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E d içã o I . No ve m b ro 2 0 1 6 . E xe m p la r n . º …… / 0 9 9 CoopA - Associação Aldeia Cooperativa de Artes
C o o p A - A sso c ia ç ão A ld eia C o o p e rat iv a d e A r te s A
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No dia 24 de Fevereiro de 2016 foi constituída, na Aldeia de Paio Pires, a CoopA - Associação Aldeia Cooperativa de Artes, organização não governamental e sem fins lucrativos.
A CoopA tem como fim identificar, promover, criar e divulgar actividades culturais, em particular, mas não exclusivamente, na área geográfica da Aldeia de Paio Pires, dinamizando a vida cultural da comunidade, divulgando a mesma e a prazo, torná-la um pólo da vida cultural da região. Em paralelo, estabelecer a promoção
sócio-cultural de artes e artistas e, de um modo geral, a promoção cultural a nível local e nacional. A esfera de acção abrangerá todo o tipo de actividades culturais e expressões artísticas conhecidas, determinando a associação, em cada momento, qual a mais adequada para um dado evento.
Este Fanzine, reflete os interesses, gostos e preocupações da CoopA e foi feito exclusivamente para a Mostra Internacional de Fanzines.
Boa leitura!
# coopa.aldeia@gmail.com # facebook.com/CoopA.Associacao.Aldeia.Cooperativa.Artes 3
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primeiras iniciativas da CoopA em imagens Concerto de a Jigsaw & The Great Moonshiners Band e Recanto Encontro de Estรกtuas Vivas
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S O N S na A L D E I A I A CoopA - Associação Aldeia Cooperativa de Artes, estreou-se a 24 de Setembro de 2016 na organização de eventos culturais na área da música. Sob o lema SONS NA ALDEIA, a CoopA levou à Aldeia de Paio Pires, mais exactamente à
Sociedade Musical 5 de Outubro os a Jigsaw, de Coimbra, acompanhados da banda The Great Moonshiners Band e os Recanto, de Almada. Senhores de uma música requintada, os “a Jigsaw” construíram uma sonoridade tão própria, que chamaram a atenção de revistas internacionais tão conceituadas como a francesa “Les Inrockutibles” que os colocou a par de nomes como Tom Waits, Leonard Cohen ou Nick Cave. O duo multi-instrumentista, João Rui e Jorri, conta actualmente com a banda de
suporte “The Great Moonshiners Band”, da qual fazem parte elementos tão distintos como Victor Torpedo (The Parkinsons, Tiguana Bibles, Tédio Boys), Tracy Vandal (Tiguana Bibles), Pedro Antunes (BunnyRanch), Paula Nozzari (The Parkinsons), Guilherme Pimenta (Pedro & os Lobos) e Maria Côrte (Fol & Ar). No corrente ano, com este formato, já realizaram uma Tour Ibérica com mais de 50 datas em que percorreram boa parte de Portugal e uma boa parcela de território Espanhol.
Os Almadenses Recanto são um duo que tem como paixão as Músicas Antigas de Raiz Tradicional. O repertório assenta na recolha e pesquisa de músicas para a prática das Danças Tradicionais Europeias, na Recriação Histórica dos Mercados Medievais e um mergulho no Folclore Português. A música dos Recanto é uma festa e um convite a uma viagem na máquina do tempo, festa essa proporcionada por Sílvia Guerra: voz, guitarra e bouzouki e Hugo Osga: sanfona, didgeridoo, percussões, flauta e berimbau.
S O N S na A L D E I A II Coffee Or Not (Bélgica) Alma Mater Society (Portugal) 04 Março 2017 . 21:30H Sociedade Musical 5 de Outubro . Aldeia de Paio Pires # Coffee Or Not # Sonoridades atmosféricas para (re)descobrir na Aldeia de Paio Pires. Banda originária da cidade de Bruxelas, na Bélgica, formada em 2009, por Soho Grant, Renaud Versteegen e Frédéric Renaux. Actualmente com quatro álbuns editados. A sonoridade dos Coffee Or Not, tal como os próprios a caracterizam assenta na linha de um som “progressivo e atmosférico”. Movem-se num universo, ora delicado ora robusto, onde pontificam os sons electrónicos do teclado, aliados à suavidade da guitarra e da bateria, com a voz sensual de Soho Grant. ►● posto de escuta: coffeeornot.bandcamp.com/
# Alma Mater Society # O post-punk para (re)descobrir na Aldeia de Paio Pires. Os Alma Mater Society são oriundos de Lisboa e a sua sonoridade é claramente influenciada pelos anos 80 e fortemente marcada pelo pós punk dos Joy Division, The Chameleons ou The Sound. Em 2015 gravaram uma demo caseira e participaram num tributo aos Joy Division editado em CD. No final de 2015, colaboraram ainda com um tema na cassete “Ventos Acinzentados” editada pela net-label ANTI-DEMOS-CRACIA. A banda está em negociações com a mítica 4AD para edição do seu primeiro disco. Alma Mater Society junta os músicos João Miguel Carita, Pedro Lourenço e Nuno Francisco. ►● posto de escuta: almamatersociety.bandcamp.com/
VirgĂlio Santos
Fรกbio Veras Vencedor do Escalรฃo A do Concurso Nacional de Banda Desenhada do Amadora BD 2016
Somos a barbárie Migrando. Migrando longe para longe morrer a agrura das vidas desfeitas. Sequiosas. As embarcações exibindo a mais temível das escolhas. O mar mediterrâneo. Decompondo-se. A decomposição. O terrível exercício da decomposição. Os planos e contra-planos das câmaras televisivas brilhando o
declínio. A ferocidade anunciando-se-nos mar adentro, por trás das cortinas, até desaparecer… imensamente aquém da civilização. As longínquas mortes inscritas na longínqua promessa, perdidas na longínqua paisagem. Aquém da existência. Aquém de uma outra existência onde o humano não mais a vida morra, em diferido. As mortes dadas em diferido. Muitas, as mortes. Contudo não tantas quanto a indiferença que as acolhe. Os pretensos estágios evolutivos irrompendo, prenhes, por dentro da primitividade. A primitividade assolando as sociedades complexas. Selvajaria e barbárie irrompendo a civilização. A morte unindo. África,
Ásia e Europa unidas pela morte. Os mortos do mediterrâneo unido os continentes. Como acordar para os dias? Como acordar para os dias sem o fétido cheiro das crianças, de todas as crianças mortas em nossos braços? Como transpor as suas mortes por dentro, bem por dentro, sem atolarmos no pavor o mito civilizacional? Onde procurar as primaveras? Onde encontrar as primaveras, em nós que somos a barbárie?
