedorismo Social assume-se como uma formação intensiva de 48 horas que permite aos participantes desenvolver, em equipa, novas iniciativas de Empreendedorismo Social. A definição do modelo de negócio, o plano de implementação dos projetos e a preparação de uma estratégia de comunicação integrada são apenas três benefícios envolvidos na proposta de valor do bootcamp. O propósito último do programa é (re)construir modelos sustentáveis e capazes de resolver problemas sociais e ambientais. A cidade do Porto vai acolher a próxima edição do programa, entre os dias 26 e 28 de junho.
STARTUP PIRATES PONTA DELGADA Cidade: Ponta Delgada Data: 27 de junho a 4 de julho
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weNEXT › AGENDA Promotor: Startup Pirates Preços: 95 euros Inscrições: pontadelgada.startuppirates.org Contacto: pontadelgada.startuppirates.org A Startup Pirates organiza mais uma sessão de aceleração de negócios entre os dias 27 de junho e 4 de julho, no unOffice - PDL Business & Cowork Center, em Ponta Delgada. O objetivo do evento é viabilizar projetos empresariais em fase incipiente, dotando os promotores das competências e ferramentas necessárias para o lançamento dos projetos no mercado. Nesse sentido, a Startup Pirates organiza um conjunto de workshops e palestras orientadas por empresários experientes, proporcionando ainda serviços de mentoring aos participantes.
YOUNG AUDAX FIRST STEP
Cidade: Lisboa Data: 29 de junho a 3 de julho Promotor: Audax ISCTE-IUL Preços: 199 euros Inscrições: www.audax.iscte.pt Contacto: audax@iscte.pt O Young Audax First Step vai decorrer entre os dias 29 de junho e 3 de julho, em Lisboa. Trata-se de um programa de verão que pretende fomentar o empreendedorismo entre as faixas etárias mais jovens, nomeadamente os empreendedores entre os 13 e os 18 anos. Workshops, grupos de reflexão e a visita à incubadora Labs Lisboa são algumas das ações que compõem a proposta de valor desta iniciativa estruturada em cinco jornadas dedicadas a temáticas distintas. A saber: Criatividade e Geração de Ideias, Marketing, Finanças, Speed Project e Apresentação Final. As inscrições para o programa terminam no dia 22 de junho.
PRAZO DE CANDIDATURAS AO PDR 2020
Cidade: ---Data: 30 de junho (termina o prazo de candidaturas) Promotor: Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020 Preços: ---Inscrições: www.pdr-2020.pt Contacto: www.pdr-2020.pt O Programa de Desenvolvimento Rural 2020 (PDR), instrumento estratégico e financeiro de apoio ao desenvolvimento rural do continente para o período 2014-2020, tem um novo prazo de candidaturas para as operações de Pequenos Investimentos na Exploração Agrícola e Pequenos Investimentos 56 WE’BIZ Junho 2015
na Transformação e Comercialização de Produtos Agrícolas. O dia 30 de junho é a data limite para a submissão de projetos no âmbito destes dois concursos.
JULHO 2015 JORNADAS EMPRESARIAIS ORASI/ DIRETIVA - “PORTUGAL 2020”
Cidade: Porto (Fundação AEP – Avenida da Boavista) Data: 1 de julho Promotores: Instituto Orasi e Diretiva - Consultores de Gestão Preços: 160 euros Inscrições: geral@orasi.pt Contacto: geral@orasi.pt Qual a importância do Plano de Negócios para qualquer investimento? Quais são os incentivos a fundo perdido disponíveis? As respostas para as duas questões podem ser encontradas na sessão sobre o programa “Portugal 2020”. Enquadrada nas Jornadas Empresariais promovidas pelo Instituto Orasi e a Diretiva - Consultores de Gestão, esta iniciativa pretende refletir sobre o conjunto de oportunidades de financiamento disponibilizadas no âmbito do próximo quadro comunitário. A abordar esta temática estará Rúben Dárcio, profissional licenciado em Gestão de Empresas e especialista em Análise Financeira e Marketing.
