CAPÍTULO QUARTO
O passarinho, a escola e a flor CASA NOVA. Vida nova e esperanças simples, simples esperanças. Lá vinha eu entre seu Aristides e o ajudante, no alto da carroça, alegre como o dia quente. Quando ela saiu da rua descalça e entrou na Rio-São Paulo foi àquela maravilha, a carroça agora deslizava macia e gostosa. Passou um carro lindo ao nosso lado. — Lá vai o carro do português Manuel Valadares. Quando íamos atravessando a esquina da Rua dos Açudes, um apito ao longe encheu a manhã. — Olhe seu Aristides. Lá vai o Mangaratiba. — Sabe tudo você, não? — Conheço o grito dele. Só as patas dos cavalos fazendo o toque-toque na estrada. Observei que a carroça não era muito nova. Ao contrário. Mas era firme, econômica. Com mais duas viagens traria todos os nossos cacarecos. O burro não parecia muito firme. Mas eu resolvi agradar. — O senhor tem uma carroça muito linda, seu Aristides. — Dá pro que serve. — E o burro também é bonito. Como se chama ele? — Cigano. Ele não queria muito conversar. — Hoje é um dia feliz pra mim. A primeira vez que eu ando de carroça. Encontrei o carro do Português e escutei o Mangaratiba. Silêncio. Nada. — Seu Aristides, o Mangaratiba é o trem mais importante do Brasil? — Não. É o mais importante dessa linha. Não adiantava mesmo. Como era às vezes difícil entender gente grande! Quando chegamos defronte da casa, entreguei a chave a ele e tentei ser cordial... — O senhor quer que eu ajude em alguma coisa? — Só ajuda se não ficar em cima da gente atrapalhando. Vá brincar, que a gente chama você quando voltar. Peguei e fui.
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