A escolha. A escolha é entre morrer a vida em directo ou morrer a morte em diferido. Morrer a vida na guerra ou morrer a morte televisiva. Ser espectáculo de morte. Nados mortos boiando nas águas. No mediterrâneo. A morte diferida. Nós, especulando. Espectadores. Espectantes. Tudo é longe. Tudo é tão longe dos écrans plasma, dos LCD preenchendo-nos os olhos. Tudo é entre o tempo real e o tempo ideal, como se nada fosse. Qual o tempo ideal? Quando o tempo real? Onde está a proximidade? Qual é a lonjura? Os mortos são-nos longe. Afastamo-los de nós. A morte é a peste que não queremos.
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A morte gangrena. A morte soletra o mundo. Nós
não
nos
inconsequentes.
sabemos
soletrar.
Inconsequentes,
Somos
soletramos
lemas. Palavras de ordem. O amor aos outros. Liberdade, igualdade, fraternidade. Nada é igual a
nada.
Não
somos
iguais.
Somos
tão
diferentes. Uns dos outros e de nós mesmos. A cada acordar já não somos os mesmos que antes se deitaram. Não há proximidade. Tudo é longe. Tudo é tão longe que já nada se vê. Menos ainda os milhares de mortes por afogamento no mar mediterrâneo. Tudo é aquém. fortaleza.
Tudo
é
aquém
A civilização
é
da
impenetrável
impenetrável.
A
civilização rege-se nos impenetráveis códigos. Somos a caridadezinha de supermercado. Icemos a ponte levadiça! Síria, Afeganistão, Iraque são tão longe. Icemos a ponte. Icemos a ponte levadiça! Texto: Rui Carvalho Fotografias: Virgílio Santos
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Infante
Contam-se pelos dedos de uma mão os livros de banda desenhada portuguesa com inspiração manga. São poucos e acreditem que não é por falta de qualidade ou por existirem poucos artistas a desenharem este estilo de arte. O problema aqui é que não há editoras que queiram arriscar em autores nacionais ou porque ainda há um certo estigma dos “adultos” em verem a banda desenhada japonesa com outros olhos. Mas aos poucos isto vai mudando… Tudo isto para dizer que o primeiro manga que li no primeiro dia de 2016 é a prova de que as coisas estão a mudar. O Infante foi lançado na Comic Con Portugal do ano passado (2015) e foi editado pela El Pep, uma editora independente de Lisboa que não tem medo de lançar jovens autores nacionais. O livro chegou agora às lojas da especialidade. O livro O Infante tem assumidamente a estética da banda desenhada japonesa conhecida como Manga. Para quem é apreciador deste tipo de arte facilmente consegue apontar as várias influências que a autora Daniela Viçoso utiliza para contar esta história que aborda a amizade e a cumplicidade entre o Infante de Portugal e o seu escudeiro real desde a infância até à idade adulta. É aqui que também encontramos outro ponto de influência com o manga, mais especificamente com um dos géneros, o “shounen ai” (nome dado à banda desenhada japonesa que aborda/explora o amor entre personagens masculinas) e que tem como público o universo feminino. Quanto à arte propriamente dita, o estilo de desenho e traço da autora é bastante fluído e redondo, abonecado mas realista e o uso do preto e branco é feito de uma forma inteligente. Não sei se resultaria melhor se este duelo preto/branco se fosse substituído pelas tonalidades claras e escuras do azul como podemos ver na capa numa óbvia homenagem ao azul da nossa azulejaria.
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É de louvar também a intenção que a autora quis dar ao seu manga não esquecendo as suas origens, e optar por um cruzamento do código linguístico do Manga com o seu cunho pessoal e a estética da arquitectura portuguesa da época e dos maneirismos monárquicos de então que podemos ver nos separadores dos capítulos, como podemos ler na sua sinopse.
Os diálogos são curtos e as peripécias desenvolvem-se a uma distância digna do leitor, ao mesmo tempo que permitem o acesso a uma intimidade com o desenrolar da história ao longo das 80 páginas. Como curiosidade este livro foi escrito e desenhado pela algarvia Daniela Viçoso (licenciada em Pintura na Faculdade de Belas Artes) no âmbito do seu mestrado em Inglaterra. Fernando Ferreira
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1. Inesperada. Injusta. Irracional. É assim a morte. Abrupta. Incompreensivelmente precoce às vezes. 2. A morte conta sempre uma história. Tantas vezes breve, demasiadas vezes incompleta. 3. Há porquês que jamais terão resposta. Há amores que nunca morrem. Há saudades que são eternas. 4. Nunca se espera. Nunca se está preparado. Nunca é a hora. Ninguém devia morrer antes de poder viver. Nunca.
Texto: Dora Assis Pinto | Fotografias: Virgílio Santos
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AndrĂŠ Pacheco
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Aldeia de Paio Pires,
situada na margem esquerda da
Ribeira de Coina, pertenceu durante séculos ao termo de Almada, sendo local de implantação de diversas quintas, entre as quais a Quinta de Cucena, doada por D. João I a Estêvão Lourenço, a Quinta de Fernão Ferro, a Quinta da Atalaia e a Quinta da Palmeira, a qual foi adquirida no início do século XVI por ordem do rei D. Manuel e entregue ao Convento de Santa Maria de Belém. Um dos marcos de
delimitação das propriedades deste Convento é ainda visível na proximidade de um areeiro em exploração na zona de Silhar de Alferes. A Aldeia é uma das freguesias que integram o concelho do Seixal e tem (dados de 2011) 12,14 km² de área e 13 258 habitantes. A sua densidade populacional era 1 092,1 hab./km². O seu nome origina-se do grande conquistador medieval Paio Peres Correia.