SEMINÁRIO “INTERNACIONALIZAÇÃO: OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO EM MOÇAMBIQUE” Cidade: Oeiras Data: 2 de julho Promotor: Associação Empresarial da Região de Lisboa Preços: Gratuito Inscrições: www.aerlis.pt Contacto: aerlisoeiras@aerlis.pt Revelar o potencial do mercado moçambicano e os setores de atividade em franco crescimento nesta nação africana é o principal desígnio do seminário “Internacionalização: Oportunidades de negócio em Moçambique”. A sessão promovida pela Associação Empresarial da Região de Lisboa vai decorrer no dia 2 de julho, em Oeiras, e foca atenções nas oportunidades de expansão empresarial para os empresários lusos em Moçambique. O “Apoio à
internacionalização de empresas”, os “Benefícios Fiscais à Internacionalização” e os “Mecanismos e Estratégias de Proteção da Propriedade Intelectual” serão três matérias abordadas durante o seminário. A tudo isto acrescem ainda os testemunhos de vários empresários portugueses com atividade neste mercado africano.
THE GRID
Cidade: Lisboa (Edifício Startup Campus – Rua Rodrigo da Fonseca) Data: 2 de julho Promotor: Fábrica de Startups Preços: Gratuito Inscrições: www.fabricadestartups.com Contacto: talk@fabstart.pt As sessões “The Grid” decorrem na primeira quinta-feira de todos os meses e são organizadas, rotativamente, por uma das organizações incubadas ou aceleradas na Fábrica de Startups. Os primeiros 15 minutos servem para apresentar o projeto e a equipa anfitriã, ficando o restante tempo reservado para networking e captação de talentos ou investidores. A partilha de experiências e contactos é, por isso, o principal propósito destas sessões gratuitas que facilitam igualmente a deteção de potenciais parcerias a concretizar entre projetos.
WORKSHOP “STORYTELLING”
Cidade: Lisboa (Vodafone Labs Lisboa – Rua Adriano Correia de Oliveira) Data: 5 de julho Promotor: Vodafone Labs Lisboa Preços: Gratuito Inscrições: vodafonelabslisboa.pt Contacto: geral@vodafonelabslisboa.pt A Vodafone Labs Lisboa promove, no dia 5 de julho, o workshop “Storytelling”, nas suas instalações em Lisboa. Trata-se de uma sessão gratuita que pretende revelar a importância da capacidade para contar histórias na comunicação de produtos, serviços ou insígnias. No final do workshop, os participantes deverão ser capazes de estruturar narrativas com potencial para vender ideias de negócio no mercado.
MISSÃO EMPRESARIAL NA POLÓNIA Cidade: Colômbia Data: 6 a 10 de julho Promotor: Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa Preços: 1950 euros
AGENDA ‹ weNEXT Inscrições: www.ccip.pt Contacto: internacional@ccip.pt A Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa organiza uma Missão Empresarial na Polónia entre os dias 6 e 10 de julho. Trata-se de uma viagem de negócios com perfil multissetorial que pretende aproximar os empresários lusos do ambiente de negócios da nação polaca. A Polónia possui um mercado composto por cerca de 40 milhões de consumidores e tem registado taxas de crescimento acima dos 3%. A estabilidade governamental, a credibilidade e segurança para o investimento e o aumento do poder de consumo figuram como os três principais fatores atrativos para a expansão de negócios neste mercado.
EMPREENDER – DA IDEIA AO NEGÓCIO Cidade: Évora (Rua Frei José Maria Évora, 5) Data: 7 e 9 de julho Promotores: Associação Nacional de Jovens Empresários e DECO Proteste Preços: 98 euros Inscrições: www.anje.pt Contacto: alexandramota@anje.pt A ANJE desenvolve, em parceria com a DECO PROTESTE, o curso “Empreender – da Ideia ao Negócio”, nos dias 7 e 9 de julho. Trata-se de uma ação formativa que pretende dotar os participantes das características determinantes para um perfil empreendedor, recorrendo a uma abordagem criativa e a conteúdos facilitadores da iniciativa empresarial. Durante a ação formativa, os participantes poderão recolher informação relacionada com a elaboração de planos de negócios e soluções de financiamento, assim como, de um modo mais abrangente, de apoios ao empreendedorismo.