Das actividades económicas destacavam-se a moagem de cereais e o descasque de arroz quer em moinhos de maré - da Quinta da Palmeira, do Breyner e do Zemouto - quer em moinhos de vento; a produção de vinho e azeite em várias quintas, entre as quais salientamos os lagares de azeite de José Abrahão de Almeida Lima, do Visconde de Reboredo e o da Quinta do Pinhalzinho; a extracção de sal - a partir da década de 30 de mil e novecentos, registou-se uma acentuada diminuição desta actividade devido, sobretudo, a modificações de
carácter geográfico e climatérico, mas apesar disso a indústria salineira permaneceu em Paio Pires até ao final da década de 50 do século XX - e a ostreicultura, encontrando-se, em 1929, a Sociedade de Ostreicultura Portuguesa, Lda. Sediada na Aldeia de Paio Pires. 20
As salinas e os bancos de ostras eram explorados na margem esquerda do Tejo, numa área compreendida entre o pontal de Cacilhas e Alcochete. Para além destas indústrias, existiam em laboração fornos de cal, telha e tijolo na Quinta da Palmeira, no sítio do Portinho, no vale de Cucena e junto a Coina. No moinho de maré do Breyner, encontrava-se instalada, desde meados do século XIX, a fábrica de massas alimentícias da firma Miguéis & Filhos que, em 1895, associando a energia hidráulica ao vapor, ocupava cerca de 40 operários. Em 1908, esta fábrica de manipulação de massas passou para a propriedade da Companhia Nacional de Moagens. Nos anos trinta do século XX, foi instalada no mesmo local a empresa Sereia Fábrica de Adubos Orgânicos, Lda., produzindo farinhas, óleos de peixe e adubos orgânicos a partir dos desperdícios das fábricas de peixe, mantendo-se em laboração até finais da década de 70. A indústria corticeira teve também a sua representação na freguesia de Aldeia de Paio Pires . Em 1952, instalou-se, no vale de Cucena, um fabrico para preparação de cortiças, quadros e rolhas da empresa Manufacturas Pereira & Ramos, Lda. Na década seguinte, esta fábrica foi adquirida pela Sociedade Naval, Lda., produtora de bóias de pesca, salva-vidas e coletes de cortiça. Em 1946, a Sociedade Comercial Dowens, Lda estabeleceu-se com uma unidade industrial de quadros e rolhas na Quinta do Sapal - Alto dos Bonecos, Seixeira. Actualmente, encontra-se em laboração em Casal do Marco, desde 1989, a
informação e fotografias: internet
fábrica de cortiça de Guilherme Rodrigues Oliveira, Lda.
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Pollution Head - pinterest.com
ENTREMURALHAS
| desde 2010 até ao presente.
Seguindo o raciocínio para nós Portugueses de ser Único e estar tão perto o festival Entremuralhas organizado pelo colectivo Fade In, uma associação cultural de elevada estirpe que há longos anos nos habitua a eventos musicais e não só, de elevada qualidade, Carlos Matos o senhor que na maioria das vezes dá a cara mas rodeado por um leque de companheiros que no todo trabalham para que todos nós tenhamos acesso a algo qualitativo e de elevado valor, culturalmente e musicalmente falando.
As palavras podiam se correr iniciando em 2010 com o primeiro passo efectivo do festival, apesar da ideia já existir, mas não, não vamos pelo caminho de introspecção a cada ano e a cada festival, mas sim na ideia base do que é e para o que é ou um pouco a essência do evento em si e do sentimento que nos abrange a todos nós que lá marcamos presença quer um ano, quer outro, nos vários dias ou só num dia ou apenas num momento.
À FADE IN caberiam as palavras e o discurso de elaborar um texto sobre os motivos, interesses, paixões e motivações que levaram à criação do ENTREMURALHAS. Por aqui apenas a paixão e devoção de um sentimento inicial de surpresa e ao estilo "como é possível?", mas a realidade, sim, tornou-se forma em 2010 com um cartaz deveras atraente tal como os seguintes sempre com aquela diferença, gosto mais do x ou y, mas isso é algo que nos atinge a todos, a paixão musical e o frenesim de ver o projecto x e y.
Inicialmente o evento dividiu-se em dois palcos, dentro do mágico e único Castelo de LEIRIA, de fazer inveja a maioria dos locais pelo nosso planeta onde se realizam eventos deste tipo; criando-se mais tarde o terceiro palco e possivelmente um dos mais bonitos "Igreja da Pena" penso que só por aí o festival já merecia uma visita.
Assisti aos primeiros cinco eventos anuais e falhei os últimos dois por várias razões que para a questão pouco interessa, mas reconheço e tenho a certeza do que o importante ou seja o Sentir, o prazer de estar, o convívio, o absorver de algo místico e único, o deslocar de um momento para outro, para um palco Diferente, tudo Entremuralhas, dá-nos uma adrenalina que só quem passa por isso, sente.
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Tenho também a certeza que todos os que conheço, partilham deste ideal e usufruem no momento de sensações que ao longo de uma vida nunca nos largarão, haverá sempre aquele momento que nos lembraremos que aquele concerto foi único e épico, concerto de uma vida, momento especial e inesquecível.
A título de término e como já disse não me cabe a função de "julgar" o evento nem de espelhar os melhores momentos ou menores, para isso temos a FADE IN, apenas me cabe exprimir o que se sente, a paixão que fica ao longo destes anos e uma certeza de que todos os que andamos por lá anualmente seja um, dois ou três dias, nos sentimos mais ricos e existencialmente mais felizes por podermos partilhar um conjunto de emoções eternas.
A todos que organizam, participam e pensam em participar num futuro próximo, um Bem Haja.
“Ú N I C O N O M U N D O E A Q U I T Ã O P E RT O ”
ENTREMURALHAS, o Privilégio de o usufruir e sentir.
Texto: Luis Baptista | Fotografia: André Henriques
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Fanzinato português na área da BD Tudo começou em 1972, ano I dos fanzines portugueses. Embora todos os temas possam ser tratados nos zines, designadamente, entre outros, ficção científica, música e banda desenhada, é este último o que manifestamente tem tido maior representação. O exemplo mais flagrante é o de, nesse ano pioneiro, entre Janeiro e Dezembro, terem sido editados sete títulos - Argon, Saga, Quadrinhos, Copra, P.Druillet/P.Caza, Orion, Ploc e Yellow Kid, cada um deles representado por vários números - com excepção do P.Druillet/P.Caza, que teve um fascículo apenas - todos dedicados à BD: uns "de BD", isto é, só com bandas desenhadas, outros "sobre BD", preenchidos por estudos, noticiário, entrevistas, críticas.
O ritmo editorial foi, por norma, irregular, como é compreensível, visto que estas publicações amadoras sempre estiveram sujeitas à volubilidade e disponibilidade económica dos seus faneditores. Mas um indicador concreto dos resultados atingidos encontra-se na minha colecção - actualmente em poder da Fanzineteca da Amadora, por doação minha -, a qual, adquirida com persistência entre 1972 e 2014, era composta por 800 títulos distribuídos por 2894 exemplares.
É inquestionável que o ritmo editorial amador, em objectos de papel, abrandou, devido à facilidade de se elaborarem webzines, zines virtuais que beneficiam da gratuitidade da internet. Todavia, nos eventos alternativos - durante anos na Feira Laica, actualmente na sua substituta, a Feira Morta - e também nas pequenas livrarias independentes, continua a haver à venda considerável quantidade de zines de papel, de excelente aspecto gráfico, mas também de conteúdos fortes,
políticos e eróticos, muito pouco encaixáveis na net. .
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Esta afirmação acerca da permanência de publicações tradicionais baseia-se numa prática minha constante, nunca deixando de acompanhar a fanedição. Para dar uma ideia concreta dessa realidade editorial, apresento os seguintes números: em 2015 adquiri umas dezenas de exemplares pertencentes a 35 títulos, e no
corrente ano de 2016 já estão na minha posse 22 títulos, alguns deles iniciados em anos anteriores, todos de origem portuguesa (mesmo que, em alguns casos, escritos em inglês, incluindo o próprio título), todos baseados em banda desenhada. Como amostra do panorama do citado biénio, descrimino os respectivos títulos, números e meses de publicação (quando constam estes dois últimos elementos).
2015 Viagem-s/nº Março; Flanzine nº 7, Março; Bhreu Fanzine-nº1-Abril; Violência Electro Domésticanº1-Abr; nº2-s/data;nº3-s/data; É Fartar Vilanagem-nº10-Primavera; Carne e Osso-nº1-Maio; Juvebedê-nº60-Maio; Tertúlia BDzine-nº182-Maio e nº183-Out.; Efeméride-nº6 (parte 3 de 4)Maio; O Dia Em Que... Comic Jam - Vol#1-Junho; Zonas de Habitabilidade-s/nº-Jun./Jul.; Mollynº2-Jul.; Revista do Clube Tex-nº2, Jul.; nº3, Dez.; Boletim do Clube Português de Banda Desenhada-nº140-Agosto; nº141, Dez.; H-Alt-nº1-Set.; Muji Life-s/nº-Set.; Viriato-s/nº-Set.; Quireward-nº1-Nov.; Flower Flesh Chronicles-s/nº-Dez.; O Clemente-nº1-Dez.; Ground Zero nº1s/data;
BDLP-nº5-s/data; E Tudo o Comboio Levou-s/nº-s/data; Fandaventuras Special-s/nº-
s/data; Fandwestern-s/nº-s/data; Hollow-nº2-s/data; Novela Pornográfica -s/nº-s/data; I want to
escape but not to disappear - s/nº - s/mês; Bai'Má Benda em A Aula de Dança - nº 2 – Maio; Stabat Mater - s/nº - Novembro; O Gato Mariano Não Fez Listas em 2014 - s/d, s/nº; Zakatan - s/d, s/nº; Hightower - s/d, s/nº; Terrea - s/d, s/nº; As Crónicas da Cemitéria e Outros Lugares Assim s/d, s/nº
2016 Colony Disorder Colapse-s/nº- Jan.; BD-Fanzine de estudo da Banda Desenhada-nº4-Jan.; O Mosquito-s/nº-Jan.; H-Alt-nº2-Março, nº3-Jul.; Flanzine-nº11-Março; Boletim do Clube Português de Banda Desenhada-nº142-Abril; Manuelinútil-s/nº-Abr.; Violência Electro Doméstica-nº4- Abr.; Olho do Cu-nº2-Junho, nº3-Julho; Juvebêdê nº64-Jul.; Quireward-nº2-Jul.; É Fartar Vilanagemnº12-Jul.; Exclusivo xxxapada na tromba -nº1-Julho; Estado de Desgraça - s/nº- Set.; Outro Mundo Outra Tumba -s/nº-Set.; Zona Contacto-Nº14-Out.; Faca e Alguidar-s/nº-s/d; Fandaventuras-s/nºs/d; Fandwestern-s/nº-s/d; Infante D.Henrique-s/nº-s/d; Olá era só para te dizer que te acho bonita - s/nº-s/d; Ermal -s/nº-s/d
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Nota: mesmo quando se apresentam sob o título de revista, estas publicações são classificáveis como fanzines, porque se incluem no conceito fanzinístico, ou seja: não pagam aos colaboradores, são editadas sem intuitos lucrativos, não têm periodicidade, têm pequenas tiragens que não lhes possibilita distribuição a nível nacional. São também fanzines as publicações editadas por entidades amadoras ou culturais sem finalidades lucrativas. Geraldes Lino
reprodução da capa do Argon nº1- Janeiro de 1972, primeiro fanzine português.
http://sitiodosfanzines.blogspot.pt | http://divulgandobd.blogspot.pt
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Cantigas do Maio,
foi um dos mais
importantes Festivais de Músicas do Mundo que se realizou em Portugal. O Festival “Cantigas do Maio” nasceu em Setúbal onde ai se realizaram as duas primeiras sessões, a primeira em 1989 e a segunda em 1990. Depois de um interregno de um ano, em 1992, o Festival assentou arraiais no Seixal, onde permaneceu até ao seu final em 2002.