ADVANCED NEGOTIATION PROGRAM
Cidade: Lisboa (Rua das Portas de Santo Antão, 89) Data: 8 a 10 de julho Promotores: Nova School of Business & Economics e Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa Preços: 1750 euros Inscrições: exed.novasbe.pt Contacto: martim.agarez@novasbe.pt O Advanced Negotiation Program é um curso intensivo de três dias desenhado para o desenvolvimento de competências negociais. Durante este programa de aprendizagem, os participantes têm oportunidade de experimentar um conjunto de situações de negociação face a face, simulando a concretização de diferentes
tipologias de acordo e avaliando o respetivo impacto numa relação empresarial contínua. O Advanced Negotiation Program segue uma metodologia desenvolvida por dois docentes internacionalmente reconhecidos pela experiência no processo de negociação e confere skills valiosas para a rotina profissional de variados setores de atividade.
FORMAÇÃO “COMO VENDER NO CANADÁ”
Cidade: Porto (AICEP – Rua Júlio Dinis) Data: 8, 9 e 10 de julho Promotor: Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal Preços: 123 euros Inscrições: www.portugalglobal.pt Contacto: aicep@portugalglobal.pt A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal promove a ação de formação “Como vender no Canadá”, nos dias 8, 9 e 10 de julho, nas suas instalações do Porto. Trata-se de uma sessão que pretende incrementar as relações comerciais e bilaterais entre Portugal e Canadá, aproveitando as novas oportunidades de negócio proporcionadas pelo Acordo Económico e Comercial Global CanadáUnião Europeia (CETA). Os participantes terão ainda oportunidade de agendar reuniões individuais de 60 minutos com o Responsável pelo Ponto de Rede da AICEP em Toronto, Raúl Travado.
ROADSHOW PORTUGAL GLOBAL
Cidade: Lisboa Data: 15 de julho Promotor: Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal Preços: ---Inscrições: www.portugalglobal.pt Contacto: aicep@portugalglobal.pt A Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal encontra-se a promover o Roadshow Portugal Global até ao dia 17 de setembro de 2015. Trata-se de um programa que pretende reforçar o potencial de exportação do tecido empresarial português, bem como a presença das organizações lusas nos mercados externos. A próxima sessão decorre no dia 15 de julho, em Lisboa, e contará com a presença e intervenção de um representante da AICEP afeto a um mercado externo, de forma a partilhar com os participantes algumas estratégias de aproximação às empresas e aos investidores da nação estrangeira envolvida.
12ª CALL FOR ENTREPRENEURSHIP
Cidade: ---Data: 27 de julho (abre o período de candidaturas) Promotor: Portugal Ventures Preços: ---Inscrições: www.portugalventures.pt Contacto: callforentrepreneurship@ portugalventures.pt A Portugal Ventures abre, no próximo dia 27 de julho, o período de candidaturas à 12ª Call For Entrepreneurship, uma nova oportunidade de acesso ao investimento de capital de alto risco para os projetos inovadores de base científica e tecnológica nas fases seed e startup. Orientada para o fortalecimento do ecossistema empreendedor português e para o desenvolvimento de uma economia mais moderna e competitiva, a Call For Entrepreneurship pretende selecionar projetos para investimento nas áreas de “Tecnologias de Informação”, “Comunicação”, “Eletrónica & WEB”, “Ciências da Vida”, “Turismo e Recursos Endógenos”, “Nanotecnologia e Materiais”.
PROGRAMA GERAL DE GESTÃO INTENSIVO
Cidade: Matosinhos (Porto Business School – Avenida Fabril do Norte) Data: 27 de julho a 1 de agosto Promotor: Porto Business School Preços: 2500 euros Inscrições: www.pbs.up.pt Contacto: ggi@pbs.up.pt O Programa Geral de Gestão Intensivo pretende reforçar competências nas áreas fundamentais da gestão empresarial atual, recorrendo a um modelo formativo com envolvimento ativo dos participantes num curto período de tempo. Consequentemente, o plano de estudos do programa prevê a abordagem de módulos diretamente ligados ao contexto envolvente das empresas. O modelo de negócio, a cadeia de valor, as áreas funcionais, a cultura organizacional e comportamental serão alguns tópicos estudados ao pormenor durante o programa formativo.
Junho 2015 WE’BIZ 57
weSEARCH › LIVROS & SITES LIVRO
AS SEGUNDAS-FEIRAS
Jon Acuff demorou 16 anos para escrever esta obra, mas o resultado final compensou, já que as histórias vividas na primeira pessoa ou partilhadas por pessoas próximas do círculo do autor resultam em boas lições para o coletivo dos leitores, sejam eles quadros empresariais ou gestores. “Do Over” é mais do que um conjunto de conselhos práticos para a rotina profissional, propondo um avanço de mentalidade na gestão da carreira, que facilita a tomada de decisão perante os desafios impostos pelo mercado de trabalho.
PODEM MUDAR!
ESQUEÇA TUDO O QUE PENSA SOBRE LIVROS DE GESTÃO DE CARREIRA E DA MUDANÇA. O “DO OVER” PODE MESMO SER O PRIMEIRO PASSO PARA UMA NOVA VIDA PROFISSIONAL.
Para compreender a filosofia proposta pelo autor é preciso virar as costas ao medo da mudança e à passividade das penosas segundas-feiras no escritório. A sugestão de Jon Acuff é um investimento estratégico no conceito de “Career Saving Account”. Este novo indicador é o resultado da soma entre relacionamentos, capacidades profissionais e carácter, multiplicado pelo sentido de urgência. A falta de sustentação científica não retira validade à fórmula e o tom humorístico utilizado pelo autor, acrescido da pertinência das histórias reais partilhadas, mostram que, de facto, a aposta nos quatro fatores referidos pode ser o passaporte para uma carreira mais próxima dos objetivos e desejos de cada profissional. A fórmula “Career Saving Account” serve, de resto, como ponto de partida para trabalhar os quatro momentos ou evoluções de carreira identificados pelo escritor: o despedimento ou layoff, a oportunidade inesperada de emprego, o salto na carreira e o emprego sem oportunidade de progressão. Jon Acuff ousa apresentar um “modelo de rabisco” do imaginário criativo e distribui os quatro momentos num quadro que tem tanto de criativo como de útil. Após visualizar a figura e identificar a sua situação, o leitor vê-se perante um desafio: ampliar o fator ou os fatores em falta e mudar o chip para a gestão de carreira, ultrapassando a condescendência relativamente à sua atividade atual. Este livro vai garantir um emprego de sonho a cada leitor? A resposta é não e o autor faz questão de partilhar esta ideia entre capítulos, porém “Do Over” é o pontapé de saída para construir algo diferente. Uma carreira em que 58 WE’BIZ Junho 2015
Este livro aborda a construção intencional de carreiras recorrendo ao investimento em quatro fatores que todas as carreiras têm em comum. Os investimentos são tão óbvios que se torna fácil perdê-los.
podemos não assumir controlo sobre todos os aspetos do jogo, mas temos a capacidade de transformar alguns fatores que nos conduzem a um resultado mais próximo das metas a que nos propomos. Na lista de destinatários desta obra cabem, por isso, os fazedores, os quadros e os gestores. Para os que ainda confundem o livro de Jon Acuff como um guia de autoajuda, a resposta às dúvidas pode ser desfeita com a leitura de uma amostra gratuita online. A fechar, fica uma convicção partilhada pelo autor: “as carreiras são construídas ou destruídas pela forma como investimos nelas. É por isso que este livro o vai ajudar a perceber duas coisas: 1 - construir uma “Career Saving Account” vale biliões; 2 - Deve investir esses biliões no ‘Do Over’ que sempre desejou”.
TÍTULO “Do Over - Rescue Monday, Reinvent Your Work, and Never Get Stuck” AUTOR Jon Acuff EDITORA Portfolio PUBLICAÇÃO Abril de 2015 NÚMERO DE PÁGINAS 288 páginas PREÇO 16, 70 euros
LIVROS & SITES ‹ weSEARCH SITE
e business angels já se renderam ao desafio, alimentando as páginas do portal. Para as entidades interessadas em divulgar a sua atividade no terreno, o processo de adesão é simples e pode ser efetuado utilizando os dados das contas nas redes sociais. Em seguida, o utilizador pode escolher a ação que pretende efetuar (criar um evento, abrir um fundo de investimento, candidatar-se a um programa de aceleração, concorrer a um emprego, abrir uma vaga profissional, entre outros) num processo intuitivo, orientado pela divisão de categorias do site.