No entanto um ano depois, em Lisboa na Aula Magna, ainda houve uma tentativa de não o deixar morrer e realizou-se aquela que viria a ser definitivamente a última edição do Cantigas do Maio, denominado "Afirmar Cantigas do Maio" e em que participaram Samir e Vissan Joubran (Palestina) e Uxia (Galiza).
O Festival, até à sua extinção, fez as delícias dos muitos amantes, e não só, deste género de música.
Nos palcos montados no Seixal, ao longo de 13 edições, realizaram-se mais de 100 concertos de artistas portugueses e estrangeiros. .
Música para minorias!
Para a memória futura (do Seixal de outros tempos) fica a lista de artistas, organizada por edição, de que, com uma breve análise, se pode verificar a quantidade e qualidade dos mesmos. 30
1989 Grallers de l'Accord (Catalunha) Debadoiro (Galiza) Américo Augusto Rodrigues e D. Lucia (Portugal) Banda Fraternidade Grandolense (Portugal) Banda Amizade Visconde d'Alcácer (Portugal) Cramol (Portugal) Carlos Paredes (Portugal) Kiss Tamas (Hungria) Luís Pastor (Espanha) Brigada Victor Jara (Portugal) Julinho da Concertina (Portugal) Armindo Mizalak e Samuel Samorosa (Angola) Bleizi Ruz (Bretanha) Sérgio Godinho (Portugal) Bulimundo (Cabo Verde)
1996 Tuna de Carvalhais (Portugal) Cramol (Portugal) Muyeres (Asturias) Gaiteiros de Lisboa (Portugal) La Ciapa Rusa (Italia) Berrogüetto (Galiza) Njava (Madagascar) Salif Keita (Mali) Sainkho (Tuva) Grupo de Zés Pereiras "Os Vilacondenses" (Portugal)
Grupo de Bombos e Zés Pereiras "Os Completos" (Portugal) Banda Nova (Portugal) Grupo de Bombos e Zés Pereiras "Os Vilacondenses" (Portugal) Colenso (África do Sul) Orquestra de Timbilas Venâncio M'Bande (Moçambique)
2001 Segue-me à capela (Portugal) Entre Retamas (Espanha) Danças Ocultas (Portugal) 1997 Carlos Nuñez (Galiza) Conjunto de Cavaquinhos Henrique Lima Ribeiro Thiarea (Madagascar) (Portugal) Toto la Momposina (Colombia) Realejo (Portugal) Djivan Gasparyan (Arménia) Luis Pastor (Espanha) Gazhal Ensemble (India/ Irão) 1990 Vieja Trova Santiaguera (Cuba) Between Times (Israel/ Palestina) Duo Tchisossi (Angola) Cempés (Galiza) Luzmila Carpio (Bolívia) Issabari (Guiné Bissau) João Afonso (Portugal) dd Synthesis (Macedónia) Tuna de Carvalhais (Portugal) Uxía (Galiza) Ardentia (Galiza) Bombos de Lavacolhos (Portugal) Bisserov Sisters (Bulgária) Estrelas do norte Grupo de Bombos (Portugal) Pauliteiros de Miranda (Portugal) Purna das Baul & Bapi (Índia) Banda da Sociedade Filarmónica União Seixalense Rádio Macau (Portugal) Kocani Orkestar (Macedónia) (Portugal) Joe e Antoinette Mc Kenna (Irlanda) Tellu Virkkala (Finlândia) Os ceifeiros de Cuba (Portugal) Vasmalom (Hungria) Grupo de Cantares "O Sincelo" (Portugal) Ida e Volta-Grupo de Bombos (Portugal) 1992 Banda Sociedade Filarmónica de Mira Sintra Grupo Coral "Os Amigos do Cante" (Portugal) 1998 (Portugal) Grupo de Tocadores de Viola Campaniça (Portugal) Os Camponeses de Riachos com Teresa Tapadas Ronda Candeledana (Espanha) Tuna de Carvalhais (Portugal) (Portugal) Djamboonda (música africana) (Portugal) Batuke Finka-Pé (Cabo Verde) Banda de Gaitas Xarabal (Galiza) Baba Canuté (Guiné-Bissau) Zeca Medeiros (Portugal) Grupo Rimay (Equador) Oskorri (País Basco) 2002 Emílio Cao (Galiza) Maria Kalaniemi & Aldargaz (Finlândia) Alexandre Bateiras e João Gomes (Portugal) Orquestina del Fabirol (Espanha) Kila (Irlanda) Moçoilas (Portugal) Vershki da Koreshki (Russia) O ó que som tem? (Portugal) Nass Marrakech (Marrocos) Berrogüetto (Galiza) 1993 Väsen (Suécia) Zoè (Itália) Cantares ao Desafio (Portugal) Egschiglen (Mongólia) Gjallarhorn (Suécia) Coro de Adufes da Penha Garcia Maria del Mar Bonet (Catalunha) Banda da Sociedade Filarmónica e Catarina Chitas (Portugal) Timbre Seixalense (Portugal) Alfolíes (Galiza) As camponesas de Castro Verde (Portugal) João Afonso (Portugal) 1999 Grupo de Bombos de Santo André (Portugal) Matto Congrio (Galiza) Os Camponeses de Pias (Portugal) Grupo de teatro O BANDO (Portugal) Orkest de Volharding (Holanda) Tavagna (Córsega) Ali Akbar Moradi (Curdistão) Paco Ibañez (Espanha) Banda da União Seixalense (Portugal) Birol Topaloglu (Laz/ Turquia) Kolà San Jon (Cabo Verde) JPP (Finlândia) Ulali (E.U.A.) Cantares de Manhouce (Portugal) Brigada Victor Jara (Portugal) Marlui Miranda e Camerata Atheneum Ihu todos os Grandes Vozes Búlgaras (Bulgária) Banda Bombeiros Voluntários de Loures (Portugal) sons (Brasil) Kepa Junkera (País Basco) Banda Filarmónica da Sociedade Musical Fanfare Ciocarlia (Roménia) Sesimbrense (Portugal) Yungchen Lhamo (Tibet) Pauliteiros de Palaçoulo (Portugal) 1994 Galata Mevlevi Musik e Sema Ensemble (Turquia) Bombos e Zés P'reiras Equipa Espiral (Portugal) Grupo Coral "Os Camponeses de Pias" (Portugal) La Bottine Souriante (Canadá) Zurrumalla (Galiza)0 Grupo Coral "Os Ganhões de Castro Verde" Grupo de Cantares Milho Rei (Portugal) (Portugal) Banda Amizade Visconde Alcácer (Portugal) Coro Popular de Espinho (Portugal) Grupo de Zés Pereiras de Passos de Silgueiros Nuevo Mester de Juglária (Espanha) (Portugal) Muzsikás e Ticiána Kazár (Hungria) Susana Baca (Peru) Javier Ruibal (Espanha) Milladoiro (Galiza) El Cabrero (Espanha)
Texto e recolha: 1995 Banda de Gaitas Xarabal (Galiza) Grupo de Tocadores de Pedrinhas de Arronches (Portugal) Grupo de Cantadeiras da A.X. Xiradela de Arteixo (Galiza) Realejo (Portugal) Júlio Pereira (Portugal) Slua Nua (Irlanda) Yulduz Usmanova (Usbekistão) Grupo de Zés Pereiras "Os Completos" (Portugal) Cecile Kayirebwa (Ruanda)
2000 Gefac (Portugal) Amélia Muge (Portugal) Rosa Zaragoza (Espanha) Grupo de Cantares do Minho de Pedras Brancas (Portugal) Nahawa Doumbia (Mali) Bagad Kemper (Bretanha) Vá-de-Viró (Portugal) Hamza El Din (Sudão) Verd e Blu (Gasconha) Kroke (Polónia) Folia (Galiza)
António Caeiro
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VirgĂlio Santos
José João Loureiro
Fanzines do Brasil Os Fanzines vem já algumas décadas registrando histórias das grandes cenas alternativas e independentes das culturas pop, punk, literária, quadrinhos, música, política e movimentos sociais entre tantas outras histórias. Fazendo parte também dos momentos históricos e de mudanças do Brasil.
Nos últimos anos vem aumentando seu destaque nas grandes capitais e nas artes urbanas. Muitas feiras de publicações independentes surgirão trazendo à tona uma nova geração de fanzines e editores ampliando e também dando uma nova roupagem aos fanzines e leitores. Sob essa ótica podemos dizer que o mercado editorial hoje deve muito aos fanzines e publicações independentes. Hoje temos vários livros falando sobre fanzines, teses nas universidades, escolas
que hoje utilizam suas expressões estéticas de forma pedagógica, barata e multiplicadora. Hoje enfim temos uma data oficial para se comemorar o fanzine brasileiro. Data do primeiro fanzine publicado no Brasil por Edson Rontani no dia 12 de outubro de 1965, o desenhista piracicabano Edson Rontani entrou para a história dos quadrinhos brasileiros ao criar o primeiro fanzine oficialmente, mesmo sem saber Rontani influencia quadrinistas até hoje. O que sempre me atraiu nos fanzines é justamente sua capacidade de agregar e reunir pessoas sendo algo tão simples, a liberdade de criação e a resistência em forma de arte de maneiras inteligentes e construtivas. Sendo que qualquer pessoa pode produzir e editar. Afetivo e social, interativo e dialógico assim eu descrevo os fanzines brasileiros desde sempre. O Fanzine me trouxe uma forma de leitura diferente de ver o mundo , o fanzine nos torna observadores, críticos, algo tão simples, porém visceral, de grande intensidade e expressão . 34
“faça você mesmo”, é algo que você leva para sua vida inteira! A um mês outro grande ganho em prol dos fanzines aconteceu. O Coletivo 308 criou um Centro de Pesquisa e Memória dos Fanzines a intenção do coletivo é justamente registrar e preservar toda história do fanzine brasileiro. O Centro foi batizado de Thina Curtis & José Zinermam dois ativistas-amantes dos zines. T h i n a
C u r t i s
(Internacionalmente conhecida como Dona Fanzine, musa dos fanzines e quadrinhos underground) é Andreense de nascimento,
Poetisa,
Fanzineira
Devotada,
Arte-
Educadora, Resenhista de quadrinhos no site Impulso HQ, devoradora de quadrinhos e livros, dirigiu o documentário Punk
S.A.
Ativista
Cultural
desde
a
adolescência. Produtora Cultural de Artes sem Medidas e Fronteiras. Ministra
oficinas
onde a literatura
e a
informação vem reforçar o senso crítico pela cidadania e consciência
em
debates
Responsável pelo evento Independentes
e
Artes
sociais.
de Fanzines, Integradas
Publicações
“Fanzinada”
(A
Fanzinada foi indicada ao Troféu HQ Mix na categoria de melhor evento). A Fanzinada nasceu para se comemorar o Dia Internacional do Fanzine no Brasil, que é 29 de Abril que
até
então
nunca
tinha
acontecido
no
Brasil.
Publica Fanzines desde 1989, participou de inúmeros fanzines e editou outros tantos edita a 14 anos o Spell Work, tendo os trabalhos mais recentes voltados as poesias em quadrinhos:Café Ilustrado, Poemas Ilustrados, Poesias em Quadrinhos, Closer, Unknow Pleasures, Substance e participação em outros tantos por aí... Contactos: Facebook:Thina Curtis Email:oficinadefanzine@gmail.com Facebook Group:Fanzinada
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The 5678s. Tornaram-se conhecidas depois de terem feito uma aparição no filme Kill Bill Volume 1 (2003), realizado por Quentin Tarantino, onde apareciam a tocar num izakaya, um tipo de bar japonês onde além de bebidas também são servidas comidas. Segundo consta, Quentin Tarantino, descobriu a música das The 5.6.7.8’s, numa loja de roupa na capital japonesa, horas antes de voltar para os Estados Unidos. O realizador perguntou se podia comprar o CD na loja, visto estar atrasado para o ir comprar a uma loja de cds. O empregado da loja negou a venda, mas Tarantino insistiu em comprar e ofereceu o dobro do valor do cd. As The 5.6.7.8’s iniciaram a carreira em 1986 quando Sachiko e Yoshiko “Ronnie” Fujiyama, duas irmãs de Tóquio que compartilhavam uma paixão por rock and roll, decidiram criar uma banda com duas novas amigas. Originalmente, a banda era composta por Yoshiko (voz e guitarra), Rico (guitarra), Yoshie (baixo) e Sachiko (bateria). Ao longos dos anos a banda foi tendo várias formações (chegando mesmo a ter um baixista Yoshiko “Yama” Yamaguchi, que aparece no filme Kill Bill), depois a banda tornouse um trio com a saída de Yoshie. Yoshiko e Sachiko ainda são os principais elementos da banda. Apesar de serem uma banda japonesa, as The 5.6.7.8’s fazem imensas versões de temas de rock and roll americano dos anos 1950 aos anos 1980, e tem uma adoração especial pela banda america Ramones. A banda também se tornou ainda mais famosa depois de ter emprestado uma das suas músicas “Woo Hoo”, para anúncios publicitários da marca de cerveja Carling e para a Vonage, um serviço de VoIP. O tema chegou ao número 28 na tabela dos singles no top em Inglaterra no ano de 2004. Actualmente as The 5.6.7.8’s já percorreram o mundo em concertos, apesar de nunca terem visitado o nosso país. A discografia da banda já conta com mais de duas dezenas de discos de originais, o primeiro registo da banda foi na compilação SHINKANKAKUHA OMUNIBUS Vol.2 em 1987 um ano após a sua formação e Live at Third Man, o mais recente gravado em 2011. A banda conta imensas participações em compilações. Para quem quiser saber mais sobre esta banda pode visitar o site oficial em: http://www.the5678s.com/ Fernando Ferreira
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O Analfabruto Gramatical ... em a Arte de mal escrever ou o Verbo Sujeito a Adjectivos!
( faz tempo que não sei que tempo faz extraordinário é estar distraído e dar por isso fico aborrecido confuso tudo se passa nada acontece estou sério pensativo o corpo preso quieto e é um vazio tão cheio)
Sistematicamente à volta do mesmo ele apoiava-se cada vez menos nas metáforas no ponto e virgula e até nos et cetera e tal. Na sequência duma jogada de bastidores escorregou num bueiro de palavras deixou fugir as pontuações... manteve-se então atento às mais perfídias insinuações gramaticales. - Se encontrarem o Jacaré patoá abracem-no por mim, por favor! Todos mas todos fizeram ouvidos de mercador.
Não tive outro remédio! Puxei da espada e zás trás pás... - Ora porra dum cabrão co-ti-di-ano! Há testemunhas que asseguram que a culpa foi do vocabulário!
Sérgio Nabais Gomes
aqui escrevo-te do meu cantinho celeste vivido achado completo perto de todos nós harmonia sublinhada com guerras terminadas há séculos esquecidas olho para ti à distância que transfiro para infindáveis anos-luz e quero-te como meu espelho não és minha semente pois germinaste por afeição não és o meu querer pois concebeste-te por autocriação transcendeste-te ainda mutilada recriaste intoxicaste-te presenteaste-te fizeste de faz de conta para agora te encontrares ousaste opinar o mesmo querer transcrito em refugio clausura vegetal desgaste de nébula mesquinha depressa na lentidão dos meios pisos onde ousaste planar etereamente sem sopro as multissonoras constelações soltaram-se da ossatura petrificada hoje individuo permaneces em concubinato hospedeiro de arco-íris pluriassoalhadas no cumprimento eterno e doce viver biovirtualogico faça-se a vez
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ção Que an Salva
seias
Co
locas a
no céu, bem luzidia. ção Que obs Salva
tinas
quê procurá-
Por
la todos os
dias. Vã esperança Que acalentas
Mas fugidia É um sonho Medonho
De agonia In AL 000 000 000 2014 | António Leonardo
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Exercício 9 in Exercícios de Humano. Abysmo, Lisboa 2014
na tua origem está um líquido viscoso esbranquiçado e sujo invadindo o ventre de alguém
transtornada de luxúria e de palavras mágicas dentro do corpo a sujidade infecciona e a carne incha como um furúnculo por longos meses de febre e luta e um dia a sujidade invade o mundo nua coberta só de sangue e plasma aos gritos sem nada e sem saber nada sequer uma palavra
uma lâmina afiada confere-te individualidade lavam-te o corpo põem -te um seio na boca dão-te um nome passas então a existir tendo como futuro breve um deixar de ser no estômago destes monstros como não ver aqui o início da música o início da escrita o combate entre a resistência da matéria e a acção do espírito
como é belo e terrível o final do frio
Paulo José Miranda Romancista, poeta e dramaturgo, nasceu na Aldeia de Paio Pires a 21 de Maio de 1965
- Prémio Teixeira de Pascoaes com "A Voz Que Nos Trai“, em 1997 - Prémio Literário José Saramago com “Natureza Morta”, em 1999 - Prémio da SPA - RTP com "Exercícios de Humano“, em 2015 40
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Abel
Raposo
A
ORQUESTRA
PIRES
POPULAR
DE
PAIO
é um projecto oriundo da Aldeia de Paio Pires.