URL http://www.f6s.com/
ZOOM
UM ATALHO QUE É UM
FAVORITO Tem nome de atalho, mas é um dos portais do momento. Se ainda não está na sua lista de favoritos, saiba o que anda a perder: o F6s integra o perfil de 110 mil startups e mais de um milhar de promoções, entre ofertas de emprego, aceleradores ou oportunidades de investimento.
• Portal que agrega oportunidades de agentes de empreendedorismo com atividade em todo o mundo; • Espaço facilitador para a captação de talento, viabilização financeira de negócios e contratação de recursos humanos; • Plataforma de divulgação para iniciativas com diferentes perfis (eventos, concursos, programas de aceleração, oportunidades de coworking, entre outros);
SECÇÕES Apply Categoria destinada à submissão de candidaturas ou à consulta de informações sobre programas de aceleração, fundos de investimento, eventos organizados por startups, grupos de business angels, concursos, conferências ou oportunidades de coworking. Os utilizadores podem ainda anunciar as suas iniciativas e receber posteriormente inscrições e candidaturas de outros visitantes. Startups Secção onde é possível consultar os perfis das startups registadas na plataforma. Jobs Segmento onde os utilizadores podem consultar as oportunidades de emprego disponíveis nas startups registadas. Nesta categoria é igualmente possível abrir concursos para a contratação de recursos humanos.
O ecossistema empreendedor mundial despoleta oportunidades em diversas regiões geográficas e áreas de atividade sendo que a missão do F6s é precisamente dar palco a muitas delas, conferindo um impulso positivo ao estabelecimento de sinergias entre diferentes culturas empresariais. O portal assume-se como uma radiografia mundial à ação dos agentes empreendedores, facilitando a captação de talento, a concretização de parcerias, a progressão de carreira e o crescimento conjunto de fazedores.
Deals
O primeiro contacto com a plataforma pode ser confuso, devido à multiplicidade de ofertas, mas rapidamente os visitantes encontram respostas concretas às suas necessidades. Com foco centrado na atividade das startups, o F6s reúne oportunidades vinculadas a diferentes tipos de players, divulgando anúncios de emprego, promoções, eventos, entre outras iniciativas. No fundo, o site funciona como um suporte de comunicação, que convida os agentes empreendedores a assumir a globalização da respetiva atividade sob diferentes formatos.
• Consulta de oportunidades de diferentes âmbitos a decorrer em território nacional ou no estrangeiro;
Aceleradores, startups, incubadoras, espaços de coworking, entidades promotoras de concursos, fundos de investimento
• Consulta de oportunidades de progressão individual de carreira em startups nacionais ou internacionais.
Acesso às promoções levadas a cabo pelas empresas registadas. No segmento “Deals” é possível, por exemplo, descarregar 35 imagens gratuitas, beneficiando do período experimental gratuito de sete dias da Bigstock Photo.
ADICIONAR AOS FAVORITOS? • Plataforma facilitadora para o recrutamento de recursos e a captação de talento; • Suporte de comunicação de visibilidade mundial, capaz de acolher diferentes perfis de iniciativas; • Oportunidade de benchmarking, networking e estabelecimento de sinergias com outros empreendedores;
Junho Junho 2015 2015 WE’BIZ WE’BIZ 59 59
weSHARE › WEB & APPS SEO - Search Engine Optimization
A ciência que nos faz aparecer
NO GOOGLE
Se já “googlou” a sua empresa ou uma das suas marcas e não obteve resultados, mas viu por lá a concorrência, saiba que “nem é magia, nem é ciência obscura”. A diferença está no trabalho de SEO - Search Engine Optimization, tal como explica Daniel Pereira, diretor executivo da MindSEO. Em bom português SEO significa Otimização para Motores de Pesquisa. Trata-se de um termo usado há mais de 15 anos, segundo o marketeer especialista na área. “Nos dias de hoje, o SEO é a ciência que ajuda a otimizar os websites de modo a que os crawlers [rastreadores web] e os diferentes algoritmos dos motores de pesquisa melhor compreendam e indexem os websites, e devolvam as nossas páginas em resultados de pesquisa relacionados”, afirma Daniel Pereira.