O seu Presidente (modo como se intitula o seu mentor) leva já vários anos de trabalho à volta da música e foi um dos fundadores da banda TRANZ-IT, que em 1987 chegou à final do 4.º Concurso de Música Moderna do saudoso Rock
Rendez Vous. Entretanto, após a sua saída dos TRANZ-IT participou nos projectos LOJA DE NEONS, DEMOKRATIA, DIE NEUE SONNE, URBAN ASSAULT, OVERDRIVE, CORTINAS e TOXINA. As experiências tornam-se mais límpidas e as ambiências foram aos poucos sendo direccionadas para os campos da electrónica abstrata. Pelo meio ficou ainda a colaboração e a experiência de ter acompanhado, em
palco, os Título Póstumo em 1988, aquando de uma das sessões da 2.ª Fase da I Mostra de Música Moderna de Coimbra, que decorreu na Discoteca Broadway em Coimbra a 21 de Setembro de 1988. No final dessa fase, no princípio dos anos noventa, surgem sob a designação OVO, algumas gravações no formato cassete, disponibilizadas pelas editoras independentes ANTI-DEMOS-CRACIA, K7 Pirata, Enochian Calls e Kadath.
A evolução surgiu naturalmente e em meados de 2006 surge a ORQUESTRA POPULAR DE PAIO PIRES. Quatro anos antes, em 2002, o “Presidente” da OPPP, aventurou-se pelo mundo da 7.ª Arte, elaborando para a Animanostra, a banda sonora e as canções de “A Estrela de Gaspar”; participando na banda sonora de “Dois Diários e Um Azulejo”; e na banda sonora da série “Angelitos”. 42
Entretanto, o segundo trimestre de 2009 foi deveras importante para o projecto da Aldeia de Paio Pires, pois a 24 de Maio foi editado o seu primeiro álbum. Esse álbum surgiu on-line pelas trilhas da editora independente russa, Clinical Archives, denominado simplesmente “Orquestra Popular de Paio Pires”. O álbum, que contém 12 temas, foi disponibilizado para download pela Clinical Archives e actualmente já ultrapassou os 18.500 downloads. Com início em Outubro de 2012 e final em Setembro de 2013, a OPPP em colaboração com a ANTI-DEMOS-CRACIA encarrilou por um projecto peculiar e talvez único. A execução e consequente lançamento de 12 EP´s (formato digital) em 12 meses, culminando depois em Dezembro de 2013 com um LP (formato digital) compilando os melhores momentos das doze edições anteriores.
D
I
S
C
O
G
R
A
F
I
A
com edição da ANTI-DEMOS-CRACIA (Portugal):
com edição da CLINICAL ARCHIVES (Rússia) :
» "DIA 14 ÀS 22:00H" - ADC-029.DEZ.2013 » "Caixa Tapada" - ADC-028.SET.2013 » "Gémeos" - ADC-027.AGO.2013 » "Palácio" - ADC-026.JUL.2013 » "Noturno" - ADC-025.JUN.2013 » "O Vento leva a Flor" - ADC-024.MAI.2013 » "Marítimo" - ADC-023.ABR.2013 » "Ruminante" - ADC-022.MAR.2013 » "Montanha Russa" - ADC-021.FEV.2013 » "Passaporte" - ADC-020.JAN.2013 » "Baixa Visibilidade" - ADC-019.DEZ.2012 » “Salvo Conduto” - ADC-018.NOV.2012 » “Brejos” - ADC-017.OUT.2012
» Orquestra Popular de Paio Pires - Orquestra Popular de Paio Pires Clinical Archives: ca262/24.05.2009 Álbum com 12 temas
» V/A - "Oficina da Música" ADC-013.JAN.2009 Temas incluídos: . “Comodidades in da House” . “Cinnamon Walls”
» Various - Clinical Anthology (2006-2009) Clinical Archives: ca300/30.08.2009 Tema incluido: Kyoto Melody
António Caeiro
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A
R
T
E
S
N e l s o n
D
E
R
U
A
R o d r i g u e s
Da Ilha da Madeira para a Nazaré, com passagem e estadia na Torre da Marinha. Estátua Viva. Performance Artística para uma nova abordagem e divulgação da Vida e Obra do grande poeta Renascentista, Luís Vaz de Camões.
JosĂŠ Geraldo Marques
Serei eu... in “AZUL em poesia e imagem”, 2015, livro não editado
Serei eu a indómita consciência Dum tempo capaz de abraçar tormentas Ou de lembrar voos ausentes de gaivotas Esquecidos numa linha de desejos
Serei eu capaz de ouvir na distância Um pulsar de vontades marés Ou sentir crepúsculos extenuantes De olhares enevoados
Serei eu a vontade do mar Que desenlaça virtudes que o desejo escreve Amanheceres impolutos em horizontes difusos
Serei eu os caminhos vazios de silêncios Veredas que se desencontram Um ponto no universo que reflete um brilho memorial.
C e c í l i a
V i l a s
B o a s
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Poluição… não obrigado!
ESTÁDIO AXE
e o grande maciço de pedra e que está ali desde sempre
e se não é desde sempre é desde que e há memória e foi sangrado e segredado
e foi quebrado e degradado e há pedreira e pederneira
e há pedrinha e há pedrinho e há pedroso e à pedrada
António Vitorino
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Gil Antรณnio Freitas
Antรณnio Caeiro
a
g
r
a
d
e
c
i
m
e
n
t
o
s
A CoopA - Associação Aldeia Cooperativa de Artes, agradece a todos os que
colaboraram e tornaram realidade esta edição do Fanzine coopAzine.
Aos autores dos textos e das fotografias que prontamente aceitaram o repto
lançado pela CoopA, à Sociedade Musical 5 de Outubro pela colaboração e
cedência do espaço para a Mostra Internacional de Fanzines, à Junta de
Freguesia da Aldeia de Paio Pires pela disponibilidade no apoio ao Fanzine e à
Mostra Internacional de Fanzines e ao Abel Raposo pela concepção gráfica da
capa e da contracapa do coopAzine, a partir de uma fotografia de António
Caeiro.
A Todos, Muito Obrigado!