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WEB & APPS ‹ weSHARE Brincando com a ideia de magia que parece muita vezes estar na base dos resultados obtidos no âmbito de uma pesquisa efetuada online, o diretor da empresa especializada em SEO diz que, na verdade, esses resultados são explicados por um trabalho transversal. Em causa está a junção de várias soluções, tendo por base a “compreensão técnica da indexação de conteúdos”, mas também da “arquitetura de informação e de sistemas” ou ainda da própria “escrita de conteúdos” e da “experiência de utilizar”. Quer isso dizer que lançar um site trabalhado com SEO é um investimento acrescido? Não necessariamente, até porque Daniel Pereira sublinha que “qualquer website já deveria estar otimizado de raiz”. Ou seja, toda a arquitetura de sistemas e todas as plataformas de informação já deveriam estar criadas neste enquadramento. Por isso, ainda a propósito de custos, o também consultor e formador de Marketing Digital alerta que “é mais caro (e implica um maior risco) otimizar um website já lançado e em funcionamento do que fazê-lo aquando da produção inicial”. Mas a variável custo e a ideia de “site otimizado de raiz” podem envolver uma complexidade acrescida. Daniel Pereira reforça que “em alguns casos, para que o website esteja otimizado de raiz, é necessário compreendermos perfeitamente o ecossistema digital”, o que envolve esforços complementares, como estudos de mercado ou ferramentas de analítica avançada. Em plena era digital, tudo é possível e tudo tem um preço. Daniel Pereira diz que “um website na casa das dezenas de visitas pode facilmente escalar para os milhares de visitas com a estratégia adequada”. Ora, continuando na matéria de possibilidades, essa estratégia pode envolver serviços profissionais como os da MindSEO, mas também pode, e deve, em qualquer caso, passar pelo trabalho quotidiano de quem gere os conteúdos do site (ver caixa). Do site e não só. As redes sociais também entram nestas contas. Segundo Daniel Pereira, estas plataformas “são mais um canal de comunicação online, que poderá ser incluído no earned/owned media (por vezes já denominado de shared media), e que poderá ajudar a potenciar os resultados de posicionamento de um website”. Isto porque as partilhas e os gostos, por exemplo, estão quase sempre associadas a links, que encaminham os utilizadores.
Cuidados básicos de SEO, que pode já implementar Daniel Pereira diz que os elementos que fazem parte “das aplicações de gestão de conteúdos” são “os mais básicos” para trabalhar e podem já ser “uma grande ajuda para o dia-adia dos empresários”. Aqui ficam algumas dicas:
TRÊS CONSELHOS Daniel Pereira, diretor executivo da MindSEO, sintetiza, em três dicas, aquelas que devem ser as principais preocupações dos empresários que pretendem otimizar a página do seu negócio.
1 “Cruzem as informações do website com as informações de negócio. Os objetivos de negócio, tal como as vendas e o lucro, devem ser os mesmos objetivos do website (…). Por norma, uma boa USP (Unique Selling Proposition) serve de base para uma boa descrição da homepage.”
• Definir os títulos e descrições das páginas; • Nomear os ficheiros de uma forma descritiva em relação aos conteúdos que estão presentes dentro dos mesmos (documentos PDF e imagens, por exemplo); • Utilizar textos descritivos no texto âncora (o texto das hiperligações); • Ter cuidados com a formatação adequada dos textos (utilizar títulos H1, H2 e H3 de forma correta; utilizar negrito, itálico e listagens com marcas).
2 “Realizem as tarefas mais básicas do SEO, por norma ligadas aos conteúdos, pois uma boa inserção dos mesmos irá garantir que grande parte do trabalho de indexação e compreensão possa ser feito de forma correta.”
3 “Invistam em estratégias sustentáveis, mas não tenham medo do investimento. Apenas se consegue crescer quando apostamos em risco ponderado e, sendo o SEO uma estratégia a médio/longo-prazo, é necessário compreender que os resultados demoram a chegar.”
Traduzindo por miúdos, e de uma forma simples, o SEO serve para otimizar o website de modo a que este possa ser melhor compreendido e acedido, tanto por humanos como por robôs.
Daniel Pereira, diretor executivo da MindSEO Junho 2015 WE’BIZ 61
weSHARE › WEB & APPS JiTT – Just in Time Tourist
UMA APP PARA LEVAR DE FÉRIAS Aplicação portuguesa de turismo funciona como um velho amigo que nos ajuda a conhecer as cidades em função do tempo que lá passamos. Descrever a combinação de turismo com storytelling (o conceito de “contar histórias” que está na ordem do dia) basta para apresentar a app Just in Time Tourist (JiTT). A solução mobile de assinatura portuguesa esteve no início de maio em destaque num encontro da Organização Mundial do Turismo dedicado às tecnologias móveis. Um protagonismo que fica a dever-se à forma inovadora e prática como a aplicação permite a descoberta de uma grande cidade, principalmente quando o tempo e o planeamento são escassos. Barcelona, Berlim, Milão, Boston, Los Angels, Nova Iorque ou São Francisco são algumas das cidades que podem ser descobertas com as histórias da solução JiTT. O conceito exige o download de uma app por cidade e o acesso à aplicação pode ser efetuado ali mesmo no destino a visitar. Isto porque, tendo por base a tecnologia GPS, a aplicação parte da localização geográfica do utilizador e encaminha-o para os locais mais interessantes, de acordo com os respetivos interesses e disponibilidade. A proposta envolve boas histórias, roteiros customizados e ainda a gestão do tempo de viagem. Na verdade, o tempo de viagem é o fator essencial para, através desta app, assegurar a personalização de uma rota. Depois, a experiência é muito simples: basta imaginar que acabamos de encontrar um velho amigo, que conhece bem 62 WE’BIZ Junho 2015
a cidade e que nos conta as suas melhores histórias. Há versões premium, mas a JiTT tem um serviço base gratuito, que é já muito completo e que tem a particularidade de funcionar offline, facto que também a distingue das apps de viagens que estão dependentes de internet. Além de mapas offline, com destaques de locais a visitar, as aplicações JiTT reúnem conteúdos escritos e ficheiros áudio, essenciais para o storytelling. A inovação inerente a este conceito tem valido várias conquistas aos seus autores e a expansão passará por 10 novas cidades, incluindo Lisboa e destinos mais longínquos como Pequim, Sidney ou Tóquio. O Turismo Centro de Portugal, região berço do projeto, também já o apadrinhou com uma encomenda de aplicações para oito cidades. Considerada em 2014 uma das 17 empresas mais promissoras de Portugal pela Web Summit, a iClio é a empresa responsável pelas aplicações JiTT. Quando o projeto estava ainda na sua fase mais embrionária, Joaquim Pinto, Margarida Gomes e Ana Isabel Ribeiro obtiveram o reconhecimento da ANJE, com a vitória no Concurso Nacional de Ideias de 2012. No ano passado, perante o potencial revelado pelo projeto JiTT, a Portugal Ventures apostou na empresa, com um apoio que envolveu investimento financeiro e a passagem dos promotores por Silicon Valley.
Com este suporte e com os bons resultados que tem vindo a alcançar, o futuro augura-se de crescimento ao nível global. A empresa portuguesa tem, ela própria, viagens garantidas pelos mercados asiático e latinoamericano.
A Europa em Lisboa Lisboa é uma das próximas cidades a ter um app JiTT dedicada. Mas a iClio, empresa portuguesa responsável pela coleção de apps de turismo urbano, desenvolveu já a “A Europa em Lisboa”. Trata‑se de uma solução mobile que oferece um roteiro para a visitar Lisboa “com olhos europeus”. Neste caso, a promoção do projeto é da Representação da Comissão Europeia em Portugal.
CATEGORIA Viagens VERSÕES DISPONÍVEIS iOS (iOS 7.1 ou superior) Android (4.0.3 e superior) PREÇO App Gratuita (com funcionalidades premium pagas)
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA